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7/23/2019 Pt.wikipedia.org Wiki Revoluções de 1848 http://slidepdf.com/reader/full/ptwikipediaorg-wiki-revolucoes-de-1848 1/13  Reunião cartista em Kennington Common, 1848. Revoluções de 1848 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Dá-se o nome de Revoluções de 1848 à série de revoluções na Europa central e oriental que eclodiram em função de regimes governamentais autocráticos, de crises econômicas, de falta de representação política das classes médias e do nacionalismo despertado nas minorias da Europa central e oriental, que abalaram as monarquias da Europa, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e econômicas. Também chamada de Primavera dos Povos, este conjunto de revoluções, de caráter liberal, democrático e nacionalista, foi iniciado por membros da burguesia e da nobreza que exigiam governos constitucionais, e por trabalhadores e camponeses que se rebelaram contra os excessos e a difusão das práticas capitalistas. A partir de 1845, a situação política francesa foi profundamente agravada pela eclosão de uma crise do capitalismo. Essa crise acabaria se estendendo por todo o continente e estaria na origem das revoluções liberais que abalaram a Europa Centro-ocidental, no ano de 1848. Os anos de 1845 e 1846 foram de péssimas colheitas, desencadeando uma crise agrícola em todo o continente. A crise agrícola iniciou-se em Flandres e na Irlanda, com as péssimas colheitas de  batatas. Na Europa ocidental, a má colheita de trigo desencadeou em 1846 uma série de revoltas camponesas. Essa crise desencadeou uma alta vertiginosa do custo de vida, atirou à miséria grandes setores da população rural e reduziu drasticamente a sua capacidade de consumo de produtos manufaturados. A crise se agravou atingindo a indústria e as finanças. A crise, naturalmente, não teve caráter uniforme e atingiu de forma diferente cada região. Foi predominantemente industrial na Inglaterra e na França, mas sobretudo agrícola na Irlanda e na Itália. De qualquer modo, atingiu duramente a massa popular, que se tornou, por isso mesmo, extremamente sensível aos apelos revolucionários difundidos pelos socialistas, que, em 1848, conquistaram grande nitidez no cenário europeu. Índice 1 Revolução de 1848 na França 1.1 Antecedentes 1.1.1 Revolução de 1830 1.2 Revolução de Fevereiro de 1848 1.3 Reformas políticas 1.4 Reação conservadora 1.5 Revolução de Junho de 1848 1.6 Outro 18 de Brumário 1.7 A Primavera dos Povos 2 Revolução de 1848 nos Estados Alemães 2.1 Antecedentes Página 1 de 13 Revoluções de 1848 - Wikipédia, a enciclopédia livre 23/08/2010 http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%B5es_de_1848

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 Reunião cartista em Kennington

Common, 1848.

Revoluções de 1848Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dá-se o nome de Revoluções de 1848 à série derevoluções na Europa central e oriental que eclodiramem função de regimes governamentais autocráticos, decrises econômicas, de falta de representação política dasclasses médias e do nacionalismo despertado nasminorias da Europa central e oriental, que abalaram asmonarquias da Europa, onde tinham fracassado astentativas de reformas políticas e econômicas. Tambémchamada de Primavera dos Povos, este conjunto derevoluções, de caráter liberal, democrático enacionalista, foi iniciado por membros da burguesia e danobreza que exigiam governos constitucionais, e portrabalhadores e camponeses que se rebelaram contra osexcessos e a difusão das práticas capitalistas.

A partir de 1845, a situação política francesa foi profundamente agravada pela eclosão de uma crisedo capitalismo. Essa crise acabaria se estendendo por todo o continente e estaria na origem dasrevoluções liberais que abalaram a Europa Centro-ocidental, no ano de 1848.

Os anos de 1845 e 1846 foram de péssimas colheitas, desencadeando uma crise agrícola em todo ocontinente. A crise agrícola iniciou-se em Flandres e na Irlanda, com as péssimas colheitas de

 batatas. Na Europa ocidental, a má colheita de trigo desencadeou em 1846 uma série de revoltascamponesas. Essa crise desencadeou uma alta vertiginosa do custo de vida, atirou à miséria grandessetores da população rural e reduziu drasticamente a sua capacidade de consumo de produtosmanufaturados. A crise se agravou atingindo a indústria e as finanças. A crise, naturalmente, nãoteve caráter uniforme e atingiu de forma diferente cada região. Foi predominantemente industrial naInglaterra e na França, mas sobretudo agrícola na Irlanda e na Itália. De qualquer modo, atingiuduramente a massa popular, que se tornou, por isso mesmo, extremamente sensível aos apelosrevolucionários difundidos pelos socialistas, que, em 1848, conquistaram grande nitidez no cenárioeuropeu.

Índice

1 Revolução de 1848 na França■

1.1 Antecedentes■

1.1.1 Revolução de 1830■

1.2 Revolução de Fevereiro de 1848■

1.3 Reformas políticas■

1.4 Reação conservadora■

1.5 Revolução de Junho de 1848■

1.6 Outro 18 de Brumário■

1.7 A Primavera dos Povos■

2 Revolução de 1848 nos Estados Alemães■

2.1 Antecedentes■

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 Eugène Delacroix: A Liberdade

Guiando o Povo.

2.2 As Revoluções■

3 Revolução de 1848 na Áustria■

4 Revolução de 1848 dos Checos■

5 Revolução de 1848 dos Húngaros■

6 Revolução de 1848 nos Estados Italianos■

7 A contra-revolução■

8 Bibliografia■

Revolução de 1848 na França

A revolução irrompeu primeiramente na França, onde adeptos do sufrágio universal e uma minoriasocialista, sob a liderança de Louis Blanc, conseguiram derrubar a monarquia de julho e criaram aSegunda República.

Antecedentes

A partir de 1830, com o fortalecimento das tendências republicanas, a opinião pública européia seradicalizou. O desenvolvimento industrial e o substancial crescimento do proletariado urbano francêsentre 1830 e 1850, originaram novos problemas sociais. A situação dos operários era desesperadora.Em Lyon esta classe protagonizou mesmo alguns levantamentos, que foram, todavia, duramentereprimidos pelas autoridades. Depois destes levantamentos populares surgiram um pouco por toda aFrança sociedades secretas constituídas por operários, ligadas ao movimento republicano e aomovimento do socialismo utópico.

 No período que mediou os anos 1845 e 1847 a França foi assolada por dois anos de más colheitasagrícolas, provocadas sobretudo pela praga da batata, que teve uma maior incidência neste país e naIrlanda. Em 1847 a situação agravou-se com uma crise econômica, traduzida na queda do valor dossalários e no encerramento de inúmeras unidades fabris. A instabilidade, no entanto, vinha de trás.Em 1848 a primeira revolta de caráter liberal na Europa foi a de rebeldes sicilianos.

Revolução de 1830

 Nos últimos anos do reinado de Luís XVIII (1814-1824) e por todo o reinado de Carlos X, o conde de Artois (1824-1830), sucederam-se perturbações internas graves. Estemonarca decidiu confiar a chefia do governo ao príncipe de

Polignac. Longe de resolver os problemas o novo estadista preocupou-se com uma bem sucedida expedição à Argélia. A publicação das Ordenações de Julho (Ordenanças deJulho), em 25 de Julho de 1830, suprimindo a liberdade deimprensa, dissolvendo a câmara, reduzindo o eleitorado,anulando as últimas eleições e permitindo-se governaratravés de decretos, deu origem ao levantamento de

 barricadas em Paris (1830) e à generalização da luta civil queconduziria à Monarquia de Julho, cujo clima perpassa pelas

 páginas de Os Miseráveis, de Victor Hugo. Carlos X parte para o exílio. Sucede-lhe o primo Luís

Filipe I, conhecido como "o rei burguês". Os financistas viram-se representados, uma vez que o próprio monarca era oriundo daquelas fileiras. Apoiado por banqueiros como Casimire Pérere econtando com ministros como Thiers ou François Guizot, a nova monarquia vem assim conseguir

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 O rei Luís Filipe I.

 Charge da revolução de fevereiro de

1848.

impor um clima de paz e prosperidade. O reinado de Luís Filipe revelou-se arquiconservador,gerando insatisfações. O descontentamento popular contra o rei Luís Filipe e seu ministro Guizotavolumava-se desde 1846, estimulado pela crise econômica. Apesar disso, o poder julgava-sesolidamente instalado, com apoio dos conservadores, sobretudo banqueiros. As revoltas populares,entretanto, sucederam-se a tal ponto que a própria Guarda Nacional acabou por as apoiar, aderindo àsedição.

Revolução de Fevereiro de 1848

Em 1848, preparava-se uma revolta popular que colhia algumasimpatia por parte da burguesia. A burguesia industrialnomeadamente conseguiu a direito de sufrágio e a redução docenso eleitoral, os operários reclamavam a instauração de umaRepública e exigiam uma reforma. Com isso a revolta tinha uma

 petição com 5 milhões de assinaturas.

Os revoltosos combinaram diversas reuniões,entre as quais sedestacou o banquete público da oposição de 22 de Fevereiro de1848, que o governo tentou impedir que se realizasse. A

 burguesia afastou-se dos operários; contudo, estes, juntamentecom artesãos e estudantes, concentraram-se no local combinado.O apelo à rebelião foi lançado por adeptos do sufrágio universal,

 partidários de reformas sociais e uma minoria socialista, sob aliderança de Louis Blanc, que tinham conseguido escapar às autoridades. Centenas de milhares deinsatisfeitos com o desemprego, mas sem um programa político claro, descobriram que queriamderrubar o governo do rei Luís Filipe, de seus ministros e de todo o sistema econômico que osenriquecia às custas dos trabalhadores. No dia seguinte, o centro de Paris estava cheio de barricadas

que assustaram os burgueses moderados da oposição. O rei demitiu Guizot na esperança de aplacar arevolta, mas a multidão voltou a protestar e, na madrugada do dia 24, foi atacada a tiros pela Guarda

 Nacional. Na fuzilaria morreram cerca de 500 pessoas. Os cadáveres foram colocados em carrosiluminados por tochas e desfilaram pelo centro de Paris, alimentando a insurreição, dando início auma luta aberta que se estendeu por toda a cidade. Soldados da Guarda Nacional, enviados parareprimir os manifestantes, uniram-se a eles.

O governo ensaiou oferecer reformas de esquerda paracontrolar a rebelião que aumentava de proporções, mas

 já era tarde. Na manhã do dia 24 de Fevereiro, quando

inspecionava as tropas, o rei foi vaiado por elas. Osinsurrectos controlavam os arsenais. À tarde, já corriam proclamações republicanas. Incapaz de reagir, a LuísFilipe só restava abdicar o trono. O parlamento dissolveu-se. A Monarquia de Julho tinha sido destronada e nasciaa Segunda República (1848-1852).

Os grandes burgueses moderados da oposição estavamexasperados,pois o que mais temiam estava nas ruas: arevolução social dos pobres. As ruas de Paris eramtomadas por um contingente de 40 a 50 mil manifestantes, sendo que muitos foram mortos e 15 mil,

 presos. Rapidamente formou-se um governo de coalizão entre a burguesia moderada, a pequena burguesia republicana e os socialistas. Os primeiros estavam preocupados com a ordem e a

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 Masque mortuaire de Auguste

Blanqui, Eau-forte de F. Braquemond 

estabilidade; os republicanos, com a república e o sufrágio universal; e os socialistas, com a melhoriadas condições operárias. Eles foram aceitos no governo devido a sua presença nas barricadas.

Reformas políticas

Um governo provisório constituiu-se em 24 de fevereiro, com

maioria de republicanos moderados. O Governo Provisório juntava a oposição eleita constitucionalmente erepresentantes da multidão. Muitos viram neste movimento aexpressão - embora vaga - da insatisfação popular ao ver queo ideal de igualdade defendido e em grande parte conquistadodurante a Revolução Francesa não havia se estendido à esferaeconômica. Nesse governo, onde o poeta Alphonse deLamartine ocupava as funções de Ministro dos AssuntosInternos e os socialistas eram somente admitidos comoempregados, foram chamados a intervir Albert, um operário,

e Auguste Blanqui, jornalista e historiador, por imposiçãodireta do povo.

O Governo provisório convocou eleições, as quais deramvitória aos candidatos da burguesia e dos latifundiários. Em25 de Fevereiro foi implantada a Segunda República, emresultado de uma expressiva manifestação; todavia, esta nãoveio a corresponder às aspirações dos operários quereclamavam uma reforma social. O sufrágio universalmasculino foi estabelecido e por proposta dos socialistas, foireduzida a jornada de trabalho de 12 para 10 horas diárias.

Por pressão dos operários e socialistas, foram criadas asOficinas Nacionais (ateliers nationaux) - fábricas comcapital estatal e dirigidas por operários, destinadas a aliviar acrise econômica e o desemprego, que logo se tornaram improdutivas e custosas, aumentando odéficit público - e a Comissão de Luxemburgo, cujo objetivo era a preparação de projetos delegislação social e a arbitragem de conflitos de trabalho. O novo Governo não tocou no direito à

 propriedade privada, mas concedeu o tão desejado direito ao trabalho, uma medida que seria postaem prática pela Comissão de Luxemburgo, presidida por Louis Blanc e por Albert, mas os

 prometidos direitos foram negados por uma direção política burguesa pouco sensível aos problemasdo operariado. Na mesma época, Proudhon edita o periódico "O Representante do Povo", onde

critica as Oficinas Nacionais, as quais considerava economicamente inviáveis. Propunha que em seulugar se criasse um Banco de Crédito Popular, que remunerasse o trabalho com chequesdescontáveis, para estimular o consumo.

Todos os políticos do novo governo eram parisienses e não possuíam experiência administrativa,ignorando o que ocorria nas províncias francesas, onde as estradas de ferro foram destruídas, castelosforam saqueados e agiotas espancados.

Em Paris, no mês de março, havia calma e as forças presentes no governo viviam em harmonia. Amaioria dos operários confiava no governo e esperava uma solução rápida para sua miséria. Mas aharmonia não duraria muito. Os grandes burgueses das diferentes alas tinham superado suas

divergências para impedir qualquer ameaça à propriedade e à riqueza. Uma minoria socialista pressionava o governo para que promovesse novas e ousadas reformas sociais. Alguns falavam emabolir a propriedade privada ("a propriedade é o roubo", escreveu Proudhon), a hierarquia social e as

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 Barricadas nas ruas de Paris durante a

Revolução de junho de 1848.

tradições, o que assustava também os pequenos burgueses republicanos. Essas pressões não passavam de agitações feitas em jornais, clubes e sociedades socialistas e não representavam perigo, já que a força deles era diminuta nos meios operários parisienses. Mas não deixavam de assustar os burgueses. Os mais preocupados com essa agitação eram a imensa maioria de camponeses, que se preparava para reagir, caso tivesse de entregar suas propriedades.

Este período inicial da revolução, também chamado de República Social, foi marcado pela provisoriedade e pela intensa disputa entre os diferentes interesses envolvidos na consolidação do poder.

Reação conservadora

A inexperiência política do governo não satisfazia nem as reivindicações dos mais radicais nem asinquietações dos mais conservadores. Mas era principalmente a crise econômica que agravava ainquietude de todos os operários. A falta de mercados para vender seus produtos, o aumento dosimpostos, o marasmo econômico, aliado às agitações políticas e à fraqueza e hesitação do governo,

 provocavam pesadelos no mundo dos negócios.

Diante do "perigo vermelho", a burguesia se preparou. Em 23 e 24 de Abril de 1848, ocorrerameleições para a formação de uma Assembleia Constituinte. O Governo Provisório cessou as suasfunções e deu lugar a uma comissão executiva de cinco membros, onde de novo figurava Lamartine.Os socialistas e os republicanos concorriam, mas faltava-lhes organização em nível nacional e suainfluência estava quase que restrita a Paris. Já o Partido da Ordem, que representava todos os homens

 preocupados com a defesa da propriedade, tinha influência nacional, pois se apoiava nos notáveis dascidades e aldeias rurais da França, um imenso país de camponeses. O Partido da Ordem elegeu 700deputados, alguns favoráveis à monarquia e outros republicanos moderados. Os republicanosradicais e os socialistas não conseguiram eleger nem 100 deputados. Em Junho, Proudhon foi eleito

 para a Assembléia Nacional Constituinte, onde não conseguiu se fazer ouvir. Sua experiência naAssembléia Nacional selaria sua convicção anarquista de que "o sufrágio universal é a reação" , porrepresentar a soma de interesses privados, contrários ao bem comum. A assembléia constituinte foi o

 primeiro órgão legislativo francês que teve os membros eleitos por sufrágio universal.

Revolução de Junho de 1848

Dominada pelo Partido da Ordem, a Constituinte passoua combater as ideias socialistas. Os socialistas,descontentes, reiniciaram as agitações. Em 22 de Junho

de 1848 o governo tomou severas medidas para controlare reprimir os operários, depois dos levantamentoscomunistas de 15 de Maio. A dissolução da Comissão deLuxemburgo e, finalmente, o fechamento das Oficinas

 Nacionais - que empregavam 110 mil operários - provocaram uma forte contestação por parte dosoperários fabris. Contra tais decisões Auguste Blanqui,líder socialista, comandou em junho de 1848, asinsurreições operárias de Paris.

Desempregados e sem meios de sustento, os operários

revoltaram-se espontaneamente levantando barricadas e dispostos a enfrentar o novo poderestabelecido e controlado pela burguesia. " Nós queremos uma República democrática e social", dizia

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 Xilogravura publicada na Illustrierte Zeitung mostrando as eleições de

1848 na França. Dois meninoslutam, um por Luís Napoleão e o

outro, por Cavaignac.

um cartaz afixado pelos revolucionários. Toda tentativa de pacificação foi rejeitada pelossublevados.

Para tentar suprir o desacato ao poder a Assembleia Nacional Constituinte decretou estado de sítio enomeou o ministro da Guerra, general Louis-Eugène Cavaignac, chefe do poder executivo, dando-lhe poderes ditatoriais para que este travasse a revolta popular. O general Cavaignac foi ajudado por

forças vindas espontaneamente das províncias. Nobres, burgueses, padres e camponeses marcharamombro a ombro para ajudar Cavaignac a massacrar os insurretos de Paris. A insurreição operária parecia bem encaminhada até ser esmagada, à força de bala, pela ação implacável de Cavaignac. Nocombate, que durou quatro dias, morreram 1.500 insurretos. A repressão posterior, gerada pelo ódio,vingança e medo dos proprietários, também foi violenta. Após um julgamento sumário, que nãodeixou nenhum direito de defesa aos condenados, 12.000 insurretos foram presos e 4 mil deportados

 para a Argélia. Os jornais foram suspensos, as reuniões públicas proibidas e as associações políticas postas sob o controle da polícia. Estava afastado o perigo de uma "revolução social" e a burguesia pôde seguir em frente.

Outro18 de Brumário

A Constituição foi finalmente promulgada em 12 de Novembro de 1848, estabelecendo a república presidencialista e o Legislativo unicameral com base nosufrágio universal.

O general Cavaignac foi lançado candidato às eleições presidenciais de dezembro de 1848. Apesar de ter agido brutalmente contra os operários parisienses, por serrepublicano convicto ele era suspeito ao Partido da Ordem, o

mais organizado nacionalmente de todos os partidos. Nomesmo momento, surgia um "aventureiro", Luís NapoleãoBonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, que seapresentava como mantedor da ordem e tinha sobrenomeconhecido e respeitado por milhões de franceses. Osoperários de Paris votaram nele para que o general Cavaignacnão fosse eleito e os camponeses também o fizeram emhomenagem ao tio, que havia garantido suas propriedades,quando o clero e a nobreza ameaçavam retomá-las. Assim,Luís Napoleão foi eleito com 5,5 milhões de votos contra 1,5

milhão de seu concorrente.O mandato do presidente francês era de quatro anos e a Constituição proibia a reeleição. Em 1852,ele teria que deixar o poder, o que não era sua intenção. Luís Napoleão, articulou um golpe deEstado que acabaria com a república e o tornaria imperador, desfechado em 2 de Dezembro de 1851.Queria reeditar o golpe do tio, que, com o golpe do 18 de Brumário, acabou com a PrimeiraRepública Francesa e criou o império napoleônico. Por ironia, Karl Marx, dirigente socialista,apelidou o golpe do sobrinho como 18 de Brumário de Luís Bonaparte. Diz Marx: "Hegel observaem uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundoocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira como tragédia, asegunda como farsa. Caussidière por Danton, Louis Blanc por Maximilien de Robespierre, a

Montanha de 1845 pela Montanha (Jacobinos) de 1793, o sobrinho pelo tio". Com o golpe, LuísBonaparte criou o Segundo Império Francês e tornou-se o imperador Napoleão III.

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A Primavera dos Povos

A revolução na França teve significativas repercussões no resto da Europa. A crise econômicaajudou a Revolução de 1848 a expandir-se pela Europa, atingindo também um dos esteios doAbsolutismo, a Áustria, onde o Chanceler Metternich foi obrigado a renunciar. Até mesmo o Brasil

 pôde sentir os efeitos da onda revolucionária das barricadas francesas, que inspiraria os rebeldes

 pernambucanos na Revolução Praieira.

O ideal predominante nos demais países europeus onde houve revolução não foi o liberalismo, massim o nacionalismo. Os revolucionários desses países queriam libertar seus povos da dominaçãoestrangeira imposta pelas decisões do Congresso de Viena.

Os principais núcleos revolucionários foram Paris, Berlim, Budapeste, Viena e Nápoles, mas aatmosfera de agitação foi igualmente sentida na região dos povos tchecos, em regiões da Itália,Alemanha, Áustria, e até mesmo em Londres. A "primavera dos povos" - como ficou conhecida essavaga revolucionária - marcou o despertar das nacionalidades — poloneses, dinamarqueses, alemães,italianos, tchecos, húngaros, croatas e romenos —, que exigiram dos impérios a concessão de suasautonomias. Segundo o historiador Eric Hobsbawm, a Primavera dos Povos foi a primeira revolução

 potencialmente global, tornando-se um paradigma de "revolução mundial" que alimentou rebeldes devárias gerações. Por outro lado, o triunfo eleitoral de Luís Bonaparte mostrou que a democracia,anteriormente relacionada com os ideais da revolução, prestava-se também à manutenção da ordemsocial.

De 1848 a 1849, tanto as revoluções burguesas como os movimentos populares tiveram umsubstancial impacto na Europa, mas um pouco por todos os cantos do Velho Continente estasinsurreições não tiveram o sucesso ansiado, em grande medida porque a burguesia não se posicionoudo lado dos operários e dos camponeses.

Revolução de 1848 nos Estados Alemães

Em grande parte dos Estados alemães ocorreram manifestações populares, revoltas e um movimento por um parlamento nacional eleito que projetasse uma nova Constituição em defesa de umaAlemanha unificada.

Antecedentes

A Prússia emergiu das guerras napoleônicas como uma das cinco potências européias, e o Zollverein 

(União Aduaneira) fizera com que toda a Alemanha (ou melhor, Confederação Germânica), exceto aÁustria, se ligasse pelo livre comércio e se desenvolvesse. A economia prussiana se desenvolvia a

 passos largos, mas a sua política não se modernizava. O rei Frederico Guilherme III prometera umaConstituição, mas morreu sem cumprir sua promessa.

Seu sucessor, Frederico Guilherme IV, também não se empenhou em reformas políticas. Mas, precisando de dinheiro para construir uma ferrovia, o rei, obedecendo a uma determinação de seuantecessor, convocou a Dieta Unida, que deveria unir-se em Berlim em abril de 1847.

Os liberais eram maioria nessa Dieta e decidiram aproveitar a oportunidade para pressionar em favorda convocação de um Parlamento eleito pelo povo, condicionando a aprovação do empréstimo à

 promulgação de uma Constituição pelo rei. Esse, no entanto, mandou dissolver a Assembléia.

As Revoluções

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 Revolta de 19 de Março de 1848 em

Berlim.

 No mesmo ano, as safras foram ruins, os preços do alimentossubiram e o ambiente entre os trabalhadores urbanos ficouagitado.

A intelectualidade se uniu aos operários que, em 3 de marçode 1848, fizeram uma manifestação nas ruas de Colônia.

Duas semanas mais tarde, a insurreição irrompeu em Berlim. No dia 18 de março, a população exigiu de FredericoGuilherme IV o apoio às teses liberais e a convocação deuma assembléia nacional eleita pelo sufrágio universal. Nasemana de Março de 1848, as manifestações e os comíciostornaram-se diários, os liberais exigiam uma Constituição,houve um choque entre soldados e manifestantes e logo

surgiram barricadas por toda a cidade, lutando unidos contra as tropas reais burgueses, pequeno- burgueses e operários.

As revoltas foram imediatamente sufocada pelas forças prussianas. O rei Frederico Guilherme IV procurou eximir-se da responsabilidade pelo massacre. Retirou as tropas da cidade e a ordem passoua ser controlada por uma milícia civil. A bandeira vermelha, negra e dourada - símbolo de umaAlemanha unida e liberal - triunfava nas cidades prussianas. O rei identificou-se publicamente com acausa nacional alemã e convocou uma assembléia nacional. Em 1849 foi redigida uma Constituição

 para a Alemanha. Os conservadores, que queriam uma Alemanha unida, sob o domínio da Prússia,mas não liberal, começaram a articular uma reação.

A burguesia tentou tomar partido da revolução de Março de 1848 para unificar os estados alemães. Arevolução expandiu-se por quase todos os Estados alemães. Ao mesmo tempo que o Parlamento seocupava de infindáveis debates, os poderosos latifundiários e os príncipes debatiam-se com a contra-

revolução. No mês de Abril desse ano, Marx e Engels tinham chegado à Alemanha e foram se fixarna zona da Renânia.

Em Junho saía nesse local a "Gazeta Renana", dirigida pelo teórico socialista Karl Marx, e custeada por industriais liberais. Este periódico procurou forjar uma aliança entre socialistas e liberais em prolda democracia.

Em Dresden, um reduto liberal e democrata, rebentou um movimentou popular. Em grande parteinsuflado por periódicos como a "Gazeta de Dresden", que publicava artigos de Mikhail Bakunin, e"Páginas Populares", para o qual contribuía o compositor Richard Wagner, o movimento carecia deorganização. A violenta batalha foi vencida pelas tropas governamentais, que estavam em maior

número. Engels deixou Colônia em 10 de Maio de 1849 por Elberfeld, no Reno, cidade onde seocupara da direção das barricadas. Bakunin foi preso e condenado à morte, mas sua pena foicomutada para prisão perpétua.

Um Parlamento foi reunido em Frankfurt em 18 de maio, abrangendo todas as tendências políticasalemãs. Adotou a supressão dos direitos feudais e aumentou as liberdades políticas. Osrepresentantes dos Estados alemães perderam-se em discussões a respeito da unificação: havia osdefensores da República (com partidários do federalismo, unitarismo e da democracia); outrosdefendiam a solução monárquica, tendo adeptos da participação da Áustria (seria a GrandeAlemanha), e outros, com a exclusão da Áustria e predomínio da Prússia (seria a Pequena

Alemanha). A solução encontrada, proposta pela burguesia, já em 1849, foi a de uma "monarquiafederal" governada pelos Hohenzollern (dinastia prussiana), sendo a Coroa imperial da Alemanhaoferecida a Frederico Guilherme IV que, pressionado pela ação dos nobres, recusou-a e não aceitou a

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Constituição de Frankfurt. Esta atitude foi repetida pelo governo da Áustria e dos outros Estadosalemães. Embora o povo e os revolucionários quisessem ver aprovada esta Constituição, acreditandoque ela poderia trazer algum progresso em termos de liberdades civis, esta também não lhes satisfeztotalmente, visto que deixava o poder nas mãos dos antigos líderes. Começou assim a contra-revolução da nobreza. Em Novembro de 1848, a Assembleia Nacional de Frankfurt foi dissolvidasem oposição pela Prússia, o sufrágio universal suprimido e os privilégios da nobreza restabelecidos.

Os junkers, conservadores, membros da nobreza latifundiária, retomaram pouco a pouco o controleda situação. O sonho da unificação havia fracassado. Os radicais continuaram a lutar pela obtençãode justiça social, mas foram esmagados pelo exército prussiano.

Primeiro na Áustria, depois na Prússia, a restauração conservadora acabou por triunfar em toda aAlemanha. O sonho de uma Alemanha unida e democrática estava morto. A burguesia liberal alemãfracassara.

O triunfo da Revolução de 48 e as agitações operárias atemorizavam a burguesia alemã. Ela nãoaprofundou a revolução nem consolidou seu poder, como fizeram os ingleses (1688) e os franceses(1789). Abandonou seus aliados da véspera, pequeno-burgueses democratas e operários, e recompôs-se com a nobreza restauradora. Nos diversos Estados, as conquistas obtidas (liberdades, diversasConstituições) foram anuladas e o poder dos governantes restaurado em sua plenitude.

Assim ocorreu em Viena, permitindo que os Habsburgo cuidassem das nacionalidades submetidas,como se deu na Hungria, onde Lajos Kossuth proclamara a independência e a República: com oapoio da Rússia, a Áustria derrotou os húngaros e os manteve integrados ao Império Austríaco. Foientão que Frederico Guilherme IV, aproveitando-se da exaltação nacionalista, tentou promover aunificação com o apoio de outros governantes, sem participação da Áustria; contudo, os dirigentesaustríacos, tendo sufocado os movimentos na Itália, na Hungria e na própria Áustria, e dispondoainda do apoio da Rússia, obrigaram o soberano prussiano a encerrar as negociações que vinha

 promovendo (" Recuo de Olmutz", em 1850).Assim, também se frustraram as revoluções na Alemanha, não só pela divisão entre osrevolucionários, mas principalmente pela debilidade de um capitalismo ainda nascente na Alemanha.

 Não obstante, o saldo das Revoluções apontou o caminho a seguir: a unificação deveria ser promovida pela Prússia, não mais pela via revolucionária (a emergência de ideologias proletáriaslevou a burguesia a se desvincular do proletariado), porém, sob a direção dos Hohenzollern.

Revolução de 1848 na ustria

A revolução no império austríaco foi favorecida pelo enfraquecimento da monarquia, pelodesenvolvimento de uma corrente liberal no seio da sociedade burguesa e aristocrática de Viena e pela reivindicação de um reconhecimento dos povos de idioma não germânico: poloneses, tchecos,romenos, croatas, italianos do norte e principalmente os húngaros, que dispunham de um governo.

O movimento austríaco contra o regime absolutista de Fernando I e seu braço-direito, o príncipe deMetternich, que governava havia trinta anos, eclodiu em Viena com manifestações de rua e

 barricadas. No dia 13 de março de 1848, tumultos na Áustria liderados pela burguesia insuflaram aassembléia da Baixa Áustria a marchar para o palácio de Hofburg, obrigando o chanceler Metternicha fugir para a liberal Inglaterra. Foi formado um governo liberal, e a Assembléia Constituinte reunidaem julho votou a abolição dos direitos feudais, conforme já ocorrera na Alemanha. O imperadorFernando I foi obrigado a aceitar uma Constituição, o parlamentarismo e a emancipação docampesinato. O Parlamento passou a ser eleito pelo sufrágio universal, várias instituições feudais

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 Memorial da Revolução de 1848 em

Gyongyos, na Hungria.

foram abolidas, teve fim a censura à imprensa e formou-se uma guarda nacional para a defesa dasreivindicações liberais.

A burguesia austríaca, entretanto, não soube conservar sua revolução. A aristocracia retomou o poder, liderada pelo novo chanceler, o príncipe de Schwartzenberg. O exército e o chancelerSchwartzenberg retomaram Praga e Viena, e obrigaram Fernando I a abdicar em nome de seu filho

Francisco José I, então com 18 anos. Dissolvido o parlamento, os liberais foram perseguidos, asreformas abolidas e o absolutismo restaurado.

Checos e húngaros, que viviam sob o domínio austríaco, aproveitando-se das modificações ocorridasna Áustria, levantaram-se em revoluções de libertação nacional, apoiada por todas as classes sociais.Mas, estabilizada a situação na Áustria com a restauração do absolutismo, os exércitos austríaco erusso esmagaram essas revoluções.

A decisão de enviar tropas contra a revolução na Hungria, em outubro, deu origem a novolevantamento popular, reprimido em menos de um mês. O ciclo revolucionário só foi encerrado em1852, com o restabelecimento do absolutismo monárquico.

Revolução de 1848 dos Checos

Em Praga, Rieger conseguiu a aprovação de uma constituição liberal, a Carta da Boêmia, quereconhecia os direitos históricos do povo tcheco. A vontade de afirmar a identidade eslava face aogermanismo concretizou-se, no dia 2 de junho, com a reunião do Congresso Pan-Eslavo em Praga,iniciativa do historiador Frantisek Palacký. O Congresso Pan-Eslavo inspirou manifestaçõesnacionalistas tchecas, reivindicando autonomia numa Áustria federativa. Esse congresso foidissolvido militarmente.

Revolução de 1848 dos Húngaros

Em fevereiro e março de 1848, as notícias sobre asinsurreições em Paris e Viena deram estímulo aos liberaishúngaros para desencadear a rebelião nacional pelaindependência. Um movimento pela independência húngara,liderado pelo patriota húngaro Lajos Kossuth, declarou aindependência de todos os territórios magiares e

 proporcionou, em março de 1849, um governo republicanoseparatista de curta duração, com sede em Budapeste. Onacionalismo exacerbado e a recusa dos húngaros emconsiderar a independência de suas próprias minoriasresultou, porém, em uma insurreição das forças croatas,sérvias e da Transilvânia (Romênia).

Em setembro, o Exército austríaco, que já conseguira sufocar a rebelião na Itália, invadiu a Hungria,e Budapeste caiu em janeiro de 1849. A cidade foi retomada em maio, mas a intervenção da Rússia afavor da Áustria levou à derrota dos rebeldes em agosto. Kossuth foi obrigado a exilar-se na Turquiaapós o fracasso de Villagos, em 13 de agosto de 1849.

Revolução de 1848 nos Estados Italianos

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 Giuseppe Garibaldi.

 Nos Estados italianos, onde a onda revolucionária teve seufoco inicial, a Revolução de 48 teve um caráter extremamentenacionalista, com uma tripla aspiração: à liberdade, à unidadee à independência italianas. É certo porém, que não possuíamcoesão porquanto havia três tendências visando a unificação:os Neoguelfistas, liderados por Gioberti, pretendiam uma

confederação de Estados, cabendo a direção superior aoPapa; os Monarquistas Constitucionais, inspirados porCesare Balbo e Mássimo D'Azeglio, batiam-se por um Estadonacional unitário governado pela Casa de Sabóia, reinante noPiemonte-Sardenha; e os Republicanos dirigidos porGiuseppe Mazzini, além da atuação destacada de GiuseppeGaribaldi, empenhados em derrubar as dinastias e implantaruma República Democrática.

O Papa Pio IX e o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto,implantaram uma série de reformas liberais em seus estados,a partir de 1846, sobretudo a liberdade de imprensa, que

ganhou a adesão dos patriotas, como Mazzini.

A insurreição eclodiu nos Estados conservadores. Em janeiro 1848 os sicilianos rebelaram-se contrao poder dos Bourbon e adotaram a Constituição espanhola de 1812. Em seguida, no reino de

 Nápoles, reivindicou-se a implantação das mesmas leis em seu território. Em 12 de janeiro, foiformado um governo provisório e Fernando II, sob pressão britânica, promulgou imediatamente aconstituição, que passou a ser seguida no restante da Itália, uma vez que o Papa Pio IX se opôs àintervenção de tropas austríacas dispostas a reprimir os nacionalistas. Insurreições nacional-

 populares ocorreram em Turim, Milão e Roma.

 No Reino Lombardo-Vêneto, a revolta de Milão, de 18 a 23 de março, conseguiu expulsar ogovernador militar austríaco, general Josef Radetzky. Simultaneamente, em Veneza, onde os

 protestos redobraram após o anúncio da queda de Metternich, lutava-se contra a dominaçãoaustríaca, da mesma forma que em Milão, e Daniele Manin e seus seguidores proclamaram arepública.

Em Florença, Roma e Turim, os soberanos se anteciparam à insurreição promulgando Constituições.

Mazzini, no norte da Itália, proclamou a República Toscana e, em 1849, o território pertencente aIgreja foi anexado, sendo proclamada a República Romana em 22 de fevereiro. Entretanto, a sonhada

república unificada e democrática, almejada por Mazzini, não teve lugar nesta ocasião pois aintervenção francesa pôs um fim à insurreição e permitiu a volta do papa, que restabeleceu asinstituições do passado

Apesar dos sucessos iniciais, a divisão dos revolucionários e a intervenção externa restabeleceram aordem anterior. A revolução foi derrotada com o apoio de forças vindas da França e da Áustria,

 países interessados no restabelecimento das monarquias absolutistas e do poder do papa. Omovimento de Mazzini, apesar de outras tentativas de insurreição, em 1853, enfraquecia. As forçasque queriam construir uma Itália mais moderna e democrática foram vencidas. A derrota dosrevolucionários provocou a restauração do absolutismo em quase todos os Estados italianos. O único

reino que manteve uma constituição liberal foi o Piemonte-Sardenha. Quase todos os partidosempenhados na unificação depositaram aí suas esperanças.

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Após uma fase de estabilidade dos regimes liberais, o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto,contando unicamente com suas próprias forças (seu lema era " L´Italia fará da sé "), se deixouenvolver na guerra contra a Áustria, em março de 1849, tentando expulsar os austríacos do ReinoLombardo-Vêneto (regiões setentrionais dominadas então pela Áustria). Foi vencido em Custozza e

 Novara e forçado a abdicar em favor de seu filho Vítor Emanuel II.

As revoluções italianas fracassaram em virtude da reação do absolutismo, encorajado pela Áustria,do avanço do radicalismo social de Mazzini e, sobretudo, pelo caráter ainda incipiente docapitalismo, o que reduzia o potencial das forças revolucionárias. Embora fracassado, as Revoluçõesde 1848-1849 revelaram o caminho para concretizar a unificação. Deixaram evidente a necessidadede obter uma ajuda externa capaz de neutralizar o poderio austríaco, um dos obstáculos à unificação.Patentearam ainda o neoguelfismo, em que o Papa Pio IX não desejou se envolver no processo deunificação, também a necessidade de união sob o Reino da Sardenha, não só porque a dinastia deSabóia era a única fora da influência austríaca, mas também pelo esvaziamento dos demaismovimentos tal como o republicanismo, pela prisão, morte ou exílio de inúmeros dirigentes.

Depois da onda revolucionária, os partidos mais tradicionais cresceram, promovendo posteriormentea unidade italiana, em bases não-democráticas, sob a égide do Reino Sardo-Piemontês.

A contra-revolução

Em 1849, forças contra-revolucionárias restauraram a ordem, mas a monarquia absolutista e osdireitos feudais da aristocracia fundiária haviam sido tacitamente abandonados.

 Na França, como se via, foi proclamada uma República em 1848, e os operários exigiram a mudançado rumo da política laboral; todavia as suas reivindicações foram reprimidas pela burguesiaconservadora, adversa a uma profunda reforma social e laboral. Depois de sufocada a Revolução, a

França entrou num novo ciclo, com a subida ao poder do imperador Napoleão III.

A burguesia apercebera-se dos perigos das revoluções, tomando consciência de que seus anseios políticos poderiam ser alcançados pela via do sufrágio universal, evitando conflitos e sublevações.Assim, a revolução de 1848 foi o movimento que posicionou definitivamente burguesia e

 proletariado em campos opostos, o que marcaria profundamente os embates políticos vindouros.

Embora tenham fracassado, as revoluções alemãs e italianas de 1848 prepararam o terreno para aunificação desses países, que foi realizada entre 1861 e 1871. A Áustria, por sua vez, teve que acatar,desde 1867, o compromisso de reconhecimento da soberania húngra.

Bibliografia

Jackson, J.H. (1963). Marx, Proudhon e o Socialismo Europeu. Rio de Janeiro: ZaharEditores.

Proudhon, P.-J. (1904). Psicologia della Rivoluzione. Firenze: G. Nerbini, Editore.■

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