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Icbas Psicologia II Psicologia II: Aula 10.03.10 1)Etologia A etologia é a ciência que estuda a motivação do comportamento animal e, principalmente, do comportamento inato ou instinto. Não se preocupa com o estudo dos mecanismos físicos das reacções aos estímulos, que são investigados pelos fisiologistas, mas dos quadros de comportamento que são estudados, sob o ponto de vista subjectivo, pela psicologia. Qualquer espécie pode ser objecto de estudo na Etologia. Na psicologia, o interesse nos animais é unicamente como modelo comportamental aproximado aos Humanos. Skinner utilizou animais em trabalhos de compreensão do comportamento humano através do comportamento operante . Caixas de Skinner. 1.1) Conceitos em Etologia: 1.1)1. Padrão fixo de Acção/ Instinto – existe um estímulo específico que desencadeia a acção. Se se tratar de um super estímulo o instinto é aumentado. Estímulo que desencadeia estímulo sinal . Estímulos altamente específicos são desencadeadores de respostas. 1.1)2. Actividade deslocada e actividade redirigida – surgem dois actos diferentes. Animal vai realizar uma actividade diferente do que seria suposto, ou seja, fora do contexto. Existe um redirigir de comportamento. Ex: um rato vê comida mas tem medo de se aproximar porque tem medo de ser atacado, então coça-se! Redirigiu o comportamento. No caso dos humanos, o bocejo costuma ser uma actividade deslocada em muitas ocasiões. 1

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Page 1: Psicologia II ICBAS [Sebenta 2010] Luisa

Icbas Psicologia II

Psicologia II:

Aula 10.03.10

1) Etologia

A etologia é a ciência que estuda a motivação do comportamento animal e, principalmente, do comportamento inato ou instinto. Não se preocupa com o estudo dos mecanismos físicos das reacções aos estímulos, que são investigados pelos fisiologistas, mas dos quadros de comportamento que são estudados, sob o ponto de vista subjectivo, pela psicologia.

Qualquer espécie pode ser objecto de estudo na Etologia. Na psicologia, o interesse nos animais é unicamente como modelo comportamental aproximado aos Humanos.

Skinner utilizou animais em trabalhos de compreensão do comportamento humano através do comportamento operante. Caixas de Skinner.

1.1)Conceitos em Etologia:

1.1)1. Padrão fixo de Acção/ Instinto – existe um estímulo específico que desencadeia a acção. Se se tratar de um super estímulo o instinto é aumentado.

Estímulo que desencadeia estímulo sinal. Estímulos altamente específicos são desencadeadores de respostas.

1.1)2. Actividade deslocada e actividade redirigida – surgem dois actos diferentes. Animal vai realizar uma actividade diferente do que seria suposto, ou seja, fora do contexto. Existe um redirigir de comportamento. Ex: um rato vê comida mas tem medo de se aproximar porque tem medo de ser atacado, então coça-se! Redirigiu o comportamento. No caso dos humanos, o bocejo costuma ser uma actividade deslocada em muitas ocasiões.

1.1)3. Movimentos de Intenção – indicam o que o animal irá fazer a seguir

1.1)4. Ritualização – animal ritualiza o comportamento para apaziguar quando anteriormente o mesmo comportamento servia para pedir comida. Ex: as crias de leão-marinho para não serem agredidas por machos lambem as comissuras labiais destes, apaziguando-os. O mesmo comportamento servia para pedir comida à mãe.

1.1)5. Gestos compostos – junção de várias partes do corpo para um único comportamento. Ex: “rir à gargalhada”.

1.1)6. Gestos de batuta – gestos que acompanham os discursos.

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Icbas Psicologia II

O choro e o sorriso são comportamentos inatos na espécie humana. Todas as pessoas quando vêem alguém que gostam ao longe franzem a testa e elevam as sobrancelhas.

Outro caso de actividade redirigida nos humanos: um homem é sempre pontual a chegar ao trabalho. Um dia chega 5 minutos atrasado e o chefe dá-lhe um sermão. Quando chega a casa, bate na mulher porque não podia bater no chefe. Este homem redirigiu o comportamento para outras pessoas.

Movimentos de intenção movimentos preparatórios. Demonstram a intenção de realizar uma acção.

Os humanos têm faces altamente expressivas. Principalmente os olhos e a boca (na comunicação não verbal).

Aula 11.03.10

1) Existem 3 tipos de sistemas comportamentais: Sistema Agonístico Sistema Sexual Sistema Vinculativo

Os subsistemas hierárquicos produzem maior estabilidade nos grupos, evitando situações de agressão. Os comportamentos de socialização são estabelecidos nos primeiros meses de vida. Ex: se um cão é separado da mãe com apenas um mês e meio poderá ter problemas comportamentais. É nos primeiros meses que o cão aprende a socializar (moderar a mordedura nas brincadeiras como por exemplo.)

1.1) Agressão – surge na competição sexual (para eleger o individuo filogeneticamente mais capaz, raramente ocorre uma morte; surge na protecção das crias e território; surge na comunicação e estabelecimento de supremacia no seio das famílias.

Na agressão/contra-agressão os fenómenos filogenéticos e a educação do animal são fundamentais.

A intenção agressiva é dado por: olhar fixo; comissuras labiais elevadas (caninos de fora de forma a mostrar a “arma”); elevação dos pelos (principalmente entre as omoplatas)

Nos humanos, ao exprimir-se a ira verifica-se: olhar fixo, elevação das comissuras labiais, embora os caninos não sejam ameaçadores.

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Os humanos usam o comportamento agressivo para mostrar dominância sobre outros. A pessoa que está a ser subjugada tem os traços contrários, para não despoletar a via agressiva. A expressão agressiva manifesta-se muito cedo, as crianças evidenciam-no bem. (pois, daí que a crueldade das crianças seja muito conhecida, mais tarde moderam esses comportamentos).

O homem, mesmo sendo mais evoluído que o animal, possui os mesmos sinais de intenção agressiva (embora não tenha caninos assustadores ou pêlos eriçados).

A implantação do pêlo no Homem dá se na mesma maneira que nos primatas mas não existe eriçar do pêlo. Para compensar a falta de pêlo eriçado os guerreiros utilizam patentes nos ombros (soldados), penas (índios), cores e roupa que favorece os ombros e desta forma pareçam mais ameaçadores.

Os humanos podem movimentar os membros superiores livremente, deste modo também manifestam intenção agressiva: punhos erguidos; dedo apontado (ritualização).

Existem vários gestos que conseguimos reproduzir rapidamente como por exemplo: “corto-te o pescoço”, “esgano-te”, “levas um murro”.

1.2) Hierarquia/ Estatuto – existem posturas que identificam como hierarquicamente superior. Ex: lobo alfa tem cauda e cabeça erguida, enquanto que o lobo beta tem a cauda entre as pernas e a postura baixa (tenta evitar ser um oponente)

Nos homens: as posturas hierárquicas também se notam, por exemplo, na postura do comandante vs. postura do soldado. A postura dominante é mais erguida. Ex: praxe – caloiros de 4 e doutores em pé – marca-se a diferença hierárquica.

Existem sempre sinais que indiciam a hierarquia, como é o caso do respeito pelos mais velhos.

1.3) Contra-agressão – uso ritualizado de sinais sexuais, epimeléticos (sinais de protecção parental) e expressivos. A contra-agressão gere as mortes que podiam resultar da agressão.

Epimeléticos catar as crias (proteger dos parasitas). Entre adultos, o toque serve para apaziguar. Nos humanos, paga-se para ter toque… no cabeleireiro (LOL)

Expressivos desviar o olhar, mostrar as partes vulneráveis.

Se num grupo de humanos existir tranquilidade existe menor probabilidade de agressão. Os comportamentos contra-agressão evitam a agressão.

Como futuros médicos os apaziguamento fará parte da vida profissional.

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Icbas Psicologia II

Quando há tacto entres as pessoas existe mais estabilidade nos relacionamentos.

Quando um cão dá lambidelas – está a mostrar submissão, apaziguamento. Logo se apaziguarmos o cão estamos a mostrar que ele é que manda!

Humanos utilizam muito os sinais epimeléticos, porque é essencial evitar a agressividade. Os sinais epimeléticos podem consistir num conjunto de comportamentos como abraços e beijos. A selecção da argentina usa muito os sinais epimeléticos…. Lol que fofinhos.

Aula 17.03.10

Contra-agressão – sinais de submissão: flectir os joelhos, tentar parecer pequenos.

Na espécie humana o sinal de submissão serve para apaziguar.

Gradiente de Intenção – ninguém é completamente agressivo sem ter medo. O cruzamento entre os dois vectores (medo, agressão) dará um comportamento. Se um rato não consegue fugir aumenta a sua agressividade.

Nos humanos, embora não consigam mostrar todos os comportamentos agressivos como os animais, conseguem expressar perfeitamente os aspectos da ira.

Rituais de corte – período de aproximação do par. Nos animais, para que a aproximação se dê é necessário haver dominância entre os machos. O macho que ganhar as lutas/ possuir o melhor território/ etc, vai ter maior probabilidade de passar os seus genes.

Comportamento de “flirt” nos Humanos:

Indivíduo capta alguém interessante, olha bem Sorri, desvia o olhar, por vezes tapa a boca com a mão (para eliminar o efeito agressivo

dos caninos)

Um dos rituais de corte mais comuns nos animais é aquele em que a fêmea foge, macho persegue, reencontro feliz com brincadeira, fêmea foge outra vez, macho persegue... Nos humanos verifica-se entre os pares de namorados frequentemente na praia ou parques nas cidades (que é muito estúpido!). O próprio comportamento de “flirt” (olha/desvia o olhar/reencontro do olhar) é igual à fuga/ perseguição/ reencontro.

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Caracteres secundários:

No século XVIII, XIX usavam-se espartilhos, armações super-estímulo (exibição das formas femininas)

A anca larga – boa parideira, mais atractivo para o homem.

Corpo masculino – ombros largos, ancas finas e direitas.

Corpo feminino – ancas arredondadas, nádegas firmes.

Olfacto: ainda funciona como aproximação nos humanos. Actualmente as pessoas abafam o cheiro pessoal (tomam banho, usam perfume). Está provado que os homens procuram mulheres com um cheiro doce e as mulheres procuram homens com um cheiro almiscarado.

Olhar: para os homens as pupilas dilatadas são mais atraentes. A dilatação das pupilas está associada à excitação/prazer. A dilatação das pupilas não é controlável.

Sistema Vinculativo – investimento parental (dão comida, transporte, calor, etc). Importantes os 3 primeiros meses de vida para o desenvolvimento da cria.

O bebe humano não sobrevive sem cuidados. As formas arredondadas, olhos grandes são super-estímulos desencadeadores de protecção.

Aula 24.03.10

Territórios:

A distância média interpessoal é de cerca de 60 cm numa conversa. Há pessoas que não respeitam esta distância (aquelas que falam praticamente em cima dos outros). Casais tendem a diminuir a distância entre si, sem se darem conta. É uma forma de demonstrarem proximidade e posse.

Área central – área onde há uma maior concentração de actividades.

Espaço Vital – área onde o animal desempenha as suas actividades normais.

Território – área defendida e usada por um animal ou grupo de animais, necessário para se sentirem bem.

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Aula 25.03.10

Animais e Humanos (Terapias e Ajudas):

Hoje em dia, os cães de ajuda podem por lei entrar em todo o tipo de locais, até hospitais.

Cães de ajuda social os doentes (donos) necessitam de andar sempre com a identificação e documentos legais obrigatórios.

Terapia Assistida por animais o animal é um elemento do processo de tratamento. É um tipo de terapia que só pode ser realizada por profissionais de saúde.

Terapia da fala Fisioterapia Terapia ocupacional Psicologia

Quando um cão está numa consulta, por vezes, mais facilmente se “quebra o gelo”. O cão funciona como um mediador. Por vezes a criança desabafa com o cão.

Benefícios da terapia assistida com animais:

Motivação acrescida “Quebra o gelo inicial” – paciente mais à vontade Estimulação táctil – o paciente relaxa Proporciona situações de jogo/ sorriso – o paciente diverte-se

O cão é um Co-Terapeuta mas não substitui o terapeuta!

A terapia com animais pode ocorrer em muitos ambientes: hospital, escola, centros ocupacionais, locais com crianças deficientes, etc.

As actividades podem ocorrer com qualquer pessoa com as credenciais e formação adequada.

A terapia com cães pode ajudar crianças com problemas comunicativos, crianças com multideficiências, ajudam a reduzir movimentos estereotipados em crianças deficientes; até ajudam velhotas que se odeiam a conviver! Lol

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Os animais servem de motivação para a realização das tarefas/ acções que no fundo os terapeutas queriam realizar

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Icbas Psicologia II

Cão “Break the Ice”

Promove a actividade física e a estimulação táctil natural as pessoas tem prazer em mexer no cão.

Diminui a solidão muito importante nos lares. Por vezes os animais mostram mais emoção e mais vontade de estar com os idosos que as pessoas.

Os cães constituem um factor de distracção.

Aumentam a auto-estima e as interacções interpessoais.

Se não houvesse tanto preconceito em termos de higiene, podia-se tratar muitas crianças no hospital. Os cães são uma alternativa muito melhor que os palhaços encarregues de alegrar as crianças num hospital.

Terapia com animais só existe terapia se houver o bem-estar dos cães. Este bem-estar equivale a ter água, pelo tratado, comida e sem antropomorfismos. Os cães precisam de maturidade para aprender, assim como também precisam do tempo de reforma – respeito pelas fases de vida do cão.

Métodos de Educação:

Reforço positivo Método de Clicker – arranjar um processo de associar um som a qualquer coisa.

Sempre que o cão tem uma resposta certa houve o som. O estímulo é contingente à resposta. Nota: também serve para educar os namorados.

Questões de Ética: não ultrapassar as capacidades do cão; seguir as normas de utilização, respeitando o bem-estar do cão.

A terapia só funciona com uma equipa multidisciplinar que englobe: médicos, enfermeiros, psicólogos, etólogos, médicos veterinários.

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Aula 08.04.10

1) Condicionamento Operante:

São todas as respostas pensadas e executadas conscientemente por nós. São estimuladas pelas nossas necessidades e vontades.

1.1)Respostas Emitidas (operantes) – são voluntárias e sem ser provocadas por algo específico.

Taxa de Resposta = Nº respostas / unidade de tempo

Ex: quantas vezes um rato se apoia nas patas traseiras dentro de uma gaiola.

1.2)Respostas Elicitadas (respondentes) – são respostas evocadas por estímulos. São respostas reflexas, condicionadas ou não, que se referem principalmente às reacções do organismo, por exemplo, a contracção pupilar diante da luz, a salivação em resposta à comida, o suor em resposta ao calor. O estímulo elicia a resposta. Com isso queremos dizer que sempre que um dado estímulo for apresentado, aquela resposta irá ocorrer.

Nas pessoas também possuem respostas emitidas, certos comportamentos que parecem resultar melhor em algumas situações. Ex: Um professor acha que lecciona melhor em cima do estrado e sobe para cima deste sem se aperceber.

1.3) Reforço – aumenta a frequência da resposta. Utiliza-se comportamentos que já são habituais para aumentar a probabilidade de resposta. O reforço é contingente à resposta. Ex: o golfinho no seu habitat natural costuma saltar e fazer acrobacias espontaneamente, em cativeiro o treinador ensina o golfinho a saltar para ter o peixe (usando o reforço).

Estudante do ICBAS = Toxicodependente, excepto no reforço by Paúl! Lol

O reforço é contingente à resposta o reforço tem de ser na hora. Ex: não vale a pena castigar um cão, que urinou dentro de casa, horas depois do acontecimento. O cão não fará a associação entre o castigo e a asneira que fez. O reforço tem de ser contingente à resposta.

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Icbas Psicologia II

Resposta Voluntária Reforçada maior probabilidade de Resposta

Taxa Resposta M1 Taxa Resposta M2 (maior que M1)

Tipos de Reforço:

1.3.1) Reforço Positivo estímulo que ao ser acrescentado aumenta a probabilidade de resposta operante.

1.3.2) Reforço Negativo estímulo que ao ser removido aumenta a probabilidade da resposta operante. Não é uma punição. Cria-se uma situação desagradável. Sensação do:”tirem-me daqui!”.

1.4)Características do condicionamento Operante:

Resistência à extinção – número de respostas antes da ocorrência da extinção.

Extinção – ocorre quando voltamos à situação inicial (mesma taxa de probabilidade de resposta antes do reforço).

Generalização e Discriminação – permitem a transferência da aprendizagem para outras situações.

Caixas de Skinner: o animal é estimulado a interagir com o interruptor para ter o alimento.

Caixa de Skinner com um ratinho

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Nos tempos modernos:

Ainda no telejornal desta semana discutiam-se os prémios que estão a ser atribuídos aos gestores Reforço. Reforçar todos os comportamentos era o mais eficaz, mas se não dermos um prémio a um gestor ele vai trabalhar mal?

As birras que as crianças fazem nos supermercados porque querem um brinquedo/ chocolate. Os pais resistem 1, 2, 3 dias e depois acabam por comprar o que o filho quer. A partir daí, a situação vai servir como um reforço fortíssimo e aleatório para a criança. Ou seja: os pais vão ouvir birras todos os dias e o filho vai ter sempre tudo o que quer. O Puto fica mimado. A solução passaria por dar o brinquedo / chocolate numa situação em que a criança merece. E nunca andar à pancada!

Aula 14.04.10

Modulação e Aprendizagem Vicariante – Teoria da Aprendizagem Social – Bandura, 1965

1) Aprendizagem social – pela observação do comportamento dos outros e consequências que daí advém. Retemos estímulos moduladores.

Retemos acontecimentos que sucederam com outras pessoas que vão orientar o nosso comportamento de reprodução de respostas aprendidas por observações reforço vicariante.

Processo de aprendizagem social:

Modulação:

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Atenção selectiva – damos mais atenção aquilo que nos interessa

Retenção – maior ou menor retenção daquilo que se está a observar

“Pistas”, estímulos ambientais – relacionado com a aprendizagem em meios diferentes do que é habitual para nós, olhámos para a pessoa que está ao lado de forma a aprender.

Reforço – intenção motivacional muito frequente em ambientes profissionais. Ex: médico quer aprender porque precisa.

Reprodução motora – muito complexo

Aplica-se a competências sociais e cognitivas e respostas emotivas

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A aprendizagem social verifica-se quer no homem quer nos animais. Ex: macacos mais jovens aprendem a abrir nozes com pedras com os elementos mais velhos do grupo.

No comportamento social e aprendizagem deste existe duas maneiras de aprender: aprendizagem mais formal (teórica) e outra de reprodução de comportamentos (prática). O comportamento social é amplamente controlado por estímulos moduladores.

3 Efeitos da modulação:

Aquisição de novos comportamentos Inibição de certos comportamentos Facilitação de certas respostas (estímulo discriminativo)

Extinção vicariante – medo e evitamento. Elimina-se o potencial de estimulação de estímulos ameaçadores através da extinção de respostas.

Aprendizagem da Violência ou Catarses?

No cinema aprendemos comportamentos violentos (como roubar um carro, fazer um assalto, magoar alguém, etc) que podemos copiar (como é o caso de muitas crianças que aprendem desta forma a serem violentas) ou podemos usar como modelo para ultrapassar certas ocasiões (normalmente o herói da história é usado como modelo). Deste modo, nos humanos podemos ter, em relação aos comportamentos agressivos, uma aprendizagem (imitação do que vemos) ou uma semelhança (identificação com o herói da história).

2) Aprendizagem e Memória:

Codificação, armazenamento e recuperação

Nós criámos a realidade com a linguagem. As coisas só existem se tiverem nome.

Modelo de Multi-armazenamento:

Entrada de informação memória sensorial (estímulos visuais) memória de curto prazo (limitada) memória de longo prazo (ilimitada).

Aula 15.04.10

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Processo de Memória:

Aprendizagem Intencional – processos de aprendizagem informal.

Os testes americanos são baseados na memória de reconhecimento.

A capacidade de evocação de coisas apreendidas depende de tarefas de processamento:

Tarefas semânticas Tarefas de orientação

Significado do estímulo é individualizado

Podemos memorizar: decorando ou percebendo (maior capacidade de o evocar. É mais profundo)

Está provado que temos maior tendência a memorizar aquilo que percebemos.

Memória Episódica – relembrar de ocasiões, situações passadas, situadas no tempo. Ex: “lembro-me de um dia em que o gelado que estava a comer derreteu mais depressa do que eu o conseguia comer”

Memória Semântica – aquela memória que nos acompanha no dia-a-dia. O que sabemos sobre os factos, significado das palavras. Ex: “o gelado derrete mais depressa quando está calor”.

Memória não-declarativa (ou implícita) – difere da explícita (declarativa) porque não precisa ser verbalizada (declarada). É a memória para procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir, jogar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc.

O hipocampo é a estrutura relacionada com a memória.

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Icbas Psicologia II

Os idosos costumam dizer que se lembram mais dos tempos passados (mais antigos) que os tempos mais próximos perda da memória de curto-prazo.

Formas de Organização:

Existe uma hierarquia das memórias, impostas pelo sujeito. Coisas com mais significado ou mais marcantes têm menos probabilidade de serem esquecidas. Por exemplo: tendemos a decorar números grandes em associações de 3 em 3 em vez de números isolados.

Teoria do Esquema de Bartlett:

Acrescentação de um elemento à informação refinação de conceitos e reestruturação do conhecimento a partir de pré-existentes.

3) Esquecimento:

Ocorre com a passagem do tempo. Coisas que não evocámos muito frequentemente têm tendência a serem esquecidas. Teoria do declínio do traço: não haveria selectividade de recordações. Teoria da interferência: há interferência proactiva de uma nova aprendizagem com as que se fazem posteriormente e há interferência retroactiva quando uma nova aprendizagem interfere nas existentes.Esquecimento associado a pistas: quando a informação existe, mas não pode ser evocada. Haverá uma memória dependente do estado de humor.

Temos maior tendência a evocar conhecimento se o nosso humor for igual ao humor que tínhamos quando o adquirimos.

Repressão – reprimir/ rejeitar informação desagradável.

Memória implícita mais resistente ao esquecimento

Memória a curto-termo esquecimento deve-se à interferência e divergência da atenção.

Síndrome de KorsaKoff associado ao alcoolismo. Perda de memória de curto-prazo.

Aplicações Práticas:

A Hipnose não funciona. A memória é um processo de reconstrução (alterada) que depende da informação posterior. Depende de como é manipulada a evocação.

Lembrar informações médicas: a primeira informação é a melhor recordada; depende da importância que o doente dá (pode não estar interessado); listas muito grandes de informação

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Icbas Psicologia II

são difíceis de decorar; repetir informações; ser específico; não sobrecarregar. Os nomes dos medicamentos genéricos são mais difíceis de decorar que os nomes comerciais. Técnicas mnemónicas – linguagem codificante.

Aula 21.04.10

1) Comportamento Emotivo:

Perspectiva etológica de Darwin

Perspectiva cognitiva mais humana e complexa.

Emoção – estado subjectivo do sentimento. Avaliação cognitiva do estímulo e situação.

Darwin: continuidade das expressões faciais entre animais e humanos (raiva, fúria, medo, etc). São expressões inatas e universais.

Emoções/expressões Discretas – identificam-se facilmente. É o caso dos famosos smilles da internet ( e , que eu acho tão gay!) que retratam perfeitamente uma emoção.

Izard: as expressões vão aparecendo conforme sejam necessárias à criança.

Traços gerais das Emoções:

Crianças tristes – baixam os cantos das sobrancelhas e da boca. Pessoa zangada – boca em forma de rectângulo Pessoa alegre – cantos da boca para cima Susto/surpresa – boca oval, olhos redondos, às vezes modificação da postura Ira – olhar duro, narinas dilatam, mostram os caninos, boca rectangular, face

vermelha, quente, músculos tensos. Associado ao sentimento de poder i impulso à luta; atacar a fonte da ira.

Tristeza – sobrancelhas arqueadas, choro, levantar o centro do lábio superior. A tristeza é universal, mas o que a desencadeia é diferente conforme as situações ou culturas.

Medo – essencial para sobreviver. Olhos muito abertos, sobrancelhas mais unidas, rugas horizontais na testa. Existe aumento da densidade da descarga neuronal. O indivíduo fica imóvel ou hiperactivo.

Vergonha – é humano e aparece mais tarde na vida (bebe não tem vergonha de estar nu). Não é uma resposta básica nem universal. A pessoa cora, parece mais pequena, desvia a cara.

Culpa – alguns autores não consideram emoção. Baixar da cabeça, individuo sente que procedeu mal, evita o contacto com o olhar.

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Susto e desprezar aparecem no RN (sobrevivência)

Sorriso (alegria) o primeiro sorriso verdadeiro (sorriso social) só aparece aos 3 meses, porque é nessa altura em que os bebes começam a reconhecer as pessoas.

Fúria 4 meses

Medo 5-9 meses

Nojo 15-18 meses (relacionado com a descarga esfinctoriana)

Surpresa, fúria, infelicidade, felicidade, nojo e medo básicos

Cérebro responde a factores emotivos:

Músculos comportamento Sistema nervoso resposta autonómica Sistema Endócrino resposta endócrina

Teorias para os comportamentos emotivos:

Common sense of view : percepção de um urso sentimento de medo resposta fisiológica

James langue view : percepção de um urso respostas fisiologias medo Cannon Bard view : percepção de um urso respostas fisiológicas + medo Modern biopsychological view : os três acontecimentos (percepção, medo e resposta)

acontecem simultaneamente e estão interligados.

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Icbas Psicologia II

Pessoal! Isto é uns apontamentos que tirei das aulas. A parte que faltava. Faltei à última aula. Acho eu. Qualquer coisa que não concordem é só dizer. Bom estudo!

Aula 20.05.10

1) Concepção Científica de Inteligência : Capacidade de aprender; capacidade de adaptação ao ambiente

1.1)Modelos teóricos de Inteligência: Modelo Psicométrico ou factorial da inteligência: inteligência como um conjunto de

aptidões/dimensões Perspectiva desenvolvimental: evolução da inteligência ao longo do desenvolvimento.

A inteligência vai sendo desenvolvida devido a interacção e socialização. A inteligência não é estável, desenvolve-se.

Abordagem Cognitivista: a inteligência como um processo. Resolução de problemas e de tarefas. Processamento da informação – 7 inteligências

Teoria Triádica, R. Sternberg: 3 sub-teorias: processo cognitivo; sub-teoria contextual (aquisição de conhecimento táctico); sub-teoria experimental (recurso a experiências passadas).

1.2)Novas Tipologias de Inteligência:

Inteligência Emocional capacidade para perceber e exprimir emoções para uma melhor resolução de problemas na vida. Ex: paciente chora quando lhe dizem que vai ser operado – porque razão o paciente chora? Medo? Negação? (pensa o médico) --» Inteligência emocional: percepção e compreensão das emoções do doente pelo médico.

Inteligência Social refere-se a um espectro de capacidades que vai do reconhecer instantaneamente o estado de espírito interior do outro, a compreender os seus sentimentos, pensamentos, passando por perceber as complicadas situações sociais

1.3)QI vs. QE:

Na questão do Trabalho/emprego: para além das habilitações académicas e conhecimentos técnicos, existem também qualidades pessoais e a questão do género:

As mulheres têm maior percepção das emoções e empatia – melhores em trabalhos que envolvam maior sensibilidade e emocionalidade.

Os homens têm maior aptidão para as situações de stress, pois tem maior auto-confiança e optimismo. – Melhores em trabalhos que envolvam mais acção.

Nota: “suicídio é a solução da depressão!” --» by Paúl…. Lolol (eu tinha de escrever isto)

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Icbas Psicologia II

Desenvolver a inteligência emocional: maturidade

Os médicos recém-formados tem maior grau de certeza que os médicos com mais anos de trabalho (nem sempre a teórica corresponde à prática).

1.4)Importância da inteligência Emocional (IE): características importantes

Ouvir, comunicar com os outros e trabalhar em equipa Auto-motivação, vontade de progredir Dar resposta a situações imprevistas Competência académica e confiança e potencial de liderança Auto-domínio e vontade de contribuir

Inteligência emocional capacidade de reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações. Reconhecer o que estamos a sentir e lidar com isso.

Os 5 Aspectos da Inteligência Emocional:

Auto-consciência: Chega uma mulher que provocou o aborto às urgências, e mesmo sendo contra o aborto, não podemos prejudicar essa mulher, temos de oferecer a mesma qualidade de serviço.Auto-regulação: gerir as nossas emoções, de modo a que facilitem em vez de dificultarem a tarefa que temos em mãos.Motivação: estabelecer objectivos; iniciativa e eficiênciaEmpatia: ser capaz de se colocar na posição dos outrosAptidões sociais: interagir com harmonia, gerir bem as emoções nas relações, ler com precisão as situações.

1.5)Inteligência social: (2 parâmetros) Capacidade do personagem lidar com outras pessoas e compreender os sentimentos alheios, os relacionamentos sociais e as convenções morais

Consciência Social : leitura imediata que se faz de outra pessoa, muito relacionada com estereótipos (todos os benfiquistas são idiotas!)

Facilidade Social : interacção eficaz num contexto.

1.5.1) Consciência Social

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Auto-consciência Auto-regulação Motivação EmpatiaAptidões Sociais

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Icbas Psicologia II

Empatia primária – é a primeira leitura/reacção básica; circuito emocional das vias primárias. Captar instantaneamente as emoções dos outros.Sintonia – oferece-mos a nossa atenção total e escutamos plenamente. Nem todos os médicos possuem esta aptidão, mas são capazes de aprende-la.

Aula 27.05.10

Acuidade empática – compreensão explicita do que a outra pessoa pensa ou sente. Envolve processos cognitivos.Cognição social – conhecimento de como social efectivamente funciona. Como se comportar nas mais variadas situações.

Nota: é fundamental termos emoções para termos comportamentos adequados.

1.5.2) Facilidade Social:Sincronia – ler instantaneamente pistas verbais e agir de acordo (sem pensar). A rotina causa sincronia. Ex: numa conversa, fazemos sons de concordância, muitas vezes para estimular ou motivar a conversa. Ausência de sincronia --> dissemia (pessoas desligadas, não conseguem comunicar decentemente), pode ser um problema neurológico, autismo.Auto-apresentação – capacidade de uma pessoa se caracterizar em poucos segundos, capacidade de controlar a expressão das emoções e apresentar-se aos outros da forma desejada.Influência – auto-domínio + empatia + cognição social. Persuadir uma pessoa, obtendo o resultado social pretendido (tendo em conta normas sociais e culturais). Ex: auto-domínio: modular um impulso agressivo que deitava tudo a perder; empatia: saber dosear a força necessária para conseguir convencer; cognição social: conhecer as normas adequadas numa dada situação.Interesse – quanto maior o interesse maior a empatia. O interesse é o impulso que está na base de profissões como medicina e serviço social. Sem empatia, não há rendimento!

1.6)Instinto ou aprendizagem na Comunicação emocional: é instintiva.Usámos as vias inferiores quando expressámos ou sentimos sentimentos (amígdala)Usámos os circuitos superiores quando sentimos com intenção (quando se pensa no que se está a sentir) (córtex pré-frontal)

Interacção desligada e limites de afectividade impostos: são duas maneiras de evitar a afectividade nos cuidados, por imposição organizativa ou dificuldades pessoais.

Dessensibilização em profissionais de saúde - defender da própria dor por identificação ao outro. Por vezes os limites impostos aos afectos na prestação de cuidados de saúde podem gerar sobrecarga nos profissionais.

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Icbas Psicologia II

1.7)Não Podemos “Não comunicar” não podemos neutralizar os efeitos das emoções. Podemos desencadear respostas simplesmente por expressões faciais. Emitimos sinais reveladores do que sentimos. Ex: serie Lie to me (2009)

Caveman show: comédia de sucesso internacional

1.8)Receita Relação profissional de saúde/paciente: Atenção, tom de voz e expressão + coordenação e sincronia com o outro.

Aula 02.06.10

1) Comunicação:É impossível não comunicar. A comunicação é uma área importantíssima.

1.1)Modelos de Comunicação: Modelo de Shannon e Weaver (1948/1949): Neste modelo queremos assegurar-nos

do que o que transmitimos chega ao destino com o significado que queremos. Para isso temos 3 níveis que podemos regular:

Nível técnico – usar o nível técnico como médicos dá poderNível semântico – símbolos transmitidos são recebidos com o significado

desejadoNível pragmático – o balanço entre o nível técnico e pragmático é necessário a

um médico

Fonte de Ruído: interferências

Fonte Transmissor Sinal Receptor DestinoCanal

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Modelos linguísticos e funções da linguagem:Funções: descritiva, interrogativa, apelativa, imperativa

As 3 pessoas Expressivo (eu, nós) – mais emocional, médico liga-se ao doenteVerbais e as Conativa (tu, vós) – o que o outro (doente) deve fazerFunções da Descritiva (ele, eles) – descrever, falar sobre a doençaLinguagem

Nota: o sarcasmo é um tipo de linguagem muito utilizada em Portugal, e que corresponde a uma linguagem complexa e complicativa.

Outras funções da linguagem: metalinguística, fática, argumentativa, encantatória, coordenação das sequências interactivas, auto e hetero-regulação

O emissor e o receptor estão em constante feedback. O médico pode perguntar ao paciente o que reteve da conversa, para se assegurar que este vai cumprir ou que esteve atento feedback.

1.2)Funções:

Função descritiva: a mais usada. Serve para descrever factos (coisas e estados), tendo emconta o seu referente (a noção). A linguagem é o veículo de conteúdos.Questão da veracidade: o médico pode comunicar de tal forma seguraque parece verdade, ou o paciente pode não dar correctamente osdados ao médico.

Função Injuntiva: suscita uma dada acção ou resposta. A sua validade é determinada pelaadesão do indivíduo receptor. Conforme a necessidade de termos umaacção cumprida esta função pode ser: imperativa, apelativa,persuasão, sugestão (se não vai a bem vai a mal!).

Função Expressiva: orientação para o emissor, que é o referente das nossas mensagens. Podeou não ser válida: sinceridade do emissor.

Função Fática: facilitadora de comunicação. Mantém a conversa.

Função metalinguística: embora partilhemos o mesmo conjunto de códigos e signos, nem sempre o significado é o mesmo (como é o caso do sarcasmo). É uma função que pressupõe significados e sentidos. Metalinguística – significado das expressões usadas.

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Indicativa e Referencial

Conativa

Emotiva, auto-apresentativa