psicomotricidade modelo para trabalho

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DEFINIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE A psicomotricidade é uma ciência que está ligada com campos científicos como a Neurologia, a Psicologia e Pedagogia se tornando cada vez mais importante para o desenvolvimento do individuo em todas as suas fases. Isso acontece porque a psicomotricidade, se preocupa com a relação entre o homem e o seu corpo, considera não só aspectos psicomotores, mas os aspectos cognitivos e sócios afetivos que constituem o sujeito. Em 1982 a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, atual Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, propôs uma definição bastante abrangente do que vem a ser Psicomotricidade: “É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.” ( Dentro do âmbito da psicomotricidade encontramos duas linhas de pensamento, que desenvolvem o conceito da psicomotricidade funcional e a psicomotricidade relacional. PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL A Psicomotricidade Funcional tem como objetivo educar sistematicamente as diversas condutas motrizes partindo dos déficits encontrados. Busca com isso, a existência de uma melhor integração do sujeito na vida social e escolar. A Psicomotricidade Funcional surgiu a partir da Educação Física utilizando-se das famílias de exercícios para a reeducação

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DEFINIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade é uma ciência que está ligada com campos científicos como a Neurologia, a Psicologia e Pedagogia se tornando cada vez mais importante para o desenvolvimento do individuo em todas as suas fases. Isso acontece porque a psicomotricidade, se preocupa com a relação entre o homem e o seu corpo, considera não só aspectos psicomotores, mas os aspectos cognitivos e sócios afetivos que constituem o sujeito.

Em 1982 a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, atual Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, propôs uma definição bastante abrangente do que vem a ser Psicomotricidade:

“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.” (

Dentro do âmbito da psicomotricidade encontramos duas linhas de pensamento, que desenvolvem o conceito da psicomotricidade funcional e a psicomotricidade relacional.

PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL

A Psicomotricidade Funcional tem como objetivo educar sistematicamente as diversas condutas motrizes partindo dos déficits encontrados. Busca com isso, a existência de uma melhor integração do sujeito na vida social e escolar.

A Psicomotricidade Funcional surgiu a partir da Educação Física utilizando-se das

famílias de exercícios para a reeducação motora, onde o facilitador dirige a sessão

sendo o modelo, de forma a levar o indivíduo a exercitar o corpo de forma a sanar

possíveis dificuldades motoras. São exemplos de exercícios: subir, descer, pular e

correr. Ela trabalha com um método diretivo de família de exercícios. Trabalha-se com

as crianças oferecendo alguns materiais e onde o facilitador oferece o próprio corpo

como forma de ajuda para desenvolver as atividades. Como a base do seu trabalho é

diretiva, o psicomotricista planeja as atividades, ou seja, planeja uma série de

exercícios psicomotores com objetivos pré-estabelecidos visando desenvolver a área

motora a ser trabalhada. Durante um tempo estipulado, o psicomotricista dirige as

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crianças durante sua execução atuando como modelo. As crianças devem seguir os

seus movimentos tantas vezes quantas forem solicitadas.

As práticas da Psicomotricidade Funcional atuam basicamente no ato motor, não

entendendo ou trabalhando o indivíduo como um todo. Essa prática pode ser

necessária em alguns momentos ou em alguns casos, mas se acredita que somente

ela não seja tão eficaz quanto à abordagem da psicomotricidade que trabalha o

indivíduo em sua totalidade, unindo mente, corpo, cognição e afetividade.

O que sustenta o trabalho prático do psicomotricista é a sua linha teórica.

PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL

A Psicomotricidade Relacional tem sua base na psicanálise e diz respeito a sua

relação primária entre mãe e filho. Assim, através do brincar, a aprendizagem e o

desenvolvimento são potencializados. Desta maneira, o indivíduo consegue expressar

sentimentos através do corpo. Ampliando e diversificando o seu vocabulário

psicomotor.

A Psicomotricidade Relacional surgiu, naturalmente, durante a reavaliação das

práticas exercidas pelos profissionais, que de certa forma, perceberam que faltava

algo que atendessem a todas as necessidades dos indivíduos que apresentavam

alguma dificuldade e procuravam ajuda. A partir dessa busca, por mais qualidade no

atendimento foram sendo aprimoradas técnicas que até hoje são utilizadas para

trabalhar através da própria expressão corporal do indivíduo para ajudá-lo a superar

suas dificuldades.

A Psicomotricidade Relacional tem um componente importantíssimo, que é o

diferencial do que já possuem as outras práticas educativas, que é o jogo. Contudo,

não estamos falando de um jogo de basquete ou de futebol, mas sim, de um jogo da

Psicomotricidade Relacional que é o lúdico, que é o brincar da criança. Assim, nós

podemos encontrar em uma atividade/sessão de Psicomotricidade Relacional o salto,

onde, por exemplo, se pode demonstrar a estrutura corporal da criança. Nesse caso,

em que crianças que saltam, a sua estrutura corporal é bem mais diferenciada das

crianças que não saltam ou não conseguem saltar. Outro elemento que é

importantíssimo na Psicomotricidade Relacional ou em uma sessão é a construção

(Ex.: de madeiras), que também demonstram a estrutura corporal da criança. Uma

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criança que constrói na vertical, a sua estrutura estará bem mais aperfeiçoada do que

o de uma criança que não consegue. Outros elementos da Psicomotricidade

Relacional são as fantasias, as roupas e tecidos que são utilizadas na questão do

simbolismo ou jogo simbólico, as quais as crianças podem se exteriorizar durante a

sessão.

Mas há as possibilidades de aprendizado e de cognição e os seus limites na

construção motriz do ser humano? Não há limite dentro da expressão motriz. O limite

está na própria criança, segundo o Professor Fausto Gosmann da Escola Ulbra Paz. O

que é utilizado é o brincar e o jogo. E o que uma criança sabe fazer melhor que um

adulto? BRINCAR. Então, a Psicomotricidade Relacional parte do princípio do que a

criança já sabe, que é esse brincar. E é a partir desse brincar, desse jogo e desse

lúdico que o Psicomotricista irá agir, de forma a alavancar todas as formas de

processo desenvolvimento da criança.

Na sessão de Psicomotricidade, o papel do psicomotricista facilitador é o de instigar ou

provocar a participação e o movimento do sujeito. Neste trabalho, não existe

direcionalidade ou qualquer tipo de interferência do facilitador. Ele não ordena

exercícios ou exige movimentos. O objetivo é provocar, instigar, facilitar e proporcionar

o acesso a diversos materiais e sensações motoras. E observando a atuação do

sujeito durante a sessão, o Psicomotricista analisará suas reações para compor o

diagnóstico e a possíveis provocações futuras, para o auxílio na superação das

dificuldades desse sujeito.

O facilitador, em uma sessão relacional é o profissional que se dispõe emocional e

corporalmente para ser o elo de apoio e incentivo nas superações do indivíduo. Ele é o

observador, que a partir das práticas realizadas irá compor a aplicabilidade e a eficácia

do tratamento, em cada caso. O facilitador não interfere no jogo e no brincar da

criança, mas se utiliza da observação do brincar para auxiliar na terapia necessária,

buscando a superação das dificuldades apresentadas.

Portanto, Psicomotricidade é a área que se ocupa do corpo em movimento e todos os aspectos que o acompanham.

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SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras.

Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada.

São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade prática. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra psicomotricidade, no ano de 1870.

As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico.

A figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.

Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo.

Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico.

Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especifidade e autonomia.

Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela.

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A PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL

No Brasil, a respectiva ciência chega no século XX, durante o período da 1ª guerra mundial época em que as mulheres começaram a trocar trabalho como donas de casa pelo trabalho nas indústrias delegando a atividade do cuidados com os filhos as creches. Teve-se uma maior atenção voltada a psicomotricidade por ser no ambiente escolar o local no qual as crianças tendem a apresentar-se e serem mais observadas em relação aos seus movimentos corporais. Os principais difusores da psicomotricidade foram Antônio Lefévre, influenciado pelas obras de Ajuriaguerra; psiquiatra francês que definiu um novo conceito de patologia motora e Ozeretski. Helena Antipoff que trouxe sua experiência teórica e prática em deficiência mental para aplicação nas escolas brasileiras e por último a doutora Dalila de Costallat que passa a partir da década de 70 atuar junto com o ministério da educação brasileiro e com Helena Antipoff trocando experiências do trabalho desenvolvido na argentina com os trabalhos desenvolvidos no Brasil.

Dentre as três áreas de atuação da psicomotricidade a que vem apresentado maior quantidade de pesquisas e desenvolvimento é a educação psicomotora, devido ao fato de grande aplicação de ações e estímulos relacionados à psicomotricidade realizados pelas escolas, principalmente durante as fases da 1ª e 2ª infância e durante o período da adolescência visando o desenvolvimento global do individuo através de atividades lúdicas.

CAMPOS DE ATUAÇÃO

Atualmente, na Psicomotricidade, existem três campos de atuação: reeducação, terapia e educação.

A reeducação é o atendimento individual ou em pequenos grupos de crianças, adolescentes ou adultos que apresentam sintomas de ordem psicomotora. Estes sintomas podem vir acompanhados de distúrbios mentais, orgânicos, psiquiátricos, neurológicos, relacionais e afetivos.

A terapia psicomotora é também realizada com crianças, adolescentes ou adultos, individualmente ou em pequenos grupos que apresentem grandes perturbações de ordem patológica.

A educação psicomotora é dirigida à atuação dentro do âmbito escolar, principalmente nos segmentos da Educação Infantil e no Ensino Fundamental I. Teve início na França, com o professor de Educação Física Lê Boulch, na segunda metade da

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década de 60, já visando o desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos e, mais especificamente, evitar distúrbios de aprendizagem.

O CAMPO PROFISSIONAL

A CONCESSÃO

O registro profissional de especialista é fornecido pelo Conselho Regional no qual o psicólogo tem sua inscrição principal. Cabe à plenária do CRP SP a aprovação da concessão do título profissional de especialista.

IX - PSICOLÓGO ESPECIALISTA EM PSICOMOTRICIDADE

Atua nas áreas de Educação, Reeducação e Terapia Psicomotora, utilizando-se de recursos para o desenvolvimento, prevenção e reabilitação do ser humano. Participa de planejamento, elaboração, programação, implementação, direção, coordenação, análise, organização, supervisão, avaliação de atividades clínicas e parecer psicomotor em clínicas de reabilitação, nos serviços de assistência escolar, escolas especiais, hospitais associações e cooperativas; presta auditoria, consultoria, assessoria; dá assistência e tratamento especializado, visando a preparação para atividades esportivas, escolares e clínicas. Elabora informes técnico-científicos, gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produtos e serviços, assistência e educação psicomotora a indivíduos ou coletividades, em instituições públicas ou privadas, estudos e pesquisas mercadológicas, estudos, trabalhos e pesquisas experimentais e dá parecer técnico-científico, desde que relacionadas com as áreas de clínica, educação e saúde em psicomotricidade. Por meio da participação em equipes multidisciplinares, criadas por entidades publicas ou privadas, planeja, coordena, supervisiona, implementa, executa e avalia programas, cursos nos diversos níveis, pesquisas ou eventos de qualquer natureza, direta ou indiretamente relacionadas com atividades psicomotoras, que envolvam os aspectos psíquicos, afetivos, relacionais, cognitivos, mentais, junto a atividade corporal. Atua em projetos pedagógicos das escolas, concentrando sua ação na orientação dos profissionais da instituição, mostrando a importância dos aspectos do desenvolvimento psicomotor na evolução do desenvolvimento infantil. Atua no campo profilático (educativo e preventivo) nas creches, escolas, escolas especiais e vem possibilitar ao sujeito um desenvolvimento integrado às interfaces dos aspectos afetivo, cognitivo e social, pela via da ação e da atividade lúdica, que constituem os alicerces do acesso ao

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pensamento. Este processo pode se dar individualmente ou em grupo através das técnicas psicomotoras. Atua junto à crianças em fase de desenvolvimento: bebês de alto risco, crianças com dificuldades/atrasos no desenvolvimento global; crianças portadoras de necessidades especiais (deficiências sensoriais, preceptivas, motoras, mentais e relacionais) em consequência de lesões. Atua junto à adultos portadores de deficiências sensoriais, perceptivas, motoras, mentais e relacionais. Atua junto à família na orientação de atividades para estimular o desenvolvimento neuropsicomotor do paciente e na verificação das dificuldades que possam estar surgindo durante o processo terapêutico, utilizando-se de técnicas especificas da psicomotricidade. Atua no atendimento à 3º idade. Atua junto a escolas e empresas, no diagnóstico das situações-problema vivenciadas na organização, objetivando a conscientização da importância do relacionamento humano, através de técnicas psicomotoras que buscam o respeito do limite, da autonomia e do ritmo de cada indivíduo.

REMUNERAÇÃO

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A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, conseqüente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico.