publicado em resumo no doe tcm de 26/04/2017 … · público estadual, com aplicação de multas ao...

29
PUBLICADO EM RESUMO NO DOE TCM DE 26/04/2017 PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 02140e16 Exercício Financeiro de 2015 Prefeitura Municipal de JEREMOABO Gestor: Anabel de Sá Lima Carvalho Relator Originário: Cons. José Alfredo Rocha Dias Redator do Pleno: Cons. Paolo Marconi 2º Redator do Pleno: Cons. Plínio Carneiro Filho PARECER PRÉVIO DO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO Opina pela aprovação, porque regulares, porém com ressalvas, das contas da Prefeitura Municipal de JEREMOABO, relativas ao exercício financeiro de 2015. O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes: O presente processo foi levado a julgamento em 01/11/2016, quando o Relator originário, Conselheiro José Alfredo Rocha Dias, apresentou o seu voto pela rejeição das contas, além de determinação de representação ao Ministério Público Estadual, com aplicação de multas ao Gestor de R$ 5.000,00 e R$ 21.600,00, esta última correspondente a 12% dos vencimentos anuais do Gestor em face da violação do inciso IV do art. 5º, da Lei Federal nº 10.028/2000, no que foi acompanhado pelo Conselheiro Plínio Carneiro Filho. Deles divergiram este Relator e o Conselheiro Raimundo Moreira, exclusivamente, em face da repercussão negativa no mérito das contas do descumprimento do art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (extrapolação da despesa de pessoal – com aplicação de 58,80% quando o limite é de 54%) e da imputação da multa prevista na Lei 10.038/00 em percentual de 30% dos vencimentos anuais do Gestor, configurando-se empate. O Presidente desta Corte, Conselheiro Francisco de Souza Andrade Netto, proferiu o voto de desempate, acompanhando o voto divergente apenas quanto à matéria controversa, no sentido de rejeitar as contas também por descumprimento dos índices de despesa de pessoal, bem como pela imputação da multa prevista na Lei nº 10.028/2000 no percentual de 30% dos subsídios anuais do gestor (R$ 54.000,00). Restaram vencidos, portanto, os Conselheiros José Alfredo Rocha Dias (Relator originário) e Plínio Carneiro Filho, razão pela qual apresento voto nos termos a seguir, com as alterações de mérito, no quesito despesa com pessoal e cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e aplicação de sanção pecuniária com base na Lei nº 10.028/2000. Todavia, no decorrer da Sessão Plenária de 20.04.17, através de voto condutor da lavra deste Conselheiro, o mérito do decisório foi alterado para acolhimento do Pedido de Reconsideração interposto, desta vez, pela aprovação das contas, todavia, com ressalvas. 1

Upload: duongdung

Post on 15-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PUBLICADO EM RESUMO NO DOE TCM DE 26/04/2017PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 02140e16Exercício Financeiro de 2015Prefeitura Municipal de JEREMOABO Gestor: Anabel de Sá Lima CarvalhoRelator Originário: Cons. José Alfredo Rocha Dias Redator do Pleno: Cons. Paolo Marconi 2º Redator do Pleno: Cons. Plínio Carneiro Filho

PARECER PRÉVIO DO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO Opina pela aprovação, porque regulares, porém com ressalvas, das contas da Prefeitura Municipal de JEREMOABO, relativas ao exercício financeiro de 2015.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

O presente processo foi levado a julgamento em 01/11/2016, quando o Relator originário, Conselheiro José Alfredo Rocha Dias, apresentou o seu voto pela rejeição das contas, além de determinação de representação ao Ministério Público Estadual, com aplicação de multas ao Gestor de R$ 5.000,00 e R$ 21.600,00, esta última correspondente a 12% dos vencimentos anuais do Gestor em face da violação do inciso IV do art. 5º, da Lei Federal nº 10.028/2000, no que foi acompanhado pelo Conselheiro Plínio Carneiro Filho. Deles divergiram este Relator e o Conselheiro Raimundo Moreira, exclusivamente, em face da repercussão negativa no mérito das contas do descumprimento do art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (extrapolação da despesa de pessoal – com aplicação de 58,80% quando o limite é de 54%) e da imputação da multa prevista na Lei 10.038/00 em percentual de 30% dos vencimentos anuais do Gestor, configurando-se empate.

O Presidente desta Corte, Conselheiro Francisco de Souza Andrade Netto, proferiu o voto de desempate, acompanhando o voto divergente apenas quanto à matéria controversa, no sentido de rejeitar as contas também por descumprimento dos índices de despesa de pessoal, bem como pela imputação da multa prevista na Lei nº 10.028/2000 no percentual de 30% dos subsídios anuais do gestor (R$ 54.000,00). Restaram vencidos, portanto, os Conselheiros José Alfredo Rocha Dias (Relator originário) e Plínio Carneiro Filho, razão pela qual apresento voto nos termos a seguir, com as alterações de mérito, no quesito despesa com pessoal e cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e aplicação de sanção pecuniária com base na Lei nº 10.028/2000.

Todavia, no decorrer da Sessão Plenária de 20.04.17, através de voto condutor da lavra deste Conselheiro, o mérito do decisório foi alterado para acolhimento do Pedido de Reconsideração interposto, desta vez, pela aprovação das contas, todavia, com ressalvas. 1

1. DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas da Prefeitura Municipal de Jeremoabo, referente ao exercício financeiro de 2015, da responsabilidade da Sra. Anabel de Sá Lima Carvalho, foram remetidas a este Tribunal no prazo legal, sendo autuadas eletronicamente no e-TCM sob o nº 02140e16.

Este Tribunal tem buscado, permanentemente, aprimorar o cumprimento da sua missão constitucional, estabelecida nos arts. 70 a 75 da Carta Magna. Assim, visando, precipuamente, facilitar o acesso da sociedade às prestações de contas das entidades municipais, editou as Resoluções TCM nºs 1.337 e 1.338, ambas de 22/12/2015, que regulamentam o processo eletrônico no âmbito de sua atuação e tornam obrigatória a remessa, sob tal formato, de toda a documentação relativa ao emprego do dinheiro público. O sistema, de sigla e-TCM, em paralelo com o vigente SIGA – Sistema Integrado De Gestão e Auditoria, permite ao cidadão o acompanhamento da aplicação dos recursos municipais, ampliando sobremaneira a possibilidade do exercício da faculdade prevista nos artigos 80 e seguintes da Lei Complementar Estadual nº 006/91. A iniciativa, de outra parte, aprimora o atendimento das exigências contidas nas denominadas Leis de Acesso a Informação e da Transparência Pública.

Esclareça-se que cabe ao Presidente da Câmara Municipal oferecer aos cidadãos meios de consulta às informações disponíveis no referido sistema, durante o prazo legalmente deferido à disponibilização pública, sem prejuízo de outras formas de consulta, entre as quais, obrigatoriamente, o site do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. De igual sorte, cumpre ao Poder Executivo promover os meios de acesso a tais informações pelos munícipes, na forma prevista no parágrafo único do art. 54 da referida Complementar 006/91.

A Lei Complementar nº 131 de 27/05/2009 obriga que os municípios disponibilizem a qualquer pessoa física ou jurídica o referido acesso às informações referentes a todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer do recebimento da receita e da execução da despesa, em conformidade com o disposto no 48-A da LRF, incluído pelo art. 2º da citada Lei Complementar.

Acerca da matéria abordada no parágrafo precedente – transparência pública – o Ministério Público Federal - MPF realizou diagnóstico de avaliação dos municípios, a nível nacional, divulgando os resultados no endereço eletrônico www.rankingdatransparencia.mpf.mp .br. Na última avaliação ocorrida, relativa ao período de 11/04/16 a 27/05/16, no âmbito do Estado da Bahia, o Município de Jeremoabo alcançou o ranking de nº 206, sendo-lhe atribuída a nota 4,20, numa pontuação de 0 a 10.

Despiciendo é advertir-se quanto à necessidade de providências urgentes e eficazes da Administração Municipal para o melhor cumprimento da Lei, mesmo porque, além da sanção disposta no art. 23, §3º, inciso I da LRF, com base no Art. 73-C da citada lei , os municípios com transparência não satisfatória estão sujeitos à ação civil pública e de improbidade administrativa, bem assim a 2

representação junto à Procuradoria Regional da República . A matéria é objeto de apreciação em todos os processos prestação de contas anuais.

O Edital nº 001/2016, localizado na pasta “Entrega da UJ – Doc. nº 66” coloca em disponibilidade pública as contas do Executivo e do Legislativo. Considerando que o referido edital não comprova que o Presidente da Câmara tenha oferecido à sociedade meios de consulta às referidas contas, determina-se que o Presidente, quando do retorno à Câmara Municipal, as coloque à disposição dos contribuintes, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, comunicando a população que a Câmara dispõe de terminal de consulta para acesso às referidas contas .

2. DA ADMISSIBILIDADE PROCESSUAL E DA NOTIFICAÇÃO

Sorteado o processo em 27/09/2016, de imediato determinou-se a notificação da Gestora, em respeito aos direitos assegurados no inciso LV do artigo 5º da Constituição da República, o que veio a concretizar-se mediante publicação do Edital nº 336/2016 no Diário Oficial Eletrônico do TCM, edição de 28/09/2016, bem assim com a remessa de notificação eletrônica para o endereço de e-mail cadastrado nesta Corte. A Responsável pelas contas teve assim ciência de todas as peças processuais para, querendo, prestar os esclarecimentos que entendesse pertinentes.

A Cientificação/Relatório Anual consolida os trabalhos realizados em 2015, decorrentes do acompanhamento da execução orçamentária, financeira e patrimonial desenvolvido pela 22ª Inspetoria Regional de Controle Externo, sediada no município de Paulo Afonso. O exame efetivado após a remessa anual da documentação eletrônica, via e-TCM, é traduzido no Pronunciamento Técnico. Ambos os relatórios são disponibilizados no sistema SIGA.

Em 18/10/2016 foi recepcionada, também por meio eletrônico, a documentação e os esclarecimentos correspondentes à defesa final, na pasta intitulada “Defesa à Notificação Anual da UJ”. Com base nos elementos probatórios desta fase processual, toda a documentação que integra os autos foi detidamente analisada.

Em 19/10/2016 os autos foram submetidos à apreciação do douto Ministério Público Especial de Contas deste Tribunal – MPEC/TCM, em cumprimento ao disposto no inciso II, do art. 5º, da Lei Estadual nº 12.207/11. Em decorrência, foi colacionado bem posto parecer datado de 20/10/2016, no sentido da rejeição, com recomendação de representação ao Ministério Público Comum Estadual, devolvidos os autos à Relatoria na mesma data. Este Relator acolhe dito pronunciamento, com os acréscimos e observações aqui postos.

3. DOS EXERCÍCIOS PRECEDENTES

As contas dos exercícios imediatamente antecedentes – 2013 e 2014 – da responsabilidade da mesma Gestora das presentes, foram objeto de Pareceres Prévios aprovando-as, ainda que com ressalvas , com aplicação das seguintes cominações:

3

1. Nas contas de 2013, processo TCM nº 08683-14, multas nos valores de R$2.500,00 e de R$54.000,00, além de imputação de ressarcimento no importe de R$19.124,74.

2. Nas contas de 2014, processo TCM nº 09135-15, houve aplicação de pena pecuniária na quantia de R$5.000,00.

Consultando o sistema informatizado dessa Corte, verifica-se que permanecem pendentes de pagamento, algumas das cominações anteriormente citadas e já vencidas. O quadro seguinte indica as cominações vencidas, sendo a matéria abordada, também, no item 13 deste pronunciamento:

Processo Multado Vencimento Valor R$ 08683-14 Anabel de Sá Lima Carvalho 11/04/2015 54.000,0009135-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 30/01/2016 5.000,0011285-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 05/02/2016 3.000,0011284-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 08/08/2016 2.000,0011289-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 30/07/2016 1.500,0011279-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 17/09/2016 3.000,0011276-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 18/09/2016 15.000,0011283-15 Anabel de Sá Lima Carvalho 15/10/2016 1.000,00

TOTAL 84.500,00

Trouxe a defesa final, documentos no sentido de que teria sido efetivado o recolhimento bancário de algumas parcelas correspondentes apenas a multa (R$54.000,00) e ao ressarcimento (R$19.124,74), atinentes ao processo nº 08683-14, localizados na pasta “Defesa à Notificação, nº 105 e 106, Docs 20 e 21”, que devem ser encaminhados à Unidade Técnica competente, para verificações pertinentes, com as reservas devidas.

Não havendo registro no sistema de controle informatizado da Corte de terem sido recolhidas as demais cominações pela Corte aplicadas ao erário municipal, vencidas em data anterior a esta manifestação, a matéria será adiante detalhada.

4. DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

A elaboração e a execução dos orçamentos públicos envolvem, necessariamente, na forma do disposto nos artigos 165 a 169 da Constituição da República, três principais instrumentos de planejamento, quais sejam: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e o Orçamento Anual – LOA, revigorados e aprimorados pela Lei Complementar Federal nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF).

Houve comprovação da publicação oportuna dos citados instrumentos normativos no Diário Oficial Eletrônico do Município de Jeremoabo, sendo o PPA em 30/12/2013 – edição nº 648, a LDO em 18/06/2014 – edição nº 760, e a LOA em 11/11/2014 – edição nº 870, visando o atendimento art. 48, parágrafo único, inciso I, da LRF.

4

Por oportuno e em face da importância da matéria, adverte-se quanto a imperiosa necessidade de amplo cumprimento das disposições legais que a regem, transcrevendo-as, verbis :

“Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (grifamos)

Transcreve-se, igualmente, o trecho respectivo do pronunciamento do MPEC/TCM, litteris:

“Chama-se atenção que a observância da publicidade pelo ente público como preceito geral guarda estreita relação com os fundamentos da república e do Estado democrático, razão pela qual deve o Município: i) implementar mudanças de paradigmas da máquina administrativa, garantindo aos cidadãos, de forma clara e transparente, o acesso às informações sobre o ingresso e aplicação dos recursos, que, genuinamente, pertencem a toda coletividade; ii) incentivar a participação popular e a realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.” (Parecer nº 1173/2016, grifos ora apostos)

O PPA, vigente para o quadriênio 2014/2017, foi instituído pela Lei Municipal nº 461, de 20/12/2013, em cumprimento ao disposto nos arts. 165, parágrafo 1º, da Constituição Federal e 159, § 1º, da Carta Estadual.

A LDO, por imposição dos §§ 1º e 3º do art. 4º da LRF, deve conter anexos relativos a Metas e Riscos Fiscais, guardando conformidade com o PPA. Norteia a elaboração do orçamento e regula o ritmo da realização das metas. Foi aprovada em 17/06/2014, sob o nº 470.

A LOA traduz as expectativas técnicas de realização da receita fixada e da despesa autorizada, compreendendo os Orçamentos Fiscal e de Seguridade Social. Para o exercício financeiro de 2015 foi aprovada sob nº 481 de 07/11/2014 e apresenta o valor total de R$80.000.000,00 (oitenta milhões de reais) com os seguintes dados fundamentais:

Descrição Valor (R$)Orçamento Fiscal 61.985.865,00

5

Orçamento da Seguridade Social 18.014.135,00Total 80.000.000,00

O diploma em apreço contempla autorização para abertura de créditos adicionais suplementares, em conformidade com as prescrições constitucionais e regras da Lei Federal nº 4.320/64, com a utilização dos recursos de superávit financeiro, excesso de arrecadação e anulação parcial ou total de dotações, todos no limite percentual de 100% (cem por cento) do existente, e efetuar operações de crédito por antecipação da receita, nos limites estabelecidos pelo Senado Federal e na forma do disposto no art. 38 da Lei Complementar nº 101/00.

Recomenda esta Relatoria que a Administração Pública, nos exercícios seguintes, elabore a LOA contemplando autorizações para abertura de créditos adicionais respeitando limites e parâmetros razoáveis, como bem destaca em seus pareceres o MPEC/TCM.

O Quadro de Detalhamento de Despesas – QDD – é o instrumento que detalha, no aspecto operacional, os projetos e as atividades constantes do orçamento, especificando os elementos de despesa e respectivos desdobramentos. Aprovado sob nº 001/2015 em 02/01/2015.

A Programação Financeira, instrumento ratificado e aprimorado pela LRF, tem como objetivo assegurar às unidades orçamentárias a soma de recursos suficientes à execução dos respectivos programas anuais de trabalho, mantendo-se o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada e evitando insuficiência de caixa. Foi aprovada através do Decreto nº 002 de 02/01/2015, publicado no Diário Oficial do Município de 23/01/2015 – edição nº905, cumprido o art. 8º da LRF.

5. DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Informa o Pronunciamento Técnico que as alterações procedidas no orçamento, conforme decretos apensados aos autos, importaram no total de R$27.835.055,72 (vinte e sete milhões, oitocentos e trinta e cinco mil e cinquenta e cinco reais e setenta e dois centavos), em decorrência da abertura de créditos suplementares – (R$27.797.387,72) e alterações no QDD – (R$37.668,00), utilizando como fontes de recurso a anulação de dotações. A peça técnica registra, ainda, que as referidas alterações foram devidamente contabilizadas no Demonstrativo Consolidado de Despesas de dezembro/2015.

Resta confirmado que houve cumprimento do artigo 167, inciso V, da Constituição Federal e do disposto acerca da matéria na Lei Federal nº 4.320/64.

6. DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA REALIZADO PELA 2 2ª INSPETORIA R EGIONAL DE CONTROLE EXTERNO

Confrontada a Cientificação/Relatório Anual com os esclarecimentos mensais e anuais formulados pela Gestora, deve a Relatoria apor ressalvas e recomendações, em face das principais faltas, senões e irregularidades remanescentes, abaixo citadas as de maior expressividade, com detalhamento e enquadramento legal

6

contidos no documento técnico referido, inclusive para efeito da adoção de providências que evitem a reincidência, causa legalmente prevista para a rejeição de contas. Repercutem as mesmas nas conclusões deste pronunciamento:

A) Inobservância às normas da Resolução TCM nº 1.282/09, que disciplina o sistema informatizado “SIGA”, dificultando sobremaneira o exercício do controle externo, inclusive com a não inserção de elementos indispensáveis à apreciação das contas e gerando divergências entre lançamentos efetivados e a documentação encaminhada à análise da Regional da Corte. No exercício em exame, técnicos da Inspetoria Regional registraram situações em que o SIGA não foi alimentado de forma adequada, mesmo após a notificação mensal emitida pela IRCE. Tal situação também se repetiu com o Demonstrativo das Contas do Razão e a remuneração dos Agentes Políticos, matérias que serão abordadas em tópicos específicos deste pronunciamento. Transcreve-se, por oportuno, o artigo pertinente da Resolução nº 1.282, vigente desde 2009, verbis:

“Art. 15 - Todos os órgãos e entidades da administração direta e indireta municipal jurisdicionados a este TCM observarão, obrigatoriamente, as regras, prazos e normas contidos nesta Resolução, sendo que o não cumprimento dos mesmos poderá ensejar o comprometimento de mérito das contas anuais dos municípios.” (grifos ora apostos)

Atente a Gestora que não há justificativa para o cometimento de tais irregularidades, que afetam o valor da pena pecuniária ao final imposta, dado o largo prazo de implantação do citado sistema;

B) Não cumprimento das disposições referentes a execução da despesa, contidas na Lei Federal nº 4.320/64, relacionada na Cientificação Anual e registrada no achado nº CS.DES.GM.001287. A defesa final não se manifesta sobre a matéria;

C) Contratação de servidores sem a realização de prévio concurso público, nos meses de fevereiro, março, maio, junho, outubro e novembro, registrada no achado CA.PES.GM.001120, da Cientificação Anual, em manifesta violação ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal, que impõe a realização do certame para ingresso em cargo ou emprego público. Os argumentos trazidos pela Gestora são no sentido de que o pessoal teria sido contratado para o Hospital Geral de Jeremoabo e que as contratações seriam em caráter excepcional, somente efetivadas para atuação nos programas dos Governos Federais e Estaduais e que teriam sido necessárias em face do surto de dengue, zika e chicungunha. As justificativas postas não tem o condão de eliminar a necessidade do processo seletivo simplificado, não apresentado.

Agrava a situação ter sido a irregularidade apontada no Parecer Prévio nº 08683-14, exercício de 2013, bem como pelo douto Parquet de Contas, quando da análise das presentes, merecendo a seguinte transcrição:

“Ressalte-se que a gestora sequer falou em prazo mínimo para

7

implementação de processo seletivo, o que indica uma possível manutenção do estado atual por tempo indeterminado...” (fl. 12 do Parecer nº 1290/2016, grifos nossos).

Ademais, a Gestora deixou de atender a advertência e determinação do TCM, em face da decisão adotada no processo da Denúncia nº 11.285/15, em 16/12/15, transitada em julgado a nível desta Corte, da qual se extrai o seguinte trecho, verbis:

“Isto posto, pelas razões elencadas e estando vistos, detidamente analisados e relatados e considerando-se:

a) que, após criteriosa apuração dos elementos contidos na denúncia formulada, inclusive considerando os argumentos e documentos trazidos com a defesa, a revelar dificuldades encontradas, restou suficientemente comprovado e reconhecido pela própria Gestora que existe contratação de servidores temporários fora dos limites estabelecidos pela Constituição Federal;b) que não houve demonstração de realização de processo seletivo público para a contratação de agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, representando descumprimento do quanto determinado na Emenda Constitucional nº 51/2006 e na Lei nº 11.350/2006; c) que concluiu-se pela irregularidade da contratação da Cooperativa COOFSAÚDE, por não haver nos autos documentos que comprovem o regular processo de licitação mencionado pela defesa, bem como pelo fato de que a outorga de toda a gestão dos serviços de saúde a empresa particular caracteriza inconstitucionalidade e ilegalidade , na medida em que Constituição Federal e a Lei Orgânica da Saúde (Lei n° 8.080/1990) autorizam a sua transferência apenas em caráter complementar;d) que há imperiosa necessidade de se advertir à Prefeita Denunciada não só quanto à observância dos princípios norteadores da Administração Pública, mormente os da razoabilidade e da legalidade, mas também no que diz respeito à necessidade de realização de concurso público para a contratação de servidores efetivos na área de saúde, possibilitando a prestação de serviços de maneira integral, plena e contínua, em atendimento aos arts. 5º, 6º e 196 a 200 da Constituição Federal;e) que houve absoluto respeito aos direitos consagrados no inciso LV do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, tendo sido oportunizado o direito de apresentação de defesa, do qual se utilizou a tempo e modo a Gestora; f) o contido no parecer exarado pelo douto Ministério Público Especial de Contas, aqui acolhido como razões de decidir;g) tudo o mais que consta dos autos.(…)

Ainda, acolhendo sugestão do douto Ministério Público Especial de Contas, faz-se expressa advertência à Gestora de que o Município deve apresentar a esta Corte um plano de adequação do seu regime de pessoal na área de saúde, no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias, de forma que o instrumento da contratação temporária somente seja adotado dentro das excepcionais situações previstas na Constituição Federal, sob pena de a não observância a estas recomendações poder ensejar reprimendas mais severas por parte desta Corte de Contas, inclusive com o comprometimento do mérito de contas futuras. (grifos originais e

8

ora apostos).;

D) Despesas inadequadas com a finalidade pública, realizadas mediante processos de pagamento nº 2364, 2365, 2384, 1638, 2185 e 2216. Deve a Diretoria de Controle Externo lavrar Termo de Ocorrência para verificação sugerida no Parecer nº 1290/2016, do MPEC/BA, item III atinente ao achado contido no Relatório Anual – CS.AMO.GM.000725M.000725. Registra o douto MPEC/TCM , a propósito: “Embora faltem maiores informações a respeito, a despesa parece inadequada às finalidades públicas e aos princípios da Administração ...”, razão pela qual acolhe o Relator a sua sugestão no sentido de que seja “...realizada auditoria pelo corpo técnico do TCM/BA em relação a estes gastos, com vistas à verificação de prejuízo ao erário e futura possível imputação de débito.”

7. DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A análise empreendida considera as normas editadas por esta Corte, em especial as contidas na Resolução TCM nº 1.060/05, com destaque para as alterações efetivadas pelas de nºs 1.323/13, 1.331/14 e 1.340/16 além da de nº 1.316/12, editadas em decorrência de alterações procedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, consolidadas no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP, de sorte a respeitar as disposições legais vigentes.

Os Demonstrativos Contábeis foram assinados pela Contabilista Sra. Gilvanda Vieira Alves, CRC nº BA-033318/O-4, apresentada a Certidão de Regularidade Profissional, em conformidade com as exigências contidas na Resolução nº 1.402/12, do Conselho Federal de Contabilidade.

7.1 – DEMONSTRATIVOS CONSOLIDADOS DO SISTEMA SIGA

Aponta o Pronunciamento Técnico divergências expressivas em lançamentos contidos no Balanço Patrimonial, quando comparados a valores consignados no Demonstrativo Consolidado do Razão (DCR), gerado pelo sistema SIGA. Na defesa final a Gestora apresenta o DCR do sistema próprio de contabilidade, localizado na pasta “Entrega da UJ – Doc. nº 59”, compatível com os dados lançados no Balanço Patrimonial, em patente reconhecimento das inconsistências do SIGA. Reafirma-se o quanto posto no tópico 6, item A, desta manifestação. É imprescindível a existência de harmonia e uniformização dos registros nas peças contábeis, e da inserção dos dados no SIGA corretamente, de forma refletir com fidedignidade a realidade patrimonial da Comuna. A falta, como dito, repercute na pena ao final imposta.

Repete-se que não mais pode o TCM acolher faltas e irregularidades na alimentação do referido sistema, bem assim que a reincidência, em contas seguintes, poderá repercutir nos méritos respectivos.

De mais a mais, o total das receitas arrecadadas no exercício, consignado no Demonstrativo de Receita Orçamentária (R$77.555.892,93), constante na pasta “Defesa à Notificação da UJ. Nº 113 – Doc. 11”, diverge dos valores evidenciados no Balanço Orçamentário (R$77.605.042,46), no Demonstrativo das Variações Patrimoniais (R$87.087.672,76), e nos Anexos 01, 02 e 10 da Lei 4.320/64 9

(R$77.605.042,46). Agrava-se ainda mais a situação quando verifica-se registro nas contas de Outras Variações Patrimoniais Aumentativas na ordem de R$14.952.901,76, sem que as peças oficiais o detalhassem, inclusive o sistema SIGA. A matéria voltará a ser abordada no tópico 8 desse pronunciamento.

Deve a Administração Municipal promover os esclarecimentos devidos nas contas de 2016, acompanhados das notas explicativas e documentos probatórios pertinentes.

7.2 – BALANÇO ORÇAMENTÁRIO - Anexo XII

A peça contábil em tela demonstra as Receitas e Despesas previstas, em confronto com as realizadas, indicando o Resultado Orçamentário, nos termos do artigo 102 da Lei Federal nº 4.320/64. A comparação da Despesa Realizada com a Receita Arrecadada revela a ocorrência de DEFICIT ou SUPERAVIT ORÇAMENTÁRIO, enquanto o cotejo entre a despesa autorizada com a realizada indica a existência, ou não, de ECONOMIA ORÇAMENTÁRIA.

Os resultados refletidos nas contas revelam Deficit Orçamentário da ordem de R$2.355.177,03 (dois milhões, trezentos e cinquenta e cinco mil cento e setenta e sete reais e três centavos), sintetizado no quadro abaixo:

Descrição R$Receita Prevista 80.000.000,00(-) Receita Arrecadada (A) 77.605.042,46(=) Deficit de Arrecadação 2.394.957,54Despesa Autorizada 80.000.000,00(-) Despesa Executada (B) 75.249.865,43(=) Economia Orçamentária 4.750.134,57Deficit Orçamentário (A-B) 2.355.177,03

Considere-se como se aqui transcritas estivessem as observações contidas no item 7.1 deste pronunciamento.

A Receita Arrecadada em 2015 alcançou o valor total de R$77.605.042,46 (setenta e sete milhões, seiscentos e cinco mil e quarenta e dois reais e quarenta e seis centavos), abaixo da prevista no percentual de 2,99% (dois vírgula noventa e nove por cento), com a seguinte composição:

Descrição Previsão - R$ Arrecadação - R$ Saldo R$Receitas Correntes 73.415.000,00 77.379.192,45 3.964.192,45Receitas de Capital 6.585.000,00 225.850,00 -6.359.150,00

Total 80.000.000,00 77.605.042,45 2.394.957,55

Destaca a Relatoria que a estrutura do Balanço Orçamentário não se revela compatível com o padrão determinado pelo MCASP, uma vez que as receitas de capital estão configuradas dentro das despesas orçamentárias, ainda que o total das receitas arrecadadas represente o montante nele indicado. Evite-se reincidência.

10

As Receitas de Capital situaram-se expressivamente aquém da previsão, de R$6.585.000,00, pois que realizadas no importe de apenas R$225.850,00. No particular, reitera-se a necessidade de utilização de critérios ou parâmetros técnicos mais adequados para a elaboração da LOA, destacando-se o quanto disposto no art. 12 da LRF, abaixo transcrito:

“Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.” (grifos nossos)

Adverte-se para a penalidade prevista no parágrafo único do art. 11 da citada LRF - “É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos” (grifo nosso).

É importante destacar que um planejamento adequado deve levar em consideração os efeitos da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, como bem destacado no art. 12 da LRF, transcrito acima. A utilização de critérios técnicos adequados é indispensável à elaboração de um orçamento mais real.

Quanto as despesas, as empenhadas alcançaram o montante de R$75.249.865,43 (setenta e cinco milhões, duzentos e quarenta e nove mil oitocentos e sessenta e cinco reais e quarenta e três centavos), enquanto as despesas liquidadas e as pagas corresponderam a R$75.249.865,43 e R$73.742.526,53, respectivamente, revelando Restos a Pagar Processados na ordem de R$1.507.338,90 , dados sintetizados no quadro abaixo:

Descrição Empenhada - R$ Liquidada - R$ Paga - R$ Restos a PagarDespesas Correntes 71.961.142,44 71.961.142,44 70.563.801,77 1.397.340,67Despesas de Capital 3.288.722,99 3.288.722,99 3.178.724,76 109.998,23

Total 75.249.865,43 75.249.865,43 73.742.526,53 1.507.338,90

Importante frisar que os Restos a Pagar representam despesas empenhadas e não pagas até o dia 31 de dezembro do exercício financeiro de origem, na forma do disposto no caput do artigo 36 da Lei Federal nº 4.320/64. Constituindo-se em dívidas de curto prazo, impõe a legislação a existência de disponibilidade financeira suficiente à cobertura, até o final do mandato. A matéria voltará ser abordada no item no 7.4.2 deste pronunciamento.

7.2.1 – DEMONSTRATIVO DE EXECUÇÃO DOS RESTOS A PAGAR

De acordo com o MCASP, o Balanço Orçamentário deve integrar os anexos inerentes à execução dos Restos a Pagar, inscritos até o exercício anterior, destacando os Restos a Pagar não Processados e Liquidados. Deve ser elaborado com o mesmo detalhamento das despesas dele constantes. A peça em epígrafe registra saldo de restos a pagar de exercícios anteriores na ordem de R$912.940,17 (pasta “Entrega da UJ, Doc. nº 30”). 11

Em conformidade com análise da área técnica, os Restos a Pagar remanescentes de exercícios anteriores, acima revelado, quando acrescidos dos inscritos no exercício de 2015 – R$1.507.338,90, totalizam R$2.420.279,07 (dois milhões, quatrocentos e vinte mil duzentos e setenta e nove reais e sete centavos). Tal valor será considerado no item 7.4.2 deste pronunciamento.

7.3 – BALANÇO FINANCEIRO - Anexo XIII

O Balanço em epígrafe traduz os dados financeiros refletidos nas contas durante o exercício em análise. Demonstra os valores das receitas e despesas orçamentárias, os ingressos e dispêndios extraorçamentários, bem como os saldos em espécie oriundos do exercício anterior e os a transferir para o seguinte, nos termos do artigo 103 da Lei Federal nº 4.320/64, sintetizados no quadro a seguir:

Descrição Valor R$Receita Orçamentária 77.555.892,93Transferências Financeiras recebidas 9.483.360,03Recebimentos Extraorçamentários 10.977.643,43Saldo do exercício anterior 3.523.632,07

Total 101.540.528,46Despesa Orçamentária 75.249.865,43Transferências Financeiras concedidas 9.483.360,03Pagamentos Extraorçamentários 10.771.836,81Saldo para exercício seguinte 6.035.466,19

Total 101.540.528,46

7.4 – BALANÇO PATRIMONIAL - Anexo XIV

O Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da Comuna em um determinado período, evidenciando os recursos controlados pelo Poder Público, que devem gerar benefícios econômicos para a sociedade. Traduz, também, as obrigações assumidas a curto e a longo prazos, bem como o resultado das operações pelo mesmo efetivadas.

Os valores aqui transcritos são os declarados pela Gestora, submetidos ao crivo de técnicos da Corte que efetivaram registros no Relatório respectivo, analisados pela Relatoria após apreciação da defesa final. São a seguir destacados os seus principais aspectos:

7.4.1 – Termo de Conferência de Caixa

A análise realizada pela área técnica acusa divergência quando comparado o Termo de Conferência de Caixa e Bancos ao saldo registrado no Balanço Patrimonial. Visando descaracterizar a falha, na defesa final a Gestora apresenta um novo Termo ratificando o saldo constante no Balanço de R$6.035.456,19. A dverte-se que é imprescindível o cumprimento dos dispositivos normativos, de sorte a que, nas contas seguintes, sejam rigorosamente cumpridas as regras da Resolução

12

pertinente, antes da disponibilização pública, na medida em que peças contábeis não podem ser alteradas ou substituídas posteriormente.

7.4.2 – Disponibilidade Financeira x Obrigações a Pagar

O saldo registrado nas contas Caixa e Banco do município corresponde, portanto, a R$6.035.456,19 (seis milhões, trinta e cinco mil quatrocentos e cinquenta e seis reais e dezenove centavos), enquanto as obrigações a curto prazo equivalem a quantia de R$6.039.305,03 (seis milhões, trinta e nove mil trezentos e cinco reais e três centavos). Deste montante, R$2.420.279,07 equivalem aos Restos a Pagar, R$2.533.240,12 correspondem a Consignações e Retenções e R$1.085.785,84 às Despesas de Exercícios Anteriores.

Diante do exposto, verifica-se que o saldo financeiro é suficiente para fazer face as obrigações assumidas pela Comuna, conforme pode ser verificado na tabela que segue:

DISCRIMINAÇÃO VALOR R$(+) Caixa e Bancos 6.035.456,19(+) Haveres Financeiros 374.302,80(=) Disponibilidade Financeira 6.409.756,99(-) Consignações e Retenções 2.533.240,12(-) Restos a Pagar de exercícios anteriores (¹) 912.940,17(=) Disponibilidade de Caixa 3.223.051,48(-) Restos a Pagar do Exercício (¹) 1.507.338,90(-) Despesas de Exercícios Anteriores pagas em 2016 1.085.785,84(=) Total 629.926,74Dados extraídos do Demonstrativo da Dívida Flutuante, após análise da área técnica e defesa da Gestora.(¹) valores retirados do Balanço Orçamentário e Anexos.

Destaque-se que os saldos negativos, na ordem de R$-12.842,97, evidenciados no Demonstrativo da Dívida Flutuante – Anexo XVII, localizado na pasta “Entrega da UJ – Doc. nº 27”, não foram considerados nesta análise, que pontua valores coerentes com a natureza da conta. Assim, o total do referido demonstrativo corresponde a R$4.930.346,91, e não o consignado, de R$4.917.503,94. Ademais, os valores registrados no Demonstrativo da Dívida Flutuante – Anexo XVII, atinentes aos restos a pagar, encontram-se divergentes dos contidos no Balanço Orçamentário.

Cabe ressaltar que não há nos autos comprovação de recolhimento dos valores consignados nas contas ISS (R$201.757,28) e IRRF(205.342,77), pertencentes a Comuna. Ainda que consideradas as ponderações possíveis acerca da matéria, tais impostos, retidos quando da efetivação de pagamentos pela Comuna, devem ser, simultaneamente, contabilizados e recolhidos aos cofres públicos.

Os débitos aqui mencionados decorrem de informações extraídas das peças contábeis apresentadas, não eliminada a possibilidade da existência de outros que venham a ser identificados quando da fiscalização de órgãos competentes, o que implicará em responsabilização da Gestora das presentes contas.

13

Na análise aqui efetivada não estão computadas as obrigações de longo prazo assumidas pelo Poder Público, inerentes a dívidas parceladas, na ordem expressiva de R$ 36.582.222,04 (trinta e seis milhões, quinhentos e oitenta e dois mil duzentos e vinte e dois reais e quatro centavos), abordadas no tópico 7.4.7 - Dívida Fundada Interna, deste pronunciamento.

7.4.3 – Créditos a Curto Prazo – Créditos a Receber

Além das disponibilidades financeiras antes destacadas, o Balanço Patrimonial registra direitos a receber a curto prazo, na quantia de R$3.083.118,98 (três milhões, oitenta e três mil cento e dezoito reais e noventa e oito centavos).

O citado valor está declarado no Demonstrativo Consolidado das Contas do Razão (DCR) do mês de dezembro/2015, localizado na pasta “Entrega da UJ – Doc. nº. 59”, conforme segue: Dívida Ativa Tributária – R$2.152.573,78, Dívida Ativa Não Tributária – R$512.293,23, Créditos a Receber Decorrentes da Folha de Pagamento – R$43.949,17, Salário Família – R$156.032,88 e Salário Maternidade – R$218.269,92.

Atente a Gestora para a necessidade de adotar providências necessárias à apuração das pendências assinaladas e obtenção do retorno dos recursos ao Tesouro Municipal. Fica expressamente advertida que o não cumprimento do quanto determinado poderá implicar em sua responsabilização pessoal e repercutir no mérito de contas futuras. Urge atenção e ações saneadoras.

Por outro lado, há que se registrar que não foram, como devido, adotados os procedimentos de reconhecimento dos valores a receber pelo Regime de Competência, em conformidade com as normas contábeis vigentes, inclusive e em especial a Instrução Cameral TCM nº 004/2013-2ªC. Destarte, deve a Administração adotar medidas de estruturação dos setores de arrecadação, tesouraria e contabilidade, possibilitando a identificação, registro e controle dos créditos tributários a receber e os relativos a transferências constitucionais e legais, para o exercício subsequente, de forma a que os demonstrativos contábeis possam evidenciá-los e, com isto, sejam melhor cumpridas as determinações normativas e garantida a transparência das informações contábeis. A permanência da situação pode vir a comprometer o mérito das contas futuras.

7.4.4 – Créditos a Longo Prazo – Dívida Ativa

As importâncias referentes a tributos, multas e créditos em favor do Município, lançados e não cobrados ou recolhidos no exercício de origem, constituem, ex vi do disposto no artigo 39 da Lei Federal nº 4.320/64, a partir da data da respectiva inscrição, a Dívida Ativa Municipal.

A Dívida Ativa, ao final de 2014, correspondeu ao valor total de R$2.425.995,47 (dois milhões, quatrocentos e vinte e cinco mil novecentos e noventa e cinco reais e quarenta e sete centavos). No exercício em exame, houve cobrança na quantia de tão somente R$6.994,06 (seis mil novecentos e noventa e quatro reais e seis

14

centavos), revelando que foram absolutamente tímidas as ações adotadas nesse sentido.

A análise efetivada pela área técnica aponta original ausência da relação da dívida ativa, bem como da sua atualização. Traz a Gestora, tão somente na defesa final, a citada relação, localizada na pasta “Defesa à Notificação da UJ – Doc. nº 82, fls. 02 a 68”. Após análise, verificou-se registro do saldo de R$2.596.557,88, que diverge do valor contabilizado de R$2.664.867,01, em mais uma inconsistência nas presentes contas, a repercutir nas conclusões deste pronunciamento.

Quanto ao questionamento da atualização da dívida, não foi possível determinar, com precisão, a sua regular contabilização tendo em vista a divergência mencionado no parágrafo anterior, muito embora a DVP registre a atualização na ordem de R$239.863,86 (duzentos e trinta e nove mil oitocentos e sessenta e três reais e oitenta e seis centavos). Registre-se que não há, como devido, notas explicativas acerca dos critérios de atualização utilizados.

Face a inconsistência não esclarecida nesta análise, não foi confirmado o saldo da Dívida Ativa registrada ao final do exercício, no montante de R$2.664.867,01 (dois milhões, seiscentos e sessenta e quatro mil oitocentos e sessenta e sete reais e um centavo), sendo Tributária – R$2.152.573,78 e Não Tributária – R$512.293,23.

Fica a Administração Municipal advertida para a expressividade das sanções previstas para a hipótese de omissão no que diz respeito à inscrição e cobrança dos créditos municipais, podendo caracterizar ato de improbidade administrativa, com pena estabelecida no inciso II do artigo 12 da Lei nº 8.429/92. A permanência do quadro existente pode vir a comprometer o mérito de contas futuras.

7.4.5 – Estoques

Os dados declarados pela Gestora revelam a inexistência de saldos para a conta de Estoque/Almoxarifado. Considerando-se que as diversas atividades desenvolvidas pela municipalidade na prestação dos serviços públicos de saúde, educação, assistência social, infraestrutura, dentre outras, exigem da Administração Pública Municipal a aplicação de materiais de consumo ou sua distribuição gratuita, a exemplo de medicamentos, alimentos, produtos médico-hospitalares, materiais de expediente, e que a falta destes insumos põe em risco a continuidade dos serviços públicos, determina-se à Administração Municipal implantar políticas de gestão e controle dos materiais de consumo, observando o critério de avaliação estabelecido no art. 106, III, da Lei nº 4.320/64, de modo que os valores apresentados nos inventários analíticos estejam devidamente contabilizados.

7.4.6 – Inventário

Constituindo-se em levantamento ordenado do patrimônio municipal, a peça de “Inventário” objetiva o eficaz controle dos bens municipais, quantitativa e qualitativamente, inclusive os consignados sob responsabilidade de órgãos e entidades administrativas (Câmaras Municipais e Descentralizadas). Em

15

conformidade com a Resolução TCM nº 1060/05, alterada pela Resolução TCM nº 1340/16 o município deverá manter o Inventário geral na sede da Prefeitura, à disposição do TCM, para as verificações que se fizerem necessárias.

Registre-se que, em conformidade com o Balanço Patrimonial, o saldo do imobilizado ao final de 2015, de R$27.415.438,99, revela uma aumento de R$2.578.712,17, equivalendo a variação positiva ao percentual de 10,38% (dez vírgula trinta e oito por cento), em relação ao saldo do exercício anterior – R$24.836.726,82. O saldo do imobilizado corresponde a Bens Móveis R$10.903.093,54 e Bens Imóveis – R$16.512.345,45, conforme DCR da Comuna.

O relatório técnico revela ausência do registro da depreciação nas peças contábeis, inobservando o contido na Norma Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - NBC T 16.9. O Parecer Prévio do exercício anterior abordou a matéria e efetivou advertência a Gestora das presentes contas, conforme transcrito abaixo:

...“Adverte-se à Administração da Entidade, que adote ações para estruturação do Setor de Patrimônio, objetivando um criterioso controle dos bens patrimoniais da entidade de forma analítica, nos termos art. 94 da Lei Federal nº 4.302/64, e que o Setor de Contabilidade faça constar no Balanço Patrimonial os registros sintéticos correspondentes, inclusive com o reconhecimento da depreciação/amortização/exaustão, em conformidade com as práticas contábeis estabelecidas pela NBCT 16.9.”

A matéria voltará ser examinada nas contas seguintes, de sorte que devem ser adotadas providências que evitem reincidência.

7.4.7 – Dívida Fundada Interna – Anexo XVI

Composta dos compromissos de exigibilidade superior a doze meses, nos termos do art. 98 da Lei Federal nº 4.320/64, a Dívida Fundada Interna ao final do exercício corresponde a elevada quantia de R$36.582.222,04 (trinta e seis milhões, quinhentos e oitenta e dois mil duzentos e vinte e dois reais e quatro centavos), representada pelas seguintes contas:

DÍVIDA FUNDADA VALOR R$INSS 36.125.583,01DESENBAHIA 280.084,60Dívida Receita Federal 5.486,20EMBASA 125.050,35Precatórios 46.017,88

Total 36.582.222,04

Constatado crescimento no percentual de 10,64% (dez vírgula sessenta e quatro por cento) no exercício sob análise, em relação àquela existente em 31/12/2014 – R$32.689.447,78, impõe-se a atuação da Administração para preservação do seu equilíbrio financeiro.

16

Em conformidade com ofício da Receita Federal, há débitos com o INSS no montante de R$36.125.583,01 (trinta e seis milhões, cento e vinte e cinco mil quinhentos e oitenta e três reais e um centavo), detalhados na tabela a seguir:

DESCRIÇÃO VALOR R$a) Débitos previdenciários sob cobrança da RFB não parcelados ou cujos pedidos de parcelamento ainda não tenham sido consolidados 14.648.914,04

b) Débitos previdenciário sob cobrança da RFB parcelados 363.834,30

c) Débitos previdenciários sob cobrança da PGFN não parcelados ou cujos pedidos de Parcelamento ainda não tenham sido consolidados 21.112.834,67d) Débitos previdenciários sob cobrança da PGFN, parcelados 0,00e) Débitos de Contribuições Previdenciárias lançadas de oficio a partir de 01/08/2011, e pagáveis mediante DARF 0,00

Total 36.125.583,01

Cabe ressaltar, portanto, que do montante atinente ao INSS registrado na Dívida Fundada, há valores que não foram parcelados. Considerada a expressividade do débito respectivo, devem ser adotadas providências objetivando obter junto a Receita Federal ou a Procuradoria da Fazenda Nacional o referido parcelamento, que permita a sua paulatina quitação. Adverte-se a Administração que, para efeito da verificação do cumprimento do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal, somente é considerado o parcelamento após o respectivo deferimento, e não a mera solicitação, fato que releva a importância da matéria em face das contas seguintes, do último ano de mandato.

A peça técnica registra que os comprovantes dos saldos das dívidas foram encaminhados em cumprimento ao item 39, art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05. Ressalta, entretanto, a ausência da relação de Precatórios , contendo os beneficiários em ordem cronológica, na quantia de R$46.017,88 (quarenta e seis mil e dezessete reais e oitenta e oito centavos), registrada no Balanço Patrimonial. Na defesa final a Gestora reconhece a falta. Evite-se reincidência.

7.4.8 – Dívida Consolidada Líquida

Os limites de endividamento dos entes da Federação são fixados por Resoluções do Senado Federal, na forma do disposto na Constituição Federal e na LRF. Para o exercício em apreciação vigoram as de números 40/01, relativa ao montante da dívida pública consolidada e 43/01, concernente a operações de crédito e concessão de garantias.

Os valores demonstrados no Balanço Patrimonial do exercício revelam que a Dívida Consolidada Líquida respeita o limite correspondente, cumprido o art. 3º, inciso II da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

8. DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS – Anexo XV

17

Nos termos do art. 104 da Lei Federal nº 4.320/64, o anexo citado reflete as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e registra o resultado patrimonial do exercício (Superavit / Deficit).

O anexo em destaque revela as alterações verificadas no patrimônio, quantitativa e qualitativamente. As variações quantitativas são decorrentes de transações que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido. Já as variações qualitativas são decorrentes de transações que alteram a composição dos elementos patrimoniais, sem afetar o patrimônio líquido. No exercício em referência, as Variações Patrimoniais Aumentativas importaram em R$87.087.672,76 (oitenta e sete milhões, oitenta e sete mil seiscentos e setenta e dois reais e setenta e seis centavos) e as Variações Patrimoniais Diminutivas em R$85.841.770,47 (oitenta e cinco milhões, oitocentos e quarenta e um mil setecentos e setenta reais e quarenta e sete centavos), resultando num Superávit de R$1.245.902,29 (um milhão, duzentos e quarenta e cinco mil novecentos e dois reais e vinte e nove centavos).

Questionando a peça técnica a ausência da composição e documentos referentes aos registros efetivados nos grupos Outras Variações Patrimoniais Aumentativas (OVPA) - R$14.952.901,76 e Outras Variações Patrimoniais Diminutivas (OVPD) - R$7.011.662,97, traz a defesa final a composição de tais grupos, devidamente detalhados no Demonstrativo de Contas do Razão, com exceção de Diversas Receitas na ordem de R$14.686.214,70, registradas na OVPD. Apesar do registro, não houve o respectivo detalhamento. È importante ressaltar que o referido demonstrativo deve obrigatoriamente efetivar a identificação de todas as contas que o compõem.

Quanto aos lançamentos efetivados nos grupos destacados no parágrafo anterior, muito embora a Gestora apresente justificativas, deve-se rever os procedimentos e orientações contidas no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP, principalmente no que concerne a conta de Ajustes de Exercícios Anteriores, na medida em que se apresenta com saldo zero enquanto a DVP registra lançamentos decorrente aos mencionados exercícios anteriores. Evite-se reincidência.

Mais uma vez cabe advertência quanto a necessidade de melhor cumprimento das normas vigentes, devendo as Demonstrações Contábeis conter Notas Explicativas e os detalhamentos devidos, evitando os questionamentos como os aqui postos.

8.1 RESULTADO PATRIMONIAL ACUMULADO

O Patrimônio Líquido da Comuna registra Deficit Acumulado decorrente de exercícios anteriores na ordem de R$5.751.780,43. Acrescido do Superavit de R$1.245.902,99 ocorrido no exercício em exame, registra-se, ao final de 2015, Deficit Acumulado de R$4.505.878,14 (quatro milhões, quinhentos e cinco mil oitocentos e setenta e oito reais e quatorze centavos), a exigir firme atuação da Administração objetivando a reversão do quadro existente.

9. ASPECTOS GERAIS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

18

Finalizadas as análises das demonstrações contábeis - exercício de 2015 - esta Relatoria reitera ser indispensável a correta inserção dos dados no sistema SIGA e o cumprimento da legislação contábil, de sorte a que o referido sistema e as demonstrações contábeis expressem com fidedignidade os dados orçamentários, patrimoniais e financeiros da Comuna. Determina-se que a Administração Municipal, juntamente com o Controle Interno, adotem providências no sentido de regularizar e evitar reincidências nas contas seguintes, quanto as situações destacadas abaixo, muitas das quais já apontadas no Parecer Prévio emitido acerca das contas de 2014:

a) divergências nas contas do Demonstrativo das Contas do Razão gerado pelo SIGA quando comparado com as do Balanço Patrimonial/2015;

b) tímida cobrança da Dívida Ativa;

c) ausência de implantação de políticas de gestão e de controle dos materiais de consumo, observado o critério de avaliação estabelecido no art. 106, III, da Lei nº 4.320/64;

d) ausência de registro da depreciação nas peças contábeis, inobservando o contido na Norma Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - NBC T 16.9;

e) ausência dos procedimentos de reconhecimento pelo Regime de Competência dos créditos tributários a receber e os relativos às transferências constitucionais e legais, em conformidade com as normas contábeis em especial a Instrução Cameral TCM nº 004/2013-2ªC ;

f) ausência de detalhamento da conta “Diversas Receitas”, registradas no grupo Outras Variações Patrimoniais Aumentativas;

g) irregularidades apontadas no tópico 6 deste pronunciamento;

h) outras, mencionadas no decorrer deste pronunciamento, aqui não elencadas.

Providências de regularização de valores lançados incorretamente, como antes ressaltado, devem ser adotadas nas contas seguintes, com as notas explicativas devidas, para exame quando de sua apreciação.

Diante de tudo quanto posto neste tópico, resta patente que as mudanças na contabilidade aplicada ao setor público e os dados do Sistema SIGA – repete-se – impõem que a Administração Municipal reavalie a composição dos setores do Controle Interno, Contábil, Pessoal, Tributação, Patrimônio e Assessorias Contábeis. Sem a qualificação dos profissionais que integram as respectivas áreas não será possível realizar as mudanças propostas, o que, lamentavelmente, comprometerá o mérito das contas futuras.

10. DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

19

10.1 – EDUCAÇÃO - Artigo 212 da Constituição Federal

Foi cumprida a exigência contida no mandamento constitucional destacado, em 2015, uma vez aplicado na manutenção e desenvolvimento do ensino o montante de R$30.050.644,21 (trinta milhões, cinquenta mil seiscentos e quarenta e quatro reais e vinte e um centavos), correspondente ao percentual de 25,35% (vinte e cinco vírgula trinta e cinco por cento), superior ao mínimo de 25% (vinte e cinco por cento), incluídas as despesas pagas e as liquidadas até 31 de dezembro do exercício, inscritas em Restos a Pagar, com os correspondentes saldos financeiros.

10.2 - FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07

A Emenda Constitucional nº 53, de 19/12/06, instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, a ser aplicado na forma do disposto na Lei Federal nº 11.494/07.

Dos recursos totais, o percentual mínimo de 60% (sessenta por cento) é de aplicação obrigatória na remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício na área pública da educação básica – parágrafo único do artigo 22 da lei mencionada. A Prefeitura de Jeremoabo, havendo recebido recursos no montante de R$26.633.484,95 (vinte e seis milhões, seiscentos e trinta e três mil quatrocentos e oitenta e quatro reais e noventa e cinco centavos), despendeu na remuneração mencionada o valor de R$20.159.559,60 (vinte milhões, cento e cinquenta e nove mil quinhentos e cinquenta e nove reais e sessenta centavos), equivalente ao percentual de 75,28% (setenta e cinco vírgula vinte e oito por cento), cumprida a exigência legal. Ausente dos autos o Parecer do Conselho do FUNDEB - artigo 31 da Resolução TCM nº 1.276/08 - a falta não foi corrigida quando da defesa final, porquanto o documento encaminhado na pasta eletrônica “Defesa à Notificação da UJ - Doc. Nº 97” , intitulado “Parecer Conclusivo do Conselho de Acompanhamento e Controle Social”, não contém quaisquer assinaturas dos respectivos membros. Evite-se reincidência.

10.2.1 – Despesas do FUNDEB - §2º, do artigo 21 da Lei Federal nº 11.494/07

O art. 13, parágrafo único da Resolução TCM nº 1.276/08, emitido em consonância ao artigo 21, § 2º da Lei Federal nº 11.494/07, estabelece que até 5,00% (cinco por cento) dos recursos do FUNDEB poderão ser aplicados no primeiro trimestre do exercício subsequente ao recebimento dos valores, mediante abertura de crédito adicional. Verifica-se que na municipalidade de Jeremoabo foi obedecido o limite determinado no dispositivo legal.

10.2.2 - Despesas glosadas em exercício anteriores, face da aplicação de recursos do FUNDEF – Lei Federal nº 9.424/95 e do FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07 – com desvio de finalidade

Há informação nos autos de pendências de restituições determinadas pelo TCM, à conta do FUNDEB, com recursos municipais, das importâncias adiante 20

relacionadas, na medida em que inobservadas as disposições da Lei Federal nº 11.494/07.

Processo Responsável (eis) Natureza Valor R$ Observação

07978-00 JOAO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEF R$ 27.984,08 conforme parecer prévio nº 462-00, relativo ao exercício de 1999

06514-02 JOAO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEF R$ 32.555,62 conforme parecer prévio nº 250-02, relativo ao exercício de 2001

06596-06 SPENCER JOSE DE SA ANDRADE FUNDEF R$ 3.032,50

08088-07 SPENCER JOSE DE SA ANDRADE FUNDEF R$ 119.541,04

09082-08 SPENCER JOSÉ DE SÁ ANDRADE FUNDEB R$ 294.412,05

82732-04 JOAO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEF R$ 111.655,25

08669-01 JOAO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEF R$ 215.307,00 conforme parecer prévio Nº 042-01, relativo ao exercício de 2000

07443-05 JOAO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEF R$ 73.941,84

09220-09 SPENCER JOSÉ DE SÁ ANDRADE FUNDEB R$ 95.733,43

08162-11 JOÃO BATISTA MELO DE CARVALHO FUNDEB R$ 293.231,77

09135-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO FUNDEF R$ 622.215,98 Proc. nº 03245-16 para verificações na IRCE da devolução de 10 parcelas no valor R$48.668,11

A defesa final informa que teria realizado restituições atinentes aos processos relacionados no quadro acima – pasta “Defesa à Notificação da UJ, nº 98 – Doc. 16”, a exceção do Processo nº 09135-15, acerca do qual alega ter encaminhado o comprovante para a Inspetoria Regional. Transcreve-se o respectivo texto, verbis:

“Conforme Parecer Prévio das Contas de 2014 item 3.5, foram devolvido todos os valores pendentes até o exercício 2014 referentes ao FUNDEF e FUNDEB, que estão sendo verificados na 2º DCE . Estamos reenviando os comprovantes e o decreto. (DOC. 16).

Quanto ao Processo nº 09135-15 – Anabel de Sá Lima Carvalho no valor de R$622.215,98 com a observação "Processo nº 03245-16 para verificações na IRCE da devolução de 10 parcelas no valor de R$ 48.668,11 estamos encaminhando para a IRCE cópia dos comprovante de devolução .” (grifamos).

Considerando a manifestação da Gestora, deve a Unidade Técnica competente do TCM efetivar as verificações e, na hipótese de remanescer saldo a devolver, lavrar o competente Termo de Ocorrência. Os documentos colacionados, na pasta “Defesa à Notificação da UJ, nº 98 – Doc 16”, serão encaminhados para a análise da unidade técnica desta Corte.

10.3 – APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE

A Lei Complementar nº 141, de 13/01/12, estatui em seu art. 7º a obrigatoriedade da aplicação, pelos municípios, do percentual mínimo de 15% (quinze por cento) dos recursos enumerados nos artigos 156, 158 e 159, I, “b” e § 3º da CRFB em ações e serviços públicos de saúde, com a exclusão do percentual de 1% (um por cento) do FPM, na forma da Emenda Constitucional nº 55/07.

A Prefeitura cumpriu a norma constitucional, na medida em que aplicou, em 2015, o valor de R$5.875.350,78 (cinco milhões, oitocentos e setenta e cinco mil trezentos 21

e cinquenta reais e setenta e oito centavos), correspondente ao percentual de 17,09% (dezessete vírgula nove por cento) dos recursos pertinentes, nas ações e serviços referenciados, qual seja, R$34.382.571,51 (trinta e quatro milhões, trezentos e oitenta e dois mil quinhentos e setenta e um reais e cinquenta e um centavos).

Ausente dos autos o Parecer do Conselho Municipal de Saúde, a defesa final não logra descaracterizar a falta, porquanto apresentada Ata de reunião, e não o Parecer exigido no art. 13 da Resolução TCM nº 1.276/08. Evite-se a reincidência.

10.4 – TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PARA O PODER LEGISLATIVO

O artigo 29-A da Constituição da República estabelece limites e prazo para o repasse de recursos ao Poder Legislativo Municipal, observada a execução orçamentária, de sorte a manter a proporção originalmente fixada. A redução ou superação do montante caracteriza crime de responsabilidade.

A dotação orçamentaria prevista – R$2.320.000,00 – é superior ao referido limite máximo fixado – R$2.185.927,84. Verificada a ocorrência de repasses ao Poder Legislativo no último valor mencionado, considera-se cumprida a norma constitucional.

10.5 – REMUNERAÇÃO DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei nº 440 fixou os subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais em R$15.000,00, R$7.500,00 e R$5.500,00, respectivamente.

Em decorrência de exames procedidos pela área técnica, identificou-se que no exercício em análise houve duplicidade de lançamentos no sistema SIGA, correspondente as folhas de pagamento da Prefeita e da Vice Prefeita, além de divergência quando comparado o valor pago aos secretários municipais, apurado pela Regional, e o informado no sistema SIGA, a impedir o exame da regularidade, ou não, da matéria.

Deve a Administração Municipal, em face do quanto aqui registrado, promover, URGENTEMENTE, revisão no cadastro dos agentes políticos (Prefeito, Vice Prefeito e Secretários Municipais) no sistema SIGA/Captura, evitando a repetição das falhas nas contas seguintes e a sanção contida no art. 15 da Resolução nº 1282/09. Por outro lado, deve a área técnica desta Corte manter o acompanhamento da matéria de forma rigorosa, inclusive, com registros das irregularidades, se ocorrer, notificando a Gestora para regularização das inconsistências detectadas. A situação aqui posta repercute nas conclusões deste pronunciamento.

10.6 – DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

Na forma do disposto no artigo 74 da Lei Maior, o sistema em epígrafe compreende procedimentos e políticas estabelecidos com o fim de auxiliar o alcance dos objetivos e das metas propostos, além de assegurar a execução correta do

22

planejamento orçamentário-financeiro e da gestão patrimonial, sob os aspectos de legalidade, economicidade, eficiência e eficácia. Constitui, portanto, conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos e procedimentos interligados, que permitem evitar o cometimento de equívocos, a sua oportuna correção, apontando eventuais irregularidades não sanadas ao controle externo.

Os autos revelam indiscutível e premente necessidade de aperfeiçoamento da atuação do Controle Interno na Prefeitura Municipal de Jeremoabo, inclusive e indispensavelmente na supervisão dos dados inseridos no sistema SIGA, matéria que suscitou distorções nas informações, quando comparadas com os dados do sistema da Comuna, conforme apontado em diversos trechos desta manifestação, a exemplo dos itens 6, 7.1, e 9, inerentes aos tópicos Acompanhamento da Execução Orçamentária (Cientificação/Relatório Anual), Demonstrativo Consolidados do Sistema SIGA, e Aspectos Gerais das Demonstrações Contábeis. Deve o mesmo agir no dia a dia da Administração, sendo o seu titular solidariamente responsável em aspectos legalmente previstos.

11. DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

11.1 – DESPESA TOTAL COM PESSOAL

A LRF, em seus artigos 18 a 20, 21 a 23 e 66, define e estabelece limites específicos para as despesas com pessoal e disciplina a forma de efetivação dos controles pertinentes. O § 1º do artigo 5º da Lei Federal nº 10.028/00 prevê, além de penalidades institucionais, a aplicação de multa para o Poder que deixar de ordenar ou de promover a execução de medidas para a redução de eventuais excessos.

Conforme informações constantes no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, observou-se que nos últimos quatro trimestres do exercício de 2015, a taxa de variação real acumulada do Produto Interno Bruto - PIB foi inferior a 1% (um por cento). Este fato tem repercussão sobre as despesas de Pessoal no que tange aos prazos estabelecidos no art. 23 da LRF, porquanto duplicados, conforme dispõe o art. 66 da citada lei, sem prejuízo das medidas previstas no art. 23, §3º da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A verificação da observância ou não do regramento citado impõe a análise dos gastos dos exercícios anteriores, além do atual (2015). O quadro abaixo revela a evolução do índice da despesa de pessoal, desde o 3º quadrimestre de 2012 até o 3º quadrimestre do exercício em análise.

PERCENTUAL DA DESPESA DE PESSOAL POR QUADRIMESTREEXERCICIO 1º QUADRIMESTRE 2º QUADRIMESTRE 3º QUADRIMESTRE

2012 ------ ------ 50,862013 61,97 60,41 65,462014 60,79 59,90 60,882015 60,57 60,70 58,80

11.1.1 - LIMITE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL REFERENTE AO 1º QUADRIMESTRE DE 2013 23

A despesa realizada com pessoal no 1º quadrimestre de 2013, ultrapassou o limite definido no art. 20, III, 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF aplicando 61,97% (sessenta e um vírgula noventa e sete por cento) da Receita Corrente Líquida. Consoante o que estabelecem os art. 23 e 66 da LRF, o município deveria eliminar pelo menos 1/3 (um terço) do percentual excedente no 2º quadrimestre de 2013 e o restante (2/3) no 3º quadrimestre de 2013. O município não reconduziu a dívida nos prazos acima citados.

11.1.2 - LIMITE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL REFERENTE AO 3º QUADRIMESTRES DE 2015

Ao final do exercício, o Município de Jeremoabo permaneceu descumprindo o limite definido no art. 20, III, 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF aplicando 58,80% (cinquenta e oito vírgula oitenta por cento) da Receita Corrente Líquida de R$77.329.641,79 (setenta e sete milhões, trezentos e vinte e nove mil seiscentos e quarenta e um reais e setenta e nove centavos), refletido no quadro a seguir:

DESPESA COM PESSOAL R$Receita Corrente Líquida 77.329.641,79 Limite legal – 54% (art. 20 LRF) 41.758.006,57 Limite Prudencial – 95% (art. 22) 39.670.106,24 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) 37.582.205,91 Participação em 2015 45.467.225,87 Percentual 58,80

Observa-se que a Prefeitura encerrou o exercício de 2015 com aplicação nos 3 quadrimestres desse exercício os percentuais de 60,57%, 60,70% e 58,80% da Receita Corrente Líquida.

A regra de que trata o § 1º do art. 5º da Lei Federal nº 10.028/00 determina a aplicação de penalidade de multa nas hipóteses ali delineadas em até 30% dos vencimentos anuais do Prefeito Municipal.

Com base nos princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade impõe-se a modulação desse gravame, resultando na cominação ao gestor de multa no percentual de 12% dos seus vencimentos anuais.

Essa, aliás, foi a linha de intelecção adotada pelo eminente Ministro Walton Alencar Rodrigues, ilustre integrante do TCU que, ao manifestar sobre o assunto mediante Acórdão nº 317/2003, entendeu que se praticaria melhor justiça “que a multa prevista no art. 5º, § 1º da Lei nº 10.028/2000 deve ser aquilatada pelo juiz e entendida como de até 30% dos vencimentos anuais do gestor, conferindo ao aplicador da norma a necessária margem de valoração da conduta para fixação do seu valor.”

Destarte, não se revela aceitável e nem razoável afirmar que houve descontrole administrativo a ensejar a rejeição das contas, dado que ficou evidenciado que, embora não tenha ocorrido o cumprimento da LRF, não houve aumento significativo da despesa realizada, revelada no percentual no patamar de 60,88% no final do 24

exercício de 2014, enquanto no final do exercício de 2015 passou a ser de 58,88%, ainda mais porque neste período o PIB já se mostrava negativo, o que, certamente, dificultou a adoção das medidas saneadoras recomendadas.

Por tais razões, esta relatoria inclina-se pela não aplicação da rigorosa penalidade de rejeição das contas em apreço, cominando-se-lhe, no entanto, a multa prevista no § 1º do art. 5º da Lei Federal nº 10.028/00, além de advertir-lhe para a recondução da despesa total com pessoal no prazo estabelecido no art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, considerando que já no 2º quadrimestre (2014) a despesa realizada no índice de 58,58% desconsidera o estabelecido no art. 20 da Lei Complementar nº 101/00.

Assim sendo, a recorrente logrou reduzir o impacto sobre o mérito do questionamento envolvendo a realização de despesas total com pessoal, na medida em que comprometeu o percentual de 58,80% da Receita Corrente Líquida.

11.2 – RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DE GESTÃO FISCAL

11.2.1 – Publicidade

De acordo com análise da área técnica, a Comuna publicou os Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) e Relatório de Gestão Fiscal (RGF), atinentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e dos 1º, 2º e 3º quadrimestres, respectivamente, cumprida a legislação em vigência.

11.3 – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Deve o Poder Executivo, na forma do disposto no art. 9º, §4º, da LRF, demonstrar e avaliar, até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, em audiências públicas o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre. De acordo com a área técnica, as referidas audiências foram realizadas nos prazos estabelecidos na legislação supracitada.

12. DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

12.1 – ROYALTIES / FUNDO ESPECIAL / COMPENSAÇÕES FINANCEIRAS DE RECURSOS MINERAIS E HÍDRICOS – Resolução TCM nº 931/04

A Prefeitura de Jeremoabo, no exercício de 2015, recebeu recursos provenientes dessa origem no montante de R$270.007,44 (duzentos e setenta mil e sete reais e quarenta e quatro centavos). Segundo a Inspetoria Regional as despesas foram efetivadas em consonância com a legislação em regência.

12.2 – CIDE – Resolução TCM nº 1.122/05

Revelam os autos que o município recebeu a importância de R$21.862,87 (vinte e um mil oitocentos e sessenta e dois reais e oitenta e sete centavos), relativa a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. A Inspetoria Regional não

25

identificou a realização de despesas incompatíveis com a legislação vigente pagas com o referido recurso.

13. DAS MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

Em conformidade com o Pronunciamento Técnico, existem pendências relativas ao não recolhimento de cominações impostos a Agentes Políticos municipais, em decisões transitadas em julgado nesta Corte – multas e ressarcimentos. Em várias ocasiões, Gestores das contas deixam de informar a quitação de cominações, ou, em outros casos, a Corte não confirma a contabilização e pagamento de valores informados, essencialmente quando das defesas finais.

Foram colacionados aos autos, na defesa final, documentos localizados na pasta “Defesa à Notificação da UJ, nº 105 e 106 – Doc. 20 e 21”, que serão analisados pela Diretoria de Controle Externo (DCE) para verificações e registros, que não atingem multas imputadas à Gestora, a esta data vencidas.

Eventuais penalidades não registradas neste pronunciamento, não isentam a Gestora, restando ressalvada essa possibilidade.

Fica advertida a Sra. Prefeita que, nos termos do art. 39, § 1º da Lei nº 4.320/64, é obrigatório , para efeito de controle, inscrever na Dívida Ativa Municipal todos os débitos resultantes de cominações impostas pela Corte de Contas e não recolhidas no prazo devido. De igual sorte, também se advirta do dever de propor as respectivas ações judiciais de cobrança , sob pena de comprometimento do mérito de contas vindouras, determinação de ressarcimento ao erário municipal dos prejuízos causados por tal omissão e formulação de representação ao douto Ministério Público Estadual, na forma do disposto no Parecer Normativo nº 13/07.

Destarte, na hipótese de não dispor dos atos das cominações pendentes, mencionadas acima, deve o mesmo obtê-los perante a Secretaria Geral deste Tribunal, de sorte a adotar as providências devidas, evitando que venha a sofrer as cominações antes reportadas. A matéria será objeto de apreciação quando da análise das contas dos exercícios subsequentes.

Os quadros abaixo, transcritos da manifestação da área técnica, revelam pendências de recolhimento. A sua repetição, aqui, sem considerar os documentos supra referidos, visa possibilitar as verificações devidas e adoção de providências, pela Gestora, objetivando o pagamento e a recuperação de recursos do Tesouro Municipal.

MULTAS

Processo Multado Cargo Vencimento Valor R$ Observação

08162-11 JOÃO BATISTA MELO DE CARVALHO

Prefeito 09/06/2012 R$ 8.000,00 PG. R$2.706,61 EM 18/10/12 REF. 1/3 DOCS A IRCE EM 29/01/13DOCS REAPRES. INCLUINDO PRCLS 2 E 3 VIA DAM NÃO AUTENTICADOÁ IRCE EM 06/05/14 PROC 05871-14.

26

83009-11 JOÃO BATISTA DE CARVALHO (TISTA)

PREFEITO 14/10/2012 R$ 8.000,00

09329-13 JOÃO BATISTA MELO DE CARVALHO

Prefeito 16/12/2013 R$ 20.000,00

09329-13 PEDRO BONFIM VARJÃO Prefeito 16/12/2013 R$ 18.000,00

08683-14 ANABEL DE SÁ LIMA VARVALHO Prefeita 11/04/2015 R$ 54.000,00

09135-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO Prefeito 30/01/2016 R$ 5.000,00

11285-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO PREFEITA 05/02/2016 R$ 3.000,00

11284-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO PREFEITA 08/08/2016 R$ 2.000,00

11289-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO PREFEITA 30/07/2016 R$ 1.500,00

11279-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO PREFEITA 17/09/2016 R$ 3.000,00

11276-15 ANABEL DE SÁ LIMA DE CARVALHO

PREFEITA 18/09/2016 R$ 15.000,00

11283-15 ANABEL DE SÁ LIMA CARVALHO PREFEITA 15/10/2016 R$ 1.000,00

RESSARCIMENTOS

Processo Responsável Cargo Vencimento Valor R$ Observação

41552-03 ANA JOSEFINA MELO DE CARVALHO

PRESIDENTE 12/01/2004 R$ 5.409,27 PG. 01 PARCELA R$600,00, ENCAMINHADO A IRCE P/VERIFICAR, PAGO R$6728,22. DOCS A IRCE EM 25/11/14 Proc. nº03668-13, comprovando o pagamento de 24 parcelas no valor de R$373,79, cada, totalizando R$8.970,96, resta saldo a restituir atualiza

07443-05 RENATO DANTAS DANTAS MACEDO

SECRETÁRIO DE SAUDE.

17/12/2005 R$ 1.900,00

09220-09 SPENCER JOSÉ DE SÁ ANDRADE

EX-PREFEITO 05/04/2010 R$ 110.686,30

01451-10 SPENCER DE SÁ ANDRADE

PREFEITO 04/07/2010 R$ 112.000,00

09205-10 JOÃO BATISTA MELO DE CARVALHO

PREFEITO 23/01/2011 R$ 3.086,67

08162-11 JOÃO BATISTA MELO DE CARVALHO

PREFEITO 09/06/2012 R$ 72.346,68

09329-13 PEDRO BONFIM VARJÃO

PREFEITO 16/12/2013 R$ 8.000,00

08683-14 ANA DE SÁ LIMA CARVALHO

PREFEITA 11/04/2015 R$ 19.124,74

É deferido prazo de até 60 (sessenta) dias a contar deste pronunciamento para que a Gestora efetive a comprovação da adoção das providências acima referidas, sob pena do comprometimento do mérito de contas futuras.

No Pedido de Reconsideração a Gestora colacionou aos autos os comprovantes de pagamento de multas de R$ 54.000,00, R$ 5.000,00, R$ 3.000,00, R$ 2.000,00, R$ 1.500,00, R$ 3.000,00, R$ 15.000,00 e R$ 1.000,00 (processos TCM nº 08683/14, 09135/15, 11285/15, 11284/15, 11289/15, 11279/15, 11276/15 e 11283/15, e do ressarcimento de R$ 19.124,74 (processo TCM nº 08683/14), todos de sua responsabilidade, que também devem ser analisados pela DCE, para verificações e registros (“Pasta do Pedido de Reconsideração da UJ, documentos 117 a 132”).

14. DAS DENÚNCIAS E TERMOS DE OCORRÊNCIA EM TRAMITAÇÃO

27

Registre-se a tramitação, em separado, dos processos de Denúncia TCM nºs 11281-15 e 12066-15, cujas decisões não transitaram em julgado. Ficam ressalvadas eventuais providências decorrentes.

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os documentos digitalizados e anexados às petições e remessas eletrônicas deverão ser adequadamente organizados de forma a facilitar o exame dos autos eletrônicos. Assim sendo, a não localização de documentos, a sua inclusão em pasta divergente do informado na defesa e a digitalização de forma incompleta, não sanará as eventuais irregularidades contidas no relatório técnico, de exclusiva responsabilidade da Gestora.

Esta Relatoria adverte, de logo, a responsável pelas contas que, em caso de discordância, envie eletronicamente, no prazo devido, toda a documentação necessária ao esclarecimento das irregularidades apontadas por esta Corte, no máximo no prazo legal para interposição de eventual Pedido de Reconsideração, pois esta Relatoria só irá apresentar Pedido de Revisão nas situações legalmente previstas - art. 29, § 3° do Regimento Interno - e não quando provocada em face de omissões da Gestora na apresentação tempestiva de comprovações.

16. CONCLUSÃO

Vistos, detidamente analisados e relatados, respeitados que foram os direitos constitucionais ao contraditório e a ampla defesa em todas as fases processuais, com supedâneo no disposto no inciso II, do artigo 40, combinado com o artigo 42, ambos da Lei Complementar Estadual nº 006/91, votamos pela aprovação, todavia, com ressalvas, das contas do exercício financeiro de 2015 da Prefeitura Municipal de Jeremoabo, constantes do processo TCM nº 02140e16, da responsabilidade da Sra. Anabel de Sá Lima Carvalho.

Consideradas as faltas, senões e irregularidades aqui apontados e detalhados nos pronunciamentos técnicos, aplica-se a referida Gestora multas nos valores de R$5.000,00 (cinco mil reais) e de R$ 21.600,00 (vinte e um mil e seiscentos reais), a primeira com arrimo no artigo 71, incisos I, II, IV, VII e VIII da mesma Lei Complementar citada e, a segunda, em face da violação do inciso IV do art. 5º, da Lei Federal nº 10.028/2000, a serem recolhidas ao erário municipal, com recursos pessoais, no prazo de 30 (trinta) dias a contar do trânsito em julgado do Parecer Prévio, na forma da Resolução TCM nº 1.124/05, devendo para tanto ser emitida a competente Deliberação de Imputação de Débito.

Determina-se a adoção, pela Unidade Técnica competente, da auditoria sugerida no parecer do MPEC/TCM, na forma do quanto posto no item 6. D deste pronunciamento. De igual sorte, efetive-se verificações acerca da existência, ou não, de pendências de restituições ao FUNDEB. Em caso afirmativo, lavre-se Termo de Ocorrência contendo os elementos necessários e probatórios.

28

Esclareça-se que este pronunciamento se dá sem prejuízo das conclusões que possam ser alcançadas relativamente a omissão da Gestora quanto ao dever de prestar contas de eventuais repasses de recursos públicos municipais para entidades civis sem fins lucrativos, a título de subvenção social ou auxílio, a Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP ou a Organizações Sociais - OS, decorrentes de convênios acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres. A matéria deve ser acompanhada pela Diretoria de Controle Externo (DCE) competente.

Determinação à Secretaria Geral (SGE) :

• Tomar as providências necessárias referentes a documentação encaminhada via e-TCM, atinente a multas e ressarcimentos, localizada na pasta “Defesa à Notificação da UJ, nºs 105 e 106 – Doc. 20 e 21”, e “Pasta do Pedido de Reconsideração da UJ, documentos 117 a 132”, para que a Diretoria de Controle Externo (DCE) efetive as verificações e registros devidos, em conformidade com o contido nos itens 3 e 13.

Ciência aos interessados e à DCE, esta para acompanhamento do quanto aqui posto. SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 20 de abril de 2017.

Cons. Fernando Vita Presidente em Exercício

Cons. Plínio Carneiro Filho Redator

Foi presente o Ministério Público de ContasProcurador Geral do MPEC

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

29