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Page 1: QUALIDADE DE SEMEADURA DO MILHO SAFRINHA POR … · A cultura do milho é de grande destaque no cenário nacional de produção de grãos estando entre as três culturas mais cultivadas

QUALIDADE DE SEMEADURA DO MILHO SAFRINHA POR SEMEADORA

PNEUMÁTICA

Leonardo da Silva Ramos(1), Renan Miranda Viero(1), Eduardo Freitas Rodrigues(1), Paulo

Henrique Nascimento de Souza(1), Jorge Wilson Cortez(2)

Introdução

A cultura do milho é de grande destaque no cenário nacional de produção de grãos

estando entre as três culturas mais cultivadas no país contribuindo significativamente para

a balança comercial brasileira. Em 2012 o milho safrinha ocupou uma área de 7,3 milhões

de ha e uma produção de 38 milhões de toneladas, tendo o Mato Grosso do Sul ocupado

uma área de 1 milhão de ha com uma produção de 6 milhões de tonelada (IBGE, 2013).

Devido à necessidade de se produzir mais, os produtores começaram a deixar de

utilizar o preparo convencional do solo, e adotaram o sistema de semeadura direta (Sistema

Plantio Direto), e uma das ferramentas mais importantes para o sucesso deste sistema é a

qualidade na semeadura, em que existem diversas semeadoras, com mecanismo dosador

tipo dedo prensor, copo distribuidor, dosador pneumático, disco serrilhado ou dentado,

correia transportadora, rotor acanalado e disco perfurado (SILVA, 2009).

A semeadora desempenha um papel fundamental na produtividade do milho, pois

deposita a semente em profundidade adequada, corta a palhada, promove o rompimento do

solo na linha de semeadura e a precisão na distribuição de semente (SANTO et al., 2008).

Segundo Tourino (1986), a precisão na distribuição da semente ao longo do sulco de

semeadura, junto com uma correta deposição do adubo, são alguns dos principais fatores

relacionados à baixa produtividade.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade de semeadura do milho safrinha

com semeadora-adubadora pneumática, por meio do controle estatístico do processo.

1 Aluno de graduação em Engenheira Agronômica da UFGD, Dourados, MS. 2 Engenheiro-Agrônomo, Professor Dr. da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. Bolsista de produtividadedo CNPq. Email: [email protected].

[1]

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Material e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental da Universidade Federal da

Grande Dourados (FAECA) – UFGD unidade II, localizada na Rodovia Dourados –

Itahum, km 12 – Cidade Universitária, Dourados – MS.

Os dados avaliados foram coletados em um campo de milho que teve como cultivo

anterior a soja e os equipamentos utilizados para a semeadura foi uma semeadora

pneumática a uma velocidade de 7,6 km h-1, as sementes de milho foram reguladas para

caírem 5 sementes por metro (espaçamento médio esperado de 20 cm entre plantas),

semeado no espaçamento de 0,90 m entre fileiras.

Para as avaliações realizou-se a coleta de dados na área semeada, sendo 12 pontos

de coleta, e em cada ponto coletaram-se os dados nas quatro fileiras de semeadura, sendo

dois metros em cada fileira. A coleta constou do uso de uma trena graduada com a precisão

de 0,05 m e pela contagem direta da quantidade de plântulas.

O estande foi determinado pelo número de plantas coletadas em dois metros da

fileira. A eficiência de semeadura foi definida como a relação entre a quantidade de

sementes semeada no campo e a que foi proposta na regulagem.

Na avaliação de distribuição longitudinal ou uniformidade de espaçamentos entre

plântulas do milho, foi utilizado uma trena. A porcentagem de espaçamentos normais,

falhos e duplos foi obtida de acordo com as normas da Abnt (1984) e Kurachi et al. (1989),

considerando-se porcentagens de espaçamentos: "duplos" (D): <0,5 vez o Xref., normais"

(A): 0,5< Xref.< 1,5, e "falhos" (F): > 1,5 o Xref, em que Xref é o valor do espaçamento

de referência (0,20 m).

Inicialmente os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, para

permitir a visualização geral do comportamento dos dados (VIEIRA et al., 2002). Foram

calculadas a média aritmética, mediana, amplitude, desvio-padrão e os coeficientes de

variação, assimetria e curtose. A averiguação da normalidade dos dados foi realizada pelo

teste de Anderson-Darling.

As cartas de controle foram feitas a partir dos limites inferior (LIC) e superior de

controle (LSC). Para estimar as linhas médias e os limites dos gráficos de controle foram

usadas as equações segundo Trindade et al., (2000).

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Para verificar a qualidade da semeadura aplicou-se uma classificação em função do

número de desvios-padrão, sendo utilizado três vezes a distancia em relação a média.

Assim, quando a maior parte dos pontos estiver dentro do limite de uma vez o desvio

padrão classificou a operação como de “alta qualidade”; quando a maioria dos pontos se

encontraram entre uma e duas vezes o desvio padrão classificou a operação de “média

qualidade”; quando a maioria dos pontos encontram-se entre duas e três vezes o desvio

padrão, classificou a operação de “baixa qualidade” e acima de três vezes o desvio padrão

a operação se encontra “fora de controle” (GOTTSCHALK, 2007).

Resultados e Discussão

O estande de plantas médio foi de 4,3 plantas por metro (Tabela 1), abaixo da

regulagem proposta, mantendo uma uniformidade de espaçamentos aceitáveis em 68,3%,

falho 19,3% e duplo de 12,5%.

A distribuição normal da semeadora foi analisada de acordo com os critérios

sugeridos por Coelho (1996), com índices de espaçamento aceitáveis a cima de 90% para

semeadoras pneumáticas, demonstrando um mau desempenho.

De acordo com Mercante et al. (2005), uma das causas da redução na distribuição

de sementes em relação à regulagem é a velocidade que conforme ocorre um aumento a

distribuição normal é reduzida, e a falha aumentada, resultado apresentado também por

Silva et al. (2000). Segundo Portella et al. (1997), a distribuição de sementes no sulco de

semeadura pode ser afetado pela umidade do solo, onde solos muito úmido a distribuição

de semente se torna prejudicada pela adesão de solo ao implemento.

Tabela 1. Estatística descritiva para estande, eficiência e distribuição longitudinal.

AtributosMedidas estatísticas descritivas

Média Erro padrão MedianaDesviopadrão

CoeficienteTeste* P

CV Ck CsEstande(PL/m)

4,3 0,1 4,5 0,6 14,9 1,0 -1,0 A <0,005

Eficiência (%) 86,2 1,8 90,0 12,8 14,8 1,0 -1,0 A <0,005Normal (%) 68,3 3,0 71,4 12,8 30,3 1,4 -0,9 N 0,071Falho (%) 19,3 2,4 12,5 16,5 85,6 11,3 2,6 A <0,005Duplo (%) 12,5 1,6 11,8 11,4 91,7 -0,3 0,5 A <0,005C.V.: Coeficiente de Variação (%); Ck: Coeficiente de Curtose; Cs: Coeficiente de assimetria; *N: distribuição normalpelo teste de Anderson-Darling (P>0,05); A: distribuição assimétrica (P<0,05); P: valor de probabilidade pelo teste deAnderson-Darling.

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De acordo com as Figuras 1, 2, 3, 4 e 5 a maioria dos pontos se encontrou entre -1 e

1 vez o desvio padrão o que pode-se classificar com processo de “alta qualidade”. Na carta

de controle de espaçamento normal (fig. 3) observou-se um ponto fora dos limites proposto

que demonstra uma causa especial de variação, e mesmo foi observado na carta de controle

para espaçamento falho, onde se observou um ponto fora dos limites propostos.

Obse rvações

Est

ande

(pl

anta

s po

r m

etro

)

45403530252015105

6

5

4

3

2

_X=4.313

UCL=6.293

LCL=2.332

Observaçõe s

Efic

iênc

ia (

%)

45403530252015105

130

120

110

100

90

80

70

60

50

40

_X=86.25

UCL=125.86

LCL=46.64

Obse rvaçõe s

Esp

açam

ento

nor

mal

(%

)

45403530252015105

140

120

100

80

60

40

20

0

_X=68.3

UCL=127.1

LCL=9.5

1

Observaçõe s

Esp

açam

ento

falh

o (%

)

45403530252015105

100

80

60

40

20

0

-20

_X=19.3

UCL=60.5

LCL=-22.0

1

[4]

Figura 1. Carta de controle para estande.

Figura 2. Carta de controle para eficiência.

Figura 3. Carta de controle para espaçamento normal.

Figura 4. Carta de controle para espaçamento falho.

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Obse rvaçõe s

Esp

açam

ento

dup

lo (

%)

45403530252015105

50

40

30

20

10

0

-10

-20

_X=12.47

UCL=45.85

LCL=-20.91

Conclusões

Os resultados de distribuição obtidos pela semeadora-adubadora pneumática não

foram satisfatórios em relação aos índices de avaliação.

O processo de semeadura foi considerado de alta qualidade mantendo a maioria dos

pontos amostrais dentro dos limites de qualidade.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (Rio de Janeiro, RJ).Projeto de norma 04:015.06-004 - semeadoras de precisão: ensaio de laboratório - mé-todo de ensaio. São Paulo, 1984. 26 p.

COELHO, J. L. D. Ensaio & certificação de máquinas para semeadura. In: MIALHE, L. G.Máquinas agrícolas: Ensaio & certificação. Piracicaba: Fundação de Estudos AgráriosLuiz de Queiroz, 1999. p.551-570.

GOTTSCHALK, M. J. Danos à soqueira na colheita mecanizada de cana-de-açúcar.2007. 61f. Monografia (graduação) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Uni-versidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2007.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento sistemático daprodução agrícola, v. 25, n. 2 p. 1-88, 2012. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/lspa_201202.pdf>Acesso em: 03 set. 2013.KURACHI, S. A. H.; COSTA, J. A. S.; BERNARDI, J. A.;COELHO, J. L. D.; SILVEIRA, G. M.. Avaliação tecnológica de semeadoras e/ouadubadoras: tratamento e dados de ensaios e regularidade de distribuição longitudinal desementes. Bragantia, Campinas, v.48, n.2, p.249-262, 1989.

PORTELA, J. A.; SATLER, A.; FAGANELLO, A. Índice de emergência de plântulas desoja e milho em semeadura direta no Sul do Brasil. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.17, p. 71-78, 1997.

[5]

Figura 5. Carta de controle para espaçamento duplo.

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SANTO, A. P.; TOURINO, M. C.C.; VOLPATO, E. S. Qualidade de semeadura naimplantação da cultura do milho por três semeadoras-adubadoras de plantio direto. RevistaCiência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 5, p.1601-1608, 2008.

SILVA, M. C. Desempenho operacional de semeadora-adubadora de precisão em funçãodo tipo de martelete e velocidade de deslocamento na cultura do milho. 2009. 96 f.Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Faculdade de Ciências AgronômicasCampus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,Botucatu.

SILVA, S. L.; BENEZ, S. H.; RICIERI, R. P.; PEREIRA, J. O. Demanda energética emsistema de semeadura direta em milho. 29º Congresso Brasileiro de Engenharia agrícola.2000. Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBEA, 2000. CD-ROM.

TOURINO, M. C. C. A semente no lugar certo. A Granja, Porto Alegre, v. 42, n. 461, p.36-40, 1986.

TRINDADE, C.; REZENDE, J. L. P.; JACOVINE, L. A. G.; SARTORIO, M. L.Ferramentas da qualidade: aplicação na atividade florestal. Viçosa: UniversidadeFederal de Viçosa, 2000. 124p.

VIEIRA, S. R.; MILLETE, J.; TOPP, G. C. e REYNOLDS, W. D. Handbook forgeoestatical analysis of variability in soil and climate data. In: ALVAREZ V., V.H.;SCHAEFER, C.E.G.R.; BARROS, N.F.; MELLO, J.W.V. & COSTA, L.M., eds. Tópicosem ciência do solo. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, v.2, p.1-45, 2002.

[6]