público – 6666 – 01.07.2008

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Ter 1 Jul Edição Lisboa Terça-feira, 1 de Julho de 2008 Ano XIX, n.º 6666 Portugal: 0,90€ (IVA incluído) Espanha: 2,00€ (IVA incluído) Director: José Manuel Fernandes Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Paulo Ferreira The Frank Sinatra Collection Vol.6 A man alone. Hoje por apenas mais 6,90€ Ricardo Araújo Pereira Fomos vê-lo em palco e gostámos mais ou menos P2 Darwin A teoria da evolução faz 150 anos, mas há quem ainda tenha medo dela P2 Dívidas Trabalhistas leiloam ténis com Tony Blair P2 a Martin Creed é mais feliz quando vê alguém a correr e foi isso que propôs à Tate Britain, de Londres: até 16 de Novembro, de 30 em 30 segundos, vai haver sempre alguém a correr, como se a vida dependesse SHAUN CURRY/AFP Madeira de pinho em bruto terá de ser tratada previamente para poder sair do país a Todo o território português pas- sou a ser considerado afectado pe- lo nemátodo do pinheiro, a doença mortal que ataca estas árvores. A decisão foi tomada por legislação nacional e europeia que veio ainda obrigar ao tratamento a altas tempe- raturas de toda a madeira de pinho bruta que sair do país. O nemátodo foi identificado em 1999 na penínsu- la de Setúbal. Em 2007, na tentativa de resolver o problema, implemen- tou-se uma faixa de contenção que obrigou à remoção de todos os pi- nheiros bravos numa área total de 130 mil hectares. Já este ano foram detectados novos focos, o que obri- gou o Governo a proibir a exporta- ção de madeira não tratada. Agora, a Comissão Europeia considera que disso, nesta ala da galeria em que habitualmente está exposta a colecção de escultura neoclássica. “Gosto de correr. Gosto de ver pessoas a correr. A morte é a paragem absoluta e o movimento é a vida absoluta”, explica o artista. Work no. 850, a instalação com que a Tate retoma o programa de encomendas Duveens Commission, também é um comentário sobre a forma como vemos museus – e sobre a forma como o próprio artista britânico viu as Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo em menos de cinco minutos. A Tate recrutou 50 atletas semiprofissionais, que recebem 10 libras por hora para correr como se não houvesse amanhã. Governo e Bruxelas declaram todo o pinhal português afectado por doença mortal Tate De 30 em 30 segundos, alguém vai passar por aqui a correr PUBLICIDA DE Zimbabwe Líderes de África recusam criticar actos de Mugabe a Os dirigentes africanos reunidos em cimeira no Egipto ignoraram o apelo de Mandela e de outros estadis- tas para desautorizar Mugabe. Em vez disso, sugeriram-lhe conversações com a oposição. c Mundo, 16/17 Inflação recorde Prestações da casa crescem 70 euros num ano a Num ano a prestação mensal paga pelo crédito à habitação aumentou 70 euros. Com a subida da inflação, a escalada dos juros não tem fim e na quinta-feira o BCE deverá subir de no- vo as taxas. c Economia 36 e 37 “as medidas adoptadas até agora são inadequadas” e diz que não há dados suficientes para confirmar que, em Portugal, há zonas isentas de nemá- todo”. c Economia, 39

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Versão integral da edição n.º 6666 do diário “Público” que se publica em Lisboa, Portugal. Director: José Manuel Fernandes. 01.07.2008. Site do Instituto Superior Miguel Torga: www.ismt.pt Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Ter 1 Jul Edição LisboaTerça-feira, 1 de Julho de 2008Ano XIX, n.º 6666Portugal: 0,90€ (IVA incluído) Espanha: 2,00€ (IVA incluído)Director: José Manuel FernandesDirectores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Paulo Ferreira

The Frank Sinatra Collection Vol.6 A man alone.Hoje por apenas mais 6,90€

Ricardo Araújo Pereira Fomos vê-lo em palco e gostámos mais ou menos P2

DarwinA teoria da evolução faz 150 anos, mas há quem ainda tenha medo dela P2

DívidasTrabalhistas leiloam ténis com Tony BlairP2

a Martin Creed é mais feliz quando vê alguém a correr e foi isso que propôs à Tate Britain, de Londres: até 16 de Novembro, de 30 em 30 segundos, vai haver sempre alguém a correr, como se a vida dependesse

SHA

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FP

Madeira de pinho em bruto terá de ser tratada previamente para poder sair do paísa Todo o território português pas-sou a ser considerado afectado pe-lo nemátodo do pinheiro, a doença mortal que ataca estas árvores. A decisão foi tomada por legislação

nacional e europeia que veio ainda obrigar ao tratamento a altas tempe-raturas de toda a madeira de pinho bruta que sair do país. O nemátodo foi identificado em 1999 na penínsu-

la de Setúbal. Em 2007, na tentativa de resolver o problema, implemen-tou-se uma faixa de contenção que obrigou à remoção de todos os pi-nheiros bravos numa área total de

130 mil hectares. Já este ano foram detectados novos focos, o que obri-gou o Governo a proibir a exporta-ção de madeira não tratada. Agora, a Comissão Europeia considera que

disso, nesta ala da galeria em que habitualmente está exposta a colecção de escultura neoclássica. “Gosto de correr. Gosto de ver pessoas a correr. A morte é a paragem absoluta e o movimento é a vida absoluta”,

explica o artista. Work no. 850, a instalação com que a Tate retoma o programa de encomendas Duveens Commission, também é um comentário sobre a forma como vemos museus – e sobre a forma como o próprio artista

britânico viu as Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo em menos de cinco minutos. A Tate recrutou 50 atletas semiprofissionais, que recebem 10 libras por hora para correr como se não houvesse amanhã.

Governo e Bruxelas declaram todo o pinhal português afectado por doença mortal

Tate De 30 em 30 segundos, alguém vai passar por aqui a correr

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Zimbabwe

Líderes de África recusam criticaractos de Mugabea Os dirigentes africanos reunidos em cimeira no Egipto ignoraram o apelo de Mandela e de outros estadis-tas para desautorizar Mugabe. Em vez disso, sugeriram-lhe conversações com a oposição. c Mundo, 16/17

Inflação recorde

Prestações da casa crescem 70 euros num anoa Num ano a prestação mensal paga pelo crédito à habitação aumentou 70 euros. Com a subida da inflação, a escalada dos juros não tem fim e na quinta-feira o BCE deverá subir de no-vo as taxas. c Economia 36 e 37

“as medidas adoptadas até agora são inadequadas” e diz que não há dados suficientes para confirmar que, em Portugal, há zonas isentas de nemá-todo”. c Economia, 39

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Destaque2 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

União Europeia Presidência francesa começa hoje

Sarkozy na Alemanha com Angela Merkel, em Junho: o Presidente francês quer deixar uma marca indelévelUm tiro irlandês nas ambiçõesde grandezada França Sarkozy assume hoje a presidência da UE com as suas grandes ambições feridas pela rejeição irlandesa do Tratado de Lisboa e por uma conjuntura internacional de crise

Teresa de Sousa

a O antigo Presidente Valery Giscard d’Éstaing, que ninguém toma por um homem modesto, recomendava re-centemente aos franceses “alguma modéstia” para a sua presidência da União Europeia. Modéstia não é uma palavra que conjugue bem com a França nem, muito menos, com o seu actual Presidente, que assume a partir de hoje e nos próximos seis meses a presidência do Conselho Eu-ropeu. E, no entanto, Nicolas Sarko-zy passou o último ano a aprender o significado da palavra.

Começou com grandes planos ao serviço de um objectivo muito ambi-cioso: devolver à França o papel de liderança europeia que veio perden-do, por culpa própria e alheia, nos últimos anos. Imaginou a presidên-cia francesa como a abertura de uma nova era para uma nova Europa – a Europa do Tratado de Lisboa, que ele próprio ajudara a forjar e a cuja entrada em vigor tenciona presidir. Vai ter de realizá-la numa atmosfe-

ra ensombrada pelo não irlandês ao tratado e pela crise económica mun-dial, alimentada pelo preço dos com-bustíveis e dos bens alimentares.

Pelo caminho, Paris teve de ir ajus-tando os seus objectivos à necessi-dade de conquistar a aquiescência e a cooperação de Berlim.

“Partimos da ideia de que Nicolas Sarkozy ia mudar a Europa para aca-barmos numa visão mais realista so-bre o que uma presidência pode fa-zer”, disse à Reuters Olivier Louis, in-vestigador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

A França mantém-se fiel às qua-tro grandes prioridades que fixou para a sua presidência: energia/al-terações climáticas; imigração e asilo; defesa; e reforma da Política Agrícola Comum. Continua a insis-tir na ideia-força que elegeu para as enquadrar: que a Europa tem de demonstrar que é capaz de “prote-ger os seus cidadãos” – “protectora,

mesmo que não proteccionista”. Vai ter a sua União para o Mediterrâneo, solenemente oficializada em Paris, no dia 13 de Julho, numa cimeira que reunirá mais de 40 chefes de Estado e de Governo.

Mas o centro de gravidade da sua presidência estará definitivamente alterado pela tarefa urgente de resol-ver o problema irlandês. Em Paris, os analistas convergem em admitir que o élan inicial foi de algum modo quebrado.

Em Dublin, para ouvir“A dificuldade maior é que o Presi-dente Sarkozy apresentou o compro-misso de Lisboa como uma vitória pessoal e um sucesso da diplomacia francesa. Esperava que a entrada em vigor em Janeiro de 2009 das novas instituições [que o tratado prevê] servisse de plataforma à presidência francesa. Não será assim e o próxi-mo semestre será uma vez mais de-dicado a encontrar um novo artifício capaz de mudar a opinião da Irlan-da”, diz Bertrand Badie, professor em Sciences Po, no Le Monde.

Para concluir com uma nota de cep-ticismo: “Francamente, não creio que se possa esperar grande coisa desta presidência. A conjuntura mun-dial também se presta pouco as grandes iniciativas, num momento em que a presidência americana vai mudar (...).”

Nicolas Sarkozy estará em Dublin no dia 11 de Julho para ouvir as pre-ocupações dos irlandeses e dar um sinal de que a França as leva a sério. “Nada seria mais grave do que su-bestimar o não irlandês”, escreveu ontem no diário francês La Tribuneo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Jean-Pierre Jouyet, que é o homem-sombra e o homem-forte da presidência francesa.

O assunto não sairá da agenda eu-ropeia até Dezembro, altura em que o Presidente francês terá de apresen-tar aos seus pares uma solução que sirva a todos.

O “factor Sarko” Internamente, Nicolas Sarkozy quer recuperar a confiança dos cidadãos franceses com uma boa performan-ce europeia. Na Europa quer deixar uma marca indelével. Será um teste difícil.

As suas relações com Berlim não são as melhores. Já foi obrigado a reduzir drasticamente as suas am-bições para uma União Mediterrâni-ca para conseguir ter o apoio funda-mental de Angela Merkel (ver texto nestas páginas) e teve de desistir de uma cimeira dos países da zona euro, olhada na capital alemã como uma encenação para esgrimir contra o Banco Central Europeu.

Precisa de Londres para levar por diante os seus objectivos de relan-çamento da política de defesa euro-peia, mas tem em Gordon Brown um parceiro enfraquecido e hesitante (ver texto nestas páginas).

Queria o apoio de Madrid para o seu “pacto para a imigração”, mas o chefe do Governo espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, tem dificul-dade em partilhar a sua visão dema-siado restritiva.

Não poupará energia nem charme para vencer cada um dos obstáculos. Se isso será suficiente para garantir uma presidência europeia digna da “grandeur de la France” ver-se-á.

Sarkozyirá a Dublin para ouvir as preocupações dos irlandeses e dar um sinal de que a França as leva a sério

Energia e alterações climáticasO objectivo é negociar um “pacto” para a concretização das metas já definidas pelo Conselho Europeu para a redução das emissões de carbono e o aumento das energias renováveis (20 por cento, respectivamente, até 2020). Parece fácil porque as metas estão já fixadas. Mas não vai ser fácil porque há divergências profundas sobre a melhor forma de alcançá-las. É urgente, se a União quer ter um papel liderante na cimeira mundial de Copenhaga que, em 2009, fixará as regras para o pós--Quioto. A maior resistência, até agora, vem dos países da Europa de Leste, que vêem num novo compromisso um entrave para o seu desenvolvimento.

Pacto para a imigraçãoA França quer harmonizar as políticas de imigração através de um conjunto de medidas que visam controlar os fluxos migratórios, incentivar a imigração “escolhida” (qualificada e de acordo com as necessidades dos mercados laborais), impedir as regularizações maciças (como as que se verificaram em Espanha em 2005), facilitar a expulsão de ilegais e adoptar “contractos de integração”, com direitos e deveres, que os novos imigrantes terão de subscrever. Até agora, Paris ainda não conseguiu convencer Madrid a apoiar totalmente a iniciativa. A Espanha não quer assumir um compromisso tão peremptório em relação às regularizações e não

As quatro prioridades

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 3

JOERG KOCH/AFP

aceita o “contracto de integração”, que deverá acabar por cair da proposta francesa.

Defesa europeia Esta é uma questão emblemática para a França, que Nicolas Sarkozy liga ao anúncio do regresso do seu país à estrutura militar da NATO e para a qual espera contar com o apoio de Londres, quando passam 10 anos sobre a cimeira franco--britânica de Saint Malo que lançou a defesa europeia. Paris vai propor aos seus parceiros partilhar e racionalizar os recursos da defesa e a concretização de uma Força de Reacção Rápida de 60 mil homens. As dúvidas subsistem quanto à resposta britânica.

Reforma da PAC No quadro de um intenso debate sobre os custos crescentes da

alimentação e sobre a segurança alimentar, a França vai propor algumas novas ideias para a reforma da PAC, que já está em curso e que deverá estar concluída em 2013. A sua posição de partida é que a Europa deve produzir “mais e melhores alimentos” e que tem a obrigação de garantir

a sua independência alimentar. Terá de fazer grandes esforços para convencer alguns dos seus parceiros (os países do Norte, sobretudo) de que não se trata de proteccionismo. A questão prende-se também com a fase final as negociações de Doha no âmbito da OMC, que já abriram uma guerra surda entre a França e o comissário britânico responsável pelo Comércio, Peter Mandelson. Paris já fez saber, aliás, que vai “reunir em permanência” os ministros europeus responsáveis pelo comércio durante as negociações da OMC em

Genebra, no final do mês, para “acompanhar” em tempo

real o comissário. O tema chave é precisamente a agricultura e os subsídios europeus e americanos.

Berlim obriga Paris a reduzir ambições

União para o Mediterrâneo com arranque atribulado

a O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, garantiu ontem, num artigo publicado na imprensa alemã, que a França e a Alemanha partilham “uma posição idêntica” so-bre o que deve ser a União para o Mediterrâneo, que será lançada com pompa numa megacimeira em Paris, no dia 13. Falta dizer que foi preciso um longo percurso e muitas cedências da França para chegar até aí.

A ideia de uma União Mediterrâ-nica (era este o nome inicial e a mu-dança faz toda a diferença) nasceu há quase um ano no gabinete de Ni-colas Sarkozy no Eliseu e da cabeça de um dos seus mais polémicos con-selheiros, Henri Guaino. Pretendia restringir-se aos estados-membros do Sul de “sensibilidade mediterrâ-nica”, mais os países da margem sul do Mediterrâneo. Tinha o duplo ob-jectivo de contrabalançar o peso das políticas de vizinhança concentradas no Leste e, simultaneamente, dar à França uma área de liderança da ac-ção externa da Europa.

Para um país central da integração europeia que viu diminuir a sua in-fluência numa Europa cada vez mais alargada a favor de uma Alemanha reunificada, este seria um objectivo estratégico. Que irritou sumamente Berlim. Porque não foi consultada. e porque viu nesta iniciativa ape-nas uma forma de “contribuir para a grandeza da França com financia-mento europeu”. As relações entre Angela Merkel e o Presidente azeda-ram ao ponto de ameaçar contaminar toda a agenda francesa.

Em Bruxelas e nalgumas outras ca-pitais europeias, mesmo naquelas, como Madrid, Roma ou Lisboa, onde as relações com o Sul são vistas como fundamentais, o facto de Sarkozy ter em mente uma União que não inclui-ria a UE no seu conjunto e que igno-rava a existência da Parceria Eurome-diterrânica (o chamado Processo de Barcelona) lançada em 1995, também provocou algumas reticências.

Com a oposição da Alemanha, não restou outro caminho à França senão negociar com Berlim de forma a po-der contar com o seu apoio. A União

Mediterrânica mudou de nome, per-deu ambição e, sobretudo, passou a ser entre a UE e os outros.

As objecções do outro lado O segundo grande obstáculo que Ni-colas Sarkozy está a enfrentar prende--se com as reservas que ainda mani-festam alguns países da margem sul. O ataque mais feroz foi desferido pe-lo líder líbio Muammar Kadhafi, que considerou a iniciativa francesa “uma afronta”. Os turcos, que viram desde o início a União Mediterrânica como uma forma de lhes dar uma alterna-tiva à plena adesão, ainda não confir-maram a sua presença ao mais alto nível. Vários países do Magrebe, entre os quais a Argélia, pretendem clarifi-cações. Sobretudo sobre a presença de Israel e a coreografia do evento. “A União para o Mediterrâneo não deve servir para normalizar as relações en-tre Israel e os países árabes”, disse o

chefe da diplomacia argelina. Mas a presença de Ehud Olmert es-

tá confirmada. Sarkozy pensa mesmo encontrar outro sentido para a gran-de cerimónia de Paris, fomentando um encontro entre o primeiro-mi-nistro israelita e o Presidente sírio Bashar Al Assad e garantir um maior protagonismo francês (e europeu) nos esforços de paz no Médio Orien-te, numa altura em que a América es-tá mais ausente. Aliás, outra coisa que incomoda alguns países árabes é o facto de a UE ter elevado o nível das suas relações com Israel há escassas semanas sem a tradicional oposição da França, antes com o seu apoio.

Seja como for, depois de uma falsa partida, a diplomacia francesa ainda terá de fazer algum esforço para ga-rantir um sucesso. Quanto ao futuro, se a França conseguir elevar a impor-tância do Mediterrâneo na agenda da União e dar um novo impulso à par-ceria euromediterrânica, terá valido a pena o esforço.

Teresa da Sousa

ERIC FEFERBERG/AFP

Khadafi no Eliseu, pouco depois da cimeira UE-África de Lisboa

Kouchner garantiu ontem que aFrança e a Alemanha têm “uma posição idêntica” sobre a União para o Mediterrâneo

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Destaque

União Europeia Presidência francesa começa hoje

Sarkozy fez o que era preciso fazer para relançar a defesa europeia, mas ainda falta a resposta de Londres

Teresa de Sousa

A promessa francesa de regresso à NATO afastou as objecções dos EUA dos últimos obstáculos para o avanço da defesa europeia

a Dez anos depois da cimeira franco-britânica de Saint Malo, que colocou a primeira pedra numa política de de-fesa europeia, a França volta agora à carga com uma agenda ambiciosa para o seu relançamento. E deve di-zer-se que, neste domínio, Nicolas Sarkozy fez bem o trabalho de casa.

A sua aproximação à América e a promessa de que a França pode em breve regressar à estrutura militar da NATO (de onde saiu por decisão do general De Gaulle em 1966) resolveu o maior obstáculo político: o receio, partilhado por britânicos e america-nos, de que as ideias francesas sobre uma defesa europeia visassem ape-nas enfraquecer a Aliança Atlântica. Ao concluir o processo de revisão da doutrina de defesa da França, aproxi-mando-a da britânica e colocando-a num contexto mais europeu e atlân-tico, o Presidente francês provou que falava a sério.

A rejeição irlandesa do Tratado de Lisboa pode significar algum atraso para os planos franceses. Mas a ideia de criação de uma “cooperação es-truturada permanente” no domínio da defesa, prevista no tratado, tem o apoio de várias capitais da UE e se-

guirá o seu caminho.Sarkozy apresentará aos seus par-

ceiros europeus uma série de inicia-tivas concretas para reforçar as capa-cidades militares da Europa, numa abordagem pragmática que costuma ser do agrado de Londres. Quer re-forçar a Agência Europeia de Arma-mento, lançada em 2004, mas ainda bastante incipiente. Quer racionalizar e partilhar o armamento para colma-

tar as fragilidades europeias sem au-mentar exponencialmente os gastos. Em cima da mesa está a ideia de um acordo franco-britânico para uma fro-ta europeia de helicópteros e a ideia de criar um grupo europeu aeronaval à disposição da Europa, em torno de um porta-aviões britânico ou francês em permanência no mar.

Mas também o projecto de um Erasmus militar e de um Colégio

Europeu de Defesa para favorecer a emergência de uma cultura comum, em geral bem acolhidos.

Quartel-general polémicoA questão mais delicada pode ser a insistência francesa na criação de um quartel-general permanente em Bru-xelas (não mais de 50 oficiais) que ga-ranta à Europa os meios autónomos de planeamento e comando no caso

de missões militares exclusivamen-te europeias. Os ingleses continuam a torcer o nariz, argumentando que é uma duplicação de esforços e que basta pedir esses meios de emprés-timo à NATO. Do mesmo modo que não há grande entusiasmo britânico pela ideia francesa de pôr finalmente de pé a Força de Reacção Rápida de 60 mil homens, preparada para agir em qualquer parte do mundo, que os europeus aprovaram em 1999.

Sarkozy, que sabe que a defesa eu-ropeia só será construída a partir da cooperação franco-britânica, foi a Londres há já alguns meses propor uma nova entente fraternal, que vê, aliás, como uma forma de reequili-brar as relações com Berlim. O pro-blema é que, do lado de lá da Man-cha, os sons emitidos são ainda difí-ceis de interpretar. O que se sabe é que Gordon Brown é um líder enfra-quecido e que os britânicos olham sempre com desconfiança para as iniciativas europeias.

Mesmo assim, na maioria das ca-pitais europeias entende-se que esta é uma dimensão da integração eu-ropeia que avançará muito depressa (com ou sem tratado) e que é funda-mental para dar consistência à acção externa da União. Nicolas Sarkozy quer, aliás, ver concluída durante a presidência francesa a revisão da es-tratégia de segurança europeia, lan-çada em 2003, adaptando-a às novas ameaças e às novas ambições. Será também um teste à determinação da União em exercer o seu papel de actor global.

Sarkozy entre Zapatero e Gordon Brown, em Dezembro de 2007ERIC FEFERBERG/REUTERS

L’Art en Europe, nas caves de champanhe da Pommery, em Reims

ADRIANO MIRANDA

A Europa cultural vai a França

Saison quer dar a conhecer “as riquezas artísticas” dos 27 países da UE

a É uma temporada cultural que du-ra o tempo que a presidência francesa da União Europeia dura, seis meses – começa hoje e acaba a 31 de Dezem-bro. A Saison Culturelle Européenne tem apostas em todas as áreas, não só para celebrar a cultura francesa mas para “dar a conhecer, em França e no estrangeiro, as riquezas artísticas dos 27 países”, disse a ministra da

Cultura francesa, Christine Albanel, no discurso de apresentação.

A cultura é, então, uma das apostas desta presidência da União Europeia com um dossier de prioridades para esta área e uma espécie de grande festival que é a Saison Culturelle e que se passa sobretudo em França.

Uma França que começa a estar mais aberta à arte de outros países mas para quem “a cultura europeia” não é ainda “assim tão familiar”, observou a ministra – na verdade,

até está mais aberta às obras ame-ricanas que às europeias, disse Al-banel, citando um relatório do Con-seil d’Analyse Économique sobre a mundialização imaterial.

Será que neste dossier a França dei-xa, então, de olhar para o umbigo? In-tencionalmente sim, o objectivo é ter “projectos concretos” que aprofun-dem a identidade cultural europeia – “tarefa imensa porque a marca de fabrico da Europa é a extraordinária diversidade”.

De Binoche a OliveiraOs projectos vão da criação dos Es-tados Gerais do Multilinguismo ao label do património europeu, uma marca para chamar a atenção de lu-gares que “testemunhem a herança europeia”, mas a face mais visível é a Saison – se há “excelentes embai-xadores da Europa” são os artistas. E são eles que vão andar a fazer a Volta à França em duas áreas: ci-nema (27 realizadores andam em tournée a acompanhar a estreia dos seus filmes) e literatura (27 escritores também em digressão por livrarias, bibliotecas e festivais, quando forem publicadas as suas obras).

A Saison divide-se em quatro sec-ções com centenas de acontecimen-

tos descritos ao longo de 44 páginas. Há a Europa da Festa – se nos aeropor-tos de Paris esbarrar com anúncios que afinal não o são trata-se dos 27 outdoors de 27 designers gráficos, um dos projectos deste item – e a Europa dos Intercâmbios, que faz um frente-a--frente de artistas e instituições fran-cesas com os dos outros 26 países. É aqui que se integra a estreia da actriz Juliette Binoche na dança com o core-

ógrafo Akram Khan e, da parte portu-guesa, um recital poético, organizado por Emmanuel Demarcy-Mota (direc-tor do Théâtre de la Ville e português a viver em França). Nos Painéis Pano-râmicos mostra-se a produção criativa europeia em todas as áreas e assim aparecem programas como Um sé-culo na Europa, um século de cinema,organizado pela Cinemateca France-sa para responder a duas perguntas

(Existe um cinema europeu? Onde é que a Europa aparece no centro das preocupações estéticas e narrativas?), com Manoel de Oliveira como um dos 12 realizadores destacados com Dou-ro, Faina Fluvial e Um Filme Falado (o jovem Hugo Vieira da Silva também, com o seu filme Body Rice).

As obras de João Pedro Vale e da du-pla Pedro Paiva e João Maria Gusmão expostas na L’Art en Europe, nas caves de champanhe da Pommery, em Rei-ms, também se inserem nesta secção, que engloba o Festival do Documen-tário de Marselha, os Encontros de Arles (fotografia), os Festivais de Avig-non e o Festival de Outono (teatro), a Bienal de Design de Saint-Etienne, o Festival Marsatac e as Transmusicales de Rennes (música).

Porque falamos dos Vinte e Sete este é o número-chave dos “ciclos de 27 obras europeias”: 27 livros, 27 concertos, 27 exposições, 27 lições de história, 27 cineastas.

Se a Europa vai a França, a França também quer ir à Europa: a Comédie Française faz uma digressão por 10 países (da Europa Central e Oriental) com Précieuses Ridicules, de Moliére, encenada pela britânica Dan Jemmet, e A Festa, do italiano Spiro Scimone, dirigida pelo búlgaro Galin Stoëv.

Joana Gorjão Henriques

Manoel de Oliveira é um dos 12 realizadores de cinema em destaque, com Douro, Faina Fluvial e Um Filme Falado

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Portugal6 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Carolina Salgado foi também determinante para as decisões do Conselho de Justiça da Liga de Clubes de Futebol

Recurso para o Tribunal da Relação

MP diz que não se conforma com a decisãoa “O Ministério Público não se con-forma com o despacho e vai interpor o competente recurso”, assim respon-deu ontem a Procuradoria-Geral da República (PGR), quanto questionada sobre a decisão do TIC do Porto. Es-ta reacção já estava, no entanto, an-tecipadamente anunciada, uma vez que já em Setembro do ano passado Pinto Monteiro tinha determinado que deveria ser sempre “interposto recurso das decisões desfavoráveis à tese da acusação” em todos os pro-cessos do Apito Dourado investigados e acusados pela equipa de Maria José Morgado.

Diferente foi a reacção quanto à tramitação do inquérito que será ins-taurado contra Carolina Salgado por falsidade de testemunho agravado. O

juiz de instrução determinou que as certidões sejam remetidas ao DIAP do Porto, mas Pinto Monteiro quer que todos os casos relacionados com o Apito Dourado fiquem sob a alçada de Maria José Morgado. “Desconhece--se, até ao momento, o teor completo do mesmo [despacho], pelo que não é possível à Procuradoria-Geral da República pronunciar-se acerca das certidões”, respondeu a PGR .

A última palavra cabe aos juízes da

Relação, mas a decisão de ontem terá alguns efeitos imediatos. Os advoga-dos de Pinto da Costa preparam-se pa-ra pedir a reabertura do inquérito por denúncia caluniosa contra Carolina Salgado, que tinha sido arquivado pela equipa especial de Morgado, devendo igualmente fazer juntar có-pia da decisão em todos os processos relacionados com o caso.

Quanto à justiça desportiva, o FC Porto anunciou já que vai aguardar pelo trânsito em julgado da decisão de ontem. O clube e Pinto da Costa, recorde-se, foram punidos pelo Con-selho de Justiça da Liga de Futebol, em dois casos relacionados com acu-sações suportadas em escutas e nos depoimentos de Carolina Salgado à equipa de Maria José Morgado.

Apito Dourado Tribunal de Instrução Criminal arquiva acusação de Maria José Morgado

Pinto da Costa e Reinaldo Teles podem ser ilibados no caso da “fruta”Carolina Salgado mentiu ao juiz no caso da ‘fruta’ para os árbitrosEx-companheira de Pinto da Costa vai ser agora alvo de um inquérito criminal por falsidade de testemunho agravada

a O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) decidiu não validar a acusação que tinha sido deduzida pela equipa especial de Maria José Morgado con-tra Jorge Nuno Pinto da Costa, Rei-naldo Teles, o empresário desportivo António Araújo e três árbitros de fu-tebol ( Jacinto Paixão, José Chilrito e Manuel Quadrado). O juiz considera também que Carolina Salgado pres-tou um falso depoimento e mandou extrair certidões para que lhe seja instaurado um processo criminal.

Em causa estava a suspeita de cor-rupção desportiva relacionada com o jogo FC Porto-Estrela da Amadora (2--0), disputado a 24 de Janeiro de 2004, por ter alegadamente sido pro-porcionado ao trio de arbitragem o serviço de prostitutas, na noite após o jogo. Trata-se do célebre caso da “fruta” para os árbitros que tinha já sido arquivado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, por falta de provas, e posterior-mente reaberto pela equipa especial nomeada pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro.

A nova acusação baseou-se sobretu-do nos depoimentos recolhidos pela

equipa chefiada por Maria José Mor-gado, nos quais Carolina Salgado des-codificava as conversas escutadas pe-la Polícia Judiciária (PJ). Além do de-poimento da ex-namorada do presi-dente do FC Porto, o juiz de instru-ção, Artur Guimarães Ribeiro, recons-tituiu as circunstâncias em que esta terá tido conhecimento ou contacto com os factos que determinaram a acusação.

Para complementar a sua análise, foram solicitadas à PJ todas as escutas feitas a Pinto da Costa naquele dia de Janeiro de 2004. Do confronto entre as conversas, a hora das chamadas e o depoimento prestado ao juiz por Carolina, resulta que as circunstân-cias por ela narrados não poderiam corresponder à realidade. De facto, Carolina disse ao juiz ter assistido ao telefonema que Pinto da Costa rece-beu nesse dia, às 13h00, de António Araújo, tendo precisado que, após a chamada, o líder portista lhe expli-cou que Araújo ia contratar prostitu-tas para os árbitros, traduzindo assim o sentido das expressões “fruta para dormir”.

Confrontando o depoimento com a sucessão das escutas, o juiz cons-tatou, porém, que àquela hora Ca-rolina Salgado não só não estava na companhia de Pinto da Costa como também este não estaria nas instala-ções do estádio do FC Porto, como por ela era testemunhado. As escutas demonstram que Carolina telefonou ao namorado às 11h30, dando-lhe co-nhecimento que estava em Gaia, em direcção à casa de sua mãe, enquanto Pinto da Costa se dirigia para o Porto. Às 12h05, Pinto da Costa recebe um telefonema de alguém (que tratou por doutor) com quem combinou encon-trar-se às 13h00, para irem almoçar ao restaurante D. Manoel, hora a que re-ceberia o controverso telefonema de Araújo. Pelas 15h02, Carolina contac-tou novamente Pinto da Costa, dando--lhe conta que estava no cabeleireiro, a secar o cabelo para ir à bola.

António Arnaldo Mesquita e José Augusto Moreira

DR

O advogado de defesa dos arguidos Jorge Saramago e Licínio Santos, dois árbitros acusados de favorecer o Gondomar SC no processo Apito Dourado, pediu ontem nas suas alegações finais ao juiz-presidente que “mate já esta acusação” do Ministério Público. O advogado comparou a acusação do Ministério Público a uma criança já várias vezes ressuscitada, a última das quais pelo despacho de alteração não significativa dos factos que levantou a hipótese de condenação dos arguidos por abuso de poder, contrariamente ao crime de corrupção de que vinham acusados.

Alegações finais

Texto integral da decisão instrutória.

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8 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Portugal

Quem quer jogar ténis com Tony Blair? P2

Mais de 100 diligências judiciais adiadas por dia na Feira

Novo tribunal só em Setembro

Sara Dias Oliveira

a Mais de uma centena de actos judi-ciais estão a ser adiados diariamente no Tribunal de Santa Maria da Feira, na sequência da decisão dos 28 ju-ízes e procuradores deste tribunal, que decidiram suspender todas as diligências depois de dois magistra-dos terem sido agredidos, na semana passada, num julgamento por dois condenados. O incidente ocorreu num salão do quartel dos Bombeiros da Feira, onde funcionava provisoriamente uma sala de audiências do tribunal. A situação só deverá ser ultrapassada em Setem-bro, quando entrar em funcionamen-to o novo edifício. O Instituto de Gestão Financeira e Infra-Estruturas da Justiça e o proprie-tário do imóvel onde será instalado o novo tribunal assinaram ontem o contrato de arrendamento por dez anos, a cerca de 52 mil euros mensais. O empreiteiro tem agora dois meses para proceder à adaptação do edifí-cio, situado junto ao antigo Palácio de Justiça – encerrado em Abril por perigo de derrocada. A assinatura do contrato não al-terou a posição dos juízes, que não farão julgamentos criminais – a menos que seja cedida uma sala em tribu-nais limítrofes –, até à mudança de instalações.

O secretário de Estado adjunto da Justiça, Conde Rodrigues, garantiu que as novas instalações serão defini-tivas. “A responsabilidade do Governo era garantir as instalações. Em dois meses conseguiu fazê-lo e agora pede--se um bocadinho mais de sacrifício”, afirmou, lembrando que o Estado pre-vê, nesta legislatura, investir perto de 100 milhões de euros na reabilitação de tribunais.

A posição dos magistrados man-tém-se depois da agressão a dois juí-zes. “Não faz sentido continuarem a fazer diligências numa sala que os co-locou em risco. Não há motivo para que os magistrados mudem de opi-nião porque o princípio que presidiu à tomada de posição foi muito sério. Não foi um braço-de-ferro, nem uma tentativa de pressionar a celebração do contrato”, assegurou a juíza-presi-dente do Tribunal da Feira, Ana Maria Ferreira.

Polícias mantêm ameaças de protestos de rua e de menor aplicação de multas

Ricardo Dias Felner

a A comissão que integra os sindica-tos de cinco forças de segurança não vai, para já, tomar medidas drásti-cas contra o Governo. A decisão sou-be-se ontem, após uma reunião em Lisboa, e permite mais espaço para negociações com o executivo. Só em Setembro, se não houver avanços que agradem às polícias, o protesto ir-se--á sentir, prevendo-se manifestações, marchas, greves, ou um relaxamento na aplicação de multas.

Jorge Alves, presidente da Comis-são Coordenadora Permanente que integra delegados da PSP, da GNR, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, da Polícia Marítima e da Guarda Pri-sional, justificou o adiamento de ini-

Restrição de benefícios está a gerar um “descontentamento que não existia há vários anos”, diz presidente de sindicato da PSP

ciativas mais graves com o facto de se estar a entrar numa altura de férias e com a necessidade de se “recolher mais informação”.

A resolução aprovada ontem admi-te que se a evolução das reivindica-ções não for favorável será convocada “uma manifestação de protesto a de-finir para finais de Setembro e coin-cidindo com outras formas de luta consideradas necessárias”.

Greve à multaEntre as “outras formas de luta” está aquilo que Jorge Alves disse ser “uma atitude mais pedagógica e preventiva junto dos cidadãos” e que o presiden-te do maior sindicato da PSP apelidou de “atitude preventiva exagerada”.

Esta é, contudo, apenas uma for-ma, irónica, de apelar a uma menor aplicação de multas por parte das for-ças de segurança, que gere menos di-nheiro para os cofres do Estado.

Este tipo de iniciativas ocorreu na PSP pouco antes da realização do Campeonato Europeu de Futebol, em 2004, sem todavia ter tido grande im-pacto. A greve à multa durou apenas

três ou quatro dias, mas foram pou-cos os polícias que aderiram, disse ao PÚBLICO o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.

Paulo Rodrigues acredita contu-do que, desta vez, não vai ser assim. “Naquela altura não havia tanto des-contentamento. Assistimos hoje a um descontentamento que não existia há vários anos”, justificou, dando como prova disso, nomeadamente, “o desâ-nimo que reinou” no encontro da co-missão coordenadora permanente. Segundo Paulo Rodrigues, uma das medidas que mais penalizam os po-lícias são as “drásticas restrições no sistema de assistência na doença”, aplicadas desde 2005, ainda o mi-nistro da Administração Interna era António Costa.

A resolução aprovada ontem critica ainda uma integração das forças de segurança no regime da função pú-blica, exigindo o seu reconhecimento como um grupo específico, dentro do Estado, reclama um subsídio de risco para todos os que exercem funções de segurança e um aumento salarial de 2,5 por cento.

Ao contrário do que tem avançado o Ministério da Administração Interna, a criminalidade não tem descido, dizem os sindicatos das forças de segurança, acusando o Governo de manipular as estatísticas. Segundo as polícias, assiste-se a “uma onda crescente de criminalidade violenta e organizada”. O Relatório Anual de Segurança Interna apontou para uma descida deste tipo de crimes de 10,5 por cento, a maior redução dos últimos 10 anos.

Há mais ou menoscrimes violentos?

Coordenador do caso Maddie reforma-se da PJ para ter liberdade de expressão

a O ex-coordenador da PJ para o caso Madeleine McCann, o inspec-tor Gonçalo Amaral, disse ontem à agência noticiosa Lusa que se refor-ma desta polícia principalmente pa-ra atingir a “plenitude de liberdade de expressão” e consequentemente poder defender-se.

Gonçalo Amaral, de 48 anos, co-meçou a trabalhar na função pública aos 14 anos e viveu ontem o último dia ao serviço da PJ, depois de, recen-temente, ter sido o inspector da PJ mais falado pela comunicação social portuguesa e britânica por ter coor-denado o caso Madeleine McCann,

a menina inglesa desaparecida no Algarve a 3 de Maio de 2007.

O exercício da liberdade de expres-são começa já este mês, com a publi-cação de um livro sobre o caso Ma-ddie, se, como se prevê, o segredo de justiça do processo for levantado.

Amaral realizou a sua última missão enquanto agente da PJ no último domingo, em Faro, umainvestigação que estava em cur-so há três meses através da Direc-toria de Faro. O resultado foi a apreensão de cerca de duas tone-ladas e meia de haxixe em Faro.

Gonçalo Amaral pediu a demissão

na sequência do seu afastamento da investigação do desaparecimento de Maddie. Esse afastamento ocorreu na sequência de declarações de Amaral publicadas num matutino, onde criti-cava a atitude das autoridades britâ-nicas e de alguma comunicação social do Reino Unido.

Amaral revelou ontem à agência noticiosa Lusa que gostaria de fazer um estágio num escritório de advoga-dos no Algarve, visto que é licenciado pela Faculdade de Direito de Lisboa, mas nunca teve oportunidade de es-tagiar e candidatar-se à Ordem dos Advogados.

Ministério da Justiça isenta Tribunal de Guimarães de licença de utilização

Sofia Rodrigues

a A falta de licença de utilização do edifício onde está instalado o Tribu-nal das Varas Mistas de Guimarães, arrendado pelo Estado em 2007, deve-se ao facto de o Ministério da Justiça (MJ) se ter assumido como o “promotor das obras de adaptação” perante a autarquia e por isso ter isentado o prédio dos licenciamen-tos obrigatórios. Mas o contrato de ar-rendamento diz o contrário.

O MJ, através do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça (IGFPJ), declarou à Câmara Municipal de Guimarães que era o “promotor das obras de adaptação” e que o edi-fício se destinava a “instalar serviços

públicos”, o que levou a autarquia a isentar a obra de licenciamentos, se-gundo uma nota da câmara enviada por e-mail.

Contactado pelo PÚBLICO, o gabi-nete de imprensa do MJ declara que, “quando as obras foram realizadas, já se destinavam à instalação dos servi-ços de justiça”. Só que, no contrato de arrendamento entre o IGFPJ e a proprietária, a empresa Algarvau, é escrito que “a senhoria promove as obras de adaptação” (...) “a expen-sas suas”.

O polémico negócio em torno do arrendamento estará hoje no Parla-mento: são ouvidos o director-geral do Património e o presidente do IGFPJ, a pedido do CDS-PP. Polémica chega hoje à AR

PCP admite voltar a eleger CC por voto secreto

a O líder do PCP, Jerónimo de Sou-sa, admitiu ontem que os comunis-tas voltem a eleger o Comité Central (CC) no próximo congresso por voto secreto, como impõe a lei que o par-tido contesta. “Não digo que ‘há muitas maneiras de matar pulgas’, mas assumiremos a nossa autonomia – o congresso é soberano na sua decisão –, e não será por aí que vão ilegalizar o PCP e a sua direcção”, afirmou Jerónimo de Sou-sa em conferência de imprensa do Comité Central comunista, reunido em Lisboa desde domingo.

Na reunião, em que preparou o congresso de 29 e 30 de Novembro e 1 de Dezembro, em Lisboa, o Co-mité Central do PCP anunciou que não serão feitas quaisquer propos-tas de alteração dos estatutos ou do programa.

Sem nunca dizer abertamente qual a proposta que a direcção vai fazer ao congresso, Jerónimo disse que o con-gresso é soberano e lembrou que no anterior congresso, há quatro anos, o Comité Central foi eleito por voto secreto.

Os comunistas sempre contesta-ram a disposição da obrigatorieda-de do voto secreto da Lei dos Par-tidos Políticos, aprovada por PSD, PS e CDS-PP, por considerarem que impunha “uma metodologia e uma forma de organização” e mantive-ram os estatutos do partido omissos nessa matéria. Antes do congresso de 2004, as votações eram feitas em Comité Central através do método de braço no ar.

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PortugalPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 9

José Sócrates considera construção da barragem do Baixo Sabor uma aposta na independência nacional

Ana Fragoso

Primeiro-ministro desvaloriza críticas dos ambientalistas e diz que o tempo das contestações já passou

a O primeiro-ministro afirmou on-tem, em Picote (Miranda do Douro), que a aposta na construção da bar-ragem do Baixo Sabor, em Moncor-vo, é uma “aposta no ambiente e no combate ao aquecimento global”, que representa um forte contributo na redução das emissões de CO2, ao mesmo tempo que, em termos eco-nómicos, significa “uma aposta na in-

dependência nacional” e na redução da dependência energética em fontes de produção de energia fóssil.

Estas são algumas das razões que levaram Sócrates a dizer que “os ambientalistas não têm razão” nos seus protestos contra a construção da barragem, desvalorizando com-pletamente a posição da Platafor-ma Sabor Livre, que interpôs uma providência cautelar alegando que a construção do empreendimento é ilegal porque a Declaração de Im-pacte Ambiental (DIA) que a autoriza caducou a 15 de Junho.

O ministro da Economia, Manuel Pinho, garantiu que essa informação “não corresponde à verdade”, subli-nhando que a estratégia energética do país merece elogios a nível inter-

nacional: “No campo das energias renováveis somos um modelo, só os ambientalistas é que não vêem isso”, declarou.

Sócrates disse ainda que o tem-po das contestações já passou. “Já levamos cinco anos com as contes-tações dos ambientalistas”, referiu, recordando que o Ministério do Ambiente passou cinco anos a fazer os estudos de Impacte Ambiental e Bruxelas mais três anos a avaliar to-do o processo. “As palavras já foram todas ditas, agora é tempo de fazer, de construir”, rematou.

As declarações de Sócrates e Pinho foram feitas durante a assinatura dos contratos de construção da Barragem do Baixo Sabor e do reforço do Al-queva, que aconteceu na barragem

de Picote, Miranda do Douro, dois investimentos que, juntamente com os reforços das barragens de Picote e Bemposta, ambos em curso, re-presentam um investimento de 770 milhões de euros mas que vão au-mentar em 17 por cento a capacidade hídrica nacional instalada. “Somos líderes europeus no lançamento de novos projectos hídricos”, afirmou o presidente da EDP António Mexia.

O responsável daquela empresa disse que o programa combinado de energia hídrica e eólica vai permitir poupar mil milhões de euros por ano em combustíveis e em custos evita-dos de emissão de CO2.

Em Bragança, o chefe de Governo assistiu à inauguração do novo Cen-tro de Arte Contemporânea.

O rio Sabor é considerado pelos ambientalistas como “selvagem”

Sindicatos de professores contestam horários

a A Fenprof e a FNE, as duas maiores estruturas sindicais de professores, não chegaram a acordo com o Mi-nistério da Educação sobre a orga-nização dos horários dos docentes no próximo ano lectivo.

A inexistência de um limite sema-nal para a realização de reuniões, ocasionais ou sistemáticas, é uma das principais críticas feitas pelas duas federações, já que, alegam, os docentes podem ver assim ultrapas-sado o número de horas previsto no seu horário (35 horas), sem qualquer tipo de compensação.

A FNE considera também que o tempo destinado aos avaliadores para procederem à avaliação dos profes-sores é insuficiente. Em comunica-do, a Fenprof junta à lista de críticas a possibilidade de atribuição de um “número exagerado de horas” des-tinadas à chamada ocupação plena dos tempos escolares, com as aulas de substituição e outras actividades. Ou, ainda, “a intenção de transformar serviço docente extraordinário (horas de coordenação) em ‘acumulação de funções’, com o único objectivo de embaratecer o seu custo”.

Por tudo isto, e concluída esta ronda negocial, a Fenprof admite a possibilidade de requerer a negocia-ção suplementar deste diploma e, se necessário, “o recurso aos tribunais para eventual impugnação de normas que sejam de duvidosa legalidade”.

Também a FNE garante que “conti-nuará a tudo fazer no sentido de levar o Ministério da Educação a atribuir um número de horas máximo para os docentes, para que dessa forma o ano lectivo de 2008/2009 não seja mais uma vez palco de injustiças e atropelos face à necessidade, cada vez maior, de um ‘tempo para ser professor’”.

O próximo ano lectivo terá de co-meçar em todas as escolas entre 10 e 15 de Setembro. I.L.

SIC quer ter mais futebol e menos telenovelas

João Pedro Pereira

a A SIC quer garantir os direitos te-levisivos de uma das grandes com-petições portuguesas de futebol da próxima época – a Taça da Liga, o campeonato ou a Taça de Portugal.

Esta intenção faz parte da estraté-gia da estação para competir pelas audiências, e pretende ajudar a ultra-passar aquilo que o seu director-geral adjunto, Ricardo Costa, classificou como uma “tempestade”: o apare-cimento de um quinto canal, já em 2009.

Ontem, num encontro com jor-nalistas, Costa notou que o apareci-mento de mais um canal vai ter co-mo consequência uma redução do valor que os anunciantes pagam pe-los anúncios, efeito que se fará sentir não apenas na televisão, mas também nos outros meios – com excepção da Internet, onde os preços ainda “são baixos”.

Ricardo Costa e o director de pro-gramas da estação, Nuno Santos, ex-plicaram ainda que os jogos de fute-bol, embora não permitam aos canais retorno financeiro directo através da publicidade, ajudam a reforçar a li-gação do canal com os espectadores e acabam por trazer retorno.

O director-geral adjunto notou que “nenhum operador tem capacidade para ficar com [todas as competi-

ções]”, e mostrou-se confiante em conseguir os direitos de uma das pro-vas sem ter que esticar o orçamento. A estratégia é “cortar [nas despesas] e gerir” o orçamento disponível, disse, notando que a grelha de programa-ção deste ano já é mais barata que em 2007.

Outro dos objectivos da SIC, disse Nuno Santos, é reduzir o peso das telenovelas. A estação, no entanto, já renovou o contrato com a Globo e Santos sublinhou o interesse na no-

vela portuguesa. A ideia, clarificou, é “reforçar a diversidade no horário nobre”, o que deverá passar pelo reforço de “conteúdos de informa-ção”, sem abdicar inteiramente das novelas.

Santos, que completou um semes-tre na SIC depois de ter regressado a Carnaxide vindo da RTP, avançou que outro dos objectivos é “dar visibilida-de a rostos” da estação. Para a rentréeestá agendado um formato de humor semanal com Ana Bola e Maria Rueff, e Teresa Guilherme irá apresentar o concurso O Momento da Verdade.

Ingleses questionam PGR sobre Vale e Azevedoa As autoridades inglesas solicita-ram à Procuradoria-Geral da Repú-blica cinco pedidos de clarificação do mandado europeu de detenção emitido contra o ex-presidente do Benfica Vale e Azevedo, disse ontem à agência noticiosa Lusa fonte da PGR. Segundo a mesma fonte, as respostas às perguntas feitas pelas autoridades inglesas “já foram dadas”.

“As informações solicitadas foram

prontamente prestadas e já foram en-viadas”, adiantou a fonte, escusando-se a dar mais pormenores. Entretan-to, na última semana, o juiz Renato Barroso, da 5.ª Vara Criminal do Tri-bunal da Boa-Hora, considerou que o ex-presidente do Benfica não reúne condições para beneficiar de liberda-de condicional e que a sua condena-ção, em cúmulo jurídico, é de entre os seis anos e os 18 anos de prisão.

“Vale e Azevedo só cumpriu três anos e meio de cadeia, o restante tempo esteve em liberdade condi-cional”, referiu a propósito o magis-trado Renato Barroso à Lusa. “Pare-ce-me claro que tem pena de prisão a cumprir, porque ainda não cumpriu sequer o mínimo do cúmulo jurídi-co”, acrescentou. A extradição para Portugal de João Vale e Azevedo, que reside em Londres há cerca de dois

anos, depende agora da execução do mandado de detenção europeu emi-tido em seu nome. Segundo a PGR, este foi enviado no início da semana passada às autoridades inglesas.

Todavia, estas não confirmam for-malmente a sua recepção até ter sido efectuada a detenção da pessoa em causa, o que até ao momento não aconteceu, declarou ontem à Lusa uma porta-voz da polícia britânica.

O futebol é uma peça crucial da estratégia da SIC para se reforçar antes da chegada do quinto canal de televisão

O ministro da Agricultura, Jaime Silva, reagiu a críticas de Marcelo Rebelo de Sousa acusando o comentador televisivo de “desonestidade intelectual” e de “dizer tudo e o seu contrário”. Marcelo descrevera o ministro como uma “nulidade” e “o maior incompetente do mundo”.

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Portugal10 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Saúde Observatório defende que é “urgente uma discussão profunda”

PAULO PIMENTA

A “fuga para o privado começa a ser assustadora”, diz coordenadorSistema de saúde pode estar em risco dentro de cinco anosBalanço do Observatório dos Sistemas de Saúde é apresentado hoje. Especialistas criticam “distracção crónica” do Estado

Alexandra Campos

a A qualidade do serviço prestado no sistema de saúde pode estar em risco. Se não se fizer nada entretan-to, dentro de cinco anos poderemos ter um sistema de saúde que não res-ponde às necessidades da população, alerta o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) no seu re-latório anual, que é oficialmente di-vulgado hoje em Lisboa.

O aviso é sério: o coordenador do observatório, Pedro Lopes Ferreira, fala mesmo na “necessidade urgente de uma discussão profunda, sob pena de dentro de cinco anos estarmos a viver num país com um sistema de saúde com má resposta aos legítimos interesses dos cidadãos”. Aliás, é a primeira vez que o observatório, que faz balanços anuais sobre a evolução do sector desde 2001, utiliza a palavra riscos (sintomaticamente o documen-to intitula-se “Riscos e Incertezas”). O

OPSS integra investigadores de várias instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Pedro Lopes Ferreira acredita, em última instância, que “é o futuro do serviço público que está em jogo”. “Corremos o risco de ter um serviço público para os indigentes, como há alguns anos, enquanto a outra franja da população também não vai poder pagar muito”, disse ao PÚBLICO.

Depois de termos atingido “níveis bons de saúde, níveis já aceitáveis de resposta, a geometria dos sectores públicos e privado está a agora alte-rar-se de forma significativa no país. A oferta privada é agora mais abundan-te, geralmente de maior qualidade”, refere o relatório. Que lembra que, segundo o Instituto Nacional de Esta-tística, a produção privada em saúde já atingiu o valor de 30 por cento.

E o problema é que, enquanto isto acontece, o “Estado mantém a sua distracção crónica por aspectos fun-damentais de transparência e organi-zação do sistema” e a prática governa-tiva de saúde, em geral, “mantém-se ocupada na resolução de problemas pontuais”, lamentam os membros

do observatório. “A fuga de profis-sionais [para o privado] começa a ser assustadora”, destaca o coordenador, sublinhando que estes já começam a ter acesso a tecnologia, formação e condições de trabalho que antes não encontravam neste sector. “Daqui a poucos anos não haverá recursos hu-manos para manter o serviço público de saúde”, antevêem. Consideram ainda que a actual ministra ficou com “uma herança mais pesada daquilo que à primeira vista” pode parecer. E voltam a apontar o dedo às taxas moderadoras de internamento e cirurgias e “à gestão pouco compe-tente e socialmente insensível” nos encerramentos de maternidades e urgências.

Mas os membros do observatório não deixam também de destacar os aspectos positivos das políticas segui-das em determinadas áreas. Como a dos cuidados de saúde primários, com a criação das Unidades de Saú-de Familiar, uma boa medida, apesar de o número continuar aquém das expectativas. De seguida, porém, questionam o conturbado processo de constituição dos Agrumentos de Centros de Saúde – os ACES que de-veriam substituir substituir as sub-regiões de saúde. “Esta indefinição, esta situação híbrida acarreta riscos”, teme Pedro Lopes Ferreira.

O relatório destaca ainda outros avanços verificados em 2007 – co-mo a nova lei do tabaco e a da in-terrupção voluntária da gravidez –, mas considera que a criação de um Alto Comissariado da Saúde, distin-to da Direcção-Geral da Saúde, não passa de um “recuo estrutural”, por ter originado “sobreposições inde-sejáveis”.

Num outro capítulo, os investiga-dores põem em causa a fatia da des-pesa com o cancro em Portugal. O cancro representa “apenas seis por cento” da despesa global da saúde, apesar de esta patologia ter um peso bem mais significativo na sociedade (é responsável por 16 por cento dos dias de vida perdidos devido à doen-ça (DALY), de acordo com um estudo que aguarda publicação). O impacto do cancro na sociedade excede assim largamente os recursos consumidos com o seu tratamento em Portugal, sublinha o documento, notando que não há sustentação para a tese do des-perdício, nesta área, que tem circu-lado nos últimos tempos.

Cancro representa só seis por cento da despesa global do Ministério da Saúde, liderado por Ana Jorge

Rede de cuidados continuados

“Sérias dúvidas sobre sustentabilidade”a O alargamento da rede de cuidados continuados é visto pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde co-mo uma medida que, no ano passado, teve “importantes progressos”. Mas o modelo de financiamento adoptado “levanta sérias dúvidas sobre a sua sustentabilidade a médio prazo”.

A rede de cuidados continuados destina-se a libertar camas de hospi-tal e dar apoio a pessoas com algum tipo de dependência em unidades próprias. As unidades criadas para dar apoio a este tipo de utentes têm uma taxa de ocupação próxima dos 100 por cento. Só de Janeiro a Abril deste ano os centros de saúde e as equipas de gestão de altas dos hos-

pitais referenciaram mais 5026 no-vos utentes. Estes valores indiciam a necessidade de aumentar o número de lugares, realça o Relatório de Pri-mavera 2008.

O documento nota contudo que no apoio a estas pessoas nem sem-pre foi encontrada “uma adequada articulação com os serviços sociais”, indispensável quando se trata de dar resposta a situações que têm, ao mes-mo tempo, necessidades de saúde e de apoio social.

O relatório alerta ainda que na rede de cuidados continuados estão por criar as Equipas de Cuidados Conti-nuados Integrados e as Equipas Co-munitárias de Suporte em Cuidados

Paliativos, que darão prioridade ao apoio no domicílio da pessoa com dependência.

Os resultados referidos pelo docu-mento sugerem que, ao serem presta-dos cuidados fora do contexto hospi-talar, em unidades mais pequenas e mais próximas do local de residência ou de familiares, é possível não só libertar camas nos hospitais para do-entes com problemas mais urgentes como contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde e apoio social.

Numa avaliação sobre o grau de sa-tisfação dos utentes, mais de 90 por cento dos inquiridos afirmaram que os cuidados prestados nas unidades eram “bons” ou “muito bons”. C.G.

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 11

Ano e meio para dar resposta a 20 mil pessoasPara que o Ministério da Saúde cumpra os objectivos fixados, até ao final de 2009 o programa das listas de espera para cirurgias terá de dar resposta a 20 mil doentes não prioritários que esperam por uma cirurgia há mais de 12 meses. Terá de se conseguir que, pelo menos, as sete situações prioritárias (cirurgia maxilofacial, cirurgia vascular, estomatologia, neurocirurgia, ortopedia, otorrinolaringologia e urologia) diminuam os tempos máximos de espera até 120 dias. Deverá ganhar-se 22 dias, em média, ao tempo máximo de espera para a cirurgia dos tumores malignos.

Actualmente, 52 por cento dos doentes considerados prioritários para uma intervenção cirúrgica aguardam mais de 120 dias por tratamento.

Quanto às metas para 2007, verificou-se que, relativamente à doença oncológica e à doença cardiotorácica, os hospitais da Administração Regional de Saúde do Centro foram os que mais se aproximaram das prioridades fixadas. O relatório considera que “a espera cirúrgica teve nos últimos anos uma evolução francamente favorável”, tanto que os investigadores dizem que vão passar a dar mais atenção à espera para consultas externas hospitalares.

Unidose e risco de falsificaçãoAs primeiras farmácias hospitalares a abrir ao público, previstas para este ano, irão poder vender medicamentos em unidose – isto, é a dispensa pode ser feita avulso consoante as necessidades de tratamento do doente e não em embalagens tipo. O relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde alerta para a necessidade de esta dispensa continuar a ser acompanhada por folheto informativo, independentemente da quantidade dispensada.

O documento alerta ainda para o risco de falsificação de medicamentos associados à unidose. Quanto às vantagens esperadas desta medida, “supostamente centradas na redução de desperdícios, importaria qualificá-las em estudos sólidos em bem desenhados”, sublinha-se. O documento acrescenta ainda que seria útil comparar os benefícios desta medida com “outras causas reais de desperdício”: a falta de adesão à terapêutica e seus

motivos, a prescrição inadequada e a falta de apoio no uso do medicamento e no controlo de eventuais efeitos adversos, enuncia o relatório.

Poucos enfermeirosApesar de o desemprego ser um dos problemas que preocupam a classe de enfermagem – a oferta actual de licenciados é maior do que a procura –, Portugal não tem excesso de enfermeiros.

Pelo contrário, os números referidos no relatório apontam para um dos mais baixos valores na relação entre estes profissionais e a população: contabilizando enfermeiros e parteiras (que em Portugal também são enfermeiros) diz-se que no país há 47 destes profissionais por 10 mil habitantes, um valor que na lista da União a 27 só é inferior na Bulgária (46), na Roménia (42), em Chipre (40) e na Grécia (36). No período em análise (2000-2006), Portugal tinha o quinto

pior registo dos países da União Europeia, o que significa que permanece ainda muito afastado da melhor cobertura, atingida na Holanda (146).

Quanto ao número de médicos por habitante este tem vindo a aumentar, embora continue muito afastado – 34 por 10 mil habitantes – do valor mais elevado da União Europeia detido por Chipre (333) e seguido pela Grécia (50). Portugal está assim afastado da média, o que se reflecte depois num rácio de enfermeiros/parteiras e médicos relativamente baixo: o terceiro pior valor da União.

Quanto ao rácio do número de camas de hospital por 10 mil habitantes, Portugal apresenta um valor igualmente baixo face aos restantes países da União Europeia: 37 camas por 10 mil habitantes, só acima de Espanha (34) e bastante longe da Alemanha (83). O relatório explica que este valor português pode ser parcialmente explicado pelo aumento dos cuidados de saúde prestados sem recurso ao internamento. Catarina Gomes

Outros alertas do relatório anualMetade dos doentes prioritários esperam mais de 120 dias por tratamento

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12 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Portugal

Ler BD, um blogue de Pedro Moura blogs.publico.pt/lerbd/

Artes sem apoio do Estado durante o primeiro trimestre de 2009

Vanessa Rato

Na melhor das hipóteses, os subsídios às artes de 2009 chegam aos agentes e estruturas em Março ou Abril do próximo ano

a Depois de apenas um ano em fun-cionamento, o modelo de concurso aos apoios do Estado às artes lan-çado pelo Ministério da Cultura de Isabel Pires de Lima não vai voltar a ser aplicado. O novo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, e o novo director da Direcção-Geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, têm pronto um novo formato num docu-mento que contam ver aprovado e publicado em Diário da República até Setembro.

“Os concursos poderão ser lança-dos logo a seguir”, assegura Barreto Xavier sobre uma questão que tem em suspenso centenas de criadores e estruturas ligadas a áreas como o teatro, a dança, a música, as artes plásticas, o design e a arquitectura, com projectos pontuais ou a progra-mação inteira de 2009 dependente dos resultados destes concursos.

Segundo Barreto Xavier, a Direc-ção-Geral das Artes vai reunir-se ain-da hoje com a secretária de Estado da Cultura, Paula Fernandes dos Santos, para discutir os pormenores do novo documento.

Mas este terá ainda que ser apro-vado em Conselho de Ministros e promulgado pela Presidência da Re-pública. Só depois poderá aguardar publicação em Diário da República.Mesmo que isso aconteça em Setem-bro, a melhor expectativa é a de que os agentes das diversas áreas de cria-ção em Portugal saibam apenas no fi-nal de Dezembro que orçamentos te-rão em 2009, recebendo as primeiras tranches desse dinheiro entre Março

e Abril. Ficar a funcionar todo um tri-mestre sem efectiva rede financeira é a melhor das hipóteses – contando que não haja contestações de força aos resultados dos concursos, deixan-do-os paralisados por meses, como aconteceu, por exemplo, em 2005.

É um “problema”, reconhece Barreto Xavier, mas um “problema crónico”, decorrente do facto de os orçamentos da Cultura estarem dependentes da aprovação do Orça-mento Geral do Estado, normalmente discutido e aprovado apenas entre Outubro e Novembro.

“Este processo não será mais pro-longado do que há quatro anos”, diz o responsável pela Direcção-Geral das Artes, sublinhando que mesmo que o modelo de concurso para apoio às artes não estivesse a sofrer novas al-terações, manter-se-ia sempre este “desfasamento estrutural entre as necessidades do financiamento das actividades culturais e o Orçamento do Estado, que é anual.”

“Este ano não conseguimos ul-

trapassar isso”, acrescenta Barreto Xavier, reconhecendo o estado de “fragilidade imensa” do sector e ga-rantido que tudo está a ser feito para que este desfasamento seja definiti-vamente resolvido. “Estamos a fazer as alterações em nome de uma maior equidade no processo de acesso.”

Contestação a Pires de Lima Em relação às alterações, Barreto Xa-vier fala em “usar a teoria do dano menor”: não refazer por completo, o que prolongaria ainda mais o pro-cesso, mas intervir em pontos-chave. Por exemplo, na muito contestada decisão de Junho de 2006 do ministé-rio de Pires de Lima segundo a qual o Estado poderia atribuir financiamen-tos directos (extraconcurso) a alguns criadores ou estruturas –uma opção tida por muitos agentes do meio co-mo dirigismo político, senão mesmo favorecimento puro e duro.

“Não havendo nenhum mecanismo autónomo de identificação de exce-lência e havendo uma lógica concur-sal, entendemos que seja aplicável a todos”, diz ainda Barreto Xavier. Entre as restantes alterações que se pretende introduzir, está ainda o fim de restrições ao apoio a “actividades de natureza comercial”, tendo o no-vo Ministério da Cultura entendido que excluía agentes importantes, co-mo artistas plásticos representados por galerias.

Depois dos recentes embates entre o novo ministro da Cultura e a sua antecessora devido à Cinemateca Portuguesa, Barreto Xavier sublinha: “Não é intenção do ministro nem minha criticar ninguém. Também não é uma reacção aos agentes que criticaram. Trata-se de olhar para as coisas e perceber que podem ser melhoradas.”

Em termos genéricos, contudo, e caso as propostas de alteração aos re-gulamentos sejam aprovadas, vence a contestação a Pires de Lima. O atraso dos concursos deixa em suspenso os agentes artísticos

HUGO DELGADO

Certificado energético passa a ser obrigatório para todos os edifícios novos

Ricardo Garcia

a Todos os edifícios novos, indepen-dentes do seu tamanho, serão obri-gados a partir de amanhã a ter um certificado de eficiência energética e a cumprir normas mínimas para redu-zir o consumo de energia. É a segunda fase da aplicação do sistema de certi-ficação energética dos edifícios, que entrou em vigor em Julho de 2007.

Até agora, apenas aos edifícios no-vos com mais de mil metros quadra-dos de área construída era exigido o certificado. O documento atribui ao edifício uma classe de energia, de A a G, como nos electrodomésticos. Os prédios novos têm de ter, no mínimo, a classe B- de eficiência.

A certificação é feita por um perito qualificado, que verifica o projecto e calcula se o edifício gastará mais ou

menos energia, de acordo com vários factores, como os materiais utilizados, a orientação solar e os equipamentos. O perito então emite uma declara-ção de conformidade regulamentar. Quando o prédio fica pronto, o peri-to confere se tudo foi construído de acordo com o projecto e passa então o certificado final – muito semelhante à declaração de conformidade.

No último ano, foram emitidas três mil declarações de conformida-de, segundo dados da Agência para a Energia (Adene), entidade que gere o sistema de certificação. “O balanço é francamente positivo”, afirma Paulo Santos, director de Auditoria Energé-tica a Edifícios da Adene.

Dez por cento das declarações re-ferem-se a edifícios de serviços; o res-tante diz respeito a habitações. Num único prédio com vários fogos, cada

apartamento recebe um certificado. Como o processo é novo, a maior

parte desses edifícios ainda está em construção. Só uma dezena de certifi-cados finais foram emitidos até agora. A entrada em vigor da segunda fase do sistema de certificação vai fazer disparar a estatística.Qualquer pro-jecto de construção que dê início ao processo de licenciamento a partir de amanhã – seja uma vivenda, um edifício de três andares ou um prédio de escritórios – terá de cumprir a lei e possuir o certificado.

A Adene espera que sejam emitidos quatro a cinco mil certificados de efi-ciência energética por mês, segundo Paulo Santos. A terceira fase entra em vigor em Janeiro de 2009, quando o sistema passar a aplicar-se também aos edifícios já existentes. O certifica-do será obrigatório sempre que um imóvel usado for vendido ou alugado, mas nestes casos não há um limite mínimo de eficiência energética.

O sistema de certificação é uma das medidas incluídas no Plano Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), que antevia uma diminuição de 40 por cento no consumo energético dos novos edifícios, com consequentes reduções nas emissões de gases com efeito de estufa em Portugal. Mas o calendário inicial previa a operacio-nalidade do sistema a partir de 2004, o que não aconteceu.

Autarca admite fechar novo blogue na Póvoa

a O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Macedo Vieira, garantiu ontem que pedirá o fecho do blogue Povoaoffline, se este prosseguir o caminho do seu antecessor – o Po-voaonline –, encerrado na sequência de uma providência cautelar que o autarca intentou.

“Se o novo blogue enveredar pelo caminho do anterior é evidente que também vamos intentar uma provi-dência cautelar para o seu encerra-mento”, assegurou Macedo Vieira, em declarações à agência noticiosa Lusa. O autarca acrescentou que “corre os seus termos” uma acção principal relativa ao primeiro blogue.

Para Macedo Vieira, o recurso à justiça para silenciar o blogue “não configura qualquer atitude censória”. “Não se trata de limitar o direito à opinião, mas sim de impedir insultos aos autarcas, aos seus colaboradores e até aos familiares, ainda por cima de uma forma anónima”, disse.

Ao requerer o fecho do blogue, Ma-cedo Vieira e o seu vice-presidente, Aires Pereira, tinham considerado que as considerações do Povoaonli-ne eram feitas “com o único objectivo de difundir junto da opinião pública, de forma gratuita, vulgar e difamató-ria, a ideia de que os requerentes são corruptos e corruptíveis”.

O blogue http://povoaonline.blo-gspot.com/, que estava acessível aos internautas, pelo menos desde Maio de 2005, foi apagado sexta-feira pela Google, como noticiou ontem o PÚ-BLICO. A invulgar decisão dá cum-primento a uma determinação das Varas Cíveis de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar inten-tada pelo autarca social-democrata Macedo Vieira, e pelo seu vice-pre-sidente, Aires Pereira.

Na sua decisão, a 1.ª Vara Cível de Lisboa considerou que as mensa-gens difundidas no blogue “extrava-sam claramente o núcleo do direito à liberdade de expressão tal como o mesmo se encontra consagrado no nosso ordenamento jurídico”.

Em textos e imagens, o autor do blogue descreve relações de alegado favorecimento e compadrio entre o requerente e os seus familiares. Para o tribunal “o fundado receio de lesão grave e dificilmente reparável corres-ponde ao requisito” das providências cautelares.

Os autores, anónimos, criaram já um blogue alternativo, o Povoaoffli-ne, “no sentido de colmatar uma la-cuna que existia na blogosfera povei-ra”, conforme sustentam no primeiro texto, publicado sexta-feira.

Macedo VieiraAs duas maiores associações que em Portugal reúnem estruturas dedicadas ao teatro e à dança não tomaram ainda posição quanto às alterações previstas para o modelo de concurso aos apoios do Estado às artes. Nem a Plateia (teatro) nem a Rede (dança) estiveram oficialmente representadas na mais reunião de quinta-feira entre a Direcção-Geral das Artes (DGA) e agentes escolhidos de várias áreas. A Plateia, presidida por Mário Moutinho (FITEI),conta encontrar-se esta semana com o director da DGA. A Rede, dirigida pelo coreógrafo João Fiadeiro (Re.Al), tinha agendado para ontem à tarde um encontro com representantes das 23 estruturas que engloba.

Rede e Plateia ainda sem posição

4mil a 5000 por mês é o número de certificados de eficiência energética que a Adene espera que sejam emitidos

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13 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Portugal

Peso & Medida é o site sobre obesidade e comportamentos associados www.publico.pt/pesoemedida

Todos os cães nascidos a partir de hoje vão ser obrigados a andar com microchip

Clara Viana

Mais de 400 mil cães já estão registados nas duas bases de dados existentes em Portugal

a Já há muitos que andam por aí com microchip na zona do pescoço, mas a partir de hoje o seu uso vai ser obrigatório, por lei, para todos os cães nascidos após esta data. A obrigatoriedade da identificação electrónica dos cães a partir de 1 de Julho de 2008 e o seu registo numa base de dados a nível nacional estão previstos no chamado Sistema de Identificação de Caninos e Felinos (Sicafe), criado por um decreto-lei de Dezembro de 2003.

O Sicafe, que foi implementado a partir da segunda metade de 2004 e depende da Direcção-Geral de Ve-terinária, é uma das duas bases de dados que existem em Portugal com informação sobre cães e gatos. Se-

gundo informação do Ministério da Agricultura, estão já registados nesta base cerca de 208 mil cães.A outra base, SIRA, data de 1991 e é gerida pelo Sindicato Nacional dos Médi-cos Veterinários. Nesta plataforma estão registados 243.239 cães e gatos, indicou a sua responsável, Catarina Fernandes.

A mesma responsável esclarece que o registo de animais no SIRA é feito pelas clínicas veterinárias par-ticulares, enquanto no Sicafe são as juntas de freguesia que inscrevem os dados a partir da informação cedida pelos veterinários municipais.

Com um microchip em cada cão - nos gatos continua à espera de regula-mentação - pretende-se implementar um controlo mais rigoroso não só das raças classificadas como perigosas, como da população canina em geral. Esta espécie de bilhete de identidade poderá também ajudar a combater o abandono e o roubo e tornar mais fácil a busca de cães perdidos.

No chip está inscrito um número de identificação e é através deste que

se tem acesso às informações cons-tantes nas bases de dados. Ou seja, para que o animal fique identificado não basta implantar o chip, é neces-

sário também transpor os seus dados e as informações sobre o proprietário e o veterinário para a respectiva ba-se. Em Portugal, desde Julho de 2004 que é obrigatória para os animais de raças consideradas perigosas ou po-tencialmente perigosas, para caníde-os em exposição para fins comerciais e lucrativos e para os que utilizados na caça.

Na base do SICAFE, estes últimos são maioritários (193.575). Estão ins-critos 1253 cães considerados perigo-sos e 7507 potencialmente perigosos. Do tamanho de um bago de arroz, o chip é injectado sob a pele do ani-mal. Dizem que é indolor. Este acto só pode ser praticado por um veteri-nário. O preço final depende do local de intervenção, oscilando entre os 15 e os 50 euros.

Os cães deverão receber os seus chips entre os três e os seis meses. A não identificação é punida com coi-mas que vão dos 50 aos 2200 euros. Quem encontrar um cão e não tentar averiguar se este se encontra identifi-cado incorre na mesma punição.

Os cãos vão ter uma espécie de bilhete de identidade

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Vera Jardim defende e repete Jaime Silva

Leonete Botelho

a Foi “inoportuno”, mas “é injusto crucificá-lo”. É assim que o dirigente socialista Vera Jardim se refere às de-clarações do ministro da Agricultura, Jaime Silva, quando considerou que as grandes organizações de agricul-tores (CAP e CNA) têm dirigentes que defendem políticas de extrema-direita e extrema-esquerda. Considerações que Vera Jardim compartilha: “Não se afastam muito da veracidade, mas são inoportunas num ministro que negoceia” com as estruturas.

As críticas ferozes de que Jaime Sil-va tem sido alvo remete-as para con-sequências da sua actuação: “Está a atingir interesses”. Quais? “Grande parte dos subsídios agrícolas iam para os grandes proprietários alentejanos e ribatejanos” e ele “reorientou esses subsídios”, afirmou. O seu contrapon-to do PSD no programa Falar Claro da RR, Morais Sarmento, reagiu: “A última coisa que esperava em 2008 era ouvir invocar os grandes latifun-diários”.

Page 14: Público – 6666 – 01.07.2008

14 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Portugal

Biografia O Menino de Ouro do PS já está à venda

A expectativa era grande: saber o que diria o barão social-democrata e ex-ministro de Cavaco Silva, Dias Loureiro, na apresentação da primeira biografia sobre José Sócrates. E ontem, no hotel Altis, em Lisboa, o conselheiro de Estado surpreendeu nos elogios à personalidade do primeiro-ministro que descobriu no livro Sócrates – O Menino de Ouro do PS, da jornalista Eduarda Maio, editado pela Esfera dos Livros.“Quando os ventos sopram fortes alguns fazem moinhos

outros procuram abrigos para se esconder: José Sócrates é dos que fazem moinhos”, disse Dias Loureiro, explicando que foi a curiosidade em conhecer melhor o primeiro-ministro e a importância da obra num país sem tradição de biografias que o levaram a aceitar o convite para falar do livro. Ao longo das mais de 300 páginas, o social-democrata terá encontrado algumas “boas surpresas” sobre a personalidade do líder socialista. Primeiro “um homem de afectos e generoso”, orgulhoso das suas

raízes em Vilar de Maçada. Depois um homem “sensato, prudente mas optimista”, como revela a sua caminhada até à liderança do PS, mas também um trabalhador determinado, “que dava grande atenção aos detalhes, que é uma característica dos grandes homens”, sublinhou.Ao seu lado, o socialista António Vitorino também não poupou elogios ao “menino de ouro”. “Ao contrário da imagem pública de homem controlado e reservado, Sócrates revela-se-nos como um político integral

nas suas emoções”, frisou. “É um homem de corpo inteiro: ambicioso, meticuloso cuidadoso nos detalhes e com a personalidade de um político moderno”, frisou. “Este é um documento imprescindível para conhecer o primeiro-ministro e compreender o país.” Ontem a editora quis deixar claro que esta é “uma obra independente”, resulta de mais de dois anos de pesquisa e onde Sócrates só falou “num último momento [em dez horas de entrevista] ”. J.F.C.

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A Fenprof entregou ontem ao presidente da Assembleia da República uma petição, subscrita por cerca de sete mil professores, contra o novo regime de autonomia e gestão das escolas. A petição vai agora ser encaminhada para a comissão de Educação, que decidirá a sua discussão. A Fenprof espera que as preocupações dos professores sejam tidas em conta pelos deputados aquando da apreciação parlamentar do diploma, já requerida por dois partidos. A centralização de poderes na nova figura do director é uma das principais críticas ao diploma.

PetiçãoSete mil assinaturas contra gestão escolar

O Instituto de Telecomunicações (IT), a Miguel Rios Design e a YDreams desenvolveram uma farda “inteligente” que transmite a localização e os sinais vitais de bombeiros envolvidos no combate a incêndios, anunciou ontem o IT. Incorporado com um sistema de telecomunicações e sensores, desenvolvido pelo pólo de Aveiro do IT, o novo fato de bombeiro passou no teste de certificação e foi ensaiado em simulações de combate a fogo, tanto em campo aberto como em floresta, tendo já a respectiva patente registada, com três protótipos. O sistema foi denominado I-Garment.

Combate a fogosBombeiros com farda “inteligente”

As famílias monoparentais começam a receber hoje mais 20 por cento do abono para crianças e jovens. O aumento irá abranger cerca de 200 mil beneficiários. O diploma, que entra hoje em vigor, também determina o aumento do abono de família pré-natal, desde que a grávida viva sozinha ou com outras crianças a seu cargo. As crianças até um ano de idade que vivem com apenas um dos pais vão receber, conforme os escalões, entre mais seis e 27 euros por mês. No caso das crianças com idade superior a um ano, as famílias monoparentais terão um acréscimo que pode ir dos dois aos seis euros.

MonoparentaisAbono de família aumenta hoje

O médico Ferreira Diniz terminou ontem o seu depoimento em tribunal como arguido do processo Casa Pia pedindo desculpa ao colectivo de juízes pela “emoção” que marcou o início das suas declarações. Dirigindo-se ao tribunal, Ferreira Diniz afirmou que no primeiro dia estava “demasiado emocionado” ao falar sobre o depoimento de quatro dos assistentes que o acusam directamente no processo de abuso sexual de menores da Casa Pia. Ferreira Diniz acrescentou que desde o início do processo teve “muita vontade de falar”.

Processo Casa PiaDiniz pede desculpa pela emoção

A Lei do Tabaco está a ter efeitos benéficos nas crianças e jovens, que passaram a ver este vício como um hábito social reprovável, segundo uma especialista portuguesa que acredita que muito menos jovens se tornarão fumadores. O diploma que proíbe fumar na maioria dos espaços públicos está em vigor desde 1 de Janeiro (faz hoje seis meses), mas os efeitos nas crianças começaram a notar-se “logo no primeiro dia”, disse à agência noticiosa Lusa Cristiana Fonseca, coordenadora do núcleo do Norte do Programa de Educação para a Saúde.

TabacoNova lei benéfica para os jovens

O líder do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, admitiu ontem à agência noticiosa Lusa estar “disponível” para “extinguir” o PND, para “criar uma força política de direita, virada para o futuro” e para “acabar com a podridão”. Convidado a candidatar-se às eleições legislativas de 2009 pelo distrito de Braga, numa reunião – que teve lugar dia 28, em Esposende – com coordenadores do partido da zona Norte, Manuel Monteiro disse que não tomaria nenhuma decisão e que “ia pensar e reunir os órgãos do partido”.

PartidosMonteiro admite acabar com PND

Q.B.

Page 15: Público – 6666 – 01.07.2008

PortugalPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 15

Ciência ao Natural é o blogue de Luís Azevedo Rodrigues http://blogs.publico.pt/cienciaaonatural

Celebrar uma missa passa a custar dez euros

António Marujo

a Sobe a gasolina e o estipêndio das missas também? Não. Na província eclesiástica de Braga (que inclui nove dioceses do Norte, até Coimbra), o custo pela celebração de uma mis-

Taxa é actualizada de cinco em cinco anos e aumento não tem a ver com crise económica actual

sa (em memória de um defunto, por exemplo) passa, a partir de hoje, de sete euros e meio para 10 euros. Mas esta alteração é feita de cinco em cinco anos e não tem, por isso, re-lação directa com a crise económica ou com a subida do preço dos com-bustíveis.

Na verdade, a última mudança de valor na taxa a pagar pelo custo de uma missa na mesma província ecle-siástica tinha acontecido em 2001. Quaisquer alterações nestes valores têm que ser autorizadas pelo Vatica-

no, que fixa os valores para os cinco anos seguintes a partir das propostas de cada província eclesiástica.

Neste caso, a decisão engloba os actos religiosos da Igreja Católica nas dioceses de Braga, Aveiro, Bragança-Miranda, Coimbra, Lamego, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Viseu.

A tabela com as novas taxas – dis-ponível no site da diocese de Braga, www.diocese-braga.pt – estabelece que, num ofício de exéquias, um clé-rigo deve receber 25 euros. As regras das dioceses católicas determinam,

no entanto, que estes valores são en-tregues ao fundo paroquial e não di-rectamente ao padre que administra os sacramentos.

No decreto que fixa as novas taxas, os nove bispos recordam que as es-truturas eclesiais implicam custos de vária ordem e que sobrevivem, basi-camente, à custa das ofertas dos fiéis. Por isso, lembram, há o “cuidado na obtenção de recursos materiais atra-vés da partilha de bens tão caracte-rística dos cristãos”.

Estas taxas dizem respeito a actos

diversos como emolumentos, emis-são de documentos, celebração de festas, construção de novos espaços, celebração de sacramentos (matri-mónio, baptismo).

Um responsável da diocese de Bra-ga garante que há muito trabalho que não é taxado e que a maior parte dos custos dos serviços não é coberta pe-las taxas. Apesar disso, os bispos afir-mam no documento que institui as novas taxas que elas servem ainda para apoiar padres mais carenciados ou para manter casas do clero.

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a O consumo de água contaminada com elevados níveis de crómio pro-voca lesões hepáticas e renais, con-cluiu um estudo da Universidade de Coimbra (UC) ontem divulgado, que alerta para a necessidade de se moni-torizarem os seus parâmetros.

Em declarações à agência noticio-sa Lusa, a coordenadora do estudo, Maria Cármen Alpoim, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universi-dade de Coimbra (FCTUC), salientou a necessidade de as análises à água incluírem a “avaliação dos níveis de metais pesados nas zonas rurais e industriais”, o que actualmente não acontece.

A investigadora alerta que, nos meios rurais, a utilização de pestici-das, que têm elevados níveis de arsé-nio, pode contribuir para a contami-

nação de lençóis freáticos, enquanto nas zonas industriais o crómio e o ní-quel são os metais pesados mais noci-vos que se infiltram nos solos.

Maria Cármen Alpoim aconselha as pessoas que residem em zonas de poços ou possuem furos em ca-sa a procederem a análises periódi-cas antes de consumirem a água e a não utilizarem lamas de estações de tratamento para adubar os terrenos agrícolas.

Segundo a docente da FCTUC, o consumo continuado de água conta-minada com crómio provoca, a longo prazo, lesões graves. “O estudo mos-trou que o consumo continuado de água da rede pública contaminada com crómio hexavalente provocou graves lesões hepáticas e algumas lesões renais e, embora não se te-nham registado desenvolvimento de tumores, observaram-se alterações no metabolismo da glicose”, explica Cármen Alpoim.

“Os doentes desenvolvem um qua-dro clínico idêntico ao da diabetes tipo 2 e passam a sofrer de elevados níveis de ácido úrico”, acrescenta a coordenadora da investigação, que foi publicada na revista científica To-xicology and Applied Pharmacology.

Crómio na água é perigoso e não é controlado

O consumo continuado de água contaminada com crómio provoca lesões hepáticas e renais graves

Page 16: Público – 6666 – 01.07.2008

Mundo16 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Zimbabwe Presidente foi recebido por alguns dos seus pares como um herói

Mugabe sabia que podia contar com atitudes de condescendênciaPHILIMON BULAWAYO/REUTERS

Cimeira da União Africana recebe Mugabe e rejeita sanções Antigos dirigentes mundiais pediram em vão à União Africana que considerasse ilegítimos os resultados das presidenciais no Zimbabwe

a Os dirigentes africanos desde on-tem reunidos na cimeira de Sharm El-Sheik, no Egipto, manifestaram--se pouco permeáveis aos apelos do antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela e de outros estadistas inter-nacionais para que dissessem clara-mente que os resultados da segunda volta das presidenciais no Zimbabwe “não são legítimos” e preferem, apa-rentemente, recomendar ao Presi-dente Robert Mugabe que encete conversações com a oposição.

Os observadores da própria União Africana (UA), dos parlamentos afri-canos e da Comunidade para o De-senvolvimento da África Austral (SADC) reconheceram que as eleições da semana passada não respeitaram os padrões mínimos. Mas mesmo as-sim a maioria dos líderes reunidos em cimeira não aceitou as exigências ocidentais de sanções. Nem sequer as recomendações de um grupo de reflexão que, além de Mandela, reu-

nia o anterior secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, o antigo Presidente norte-americano Jimmy Carter e a antiga Presidente irlandesa Mary Robinson.

A voz do imobilismo foi expressa pelo decano dos chefes de Estado africanos, o gabonês Omar Bongo, há 41 anos no poder: “Mugabe foi eleito, prestou juramento e está aqui con-nosco. Portanto, é Presidente, não se lhe pode pedir mais. Fizeram elei-ções e creio que as ganhou. Os afri-canos são capazes de decidir por si próprios. Acolhemos Mugabe como um herói”.

Pretória quer compromissoEstas afirmações feitas à agência AFP e à emissora francesa RFI poderão ser conjugadas com o apelo sul-afri-cano a um Governo de unidade entre a ZANU-Frente Patriótica e o Movi-mento para a Mudança Democráti-ca (MDC), de Morgan Tsvangirai, que ficou à frente na primeira volta das presidenciais mas não aceitou ir à se-

gunda, devido à violência do regime. Ou ainda com o reconhecimento pelo primeiro-ministro etíope, Zeles Me-nawi, de que terá de haver “alguma espécie de negociações”.

Mugabe está habituado a ser aplau-dido de pé nas reuniões africanas, on-de se sentam pessoas como o coronel líbio Muammar Kadhafi, há 39 anos no poder, ou o próprio anfitrião desta cimeira, que hoje prossegue, o egíp-cio Hosni Mubarak, que há 27 anos sucedeu ao assassinado Anwar Al-Sa-dat. E por isso mesmo não teve qual-quer pejo de comparecer em Sharm El-Sheik, horas depois de tomar posse para o seu sexto mandato.

Um dos presidentes da África Aus-tral que têm ousado criticá-lo aberta-mente, o zambiano Levy Mwanawa-sa, foi ontem hospitalizado no Egipto pouco antes de a cimeira começar, porque tinha a tensão arterial muito elevada e sofreu um acidente vascu-lar, enquanto no Quénia o primeiro--ministro Raila Odinga pedia que o Zimbabwe fosse suspenso da UA.

Jorge Heitor

O que é que o mundo ainda poderá agora fazer?

Análise

a Os Estados Unidos e a União Europeia têm proibição de vistos e restrições financeiras a elementos do círculo de Mugabe, bem como sanções sobre exportações de armas. Estão a discutir agora sanções sobre a exportação de armas. E a debater como é que as sanções poderiam ser alargadas. Os Estados Unidos disseram que vão pressionar a favor de acção por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Uma opção seria tratar de um embargo global de armas ao Zimbabwe, se bem que não seja claro se isso seria apoiado por países como a África do Sul, a Rússia e a China. Os países ocidentais também têm tido o cuidado de não tomar qualquer acção que possa aprofundar o sofrimento dos zimbabweanos comuns, vítimas do colapso económico de um Estado que chegou a ser relativamente próspero.

As sanções limitadas aplicadas até agora pouco têm feito, para além de aumentar a determinação da elite do Zimbabwe de manter o poder. Mugabe desafiou as pressões regionais e internacionais ao avançar com a votação, mas agora declara-se disposto a negociar com a oposição. Os analistas políticos afirmam que poderá acreditar que está agora numa situação mais forte.

As negociações parecem um cenário provável, dada a pressão regional e o facto de que os dois lados têm dito que desejariam de alguma forma aceitá-las, mas está muito longe de ser claro que acabariam com a crise. A questão de quem dirigiria um Governo de unidade é crítica. A ZANU-Frente Patriótica diria que isso compete a Mugabe, como Presidente eleito. O Movimento para a Mudança Democrática pretenderia o posto, com base na sua vitória na primeira volta, em 29 de Março. Não está claro se qualquer dos lados aceitaria um candidato de compromisso. Mugabe poderia ser a favor de um Governo em que Tsvangirai ficasse sem qualquer poder.

Os Jornalistas Sem Fronteiras condenaram ontem a detenção de sete jornalistas durante a segunda volta das presidenciais no Zimbabwe, dia 27 de Junho, dizendo que ainda permanecem detidos o fotógrafo freelance britânico Richard Judson e os jornalistas freelance zimbabweanos Regis Marisamhuka e Agrison Manyenge.

“Num Zimbabwe que se encontra numa crise sem precedentes, as testemunhas independentes são vistas como inimigos do partido presidencial”, disse a organização. “As detenções tornaram-se a regra e o sistema zimbabweano de justiça envolve-se em casos políticos kafkianos”.

Jornalistas detidos

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 17

Itália chama embaixador

O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Franco Frattini, chamou o seu embaixador em Harare a Roma, para consultas

visando “compreender melhor a situação”, disse um porta-voz governamental, acrescentando que a embaixada não será fechada.

Até ao final da semana

EUA vão pedir ao Conselho de Segurança embargo de armas a Hararea Os Estados Unidos redigiram um projecto de resolução a apresentar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o qual prevê sanções contra o Zimbabwe, depois da segunda volta das eleições presidenciais, de acordo com um esboço a que a agência noti-ciosa AFP teve acesso.

O documento, que os EUA estão a discutir com os seus aliados no Conselho de Segurança, antes de o apresentar formalmente, prevê um embargo sobre armas com destino ao Zimbabwe, além de medidas individu-ais contra algumas pessoas, não iden-tificadas, que terão bloqueado o pro-cesso de democratização no país.

Essas medidas incluem uma proi-bição de viajar e o congelamento de bens financeiros no estrangeiro.

O embaixador norte-americano na ONU, Zalmay Khalilzad, disse ontem aos jornalistas que o documento está ainda numa fase preliminar.

“Os Estados Unidos estão a consul-tar outros países no sentido de apre-

sentar uma resolução, talvez ainda esta semana, com o objectivo de im-por sanções apontadas ao regime”, acrescentou o diplomata.

Zalmay Khalilzad sublinhou que as sanções devem poupar a população e afectar os dirigentes. “Queremos garantir que seja possível continu-ar a ajudar o povo do Zimbabwe”, afirmou.

Interrogado sobre as possibilidades de estas sanções a Harare virem a ser aprovadas, dadas as divisões internas do Conselho de Segurança nesta ma-téria, o diplomata disse estar “razoa-velmente optimista”.

“O Conselho [de Segurança] não pode permanecer em silêncio quanto a esta questão tendo em conta o que já disse e o que se passou depois dis-so. Portanto, aqueles que se quiserem opor a uma acção como esta terão que se explicar. É por isso que estou razo-avelmente optimista quanto ao facto de que iremos ter os votos necessá-rios”, precisou. Khalilzad referia-se

à declaração adoptada por unanimi-dade pelo Conselho de Segurança, a 23 de Junho, considerando que não estavam reunidas as condições para

a realização da segunda volta das elei-ções presidenciais. Para ser aprovada, a resolução precisa de ter os votos de nove dos 15 membros e de não ter o

voto negativo de nenhum dos mem-bros permanentes.

Rice pressiona ChinaA pressão diplomática norte-ameri-cana sobre o Zimbabwe esteve em foco no segundo e último dia da vi-sita à China da secretária de Estado Condoleezza Rice, que pediu ontem a Pequim que apoie uma acção inter-nacional contra o Zimbabwe, antes de ser conhecido o projecto de sanções apresentado em Nova Iorque.

Depois de encontros com o Pre-sidente, Hu Jintao, e o primeiro-mi-nistro, Wen Jiabao, Rice afirmou aos jornalistas que não quer “apenas ou-tra declaração” das Nações Unidas. E instou a União Africana, reunida em cimeira para discutir a eleição de Robert Mugabe, para apoiar também uma acção mais forte contra a contro-versa reeleição de Mugabe. “Isto não é apenas um assunto africano... é um assunto para o Conselho de Seguran-ça”, sublinhou.

Condoleezza Rice procurou o apoio de Pequim

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18 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Mundo

Turquia Processo para ilegalizar partido no poder vai começar no Supremo

Manifestação no Irão a favor de Merve Kavakci, a ex-deputada turcaDemocracia turca volta a tropeçar naquestão do véuMerve Kavakci está habituada a que os seus partidos sejam ilegalizados. Mas agora o seu partido está no Governo e na presidência

a Contar a história de Merve Kavak-ci é passar em revista os últimos ca-pítulos da história de um pedaço de tecido que na Turquia parece ser uma questão de vida ou de morte. Hoje há mais um: o Supremo Tribunal come-ça a ouvir o processo em que o pro-curador-geral pede a ilegalização do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder, por “actividade anti--secular“. Em causa está uma emenda constitucional que levantaria a proi-bição ao uso de véu islâmico nas uni-versidades, que a justiça já anulou.

Kavakci, ex-deputada de um parti-do islamista que perdeu a cidadania por ousar tomar posse no Parlamento de véu islâmico na cabeça, está de fé-rias em Istambul. Vai ficar lá até meio de Agosto e acredita que, quando regressar a casa, em Washington, o AKP, eleito com 47 por cento, já não existirá. Mas também que os seus an-tigos colegas de partido vão regressar ao poder e que um dia ela voltará a ter lugar no seu país.

Kavacki, de 39 anos, começou a perder o seu lugar na Turquia antes de se envolver na política. O pai recu-

sou pedir às suas alunas de Lei Islâmi-ca para tirarem o lenço e reformou--se; a mãe, professora universitária de Língua e Literatura Alemã, recusou tirar o lenço e demitiu-se. Vivem des-de 1980 nos Estados Unidos.

Depois, ela própria se viu impedi-da de frequentar a universidade de véu. Formou-se em Harvard e voltou à Turquia. Em 1999 foi eleita, entre muito poucas mulheres, sublinha, pe-lo Partido da Virtude. Mas o impor-tante era o véu que usava. Quando tomou posse foi apupada. “Ponham essa mulher no seu lugar”, gritou Bu-lent Ecevit, o primeiro-ministro.

Tiraram-lhe a cidadania turca, ale-gando que abdicara dela por ter tam-bém nacionalidade americana. Foi proibida de exercer política e aca-bou por ter de abandonar o país. Dá aulas de Assuntos Internacionais na Universidade George Washington e é consultora no Congresso dos EUA.

Tem uma coluna na imprensa turca e agora pode visitar com frequência a família. “Infelizmente, a Turquia ain-da não me aceita”, diz.

Europeísta, islamistaO AKP é o último herdeiro das for-mações religiosas que foram sendo ilegalizadas desde 1969. Compara-se à democracia cristã europeia e defende a economia de mercado. Nos últimos seis anos conduziu a Turquia a nego-ciações de adesão à União Europeia, saneando finanças e aceitando refor-mas desde a abolição da pena de mor-te até direitos para as minorias.

Em 2007, o partido nomeou o en-tão ministro dos Negócios Estrangei-ros, Abdullah Gul, para a presidência (o cargo é votado no Parlamento). A oposição kemalista (herdeira de Ke-mal Ataturk, que em 1923 fundou a república, impondo o secularismo) boicotou a eleição. O Exército avisou contra derivas islamistas e lembrou que é o “defensor do secularismo”.

Os herdeiros de Ataturk fizeram sair à rua quatro milhões de turcos gritando contra o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e contra Gul. Gritaram que não queriam o véu de Hayrunisa Gul, a mulher do minis-tro, no Palácio de Ataturk — prova, diziam, de que o objectivo do AKP é impor a sharia (lei islâmica).

Em vez de um golpe militar (como no passado) houve eleições, que o AKP venceu. Gul e Hayrunisa já estão no Palácio Presidencial, mas as turcas ainda não podem usar véu nas repar-tições públicas e universidades.

Desiludida com o AKPKavakci ficou desiludida com a estra-tégia do AKP. As emendas constitu-cionais, segundo as quais “as insti-tuições do Estado devem observar o princípio de igualdade perante a lei”, foram um erro. “O que era preciso era mudar os poderes do Tribunal Cons-titucional, explicitar que não pode mudar uma alteração constitucional aprovada no Parlamento. Não pode estar acima da lei e do povo. Bastava emendar o código de vestuário e en-viar uma directiva às universidades, lembrando-lhes que têm de cumprir a lei”, sustenta.

“Fizeram uma tentativa encoberta de levantar a proibição. Isso é dar es-paço aos kemalistas para dizer: ‘Ve-jam, os islamistas estão a esconder o jogo’”.

Kavakci não tem a certeza do que se vai seguir à ilegalização. “Os turcos podem dizer ‘confiamos em vocês, mas como nunca vos deixarão ter poder, votamos noutro partido’. Mas também podem repetir a estalada na cara dos antidemocráticos, dos kema-listas, dos juízes, e dizer: ‘Não, vamos dar-vos ainda mais votos’”.

Mas, aos poucos, os turcos como ela (“religiosos e democratas”) vão ganhando aliados nos EUA e na UE, diz. Em 1998, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos confirmou a disso-lução do Partido da Prosperidade, mas hoje, com o AKP, Kavakci des-confia que isso não aconteceria.

“Um dos principais sucessos do AKP é ter aberto os olhos dos ociden-tais sobre quem é quem na Turquia. Nesta crise as máscaras foram caindo — os kemalistas parecem modernos, comem e bebem como os ocidentais, mas são fascistas que vivem em 1920. E, apesar de ainda existir desconfian-ça em relação aos turcos e aos mu-çulmanos em geral, Erdogan e Gul mostraram-lhes que os muçulmanos podem ser os aliados certos.”

Sofia Lorena

O primeiro--ministro Erdogan é um dos visados no processo que pretende ilegalizar o partido no poder

REUTERS

200727 Abril• O estado-maior pôs no seu site

o “memorando da meia-noite”, avisando que não admitiria a eleição de um Presidente “islamista” (Abdullah Gul).

22 de Julho• O AKP vence as eleições

antecipadas com 47 por cento.28 Agosto• Abdullah Gul é finalmente

eleito Presidente e jura lealdade à República secular.

20089 de Fevereiro• O Parlamento altera a

Constituição para dizer que o direito à educação superior não pode ser travado “por causa do vestuário”.

14 de Março• Procurador pede no Supremo

Tribunal a ilegalização do

AKP e o afastamento de 71 dos seus membros da política, incluindo o primeiro-ministro e o Presidente.

5 de Junho• Tribunal Constitucional anula

a alteração à Constituição relativa ao véu, o que muitos analistas consideram tornar provável a ilegalização do AKP.

1 de Julho• Amanhã terá lugar a primeira

audiência do processo no Supremo.

3 de Julho• Representantes do AKP vão

apresentar ao tribunal a sua defesa oral. Depois será nomeado um relator para preparar as conclusões e seguir-se-á o veredicto — que pode ser mais ou menos rápido. Para ilegalizar o partido, sete dos 11 juízes têm de estar de acordo.

As datas da crise

Page 19: Público – 6666 – 01.07.2008

MundoPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 19

Teerão condena à morte um iraniano acusado de trabalhar para a polícia secreta de Israel

a Um tribunal de Teerão condenou à morte um iraniano, acusado de ter espiado a favor de Israel, anunciou a agência Fars. Ali Ashtari foi conside-rado culpado de recolher informa-ções sobre as instalações nucleares do país e de ter trabalhado para as sabotar.

“O tribunal revolucionário consi-derou Ali Ashtari, espião do regime sionista, como Mohareb, e condenou-o à morte”, disse o chefe dos serviços iranianos de contra-espionagem, cuja identidade foi omitida. “Mohareb” significa, no discurso do regime, ini-migo de Deus sobre a terra, de acordo com a agência AFP.

Ashtari foi preso há um ano e meio, segundo a Fars, ou em Fevereiro de 2007, conforme a Irna. Terá 43 anos

ou 45, a acreditar na primeira ou na segunda daquelas agências iranianas. A sua condenação não é, no entanto, definitiva, uma vez que tem a hipóte-se de apelar ao Supremo Tribunal.

De acordo com testemunhas, Ali Ashtari apresentava-se como director de uma sociedade especializada em telecomunicações seguras, a traba-

lhar entre Teerão e Dubai para “clien-tes especiais” do Irão, actividade que atraiu “alguns países interessados”.

Um dia foi contactado por duas pessoas, Jacques Charles e Tony, que se apresentaram como investidores potenciais no sector, que o convida-ram para ir à Tailândia, Turquia e Suíça e que lhe forneceram “equipa-mentos, incluindo um computador portátil e um sistema de satélite com o qual podia enviar mensagens crip-tadas”, segundo a Fars. O objectivo era que fornecesse os aparelhos aos seus clientes iranianos, o que permi-tiria espiá-los, ainda de acordo com a agência.

O chefe do programa nuclear ira-niano, Gholamreza Aghazadeh, disse em Janeiro de 2007 que equipamen-tos importados da Turquia tinham sido a causa da destruição de 50 cen-trifugadoras de enriquecimento de urânio no complexo de Natanz.

A condenação ocorre no momento em que o tom sobe entre o Irão e Isra-el sobre um eventual ataque israelita ao sistema iraniano.

Ali Ashtari vendia equipamentos especiais de comunicações, que conseguiu pôr ao serviço do complexo nuclear de Natanz

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O movimento xiita libanês Hezbollah fez saber a Israel, por intermédio das Nações Unidas, que o aviador israelita Ron Arad, desaparecido no Líbano em 1986, está morto, noticiou ontem o diário israelita Ha’aretz. O jornal não cita a fonte da notícia.

No quadro da troca previsto entre Israel e o Hezbollah, este deve fornecer ao Estado hebreu um relatório sobre informações que tenha recolhido sobre o destino do militar, preso por milicianos xiitas há 22 anos.

A troca de prisioneiros, aprovada domingo pelo Governo israelita, prevê a entrega pelo Hezbollah de dois soldados israelitas presumivelmente mortos a Israel, que deve em contrapartida libertar detidos libaneses.

Piloto israelita Ron Arad está morto

Países do G8 poderão recuar na ajudaa África

a As oito nações mais ricas do mun-do estão a preparar-se para voltar atrás nos compromissos que assu-miram em 2005 de aumentar a aju-da ao desenvolvimento em África e assegurar o acesso a tratamentos para a sida.

Quem o dizia ontem era o jornal britânico Financial Times, que teve acesso a um rascunho da declaração final da cimeira de chefes de Estado do G8 (que se realiza de 7 a 9 de Ju-lho, no Japão) que eliminava os mon-tantes e as datas-limites para esses compromissos.

Em 2005, na cimeira de Gleneagles, na Escócia, os líderes do G8 promete-ram aumentar a ajuda ao desenvolvi-mento a África para 25 mil milhões de dólares por ano, até 2010. Até à mesma data, todos deviam ter acesso a tratamentos contra a sida.

Este documento ainda não é final, pode ser alterado se houver pressão de outros Estados, em especial dos africanos, notava o Financial Times.

Ali Ashtari

Quatro iraquianos que afirmam ter sido torturados na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, anunciaram ontem em Istambul que vão processar os seus interrogadores e as empresas de segurança que os contrataram. Os casos vão ser julgados nos Estados Unidos.

Page 20: Público – 6666 – 01.07.2008

20 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Mundo

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Governo iraquiano dá o tiro de partida para o regresso dos gigantes do petróleo

Francisca Gorjão Henriques

a Ao fim de décadas de nacionaliza-ções, o Iraque anunciou ontem a lista de campos petrolíferos que estarão abertos ao investimento estrangeiro. Mas ao contrário do que se chegou a prever, estão ainda por assinar os contratos com as grandes multina-cionais, realçou a AFP.

“Não chegámos a acordo com eles”, afirmou o ministro iraquiano do Pe-tróleo, Hussein Chahristani, numa conferência de imprensa em Bagdad, referindo-se à Shell, BP, ExxonMobil, Chevron e Total, e ainda um consór-cio reagrupando a Anadarko, Vitol e Dome dos Emirados Árabes Unidos (os nomes das empresas ainda não foram confirmados oficialmente, mas todas as apostas se concentram nes-tas). “Queríamos a ajuda dos peritos na base de consultas e apoio técnico para ajudar as nossas equipas. Eles recusaram porque queriam partes do nosso petróleo. Mas nós não partilha-mos o nosso petróleo.”

Bagdad quer ajuda técnica e knowhow para aumentar a sua produção em meio milhão de barris por dia, elevando assim para os três milhões os barris que produz diariamente – o nível mais alto desde a invasão do país pelas tropas americanas – e para 4,5 milhões daqui a cinco anos. As infra-estruturas petrolíferas estão ainda a pagar por anos de sanções internacionais e guerra.

O regresso dos “gigantes do petró-leo”, como lhes chamou a agência no-ticiosa francesa, tinha sido revelado em meados de Junho pelo The New York Times e confirmado há uma se-mana pela AFP. Agora, a julgar pelas declarações do ministro, será adiado. Mas as empresas estão a posicionar-se para chegar a acordo com o Governo. Uma questão sensível numa região que rompe com a tradição dos produ-

tores petrolíferos regionais – Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos – que mantêm a exploração sob controlo nacional, refere a agên-cia Reuters. O ministro fez questão de realçar: “Não temos necessidade de partilhar o nosso petróleo com quem quer que seja. O petróleo pertence aos iraquianos”. O seu ministério “começará a analisar as ofertas em Maio de 2009”.

Ontem, o Governo definiu as regi-ões onde o investimento estrangeiro é aguardado – Rumaila, Kirkuk, Zu-bair, Qurna Ocidental, Bai Hassan e Maysan. “Os seis campos petrolífe-ros que foram anunciados são a es-pinha dorsal da produção iraquiana e alguns deles estão a envelhecer e a produção a declinar”, acrescentou

Chahristani. “Não são contratos de partilha de produção, mas contratos de serviços.”

A ideia do regresso das empresas estrangeiras desperta fantasmas. O sector petrolífero foi nacionalizado entre 1961 e 1972, depois de meio século de controlo de Reino Unido, França e EUA, que dominavam a Iraq Petroleum Co (IPC, formada pela To-tal, BP, Exxon, Mobil, Shell e Partex), e usavam o petróleo como arma polí-

tica e económica, refere a Reuters.Há anos que as principais petrolí-

feras se estão a posicionar para ga-rantir acesso às reservas iraquianas – a principal fonte de rendimento do país, e que alguns críticos afirmam ter constituído a verdadeira razão para a guerra. Serão as terceiras do mundo, a seguir à Arábia Saudita e ao Irão. Também há a dificuldade de chegar a um acordo que satisfaça o Governo semiautónomo do Curdis-tão, no Norte.

“O sector petrolífero não pode ser desenvolvido só com os iraquianos”, reconheceu à BBC Abhr Al-Uloom, antigo ministro do Petróleo. “Ao mes-mo tempo, precisamos de um quadro que defenda os interesses do povo iraquiano”.

Petróleo iraquiano está nacionalizado desde 1972

Foram anunciadas as regiões onde as empresas estrangeiras poderão investir. A presença das multinacionais faz despertar alguns fantasmas no país

4,5milhões de barris de petróleo é o que o Iraque quer produzir diariamente daqui a cinco anos

DAMIR SAGOLJ/ REUTERS

O Presidente norte-americano, George W. Bush, promulgou ontem a autorização de 152 mil milhões de dólares para as guerras de Iraque e Afeganistão até ao Verão de 2009 – vários meses depois do fim do seu mandato, a 20 de Janeiro. “Estou agradecido aos republicanos e democratas do Congresso por terem chegado a acordo para estes financiamentos essenciais, sem atar as mãos aos nossos comandantes [militares] e sem calendário artificial de retirada do Iraque”, declarou. Os adversários democratas de Bush, em maioria no Congresso, abdicaram da sua exigência de que no texto fosse mencionada uma data para a saída das tropas americanas. O envolvimento dos EUA no Iraque é um dos temas centrais das presidenciais de Novembro, com o candidato republicano, John McCain, a aderir à política de Bush, e o candidato democrata Barak Obama a prometer dar início à retirada assim que for eleito. AFP

Iraque e Afeganistão Bush autoriza 152 mil milhões de dólares

a O antigo chefe dos serviços de in-formação peruanos, Vladimir Mon-tesinos, disse ontem que o ex-Presi-dente Alberto Fujimori não teve qual-quer responsabilidade nos massa-cres pelos quais está a ser julgado em Lima.

Processado por vários delitos cometidos durante o seu mandato (1990-2000), o antigo Presidente é acusado de ter sido o mentor das chacinas de Barrios Altos e La Can-tuta, respectivamente a 3 de Novem-bro de 1991 e a 18 de Julho do ano seguinte, nos quais foram mortos 25

civis. Os dois casos são tidos como paradigmáticos da guerra suja con-tra a guerrilha maoísta do Sendero Luminoso.

O antigo chefe da secreta afirmou ao tribunal que quis ir perante os juízes “para poder explicar que o Presidente Alberto Fujimori não te-ve qualquer responsabilidade nos factos abordados no processo”, o mais grave de todos os que pesam sobre o réu. Os restantes são corrup-ção, abuso do poder ou violação de domicílio.

Vladimiro Montesinos, que o pró-

prio Presidente quis deter, à frente de forças policiais e militares, no au-ge do escândalo dos vídeos em que o primeiro aparece a pagar a depu-tados da oposição para mudarem os seus votos, cumpre uma pena de 15 anos de prisão por corrupção e ainda por tráfico de armas.

O ex-chefe da secreta peruana tor-nou-se o braço-direito de Fujimori, antes de fugir do país, em Outubro de 2000, depois da descoberta da ope-ração de chantagem. Gozava de um tão grande poder que depressa che-gou a preocupar o próprio líder.

Antigo chefe dos serviços secretos peruanos iliba Fujimori em dois massacres na década de 1990

Alberto Fujimori

Quatro possíveis candidatos à sucessão de Louise Arbour

a A jurista canadiana Louise Arbour, de 61 anos, terminou ontem oficial-mente o seu mandato de quatro anos como alta-comissária das Nações Uni-das para os Direitos Humanos, mas o secretário-geral Ban Ki-moon ainda não se pronunciou sobre quem é que deverá ser o seu sucessor, sabendo-se apenas que entre as hipóteses em cima da mesa se encontram o diplo-mata mexicano Luis Alfonso de Alba, o catedrático sudanês Francis Deng, o sul-africano Navatheen Pillary e até mesmo a bengali Irene Khan, secretá-ria-geral da Amnistia Internacional.

Durante o mandato de Arbour, an-tiga procuradora do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, o seu gabinete, em Genebra, distribuiu relatórios bastante críticos de uma série de países, desde os Estados Uni-dos ao Zimbabwe e ao Sudão, tendo deixado muito boa impressão tanto junto de diplomatas como de defen-sores dos direitos humanos.

Agora, quando se aproximou a hora de a substituir, o Presidente ti-morense José Ramos-Horta chegou a encarar a hipótese de se candidatar, mas acabou por desistir depois de lhe terem feito ver que a sua partida de Díli obrigaria a novas eleições e, provavelmente, aumentaria assim a fragilidade do país.

Líder malaio da oposição deixou Embaixada da Turquia

a O líder da revitalizada oposição da Malásia, Anwar Ibrahim, deixou ontem a Embaixada da Turquia, on-de se refugiou depois de ter sido acusado de sodomia. “Só sai depois de receber garantias de segurança”, afirmou, citado pela agência Reuters.O antigo vice-primeiro-ministro refu-giara-se na embaixada no domingo, depois de a polícia ter aberto uma investigação às acusações de um dos seus jovens assessores de que Anwar o assediara. Esta não é a primeira vez que Anwar é alvo de uma acu-sação de sodomia. Foi demitido em 1998 e preso, depois de ter liderado manifestações contra o Governo do então primeiro-ministro Mahathir Mohamad.

O Tribunal Supremo considerou--o inocente seis anos depois. Agora, Anwar diz que são novamente razões políticas que estão por trás destas acu-sações: “A nova alegação é uma re-petição do fiasco de 1998”, afirmou à Reuters.

O seu partido conseguiu um resul-tado muito satisfatório nas últimas legislativas, acabando por retirar ao Governo a maioria no Parlamen-to. Anwar preparava-se para anun-ciar que pretende conquistar um assento parlamentar nas eleições intercalares.

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MundoPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 21

Iminente o relatório sobre atrocidades de 1999 em Timor

Jorge Heitor

Figuras da sociedade timorense contestaram a forma como o Presidente indultou um grande número de presos cujos actos haviam enlutado o país em 1999

a A Comissão de Verdade e Amizade (CVA) criada em 2005 pela Indonésia e por Timor-Leste, para determinar a verdade quanto aos acontecimen-tos que antecederam e que se suce-deram à consulta popular de 1999, sobre a independência timorense, vai submeter agora o seu relatório às autoridades dos dois países, du-rante a primeira semana de Julho,

anunciou à Reuters o cônsul de Dí-li na ilha de Bali, Manuel Serrano. Inspirada na comissão sul-africana Verdade e Reconciliação, a CVA pre-tende promover a reconciliação e a amizade entre o mais populoso dos países muçulmanos e um pequeno território de maioria católica, para que consigam resolver os problemas residuais do passado e desenvolver as relações bilaterais, a bem da plena democratização de toda a zona.

Acontece, porém, que o grupo não tem poderes para processar ninguém, o que já originou críticas de defenso-res de direitos humanos de que pou-co mais poderá fazer do que tentar branquear muitas das atrocidades que foram cometidas num passado recente e que ficaram a assinalar o doloroso caminho de Timor-Leste

Tribunal de Recurso proclame a in-constitucionalidade de um decreto presidencial que indulta 94 presos que cometeram crimes brutais du-rante os tempos mais conturbados do nascimento do novo Estado. A de-putada Fernanda Mesquita Borges, do Partido Unidade Nacional (PUN), o director da associação HAK, José Luís de Oliveira, e os demais signatá-rios da petição acusam o Presidente da República, José Ramos-Horta, de “desconhecer a natureza da dor” cau-sada por muitos dos crimes cometi-dos em 1999, nomeadamente por mi-lícias que queriam que Timor-Leste continuasse a ser considerada uma província da Indonésia.

Um dos pontos em que estes peti-cionários contestam o decreto presi-dencial é o alegado facto de não ter

tomado na devida conta recomenda-ções da ministra da Justiça, Lúcia Lo-bato, segundo a qual apenas 83 pre-sos deveriam ter as penas reduzidas. Os contestatários não gostaram de saber que poderia desde já ficar em liberdade o antigo ministro do Inte-rior Rogério Lobato, que em Maio do ano passado fora condenado a sete anos e meio de cadeia por ter distri-buído armas a civis para que procu-rassem matar dirigentes de partidos adversários e desertores das Forças Armadas. Autorizado a seguir para a Malásia em Agosto de 2007, sob a argumentação de que precisaria de tratamentos médicos que em Díli não havia, Lobato deixou recentemente Kuala Lumpur e tem estado de férias na ilha indonésia de Bali, enquanto não regressa a Timor-Leste.

94foram os presos que o Presidente Ramos-Horta recentemente indultou, num gesto que nem todos os seus compatriotas aceitaram de bom grado

Número controverso

para a independência.Esta expectativa de divulgação do

relatório da CVA segue-se ao proces-so intentado na semana passada por 13 cidadãos timorenses, para que o

Guerra civil terá causado 30 mil desaparecidos na Colômbia

a O número de desaparecidos no âmbito da guerra civil da Colômbia deverá ser muito superior ao que tem sido referido. Falava-se de poucos mi-lhares, poderão ser mais de 30 mil.

A questão dos desaparecimentos voltou às páginas dos jornais colom-bianos por via de um seminário in-ternacional sobre desaparecimentos forçados, inaugurado em Bogotá pelo juiz espanhol Baltasar Garzón, relató-rios de organizações internacionais, confissões e processos judiciais.

Enquanto há oito anos se falava de 3500 desaparecidos, a Procuradoria refere agora 15.645 casos a ser investi-gados. E organizações internacionais dizem que é o dobro. “Seguramente serão mais de 30 mil”, disse um par-ticipante naquele encontro, Federico Andreu, da Comissão Internacional de Juristas, à BBC Mundo.

Recentemente, um antigo general foi detido e outros militares foram pronunciados pelo desaparecimen-to de pessoas em 1985. Paramilitares de direita vêm referenciando cemité-rios clandestinos e proporcionando a recolha de ossadas – só no ano pas-sado apontaram 1009. Mas, segundo aquele jurista, falta vontade política ao sistema colombiano para perse-guir o desaparecimento forçado.

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Evo Morales sofre nova derrota a nível regional e tem agora a oposição de sete das nove províncias da Bolívia

a O Presidente boliviano, Evo Mo-rales, que enfrenta a revolta de seis governadores autonomistas, passou domingo a ter mais um adversário: Savina Cuéllar, eleita nas regionais de Chuquisaca, que já declarou que tenciona convocar também um re-ferendo a exigir mais poderes para a província, das mais ricas do país.

A vencedora, de 45 anos, mãe de sete filhos e até agora vendedora de roupa usada, foi militante do Movi-mento para o Socialismo (MAS), o mesmo do Presidente, que deixou na sequência da onda de violência de Dezembro do ano passado.

Segundo uma sondagem feita à boca das urnas, Savina Cuéllar, que-chua, como o chefe de Estado, re-colheu 55,5 por cento dos boletins contra 40,5 por cento do candidato oficialista, Walter Valda. A votação e o escrutínio decorreu sem inciden-tes, contra o que observadores locais receavam e apesar da presença de jovens de um movimento radical da província vizinha de Santa Cruz.

Um terceiro candidato, Felipe Cruz, também da oposição, não foi além dos quatro por cento.

Morales, já contestado por seis dos nove prefeitos do país, vê fugir-lhe mais uma região, que dentro de me-ses poderá juntar-se às que fizeram re-ferendos de autonomia, e ganha-ram. Num encontro com os jornalis- Savina Cuéllar festeja a sua vitória com apoiantes

REUTERS

tas, Cuéllar avisou que prepara uma consulta semelhante para “Setembro ou Outubro”.

Além da questão central do refe-rendo, a nova governadora quer que os eleitores se pronunciem sobre se Sucre deve ou não deve substituir La Paz como a nova capital do país, a discussão que levou aos motins de Dezembro.

O projecto de Constituição então em discussão não previa que a cidade substituísse La Paz como capital do país, o estatuto que teve até ao século XIX e que perdeu na sequência de uma guerra civil. Os habitantes não gostaram e saíram à rua. Na onda de violência que se seguiu morreram três pessoas e ficaram feridas várias centenas. O prefeito, o oficialista Da-

vid Sánchez, teve de fugir, o que mo-tivou a antecipação das eleições.

A nível nacional, a oposição tem agora os cargos de governadores de sete regiões: Santa Cruz, no Leste, o epicentro da riqueza boliviana, Beni e Pando, no Norte, Cochabamba, no Centro, Chuquisaca, no Sudeste, e Tarija, no Sul.

O Presidente tentou há alguns me-ses iniciar um diálogo com os amoti-nados, mas a iniciativa fracassou. Pro-pôs depois um referendo revogatório sobre o seu cargo e o do vice-presi-dente, e ainda dos governadores. A consulta está marcada para o dia 10 de Agosto.

A vitória de Savina Cuéllar é tanto mais importante quanto Chuquisaca, se é uma das regiões mais pobres do país, é também a que possui as reser-vas de gás mais importantes, explo-radas, entre outras, pela brasileira Petrobras e pela espanhola Repsol.

Savina Cuéllar, que aprendeu mui-to recentemente a escrever e a falar castelhano, lembrava ontem o diário espanhol El País, diz que não tem me-do do que a espera.

No encontro com a imprensa, parte dele em quechua, disse que cuidou de sete filhos e de uma casa, e que conhece bem o trabalho do campo, e que portanto pode bem com o cargo para que foi eleita.

A justiça russa apresentou novas acusações contra o milionário Mikhail Khodorkovski, que controlava a petrolífera Iukos e cumpre uma pena de oito anos. A defesa diz que a acusação vai arrastar o caso e esperar instruções do novo presidente russo, Dmitri Medvedev.

PORTUGAL EM FIBRA ÓPTICACOMO GARANTIR QUE O INVESTIMENTO É FEITO, EVITANDO AO MESMO TEMPO A EMERGÊNCIA

DE NOVOS MONOPÓLIOS NATURAIS? O QUE REGULAR, COMO REGULAR E ONDE REGULAR?

Conferência APDC | 8 de Julho | Centro Cultural de Belém Inscreva-se já em www.apdc.pt

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22 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

MundoA Microsoft terminou ontem a comercialização do Windows XP, noticiou a agência AFP . O Windows Vista passará a ser a única versão do Windows, que equipa 90 por cento dos computadores pessoais em todo o mundo, mas o apoio técnico ao XP continuará até 2014.

Acordo entre estúdios e actores chega ao fim e fantasma de nova greve ameaça Hollywood

a O acordo laboral que liga os estú-dios de Hollywood aos actores ter-minou às zero horas e um minuto de hoje, sem que os patrões e o maior sindicato tenham conseguido nego-ciar um novo entendimento. Nin-guém fala explicitamente em greve, mas os estúdios não querem correr o risco de trabalhar sem acordos e vão mesmo parar de novo, cinco meses após o fim dos quase 100 dias de pa-ralisação dos argumentistas.

A segunda crise laboral da indús-tria norte-americana do cinema e da televisão da temporada não está a travar-se apenas entre os estúdios e os sindicatos. Ao contrário dos guio-nistas, que se mantiveram unidos, os mais de 120 mil actores envolvidos nesta negociação estão divididos.

É uma verdadeira guerra de es-trelas, com Tom Hanks, Sally Field e James Cromwell de um lado e Jack Nicholson, Viggo Mortensen ou Mar-tin Sheen do outro.

Tom Hanks e Jack Nicholson são cabeças de cartaz na guerra entre sindicatos de actores; estúdios vão mesmo interromper produção, com ou sem greve

George Clooney quis mediar conflito entre actores

Os primeiros apoiam a American Federation of Television and Radio Artists (AFTRA), que representa 70 mil actores e chegou a um acordo com os estúdios, que será votado no dia 8. Os segundos apoiam a posição do maior sindicato, a Screen Actors Guild (SAG), que tem 120 mil mem-bros, 44 mil dos quais pertencem também à AFTRA. Ao fim de 41 dias de negociações, a SAG não se enten-deu com os estúdios e contesta o acordo da organização rival.

George Clooney chamou a si o pa-pel de pacificador nesta guerra e ape-lou ao entendimento entre as duas organizações: “A única coisa de que podem estar certos é que estas histó-rias sobre Jack Nicholson versus Tom Hanks só vão reforçar o poder nego-cial da AMPTP [Alliance of Motion Picture and Television Producers]”, disse o actor, na semana passada.

Por agora, a SAG diz que não irá pa-ra a greve: “Não tomámos qualquer medida para pedir aos membros do SAG que votem a autorização de uma greve”, disse Alan Rosenberg, da direcção deste sindicato, à revis-ta Variety. Mas o SAG está a tentar convencer os actores inscritos no AFTRA (incluindo os que pertencem aos dois sindicatos) a não votarem favoravelmente o acordo destes com

os estúdios. A próxima data-chave do confli-

to entre actores é 8 de Julhos: se os membros do AFTRA aprovarem o acordo, o SAG perde força. Caso con-trário, poderá ainda avançar para a greve, mas precisará de pelo menos três semanas para a convocar. A AF-TRA considerou a posição da SAG “politicamente motivada”, diz o di-ário Los Angeles Times.

O cerne dos acordos são, tal como

no caso dos guionistas, os direitos re-lacionados com os DVD e os novos media, com a SAG a assumir uma po-sição mais dura do que a AFTRA.

Cinco meses após o fim da greve dos guionistas, que custou 1600 mi-lhões de euros, Hollywood vai parar de novo. “A indústria vai fechar por causa da liderança da SAG, que in-sistiu em prolongar as negociações para continuar a atacar a AFTRA”, disse a AMPTP.

REUTERS

Margarida Paes

a Ian McEwan, o aclamado escritor britânico, juntou-se a outro escritor britânico, Martin Amis, em acusações contra o “extremismo” islamita, levan-tando a voz contra a intolerância, ao memo tempo que se defende da acu-sação racista que lhe é feita por alguns elementos da esquerda intelectual, segundo o diário espanhol ABC.

McEwan, de 60 anos e autor das obras Expiação e Na Praia de Chesil,juntou-se a Amis, que há uns meses esteve envolvido em polémica por ter sugerido que “a comunidade muçul-mana terá que sofrer até que ponha a casa em ordem”.

Numa entrevista ao diário italiano Corriere della Sera na semana passa-da, McEwan expressou o seu “des-prezo” pelo islamismo por fomen-tar uma sociedade que “detesta”, por oprimir a mulher e por negar direitos aos homossexuais. Mas no seu website (www.ianmcewan.com) o escritor negou as acusações feitas pelos media italianos e britânicos, di-zendo que as suas declarações foram “mal interpretadas” e sublinhando que a sua opinião não é nem “isla-mofóbica” nem racista.

“Cresci num país muçulmano, a Lí-bia, e tenho boas memórias de uma cultura islâmica digna, tolerante e acolhedora”, escreveu McEwan. A

Ian McEwan ataca islamistas mas diz que as suas críticas se dirigem apenas à “minúscula minoria” extremista

“minúscula minoria” a que se refe-riu na entrevista são aqueles que po-dem ser considerados “extremistas” – seguidores da “jihad que pregam a violência e o ódio contra os infiéis, os judeus e os homossexuais”.

Em várias intervenções e escritos, Martin Amis expressou a convicção de que os fundamentalistas ganharam a corrida entre o islão e o islamismo. “O islão moderado é sempre engano-samente bem representado no debate público; em qualquer outro lugar é inaudível”, escreveu.

O Conselho Britânico Muçulmano criticou agora McEwan por ter defen-dido Amis. Inayat Bunglawala, o por-ta-voz da organização que aglomera

várias associações muçulmanas, clas-sificou as declarações de Amis como “intolerantes”. “É claro que a crítica aos princípios de uma religião é algo permitido, mas Amis foi mais longe. Declarou que a comunidade muçul-mana vai ter que sofrer”, disse Bun-glawala ao diário britânico The Daily Telegraph.

No seu site, McEwan nega que as suas declarações sejam “de direita” ou que sustentem os fracassos da po-lítica externa dos Estados Unidos. “Meramente invoco uma humani-dade comum que espero seja par-tilhada por todas as religiões, bem como por todos os não-crentes,” concluiu.

Margarida Paes

a O site de leilões online eBay foi on-tem considerado culpado pelo tribu-nal francês do comércio, em Paris, por falsificação e venda ilícita de pro-dutos e terá que pagar uma multa de quase 40 milhões de euros a seis mar-cas do grupo Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH), uma holding france-sa especializada em artigos de luxo, segundo a agência noticiosa AFP.

O tribunal do comércio está a julgar o caso há um ano e meio e ontem con-cluiu que a eBay cometeu “violações

Site de leilões eBay multado por venda de artigos falsosgraves” ao autorizar a venda de pro-dutos falsificados. Os artigos leiloados e vendidos ilicitamente incluem mar-cas da linha de malas Louis Vuitton e de roupa Christian Dior, e ainda das marcas de perfumes Christian Dior, Givenchy, Guerlain e Kenzo.

Foi anunciado por um porta-voz do site, sediado nos Estados Unidos, que o eBay vai recorrer da sentença. “Continuaremos a luta em nome dos utilizadores”, disse o porta-voz à AFP, denunciando “uma vontade da LVMH de proteger as práticas comerciais ex-cluindo toda a concorrência”.

Por “prejuízo da imagem e moral”, o eBay terá que pagar 19,28 milhões de euros à Louis Vuitton. À Christian Dior, pelas mesmas acusações, foi multado em 17,3 milhões de euros. E deverá ainda pagar 3,25 milhões de euros no total a quatro marcas de per-fumes – 1,16 milhões de euros à Chris-tian Dior, 686 mil euros à Givenchy, 686 mil euros à Guerlain e à Kenzo – por “venda ilícita”. O presidente da LVMH, Bérnard Arnault, considerou a punição “uma decisão importante porque castiga as práticas de venda ilegal na Internet”.

40milhões de euros é o valor total que o site de leilões online eBay vai ter que pagar à empresa francesa de artigos de luxo LVMH, pela venda dos seus produtos falsificados

Produtos de luxo

Grávidas que comem junkfood podem ter filhos doentes

a Comer hambúrgueres, pizzas e ou-tras iguarias classificadas como “co-mida de plástico” durante a gravidez pode causar danos irreversíveis aos bebés, sob a forma de doenças que se revelam na vida adulta, como proble-mas cardiovasculares e diabetes.

Este perigo é sugerido por um arti-go publicado hoje na revista científica The Journal of Physiology, por uma equipa do Royal Veterinary College de Londres.

Stéphanie Bayol e Neil Stickland ali-mentaram fêmeas de rato grávidas, e durante o período de amamentação das crias, com uma dieta de batatas fritas, queijo, queques e outras comi-das deste género. As crias nasceram com peso a mais, e com um fraquinho por comida gordurosa.

Mesmo que tenham seguido uma dieta saudável, os filhos destas fême-as desenvolveram vários problemas, na adolescência e na idade adulta, equivalentes ao excesso de colesterol e trigliceridos nos humanos – associa-dos a doenças cardiovasculares – e também níveis elevados de glicose e insulina, característicos da diabetes. Além disso, ficaram sempre mais gor-dos que o normal, e com muita gor-dura acumulada à volta dos rins.

Decisão sobre caça à baleia fica para reunião na Madeira

a A guerra sobre a liberalização da caça à baleia, pretendida pelo Japão, ficou adiada para o próximo ano, pa-ra a próxima reunião anual do Co-missão Baleeira Internacional, que vai realizar-se na Madeira.

Os 80 países que integram este ór-gão continuam divididos, e a reunião que terminou no sábado, em Santiago do Chile, não abriu portas a um acor-do sobre o alargamento da quota de caça de algumas espécies de baleia pretendida pelo Japão (actualmen-te é de 1000 exemplares por ano). Mas também não aprovou a criação de um santuário para as baleias no Atlântico Sul.

A única decisão que saiu da reunião foi a de criar um grupo de trabalho de 24 nações para preparar recomen-dações de possíveis soluções parao encontro do Funchal.

Em causa estão as pretensões das nações que tradicionalmente caçam baleias, como o Japão, a Islândia e a Noruega. O Japão ameaça abando-nar a Comissão Baleeira se não for levantada, ou pelo menos aliviada, a proibição da caça à baleia, em vigor desde 1986. “O mundo está a assistir à morte de uma instituição interna-cional”, disse à AFP Glenn Inwood, da representação japonesa.

Austrália e Estados Unidos, entre outros países, opõem-se radicalmen-te às pretensões nipónicas.

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Local23 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Regadio Autarcas querem barragem entre Arruda dos Vinhos, Alenquer e Vila Franca

Abandono do projecto da Ota (na foto) é um argumentos dos autarcasBarragem pronta para avançar perto de LisboaEmpreendimento do Rio Grande da Pipa envolve um investimento de 6 milhões de euros e poderá constituir reserva de água da capital

a O Ministério da Agricultura con-cluiu, recentemente, os projectos para a construção de uma barragem no troço do Rio Grande da Pipa, na confluência dos concelhos de Alen-quer, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira. O empreendimento, orçado em cerca de 6 milhões de euros, de-verá ocupar uma área de 42 hectares, tornando-se a maior albufeira do dis-trito de Lisboa e também a reserva de água mais próxima da capital. Estará sobretudo vocacionado para a rega, mas terá condições para actividades lúdicas e turísticas e contribuirá tam-bém para o controlo das cheias que ciclicamente atingem a região.

O Orçamento do Estado de 2008 não inclui verbas para a execução da obra e o Ministério da Agricultu-ra disse ao PÚBLICO que a execução do Aproveitamento Hidroagrícola do Rio Grande da Pipa só deverá avançar depois da “conclusão dos regadios que já possuem barragens e/ou re-des primárias construídas”. Autarcas da região acreditam, todavia, que o projecto pode avançar muito mais rapidamente, até porque faz parte das reivindicações apresentadas ao Governo pelos municípios do Oeste para compensar a mudança do futuro aeroporto para a zona de Alcochete. Uma decisão a esse respeito deverá ser tomada, segundo o Governo, du-rante o mês de Julho.

“Está tudo tratado em termos de projecto e pronto para lançar o con-curso. É um dos pontos que estão em cima da mesa na negociação das com-pensações”, afirmou Carlos Lourenço (PSD), presidente da Câmara de Ar-ruda dos Vinhos. O autarca acrescen-tou que o assunto motivou reuniões recentes com o secretário de Estado da Agricultura e com o director regio-nal de Agricultura, que se mostraram sensíveis à importância da obra.

“Abordámos a necessidade, a ur-gência e o interesse da própria Direc-ção Regional em efectuar esta obra o mais rapidamente possível. Não é só o município de Arruda, Vila Fran-ca também está muito interessada e Alenquer também quer que este pro-jecto avance o mais rapidamente pos-

sível”, frisou o autarca, que preside à Associação de Municípios do Oeste.

A ideia da barragem já tem perto de uma década. Em 2003 e 2004, o Insti-tuto para o Desenvolvimento dos Re-cursos Hídricos e Ambiente (IDRHA) lançou concursos para a elaboração dos projectos da barragem e de exe-cução da rede de rega, drenagens e caminhos. Estes processos foram concluídos e aprovados nos últimos meses pela tutela da Agricultura.

Entretanto foi constituída uma As-sociação de Regantes, num processo que não foi totalmente pacífico, so-bretudo pela falta de interesse e pe-las dúvidas manifestadas por alguns agricultores da zona de Alenquer. Carlos Lourenço garante, todavia, que tudo foi resolvido com os pro-prietários envolvidos e que o dossier já foi entregue na Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo. “Está tudo feito, mal haja a decisão política pode avançar rapidamente”, garantiu.

Cooperativa apoia projectoA cooperativa agrícola Agrocamprest, com sede em Arruda dos Vinhos, tem sido uma das impulsionadoras do projecto, considerando a crescente

Jorge Talixa

DANIEL ROCHA

importância das reservas de água na actividade agrícola.

“Sempre achámos que onde exis-te água existem agricultores, existe futuro para as populações, existe o que vai ser o bem mais precioso no futuro”, sublinha Luís Alenquer, pre-sidente da Agrocamprest, lembrando que a água será sempre um bem es-tratégico em toda a parte.

“Achamos que por todas as razões e mais alguma, fazer uma barragem é sempre viável. Para além da produ-ção agrícola e da alimentação huma-na, temos também a regularização das cheias. É sempre um factor po-sitivo. Depois, será a barragem mais próxima de Lisboa e pode constituir uma reserva estratégica muito impor-tante. Para além disso, temos os fins turísticos. Somos defensores de tudo o que não seja poluente e que traga desenvolvimento para o espaço ru-ral”, concluiu Luís Alenquer.

6 milhões de eurosInvestimento previsto

42 hectaresÁrea inundada

210 mil metros cúbicosVolume de aterros da obra

35 metros Altura máxima da água

600 hectaresÁrea irrigável

103Propriedades irrigáveis

Números do empreendimento

As associações de defesa do ambiente dos concelhos de Alenquer (Alambi) e de Vila Franca de Xira (Adapa) não concordam com a construção desta albufeira. A posição de ambas as organizações já foi manifestada num comunicado conjunto onde sugerem que os agricultores não terão conhecimento dos custos que lhes virão a ser imputados para poderem utilizar a água e levantam dúvidas sobre a qualidade da mesma.“Muitos dos esgotos da região são despejados sem tratamento nas ribeiras que afluem ao Rio

Grande da Pipa”, afirmam os ambientalistas.A Alambi e a Adapa contestam também o eventual uso de fundos comunitários para um projecto deste tipo e com estes impactes e interrogam-se sobre quem irá beneficiar com o empreendimento. Sugerem mesmo que os principais interesses à volta da barragem girarão em torno do turismo e do imobiliário e questionam se fará sentido construir uma albufeira para actividades náuticas a menos de uma dezena de quilómetros do estuário do Tejo.

Ambientalistas contestam o projectoPor trás há interesses imobiliários, afirmam

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24 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Local

Câmara de Lisboa vai alienar o edifício onde esteve instalado o Museu da Marioneta

Catarina Prelhaz

a O imóvel que albergou até 2001 o Museu da Marioneta, situado no Lar-go Rodrigues de Freitas (Mouraria), vai ser alienado pela Câmara de Lis-boa. De acordo com uma fonte oficial do gabinete do vereador do Urbanis-mo, o edifício, com uma área de cerca de 2700 m2, integra a lista de imó-veis municipais de que a autarquia pretende desfazer-se e que deverão destinar-se ao ramo da hotelaria.

Questionada sobre as estratégias para a reabilitação da Mouraria e do seu património arquitectónico, o ga-binete do vereador Manuel Salgado rejeitou responsabilidades no proces-so do Palácio da Rosa, um edifício se-tecentista vendido em 2003 ao grupo Olissibona por 2,1 milhões de euros para dar lugar a um hotel de luxo. Embora classificado como imóvel de interesse municipal, o palácio conti-nua a sucumbir à ruína, uma vez que o projecto de exploração hoteleira

Câmara está a analisar o condicionamento do tráfego automóvel entre o Largo de São Cristóvão e a Igreja de Santo Antão-o-Velho

Antigo edifício do Museu da Marioneta está abandonado há anos

nunca avançou. “Este imóvel foi alie-nado através de hasta pública, sendo a sua reabilitação e conservação da responsabilidade única do proprietá-rio”, refere a nota explicativa veicula-da pelo gabinete do vereador.

Em fase de estudo está a adaptação do antigo Mercado do Chão do Lou-reiro a silo automóvel. A intervenção naquele edifício integra o projecto de ligação pedonal assistida por meios mecânicos entre a Rua dos Fanquei-ros e o Castelo, uma das quatro ac-ções estruturantes que a autarquia pretende desenvolver com vista à re-vitalização da Baixa Pombalina. Ain-da no que diz respeito à mobilidade, a câmara está também a analisar o condicionamento do tráfego automó-vel entre o Largo de São Cristóvão e a Igreja de Santo Antão-o-Velho, bem como outras propostas de reordena-mento do estacionamento.

Com estudos prévios já concluídos estão as intervenções de requalifica-ção do espaço público no Largo dos Trigueiros, Largo da Achada, Rua da Guia/Largo da Severa e Rua João do Outeiro. Recuperar o edificado é outro dos objectivos da autarquia, que, devido a constrangimentos financeiros, irá para já apostar na conclusão da requalificação dos imó-veis municipais cujas obras foram

interrompidas em 2006, recorrendo ao empréstimo de 120 milhões de euros que pretende contrair junto do Banco Europeu de Investimen-tos. “Os prazos de conclusão das em-preitadas estão dependentes deste processo, bem como da negociação com o consórcio adjudicatário”, re-fere a mesma nota. Em 2003, a autar-quia desencadeou na Mouraria uma “mega-empreitada” de 7,8 milhões de euros que visava a intervenção

em 20 edifícios, que acabou por não ser concluída devido a deficiências dos projectos, imprevistos com o re-alojamento dos moradores e ao de-sentendimento com o empreiteiro por falta de pagamento.

Por outro lado, os serviços estão a reavaliar o Plano de Urbanização do Núcleo Histórico da Mouraria para “oportunamente” apresentarem os termos de referência da sua revisão e a respectiva calendarização.

a Cerca de 30 moradores do Bairro de Santa Cruz de Benfica, em Lisboa, concentraram-se ontem de manhã junto a uma moradia abandonada que vai ser demolida para permitir a construção do último troço da CRIL (Buraca/Pontinha), cujo traçado con-testam há anos.

Concentrados em frente à casa, si-tuada na Rua Comandante Augusto Cardoso, os manifestantes enverga-vam t-shirts onde se pode ler “CRIL sim, assim não” e “o Governo mente” e gritavam “Assassinos”, argumentan-do que o traçado da estrada será pe-rigoso para os condutores e poderá causar mortes. “Por cada morte que houver na CRIL, serão identificados

todos os técnicos que trabalharam nesta obra e vão ser responsabiliza-dos individualmente nos tribunais”, afirmou um dos presentes.

A casa que hoje deverá ser demoli-da é a primeira de quatro com o mes-mo destino, na fronteira entre Benfica e a Damaia. Com a manifestação, pro-movida pela comissão de moradores de Santa Cruz e da Damaia, os orga-nizadores pretendem torna pública a sua opinião de que o projecto actual é ilegal, não cumpre a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), salientando que não existe um projecto de execu-ção para a obra.

Fátima Cardina, representante da comissão de moradores da Damaia,

Protestos contra o traçado da CRIL voltaram ontem a ouvir-se no Bairro de Santa Cruz de Benfica

afirma também que não existem quaisquer autorizações camarárias para fazer demolições no local.

José Luís Faleiro, coordenador da empreitada do IC17/CRIL, a cargo da Estradas de Portugal, desmentiu esta informação, indicando que existe au-torização para a demolição.

Um dos manifestantes subiu para o telhado da casa que irá ser demolida, empunhando uma bandeira de Por-tugal, numa acção que pretende ser um “símbolo” da contestação e não para impedir o derrube da casa, disse à agência noticiosa Lusa um elemento da comissão de moradores, que con-testa o futuro traçado.

Ao final da manhã, um outro mani-

festante subiu também para o telha-do, afirmando ambos que só sairão dali caso seja apresentada uma auto-rização para a demolição da casa.

Com um anexo da propriedade já destruído, as demolições foram en-tretanto suspensas até que os mani-festantes saíssem do telhado da mo-radia.

A comissão de moradores do Bairro de Santa Cruz alega que a declaração de impacte ambiental (DIA) foi viola-da, já que o traçado que foi sujeito a consulta pública não corresponde ao que foi adjudicado, tal como admitiu recentemente o ministro do Ambien-te, Nunes Correia, na Assembleia da República.

a Dirigentes da Associação Huma-nitária dos Bombeiros Voluntários da Amadora estão a disponibilizar dinheiro dos seus bolsos, numa so-ma “apreciável”, para pagar, até hoje, os cerca de noventa salários de Junho dos bombeiros e funcionários administrativos da corporação.

Segundo explicou hoje à agência Lusa António Carixas, um dos direc-tores, esta é a primeira vez que os ac-tuais corpos sociais se deparam com dificuldades em pagar os ordenados, uma situação que se deve sobretudo a um acentuado corte no subsídio da

Bombeiros da Amadora sem dinheiro para saláriosCâmara da Amadora para o mês que ontem terminou.

De acordo com o dirigente, uma decisão judicial obrigou a autarquia a penhorar 37 mil euros do subsídio mensal (cerca de 51 mil euros) para fazer face a uma dívida da anterior direcção dos bombeiros.

“A antiga direcção contratualizou obras dentro do quartel, não pagou tudo e nós herdámos essa dívida, como outras. Fomos pagando, mas durante um tempo tivemos mais di-ficuldades e o assunto foi para tribu-nal. Dizem que devemos 37 mil, nós

dizemos que são nove mil”, contou António Carixas.

“Houve um agravamento da si-tuação difícil que já vivemos, com os aumentos dos combustíveis e os atrasos dos hospitais e outros or-ganismos do Estado em pagarem os nossos serviços, porque não estávamos à espera desta dívida. Mas tínhamos uma verba em caixa, restaram 14 mil euros do subsídio camarário e os membros dos cor-pos sociais decidiram emprestar dinheiro, para pagar os salários e os subsídios de férias”, explicou.

37.000euros foi a parte do subsídio mensal atribuída aos bombeiros que a Câmara da Amadora teve de reter e entregar ao tribunal por causa de uma dívida

Dívida em tribunal

Bilhetes do metro estão mais caros desde hoje

Catarina Prelhaz

a Andar de metropolitano em Lisboa é mais caro a partir de hoje. Os pre-ços dos bilhetes aumentam em média 5,5 por cento, alterações que atingem cerca de 24 por cento dos seus pas-sageiros, avançou em comunicado a transportadora. Imunes a subidas fi-cam os passes, cujo tarifário não sofre para já quaisquer modificações.

Os bilhetes simples de uma e duas zonas e o bilhete de ida e volta cus-tam agora mais cinco cêntimos, pas-sando respectivamente para os 0,80, 1,10 e 1,45 euros. Já o preço do bilhete de ida e volta Rede sobe 10 cêntimos, fixando-se nos 2,05 euros.

Os maiores aumentos, de 40 e 55 cêntimos, registam-se, contudo, nos bilhetes de dez viagens entre uma e duas zonas, que agora custam 7,30 e 10,40 euros. No extremo oposto, os billhetes simples Carris/Metro são os que registam subidas menos acentu-adas: aumentam dois cêntimos entre uma zona, para 0,54 euros, e quatro cêntimos o de duas zonas, passando a custar 0,71 euros. O preço do bi-lhete de um dia Carris/Metro é agora 1,37 euros, mais sete cêntimos do que ontem. O tarifário Zapping também sofre alteração: o bilhete de uma zona custa desde hoje mais quatro cênti-mos, atingindo os 0,79 euros, e o de duas mais cinco cêntimos, perfazen-do 1,10 euros.

A transportadora escusa-se para já a adiantar se haverá mais subidas este ano. A última tinha sido em Janeiro.

Três jovens baleados em Vale da Amoreira

a Três jovens, com idades compre-endidas entre os 17 e os 25 anos, fo-ram atingidos por balas disparadas na noite de domingo para segunda-feira no Vale da Amoreira, uma zona de habitação social situada no concelho da Moita, no distrito de Setúbal.

“Três homens foram baleados jun-to ao Centro Comercial das Fontai-nhas, no Vale da Amoreira, com uma caçadeira de 12 milímetros, tendo sido hospitalizados com ferimentos ligeiros. Os autores e as causas são desconhecidos”, disse à agência no-ticiosa Lusa uma fonte da Polícia de Segurança Pública.

Os disparos provocaram também danos em viaturas particulares que se encontravam estacionadas na zona, estando em aberto a possibilidade de o ataque ter tido origem numa viatura e de se tratar de um ajuste de contas. O caso está a ser investigado pela Po-lícia Judiciária.

A freguesia de Vale da Amoreira tem uma população particularmente jovem, tendo 40 por centos dos seus habitantes menos de 25 anos.

FILIPE CASACA

O Rancho Folclórico de Tercena “As Macanitas” actua hoje, a partir das 21h00, no Festival de Artesanato do Estoril. A entrada no recinto em frente ao Centro de Congressos do Estoril custa um euro, de segunda a quinta-feira, para adultos, e é grátis para crianças até aos 12 anos.

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 25

Associação Comercial do Porto estranha que a ANA desvalorize o Aeroporto de Sá Carneiro

Jorge Marmelo

Associação teme que a concessionária dos aeroportos esteja a proteger interesses privadose lamenta que continue a ocultar informação

a A Associação Comercial do Porto (ACP) estranha a principal conclusão de um estudo recentemente divulga-do pela ANA-Aeroportos de Portugal, segundo o qual a privatização em se-parado do Aeroporto de Francisco Sá Carneiro (AFSC) implicaria um forte aumento das taxas cobradas ou um crescimento irrealista do número de passageiros, sendo, por isso, econo-micamente insustentável. Os respon-sáveis pela associação, que tem dado a cara pela causa da regionalização da gestão do aeroporto, temem que a concessionária esteja a proteger in-teresses privados e a tentar ludibriar as instituições locais.

“É estranho que a ANA tente des-valorizar um activo que tem. Há aqui qualquer coisa que não se percebe”, comentou ontem, em conferência de imprensa, o presidente da ACP, Rui Moreira. “Se o aeroporto do Porto é

Sonae e Soares da Costa já mostraram interesse na gestão do aeroporto

DR

um mau negócio, ainda bem que o Es-tado encontrou aqui empresas [Sonae e Soares da Costa] interessadas em fi-car com ele, já que lhe permitirá ven-der a ANA livre deste encargo e, logo, por um melhor preço”, ironizou.

Alberto Castro, outro dos elemen-tos da direcção da ACP, reconheceu que é difícil rebater o estudo do Bos-ton Consulting Group sem sequer ter acesso aos elementos que a as-sociação tem vindo repetidamente a pedir à ANA, afirmando que “dá a sensação de que há interesses priva-

dos, dos técnicos da ANA, por trás deste secretismo”. “Tínhamos que saber como são feitas as contas” que sustentam as conclusões do estudo, disse este responsável, acrescentando que a ANA parte do princípio que o aeroporto seria gerido como a ANA o gere, o que não tem que ser necessa-riamente verdade.

Considerando que não compete ao Estado dizer aos potenciais interes-sados na privatização do AFSC se a privatização é um bom ou mau negó-cio, Alberto Castro considerou ainda

“um pouco estranho” que se diga que o aeroporto é pouco rentável quando se sabe que outros equipamentos da mesma dimensão, como o aeroporto de Malta, são perfeitamente susten-táveis. “O que nós sabemos é que há empresas interessadas na privatiza-ção do AFSC em separado, incluindo empresas internacionais”, disse.

Estes argumentos foram secunda-dos por Rui Moreira, segundo o qual, “mesmo admitindo que o estudo é verdadeiro e que o aeroporto do Nor-te só se segura com o patrocínio do de Lisboa, seria melhor a privatização em separado: o Estado vendia a carne da perna, que é Lisboa, e deixava es-tes ossos para quem os quer”.

“Sinto que temos sido enganados”, disse Rui Moreira, acrescentando que a sua preocupação assenta no facto de saber que, “se nada for feito rapi-damente, vai aparecer um dia destes uma página de jornal com o anúncio da privatização conjunta de todos os aeroportos do país”, beneficiando apenas o negócio da construção do novo aeroporto de Lisboa.

Moreira considerou também que a divulgação das conclusões do estudo não terá acontecido sem o acordo do ministro da tutela, Mário Lino, consi-derando que este tem sido “useiro e vezeiro” em afrontar o Porto.

Obras no centro de Santarém foram alvo de queixa-crime

a A Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém entregou ontem no Tribu-nal local uma queixa-crime contra uma alegada destruição de vestígios arqueológicos no edifício em frente ao Teatro Rosa Damasceno.

O documento exige a “anulação da permissão da demolição das fachadas e vestígios arqueológicos na obra”, a “consequente obrigação do promotor colocar uma adequada estrutura de contenção das fachadas” e “adaptar o projecto de arquitectura aos valores arqueológicos encontrados”.

Após a entrega da queixa-crime, o presidente da associação, José Vasco Serrano, apelou à intervenção do ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, contra a acção de “destruição de património arque-ológico pela firma Enfis SA/Rosa Tomás, que tem sido recorrente no centro histórico de Santarém” e que “dê o exemplo, sancionando esta em-presa”. Em causa está uma obra num edifício do século XIX, que foi sede do Clube de Santarém, e que pertence à Enfis/Rosa Tomás, o empreiteiro que adquiriu, por permuta de ter-renos em Almeirim, o Teatro Rosa Damasceno, processo também em tribunal. A associação apresentou, no ano passado, uma queixa seme-lhante ao Igespar e à Câmara mas não teve resposta.

PSD quer conhecer contrapartidas paraa construção de prisão em Almeirim

a O presidente da distrital do PSD de Santarém apelou ontem à divul-gação das “contrapartidas” que o Ministério da Justiça “terá negocia-do” com a Câmara de Almeirim para a instalação do Estabelecimento Pri-sional de Lisboa e Vale do Tejo.

“O que é que o concelho de Almei-rim lucra com este investimento?”, questionou Vasco Cunha, acres-centando ficar na “dúvida” com as contrapartidas “de fachada e de retórica” anunciadas. “Não se sabe rigorosamente nada, apenas que os trabalhadores serão preferencial-mente moradores em Almeirim”

e que “o pão ou as batatas” serão produzidos no concelho, afirmou Vasco Cunha, citado pela agência Lusa, salientando que “não se po-dem colocar barreiras para a con-tratação de pessoas, nem imposições à aquisição de produtos, que podem até ser fornecidos por serviços exter-nos à cadeia”.

Em comunicado, a comissão po-lítica distrital do PSD repudiou o “secretismo” de todo o processo “es-condendo-o, até à última hora, dos restantes autarcas e, principalmen-te, das populações”. E interroga: “Se o investimento traz, como afirmam,

mais-valias assinaláveis para a vida económica e social do concelho, por-quê escondê-lo daqueles que mais vão beneficiar dele?”.

Para Vasco Cunha, a autarquia poderá encontrar “uma segunda localização sem custos ambientais”, sublinhando que “em condições iguais seria preferível não abater sobreiros” na Herdade dos Gagos. O Ministério da Justiça assinou a 26 de Junho com a junta um protocolo que prevê a cedência de um terreno de 42 hectares, em zona de montado de sobro, para a construção do esta-belecimento prisional.

PSP e GNR vigiam residências nas fériasa Quem parte para férias e quer ga-rantir a segurança da sua residência pode contactar a GNR e a PSP, que a partir de hoje prestam um serviço gratuito de vigilância.

No âmbito da medida “Verão se-guro-chave directa”, as duas forças asseguram até 15 de Setembro um serviço gratuito que visa reforçar a vigilância às residências de quem vai para férias e faz um pedido junto da GNR e da PSP. Segundo o Mi-nistério da Administração Interna (MAI), além da entrega de um reque-rimento no posto ou na esquadra da área de residência, os interessados podem solicitar às forças de segu-

rança este serviço através da Inter-net (https://veraoseguro.mai.pt/).

O preenchimento do formulário na Internet é assegurado pela Rede Nacional de Segurança Interna e pelas forças de segurança, garante o MAI. Com o serviço “Verão segu-ro-chave directa”, a GNR e a PSP vigiam de “forma sistemática e me-

todológica” as residências e alertam de imediato o proprietário da habi-tação em caso de anomalia.

Entretanto, na página da Internet, o MAI e as duas forças de seguran-ça alertam para algumas medidas preventivas que devem ser tomadas durante o período de férias, nomea-damente a instalação de um alarme, dar uma aparência de actividade à casa, fechar bem portas e janelas, não divulgar a estranhos a ausên-cia, não acumular correspondência na caixa do correio, informar um vi-zinho que seja de confiança e guar-dar em lugar seguro jóias, dinheiro, valores e objectos de arte.

Operação garantiu no Verão passado vigilância de 5997 residências. Só houve quatro habitações assaltadas.

Julgamento da co-incineraçãoadiado em Almada

a O início do julgamento de duas acções administrativas especiais apresentadas pelos municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela con-tra os ministérios do Ambiente e da Economia e a Secil, a propósito da co-incineração na Arrábida, foi ontem adiado.

O juiz do Tribunal Administrati-vo e Fiscal de Almada decidiu adiar o início do julgamento por ainda existirem alguns requerimentos que estão dentro do prazo de res-posta.

“O juiz decidiu, e na minha opi-nião bem, adiar o início do julga-mento pois existem requerimentos ainda dentro do prazo de resposta e corria-se o risco de as testemunhas poderem ter que ser novamente chamadas para prestar esclareci-mentos”, disse à Lusa o advogado Castanheira Barros, que representa os municípios, depois dos advoga-dos de todas as partes envolvidas terem estado com o juiz.

Castanheira Barros explicou que em causa está uma Declaração Am-biental favorável à co-incineração de resíduos industriais perigosos na Secil, à qual terá que responder até ao dia 03 de Julho.

Aljustrel quer serviço de radiologia no Centro de Saúde

a A Assembleia Municipal de Al-justrel (Beja) reclamou ontem a “rápida instalação” do serviço de radiologia no novo centro de saúde local, que começou a funcionar há três meses, mas aquela valência continua num outro edifício. “O serviço de radiologia, três meses após a entrada em funcionamento da nova unidade de saúde, ainda permanece em antigas instalações, distantes e com o mesmo equipa-mento cada vez mais obsoleto”, afir-ma o órgão municipal, numa moção aprovada na sua última reunião e enviada à agência Lusa. No texto, aprovado por unanimida-de, os autarcas de Aljustrel dizem “não compreender” a situação e reclamam a “rápida instalação” do serviço de radiologia no novo centro de saúde, o “local próprio que lhe está destinado”. “Um dos motivos que justificaram a cons-trução de um novo centro de saúde, em Aljustrel, foi a necessidade de concentrar todos os serviços [que estavam dispersos por vários edi-fícios] nas mesmas instalações”, justificam os autarcas.

Por outro lado, refere a moção, aprovada a situação está a “condi-cionar” a instalação de um Julgado de Paz em Aljustrel, prevista para o edifício onde ainda se encontra a funcionar o serviço de radiologia.

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Page 26: Público – 6666 – 01.07.2008

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TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-X

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: Sérgio Rodrigues CabralRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 5.159,58, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1152988

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

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CÂMARA MUNICIPAL DE ABRANTESANÚNCIO DE CONCURSO PÚBLICO

Concurso público para prestação de serviços de limpezaem Edifícios Municipais

11. Entidade contratante Município de Abrantes, Praça Raimundo Soares - 2200-366 ABRANTES Telefone 241 330 100 - Telefax 241 330 16112. Objecto do concurso público O concurso tem como finalidade a adjudicação de serviços de limpeza em Edifícios

Municipais - 7474000013. Local da prestação do serviço Edifícios Municipais em Abrantes14. Prazo de vigência do contrato O prazo de vigência do contrato é de 12 meses. Podem apresentar propostas as entidades que não se encontrem em nenhuma das

situações referidas no n.º 1 do artigo 33.º do Dec.-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.16. a) O processo do concurso pode ser examinado ou solicitado na Secção de Atendi-

mento Geral do Organismo indicado em 1, durante as horas normais de expedien-te (2.ª a 6.ª feira entre as 9 horas e as 16 horas);

b) Podem ser solicitadas cópias do processo mediante o pagamento de 30,59 € (trin-ta euros e cinquenta e nove cêntimos) acrescido do IVA à taxa legal em vigor;

c) Quando solicitadas, as mesmas serão enviadas à cobrança com portes a pagarpelo requerente.

17. a) As propostas documentadas deverão ser entregues na Câmara Municipal deAbrantes, Praça Raimundo Soares, 2200-366 Abrantes, até às 16 horas do dia 13de Agosto de 2008;

b) As propostas e todos os documentos que as acompanham deverão ser redigidosem língua portuguesa.

18. A abertura das propostas terá lugar no Salão Nobre do Edifício Falcão pelas 10 horasdo dia 14 de Agosto de 2008.

Ao acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir osconcorrentes e seus representantes, devidamente credenciados.

19. Critério de adjudicação a) Preço mais baixo.10. Prazo de manutenção das propostas Para efeito deste Concurso, todas as propostas apresentadas e aceites considerar-

se-ão válidas durante um período de 60 (sessenta) dias a contar da data-limite paraa sua entrega.

11. Prestação de caução de 5% sobre o valor da adjudicação12. Publicação no Diário da República em 2008/06/2513. Publicação no JUE em 2008/06/20Paços do Município de Abrantes, 25 de Junho de 2008

O Presidente da Câmara - Nélson Augusto Marques de Carvalho

ServiçosO concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)? Não

SECÇÃO I - ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo: Escola Superior de Enfermagem de CoimbraÀ atenção de: Secção de AprovisionamentoEndereço: Rua 5 de Outubro e ou Av.ª Bissaya BarretoCódigo postal: 3045-043 - Localidade / Cidade: CoimbraPaís: PORTUGALTelefones: 239802850, 239487200, 239802841Fax: 239802835Correio Electrónico: [email protected]) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS - Indicado em I.1)I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃO - Indicado em I.1)I.4) ENDEREÇO ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOIndicado em I.1)I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo de direito público

SECÇÃO II - OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.3) Tipo de contrato de serviços - Categoria de serviços: 17II.1.4) Trata-se de um contrato-quadro? NãoII.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante - Concessão de Exploração de Serviços de Cafetaria nas cafetarias da escola Sup. de Enfermagem de Coimbra e Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra.II.1.6) Descrição/objecto do concursoConcessão de Exploração de Serviços de Cafetaria.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviçosR. 5 de Outubro - S. Martinho do Bispo e Av.ª Bissaya Barreto - Coimbra.II.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classificação CPV (Common Procurement Vocabulary) *Objectos principaisVocabulário principal Vocabulário complementar55 33 00 00 2Objectos complementaresVocabulário principal Vocabulário complementar55 33 00 00 2II.1.9) Divisão em lotes - NãoII.1.10) As variantes serão tomadas em consideração?NãoII.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão totalDe acordo com o Programa de Concurso e Caderno de Encargos.II.3) DURAÇÃO DO CONTRATO OU PRAZO DE EXECUÇÃOPrazo em dias a partir da decisão de adjudicação365 dias

SECÇÃO III - INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICO

III.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidasO concorrente a quem for adjudicada a concessão de exploração, deverá prestar uma caução correspondente a 2 meses de contrapartida financeira, com exclusão de IVA, para cada cafetaria.III.1.2) Principais modalidades de financiamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulam - De acordo com o Programa de Concurso e Caderno de Encargos, bem como o mencionado no contrato a estabelecer com o concessionário.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviços - De acordo com o Programa de Concurso e Caderno de Encargos.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃOIII.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/ do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacidade económica, financeira e técnica mínima exigidaSó podem as empresas que se encontrem em conformidade com o art.º 33, do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.

III.2.1.1) Situação jurídica - Documentos comprovativos exigidos - Documentos mencionados no Programa de Concurso e Caderno de Encargos.III.2.1.2) Capacidade económica e financeira - Documentos comprovativos exigidosDocumentos mencionados no Programa de Concurso e Caderno de Encargos.III.2.1.3) Capacidade técnica - Documentos comprovativos exigidosDocumentos mencionados no Programa de Concurso e Caderno de Encargos.III.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profissão? NãoIII.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualificações profissionais do pessoal responsável pela execução do contrato? Sim

SECÇÃO IV - PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSO - Concurso públicoIV.1.1) Já foram seleccionados candidatos? NãoIV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOB) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em contaB2) os critérios indicados no caderno de encargosIV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudicanteConcurso Público n.º 1/2008IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção: 18/07/2008Custo: 50 € Moeda: EuroCondições e forma de pagamento: Cheque visado, dinheiro ou vale postal - no Serviço de Tesouraria - na R. 5 de Outubro - S. Martinho do Bispo - Coimbra.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação (dd/mm/aaaa) 18/07/2008 - Hora 17:00IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoPTIV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua propostaMeses / Dias60 dias a contar da data fixada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostasAo acto público pode assistir qualquer interessado, apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados.IV.3.7.2) Data, hora e localData: 21/07/2008 - Hora: 10:00Local Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, R. 5 de Outubro - S. Martinho do Bispo - Coimbra

SECÇÃO VI - INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório? NãoVI.3) O presente contrato enquadra-se num projecto/programa financiado pelos fundos comunitários? NãoVI.4) OUTRAS INFORMAÇÕESAs propostas e documentos podem ser entregues directamente na Secção de Aprovisionamento, instalações sitas na Rua 5 de Outubro - S. Martinho do Bispo - Coimbra, das 9 horas às 12 h e das 14 h às 17 horas.

* Cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publicado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L329, de 17 de Dezembro, para contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu

20/06/2008

A Presidente do Conselho DirectivoMaria da Conceição Saraiva da Silva Costa Bento

Público, 2008.07.01

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA

ANÚNCIO DE CONCURSO

Obras Fornecimentos ServiçosO concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)?NÃO SIM

SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTE

OrganismoCâmara Municipal de Lousã

À atenção de Divisão de Obras Muni-cipais, Saneamento Básico e Ambiente 3200-953 Lousã

Endereço Rua Dr. João Santos Código postal 3200-953 LousãLocalidade/Cidade Lousã País PortugalTelefone 239 990370 Fax 239 990379Correio electró[email protected]

Endereço internet (URL)

I.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS indicado em I.1 Se distinto, ver anexo A I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃO indicado em I.1 Se distinto, ver anexo A I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOindicado em I.1 Se distinto, ver anexo A I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE *Governo central Instituição Europeia Autoridade regional/local Organismo de direito público Outro

SECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.1) Tipo de contrato de obras (no caso de um contrato de obras)Execução Concepção e execução Execução, seja por que meio for, de uma obra que satisfaça as necessidades indicadas pela entidade adjudicanteII.1.4) Trata-se de um contrato-quadro?* NÃO SIMII.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante *Beneficiação da EN 236 – Ligação EN 17 - Lousã.II.1.6) Descrição/objecto do concurso - Pretende-se a Beneficiação da EN 236, no troço compreendido entre a EN 17 e a Lousã, através da pavimentação das faixas de rodagem, sinalização vertical e horizontal.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviços - Concelho de Lousã Código NUTS *PT 164 Pinhal Interior NorteII.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classificação CPV (Common Procurement Vocabulary) *(Informação não indispensável à publicação do anúncio)

Vocabulário principal Vocabulário complementar(se aplicável)

Objecto principal 45 23 32 20 – 7 ___ ___ ___Objectos complementares ___ ___ ___II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC)II.1.9) Divisão em lotes (Para fornecer informações sobre os lotes utilizar o número de exemplares do anexo B necessários) NÃO SIMIndicar se se podem apresentar propostas para:um lote vários lotes todos os lotes II.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? (se aplicável)NÃO SIMII.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONCURSOII.2.1) Quantidade ou extensão total (incluindo todos os lotes e opções, se aplicável)Refere-se à totalidade da obra e o preço-base do concurso, excluindo o IVA, é de 469.680,00 € (quatrocentos e sessenta e nove mil, seiscentos e oitenta euros).II.3) DURAÇÃO DO CONTRATO OU PRAZO DE EXECUÇÃOIndicar o prazo em meses e/ou em dias 60 dias a partir da data da consignação

SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO,ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICO

III.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas:A caução a exigir para garantir o contrato é de 5% do valor da adjudicação e para reforço da mesma serão deduzidos 5%, em cada pagamento que se efectuar.III.1.2) Principais modalidades de financiamento e pagamento e/ou referênciaàs disposições que as regulam: A empreitada é segundo o regime por série de preços, nos termos do art.º 18.º do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, e as modalidades fundamentais de financiamento e pagamento serão efectuadas por rubrica orçamental da Câmara Municipal. Os pagamentos serão efectuados de acordo com o estipulado no Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março.III.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamento de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviçosA constituição jurídica de agrupamento não é exigida na apresentação da pro-posta, mas as empresas agrupadas serão responsáveis solidariamente, perante o dono da obra, pelo pontual cumprimento de todas as obrigações emergentes

da proposta. No caso de a adjudicação da empreitada ser feita a um agrupamentode empresas, estas associar-se-ão obrigatoriamente, antes da celebração do contrato, na modalidade jurídica de consórcio.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃOIII.2.1) Informações relativas à situação do empreiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacidade económica, financeira e técnica mínima exigida:As indicadas nos pontos 6 a 15 do programa de concurso. Os concorrentes com sede em Portugal deverão ser possuidores, no mínimo, do seguinte alvará de empreiteiro de obras públicas:A 1.ª subcategoria (Vias de circulação rodoviária e aeródromos) da 2.ª categoria (Vias de comunicação, obras de urbanização e outras infra-estruturas) a qual tem de ser de classe que cubra o valor global da proposta e integrar-se na categoria em que o tipo da obra se enquadra.A 11.ª subcategoria (Sinalização não eléctrica e dispositivos de protecção e segurança) da 2.ª categoria (Vias de comunicação, obras de urbanização e outras infra-estruturas) na classe correspondente à parte dos trabalhos a que respeitem.Os critérios de avaliação económica e financeira, bem como da capacidade técnica, são os estabelecidos nos pontos 19.3 e 19.4 do programa de concurso que lhe respeite.III.2.1.1) Situação jurídica – documentos comprovativos exigidosOs documentos indicados nas alíneas a) e b) do n.º 15.1 e a) e b) do n.º 15.2, bem como nas alíneas a) a d) do n.º 15.3 do programa de concurso.III.2.1.2) Capacidade económica e financeira – documentos comprovativos exigidosOs documentos indicados nas alíneas c), d) e i) do n.º 15.1 e a) e b) do n.º 15.2, bem como nas alíneas e) e f) do n.º 15.3 do programa de concurso.III.2.1.3) Capacidade técnica – documentos comprovativos exigidosOs documentos indicados nas alíneas e) a h) do n.º 15.1 e a) e b) do n.º 15.2, bem como nas alíneas g) e h) do n.º 15.3 do programa de concurso.

SECÇÃO IV: PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSO - Concurso Público IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOB) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta 1 - Preço - 60 %.2 - Valia Técnica da Proposta - 40 %.Na Valia Técnica da proposta, serão ponderados os seguintes subfactores:Programa de trabalhos - 30 %;Meios humanos - 25 %;Meios materiais - 25 %;Memória descritiva e justificativa do modo de execução da obra - 20 %.IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção / / (dd/mm/aaaa) 0u 10 dias a contar da publicação do anúncio no Diário da República. Custo 28,50 Euros.Condições e forma de pagamento: Dinheiro ou cheque emitido à ordem da Tesouraria da Câmara Municipal de Lousã.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação:(dd/mm/aaaa) ou 30 dias a contar da sua publicação em Diário da República. Hora: 16H30mIV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro

_______________IV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua proposta (no caso de um concurso público)Até / / (dd/mm/aaaa) ou meses e/ou 66 dias a contar da data fixada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas (se aplicável)São autorizadas a assistir à abertura das propostas os concorrentes e as pesso-as por si credenciadas, conforme o n.º 5.2 do programa de concurso.IV.3.7.2) Data, hora e localNo dia útil seguinte à data-limite para apresentação de propostasHora: 14h30m Local: Sala de Reuniões da Câmara Municipal

SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) TRATA-SE DE UM ANÚNCIO NÃO OBRIGATÓRIO? NÃO SIMVI.3) O PRESENTE CONTRATO ENQUADRA-SE NUM PROJECTO/PRO-GRAMA FINANCIADO PELOS FUNDOS COMUNITÁRIOS? (Informação não indispensável à publicação do anúncio) NÃO SIM

Lousã, Junho de 2008

O PRESIDENTE DA CÂMARAFernando dos Santos Carvalho, Dr.

Público, 2008.07.01

ANEXO IIANÚNCIO DE CONCURSO

MUNICÍPIO DE LOUSÃ

“A TELHEIRAS”...Senhora nível,ar juvenilelegante. Massagem( Marquesa) e/ou con-vívio.ParticularTelm:938412040

DIVERSOS

Page 27: Público – 6666 – 01.07.2008

Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 27

COMPORTA/ALCÁCER (FÉRIAS)Casa grande c/pisci-na, p/8 pessoas, cond. fechado, 20 min. da praia, € 1.600/sem.

Tel. 936 173 595

5.º E 6.º JUÍZOS CÍVEIS DE LISBOA

5.º Juízo - 3.ª SecçãoProcesso n.º 5641/06.0TVLSB

ANÚNCIOHerança JacenteRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Maria Celeste Go-mes Vidal FernandesSão citados os herdeiros ou sucessores incertos de Maria Celeste Gomes Vidal Fernan-des, com última morada co-nhecida na Calçada do Garcia, n.º 6, 4.º, porta 2, Santa Justa, Lisboa, para no prazo 30 dias findos os 30 dias dos éditos, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio virem aos presentes autos, requerer a sua habilitação como sucessores do falecido, sob pena de não aparecendo ninguém a habilitar-se, a he-rança ser declarada vaga para o Estado, tudo como melhor consta do duplicado da pe-tição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.N/Referência: 8960525Lisboa, 16-06-2008

O Juiz de DireitoDr. Tomás Gonçalves Ferreira

Barahona NúncioA Oficial de Justiça

Maria Leonor Cardoso L. Gaspar

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

7.ª, 8.ª E 9.ªVARAS CÍVEIS

DE LISBOA7.ª Vara - 2.ª Secção

Processo: 250/08.1TVLSB

ANÚNCIOLiquidação Herança Vaga em Benefício EstadoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Augusto Martins do RegoSão citados os herdeiros ou sucessores incertos de Augusto Martins do Rego, solteiro, filho de António Martins do Rego e de Ma-ria lnácia, com última resi-dência habitual na Avenida Mouzinho de Albuquerque, n.º 89, 1.º Esq.º, São João, Lisboa, para no prazo de 30 dias, findos os 30 dias dos éditos, contados da data da segunda e última publica-ção do anúncio virem aos presentes autos, requerer a sua habilitação como su-cessores do falecido, sob pena de não aparecendo ninguém a habilitar-se, a herança ser declarada vaga para o Estado, tudo como melhor consta do duplica-do da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.

N/ Referência: 12871965

Lisboa, 17-06-2008.

A Juíza de DireitoDr.ª Micaela Pires

RodriguesO Oficial de Justiça

José Manuel dos Santos Pereira

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

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5 5 DE OUTUBRO

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8 AVENIDA DA LIBERDADE9 PRAÇA DO COMÉRCIO

FIL 10

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-AD

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: Luís Tente TadeuRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum FilatélicoIniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 1.260,72, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1153016

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-AA

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: Carlos Augusto CamposRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 2.415,90, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1153001

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-R

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/outros direitos (CIRE)Autor: Gabriela Thomazetto LopesRéus: Massa Insolvente, Credores da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferreira, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Inicia-tivas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, cor-rem éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no prazo de vinte dias, fin-dos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja veri-ficado o seu crédito no montante de €: 1.062,35, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da res-pectiva petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1152973

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE ALBUFEIRA

1.º JuízoProcesso: 1758/07.1TBABF

ANÚNCIODespejo (Sumário)Autor: Eurico Tinoco de Santa ClaraRéu: Kwok Wing KunNos autos acima identificados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando Réu: Kwok Wing Kun, NIF - 166287890, domicílio: Rua Joaquim Pedro Samora-16 Cave, 8200 Albufeira, com última residên-cia conhecida na morada indicada para no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a acção, podendo no mesmo prazo deduzir em reconven-ção o seu direito a indemnização e/ou benfeitorias, e que em substância o pedido consiste:- ser declarado resolvido, nos termos gerais de direito, o contrato de arren-damento celebrado em 01 de Janeiro de 1990, relativo à actual fracção au-tónoma designada pela letra “A” do prédio urbano inscrito na respectiva matriz sob o art.º 21.751.º da fregue-sia e concelho de Albufeira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Albufeira sob o n.º 8249/920930-A com base no disposto no art.º 1047.ºn.ºs 1 e 2 al.) d) do art.º 1083.º do Código Civil, na redacção que lhe foi conferida pela Lei n.º 6/2006 de 27-02 e, em consequência, o Réu condenado a proceder à entrega imediata da fracção autónoma ao Autor, totalmente livre e devoluta de pessoas e bens;- ser o Réu condenando a pagar a renda mensal, no valor de € 112,31 cada uma, que se vier a vencer du-rante a pendência da presente acção até entrega efectiva do locado, total-mente livre e devoluto de pessoas e bens, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à dispo-sição do citando.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

N/ Referência: 2814644

Albufeira, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Adelino Costa

O Oficial de JustiçaCarlos Bettencourt

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

DRAP Norte

Direcção Regional

de Agricultura e Pescas

do Norte

FornecimentosO concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contratos Públicos (ACP)? NãoSECÇÃO I - ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTEOrganismo: Direcção Regional de Agricultura e Pescas do NorteÀ atenção de: Direcção de Serviços de Apoio e Gestão de RecursosEndereço: Rua da República, 133Código postal: 5370-347 Localidade / Cidade: MirandelaPaís: PORTUGALTelefones: 278260900Fax: 278260976Correio Electrónico:[email protected]ço internet (URL):www.drapn.min-agricultura.ptI.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS - Indicado em I.1)I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃO - Indicado em I.1)I.4) ENDEREÇO ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOIndicado em I.1)SECÇÃO II - OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.2) Tipo de contrato de fornecimentos: CompraII.1.4) Trata-se de um contrato-quadro?NãoII.1.6) Descrição/objecto do concursoAquisição de 6 estações de aviso e alerta para a barragem de St.ª Justa - Vale da Vilariça - Alfândega da Fé.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviçosVale da Vilariça - Concelho de Alfândega da Fé.II.1.9) Divisão em lotes - NãoII.1.10) As variantes serão tomadas em consideração? NãoII.3) DURAÇÃO DO CONTRATO OU PRAZO DE EXECUÇÃOPrazo em dias a partir da decisão de adjudicação30 dias

SECÇÃO III - INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO,

ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICO

III.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidasO adjudicatário prestará caução correspondente a 5% do valor total do contrato.III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃOIII.2.1.1) Situação jurídica - Documentos comprovativos exigidos- Os documentos exigidos para comprovação da situação jurídica dos concorrentes constam do programa do concurso.III.2.1.2) Capacidade económica e financeira - Documentos comprovativos exigidosOs documentos exigidos para avaliação da capacidade económica e financeira dos concorrentes, constam do programa do concurso.III.2.1.3) Capacidade técnica -

Documentos comprovativos exigidosOs documentos exigidos para avaliação da capacidade técnica dos concorrentes constam do programa de concurso.

SECÇÃO IV - PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSO Concurso públicoIV.1.1) Já foram seleccionados candidatos?NãoIV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOA) Preço mais baixoIV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudicante1/DRAPN/2008IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção: 28/07/2008Custo: 50 € Moeda: EuroCondições e forma de pagamento:Pronto Pagamento. O pagamento será efectuado em numerário ou através de cheque emitido à ordem da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.IV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação(dd/mm/aaaa)28/07/2008 - Hora 17:00IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participaçãoPTIV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua propostaMeses / Dias60 dias a contar da data fixada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostasPodem assistir todos os interessados, apenas podem intervir os concorrentes e seus representantes, devidamente credenciados.IV.3.7.2) Data, hora e localDia útil seguinte à data-limite para a apresentação de propostas Hora: 11:00Local Numa das salas de reuniões da sede desta Direcção RegionalSECÇÃO VI - INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório?NãoVI.3) O presente contrato enquadra-senum projecto/programa financiado pelos fundos comunitários?SimEm caso afirmativo, indicar o projecto/programa, bem como qualquer referência útil, Programa Operacional Regional Norte - Agricultura e Desenvolvimento Rural (AGRIS).

26/06/2008

Director Regional de Agricultura e Pescas do Norte

Carlos Alberto Moreira Alves D’Oliveira Guerra

Público, 2008.07.01

ANÚNCIO DE CONCURSO

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-AE

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/outros direitos (CIRE)Autor: Pedro Higino Diaz BarbosaRéus: Massa Insolvente, Credores da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferreira, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Inicia-tivas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, cor-rem éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no prazo de vinte dias, fin-dos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja veri-ficado o seu crédito no montante de €: 1.101,55, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da res-pectiva petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1153027

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-AC

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: José António Rodrigues AmorimRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 12.604,93, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1153013

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

1.º JUÍZO DE FAMÍLIAE MENORES DE LISBOA

1.º Juízo - 3.ª SecçãoProcesso n.º 2768/07.4TMLSB

ANÚNCIOProcesso de Promoção e Pro-tecçãoNos autos acima indicados correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, notificando a Requerida Pro-genitora Rosa Maria das Dores Domingues, com última mora-da conhecida na Rua Raquel Roque Gameiro, n.º 6- r/c - Dt.º em Lisboa para no prazo de 10 dias, nos termos do disposto n.º n.º 1 do art.º 114.º da Lei de Promoção e Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, alegar por escrito, querendo e apresentar provas .Mais fica notificada com a men-ção expressa de que a medida proposta pelo Digno Magistra-do do Ministério Público é a da confiança judicial da menor com vista à futura adopção, como consta de fls. 2 a 5 e 72 a 85, que se encontra à sua disposição na secretaria deste Tribunal.Fica ainda notificada de que não é obrigatória a constituição de mandatário judicial, salvo em fase de recurso.N/Referência: 2608061Lisboa, 09-06-2008

A Juíza de DireitoAna Beatriz Baptista da Silva

A Escrivã AdjuntaJosefina Almeida

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

Juízos de Execução do Porto - 2.º Juízo - 1.ª SecçãoPROCESSO N.º 9619/07.8VYPRTEXECUÇÃO COMUMEXEQUENTE: FINIBANCO, SA.EXECUTADO: FUELOIL - COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES, LDA e Outros.VALOR: 209981,69€Ref.ª Int.: PE/1303/2007

ANÚNCIONos autos acima identificados correm éditos de 30 dias, contados da segunda e última pu-blicação do anúncio, citando os executados:1. Fueloil - Combustíveis e Lubrificantes, Lda., pessoa colectiva n.º 504250515; 2. Imopostos - Postos de Abastecimento Combustível, Unipessoal, Lda., pessoa colectiva n.º 504601709; e 3.º Luís António Costa Catarino, estado civil: desconhecido, Nif n.º 108556964.Todos com última residência conhecida na Rua Padre José Pacheco Monte, 451, 4250-256, Porto.Para no prazo de vinte dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzirem opo-sição à execução supra-referenciada, nos termos do artigo 812.º n.º 6 e 813.º, n.º 1 am-bos do CPC, sob pena de, não o fazendo, ser promovida a penhora dos bens necessários para garantir a quantia exequenda, acrescida de 5% para pagamento das despesas prová-veis e honorários do solicitador de execução, que nesta data ascendem a 2.000,00 € (Dois mil euros), sem prejuízo de posterior actua-lização, sendo ainda responsável por todas as despesas indispensáveis, inerentes à presente execução.Em substância, o pedido consiste no paga-mento da quantia exequenda 209.981,69 € (Duzentos e nove mil novecentos e oitenta e um euros e sessenta e nove cêntimos), tudo como melhor consta do duplicado do requeri-mento executivo que se encontra à disposição do executado na secretaria do Tribunal sito na Rua Cantor Zeca Afonso, n.º 730, Porto.Ficam notificados que nos termos do dis-posto no art.º 60.º do CPC, é obrigatória a constituição de advogado quando o valor da execução seja superior à alçada do Tribunal de 1.ª Instância.

A Solicitadora de Execução - Odete AlvesRua Passos Manuel 222, sala 2, 4000-382 Porto,

Tels: 223322699 / 222037926, Fax: 222037928, email: [email protected]

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira, das 17h00 às 19h00

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

ODETE ALVESSolicitadora de Execução

Cédula 3587

TRIBUNAL DO TRABALHO DE

PORTIMÃOSecção Única

Processo: 293/04.4TTPTM-A

ANÚNCIOExec. Sentença - Quantia Certa (Of. Justiça)Exequente: Instituto Nacional para Aproveitamento Tempos Livres dos Trabalhadores, em ora do impulso dos credores do Banco BPI, S.A. Sociedade Aberta,Executado: Nuno José Gonçalves PintoNos autos acima identificados foi designado o dia 05-09-2008, pelas 10:45 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, sejam entregues até esse mo-mento na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem que será entregue a quem maior preço oferecer acima de 70% do valor-base de € 130.000,00: (€ 91.000,00).TIPO DE BEM: ImóvelREGISTO: 11311, Albufeira - Conservatória Registo PredialART. MATRICIAL: 6868DESCRIÇÃO: Prédio Urbano de 2 pisos, denominado lote 6, Bloco A-3 que se compõe de R/C, sala comum, cozinha, lavabo, despensa, terraço e logradouro de 59 m2: 1.º andar - 2 quartos, casa de banho, varanda.PENHORADO EM: 13-06-2005INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADO: Nuno José Gonçalves Pinto. Documen-tos de identificação: NIF - 206137125. Endereço: Urba-nização Vila Geado, 6.º, Lageado, 8200 AlbufeiraCREDOR: Fazenda Nacional - Direcção-Geral de Im-postos - Serviços de Finanças de AlbufeiraFIEL DEPOSITÁRIO: Nuno José Gonçalves Pinto. Do-cumentos de identificação: NIF - 206137125. Endereço: Urbanização Vila Geado, 6.º, Lageado, 8200 AlbufeiraCÔNJUGE: Estela Alexandra Moreira Nunes Pinto. Endereço: Urbanização Vilageado, 6.º, Lageado, 8200 Albufeira.AGENTE DE EXECUÇÃO (O.J.): José Ventosa. Cartão Profissional: Endereço: Av. Miguel Bombarda, 8501-960 PortimãoMODALIDADE DA VENDA: Venda mediante proposta em carta fechadaLOCAL DA VENDA: Secção Única. Av. Miguel Bombar-da - Palácio da Justiça - 1.º Piso, Portimão, 8501-961 Portimao, EM: 12-12-2007 00:10:30Existem créditos reclamados e já graduados da Fazen-da Nacional, no valor de € 128,40.Nota: No caso de venda mediante proposta em carta fechada, os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem da secreta-ria, no montante correspondente a 20% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor (n.º 1 ao Art.º 897.º do CPC).N/ Referência: 335462Portimão, 19-06-2008.

O Juiz de Direito - António SantosO Oficial de Justiça - José Ventosa

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

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DIVERSOS

Page 28: Público – 6666 – 01.07.2008

28 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

5.º E 6.º JUÍZOS CÍVEIS DE LISBOA

5.º Juízo - 3.ª SecçãoProcesso n.º 36577/03.5TJLSB

ANÚNCIOExecução OrdináriaExequente: Nearent - Aluguer e Comércio Equipamentos, S.A.Executado: Área Verde - Projectos e Construção de Espaços Verdes, Lda., e outro(s)...Nos autos acima identificados, a impulso do M.º P.º, correm éditos de 20 dias para citação dos cre-dores desconhecidos que gozem de garantia real sobre os bens penhorados ao(s) executado(s) abaixo indicados, para reclama-rem o pagamento dos respectivos créditos pelo produto de tais bens, no prazo de 15 dias, findo o dos éditos, que se começará a contar da segunda e última publicação do presente anúncio.Bens penhorados:TIPO DE BEM: Bem MóvelDESCRIÇÃO: Veículo Automóvel de Matrícula 42-42-IM (Fiat Punto)PENHORADO EM: 16-04-2008 00:00:00PENHORADO A:EXECUTADO: Rui de Andrade Pinheiro Nemésio. Documentos de identificação: nascido em 03-05-1959, B.I. 5173181. Endereço: Av.a de Roma, N.º 46, 6.º �, 1700-000 Lisboa.N/Referência: 8968831Lisboa, 18-06-2008

O Juiz de DireitoDr. Tomás Gonçalves Ferreira

Barahona NúncioA Oficial de Justiça

Dina Gouveia

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DE FAMÍLIAE MENORES E DE

COMARCA DE CASCAIS1.º Juízo de Família e MenoresProcesso n.º 1622/07.4TBCSC

ANÚNCIODivórcio LitigiosoAutora: Mónica Paula Silva Pinto JâmeceRéu: Ricardo Eduardo JâmeceNos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu, Ricardo Eduardo Jâmece, com última residência conhecida em domicílio: Rua Tomaz de Mello, 14 - 1.º Esq.º, 2770-167 Paço de Arcos, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pela autora e que em substância pedido consiste em que se decre-te o divórcio entre Autora e Réu e ainda a fixação provisória da casa de morada de família, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judi-cial. Passei o presente e mais dois de igual teor para serem afixados.N/Referência: 4830574Cascais, 23-06-2008

A Juíza de DireitoDr.ª Teresa Carla Batista M. S.

Faria de BritoA Oficial de Justiça

Sandra Ramos

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-S

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: Mário Filipe Silva LopesRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 5.325,00, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1152975

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

7.ª, 8.ª E 9.ªVARAS CÍVEIS

DE LISBOA7.ª Vara - 3.ª Secção

Processo: 1705/08.3TVLSB

ANÚNCIOAcção Ordinária - Paternidade/MaternidadeAutor: Ministério PúblicoRéu: Polic KristijanNos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando Réu: Polic Kristijan, profissão: Desconhecida ou sem Profissão, domicílio: Parte Incerta da Croácia, Cro-ácia, com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s) para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, queren-do, a acção, com a cominação de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste “Reconhe-cer-se o menor Milan Matos Tomé como filho do Réu Polic Kristijan, ordenando-se o aver-bamento de tal paternidade ao assento de nascimento da menor”, tudo como melhor consta do duplicado da pe-tição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que Não é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

N/ Referência: 12886462

Lisboa, 19-06-2008.

A Juíza de DireitoDr.ª Maria Gabriela Cunha

RodriguesA Oficial de Justiça

Inês Maria dos Santos Pereira

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-AB

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: José Joaquim Tente de TadeuRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 1.260,72, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1153010

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE

LISBOA1.º Juízo

Processo: 726/06.5TYLSB-T

ANÚNCIOVerificação ulterior créditos/ou-tros direitos (CIRE)Autor: Carlos Alberto Vaz AlvesRéus: Massa Insolvente, Credo-res da Massa Insolvente e Massa Insolvente de Forum Filatélico Iniciativas de Gestão, S.A.Dr. Paulo Duarte Barreto Ferrei-ra, Juiz de Direito do 1.º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa: FAZ SABER QUE nos presentes autos supra-identificados, que correm por apenso aos autos de declaração de Insolvência, por este Juízo e Tribunal, em que é devedor: Forum Filatélico - Iniciativas de Gestão, S.A., sede Av.ª da Liberdade, 180 A, 1.º, Lisboa, correm éditos de dez dias, contados da afixação deste edital, citando os credores da massa insolvente, para no pra-zo de vinte dias, findos os dos éditos, contestarem, querendo a presente acção (art.ºs 146.º e 148.º do CIRE e 783.º do CPC), e na qual pretende o autor acima mencionado que seja verificado o seu crédito no montante de €: 53.848,30, encontrando-se neste Tribunal o duplicado da respecti-va petição à disposição de quem o queira consultar, dentro das horas normais de expediente.

N/ Referência: 1152977

Lisboa, 23-06-2008.

O Juiz de DireitoDr. Paulo Duarte Barreto Ferreira

O Oficial de JustiçaJosé Ribeiro

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

DF de Setúbal

Serviço de Finançasde Moita

Av. Teófilo Braga, n.º 42-A, 2864-006 Moita

ANÚNCIO/EDITAL

REPUBLICAÇÃOCITAÇÃO DE CREDORES E VENDA DE BENS PENHORADOS

Processo de Execução Fiscal n.º 2186200601007190 e Aps.HORÁCIO BENJAMIM ALVES, Chefe do Serviço de Finanças da Moita,Faz saber que no dia 30 de Julho de 2008, pelas 10,30 horas, neste Serviço de Finanças, sito na Av. Dr. Teófilo Braga, n.º 42-A, 2860-396 Moita, se há-de proceder à abertura das pro-postas em carta fechada para venda nos termos dos artigos 248.º e seguintes do Código de Procedimento e de Processo Tributário do bem adiante designado, penhorado no processode execução fiscal n.º 2186200601007190 e aps., instaurado contra MARIA AMÉLIA GODI-NHO FERREIRA, NIF 182246639, divorciada, residente na Rua Gonçalo Anes da Ponte, n.º 5 - 1.º Esq.º - Vila Verde, Alhos Vedros, por reversão de PRINCIPAL CLEAN LIMPEZAS DOMÉSTICAS E INDUSTRIAIS UNIPESSOAL, LDA, NIPC 506319610, para pagamento da dívida de € 27.414,84 (Vinte e Sete Mil Quatrocentos e Catorze euros e Oitenta e Quatro cêntimos), e acrescido legal, referente a dívidas de IVA, IR e COIMAS FISCAIS.É fiel depositário Vasco Baltazar Ferreira Amaral, com domicílio na Rua Eça de Queirós, Bloco H 15 - 1.º Drt.º - Quinta Fonte da Prata, que deverá exibir os bens no local a qualquer potencial interessado.São, assim, convidadas todas as pessoas interessadas a apresentarem as suas propostas em carta fechada até às 16H00 do dia anterior ao designado para a venda, dirigidas ao Chefe de Finanças, devendo identificar o proponente (nome, morada e n.º de contribuinte) e no sobres-crito deverá ser mencionado o seguinte: Proposta em carta fechada referente ao processo de execução fiscal n.º 2186200601007190 e aps. contra Maria Amélia Godinho Ferreira, divorcia-da, por reversão de principal Clean Limpezas Domésticas e Industriais Unipessoal, Lda.As propostas serão abertas no dia e hora designados para a venda na presença do Chefe de Finanças.Podem assistir à venda os proponentes e os citados nos termos do n.º 1 do art.º 239.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, devendo comprovar a sua identidade ou poder com que intervêm.O valor mínimo fixado para a venda é de € 52.598,00 (Cinquenta e Dois Mil Quinhentos e Noventa e Oito euros), de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 250.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, que corresponde a 70% do valor fixado nos termos do n.º 1 do mesmo artigo.No acto da venda deverá ser depositada a importância, no mínimo de 1/3 do preço na Tesoura-ria de Finanças da Moita, devendo os restantes 2/3 serem depositados no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de aplicação de sanções previstas no artigo 898.º do Código de Processo Civil.A aquisição do imóvel identificado, por este meio, está sujeito a Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis, que deverá ser pago no prazo de trinta dias a contar da data da adjudicação, e ainda a Imposto de Selo, caso a um ou a outro não assista qualquer isenção.Se o preço oferecido mais elevado for proposto por dois ou mais proponentes abrir-se-á logo licitação entre eles, salvo se declararem que pretendem adquirir os bens em co-propriedade. Se estiver presente apenas um, pode este cobrir a proposta dos outros e, se nenhum deles estiver presente, ou estando não pretender licitar proceder-se-á a sorteio.Ficam por este meio citados, de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 239.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, quaisquer credores incertos e desconhecidos que gozem de garantia real sobre os bens penhorados, bem como os sucessores dos credores pre-ferentes para reclamarem os seus créditos, nos termos do n.º 1 do artigo 240.º do supra citado Código, no prazo de 15 (quinze) dias, findos os 20 (vinte) dias a contar da 2.ª publicação do presente anúncio.Ficam ainda notificados os titulares do direito de preferência na alienação do bem.

DESCRIÇÃO DO BEM PENHORADOVERBA ÚNICA - Fracção autónoma designada pela letra “C” correspondente ao primeiro andar esquerdo, do prédio urbano instituído no regime de propriedade horizontal, com quatro assoa-lhadas, cozinha, duas casas de banho, vestíbulo, despensa, dois roupeiros, arrecadação no sótão, varanda anterior e varanda posterior, sito na Rua Gonçalo Anes da Ponte, n.º 5 - Vila Verde - Alhos Vedros, destinado a habitação, inscrito na matriz predial urbana da freguesia de Alhos Vedros sob o art.º 5724 “C”, registado na Conservatória do Registo Predial de Moita sob o n.º 01528/261190-C - Alhos Vedros.O imóvel encontra-se ocupado pelos proprietários.E para constar se passou este Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares indicados por lei.E eu, Nuno Miguel Martins Barros Abrantes, escrivão, o escrevi.

Serviço de Finanças da Moita, aos vinte e sete dias do mês de Junho do ano de dois mil e oito.

O Chefe do Serviço de Finanças - Horácio Benjamim Alves

Público, 01/06/2008 - 2.ª Pub.

Direcção de Finanças de SantarémServiço de Finançasdo Cartaxo - 1988

Praça 15 de Dezembro - 2070-050 Cartaxo

Processo n.º 1988200101008846

ANÚNCIOIDENTIFICAÇÃO DO(S) BEM(NS)

Proc. 1988200101008846 - Identificação do bem: Prédio em Prop. Total sem Andares nem Div. Susc. de Utiliz. Independente, CARACTERÍSTICAS: Afec-tação: Habitação, Inscrição na matriz: 1981, Descrição: Prédio urbano com 4 vãos na frente e área coberta de 119,03 m2. Destina-se a habitação, com cozi-nha, 3 assoalhadas, corredor, duas casas de banho, e no sótão dois assoalhados. Descrição Aval: SC. l 19,03 m2: Log. 122,88 m2; Proveio da 1.ª parcela do art.º 1891, conforme Proç.º de Discriminação n.º 30/73, data da conclusão das obras 1/11/73, Localizado no distrito de SANTARÉM Concelho de CARTAXO, Fre-guesia de CARTAXO, Lugar de Cartaxo, situado no Largo do Poço; artigo matricial n.º 3147 com o VPT de 75.440,00 descrito sob o n.º 3734/20080130 na CR Predial Cartaxo.

TEOR DO ANÚNCIOJoão Manuel Cunha Silva Isidro Sassatelli, Chefe de Finanças do Serviço de Finanças CARTAXO-1988, faz saber que no dia 2008-09-24, pelas 10:00 horas,neste Serviço de Finanças, sito em PRAÇA 15 DE DEZEMBRO-PAÇOS DO CONCELHO, CARTAXO, se há-de proceder à abertura das propostas em carta fechada, para venda judicial, nos termos dos artigos 248.º e seguintes do Código de Procedimento e de Processo Tributário (CPPT), do bem acima designado, penhorado ao Executado infra indicado, para pagamento da dívida no valor de 1246,97 €, sendo 769,57 € de quantia exequenda e 477,4 € de acréscimos legais (a).Mais, correm anúncios e éditos de 20 dias (239.º/2 CPPT), contados da 2.ª publicação, citando os credores desconhecidos e os sucessores dos credores preferentes para reclamarem, no prazo de 15 dias, contados da data da citação, o pagamento dos seus créditos que gozem de garantia real, sobre o bem penho-rado acima indicado. (240.º/CPPT)O valor-base da venda é de 52.808 €, calculado nos termos do artigo 250.º do CPPT.É fiel depositário(a) o(a) Sr(a) ANTÓNIO MANUEL TEIXEIRA FRANCO, re-sidente em LG. SARGENTO MOR, 1, R/C - CARTAXO, o(a) qual deverá mos-trar o bem acima identificado a qualquer potencial interessado, entre as 09:00 horas do dia 2008-08-24 e as 18:00 horas do dia 2008-09-23 (249.º/6 CPPT).Todas as propostas deverão ser entregues no Serviço de Finanças, até às 10:00 horas do dia 2008-09-24, em carta fechada dirigida ao Chefe do Serviço de Fi-nanças, devendo identificar o proponente (nome, morada e número fiscal), bem como o nome do Executado e o n.º de venda 1988.2008.35.As propostas serão abertas no dia e hora designados para a venda (dia 2008-09-24 às 10:00h), na presença do Chefe do Serviço de Finanças (253.º CPPT).Não serão consideradas as propostas de valor inferior ao valor base de venda atribuído a cada verba (250.º N.º 4 CPPT).No acto da venda deverá ser depositada a importância mínima de 1/3 do valor da venda, na Secção de Cobrança deste Serviço de Finanças e pago o Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis e o Imposto do Selo que se mostrem devidos. Os restantes 2/3 deverão ser depositados na mesma entidade, no prazo de 15 dias (256.º CPPT).Se o preço oferecido mais elevado for proposto por dois ou mais proponentes, abrir-se-á logo licitação entre eles, salvo se declararem adquirir o bem em com-propriedade. Estando presente só um dos proponentes do maior preço, pode esse cobrir a proposta dos outros, caso contrário proceder-se-á a sorteio para apurar a proposta que deve prevalecer (253.º CPPT).

IDENTIFICAÇÃO DO EXECUTADO:Nome: ANTÓNIO MANUEL TEIXEIRA FRANCOMorada: LG. SARGENTO MOR, 1, R/C - CARTAXO(a) Este valor não é definitivo, na medida em que os juros de mora continuam a vencer por cada mês de calendário ou fracção e as custas são liquidadas em fun-ção da fase processual. Sobre as coimas e multas não incidem juros de mora.Cartaxo, 25-06-2008

O Chefe de FinançasJoão Manuel Cunha Silva Isidro Sassatelli

Público, 01/07/2008 - 1.ª Pub.

FUTURLAGOS - EMPRESA MUNICIPAL PARA O DESENVOLVIMENTO, E.M.

ANÚNCIO DE CONCURSO

ServiçosO concurso está abrangido pelo Acordo sobre Contra-tos Públicos (ACP)? NãoSECÇÃO I - ENTIDADE ADJUDICANTEI.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDA-DE ADJUDICANTEOrganismo: Futurlagos - Empresa Municipal para o De-senvolvimento, E.M.Endereço: Rua Belchior Moreira Barbudo, Lote 2, Loja 5 - LagosCódigo Postal: 8600-680Localidade / Cidade: LagosPaís: PORTUGALTelefone: 282 761 691Fax: 282 761 692Correio Electrónico: [email protected]) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFOR-MAÇÕES ADICIONAISIndicado em I.1)I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCU-MENTAÇÃOIndicado em I.1)I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS AS PROPOSTAS/PEDIDOS DE PARTICIPAÇÃOIndicado em I.1)I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTEOutroSECÇÃO II - OBJECTO DO CONCURSOII.1) DESCRIÇÃOII.1.3) Tipo de contrato de serviços - Categoria de serviços: 21II.1.4)Trata-se de um contrato-quadro? NãoII.1.5) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicanteConcurso Público para a Elaboração de Estudo para Infra-Estruturas Gerais do Plano de Urbanização da Meia Praia - Estrutura Viária, incluindo Zonas Verdes e Ciclo-via e Rede de Drenagem Doméstica e PluvialII.1.6) Descrição/objecto do concursoO presente procedimento tem por objectivo seleccionar a melhor proposta para a elaboração do Estudo para as Infra-Estruturas Viárias e de Drenagem Doméstica e Pluvial do Plano de Urbanização da Meia Praia, de-signadamente das Vias 1, 3, 5, 6 e 14, devendo, no que respeita às Vias 1 e 6, o Estudo Prévio evoluir até Projecto de Execução.II.1.7) Local onde se realizará a obra, a entrega dos fornecimentos ou a prestação de serviçosLagosCódigo NUTS PT150 ALGARVEII.1.8) NomenclaturaII.1.8.1) Classificação CPV (Common Procurement Vocabulary) *Objectos principaisVocabulário principal Vocabulário complementar74 22 00 00 7II.1.8.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC) ** 86711II.1.9) Divisão em lotes NãoII.1.10) As variantes serão tomadas em considera-ção? NãoII.3) DURAÇÃO DO CONTRATO OU PRAZO DE EXE-CUÇÃOPrazo em dias a partir da decisão de adjudicação60 diasSECÇÃO III - INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICOIII.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONCURSOIII.1.1) Cauções e garantias exigidas5% do valor total da adjudicação, sem IVAIII.1.2) Principais modalidades de financiamento e pagamento e/ou referência às disposições que as regulamO pagamento será efectuado nos termos consignados no n.º 15 do Caderno de EncargosIII.1.3) Forma jurídica que deve revestir o agrupamen-to de empreiteiros, de fornecedores ou de prestadores de serviçosNo caso de o concorrente ser um agrupamento de empresas as mesmas obrigam-se a associar, antes da celebração do contrato, na modalidade de consórcio externo, em regime de responsabilidade solidáriaIII.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃOIII.2.1) Informações relativas à situação do em-preiteiro/do fornecedor/do prestador de serviços e formalidades necessárias para avaliar a capacidade económica, financeira e técnica mínima exigidaOs concorrentes deverão comprovar a sua capacidade financeira, económica e técnica, nos termos estabeleci-dos no n.º 7.1. do Programa de ConcursoIII.2.1.1) Situação jurídica - Documentos comprova-tivos exigidosOs concorrentes deverão comprovar a sua capacidade jurídica, nos termos estabelecidos no n.º 7.1. do Pro-grama de ConcursoIII.2.1.2) Capacidade económica e financeira - Docu-mentos comprovativos exigidos

Os concorrentes deverão comprovar a sua capacidade económica e financeira, nos termos estabelecidos no n.º 7.1. do Programa de ConcursoIII.2.1.3) Capacidade técnica - Documentos compro-vativos exigidosOs concorrentes deverão comprovar a sua capacidade técnica, nos termos estabelecidos no n.º 7.1. do Pro-grama de ConcursoIII.3) CONDIÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SERVIÇOSIII.3.1) A prestação do serviço está reservada a uma determinada profissão? NãoIII.3.2) As entidades jurídicas devem declarar os nomes e qualificações profissionais do pessoal res-ponsável pela execução do contrato? SimSECÇÃO IV - PROCESSOSIV.1) TIPO DE PROCESSO Concurso públicoIV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃOB) Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em contaB1) Os critérios a seguir indicados (se possível, por ordem decrescente de importância)a) Valor dos honorários, distribuído de acordo com o modelo da Proposta - 45%b) Metodologia proposta para as actividades a desen-volver - 25%c) Prazo de execução, atentos ao disposto no n.º 7.1. do Caderno de Encargos - 20%d) Exequibilidade das soluções propostas, conforme ele-mentos a apresentar nos termos do n.º 6.3. do Programa de Concurso, numa perspectiva equilibrada entre custos e qualidade - 10%Por ordem decrescente de importância: SimIV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVOIV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudicante 08.PUMP.01IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionaisData-limite de obtenção 21/07/2008Custo 100,00€, acrescido do IVA Moeda: EuroCondições e forma de pagamento: Pagamento em di-nheiro ou por meio de chequeIV.3.3) Prazo para recepção de propostas ou pedidos de participação(dd/mm/aaaa) 28/07/2008Hora 17:00IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos pedidos de participação PTIV.3.6) Prazo durante o qual o proponente deve manter a sua propostaMeses / Dias: 90 dias a contar da data fixada para a recepção das propostasIV.3.7) Condições de abertura das propostasIV.3.7.1) Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostasSão autorizadas a intervir no acto público do concurso os concorrentes e as pessoas por si credenciadasIV.3.7.2) Data, hora e localData: 29/07/2008Hora 10:00Local Indicado em I.1.SECÇÃO VI - INFORMAÇÕES ADICIONAISVI.1) Trata-se de um anúncio não obrigatório? NãoVI.4) OUTRAS INFORMAÇÕES1. Concurso Público nos termos do n.º 1 do art.º 80.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho;2. Os documentos que instruem o processo encontram-se patentes para efeitos de consulta, todos os dias úteis, durante as horas normais de expediente (9.00h - 13.00h e 14.00h - 17.00h), no local indicado em I.1, desde a data de publicação deste anúncio no Diário da Repúblicaaté ao dia e hora do acto público do concurso;3. Os interessados poderão obter cópias das peças do Processo de Concurso, mediante o pagamento de 100,00€, acrescido do IVA, no prazo de 4 dias contados a partir da data de recepção do respectivo pedido na entidade promotora;4. O prazo de execução do estudo, de acordo com o n.º 7 do Caderno de Encargos, será a indicar pelos concorrentes não devendo exceder os 2 meses para os Estudos Prévios e 4 meses para o Projecto de Execução das Vias 1 e 6.* Cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, publi-cado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L329, de 17 de Dezembro, para contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu** CPA/CPC cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L342 de 31 de Dezembro, alterado pelo Regulamento 1232/98 da Comissão, de 17 de Junho, publicado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L177, de 22 de Junho27/06/2008

Presidente do Conselho de AdministraçãoCarlos Alberto Cravo de Albuquerque

DIVERSOS

Mulembeira II, Papelaria, Lda.Centro Comercial da Portela, Loja 33 R/C2685-223 Portela - Loures • Telef. 219 431 359

LOJA Público em LISBOA

Page 29: Público – 6666 – 01.07.2008

Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 29

10.ª, 11.ª E 12.ª VARAS CÍVEIS DE LISBOA

12.ª Vara - 1.ª SecçãoProcesso n.º 4352/07.3TVLSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Sónia Margarida Sousa de AraújoFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a acção de Inter-dição/Inabilitação em que é re-querida Sónia Margarida Sousa de Araújo, com residência em domicílio: Rua Braamcamp, 37 - R/c - Esq.º, Lisboa, 1900-101 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/Referência: 128780

Lisboa, 19-06-2008

A Juíza de DireitoDr.ª Maria João Marques

Pinto MatosA Oficial de JustiçaAna Cristina Silva

Público, 01/07/2008

AVISO

CONCURSO PÚBLICO

Para os devidos efeitos informa-se que se encontra aber-to Concurso Público para “Controlo da Qualidade da Água nos Sistemas de Abastecimento e Saneamento do Concelho das Caldas da Rainha - 2009/2010”, pu-blicado na 2.ª Série do Diário da República n.º 119 de 23 de Junho de 2008.

O processo de concurso e documentos complementa-res podem ser examinados ou pedidos na Secretaria dos Serviços Municipalizados das Caldas da Rainha, Praça 25 de Abril, 2500-110 Caldas da Rainha.

Mais se informa que a entrega das propostas será feita até às 16.00 horas do dia 12 de Agosto de 2008, e o acto público do concurso terá lugar no dia 13 de Agosto de 2008, pelas 16.00 horas, na Sala de Sessões da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Serviços Municipalizados das Caldas da Rainha, 26 de Junho de 2008.

O AdministradorEng.º Eduardo José Rebelo Ferreira

Serviços Municipal izados

Escritório de Advogados em Lisboa

PROCURASECRETÁRIA ADMINISTRATIVA

Ordenado compatível. Exige-se bom domínio de Word e Excel e conhecimentos informáticos ao nível do utilizador; domínio do inglês e do português es-crito e falado. Função: Secretariado e trabalho admi-nistrativo. De preferência com experiência.

Resposta a este jornal ao n.º 1/2675

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Engenheiro(a) CivilFunções: Área da Qualidade (Évora)

Pretende-se reforçar esta competência admi-tindo-se adjunto ao responsável da área.Exige-se formação sólida na área de materiais e estrutura, espírito metódico e capacidade de trabalho.Oferece-se ESTÁGIO OU ADMISSÃO NA EMPRESA, conforme currículo apresentado.

Resposta ao n.º 1/2674 deste jornal

TRIBUNAL JUDICIALDE SETÚBAL

ANÚNCIO

4.º JUÍZO CÍVELProcesso: 3830/08.1TBSTB

Interdição/Inabilitação

Requerente: Ministério Público.Requerido: Rui António Estanislau.Faz-se saber que foi distribuída no 4.º Juízo Cível do Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, a acção de interdição, em que é requerido: Rui António Estanislau, viúvo, residente no Lar da Associação Unitária dos Reformados Pensionistas e Idosos de Azeitão, sito na Rua António Maria Carvalho, Bairro da Torre, 2925-383 Azeitão, nascido em 05 de Fevereiro de 1929, filho de Joaquim António Estanislau e de Carlota de Jesus, para efeito de ser decreta-da a sua interdição por anomalia psíquica.N/Referência: 5680943

Setúbal, 26/06/2008

A Juíza de DireitoDr.ª Vera Antunes

A Oficial de JustiçaMaria Ermelinda Sampaio

Público, 01/07/2008

A Câmara Municipal de Terras de Bouro promove estágios no âmbito do Programa Estágios Profissionais na Administração Local (PEPAL), com as seguintes características:

Destinatários:Jovens entre os 18 e os 30 anos possuidores de Licenciatura (Nível V) que se encontrem nas seguintes condições:

• Recém-saídos dos sistemas de educação à procura do 1.º emprego; • Desempregados à procura de novo emprego.

Número de estágios por habilitação e área funcional de oferta:

Habilitações Literárias Área Funcional N.º de Estágios

Licenciatura em Engenharia do Ambiente

Funções correspondentes às da carreira de técnico superior de engenheiro do am-biente, nomeadamente as constantes no Despacho n.º 1196/2003, de 21 de Janeiro

1

Licenciatura em Administração e Finanças

Funções correspondentes às da carreira de técnico de contabilidade e administração, nomeadamente as constantes no Despacho n.º 10 688/1999, de 31 de Maio

1

Licenciatura em RelaçõesInternacionais

Funções correspondentes às da carreira de técnico superior de relações internacionais,nomeadamente as constantes no Despacho n.º 20 159/2001, de 25 de Setembro

1

Local de Realização dos Estágios: Área do Município de Terras de Bouro

Duração dos Estágios: 12 meses

Métodos de Selecção:- Avaliação Curricular; - Entrevista Profissional de Selecção.

Oferece-se:- Bolsa de estágio mensal, no montante de 2 Salários Mínimos Nacionais (SMN);- Subsídio diário de refeição.

Prazo para formalização da candidatura:7 dias úteis, contados da data de publicação deste aviso.

Formalização da candidatura:As candidaturas são formalizadas obrigatoriamente utilizando o formulário que se encontra disponível no sítio da Internet www.dgaa.pt, em PEPAL/2.ª Edição Pepal. Conjuntamente com o formulário de candidatura, os candidatos devem apresentar curriculum vitae actualizado, datado e assinado; cópia do certificado de habilitações; cópia do B.I; cópia do NIF e documento comprovativo da inscrição no Centro de Emprego.

Envio da candidatura para:Câmara Municipal de Terras de Bouro, Praça do Município, 4840-100 Terras de Bouro Nota final: As listas de candidatos admitidos e excluídos e as listas de classificação final serão disponibilizados para consulta dos candidatos nos Paços do Concelho do Município, Praça do Município, 4840-100 Terras de Bouro.

MUNICÍPIO DE TERRAS DE BOUROCONTRIBUINTE N.º 506 907 619

Anúncio de Oferta de Estágios - m/f

UNIÃO EUROPEIAFundo Social Europeu

Instituto Politécnico do PortoInstituto Superior de Engenharia do Porto

Anúncio

Concurso Público para Concessãode Exploração de Restaurante e Bar

1. Designação e endereço da entidade contratante:Concurso promovido pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, n.º 431, 4200-072 Porto, Telef. 22 8340500, Fax: 2283211592. Objecto do concurso público:O presente concurso tem por objecto a Concessão de Exploração de restaurante e bar.3. Local de exploração:Espaços no Instituto Superior de Engenharia do Porto.4. Duração do contrato ou prazo de execução:A Exploração a realizar no âmbito do Contrato de Concessão iniciar-se-á, previsivel-mente, em Setembro de 2008 e cessará em Agosto de 2009 com possibilidade de renovações automáticas pelo período de 1 ano, até ao limite de 2 renovações.5. Qualificação dos Concorrentes:Os concorrentes deverão estar legalmente autorizados a exercer a prestação de servi-ços de restauração nos termos da legislação em vigor e do programa do concurso.6. Alterações ao caderno de encargos e propostas variantes:Não são aceites alterações de cláusulas do caderno de encargos, nem propostas variantes.7. Agrupamento de Concorrentes:Se a proposta vier a ser apresentada por um agrupamento de empresas, estas asso-ciar-se-ão obrigatoriamente na modalidade de consórcio, em regime de responsabili-dade solidária, antes da celebração do contrato.8. Consulta e obtenção do processo do concurso:O programa de concurso e o caderno de encargos estão patentes para consulta e levantamento a partir da data de publicação do presente anúncio no Diário da Re-pública, todos os dias úteis, das 10.00 às 12.00 e das 15.00 às 17.00 na morada referida em 1.9. Propostas:a) As propostas devem ser enviadas para a morada indicada no n.º 1, por correio sob registo e com aviso de recepção ou entregues em mão, contra recibo.b) A entrega das propostas será feita até às 17.00 do 20.º dia a contar da data da publicação do presente anuncio, no Diário da República.c) As propostas e os documentos que as acompanham devem ser redigidos em lín-gua portuguesa.10. Acto Público do Concurso:A abertura das propostas terá lugar no primeiro dia útil imediato à data-limite para entrega das propostas, pelas 15.00 horas, na sala de reuniões do ISEP no local in-dicado no n.º 1.11. Critérios de Selecção do Concessionário:A escolha do Concessionário é segundo o critério da proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta, os seguintes factores:a) Contrapartida financeira;b) Qualidade da ementa;c) Proposta técnica.12. Prazo de Vinculação às Propostas:Os concorrentes obrigam-se a manter as propostas apresentadas pelo prazo mínimo de 60 dias.13. Prestação da Caução:O Concessionário garantirá por caução, no valor de 5% do valor anual (12 meses) da Contrapartida financeira, o exacto e pontual cumprimento das obrigações que assu-me com a celebração do contrato.14. Data de publicação do anúncio na II.ª série do DR: 30 de Junho de 2008

O Presidente do Conselho Directivo do ISEPJoão Manuel Simões da Rocha

Público, 2008.07.01

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO

Concessão da exploração da Cafetaria/Restauranteda Estação Arqueológica do Freixo/Tongobriga

Entidade Pública contratante1 - A entidade pública contratante e que preside é a Direcção Regional da Cultura do Norte, com sede em Praceta da Carreira, 5000-560 Vila Real (contactos: Direcção Regional, telefone 259 330 770, fax 259 330 779; Estação Arqueológica do Freixo, telefone 255 531 090 e fax 255 521 047).Objecto do procedimento2 - O presente concurso público tem por objectivo a concessão da exploração da Cafetaria/Restaurante da Estação Arqueológica do Freixo e foi autorizado por despacho da senhora Directora Regional de Cultura do Norte a 30 de Junho de 2008.Programa do concurso e caderno de encargos3 - O programa do concurso e o caderno de encargos encontram-se patentes, para consulta, no local indicado no ponto 1 e na Estação Arqueológica do Freixo, desde a data de publicação do presente Anúncio no Diário da República até ao dia e hora do Acto público, no horário normal de expediente, bem como poderão ser solicitadas à entidade designada no ponto 1, que os enviará ou entregará aos interessados até quatro dias após a recepção do pedido, sendo suportadas pelos destinatários apenas os custos de envio.Apresentação das propostas4 - As propostas deverão ser entregues ou enviadas à entidade referida no ponto 1 do presente Anúncio;

b) Prazo de apresentação de propostas: 20 dias (prazo continuado), contados do dia seguinte da data da presente publicação em Diário da República.c) A proposta e os documentos devem ser redigidos em língua portuguesa.

Acto Público do concurso5 - O Acto público do concurso terá lugar no 1.º dia útil seguinte ao último dia do prazo-limite de apresentação de propostas, na sede da DRCN, às 11 horas, podendo assistir os concorrentes ou os seus representantes.

Vila Real, 30 de Junho de 2008

A Directora RegionalHelena Gil

Público, 2008.07.01

MINISTÉRIO DA CULTURADIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO NORTE

EMPREGO - DIVERSOS

Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer

A APFADA é uma instituição particular de solidariedade social que apoia os Doentes de Alzheimer e os seus Cuidados disponibilizando:Informação sobre a Doença e seus efeitos. Formação para cuidadores, formais e informais. Equipamentos e Serviços específicos. Atendimento social e psicológico. Grupos de Ajuda Mútua. Terapia Ocupacional. Banco de ajudas técnicas. Outros benefícios.

Contactos

Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Lojas 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa Tel.: 213 610 460/8 - Fax: 213 610 469 - E-mail: [email protected] - Site: www.alzheimerportugal.orgDelegação do Norte: R. Barão do Corvo, 181, 4430-039 Vila Nova de Gaia - Tel.: 226 066 863 - Fax: 223 754 484 - E-mail: [email protected]

Delegação do Centro: Centro de Saúde de Pombal - 3100-000 POMBAL - Tel.: 236 200 970 - Fax: 236 200 971- E-mail: [email protected]ção da Região Autónoma da Madeira: Complexo Habitacional da Nazaré, cave do Bloco 21 - Sala E - 9000-135 FUNCHAL - Tel.:/Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]

Núcleo do Ribatejo: Rua Dionísio Saraiva, n.º 11, 1.º - 2080-104 Almeirim - Tel.: 243 594 136 - Fax 243 594 137 - E-mail: [email protected]

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DesportoPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 31

As exibições de Pepe no Europeu valeram-lhe um lugar entre os 23Pepe e Bosingwa escolhidos para os melhores23 do EuropeuA UEFA designou Xavi como o melhor futebolista da prova e ainda premiou mais oito espanhóis. Cristiano Ronaldo ficou de fora

a Falou-se de Portugal no último briefing da UEFA que serviu para anunciar a “equipa do torneio” — uma espécie de superplantel de 23 jogado-res — e o melhor jogador da prova — o espanhol Xavi. Falou-se de Pepe e de Bosingwa, os únicos portugueses que mereceram um lugar na lista final, falou-se das duas selecções (Portugal e Holanda) que tinham mais candida-tos se tivessem progredido mais na prova, mencionou-se o nome de Deco e tocou-se na ferida Cristiano Ronal-do. “Esta selecção não olha a repu-tações”, disse Andy Roxburgh, ex-jo-gador e técnico escocês, actualmente

da comissão técnica da UEFA.Roxburgh apontou aquele que,

na sua opinião, tinha sido “um dos melhores jogos do Europeu”. “Assis-ti ao Portugal A contra o Portugal B, em Neuchâtel.” Serviu a deixa para explicar que Cristiano Ronaldo “foi mencionado” para a lista dos 23 e pa-ra dizer que Portugal só não tem mais nomes lá por culpa própria. “Chegou abruptamente ao fim”, disse Roxbur-gh, ontem o porta-voz da UEFA, que lamentou o destino de Portugal e da Holanda, duas selecções que “pra-ticaram um futebol maravilhoso no início da prova”.

Para estes dois lugares, a UEFA en-controu uma espécie de suplentes: a “mentalidade da equipa turca, apesar dos castigos e das lesões” (foi eleito Hamit Altintop, um box-to-box) e a “qualidade da equipa russa” (selec-ção que forneceu quatro elementos: o defesa Zhirkov, o “inteligente” médio Zyryanov e os “talentosos” avançados Arshavin e Pavlyuchenko). Outra con-clusão: “Este é o torneio do contra-ataque. Tivemos alguns momentos de cortar a respiração”.

UEFA explica XaviA UEFA premiou ainda nove joga-dores espanhóis (e apenas três ale-mães: Lahm, Ballack e Podolski), o guarda-redes italiano Buffon (“não houve discussão no que diz respeito aos guarda-redes”) e Modric, o “cria-tivo” médio croata. E Roxburgh jus-tificou a escolha de 23 e não de onze de forma simples: “Já tivemos pro-blemas suficientes com 23...”. No ge-ral, o destaque foi direitinho para os espanhóis (do onze inicial só faltam Sérgio Ramos, Capdevila e David Sil-va). A começar por Xavi, um jogador “extremamente influente”, com um “posicionamento incrível” e dono de “passes e penetrações notáveis”.

O catalão foi o jogador que mais quilómetros correu na final. “A equi-pa espanhola não tentou ser mais nin-guém. Se não são altos, têm que ser rápidos, criativos e inteligentes. Os elogios não se ficaram por aqui. Nota máxima para a “construção” e “ati-tude positiva”. “A raiz do seu estilo? Adoram a bola”. O campeão em três palavras: “Posse com progressão”.

Luís Octávio Costa, em Viena

DANIEL MIHAILESCU/AFP

Euro 2008 UEFA elege a equipa maravilha do torneio

Guarda-redesBuffon ItáliaCasillas EspanhaVan der Sar Holanda

DefesasBosingwa PortugalLahm AlemanhaMarchena EspanhaPepe PortugalPuyol EspanhaZhirkov Rússia

MédiosAltintop TurquiaModric CroáciaSenna EspanhaXavi EspanhaZyryanov Rússia

Médios-ofensivosBallack AlemanhaFabregas EspanhaIniesta EspanhaPodolski AlemanhaSneijder Holanda

AvançadosArshavin RússiaPavlyuchenko RússiaTorres EspanhaVilla Espanha

Melhor do torneioXavi (Espanha)

Os eleitos da UEFA

Luís Figo, antigo capitão da selecção, foi eleito pela UEFA como um dos melhores jogadores do Euro 2000

Em quatro participações anteriores

Cinco portugueses já estiveram naequipa ideal de um Campeonato da Europa

a Antes de Pepe e Bosingwa, já cinco jogadores portugueses tiveram a hon-ra de figurar na selecção ideal de um Campeonato da Europa. O primeiro deles foi o defesa-direito João Pinto, eleito pela UEFA para o melhor onze do Euro 84, o de estreia dos quatro disputados por Portugal (excluindo o Euro 2008).

O jogador, que fez toda a sua car-reira no FC Porto, tinha na altura 23 anos de idade e foi considerado o de-fesa “mais vistoso” da prova, simul-taneamente “aventureiro, rigoroso e resistente”. No Euro 96, organizado pela Inglaterra, a selecção ficou-se pelos “quartos” e não houve ninguém

que se destacasse para a UEFA. Em 2000, no Europeu da Holanda e da Bélgica, foi Luís Figo a inscrever o seu nome na lista dos melhores da prova. O português destacou-se, na opinião da UEFA, com o seu “driblerápido e estonteante, cruzamentos milimétricos, força e controlo”. Seis meses depois, Figo ganharia a Bola de

Ouro da FIFA, como melhor jogador do Mundo.

No Euro 2004, três portugueses chegaram ao melhor “onze”: Mani-che, Cristiano Ronaldo e Ricardo Car-valho. Este último começou a prova como suplente de Fernando Couto, mas acabou eleito um dos melhores centrais. Maniche impressionou pela força em campo, enquanto Ronaldo começou a maravilhar com o seu faro para as jogadas vistosas. Em Campeo-natos do Mundo, há a destacar a Bota de Ouro de Eusébio no Mundial de 66 e o prémio colectivo de equipa mais espectacular atribuído a Portugal no Mundial de 2006. Victor Ferreira

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Desporto32 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Euro 2008 O alfabeto do Campeonato da Europa, com os factos e as figuras importantes

De A a Z

Anfitriões. A Suíça foi a anfitriã de um Europeu que mais depressa saiu de cena (ao segundo jogo).

Pior só mesmo se o Europeu fosse co-organizado com a Áustria e os austríacos também caíssem antes dos quartos-de-final. E não é que aconteceu mesmo? Para mais tarde recordar ficam fotografias de cidades e paisagens que por si só merecem outra visita.

Bilhetes. O mercado negro dos bilhetes começou nos primeiros dias em Basileia e Klagenfurt e só terminou

no dia 29, em Viena, à porta do Ernst Happel. Pior só mesmo fazer negócio com o negócio da Federação Portuguesa de Futebol, que decidiu cobrar bilhetes aos portugueses que apoiaram Portugal durante os treinos.

Censura. O poder da UEFA voltou a revelar-se com a implementação de cortes cirúrgicos na transmissão

dos jogos. Os lances passam nos ecrãs gigantes e em casa dos adeptos, mas só se não oferecerem polémica. A UEFA negou sempre qualquer tipo de censura.

Donadoni. O campeão do mundo foi uma das enormes desilusões deste campeonato.

Os jogos foram monótonos, os resultados sofríveis (Luca Toni não marcou um único golo) e o seleccionador recebeu guia de marcha mal aterrou em Itália. Marcelo Lippi conduzirá a equipa em 2010.

Ernst Happel. Este foi o palco de eleição do Euro 2008, o único estádio realmente vibrante. Há dias,

Michel Platini assumiu que, no futuro, os estádios mais pequenos dos Campeonatos da Europa poderão passar a ter capacidade para 35 mil pessoas.

Fora-de-jogo. O primeiro golo da “laranja mecânica” no Europeu obrigou a UEFA a defender publicamente a

equipa de arbitragem do Holanda-Itália (3-0). “Van Nistelrooy não estava em fora-de-jogo”, disse David Taylor, secretário-geral, citando a Lei 11.

Guarda-redes. O campeonato teve nitidamente três guarda-redes em destaque (o

espanhol Casillas, o holandês Van der Sar e o italiano Buffon). E teve uma série de falhanços para esquecer. Nomeadamente, os do checo Petr Cech e os do português Ricardo...

Holanda. Antes dos jogos, a “onda laranja” inundava as cidades por onde passava. Depois dos jogos, falava-se

da equipa de Van Basten, durante muito tempo a mais forte candidata ao título. Deu gosto ver.

Ibrahimovic. Não foi um Europeu de grandes golos. Um dos mais espectaculares foi o do sueco Ibrahimovic frente a

Grécia. Ballack apontou o único golo de livre directo.

Joachin Low. A moda de mangas de camisa pegou – nas ruas de Viena, já havia adeptos que trocavam o

oficial equipamento branco pela indumentária de Low. Mas o estilo do seleccionador alemão está longe de ser consensual.

Killer instinct. No último dia do Europeu, Fernando Torres estragou as contas à UEFA. Depois de semanas

apagado, marcou o golo do título

e saltou directamente para o quadro de honra. Em cerca de meia hora, mostrou tudo o que tinha que mostrar: rapidez, potência e, sobretudo, killer instinct.

Luis Aragonés. Antes de o Europeu começar, a posição do seleccionador espanhol foi contestada.

Mas Aragonés, o mais velho seleccionador a conquistar o

troféu, sai pela porta grande depois de ter conseguido transformar um grupo de talentosos jogadores numa selecção vencedora.

Meteorologia. Os espectadores do Euro 2008 (adeptos e jornalistas) andaram

um mês sem saber muito bem que tipo de roupa vestir. Se de manhã estava sol, a noite suíça podia

O Euro 2008 fez bem ao futebol, mas não foi o mar de rosas que se diz

a 1. O Euro 2008 fez bem ao futebol, mas o nível médio do torneio esteve longe da qualidade que a UEFA e alguns analistas tentaram vender. Porque apenas meia dúzia dos 31 jogos atingiram, de facto, um nível alto. E também porque, como já se desconfiava, as grandes figuras apresentaram-se cansadas e com problemas físicos, não conseguindo justificar o estatuto de cabeças-de-cartaz. E o futebol não é o mesmo e não se faz sem os verdadeiros heróis.

2. O balanço acaba por ser positivo fundamentalmente porque na Áustria e na Suíça ficou provado que o Euro 2004 foi uma excepção e que as equipas

que tratam bem a bola e jogam um futebol positivo têm mais probabilidades de ganhar do que as que só defendem e esperam pelo erro alheio. De alguma forma, o Euro 2008 foi o triunfo da estética e da liberdade criativa.

3. Não fosse o risco de ser acusado de maniqueísmo, quase arriscaria dizer que o bem produzido pelas selecções da Espanha, da Holanda, da Rússia, da Croácia e de Portugal sobrepôs-se e ganhou ao mal representado por equipas de futebol cobarde e de marcha-atrás, como foram a Grécia, a Polónia e a Rep. Checa, ou sem a qualidade mínima exigível, como aconteceu com a Áustria, o pior anfitrião na história da prova (somou apenas um ponto). A França não surge em nenhum lado das barricadas porque a sua derrota (a mais significativa do Europeu) foi o reflexo de uma geração esticada em demasia. Precisa encontrar, por exemplo, substitutos à altura para Thuram e Makelelé, porque para Zidane o caso fia mais fino. A Itália também merece tratamento

distinto porque já se desconfiava que o seu futebol cínico, mesmo que iluminado por Pirlo, perde eficácia quando o avançado (Luca Toni) não consegue marcar sequer um golito. A Turquia escapa ao lado dos “maus” porque o trabalho táctico de Fatih Terim disfarçou as maleitas e porque a paixão com que lutou contra a adversidade garantiu-lhe três milagrosas recuperações, uma das imagens de marca do Euro 2008. A Roménia foi passiva em vários momentos, mas o penálti falhado pelo irregular Mutu frente à Itália já foi um castigo suficiente. A Suécia (quase) não teve Ibrahimovic e era melhor que não tivesse tido Larsson e Ljungberg. Finalmente, a Alemanha. Foi mais longe do que o seu futebol verdadeiramente justificou, mas isso até acaba por ser um prémio justo para Klinsmann e para o seu sucessor Low, que tiveram a coragem de renovar e de mudar o estilo, ainda pragmático, mas já mais agradável. O problema é que Ballack continua a ter mau karma (desde 2002 que perde finais) e não tem a fiabilidade

Comentário

Bruno Prata

À Espanha faltava-lhe

a afirmação plena da sua

selecção. Conseguiu-a ao

assumir a sua verdadeira

identidade, feita de “toc, toc,

toc”, e ao deixar a “fúria”

pouco esclarecida

dos verdadeiros líderes da Mannschaft.

4. O Euro 2008 teve um vencedor que reuniu a unanimidade e o virtuosismo, a antítese da Grécia de há quatro anos. Teve ainda uma Rússia capaz de empolgar e de se tornar na novidade mais refrescante da prova. Fez gato-sapato de uma Holanda que vinha entusiasmando e que, tal como Portugal, não foi suficientemente consistente. No caso da selecção portuguesa, confirmou-se o quanto é difícil fazer uma equipa com um mau guarda-redes, um fraco remendo no lado esquerdo da defesa e um ponta-de-lança sem dimensão internacional, já para não falar num treinador que tem tanto de teimoso como de limitado tacticamente.

5. A UEFA, através do seu director técnico, o escocês Andy Roxburgh, achou que o Euro 2008 reforçou a imagem positiva do futebol. De facto, não houve grandes escândalos, mesmo que o nível geral da arbitragem

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 33

reservar uma chuvada. Se Viena acordava uma brasa, o fim do dia podia estar comprometido devido a uma tempestade tropical. Que saudades do Euro 2004.

Naturalizações. À partida para este Europeu, eram 39 os jogadores que não tinham nascido no país

que agora representavam. E este torneio foi muito deles. De Pepe e

de Deco, de Podolski, de Marcos Senna, novo campeão Europeu sempre acompanhado por um batalhão de jornalistas brasileiros. A FIFA continua preocupada com o fenómeno.

Olegário Benquerença. Foi o único representante da arbitragem portuguesa no Europeu.

Portugal. Os portugueses e a Europa esperavam muito mais do Euro 2008. A selecção portuguesa entrou

bem na prova, mas apagou--se num ápice, não deixando grandes marcas positivas nesta história.

Qualidade. O exemplo partiu da selecção espanhola, mas no geral este foi um torneio de

qualidade elevada, com defesas inteligentes, combinações criativas e contra-ataques “de cortar a respiração”, como apontou a comissão técnica da UEFA.

Roja. Há 44 anos que a selecção espanhola não vencia oEuropeu. No domingo, fê-

-lo a cores, sem o regime de Franco pelas costas e com um futebol que convenceu (não como a Grécia, em Portugal). Espanha foi “a equipa que não tentou ser mais ninguém”, disse a UEFA. O título foi mais que merecido.

Scolari. Ainda em Viseu, Luiz Felipe Scolari ficou muito zangado quando alguém o confrontou com uma frase

de José Mourinho (“Se Portugal não passar a fase de grupos, será ridículo”). Em dois jogos, Portugal garantiu a qualificação, mas ficou-se por aí. Scolari vendeu-se ao Chelsea e a (ainda) sua equipa perdeu duas vezes seguidas. Ridículo?

Turquia. O glossário do Campeonato da Europa terá que passar a contemplar a expressão “dois minutos à

Turquia”. A equipa de Fatih Terim foi a grande surpresa da prova.

Foi a mais resistente do grupo de Portugal, tendo conseguido dar a volta a três adversários (Suíça, Rep. Checa e Croácia) nos instantes finais, graças a uma série de milagres. Caiu nas meias-finais, no último minuto do jogo com a Alemanha.

Último. Este pode ter sido o último Europeu com 16 equipas na fase de grupos. Em Viena, Michel

Platini, presidente da UEFA, voltou a defender um novo alargamento, que será discutido a sério no próximo mês de Setembro.

Villa. A final com a Alemanha não teve o privilégio de contar com ele, mas Villa foi um dos

principais responsáveis pelos primeiros avanços de la roja. Foi ele também o autor do único hat-trickdo torneio.

White Stripes. Enrique Iglésias esteve na final e cantou o seu Can you hear me?. Mas o que

se ouviu durante o mês de Junho foi Seven Nation Army, tema dos White Stripes que os adeptos se habituaram a entoar.

Xavi. “Ele é que dita os tempos do jogo”, elogiou a UEFA, que elegeu Xavi como o melhor jogador do

Europeu. Vale mesmo a pena puxar o filme atrás e rever alguns dos seus passes e movimentos.

Yury Zhirkov. É claramente um dos nomes que mais tempo vão ficar na cabeça de todos aqueles que

assistiram a jogos deste Europeu. Um defesa completo.

Zonas. A criação de Fan Zones na Áustria e na Suíça tinha como objectivo primordial a circunscrição

dos adeptos (do barulho, do lixo e da confusão). Mas quem esteve no Euro 2004 recorda o convívio dos adeptos com as cidades como um dos seus pontos fortes. Luís Octávio Costa, em Viena

DIMITAR DILKOFF/AFP

tenha sido apenas sofrível. Pena é que, com intervenção ou não do organismo que manda no futebol europeu, a qualidade das transmissões televisivas tenha deixado muito a desejar. Mas Roxburgh teve razão quando elogiou “o futebol corrido, as combinações em movimento e as transições rápidas para o ataque” em que apostaram muitas das equipas, ou quando disse que “esta Espanha tem a bola junto ao coração”. Os espanhóis, que nos Jogos Olímpicos de Atenas haviam somado 18 medalhas, já tinham Gasol no basquetebol, Nadal no ténis, Pedrosa no motociclismo, Contador no ciclismo, Alonso na Fórmula 1. Já tinham também títulos europeus com os seus melhores clubes. Mas, tal como a Portugal, faltava-lhe a afirmação plena da sua selecção. Conseguiram-na quando assumiram a sua verdadeira identidade, feita de “toc, toc, toc”, e deixaram de confiar apenas na “fúria” pouco esclarecida.

Continua amanhã

A Espanha invisível

a Longe vão os tempos em que, na ressaca de uma goleada de 9-0 sofrida por Portugal às mãos da Espanha, Beatriz Costa cantava: “Se a Selecção trabalha como eu quero/ agora é que não falha/ nove-a-zero”. Agora voltamos a olhar para o vizinho e a tentar perceber o que tem hoje a selecção espanhola que lhe permitiu fazer aquilo que Portugal não conseguiu, isto é, bater a Alemanha e ser campeã da Europa?

A resposta não se encontra nos dados estatísticos comparativos, mas antes na própria composição das duas selecções e respectiva organização. Desde logo, a Espanha tem um autêntico

seguro de vida na sua baliza. Casillas fez um grande Europeu e, na hora da verdade, não se assustou com as bolas paradas alemãs nem tão-pouco com o peso e a altura dos adversários, mesmo sabendo que os seus “centrais” formavam a dupla mais baixa do campeonato.

No início da prova, dificilmente alguém trocaria o quarteto defensivo português pelo espanhol. Muito se desconfiava da capacidade dos “centrais”, mas a retaguarda espanhola mostrou superior consistência e equilíbrio, porque os dois laterais, Ramos e Capdevilla, não falharam. Bem diferentes eram as expectativas relativamente aos pontas-de-lança das duas equipas e, embora Nuno Gomes tenha estado bem, a diferença de capacidade de fogo de Villa e de Torres ficou mais do que provada.

Apesar destas virtudes, há que dizer que foi no meio-campo que os espanhóis ganharam as grandes batalhas. Um miolo de sonho, consistente, criativo, capaz de gerir os ritmos de jogo,

alternando a circulação de bola e o passe a rasgar. Ora, este meio--campo, reforçado, mostrou-se à altura de um Europeu que, em termos tácticos, coroou a importância do controlo do centro do terreno, como fica evidente na colocação de cinco jogadores nesta zona por parte dos melhores (Espanha, Alemanha, Rússia, Holanda, Croácia, Turquia, Itália). Neste sentido, o 4x3x3 português mostrou ser demasiado lírico, embora Deco e Moutinho tenham realizado um bom campeonato.

Para os adeptos comuns – cada vez mais transformados, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano, em “pedintes de bom futebol” –, este Euro foi uma esmola choruda, graças a um conjunto alargado de selecções que produziram espectáculos bem acima da média. Mas a principal memória desta prova será a novidade que constituiu a justiça na atribuição do título. A Espanha foi na final aquilo que fora em todo o Europeu: bem superior aos adversários. Gestorda Football Ideas

Opinião

João Nuno Coelho

Quadro comparativo dos principais dados estatísticos de Portugal e Espanha no Euro 2008

Médias Portugal Espanha

Golos 1,8 2

Remates 16,3 19,5

Remates no alvo 7,5 8,5

Remates na área 6,8 6,7

Eficácia de remate 10,7% 10,3%

Posse de bola 55,5% 53,7%

Golos sofridos 1,3 0,5

Remates concedidos 10 9,7

Portugal vs Espanha

Page 34: Público – 6666 – 01.07.2008

34 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Desporto

Clubes e árbitros deixam de poder contestar os observadores

Ana Marques Gonçalves

a Poderia ter sido um dia decisivo na sede da Liga Portuguesa de Fute-bol, mas não foi – a “calma olímpica” com que decorreu a assembleia geral adiou todas as decisões para quarta-feira. De novo, com relevância, só mesmo a alteração ao regulamento que impede os clubes e os árbitros de recorrer das notas atribuídas pe-los observadores à actuação destes últimos dentro de campo.

E, neste ponto, as novidades não acabam por aqui: as notas não podem ser questionadas, mas o teor escrito do relatório de avaliação pode, sen-do agora este processo da exclusiva responsabilidade da Comissão de Arbitragem, que agirá sobre o obser-vador responsável pela nota se não concordar com a apreciação. Uma alteração aos regulamentos que foi especialmente apreciada pelos prin-cipais protagonistas, os árbitros. “Os árbitros sentiam-se pressionados, co-agidos [pelo facto de os clubes pode-rem enviar compilações de imagens para contestar a sua nota]. Esta de-cisão deixa a porta aberta para que os árbitros possam ter melhores de-sempenhos”, disse o representante da Comissão de Arbitragem, Anto-nino Silva.

Com a tranquilidade e a unanimi-dade a reinarem dentro da sala e com os assuntos quentes (alteração ao re-gulamento disciplinar) a serem prete-

ridos pelas alterações consensuais, o foco de interesse transferiu-se para a porta da Liga, ou melhor, para as de-clarações à saída de alguns (poucos) dos intervenientes. E a ideia geral era só uma: a lentidão lá dentro parecia ser um obejctivo predefinido.

“A assembleia decorreu com uma calma olímpica inusitada... Assim, os trabalhos prosseguem quarta-feira.” O assessor jurídico da SAD do Benfi-ca, Paulo Gonçalves, foi dos primei-ros a sair e o primeiro a alertar para a estranha tranquilidade com que de-correu a reunião (foram 2 horas e 40 minutos de reunião de manhã, pausa para almoço, reentrada às 15h30, pau-sa para café às 16h00 e encerramento às 18h00). Mas não foi o único. Fer-nando Sequeira, presidente do Paços de Ferreira, também falou “de uma sensação no ar de grande calma”. Uma calma que alguns queriam con-verter num adiamento da sessão para a próxima segunda-feira, algo que, de acordo com o presidente do Paços, foi recusado: “As pessoas querem re-solver isto depressa. Ainda bem que ficou adiado para quarta, porque as-sim temos 30 dias úteis para poder processar todas as alterações ainda esta época 2008/2009.”

Liga

Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, viu o organismo que dirige ganhar poderes

Sprinter Tyson Gay corre os 100m em 9,68s com vento

Luís Lopes

a A final dos 100m das qualificações olímpicas do atletismo americano, disputada ontem de madrugada em Eugene, cumpriu as expectativas. Co-roando uma série de resultados como nunca se vira em qualquer competi-ção no conjunto das eliminatórias, Tyson Gay tinha estabelecido um recorde americano nos quartos-de-final, com 9,77s, após ter estado perto da eliminação nas séries.

Desta feita, o duplo campeão mun-dial de Osaca na velocidade não dei-xou hipóteses a ninguém e ganhou a corrida decisiva de Eugene com 9,68s, fazendo melhor que o recen-te recorde mundial (9,72 em Nova Iorque, a 31 de Maio) de Usain Bolt. Porém o vento soprava com excesso, a 4,1 m/segundo, pelo que a marca não é homologável. Gay foi seguido por Walter Dix (9,80s) e Darvis Patton (9,84s), e estes formarão o trio olím-pico dos EUA. Um homem que, nas séries, fizera 9,89s regulares, como Travis Padgett, acabou fora do pódio agora, com 9,85s, e terá de se conten-tar em fazer parte da estafeta ameri-cana de 4x100m nos Jogos.

Os 9,68s de Tyson Gay constituem o resultado mais rápido jamais obti-do nos 100m, considerando todas as circunstâncias.

Atletismo

Avançado do Bordéus foi contactado

Filipe Escobar de Lima

a “Sim ao Bordéus, mas...”, disse ontem Wendel ao France Football. O avançado brasileiro do Bordéus mar-cou 12 golos em 36 jogos no campeo-nato e é uma das estrelas da equipa, mas, na entrevista de ontem ao jornal francês, abriu a porta da saída e ad-mitiu o contacto do Benfica.

“Esses dois clubes contactaram, de

facto, o meu agente”, disse Wendel, referindo-se também ao interesse do Nápoles. “Mas ainda não chegou ne-nhuma proposta ao clube”, lembrou o jogador, que já passou pelo Nacional (à época 2004/05).

“Sinto-me muito bem no Bordéus, mas, como todos os jogadores, tenho o desejo de descobrir outros países. Se chegar uma proposta boa para mim e para o clube, por que não?”, ques-

tionou o atleta, de 26 anos. “Adorava experimentar novos desafios e quero aproveitar a oportunidade...”

Na Luz, o início de época arranca a 9 de Agosto com o Feyenoord, no jogo de apresentação aos sócios, e Inter de Milão, de José Mourinho, uma semana depois na Eusébio Cup, a 15 de Agosto. O novo treinador, Quique Flores, inicia os trabalhos a 8 de Julho.

Benfica

Prazo foi ultrapassado, mas Grimi pode ainda ser hipótese na equipa de Bento

Filipe Escobar de Lima

a O prazo terminou ontem, mas as boas relações entre Sporting e Milan podem ajudar nas negociações para a manutenção do defesa argentino em Alvalade.

A uma semana do arranque da épo-ca leonina – os trabalhos começam no dia 7 de Julho, em Alcochete –, a SAD sportinguista está ainda a negociar a contratação definitiva de Grimi para os próximos quatros anos.

Os italianos pedem quatro milhões de euros, números incomportáveis para os “leões”, que já tentaram, in-clusive, a compra de metade do passe do argentino que em Janeiro chegou a Alvalade.

As boas relações entre sportinguis-tas e milanistas podem estar ligadas ao interesse do Milan em Miguel Velo-so, que pode reabrir o processo Grimi a qualquer momento.

O Sporting já tem estudada uma alternativa ao argentino, caso o defe-sa acabe por voltar a Itália. Zé Castro é o nome mais falado para o substi-tuir: o português, de 25 anos, alinha no Atlético de Madrid, mas não tem

sido alternativa na equipa principal “colchonera”, e está a estudar a sua saída de Madrid.

Zé Castro é central e obrigaria a sacrificar Marco Caneira. O portu-guês, contratado esta temporada ao Valência, volta a Alvalade depois de um ano de interregno em Espanha, e é o mais indicado para jogar no la-do esquerdo, cuja única alternativa é Ronny. Enquanto, na zona central, Bento pode contar com três jogado-res: Polga, Tonel e Daniel Carriço.

Ontem, o Sporting pôs em marcha a oferta pública de subscrição de 3,8 milhões de obrigações ordinárias, com um valor nominal de cinco euros (para um empréstimo obrigacionista de 19 milhões).

Sporting

19O Sporting colocou em marcha uma oferta pública de subscrição para um empréstimo obrigacionista de 19 milhões

Deco assina por dois anos pelo Chelsea, que vai pagar dez milhões de euros ao Barcelona

Bruno Prata

Internacional português, que vai reencontrar Scolari, diz que o seu objectivo é “voltar a ganhar a Liga dos Campeões e destronar o Manchester United”

a Deco assinou ontem um contrato de dois anos com o Chelsea, horas depois de o Barcelona ter aceitado os dez milhões de euros que o vice-campeão inglês e europeu vai pagar pelo internacional português.

O negócio foi fechado em Londres, para onde viajaram ontem de manhã Deco e o seu empresário, Jorge Men-des. Após uma reunião com Peter Kenyon, director executivo do Chel-sea, Deco assinou um contrato que lhe vai garantir um pouco mais do que os 3,2 milhões de euros/ano que pas-sou a receber quando se transferiu do FC Porto para o Barcelona, em 2004. Os portistas tinham então acabado de vencer o título europeu e a venda de Deco foi avaliada em 21 milhões de euros (o FC Porto recebeu apenas

No Chelsea, Deco diz querer voltar a ganhar a Liga dos Campeões

DENIS BALIBOUSE/ REUTERS

15 milhões, tendo a restante diferen-ça sido compensada com a cedência definitiva de Quaresma).

O Chelsea era o clube desejado por Deco, que, em declarações à Gestifute Media, afirmou: “Estou muito, muito feliz, porque a minha ambição é ga-nhar títulos e tenho a certeza de que

tenho a certeza de que vou triunfar aqui”, garantiu.

Aos 30 anos (completa 31 a 27 de Agosto), o luso-brasileiro dá um no-vo rumo à sua carreira. Depois de ter ganho três ligas, três taças e três su-pertaças portuguesas, a Taça UEFA e a Liga dos Campeões ao serviço do FC Porto, Deco conseguiu, em Barcelona, juntar ao seu palmarés duas ligas e duas supertaças espanholas e mais um título de campeão europeu.

Nos últimos tempos, Deco come-çou a ser criticado em Barcelona pelas consecutivas lesões que afectaram a sua utilização e pelo comportamento extradesportivo. Tal como o brasileiro Ronaldinho Gaúcho e vários outros colegas, não fazia parte dos planos de Guardiola, o novo técnico do Barça.

Em Inglaterra, vai reencontrar Fe-lipe Scolari, novo técnico do Chelsea e responsável pela estreia de Deco na selecção, a 29 de Março de 2003, frente ao Brasil. “É bom continuar a trabalhar com Scolari, um treinador que conheço bem e por quem tenho grande carinho e respeito. Mas vou ter de trabalhar tanto como os outros companheiros, porque estaremos to-dos em plano de igualdade”, refere.

Transferência foi acordada ontem em Londres

vou conseguir esse objectivo, porque não há melhor clube que o Chelsea para concretizar essa meta.” Deco assume o objectivo de “ganhar a Li-ga dos Campeões” e de “destronar” o Manchester United também em Inglaterra. “Estou aqui para ajudar o Chelsea a ganhar. Quero ajudar e

Colectividade Desportiva, olhares sobre desporto blogs.publico.pt/colectividadedesportiva/

Page 35: Público – 6666 – 01.07.2008

DesportoPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 35

Quatro novos recordes do mundo

Hugo Daniel Sousa

a Michael Phelps, Katie Hoff, Natalie Coughlin e Hayley McGregory. Todos estabeleceram ontem novas melhores marcas mundiais de natação, durante as jornadas de qualificação olímpica nos Estados Unidos, embora só três delas fiquem para a posteridade. É que o recorde de Hayley McGregory nos 100m costas femininos (59,15s) durou poucos segundos a ser batido, já que logo a seguir Natalie Coughlin recuperou o estatuto de recordista, ao nadar a distância em 59,03s.

Antes, já Michael Phelphs, candi-dato a ultrapassar em Pequim as sete medalhas de ouro de Mark Spitz, ti-nha mostrado boa forma, ao bater o recorde dos 400m estilos (4m05,25s), quase menos um segundo do que a anterior marca, que lhe pertencia. Ka-tie Hoff também registou um novo mí-nimo no sector feminino (4m31,12s), retirando 34 centésimos à marca da australiana Stephanie Rice.

Natação

Jelena Jankovic e Svetlana Kuznetsova tomam o mesmo caminho de saída de Wimbledon

Pedro Keul

a Ainda não se chegou aos quartos--de-final e já as quatro melhores tenis-tas do ranking estão fora de Wimble-don — o que não acontecia no torneio feminino desde 1927, ano em que foi introduzido o sistema de cabeças-de--série. Depois de Ana Ivanovic e Maria Sharapova, ontem, Jelena Jankovic e Svetlana Kuznetsova seguiram o mesmo destino, ambas eliminadas por vencedoras dos torneios de pre-paração que antecederam o Grand Slam britânico, Tamarine Tanasugarn e Agnieszka Radwanska.

“Posso dizer uau, uau, uau?”, brin-cou Tanasugarn, depois de derrotar Jankovic, por 6-3, 6-2. Há dois anos,

Com estas eliminações, Serena e Venus Williams são cada vez mais candidatas a encontrarem-se na final

Jelena Jankovic

quando já pensava em arrumar as raquetas, Tanasugarn, então 164.ª do ranking, recuperou a motivação precisamente em Wimbledon, após ultrapassar o qualifying (onde derro-tou Frederica Piedade na derradeira ronda) e atingir a terceira eliminató-ria. “Nessa altura, estava saturada, mas aprendi a cuidar do meu corpo e a planear o meu calendário. Agora, só estou a tentar dar o meu melhor e a divertir-me”, afirmou a tailandesa nascida há 31 anos em Los Angeles (reside desde os cinco em Bangue-coque).

Tanasugarn, actual 60.ª no rankingmundial (foi 19.ª, em 2002), aprovei-tou para explorar as dificuldades de deslocamento de Jankovic, que se res-sentiu da lesão no joelho esquerdo contraída sábado, através das suas pancadas fortes e chapadas. E à sé-tima presença na quarta ronda em Wimbledon, a recém-campeã em s’Hertogenbosch chega aos quartos--de-final de um Grand Slam, onde vai

encontrar Venus Williams, campeã em título.

Agnieszka Radwanska venceu em Eastbourne antes de vir para Londres e ontem estava em grande forma para afastar a russa Svetlana Kuznetsova —

que, tal como Jankovic, deixou de ter a oportunidade de destronar Ivanovic da liderança do ranking. A polaca de 19 anos também se vai estrear nuns quartos-de-final do Grand Slam ao ba-ter Kuznetsova (6-4, 1-6 e 7-5).

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Masculinos R. Federer- L.Hewitt, 7-6 (9/7), 6-2 e 6-4; R. Nadal-M. Youzhny, 6-3, 6-3 e 6-1; M. Safin-S. Wawrinka, 6-4, 6-3, 5-7 e 6-1; A. Murray-R. Gasquet, 5-7, 3-6, 7-6 (7/3), 6-2 e 6-4; M. Ancic-F. Verdasco, 3-6, 4-6, 6-3, 6-4 e 13-11;Femininos V. Williams--A. Kleybanova, 6-3, 6-4; S. Williams-B. Mattek, 6-3, 6-3; N. Vaidisova-A. Chakvetadze, 4-6, 7-6 (7/0) e 6-3; J. Zheng-A.Szavay, 6-3, 6-4; N. Petrova-A. Kudryavtseva, 6-1, 6-4; E.Dementieva-S. Peer, 6-2, 6-1.

Resultados

O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) rejeitou o recurso do ciclista norte-americano Floyd Landis, que teve um controlo positivo a testosterona na Volta à França de 2006, cujo título lhe foi retirado. O ciclista foi suspenso por dois anos, a partir de 30 de Janeiro de 2007.

Ténis

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Page 36: Público – 6666 – 01.07.2008

Economia36 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Crise Inflação voltou a disparar em Junho e obriga a nova subida das taxas de juro

Pressão dos juros e da inflação penaliza cada vez mais o consumoEuribor passa os cinco por cento e agrava crédito à habitaçãoJuros já estão em máximos de oito anos. Num empréstimo à habitação de 150 mil euros, a prestação com a casa aumentou 17 euros face a Maio

a É mais uma má notícia para as famílias com crédito à habitação. As médias de Junho das taxas Euribor voltam a revelar aumentos muito elevados – com os prazos de seis e 12 meses a ultrapassar a barreira dos cinco por cento –, o que vai agravar as prestações a partir de Julho para quem tem renovações de contratos e para quem está a fazer novos em-préstimos.

As Euribor estão agora em máxi-mos de 2000 e a tendência é de que aumentem ainda mais. Porquê? A in-flação da zona euro referente a Junho (ver texto ao lado) divulgada ontem mostra uma substancial subida dos preços que torna muito difícil ao Ban-co Central Europeu (BCE) não voltar a aumentar a sua principal taxa de juro de referência durante a reunião da próxima quinta-feira.

O mercado já está, aliás, preparado e a antecipar uma subida das taxas

por parte do BCE, actualmente nos quatro por cento, até porque a auto-ridade monetária da zona euro se en-contra numa encruzilhada: a subida galopante da inflação obriga-a a subir taxas; a desaceleração da economia europeia aconselhava-a a descer.

Neste impasse, o mercado mone-tário, onde os bancos emprestam dinheiro entre si e onde se fixa dia-riamente a Euribor, vai continuando a reflectir a incerteza económica e a antecipar novas subidas para além da que se espera seja anunciada depois de amanhã.

A Euribor a seis meses, o prazo mais utilizado nos empréstimos em Portugal, fechou o mês de Junho nos 5,088 por cento, mais 0,191 pontos percentuais que os 4,897 por cento com que tinha terminado em Maio. A Euribor a 12 meses, que reflecte a tendência de mais longo prazo, foi a que mais disparou, atingindo os 5,361 por cento. Juntamente com a Euribor a seis meses, a Euribor a 12 meses quebrou a barreira dos cinco por cento e registou um agravamento de 0,367 pontos percentuais face aos 4,994 por cento que tinha atingido em Maio. Por último, a Euribor a três meses, um prazo que tem tido uma utilização crescente por parte dos bancos, registou a menor variação, de 0,084 pontos percentuais, para os 4,941, mas também já muito próximo dos cinco por cento.

A última sessão diária do mês de Junho evidencia a tendência de subi-da. O mercado monetário já estava fechado quando foi divulgada a infla-ção, pelo que ainda não incorporou esse dado, e mesmo assim a Euribor a seis e a 12 meses subiu, atingindo respectivamente os 5,130 e 5,390 por cento, mantendo-se estabilizada a de três meses nos 4,947 por cento.

Mais 320 euros desde 2005O aumento do custo dinheiro torna-se mais evidente a partir de uma si-mulação, como a que foi feita para o PÚBLICO pela Deco/Proteste.

Num empréstimo de 150 mil eu-ros, a 25 anos, utilizando a Euribor a seis meses, acrescida de um spread(margem do banco) de 0,7 por cen-to, há um agravamento de 17 euros

para o valor da Euribor a seis meses de Março de 2005, altura em que as taxas estavam historicamente baixas, a diferença é ainda mais expressiva, da ordem dos 320 euros mensais, dado que o mesmo empréstimo im-plicava uma prestação de 623,70 euros.

Depois dos valores historicamente baixas que atingiram nos primeiros meses de 2005, em que encostaram

nos dois por cento, as taxas Euribor estão agora muito perto dos máximos de Outubro de 2000, ano em que os prazos de seis e doze meses ultrapas-saram os 5,2 por cento.

O aumento dos prazos dos con-tratos à habitação e a negociação de períodos de carência de capital ou de diferimento de capital são soluções a que os portugueses têm recorrido para diminuir a prestação.

Rosa Soares

com a utilização da média de Junho face ao valor do mesmo indexante em Maio.

A prestação desse empréstimo atinge os 947,11 euros com a média de Junho, valor que em Maio passado era de 929,84 euros. Com a média de Junho, mas de há um ano atrás, a prestação mensal é menor em 71 euros.

Se o cálculo da prestação for feito

A contagem de juros nos empréstimos e nos depósitos passou desde ontem a ter como base 360 dias, como determina o Decreto-Lei 88/2008. A medida é positiva para um conjunto de clientes com empréstimos à habitação, uma vez que permite o regresso à utilização da Euribor a 360 dias, ligeiramente mais baixa que a utilizada há mais de um ano pela maioria dos bancos, que era a de 365 dias. Para os depósitos, se as taxas de remuneração não baixarem, a alteração também é positiva. O Decreto-Lei 88/2008 veio corrigir uma situação criada por um diploma anterior, que impôs a contagem de juros a 365 dias. Só o BPI e o Montepio decidiram não aplicar os 365 dias e esperar pela correcção. Para a maioria dos detentores de empréstimos esta alteração vai minimizar a subida da taxa de juro em Junho.

Contagem de juros a 360 dias já em vigor

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Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 37

PSI 20 volta a cair e confirma pior semestre de sempre

A Euronext Lisboa voltou a registar mais um dia de perdas com o seu principal índice, o PSI 20, a recuar mais de um por cento. Das 20

empresas cotadas, 17 fecharam em queda. O primeiro semestre de 2008 confirmou ser o pior de sempre com uma queda superior a 30 por cento.

DR

IVA a 20 por cento No meio dos sucessivos anúncios de aumento de preços – a começar pela escalada dos combustíveis –, muitos se terão esquecido da medida anunciada há já três meses: a descida de um ponto percentual na taxa máxima de Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA). Segundo as contas do Governo, que anunciou que a medida iria custar aos cofres do estado um decréscimo anual de 450 milhões de euros, a entrada em vigor desta medida neste segundo semestre permitirá que fiquem cerca de 225 milhões de euros no bolso dos consumidores, desde que a descida se reflicta no preço dos produtos. A reacção por parte das cadeias de grande distribuição foi diferente: se o grupo Sonae (proprietário do PÚBLICO) e os Mosqueteiros anunciaram que iriam baixar desde já os preços, o grupo Jerónimo Martins, citado pelo Jornal de Negócios, anunciou que não iria tomar “nenhuma posição demagógica sobre o tema”. Os bens e serviços que pagavam impostos à taxa de 21 por cento, passam a pagar 20 por cento; os chamados bens essenciais, em que se integram os bens alimentares, não vão sofrer qualquer redução, mantendo a taxa dos cinco por cento. A maioria dos bens de grande consumo, como a electricidade, os medicamentos, leite e derivados, pão e farinha, arroz e massas, frutas e legumes, carnes e peixe, água e azeite, não verão o seu preço reduzido. Mas, assegurou

fonte oficial das cadeias Modelo e Continente, tal medida vai obrigar o grupo a mudar a etiqueta em cerca de 50 mil produtos. O efeito da descida vai notar-se muito mais, e como é compreensível, nas transacções de maior valor. Isto é, quem for comprar um automóvel notará diferença; quem circule nas auto-estradas em pequenos trajectos, verá que a poupança se limitará a alguns cêntimos. E, no caso concreto das portagens, não se sentirá efeito nas travessias das pontes sobre o Tejo, já que estas são cobradas à taxa reduzida de cinco por cento. Será também em alguns cêntimos mensais que um consumidor médio de telemóvel (facturas de trinta euros) deverá ver a sua factura reduzida. A PT anunciou ontem que entre as tarifas da TMN, rede fixa, serviço Meo e acesso à Internet, o grupo deverá ser responsável pela poupança de 25 milhões de euros por ano.

Gás mais barato 3,4%Os consumidores domésticos de gás natural deverão ver, a partir de hoje, o seu tarifário de consumos reduzir-se em cerca de 3,4 por cento. Essa foi, pelo menos, a proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que há cerca de duas semanas reviu em alta as poupanças nas tarifas de todos os que têm um consumo inferior a dez mil metros cúbicos de gás natural por ano. Já os grandes consumidores deverão ver a sua factura agravada, com aumento das tarifas na ordem dos 0,6 por cento

Gás e IVA descem a partir de hoje

“Profunda preocupação” em Bruxelas

Inflação na zona euro atinge quatro por cento e bate recorde dos últimos 16 anos

a As campainhas de alarme soaram em Bruxelas. Reina a inquietação en-tre os responsáveis máximos euro-peus, depois de o Eurostat ter revela-do que a inflação na zona euro foi de 4 por cento em Junho, depois dos 3,7 por cento registados em Maio.

O valor avançado ontem pelo ga-binete de estatísticas da União Eu-ropeia, que constitui ainda uma pri-meira estimativa do andamento dos preços no mês que ontem terminou, é o mais alto dos últimos 16 anos.

“Profunda preocupação” é o ter-mo utilizado pelo comissário euro-peu para os Assuntos Económicos, Joaquín Almunia, para caracterizar a situação. E a porta-voz da Comis-são Europeia, Amélia Torres, saiu a terreiro para defender que é funda-mental evitar-se entrar numa espiral de subidas de preços e salários que iria dinamitar o crescimento econó-mico.

As razões para este clima de gran-de ansiedade são reais. Mais inflação significa que o Banco Central Euro-peu terá de subir as suas taxas de re-ferência e isso penaliza as famílias que recorrem ao crédito para adqui-rir uma habitação e as empresas que pretendem investir, mas vêem o pre-ço do dinheiro bem mais caro.

Menor liquidez no mercado imobi-liário e mais dificuldades para as em-presas investirem prenunciam mais obstáculos à retoma económica que a Europa tanto persegue. E aí se en-tendem as declarações do presidente do Governo espanhol, que reivindica

maior flexibilidade da parte do BCE – que tem como principal missão ve-lar para que a inflação não ultrapasse os dois por cento.

José Luis Zapatero teme, justamen-te, que novas subidas das taxas de referência do banco central minem os esforços de relançamento econó-mico, particularmente em Espanha, onde há uma evidente desaceleração da actividade produtiva e, em parti-cular, do mercado imobiliário, que sustentou níveis de desenvolvimento muito relevantes nos últimos anos.

A tese de Zapatero tem sentido. O líder espanhol diz que este andamen-to da inflação não tem a ver com um aumento da procura e do consumo, é antes reflexo da escalada do preço do petróleo e dos bens alimentares. E que, neste quadro, subir as taxas de juros e apertar o crédito não irá atacar os males de que padecem os preços. J.M.R.

0,3No espaço de um mês, os preços na zona euro registaram uma aceleração de 0,3 pontos percentuais

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38 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Economia

As notícias de economia a toda a hora economia.publico.pt

Ongoing compra empresa que detém Diário e Semanário Económico

Ana Brito

a Os italianos do RCS Media Group anunciaram ontem que a portuguesa Ongoing Strategy Investments será a próxima proprietária da Econó-mica, holding que detém os jornais Diário Económico e Semanário Eco-nómico.

A empresa de Nuno Vasconcellos, que é accionista de referência da Por-tugal Telecom (PT), Zon e Impresa, vai pagar 27,5 milhões de euros pela Económica, que gerou receitas de 12,8 milhões de euros em 2007 e obteve um resultado operacional bruto de 1,6 milhões, segundo um comunicado divulgado pelo grupo italiano na sua página de Internet.

Para trás ficaram outros concor-rentes como a Cofina e o grupo Lena, que foi o único, além da Ongoing, a apresentar uma proposta superior a 20 milhões de euros pela empresa de media, cujo preço de referência

se situava entre 15 e 20 milhões de euros.

A Ongoing reforça assim a sua pre-sença no sector editorial (onde está presente através da Impresa, dona do semanário Expresso, de que detém mais de seis por cento), enquanto o grupo Lena, que controla a Sojorme-dia, um grupo de imprensa regional dono de títulos como os semanários O Aveiro e Região de Leiria e ainda da rádio Antena Livre, vê goradas as suas ambições.

O mesmo se pode dizer da Cofina, que detém o Jornal de Negócios, con-corrente directo do Diário Económico.A concurso esteve igualmente uma proposta encabeçada pelo adminis-trador da Económica Miguel Abal-roado. Numa primeira fase terá sido ainda recusada uma proposta da So-naecom (proprietária do PÚBLICO), considerada demasiado baixa pelos vendedores, que estiveram a ser as-sessorados nesta operação pelo banco Santander. A Controlinveste, empresa de Joaquim Oliveira, dona do Diário de Notícias e Jornal de Notícias, chegou a levantar o caderno de encargos da operação, mas não realizou qualquer proposta.

No seu comunicado, o RCS Media Group (que comprou a Económica aos espanhóis da Recoletos em 2006) refe-

Empresa de Nuno Vasconcelos e grupo Lena foram os únicos a apresentar proposta superior a 20 milhões. Acordo de compra e venda já foi assinado

re que o valor do negócio pode “sofrer pequenas alterações consoante o va-lor da dívida líquida” da empresa à da-ta de 30 de Junho. O PÚBLICO tentou, sem êxito, contactar Nuno Vasconce-los. O gestor, que tem afirmado diver-sas vezes que o foco da empresa a que preside são participações nos negó-cios de telecomunicações e media, é filho de Luís Vasconcelos, ex-“número dois” do Expresso. A sua família foi, em 1972, fundadora deste semanário, de que era grande accionista.

Diário Económico deixou de ser detido por grupo italiano

PEDRO ELIAS

27,5A Ongoing vai pagar 27,5 milhões de euros pelos dois títulos de economia. O valor ainda poderá ser revisto

O preço

Petróleo Preço bate recordes, petrolíferas dizem que não há especulação

a O preço do petróleo voltou ontem a bater um novo recorde – 143,91 dólares por barril de brent, valor de referência para Portugal – impulsionado pela debilidade da moeda norte-americana e pelo ambiente de tensão entre Israel e o Irão. O barril de crude encareceu mais de 45 por cento no último

ano. Ao mesmo tempo, no Congresso Mundial do Petróleo, que começou em Madrid e se prolonga até quinta-feira, os líderes da Repsol, Antonio Brufau (esquerda), da British Petroleum (BP), Tony Hayward, e da Shell, Jeroen van der Veer (direita), defenderam que é o aumento da procura que está a fazer subir

o preço do ouro negro e não os especuladores, ao contrário do que tem defendido a organização dos países exportadores (OPEP). Tony Hayward afirmou que a ideia de que é a especulação que está a fazer subir os preços é um “mito”. “A oferta não está a responder adequadamente à crescente procura”, disse, citado

pelo El País online. Na mesma linha se pronunciaram Jeroen van der Veer e Antonio Brufau. Os países da OPEP têm-se recusado a aumentar a produção, justificam a escalada de preços com a actuação de especuladores e mantêm-se contrários à abertura dos seus campos petrolíferos às grandes produtoras mundiais.

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39 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Economia

Floresta Autoridades tomam novas medidas contra doença dos pinheiros

Produtores duvidam do futuro do pinhal em PortugalGoverno declara todo o país afectado pelo nemátodoJá há mais de duas dezenas de amostras que indicam novos focos da doença da madeira do pinheiro, sobretudo na Região Centro

a Todo o território português passou a ser considerado afectado pelo ne-mátodo do pinheiro. Legislação agora publicada a nível nacional e europeia dá conta desta classificação, que obri-ga ao tratamento a altas temperaturas de toda a madeira de pinho bruta que sair do país. Face a isto, os produto-res questionam se o pinhal ainda tem futuro em Portugal.

A decisão foi tomada, como expli-ca o próprio preâmbulo da portaria publicada na sexta-feira em Diário da República, porque “foi confirmada a presença deste organismo em alguns concelhos exteriores às actuais zonas de restrição”. O PÚBLICO sabe que, entre as mais de 1600 amostras de pinheiros que estão a ser analisadas em laboratórios do Estado e de uni-versidades, 26 já deram positivo como contendo o organismo. Entre estas, 22 foram no Centro e quatro no Sul. E os testes ainda decorrem.

A decisão de declarar todo o terri-tório afectado tem, segundo os pro-prietários, a vantagem de acabar com a especulação nos preços da madei-ra. João Soveral, da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), expli-ca que os industriais lidavam com os produtores das zonas afectadas im-pondo-lhes preços mais baixos com o argumento de que, se não quisessem aceitá-los, iriam comprar noutra parte do país. Agora, já não será possível.

Na portaria aprovada, o Governo toma novas medidas aplaudidas pe-los produtores, como a decisão de fazer um programa de erradicação contínuo, em vez de ser apenas em algumas épocas do ano. O envolvi-mento dos produtores e o facto de mencionar que o Plano de Desenvol-vimento Rural vai ter em conta esta nova situação, antevendo apoios aos proprietários, são outras das decisões consideradas positivas. Ao mesmo tempo mantém medidas já em vigor, como é o caso da obrigação de erra-dicar as árvores afectadas. “Mas tudo dependerá da sua implementação”, salvaguarda Luís Dias, da CAP.

A classificação de todo o território não deixa, no entanto, de ser mais uma machadada no ânimo daqueles que vivem do pinhal, que ocupa 23 por cento do total da floresta nacio-nal. Já foi a espécie que mais povoou o país, tendo perdido essa posição para o sobreiro segundo o último inventá-rio florestal, que dá conta da perda, em dez anos, de 265 mil hectares de pinheiro, muito devido aos incêndios. “Vem adensar o sentimento depres-sivo que se vive na fileira do pinho”, diz João Soveral. “É um sector que já está economicamente de rastos e isto só vem desvalorizar mais o produto, o que terá impactos na gestão destas áreas, não se reinvestindo e deixando-as à mercê do fogo”, receia.

Um problema antigoTudo começou em 1999, quando o or-ganismo foi detectado na península de Setúbal. Nessa altura, a região foi considerada de restrição e tomaram-se medidas para tentar confiná-lo a esta área. Tudo culminou o ano pas-sado, com a implementação de uma faixa de contenção fitossanitária, com três quilómetros de largura e mais de 430 de comprimento, que obrigou à remoção de todos os pinheiros bravos numa área total de 130 mil hectares.

O objectivo era tentar garantir que o insecto que transporta o nemátodo não voaria para fora da zona afectada. Mas, este ano, foram detectados no-vos focos em Arganil e Lousã, crian-do-se aí mais duas zonas de restri-ção. Nessa altura, o Governo decidiu proibir a exportação de madeira não tratada.

No entanto, os produtos em madei-ra bruta são os que menos pesam na balança comercial já que a maioria do que vai para fora são painéis e mobi-liário que, no processo de fabrico, já são tratados. Põe em causa as paletes, que têm pouco valor acrescentado.

A Comissão Europeia, numa de-cisão de sexta-feira, considera que “as medidas adoptadas até agora são inadequadas e que não se pode con-tinuar a excluir o risco imediato de propagação do nemátodo para fora de Portugal devido ao transporte de ma-deira, casca e vegetais susceptíveis”. E diz que não há dados suficientes para confirmar que, em Portugal, há zonas isentas de nemátodo, salientando que “as medidas comunitárias e nacionais não são inteiramente aplicadas”.

“O problema foi mal tratado des-

de o início”, diz Luís Dias. “Nunca se devia ter permitido que circulasse madeira para fora da zona afectada, tendo sido preferível que se tivesse tratado sempre os materiais no local, sobretudo porque a zona, na altura, ainda era limitada”, explica.

E agora? “Agora é uma tragédia, so-bretudo porque isto evoluiu para uma região do país onde a propriedade é pequena, não se sabe quem são os donos porque não há cadastro, quem lá está depende do pinhal para viver e, em termos de relevo, é tudo muito mais complicado para as acções de erradicação”, acrescenta Dias.

“Como é que eu vou dizer aos meus associados, a maioria de pe-quena dimensão, que vão ter de des-truir o pouco que têm? As aldeias por esse país fora não têm voz, temos de chamar a opinião pública para o nosso lado porque, como povo, não podemos deixar que a nossa floresta continue por este caminho de auto-destruição – são dois terços do nosso território que estão em causa”, re-volta-se Carvalho Guerra, presidente da federação Forestis.

Ana Fernandes

MIGUEL MADEIRA

Todos consideram que ninguém será suficientemente louco para o fazer mas também receiam que possa acontecer. O caso é que as razões fitossanitárias – como é o caso do nemátodo do pinheiro – constituem uma excepção à proibição de não se fazer fogo nas áreas florestais durante a época crítica. Com o avanço da doença para o pinhal do Centro, esta medida é temida por alguns produtores contactados pelo PÚBLICO.

A lei obriga que os sobrantes dos cortes das árvores afectadas por doenças sejam destruídos no local, podendo ser feito através do fogo. A legislação dos incêndios também contempla esta excepção. Mas para que isto seja possível, os proprietários têm de se rodear de todas as precauções,

tendo de estar bombeiros presentes e pedindo autorização. “Mas com 30 e tal graus, é um risco elevadíssimo, não se pode eliminar restos pondo em perigo todo o resto da floresta”, considera João Soveral, da CAP.

“Há outras formas de destruição e penso que ninguém vai fazer isso, seria uma loucura completa”, acrescenta Luís Dias, desta Confederação. A.F.

Receio de incêndiosLuta contra doenças permite queimas no Verão

3%O pinhal ocupa 710 mil hectares e alimenta 3 por cento do PIB, 10 por cento das exportações e perto de 60 mil empregos

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40 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Economia

Mercado Monetário CambialEuro à Vista

Moeda-Sigla Um euro igual a Var. %30.06.07 Anterior (a)%

Dólar dos EUA USDDólar canadiano CADReal do Brasil BRLLibra esterlina GBPFranco suíço CHFCoroa dinamarquesa DKKCoroa norueguesa NOKCoroa sueca SEKCoroa checa CZKZloty polaco PLNForint húngaro HUFLev búlgaro BGNCoroa da Estónia EEKLira turca TRLIene japonês JPYDólar australiano AUDDólar de Hong Kong HKDPataca de Macau MOPRand da Áf. do Sul ZAREsc. de Cabo Verde CVE

Euronext LisboaÚltima Sessão Performance (%)

Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2008

PSI 20 ALTRI SGPS SA -8,71 2,200 915314 2,410 2,420 2,200 -15,88 -45,0BANCO BPI SA -1,31 2,635 2211971 2,650 2,670 2,590 -4,81 -48,8B.ESPÍRITO SANTO -2,65 9,910 1767339 10,180 10,180 9,840 -5,7 -33,9B.COM.PORTUGUÊS -1,79 1,375 21443942 1,400 1,405 1,355 -12,23 -47,7BRISA -2,52 7,340 3437025 7,460 7,470 6,970 -13,45 -27,0CIMPOR SGPS -4,25 4,280 1853551 4,445 4,445 4,230 -9,7 -28,7EDP -0,45 3,315 7004735 3,320 3,335 3,255 -4,99 -25,8GALP ENERGIA 0,85 14,160 2021324 14,000 14,210 13,500 -5,33 -23,0J. MARTINS SGPS -0,43 4,615 1175894 4,750 4,750 4,600 -3,44 -14,5MOTA ENGIL -5,76 4,090 1085447 4,280 4,280 4,040 -11,97 -20,1PORT. TELECOM 1,41 7,210 3882342 7,120 7,230 7,020 -0,7 -19,3PORTUCEL 2,53 2,030 1800004 1,980 2,060 1,980 N.D. -9,0REN -0,53 2,825 396517 2,770 2,880 2,770 -6,89 -22,0S.COSTA -11,64 1,290 370279 1,470 1,470 1,290 0,69 -37,7SEMAPA -1,61 7,920 191300 8,080 8,120 7,920 0,5 -9,7SONAECOM SGPS -3,2 2,120 509874 2,165 2,175 2,090 -0,45 -35,8SONAE INDÚSTRIA -4,43 2,590 1138643 2,740 2,750 2,570 -9,06 -61,1SONAE SGPS -2,55 0,765 17407859 0,785 0,795 0,755 -1,88 -55,8TEIXEIRA DUARTE -10 0,900 4573020 1,000 1,020 0,900 -12,28 -56,9ZON MULTIMEDIA -3,12 5,280 2174693 5,530 5,560 5,120 -13,49 -44,7

OUTROS BANIF-SGPS -5,88 1,760 262804 1,850 1,850 1,760 -8,78 -46,6BANCO POPULAR -2,67 8,760 11050 8,830 8,940 8,760 -3,23 -25,1COFINA SGPS -2,14 1,370 90102 1,420 1,420 1,330 -6,67 -10,5CORTIC. AMORIM -4,41 1,300 12909 1,320 1,360 1,300 -1,45 -33,7E.SANTO FINANCIA -0,75 15,780 542639 15,900 15,900 15,500 -6,19 -34,3ESTORIL SOL P -0,21 9,480 500 9,480 9,480 9,480 8,57 -4,0FUT.CLUBE PORTO -5,66 1,500 4836 1,330 1,530 1,330 1,27 -25,4FINIBANCO SGPS -1,02 3,900 15388 3,940 3,950 3,650 4,23 -18,8IMOB. GRÃO PARÁ 10 3,080 301 3,080 3,080 3,080 -7,89 N.D.IMPRESA SGPS 0,57 1,750 156240 1,740 1,790 1,720 7,41 -15,0IBERSOL SGPS -4,55 6,300 50367 6,700 7,050 6,300 2,96 -45,1INAPA-INV.P.GEST 0 0,660 298173 0,660 0,670 0,660 -4,35 -28,3LISGRÁFICA -9,09 0,100 24759 0,100 0,110 0,100 -8,33 0,0MARTIFER -2,52 6,970 108446 7,160 7,160 6,870 -4,03 -14,5NOVABASE SGPS -2,55 4,200 65292 4,250 4,320 4,200 0 28,4OREY ANTUNES 5,1 2,680 3300 2,600 2,800 2,600 -3,77 N.D.PARAREDE 0 0,140 1211003 0,140 0,140 0,130 -12,5 -6,7REDITUS SGPS -0,62 8,050 936 8,050 8,050 8,050 -1,58 -12,5B. SANTANDER -1,46 11,500 11972 12,300 12,300 11,350 -1,93 -22,3SONAE CAPITAL -2,33 1,260 939957 1,290 1,300 1,260 3,2 N.D.BENFICA-FUTEBOL -0,52 1,930 477 1,930 1,930 1,930 -2,02 -19,6SUMOLIS 0 2,110 500 2,110 2,110 2,110 -1,4 24,1SPORTING -6,55 1,570 2905 1,650 1,700 1,570 -1,18 -19,1SAG GEST 0,81 2,480 10478 2,460 2,490 2,460 6,49 -20,0VAA-V.ALEGRE-FUS -9,09 0,100 151305 0,100 0,100 0,100 0 -23,1

1,574 1,5781 -0,2601,6022 1,5948 0,4642,5108 2,5155 -0,1870,7906 0,791 -0,0511,6065 1,6082 -0,1067,4577 7,458 -0,0048,011 7,988 0,2889,4815 9,428 0,56723,882 23,895 -0,0543,3523 3,3535 -0,036235,22 237,42 -0,9271,9558 1,9558 0,00015,645 15,6415 0,0221,9245 1,936 -0,594167,16 167,52 -0,2151,6452 1,6416 0,21912,2744 12,3101 -0,29012,6633 12,6882 -0,19612,2803 12,4768 -1,575110,616 110,847 -0,208

Fonte Cotações indicativas do Sistema Europeu dos Bancos Centrais (SEBC). “(a) + apreciação do euro; - depreciação do euro”

Fonte Reuters. Notas: 1) PSI Geral apenas com os títulos que foram transaccionados 2) Informação disponibilizada não dispensa a consulta das fontes oficiais.

France Telecom desiste de comprar sueca TeliaSonera

Ana Brito

a A France Telecom retirou ontem a oferta amigável de compra sobre a Te-liaSonera depois de ter tentado, sem êxito, chegar a acordo com o Governo sueco sobre o valor do negócio.

Os 30 mil milhões de euros ofere-cidos pela operadora francesa não foram suficientes para convencer o Governo de Estocolmo a vender a sua participação de quase 38 por cento na empresa de telecomunicações, nem a France Telecom se mostrou dispos-ta a subir a parada. O impasse ditou assim o fim de um negócio que teria dado origem ao quarto maior grupo de telecomunicações do mundo.

Do lado sueco o argumento é que a TeliaSonera tem a sua própria estra-tégia e “não anda activamente à pro-cura de parceiros”, segundo afirmou ontem uma porta-voz do grupo, cita-da por diversas agências internacio-nais. Por outro lado, o Governo sueco considera que a proposta da France Telecom (accionista da portuguesa Optimus) não reflecte o real valor da TeliaSonera. Ainda assim, mantém-se interessado em vender a sua partici-pação num prazo de dois anos.

A TeliaSonera, que resultou da fu-são da sueca Telia com a finlandesa Sonera, em 2002, é ainda detida em 13,7 por cento pelo Governo finlan-dês.

Do lado francês, garante-se que a compra da empresa sueca “não era fundamental para o desenvolvimen-to da estratégia” da France Telecom, mas confirma-se que o grupo quer

continuar a crescer.O administrador financeiro da

France Telecom, Gervais Pellissier disse ontem que a probabilidade de a empresa pagar este ano um divi-dendo extraordinário aos accionistas “é mais plausível” com a desistência deste negócio. “Se não utilizamos o dinheiro para prepararmos o longo

prazo, não há razão para que não de-volvamos uma parte aos accionistas”, disse o gestor, citado pela Reuters.

Embora tenha frisado que a em-presa não tem, para já, qualquer outra aquisição em vista, Pellissier reconheceu que, no início da pró-xima década, será necessário que a empresa tenha uma maior dimensão para poder sobreviver aos movimen-

tos de consolidação que vão marcar os próximos anos no sector das tele-comunicações na Europa. “Não esta-mos pressionados nos próximos seis meses, mas talvez em 2011 e 2012, se tiverem lugar muitos movimentos [de consolidação] e a France Telecom não fizer nada, possamos ter que as-sumir uma postura mais defensiva”, disse o gestor.

Em todo o caso, notou que o futu-ro mais próximo da France Telecom passa por reforçar a sua posição nos mercados em que já está presente.

Mas isso não impediu a formação de rumores, que chegaram até Ames-terdão e fizeram as acções da KPN subir mais de dois por cento, perante a expectativa de que a empresa seja o “próximo alvo” da France Telecom.

Na bolsa de Paris, a notícia do fra-casso do negócio, anunciado esta ma-nhã antes do início da negociação, foi bem acolhida. As acções da France Telecom, que andavam a ser castiga-das desde o seu anúncio, fecharam a ganhar mais de sete por cento.

Franceses admitem reforçar remuneração accionista e títulos recuperam em bolsa. Cenários de aquisições estão afastados no curto prazo

19Acções da France Telecom fecharam a valer mais de 19 euros, em alta de 7,19 por cento com fracasso do negócio

a A ACLA, associação que luta con-tra a liquidação da Afinsa, reuniu no passado sábado no Porto com um conjunto de investidores portugue-ses que viram os seus investimentos em selos desaparecer com a falência da empresa.

O encontro realizou-se a poucos meses de o processo judicial de liqui-dação entrar numa fase decisiva, no tribunal de Madrid, e tinha por objec-tivo convencer os investidores portu-gueses a viabilizar uma proposta de recuperação da Afinsa. No encontro, a ACLA prometeu aos credores uma recuperação dos valores em dívida muito acima dos esperadas no âmbito do processo de liquidação.

Antes da entrada na reunião, a curiosidade de antigos clientes era grande, mas acabaram por sair da reu-nião pouco esclarecidos. A expectati-va de recuperar uma parte das pou-panças que aplicaram na compra de

selos levou-os a conhecer a proposta da ACLA, mas esta associação acabou por não esclarecer como pretende re-cuperar a empresa (encerrada pela justiça espanhola), com o argumento de que não podem “dar o ouro ao ban-dido”. A ACLA promete o pagamento de 50 por cento dos montantes em dívida em cinco anos e o restante em mais cinco. O processo de liquidação aponta para uma recuperação entre os 20 e 25 por cento dos montantes aplicados, tendo por base a existência de activos calculados em 648 milhões de euros.

No final do encontro, em que par-ticiparam cerca de 50 pessoas, mas muitas delas em representação de um número elevado de clientes, havia muitas dúvidas e velhas acusações: as dos que entendem que o processo de liquidação só permitirá pagar aos ad-vogados, e as dos que defendem que algumas iniciativas para a reabilita-

ção da empresa vão provocar atrasos e desvalorizar os activos. Em Portugal existem cerca de 12 mil lesados no in-vestimento em selos, realizada pela Afinsa e pelo Fórum Filatélico, que individualmente, em associação, ou com o apoio da Deco, têm reclamado os seus créditos no processo, que ao todo envolve 190 mil credores.

Entretanto, um conjunto de mais de seis mil clientes, reunidos na Associa-ção dos Clientes Afectados em Portu-gal (ACAP), está a ultimar uma acção contra o Estado pela falta de enqua-dramento legislativo. Carmelinda Pin-to, representante legal desses clientes, disse ao PÚBLICO que na prática serão três acções, eventualmente reunidas numa só, envolvendo os lesados pelas duas empresas que comercializavam selos e os da Afinworld, que actuava no segmento das obras de arte. A ac-ção deverá entrar em tribunal até ao final do mês. Rosa Soares

Associação contra a liquidação da Afinsa tenta seduzir credores portugueses

France Telecom garante que não tem outras aquisições em perspectiva

AFP

O Banco Central do Brasil quer autorizar os bancos europeus a terem contas em moeda brasileira no país. Ou seja, uma pessoa ou empresa que precise de fazer um pagamento no Brasil, poderá comprar reais directamente no país de origem sem a necessidade de se fazer a conversão em dólares.

Page 41: Público – 6666 – 01.07.2008

EspaçopúblicoPúblico • Terça-feira 1 Julho 2008 • 41

A selecção do projecto ferroviário do TGV como alvo privilegiado constitui uma contradição de Manuela Ferreira Leite

O contrário da credibilidade

Depois de seis anos desprestigiantes no governo e na oposição, o PSD decidiu iniciar um novo ciclo partidário com uma ofensiva contra as “obras públicas” e com a proposta de desviar recursos públicos do investimento produtivo

para transferências sociais. Todavia, com essa proposta – que ficaria bem na esquerda radical ou num partido populista –, o PSD põe em risco toda a credibilidade po-lítica de que um partido de centro-direita necessita para disputar o poder.

Comecemos pelo óbvio. O investimento em infra-es-truturas, a começar pelas de transportes (aeroportu-árias, portuárias, ferroviárias e rodoviárias), constitui uma condição de modernização e de desenvolvimento económico, em especial entre nós, dado o nosso atraso estrutural e a situação periférica do país. Sucede que, por várias razões, tais investimentos sempre depende-ram do poder público, directa ou indirectamente, in-dependentemente do maior ou menor papel do Estado na economia, desde Fontes Pereira de Melo, em pleno liberalismo oitocentista, até Cavaco Silva, em pleno mo-vimento de desintervenção do Estado na economia, há duas décadas.

O investimento público em infra-estruturas torna-se ainda mais importante nos períodos de défice de inves-timento privado e de abrandamento económico, como o actual, provocado pelo crash do crédito imobiliário nos Estados Unidos e pelo disparo do preço do petróleo nos mercados internacionais. Embora programados desde antes, os investimentos públicos que estão a ser lançados neste momento em Portugal podem constituir um forte contributo para moderar o impacto negativo da dupla crise, em termos de sustentação e dinamização do cres-cimento e do emprego.

A súbita investida da nova liderança do PSD contra tais investimentos padece de dois vícios fatais. Primeiro, significa que o PSD decidiu cavalgar oportunistamente as actuais dificuldades económicas e sociais – que não pode imputar ao Governo –, para apostar no “quanto pior melhor”, tentando impedir os efeitos virtuosos que tais investimentos podem ter na resposta ao duplo choque externo. Em segundo lugar, esta atitude oportunista faz incorrer o PSD numa série de contradições que só podem reduzir, e não recuperar, a sua credibilidade.

A primeira contradição tem a ver com a herança moder-nizadora do PSD, sobretudo na sua versão “cavaquista”. Numa liderança que valoriza a obra do antigo primeiro-ministro, que protagonizou durante uma década (1985-1995) um claro impulso “neofontista” na modernização

e no desenvolvimento económico, haverá algo de mais “anticavaquista” do que o ataque aos investimentos em infra-estruturas, bem como a proposta de trocar inves-timento de capital por transferências sociais, que aliás não estão em risco?

A segunda contradição decorre da óbvia incompatibili-dade com a crítica reiterada que o PSD fez ao PS ao longo destes três anos de governação, por estar a sacrificar o investimento público em favor da disciplina orçamental (que o PSD deixara em estado comatoso). Fará algum sentido que apareça agora a criticar esse mesmo inves-timento, justamente quando a folga orçamental conse-guida com a disciplina financeira já o permite fazer sem riscos para a consolidação das finanças públicas nem para a necessária protecção social?

A terceira contradição – porventura a mais compro-metedora em termos de credibilidade política – tem a ver com a selecção do projecto ferroviário do TGV co-mo alvo privilegiado da fatwa contra os investimentos públicos em “infra-estruturas supérfluas”. De facto, não será evidente que o actual projecto de TGV não passa de uma versão compactada do ambicioso programa acor-dado em Janeiro de 2004 com Espanha pelo Governo de Durão Barroso – do qual fazia parte, como ministra das Finanças, a actual líder do PSD! –, quando as condições financeiras do país eram incomensuravelmente menos confortáveis e quando as razões a favor da rede de bito-la europeia de alto desempenho eram menos evidentes do que hoje, por causa do impacto negativo dos preços dos combustíveis e dos seus custos em emissões de CO2 sobre o transporte rodoviário e aéreo?

Não é menos contraditório, nem menos oportunista, o pretexto invocado para o cancelamento dos investi-mentos, ou seja, uma alegada situação de “emergência social”, propositadamente empolada para tentar justificar essa proposta de fácil cariz populista, que é mais própria de um partido “peronista” ou “chavista” do que de um partido de centro-direita com orientações liberais em matéria económica e falta de antecedentes em matéria de “justicialismo” ou de assistencialismo social.

Sucede que nunca houve um volume de transferências orçamentais para fins sociais tão elevado como agora, in-cluindo medidas destinadas às camadas mais vulneráveis (que aliás não se devem ao PSD), como o rendimento social de inserção (RSI), o complemento de rendimento para pensionistas pobres, o aumento do abono de família para as famílias pobres, os apoios à maternidade, a elevação do salário mínimo acima da inflação, etc. As próprias IPSS, que o PSD agora pretende instrumentalizar em seu bene-

fício político, nunca benefi-ciaram de tantas ajudas do Estado como agora.

Acresce que, como se viu, só o investimento pú-blico (e o investimento pri-vado que ele arrasta) é que pode atenuar e abreviar o agravamento da situação social. O melhor remédio

para a crise social é estimular o crescimento económico, criando emprego e rendimento, bem como gerando re-ceitas fiscais para melhor responder às carências sociais, de forma sustentada e não somente efémera.

Com a sua cruzada demagógica e populista contra os investimentos públicos – mesmo quando eles envolvem pouco ou nenhum gasto público –, o PSD começa muito mal a sua pré-campanha eleitoral antecipada, na visí-vel ânsia de voltar ao poder a qualquer custo. Professor universitário

Vital Moreira

Nunca houve

um volume de

transferências

orçamentais para fins

sociais tão elevado

como agora

ADRIANO MIRANDA

Mulher de cultura e cidadã, Ruth Cardoso dedicou-se ao estudo da pobreza, das desigualdades e da exclusão social

Na morte de Ruth Cardoso

Acaba de me chegar a notícia da morte, no Brasil, de uma mulher excepcional. Para mim, que a conhecia de há muito e que a admirava e esti-mava, foi uma sincera e grande mágoa.

Ruth Cardoso era uma notável antropóloga, doutorada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e pela Universida-de de Columbia em Nova Iorque. Exerceu, não só no seu país como na Inglaterra e na América, o professorado, sendo considerada uma referência na antropologia tan-to no Brasil como nos outros países por onde passou ou onde chegaram alguns dos muitos livros que escreveu e onde desenvolveu sobretudo os temas relacionados com a juventude, a violência e a cidadania.

Esses livros ajudaram e ajudam a entender o Brasil, seu país de nascimento e que ela tanto amou e prestigiou.

A sua acção foi notável como mulher de cultura e tam-bém como cidadã interessada pelo povo a que pertencia e cujos problemas – pobreza, desigualdades e exclusão so-cial – a preocupavam e inspiraram a acção da sua vida.

Casada com o antigo Presidente Fernando Henrique Cardoso, seu colega de Faculdade, gozou sempre em to-do o lado por que passou com seu marido, sobretudo no

mundo universitário, de um prestígio muito grande em nada inferior ao dele.

Claro que, como tem sucedido em todos os tempos, embora a história seja tecida por homens e mulheres, é a acção dos homens que é ressaltada ficando as mulheres cobertas pela sombra deles. Foi o caso de Ruth Cardoso – inteligente, culta, activa, foi apagada ou minimizada pela projecção do marido.

Em 1955 Ruth Cardoso criou a Comunidade Solidária, uma acção social inovadora que visava o estudo e actua-ção no campo da pobreza, das desigualdades sociais e da exclusão social no Brasil. É assim que surgem programas de alfabetização que incidiram em mais de dois milhões e meio de jovens dos sectores mais pobres do país; pro-gramas de treino de cerca de 100.000 jovens para os mercados de trabalho; programas de valorização do vo-luntariado como expressão de uma ética de solidariedade e dever cívico de uma cidadania responsável. E muitos outros que envolveram o país numa rede de solidarieda-de intensa e profunda, que deixou marcas inapagáveis da sua criadora. Claro que houve outras áreas onde essa marca vai ficar, indelével, mas que não caberiam agora neste modesto artigo que quis escrever para prestar uma

singela homenagem a Ruth Cardoso e para lembrar aos portugueses, ainda que muito simplesmente, quem foi esta extraordinária mulher. Ela esteve em Portugal por várias vezes, algumas delas participando, a meu convite, em seminários sobre problemas das nossas sociedades – comuns às duas, aliás – e também para falar dos proble-mas que afectam as mulheres. Em todos esses seminários a sua intervenção foi extremamente importante, embora os meios de comunicação não lhes tenham dado o relevo que mereciam e passando, por isso, o seu nome quase despercebido.

Os lugares que os homens ocupam atraem muito mais as atenções das cidadãs e dos cidadãos e isso contribui para o apagamento de algumas mulheres que, actuando com eficiência e valor, se vêem relegadas para planos muito inferiores aos dos homens.

Mas, apesar de termos de remar contra a corrente, é necessário não deixar esquecer alguns nomes de mulhe-res que honraram não só a história do seu país como a de toda a humanidade.

Por isso será preciso não esquecer o nome de Ruth Cardoso, a quem quero prestar, hoje e aqui, a minha ho-menagem muito singela e comovida. Ex-Primeira-Dama

Mariade Jesus Barroso Soares

Page 42: Público – 6666 – 01.07.2008

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42 • Público • Terça-feira 1 Julho 2008

Cartas ao Director

Polícias, professores e juízes

Os polícias sempre ganharam mal e sempre trabalharam sem as condições que a sua actividade exige. Contudo, seria de esperar que, pelo menos, fossem respeitados pelos cidadãos e pelos governantes, mas isso não acontece. Manifestam-se, mas não lhes dão ouvidos. São agredidos e não podem utilizar a força para se defender. A autoridade está desprovida de autoridade. Polícias agredidos (às dezenas!) “são casos isolados”; diz quem nos governa que não há caso para alarme. Os professores deixaram de ter a consideração devida por serem transmissores de conhecimentos para as novas gerações se prepararem para o futuro, que se quer sempre melhor. Quem governa trata-os por bandidos, assim como alguns fazedores de opinião. Manifestam-se, mas quem devia não lhes dá ouvidos. Também

são desrespeitados e agredidos (às centenas, no mínimo!), quer por alunos, quer por encarregados de educação. Diz quem nos governa que “são casos isolados”, nada que possa gerar preocupação.

Recentemente, foram agredidos dois juízes (só dois!). Aqui sim, a coisa apresenta-se feia! Juízes agredidos… é coisa impensável, que não pode acontecer num estado de direito. Mas, quem trata os polícias e os professores como tem tratado não se devia admirar com as agressões aos juízes, até porque são só dois “casos isolados”. Ironia, claro!

Que dirá quem nos governa quando os políticos forem alvo de agressões idênticas? Provavelmente vai dizer que os polícias não garantem segurança, que os professores não sabem educar e que os juízes não sabem aplicar a justiça, e que tal se reflecte na sociedade. Não está mal pensado, não senhor.

Quem semeia ventos, está à espera de colher o quê?António Galrinho, professor, Setúbal

O PÚBLICO errouNo artigo Árctico: Viagem ao princípio (do fim) do mundo, no P2 de 29 de Junho, o meteorologista espanhol Ernesto Rodríguez Camino aparece identificado como Francesc Bailón, que é um antropólogo especializado na cultura inuit.

Um lapso na edição do texto Novo terminal na Estefânia está pronto, publi-cado no Local Lisboa, levou à inclusão no mesmo de um parágrafo sobre o programa das festas do município de Sintra.

Email: [email protected] do Provedor dos LeitoresEmail: [email protected]

Ainda a avaliação de professores

A formação contínua quando associada à formação ao longo da vida é, sem dúvida, sempre uma mais-valia em qualquer profissão. Estes tipos de formação podem parecer iguais, contudo, diferem em dois aspectos importantes: a primeira está ligada a uma determinada obrigatoriedade imposta para quem quer desempenhar uma profissão devidamente estruturada e assente em critérios científicos; a segunda surge de livre vontade, conforme a consciência do trabalhador, é feita com prazer e, muitas vezes, faz mesmo parte dos seus tempos livres, ocupando até os períodos de férias.

Por tudo isto, é necessário que seja institucionalizado também pelo Ministério da Educação, visto que existe já em muitas empresas, a valorização da formação ao longo da vida, a regulamentação deste

tipo de formação, tendo em vista a avaliação de desempenho dos seus trabalhadores docentes.

Vejamos: quando visito uma exposição de qualquer manifestação artística; quando vou ao cinema, ao teatro, a um concerto musical ou a um espectáculo de dança; quando visito uma livraria, mesmo não comprando livros; quando participo num debate ou colóquio; quando desenho, pinto, esculpo, leio ou escrevo – estarei sempre a enriquecer-me profissionalmente. Assim, é urgente encontrar meios de quantificar este tipo de formação na avaliação docente. Já que se pretende valorizar uma carrada de situações, muitas delas muito mais complicadas de fundamentar.

Um professor que valorize este tipo de formação, conseguirá apresentar uma fluente e diversa cultura geral abrangendo uma grande parte dos interesses de qualquer vivência cívica. Estou convicto de que o desempenho dos professores portugueses melhorará.

Para além disso, haverá motivações acrescidas para iniciativas a cargo de todos os agentes culturais.

Por fim, uma última nota: não custará um cêntimo ao Estado.Gens Ramos, Porto

Editorial

Futebol, paixão e razão, justiça e… capitalismo

Há pelo menos um ponto comum entre a política e o futebol, e não é seguramente a fidelidade dos adeptos: os dos clubes

são muito mais fiéis e muito menos exigentes do que os dos partidos.

Por isso, o ponto comum é outro: no futebol, como na política, é no campo que se deve decidir quem ganha e quem perde. Da mesma forma que não devem ser os tribunais a determinar se um político faltou ou não às suas promessas, como alguns de vez em quando pretendem, nem devem ser os juízes a substituir-se aos eleitores, também no futebol as melhores “fintas” devem ser dos jogadores e não dos advogados.

Para isso é necessário, porém, garantir que tudo se passa de acordo com as regras do jogo político ou do que se passou em campo. Mas nem sempre isso acontece e, infelizmente, os critérios de rigor que exigimos na política e na vida social e económica nem sempre estamos dispostos a aplicar no campo desportivo.

Os últimos dias deram-nos alguns exemplos positivos e negativos da dualidade de critérios com que encaramos estes temas.

Primeiro caso: Ronaldo e Luís Filipe Scolari.

O primeiro, jogador de indiscutível génio, estará a negociar uma transferência

milionária para o Real Madrid, deixando para trás o clube onde realmente se fez, o Manchester United. Na imprensa e nos cafés, as opiniões dividiram--se, mas em nenhum momento aquilo que pode estar em causa – um salário anual de muitos milhões de euros – foi sequer discutido. Ninguém considerou “imoral”. Nem uma só voz alvitrou que o

jogador não merecia ganhar tanto. O segundo trocou a selecção

portuguesa pelo Chelsea por duas boas razões: não gostou de algumas declarações do seu patrão, o presidente da Federação, e ofereceram-lhe mais dinheiro. E já ganhava muito. Mesmo assim, na imprensa e nos cafés, pelo menos enquanto Portugal não foi eliminado, não faltou quem alvitrasse que valia a pena pagar-lhe mais. Em nenhum lado se viu escrito que era “imoral” receber o que recebia para disputar uma dúzia de jogos por anos à frente da selecção.

A naturalidade com que a opinião pública encara os salários pagos aos jogadores, a prontidão com que as massas associativas aceitam pagar mais pelos bilhetes para que o seu clube possa pagar salários milionários é inversamente proporcional ao acinte com que se debatem temas como o rendimento dos políticos ou as remunerações dos banqueiros.

Aquilo que é válido para o futebol – funcionam as leis do mercado, da oferta e da procura, funciona o capitalismo – não é encarado como natural em áreas bem mais determinantes do nosso dia-a-dia, áreas onde as boas ou más prestações dos gestores (ou dos políticos) podem afectar-nos gravemente.

A paixão apaga a razão, e só isso explica a forma suave, sem penalização sequer moral, com que passou o conselho de Scolari a Ronaldo sobre a ida para o Real Madrid. Noutra actividade, o treinador poderia ter sido castigado por tentar influenciar o valor de uma equipa adversária (indo para o Chelsea, interessa-lhe que Ronaldo não alinhe pelo Manchester…), mas como tudo se passou no balneário de um estádio, quem condena?

Segundo caso: os processos do FC Porto.

A forma como ontem um juiz de instrução criminal decidiu não acusar Pinto da

Costa e o FC Porto no chamado “caso da fruta”, a forma como o processo tem andado para trás e para a frente no Ministério Público e a quase certeza de que nunca chegaremos a parte alguma deixam na atmosfera um mau aroma. Independentemente de saber quem tem razão, a verdade é que nunca neste caso se teve a percepção de que as autoridades judiciais actuavam de forma desapaixonada. O processo segue para recurso, mas pelo caminho já se perdeu a convicção de que se fará justiça, de que todos aceitarão a decisão final, seja ela qual for.

Pior: como entretanto a justiça desportiva se meteu pelo meio, cá dentro e lá fora, como o Benfica não soube ficar à margem de um processo onde, mesmo podendo ter razão formal, carecia em absoluto de razão desportiva, vamos ter mais advogados a ganhar mais dinheiro, e de novo os associados a pagar sem protestar e sem pensar.

Valha-nos por isso que, ao menos, dentro das quatro linhas se fez justiça à melhor selecção do Europeu. A Espanha ganhou e, como

escrevia ontem o El País, “pôde”: “O que havia para ganhar era uma

partida de futebol, esse desporto esculpido pela intuição e pelo génio, que inventaram os ingleses mas que se fez filigrana com os brasileiros e os argentinos, que alcançou a máxima rentabilidade com os italianos, e agora também com os espanhóis”.

Era bom que fosse sempre assim.

Ninguém se indigna com o que ganha um jogador ou um treinador, mas todos se indignam com o que pode ganhar um gestor. E também a poucos incomoda a trapalhada em que se transformou a justiça desportiva e, por arrasto, a outra Justiça

José Manuel Fernandes

Page 43: Público – 6666 – 01.07.2008

Público • Terça-feira 1 Julho 2008 • 43

Qual é a noção de dever dos juízes que se auto-suspenderam no Tribunal de Santa Maria da Feira?

Os juízes não vão ao futebol?

Se não vão deviam ir. Pelo menos os juízes portugueses deviam entrar num estádio e ficar lá em dia de jogo sofrido para en-tenderem como, até quando o desfecho é catastrófico, não existe a possibilidade

de a equipa, derrotada ou mesmo vexada, aban-donar o campo. De igual modo não podem os jo-gadores e respectivo treinador meter férias para na semana seguinte evitarem ser postos de novo à prova.

Agora que a Espanha se sagrou campeã da Euro-pa, até podem os nossos juízes aproveitar para se informar um pouco sobre a personalidade de Luis Aragonés, o treinador que levou a selecção espa-nhola ao triunfo. Aragonés é um homem velho não só porque no mundo do futebol se envelhece cedo mas sobretudo porque Aragonés nem sequer se pre-ocupa em manter um ar desportivo e jovem como faz Ferguson, o outro idoso do universo da bola. O barrigudo, despenteado e sempre com um ar can-sado e desorientado Aragonés é o que de mais parecido existe com um reformado rabugento, eterna-mente de fato de treino e óculos a precisarem de ser substituídos, que recusa despachar-se na fila das Finanças mesmo que isso gere irritações e suspiros nos jovens activos e modernos que aguardam impacientes pela sua vez. Pois o velho Aragonés, tão mal visto e tão mal quisto que partiu para este Europeu já antecipadamente despedido do cargo de seleccionador espanhol, o Aragonés sobre o qual se disse e escreveu em Espanha o que de pior havia para dizer e escrever até àquele jogo em que a Espanha venceu a Rússia e ele se tornou no “técnico genial”, explicou sucin-tamente a vitória declarando que cumprira o seu dever. Perceberam bem? Ele falou do seu dever. E tal como ele falaram todos os outros, fossem ven-cedores ou derrotados.

Nada sei nem quero saber de futebol. Por mim o dito podia acabar amanhã – e com ele boa parte dos eventos desportivos – que não lhe dava pela falta, mas tenho de reconhecer que fora do mundo do desporto palavras como dever e brio se ouvem cada vez menos. Dirão que tudo isso não passa duma estratégia para que o povinho continue a sustentar clubes e dirigentes e sobretudo a distrair-se com este “novo ópio”. Provavelmente isso nem é menti-ra, mas não é grave que o desporto, com particular ênfase para o futebol, recorra a esta estratégia. O que é grave é que, caso Aragonés não fosse treina-dor de futebol, as suas palavras soariam estranhas, quiçá inconvenientes. Afinal quando foi a última vez que ouvimos um líder político falar de dever e deveres? De brio? E mais raramente ainda o que aconteceu à noção de responsabilidade dos altos cargos da administração pública?

Onde param o brio e o sentido de dever dos de-tentores de poderes não inalienáveis do Estado como a justiça e a segurança? Por exemplo, qual é a noção de dever dos juízes que se auto-suspende-ram no Tribunal de Santa Maria da Feira? Mesmo deixando de lado que ninguém naquela profusão de togas e saberes tivesse sido capaz de investigar o nebuloso processo que levou à construção do tribunal – o tal que ameaça ruína apesar de nem contar 30 anos –, é preciso ter uma noção muito autista do que é a justiça e nunca ter ouvido a pa-lavra dever para achar que perante um caso de agressão a juízes a melhor solução é suspender o funcionamento do tribunal.

Todos os dias são agredidos contínuos e profes-sores nas escolas, técnicos de saúde nos hospitais, simples cidadãos no meio da rua. Essas pessoas, ao contrário do que acontece quando os juízes são

agredidos num tribunal, não só não têm o poder de se auto-suspender como os seus agressores nunca são apanhados em flagrante delito. Pior, caso os agredidos vão a tribunal na qualidade de queixosos percebem rapidamente que a lei não os protege e que não raramente os juízes tendem a colocar vítimas e agressores no mesmo patamar.

Não faz certamente parte do dever dos juízes deixar-se agredir mas se, ao primeiro revés, em vez de confrontarem a sua tutela, abandonam os cidadãos, lesando todos aqueles que têm processos pendentes e degradando ainda mais a imagem dos tribunais, temos de nos interrogar sobre que juízes tem o país andado a formar. Portugal tem investido muito na formação dos juízes. Estes são bem pagos

quer por comparação com os outros portugueses quer até com os seus congéneres estrangeiros. Todo este investimento foi também acompanhado pelo habitual discurso sobre a necessidade de acatar-mos as decisões dos tribunais mesmo quando de todo em todo elas parecem saídas duma antologia do teatro do absurdo. O resultado é pouco menos que catastrófico. Aos já conhecidos maus resultados de funcionamento da justiça propriamente dita, à descrença que sobre ela se instalou na sociedade portuguesa junta-se agora o óbvio ululante de que as actuais gerações de juízes podem conhecer as leis mas não têm qualquer sentido de dever. O velho Aragonés, esse, não deve saber nada de leis, mas parece-me muito mais bem formado. Jornalista

Helena Matos

Se ao primeiro revés

abandonam os

cidadãos, lesando

todos aqueles que têm

processos pendentes,

temos de nos interrogar

sobre que juízes tem o

país andado a formar

Onde andam...

a Os defensores de Foz Côa?À hora a que escrevo, nesta segunda-feira, José Sócrates estará em Bragança a assinar o contrato de adjudicação para a construção da barragem do Baixo Sabor. A esta mesma hora gostaria de saber onde estão e o que têm para dizer aqueles que, há treze anos, se opuseram à construção da barragem de Foz Côa. A barragem do Sabor tornou-se mais ou menos inevitável desde que se suspendeu Foz Côa. Na época ninguém fez contas aos custos económicos e ambientais da suspensão da barragem de Foz Côa. Um desses custos está agora aí na construção da barragem do Baixo Sabor e no quase apagamento do que aconteceu em Foz Côa.

Em 1994, com o PS já a cavalgar a onda que levaria Guterres ao poder e mediaticamente aliado a uma esquerda que ditava as regras do bom gosto, transformou-se a questão das gravuras de Foz Côa num cavalo de batalha contra o cavaquismo. Este estava exausto

e ninguém foi capaz de defender a barragem e sobretudo de dizer que todo aquele alegado interesse internacional pelas gravuras se esvairia em pouco tempo. Os turistas prometidos nunca apareceram, os arqueólogos levantaram a tenda e partiram para outras cruzadas. Sobraram os portugueses que pagaram o que lá está da barragem, mais o parque que ninguém visita, as viagens e os trabalhos duns investigadores estrangeiros para que falassem de Foz Côa, os filmes que ninguém viu mas “fariam renascer o interesse por Foz Côa” e o museu que depois do falhanço de tudo o mais esse é que “vai levar gente a Foz Côa”. O pior é que não só pagamos tudo isto como ainda vamos perder o Baixo Sabor. A quem se pode mandar a conta? a Os indignados das urgências hospitalares?É sem dúvida um dos grandes mistérios da actualidade. Falo do desaparecimento dos piquetes

que esperavam Correia de Campos à porta de qualquer hospital. Morria um centenário numa urgência hospitalar e de imediato se perguntava a Correia de Campos como era isso possível. Agora a indignação acabou. No Alentejo, uma criança foi atropelada e nenhuma ambulância respondeu ao pedido de socorro, acabando a ser transportada por um médico, no seu próprio carro. No Algarve, uma mulher caiu e esperou até morrer por uma ambulância que não existia. No pátio duma escola do Montijo, um aluno caiu inanimado. Durante meia hora, professores e colegas tentaram convencer o INEM a enviar uma ambulância. O jovem acabaria por morrer... É claro que não existe uma ambulância disponível parada à espera de cada um de nós. Mas são muitos os falhanços. Curiosamente, agora ninguém se indigna e muito menos chegam aos jornais as gravações das conversas telefónicas entre o INEM e os bombeiros.

REUTERS

Luis Aragonés, treinador da selecção espanhola

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Page 44: Público – 6666 – 01.07.2008

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

Acordo laboralGuerra de actores paralisa Hollywood Pág. 22

IraqueAbertos campos de petróleo a investimento estrangeiro Pág. 20

Apito DouradoJuiz não acusaPinto da Costano caso da “fruta”Pág. 6

Presidência UEFrança reduz grandes ambições por causa do “não” irlandêsPágs. 2 a 4

Lotaria Clássica1.º prémio: 34.154500.000 euros

Loto 2Chave sorteada: 9, 12, 23, 26, 30, 36 + 251.º Prémio: 1.649.308 euros

Em Público

Hoje balas, amanhã talvez rosas

Nuno Pacheco

OAlgarve anda verdadeiramente animado. Depois de lhe terem dobrado o L, numa piscadela

de olho à estranja que nem por isso dobra os gastos, reluz de arte & cultura. Além da praia, claro, e do trivial movimento que lhe alimenta os verões. Mas eis que um intrigante acontecimento veio revelar-lhe uma face desconhecida: os sete tiros contra a cobertura do pavilhão onde o PS local jantara com Sócrates (ou vice-versa, o que neste caso pode até vir a ser relevante). Três balas, disparadas compassadamente, mais quatro com maior rapidez. Diz-se que quem jantou não deu por nada, diz-se que Sócrates já estava bem longe na altura do misterioso tiroteio (saíra meia hora antes e já estaria em Albufeira, a uns respeitáveis vinte quilómetros de distância).

Diz-se isso e muito mais, já que, enquanto ninguém sabe ao certo o que se passou, o melhor mesmo é dizer qualquer coisa. “Brincadeira com a qual não podemos compactuar”, garantiu o ministro. “Brincadeira de mau gosto”,

afirmou a governadora civil de Faro, que estava entre os comensais.

No meio destas considerações sérias sobre brincadeiras que não se fazem, o presidente da Câmara de Portimão (também no jantar) adiantou esta explicação inquietante: nos últimos 15 dias têm aparecido sinais e placas de trânsito furados por tiros de bala. Ou seja, é já coisa corrente. Pode ser do calor, mas se há no Algarve alegres atiradores que não gostam de chapas de metal (ou que, à falta de dinheiro para comprar melhores alvos, exercitam a sua perícia em metais públicos) é melhor andar atento. Serão de fiar autocarros e automóveis? Nunca se sabe...

Mas pode haver outra explicação, que aliás já tem foros de tese. Alguém quis intimidar o primeiro-

ministro. Para isso, esperou que ele se fosse embora e lá disparou os tiros. Mesmo assim não se entende a escolha. Se era para assustar Sócrates e o alvo era só o telhado, porque não disparar com ele lá dentro? A explicação pode ser mais rebuscada. Porque assim, ao longe, ao saber dos tiros, o primeiro-ministro tremeria (“Olha se eu estivesse lá dentro, hã?”),

enquanto se estivesse a jantar não daria por nada. Se é isto, o atirador misterioso deve ser um génio. Ou tomar-se por tal, porque se foi ele o autor dos buracos de bala nos sinais de trânsito, a coisa complica-se: faz sentido treinar em alvos pequenos para depois ter pela frente um telhado de dezenas de metros quadrados?

Mentes rebuscadas, é o que é. Já lá diz a literatura policial. Há sempre um padrão para tudo e nunca se sabe do que é capaz tal gente. A verdade é que se a moda pega, há-de ser bonito. Esquecendo as balas, havemos de ver detractores e apoiantes de Sócrates a chegarem aos locais que ele visita meia hora depois de ele lá ter estado e, aí sim, a plenos pulmões, gritarem a sua raiva ou euforia: “O primeiro-ministro é um tratante!”, “O primeiro-ministro é um génio!”, “Viva o primeiro-ministro!”, “Abaixo o primeiro-ministro!” À noite, ou mesmo no dia seguinte, Sócrates saberá. “Disseram bem de mim, foi? Hei-de lá voltar”; “Insultaram-me? Nunca mais lá volto”. Deste modo, com meia hora de atraso e sem encontros desagradáveis, lá amolecia a política. Tivesse sido assim em Dallas e JFK ainda estaria vivo. Ou talvez não, porque as balas às vezes também se atrasam.

Um dia, quando Sócrates sair de qualquer sítio, é possível que meia hora depois atirem para lá rosas. Mesmo que murchem, sempre ficam os espinhos. Jornalista

Um destes dias, talvez atirem

a Sócrates rosas. Mesmo que

murchem, ficam os espinhos

O nadador norte-americano está de volta e em bom ritmo. No primeiro dia do torneio de apuramento dos EUA para Pequim, Phelps bateu o recorde do mundo dos 400m estilos (4m05,25s). Na mesma especialidade, o dia também foi de Katie Hoff (melhor marca mundial com 4m31,12s). (Pág. 35) F.E.L.

Sobe e desce

MichaelPhelps

OmarBongo

Maria JoséMorgado

Maria José Morgado teve ontem o primeiro revés no processo Apito Dourado. Um juiz concluiu pela falsidade do depoimento de Carolina Salgado no chamado caso da “fruta”, que envolvia Pinto da Costa. Um caso arquivado que Morgado reabriu com base na versão de Carolina. (Pág. 6) R.A.

Não se esperava da cimeira africana no Egipto nenhuma declaração heróica sobre o Zimbabwe, mas não era preciso que, em lugar de condenarem Mugabe, o elogiassem de forma indecorosa. Foi o que fez Omar Bongo, do Gabão, há 41 anos no poder, que disse que o acolhiam “como um herói”. (Pág. 16) N.P.

Não é uma sentença de morte, mas quase. O território português passou a ser considerado, todo ele, afectado pelo nemátodo do pinheiro. Significa que muitas árvores serão abatidas e muitos produtores afectados. Único dado positivo: a especulação também sofreu um revés. (Pág. 39) N.P.

Pinhalportuguês