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Jacobina—BA, Setembro - 2019 Ano XXV, Nº 53 AINDA NESTA EDIÇÃO: III FLIJA - POESIAS - CRÔNICAS - NOTÍCIAS Qual a idade de Jacobina? Relembrando Doracy Lemos Cledson Sady No ano de 2002, no jornal “A Letra” da Acade- mia Jacobinense de Letras, escreveu nossa querida com- panheira Doracy Araújo Lemos sobre as datas possíveis para o aniversário de Jacobina. O artigo foi publicado na primeira página do número 29, ano IX, edição junho/ julho, do “A Letra” com o titulo: Corrigindo a história. Contou ela que “D. João V, Rei de Portugal, em cinco de Agosto de 1720, autorizou ao Conde de Sabugo- sa, Fernando Cézar de Menezes a criação da Vila de Ja- cobina”. Depois disso o Conde Fernando Menezes incum- biu Pedro Barbosa Leal, continua Doracy Lemos, da ins- talação da Vila, em 28 de abril de 1721, o que acabou sen- do feito apenas no dia 24 de junho de 1722, na Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, em terras da atual cidade de Senhor do Bonfim. Depois disso, informou ainda a confreira, que a cinco de junho de 1724 a Vila de Santo Antônio de Jaco- bina foi reinstalada na Missão do Bom Jesus Da Glória, próxima a garimpagem. Conclui a querida confreira Doracy Lemos: Te- mos incorrido no erro de comemorarmos o aniversário da cidade na data de emancipação político-administrativa com a criação da “Agrícola Cidade de Santo Antônio de Jacobina”, quando se daria escolhendo uma destas datas: - 05 de Agosto de 1720, criação da Vila; - 28 de abril de 1722, instalação da Via na Missão de N.S. das Neves do Sahy; - 05 de junho de 1724, reinstalação da Vila na Missão do Bom Jesus da Glória. Depois da publicação desse artigo o então verea- dor, querido médico Jacobinense, Marcos Jacobina, em 2004, deu inicio a uma discussão na Câmara Municipal sobre a idade de Jacobina. Falou nas emissoras de rádio, levantou a questão, mas não seguiu com o projeto de Lei. Em 2013, o então presidente da Câmara de Vere- adores, o jacobinense Milton Oliveira de Sena, realizou uma audiência pública sobre o assunto, quando estiveram presentes e abordaram o tema, professor Doutor da Uneb CAMPUS IV, Valter Oliveira, historiador, e Fábio Car- valho, á época mestrando em geografia, contando ainda com a presença de muitos alunos e população em geral. Depois foi formada comissão parlamentar específica e juntados documentos, inclusive a autorização de D. João V para o conde de Sabugosa, de 1720, conseguida pelo então Diretor de Cultura do município, Welling- ton Melo, segundo relata Milton Sena. Mas, a comissão parlamentar não deu seguimento aos trâmites, não sendo concluído o Projeto de Lei. Este ano, o colega Cirur- gião Dentista, Pedro Mário Nasci- mento, também vereador e jacobi- nense, reabre a discussão. Já pro- moveu reuniões com historiadores e professores da Uneb CAMPUS IV, comerciantes e população em geral. Tive e a oportunida- de de enviar-lhe o artigo da querida amiga Doracy Araú- jo Lemos e tê-lo informado sobre estas duas tentativas anteriores de seus colegas vereadores, que não chegaram a concluir o Projeto de Lei sobre a data do aniversário de Jacobina. Já foi composta uma comissão parlamentar e realizada audiência pública, com belíssima explanação do professor Doutor Valter Oliveira e do historiador profes- sor Jaquisson Ferreira, ambos da UNEB Campus IV, além do apoio do professor João Rocha, diretor da unida- de. A data proposta pelo vereador Pedro Mário para o aniversário da cidade é a de 24 de junho de 1722, quando, por Decreto Régio, foi efetivada a elevação da Vila na Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy. Na oportunidade, tive a honra de participar da mesa e falei sobre a iniciadora deste debate, a querida amiga e companheira de Academia Jacobinense de Letras Doracy Araújo Lemos, também lembrada pelo Vereador Pedro Mário e por Valter Oliveira, como a personagem principal deste resgate histórico. Nesta edição do nosso “A Letra” estaremos ho- menageando mais uma vez nossa querida amiga, uma das fundadoras da AJL, autora do Hino de Jacobina, com a publicação do seu artigo “Corrigindo a história”, de 2002. Ficamos na torcida para que o resgate histórico ocorra com a participação da comunidade e que a contri- buição da nossa companheira da AJL, autora do Hino de Jacobina, Doracy Araújo Lemos, continue lembrada.

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Page 1: Qual a idade de Jacobina? Relembrando Doracy Lemos · -28 de abril de 1722, instalação da Via na Missão de N.S. das Neves do Sahy; aniversário da cidade é a de 24 de junho de

Jacobina—BA, Setembro - 2019 Ano XXV, Nº 53

AINDA NESTA EDIÇÃO:

III FLIJA - POESIAS - CRÔNICAS - NOTÍCIAS

Qual a idade de Jacobina? Relembrando Doracy Lemos Cledson Sady

No ano de 2002, no jornal “A Letra” da Acade-

mia Jacobinense de Letras, escreveu nossa querida com-

panheira Doracy Araújo Lemos sobre as datas possíveis

para o aniversário de Jacobina. O artigo foi publicado na

primeira página do número 29, ano IX, edição junho/

julho, do “A Letra” com o titulo: Corrigindo a história.

Contou ela que “D. João V, Rei de Portugal, em

cinco de Agosto de 1720, autorizou ao Conde de Sabugo-

sa, Fernando Cézar de Menezes a criação da Vila de Ja-

cobina”. Depois disso o Conde Fernando Menezes incum-

biu Pedro Barbosa Leal, continua Doracy Lemos, da ins-

talação da Vila, em 28 de abril de 1721, o que acabou sen-

do feito apenas no dia 24 de junho de 1722, na Missão de

Nossa Senhora das Neves do Sahy, em terras da atual

cidade de Senhor do Bonfim.

Depois disso, informou ainda a confreira, que a

cinco de junho de 1724 a Vila de Santo Antônio de Jaco-

bina foi reinstalada na Missão do Bom Jesus Da Glória,

próxima a garimpagem.

Conclui a querida confreira Doracy Lemos: Te-

mos incorrido no erro de comemorarmos o aniversário da

cidade na data de emancipação político-administrativa

com a criação da “Agrícola Cidade de Santo Antônio de

Jacobina”, quando se daria escolhendo uma destas datas:

- 05 de Agosto de 1720, criação da Vila;

- 28 de abril de 1722, instalação da Via na Missão

de N.S. das Neves do Sahy;

- 05 de junho de 1724, reinstalação da Vila na

Missão do Bom Jesus da Glória.

Depois da publicação desse artigo o então verea-

dor, querido médico Jacobinense, Marcos Jacobina, em

2004, deu inicio a uma discussão na Câmara Municipal

sobre a idade de Jacobina. Falou nas emissoras de rádio,

levantou a questão, mas não seguiu com o projeto de Lei.

Em 2013, o então presidente da Câmara de Vere-

adores, o jacobinense Milton Oliveira de Sena, realizou

uma audiência pública sobre o assunto, quando estiveram

presentes e abordaram o tema, professor Doutor da Uneb

CAMPUS IV, Valter Oliveira, historiador, e Fábio Car-

valho, á época mestrando em geografia, contando ainda

com a presença de muitos alunos e população em geral.

Depois foi formada comissão parlamentar específica e

juntados documentos, inclusive a autorização de D. João

V para o conde de Sabugosa, de

1720, conseguida pelo então Diretor

de Cultura do município, Welling-

ton Melo, segundo relata Milton

Sena. Mas, a comissão parlamentar

não deu seguimento aos trâmites,

não sendo concluído o Projeto de

Lei.

Este ano, o colega Cirur-

gião Dentista, Pedro Mário Nasci-

mento, também vereador e jacobi-

nense, reabre a discussão. Já pro-

moveu reuniões com historiadores e

professores da Uneb CAMPUS IV,

comerciantes e população em geral. Tive e a oportunida-

de de enviar-lhe o artigo da querida amiga Doracy Araú-

jo Lemos e tê-lo informado sobre estas duas tentativas

anteriores de seus colegas vereadores, que não chegaram

a concluir o Projeto de Lei sobre a data do aniversário de

Jacobina.

Já foi composta uma comissão parlamentar e

realizada audiência pública, com belíssima explanação do

professor Doutor Valter Oliveira e do historiador profes-

sor Jaquisson Ferreira, ambos da UNEB Campus IV,

além do apoio do professor João Rocha, diretor da unida-

de. A data proposta pelo vereador Pedro Mário para o

aniversário da cidade é a de 24 de junho de 1722, quando,

por Decreto Régio, foi efetivada a elevação da Vila na

Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy.

Na oportunidade, tive a honra de participar da

mesa e falei sobre a iniciadora deste debate, a querida

amiga e companheira de Academia Jacobinense de Letras

Doracy Araújo Lemos, também lembrada pelo Vereador

Pedro Mário e por Valter Oliveira, como a personagem

principal deste resgate histórico.

Nesta edição do nosso “A Letra” estaremos ho-

menageando mais uma vez nossa querida amiga, uma das

fundadoras da AJL, autora do Hino de Jacobina, com a

publicação do seu artigo “Corrigindo a história”, de 2002.

Ficamos na torcida para que o resgate histórico

ocorra com a participação da comunidade e que a contri-

buição da nossa companheira da AJL, autora do Hino de

Jacobina, Doracy Araújo Lemos, continue lembrada.

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Página 2 A LETRA

Fundado em 20 de novembro de 1993.

REDATORES: Equipe Acadêmica

CONSELHO EDITORIAL:

Equipe Acadêmica

DIAGRAMAÇÃO: Ivan Aquino

IMPRESSÃO:

Gráfica

Correspondência: Rua Melchior Dias, 20 - Jacobina - Bahia CEP- 44700-000

e-mail: [email protected]

ANO XXV Nº 53 JACOBINA - BAHIA, Setembro 2019

Ano XXV, Nº 53

EDITORIAL

O assunto do momento é a “mudança” da data de aniversário

de nossa querida Jacobina, e não poderia ser diferente. Apesar de

ser uma novidade para muita gente, essa discussão já vem do

início do século passado, mais precisamente em 1920, quando

nosso conterrâneo, Afonso Costa, já alertava a sociedade jacobi-

nense para esse erro histórico. Em 2002, nossa companheira da

AJL, Doracy Araújo Lemos, publicou uma matéria de capa no

Jornal A Letra, reacendendo a discussão.

Através do saudoso vereador, Dr. Marcos Jacobina, o

assunto foi levado à Câmara Municipal de Vereadores de Jaco-

bina, mas acabou sendo engavetado. Mais uma vez, em 2013,

por iniciativa do edil Milton Sena, a Câmara voltou a discutir o

assunto. Dessa a UNEB entrou na discussão através do Profes-

sor/Doutor Valter Oliveira e do, na época, mestrando em geo-

grafia Fábio Carvalho. Mas uma vez o projeto não foi à frente. Dessa vez, a Câmara de Vereadores, a UNEB e a Aca-

demia Jacobinense de Letras – AJL, numa Audiência Pública,

levou o assunto à comunidade, que abraçou a causa. Um bom

número de pessoas e representantes das mais diversas entidades

jacobinenses, participaram e aprovaram o projeto de correção

desse erro histórico.

A correção dessa data recoloca Jacobina no patamar de

uma das cidades mais antigas da Bahia e do Brasil e demonstra

o quanto ela foi, e ainda é, importante para o desenvolvimento

de nossa região. Não é à toa que por aqui passou também a

“Estrada Real” que ligava a capital baiana ao Rio de Janeiro.

Espero que com esse resgate, nosso povo e nossos governantes

se sensibilizem para a importância da preservação do nosso Pa-

trimônio Histórico Cultural.

Corrigindo

a história

Professora

Doracy Araújo Lemos

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Ano XXV, Nº 53 Página 3 A LETRA

No final do ano de 2009, uma jovem estudante Jacobinense necessitou viajar para

a cidade de Juazeiro para se encontrar com uma tia que trabalha no ramo de confecções,

visando adquirir um vestido de festa para usar no dia do casamento da sua irmã mais ve-

lha. No dia do seu retorno para a cidade de Jacobina, ela pegou um ônibus da empresa São Lu-

iz (linha comercial) que durante todo o percurso ficava parando em povoados e logradou-

ros, em busca de possíveis passageiros, e, assim, a todo instante eles pegavam novos pas-

sageiros, sem, contudo, observar ou identificar quem eram essas pessoas. Depois que eles saíram de Juazeiro, a mais ou menos uns oito quilômetros, um cidadão

que estava na beira da pista levantou os braços e como de praxe o ônibus parou. Ao entrar

no ônibus todos os passageiros puderam perceber nitidamente que se tratava de um sujeito

mal encarado, com cara de rude e que mal permanecia em pé; o sujeito estava cambaleando, possivelmente o mes-

mo parecia estar embriagado. Por ironia do destino, o dito sujeito mal encarado sentou-se ao lado da garota Jacobinense. Depois de alguns

minutos o camarada passou a cutucá-la em um dos seus braços, dando a entender que estava querendo puxar al-

gum tipo de conversa.

Intrigada com a insistência do sujeito a jovem garota virou-se para ele e falou:

- Por favor, moço, não toque no meu braço!

- Me desculpe senhora, foi sem querer! – respondeu o bêbado.

Tendo observado que a jovem tinha um cabelo muito longo, o sujeito quis saber:

- Por acaso você é evangélica? A garota pensou um pouco e intimamente refletiu que caso dissesse ao cidadão que ela era evangélica certa-

mente ele não iria mais importuná-la.

E, em seguida, respondeu:

- Eu sou evangélica, sim!

- Como é o nome da senhora? - quis saber o sujeito.

Mais uma vez a garota não perdeu tempo e improvisou dizendo:

- O meu nome é “irmã Joana”! Ao saber que se tratava de uma pessoa evangélica, imediatamente o sujeito levantou os braços e em voz bem

alta gritou: - Graças a Deus, “irmã Joana” que eu encontrei a senhora. O meu nome é Cosme de Ostroge, seu criado.

Sabe irmã, eu agora vou poder contar a senhora toda a minha vida!

- Não será preciso senhor Cosme! – descartou a jovem.

- Eu faço questão de me confessar e contar todo o meu passado irmã Joana!

Visando encerrar o assunto de vez, a jovem disse:

- Tudo bem seu Cosme, seja breve! - Sabe “irmã Joana”, eu hoje sou um homem perdido na vida, por muitos anos eu fui um matador de alu-

guel e já matei várias pessoas inocentes, matei gente até por 20 reais!

- Misericórdia! O senhor jamais devia ter feito esse tipo de coisa! – falou a “irmã Joana”. - Além de matador de aluguel eu também já pratiquei furtos, assaltos à mão armada e hoje eu estou muito

arrependido.

- Meu Deus! – Esbravejou a irmã.

- Me ajude pelo menos a me redimir dos meus pecados. Ore por mim irmã! Algumas pessoas que estavam sentadas próximas da poltrona puderam ouvir claramente o desabafo sincero

e desesperado do suposto “assassino de aluguel” e passaram a temer o sujeito.

Sem perder a calma que Deus lhe deu, a jovem “irmã Joana” virou-se para ele e disse:

- Tenha muita fé seu Cosme, Deus vai lhe perdoar sim! - “Irmã Joana”, se a senhora orar pedindo por mim, eu juro que não vou matar mais ninguém nessa vida

pecadora e prometo também que eu vou me regenerar dessa minha vida perversa e me tornar um cantor evangéli-

co! – implorou Cosme com os olhos cheios de lágrimas.

- Deus vai lhe perdoar sim, seu Cosme! – repetiu a jovem garota tentando acalmar o sujeito. Quanto mais o tempo passava, o drama aumentava para os passageiros que temiam e tinham receio de que houves-

se uma reação negativa por parte do “matador de aluguel”. Enquanto isso, o ônibus seguia normalmente a sua via-

gem em passos de tartaruga e nada de chegar à cidade de Senhor do Bonfim, local, onde o “suposto matador”

CURTINDO UMA VIAGEM COM A IRMÃ JOANA Adauto Reis

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Ano XXV, Nº 53 Página 4 A LETRA

DEUS É PRESENÇA July Braga

Creia que Deus existe

É poderoso

Divino

Fez o céu, a terra

A natureza resplandecendo

A natureza de beleza infinita

De encantos

De sol, de grandeza

Que marca o caminhar

Do tempo.

Deus criou o entardecer

O amanhecer

Que nos deleita de prazer.

Deus criou o ser humana

Na sua complexidade

De pensar, de agir, de ser

Deus ser supremo

Na plenitude da vida

Nos mistérios da morte...

Senhor Deus, és Pai nosso

No céu estás a nos olhar

Acheguem-se a Ele

E Ele se achegará a nós.

iria descer. De repente, o Cosme olhou fixamente para a irmã Joana e encarecidamente pe-

diu: - “Irmã Joana”, pelo amor de Deus, faça agora uma oração pedindo a JESUS

o perdão para a minha alma, pelos inúmeros pecados mortais que eu cometi ao longo

da minha vida, principalmente pelas mortes de pessoas inocentes que eu matei covar-

demente, pela ganância do dinheiro! E hoje, me encontro na miséria, sem dinheiro,

sem família e cheio de remorsos! Sem que houvesse outra saída, a jovem “irmã Joana” elevou os braços para o

alto e em um tom muito alto passou a pregar o seu pedido usando a seguinte oração: - Senhor Jesus! Perdoai o irmão Cosme pelas suas franquezas e tentações.

Concedei Senhor, ao irmão Cosme o perdão e a resignação, pois, hoje ele é um ho-

mem bom que se arrependeu das coisas erradas que fez. Perdoai Senhor Jesus o ir-

mão Cosme e encaminhe esse cristão para uma Igreja, a fim de que, ele possa ver a

luz e se redimir dos seus pecados... Amém e que Deus lhe proteja irmão Cosme!

Amém, Aleluia irmão! Como se fosse um coral totalmente treinado, todas as pessoas que estavam den-

tro do ônibus em voz\ alta disseram:

- Amém Senhor Jesus! Quando finalmente o ônibus parou na primeira entrada da cidade de Senhor do

Bonfim, a grande maioria das pessoas desceram, e o Cosme nem se mexeu, permane-

cia prostrado na poltrona sem dizer uma só palavra.

Sem perder tempo, a “irmã Joana” virou-se para ele e disse: - Seu Cosme! Já chegamos na cidade de Senhor do Bonfim. O senhor por acaso

não vai descer?

- Ah! “Irmã Joana” é que eu só vou descer na próxima parada! Finalmente, o ônibus parou na outra entrada da cidade e para o alívio geral, tan-

to da “irmã Joana”, quanto dos demais passageiros, “o terrível e temido suposto mata-

dor de aluguel”, desceu do ônibus, e assim, puderam seguir viagem mais aliviados.

CURTINDO UMA VIAGEM COM A IRMÃ JOANA (CONTINUAÇÃO)

Adauto Reis

O BAIRRO ESTRANHO Vera Jacobina

Naquele bair-

ro, algo de

estranho acon-

tecia, porque a

partir das

09:00 horas,

todos se tran-

cafiavam em casa, e nem o telefone

atendiam. Como era nova ali, ficava

curiosa, mesmo porque, estudava a

noite e voltava tarde pra casa, por

volta das 11:00 horas. Percebi que a

recente amizade que fiz, uma moça

simpática, mas ao mesmo tempo es-

quisita, só atendia minhas ligações

durante o dia, eu havia pegado o nú-

mero do seu telefone, que ela me

ofereceu, caso eu precisasse de aju-

da, muito gentil, mas que era esquisi-

ta, era! Confesso minha insegurança

em ter que voltar aquele horário da

faculdade tarde da noite e não ter um

pé de gente na rua. Bom, a vida ali,

ia transcorrendo normalmente, a não

ser as coisas estranhas que eu ia per-

cebendo. A senhora idosa que mora-

va em frente, não falava coisa com

coisa, mas, morava só, ninguém a

visitava. O mecânico muito doido, e

com cara e mãos sujas de graxa ado-

rava beijar e pegar nas mãos dos ou-

tros para sujá-los, e parecia se diver-

tir com aquilo, as crianças, pareciam

adultas, tão certinhas! Confesso que

não vi uma vidraça quebrada, não

ouvi um palavrão. Nos finais de se-

manas, o silêncio era pior ainda, cadê

o povo? Eu me perguntava. Uns ga-

tos pintados apareciam aqui, ali,

alhures, mas conversa e alegria, ne-

nhuma. Resolvi investigar, e não deu

outra, quanto mais eu me aprofunda-

va nas investigações, mais mistérios

apareciam. Então, resolvi procurar

outro lugar para morar, já que eu sou

adepta da alegria, do colorido, do

bem estar... E ali tudo era contrário

ao meu jeito de ser. Numa manhã de

domingo, encontrei com a persona-

gem que citei no início do texto, que

atende pelo nome de Ester, ela me

cumprimentou e perguntou como eu

estava, fiquei pensando antes de res-

ponder, o que ela gostaria de ouvir,

já que naquele lugar, as pessoas pare-

cem não se importar com ninguém.

Mesmo assim eu disse o que era de

praxe: estou bem e você? Para minha

surpresa ela me respondeu: triste,

muito triste! Por que? Eu perguntei,

e sabem o que ela me respondeu?

Porque eu não existo, eu sou uma

ilusão. Ilusão? De quem? SUA! Ai,

ai ai! O que deu nessa doida?

Mas não é que ela tinha razão, acor-

dei!

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TRÊS GRANDES POETAS: VERSOS & REVERSOS Denise Dias de Carvalho Sousa

Poesia Antropofágica: OSWALD DE ANDRADE

Poesia existe nos fatos, em todo lugar...

Erudita-se tudo. Mas por que importar modelos acadêmicos?

Ser brasileiro é ter versos autênticos,

ver com os próprios olhos.

Poder criar um poema-pílula

ou um poema-piada.

Brasil ufanista ou nacionalista?

Humor, paródia, síntese!

Essa é a voz do Pau-Brasil: Oswald de Andrade.

MANUEL BANDEIRA: em Corpo e Alma

Vida para as letras

Arquitetou seu mundo

Para amar as palavras

E brigar por elas!

“Quando a indesejada das gentes” chegou

Sua missão já estava cumprida:

OS SAPOS

Uma sátira ao Neoparnasianismo

O RITMO DISSOLUTO

Completa liberdade de movimentos

Obras-primas,

sutis em sentidos,

nacionalismo temático, típico da geração de 22.

VINÍCIUS DE MORAES: a Voz de um Poeta-Cantor

Olha que poeta-cantor

Mais cheio de graça

É ele que canta, encanta e marca

Soneto de Separação, de Fidelidade com sabor

Olha o seu manifesto

É como um poema

Um poeta moderno

Encantando uma deusa

Lapidando uma jóia

A caminho do mar...

Ah! Como tudo é tão lindo!

Ah! Como o amor é infindo!

É um verso, é uma estrofe, é uma vida

É um canto, um encanto, uma trilha

Bossa, inova, é nova, é cheia de graça

É eterna, é linda, é viva, enfática

É ela que ... me faz sorrir...

Ano XXV - Nº 53 A LETRA Página 5

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Ano XXV, Nº 53 Página 6 A LETRA

Exposições de livros;

Mostra fotográfica coletiva “Os rios em Jacobina: entre olhares e vivências”

Mural poético – Mural livre para exposição de poesias

Dia 19/09 - Quinta-feira

19:00hs – Abertura Oficial; Formação da mesa e falas;

19:30hs – Lançamento do Jornal “A Letra” Edição 53;

19:45hs – – Mesa Redonda: Fotografia e imprensa no sertão:

Olhares e escritas nas pesquisas sobre Jacobina – Professor/

Doutor Valter Oliveira e Professor/ Doutorando em História

Adriano Menezes - Núcleo de Estudos de Cultura e Cidade

(NECC/UNEB Campus IV).

Dia 20/09 - Sexta-feira

Oficina de Contação de Histórias - "Ouvir e contar! É só come-

çar!" - Profª. Dra. Denise Dias de Carvalho Souza e Grupo de

Grupo de Pesquisa, Linguagem, Estudos Culturais e Formação

do Leitor (LEFOR/UNEB Campus IV)

09:00hs 1ª Sessão Matutina - Auditório do Centro Cultural

10:00hs 2ª Sessão Matutina - Auditório do Centro Cultural

14:30hs 1ª Sessão Vespertina - Auditório do Centro Cultural

15:30hs 2ª Sessão Vespertina - Auditório do Centro Cultural

19:00hs - Palestra “Trajetória de Itapeipu pra Salvador com

escala em Jacobina” - Antônio Luiz Moreira de Oliveira, co-

nhecido como CARDOSO. É membro Academia de Cultura da

Bahia e da CAPPAZ - Confraria Artistas e Poetas pela Paz;

19:45hs - Palestra “Movimento Acadêmico nos Municípios

Baianos” - Benjamin Batista de Macedo Filho, é advogado e

escritor. Presidente da Academia de Cultura da Bahia (ACB) e

da Federação das Academias de Letras e Artes da Bahia

(FALA BAHIA)

21:00hs – Projeto Sarau Galpão Payayá – Homenageando as

autoras Conceição Evaristo e Elisa Lucinda / Lançamento do

livro “Poesia e Texto Livre” do escritor Leo Resende – Lança-

mento do livro “Com amor e rebeldia se faz poesia” do escritor

jacobinense Maicon Douglas - Local: Galpão Payayá. Dia 21/09 – Sábado

14:00hs - Papo Literário – Mesa redonda com escritores locais

falando sobre seus trabalhos: Vera Jacobina – Literatura e os Espaços virtuais. Dra. Denise Dias - O Acesso à Leitura Literária: da

Feira ao Hospital Cledson Sady – Doracy Araújo Lemos: Corrigindo a

história. Maicom Douglas – “Com amor e rebeldia se faz poe-

sia” Ivan Aquino – Literatura e teatro.

15:20hs – “Conhecendo a Cultura Cigana” – Painel com dan-

ça, artesanato e história cigana – Apresentado pelos Ciganos

Sinti Mário Santos e Vera Diorgenes.

16:00hs – Documentário “A história do teatro – Memórias das

Artes Cênicas em Jacobina” - Mesa Redonda com o autor e

diretor: Paulo Mascarenhas e ator e diretor Jotta Esse. 19:30hs - Apresentação do Grupo de Câmara Arte de Tocar;

20:00hs - Peça “O auto da compadecida” – Grupo de Teatro

Dionísio Artes.

21:30hs – Encerramento.

Local: Centro Cultural Edmundo Isidoro dos Santos (Exceto o Sarau Galpão Payayá, que acontecerá no

Galpão Payayá.)

PROGRAMAÇÃO