qualidade de vida dos idosos: efetivaÇÃo de direitos

61
FORTALEZA - CE 2017 SÔNIA MARIA DE FREITAS CUNHA SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

Upload: others

Post on 19-Oct-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

0

FORTALEZA - CE

2017

SÔNIA MARIA DE FREITAS CUNHA

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

Page 2: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

1

FORTALEZA - CE

2017

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Prof. Maria Ângela Santini.

SÔNIA MARIA DE FREITAS CUNHA

Page 3: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

2

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE

DIREITOS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, apresentado à UNOPAR – Universidade

Norte do Paraná, no Centro de Ciências Sociais, como requisito parcial para a

obtenção do título de bacharel em Serviço Social, com nota final igual a _______,

conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

______________________________________

Prof. Orientador – Maria Ângela Santini Universidade Norte do Paraná

______________________________________ Prof. Universidade Norte do Paraná

______________________________________ Prof. Universidade Norte do Paraná

Fortaleza, ...../...../2017

Page 4: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

3

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, autor e consumador da minha Fé. À minha mãe, maior incentivadora da minha jornada de estudos, minha inspiração e companheira incondicional em todas as horas e ao meu pai (in memoriam), pelo o orgulho que tinha de eu ser sua filha.

Page 5: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

4

AGRADECIMENTOS

Aos Professores, orientadores e tutores de sala pela disposição e

generosidade em nos passar conhecimentos e grande incentivo, a perseverarmos

até o final.

À minha família (mãe, irmãs, tios, sobrinhos, primos), pela confiança

e motivação.

Aos meus amigos que direta ou indiretamente contribuíram com uma

palavra de apoio e entusiasmo em relação à minha perseverança.

Aos colegas de Curso, de sala, pela união, ajuda mútua, ânimo nos

dias difíceis e, celebração de cada momento importante que trilhamos durante esses

quatro anos de estudos.

A todos que fazem a instituição Unopar (coordenadora do polo,

secretários, demais funcionários) pela disposição em nos ajudar na nossa vida

acadêmica, durante o decorrer dessa longa caminhada, que colaboraram para a

realização e finalização deste trabalho.

Por fim, em especial, ao Prof.º Dr. Juracy Soares e Andréa Cynthia

pela grande contribuição, compreensão para que eu pudesse concretizar esse

sonho.

Page 6: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

5

CUNHA, Sônia Maria de Freitas. Qualidade de vida dos idosos: efetivação de direitos. 2017. 61f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Pitágoras Unopar, Fortaleza, 2017.

RESUMO

A constatação de que nos próximos 20 anos o Brasil terá uma população de idoso cinco vezes maior do que a atual demonstra a relevância do presente estudo, que tem como eixo de suas discussões compreender os direitos da população idosa e analisar como a prática profissional do Assistente Social pode contribuir para a efetivação desses direitos, visando entender a construção da conquista desse segmento populacional. Faz-se necessário voltar a atenção, redobrada a essa população envelhecida no sentido de esclarecer a importância de seus direitos constituintes. Uma vez que esses direitos são desconhecidos pelos idosos e também por seus familiares, estaremos direcionando seu enfoque na atual realidade da pessoa idosa. O presente trabalho será desenvolvido através de pesquisa em livros, legislações, decretos, artigos e sites. A responsabilidade para com a pessoa idosa abrange vários seguimentos, tais como: Poder Público, sociedade e família. Colocar a responsabilidade sobre um único ombro é uma tentativa de se esquivar do próprio compromisso. Somente com a união e a ação do governo, da família e da sociedade é que se pode proporcionar uma vida melhor para a população idosa de nosso País.

Palavras-Chave: Terceira Idade. Proteção. Direito do Idoso. Inclusão Social.

Page 7: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

6

CUNHA, Sônia Maria de Freitas. Quality of life of the elderly: effectiveness of rights. 2017. 61f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Pitágoras Unopar, Fortaleza, 2017

ABSTRACT

The fact that the next 20 years Brazil will have a population of elderly five times higher than the current demonstrates the relevance of this study, which has the axis of its discussions to understand the rights of the elderly population and to analyze how the Professional Assistant practice social can contribute to the realization of these rights, in order to understand the construction of the achievement of this population segment. It is necessary to return to the attention redoubled to this aging population in order to clarify the importance of its constituent rights. Since these rights are unknown by the elderly and also for their families, we are directing their focus on the present reality of the elderly. This work will be developed through research in books, laws, decrees, articles and websites. The responsibility for the elderly covers various segments such as: government, society and family. Put the responsibility on a single shoulder is an attempt to dodge the own commitment. Only with the union and government action, the family and society is that it can provide a better life for the elderly population of our country. Key-words: Elderly. Protection. Right of the Elderly. Social inclusion.

Page 8: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNI Conselho Nacional do Idoso

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ONU Organização das Nações Unidas

PNI Política Nacional do Idoso

PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

UBS

LOAS

SUAS

Unidade Básica de Saúde

Lei Orgânica da Assistência Social

Sistema Único de Assistência Social

Page 9: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 FAMÍLIA E SOCIEDADE ....................................................................................... 12

2.1 A FAMÍLIA E OS IDOSOS: UMA ANÁLISE DESSA RELAÇÃO ......................... 14

2.1.1 O Abandono como Reflexo da Falta de Cuidados da Família .......................... 21

3 O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO E A QUALIDADE DE VIDA .................. 24

4 PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA EFETIVAÇÃO DOS

DIREITOS DA FAMÍLIA ............................................................................................ 40

4.1 MEDIAÇÃO: UM DESAFIO LANÇADO AOS ASSISTENTES SOCIAIS ............. 45

4.2 POLÍTICAS SOCIAIS NA DEFESA DOS DIREITOS .......................................... 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56

Page 10: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

9

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresentará um estudo sobre o assistente social

no processo de trabalho de proteção social do idoso, com relação à mediação e

orientação quanto aos direitos reservados aos mesmos, para a aquisição de

qualidade de vida no seu processo de envelhecimento.

Inicialmente, a assistência social foi configurada e destinada para

atender as necessidades básicas das pessoas, por meio da proteção à família, à

maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa com deficiência.

As ações governamentais na área da assistência social são

realizadas com os recursos dos orçamentos federais e mediante o recolhimento das

contribuições previstas no art. 195 da Constituição, que trata do financiamento da

seguridade social, além de outras fontes, observando-se as diretrizes de

descentralização político-administrativa das ações e da participação da população.

O Sistema Único de Assistência Social - SUAS, baseia-se no modelo

de gestão descentralizada e participativa, mediante programa, projetos e benefícios

sócio assistenciais, de caráter continuado ou eventual, executados e providos por

pessoas jurídicas de direito público e em articulação com iniciativas da sociedade

civil.

O SUAS define e organiza elementos essenciais para a execução da

política pública de assistência social, normatizando os padrões nos serviços, a

qualidade no atendimento aos usuários, os indicadores de avaliação e resultado, a

nomenclatura dos serviços e da rede prestadora de serviço sócio assistencial.

Essa forma de operacionalização da Lei Orgânica da Assistência

Social – LOAS veio para viabilizar o sistema descentralizado e participativo e a

regulação em todo o território nacional.

A mediação familiar traz uma trajetória histórica cumulada de

experiências e de saberes que desvelam uma possibilidade diferente de intervenção

profissional. Assim, ressalta-se que a mediação familiar é um serviço com viés

compreensivo, dialógico, comunicativo e de autocomposição.

Os princípios e conceitos da mediação são construídos

constantemente à medida que esta se concretiza em sua prática efetiva. Na

mediação, o saber está sempre em construção, assim como os afetos e as relações

humanas o estão.

Page 11: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

10

A mediação se compromete profundamente com o outro e com a

própria existência, de modo que autocomposição, alteridade, outridade, respeito,

autonomia e responsabilidade se tornam princípios basilares, proporcionando uma

nova maneira de construir as relações sociais.

Como objetivo geral o presente estudo procurou contribuir com a

discussão acerca da atuação do assistente social no trabalho de efetivação de

direitos dos idosos para que os mesmos possam garantir melhor qualidade de vida.

Como objetivos específicos atingíveis ocorreu a discussão conceitual

e histórica sobre a família; identificar como a família é fundamental para a vida do

idoso, propõe apresentar os mecanismos de proteção que o assistente social utiliza

para respaldar os direitos do idoso no processo de convívio e fortalecimento de

vínculos com sua família.

À medida que as pessoas têm informação disponível, sabem

reconhecer o que são seus direitos e deveres, elas podem passar a agir com maior

frequência em âmbito da melhoria não só pessoal, mas coletiva.

Com a elucidação das políticas públicas que o Estado tem por

obrigação de desempenhar junto a instituições que trabalham com serviço de

assistência, será mais fácil que a prática seja cobrada e então disponibilizada para

aqueles que necessitam da mesma.

Estudos que possibilitem a compreensão e entendimento de como

os serviços, programas e projetos locais de acolhimento, convivência e socialização

de família e idosos, são essenciais para a melhoria não só da vida individual, mas da

comunidade e população em geral.

A família, ao longo dos anos, vem enfrentando um processo de

profunda transformação em virtude dos fatores econômicos, sociais e culturais. Em

decorrência destas transformações, vários novos tipos de conflitos apresentaram-se

no seio familiar, já que a família atual é inovadora, democrática e igualitária.

No presente estudo optou-se usar a pesquisa bibliográfica,

permitindo então o aprofundamento teórico. Os dados foram coletados através de

publicações oficiais em meio impresso ou eletrônica, da secretaria de Assistência

Social, informações contidas nos sites institucionais do Governo Federal e Estadual,

Ministério do Desenvolvimento Social, em sites que disponibilizem pesquisas

científicas na área do Serviço Social utilizando como palavras chave de pesquisa:

fortalecimento de vínculos, vulnerabilidade social, família, comunidade, proteção

Page 12: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

11

social, idoso, qualidade de vida.

O trabalho de conclusão de curso apresentado ficou dividido da

seguinte maneira: capítulo 1- Introdução, capítulo 2 - Família e sociedade, capítulo

3- O processo do envelhecimento humano e qualidade de vida, capítulo 4- Serviço

Social na efetivação de direitos, e por fim, capítulo 5 - Considerações finais.

A partir deste estudo foi possível criar novas fontes de pesquisa

tanto para âmbito acadêmico como social, possibilitando o entendimento e

compreensão acerca do tema trabalhado, onde ainda foram retratados de maneira

simples e objetiva conceitos e informações sobre a atuação do assistente social

mediante o fortalecimento de vínculos do idoso junto da família.

Page 13: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

12

2 FAMÍLIA E SOCIEDADE

De acordo com o Código Civil de 1916, a única união que legitimava

a família era a o casamento conforme apontado no art. 229, mediante isso, a família

formada fora do casamento é considerada como ilegítima, sendo então passível de

restrições morais e legais, onde os filhos que são gerados perante essa relação

também são considerados ilegítimos, não sendo assegurados pela lei (LUZ, 2009).

Contudo nos dias atuais não é considerado mais família apenas

aquela união decorrente de formalização realizada pelo casamento, pois com a

mediação da Constituição de 1988 existe a consideração da família informal, ou

seja, quando ocorre comunidade formada por qualquer dos pais e seus

descendentes ocorre união estável, obtendo-se então o reconhecimento como

entidade familiar (art. 226, §§ 3º e 4º) (BRASIL, 1988).

Conforme os termos do art. 1.732 do Código Civil de 2002, a

convivência entre companheiros, ou só pelo pai ou mãe, e seus filhos, sendo estes

naturais ou adotivos, tem o devido merecimento à proteção do Estado, devido haver

semelhança do que se considera família apoiada pelo casamento (DINIZ, 2005).

A partir de então, pode-se afirmar, com suporte em Perlingieri (2002,

p. 242) “que o merecimento de tutela da família não diz respeito exclusivamente às

relações de sangue, mas, sobretudo, àquelas afetivas, que se traduzem em uma

comunhão espiritual e de vida”.

Com merecimento da afirmação da lei maior, entidade familiar é uma

união estável entre homem e mulher e comunidade formada por quaisquer dos pais

e seus descendentes, sendo esta denominada família monoparental (LUZ, 2009).

Este novo olhar familiar é denominado por Diniz (2005, p.21):

[...] de pluralismo familiar, uma vez que a norma constitucional abrange a família matrimonial e as entidades familiares (união estável e família monoparental), ressaltando que o atual Código Civil nada fala sobre a família monoparental, formada por um dos genitores e a prole, esquecendo-se que 26% de brasileiros, aproximadamente, vivem nessa entidade familiar.

Existe a proposta de Emenda Constitucional que visa a inclusão no

conceito de entidade familiar outros grupos familiares, ou seja, constituições

Page 14: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

13

diferentes, por exemplo, grupos constituídos por avós e netos, tios e sobrinhos,

irmãos dirigidos por um deles, além da posse de estado de filiação, nela incluídos os

grupos familiares compostos por padrastos ou madrastas e seus enteados criados

como filhos.

Para esse efeito, o § 4º da Constituição Federal passaria a ter a

seguinte redação: art.226. § 4º “Entende-se, também, como entidade familiar a

comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, ou união afetiva

de convivência estável e com objetivo de constituição de família” (BRASIL, 1988).

Finalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que

também constitui importante fonte do Direito de Família, concebeu a família

substituta, destinada a receber ou acolher crianças e adolescentes cujos pais

tenham falecido ou tenham sido destituídos do poder familiar (art. 28), para efeito de

diferenciá-la da família natural, originada dos laços de sangue (art. 25) (BRASIL,

1990).

A família tem peso no surgimento de direitos e deveres para as

pessoas para todos aqueles que participam da mesma.

Quando o membro da família é criança ou adolescente no rol dos

direitos pode-se citar a vida, a saúde, a educação, o lazer, a cultura, a convivência

familiar e comunitária dentre outros. É previsto em lei que a pessoa humana tem

direito de permanecer na sua família (LIMA, 2001).

À primeira vista pode parecer estranha a necessidade e relevância

da norma indicar o homem ter direito a uma família, porém um simples olhar para a

realidade social brasileira, de abandono infanto-juvenil, prova a necessidade da

referida tutela legal.

O ordenamento jurídico brasileiro, mais especificamente, a

Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, estão envolvidos na

Teoria da Proteção Integral da Criança e do Adolescente, trazem o direito à

convivência familiar da criança e do adolescente na perspectiva de formar cidadãos

brasileiros completos.

A convivência familiar é direito da criança ou adolescente,

assegurado na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente, e na

Lei Civil (como consequência do exercício do poder familiar), a uma vida humana

digna e saudável com a finalidade de garantir o desenvolvimento completo. O

convívio familiar é um direito da criança previsto na Constituição Federal no art. 227:

Page 15: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

14

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

A primeira parte do artigo aqui observado garante às crianças e

adolescentes o convívio com a família que é fundamental no processo de construção

da pessoa quando são inseridos os elementos para definição dos seus valores

morais, sociais, éticos, políticos, culturais, espirituais e outros.

Em uma visão mais abrangente o direito à família deve ser

compreendido como garantia do cidadão, onde a família é a principal responsável

pela formação física, mental, moral, espiritual e social do indivíduo.

Pode-se considerar cidadão aquele que é sujeito de direitos civis,

políticos e sociais, logo a criança e adolescente são cidadãos, pois é a família, o

primeiro vinculo no processo de construção do cidadão. No que tange a matéria

convivência familiar, o art. 19 da Lei 8.069/90, já transcrito, “assegura à criança ou

adolescente o direito de ser educado e de conviver com a sua família natural em

condições saudáveis” (BRASIL, 1990).

2.1 A FAMÍLIA E OS IDOSOS: UMA ANÁLISE DESSA RELAÇÃO

A Constituição Federal expressa no art. 230, que a família é a base

da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado “amparar

as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua

dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” (BRASIL, 1988, p. 147).

Diante do exposto, é fundamental que os membros da família

entendam esse idoso em seu processo de vida, de modificações, de perdas e

ganhos, conhecendo melhor as fragilidades dessa nova fase. É preciso uma

modificação em relação à visão e concepção sobre a terceira idade, considerando a

importância de se resgatar os vínculos familiares.

Etimologicamente, a palavra família origina-se do latim “famulus” que

significa escravo. Esse conceito estava inicialmente ligado ao conjunto de servos

Page 16: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

15

relacionados a uma pessoa, estando nessa noção, imbricadas questões de posse e

de poder (FIGUEIRA, 1987).

Há, contudo, diversas teorias que procuram explicar a origem da

família, baseadas em sua função biológica ou psicossocial. Assim, nesta

fundamentação, a família é dita essencial, tomando como base o critério de que a

origem e o destino deste agrupamento humano coincidem com o objetivo de gerar e

criar filhos (NERI, 2012).

Portanto, este ponto de vista parece explicar a sobrevivência

biológica, assim como a possibilidade de proporcionar o desenvolvimento psíquico e

a aprendizagem da interação social aos descendentes.

As ideias de Levi-Strauss (BERENSTEIN, 2002) apontam para três

tipos de relações que configuram a família, caracterizando-se como propriedades

invariáveis: “Aliança, relação entre casal, enfatizando que a família tem sua origem

no matrimonio. Filiação, incluindo, portanto, os filhos e eventualmente outros

parentes. Consanguinidade, ou seja, relações entre irmãos”.

Dessa forma, há uma noção de família relacionada ao parentesco. O

mesmo autor também coloca o sentimento de unicidade familiar como base para a

efetivação da união entre os membros, explicitando, especificamente, a existência

de uma rede de permissões e proibições que regulam a sexualidade e que são

associadas a afetos, tais como ternura, amor, temor e hostilidade.

A concepção de família difundida no imaginário social atual

encontra-se ligada a uma “instituição abstrata, higiênica, nuclear e privada”

(ROMANELLI, 2005).

Assim como enfatiza Berenstein, (2002), esta família é uma

produção da modernidade e contribuiu para a crescente diminuição de parentes para

centrar-se no casal e nos filhos.

No Brasil, não existe um modelo padrão de família que possa ser

denominado de regular devido a grandes diversidades étnica e cultural que compõe

a sociedade brasileira.

Esta se constituiu através da influência de famílias europeias,

indígenas e escravas, estas últimas advindas de diversas nações africanas, as quais

guardam entre si certas particularidades.

Essa miscigenação, bem como o desenvolvimento da sociedade

brasileira, não proporcionou propriamente, uma nova família, “mas uma família na

Page 17: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

16

qual o moderno coexiste muitas vezes de modo angustiante e paradoxal com o

arcaico” (FIGUEIRA, 1987, p. 9).

Para a antropologia, as diferentes formas de família podem ser

contemporâneas ou se suceder no tempo, sem que se possa classificá-las sob

critério evolucionário.

Mesmo porque, os indícios apontam antes uma diversidade de

modelos se desenvolvendo e convivendo em razão mesmo da complexificação dos

anexos, sociais, como classe, origem étnica e outras muitas formas mais

segmentares de pertencimento que a vida nos grandes conglomerados urbanos

faculta.

Mesmo tomados sob análise individual, os modelos de família

podem mostrar-se mais complexos do que sua aparente redução poderia sugerir.

O modelo único de família era caracterizado como um ente fechado,

voltado para si mesmo, onde a felicidade pessoal dos seus integrantes, na maioria

das vezes, era preterida pela manutenção do vínculo familiar a qualquer custo daí

porque se proibia o divórcio e se punia severamente o cônjuge tido como culpado

pela separação judicial (ALCÂNTARA, 2004).

Uma das mudanças que acarretam uma fragilidade nos vínculos

familiares e as condições econômicas das famílias. Embora, a própria Constituição

Federal de 1988, expressa a família como base da sociedade e o dever dos filhos de

cuidar dos seus pais na velhice, conforme no art., 229. “Os pais têm o dever de

assistir, criar, educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e

amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 1988).

Neste sentido, cabe aos membros da família a responsabilidade de

entender o idoso em seu processo de vida, de transformações, conhecer suas

fragilidades, modificando sua visão e atitude sobre a velhice, colaborando para que

o idoso mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade.

O Estatuto do Idoso, (Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003), veio

reforçar esse dever da família no seu art., 3º onde diz que:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder Público assegurar ao idoso, com absoluta, prioridade, a efetivação do direito à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2003).

Page 18: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

17

Nesse artigo o legislador quis assegurar o convívio do idoso no

ambiente familiar, e somente no caso deste não ter condições de manutenção,

somente aí, e que se busca outros meios de cuidados para o idoso, como no caso

do asilamento.

Sabemos que a família é uma forma de organização, na qual tem

uma relevância no modo como ela conduz o processo de socialização, repassando,

valores, modelos de conduta e normas. A socialização não ocorre apenas na família,

sendo realizada, simultaneamente, pela escola, e outras instituições (ALCÂNTARA,

2004).

Deste modo Romanelli (2005, p.74) diz que: “as pesquisas sobre

família no Brasil tem mostrado a diversidade na sua organização, tanto no que se

refere a composição quanto no que se refere as formas de sociabilidade que

vigorem em seu interior” as formas de sociabilidade existente entre os componentes

da família organizam-se por relações que se complementam e que são de natureza

distinta.

Ao se falar em família na atualidade, devemos chamar a atenção

para o fato de que devido à diversidade dos arranjos existentes, é mais adequado o

uso da palavra no plural: famílias. Sabemos da existência de muitas perspectivas

teóricas que buscam definir o que seja família e sua diversidade de configurações

(CAMARANO, 2002).

Contudo, embora reconhecendo a importância de tais contribuições,

não é o propósito fazer o histórico dessa discussão conceitual, e sim entender as

transformações que vem ocorrendo com essas famílias nas últimas décadas.

Adotando a perspectiva de MIOTO (1997), para quem o conceito de

família é definido como: “uma instituição social historicamente condicionada e

dialeticamente articulada com a sociedade na qual está inserida” assim podemos

dizer que a família é a expressão de um emaranhado de interações com

condicionantes variados.

A solidariedade entre os membros familiares é dada como um

modelo idealizador de comportamento. Diante desse quadro na vida dos idosos é

crescente a expectativa de contribuição da rede familiar.

Podemos citar, por exemplo: as transferências de renda, bens,

recursos e apoios inter-geracionais informais, como a co-residência entre idosos,

filhos e neto, objetivando integrar um sistema de ajuda mútua (NERI, 2012).

Page 19: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

18

Dessa forma, a transferência afetiva e de suporte contribuem para a

formação de solidariedade entre gerações, havendo constante contato e criando

maior proximidade entre os membros da família.

A solidariedade entre as gerações, assim como a capacidade de poupança, criatividade no gerenciamento de escassos recursos sociais por parte da população tem sido mais importante para o cuidado do idoso do que a “atenção” oferecida pelo Estado (NERI, 2012, p. 41).

Cabe ressaltar que se trata de uma via de “mão dupla”. Não estão

somente os filhos adultos se tornando responsáveis pelos idosos dependentes, mas

também os idosos sendo responsáveis pelos filhos adultos, pois os mesmos têm se

tornado “dependente” dos recursos de seus pais, fazendo com que as pensões e

aposentadorias se transformem em importantes (ou único) no rendimento da renda

familiar.

Muitos idosos também desempenham atividades não remuneradas

para os seus familiares, como cuidar de netos para os filhos trabalharem e

desenvolverem variadas atividades domésticas. (Cozinhar, lavar roupa, limpar a

casa etc.), trabalhos desqualificados pelo capital que valoriza apenas o trabalho

enquanto produto que gera.

(...) as famílias brasileiras que contêm idosos estão em melhores condições econômicas do que as demais famílias. São relativamente menos pobres e seus membros dependem menos da renda do chefe. Isso se deve, em grande media, aos tipos de arranjos internos e etapas do ciclo familiar que estabelecem diferentes relações de dependência econômica entre os membros das famílias, bem como a universalização dos benefícios da seguridade social (CAMARANO, 2002, p. 10).

Diante disso, essa relação entre as gerações acontece de várias

formas e não somente de maneira estável e sem tensões, porque os valores e

visões de mundo acontecem de forma diferenciada entre as faixas etárias, podendo

até ocasionar maus tratos, negligencia e sentimento de abandono por parte do

idoso.

Nesse contexto, Alcântara (2004, p. 23) ressalta que: “os estudos

relativizam a relevância da família, uma vez que o fato de os idosos não morarem

com seus familiares não significa necessariamente uma condição de abandono, ou

Page 20: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

19

isolamento”.

O que consiste em desmistificar que morar com os filhos nem

sempre expressa prestígio, respeito e satisfação. Pois muitas vezes o sentimento de

solidão e o desprezo são verificados no âmbito familiar.

Conflitos familiares e dificuldades de relacionamentos surgem com

frequência, pois o idoso ocupa um lugar ambíguo no território familiar por ser

exigente e autoritário, lutando por sua afirmação e manutenção dos status, mas, ao

mesmo tempo, fraco, dependente, sem iniciativa; magoado pela perda de prestigio,

não colabora e acarreta mais despesas e preocupação.

“A família, embora tenha por ele seu amor, carinho e respeito, vê-se

corroído por um cotidiano desgastante de depressões, grandes responsabilidades,

não sobrando tempo, nem energias, para resolver tais impasses” (NOVAES, 2001,

p. 53).

A família tem grande importância na vida do idoso, pois é nela que

ocorrem as relações de afeto e cumplicidade entre as gerações. Apesar dos conflitos

que possam existir nas famílias, é nela que os idosos se sentem à vontade, com

privacidade e intimidade para falar de seus medos, desejos, sonhos, enfim, para

compartilhar com seus familiares sua visão do mundo (ALCÂNTARA, 2004).

A interação entre a família e o idoso, pode corroborar em reações

favoráveis, principalmente em caso de doenças, podendo absorver de forma positiva

as mudanças impostas no caso de essas doenças serem crônicas, diminuindo assim

seus efeitos deletérios.

Nessas circunstâncias, os familiares passam a colaborar com o

idoso doente, para assim enfrentarem as mudanças que ocorreram em suas vidas,

ou seja, o enfrentamento de suas limitações advindas do seu estado de saúde.

Mas, podem também haver uma resposta inadequada, quando

ninguém quer ou não pode acompanhar o idoso em suas atividades diárias, ou até

mesmo em hospital, ou quando os filhos jogam um para o outro essa

responsabilidade ou mesmo quando só um filho assume a responsabilidade, isso

pode gera uma confusão de papeis, atritos, e sentimento de isolamento por parte do

idoso (NERI, 2012).

O membro da família que for responsável pelo idoso deve ser

orientado sobre seu papel na função de cuidador, suas responsabilidades e

compromissos, para quando for necessário, saber reproduzi-los, de forma

Page 21: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

20

adequada, nos seus lares, quando estiver cuidando de seu idoso.

Segundo Karsch (2003, p. 21) existem quatro fatores que

influenciam na escolha do cuidador do idoso:

“o parentesco com o idoso; o gênero do cuidador (na maioria das

vezes mulheres); a distância entre o idoso e o cuidador (quanto mais próximo maior

a possibilidade de cuidar bem); a proximidade afetiva (pais e filhos, por exemplo)”.

No caso da pessoa idosa, o “Cuidador” geralmente é um papel

assumido pelas mulheres, esse papel é visto como natural, pois está socialmente

inscrito no papel de mãe.

Cuidar dos familiares idosos, portanto, é mais um dos papeis que a

mulher assume na esfera doméstica. Muitas das vezes os familiares recebem ajuda

da comunidade, de igrejas, e organizações de voluntários que contribuem para o

desempenho desse papel, que na verdade é uma obrigação da família (NOVAES,

2001).

Cuidados por parte das famílias, amigos e vizinhos são fundamentos

de qualquer rede de cuidados comunitários para idosos. Uma boa porção de idosos

relaciona-se com igrejas e organizações de voluntários, e em caso de doença

recebem sua atenção.

Entretanto, a presença sistemática desses recursos de apoio

dificilmente aparece nos levantamentos domiciliares das ajudas praticadas e

pessoais fornecidas a idosos.

Para a prática da assistência cotidiana, os idosos precisam mesmo de suas famílias, eventualmente de seus vizinhos, e, para terem algum apoio, os cuidadores familiares quando possível, se utilizam de serviços e ajudantes particulares geralmente pagos (KARSCH, 2003, p. 108).

A família como única provedora de cuidados de seus idosos

dependentes é um pressuposto da sociedade brasileira.

Família esta que apresenta necessidades materiais que incluem

recursos financeiros, questões de transportes, moradia e acesso a serviços de

saúde com qualidade; necessidades emocionais, ou seja, uma rede de cuidados que

liguem a família aos serviços de apoio que garantam a qualidade de vida para o

cuidador e, mesmo, necessidades de informação sobre como realizar os cuidados e

adaptação do ambiente de convívio da pessoa idosa (NOVAES, 2001).

Page 22: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

21

Ao apresentarmos a família como única provedora de seus idosos,

não estamos com isso reforçando as políticas focalistas e privatista nos moldes

sugeridos pelo ideário neoliberal, que buscam retirar do Estado a responsabilidade

de prover políticas públicas que garantem assistência à população idosa, ao

contrário, entendemos que o Estado deve promover políticas para assistir as

famílias, para que elas tenham condições de permanecer com seus idosos em casa

(ROMANELLI, 2005).

Embora o cuidado familiar seja um aspecto importante, ele não está

presente para todos os idosos. Existem idosos que não tem família. Há outros cujas

famílias são muitos pobres e seus familiares precisam trabalhar e não podem parar

para cuidar deles.

Há também, aqueles idosos que residem só, o que tem sido um

indicador de risco de mortalidade e decréscimo na qualidade de vida. A inexistência

de um familiar ou a falta de estrutura deste para cuidar do idoso constitui um dos

principais fatores para institucionalização dos idosos (NERI, 2012).

A importância da família na vida do idoso é fundamental para o

estreitamento dos laços familiares, fortalecendo o sentimento de pertencimento e

acolhimento dado pela família.

Quando os idosos não estão juntos de seus familiares, eles se

sentem esquecidos, abandonados, isolados, sem perspectiva e esperança para

continuar a viver, sendo motivo de tristeza e depressão.

A construção e a manutenção do vínculo afetivo são consideradas

elementos importantes para se entender a motivação de abandono por parte das

famílias em relação ao seu idoso.

Mesmo quando não ocorreu ao longo da vida a construção do

vínculo familiar, o que se deve esperar da família em relação ao idoso é que se

tenha, no mínimo, a compaixão e o respeito nessa fase da vida (CAMARANO,

2002).

2.1.1 O Abandono como Reflexo da Falta de Cuidados da Família

A família é o suporte do ser humano, desde o seu surgimento ao

mundo, é o primeiro referencial de vida social e de criação de vínculos, sendo

responsável pelo equilíbrio físico, psíquico e afetivo, e quando há falta ou ruptura

Page 23: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

22

desse laço, apresenta-se um vazio, uma forma de desamparo total (BERTOLIN;

VIECILI, 2014).

As instituições que acolhem os idosos possuem suas rotinas de

cuidados e manutenção das necessidades básicas dos mesmos, contudo não é

possível apresentar aos idosos todo sentimento de acalento que a família repassa,

surgindo então a questão do abandono afetivo. A família é a esperança do idoso

como forma de manter as relações de afeto e amor, e das possibilidades de evitar o

isolamento.

O idoso espera da família que ela seja o seu braço acolhedor e que possa lhe dar a atenção necessária quando precisar, acredita ainda que nela terá o suporte para manter-se protegido nos anos finais da sua vida, mas infelizmente não tem sido esse o conforto que as pessoas idosas encontram no seio familiar, daí a dura realidade que muitos precisam da intervenção do Ministério Público para buscar através da lei esse amparo (BERTOLIN; VIECILI, 2014, p. 339).

A Responsabilidade Civil pelo abandono afetivo do idoso não está

expressa diretamente no Estatuto do Idoso, por isto existe como forma legal a base

nos artigos 229 e 230 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

mas pelo aumento de denúncias de maus tratos e abandono dos idosos existe um

projeto de lei, que pretende acrescentar um dispositivo ao Estatuto do Idoso,

regulamentando essa situação.

No que tange à responsabilidade civil, o Estatuto do Idoso descreveu

que compete principalmente à família, a obrigação de garantir ao idoso “a efetivação

do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,

ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência

familiar e comunitária” (DINIZ, 2010).

O atentado a esses direitos e garantias da interpretação a

responsabilização dos filhos, conforme fica disposto no Código Civil Brasileiro, no

art. 186 que “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,

comete ato ilícito”. Por sua vez, o artigo 927 prescreve que “aquele que, por ato

ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (DINIZ,

2010).

Analisar a demanda do idoso em situação de abandono requer olhar

Page 24: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

23

as particularidades vivenciadas na relação sujeito/idoso/família, que acabam

vivenciando outras situações anteriores ao abandono dos vínculos familiares e

institucional, quando, por exemplo:

- A família deixa de ampará-los com as devidas necessidades (banho, comida, remédio no horário, levar ao médico, roupa, etc.); - Deixa de dar assistência em todas e quaisquer dificuldades; - Abandona no hospital, na rua, em casa; - Nega o acesso à saúde, tais como fornecimento de medicamentos, atendimento domiciliar em saúde; - Viola o direito de acesso ao transporte gratuito; Não respeitada sua condição peculiar e suas limitações (SERIBELI; AGUIAR, 2011, p. 109).

Algumas dessas situações, em um primeiro momento podem

parecer não ter maior gravidade, contudo podem expressar outra forma, outro tipo

de abandono, ainda mais cruel, devido não ser aparente, são mais difíceis de serem

identificados, onde acaba sendo tolerado em muitas situações.

São situações que contradizem e violam a lei, como sustenta o

Estatuto do Idoso em seu artigo 3º:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1999).

Assim, a situação de abandono não consiste apenas em não ter uma

família, ou ser abandonado por esta, mas sim, de um modo geral estar

desamparado, vivenciando situação de vulnerabilidade e risco social, ao estar

inserido em um contexto de desproteção de seus direitos fundamentais (SERIBELI;

AGUIAR, 2011).

Ao considerar todas as condições de abandono ressaltadas

anteriormente, reflete-se criticamente que este contexto é a base para o abandono

definitivo do idoso, levando ao acolhimento institucional, pois a partir destas

negligências, e principalmente na falta do convívio familiar, o abandono é

característico, não tendo o idoso, condições de manter seus próprios cuidados, seja

por questões econômicas, sociais ou físicas.

Page 25: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

24

3 O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO E A QUALIDADE DE VIDA

Entendendo que os idosos formam parte significativa da população,

é preciso estabelecer políticas sociais específicas para eles, sendo preciso, também,

definir o que é o envelhecimento.

Em termos biológicos, o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. No entanto, o envelhecimento e o desenvolvimento são processo que coexistem ao longo do ciclo vital (CALDAS, 2006, p. 19).

Outros autores possuem definições distintas para esclarecer o termo

envelhecimento entre eles podemos citar Barreto.

A velhice é um problema sério que assume entre nós características de gerontofobia (...), por se tratar de um fenômeno humano que preferimos ignorar, pois ’o idoso lembra demais a nossa própria fragilidade e a efemeridade de nossa existência’. Se o problema é bem colocado, a solução proposta para ele e a própria descrição são apresentadas de uma forma lírica e romântica, eximindo-se a sociedade de qualquer responsabilidade – as condições reais de vida ignoradas (BARRETO, 1992, p. 20).

A idade cronológica é um parâmetro importante para o planejamento

de políticas para idoso ou para a gestão de serviços embora não revele muito sobre

o real envelhecimento humano.

Cada indivíduo envelhece de forma própria, pois trata-se de um

processo que envolve vários fatores que contribuem para o envelhecimento como

citado nos capítulos anteriores (VECCHIA et al., 2005).

Um ponto de corte para definir cronologicamente a população idosa

é de 60 anos nos países do terceiro mundo. Este padrão foi recomendado, pela

Organização Mundial de Saúde, (OMS), em 1984 (CALDAS, 2006).

Ou seja, com o cenário brasileiro se modificando no que se refere à

demografia, chama-se de idosos as pessoas com mais de 60 anos.

Contudo, não é valido considerar um sujeito idoso usando como

único parâmetro a idade, pois esse grupo populacional diferencia-se entre si quanto

à renda, ao nível educacional, e ao sexo.

Page 26: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

25

De acordo com Caldas:

O envelhecimento, portanto, mesmo referindo-se a uma faixa etária determinada, tem suas especificidades marcadas pela posição de classe social, pela cultura e pelas condições socioeconômicas e sanitárias individuais e/ou coletivas da região (2006, p. 60).

Velhice é uma fase do ciclo de vida com perdas e ganhos,

relacionada a um dado momento histórico, político, sociocultural e econômico.

Enquanto um fenômeno mundial, a longevidade percute nos campos social e

econômico.

Dessa forma, a velhice vem se colocando como um dos desafios

atuais, exigindo uma preparação adequada do país para atender as demandas da

população idosa (CALDAS, 2006).

Requer um planejamento, que vai desde a adaptação ambiental e

atendimento das necessidades materiais e humanos capacitados até a efetivação e

implementação de ações de saúde condizente a uma especificidade (BARROS,

2006).

A seguir pontuaremos alguns direitos específicos desse segmento

populacional.

No Art. 3.º, do Estatuto do Idoso, lemos Onze aspectos da vida do Idoso e são enumerados apenas em um artigo: Vida, saúde, alimentação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade e respeito. Esses são conhecidos como os direitos fundamentais da pessoa idosa. Abaixo comentaremos alguns desses direitos (BRASIL, 1999).

O idoso tem direito a vida, no art. 8º lemos que: “o envelhecimento é

um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos da

legislação vigente”.

No Art. 9º Lemos que, “É obrigação do estado, garantir à pessoa

idosa a proteção e à vida, à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas

que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade” (BRASIL,

1999).

O direto à vida está sendo substituído pelo direito à sobrevivência.

Para entendermos melhor esse direito sobre o qual o Estatuto reza, temos que

entender, em primeira análise, o que é vida. Segundo o dicionário Aurélio, vida é o

Page 27: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

26

“conjunto de propriedades e qualidades graças às quais animais e plantas se

mantêm em contínua atividade; existência”. É também o “espaço de tempo que vai

do nascimento à morte...” (CALDAS, 2006).

Pelas definições de “vida” que encontramos, não fica claro o que o

Estatuto quer dizer em termos de assegurar o direito à vida. No entanto, parece que

o direito à “vida” se refere a permitir que o idoso complete todos os seus anos sem

interrupções alheias.

O idoso tem direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, art. 10º.

Lemos que: “É obrigação do Estado da sociedade, assegurar à pessoa idosa a

liberdade, o respeito, e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis,

políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis” (BARROS,

2006).

Liberdade é o direito de ir e vir, em muitos casos, até há liberdade, o

que não há é recursos para desfrutar da liberdade que pode custar mais do que o

orçamento permite.

Dignidade e respeito, os dois se referem à consideração e prestígio.

Ter dignidade no sentido mais amplo da palavra é ser merecedor de direito. Direito à

dignidade, portanto, é direito ao reconhecimento de que estar na fase da terceira

idade, não significa estar sem utilidade para a sociedade (ASSIS, 2006).

No Art. 37, do estatuto do idoso, lemos “O idoso tem direito à

moradia digna, no seio da família natural, substituta, ou desacompanhado de seus

familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada”.

E no parágrafo 3.º, está escrito:

As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei. (BRASIL, 2003, p, 7,8).

Diante de tantos direitos, não poderíamos deixar de ressaltar a

função do Estado no amparo à população idosa. Amparo que não quer dizer favor,

mas sim obrigação com uma parcela significativa da população e que muito já

contribuiu para sociedade (VECCHIA et al., 2005).

No Art. 3.º, do Estatuto do Idoso, lemos: que existem quatro

responsáveis pelo idoso, nesse único Artigo está listado: Família, comunidade,

Page 28: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

27

sociedade e Poder Público. Com tantos tutores era de se esperar que os idosos

tivessem toda atenção e amparo de que necessitam.

Mas, compreender as ações e as intervenções executadas pelo

Estado implica em reconhecer que persiste a questão ideológica de um discurso

humanitário para discorrer sobre uma realidade desumanizadora (ASSIS, 2006).

Assim, quando a indigência, a desnutrição, velhice, a delinquência e

outras formas de desvios e anomalias sociais, aparecem como ameaça à ordem

estabelecida, organiza-se instituições de assistência, de proteção, de recuperação,

de seguros sociais (FALEIROS, 1987, p. 34).

O complicado exercício da cidadania retrata problemas que abarcam

o cotidiano dos grupos alvos das políticas sociais, situando entre eles, o idoso. Há

uma preocupação embora embrionária das políticas sociais no tocante à população

idosa. As medidas adotadas não garantem a participação do idoso na sociedade e,

consequentemente, encontra-se distante de sua conquista pela cidadania

(BARROS, 2006).

Apesar da vasta legislação existente o envelhecimento populacional

é um fenômeno, que vem se apresentando como um dos maiores desafios da

contemporaneidade.

Desse modo, há um crescimento superior da população idosa com

relação às demais faixas etárias. De acordo com as projeções, o número de pessoas

com 100 anos de idade ou mais aumentara 15 vezes, diante do exposto (CALDAS,

2006).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,

(IBGE) a população idosa é a que mais cresce no país. O índice de que a população

idosa no Brasil está crescendo de forma relativamente elevada, está confirmado em

todos os censos, o IBGE (2005), mostra em pesquisa nacional que o Brasil está

envelhecendo a passos largos, no Brasil em, 1950 vivia-se em média até os 51

anos.

Atualmente, uma pessoa vive em média 73 anos, esse crescimento

traz a necessidade de que esses idosos busquem a garantia e os conhecimentos de

seus direitos constituintes, direitos esses que muitos desses idosos desconhecem.

Esse índice de que a população de idosos está crescendo, mostra que a proporção

de idosos aumentará ocorrendo concomitantemente à redução de jovens (VECCHIA

et al., 2005).

Page 29: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

28

Os idosos com mais de 65 anos representam 5% da população – 6,5 milhões de pessoas. Dentro de 25 anos, serão 32 milhões, subindo para 14% da população. A maioria dos idosos será formada por mulheres, segundo as projeções da organização mundial de saúde (BERLINCK, 2005, p. 50).

Entretanto, na nossa sociedade, ser idoso é um rótulo que pode

significar o fim antecipado de todas as possibilidades de vida, associado a valores

negativos.

A experiência de vida, a sabedoria e a memória são de poucos

valores para a sociedade. O autor Barreto, diz que: “(...) não existe mais uma

conexão orgânica com o passado. Grande parte das pessoas, principalmente as

mais jovens, vive nesse eterno presente. “Ontem” deixou de ser referência exceto

para fins bibliográficos” (1992, p.7).

Percebe-se que algumas imagens de velhos atravessam de

gerações e gerações. Geralmente, recorre-se à imagem de “velhos feios e maus” os

pais usam isso na tentativa de educar, socializar e coagir as crianças.

Dessa forma, reproduzem e reforçam estereótipos que são

registrados na memória infantil e, consequentemente, refletidos ao longo de suas

vidas.

Considerando que as representações sociais estão intrinsecamente

relacionadas aos valores culturais estabelecidos entre os homens, urge a

necessidade de reeducação dos jovens e crianças em relação ao idoso e de como a

sociedade cria e recria estereótipos em relação à velhice, como se o idoso fosse um

cidadão inútil, dependente, incapaz de ter uma compreensão lúcida da realidade e

gerir suas próprias vidas, sendo excluídos, afastados e desagregados da sociedade

(BARROS, 2006).

A sociedade deve refletir de uma maneira clara e objetiva que a

juventude de hoje serão os idosos de amanhã.

Até bem pouco tempo, o Brasil, era tido como um país de jovens.

Atualmente observa-se uma modificação da pirâmide etária com um crescimento de

70% na população idosa definida segundo critérios da Organização Mundial de

Saúde (OMS) com uma população de 60 anos ou mais, contra 12 % no crescimento

na população com menos de 20 anos no período de 1980 a 1999, conforme dados

do IBGE, (2005).

Page 30: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

29

As projeções indicam que num período de 70 anos (1950 a 2020)

enquanto a população brasileira estará crescendo cinco vezes, o grupo de idosos

estará aumentando 16 vezes, o aumento populacional desse segmento revela a

modificação da expectativa de vida.

A questão do envelhecimento na população brasileira apresenta

diversas dimensões e dificuldades, mas nada é mais justo do que garantir ao idoso a

sua integração à vida comunitária.

É preciso compreender que o envelhecimento é um processo

normal, inevitável e irreversível, portanto, não deve ser tratado apenas com soluções

médicas, mas sim por meio de intervenções sociais, econômicas e ambientais

(CALDAS, 2006).

Atualmente o Brasil, país considerado em desenvolvimento, mantém

um capitalismo marcado por uma extrema concentração de renda, sendo

consequentemente produtor e reprodutor das desigualdades sociais, ou seja, o

progresso e o desenvolvimento produziram crescimento, mas possibilitaram também

a ampliação desordenada da miséria (BARROS, 2006).

Nos países desenvolvidos e, também, nos países em

desenvolvimento, existe a preocupação com o fato do aumento do envelhecimento.

O rápido envelhecimento nos países em desenvolvimento é

acompanhado por mudanças dramáticas nas estruturas e nos papéis da família,

assim como nos padrões de trabalho e na migração (ASSIS, 2006).

A urbanização, a migração de jovens para cidades à procura de

trabalho, famílias menores, e mais mulheres tornando-se força de trabalho formal

significam que menos pessoas estão disponíveis para cuidar de pessoas mais

velhas, quando necessário (VECCHIA et al., 2005).

Nos blocos dos chamados países desenvolvidos, tal processo se

deu de forma lenta, ao longo de mais de cem anos.

Atualmente, alguns destes países apresentam inclusive um

crescimento negativo de sua população com taxa de natalidade mais baixa que a de

mortalidade. Já no grupo dos países chamados em desenvolvimento, tendo como

exemplo o Brasil, esse processo se caracteriza pela rapidez com que o aumento

absoluto e relativo das populações adulta e idosa modificou a pirâmide populacional

(BARROS, 2006).

Page 31: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

30

A diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade alterou a estrutura etária da população brasileira ocorrendo uma acentuação redução nas taxas de mortalidade nos primeiros anos de vida. Entretanto, mais do que a diminuição da mortalidade, a explicação para o crescimento da população idosa está na drástica redução das taxas de fecundidade (VERAS, 2003, p.75).

A diminuição na taxa de fecundidade se dá em virtude de várias

razões que se constituem em mudança nos padrões socioculturais, tais como: a

incorporação da mulher no mercado de trabalho, o processo de urbanização da

população e a necessidade de limitação da família (CALDAS, 2006).

Isso se dá pelo processo de reestruturação do capitalismo que

aponta para a formação do perfil do novo trabalhador; polivalente, participativo,

versátil, e com mais escolaridade (ASSIS, 2006).

Consequentemente, o surgimento desse novo trabalhador tem como

contrapartida uma crescente massa de indivíduos que não se insere de forma

competitiva no novo paradigma tecnológico (VECCHIA et al., 2005).

Para a professora Ana Amélia Camarano, além da mudança nos

pesos dos diversos grupos etários no total da população, observou-se:

O crescimento relativamente mais elevado do contingente idoso é resultado se suas mais altas de crescimento, em face da alta fecundidade prevalente no passado comparativamente a atual e à redução da mortalidade. Enquanto o envelhecimento populacional significa mudanças na estrutura etária, a queda da mortalidade é um processo que se inicia no momento do nascimento e altera a vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade (CAMARANO, 2002, p. 1).

A mudança que vem se observando nas relações que a sociedade

estabelece com a velhice, não se verifica apenas pela mudança de valores, mas

pelo aumento da esperança de vida devido ao progresso da medicina que com todo

o seu aparato tecnológico enfrenta as doenças crônicas favorecendo a longevidade

e contribuindo, dessa forma, como um dos fatores para o aumento significativo da

população idosa, ou seja, tecnologia e medicina uniram-se para um melhor

atendimento das necessidades básicas da população (BARROS, 2006).

O aumento da faixa populacional considerada idosa tem exigido das

sociedades e do poder público um novo e sensível olhar sob a forma de

investimento em políticas sociais que contemplem o idoso em suas necessidades

Page 32: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

31

biopsico sociais.

As condições objetivas de vida da população interferem diretamente no envelhecimento, tanto no que se refere ao aumento quantitativo da Expectativa de vida quanto à qualidade oferecida aos que envelhecem, através de políticas sociais nas áreas da saúde, da Previdência e da assistência (GOLDMAN, 2004, 64).

Dentre as transformações pelas quais o Brasil vem passando, o

quadro demográfico brasileiro, ressalta que o aumento da longevidade da população

brasileira, está associado a maior longevidade das mulheres em comparação com

os homens, pois existem fatores que contribuíram para esse aumento de vida

feminina que são: proteção hormonal do estrógeno, menor consumo de tabaco e

álcool, inserção diferente no mercado de trabalho, postura diferente em relação à

saúde e doenças e com os serviços de saúde, porem vale ressaltar que nem todos

chegam a velhice com saúde (BARROS, 2006).

Em termos epidemiológicos, a feminização da velhice coincide com o aumento do numero de mulheres idosas e com taxas mais altas de doenças crônicas. Incapacidade física, déficit, cognitivo, dor, depressão, fadiga, estresse crônico, consumo de medicamentos, quedas e hospitalização entre as mulheres idosas do que entre os homens idosos (NERI, 2007, p.48)

O processo de envelhecimento ocorre desde que o indivíduo nasce,

mas a expressão maior desse processo inicia-se a partir da quarta ou quinta década

de vida quando se acentuam diversas modificações, tais como: limitações físicas,

mudanças na imagem corporal, entre outras (CALDAS, 2006).

Alguns psicanalistas, entretanto, consideram o envelhecimento como

um processo que se inicia desde o momento da concepção e se prolonga até a

morte.

O envelhecimento é universal, progressivo, declinante e intrínseco.

Segundo Fraiman, (1991, p. 15), o que é envelhecer se não um “(...) processos de

modificações que se desenvolve tanto na área biofisiológica, como na área

psicossomática. É um processo básico de todo ser vivo e até da matéria”.

Assim, o envelhecer não se refere meramente a um momento da

vida do ser humano, mas consiste num processo complexo que contém implicações

para o indivíduo que vivencia, bem como para a sociedade na qual vive, sendo que

Page 33: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

32

a velhice é uma das etapas da vida humana.

Camarano (2002, p. 15) assim define a velhice:

(...) um fenômeno biológico: o organismo do homem idoso apresenta certas singularidades. A velhice acarreta ainda consequência psicológicas, como características da idade avançada. (...) ela tem uma dimensão existencial: modifica a relação do indivíduo com o mundo e com a história. (...) o homem. Não vive nunca em estado natural; seu estatuto lhe é imposto pela sociedade a qual pertence.

Nesse sentido, a velhice, como uma etapa de profundas mudanças

na vida do indivíduo, é caracterizada como um período de lentidão, de declínio de

certas aptidões. É um período que requer uma adaptação psico-física-social as

circunstâncias modificadas ou em alteração (VECCHIA et al., 2005).

Mas, (...) para que o equilíbrio do indivíduo se faça de forma desejada é preciso que sua transição para a terceira idade seja gradual a e acompanhada de uma adaptação nos planos psicológicos e sócio cultural, de modo a permitir também ao idoso sua cota de participação no desenvolvimento da sociedade em que vive (CAMARANO, 2003, p. 21).

Na visão dos especialistas, o envelhecimento populacional ocorre

em razão da redução da taxa de fecundidade e principalmente em decorrência do

aumento da expectativa de vida diante dos avanços tecnológicos, ou seja, o

aumento progressivo da longevidade do ser humano, em todo o globo terrestre. Isso

se deve primordialmente ao progresso cientifico que possibilitou uma considerável

melhora no que tange a condição de saúde, higiene e nutrição (BARROS, 2006).

A diminuição da mortalidade infantil, também foi um dos fatores

principais que proporcionou no aumento desse grupo etário de pessoa idosa, e com

isso, a mortalidade por doenças crônicas e degenerativas, que diminuiu com os

avanços da medicina também tiveram sua contribuição para esse significativo

aumento (CALDAS, 2006).

Segundo Veras, (2003, p. 67), “a queda da taxa de mortalidade, a

partir da década de 1940 e a redução da taxa de fecundidade, a partir da década de

1960”. Esses dois fatores alteraram de maneira significativa a estrutura etária da

população sendo determinantes na transição demográfica.

A mudança no perfil epidemiológico influenciou as taxas de

Page 34: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

33

mortalidade e fecundidade.

A descoberta dos antibióticos, as melhorias no saneamento básico,

a conscientização da população quanto às medidas de higiene, colaboraram para a

diminuição das doenças infecciosas a parasitárias agudas, e consequentemente a

diminuição da mortalidade infantil a partir de 1940 (CALDAS, 2006).

Assim como, o controle da natalidade, através do uso dos métodos

anticonceptivos a partir da década de 60 fez diminuir a taxa de fecundidade.

Tal mudança demográfica se deve a vários fatores: o controle de muitas doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, sobretudo, a partir da descoberta dos antibióticos, dos imunobiológicos e das políticas de vacinação em massa; diminuição das taxas de fecundidade; queda da mortalidade infantil, graças à ampliação de redes de abastecimento de água e esgoto e da cobertura da atenção básica à saúde; acelerada urbanização e mudanças nos processos produtivos, de organização do trabalho e da vida (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000 p. 45).

É importante observar a grande interferência da Saúde Pública

nesse contexto, pois o aumento da longevidade no Brasil traz novos desafios para o

Estado, esse aumento se deve muito mais a evolução da tecnologia ampliada à

medicina com descoberta de medicamentos de suma importância, da imunização da

população contra doenças epidêmicas e endêmicas do que a melhoria das

condições de vida e bem-estar social (BARROS, 2006).

O progresso da geriatria e da gerontologia nos tem permitido

entender que muitas são as manifestações do processo natural do envelhecimento

(VECCHIA et al., 2005).

Tais características não se prendem exclusivamente às alterações

orgânicas, mas também a particularidades sociais, muitas vezes acopladas a

mudanças de papeis sociais (ASSIS, 2006).

Cabe ressaltar aqui que os termos geriatria e gerontologia estão

associados ao estudo acerca do envelhecimento.

Portanto, a geriatria “(...) é a especialidade que cuida dos indivíduos

idosos” (GOMES, 1985, p, 6), trata das doenças do envelhecimento. Enquanto, a

gerontologia.

(...) cuida das leis que protegem os velhos, de suas internações, de seu relacionamento na sociedade e mesmo entre si, estabelecendo

Page 35: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

34

programas de recreação, de ocupação do tempo livre e até mesmo de aprendizado, como é o caso da Universidade da Terceira Idade. (GOMES, 1985, p. 6).

Mas, as questões referentes à Terceira Idade devem ser

compreendidas e analisadas no contexto da estrutura capitalista e no movimento

histórico, visto que, o autor, Gomes (1985 p. 562) diz que, “Vivemos num mundo

conquistado, desenraizado e transformado pelo titânico processo econômico e

tecno-científico do desenvolvimento do capitalismo que dominou os três últimos

séculos”.

Realmente, a população está envelhecendo e isso já foi comprovado

por dados estatísticos e esse cidadão que envelhece hoje, tem buscado

oportunidades de envelhecer melhor, de sofrer menos as consequências do

envelhecimento fisiológico e também da patologia de que são acometidos (ASSIS,

2006).

Não se pode negar que nosso corpo/organismo tem limites e que

com o passar dos anos vai se deteriorando (envelhecimento fisiológico) apesar das

muitas técnicas existentes da busca do retardamento desse processo (BARROS,

2006).

Em consequência desse cenário vimos surgir um cidadão “novo-

velho”. Velho, se considerarmos os anos de vida, e novo diante das novas

perspectivas de vida que lhes são apresentadas (CALDAS, 2006).

Esse “novo-velho” cidadão da contemporaneidade tem a

possibilidade de mudar a regra de transposição da fase produtiva para a não

produtiva, para o novo conceito de transposição da fase produtiva para a fase de

escolhas e de buscas de novos caminhos.

A diferença do cidadão idoso de hoje para o do início do século está

na possibilidade de escolher e se transformar em um cidadão ativo capaz de buscar

novos rumos para sua vida, de se sentir integrante da sociedade em que vive

redesenhando seu papel no contexto pós-aposentadoria (VECCHIA et al., 2005).

Não se podem negar as experiências de vida adquiridas durante os

anos que determinam conceitos e valores, e que norteiam o comportamento desse

cidadão idoso. Mas também não podemos negar que muita transformação

acontecida na atualidade como, por exemplo, a moda, os novos padrões de família,

as novas posições assumidas pelo o homem e pela mulher no trabalho, fazem parte

Page 36: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

35

de um novo contexto vivido por esse cidadão (BARROS, 2006).

O próprio idoso depende de sua situação econômica e da sua

capacidade funcional também exerce um papel novo no contexto familiar e na

sociedade.

Tudo isso gera conflito entre o que o idoso realmente quer, o que a

sociedade e a família exigem que ele seja e o que podem oferecer a ele. Na busca

de solução para esse conflito há necessidade de que o idoso em primeiro lugar

descubra realmente o seu “querer”, conhecendo a si próprio e os seus direitos, para

poder “negociar” de forma consciente com esse novo contexto sócio, cultural,

econômico, e familiar (CALDAS, 2006).

O envelhecimento ativo propõe uma atitude mais participativa do

cidadão para a conquista da qualidade de vida. Uma atitude mais consciente de si

como protagonista de uma história, com direitos e deveres, principalmente,

conhecedor de suas necessidades e da importância de seu papel ativo na busca da

satisfação das mesmas (VECCHIA et al., 2005).

A percepção das transformações sociais pelos próprios idosos é

uma das questões básicas para se entender o lugar dos velhos na sociedade

moderna.

Nas próprias histórias de vida encontram-se as possibilidades para compreensão das mudanças sociais, das transformações dos valores na família e também da coexistência dos padrões culturais modernos e os tradicionais (BARROS, 2006, p.48).

Diante das transformações e dos aumentos que vem ocorrendo na

população idosa, observa-se que essa população precisa conhecer amplamente

seus direitos, que são atribuídos a partir de: Artigos, Portarias, Decretos e

Legislações (ASSIS, 2006).

Levando-se em conta os avanços decorrentes das legislações, o

campo da proteção social aos idosos foi bastante ampliado, dando origem a

legislações de âmbito estadual e municipal, que buscam a inclusão do idoso à

dinâmica social, vendo-o como verdadeiro cidadão (VECCHIA et al., 2005).

Nessa perspectiva, surgiram projetos e programas variados que

objetivam a inserção social do idoso: as atividades de participação em projetos

socioculturais, organizacionais, de saúde preventiva, desportivos, de ação

Page 37: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

36

comunitária, sem falar nos que estão centrados no trabalho e renda, na organização

coletiva, nos benefícios do acesso ao crédito e outras benfeitorias visíveis nas ações

institucionais (BARROS, 2006).

Contudo, mesmo diante dos avanços da legislação e das medidas

de punição para os que não cuidam dos seus velhos, ainda há muito por ser feito,

para que os idosos brasileiros sejam verdadeiramente respeitados.

De acordo com a posição de Bruno (2003 p.81):

Um novo cenário para a velhice poderá ser construído levando-se em conta duas atitudes fundamentais: cultivar uma cultura da tolerância, onde o respeito às diferenças seja o valor fundamental, e considerar o ser humano como prioridade absoluta, independentemente de sua faixa etária, na efetivação de políticas públicas que busquem a garantia de inclusão social para todos.

Nessa linha de pensamento, não basta uma boa legislação, se esta

não se cumpre pela ação dos agentes sociais, instituições e sociedade em geral, é

fundamental uma reeducação das populações jovens capazes de levar à

conscientização da “humanidade” dos idosos.

Minayo et al. (2006, apud ASSIS, 2006, p. 109) afirma que:

[...] a qualidade de vida é uma noção eminentemente humana que expressa a “síntese cultural de todos os elementos que uma sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar”. Nesse conceito encontra-se um destaque ao contexto cultural embora não enfatize a visão particular do indivíduo, ou seja, é a síntese da visão que a sociedade como um todo tem como padrão de conforto e bem-estar.

Vecchia et al., (2005), afirma que o conceito de qualidade de vida

está relacionado à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de

aspectos como capacidade funcional, o nível sócio econômico, o estado emocional,

a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio

estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a

satisfação com o emprego e/ou com atividades e o ambiente em que se vive.

Vecchia et al., (2005), no conceito acima citado, destaca um aspecto

importante na questão da qualidade de vida, que é a autoestima e a capacidade

funcional. Acrescentamos aí também à capacidade adaptativa, as limitações do

processo de envelhecimento que caracterizam o envelhecimento bem-sucedido.

Page 38: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

37

Sentir-se capaz de superar as limitações causadas pelo processo de

envelhecimento, buscando meios para se adaptar a elas e consequentemente

proporcionando qualidade aos anos vividos.

A terceira idade/velhice é uma etapa da vida, ou seja, uma fase

marcada por modificações no corpo, essas modificações são: aparecimento dos

cabelos brancos, rugas, andar mais lento, postura encurvada, redução da

capacidade auditiva e visual, mudanças nos pelos e na pele: é o declínio fisiológico

estético do corpo. As atividades sexuais são reduzidas entre os idosos (VECCHIA et

al., 2005).

O processo de cicatrização de ferimentos também é mais

demorado, os ossos ficam mais sujeitos a fraturas e estas demoram mais a se

consolidar.

Frente às modificações que ocorrem no corpo, a pessoa terá que

assumir que já faz parte do grupo da terceira idade. Alguns vão tentar adiar o

máximo que puder esse momento, outras irão exagerar as consequências da velhice

e outros, ainda, irão encará-las como um processo natural da vida (CALDAS, 2006).

A primeira idade é a infância e adolescência, a segunda, a idade

adulta e a terceira idade, a velhice.

Hoje com o aumento da expectativa de vida, fala-se em quarta

idade, que seria uma fase da vida na qual o organismo não consegue dar conta das

demandas exigida pelo meio ambiente e os recursos externos. Neste, aplica-se o

conceito de idade funcional e não de idade cronológica (VECCHIA et al., 2005).

Tradicionalmente, considera-se a velhice uma terceira idade: a

infância é a primeira idade, e a idade adulta, a segunda. Hoje com o aumento da

expectativa de vida, já próximo ao limite biológico da espécie humana fala-se de

“quarta idade”, que seria um período difícil de determinar, pois foge ao critério

cronológico.

A quarta idade seria uma fase da vida na qual o organismo não

consegue dar conta das demandas exigidas pelo meio ambiente e o recurso externo,

meios de apoio e suporte se tornam insuficientes. Ou seja, na quarta idade vale

conceito de idade cronológica (CALDAS, 2006, p. 18).

Com a chegada da terceira idade, surgem as fragilidades que

acompanham o processo de envelhecimento e é na família que, geralmente, o idoso

espera encontrar com apoio e o suporte necessário para essa nova etapa da vida.

Page 39: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

38

Na descrição da velhice, quando se abandona sua exterioridade, o

corpo busca sua interioridade, o que se encontra de mais forte é o sentimento de

solidão. Esse sentimento remete por sua vez a outras realidades concretas a que se

liga: aposentadoria, relacionamento com a família, relações amorosas, entre outras.

(BARRETO, 1992, p. 30).

Considerando a definição da professora Monica de Assis, como a

mais abrangente, pois a autora enfoca os aspectos subjetivos e materiais que

entendemos como os aspectos objetivos.

Qualidade de vida envolve aspectos subjetivos e parâmetros materiais, captados tanto pelo grau de satisfação em relação ao sentido de realização pessoal, prazer, amor e felicidade, quanto pelo atendimento de necessidades básicas como alimentação, educação, habitação, emprego, lazer, transporte, dentre outros. Traço histórico, relativismo cultural e caráter de classe balizam a compreensão de qualidade de vida, a qual deve ser pensada em relação ao grau de desenvolvimento das sociedades, sua forma de organização e valores culturais (ASSIS, 2006, p. 109)

Esses aspectos associados ao contexto vivenciado geram

demandas que, ao serem satisfeitas ou não, condicionam a qualidade de vida do

indivíduo.

Após décadas ainda se fala em qualidade de vida, ao passar essas

décadas se constituiu na sociedade diversas interpretações e opiniões acerca dos

idosos, de seus direitos e de sua qualidade de vida.

Contudo, é preciso estar atento, e não mais considerarmos o

cidadão idoso enquanto passivo mais como sujeitos de ações, respaldados em

direitos, e deveres e com potencial criativo, mesmo que possuam algumas

limitações, esses direitos são assegurados aos idosos (ASSIS, 2006).

O idoso precisa de apoio, suporte e reconhecimento da sociedade

em sua totalidade, pois sozinho e muitas vezes discriminado em seu próprio

ambiente familiar, ele se sente impotente para vencer as consequências desta etapa

da evolução da vida humana. O potencial individual precisa ser estimulado, para que

o idoso tenha uma visão de pertencimento, de inclusão social (VECCHIA et al.,

2005).

Conforme comenta Figueira (1987) o idoso que não realiza qualquer

atividade, torna-se dependente e, não só seu corpo, como sua mente vai se

ressentir com a ociosidade. Sua cidadania exige um “saber-fazer” gerador de

Page 40: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

39

autonomia, que segundo o autor, está no plano dos direitos:

O direito de fazer escolhas de ter liberdade individual, de locomoção, de ser informado, de emitir opiniões, de fé, de propriedade, de contrato, de trabalho, de participação política, de votar, de ser votado, de exercer cargos públicos, de compartilhar de bens sociais e culturalmente produzidos, adquirir bens, ter acesso à proteção social e aos mínimos padrões de dignidade humana (FIGUEIRA, 1987, p.196).

Isto mostra que o idoso possui direitos e que, como tal, tem que

vivenciar situações que levem à autonomia e possibilite revelar suas aptidões e

talentos, sem discriminação de qualquer natureza, desde que respeitadas as

características de sua faixa etária.

Com o crescimento populacional da pessoa idosa, surgem também

as demandas sociais e econômicas, voltadas para o envelhecimento que se torna

um fenômeno continuo e crescente, sendo necessário adotar políticas bem

especificas para essa população, haja vista que nesse processo as repercussões

são muitas e as necessidades cada vez mais crescente.

Para atender essas necessidades é preciso uma conscientização de

que voltar a atenção para os idosos não é uma obrigação, e sim um cumprimento de

seus direitos constituintes (VECCHIA et al., 2005).

Page 41: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

40

4 PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA EFETIVAÇÃO DOS

DIREITOS DA FAMÍLIA

No Brasil, o surgimento do Serviço Social remota aos primeiros anos

da década de 30, como produto da ação singular de diversos setores da burguesia

sendo respaldada pela igreja católica e tendo o serviço social europeu como

referencial (CASTRO, 2013)

Assim, uma análise histórica do processo de desenvolvimento do

serviço social no tocante à dinâmica da conjuntura brasileira, mostra uma articulação

da prática profissional com os polos constitutivos da estrutura social.

Procurando desvelar o significado do Serviço Social, assinala-se

essa profissão como participante do quadro em que se inserem as classes sociais,

sendo permeada pela relação contraditória e antagônica entre as mesmas, e,

portanto, situando-se no processo das relações sociais (SOUSA, 2008).

Ao compreender a profissão inserida no processo contraditório em

que se colocam as relações sociais, depara-se com uma contradição fundamental

na base constitutiva do Serviço Social.

Ou seja, os profissionais são contratados e remunerados através do

mandato das classes dominantes para atuarem junto às classes trabalhadoras, que,

por sua vez, recebem os serviços, reforçando a apartação entre o polo contratante e

o polo demandante dos serviços (SOUSA, 2008).

O Serviço Social é uma profissão de caráter sócio-político, crítico e

interventivo, que se utiliza de conhecimento multidisciplinar das Ciências Humanas e

Sociais para análise e intervenção nas diversas refrações da “questão social”, isto é,

no conjunto de desigualdades.

É fundamental que o trabalho busque levar as famílias a se

transformarem em sujeito ativo, isto é, sujeitos que consigam fazer questionamentos

acerca da realidade em que se encontram inseridos.

Para tanto, é preciso que os assistentes sociais avaliem sua própria

prática apropriando-se das possibilidades teóricas, práticas e da dinâmica da

realidade, portanto, articular a profissão e a realidade é um dos maiores desafios,

pois se entende que o serviço social não atua apenas sobre a realidade, mas atua

na realidade (SOUSA, 2008).

Nesta perspectiva compreende-se que as análises de conjuntura

Page 42: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

41

têm foco privilegiado na questão social, não são apenas o plano de fundo que

emolduram o exercício profissional; ao contrário, são partes construtivas da

configuração do trabalho do serviço social, devendo ser apreendidas como tais.

O esforço está “em romper qualquer relação de exterioridade entre

profissão e realidade atribuindo-lhe a centralidade que deve ter no exercício

profissional” (IAMAMOTO, 2009, p. 55).

Diante de tais complexidades das questões sociais, a atuação

profissional do assistente social defronta-se com situações cotidianas múltiplas e

diversificadas, de acordo com o aspecto de trabalho ao qual o profissional está

inserido.

Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente, é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano (IAMAMOTO, 2009, p. 46)

Diante dessa realidade, surgem indagações sobre como o Serviço

Social pode contribuir para que haja a reconstrução de vínculos familiares dos

idosos, visto que não é possível através de mecanismos jurídicos obrigarem um filho

a demonstrar afeição pelos pais idosos, enfim, como a prática profissional do

assistente social poderia contribuir na efetivação dos direitos dos idosos (LEMOS,

2010).

O atendimento aos idosos sempre teve relevância, o seu caráter

caritativo e assistencialista de proteção aos idosos fragilizados (por questões

socioeconômicas e/ou abandono de familiares) e esse atendimento sofre

modificações no decorrer da história (SOUZA, 2014).

A prática profissional do Serviço Social deve garantir a plena

informação e discussão sobre as possibilidades e consequências das situações

apresentadas aos usuários, levando-os a refletir sobre sua importância na vida do

idoso, respeitando democraticamente as decisões dos usuários.

A categoria é comprometida com os interesses de seus usuários e

desenvolvem ações de cunho socioeducativo, tais como ações que visam promover

mudanças nos valores e modo de vida dos seus usuários, através da informação,

reflexão e da relação, e dessa forma “desempenhar um papel fundamental buscando

promover o fortalecimento dos vínculos afetivos, sociais e emocionais entre a família

Page 43: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

42

e o idoso através de uma pratica competente” Mioto (2002 p. 27). Ser um

profissional competente e Ético é o alicerce de atuação de um profissional

qualificado para exercer sua prática. O conceito de competência consiste em:

Uma construção do sujeito que trabalha, numa relação direta com contexto do qual está inserido e nas relações de poder que estão postas, fica claro que não é somente necessário a qualificação adquirida na formação (teórica, metodológica e técnica), mas algo que está para além, talvez ligado as capacidades múltiplas que emergem de uma situação particular de trabalho (SOUZA; AZEREDO, 2004, p. 10).

Assim, o Serviço Social na prática de intervenção busca trabalhar no

corpo das possibilidades de seu espaço, num campo de investigação, propostas e

criatividades, para enfrentar as questões emergentes da sua área de atuação não se

limitando apenas aos saberes adquiridos na formação.

Ao desenvolver sua prática com entrevista, reuniões, visitas

domiciliares, o assistente social aperfeiçoa sua intervenção, com a finalidade de

buscar mudanças nesta realidade (SOUSA, 2008).

Diante do nosso espaço de atuação cotidiana devemos ter duas

posturas diferenciadas. A primeira diz respeito a necessidade de dizer não ao senso

comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos cotidianos que nos cercam: a

segunda diz respeito a capacidade de interrogar sobre o que são as coisas, os fatos,

etc., mas também os porquês.

“Essas duas posturas constituem o que poderíamos chamar de

atitude crítica frente à realidade de trabalho” (SOUZA; AZEREDO, 2004, p. 55).

O Serviço Social com uma prática profissional competente pode

possibilitar modificações no curso de vida da família, contribuindo para a melhora

cognitiva do idoso, desenvolvendo o respeito e, consequentemente, a reconstrução

dos vínculos familiares (CFESS, 2014).

No entanto, sabemos que esse desafio é uma tarefa árdua devido às

tensões e conflitos presentes no contexto das famílias, levando o profissional do

Serviço Social a criar alternativas para trabalhar nessa realidade, em busca de uma

solução eficaz.

Isso só é capaz através de um saber teórico, crítico e do

conhecimento da realidade das famílias, trabalhando na perspectiva de ampliação e

Page 44: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

43

consolidação da cidadania para uma possível mudança da realidade.

Em relação à prática profissional do Serviço Social, em caso de

abandono do idoso, descumprimento dos direitos dos mesmos, falta de atenção e

afeto, um caminho do Serviço Social para a reconstrução dos vínculos familiares

seria promover encontros individuais com cada família do usuário, para

compreender a problemática da vida familiar desses usuários, sua história, seus

conflitos e seus questionamentos (SOUSA, 2012).

Após a compreensão desse momento de escuta, o assistente social

desenvolveria uma ação reflexiva, informando sobre as transformações no cotidiano

do idoso ao ser abandonado.

[...] Assim sendo, a pratica profissional tem caráter essencialmente político: surge das próprias relações de poder presentes na sociedade. Esse caráter não deriva de uma intenção do Assistente Social, não deriva exclusivamente da atuação individual do profissional ou do seu “compromisso”. Ele se configura na medida em que sua atuação é polarizada por estratégia de classes voltadas para o conjunto da sociedade que se corporificam através do Estado, de outros organismos da sociedade civil, e expressam nas políticas sociais publicas e privadas e nos organismos institucionais nos quais trabalhamos como Assistentes Sociais (IAMAMOTO, 1992, p.122).

Assim o Serviço Social e a família do idoso iriam tentar solucionar

essa ausência juntos, respeitando a opinião e escolhas democraticamente, fazendo

com que esse momento de escuta, reflexão e discussão, proporcione a melhor

alternativa de um comprometimento com o idoso, promovendo o sentimento de

pertencimento do idoso e o estreitamento dos laços, afetos, e/ou respeito por parte

da família.

Compete ao Assistente Social desenvolver uma ação educativa junto

às diversas categorias geradas na dinâmica da estrutura de classe presente na

nossa sociedade.

Devemos entender que a ação educativa se fundamenta numa ação

reflexiva junto à população, de modo a estimular a participação, que consiste num

“processo de criação do homem ao pensar e agir sobre os desafios sociais, nos

quais ele próprio está situado” (SOUZA, 2010, p. 81).

Não podermos desconsiderar um fato primordial que ainda não

despertamos plenamente para a noção de nos organizarmos democraticamente em

defesa dos nossos direitos. De modo geral, temos em mente que compete ao

Page 45: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

44

Estado a tarefa de nos garantir e defender.

Os assistentes sociais buscam contribuir para a reconstrução de

uma nova sociedade, articulando sua prática profissional aos interesses, anseios e

necessidades dos usuários de seus serviços.

Mas uma prática direcionada para a criação de relação solidária,

horizontais, democrática, que não se encontra concluída. É resultante das relações

sociais estabelecidas entre os diferentes sujeitos; uma relação que tem como

princípio fundamental a aceitação e o respeito às diferenças existentes (CFESS,

2014).

Essas diferenças estão visíveis no dia-a-dia de cada cidadão, sendo

idosos ou não, assim o profissional de serviço social desenvolverá ação para uma

intervenção dentro das possibilidades cabíveis, para uma melhor efetivação dos

direitos dos seus usuários.

Torna-se premente a tomada de consciência que se resume num

instrumento de defesa na luta travada contra a efetivação dos direitos do idoso, pois

todos deveriam ter acesso a esses respectivos direitos.

Para assim perceberem que estão excluídos de tais direitos

percebam essa exclusão. E assim juntamente com os profissionais de serviço social

lutar na efetivação desses direitos que lhes são garantidos por um estatuto.

Os assistentes sociais que buscam contribuir para a construção de

uma nova sociedade, deverão articular sua prática profissional aos interesses,

anseios e necessidades dos usuários de seus serviços (CFESS, 2014).

Assim, sabe-se que compete ao profissional de serviço social, a

responsabilidade e o dever de transmitir para os movimentos sociais instituições

públicas e privadas as informações inacessíveis, pois trabalhar no campo da

informação pode ser um ponto de partida no enfrentamento da realidade.

Assumir uma prática que busque uma contribuição na efetivação dos

direitos dos idosos, usuários do serviço social como sujeitos políticos coletivos,

portadores de um projeto de classe, superando os desafios para um desempenho

resguardado na ética profissional e uma questão de conhecimento teórico/prático

(CFESS, 2014).

Devemos destacar também a dimensão educativa da prática

profissional articulada à prestação de serviços, bem como a visão da instituição

enquanto espaço de luta; assim como a reciclagem dos conhecimentos técnicos na

Page 46: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

45

perspectiva de uma práxis organizada e elaborada de transformação.

Enfatizamos também, a ampliação de campo de trabalho para o

profissional de serviço social, entre eles a terceira idade, pois a temática abre

caminho para novos estudos, novos conhecimentos e novas concepções acerca da

velhice, trazendo assim um novo e sensível olhar de profissionais que entrarão na

luta pelo cumprimento e respeito dos direitos dessa população idosa.

4.1 Mediação: Um Desafio Lançado aos Assistentes Sociais

A gênese e o desenvolvimento da profissão, conforme destaca Netto

(1996), são de origem católica e caracterizam-se como anti modernos:

“A profissão nasceu e se desenvolveu como parte do programa da

anti modernidade, reagindo à secularização, à laceração, à liberdade de

pensamento, à autonomia individual etc,” (NETTO, 1996, p.118).

Justamente por conta destas raízes anti modernas do

conservadorismo do Serviço Social, muitas das concepções e proposições pós-

modernas são barradas nos segmentos profissionais conservadores (NETTO, 1996).

Uma dessas proposições, geralmente barrada por segmentos da

própria categoria é a possibilidade de o Assistente Social atuar em processos de

mediação que, assim como as posições pós-modernas da profissão, possui como

princípios a liberdade de pensamento e a autonomia individual.

Puga (2000, p.78) afirma que, na mediação, “são as partes que terão

que buscar as melhores saídas para sua dificuldade de comunicação ou de

relacionamento, ambas, conjuntamente negociarão suas desavenças e suas

responsabilidades”.

Portanto, são livres e autônomas para a tomada de decisões acerca

de suas próprias vidas. Desde o surgimento da profissão, vários foram os momentos

em que a categoria tentou romper com suas raízes conservadoras.

Porém, somente por volta de 1975, foi lançada uma alternativa

global ao tradicionalismo, iniciando-se, verdadeiramente, uma intenção de ruptura e

favorecendo de maneira concreta a renovação teórico-cultural da profissão (NETTO,

1996).

Sabe-se que existem outras correntes no interior da categoria

profissional, cuja emersão e confronto animam a renovação do Serviço Social no

Page 47: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

46

Brasil.

A intenção de ruptura apresenta-se como uma delas e não pode ser

considerada apenas como “resultado da vontade subjetiva de seus protagonistas:

ela expressa, no processo de laicização e diferenciação da profissão, tendências e

forças que percorrem a estrutura da sociedade brasileira” (NETTO, 1998, p.255).

Esse novo dimensionamento político da profissão solicita ao

Assistente Social novas requisições teóricas, intelectuais e prático-operativas.

Para Iamamoto (1998, p. 49), o que se busca com esse novo perfil

do Assistente Social é:

[...] a formação de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações cotidianas, um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o ‘tempo presente, os homens presentes, a vida presente’ e nela atuar, contribuindo, também, para moldar os rumos da história.

Netto (1998) considera que a renovação crítico-analítico viabilizada

pelo desenvolvimento teórico da perspectiva da intenção de ruptura propiciou novos

aportes à profissão.

Em termos operativos, podem ser citadas: “a utilização de formas

alternativas de intervenção, no bojo das políticas sociais, junto a movimentos sociais

e o reequacionamento do desempenho profissional no marco da Assistência

Pública” (NETTO, 1998, p.303).

Na verdade, não só a profissão do Serviço Social precisa estar

atenta a essas novas possibilidades de atuação, acredita-se que as estruturas

tradicionais do Judiciário também poderiam ampliar o espaço destinado à utilização

de formas alternativas de intervenção como, por exemplo, a mediação.

Diante desse novo projeto profissional lançado pela intenção de

ruptura, é possível perceber que o contexto atual exige, desse Serviço Social

inovador, respostas efetivas às novas demandas.

Considera-se que uma dessas novas possibilidades é a de atuar

como mediador, em especial na esfera do judiciário, agilizando os processos assim

como destaca Carmo (1998).

Para referida autora:

Page 48: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

47

[...] a implantação da mediação como metodologia de ação - intervenção do Serviço Social, surge em decorrência do aumento do número da demanda solicitante de questões a serem negociadas com maior urgência, devido à deficiência no acesso dos usuários à assistência judiciária, e ainda, no intuito de solucionar questões por via alternativa, mais criativa, rápida e barata para os usuários daquele setor (CARMO, 1998, p.52).

Pode-se considerar que esse novo profissional proposto pelo

movimento de intenção de ruptura possui perfil semelhante ao de um mediador de

conflitos.

Ao observar os princípios necessários a um mediador (ética,

imparcialidade, respeito às opiniões e à individualidade, escuta, valorização do

diálogo, estímulo a reflexão e a autodeterminação, entre outros), evidencia-se que o

Assistente Social também carrega consigo tais valores, indispensáveis a uma

atuação competente.

O Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais (Resolução

CEFESS nº273/93) comprova a referida afirmação no transcrever dos princípios

fundamentais da profissão, que discorrem sobre: liberdade como valor ético central;

autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; recusa do arbítrio

e do autoritarismo; equidade e justiça social; respeito à diversidade; compromisso

com o constante aprimoramento intelectual; entre outros.

A partir dessas constatações, pode-se afirmar que o Serviço Social

avança e contribui efetivamente com elementos para o processo de mediação.

Consegue observar os conflitos de uma forma ampla, conectando os indivíduos

envolvidos ao contexto social em que estão inseridos.

Dessa forma, compreende-se o Assistente Social como profissional

capaz de encontrar saídas para as demandas apresentadas, incumbido de ajudar as

partes a identificarem suas fontes de dificuldades.

“Essa especificidade da profissão vem se configurando como uma

metodologia privilegiada na área de atuação do Serviço Social como mediador”

(PUGA, 2000, p.70).

Diante do exposto, não resta dúvida de que o Assistente Social

possui princípios ideologicamente atrelados aos de um mediador, tem habilidades e

competências técnico operativas e metodológicas para atuar como tal e já o faz em

alguns espaços conquistados no judiciário.

Page 49: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

48

Resta o desafio de continuar superando as resistências tradicionais

da própria categoria e do judiciário, preservando seus compromissos éticos,

aprimorando suas habilidades e empenhando esforços para ampliação desse novo

campo de atuação: a mediação.

4.2 POLÍTICAS SOCIAIS NA DEFESA DOS DIREITOS

A partir da crise mundial do capitalismo, o Estado reposiciona-se

frente à sociedade e passa a reconhecer a questão social como uma questão

política a ser resolvida sob sua direção. Sendo assim, insere-se na relação capital-

trabalho. Essa inserção é condição fundamental para a acumulação, consolidação e

expansão do capital (FONSECA; FAGNANI, 2013).

A assistência começa a se configurar como uma esfera de ação

estatal de prestação de serviços, visando o amortecimento de tensões sociais

emergentes com a crise do capitalismo.

É nesse momento também que surge o Serviço Social, que introduz

procedimentos racionais, científicos e garante a face da justiça social na operação

da assistência.

Entende que a Política Social tem que ser vista como parte

integrante do desenvolvimento e que é preciso superar o somatório de “Políticas

sociais” isoladas e fragmentadas construindo uma Política Social que se constitua

numa “meta política” determinando e integrando as diretrizes das demais políticas

públicas, inclusive a política econômica (FONSECA; FAGNANI, 2013).

Que o princípio da unicidade da Política Social e o que pode garantir

o alcance de patamares mais igualitários, superando as enormes desigualdades que

ainda persistem no Brasil.

Para superarmos as marcas da desigualdade estrutural e as consequências da recente ”modernização e excludentes” torna-se imperativo uma verdadeira política social que deixem de ser residual e que represente, ela mesma, uma alternativa real de desenvolvimento que incorpore nos circuitos de cidadania aqueles que nem tão cedo terão condições de incorporar-se ao “mercado”. (SOARES, 2004, p. 13).

A autora defende a tese de que, assim como a exclusão social não

Page 50: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

49

pode ser medida apenas pela renda, a inclusão social também implica em um

conjunto de ações muito mais amplo do que garantir renda para consumir no

“mercado”.

De que um sistema de Proteção Social hoje não prescinde nem dos

recursos contributivos e nem dos nãos contributivos, como está expresso no capítulo

da Constituição Federal de 1988, sobre a Seguridade Social, quando diz que esta

deve ser financiada por toda sociedade por meio de imposto e contribuições de

diversas naturezas.

Ainda diz a autora (SOARES, 2004, p. 3) “no Brasil recursos fiscais

são utilizados para subsidiar a economia enquanto que os contributivos sustentam

políticas sociais, inclusive as de Assistência Social”.

Na verdade, a política pública de atenção ao idoso, ganhou impulso

com o desenvolvimento socioeconômico cultural do país, assim como, pela ação dos

movimentos sociais.

Um marco fundamental nessa luta foi a Constituição Federal de

1988, que introduziu em suas disposições, o conceito de seguridade social, fazendo

com que a rede de proteção social alterasse seu enfoque estritamente

assistencialista, passando a uma conotação ampliada de cidadania.

Os idosos se beneficiaram desse novo olhar legal, passando a ser

objeto de maior atenção pelo poder público e assim transformando a memória em

vivência reinventada.

No Brasil, a velhice sempre foi objeto de discriminação, mesmo que

muitos atribuam o descaso com os idosos à contemporaneidade. A história mostra

que em tempos passados, sequer existiam políticas para os idosos, sendo a

presença dos projetos de terceira idade no debate público, fato recente (MINAYO;

COIMBRA JUNIOR, 2002).

Assim, a cultura forjada na tese de que o velho é um “estorvo” e que

a partir de determinada idade as pessoas se tornam inconvenientes, improdutivas,

incapazes de realizar tarefas que envolvam atividades variadas, passou a ser algo

cultivado no país, sobretudo nas cidades, onde a vida corrida das pessoas impede o

olhar humanizado em relação ao outro.

Só recentemente o país passou a ter uma Política Nacional do

Idoso, criada no sentido de promover a longevidade com qualidade de vida, ao

colocar em prática um conjunto de ações voltadas para os idosos e para a promoção

Page 51: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

50

das medidas preventivas em favor daqueles que envelhecem.

Principalmente a partir da década de 90, entidades públicas e não

governamentais têm se esforçado na direção da estimulação de programas e

projetos que atenda mais necessidades dos idosos, nos vários planos: saúde,

qualidade de vida, oportunidades de trabalho, lazer, socialização inclusiva e outros.

O Estado cria políticas e organismos responsáveis pela prestação de

serviços destinados aos trabalhadores rotulados como “pobres” “carentes”

“desamparados” “subalternos”... Entretanto, os recursos que sustentam as políticas

sociais representam parte do valor criado pela classe trabalhadora, valor esse

apropriado pelo Estado e pelas classes mais favorecidas e repassadas aos menos

favorecidos sob a forma de benefício concedido.

Nesse contexto, o Estado configura-se como órgão benevolente que

se preocupa com todos os cidadãos e as Políticas Sociais são utilizadas para intervir

no controle das contradições geradas pela relação capital/trabalho.

Assim, as políticas Sociais do Estado não são instrumentos de

realização de um bem abstrato, não são medidas boas em si mesmo como soem

apresentá-los os representantes das classes dominantes e tecnocratas estatais.

Não são também, medidas, mas em si mesmas, como alguns apologistas de esquerda soem dizer, afirmando que as políticas sociais são instrumentos de manipulação, e de pura escamoteação da realidade da exploração da classe operaria (FALEIROS, 2001, p. 55).

Após a tentativa da criação do Estado de Bem-Estar-Social quem

nunca chegou a sua plenitude, o Brasil experimentou o período desenvolvimentista e

vivenciado a partir dos anos 80 uma crise financeira e um processo crescente de

endividamento externo e interno com alta taxa de inflação.

Fragilizado economicamente e politicamente com instabilidade da

moeda, do crescimento e dos investimentos públicos, o Brasil encontrou-se

despreparado para as medidas de ajuste que começaram a se impor.

O Estado controlador do mercado e com responsabilidade de

estabelecer as políticas sociais necessárias para diminuir as desigualdades teve que

se ajustar a nova ordem econômica com a redução dos gastos e dos investimentos

públicos, gerando ausência de políticas de desenvolvimentos e um período de

recessão econômica, reduzindo os investimentos, reduz também os direitos do

Page 52: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

51

cidadão.

A Política Nacional do Idoso, promulgada pela Lei nº 8.842/94 e

aprovada pela portaria nº 1.395, de 09 de dezembro, e publicada no Diário Oficial da

União em 13 de dezembro de 1999, tinha objetivo permitir um envelhecimento

saudável, preservar a capacidade funcional, a autonomia e manter a qualidade de

vida do idoso, tendo como diretriz a promoção do envelhecimento saudável.

A chegada dessa lei foi o início do reconhecimento da importância

desse segmento populacional. Visto que essa Política foi firmada visando assegurar

os direitos dos idosos, com intuito de proporcionar uma qualidade de vida melhor a

essa nova população, com condições de promover autonomia e participação ativa

na sociedade, inserindo essa nova massa que surge em uma sociedade mais

preparada para assim recebê-los com dignidade (MINAYO; COIMBRA JUNIOR,

2002).

Ou seja, esse estatuto apresenta um novo momento de reflexão

para a população brasileira, possibilitando mais um instrumento jurídico, para que os

idosos tenham seus direitos garantidos e respeitados.

Essa Lei foi reivindicada pela sociedade brasileira, sendo resultado

de inúmeras discussões e consultas ocorridas em todos os Estados da União, das

quais participaram idosos ativos, aposentados, professores universitários,

profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias entidades representativas.

A Política Nacional do Idoso objetivou criar condições reais para

promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações

voltadas, não apenas aos que estavam mais velhos, mas para aqueles que iriam

envelhecer.

A Política Nacional do Idoso (1996) fundamenta a ação do setor de

saúde na ação integral à população idosa em conformidade com a Lei Orgânica e

com as Políticas voltadas para o idoso (MINAYO; COIMBRA JUNIOR, 2002).

Tem como propósito central “a promoção do envelhecimento

saudável, a manutenção e a melhoria da capacidade funcional dos idosos, a

prevenção de doenças, a recuperação da saúde e a reabilitação daqueles que

venham a ter a sua capacidade funcional restringida” (BRASIL, 1996, p.3).

A Política Nacional de Saúde do Idoso aponta diretrizes essenciais

para o alcance desses propósitos incluindo a capacitação de recursos humanos

especializados.

Page 53: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

52

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) enfatiza a interface entre

intersetorialidade e direito à saúde e enfatiza a questão do atendimento integral

conforme está sinalizado em seu artigo 2º:

Art. 2º: O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana sem prejuízo de proteção integral de que trata a lei, assegurando- lhe todas as oportunidades e facilidades, para preservação da saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (BRASIL, 2003)

Assim o Estatuto preocupa-se com a assistência integral do idoso,

envolvendo a saúde em todos os níveis, como forma de bem-estar e qualidade de

vida, além do atendimento médico/ hospitalar.

Mas, a saúde é muito mais, pois atinge a autoestima, o sentir-se útil,

o direito ao não-preconceito e sobretudo o cuidar pela família. Assistido dessa forma

o idoso é um cidadão com direitos reconhecidos.

Page 54: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande aumento da população idosa no Brasil é um dos fatores

responsáveis pela mudança no perfil populacional brasileiro.

O idoso como personagem desta história se transformou, adquiriu

mais anos de vida, transformou-se em terceira idade, passou a buscar uma vida

mais ativa e participativa. Conquistou uma política e um Estatuto próprio,

formalizando legalmente seus direitos.

Hoje entende-se que cuidar da terceira idade é um processo que

começa desde cedo, com condições preventivas ao longo da vida para que, ao

chegar a velhice, se tenha uma melhor qualidade de vida.

Esse é um dos grandes desafios dos idosos no Brasil, ter qualidade

aos anos vividos, adquiridos com o aumento da expectativa de vida. Transformar o

processo de envelhecimento em um processo de envelhecimento bem-sucedido é

mais um impasse a ser superado.

O envelhecimento bem-sucedido depende das ações preventivas

durante o desenvolvimento de toda a vida na busca de transformação do sujeito

passivo em ativo, da manutenção da saúde e da capacidade funcional, prevenindo o

envelhecimento fisiológico e o patológico.

Esse envelhecimento cidadão na contemporaneidade apresenta

novas e diferentes necessidades, tais como: o tratamento das doenças que

aparecem com maior frequência com a longevidade; um sistema previdenciário

eficaz já que a grande maioria chega à aposentadoria; o atendimento a novas

necessidades oriundas da capacidade adquirida de escolher e planejar novos

caminhos, novos projetos de vida numa realidade diferente da vivida anteriormente

por eles.

O cidadão idoso apesar do envelhecimento fisiológico inevitável

ganhou mais anos de vida e oportunidade de se perceber como sujeito capaz de ter

desejos, ambições, construindo novas perspectiva de vida, demandando novas

formas de atenção por parte da sociedade da família e do Estado.

Constatamos que a longevidade exigirá cada vez mais uma

discussão sobre as relações oriundas das famílias. Nesse contexto as famílias

Page 55: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

54

adquiriram várias formas durante o decorrer da história em diversas sociedades. As

transformações sociais promoveram mudanças fundamentais na estrutura e em todo

movimento que perpassa o âmbito familiar.

Desse modo, a família é o lugar que favorece tanto a reprodução de

valores e costumes quanto à apreensão da transformação que poderá ocorrer.

Entendemos que a terceira idade, ou qualquer uma das outras fases,

isto é, a infância, a adolescência ou a maturidade, são categorias socialmente

construídas.

Ser idoso, ou ser de qualquer outra fase acaba correspondendo aos

valores de uma determinada sociedade e de um determinado tempo ou contexto.

Com relação às representações e a vivencia do envelhecer não podemos

desconsiderar as diferenças, tais como: classe social, gênero, raça, entre outros.

A terceira idade enquanto categoria socialmente construída tem sido

tratada de forma diferente, de acordo com períodos históricos. Portanto, entendemos

o processo de envelhecimento como historicamente determinado, complexo e os

idosos como sujeitos históricos.

Ao analisarmos o histórico de vida dos idosos, descobrimos a

importância da família nesse momento de mudanças e transformações. Diante

dessa realidade, cabe ao Assistente Social em sua prática profissional cumprir o

desafio de esclarecer as famílias a sua importância na vida do idoso em situações

de dependência, possibilitando o desenvolvimento, respeito e afeto dos mesmos

nessa fase da vida, promovendo o bem-estar do idoso.

O abandono de idosos é uma realidade no Brasil, pois inúmeros

idosos são abandonados diariamente nas portas dos asilos brasileiros por seus

filhos, onde são obrigados a romper definitivamente com os vínculos familiares e a

iniciar uma nova vida, em ambientes e com pessoas desconhecidas.

Com isso, são acometidos de tristeza, mágoa, solidão e diversos

outros sentimentos que irão gerar várias doenças, agravadas pela própria idade,

culminando com a diminuição dos anos de vida.

Ao perder o contato a família, de um modo geral e, principalmente

com seus filhos, esses idosos excluídos da convivência familiar, ou seja, obrigações

de assistência imaterial que os filhos têm para com seus pais e direito este,

amplamente resguardado pelo Estatuto do Idoso.

Concluímos que o Serviço Social através de sua prática pode

Page 56: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

55

colaborar para que seja garantida e respeitada a dignidade do indivíduo idoso

perante seus familiares e a sociedade.

Page 57: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

56

REFERÊNCIAS

ALCÂNTARA, A. de O. Velhos Institucionalizados e Família: entre abafos e desabafos. Campina, SP: Alínea, 2004. ASSIS, Mônica de et al. Ações educativas em promoção da saúde no envelhecimento: a experiência do núcleo de atenção ao idoso da UNATI/UERJ. Mundo saúde, v. 31, n. 3, p. 438-47, 2007. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/55/15_promocao_da_saude.pdf> Acesso em: 18 set. 2017. BARRETO, M. L. F. Admirável mundo velho: velhice, fantasia e realidade social. São Paulo, Ártica, 1992. BARROS, M. L. de (org.). Família e Gerações. Rio de Janeiro: FGV, 2006. BERLINCK, M. T.; FÉDIDA, P. A clínica da depressão: questões atuais. Revista Latino americana de Psicopatologia Fundamental, v. III, n. 2, p. 9-25, 2000. BERTOLIN, G.; VIECILI, M. Abandono Afetivo do Idoso: Reparação Civil ao Ato de (nã0) Amar? Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 338-360, 2014. Disponível em: <www.univali.br/ricc> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Regulamenta a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1948.htm> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Diário Oficial da União, Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.html> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providencias. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da população idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em:

Page 58: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

57

<http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab1> Acesso em: 18 set. 2017. BRASIL. Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada pela Portaria n. 1.395, de 09 de dezembro de 1999. Diário Oficial da União, Brasília, n.237, p. 20-24, 13 dez. Seção 1, 1999. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-2528.htm> Acesso em: 18 set. 2017. BRUNO, Marta Regina Pastor. Cidadania não tem idade. In. Serviço Social & Sociedade. São Paulo. Ano 24, n.75, p.74 – 83, setembro, 2003. CALDAS, C. P. Introdução á Gerontologia. IN: VERAS, R.; LOURENÇO, R. (Orgs) Formação humana em geriatria: uma perspectiva interdisciplinar. Rio de Janeiro: UNATI?UERJ, 2006. CAMARANO, A. A. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. IPEA, Jan, 2002. CARMO, Valéria do. Mediação familiar: uma prática do Serviço Social das Varas da Família do Fórum da Comarca de Florianópolis. 1998. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel) - Curso de Serviço Social, Departamento de Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998. CASTRO, A. F. L. de. Estágio em Serviço Social e políticas educacionais: oportunidades do estudante trabalhador em grupos de extensão. Revista CAMINE: Caminhos da Educação, v.5, n. 2, p. 126-146, São Paulo, 2013. Disponível em: <http://periodicos.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/873/932 > Acesso em: 18 set. 2017. CFESS. Conselho Federal de Serviço Social. Gestão tempo de luta e resistência (2011 – 2014). Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política de assistência social. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf > Acesso em: 18 set. 2017. DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 15. Ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. FALEIROS, V. de P. Saber profissional e poder institucional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. FIGUEIRA, S. A. Uma nova família? O moderno e o arcaico na família de classe média brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987. FRAIMAN, Ana Pervein. Coisas da idade. 2a ed. Sao Paulo, Gente,1991. FONSECA, A.; FAGNANI, E. (Org.). Políticas sociais, desenvolvimento e cidadania. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2013.

Page 59: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

58

GOLDMAN, S. N. As dimensões sociopolíticas do envelhecimento. In: PY, L. et al. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2004. GOMES, A. Envelhecer saudável no mundo do trabalho: uma análise da interação dos educandos no módulo “Saúde e Cidadania” do Programa Integrar. 2007. 249f. Dissertação (Especialização Serviço Social) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em:<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12187/000623374.pdf?sequence=1 > Acesso em: 18 set. 2017. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e Conservadorismo no serviço social. São Paulo: Cortez. 1992. ______. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 1998. KARSCH, U. M. Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Cadernos de Saúde Pública, v.19, n. 3, Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v19n3/15890.pdf> Acesso em: 18 set. 2017 LEMOS, C. E. S. de. A solidão judicializada e a solidariedade intergeracional.VÉRTICES, v.12, n. 2, p. 29-54, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/article/viewFile/1809-2667.20100011/302> Acesso em: 23 set. 2017. LIMA, M. M. A. O Direito da Criança e do Adolescente: fundamentos para uma abordagem principiológica. Tese (Doutorado em Direito) - Curso de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. LUZ, V. P. da. Manual de direito de família. São Paulo: Manole, 2009. MINAYO, C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde Coletiva, v.5, n. 1, p.7-15, 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7075.pdf > Acesso em: 23 set. 2017. MINAYO, C. C.S.; COIMBRA JUNIOR, C. E. A. (Orgs.) Antropologia, saúde e envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. MIOTO, R. C. T. Reconstruindo o processo: a construção de uma outra cartografia para intervenção profissional dos Assistentes Sociais com famílias. Projeto de pesquisa. Florianópolis: UFSC, 2002. ______. Família e Serviço Social: contribuições para o debate. Serviço Social & Sociedade, São Paulo: Cortez, nº 55. Ano 18, 1997, p. 114-129. NERI, A. L. (Org.) Qualidade de vida e idade madura. 9. Ed. São Paulo: Papirus, 2012.

Page 60: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

59

NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social - Notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. In: Revista Serviço Social e Sociedade. Ano XVII. Nº50. abril/1996. NOVAES, M. H. Psicologia da terceira idade: conquistas possíveis e rupturas necessárias. 5. Ed. Rio de Janeiro: NAU, 2001. PERLINGIERI, P. Perfis do direito civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. PUGA, Tânia Raizaro. Mediação familiar: uma discussão no âmbito do Serviço Social. 2000. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel) - Curso de Serviço Social, Departamento de Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. ROMANELLI, G. Autoridade e poder na família. IN: Carvalho, M. C.B.A. Família contemporânea em debate. São Paulo: EDUC/Cortez, 2005. SERIBELI, N. H.; AGUIAR, T. M. S. O idoso em situação de abandono: demanda para o serviço social no âmbito do Ministério Público do Estado de São Paulo. Toleto. Seminário Integrado. 2011. Disponível em: <http://intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/SeminarioIntegrado/article/viewFile/2756/2534> Acesso em: 23 set. 2017. SOARES, L. T. Questões pendentes na configuração da política social: uma síntese. Série Cadernos FLACSO, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://flacso.redelivre.org.br/files/2015/03/N10-LauraTavaresSoares.pdf> Acesso em: 23 set. 2017. SOUSA, C. T. de. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. Emancipação, v.8, n. 1, p.119-132, Ponta Grossa, 2008. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4025382.pdf > Acesso em: 23 set. 2017. SOUSA, M. R. de. Abandono e perda de vínculos familiares entre idosos de uma instituição de longa permanência (ILPI) no Distrito Federal. 2012. 32f. Artigo (Graduação em Serviço Social) Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília, 2012. Disponível em: <http://repositorio.ucb.br/jspui/bitstream/10869/1430/1/Maria%20Ribeiro%20de%20Sousa> Acesso em: 12 out. 2017. SOUZA, G. M. de. A importância da equipe de saúde da família junto ao idoso: proposta de intervenção na área de abrangência Granjas, município de Chapada do Norte – MG. 2014.30f. TCC (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2014. Disponível em: <https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/6328.pdf> Acesso em: 12 out. 2017. SOUZA, Maria Luiza de. Desenvolvimento de comunidade e participação. 10. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.

Page 61: QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS: EFETIVAÇÃO DE DIREITOS

60

SOUZA, R. B. de; AZEREDO, V. G. O assistente social e a ação competente: a dinâmica consciente. In: Serviço Social e Sociedade. Ano XV, n.80. Editora Cortez, 2004. VECCHIA, Roberta Dalla; RUIZ, Tania; BOCCHI, Silvia C. M.; CORRENTE, José Eduardo. Qualidade de vida terceira idade: um conceito subjetivo. Botucatu, 2005. Bolsa de Iniciação Cientifica, Faculdade de Medicina de Botucatu, Botucatu, SP, 2005. VERAS, Renato Peixoto. Considerações acerca de um jovem país que envelhece. Cadernos de Saúde Pública, v. 4, n. 4, p. 382-397, 1988.Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v4n4/04.pdf> Acesso em: 12 out. 2017.