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informação PUCRS PUCRS Publicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Assessoria de Comunicação Social – Ano XXVI – Nº 116 – Set-Out/2003 Publicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Assessoria de Comunicação Social – Ano XXVI – Nº 116 – Set-Out/2003 Pesquisa aplicada, o futuro ao alcance das mãos Pesquisa aplicada, o futuro ao alcance das mãos Cientistas das Faculdades de Medicina e Engenharia desenvolveram um robô-cirurgião, cem vezes mais preciso que o homem

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informaçãoPUCRSPUCRS

Publicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulAssessoria de Comunicação Social – Ano XXVI – Nº 116 – Set-Out/2003Publicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulAssessoria de Comunicação Social – Ano XXVI – Nº 116 – Set-Out/2003

Pesquisa aplicada, o futuroao alcance das mãos

Pesquisa aplicada, o futuroao alcance das mãos

Cientistas das Faculdadesde Medicina e Engenharia

desenvolveram um robô-cirurgião,cem vezes mais preciso

que o homem

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PUCRS

Outras seções

6 CapaConhecimento científicoaplicado ao dia-a-dia

22 EntrevistaEnsino passa por transformaçãoradical – César Coll, catedrático dePsicologia Evolutiva e da Educação

27 TecnologiaTecnopuc transforma RSem pólo de pesquisa

40 PerfilAs dignasvitóriasde CarlosNelsondos Reis

Nesta Edição

ReitorNorberto Francisco Rauch

Vice-ReitorJoaquim Clotet

Diretor-Editor da PUCRSInformação em Revista

Carlos Alberto Carvalho([email protected])

Editora ExecutivaMagda Achutti

([email protected])

RepórteresAna Paula Acauan

([email protected])Angela Vencato

([email protected])Carine Simas

([email protected])

EstagiáriasDébora BragaMariana ViciliBianca Dias

FotógrafosMarcos Colombo

([email protected])Gilson de Oliveira([email protected])

Arquivo FotográficoMaria Rosalia Rech([email protected])

RevisãoJosé Renato Schmaedecke

([email protected])

CirculaçãoMirela Vieira da Cunha

Carvalho([email protected])

DocumentaçãoLauro Dias

Rodrigo Ojeda([email protected])

Relações PúblicasSandra Becker

([email protected])

Conselho EditorialElvo Clemente,

Délcia Enricone eSolange Medina Ketzer

Projeto Gráfico eEditoração Eletrônica

Pense Design([email protected])

ImpressãoEpecê-Gráfica

PUCRS Informação em Revistaé editada pela Assessoria de

Comunicação Social da PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grande

do Sul, Avenida Ipiranga, 6681,Prédio 1, 5º andar, CEP 90619-900

Fone: (51) 3320-3500, r. 4446 e 4338Fax: (51) 3320-3603

E-mail: [email protected]: www.pucrs.br/pucinformacao

3 Pelo Campus – PUCRS inaugura prédio poliesportivo4 Espaço do Leitor5 Panorama10 Novidades Acadêmicas – Direito dá a largada para a iniciação científica11 Novidades Acadêmicas – Novos laboratórios para o estudo dos alimentos12 Pesquisa em Foco15 Debates – Curso visa à qualidade de vida dos idosos16 Saúde – Técnica beneficia pacientes com câncer de mama17 Saúde – Novos aliados no combate à doença coronariana18 Saúde – Pesquisa aponta vírus respiratório em bebês19 Ciência – Profissionais precisam somar formação técnica e ética20 Patrimônio – Campus Central amplia seu estacionamento21 Pelo Rio Grande – Quiosque de Uruguaiana oferece hortigranjeiros24 Educação Aplicada – Projeto leva futuros professores à sala de aula25 Tendências – A influência da espiritualidade na qualidade de vida26 Tecnologia – Universidade se destaca na área de energia28 Alunos da PUCRS32 Lançamentos da Edipucrs33 Mercado de Trabalho – História: O estudo do passado para a formação do presente34 Radar – Programa faz diagnóstico da cadeia couro-calçadista35 Bastidores – Funcionários buscam qualificação na PUCRS36 Social – Jovens recebem apoio para largar drogas37 Memória – A origem do estilo marista de educação38 Sinopse41 Eu Estudei na PUCRS – Vôos mais altos para o ex-piloto Pedro Motta42 Ação Comunitária – Professores capacitam alfabetizadores na África43 Opinião – Gabriel Chittó Gauer: Professor do Mestrado em Ciências Criminais

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Griffe PUCRSoferece

produtos

Lançada em 1996, por iniciati-va da Pró-Reitoria de Assuntos Co-munitários, a Griffe PUCRS ofereceà comunidade acadêmica 35 pro-dutos com a marca da Universida-de. Confecções, acessórios, chavei-ros, estojos, porta-cartões e até con-junto de copos e xícaras encontram-se à venda no térreo do prédio 8,próximo ao DCE. No período dematrículas do segundo semestre,no saguão do prédio 50, foi mon-tado o Estande da Griffe, especialpara calouros. Os itens mais vendi-dos foram a pasta universitária, apasta-carteiro, mochilas e jaquetas.Novos produtos estão à disposiçãona loja: camisa jeans, camiseta pólo,calça de abrigo, meias, manta emlã, avental para churrasco, bermu-da em suplex e porta-chimarrão. Oatendimento é de segunda a sexta-feira, das 9h15min às 14h e das15h30min às 21h.

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Pelo Campus

Biblioteca disponibilizaauto-empréstimo

Oprimeiro sistema deauto-empréstimo de li-vros da América do Sulestá em funcionamentona Biblioteca Central

oferecendo mais agilidade ao seupúblico. O equipamento permi-te que o próprio usuário realizea operação de retirada do mate-rial, evitando o atendimento nobalcão. Na fase atual, o emprés-timo automático pode ser usadoapenas pelos alunos de gradua-ção, devido à necessidade de teruma senha pessoal. Posterior-mente a facilidade será amplia-da a todos os que utilizam o acer-vo da Universidade.

Para usar o sistema, o alunoinsere o cartão de estudante e di-gita a senha pessoal. Em seguidaé só dispor o código de barras dolivro (que se encontra na parte

interna) sob o feixe de leitura. Omaterial é liberado pelo sistemade segurança e fica registrado nocadastro do usuário e na bibliote-ca. Ao término, retira-se o cartãoe é emitido o recibo de emprésti-mo com a data de devolução. Oequipamento encontra-se no se-gundo andar do prédio 16, pró-ximo à escadaria, e registra umamédia de 150 exemplares retira-dos por dia nessa primeira fase.O software interativo informacomo realizar a operação.

O equipamento foi desenvol-vido pela empresa canadense IDSystems, que tem outros quatroem funcionamento nos EUA e naDinamarca. Segundo o diretor dabiblioteca, César Mazzillo, o ma-quinário adquirido recebeu ajus-tes para atender às necessidadese ao sistema da PUCRS. A previ-

são é de que nonovo prédio sejamdisponibilizadasquatro máquinas.O Reitor NorbertoRauch destacouque o auto-em-préstimo permitediminuir as filasnos horários demaior movimento,como antes do iní-cio das aulas e nosintervalos.

PUCRS promove curso de Relações InternacionaisA PUCRS, por intermédio da Pró-Reitoria de

Extensão Universitária e do Núcleo de Estudos In-ternacionais (NEI), está desenvolvendo a segundaedição do curso Introdução às Relações Internacionais,contando com parcerias da AAII, FACE, FAMECOS,FFCH e Faculdade de Direito. As aulas serão minis-tradas até o mês de dezembro.

São 35 itens à venda

A primeira edição do curso teve seu encerramento nomês de agosto, com a palestra Portugal e os Desafios daUnião Européia, proferida pela professora da Universida-

de de CoimbraMaria ManuelaTavares Ribeiro(foto).

Rauch e Mazzillo constatam agilidade do sistema

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Espaço do Leitor

RevistaGostaria de agradecer e parabe-

nizar a Assessoria de Comunicação So-cial por seu excelente trabalho em di-vulgar nossas atividades científicas tan-to na revista PUCRS Informação comona mídia. Considero esta Assessoria umdos grandes diferenciais da nossa Uni-versidade, propiciando a comunicaçãocom a comunidade quando há estu-dos clínicos em que são necessários vo-luntários e divulgando os novos co-nhecimentos. Para coroar, tudo isso érealizado com prontidão, respeito eresponsabilidade no trato direto comos pesquisadores.

Prof. Diogo Lara

Faculdades de Biociências e Medicina

Quero parabenizar a repórterPaula Oliveira de Sá pela capacidadede “retirar” palavras e emoções em suaentrevista. Isto é dom. Paula, com tuaprópria emoção e profissionalismocumpres e vives teu papel de maneirabrilhante e agradável. Foi bom “via-jar” no tempo!

Gilia Gerling

Coordenadora do Setor

de Desenvolvimento

Artístico-Cultural da Proex

Recebi a revista nº 115 e comoaluno de Filosofia da PUCRS acompa-nho as edições sempre procurandomatérias sobre o meu curso. Simples-mente a única coisa que consegui acharforam duas notas minúsculas na ses-são Sinopse. Como interessado no as-sunto, envio meu protesto contra a fal-ta de consideração com a Filosofia napauta de matérias.

Marcos Graeff de Oliveira

Gostei muito das matérias da re-vista desta Universidade. Como façopara receber as próximas edições?

Breno Fontoura da Motta

Porto Alegre

Gostaria de saber se é possível ad-quirir a revista da PUCRS. Não soualuna da faculdade. Estudo Radiolo-gia na Ulbra, em Canoas. Obrigada!

Sabrine Thier Jacobsen

Porto Alegre

Escreva para a Redação: Av. Ipiranga, 6681- Prédio 1 - 5º andar - Porto Alegre - RS -CEP 90619-900 - Fone: (51) 3320-3500 -ramais 4446 e 4338 - Fax: (51) 3320-3603 -E-mail: [email protected]

Trabalho na Supervisão de De-senvolvimento Tecnológico da Pre-feitura de Porto Alegre, no progra-ma Porto Alegre Tecnópole, no quala PUCRS é parceira. A articulaçãodo PAT permitiu que vários projetosfossem realizados, entre eles o Tec-nopuc. Outra ação do PAT é o seuwebsite, que conta com informaçõessobre o desenvolvimento tecnológicode Porto Alege e região. A fim demantê-lo sempre atualizado com asinformações da área tecnológica daPUCRS, gostaria de receber a revistaPUCRS Informação, veículo que, semdúvida, contribuirá muito para al-cançarmos o nosso objetivo.

Rodrigo Lopes

Porto Alegre

Sou professor na rede estadual eleciono Física. Fiquei interessado pelarevista PUCRS Informação. Comofaço para adquirir as edições regular-mente em meu endereço?

Juarez Machado da Silva

Taquara

N.R.: Todo o conteúdo da revis-ta PUCRS Informação está disponí-vel no site www.pucrs.br/pucinforma-cao, na íntegra. A agenda semanalde eventos da Universidade e outrasnotícias também podem ser acessa-das nos endereços www.pucrs.br/boletim e www.pucrs.br/imprensa.

Gostaria de felicitá-los pela di-vulgação da nossa pesquisa, alertan-do sobre os elevados níveis de gordu-ra trans nas margarinas, na revista demarço-abril. Esta gordura é prejudi-cial à saúde. Como conseqüência destareportagem, a revista Ciência Hoje deagosto publicou matéria intitulada Vilãcom jeito de mocinho, divulgando a nos-sa Universidade.

Prof. André Souto

Faculdade de Química

Encantada com a excelência daspublicações contidas na PUCRS In-formação, sinto-me honrada e agra-decida pelo recebimento sistemáticodas mesmas, a partir da edição 113.

Laura Marcher RomeroEx-aluna de Direito (1966)

Quero parabenizar a repórter AnaPaula Acauan pela matéria publicadana revista julho-agosto sobre minhatese. Em função da reportagem, rece-bi convite para entrevistas em rádios.Agradeço a seriedade com que o as-sunto foi tratado.

Profª Maria Ysabel Bellini

Faculdade de Serviço Social

Cursosde idiomas

Les envio este mail, con la finali-dad de solicitarles información sobrecursos de idioma Portugues para ex-tranjeros, modalidades y toda infor-mación necesaria. Soy estudiante enla Universidad Nacional del Comahue,en la Patagonia Argentina, y quieroestudiar Portugues en Brasil.

Teodoro Muller

Argentina

N.R.: A Faculdade de Letras ofe-rece cursos de português, alemão, es-panhol, francês, grego, inglês, japonêse latim a alunos, professores e funcio-nários. A participação da comunida-de é aberta por meio do PUCRS Plus.O programa abre inscrições no iníciodos semestres, na Pró-Reitoria de Ex-tensão Universitária. Informações:(51) 3320-3528 e [email protected].

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Panorama

APUCRS é a pri-meira universida-de do Estado adisponibilizar in-formações sobre

as provas do seu vestibularpara serem acessadas por te-lefone celular e computado-res de mão com tecnologia

Informações sobre ovestibular pelo celular

TerceiroSetoremdebatee 10 a 13 de setembro aPUCRS sedia o 5º EncontroInternacional de Fundações– Terceiro Setor, com otema O Capital Social gera-

dor de um mundo melhor – fator intera-tivo entre Primeiro, Segundo e TerceiroSetores e o 6º Encontro de Fundaçõesdo Mercosul. Um “caminho para to-dos” é a proposta do evento que ana-lisará a compreensão do capital so-cial e suas interações como geradorde um mundo melhor. A conferên-cia magna Pobreza, desigualdade e ca-pital social na América Latina será mi-

Dnistrada pelo coordenador-geral daIniciativa Interamericana de CapitalSocial, Ética e Desenvolvimento doBanco Interamericano de Desenvol-vimento (BID), Bernardo Kliksberg.Também serão conferencistas, entreoutros, o vice-presidente do BID, mi-nistro Paulo Almeida Paiva e a ex-pri-meira ministra de Portugal, Maria deLourdes Pintasilgo. O evento é pro-movido pela Fundação Ir. José Otão,Fundação Gerdau, ONG ParceirosVoluntários, Fundação Rubem Bertae Ministério Público do Estado – Pro-curadoria de Fundações.

Reflexões sobrefé e cultura

Instituído como um espaçoà formação, à reflexão e ao diálo-go de professores e funcionários,o projeto Fé e Cultura, coordena-do pelo Vice-Reitor, Ir. JoaquimClotet, realiza encontros mensal-mente. Nos dias 9 de setembro, 7de outubro e 11 de novembro se-rão abordados, respectivamente,os temas Igreja e Novo Milênio:Perspectivas e Esperanças, Alterar oGenoma Humano. Podemos? Deve-mos? Quem tem este direito? e Umsó Deus e Muitas Religiões: Contra-dição ou Chance?. Informações:www.pucrs.br/feecultura ou peloe-mail [email protected].

Festival revelanovos talentosO Festival de Talentos da

PUCRS é a oportunidade que aUniversidade oferece aos alunos,professores e funcionários demostrarem suas habilidades mu-sicais à comunidade. Entre os ta-lentos que já participaram estãoas bandas Hard Working, Acústi-cos & Valvulados, Groove James,Aqua Play e a cantora LucianaLima. O evento, nos dias 11 e 12de setembro, ocorre das 17h às22h, no teatro do 40. A promo-ção é da Pró-Reitoria de Assun-tos Comunitários.

Diploma dereconhecimento

A PUCRS recebeu da Orga-nização Universitária Interame-ricana e do Conselho de Reito-res das Universidades Brasilei-ras diploma de reconhecimentopor sua significativa contribuiçãoao aperfeiçoamento do Curso deEspecialização em Gestão Uni-versitária, que comemora 20anos. Voltado a dirigentes uni-versitários do Brasil e da Améri-ca Latina, o curso incentiva a for-mação de gestores de universi-dades como órgãos de desenvol-vimento sustentável.

UNITV festeja oquinto aniversário

UNITV, o canal das institui-ções de ensino superior dePorto Alegre, com estúdiose central geradora instala-dos no Campus da PUCRS,

está comemorando cinco anos de ati-vidade neste mês de setembro. Even-to especial, no dia25, vai marcar oaniversário do ca-nal universitáriopioneiro no RioGrande do Sul eum dos primeiros afuncionarem nopaís. Entre os des-

Ataques da programação de aniversá-rio está a entrega do Troféu UNITV aprojetos sociais, científicos e culturaiscom forte repercussão junto à comu-nidade. Na oportunidade, tambémserão anunciados os novos projetosda emissora para o ano de 2004.

WAP (protocolo para aplica-ções sem fio). A novidade foioferecida pela Assessoria deComunicação Social no con-curso de julho. Os gabari-tos foram publicados no site

WAP. Também foram dispo-nibilizadas abstenção e mé-dia de acertos.

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Capa por ANA PAULA ACAUAN — [email protected]

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Conhecimento científico

Apesquisa aplicada desenvolvi-da na PUCRS aproxima osconhecimentos científicos dasnecessidades do dia-a-dia. Asidéias fomentadas na Univer-

sidade trazem inovação, com o desen-volvimento de produtos e fórmulas nãoexistentes no mercado ou com valoresmais acessíveis. Um dos exemplos é orobô-cirurgião, capaz de realizar cirur-gia de coluna com precisão cem vezessuperior à de uma pessoa. A relevânciados projetos é demonstrada pelo inves-timento em infra-estrutura e pelo fi-nanciamento de órgãos e agências. Arealidade na maioria dos laboratórios éa interdisciplinaridade, ampliando arelação entre Faculdades e Institutos econtribuindo para a visão mais abran-gente de cada investigação.

tos. Cita que quase80% dos professo-res têm mestradoou doutorado e hámais de 170 gruposde pesquisa.

Um dos proje-tos da Universida-de resultará no de-senvolvimento demedicamentos con-tra tuberculose edoenças crônico-degenerativas, co-mo esclerose múlti-pla, diabetes melitus e artrite reumatóide.O estudo é realizado pelo Centro dePesquisa e Desenvolvimento em Biolo-gia Molecular, Estrutural e Funcional, li-gado à Faculdade de Farmácia e à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação,envolvendo pesquisadores, além da Far-mácia, da Faculdade de Informática edo Instituto de Pesquisas Biomédicas(IPB). O Brasil importa todas as drogascontra a tuberculose, apesar de ser umdos 22 países com 80% dos casos nomundo. O desenvolvimento de novosmedicamentos se justifica porque osexistentes podem curar 95% dos pacien-tes, mas em longo tratamento (seis me-ses) e as drogas são muitas vezes tóxicas.

O professor Diógenes Santos, coor-denador do Centro, explica que a tecno-logia dos medicamentos está sendo de-senvolvida e os pesquisadores realizamagora pré-ensaios clínicos no IPB. OCentro será instalado no Tecnopuc, noprédio onde ficará a empresa gaúcha deBiotecnologia 4G. O Ministério da Saú-de e a Financiadora de Estudos e Proje-tos (Finep), do Ministério da Ciência eTecnologia, financiam o estudo. APUCRS conta ainda com apoio da Uni-versidade Federal do Ceará.

Testes virtuaisPesquisadores do Departamento de

Engenharia Mecânica e Mecatrônica da

Faculdade de Engenharia utilizaram aengenharia virtual no teste estruturalem implantes para o segmento lombos-sacro da coluna vertebral. A principalconclusão é que a simulação por com-putador pode acelerar o desenvolvi-mento dos produtos e contribuir para aevolução da técnica, tornando a cirur-gia mais segura para o paciente. Os re-sultados da engenharia equivaleramaos dos testes biomecânicos de com-pressão e flexão realizados pelos Labo-ratórios Especializados em Eletroele-trônica (Labelo). Os implantes são indi-cados em casos de tumores, fraturas oudoenças reumáticas, quando a colunafica instável.

A equipe produziu um modelo pa-dronizado adaptado para a coluna commenor volume do que os existentes nomercado, gerando mais conforto parao paciente. Segundo um dos coorde-nadores do projeto, o engenheiro me-cânico Alexandre Baroni, foi compro-vada a resistência dos materiais quan-do submetidos a cargas de 80 kg, 240kg e 340 kg, com a confiabilidade daanálise de 92% em comparação comos testes mecânicos habituais. A orien-tação na área médica foi do ortopedis-ta Afrane Serdeira. A pesquisa foi rea-lizada em parceria com a empresa Raq-med, que forneceu os protótipos utili-zados. Além do Labelo, colaboraram o

Implante ortopédico é testado de forma virtual

Os estudos envolvem doutores,mestres e contribuem para a formaçãode alunos de graduação e pós-gradua-ção. O Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Urbano Zilles, lembra queo poder público deve incentivar as pes-quisas principalmente na América Lati-na, para diminuir a dependência deprodutos importados. Destaca que asuniversidades européias também pas-sam por momento de mudança, inse-gurança e falta de recursos. Segundoele, a PUCRS tem pessoal qualificadoem condições de buscar financiamen-

Garrafa PET transforma-se em biodegradável

Foto: Divulgação

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é aplicado ao dia-a-diaServiço de Ortopedia e Traumatologia doHospital São Lucas e o Instituto de Pes-quisas Biomédicas.

Química beneficia ambienteA Faculdade de Química tem proje-

tos que demonstram preocupação com oambiente. No Laboratório de Organome-tálicos e Resinas, coordenado pela pro-fessora Sandra Einloft, desenvolve-se umpolímero biodegradável. O PET (plásticode garrafas de refrigerante de difícil de-composição) é misturado a um polímerodesenvolvido no Laboratório. Os pesqui-sadores constataram a possibilidade de

em duas dimensões do corpo huma-no e radiografias da coluna do pa-ciente são inseridas no computador.Com o mouse, é possível traçar atrajetória e a profundidade das inci-sões e outros comandos. Depois, é so-mente acionar o dispositivo e o braçomecânico efetuará o trabalho.

As operações com o equipamen-to têm chances reduzidas de errohumano, trazem rapidez e precisãoe, interligando o sistema com a in-ternet, podem ser realizadas a dis-tância. “Como a base do robô foifeita para atuar em ambiente in-dustrial, consegue trabalhar 24 ho-ras por dia”, acrescenta o enge-nheiro. O médico também fica me-nos exposto à radiação, pois, em vezde estar próximo do paciente nahora das radiografias, estará pertodo microcomputador. Para Serdei-ra, os robôs, de forma geral, são ofuturo da medicina cirúrgica e osprofissionais terão de treinar suashabilidades em informática.

O custo do equipamento desen-volvido na PUCRS é calculado emmenos de US$ 100 mil, cerca de10% do valor dos poucos robôs-ci-rurgiões desenvolvidos no mundo.Os pesquisadores pretendem apri-morar o sistema, desenvolvendo dife-

Pesquisadores desenvolvem robô-cirurgião

Um robô-cirurgião, capaz derealizar vertebroplastia (cirurgia decoluna) com precisão cem vezes supe-rior à da pessoa, foi desenvolvido noLaboratório de Robótica do Depar-tamento de Engenharia Mecânica eMecatrônica da Faculdade de Enge-nharia. É composto por um braçomecânico, feito para a indústria au-tomobilística e depois adaptado, epor um computador com um softwa-re criado especialmente para a atua-ção do robô. “Começamos com proce-dimentos simples, como perfuraruma vértebra para injetar um pro-duto ou realizar biópsias, mas a in-tenção é aprimorar o equipamentopara que ele possa fazer cirurgiastambém de outras especialidades”,explica o ortopedista e professor daFaculdade de Medicina Afrane Ser-deira, idealizador do projeto.

A montagem do protótipo envol-veu o trabalho de dois engenheiros,um médico, três estagiários e outroscolaboradores da Universidade du-rante mais de um ano. O equipa-mento, com menos de 50 centímetrosde altura, é comandado pelo médicopor meio do microcomputador, ex-plica o engenheiro Alexandre Baro-ni, um dos coordenadores da inicia-tiva. O software cria representações

rentes órgãos terminais (as “gar-ras”) a serem adaptados no braçomecânico para possibilitar ao robôgaúcho a realização de todas as eta-pas de diferentes modalidades ci-rúrgicas, como neurológicas e car-díacas. A equipe busca parcerias eincentivos financeiros para cons-truir um laboratório exclusivo detestes e aperfeiçoamentos.

definir o tempo de decomposição, o quepode contribuir para a adequação a cadanecessidade. O trabalho é realizado emconjunto com a Universidade Pierre etMarie Curie, da França, e a Univille, deJoinville (SC), que fará os testes com asamostras. As garrafas PET também se-rão matéria-prima para outro estudo doLaboratório que começa neste semestre.O grupo faz uma resina para tinta comcaracterísticas semelhantes às existentesno mercado, mas com preço reduzido.

O Laboratório de Organometálicose Resinas também atua com o Labelono desenvolvimento de um material

para isolar redes elétricas. Eles têm oprazo de 18 meses para fazer um protó-tipo que proteja operários da constru-ção civil e técnicos da RGE que traba-lham próximos das redes de distribui-ção da energia elétrica (tensão até 22mil volts). O convênio foi motivado poratividades de risco que necessitam comfreqüência do desligamento da rede,trazendo prejuízos aos usuários e aosindicadores da concessionária. A pesqui-sa é inovadora porque as técnicas inter-nacionais se destinam apenas a protegeroperários e não demonstram eficáciasob a chuva ou jato d’água.

por CARINE SIMAS — [email protected]

Equipamento faz cirurgia de coluna

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Capa

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Pesquisas biomédicas para

OInstituto de PesquisasBiomédicas (IPB) daPUCRS é um centrode excelência no de-senvolvimento de

projetos com aplicação clínicapara o melhor entendimentodo mecanismo das doenças, nabusca de marcadores diagnós-ticos, alvos terapêuticos e tra-tamento. É formado por dezlaboratórios e conta com 24professores-pesquisadores dototal de 200 envolvidos nos es-tudos. Como funciona no Hos-pital São Lucas, permite a correlação di-reta entre as pesquisas e as necessidadesdos pacientes. “A meta das investigaçõesé melhorar a qualidade de vida da co-munidade”, afirma o diretor do IPB,médico e professor Jaderson da Costa.O Instituto conta com recursos da Secre-taria do Estado da Ciência e Tecnologia,Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado, Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível Superior e ConselhoNacional de Pesquisa e Desenvolvimen-to Tecnológico, além de bolsas einfra-estrutura da PUCRS.

A investigação de substân-cias com potencial utilização naepilepsia é coordenada por Ja-derson da Costa, do Laborató-rio de Neurociências. Dos por-tadores da doença, 20% não su-peram as crises com o uso demedicamentos. Os pesquisado-res chegaram a resultados pro-missores com o veneno de umaaranha, utilizado como agenteneuroprotetor, bloqueando ahiperexcitabilidade dos neurô-nios. A substância é aplicadaem amostras de tecido cerebralhumano obtidas durante o tra-tamento cirúrgico das epilep-sias e de roedores. A equipecontinuará as pesquisas que po-derão resultar na fórmula deum novo medicamento.

A pré-eclâmpsia, doença específicada gravidez caracterizada por hiperten-são e perda de proteína na urina, é omaior motivo de morte materno-fetal noBrasil. O problema, que instiga pesqui-sadores de todo o mundo por não tercausa conhecida, é investigado pelo La-boratório de Nefrologia do IPB, coorde-nado pelo médico e professor CarlosEduardo Poli de Figueiredo. A mais re-cente descoberta faz parte da tese dedoutorado de Bartira da Costa. A pes-

quisa constatou que o óxidonítrico, principal molécula va-sorrelaxante presente no san-gue, aumenta nas mulherescom pré-eclâmpsia. O que jus-tifica pelo menos em parte ahipertensão é que há maior ati-vidade de enzimas que degra-dam o principal promotor dorelaxamento vascular do orga-nismo. A utilização do sildena-fil (Viagra) para inibir a atua-ção dessas enzimas é uma dashipóteses que o Laboratório deNefrologia poderá estudar.

A análise molecular dessas pacien-tes é realizada pelo Laboratório de Bio-logia Molecular, através do estudo depolimorfismos de genes que codificamas enzimas envolvidas no sistema deequilíbrio da pressão arterial. A equipecoordenada pela farmacêutica e profes-sora Virgínia Minghelli Schmitt investi-ga também a influência de polimorfis-mos genéticos no desenvolvimento dedoenças, como trombose venosa eAlzheimer. Existe a possibilidade de

Testes com veneno de aranha contra a epilepsia

Cosmético beneficiará idososA professora Temis

Furlanetto Corte, da Fa-culdade de Farmácia, pre-tende desenvolver uma fór-mula de creme hidratanteadequada para os idosos.Desenvolve o trabalho noLaboratório de Cosmetolo-gia e é orientada pelo pro-fessor da Química AndréSouto. Está na etapa dapesquisa experimental,com testes em 30 pessoasacima de 65 anos e abai-xo de 25 anos. O equipa-mento com infravermelhoé utilizado para medir aquantidade de água dapele. Resultados preliminares demonstram que os cosméticos existentesapresentam diferentes capacidades de hidratar apontando a necessi-dade de adaptá-los para idosos, que têm pele mais fina e seca, necessi-tando de melhor performance dos produtos.

Máquina avalia quantidade de água na pele

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melhorar a qualidade de vidamonitorar o reflexo na resposta aos trata-mentos. Outra área de pesquisa do Labo-ratório são as doenças virais humanas, in-cluindo as hepatites B e C, além do papilo-mavírus humano (principal fator de riscopara o câncer de colo de útero) e HTLV.

Luta contra o câncerO Laboratório de Imunorreumatolo-

gia espera recursos para realizar um en-saio clínico com dez pacientes portadoresde câncer de próstata. Pela primeira vez,serão utilizadas a combinação de célulasdendríticas, que gerenciam a respostaimunológica do organismo, e proteínas deestresse, produzidas pelo corpo para res-ponder a pressões, como aumento detemperatura e apresentam ação estimula-tória ao sistema imune. As células dendrí-ticas são cultivadas a partir do sangue, damedula e do cordão umbilical. Se foremmaduras, podem dar uma resposta infla-matória contra o tumor.

A equipe do Laboratório, coordenadopela professora e bióloga Cristina Bonori-no, retirará o tumor do paciente, mistu-rando-o às células dendríticas, e reimplan-

tará essas células no paciente. O objetivoserá prevenir a metástase. A técnica nãose restringe ao tumor de próstata, maspode ser indicada a melanoma (tumorconstituído de células pigmentadas pormelanina, pigmento da pele).

O Laboratório de Parasitologia Mole-cular é centro de referência mundial nodiagnóstico da angiostrongilose abdomi-

Conservação dos postes de madeiraA AES Sul e o Laboratório de

Pesquisa em Química Analíticada Faculdade de Química encer-ram dois anos do projeto que mo-nitorou o estado de conservaçãodos postes de madeira da área deconcessão da empresa no RioGrande do Sul. Os postes no Esta-do são 97% de eucalipto. A umi-dade contribui para a prolifera-ção de fungos, que diminuem otempo de uso. A equipe testou me-todologias em Canoas e Montene-gro, utilizando pela primeira vezno Brasil o equipamento Polux,da companhia suíça CBS-CBT. Oaparelho mede a umidade e a re-sistência mecânica da madeira,além de determinar a expectativade vida. O projeto resultou naformação de alunos de iniciaçãocientífica e na dissertação de

Polux mede umidade e resistência

nal, infecção pelo verme Angiostrongyluscostaricensis, que nos casos mais graves pro-voca perfuração ou oclusão do intestino.Ocorre no Sul do Brasil, nas regiões serra-nas do Rio Grande do Sul e de Santa Cata-rina e no Sudoeste do Paraná. A transmis-são se dá pela ingestão das larvas encon-tradas em verduras e frutas ou dos molus-cos que são hospedeiros transmissores. Oexame para detectar a doença é realizadono soro dos pacientes. O diagnóstico é porevidência indireta, pela detecção de anti-corpos produzidos pela pessoa infectada.O Laboratório, em parceria com a Univer-sidade de York, Inglaterra, tenta aprimo-rar o teste com a clonagem molecular e aanálise do proteoma (mapa das proteínas).Nessa técnica são separadas as proteínasrelacionadas ao parasita, facilitando a bus-ca daquelas moléculas que possam auxiliara detectar os anticorpos de forma mais es-pecifica e simples. A equipe do Laborató-rio, coordenado pelo médico e professorCarlos Graeff Teixeira, realiza estudos decampo, acompanhando a história naturalda infecção em populações residentes emáreas de transmissão.

mestrado do biólogo Flávio Vi-dor, orientado pelo professorMarçal Pires, da Faculdade deQuímica. Vidor e Pires suge-rem a realização de banco dedados sobre a situação dos pos-tes e a inspeção rotineira.

O eucalipto substitui o con-creto e o ferro na rede elétricacom vantagens para o meioambiente, amenizando o efeitoestufa. O carbono fica estoca-do, pois a liberação ocorre so-mente em caso de queimada.O custo também é menor doque o do concreto. A madeiraabsorve melhor o impacto. Com ma-nutenção adequada, a vida útil dospostes de madeira é de cerca de 20anos. O tratamento dos eucaliptosatingidos por fungos ocorre em ge-ral com os metais arsênio, cobre e

cromo, que atuam sobre a parteexterna. Os pesquisadores testa-ram novo produto de uma em-presa australiana à base de boroe flúor, capazes de atingir o cer-ne da madeira.

Pré-eclâmpsia: prova com óxido nítrico

Foto: Marcos Barreira

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Novidades Acadêmicas

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De acordo com a Lei de Dire-trizes e Bases da EducaçãoNacional, que prevê a uniãodo ensino, da extensão e dapesquisa, a Faculdade de

Direito criou o Programa de Pesqui-sa Voluntária de Iniciação Científica,em 2002. A novidade é a possibilida-de da participação de professoreshoristas como orientadores de pes-quisas. Os objetivos do projeto sãopromover a produção científica dosdocentes e a formação acadêmicados alunos de graduação.

O Programa surgiu por uma ini-ciativa dos professores Regina Rua-ro e Ricardo Garcia, a partir do En-sijur, projeto de qualificação do en-sino jurídico, criado no ano passa-do. Atualmente existem 14 trabalhosde pesquisa em andamento na Fa-culdade, todos orientados por do-centes que executam regime de tem-po parcial ou integral e com a titu-lação de mestrado ou doutorado. Asbolsas de fomento são concedidas

Direito dá a largadapara a iniciação científica

Professores da graduação e pós-graduação da Faculdade de Direitocriaram um grupo para discutir solu-ções jurídicas nas áreas de comércioeletrônico, propriedade intelectual, te-lecomunicações e redes de informação,atualmente carentes de leis reguladorasem âmbito nacional. O Núcleo de Estu-dos de Direito e Novas Tecnologias daInformação é coordenado pelo Depar-tamento de Prática Jurídica da Faculda-de, pelo Programa de Pós-Graduaçãoem Direito e pela Agência de GestãoTecnológica e Propriedade Intelectual.

O objetivo do Núcleo é elaborar es-tudos e sugestões jurídicas voltados à

construção de um ambiente favorável aodesenvolvimento das novas tecnologiasda informação, em especial, a internet.Segundo o professor Atílio Dengo, umdos coordenadores do Núcleo, a maiordificuldade em estabelecer uma legisla-ção para a internet é o fato de não haverbarreiras políticas ou geográficas. “Esteé um grande desafio que a tecnologiaestá colocando para o Direito, principal-mente quando os envolvidos estão empaíses diferentes”, revela o docente.

Em agosto, o Núcleo promoveu oseminário Direitos Fundamentais e a In-ternet, em parceria com a AssociaçãoRio-Grandense dos Provedores de Aces-

so, Serviços e Informações da Rede In-ternet (Internetsul). Na ocasião, foramtratados temas como crimes no ambi-ente virtual, intimidade e privacidade,contratos virtuais e tributação do co-mércio eletrônico. A intenção é realizar,constantemente, seminários para a ela-boração de pesquisas e um congressointernacional por ano. A partir dos re-sultados dos eventos serão propostas al-ternativas legislativas e de auto-regula-mentação dos setores envolvidos. Opróximo passo é abrir o Núcleo paraa participação de alunos da Facul-dade. Mais informações pelo [email protected].

Internet é objeto de estudos jurídicos

Programa incentiva a pesquisa voluntária

pelo PIBIC/CNPq,Bolsa/Pesquisa/Alu-no-PUCRS e Fa-pergs. Os alunosparticipantes degrupos de pesqui-sa, que não dis-põem de bolsas, re-cebem, ao términodo trabalho, crédi-tos de atividadescomplementares.

A meta donovo Programa éincentivar a pes-quisa voluntária realizada por pro-fessores horistas, facilitando o pro-gresso no Plano de Carreira, insti-tuído pela Universidade em 2000.Para tanto, esses docentes contamcom toda a infra-estrutura oferecidapela Faculdade: uma sala de pesqui-sa com cinco computadores, uma salade reuniões e duas para atendimen-to individualizado. Além disso, o Pro-grama possibilitará o elo entre alu-

nos da graduação e as linhas de pes-quisa do pós-graduação, como In-terpretação Constitucional, Teoria daJustiça e Pensamento Político Con-temporâneo, Psquiatria e Violência,entre outras. Para a coordenadorado Programa, Regina Ruaro, o in-centivo à pesquisa é fundamental. “Éna academia que se fazem as gran-des descobertas, reformulando con-cepções preexistentes”, analisa.

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Novidades Acadêmicas

Ocurso de Nutriçãopassa a contar, a par-tir do segundo semes-tre deste ano, comuma nova estrutura

para o ensino de graduação.São três novos laboratórios,dois já em funcionamento, umauditório e um restaurante pe-dagógico, instalados no térreodo prédio 41. A cada semestre,cerca de 360 alunos da PUCRSvão usufruir da infra-estrutura,que tem inauguração previstapara o final do mês de outubro.Além de atender o público in-terno, as salas poderão ser usa-das na realização de cursos deextensão nas áreas de nutrição,gastronomia e hotelaria e para a rea-lização de concursos de gastronomia.No Rio Grande do Sul, não há estru-tura semelhante para esses eventos.

A coordenadora do curso deNutrição, professora Martine Hagen,destaca que os laboratórios permi-tem ao aluno o conhecimento globaldos alimentos, como as formas e téc-nicas de preparo, as transformaçõespara a alimentação humana, seus as-pectos biológicos, químicos e físicos,a relação entre o preparo e sua bio-disponibilidade.

Novos laboratórios parao estudo dos alimentos

Estrutura oferecidaO Laboratório de Técnica Dieté-

tica é utilizado atualmente pelas dis-ciplinas Ciência e Arte dos AlimentosI e II. Nele são estudadas as caracte-rísticas organolépticas dos grupos dealimentos, composição, transforma-ção, processamento, preparo de acor-do com as técnicas dietéticas, higiene,conservação e tipos de preparaçõesespecíficas para cada ciclo da vida. Olocal também foi utilizado pela disci-plina de Tecnologia de Alimentos, daFaculdade de Química, e para aulas

práticas de nutrição do cursode Enfermagem. “Diversasformas de preparo, transfor-mações físicas e químicas queo alimento sofre são analisa-das”, ressalta a coordenadorados laboratórios, professoraInês Terezinha Jacques.

No Laboratório de Nutri-ção Enteral e Lactário são estu-dados os procedimentos de hi-giene e controle de qualidadeem lactários, a técnica dietéticapara fórmulas lácteas e ali-

mentação complementar de crian-ças; as dietas evolutivas, a dieta semglúten, diet, light e as dietas enterais.

As atividades no Laboratóriode Cozinha Industrial iniciarão emmarço de 2004. O espaço dispõe deequipamentos próprios de uma co-zinha de grande porte que permiti-rá aos universitários aprendercomo organizar e administrar umserviço de nutrição, planejar cardá-pios, preparar alimentos em gran-de quantidade, conhecer, manuseare fazer manutenção preventiva demaquinários de última geração nosetor de produção alimentícia.

O auditório tem capacidadepara 60 lugares e é composto poruma bancada de cozinha, refrigera-

dor, microondas e fogão. A diferençaé o sistema de projeção simultânea,que permitirá acompanhar, de qual-quer lugar da sala, o que está sendo

preparado na bancada. O restauran-te pedagógico servirá para o ensinodidático sobre a distribuição das pre-parações, apresentação de pratos etipos de serviços de sala. “Ao concluiro curso, os alunos estarão preparadospara administrar qualquer serviço denutrição”, diz Martine. Entre as áreasde atuação pode-se citar restaurantescomerciais e de empresas, catering debordo, hospitais, clínicas, spas, esco-las, creches e postos de saúde.

Alunos aprendem técnicas de preparo

Cursos de nutrição, gastronomia e hotelaria

Ensino qualificado nas aulas práticas

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Pesquisa em Foco

Oelevado número de reagen-tes desenvolvidos e a buscaconstante do aprimoramen-to da oxidação de compos-tos orgânicos comprovam

sua relevância na química orgânica.A professora Jeane Dullius estudouna sua tese de doutorado uma alter-nativa para melhorar os processosde reação existentes sem utilizar sol-ventes que trazem impacto ambien-tal. Os resultados representam umavanço tecnológico na indústria, porexemplo na fabricação de nylon, de-vido à substituição do solvente orgâ-nico por líquido iônico. O trabalhoReações de oxidação de álcoois e olefinaspromovidas por complexos de metais detransição imobilizados em líquidos iôni-cos fluorados foi defendido no Pro-grama de Pós-Graduação em Ciên-cia dos Materiais da UFRGS.

Oxidação sem impactono meio ambiente

Jeane lembra que, devido aocrescente interesse por tecnologiaslimpas, seria ideal o emprego de oxi-gênio molecular como agente oxi-dante, barato, não-tóxico, gerando

como subproduto somente água. Po-rém, o seu emprego está associado ànecessidade de catalisadores paraacelerar as reações, que normalmen-te requerem solventes orgânicos,mantendo os aspectos negativosquanto ao impacto ambiental.

A tese de doutorado propõecomo alternativa para aperfeiçoar osprocessos existentes a transposiçãodireta dos sistemas feitos em umafase (com solvente orgânico) paraduas fases (com líquido iônico). Es-ses sistemas em duas fases consistemem dois líquidos que não se mistu-ram, um contendo o catalisador e ooutro, os produtos. No trabalho Je-ane sintetizou pela primeira vez umlíquido iônico com flúor que aumen-tou a concentração de oxigênio pos-sibilitando um maior rendimento aoprocesso.

JEANE DULLIUSProfessora da Faculdade

de Química

Ao defender a articulação en-tre as vivências do aluno eo que ele estuda, a profes-sora Helena Sporleder Côr-tes acredita que a televisão

pode servir como recurso didático.Na sua tese de doutorado, elaborouuma metodologia para a leitura crí-tica do veículo voltada a espaços es-colares, em especial aos cursos su-periores de formação dos professo-res. Helena defendeu o trabalho Te-levisão e educação: a construção de umpercurso metodológico para a leitura crí-tica do texto televisivo no Programade Pós-Graduação em Educação daPUCRS.

A pesquisa foi desenvolvida jun-to a alunos de Pedagogia Multi-meios e Informática Educativa. Paraelaborar a proposta, Helena adap-tou as categorias discurso (o que édito), incurso (o que está por trás)e excurso (o espetáculo), sugeridas

Televisão como recurso didático

por Artur da Távola na leituracrítica da comunicação. Também asarticulou aos princípios da comple-xidade propostos por Edgar Morine investigou-as sob a ótica da her-

menêutica da profundidade deThompson.

A autora sugere que o uso datelevisão não se reduza a ilustrar oconteúdo das aulas. Propõe que oprofessor promova atividades capa-zes de ampliar a compreensão doreceptor e possibilitar a revisão dospadrões estabelecidos pelos meios decomunicação social. “Como os sujei-tos pesquisados se educaram e seeducam quase que prioritariamentepela TV, há grande probabilidade deque os conceitos e os princípios quevenham construindo em suas traje-tórias pessoais e profissionais tenhamsido significativamente influenciadospelo veículo”, afirma. Defende ain-da que tais estratégias metodológi-cas sejam utilizadas por professoresdas diferentes áreas, pois a varieda-de da programação da TV ofereceinúmeras possibilidades de aprovei-tamento pedagógico do veículo.

HELENA SPORLEDERCÔRTES

Coordenadora do cursode Pedagogia Multimeiose Informática Educativa

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Pesquisa em Foco

Oprofessor Newton Luiz Ter-ra investigou a influênciade determinado gene asso-ciado ao desenvolvimentode doenças cardiovasculares

e a sua relação com a etnia japonesa.Trata-se da apolipoproteína E4(ApoE4), que é encontrada na super-fície de diversas lipoproteínas e de-sempenha papel-chave no transportedo colesterol. Diminui a disponibili-dade dos receptores da lipoproteínade baixa densidade (Low Density Li-poprotein, LDL), no fígado, fazendocom que o LDL aumente. No estudo,não houve associação da presença doalelo E4 a fatores de risco, como ta-bagismo, hipertensão, indicação dedislipidemia (aumento do colesterolou triglicerídeos) e diabetes, excetocom sobrepeso/obesidade.

Terra conclui que existe umatendência nos resultados que suge-rem uma suscetibilidade maior aodesenvolvimento de doenças cardio-vasculares em idosos portadores do

Fatores de risco adoenças cardiovasculares

alelo E4. Isso não foi observado emadultos jovens pesquisados, possivel-mente em decorrência da influênciado poliformismo genético. A propen-são ao desenvolvimento das doen-ças cardiovasculares está relaciona-da ao estilo de vida, como nutriçãoe atividade física, a exemplo do queocorre com a população de etnia ja-ponesa estudada. Na tese, 80% dosimigrantes têm o alelo E3, relacio-

nado ao metabolismo normal das li-poproteínas, 14% o E4 e 5% o E2.

A tese de doutorado Risco car-diovascular em indivíduos com diferen-tes genótipos da apolipoproteína E: es-tudo de imigrantes e descendentes japo-neses residentes no Sul do Brasil, reali-zada no Programa de Pós-Gradua-ção em Gerontologia Biomédica daPUCRS, baseou-se na investigaçãode 373 imigrantes e descendentesjaponeses que vivem no Rio Gran-de do Sul e em Santa Catarina.Houve entrevista, realização de exa-mes e de genotipagem. O estudofoi realizado entre agosto de 2000e abril de 2003. Participaram pes-soas de 24 a 92 anos. Os idososportadores do alelo E4 apresenta-ram freqüência baixa de obesidadeem relação aos outros. Terra acre-dita que o resultado poderia estarrelacionado com a maior mortali-dade do grupo, pois os jovens como mesmo genótipo apresentaram so-brepeso similar aos demais.

NEWTON LUIZ TERRAProfessor do Instituto

de Geriatria e Gerontologia

Oaumento no desempenhodo processamento de dadosa bordo de satélites de apli-cações científicas sem a per-da de informações relevan-

tes foi a base da tese de doutoradodo professor da Faculdade de Infor-mática Eduardo Augusto Bezerra.Ele realizou o trabalho ReconfigurableSystems in Space Instrumentation naUniversidade de Sussex, Inglaterra,onde atuou no Centro de CiênciasEspaciais. Foram utilizadas missõescientíficas das Agências Espaciais Eu-ropéia (ESA) e Norte-Americana(Nasa) como estudos de caso na vali-dação das propostas metodológicas.

O professor usou dispositivos re-configuráveis do tipo Field-Program-mable Gate Arrays visando a solucionarproblemas inerentes da tecnologia de

Ciência da Computação em aplicações espaciais

processadores na implementação demódulos de processamento de instru-mentos para aplicações espaciais. Oprincipal problema estudado foi oaumento na velocidade de processa-mento. Como solução, propôs algo-ritmos que realizam funções estatísti-

cas para o pré-processamento dosdados amostrados pelos sensores deveículos espaciais e para a seleção doque será enviado a estações de con-trole na Terra. Com a tecnologia emuso nos satélites muita informação éperdida devido ao baixo poder dosprocessadores utilizados. A estratégiaproposta, adotada inteiramente emhardware, busca aperfeiçoar essa capa-cidade, sem aumento no consumo depotência dos computadores de bordo.

Outro aspecto investigado foi asusceptibilidade à radiação cósmicados dispositivos utilizados. A teseprevê um sistema de autocorreçãonos casos de dano físico nos compo-nentes eletrônicos do satélite devidoà radiação. A motivação é o aumentona expectativa de vida do sistema emmissões de longa duração.

EDUARDO A. BEZERRAProfessor da Faculdade

de Informática

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Novosmestres edoutoresAutor: Ademir FernandesGonçalves – Faculdade de Di-reitoDissertação: Princípios doprocesso e da execuçãoLocal de defesa: Programade Pós-Graduação em Direitoda PUCRS

Autor: Roberto Luís Alves Sa-lazar – Faculdade de Adminis-tração, Contabilidade e Econo-miaDissertação: Padrões de pro-cedimentos para implantaçãode um CRM: o caso Jet Oil –Distribuidora de Produtos dePetróleo IpirangaLocal de defesa: Mestradoem Administração e Negóciosda PUCRS

Autor: Adair Keller – Facul-dade de Administração, Con-tabilidade e EconomiaDissertação: A organizaçãode saúde e o corpo clínico: umarelação de conflito ou de siner-gia?Local de defesa: Mestradoem Administração e Negóciosda PUCRS

Autor: João Dornelles Júnior– Faculdade de Administração,Contabilidade e EconomiaTese: Educação a distância:testemunhos de professores so-bre as inovações educacionaisno espaço do saberLocal de defesa: Programade Pós-Graduação em Educa-ção da PUCRS

Autora: Elaine Turk Faria –Faculdade de EducaçãoTese: Interatividade e media-ção pedagógica na educação adistânciaLocal de defesa: Programade Pós-Graduação em Educa-ção da PUCRS

Pesquisa em Foco

Atese de doutoradoda professora IdiliaFernandes trata dasrelações sociais queproduzem a cultu-

ra de “normalidade” da so-ciedade levando à exclusãoe à segregação de portado-res de deficiência e altas ha-bilidades por demonstraremsingularidades marcantes.Aponta a diferença como ca-racterística do ser humano,que precisa de oportunida-des para expressar a sua sub-jetividade. O trabalho A di-versidade da condição humana:deficiências-diferenças na perspecti-va das relações sociais foi defendi-do no Programa de Pós-Gra-duação em Serviço Social daPUCRS.

Idilia apresenta estudo decaso da Fundação de Articula-ção e Desenvolvimento paraPessoas Portadoras de Deficiên-cia e de Altas Habilidades noEstado do Rio Grande do Sula partir de entrevistas com 30pessoas portadoras de deficiên-cia e dez gestores de políticaspúblicas. Também realizou 11seminários com profissionais.Além da bibliografia, pesquisouo tema em desenhos anima-dos, filmes e livros de ficçãocomo fonte de análise e ilus-tração de situações de estigmae potencialidades do públicoestudado.

As barreiras de acesso aosportadores de deficiência, quepodem ser estruturais (arquite-tônicas) ou de preconceito, sãoexplicadas pela prevalência de

Diversidadecaracteriza acondição humana

padrões de produtividade, be-leza e comportamento. “A pes-soa deve ser notada como umtodo, não a partir da deficiên-cia e prestar atenção em de-masia nisso sem perceber a po-tencialidade e os aspectos desua individualidade é reduzi-laa uma parte”, afirma. Idiliatambém vê a necessidade desubstituir a idéia de vítima pelade cidadão com deveres e di-reitos.

A tese refere ainda a auto-crítica de profissionais, que mui-tas vezes são vistos pela socieda-de como “bondosos” ao assumi-rem a “missão” de atuar comesse público, o que serviria parareforçar práticas assistencialistas.Idilia considera que a escola es-pecial favorece o estigma. Acre-dita que os professores podemestar preparados para atuar coma diversidade da condição hu-mana. “É preciso incentivar aconvivência entre as diferenças”,reforça.

IDILIA FERNANDESProfessora da Faculdade

de Serviço Social

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Debates

Faculdade de Serviço Socialtrabalha há 12 anos na for-mação de gerontólogos ca-pacitados para lidar comuma população de idosos

que, em 2050, será maior que a decrianças e adolescentes no mundointeiro. Em 2025, o Brasil deverá sero sexto em número de pessoas commais de 65 anos. São mais de 200profissionais egressos do curso de es-pecialização em Gerontologia Socialaptos a atuar na comunidade e pro-por iniciativas. “Queremos que o ge-rontólogo desenvolva projetos dequalidade de vida para os idosos dofuturo”, define o coordenador docurso, professor Sílvio Lafin.

Com alunos provenientes de ou-tros estados brasileiros e países, a es-pecialização atrai profissionais deáreas como Serviço Social, Psicologiae Educação Física, incluindo Arqui-tetura, Engenharia e Geologia. “Mui-tos estão aposentados e iniciam umasegunda área profissional. Outrosvêm por curiosidade e acabam traba-lhando com o idoso”, diz Lafin.

Curso visa àqualidade devida dos idosos

AEquipe diferenciada

A pós-graduação diferen-cia-se por ter um corpo docen-te multidisciplinar. São sete dis-ciplinas ministradas por apro-ximadamente 30 professoresvindos de outros estados e uni-versidades do Brasil e de paí-ses como Porto Rico, EUA, Ar-gentina e Uruguai. As aulas sãoem português ou espanhol. AUniversidade também envia profes-sores para assessorar cursos da áreaem Aracaju e Salvador. “A espe-cialização é uma porta de entrada,muitos seguem no mestrado e nodoutorado”, constata Lafin.

O trabalho na área começou em1968, quando estudantes de ServiçoSocial começaram a desenvolver ati-vidades na comunidade supervisio-nados por professores. Em 1985 aPUCRS promoveu o 1o SeminárioEstadual do Idoso, que terá a suaoitava edição no dia 4 de novembrode 2003. Ajudou também na criaçãoda Lei do Idoso nº 8842/94. O do-cumento prevê, entre outras medi-

Meta: saúde e bem-estar

das, a existência de disciplinas degerontologia nos cursos superiores.Atualmente mais de 200 universida-des brasileiras realizam projetos vol-tados à terceira idade.

“A sociedade começa a desco-brir que não precisa colocar o idosoem clínica. Mas, para isso, é precisoestar aparelhada”, diz Lafin, citan-do como exemplo a adaptação deresidências. Paredes sem quinas, por-tas mais largas que permitam a pas-sagem de cadeiras de rodas, escadascom corrimão e vasos sanitários maisaltos são alguns exemplos que tor-nam a vida de quem está na terceiraidade mais fácil e segura.

O Instituto de Geriatria e Ge-rontologia da PUCRS, criado em1973, foi nomeado Centro Colabo-rador das Organizações Mundial ePan-Americana de Saúde para a Pre-venção das Patologias e DoençasCrônico-Degenerativas Associadas aoEnvelhecimento, em decorrência daexcelência das pesquisas realizadasna área. O Programa Geron, que teveinício em 1998, promove atividadescomo palestras, sessões de cinema eoficinas direcionadas para quem temmais de 50 anos. O objetivo é cons-truir uma sociedade para todas asidades.

Ex-aluno presidiu oConselho Municipal do Idoso“A minha meta é ir até os 96 anos, porque tenho mui-ta coisa para fazer ainda.” A declaração é de HervêSaciloto, 67 anos, ex-aluno da especialização em Ge-rontologia Social. Durante 37 anos ele trabalhoucomo geólogo e, ao se aposentar, viu que não queriaparar. Pensou até mesmo em fazer vestibular paraPsicologia, mas a realização de atividades voluntáriasdespertou seu interesse pela gerontologia. Participouda criação da lei que fundou o Conselho Municipaldo Idoso, em 2000, para o qual foi eleito conselheiroe, depois, presidente. Hoje ocupa suas horas vagascom projetos para a terceira idade. “A gente vai enve-lhecendo e cria novos interesses”, afirma Saciloto.

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Saúde

OHospital São Lucas (HSL)realiza, de forma pioneirano Rio Grande do Sul, oprocedimento de biópsiado linfonodo sentinela em

lesão não-palpável de mama. A ci-rurgia permite identificar se os lin-fonodos (gânglios linfáticos que ser-vem de barreira para a passagem decélulas anormais) da região das axi-las foram atingidos pelo tumor. Deacordo com o caso, a técnica evita oesvaziamento do local, que é a reti-rada de todos os linfonodos axila-res. Os pacientes beneficiam-se coma redução do inchaço do braço, dador pós-operatória e do tempo deinternação (de quatro para um dia).Também não causa prejuízo para aimunidade na região do braço, atin-gida com a extração dos gânglios. Oprocedimento é realizado no Centrode Mama do HSL, atendendo pa-cientes do Sistema Único de Saúde,de convênios e particulares.

Em cerca de 90% dos casos decâncer a disseminação das células tu-morais ocorre pelo sistema linfático,pois através dos vasos linfáticos sãolevadas até os linfonodos. Freqüen-temente esse é o primeiro lugar deformação de uma metástase, que é apropagação do câncer para outrospontos. É chamado de sentinela oprimeiro gânglio atingido. O proce-dimento de biópsia é utilizado noestágio inicial (1) da doença, quan-do o tumor é pequeno (até 2 cm) ounão é sentido ao apalpar a mama.Ele é descoberto por meio de ma-mografia e ecografia.

O procedimentoA técnica consiste em retirar o

primeiro linfonodo de drenagemcorrespondente à área tumoral (sen-tinela) e analisar se o mesmo contém

Técnica beneficia pacientescom câncer de mama

células tumorais. Se não hou-ver, significa que as células tu-morais não se propagarampela via linfática e apenas umlinfonodo será retirado. Ape-nas em caso positivo os outrossão extraídos, resultando noesvaziamento da região axilar.Nas técnicas convencionais, oesvaziamento é sempre rea-lizado. Nos países em que odiagnóstico precoce é estimu-lado, em 30% dos casos os tu-mores não são palpáveis e épossível utilizar o procedimen-to. “Verifica-se uma queda im-portante da mortalidade por causade câncer de mama devido à identi-ficação precoce por mamografia eecografia e pela melhora na qualida-de do tratamento”, ressalta o médi-co mastologista Antonio Frasson, co-ordenador do Centro de Mama eprofessor da Faculdade de Medicina.

O sentinela é identificado coma injeção de uma substância na re-gião do tumor. O líquido é drenadopara o linfonodo através dos vasoslinfáticos, indicando a localizaçãoexata. As substâncias usadas são co-rante azul e/ou tecnécio. Este emiteuma radiação e possibilita a realiza-ção da cintilografia. O tecnécio tam-bém é utilizado para saber a locali-zação do tumor, visto que ele nãopode ser palpado.

Para provar a eficácia do método,

por ANGELA VENCATO — [email protected]

um estudo realizado no Instituto Eu-ropeu de Oncologia analisou 516 ca-sos. Uma parte das pacientes fez ci-rurgia normal e outra retirou apenaso linfonodo sentinela. Com isso foipossível provar que, quando o senti-nela é negativo, é seguro não retiraros outros. Neste caso, a paciente temmais chance de estar curada, mas con-tinua em observação. É provável quenão tenha metástase, mas em 10% doscasos o câncer se propaga pela cor-rente sangüínea. O procedimentoestá sendo usado rotineiramente noHSL, assim como nos EUA e na Euro-pa. A técnica foi aplicada em 5 mil ca-sos na Itália. “O câncer de mama vaideixar de ser um problema nos próxi-mos 20 anos em países que puderemaplicar todos os conhecimentos ad-quiridos”, estima Frasson.

• Ter uma alimentação saudável• Praticar atividades físicas• Levar uma vida saudável física e emocionalmente• Evitar o estresse• Realizar o auto-exame mensal após a menstruação• Realizar exame médico ginecológico periodicamente• A partir dos 40 anos, fazer uma mamografia anualmente• Sempre que houver alguma suspeita, procurar o médico.

A maioria das alterações mamárias é benigna

Dicas de prevenção

Gânglio sentinela é o primeiroa receber células do tumor

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estilo de vida estressado são agravan-tes para complicações.

Em relação ao passado, hoje asmulheres estão mais sujeitas às doen-ças do coração. Depressão, diabetes,estresse, hipertensão, ganham forçaassociados ao fumo e à pílula anti-concepcional. “Quem fuma não podetomar pílula e quem a toma nãodeve fumar”, alerta Bodanese. Cigar-ro e pílula elevam a pressão e, quan-do associados, potencializam riscos.A maior incidência de doença cardía-ca em mulheres com mais de 40 anostambém resulta da perda de proteçãodevido a alterações hormonais queacompanham a fase da menopausa.

Uma das novidades no trata-mento da aterotrombose é o uso detrombolíticos (dissolvem os coágulos)em pessoas vítimas de AVC isquêmi-co. Um novo medicamento, que im-pede a formação do trombo, já estásendo usado: o clopidogrel. É com-provadamente eficaz, trazendo bene-fícios além daqueles demonstradospela aspirina no tratamento de lesõesarteriais. Bodanese salienta que, ape-sar das novas técnicas de tratamento,o importante é estimular a preven-ção. “Medidas simples como cami-nhar, reduzir peso e não fumar, têmum impacto maior na redução damortalidade do que medicamentospotentes”, conclui.

Saúde

No Brasil, cerca de 35% dasmortes são relacionadas adoenças cardiovasculares.Na 6ª Jornada Internacio-nal de Cardiologia – A Car-

diologia em 2003: Hoje e Amanhã, reali-zada na PUCRS, 470 profissionais,entre cardiologistas, cirurgiões vascu-lares e neurologistas debateram a ate-rotrombose. Trata-se da associação deproblemas bem conhecidos: a ateros-clerose e a trombose. Esse é o novoentendimento de uma das principaiscausas de doenças e mortes prematu-ras de origem cardiovascular.

A aterosclerose ocorre no interiordas artérias, com a formação de pla-cas de gordura que, de maneira pro-gressiva, dificultam a circulação do

Novos aliados no combateà doença coronariana

sangue. Mesmo placas peque-nas sofrem erosões ou se rom-pem, resultando num coáguloou trombo. Esse processopode, subitamente, obstruir aartéria, impedindo a passa-gem do sangue. O fenômenopossibilita causar enfarte, aci-dente vascular cerebral (AVC)e morte súbita.

Entre os principais fato-res de risco da aterotromboseestão histórico de doença cardiovas-cular na família, fumo, colesterolalto, diabetes, hipertensão, obesida-de e estresse. Segundo o chefe doServiço de Cardiologia do HospitalSão Lucas, Luiz Carlos Bodanese, amá alimentação, o sedentarismo e o

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A dieta mediterrâneaUm importante estudo clí-

nico de base populacional, reali-zado na Grécia, foi publicado, emjunho, na revista New EnglandJournal of Medicine. A pesquisaconstata que, numa população demais de 22 mil pessoas acompa-nhadas por 44 meses, houve re-lação direta na redução das taxasde mortalidade total (25%), pordoença coronária (33%) e porcâncer (24%) nos grupos que ti-veram maior adesão à dieta doMediterrâneo.

A dieta consiste na grandeingestão de vegetais, legumes,frutas, nozes, cereais e óleo de oli-va; no baixo consumo de gordu-ras saturadas (animais), carne efrango; de baixo a moderado con-sumo de peixe e produtos lácteos;de regular, mas moderada, inges-tão de vinho, especialmente às re-

feições. Os autores concluem que não há relação com um tipo específico de alimento, masprovavelmente com o estilo de vida daquela população, em que a dieta é primordial. Naopinião de Luiz Carlos Bodanese, esse estudo salienta a importância das medidas pre-ventivas que têm maior impacto na redução das doenças e mortes cardiovasculares, doque recursos terapêuticos sofisticados, modernos e, geralmente, de alto custo.

Artéria obstruída por gordura e coágulo

Fotos: Divulgação

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Saúde

Pais de crianças com me-nos de seis meses têmmais uma preocupação.O rinovírus, antes so-mente atribuído à causa

do resfriado comum, pode tam-bém causar grave infecção respira-tória de brônquios e pulmões embebês. Essa é a constatação de estu-do realizado no Instituto de Pesqui-sas Biomédicas (IPB) da PUCRS,premiado com o Golden Sponsorshippelo Congresso da Sociedade Res-piratória Européia, a mais impor-tante da área na Europa. O traba-lho foi coordenado pelo pesquisadorPaulo Pitrez, do Laboratório de Pe-diatria e Neonatologia do IPB.

A pesquisa Prevalência da infecçãopor rinovírus em crianças com bronquioli-te aguda em um país em desenvolvimentofaz parte da dissertação de mestradoem Pediatria de Larissa Sturmer, soborientação dos professores Renato

Pesquisa aponta vírusrespiratório em bebês

Stein e Virgínia Schmitt. A bronquio-lite aguda é uma das causas mais co-muns de doenças respiratórias embebês. Vírus respiratórios freqüentes,como o vírus sincicial respiratório,influenza e parainfluenza são bemconhecidos. O rinovírus, apesar decomum em resfriados, foi pouco es-tudado em bronquiolite aguda.

ela terceira vez o Ambulató-rio de Auxílio ao Tabagista,do Hospital São Lucas, épremiado pelo Congressoda Sociedade Respiratória

Européia. O estudo Avaliação da efi-cácia de tratamento para a cessação dotabagismo recebeu o Bronze SponsorshipAward e é resultado de quatro anosde atividades do Ambulatório.

Equipe coordenada pelo pneu-mologista José Chatkin acompanhafumantes que desejam abandonar ovício. Cerca de 400 pessoas foramatendidas. O resultado é de 41,7%de abstinência por 12 meses. Ape-nas 6% dos que tentam parar de fu-mar, sem ajuda profissional, obtêmsucesso. O tratamento inclui medi-camentos e técnicas cognitivo-com-

portamentais, desenvolvidas porpneumologistas, psiquiatras e enfer-meiros. O objetivo é cessar o taba-gismo e evitar recaídas.

Genética e cigarroDesde o primeiro semestre de

2003, a Capes financia um convênioentre o Serviço de Pneumologia doHSL e a Universidade do Colorado(EUA). A finalidade é que as duas ins-tituições realizem pesquisas conjuntassobre doenças respiratórias. PhilipSilkof, chefe do Serviço de DoençasRespiratórias da Universidade doColorado, esteve na PUCRS para de-finir projetos que serão desenvolvi-dos nas áreas de tabagismo, tubercu-lose e questão genética do uso do ci-garro. Os primeiros resultados desses

estudos serão levados, em novembro,à Universidade do Colorado.

Alterações genéticas podem ex-plicar em parte a dificuldade de al-gumas pessoas em parar de fumar.O pneumologista Fábio Haggsträmrecebeu prêmio de melhor trabalhocientífico no 4º Congresso Brasilei-ro de Asma, em Gramado, por estu-do que evidenciou a influência ge-nética no tabagismo: indivíduos comdeterminada alteração genética (re-ceptor de serotonina – 5HT2A) apre-sentam um risco 63% maior de setornarem fumantes. A pesquisa foidesenvolvida no Serviço de Pneumo-logia do HSL, em conjunto com oInstituto de Geriatria e Gerontolo-gia, orientada pelos professores JoséChatkin e Ivana da Cruz.

Trabalhos sobre tabagismo recebem prêmios

P

Foram coletadas amostras dasecreção nasal de 45 lactentes,com menos de seis meses, hospi-talizados com bronquiolite agudaentre maio e agosto de 2002. Aidentificação do rinovírus foi rea-lizada no Departamento de Biolo-gia Celular, da Universidade deSão Paulo, utilizando-se a técnicade RT-PCR (identificação do vírusdo ponto de vista molecular). Osoutros vírus respiratórios foramidentificados através de anticor-pos específicos contra antígenosvirais no Laboratório de Imuno-

logia do Hospital São Lucas (HSL).Os resultados mostraram que o

rinovírus foi o segundo agente viralmais comum em crianças com bron-quiolite aguda. Para Pitrez, esses da-dos podem alterar os rumos de mui-tas pesquisas, na área de virologia,das infecções das vias aéreas inferio-res no início da vida.

Rinovírus causa infecção respiratória

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Ciência

convidado do III BioéticaSul, realizado em agosto naPUCRS, foi o professor espa-nhol Diego Gracia. Catedrá-tico de História da Medicina

e diretor do Mestrado em Bioética daUniversidade Complutense de Madri,Gracia é conhecido no mundo todo naárea de Bioética por sua vasta produçãoliterária. Tem mais de 150 artigos pu-blicados em revistas especializadas edez livros, além de colaborar em outras25 obras. Dirige o Instituto de Bioéticada Fundação de Ciências da Saúde daEspanha e integra o Conselho Assessorde Saúde do Ministério da Saúde da-quele país. Também atua como profes-sor dos mestrados em Bioética da Uni-versidade Complutense e da Organiza-ção Pan-americana de Saúde, este reali-zado em países da América Latina.

Qual sua opinião sobre a inser-ção de disciplinas de Bioéticanos cursos da área da saúde?

É fundamental em todas as áreas eisso está ocorrendo no mundo inteiro.As pessoas se deram conta de que paralidar com os problemas é necessárioque os profissionais não tenham so-mente uma boa formação técnica, mastambém uma formação humana, e issoinclui a formação ética.

Quais são os principais dilemasbioéticos no momento?

Em medicina, há três. Um deles serefere aos problemas da origem davida, como clonagem, técnicas de re-produção assistida, aborto e pílula dodia seguinte. Outro relaciona-se ao fi-nal da vida, técnicas de suporte vital,transplantes, cuidados paliativos e defi-nição de morte. O terceiro é relaciona-do à distribuição de recursos e à assis-tência sanitária para todos, que são te-mas de justiça. Creio que no Brasil essetema é muito importante.

Houve uma mudança nas dis-cussões bioéticas?

A bioética começounos anos 70 com o temada autonomia do pacien-te, o direito de tomar de-cisões, o consentimentoinformado. Logo come-çaram a preocupar osproblemas de justiça, osserviços de saúde, comodistribuir recursos eco-nômicos quando são es-cassos, como priorizar osgastos. Hoje os grandestemas são os ecológicos,ligados ao ambiente e àsfuturas gerações.

O que o senhor achada utilização de se-res humanos naspesquisas?

É necessária, senão não podería-mos investigar nem saber exatamenteque procedimento ou remédios pode-mos utilizar. Mas devem ser feitas se-gundo controles muito restritos paraevitar o uso de seres humanos como“porquinhos-da-índia”. Isso não sepode permitir.

Como a universidade deve posi-cionar-se em relação a esse tipode pesquisa?

Eu acredito que a universidadetem que se dedicar à pesquisa. Sua fun-ção é buscar a verdade. Então, nãopode negar a investigação clínica comseres humanos. O que a universidadedeve fazer é ser especialmente respeito-sa com os problemas éticos.

E o uso de células-tronco parafins não-terapêuticos?

Quase todos os comitês que anali-sam esse tema não admitem a utiliza-ção. Os fins para que se possa utilizarsão dois: os terapêuticos e os reprodu-tivos. O uso para fins de clonagem,produção de seres iguais aos progeni-tores, é proibido. Para fins terapêuti-cos é diferente. Se é possível produzir

Profissionais precisam somarformação técnica e ética

O

ANGELA VENCATO — [email protected]

tecidos mediante células-tronco que te-nham uma informação genética idên-tica à da pessoa que vai recebê-los, nãohaverá rejeição. O paciente não preci-sará usar imunossupressores continua-mente. Isso mudará radicalmente amedicina no futuro. Como há dois ti-pos de células-tronco, as embrionáriase as adultas, o que se está aprovando éa utilização de células adultas e de em-brionárias, originárias de abortos es-pontâneos e provocados e de técnicasde reprodução assistida.

O que o senhor acha do uso deprincípios bioéticos, surgidosnos EUA, na América do Sul?

A Bioética tem que ser feita emcada lugar e tentar resolver os proble-mas de cada lugar. Cada cultura, pormais diferente que seja, não é total-mente diferente. Temos uma infinida-de de coisas comuns, ética e princípioscomuns. A realidade dos países faz comque a aplicação seja distinta. A Alema-nha, por exemplo, tem uma grandeconsciência de dever, que o latino nãotem. Cada cultura tem as suas peculia-ridades e nenhum sistema é perfeito. Omelhor é unir vários.

Diego Gracia fez palestra na PUCRS

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Patrimônio

A

Campus Central ampliaseu estacionamento

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gre, para o Campus Central, no bair-ro Partenon, estudantes, professorese funcionários estacionavam seus veí-culos em frente ao prédio em que es-tudavam ou trabalhavam. “Era pos-sível estacionar quase na porta dasala de aula”, recorda Ir. Elvo Cle-mente, assessor da Reitoria. O aces-so ao Campus, nos primeiros anos,era feito somente pela Av. BentoGonçalves. A Av. Ipiranga ainda nãoexistia. A canalização do Arroio Di-lúvio havia sido feita, porém o pro-cesso de urbanização foi lento. Con-forme Clemente, os poucos ônibusque transportavam passageiros até aUniversidade eram ruins e com ho-rário irregular. “Os ônibus eram cha-mados de ‘quebra-gelo’, por sua pre-cariedade”, conta.

Em 1963, a linha Santa Catari-na começou a circular no Campus.No ano seguinte, por decisão do en-tão Reitor, Ir. José Otão, a estradade chão foi coberta por paralelepí-

pedos. “Ir. Otão não queria utilizaro asfalto, pelo calor e dificuldade deescoar a água”, comenta Clemente.

No início da década de 70, oConselho Administrativo da Univer-sidade decidiu proibir a circulaçãode ônibus e veículos dentro do Cam-pus. A medida foi adotada por ques-tões de segurança da comunidadeacadêmica. Nesse mesmo período,foi construída a ponte para pedes-tres (hoje em desuso) que atravessa-va o Arroio Dilúvio e ligava os doislados da avenida. Somente 28 anosdepois, em 1998, por iniciativa daPUCRS, seria inaugurada a passare-la utilizada hoje para o deslocamen-to de um lado ao outro.

O primeiro estacionamento dauniversidade ocupou o local ondehoje existe o estacionamento do pré-dio 40. Com a inauguração do pré-dio 41, em 1996, o estacionamentoampliou-se, contando com espaçoscobertos e abertos.

s obras do estaciona-mento, na área do anti-go quartel do 18º Bata-lhão de Infantaria Mo-torizada estão em fase

de acabamento. O estudo de via-bilidade urbanística foi aprova-do pela Prefeitura de Porto Ale-gre e pela Secretaria Municipaldo Meio Ambiente. Todo o pla-nejamento da construção foi de-senvolvido pela Divisão de Obras, co-ordenada pelo arquiteto HenriqueRocha, tendo como prioridade a pre-servação ecológica do local. O esta-cionamento terá capacidade para2.200 veículos. No total, incluindo oHospital São Lucas, a PUCRS ofere-cerá 5.485 vagas para carros.

Cerca de 58 eucaliptos serão re-tirados para o término das obras. Noentanto, 530 árvores nativas comoipê amarelo, guabijú, pitangueira,palmeira gerivá, jasmim e tipa, entreoutras, vão ser replantadas para a ar-borização do estacionamento. Um ja-boticabeiro e um pau-ferro serãotransplantados. O calçamento foi fei-to utilizando-se bloquetes de concre-to, em vez de asfalto. O sistema facili-ta a absorção da água, evitando em-poçamentos e contribui para a ma-nutenção da permeabilidade do solo.Para controlar a água das chuvastambém foram construídas bacias decontenção. Um tanque, com vasão desaída mais lenta que a de entrada,escoará o excedente pluvial, sem ala-gamentos na Avenida Ipiranga. “Apreocupação é não interferir no meioambiente e facilitar o trânsito de veí-culos no local”, afirma Rocha.

Circulação de ônibusNa década de 60, quando a

PUCRS transferiu sua sede do Colé-gio Rosário, no Centro de Porto Ale-

Anos 60:carros emfrente aosprédios.Hoje: mais2.200 vagas

Foto: Arquivo PUCRS

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Pelo Rio Grande

PUCRS de Uruguaianainaugurou, em julho, o Qui-osque do Campus. O espaçocomercializa hortigranjei-ros, resultados de pesquisas

da Faculdade de Zootecnia, Veteriná-ria e Agronomia (FZVA). Oferece pro-dutos de qualidade a baixo custo. Aprodução de leite tipo B, por exem-plo, chega a 17 mil litros por mês e ade queijo atinge 700 quilos mensais.

Hortaliças como alface, acelga,rúcula, brócolis, couve, chicória etemperos, assim como os produtosde origem animal, leite, iogurte,queijo e ovos, são produzidos sobcondições que atendem, rigorosa-mente, às normas de segurança ali-mentar. “Os hortigranjeiros são sem-pre novos e fresquinhos” garante aconsumidora Daniela Soares, alunado 6º semestre de Pedagogia. “Ofere-cemos produtos saudáveis e com pre-ço bem menor que o mercado”, in-forma a diretora do Campus, profes-sora Maria de Lourdes Villela. A pro-dução de outros itens, como o queijogorgonzola, bebida láctea, queijo ma-merolle, uva, amora e frutas de caroço,está prevista para os próximos meses.

O projeto Desenvolvimento de No-vos Produtos Lácteos Adaptados à Re-gião, avaliou as condições de clima,produção de leite e mercado. O Cen-tro Tecnológico do Leite, por inter-

médio do professor Jorge Schäffau-ser Jr. e do técnico-laboratorista Mi-chael Gier, desenvolveu novos pro-dutos lácteos, sendo que o leite tipoB, na região, só é produzido peloCampus Uruguaiana. “Meus filhosme cobram o iogurte e o queijo, tipofrescal, do Campus”, comenta CaioSilva, comunicador da Rádio Char-rua AM/FM.

O Centro Tecnológico do Leiteestá implantando o Pólo Queijeiro,centro de pesquisas e produção dequeijo, com a finalidade de desen-volver a agroindústria queijeira re-gional. O trabalho conta com a as-sessoria do Echanges et Consultati-ons Techniques Internationaux, ór-gão francês consultor para o desen-volvimento dos produtos.

Mudas de hortaliças são produ-zidas no Setor de Olericultura e Fru-ticultura, pelos técnicos da FZVA, co-ordenados pela professora Roseli Fa-rias. O desenvolvimento se dá emcanteiros e em estufas. Há pesquisasna área de agroecologia, sistemas hi-dropônicos, coberturas do solo e ava-liações de produção em diferentesculturas. A finalidade é descobrir omelhor sistema de cultivo, sem a uti-lização de produtos químicos. O se-tor ainda desenvolve projetos de fru-ticultura na produção de uvas, amo-ra e frutas de caroço.

O Laboratório de Cultura de Te-cidos, coordenado pela professora

Quiosque de Uruguaianaoferece hortigranjeiros

ARosangela Berleze, estuda a produ-ção de mudas de morango in vitropara o cultivo em estrutura coberta.Mudas de flores serão produzidas emlaboratório e, depois, em estufas. Oprocedimento ocorre a partir deplantas isentas de doenças, em meiosapropriados para o cultivo. Cultiva-res de uvas também estão sendo pro-duzidos por meio da multiplicação invitro para viníferas. A produção devinho no Campus está prevista a par-tir do desenvolvimento das viníferas.

Os recursos adquiridos com avenda dos produtos serão reinvesti-dos nos setores que atendem a de-manda do Quiosque, como o CentroTecnológico do Leite, Avicultura,Olericultura e Fruticultura. Esse é umacordo com o governo do Estadopara o desenvolvimento da produção.Segundo Maria de Lourdes Villela, avenda dos produtos no Quiosque nãovisa ao lucro. “Objetiva a socializaçãode alimentos de qualidade.”

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Ondeencontrar• BR-472, km 7, Campus

Uruguaiana• Tarde: segunda a sexta,

das 14h30min às 17h• Noite: quarta e sexta,

das 19h30min às 22h

Espaço comercializa hortigranjeiros

Líderes de vendas: leite B e queijos

Hortaliças produzidas em estufas

Fotos: Francisco Galvani

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Entrevista

CÉSAR COLL

Ensino passa por traO catedrático de Psicologia Evolutiva e da

Educação na Universidade de Barcelona Cé-sar Coll acredita que todos os níveis de ensinopassam por transformações radicais porque afunção das instituições educacionais está mu-dando. No caso das crianças, avalia que asescolas devem levar em conta situações infor-mais de aprendizagem. Quanto às universida-des, defende que apostem mais na formaçãopermanente. Coll foi um dos conferencistas doSeminário Internacional Construindo o Conhe-cimento em Diversidade, realizado na PUCRSde 21 a 23 de agosto. No evento, promovidopela Faculdade de Educação e por outras ins-tituições, o catedrático lançou os livros Psico-logia da aprendizagem no ensino médio, Oconstrutivismo na prática e Aprender con-teúdos, desenvolver capacidades.

Q

por ANA PAULA ACAUAN — [email protected]

uais são as principaiscaracterísticas dos pa-râmetros curricularesnacionais que o senhorajudou a formular

para o Brasil?Tentamos estabelecer os conteú-

dos considerados essenciais para ascrianças no país. Fizemos uma formu-lação suficientemente ampla que per-mitisse a cada professor adaptá-la àscaracterísticas dos estudantes do seumunicípio. Prevemos temas transver-sais, como saúde, sexualidade e ambi-ente, que têm impacto social. Havia aalternativa de configurá-los como dis-ciplinas nos âmbitos de conhecimen-to tradicionais, mas incluímos em to-das as áreas do currículo. A vantagemé que esses problemas surgem vincu-lados aos conhecimentos. Mas, ao apa-recerem em várias disciplinas, há orisco de não serem trabalhados ouperderem sentido. Por exemplo, aabordagem da saúde pode estar des-vinculada de assuntos como condiçõesde vida e organismo humano, entreoutros aspectos.

Um dos principais coordenadores da reformaeducacional espanhola e consultor do Ministérioda Educação brasileiro na elaboração dos parâ-metros curriculares nacionais dos ensinos funda-mental e médio, de 1995 a 1997, Coll baseia-sena concepção construtivista de aprendizagem, vin-culada a um modelo de currículo aberto e flexí-vel. O que antes cabia à administração educacio-nal (federal ou estadual), agora recai sobre osprofessores. Para ele, há a necessidade de traba-lho conjunto nas escolas, com atenção voltada atemas de impacto social, que devem fazer partede todas as disciplinas, como saúde, sexualidadee ambiente. Coll também defende diversidade naforma de ensinar, contemplando as característi-cas individuais dos alunos e suas necessidades.Confira a entrevista de Coll à revista PUCRSInformação.

O senhor defende que o profes-sor, o diretor e a escola se inte-grem à comunidade e às famíli-as dos alunos. Há exemplos bem-sucedidos nesse sentido?

Existem as comunidades de apren-dizagem, escolas e centros educativosque pretendem ser sensíveis às necessi-dades e às demandas da sociedade.Além de utilizarem as oportunidades docontexto social para educação e forma-ção dos alunos, oferecem à comunidadeos seus recursos. Participei neste ano emSão Paulo de uma mesa-redonda emque dois colégios particulares e um mu-nicipal apresentaramexperiências interes-santes, não unica-mente de abrirem-se à comunidade,mas de permi-tirem que elaentre nasescolas.

O senhor acredita que no futu-ro a educação tende a ser maisinformal?

Não. Mas é cada vez mais impor-tante que a educação formal se dê con-ta de que as crianças têm muito aaprender em situações informais. Asescolas,

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ransformação radicalos professores, os políticos e o sistemaeducativo precisam conscientizar-se danecessidade de maior articulação en-tre esses aspectos, o que se aprende naescola e fora. Situações que aparente-mente não são educativas têm grandeinfluência na formação, como a televi-são, a internet e outras atividades,como os clubes de futebol.

Na universidade há as diretri-zes curriculares, que prevêem aflexibilização do currículo, commais liberdade para a compo-sição da carga horária e na de-finição de conteúdos. Que pon-tos positivos e negativos o se-nhor aponta?

Na Espanha as diretrizes curricu-lares representam avanços em relaçãoa situações anteriores. Na educação bá-sica o currículo era fechado, com mui-tos detalhes. Ao flexibilizar, permitimosuma abertura. Na educação superiorhá tendência geral de que as discipli-nas sejam adequadas ao mercado detrabalho local. As diretrizes curricula-res vêm apenas como conseqüência dis-so. As universidades particulares preci-sam servir aos clientes e as públicas de-vem funcionar para que seus egressospossam se incorporar ao mundo dotrabalho com mais facilidade.

A PUCRS vem promovendo cur-sos de capacitação docente. Esteé um momento de transição

para uma nova abordagemem sala de aula?

Em todos os níveis deensino assistimos atransformações bastan-

te radicais porque af u n ç ã o

das instituições educacionais muda aonos darmos conta de que as escolassão apenas uma parte do que importapara o desenvolvimento da pessoa. Nasuniversidades, como mudou a estrutu-ra do mercado, é preciso apostar maisna formação permanente. Quem rece-be o diploma não encontra trabalho epoderá exercer outras profissões aolongo da vida. As universidades quetêm como núcleo a formação inicialterão de mudar totalmente a sua lógi-ca de funcionamento. Isso sem falarnas novas tecnologias, que permitemo acesso a informações e exigem no-vas relações pedagógicas.

Que perfil de professor será ne-cessário nesse contexto?

A função do professor, de ajudarquem está diante de si a aprender, con-tinuará a mesma. Mas aprender o quee como ensinar? A maneira de intervirna aula presencial é diferente do ensi-no a distância.

As disciplinas deixarão de exis-tir dando lugar a ciclos de es-tudo?

Depende do nível educativo. Noensino fundamental as disciplinas de-vem desaparecer, dando lugar a proje-tos interdisciplinares e integradores.Na educação superior o conhecimentofoi construído e organizado cultural-mente por disciplinas. Cada uma temlinguagem, procedimentos e teorias.Isso não pode desaparecer porqueconstitui a essência do conhecimento.Outro aspecto é o uso pelo professor epelo profissional, que deve levar emconta a integração e a interdisciplina-ridade.

Qual a sua opinião sobre os por-tadores de deficiência estuda-

rem com as outras crianças?

Todos somos diferentes. Não háduas pessoas iguais, que aprendam oupossam ser ensinadas da mesma ma-neira. Não podemos aplicar essa lógi-ca ao classificar os mais diferentes por-que todos somos. Discordo de segregaros alunos e não integrá-los. Falamosmuito na diversidade de pessoas e pou-co na diversidade do ensino. É precisocontemplar as características individu-ais dos alunos e suas necessidades.

“ Nas universidades,como mudou a estrutura

do mercado, é precisoapostar mais na

formação permanente.Quem recebe o diplomanão encontra trabalho

e poderá exerceroutras profissões ao

longo da vida. Asuniversidades que têm

como núcleo a formaçãoinicial terão de mudartotalmente a sua lógicade funcionamento. ”

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Educação Aplicada

T

Projeto leva futurosprofessores à sala de aula

ornar mais fácil oaprendizado daQuímica para es-tudantes do En-sino Médio é o

trabalho desenvolvido poracadêmicos do curso deLicenciatura Plena emQuímica. Eles participamdo Projeto IntercâmbioUniversidade/Escola, reali-zado no sexto semestre docurso na disciplina de Me-todologia do Ensino de Química. Aatividade proporciona a troca de ex-periências entre professores da redede ensino com aqueles em formaçãona Faculdade, permitindo aos uni-versitários vivenciar situações reaisda futura profissão. Os docentes dasescolas podem acompanhar os en-contros e aproveitar as técnicas mos-tradas para o ensino em sala de aula.

tudavam na oitava série do EnsinoFundamental. Eles eram da discipli-na de Ciências e começariam aaprender a matéria de Química nosegundo semestre. Os participantesdo grupo receberam as informaçõesprimeiro e estão ajudando os cole-gas, trabalhando como monitores.“Estou com mais facilidade paraaprender o conteúdo de aula e maisadiantado que os outros”, comentaPedro Merlo, um dos alunos doChampagnat integrante do projeto.A mesma opinião é compartilhadapor Gisele Machado, que tambémparticipou da experiência. “Está meajudando agora e vai me ajudar nospróximos anos também. Eu não ti-nha noção alguma da matéria.”

Maior curiosidadeAs atividades realizadas

eram de investigação, experi-mentação e pesquisa. A pro-fessora de Ciências Janethda Rosa, do Champagnat,acompanhou os encontros ecomenta que a experiênciadeixou os alunos com umagrande expectativa para co-meçarem a aprender os con-teúdos no colégio. “Esse con-tato aumentou a curiosida-de e o interesse deles”, ob-

serva. Ela conta que,quando surgiu a oportu-nidade de participaremdo intercâmbio, a maio-ria dos estudantes ficouinteressada e foi precisofazer uma seleção.

O grupo escolhido,com no máximo 20 pes-soas, participa das aulasteóricas e experimentaisministradas pelos univer-sitários. A escola é encar-

regada de selecionar os participantese verificar com estudantes e profes-sores quais os assuntos mais difíceisde ser compreendidos. Orientadospela professora Concetta Ferraro, osacadêmicos desenvolvem metodolo-gias de ensino baseadas nas situaçõesdo cotidiano dos adolescentes. Osalunos participantes têm o compro-misso de repassar para os colegas osexercícios feitos no grupo.

Qualquer escola pode candida-tar-se para participar do projeto. Nasoutras edições do intercâmbio, o tra-balho foi desenvolvido no ColégioBatista e na Escola Estadual NormalPrimeiro de Maio. O programa é re-alizado todos os semestres. As insti-tuições interessadas podem entrarem contato com a professora Concet-ta pelo telefone (51) 3320-3549.

Química mais fácil para o Ensino Médio

A quarta edição do programainicia-se em outubro na Escola Esta-dual Otávio Rocha. Participarão es-tudantes do primeiro ano do Ensi-no Médio e o assunto abordado seráfunções químicas, conforme solicita-ção da escola. Na última turma, rea-lizada nos meses de maio e junhode 2003, o público-alvo foram 21alunos do Colégio Marista Cham-pagnat que, excepcionalmente, es-

Troca de experiências

Estímulo: aulas práticas

Fotos: Divulgação

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Tendências

idéia de que ciên-cia e espirituali-dade são áreasantagônicas podecomeçar a fazer

parte do passado. Pesqui-sas feitas em países comoBrasil, Canadá e EUA bus-cam provar como experi-ências de caráter espiritu-al ajudam a melhorar aqualidade de vida das pes-soas. Essa tendência vemse firmando há algunsanos e ganha maior desta-que com o aumento dosestudos sobre o assunto.

A temática estará emdiscussão na Jornada Gaú-cha de Espiritualidade eQualidade de Vida, a serrealizada na PUCRS nosdias 25 e 26 de outubro. Aorganização é da Faculda-de de Psicologia e do Centro de Pas-toral em parceria com UFRGS, Uni-versidade Católica de Pelotas, Socie-dade Sul-rio-grandense de Medici-na Psicossomática, Sociedade Brasi-leira de Psicooncologia – RegionalSul, e Instituto Junguiano do RioGrande do Sul. O evento reunirábiólogos, historiadores, médicos, pe-dagogos, psicólogos, teólogos, estu-dantes e interessados em geral paratratar dos temas espiritualidade e re-ligiosidade nas diversas dimensõesda vida pessoal e social.

A fé que fortaleceSegundo as psicólogas Maria

Lúcia Nunes e Marisa Müller, da Fa-culdade de Psicologia e integrantesda comissão de organização do even-to, as pessoas que professam uma féapresentam alguns resultados bené-ficos distintos na psicoterapia. “Há

Espiritualidade influenciana qualidade de vida

A

uma associação entre a dimensão dafé e o trabalho da psicoterapia. Umapotencializa a outra, gerando umamelhor qualidade de vida, bem-estare alívio dos sintomas”, destaca Ma-ria Lúcia. Em termos emocionais,elas observam que a espiritualidadepropicia uma maneira diferenciadade tratar as dificuldades, que podemser vistas como experiência de vida.“No consultório, ainda que de formaassistemática, tenho percebido queessas pessoas são mais fortalecidas,menos queixosas”, constata Marisa.

Mas como se pode definir espi-ritualidade? Evilázio Teixeira, pro-fessor do Programa de Pós-Gradua-ção em Teologia, diz que espiritua-lidade é viver com espírito e, por-tanto, é uma dimensão constitutivado ser humano. “Hoje, quando sefala de uma pessoa, é preciso falarque ela é biológica, psíquica, social

e espiritual”, explica. Noponto de vista dele, “espi-ritualidade é uma expres-são para designar a totali-dade do ser humano en-quanto sentido e vitalida-de, por isso espiritualida-de significa viver segundoa dinâmica profunda davida. Quer dizer que tudona existência é visto a par-tir de um novo olhar ondeo ser humano vai cons-truindo a sua integralida-de e a sua integração comtudo que o cerca.”

As pesquisas na áreasurgiram com o intuito depreencher lacunas. Em es-tudos sobre o resultado deuma psicoterapia, porexemplo, alguns fatores ti-nham respostas e outrosnão. Dessa constatação veio

a necessidade de analisar o valor dadimensão espiritual na vida das pes-soas em psicoterapia. “Nós temos al-guns indicativos de que, de fato,aqueles com uma prática religiosa,um apoio espiritual de alguma na-tureza, mostram-se mais beneficia-dos em relação aos outros. Essas evi-dências estão aparecendo, mas sãomuito frágeis, pois ainda não se teminstrumentos mais precisos de avalia-ção. E as estratégias de pesquisa ain-da não são suficientemente sólidasna área”, ressalta Maria Lúcia.

A PUCRS e a Universidade Ca-tólica de Pelotas (UCPel) planejamfazer um estudo sobre a religiosida-de e as manifestações celulares como objetivo de verificar se a oraçãoajuda a proteger a saúde, como in-forma o professor das faculdades deMedicina e de Psicologia da UCPelPaulo Luis Sousa.

Espiritualidade: ser total em sentido e vitalidade

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Universidade se destacana área de energia

Tecnologia

OMinistério da Ciência e Tec-nologia (MCT) e a Financia-dora de Estudos e Projetos(Finep) selecionaram doisprojetos da PUCRS, do total

de cinco no Rio Grande do Sul, paraparticipar da Mostra Energia Brasilde Produtos/Serviços para as Micro,Pequenas e Médias Empresas, em SãoPaulo. Representaram a Universidadeos trabalhos Células Solares Eficientes ede Baixo Custo de Produção, desenvolvi-do pela Faculdade de Física, e Sistemade Apoio à Decisão na Concepção e naGestão de Ações dos Programas de Eficiên-cia Energética das Concessionárias deEnergia Elétrica (Siadage), da Faculda-de de Engenharia. A escolha do MCTe da Finep levou em conta o caráterinovador de produtos e serviços naárea de energia. No evento, a Univer-sidade foi representada por bolsistasde mestrado e de iniciação científica.

O projeto das células solares édesenvolvido no Núcleo Tecnológi-co de Energia Solar do Centro dePesquisa e Desenvolvimento em Fí-sica. Segundo os coordenadores,Adriano Moehlecke e Izete Zanesco,a adoção de uma linha de produçãonacional com tecnologia economica-mente competitiva e de qualidadeterá como resultados diretos a pro-moção da universalização do acessoà energia elétrica e o uso de siste-mas de baixo impacto ambiental. Háestados com elevado percentual dapopulação rural sem acesso ao ser-viço. Os índices de irradiação solarno país são altos de Norte a Sul.

O silício, material mais usadopela indústria de módulos fotovoltai-cos, permite a obtenção de dispositi-vos de altas eficiências, é abundantena Terra, produz baixos índices decontaminação no processamento decélulas solares e apresenta alta dura-

bilidade (os módulos du-ram mais de 30 anos). Oscustos impedem a largaexpansão da tecnologia fo-tovoltaica. Moehlecke dizque não basta criar dispo-sitivos inovadores de baixaeficiência, pois o custo deinstalação de grandes áre-as inviabiliza a comerciali-zação. “Alta eficiência sig-nifica redução no custo deinstalação, de montagemdo módulo e na quantida-de de lâminas de silício”, explica. Asmelhores células de silício fabricadasem laboratório atingem eficiências de24,7% e na indústria obtém-se rendi-mentos de 22%. Em linhas industriaisconvencionais, fabricam-se célulasentre 14% e 15%. Com o processo de-senvolvido pelos pesquisadores daPUCRS são fabricadas células de 17%e facilmente industrializáveis.

Eficiência energéticaA pesquisa selecionada da Fa-

culdade de Engenharia resulta daparceria com a AES Sul e é coor-denada pelo professor José WagnerKaehler. O modelo criado para a em-presa é pioneiro nacional no desen-volvimento de sistema de informa-ções sobre a demanda (requisitosenergéticos destinados à produção debens ou de serviços) e a oferta deenergia (processo industrial de pro-dução, transporte e distribuição). Osdados fornecem alternativas para amelhor exploração da rede, com aadequação do consumo às condiçõesde operação do sistema.

O modelo fornece subsídios paraa tomada de decisão de quem geren-cia os sistemas eletroenergéticos. En-volve setores socioeconômicos, comoo industrial (força motriz), residen-

cial (iluminação) e público (ilumina-ção pública). Todo o processo é cen-trado na busca do mínimo impactotécnico, econômico, financeiro, so-cial, político e ambiental das ações(tarifação, regulamentação, informa-ção, auditorias, formação, gestão dademanda de energia). Por lei, 1% dareceita bruta das empresas deve obri-gatoriamente se destinar aos progra-mas anuais de eficiência energética,com ênfase em energia elétrica.

Alguns dos resultados práticosdo projeto foram a implementaçãodas operações de demonstração deforça motriz e a concepção da Uni-dade Móvel. O microônibus percor-re a área de concessão da AES Sulpara difundir o combate ao desper-dício de energia elétrica, promovero seu uso eficiente e disseminar asfontes renováveis de energia.

Conversão simulada: energia solar em elétrica

População ruralsem acesso àenergia elétricaRio Grande do Sul ... 27%São Paulo ................. 27%Paraná..................... 49%Minas Gerais ........... 67%Bahia ....................... 92%

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Tecnopuc transformaRS em pólo de pesquisa

Tecnologia

OParque Tecnológico da Pon-tifícia Universidade Católi-ca do Rio Grande do Sul,Tecnopuc, inaugurado ofi-cialmente em 25 de agosto,

estimulará a pesquisa e as inovaçõestecnológicas por meio de uma açãosimultânea entre os meios acadêmicoe empresarial. Empresas de diferen-tes portes, entidades, centros de pes-quisa da própria instituição de ensi-no e órgãos governamentais estarãoagrupados na área de 5,4 hectares doparque, no Campus Central da Uni-versidade, em Porto Alegre. Os inves-timentos feitos pela PUCRS na déca-da de 90 objetivando a qualificaçãodo seu quadro de professores (a Uni-versidade conta hoje com 500 douto-res e 915 mestres) e a aquisição daárea do 18º Batalhão de InfantariaMotorizada foram fundamentaispara este importante projeto.

Das grandes corporações, ânco-ras do Tecnopuc, estão instaladas aHewlett-Packard (HP) – com um Cen-tro de Pesquisa e Desenvolvimento,inaugurado em conjunto com o Par-que Tecnológico –, a Dell Computers– por meio de uma unidade de De-senvolvimento de Software – e a Mi-crosoft – com um Centro de Tecnolo-gia. A Incubadora Raiar, com inaugu-ração na segunda quinzena de setem-bro, proporcionará apoio logísticoespecial a micro e pequenas em-presas, com incentivodo Sebrae-RS.

por CARINE SIMAS — [email protected]

O Parque é multisse-torial, com ênfase inicialnas áreas de informática,energia, biotecnologia,saúde e física aplicada. Amissão do Tecnopuc é cri-ar uma comunidade depesquisa e inovação trans-disciplinar por meio dacolaboração entre acade-mia, empresas e governo,visando a aumentar acompetitividade dos seusatores e melhorar a quali-dade de vida de suas co-munidades. A visão daUniversidade com relaçãoao Tecnopuc é de que, em2010, o Parque será umareferência nacional e in-ternacional pela relevân-cia das pesquisas com amarca da inovação, pro-movendo o desenvolvimento técnico,econômico e social da região.

Novas empresasSegundo Jorge Audy, diretor da

Agência de Gestão Tecnológica ePropriedade Intelectual (AGT), ges-tora do Tecnopuc, diversas operaçõespassarão a funcionar nos próximosmeses. Em setembro serão implanta-dos a empresa espanhola de proprie-

dade intelectual ClarkeModet, o Núcleo de

Propriedade Intelec-tual da Faculdade de

Direito da PUCRS, assedes da Associa-

ção dos Jo-vens Em-presários dePorto Ale-

gre (Ajepoa) e daFederação dos Jovens

Empresários do RS (Fajers).

Para outubro, está previsto o iní-cio das operações das empresas detecnologia da informação (TI) DBServer, do RS, e Stefanini, de SãoPaulo. A programação de dezembroinclui a inauguração do segundo pré-dio da HP Brasil, englobando suasáreas de consulting e service, e de em-presas gaúchas de TI de pequeno emédio portes. Audy adianta que nopróximo ano os destaques serão asáreas de saúde e biotecnologia, asquais ganharão um espaço específi-co dentro do Parque de 3 mil me-tros quadrados.

O Tecnopuc é gerenciado pelaAGT e integra o Projeto Porto AlegreTecnópole, coordenado pela Prefei-tura da capital gaúcha. A infra-estru-tura física do parque é beneficiadapelos serviços disponibilizados noCampus da PUCRS, como centros deeventos, postos bancários, restauran-tes, hospital universitário e lojas.

Solenidade de inauguração do Tecnopuc

Norberto Rauch e Carlos Ribeiro,presidente da HP Brasil

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HospitalSão Lucas

CentroClínico

CentroEsportivo

ACESSOESTACIONAMENTO

ACESSOESTACIONAMENTO

ACESSO FUNCIONÁRIOS

TECNOPUCACESSOCHAMPAGNAT

N

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Alunos da PUCRS

Stand Calouros come“U

m lugar para fazer amiza-des, cantar a vida e pintaros sonhos”. Esse é o StandCalouros, criado em 1993,por iniciativa do Centro de

Pastoral Universitária. No segundosemestre deste ano, o Stand comple-tou uma década. Durante esse perío-do, cerca de 40 mil calouros foramrecepcionados pelas atividades de in-tegração realizadas no evento. Comoparte das comemorações, ocorreuum show com a banda Nenhum de Nós.

Além de todas as atividades cul-turais, o Stand promove a interaçãoentre alunos e professores. A finali-dade é recepcionar os calouros deuma maneira fraterna e calorosa.“Quando o Stand foi criado, haviamuitos trotes, às vezes de mau gos-to”, conta Alexander Goulart, coor-

denador do evento. O aluno tem àsua disposição uma equipe disposta aesclarecer dúvidas, conversar, cantare trocar experiências. Agentes dapastoral, monitores, veteranos e ir-mãos maristas, interagem com os ca-louros, na certeza de que a educaçãose dá por meio da presença amiga.

Na Universidade, além deum futuro profissional, deve-sebuscar o sentido da existência.E essa é exatamente a preocu-pação do Stand e da Pastoral:expandir os horizontes do es-tudante, apresentando novasoportunidades de confraterni-zação. “Queremos transmitir

Espaço de encontro e alegria

Acadêmicos do último semes-tre do curso de Odontolo-gia desenvolveram ativida-des de prevenção e educa-ção para a saúde bucal,

campanhas de profilaxia e higieni-zação em municípios do interior do

Estado, nasférias de in-verno. A inici-ativa integra oProjeto Lito-ral, que nesteano, pela pri-meira vez,atendeu tam-bém a municí-pios de outrasregiões. Alémde Morrinhosdo Sul, no Li-toral Norte,os trabalhosocorreram em

Rosário do Sul e São Francisco deAssis, na Fronteira Oeste do Estado.

Solidariedade nas fériasOs alunos são orientados pelos

professores Edgar Erdmann e DenisDockhorn, da Faculdade de Odonto-logia. O Projeto Litoral faz parte dosProgramas de Ações Comunitárias deExtensão da Universidade e ocorredesde 1989, sempre em cidades doLitoral Norte do Estado, com a par-ceria das prefeituras municipais. Paraa estudante Daniela Froener, queatuou em Morrinhos do Sul, o Proje-to permite o estímulo do raciocínio,frente às dificuldades encontradas.

Aproximadamente 19 mil pesso-as foram beneficiadas. Para EduardoValdez, acadêmico que atuou em SãoFrancisco de Assis, o mais importanteé o objetivo do projeto. “Além de pro-mover a assistência imediata à popu-lação, o trabalho dá condições paraque o município prossiga com asações”, comenta. As atividades ocor-reram simultaneamente ao ProjetoRondon/Canadá, pois em Rosário doSul e Caçapava do Sul aconteciam asações comunitárias de extensão.

Prevenção e educação

Desafio de robôs

Durante a 12ª Semana da Enge-nharia e 9ª Feira da Engenharia, foirealizada a 5ª edição do Desafio de Ro-bôs. Neste ano, a tarefa realizada pelasengenhocas foi atuar como robôs anti-bombas. Num tempo máximo de trêsminutos, a máquina deveria apertarum botão, que representava a bomba, erecolher os artefatos num local seguro,sempre obedecendo a regras determi-nadas. Participaram equipes do Colé-gio Marista Rosário, do Colégio Maris-ta de Criciúma (SC), da Fundação Uni-versidade Federal do Rio Grande(FURG), de Brasília (DF), além de umgrupo da Faculdade de Engenharia daPUCRS e outro de ex-alunos.

Foto: Divulgação

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mora dez anosao aluno o senti-mento de que,quando sai desua casa para ir àUniversidade,está saindo deuma família paraentrar em outra”,enfatiza o diretordo Centro dePastoral, Ir. Evi-lázio Teixeira.

Ao chegar no Stand, as turmas de calou-ros, com os professores, encontram um ambi-ente alegre e descontraído onde recebem asprimeiras informações sobre a PUCRS e aPastoral. São oferecidos espaços de integra-ção e expressão artística, como videoquê, pin-tura e desenho, sob a orientação de um artis-ta plástico, jogos e instrumentos musicais. “Éa oportunidade de revelar os talentos e lide-

ranças da turma”, co-menta Goulart.

Uma das inova-ções do Stand ao lon-go desses dez anosfoi a parceria comempresas, buscandotorná-lo mais dinâ-mico e interativo. Noevento costumam sersorteados entre os ca-louros cursos de in-

formática, em academia de ginástica, kits deroupas de surfe, diárias em hotel na Serra,além de muitos brindes. No primeiro semes-tre de 2003, a equipe da Pastoral compôs egravou em CD uma música especial para oStand. “Cresce a convicção de que a acade-mia, além da excelência intelectual, pode serum espaço para estimular a troca de idéias, aamizade e a alegria”, comemora Teixeira.

Acadêmicafaz estágiona Finlândia

A estudante Andréa deOliveira, do 9º semestre docurso de Engenharia Química,foi a única gaúcha escolhidapara realizar um estágio detrês meses na Finlândia. Elaestá atuando no DepartamentoTecnológico de Produtos Flo-restais, na área de Desenvolvi-mento de Papéis, na Universi-dade Tecnológica de Helsink.

A seleção foi feita pela As-sociação Brasileira Técnica deCelulose e Papel (ABTCP), queprocurava identificar acadêmi-cos ou recém-formados paraestagiar numa fábrica de Ce-lulose e Papel na Finlândia.Andréa participou de diversasetapas de um rigoroso recru-tamento. Na Finlândia, ela di-vide um apartamento com doisestudantes, um da Irlanda euma da Lituânia. A gaúchatem muitos planos para o fu-turo. Quando formar-se pre-tende voltar à Finlândia paratrabalhar em outras empresasdo ramo de celulose e papel.“Essa oportunidade me abriuportas, além de eu estar atu-ando com pessoas considera-das ‘papas’ no desenvolvimen-to de produtos florestais”, or-gulha-se.

Tobias, o robô-segurança. Controladapela internet, a engenhoca pode andar, cum-primentar as pessoas, transmitir imagens dolocal onde está e acionar dispositivos, comoligar aparelhos domésticos. Essa é a criaçãode um grupo de pesquisadores liderada pelomestre em Tecnologia da Informação (ênfaseem telecomunicações) do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, RafaelRehm, pelos acadêmicos de Engenharia Me-catrônica, Michele Smiderle e WilliamsDuarte, orientados pelo professor Jorge Gue-des Silveira, coordenador do Laboratório dePesquisa em Redes Metropoa PUCRS, com oapoio do professor Eduardo Giugliani.

O robô começou a ser construído em2001. Ele temapenas 95 cmde altura, pe-sa 18 quilos epode atuarcomo um vi-gilante mecâ-nico. Possuitrês câmerasque funcio-

Equipe cria robô guiado pela internetnam como olhos. “Uma pessoa em seu tra-balho, por exemplo, poderia ver o que estáacontecendo em casa”, explica Rehm. Pormeio do mouse do computador, é possívelmover Tobias em qualquer direção e fazê-loligar um alarme ou acender luzes.

O robô reúne, numa única estrutura,mobilidade terrestre, sistemas de segurançapor transmissão de vídeo, sensoreamento, te-lemetria (técnica da obtenção, processamen-to e transmissão de dados a distância) e a au-tomatização de dispositivos controlada viainternet. Além disso, pode realizar telediag-nóstico para atendimento médico e a simula-ção do tráfego nas ruas da cidade. Em breve,ele poderá ser acionado pelo telefone celu-

lar; atuará comointerlocutor, per-mitindo que pes-soas conversem,através dele, pelainternet e pode-rá perseguir umobjeto pela visu-alização de suaimagem.

Show com a banda Nenhum de Nós

Foto: Arquivo Pessoal

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Alunos da PUCRS

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Música e diversão no Clips

Estagiários do Centro deProdução Multimídiada Faculdade de Co-municação Social cria-ram, em julho, o pro-

grama Clips & Clips, com mui-tos videoclipes de artistas naci-onais e internacionais. A produ-ção é veiculada pela UNITV (ca-nal 15 da NET) diariamente, apartir do meio-dia, apresentadapor estudantes de Jornalismo ePublicidade e Propaganda.

Auxiliados pela CentralTécnica da Famecos, eles sãoresponsáveis por toda a pro-dução, elaboração e realiza-ção do novo programa. “Tra-balhando juntos, colocamoso programa no ar”, orgulha-se a estudante do 5º semes-tre de Jornalismo, Ana Bren-ner. Para realizar procedi-mentos técnicos, como cap-tação de imagens, edição devídeo e áudio digitais e pro-Programa vai ao ar pela UNITV, canal 15 da NET

Monografias premiadasO concurso de monografias promovido pelo Projeto Soli-

dariedade sobre o tema da Campanha da Fraternidade desteano, Fraternidade e Pessoas Idosas, premiou os alunos vencedo-res com dinheiro e igual valor em abatimento nas mensalida-des escolares. Conquistou o 1º lugar – Maria Izabel Teixeira,da Faculdade de Educação (R$ 1,5 mil); o 2º lugar – AnaFrancisca da Silva, da Faculdade de Comunicação Social(R$ 1 mil); o 3º lugar – Ezequiel Dal Pozzo, da Faculdade deTeologia (R$ 500) e o 4º lugar – Patrícia Pitta, da Faculdadede Letras (R$ 250).

Equipe de Futsal venceTorneio Universitário

O time de futebol de salão da PUCRS foi o campeão doTorneio Universitário, promovido pelo Centro UniversitárioLa Salle. Participaram da competição equipes da Unilasalle,UFRGS, Unisinos e Ipa. Na final, a PUCRS venceu por 3x2 o

Ipa. Este é osegundo títuloda equipe. Em2002, o grupoconquistou oprimeiro lugarno campeonatode aniversárioda Faculdadede EducaçãoFísica e Ciênci-as do Desportoda PUCRS. O

time de futsal existe há dois anos, é treinado pelo professorRogério Voser, e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Assun-tos Comunitários.

Final: PUCRS venceu o Ipa por 3x2

Prêmios

Qualidade de softwareMicros e pequenas empresas de software têm uma nova possi-

bilidade para garantir a qualidade de produtos a seus clientes. Oprojeto Gerenciamento de configuração de software em micros e pequenasempresas de informática propôs a elaboração de um manual de im-plantação do gerenciamento de configuração de software, com baseem padrões internacionais de qualidade e utilizando software livre.

Idealizado pelo gerente de desenvolvimento da Surya Tecno-logia e Serviços Ltda, Luiz Parzianello, orientado pelo coordenadordo Laboratório de Sistemas, Sinais e Computação (SiSC), RubemFagundes, e realizado pelo estudante do 7º semestre de Engenha-ria Elétrica, André Balen, o projeto foi escolhido o melhor daregião sul na 4ª Edição do prêmio Bolsas CNI/IEL – Sebrae –CNPq para o Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico de Micros ePequenas Empresas. O trabalho possibilitou a integração universi-dade/empresa, obtendo resultados práticos em sua utilização. Osistema permite que vários usuários troquem informações pelo com-putador, além de identificar quem realizou alterações ou acrescen-tou dados. A pesquisa comprovou que é possível ter um ambientede alta produtividade baseado em software livre. A empresa Suryaadotou o novo método e o SiSC organiza-se para implantar o pro-jeto. “A idéia é nos qualificarmos como futuros consultores paraempresas em desenvolvimento”, planeja Fagundes.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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& Clipsdução em DVD, o grupo foi treina-do pelo professor Eduardo Pellan-da. “A cada passo aprendemos maise é muito gratificante ver que nossotrabalho deu certo”, comemora Fa-bio Carvalho, do 4º semestre de Pu-blicidade. Esse é o primeiro traba-lho dos alunos, orientados pela co-ordenadora do curso de Jornalismo,Mágda Cunha, e pelos professoresPellanda e João Barone. O progra-ma também é apresentado em horá-rio alternativo, às 23h.

Ciência daComputação

Dois recém-formados no curso de Ciência daComputação foram premiados, com o 3º lugar,no 22º Concurso de Trabalhos de Iniciação Cientí-fica, promovido pela Sociedade Brasileira de Com-putação. O trabalho de conclusão dos alunos Ma-theus Carvalho e Ricardo Czekster apresen-ta uma ferramenta computacional para auxiliar pro-fissionais da saúde na visualização de imagens mé-dicas. A pesquisa Uma ferramenta interativa para vi-sualização e extração de medidas e imagens médicas foiorientado pela professora Isabel Manssour e apre-sentou o sistema MedScape, que consiste na imple-mentação de um programa para visualizar imagens,como as de ressonância magnética e tomografiacomputadorizada. “Essa ferramenta oferece umasérie de funcionalidades, como o cálculo de distân-cias, ângulos, áreas e perímetro”, explica Czekster.Os dados foram fornecidos pelo Centro de Diag-nóstico por Imagens do Hospital São Lucas.

Carentes conhecem o computadorPor meio de convênio entre o Programa de Voluntariado da ONU e a PUCRS,

duas estudantes do curso de Pedagogia Multimeios e Informática Educativa da Facul-dade de Educação estiveram em Natal, no Rio Grande do Norte, realizando o pro-jeto Inclusão Digital. Durante um mês, Daniela Dullius e Angela Ribas, do 6º semes-tre, proporcionaram a 30 meninas de rua o primeiro contato com o computador. Asações foram desenvolvidas na instituição não-governamental Casa Renascer, que aco-lhe crianças e adolescentes, do sexo feminino, em situação de risco pessoal e social. En-sinaram noções básicas de como trabalhar no Word, desenhar no Paint, e utilizar cor-reio eletrônico e internet. “O ‘mundo tecno-lógico’ encantou as meninas, que puderamver além de sua condição de maus-tratos emiséria”, avalia Daniela. Em setembro e ou-tubro, o trabalho será realizado na Vila SãoJudas Tadeu, em Porto Alegre, em parceriacom a Casa Marista Ir. Donato, com adoles-centes da comunidade, que também partici-parão do projeto Primeiro Emprego.

Foto: Felipe Renon

Foto: Arquivo Pessoal

PrêmioJacinthoGodoy dePsiquiatria

Grupo de pesquisadores formadopela estudante do 8º semestre de Me-dicina, Fernanda Lia Ramos, pe-los psiquiatras Miriam Brunstein eEduardo Ghisolfi e coordenado peloprofessor Diogo Lara, recebeu o prê-mio Dr. Jacintho Godoy na 9ª Jorna-da de Psiquiatria da Região Sul e 6ªJornada Gaúcha de Psiquiatria. O tra-balho Tratamento adjuvante com alopu-rinol em pacientes esquizofrênicos com res-posta terapêutica insatisfatória a antipsi-cóticos constatou a eficácia de umanova droga para o tratamento de pes-soas com esquizofrenia. O estudo foirealizado com 35 pacientes, sendo que23 completaram as 12 semanas dapesquisa. Constatou-se que 40% deles,apresentaram melhora clínica conside-rável no tratamento com o alopurinol.Outros acadêmicos de Medicina par-ticiparam da pesquisa, além de psiqui-atras e um psicólogo. O grupo desen-volve ainda um projeto de extração deDNA em pacientes com esquizofreniapara avaliar a relação entre genética ea doença, além de trabalhos com mo-delos animais para esquizofrenia e ou-tro sobre demência de Alzheimer.

Festivalde Cinema

Três produções da Faculdade de Co-municação Social foram premiadas com oGalgo de Ouro na 11ª edição do GramadoCine Vídeo – Festival Brasileiro de Vídeo Uni-versitário e Independente. Na categoria Ví-deo Universitário Gaúcho, o filme QualquerLugar, de Gisela Rodrigues, recebeu o prê-mio de Melhor Ficção. O Melhor Vídeo Publi-citário foi para Romeu e Julieta, produzido porMatheus Philip. Nossa Senhora das Artes, deCíntia Araújo, foi premiado como o Me-lhor Vídeo Institucional.

Os curtas-metragens Cúmplices e PelaRua, produzidos por alunos das OficinasExperimentais de Cinema, foram sele-cionados para Mostra Gaúcha do 31º Festi-val de Gramado – Cinema Brasileiro e Lati-no. O filme Cúmplices foi produzido em 2001,dirigido por Davi Pinheiro e Ana Bia-vaschi. Pela Rua foi filmado em 2002 e tevea direção de Dimitre Lucho e MicheleMaurente.

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ação

/Cúmplices

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Cinco novostítulos

Lançamentos da Edipucrs

DE ABELARDO A LUTERO– ESTUDOS SOBRE

FILOSOFIA PRÁTICANA IDADE MÉDIA

Luis Alberto De Boni384p. – Coleção Filosofia 161

O livro, de vasta erudição e singularprecisão argumentativa, aborda a filoso-fia prática no período que se estendede Abelardo a Lutero. A leitura do tex-to evidencia categoricamente que nãohá como se entender a Modernidade,sem uma compreensão adequada da fi-losofia medieval.

PSIQUIATRIAPARA ESTUDANTES

DE MEDICINAAlfredo Cataldo Neto

Gabriel José Chittó GauerNina Rosa Furtado (Orgs.) – 944p.

A constatação de que os livros-texto depsiquiatria são complexos e de difícilentendimento para alunos, gerou nosautores a idéia de trabalhar no projetode elaboração de um livro atual, básico ede conteúdo científico consistente, masque também representasse o pensamen-to dos psiquiatras regionais. O livro éproduto dessa idéia, contando com aparticipação de 150 professores de 20universidades brasileiras.

IMAGO TRINITATIS – DEUS,SABEDORIA E FELICIDADE. ESTUDOTEOLÓGICO SOBRE O DE TRINITATE

DE SANTO AGOSTINHOEvilázio Borges Teixeira

263p. – Coleção Teologia 25

O De Trinitate de S. Agostinho é uma obra de sínte-se, que orientou de maneira decisiva o pensamentoteológico e filosófico do Ocidente. A indagação teo-lógica vem acompanhada de um sério estudo daSagrada Escritura através da qual o Santo busca umainterpretação coerente e unitária do dado revelado.Nesse trabalho, Evilázio Borges Teixeira estuda aobra magna De Trinitate, de Agostinho, na qual omais importante é o caminho a percorrer, ou seja,Jesus de Nazaré.

TECNOLOGIAS DAINTERNET – CASOS

PRÁTICOS EM EMPRESASMírian Oliveira

Elisabeth Avila Abdala (Orgs.)210p.

Em função do impacto e determinis-mo tecnológico da internet neste sécu-lo, a obra objetiva resgatar conceitos eaplicações dessa tecnologia na socie-dade e organizações, de forma a opor-tunizar atualização e análise sobre opanorama da Internet no Brasil. O tex-to aborda vários estudos desenvolvidosa partir da aplicação dos recursos daInternet em empresas: comércio ele-trônico, treinamento corporativo à dis-tância, intranets, extranets, fatores in-ternos de atração em sites e ética naInternet.

CHEK LIST OF THEFRESHWATER FISHES

OF SOUTH ANDCENTRAL AMERICA

Roberto Reis / Sven KullanderCarl Ferraris (Orgs.) – 734p.

Trata-se de um inventário de biodiversi-dade dos peixes de água doce da Améri-ca do Sul e Central, também incluindoas ilhas do Caribe. O Check List possuidois objetivos imediatos: o de listar to-dos os táxons conhecidos para essa re-gião e o de estabelecer uma plataformapara manter o inventário atualizado.

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Mercado de Trabalho

Investigar os acontecimentoscom um olho no passado eoutro no presente. Essa é aprincipal função do histo-riador. A partir da análise

crítica de dados, documentos, fonteshistóricas e muita, mas muita pesqui-sa em museus, bibliotecas e arquivos,os historiadores reconstituem e inter-pretam o passado da humanidade.Hoje o graduado em História, alémda docência, pode atuar na organiza-ção e resgate de arquivos históricosde empresas e na assessoria a pesqui-sas de veículos de comunicação social.

Criada pelos gregos, por voltado século V a.C, a História surgiupara explicar a realidade através dosmitos. Estudiosos como Heródoto eXenofontes, porém, envolveram-secom a pesquisa e a busca da realida-de. Atualmente, é a ciência que estu-da a evolução dos indivíduos, grupose movimentos sociais, instituições,cultura, idéias, costumes ao longo dotempo e do espaço. O historiadoramplia a compreensão da condiçãohumana, pois resgata a memória dahumanidade e estabelece elos entrefatos do passado e a conjuntura atual.

Sua atuação cresceu através dosséculos. Como a maioria dos egressosde curso superior dedica-se à docên-cia, a maneira de abordar a Históriaem sala de aula mudou. Em favor dainterpretação dos acontecimentos,deixou-se de lado a ênfase em dataspara se evidenciar o entendimentodo cotidiano de nossos ancestrais.Curiosidade, organização, meticulo-sidade e espírito investigativo são es-senciais ao bom historiador.

O ensino absorve cerca de 90%dos graduados em História. A remu-neração varia de acordo com a insti-tuição, pública ou privada, e com a

HISTÓRIA

O estudo do passado paraa formação do presente

formação profissional. Em escolasparticulares do Estado, o piso salarialpara 20 horas semanais varia em tor-no de R$ 486,40 (Ensino Fundamen-tal – séries iniciais), a R$ 1.056,80(Ensino Superior – inicial). Nas uni-versidades particulares, um professorcom mestrado recebe um adicionalde 10% a 25% e com doutorado, de25 a 50%.

Na assessoria às emissoras de te-levisão, em novelas, minisséries, fil-mes épicos e documentários, o papeldo historiador é atuar como produ-tor para ambientar personagens, ori-entar figurino, decoração de interio-res e cenários externos, de acordocom a época da trama. Além disso,pode atuar como consultor para aimprensa. Ainda pode trabalhar emcentros de pesquisa e educação, nagestão de arquivos públicos e priva-dos. Órgãos de preservação do patri-mônio histórico, artístico e culturaltambém oferecem oportunidades aoshistoriadores.

O curso de História da Faculda-de de Filosofia e Ciências Humanasda PUCRS tem duração de quatroanos e foi criado em 1942. Em 2003,recebeu da avaliação do Guia do Es-tudante, da Editora Abril, o conceito“muito bom”, com quatro estrelas,considerados os aspectos currículo,estrutura e corpo docente.

Desde os primeiros semestres dagraduação, o aluno tem aulas práti-cas em laboratórios que proporcio-nam o contato com linhas de pesqui-sa estudadas no Programa de Pós-Graduação. Existem os Centros deEstudos e Pesquisas Arqueológicas, ode Pesquisas Históricas e o de Ima-gem e do Som. Nas disciplinas deTutoramento de Práticas de Ensino,criaram-se espaços de trabalhos para

os acadêmicos em escolas municipais,estaduais e particulares.

Projetos sociais multidisciplina-res, em parceria com a Pró-Reitoriade Assuntos Comunitários, estão sen-do pensados para dar reforço esco-lar, educação ambiental e cursos pré-vestibulares para comunidades ca-rentes. O pós-graduação em Histó-ria, que completa 30 anos em 2003,oferece cursos de mestrado e douto-rado na área de concentração Histó-ria das Sociedades Ibéricas e Ameri-canas e estará com inscrições abertasem outubro.

Onde cursarFaculdade de Filosofia eCiências Humanas – Cam-pus Central – Av. Ipiran-ga, 6681, prédio 5. Infor-mações: (51) 3320-3555,[email protected] ewww.pucrs.br/ffch.

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438434

Radar

OMestrado em Admi-nistração e Negó-cios (MAN), daPUCRS, desenvolveum projeto para

diagnosticar a competitivida-de das empresas fornecedo-ras de componentes de cou-ro, calçados e acessórios. Omapeamento proporcionaráque a cadeia produtiva da re-gião do Vale dos Sinos ajustesuas capacidades específicasàs demandas dos mercadosnacionais e internacionais,com diminuição de custo,prazos de entrega e oportu-nidades de melhorias na qua-lidade dos produtos.

A pesquisa, com recursosda Financiadora de Estudos eProjetos (Finep), terá a dura-ção de 18 meses. O projetofoi iniciado em julho com aassinatura de convênio entrea Universidade e as institui-ções parceiras, AssociaçãoBrasileira de Empresas deComponentes para Couro,Calçados e Artefatos, CentroTecnológico do Couro, Calça-dos e Afins e Centro Tecno-lógico do Calçado do ServiçoNacional de Aprendizagem

Programadiagnostica cadeiacouro-calçadista

Industrial. O projeto busca oaumento da interação entreos pólos calçadistas pela cri-ação de fontes de informa-ções eletrônicas. A Finep pre-tende incentivar os projetosde arranjo produtivo local(clusters) para contribuir como desenvolvimento das regi-ões. Os resultados poderãoser aplicados em outros cen-tros produtivos do país.

Parte dos recursos desti-nados ao projeto foi destina-da à montagem do Labora-tório de Gestão de Cadeias,que funcionará no MAN. Nolocal a equipe desenvolveráo software para a gestão dinâ-

mica de competitivida-de. Será possível fazer odiagnóstico do potencialda cadeia produtiva e ge-rar indicadores de com-petitividade relacionadosa fatores como custo deprodução, qualidade, pra-zo de entrega e canais dedistribuição. O sistema fazavaliações de tendênciasdo setor de moda, quali-dade, preço, equipamen-

tos de fabricação, insumos enecessidade de capacitaçãode profissionais.

O coordenador da pes-quisa, professor LeonardoRocha de Oliveira, diz que,quando finalizado, o modelopermitirá a análise perma-nente do setor. Participamtambém os professores PeterHansen e Mírian Oliveira, osalunos de mestrado NeusaMendel e Ricardo Feix e cin-co bolsistas de iniciação cien-tífica.

Software fará avaliações do setor

Foto: Divulgação

LattesPUCRSreúne produçãoacadêmica

Professores, estudantes, funcionários egraduados da PUCRS têm nova alternativapara a divulgação de informações curricu-lares e produção intelectual. A PlataformaLattesPUCRS é a versão avançada da Plata-forma Lattes Institucional-CV do CNPq,adotada pela Universidade. Cadastrando-se nesse sistema, o usuário garante o enviode seus dados, automaticamente, ao CNPqe à PUCRS, o que possibilitará o intercâm-bio com outros profissionais e instituições.

A Plataforma LattesPUCRS está estru-turada em quatro módulos: Currículos Lat-tes, Visualizador, Demografia e Classifica-ção Curricular. O primeiro serve à criaçãodo currículo pelo usuário. Esse sistema deveser instalado no disco rígido do computa-dor (http://puclattes.pucrs.br), no link Ins-talação do Sistema). Todos os passos a se-guir são orientados pelo programa. O Visu-alizador permite a seleção e análise de cur-rículos por diferentes critérios de busca. Omódulo Demografia exibe a produtividadede professores, pesquisadores, alunos e de-mais pessoas vinculadas à instituição. A Clas-sificação Curricular estabelece a classifica-ção de desempenho em pesquisas e demaisatividades acadêmicas, de acordo com asinformações dos currículos enviados.

Segundo o professor João Dornelles Jú-nior, um dos responsáveis pela implemen-tação do sistema, o importante, além docadastro de currículo, é mantê-lo atualiza-do. No final do ano, os dados das pesquisaspermitirão à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação emitir o Catálogo das Pesquisasde 2003.

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Bastidores

rabalhar na PUCRS signifi-ca para muitos a únicaoportunidade de ingressarno ensino superior e buscaraperfeiçoamento em diver-

sas áreas. Dos 1.403 funcionários dosCampi Central e Zona Norte, 536freqüentam cursos de graduação,38% do total. A Universidade ofere-ce o desconto de 75%. O primeirodependente do colaborador deixa depagar 75% e o segundo, 50%. Seten-ta e oito estão no pós-graduação,com as mesmas vantagens.

Quando veio para a Universida-de como funcionária, há um ano,Anelise Silva não imaginava que,além da conquista do emprego,poderia realizar o seu sonho e odo marido, Jeremias da Silva.Anelise é servente, trabalha noCentro de Pastoral Universitária ena Igreja Universitária CristoMestre. Aos 22 anos, está no 2ºsemestre do curso de Administra-ção de Empresas do CampusZona Norte. Como estuda à noi-te, fica mais perto de casa, em Al-vorada. “No início me sentia diferen-te como a única servente na turma,mas não me incomodo mais com isso,pois o ambiente é bom”, comenta. Nafamília não há ninguém com diplo-ma. Havia trabalhado como babá e

Funcionários buscamqualificação na PUCRS

Tservente no Hotel Plaza São Rafaelantes de vir para a PUCRS. O maridocursa o 2º semestre de História e éconferente numa transportadora.

Formada em Relações Públicaspela PUCRS, Sabrina Affonso, 24anos, ficou estimulada a trabalhar naUniversidade para continuar os estu-dos. Faz especialização em Marketing,o primeiro passo para tornar-se pro-fessora universitária. Também rea-lizou cursos de extensão em inglês eespanhol. Sabrina atuou como recep-cionista da Reitoria até agosto, quan-do foi promovida a secretária do pré-

dio 81. Cumpre a função não apenascom simpatia e munida de informa-ções: “Uso os instrumentos das Rela-ções Públicas para fazer um bom tra-balho”. Antes de formar-se, estagiouno Tribunal de Justiça por dois anos.

A intenção de ser professor uni-versitário também faz parte dos pla-nos de Paulo Alves, 31 anos, que tra-balha desde a inauguração no Cam-pus Zona Norte, há mais de quatroanos. Faz Licenciatura em LínguaPortuguesa. Conta que jamais havia seimaginado num curso de graduação,fato inédito na família. Casado e paide dois filhos, Alves pretende ser umexcelente professor. Quer tambémdedicar um dia por semana a dar au-las a crianças carentes e idosos que

não tiveram formação escolar. Alvesatuava nos laboratórios de informáti-ca até ser promovido em 2002, quan-

do passou para a secretaria admi-nistrativa. “Trabalhar no CampusZona Norte é estar com umagrande família, num ambientepequeno e acolhedor”, afirma.

Paulo Ferreira, 31 anos, tra-balha na PUCRS como vigilantehá mais de quatro anos e cursaEducação Física faz três semes-tres. Diz que no início os colegasachavam estranha a sua presen-ça na Faculdade, mas hoje apói-am o esforço de conciliar as duas

atividades. Apesar da falta de tem-po, Ferreira não deixa de jogar fu-tebol, basquete e vôlei, além de fa-zer musculação. Pretende no futuromontar umaacademia ouser professorem escolasou universi-dades. Atuoucomo autô-nomo naárea de in-f o r m á t i c a ,cobrador deônibus e co-pista de má-quina de xe-rox.Anelise cursa Administração

Sabrina faz especialização em Marketing

Paulo Ferreira:Educação Física

Paulo Alves é aluno da Letras

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P.R.G. descobrenovos valores

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Jovens recebemapoio paralargar drogas

Social

Mais da metade dos jo-vens atendidos peloSistema de Justiça daInfância e da Juven-tude de Porto Alegre

são usuários de droga. Pesqui-sa do Ministério Público (MP)do RS, realizada em 2002,constatou a drogadição em61% dos adolescentes. O pro-blema motivou a criação doProjeto de Atenção Especial aoAdolescente Infrator Usuáriode Droga, com o apoio daPUCRS, por meio do Institutode Toxicologia e da Faculdadede Psicologia.

O convênio iniciado noano passado foi oficializado emagosto, durante o seminárioAdolescência, drogas e o Sistemade Justiça, na Universidade.Para a experiência piloto, fo-ram selecionados 34 jovensque optaram entre deixar oprocesso judicial tramitandoou o tratamento contra a de-pendência química. A segun-da proposta envolveu trata-

mento com a participação dosfamiliares, avaliação de fre-qüência às entrevistas de mo-nitoramento pela equipe téc-nica do Sistema de Justiça ede freqüência escolar. O totalde 33 aceitaram, mas houveseis desligamentos e a experi-ência continuou com 27 ado-lescentes – todos usuários demaconha (59,3% usavam dia-riamente).

O termo de cooperaçãoprevê que os adolescentes emconflito com a lei e seus famili-ares serão encaminhados aoInstituto de Toxicologia e à Fa-

culdade dePsicologia. AFa c u l d a d edará atendi-mento aos jo-vens e aosseus familia-res por meiode reuniõesmotivacionais,técnicas deavaliação in-dividual dapersonalidadee entrevistaspara investi-gar as causas

que os levaram a cometer in-fração e procurar a droga. OInstituto de Toxicologia reali-zará o trabalho de análise toxi-cológica. Também dará apoiopara capacitação de profissio-nais do Ministério Público, ex-plicará o sobre o resultado dasanálises aos familiares do de-pendente e esclarecerá dúvidassobre tipos de drogas, efeitos ecomo lidar com o usuário.

P.R.G. tem 17 anos e foi um dos 27adolescentes integrantes do projeto pi-loto de Atenção Especial ao AdolescenteInfrator Usuário de Droga do MP emparceria com a PUCRS. Usou maconha,crack, loló e cocaína. A polícia o prendeuem 2002, com grande quantidade de dro-ga. Encaminhado ao MP, optou por fa-zer terapia. Hoje ainda fuma maconhanos finais de semana “por dependênciaquímica”, como afirma. Em tratamento,garante que o principal problema do de-pendente é acreditar que não consegueviver sem a droga. A mãe de P.R.G., Ma-ria Luíza, agradece a oportunidade dadaao filho: “Foi a melhor coisa que podiaacontecer”, diz. A seguir o depoimentodo jovem à revista PUCRS Informação:

“Comecei a usar droga aos dez anos.Nessa fase, a gente está descobrindo muitacoisa e meus vínculos eram diferentes, comtraficantes e até assassinos. Até hoje não es-tou totalmente em abstinência, mas só fumomaconha. De vez em quando fico até seis diassem fumar. Não sinto vontade. O corpo é quesente. No começo do tratamento tive um pou-co de dificuldade de me abrir para as tera-peutas. Condenava muito o uso de remédios,comparando drogas ilícitas com as lícitas. Fi-quei nessa por uns seis meses. Até o dia emque comecei a ver que a droga não me faziabem. Não conseguia estudar nem me relacio-nar com os colegas de trabalho. Em casa sem-pre foi um inferno, briga e desentendimentopor causa da droga. Daí eu comecei a ouviras terapeutas e me dar bem. Fiquei quatrosemanas sem fumar. Estou adquirindo outrosvalores. Queria dizer para quem usa drogaque a gente só começa a evoluir quando ouveoutras pessoas. As terapeutas me diziam queeu sentiria prazer na vida mesmo sem a dro-ga. Eu falava que não, mas nunca haviaexperimentado. Depois da abstinência, desco-bri que existem coisas sadias que dão maisprazer que a droga. O tratamento foi essenci-al para mim. Minha próxima meta é nãofumar nem no final de semana. Agora, se medá vontade de usar, eu vou ensaiar com omeu grupo de rap e andar de skate.”

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Memória

método de ensino utilizadopelos primeiros Irmãos Ma-ristas, no início do século19, preocupava-se com apresença do professor na

vida dos alunos, além da sala de aula.O canto, os jogos e o intervalo faziamparte da educação. Os castigos físicose morais eram proibidos e os apeli-dos estavam fora de cogitação paraevitar constrangimento. A escola en-sinava cálculo, escrita e leitura, comatenção voltada para a formação in-tegral da pessoa, incluindo os aspec-tos morais e religiosos. Esse estilomarista de educar, criado por Marce-lino Champagnat, acompanhou astendências pedagógicas e se difundiupor 74 países.

Na época, depois da RevoluçãoFrancesa (1789), a situação na zonarural era caótica. O mestre-escola nãocontava com remuneração nem reco-

nhecimento. Os alunos iam à escolaquando queriam ou os afazeres do-mésticos permitiam. As aulas tinhamde ser individuais porque os estudan-tes nunca estavam no mesmo nível. ACongregação Marista, recém-funda-da na França, procurou profissionali-zar as escolas, com a construção deespaço físico adequado e a padroniza-ção dos móveis, livros e material.

O livro Condutade Escolas Cristãs,edições de 1706 a1720 e de 1837, ex-punha com detalhesos modelos de com-portamento e a me-lhor maneira deapresentar os con-teúdos aos alunos.Atribuído a JoãoBatista de La Salle,foi um guia paraChampagnat prepa-rar os professores. Sua influênciaperdurou por dois séculos. A peda-gogia marista evoluiu, resultando napublicação, em 1853, do Guia das Es-colas dos Irmãos de Champagnat.

Champagnat recorreu ao ex-las-salista Cláudio Maisonneuve, conhe-cedor do método simultâneo. Essesistema se dirigia a todos os alunos ao

mesmo tempo. Um dos re-cursos didáticos era o sinal,instrumento de madeira queemite som. Servia para que oprofessor utilizasse a palavrasomente nos momentos maisimportantes, especialmenteno ensino do catecismo. Issopreservava a voz e valorizavao silêncio. Nas lições de leitu-ra o sinal indicava o livro aser utilizado, o momento detrocar de aluno e servia parademonstrar quando a pro-

núncia estava errada (com dois to-ques). Antes de começar os exercícios,a turma fazia o sinal da cruz. Ao to-que do professor, iniciava o trabalho.

O sinal foi reproduzido na Mar-cenaria da PUCRS para a SemanaChampagnat, em junho, por inicia-tiva do Ir. Adelino Martins, coorde-nador do Laboratório de Línguas daFaculdade de Letras e autor dos li-

A origem do estilomarista de educação

O

vros Estilo Marista de Educar, lançadoneste ano, e Contexto histórico e socialda obra educativa de Champagnat, de1989.

Houve oposição do método si-multâneo, ligado ao ensino católico,com o mútuo, surgido na Inglaterrae considerado laico e republicano.Na guerra que se travou, chegarama ser promovidos concursos salien-tando as qualidades de um e de ou-tro. O escritor Victor Hugo, entãocom 16 anos, participou, recebendoo sexto lugar da Academia Francesacom verso que defendia o métodomútuo. Nesse sistema, o professornão tinha muito contato com os alu-nos. Havia um monitor para cadaoito ou dez alunos. Mais tarde osdois sistemas (simultâneo e mútuo)fundiram-se.

O Ir. Adelino lembra que a esco-la marista abriu-se aos leigos, quehoje também são colaboradores daobra no mundo. O estilo marista deeducar é trabalhado no Projeto Re-flexões da PUCRS. Entre as suas ca-racterísticas destacam-se a visão doestudante como autor de seu própriocrescimento, a crença maior no teste-munho do que nas palavras e a aber-tura crítica aos avanços científicos eàs inovações pedagógicas.

Ilustração: F. Bonvin

O instrumento sinal sendo confeccionado

Foto: Ir. Adelino Martins

Método misto: simultâneo e mútuo, em 1873

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CIÊNCIASAERONÁUTICAS

A diretora da Faculdade de Ciências Ae-ronáuticas, Maria Regina Xausa, recebeu doQuinto Serviço Regional de Aviação Civil otítulo de Membro Honorário da Força AéreaBrasileira. A distinção é conferida às pessoasque prestam serviços relevantes à Aeronáuti-ca Brasileira. Nos dias 25 e 26 de outubro, aFaculdade promoverá dentro das comemo-rações de seus dez anos, a 1ª Jornada Nacio-nal de Ciências Aeronáuticas, reunindo alu-nos e professores dos cursos de todo o Brasilque apresentarão trabalhos.

POESIAA professora Maria Eunice Moreira, da

Faculdade de Letras, organizou a obra UmaVoz ao Sul, pela editora Mulheres. O livropublica os versos de Maria Clemência Sam-paio, uma pioneira da literatura rio-gran-dense e a primeira poetisa do Estado.

LITERATURAAs Representações Literárias da Nação, His-

tória da Literatura e Estudos Culturais e Teoriada Literatura e História da Literatura: Media-ções e Contatos são alguns dos temas a seremtratados no 5º Seminário Internacional deHistória da Literatura, de 7 a 9 de outubro.A conferência de abertura será realizada porEttore Finazzi-Agrò, da Universidade deRoma La Sapienza, Itália. A promoção é doPrograma de Pós-Graduação da Faculdadede Letras. Informações: (51) 3320-3676.

SALA DE IMPRENSA

A Assessoria de Comunicação Social (As-com) da Universidade implantou uma Salade Imprensa Virtual. No site www.pucrs.br/imprensa estão disponíveis notícias atualiza-das, agenda de eventos, sugestões de pautaspara a imprensa e fotos da Universidade ede eventos. Por intermédio da Sala, é possí-vel cadastrar-se para receber os releases diári-os da Ascom e entrar em contato com a As-sessoria. O boletim semanal PUCRS Notíci-as, na íntegra, também está disponível naInternet, no endereço www.pucrs.br/boletim.

DIREITOS HUMANOS

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Sinopse

MATRÍCULASVIA INTERNET

No período de matrículas da Universi-dade, em julho, dos 33.334 estudantes, 6.104garantiram sua vaga nas disciplinas que pre-tendiam cursar utilizando a internet. A redeinterna (intranet) da PUCRS foi usada por13.923 acadêmicos. Dados do CPD daPUCRS mostram que 96 alunos em viagempor 14 diferentes países, incluindo Alemanha,Inglaterra, Nova Zelândia, República Domi-nicana e Suíça, usaram a rede para o proces-so. Uma das facilidades do sistema é que osestudantes puderam adicionar ou excluir dis-ciplinas até o último dia da matrícula.

MEDICINA ESPORTIVAA Faculdade de Educação Física e Ciên-

cias do Desporto lançou o curso de especiali-zação em Medicina Esportiva e Ciências daSaúde. O objetivo é capacitar profissionais dasaúde (Educação Física, Medicina, Fisiotera-pia, Nutrição, entre outros) a atuarem utili-zando o exercício físico como instrumento deprevenção, tratamento e reabilitação de do-enças cardiovasculares, endócrinas e respira-tórias. Também busca formá-los como pesqui-sadores e docentes em nível superior.

ALIMENTAÇÃONos dias 15 e 16 de outubro, o Projeto

Solidariedade e o Serviço de Nutrição doHSL realizam a Semana da Alimentação2003, em parceria com a Emater, Fórum Es-tadual de Segurança Alimentar NutricionalSustentável, entre outras entidades. O temacentral do evento é a aliança internacionalcontra a fome, que enfatiza a necessidade deuma mobilização mundial para criar a von-tade política de combater a fome.

COMUNICAÇÃOA Faculdade de Comunicação Social re-

ceberá o prêmio Luiz Beltrão 2003, catego-ria Instituição Paradigmática, concedido pelaIntercom – Sociedade Brasileira de EstudosInterdisciplinares de Comunicação. A entre-ga ocorre em setembro, em Belo Horizonte,durante a 26ª edição da Intercom, principalevento brasileiro de comunicação, que reúneprofessores, pesquisadores, profissionais e es-tudantes de Comunicação do Brasil e do ex-terior. A PUCRS sediará a edição de 2004.O coordenador do Programa de Pós-Gradu-ação em Comunicação Social, Juremir Ma-chado da Silva, foi eleito vice-presidente daAssociação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), ges-tão 2003-2005. O presidente é André Le-mos, da Universidade Federal da Bahia.

O Núcleo de Assessoria Jurídica Popular(Najup), formado por estudantes de Direito,propôs um “trote” diferente aos calouros. Ogrupo distribuiu uma cartilha elaborada juntoà Comissão de Cidadania e Direitos Humanosda Assembléia. O material mostra que o estu-dante deve se preocupar, desde o começo docurso de Direito, com a garantia e a defesados direitos fundamentais das pessoas.

TEOLOGIAA Faculdade de Teologia promoveu o

Ciclo de Conferências A Santíssima Trindadee o Terceiro Milênio do Cristianismo, com oteólogo e escritor italiano Bruno Forte,membro da Comissão Teológica Internacio-nal e professor titular de Teologia Dogmáti-ca na Pontifícia Faculdade de Teologia daItália Meridional. Com a Pastoral Litúrgicado Vicariato de Porto Alegre a Faculdaderealizou o Encontro de Formação Litúrgica,com o doutor em Liturgia, Frei AlbertoBeckhäuser.

DELLO Software Development Center (SDC)

da Dell Brasil completou um ano de transfe-rência para o Tecnopuc. O Centro desenvol-ve projetos e atende à demanda de softwarespara várias aplicações, incluindo processosde gestão que otimizam a operação da Dellno Brasil e no exterior. O SDC brasileiro é aprimeira unidade de produção de softwaresda empresa fora dos EUA. Na comemora-ção, houve a entrega de um software desen-volvido por um funcionário da Dell, volun-tariamente, para cadastramento de voluntá-rios dos programas da Pró-Reitoria de As-suntos Comunitários.

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INFORMÁTICAA PUCRS ingressou na Federação Gela-

to, por intermédio do Centro de Pesquisa emAlto Desempenho da Faculdade de Informáti-ca. A Gelato é uma organização mundial quereúne instituições dedicadas à pesquisa, comobjetivo de fomentar o desenvolvimento desoluções na área de computação para cientis-tas e grupos que trabalham com a plataformaLinux Itanium, juntamente com o sistema ope-racional GNU/Linux. A Gelato colocará à dis-posição da comunidade científica em seu por-tal (www.gelato.org), soluções de software aber-to desenvolvidas pelas instituições filiadas oupor outras que contribuam no grupo.

DEFENSORIA PÚBLICAA PUCRS e a Defensoria Pública da

União assinaram convênio de estágio que be-neficiará alunos do curso de Direito matricu-lados a partir do sétimo semestre. O objetivoé propiciar aos estudantes a prática proces-sual, o aperfeiçoamento técnico, cultural e ci-entífico por meio de atividades curricularese extracurriculares junto aos defensores pú-blicos da União. O estágio do aluno será su-pervisionado e avaliado pelo Departamentode Prática Jurídica da Faculdade de Direito.

MUSEUO Museu de Ciências e Tecnologia da

PUCRS, com o apoio da Vitae e do ConselhoBritânico, promove o Workshop Internacionalsobre Museus e Centros de Ciência, de 6 a10 de outubro. O evento, que reunirá insti-tuições do Brasil e do exterior, tratará dodesign e da construção de experimentos in-terativos para museus de ciências.

LINGÜÍSTICAO grupo de pesquisa em simulação co-

nexionista do Centro de Pesquisas Lingüísti-cas do Programa de Pós-Graduação da Fa-culdade de Letras participou do 17º Con-gresso Internacional de Lingüística, realiza-do em Praga, República Tcheca, no workshopcoordenado pelo professor José MarcelinoPoersch. A docente Adriana Rossa abordou aAnálise da semântica latente e consciência lin-güística, Carlos Rossa tratou sobre Implicatu-ras pragmáticas nos verbos modais em inglês: umaabordagem conexionista e Poersch falou sobreO significado e o funcionamento das redes neuro-niais conexionistas. A PUCRS foi a única uni-versidade brasileira a ter um workshop aceitopara esse evento e está cotada para sediar apróxima edição do congresso, em 2008.

CIBERESPAÇODa aldeia global ao ciberespaço: As tec-

nologias do imaginário como extensão do ho-mem foi o tema do 7º Seminário Interna-cional de Comunicação, ocorrido em agos-to. Entre os conferencistas estiveram Pier-re Lévy, Federico Casalegno, James Che-sebro, Derrick de Kerckhove, Liss Jeffrey,Gaëtan Tremblay, Lucia Santaella e AndréLemos.

INFORMÁTICAEDUCATIVA

O artigo Ambientes virtuais de aprendi-zagem: o desafio de novos traçados na produ-ção do conhecimento como criação, escrito porprofessores da PUCRS Virtual, foi premia-do no 6º Congresso da Rede Ibero Ameri-cana de Informática Educativa, realizadoem Vigo (Espanha). O texto de MarilúMedeiros, Gilberto Medeiros, Joyce Perni-gotti, Rubem Vargas, Anamaria Colla, Ma-ria Bernadette Herrlein e Beatriz Franciosianalisa como uma universidade de grandeporte institui campos de virtualidade emseus processos de ensino-aprendizagem, ba-seando-se em suas experiências em educa-ção à distância.

VERA SÔNIACoordenadora do Programa

Vida com Qualidade, a mestre emSociologia e professora da Faculda-de de Comunicação Social, Vera Sô-nia Santos, faleceu no dia 11 de ju-lho, aos 53 anos. Atuando na Insti-tuição desde 1990, era também as-sessora de Ações Comunitárias daPró-Reitoria de Assuntos Comunitá-rios e doutoranda em Ciências daComunicação Social na Universida-de El Salvador (Argentina).

IVANE HERNÁNDEZA professora Ivane Hernández,

da Faculdade de Educação, faleceuem 8 de junho. Em l973, concluiu aLicenciatura Plena em Português eEspanhol, na PUCRS, quando rece-beu a distinção Láurea Acadêmica.Durante vários anos foi vice-diretorada Faculdade, além de coordenado-ra do Núcleo de Educação de Jovense Adultos na Unidade.

IR. MODESTO GIROTTOO profes-

sor Ir. ModestoGirotto, que fa-leceu em 29 dejunho, desde2003 moravana Casa de Re-pouso São José,em Viamão. Ir.Modesto nas-ceu em 1919,em Vila Segre-do (distrito deVacaria), e aos12 anos entroupara o seminá-

rio marista. Formado em História, Geografiae Jornalismo, ministrou aulas, e também foio primeiro diretor da DIR, pró-reitor interi-no de Assuntos Comunitários e o primeiroprefeito do Campus universitário. Nos últi-mos anos, exerceu suas atividades em Benja-min Constant (AM), Bento Gonçalves e San-ta Cruz do Sul (RS).

IR. MAINAR LONGHIO professor Ir. Mainar Longhi, assessor

da Reitoria da PUCRS e presidente do Insti-tuto de Cultura Hispânica do Rio Grandedo Sul, faleceu dia 3 de julho. Nasceu em 23de julho de 1938 na Vila Segredo, distritode Vacaria. Aos 12 anos ingressou no semi-nário marista. Formou-se em Letras e obteveos graus de mestre e doutor. De 1970 a 1997,foi diretor e professor da Faculdade de Le-tras da PUCRS. Lecionou também LínguaPortuguesa e Literatura Brasileira na Facul-dade de Comunicação Social.

Obituário

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Perfil

Oeconomista Carlos Nelsondos Reis, professor daPUCRS há 18 anos, assu-miu em junho como diretoradministrativo-financeiro

da Fundação de Amparo à Pesquisado Estado do Rio Grande do Sul (Fa-pergs). Aos 52 anos, doutor em Eco-nomia e com planos de fazer pós-doutorado na Espanha, é uma exce-ção por ter chegado ao topo na for-mação e na atuação acadêmica. Viveunas ruas dos 10 aos 12 anos e con-quistou seu espaço ao longo do tem-po na busca da inserção social de for-ma digna. A exclusão agora é temade suas pesquisas no Programa dePós-Graduação em Serviço Social daPUCRS. “Por mais que a sociedadetenha sido cruel comigo, procuro de-volver a ela uma avaliação qualifica-da para servir de base a iniciativas.”

Nascido em Porto Alegre, Reisfoi doado pela mãe antes do primei-ro ano de vida. Com a morte da pes-soa que o adotou, voltou para casa equatro anos depois foi acolhido poroutra família em Uruguaiana. Aosdez anos, a inquietação o trouxe no-vamente a Porto Alegre. Perambuloupelas ruas até ser acolhido na Casado Pequeno Jornaleiro, mantida pelaextinta Legião Brasileira de Assistên-cia (LBA), onde ficou dos 12 aos 17anos. Reis acredita que esse períodofoi determinante para a sua trajetó-ria. Tinha lugar para morar, estuda-va e vendia jornais.

Em 1968, começou a traba-lhar como auxiliar deserviços gerais daLBA. Saiu em 1974como técnico emContabilidade. Es-tudante de Econo-mia da PUCRS,pediu demissão

As dignas vitórias deCarlos Nelson dos Reis

para assumir na Fundação de Eco-nomia e Estatística (FEE) como as-sistente técnico. Formou-se em 1977e realizou especialização em Histó-ria do Rio Grande do Sul na UFRGS(1979), onde também concluiu mes-trado em Teoria Econômica (1986).Reis recebeu o título de doutor emPolítica Econômica da UniversidadeEstadual de Campinas em 1994. Or-gulha-se de ter sido o primeiro pro-fessor da PUCRS na sua área a con-tar com bolsa para o doutorado.

Emoção ao lecionarQuando começou a lecionar, em

1985, ficou muito emocionado: “Sepudesse fotografar, seria uma dasmais belas imagens do meu interi-or”. Reis conta ter sofrido precon-ceito no primeiro ano por meio deexpressões de surpresa, raiva e frus-tração. O professor passou a trans-formar a adversidade em mais ener-gia para vencer e conquistar seus ob-jetivos. Mas aos poucos a reação foidiminuindo e durando menos tem-po quando o conheceram. “Além devencer as restri-ções econô-micas e so-ciais, noBrasil éprecisou l t r a -

passar as barreiras às vezes da pró-pria etnia”, afirma.

Reis deixou em julho a coorde-nação do Departamento de Econo-mia da Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia daPUCRS, que ocupou por 13 anos.Cita como avanços da sua atuação acredibilidade do curso e a qualifica-ção do corpo docente (15 doutores,dez fazendo doutorado e 15 mestresdo total de 40 professores). Quandoassumiu o cargo havia somente a gra-duação. Hoje existem o Núcleo deEstudo e Pesquisa e o Mestrado emEconomia do Desenvolvimento.

Na Fapergs, com mandato detrês anos, tem o desafio de contri-buir para a reorganização interna dainstituição e o resgate da credibili-dade na comunidade científica. Reisintegrava o Comitê de Economia eAdministração da fundação represen-tando a PUCRS desde 1996. “Ao nãopriorizar a pesquisa científica e tec-nológica, os diferentes governantesdo Estado e do país também dei-xam de lado saídas sólidas e defini-tivas de crise”, alerta.

Divorciado, Reis tem um filho de22 anos que estuda Direito naPUCRS. Ficou na FEE até 1995, ten-do sido inclusive editor de Revista In-dicadores Econômicos. Atuou aindacomo professor do Programa de Pós-Graduação em Administração daUFRGS. Entre as honrarias, recebeuem 1994 o título de Cidadão Emérito

de Porto Alegre na Câmara Muni-cipal, e em 2001 o TroféuDeputado Carlos Santos,

da bancada do Parti-do Social Liberal, naCâmara Municipal,durante a 5ª Sema-na da Consciência

Negra.

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por ANA PAULA ACAUAN – [email protected]

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Eu estudei na PUCRS

Atrajetória profissional dePedro Motta, 30 anos, gra-duado em Ciências Aero-náuticas na PUCRS, foimuito além de uma bem-

sucedida carreira de piloto. Hoje eleé executivo de finanças da Astar AirCargo (ex-DHL Airways), em Miami,nos EUA, onde controla um orça-mento anual de US$ 300 milhões.Desenvolve modelos econômicos egerenciais para frotas de aviões 727 eDC-8, focado no planejamento estra-tégico, na captação de recursos nomercado de capitais, em fusões eaquisições. Seus projetos servem deapoio a decisões do alto escalão daempresa que, recentemente, foi ad-quirida por John Dasburg.

Motta nasceu em São Paulo, filhode profissionais ligados à pesquisa demercado, política e de audiência.Cresceu num ambiente que estimula-va o pensamento crítico e ético. A es-colha pela aviação foi mais emocionaldo que profissional. “Desde criançaera aficionado nas enormes estruturasmetálicas que desafiavam a gravida-de”, lembra. Seu sonho era ser pilotomilitar. Mas o destino o forçou a to-mar outro rumo. Quando terminou oEnsino Médio, o governo Collor sus-pendeu a admissão na Academia daForça Aérea. “Naquele momento de-cidi experimentar a aviação civil.”

Solução perfeitaComeçou a voar numa época em

que a aviação brasileira entrava emcrise. Em 1993, sem muita esperan-ça, soube da criação da Faculdadede Ciências Aeronáuticas da PUCRS.“Foi a solução perfeita, sempre bus-quei algo que expandisse meus ho-rizontes”, observa. No vestibular fi-cou como primeiro na lista de espe-ra. “Aquilo me frustrou de tal forma

Vôos mais altos para oex-piloto Pedro Motta

que determinei entrarde qualquer jeito na se-gunda turma, senão de-sistiria do curso.” Clas-sificou-se em primeirolugar.

Muitas de suas ha-bilidades, Pedro Mottaacredita ter desenvolvi-do e aprimorado na Fa-culdade. O discurso deapresentação da direto-ra Maria Regina Xausacausou-lhe um profundoimpacto. “Ela convidouos alunos a compartilha-rem suas visões de comoa Faculdade deveria sere abriu portas paraaqueles que quisessem se envolver”.A chance de ajudar o curso a se tor-nar especial entusiasmou Motta queatuou em projetos desde a expansãoda biblioteca até a implementação desimuladores de vôo. Aí começou aperceber o quanto gostava de proces-sos de gestão. “Tive apoio do corpodocente e da direção e me sentiaconfortável para opinar e criticarconstrutivamente.”

Na formatura, em agosto de1997, tinha emprego de piloto ga-rantido na Varig. Entretanto, saben-do que queria aventurar-se na áreade gestão, procurou uma empresa demédio porte na qual fosse possívelvoar e desenvolver habilidades deadministração. A Rio Sul foi a esco-lhida. Contratado como co-piloto,em pouco tempo estava atuando emdois projetos gerenciais. “Depois dedois anos sabia que precisava iniciarminha transição definitiva para aárea gerencial.”

Em 2000, enfrentou com sucessoum difícil processo de seleção paracursar um MBA na conceituada es-

cola de negócios norte-americanaKellogg. Mudou-se para os EUA ummês depois de casar-se com a farma-cêutica Daniela Difini. Adaptou-serapidamente ao ambiente e aos cole-gas formados em Harvard, Stanforde MIT. Como diretor do Clube dosTransportes, participou de um almo-ço com o presidente da DHL Airwayspara discutir o futuro da aviação decarga. “Saí do almoço com um convi-te para uma entrevista na empresa.”

Nos momentos de lazer, PedroMotta gosta de cozinhar com Danie-la, ler e brincar com seu cão, Jester.“Não tive mais tempo para voar, masplanejo voltar nos próximos anos, sóque como hobby.” O casal costuma virao Brasil três vezes ao ano, visitandoSão Paulo e Porto Alegre.

A receita de êxito de Motta é sercriativo, crítico e acima de tudo ético.Outra característica que ele conside-ra fundamental, em qualquer ramo,é a flexibilidade. “Por ser flexívelpude aproveitar as oportunidadesquando apareceram e alcançar maisdo que eu um dia planejei.”

por MAGDA ACHUTTI – [email protected]

Como aluno, visita a Airbus, na França

Foto: Arquivo Pessoal

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Ação Comunitária

Professores do Nú-cleo de Educaçãode Jovens e Adul-tos (Neja) da Fa-culdade de Edu-

cação desenvolvem açõesde formação de alfabetiza-dores na África. Além doacompanhamento e daavaliação de resultados,implantam uma estruturaque permite a continuida-de do processo de educação de jovense adultos. Desde a implementação dotrabalho, em 2001, foram alfabetiza-das 2.750 pessoas. Em julho, a profes-sora Jussara Loch esteve nas ilhas deSão Tomé e Príncipe realizando o se-gundo curso de capacitação e a tercei-ra visita de avaliação do projeto. Ainiciativa integra o Programa deAções Comunitárias de Extensão daPró-Reitoria de Assuntos Comunitá-rios da PUCRS atendendo ao convite

do Programade Alfabetiza-ção Solidáriado governofederal.

A pri-meira ativida-de com a par-ticipação daPUCRS ocor-reu em 2001,num projeto-piloto realiza-do com dez

turmas de alfabetizadores. Professoresda Faculdade de Educação, juntamen-te com a Universidade Brás Cubas, deSão Paulo, fizeram a seleção, capacita-ção e acompanhamento dos educado-res. Em agosto de 2002, iniciou-se asegunda fase do Programa, quandoforam selecionados 100 professoresde São Tomé e Príncipe, para realiza-

Professores capacitamalfabetizadores na África

rem o curso de capacitação de alfabe-tizadores. Nessa etapa, participaramtambém a PUC de Minas Gerais e aUniversidade Federal do Paraná.

Conforme a docente Maria Con-ceição Christófoli, as ações mobiliza-ram todo o país. “A extensão territori-al é de apenas mil quilômetros qua-drados, assim conseguimos atingirgrande parte do sistema educacionalde lá”, observa. Segundo ela, tambémfoi possível notar uma mudança noperfil da população, no sentido dacrescente busca pela educação e rei-vindicação de direitos. “Os alunos al-fabetizados não querem mais pararde estudar. A cada dia procuramaperfeiçoar os estudos”, orgulha-se.

Periodicamente professores daPUCRS vão a São Tomé e Príncipepara a avaliação e o acompanhamen-to do processo de formação de alfa-betizadores. O objetivo é adequar oprojeto de alfabetização às caracterís-ticas e necessidades específicas dopaís, para garantir a sua auto-susten-tabilidade. A professora JussaraLoch, juntamente com docentes dasoutras universidades brasileiras en-volvidas, realizou o assessoramentoaos técnicos do Ministério da Educa-ção. A finalidade é buscar alternativaspara a continuidade e ampliação des-se tipo de oferta de ensino. “Orienta-mos a elaboração de materiais educa-

tivos e acompanhamos otrabalho dos alfabetizado-res, com visitas às salas deaula e cursos de capacita-ção”, comenta Jussara.

Outros dois cursos decapacitação estão previstos,um em São Tomé para 90educadores e outro emPríncipe, para 45, sendodez do Programa de Alfabe-tização Solidária e 35 pro-

fessores da Rede Oficial de Ensino.O projeto de cooperação inclui

também o levantamento de dados epesquisas relativas à multiplicidadelingüística e inter-relação entre as di-versas línguas e dialetos vigentes nopaís. Na avaliação que realizaram,os alfabetizadores pedem novos cur-sos, com o aumento da carga horá-ria. “Vê-se a preocupação de traba-lhar temas que dêem conta de suassituações-limites, tais como a saúdeda população, trabalho, questão degênero e maternidade precoce”, res-salta Jussara.

São Tomé e Príncipe

Projeto alfabetizou 2.750 pessoas

População fala português

É o segundo menor país do conti-nente africano, atrás das ilhas Sei-cheles. A República Democrática deSão Tomé e Príncipe é um arquipé-lago que fica situado no golfo daGuiné, na costa oeste da África.Sua população é de 135 mil habi-tantes, 95% falam português e o ín-dice de analfabetismo chega a 27%.

Fotos: Divulgação

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Opinião

Apergunta que se faz, quan-do se tenta delimitar o fe-nômeno da violência, umdos mais preocupantes domundo atual, vincula-se a

sua complexidade. Ele pode estar li-gado a fatores culturais, econômicos,políticos ou psicológicos e biológicos,entre outros. Podemos dizer que aviolência é um elemento estrutural,intrínseco ao fato social e que apare-ce em todas as sociedades. De ummodo geral, os tempos atuais assis-tem a uma escalada da violência. Vi-vemos numa sociedade da velocidadedo imediatismo, o utilitarismo – dis-solve as formas de enquadramento eautocontrole do indivíduo solapandoo esforço em prol dos benefícios ime-diatos. As diferentes formas de espe-culação em vez da produção fazemcom que as sociedades se voltempara a transgressão dos princípioseticamente corretos.

No Brasil, como em outros paí-ses, observamos, com muita preocu-pação, o pensamento dominante detirar vantagem de tudo como em-blematicamente representa a “Lei doGérson”. Com a diminuição signifi-cativa das instâncias formais de con-trole social, igreja, sindicato, escola,família, assiste-se ao crescimento deguetos: famílias sem pai, tráfico dedrogas onde muitas vezes o trafican-te é o pai, produzindo níveis de vio-lência e delinqüência até então des-conhecidos. De outra parte, é possí-vel destacar que o ideal altruísta teveuma espécie de renascimento, pois,apesar de estar “fora de moda”, issonão impede que as pessoas se orga-nizem em prol de uma causa consi-derada justa. Em que pese ser a vio-lência um dos fatos mais preocupan-tes que levam a idéias apocalípticassobre o nosso tempo, é possível acre-

A complexidade dofenômeno da violência

ditar que se possa construir uma“nova” ética.

Por outro lado, se desejamosfazer progressos no sentido de re-duzir os índices de violência, neces-sitamos também considerar que ocomportamento é um processo di-nâmico de interação entre a fisiolo-gia e a experiência. Se uma entida-de merece uma atenção especial nodebate a propósito da violência, elaé o cérebro humano. Para que fun-cione adequadamente na vida adul-ta, o mesmo deve ser protegido defatores que prejudicam seu desen-volvimento.

A prevenção, que é a interven-ção mais precoce e eficaz, inicia-secom os cuidados pré-natais e o bem-estar físico e emocional materno. Ainvestigação de abuso de substânciase violência doméstica deveriam serconsideradas tão vitais como os ní-veis de tensão arterial. Nesse sentidoos estudos demonstram que criançasque foram abusadas e negligenciadasapresentam um risco aumentado deserem presas por um crime violentoquando adultas. As que tinham sidofisicamente abusadas eram as que ti-nham maior predisposição para co-meterem crimes violentos.

Também é impossível negar queos maiores avanços científicos das úl-timas décadas se deram na área daBiologia. Um exemplo é o ProjetoGenoma Humano que traz consigo apossibilidade de uma completa revo-lução nas relações sociais. E isto é es-pecialmente verdadeiro quando setrata de psiquiatria biológica. Não épossível detalharmos estes avançosaqui, mas em termos de comporta-mento violento as descobertas maisrecentes tratam especialmente dasquestões do comportamento agressi-vo-impulsivo e as alterações nos neu-

“ Com a diminuiçãosignificativa das

instâncias formaisde controle social,igreja, sindicato,

escola, família, assis-te-se ao crescimentode guetos: famíliassem pai, tráfico dedrogas e delinqüên-

cia até entãodesconhecidos. ”

GABRIELCHITTÓ GAUER

Professor Adjunto doDepartamento de Psiquiatria

e Medicina Legal e doPrograma de Pós-Graduação,

Mestrado em CiênciasCriminais, da Faculdade de

Direito da PUCRS

rotransmissores, hormônios e fatoresgenéticos envolvidos.

Conforme mencionado previa-mente, a violência origina-se de vá-rios fatores sociais, psicológicos e bio-lógicos. Somente através de uma lei-tura interdisciplinar podemos com-preender melhor este fenômeno.

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