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BRASIL: 1964-1985O golpe de 1964

Em 13 de março de 1964, ao realizar-se no Rio de Janeiro o comício das Reformas de Base, a conspiração para a derrubada de Jango já estava planejada pelos que se viam prejudicados pelas reformas: as multinacionais, os latifundiários, os grandes empresários, os políticos da UDN e os chefes militares. Os conspiradores procuraram mobilizar a opinião pública e apelaram de novo para a idéia de uma ameaça comunista. Em 19 de março de 1964, em São Paulo, foi organizada uma grande marcha contra as reformas, chamada de Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu cerca de 500 mil pessoas.

Na noite de 31 de março para 1 Q de abril, enquanto o governador de Minas Gerais divulgava um manifesto contra o governo de João Goulart. tropas de Juiz de Fora já avançavam em direção ao Rio de Janeiro.

O presidente não teve como resistir e, na noite de 1 Q de abril, retirou-se para o Rio Grande do Sul, onde Leo nel Brizola tentava organizar uma resistência ao golpe. No entanto, em 4 de abril, dizendo que queria evitar o derramamento de sangue dos brasileiros em uma guerra civil, Goulart partiu para o exílio no Uruguai.

O governo de Castelo BrancoDestituído o presidente constitucional, os militares assumiram o comando do país, atribuindo ao governo poderes

excepcionais, por meio dos chamados atos institucionais.O primeiro, o AI-1, estabelecia que em 11 de abril seria realizada a eleição indireta (pelo Congresso) do presidente

da República e o autorizava a cassar mandatos e suspender direitos políticos por dez anos. Foi eleito, nesse processo, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

O primeiro ato de Castelo Branco foi a anulação das reformas de Jango: revogou a nacionalização das refina rias de petróleo e a desapropriação de terras. Ao mesmo tempo, iniciou uma violenta repressão contra aqueles que considerava opositores ao regime militar.

Num processo de repressão crescente, mais outros dois atos institucionais foram baixados. O AI-2 além de dar maiores poderes ao presidente, em detrimento do Congresso, pôs fim aos antigos partidos políticos, crian do e permitindo a existência de apenas dois: um para defender o governo (Aliança Renovadora Nacional Arena) e um de oposição moderada (Movimento Democrático Brasileiro - MDB). Era o bipartidarismo. O AI-3 determinou que governadores e vices também seriam eleitos indiretamente.

Costa e Silva e o fim da liberdadePara suceder a Castelo Branco, em 15 de março de 1967 assumiu a Presidência o marechal Artur da Costa e

Silva.Durante o governo de Costa e Silva, estudantes e trabalhadores foram para as ruas manifestar-se contra o regime.

Em 1968, essas manifestações tornaram-se mais freqüentes, até mesmo em festivais de música, apresentações teatrais e no Congresso Nacional, onde parlamentares, como Márcio Moreira Alves, faziam discursos denunciando o regime.

Esse clima de contestação crescente ao regime fez os militares reagirem. Assim, em 13 de dezembro de 1968, o governo baixou o AI-5, o mais duro de todos os atos institucionais, dando mais poderes ao presidente que, no mesmo dia, mandou fechar o Congresso.

O Congresso foi reaberto após dez meses de recesso já sem os deputados cassados pelo AI-5 - para receber a indicação à Presidência do general Emílio Garrastazu Médici.

Médici e o aumento da repressãoQuando, em 30 de outubro de 1969, Médici assumiu a Presidência, grupos armados já atuavam nas grandes

cidades, sob a liderança de políticos cassados, como o ex-deputado Carlos Marighela, e ex-militares, como o capitão Carlos Lamarca.

Essa estratégia de resistência foi conseqüência da impossibilidade de fazer oposição pacífica ao governo, pois quem se manifestava era cassado ou preso. Na guerrilha, levada adiante por várias organizações, as ações mais fre -qüentes eram assaltos a bancos, para conseguir dinheiro para a luta armada, assaltos a instalações militares e poli -ciais, para conseguir armas, e seqüestros de diplomatas estrangeiros para trocá-Ios por presos políticos.

O Partido Comunista do Brasil (PC do B, uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro) organizou uma guerrilha na região do Araguaia, que foi duramente reprimida pelo governo, assim como a guerrilha urbana. Na repressão às guerrilhas, centenas de pessoas foram presas e muitas foram mortas, como Marighela e Lamarca. Os presos eram submetidos a torturas para revelar o nome dos companheiros de luta e os planos das organizações a que pertenciam. Dessa forma, a resistência armada à ditadura foi eliminada.

Ao mesmo tempo em que eliminou as guerrilhas, Médici estabeleceu uma forte censura à imprensa e à produção cultural. Assim, a população era levada a crer que o país estava em paz. Além disso, para garantir o total controle da sociedade, o Serviço Nacional de Informações (SNI) tinha agentes e informantes em todo o Brasil - nas universidades, nas fábricas, nos prédios de apartamentos, etc. Desta forma, quem se manifestava contra o regime era denunciado.

Além da repressão, outra característica do governo Médici foi o desenvolvimento econômico com grandes projetos financiados pelo capital externo. De 1968 a 1973 a economia brasileira cresceu a uma média de 11 % ao ano. Era o "milagre econômico". Mas os salários ficaram baixos, a mortalidade infantil aumentou e cresceu a miséria da população.

Geisel e o início da abertura políticaCom o término do mandato de Médici, outro general foi indicado pelos militares para a Presidência da República:

Ernesto Geisel, empossado em março de 1974.

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Geisel logo percebeu a necessidade de uma certa liberalização do regime, ou, nas suas próprias palavras, "um processo lento, gradual e seguro de aperfeiçoamento democrático", começando, então, a reduzir a censura.

Os grandes jornais foram liberados, permanecendo a censura aos pequenos jornais e às manifestações artísticas.Em 1974 houve eleições livres para senadores, deputados e vereadores, inclusive com debate entre candidatos na

televisão. O MDB foi o grande vencedor, o que fez com que muitos militares pedissem a cassação de parla mentares vitoriosos, pedido não aceito por Geisel.

No entanto, apesar desses movimentos de abertura, em 1977, receando nova derrota nas eleições marcadas para 1978, o governo fechou novamente o Congresso e decretou um conjunto de medidas que ficou conhecido como "Pacote de Abril", restringindo a manifestação dos eleitores e criando a figura dos "senadores biônicos", eleitos indiretamente.

Apesar disso, com a pressão dos movimentos sociais, em outubro de 1978 Geisel extinguiu os atos institucio nais, dando mais um passo em direção à redemocratização do país, que seria levada adiante por João Batista Figueiredo, que assumiu em março de 1979.

Figueiredo: O último presidente militarDurante o governo do general João Batista Figueiredo, as manifestações populares foram crescendo. O governo

não impediu as manifestações nem as greves dos operários, mas prendeu diversos líderes grevistas, entre eles, o torneiro-mecânico Luiz Inácio da Silva, conhecido como Lula.

Em seu governo, a campanha pela anistia ganhou cada vez mais intensidade, até que, em agosto de 1979, um pro -jeto de anistia do próprio governo foi aprovado. Assim, os brasileiros banidos e exilados puderam voltar ao país, e as pessoas cassadas readquiriram seus direitos políticos.

Nesse mesmo ano, objetivando enfraquecer a oposição, o governo extinguiu o MDB e a Arena, permitindo a organização de novos partidos. A Arena transformou-se no Partido Democrático Social (PDS), e o MDB no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Como grande novidade surgiu o Partido dos Trabalhadores (PT), organiza -do por sindicalistas ligados a Lula, intelectuais, militantes da Igreja católica e políticos oriundos do antigo MDB.

As pesquisas indicavam que o governo perderia as eleições de 1982, que tinham voltado a ser diretas para a maio-ria dos cargos. Assim, apesar de uma série de medidas tentando evitar a derrota, o governo perdeu em boa parte dos estados e, na Câmara dos Deputados, elegeu apenas 235 deputados, contra 244 dos outros partidos.

Em 15 de março de 1983 assumiram os novos governadores dos estados, os primeiros escolhidos em eleições diretas depois de dezoito anos. Formou-se então um grande movimento para exigir eleições diretas também para presidente da República, tornando irreversível o processo de redemocratização.

ATIVIDADES1- Quais grupos sociais conspiraram contra o governo de João Goulart e por qual motivo se opunham ao

presidente?2- Por que, no final da década de 1960, alguns grupos decidiram resistir ao regime militar pegando em armas e

quais suas ações mais freqüentes?