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Psicanálise OntemPsicanálise Hoje

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Nota
O material de Petruska Menezes, membro do Núcleo Psicanalítico de Aracaju apresenta uma síntese da Psicanálise ontem e hoje, apontando conceitos psicanalíticos conforme alguns teóricos referenciados na Disciplina Fenômenos e Processos Psicodinâmicos I
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• No século XVIII, a loucura e ahisteria perdem suasprerrogativas divinas quetiveram em toda a Idade Média epassam a ser vistas comodoenças da dimensão humana. Adesconstrução começou com adescoberta da Lei da GravitaçãoUniversal com os físicosJohannes KEPLER (1571-1630) eIsaac NEWTON (1642-1727)(Coleção memórias da Psicanálise – Freud e odespertar do inconsciente)

Contexto Histórico

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• As Psicoterapias, antes de Freud,utilizavam com frequência aSUGESTÃO para tratar ospacientes. Paracelso, alquimista doRenascimento, afirmava que “Asugestão confere ao homem umpoder sobre seu semelhante,comparável aquele de um ímãsobre o ferro”. (Coleção memórias daPsicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

Contexto Histórico

1493-1541

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• Em 1766, o vienense Mesmerafirma que a atração universalde Kleper e Newton pode seraplicada ao corpo e à almahumana chamando-a de“magnetismo animal”.

Franz Anton Mesmer

• A teoria da “atração universal animal” afirma que os seresvivos veiculam um “fluido universal” que é transmitido deum corpo a outro através de um ímã e esta transmissãoreestabelece um afluxo de energia permitindo sua livrecirculação que estaria bloqueada em um órgão doente.(Coleção memórias da Psicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

1734-1815

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A Cuba de Mesmer• Seu tratamento incluía as imposições das mãos e a Cuba

terapêutica. Na cuba, os doentes eram unidos por uma cordae ligados à cuba por uma barra de metal em contato com oórgão doente.

1734-1815

• A outra parte da barra eramergulhada no líquido dacuba que possuía em seminterior pedaços de vidro,areia, limalha de ferro ebastões de enxofre moídos(Coleção memórias da Psicanálise –Freud e o despertar do inconsciente)

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• Grandes espelhos refletiam a imagem do grupo enquanto queuma música harmônica era tocada.

A Cuba de Mesmer

• Com uma vara de ferromagnetizada o terapeutaestimula as crises pormeio de “passes”. Quandoas crises vêm os pacientessão transportados paraoutro cômodo junto como terapeuta. (Coleção memóriasda Psicanálise – Freud e o despertardo inconsciente)

1734-1815

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• Puységur desenvolve a teoria de seu mestre Mesmerafirmando que as crises desencadeadas, na verdade, sãoresistências à cura. Ele vai colocar seus pacientes em estadode sonambulismo e os deixa guiar as sessões. Na relaçãopassa a existir um jogo de submissão-resistência do pacientecom o terapeuta. O papel do terapeuta passa a ser devolverao paciente seu próprio saber.

Marquês Chastenet de Puységur

1751–1825

• É nesse contexto que começa a seperceber um movimento que vaiculminar na Psicanálise. Nestemomento ainda não é possívelperceber a dimensão psíquica do queé dito pelo paciente. (Coleção memórias daPsicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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Joseph Philippe François Deleuze

1753-1835

• Deleuze acredita que o fluidomagnético tem mais poder doque sua ação pessoal. Criasua forma de trabalhar comsessões que vão diminuindode tempo e com o pacientesonâmbulo ele dá passesmagnéticos calmantes eprocura a causa da doença.Afirma: “as doenças crônicastêm frequentemente comocausa pesares secretos, doresmorais, sentimentosoprimidos”. (Coleção memórias daPsicanálise – Freud e o despertar doinconsciente)

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• As diretivas do processo são: “Evite questionar os segredosdo sonâmbulo quando não é evidentemente útil para ele quesejam conhecidos. Ouça-o sem agradecer-lhe, sem lhe fazernenhum elogio. Atingida a cura, a relação dever serinterrompida. Qualquer prolongamento pode ser nocivo aosonâmbulo”.

• Deleuze fala também que o magnetizador normalmente nãoé influenciado pelas dores do paciente, mas algumas vezesele pode experimentar essas dores de modo tão vivo que assente mesmo depois da sessão. Esse movimento na futuraPsicanálise recebe o nome de contratransferência. (Coleçãomemórias da Psicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

Joseph Philippe François Deleuze

1753-1835

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Abade Faria (José Custódio de Faria)

1756-1819

• Faria faz do sono o cerne de sua terapêutica abrindo uma reflexãopara a influência sugestiva da linguagem sendo precursor dapsicoterapia verbal embora ainda inclui-se massagensterapêuticas e o relaxamento em seu trabalho.

• Ele critica os modelos anteriores que utilizavam a cuba ou fluidomagnético partindo do princípio que o SONO LÚCIDO como elechamava, é quem promove os sonhos que estão ligados à intuição(que deve ser mista – ligada à memória e a sensorialidade)

• Entretanto não descorporifica por completo o tratamentoacreditando na influência sanguínea que mostra os pontos defixação através de sua espessura ou debilidade. (Coleção memórias daPsicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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Ambroise-Auguste Liébeault

1823-1904

• Liébeault começa a utilizar a palavra hipnose e afirma que osonambulismo é um mecanismo normal ao ser humano epode ser conduzido através da sugestão.

• Ele diz que favorecendo o ambiente como a penumbra,temperatura amena e outros é comum ao ser humano entrarem um estado de sonambulismo e o sujeito não esquecequem o adormeceu, a não ser aparentemente. Neste estado,começa-se a fazer sugestões de melhoria. O toque é o meiode manter o contato com quem o adormeceu. (Coleção memórias daPsicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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Ambroise-Auguste Liébeault

1823-1904

• São frases de Liébeault:• A atenção retira-se da consciência para investir os pensamentos

latentes• O sono abriga uma inteligência, um pensamento que pode

ultrapassar o pensamento de vigília, o que permite compreenderracionalmente os sonhos adivinhatórios.

• “O que não está nos sentidos não pode existir na inteligência”.• “As lembranças rememoradas durante o sono lúcido existem

também no estado de virgília, mas sem que haja atençãoacumulada que lhes dê vivacidade”.

• Loucura, criação artística, sonho, pertencem à mesma famíliapsíquica, todos os três sendo conectados às experiências dopassado”. (Coleção memórias da Psicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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Ambroise-Auguste Liébeault

1823-1904

• Em 1884 funda junto com Hippolyte Bernheim (1840-1919) aEscola de Nancy, que imediatamente faria oposição à Escola deSalpêtrière, chefiada pelo parisiense Jean Martin Charcot (1825-1893), famoso por seus estudos experimentais sobre a histeria.(Coleção memórias da Psicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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• A histeria e a hipnose foram razão da disputa entre Nancy eSalpêtriére, que se estendeu por dez anos. Bernheim dizia ser ahipnose decorrente da sugestão verbal, e que tal técnica já estavadesmistificada, desvinculada do simples mesmerismo, desde finsde século XIX, quando a clínica da palavra sobrepujava a do olhar.Acusava Charcot de fazer mal uso da hipnose, já que dela seservia não para fins terapêuticos, senão para provocar crisesconvulsivas em suas pacientes, manipulando-as de modo aconferir um status de neurose à histeria. O médico de Nancyafirmava ainda que os efeitos alcançados pelo hipnotismopoderiam advir por simples sugestão dada em estado de vigília,estando aí o prenúncio do que mais tarde veio a se chamar depsicoterapia. (http://www.amigodaalma.com.br/2010/01/07/hipnose/)

Hippolyte Bernheim

1840-1919

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• Desde 1870, o médico parisiense Jean Martin Charcot, chefedo Hospital Escola de Salpêtriére, tornara-se famoso por seusestudos experimentais sobre a histeria. A administração deSalpêtriére decidira separar os doentes alienados dasmulheres histéricas e dos epilépticos, juntando essas duasúltimas patologias numa mesma enfermaria. Rapidamente ashistéricas assimilaram os sintomas epilépticos em suas crisese aprenderam a simulá-las plasticamente.(http://www.amigodaalma.com.br/2010/01/07/hipnose/)

Jean Martin Charcot

1825-1893

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• Charcot valia-se da hipnosepara diferenciação

diagnóstica, capaz queera de fabricar sintomasextraordinários nashistéricas submetidas àsugestão hipnótica, demodo a provar o caráterneurótico dessa doença.(http://www.amigodaalma.com.br/2010/01/07/hipnose/)

Jean Martin Charcot

1825-1893

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Josef Breuer

1842-1925

• Breuer descobriu, em 1880, que elehavia aliviado os sintomas dedepressão e hipocondria (histeria) deuma paciente, BERTHA PAPPENHEIM(ANNA O.), depois de induzi-la arecordar experiências traumatizantessofridas por ela na infância. Para issoBreuer fez uso da hipnose e de ummétodo novo, a terapia de conversa.Caso que Freud acompanhou. (Coleçãomemórias da Psicanálise – Freud e o despertar doinconsciente)

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1856-1939

Sigmund Freud

• O termo PSICANÁLISE foi criado por Freud e aparece pelaprimeira vez em um artigo chamado Novas observaçõessobre as neuropsicoses de defesa (1896) e buscava nomearum novo método terapêutico para tratar as neuroses.

• O primeiro caso de Freud, na verdade foi de Breuer: Anna O. (Bertha Pappenheim). (Coleção memórias da Psicanálise – Freud e o despertar do inconsciente)

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1856-1939

Freud e a Histeria

• O caso que trouxe apossibilidade da cura pela falacom Freud foi Sra. Emmy von N.(Fanny Moser - 1889) que tinhafobia de animais.

• O tratamento durou seissemanas.

• Sra. Emmy pediu que Freudparasse de fazer perguntas e adeixasse falar. (QUINODOZ, 2007)

1872-1953

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1856-1939

Freud e a Histeria

• Em 1892, Miss Lucy R. não estava respondendo à hipnose eFreud passou a aplicar o método da associação livre para o seuproblema de não sentir odores e suas alucinações olfativas.Freud identifica as causas dos sintomas histéricos pelo desejoreprimido da consciência de estar apaixonada por seu patrão.

• Katharina, em 1893, tinha problemas de sufocaçãoacompanhados da visão de um rosto assustador e foiconsultada por Freud em um passeio nas estalagens de suafamília onde Freud se hospedou. Foi o caso em que Freudmostra o papel dos traumatismos sexuais na origem dossintomas histéricos quando elucidou que Katharina presenciarauma relação sexual de seu tio (pai) com sua prima dois anosantes do aparecimento dos sintomas, tio que já havia tentadoseduzi-la. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Freud e a Histeria• Srta. Elisabeth von R. (Ilona Weiss) foi a primeira paciente que Freud

fez a análise completa de um caso de histeria. Freud tratou dela dooutono de 1892 a julho de 1893. Ela sofria de dores violentas naspernas e distúrbios da marcha que apareceram pela primeira vezquando ela tratava do pai doente. O pai e em seguida a irmã morreram.Freud dividiu seu tratamento em três fases:• 1ª fase – impossibilidade de estabelecer uma relação entre os seus sintomas e a

causa desencadeante não aceitando a hipnose.• 2ª fase – recorreu ao procedimento de pressão na cabeça pedindo que lhe

falasse o que viesse à mente. Sua lembrança foi a de uma rapaz que ela estavaenamorada e teve que abrir mão dele para tratar do pai. Com essa lembrança, aprópria pacientes descobriu o motivo da primeira conversão (o pai apoiava aperna na sua coxa direta onde a conversão começou). Nesse momento Freudganhou confiança em seu método e se deu conta da resistência.

• 3ª fase – os sintomas retornaram e Freud manteve o trabalho até descobrir que amorte da irmã trouxe o pensamento de que seu cunhado estaria livre para ela.Sua consciência moral não permitirá que ela amasse seu cunhado e então elareprimiu esse desejo. Após essa descoberta ela ficou curada. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Construção dos Conceitos• Pelo estudo da histeria Freud começa a perceber alguns de seus primeiros conceitos:

• Transferência – ele já apontada que Breuer não percebeu que a gravidez psicológicade Anna O. era uma processo de transferência que ela fez do pai para o médico.

• Resistência – Com a dificuldade da Srta. Elisabeth von R. de se recordar ou falar delembranças que viessem em sua mente, Freud percebe que existe um mecanismoque possui um tipo de censura que inibe os pensamentos no tratamento.

• Sedução infantil – no curto período de 1895 a 1897 Freud acreditava que suaspacientes realmente haviam sida abusadas na primeira infância, mas seus estudosposteriores o fazem perceber que isso na verdade só acontecia em fantasia.

• Complexo de Édipo – com as histéricas e posteriormente com a sua autoanálise,Freud se dá conta que deseja a mãe e sente inveja do pai. A esse funcionamentoinicialmente reprimido, ele irá chamar de Complexo de Édipo.

• Visando introduzir a psicologia profunda (Psicanálise) no âmbito das ciências naturaisFreud, em 1895 – mas só publicado em 1950, escreve “Projeto para uma psicologiacientífica” tentando mostrar um modelo integrado de funcionamento psíquicoinclusive prevendo o auxílio de medicação (em uma bioanálise). (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Freud entre 1894 e 1899• Freud continua a desenvolver seus estudos sobre histeria, fobia e

obsessões nos seguintes textos: “As neuropsicoses de defesa”(1894), “Sobre os fundamentos para destacar da neurasteniauma síndrome específica denominada ‘neurose de angústia’”(1895), “Observações adicionais sobre as neuropsicoses dedefesa” (1986).

• Ainda no segundo texto ele delimita a neurose de angústia, hojeconhecida como síndrome do pânico.

• Em “A Sexualidade na etiologia das neuroses” (1898) vai falar daimportância da sexualidade no adoecimento.

• E em “Lembranças Encobridoras” (1899) fala da substituição delembranças reprimidas por lembranças que ocupam o lugardessas quem mantêm seu poder patogênico no inconsciente.(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Sobre a Interpretação dos Sonhos (1900)

• Freud faz um estudo histórico do olhar sobre os sonhos paraconcluir que o sonho é uma produção própria de quemsonha e que não provém de uma fonte estranha a ele,imposta de fora.

• É nesse texto que ele traz uma das suas frases maisconhecidas: “A interpretação dos sonhos é via régia queconduz ao conhecimento do inconsciente da vida psíquica”

• Através da análise de vários sonhos, inclusive dos seus, eleconclui alguns fundamentos que o levarão à forma de setrabalhar analiticamente. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Sobre a Interpretação dos Sonhos (1900)

• Conteúdo manifesto – sonho tal como é relatado e no qual osentido geralmente é obscuro.

• Conteúdo latente – o seu significado só aparece com toda asua clareza depois que o sonho é decifrado à luz dasassociações do paciente.

• Trabalho de sonho – conjunto de operações psíquicas quetransforam o conteúdo latente em conteúdo manifesto como objetivo de torna-lo irreconhecível.

• Trabalho de análise – é a operação inversa, que visaencontrar seus sentido oculto a partir do conteúdomanifesto. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Sobre a Interpretação dos Sonhos (1900)

• O sonho é a realização deum desejo inconsciente(recalcado/reprimido). Nascrianças, muitas vezes, odesejo é “límpido” como ocaso da menina que sonhacom morangos que lheforam negados no diaanterior. Mas no adulto, amaioria das vezes o desejovem dissimulado de forma aparecer incoerente àprimeira vista só sendoelucidado pelo trabalho deanálise. (QUINODOZ, 2007)

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Mecanismos na formação dos sonhos• Condensação – é reunir em um único elemento vários elementos –

imagens, pensamentos, etc. – pertencentes a diferentes cadeias deassociação.

• Deslocamento – o trabalho do sonho substitui os pensamentos maissignificativos de um sonho por pensamentos acessórios, de modo queo conteúdo importante de um sonho é desfocado e dissimula arealização do desejo.

• Representação ou representabilidade – é a transformação depensamentos em imagens sobretudo visuais.

• Elaboração secundária – apresentação do conteúdo onírico de forma aser um cenário coerente e inteligível.

• Dramatização – transformar um pensamento em uma situação.• Substituição pelo seu contrário – inversão pelo oposto.

(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Sonhos• Restos diurnos + realização de um desejo = sonho

• O principal motivo para a deformação dos sonhos está ligadoà CENSURA (posterior Superego) – que é uma instância particularna fronteira entre o consciente e o inconsciente que sópermite passar o que lhe é agradável gerando o processo deREPRESSÃO/RECALQUE e constituindo o que é REPRIMIDO.No sono, uma parte da censura sofre um relaxamento e oque está reprimido se apresenta através dos mecanismos deformação dos sonhos citado anteriormente sofrendomodificações e formando o compromisso.

• A função do sonho é a realização de um desejo para apermanência do sono, ou seja, “o sonho é o guardião dosono, e não um perturbador”. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Sonhos• Os desejos reprimidos são desejos sexuais infantis que se

originam da sexualidade infantil.

• O SÍMBOLO tem um papel central no sonho pois permite que apessoa que sonha contorne a censura camuflando as representaçõessexuais de sua intelegibilidade. E temos dois tipos de símbolos:• Símbolos universais• Símbolos individuais(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901)

• Atos Falhos – desejo se realiza de uma maneira evidente. Oato falho é o resultado de um compromisso entre umaintenção consciente e um desejo inconsciente ligado a eleapresentando assim uma dupla face. Os mecanismos deformação dos atos falhos são os mesmos da formação dosonhos.

• São exemplos de atos falhos: esquecimentos, lapsos ousubstituições, erros de palavras ou frases no discurso,deslizes no comportamento. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Os Chistes e a sua relação com o inconsciente (1905)

• O Humor utiliza os recursos dos sonhoscomo a condensação e o deslocamento. Arepresentação também está presente e éatravés dela que as palavras ganhamduplos sentidos ou jogos de palavras ouainda substituindo o pensamento pelo seucontrário.

• Ao contrário dos sonhos, o chiste é umproduto social que procura obter prazer enão possui o mecanismo da repressão.

• Existem chistes de palavras e chistes depensamento. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Os Chistes e a sua relação com o inconsciente (1905)

• São três procedimentos nas palavras:• Condensar duas palavras ou dois fragmentos de palavras• Empregar uma única palavra com uma dupla utilização• Tomar o duplo sentido ou o múltiplo sentido de uma palavra (jogos de

palavras)

• Pensamentos:• Deslocamento – usa a lógica para encobrir um erro de raciocínio• Nonsense – uma coisa estúpida (nonsense – sem sentido ou

compreensão) estará ligada e lembrará uma outra coisa estúpida.

• Sonho = realização de um desejo para evitar desprazer• Chiste = obter prazer(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)

• Freud traz a luz a sexualidade infantil – o que desagrada a muitos.

• Traz os desvios sexuais em relação ao objeto sexual (pessoa) e em relação a meta (ato que leva a pulsão).

• Crianças são perversas polimorfas em seu funcionamento normal.

• O ser humano é um ser bissexual em essência.

• Pulsões parciais – zonas erógenas.(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Fases de desenvolvimento da organização da sexualidade

Oral Anal FálicaPeríodo de

latênciaGenital

• Freud afirma que as fases não são necessariamente lineares podendo existir retrocessos e avanços, mas cada fase deixa marcas permanentes atrás de si.

AutoeróticaVoltada para

o objeto

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1856-1939

Fragmento da Análise de um caso de histeria – Dora (1905)

• É no caso Dora que Freud descobre que a transferência vista como algoprejudicial na análise (Anna O.) torna-se seu mais poderoso auxiliar.

• Dora interrompeu seu tratamento com 11 semanas, mas foi osuficiente para o insight de Freud de entender que ele assumiu paraDora o papel de pai e do Herr. K.

• HISTÓRIA: O pai de Dora teve um caso com Frau K. e o marido de FrauK., Herr K. descobre. Para se vingar, corteja Dora que sentia-seapaixonada por ele por lembrar seu pai. Herr K. a surpreende um dia,abraça-a e a beija. Chocada ela se afasta dele e lhe dar um tapa. Desdeentão ela sente-se envergonhada por desejar e repulsar o Herr K. egeneraliza para todos os homens. Ela tentar revelar isso para seu paique a acusa de inventar a história. Ela então começa a sofrer dedistúrbios nervosos e de depressão ameaçando suicídio.

• A TRANSFERÊNCIA é uma figura importante do passado sendoprojetada no presente na pessoa do psicanalista. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Introdução ao Narcisismo (1914)

• Freud divide o narcisismo em dois:• Narcisismo primário – é a libido que a criança toma para si mesma

como objeto de amor e como centro do mundo antes de se dirigir aobjetos exteriores.

• Narcisismo secundário – é o retorno do investimento inicialmentefeito a um objeto e que retorna ao sujeito desenvolvendo com issoa capacidade de amar as pessoas percebidas como separadas ediferentes de si. Assume o fundamento da autoestima e coexistecom o amor de objeto.

• Narcisismo como patologia – pessoas que retiram seuinvestimento do mundo exterior tendo um retraimento dalibido para si. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Introdução ao Narcisismo (1914)• O estudo do narcisismo pode ser abordado:

• Pela psicose = megalomania, onipotência do pensamento e magia

• Pela doença orgânica = sono• Pela hipocondria = concentra seus investimentos

em seus órgãos• Pela vida amorosa:

• Escolha de objeto por apoio (mãe ou seu substituto) – homem

• Escolha de objeto narcísica (na díade mãe/bebê escolhem a si – bebê) – mulher

• Aparece o IDEAL DE EGO (consciência moral) – é osubstituto do narcisismo perdido de sua infância onde eleera seu próprio ideal. (ensaio para o desenvolvimento dainstância do superego)

• Todos os pontos acima levam a pessoa a fazer umdesinvestimento no objeto para investir em si.

(QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Metapsicologia Freudiana

• Artigos sobre Metapicologia (1915-1917)

• Pulsões e destinos das pulsões (1915)

• Repressão (1915)

• O Inconsciente (1915)

• Complemento metapsicológico à teoria dos sonhos (1917)

• Luto e Melancolia (1917[1915])

• Visão de conjunto das neuroses de transferência (1985[1915])

• Lições de introdução à Psicanálise (1916-1917 [1915-1916])

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1856-1939

Metapsicologia

• Pulsão – impulso dinâmico que tem uma fonte, umafinalidade e um objeto. É uma necessidade que precisa desatisfação.• Finalidade – obter a satisfação. Ex: com fome – se alimentar é a

finalidade• Objeto da pulsão – pode ser um objeto exterior, uma pessoa do

meio ou parte do próprio corpo e que pode ser substituído.• Fonte – o processo somático que é localizado em um organismo ou

em uma parte do corpo e cuja excitação é representada na vidapsíquica pela pulsão.

• Não se conhece a fonte da pulsão a não ser de maneiraindireta pelas suas finalidades. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Metapsicologia

• Princípio do prazer - O princípio do prazer-desprazer temcomo propósito dominante alcançar prazer e evitar qualquerevento que desperte desprazer.

• Princípio da realidade - tem como propósito obter prazeratravés da realidade, fazendo uma alteração real na mesma,para que enfim se possa obter prazer.• Prova de realidade – capacidade de distinguir percepção e

representação, interior e exterior. (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Metapsicologia• Definição de pulsão – “um conceito limite entre o psíquico e osomático, como o representante psíquico das excitações,oriundas do interior do corpo e que chegam ao psiquismo,como uma medida da exigência de trabalho que é impostoao psíquico em consequência de sua ligação com o corporal.”

• 1ª teoria das pulsões (QUINODOZ, 2007)

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1856-1939

Além do Princípio do Prazer (1920)

2ª fase1ª faseTeoria das

Pulsões

Pulsão

Sexual

Autopreservação Pulsão de vida

Pulsão de morte

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1856-1939

1ª Tópica FreudianaPonto de vista topográfico

• Consciente• processo secundário – Princípio da realidade• Memória consciente• Abstração • Representação de coisa + de palavra

• Pré-consciente: ainda não é consciente mas suscetível de se tornar consciente.

• É onde age a segunda censura• Processo sencundário

• Inconsciente:• atemporal• Processo primário – submetidos ao princípio do

prazer• Nem negação, nem certeza• Traços mnêmicos• É onde age a 1ª censura• Concretude • Representação de coisa

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1856-1939

2ª Tópica Freudiana

• Id

• Ego

• Superego

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1856-1939

2ª Tópica Freudiana

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1856-1939

Dúvidas sobre Freud?

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1856-1939

Desenvolvimentos pós-freudianos:Análise de Crianças

ANNA FREUD

1895 - 1982

MELANIE KLEIN

1882 - 1960

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1823-1904

Contribuições de Melanie Klein(por Hanna Segal, 1975)

• 1ª fase – inicia-se com seu artigo “On the development of thechild” e culmina com a publicação de “The psycho-analysis ofchildren” (1932). Nessa fase, Klein estabeleceu os fundamentosda análise de crianças e delineou o complexo de Édipo e osuperego até as raízes primitivas do seu desenvolvimento.

• 2ª fase – conduziu à formulação do conceito da posiçãodepressiva e dos mecanismos de defesa maníaca tendo comoreferência os artigos “A contribution to th psycho-genesis of themanic depressive states” (1934) e “Mouring and its relation tomanic depressive states” (1940).

• 3ª fase – ocupou-se de um estado mais primitivo chamadoposição esquizo-paranoide, formulada principalmente em seuartigo “Notes on some schizoid mechanisms” (1946) e em seulivro “Envy and Gratitude” (1957).

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1823-1904

Análise de Crianças

• Klein trouxe uma nova ferramenta: a técnica de brincar (playtechnique). Inspirando-se nas observações de Freud (1920) quanto aobrincar da criança com o carretel, Klein viu que o brincar da criançapoderia representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias. Vistoque não se pode exigir de crianças pequenas que façam associaçãolivre, ela tratou de brincar na sala de recreio do mesmo modo comotratou suas expressões verbais, isto é, como expressão simbólica deseus conflitos inconscientes. (SEGAL,1975)

• Klein entra assim no universo infantil inconsciente e suas relações de objeto e suas fantasias onipotentes.

• Uma das suas grandes descobertas é que o SUPEREGO já encontra-se presente em crianças muito pequenas e precede o complexo de Édipo sendo um dos agentes promotores do desenvolvimento. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Fantasia Inconsciente

• Para Klein, as fantasias podem ser consideradas como representantespsíquicos ou o correlato mental, a expressão mental dos instintos.

• A formação de fantasias é uma função do EGO.• A fantasia não é simplesmente uma fuga da realidade, mas um

constante e inevitável acompanhamento de experiências reais, com asquais está em constante interação.

• É também uma defesa contra a realidade interna – uma tentativa desatisfazer um desejo.

• O bebê capaz de sustentar uma fantasia não é impulsionado adescarregar “como um meio de aliviar o aparelho mental de acréscimosde estímulos”.

• Segal sugere que a origem do pensamento reside no processo de testara fantasia contra a realidade, ou seja, que o pensamento não apenascontrasta com a fantasia, mas nela se baseia e dela deriva. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Relações de Objeto

• As crianças tendem a cindir (Split) seus objetos em bons e mauscomo uma forma primitiva de tentar lidar com esses sentimentosruins tentando afastá-los e incorporar os bons.

• Os objetos vistos parcialmente são cindidos em bons e maus,assim o seio que amamenta pode ser visto como um seio bomquando nutri, mas também é um seio mau quando a criança estácom fome ou sentindo algum desconforto e ele não aparecemagicamente. Tudo isso se dá no mundo da fantasia infantil.

• Klein discorda de Freud sobre a sexualidade feminina eprincipalmente no estágio fálico. Ela aparece não como umaversão castrada da sexualidade masculina, e a posição femininado menino adquiri maior importância. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Relações de Objeto

• Existe uma troca constante entre o sujeito (EU) e os objetos. Kleinafirma que através de processos de introjeção, projeção e identificaçãoprojetiva ou introjetiva fazemos trocas de investimentos com osobjetos.

• IDENTIFICAÇÃO INTROJETIVA – é o resultado da introjeção do objetono ego, o qual, então, se identifica com algumas ou com todas as suascaracterísticas.

• IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA – é o resultado da projeção de partes do eu(self) no objeto. Pode ser como resultado não só o fato de que seperceba o objeto como tendo adquirido as características da parteprojetada do eu (self), mas também o de que o eu (self) se torneidentificado com o objeto de sua projeção.• A identificação projetiva patológica é o resultado de uma diminuta desintegração

do eu (self) ou de partes do eu (self),que, então, são projetadas no objeto edesintegradas; resulta na criação de “objetos bizarros”. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Identificação Projetiva

• A identificação projetiva tem múltiplos objetivos: pode serdirigida para o objeto ideal a fim de evitar separação, ou pode serdirigida para o objeto mau a fim de obter controle sobre a fontede perigo. Várias partes do eu (self) podem ser projetadas, comvários objetivos: partes más do eu (self) podem ser projetadas afim de se livrar delas, bem como para atacar e destruir o objeto;partes boas podem ser projetadas para evitar separação, ou paramantê-las a salvo de coisas más internas, ou, ainda, paramelhorar o objeto externo através de uma espécie de primitivareparação projetiva. A identificação projetiva tem início quando aposição esquizo-paranoide é primeiramente estabelecida emrelação ao seio, mas persiste e em geral se intensifica quando amãe é percebida como um objeto total e todo o seu corpo épenetrado por identificação projetiva. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Desenvolvimento Psíquico

• Não influi no conceito de fases de Freud (oral, anal, fálica egenital), mas fala em funcionamentos em posições.

• O bebê nasce e funciona primitivamente em um posiçãodenominada ESQUIZO-PARANOIDE e através das trocas e dasrelações com os objetos passa para uma posiçãoDEPRESSIVA.

Posição Esquizo-

paranoide

Posição Depressiva

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Posição Esquizo-paranoide

• O ego imaturo do bebê é exposto, desde o nascimento, àansiedade provocada pela polaridade inata dos instintos – oconflito imediato entro o instinto de vida e o instinto de morte.

• O ego, buscando se defender, se divide (splits) e projeta essa suaparte destrutiva, que contém o instinto de morte, para fora, noobjeto externo original – o seio (identificação projetiva) e manterdentro de si com o objeto ideal ou bom como algo protetor e quelhe dar vida.

• A ANSIEDADE predominante é PARANOIDE/PERSECUTÓRIA e osobjetos são vistos como OBJETOS PARCIAIS (que podem ser doEU e do OBJETO EXTERNO). Existe uma extrema IDEALIZAÇÃO euma NEGAÇÃO mágica onipotente. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Posição Esquizo-paranoide

• Os objetos ideais e perseguidores introjetados formam asprimeiras raízes do superego. O objeto perseguidor éexperimentado como punitivo, de forma retaliativa eimpiedosa. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Inveja

• Inveja primitiva (ou primária) – é experimentada pelo bebêprincipalmente em relação ao seio que o alimenta. Épossivelmente a primeira manifestação externa do INSTINTOMORTE, já que ataca o que é sentido como sendo a fonte da vida.

• Inveja é diferente de ciúme. A inveja é uma relação de duaspartes no qual o sujeito inveja o objeto ou alguma posse ouqualidade (objeto parcial). O ciúme é uma relação de objeto totalem uma relação triangular.

• A inveja pode fundir-se com a voracidade (desejo de extrair todaa bondade do objeto) e esgotar inteiramente o objeto.

• A inveja diminui à medida que aumenta a gratificação. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Posição Depressiva

• Se as condições de desenvolvimento são favoráveis, o bebê sentirá cada vezmais que seu objeto ideal e que seus próprios impulsos libidinais são maisfortes do que o objeto mau e do que seus impulsos maus; ele será cada vezmais capaz de identificar-se com eu objeto ideal e, em virtude dessaidentificação, bem como em virtude do crescimento fisiológico e dodesenvolvimento do seu ego, ele sentirá cada vez mais que este se torna maisforte e mais capaz de se defender e de defender seu objeto ideal. Quando obebê sentir que seu go está forte e na posse segura de um objeto ideal forte,ele se sentirá menos temeroso de seus próprios impulsos maus e, portanto,menos impulsionado a projetá-los para fora. Quando diminui a projeção eimpulsos maus, diminui também o poder atribuído ao objeto mau, ao passoque o ego se torna mais forte, já que está menos empobrecido pela projeção.Aumenta a tolerância do bebê em relação ao instinto de morte dentro de simesmo e diminuem seus medos paranoides; a divisão (splitting) e a projeçãodiminuem e o impulso para integração do go e do objeto pode tornar-segradualmente preponderante. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Posição Depressiva

• Quando esses processos integradores se tornam mais estáveis econtínuos se inicia uma nova fase da vida – a posição depressiva.

• O bebê olha a sua mãe por inteiro. Como um OBJETO TOTAL comcaracterísticas boas e ruins reunidas.

• As ansiedades brotam da ambivalência e a principal ansiedade dacriança é a de que seus próprios impulsos destrutivos tenhamdestruído ou destruam o objeto que ela ama e do qual dependetotalmente.

• Os processos introjetivo são intensificados em virtude do estágio oral.

• Existe um luto e um anseio pelo objeto bom e, a CULPA, vem comoconsequência do medo de sua destrutividade tenha danificado oobjeto.

• A CULPA busca o processo de REPARAÇÃO. (SEGAL, 1975)

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Posição Depressiva

• O bebê se torna consciente de si mesmo e de seus objetos comoseparados dele. Começa a distinguir fantasia da realidade externa peloteste de realidade.

• Há um fortalecimento do ego pelo crescimento e pela assimilação deobjetos bons, os quais são introjetados no ego e também no superego.

• O caráter do superego muda e o objeto ideal se torna parte do ego-ideal do superego, muitas vezes também perseguidora, por causa dasaltas exigências de perfeição.

• Com o ego mais organizado as projeções enfraquecem e a repressãotoma o lugar da divisão (splitting). Os mecanismos psicóticosgradualmente dão lugar aos mecanismos neuróticos, a inibição,repressão e deslocamento. Pode-se ver a gênese da formaçãosimbólica (e também dos processos de sublimação) pois ela é oproduto de uma perda sendo um trabalho criativo que envolve osofrimento e todo o trabalho do luto. (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Defesas Maníacas• As defesas maníacas auxiliam o ego a suportar o sofrimento pois o protegem

o desespero total. Quando o sofrimento e as ameaças diminuem, as defesasmaníacas podem dar lugar à reparação. Mas, se elas forem excessivamentefortes, formam-se pontos de fixação.

• Elas incluem mecanismos como a divisão (sliptting), idealização, identificaçãoprojetiva, negação, etc. Sendo que elas são mais organizadas devido aodesenvolvimento egoico e sua nova relação com a realidade e são dirigidas àansiedade depressiva e culpa.

• Como a experiência depressiva está vinculada a uma tomada deconhecimento de um mundo interno, que contém um objeto internoaltamente valorizado que pode ser danificado pelos próprios impulsos, asdefesas maníacas serão usadas contra qualquer experiência de ter um mundointerno ou de conter nele quaisquer objetos valorizados, bem como contraqualquer aspecto da relação entre o eu (self) e o objeto que ameace conterdependência, ambivalência e culpa.

• A relação com os objetos se caracteriza pelos seguintes sentimentos:CONTROLE, TRIUNFO e DESPREZO. (SEGAL, 1975)

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Defesas Maníacas• A constante necessidade de renovar o ataque ao objeto original

de amor e dependência coloca em movimento o círculo viciosotão característico das defesas maníacas. Na posição depressiva, oobjeto é originalmente atacado de fora ambivalente. Quando,nessa situação, culpa e perda não podem ser suportadas, asdefesas maníacas entram em cena. O objeto então é tratado comdesprezo, controle e triunfo. As atividades reparadoras nãopodem ser levadas a efeito, e os ataques sempre renovadosaumentam tanto a destruição do objeto quanto sua retaliaçãovingativa, aprofundando assim as ansiedades depressivas etornando a situação depressiva subjacente cada vez mais semesperança e perseguidora.

• Por vezes, alguma preocupação com o objeto pode serparcialmente preservada, e mecanismos maníacos podem serusados de modo reparador, apresentando a reparação maníacaum problema próprio muito especial. (SEGAL, 1975)

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Reparação

• As fantasias e atividades reparadoras resolvem as ansiedadesda posição depressiva. A aguda intensidade da ansiedadedepressiva é mitigada pelas repetidas experiências de perdae recuperação do objeto.

• Quando o ego restaura e recria o objeto internamente, estese torna cada vez mais propriedade do ego, sendo assimiladoe contribuindo para o seu crescimento – por isso o egoenriquece no processo de luto e aumenta a frequência doteste de realidade. (SEGAL, 1975)

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Sexualidade Feminina

• “Segundo seu ponto de vista, a menina, afastando-se do seio parao corpo da mãe, exatamente como o menino, tem fantasias deescavar e de ela própria possuir todos os conteúdos desse corpo,em especial o pênis do pai dentro da mãe e seus bebês. Como omenino, desde que suas fantasias são muito ambivalentes, osconteúdos do corpo da mãe, incluindo o pênis, podem sersentidos como muito bons ou muito maus, mas sob o impacto dafrustração e da inveja primitivas ela se volta cada vez mais para opênis de seus pai, antes e tudo dentro do corpo de sua mãe,depois como um atributo externo do corpo de seu pai, de ummodo oral incorporativo. Melanie Klein observou que, na menina,há uma tomada de conhecimento primitiva de sua vagina, e aatitude oral passiva se torna transferida da boca para a vagina,preparando o terreno para um posição edipiana genital.” (SEGAL,1975)

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Sexualidade Feminina• “Nessa atitude primitiva para com a sua mãe, há elementos tanto do

desenvolvimento heterossexual como do homossexual. O superego maternoprimitivo pode ser muito terrificante para que a menina enfrente a rivalidadecom a mãe, contribuindo então para a homossexualidade. Do mesmo modo,se o pênis de seu pai se torna um objeto muito mau, pode leva-la a temerrelações sexuais com esse pênis. Sob o impacto da culpa e do medo, fantasiasrestitutivas em relação ao corpo de sua mãe podem também se tornar umforte determinante de homossexualidade. Por outro lado, o desejo primitivode tomar o lugar da mãe e possuir

suas riquezas, a volta para o pênisdo pai como um objeto de desejo,restituição e reparação em relaçãoà mãe interna, e o desejo de supriressa mãe interna com um pênis ecom bebês – tudo isso contribuipara o desenvolvimentoheterossexual.” (SEGAL, 1975)

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1823-1904

Sexualidade Masculina

• “Em relação ao complexo de Édipo do menino houve tambémuma certa mudança de ênfase. A relação primitiva com o seio damãe e as fantasias sobre seu corpo, segundo Melanie Klein,desempenham significativo papel no desenvolvimento docomplexo de Édipo tanto do menino quanto da menina. Oafastamento primitivo do seio para o pênis ocorre como namenina, estabelecendo os fundamentos para a posição femininado menino; e logo o menino, como a menina, sustenta uma lutaentre essa posição feminina, na qual ele se afasta da mãe para opênis paterno bom, e sua posição masculina, na qual ele queridentificar-se com o pai e deseja sua mãe. As ansiedadesprovocadas por seus objetos internos levam-no cada vez mais adirigir seus desejos sexuais para a sua mãe externa real.(SEGAL,1975)

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Dúvidas sobre Klein?

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1897-1979

Wilfred Bion e a Teoria do Pensamento

• O Pensamento, as emoções e o conhecimento sãoindissociados entre si, sendo que o pensamento precede aoconhecimento, porquanto o indivíduo necessita pensar ecriar o que não existe, ou o que ele não conhece.

• Existe uma diferença entre “pensamento” (comosubstantivo/adjetivo) e a função de “pensar” (como verbo).“O pensar é um desenvolvimento forçado sobre o psiquismo,pela pressão dos elementos dos pensamentos, e não ocontrário”. (Zimerman,1995)

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1897-1979

Teoria do Pensamento

• O Pensamento para Bion tem como ponto de partida afrustração das necessidades básicas impostas ao lactante.

• O essencial é a maior ou menor capacidade do Ego dolactante poder tolerar o ódio resultante dessas frustrações.E, no trabalho analítico, é importante saber se haverá umafuga ou uma modificação desta frustração.

• Bion fala de “um pensamento sem pensador” que seria umpensamento errante em busca de algum pensador para sealojar nele. (Zimerman,1995)

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1897-1979

Teoria do Pensamento

• Pensamento vazio seria uma forma que está esperando por umconteúdo equivalendo a uma preconcepção que está a espera deuma realização.

• Realizações consistem em experiências emocionais resultantes defrustrações da onipotência do lactante e que, por isso, ele precisase voltar ao mundo real (daí: real-ização), sendo que essasrealizações podem ser positivas ou negativas.• Realização positiva – confirmação de que o objeto necessitado está

presente e atende às necessidades do lactante• Realização negativa – o lactante não encontra um seio disponível para a

satisfação e essa ausência é vivenciada como a presença de um seioausente e mau. O ser mau é porque sua ausência gera sofrimento.(Zimerman,1995)

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Teoria do Pensamento

• Se a inata capacidade para tolerar as frustrações forsuficiente, a experiência do “não seio” torna-se umprotopensamento e se desenvolve um aparelho psíquicopara pensá-lo. Se for insuficiente o seio mau é expulsoatravés de identificações projetivas e existe uma hipertrofiada onipotência.

• Preconcepção + realização positiva = CONCEPÇÃO

• Preconcepção + realização negativa = PENSAMENTO

• Concepção + concepção = conceito

• Se aprende pela experiência (Zimerman,1995)

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Teoria do Pensamento

• As experiências de realização negativa são inerentes e indispensáveis àvida humana, e elas podem seguir a dois modos de desenvolvimento:se o ódio resultante da frustração não for excessivo à capacidade doego do lactante em suportá-lo o resultado será uma sadia formação dopensamento, através do que Bion denomina como a “função α”, a qualintegra as sensações provindas dos órgãos dos sentidos com asrespectivas emoções. Caso contrário, se o ódio for excessivo, osprotopensamentos que se formam, denominados por Bion como“elementos β”, não se prestam para a função de serem pensados,porquanto eles são tão abrumadores que precisam ser imediatamentealiviados, portanto descarregados pela criança, o que é feito através deuma agitação motora (e, no caso de pacientes, por meio de actings), oupela via de somatizações, mas sempre com um exagerado usoexpulsivo de identificações projetivas. (Zimerman, 1995)

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Elementos α e Elementos β

• Os ELEMENTOS α proliferam e se aderem entre si formando umconjunto que Bion denomina Barreira de Contato que funcionacomo uma membrana semipermeável demarcando um contato,uma separação e o intercâmbio entre o consciente e oinconsciente, entre o mundo real externo e o interno impedindoque um invada o outro dando inclusive a noção de passado efuturo.

Os ELEMENTOS β se proliferam sob a forma de aglomeração, semintegração e vinculação entre si e Bion chamou isso de pantalha (outela) β e não diferencia nada (fantasia/realidade,consciente/inconsciente e nem faz a elaboração dos sonhos) Gera-se estados mentais confusionais – em alta intensidade a psicose.(Zimerman,1995)

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Teoria do Pensamento

• Bion fala que a mãe deve ter uma capacidade de continênciaque ele chama de capacidade de reverie sendo umcontinente para dar conta do bombardeio das identificaçõesprojetivas do bebê e forma o modelo de continente-contido.

• Para se formar e utilizar os pensamentos faz-se necessário asinterações dinâmicas entre o modelo continente-contido eentre as posições esquizo-paranoide (PS) e depressiva (D).

PS↔ D

É pela posição depressiva que se dão as sucessivasmodificações progressivas. (Zimerman,1995)

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Teoria do Pensamento

• Mais importante do que tornar o conflito consciente, o interessevoltou-se para o intercâmbio comunicativo entre as duas instânciaspriorizando a passagem do paciente do processo primário para osecundário que significa o mesmo que (objetivando e simplificando)ensinar o paciente a pensar.

• O pensar se dá através de várias formas de olhar uma mesma questão.Uma integração de perspectivas diferentes.

• Há um aparente paradoxo na teoria de Bion: é a frustração (nãoexcessiva) que mobiliza a capacidade para pensar, porém o pensarsomente se desenvolve mediante uma tolerância às frustrações. Opensamento é doloroso desde a sua origem mais primitiva, porquantoo primeiro pensamento útil (a) surge quando se aceita a dor dafrustração, ao invés de simplesmente evacuar a presença interna do“não seio”, sob a forma de elementos β. (Zimerman,1995)

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Modificações progressivas do pensamento

Pela elaboração exitosa da posição

depressiva

onírico

Pré-concepções concepções

Sistema dedutivo científico

Grau abstrativo do cálculo algébrico

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Sem memória, sem desejo e sem compreensão• É a mudança na atitude do analista, com uma certa privação dos

órgãos do sentidos, que possibilitasse um máximo de intuição.

• A intuição é considerada uma espécie de percepção doinconsciente que se dá por uma comunicação inconsciente vindada atenção flutuante de Freud.

• O objetivo é não saturar a mente do analista com preconcepçõesque irão cegá-lo para a relação que está se desenvolvendo noaqui-e-agora da sessão analítica.

• Sentimentos e ideias que surjam no analista no momento dasessão devem ser pensadas e relacionadas à relação psicanalista-psicanalisando. (Zimerman,1995)

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Dúvidas sobre Bion?

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1896-1971

Donald Winnicott

• Objeto Transicional

• Mãe suficientemente boa

• Falso Self

• Capacidade de estar só

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Objeto Transicional

• “Observando bebês, Winnicott constatou que entre osquatro e os doze meses a criança apega-se a um objeto queadquire para ela um valor primordial. Esse objeto émanipulado, chupado, acariciado e torna-se indispensável nomomento do adormecer. Os pais reconhecem-lhe o valor,levam-no para todo lugar e aceitam que ele fique sujo. Lavá-lo introduziria uma quebra na continuidade da experiênciada criança, destruindo a significação e o valor desse objetoque constitui uma defesa contra a angústia de tipodepressivo”. (Scheimberg, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional dePsicanálise, p. 1304)

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Objeto Transicional

• O que interessa é a primeira posse “não-Eu” e a zona deexperiência intermediária entre o polegar e o urso depelúcia, entre o erotismo oral e a verdadeira relação deobjeto, entre a subjetividade e a objetividade, entre acriatividade primária e a projeção do que foi introjetados.

• A noção de objeto e de fenômenos transicionais foiconceituada segundo três eixos: como uma etapa dodesenvolvimento afetivo normal da criança, como umadefesa contra as angústias de separação e, por último, comoum espaço psíquico, um campo neutro de experiência quenão será contestado: é a área da atividade lúdica e da ilusão.(Scheimberg, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional de Psicanálise, p. 1305)

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Objeto Transicional

• A criança só pode utilizar o objeto transicional a partir domomento em que o objeto interno “está vivo e é real esuficientemente bom”, o que depende da qualidade doscuidados maternos. Se o objeto externo é mau ou ausente, oobjeto interno adquire um caráter persecutório. Se acarência do objeto externo persiste, o objeto interno nãotem o menor sentido e o objeto transicional perde toda asignificação, podendo converter-se então num objeto-fetiche. /Winnicott cita igualmente a toxicomania, a mentirae o roubo como eventualmente ligados a uma patologia detransicionalidade. (Scheimberg, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional dePsicanálise, p. 1305)

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1896-1971

Mãe suficientemente Boa

• Chama-se “mãe suficientemente boa” à mãe cujaharmonização física e emocional consciente e inconscientecomo o seu bebê a adapta convenientemente aos diversosestágios dos primeiros anos da infância dele, assegurandoassim um ambiente ótimo para a instauração saudável de umser distinto, finalmente capaz de relações de objeto maduras.

• O conceito engloba a “mãe dedicada comum” e o “ambientesuficientemente bom”. Ele afirma que não existe bebê semmãe pois é a mãe que atende as necessidades corporais eemocionais do bebê permitindo o início de seu processo deintegração. (Jennifer Jonhs, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional dePsicanálise, p. 1117)

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1896-1971

Mãe suficientemente Boa

• A mãe suficientemente boa é aquela que responde ao gestoda criança, que lhe dá a ilusão temporária de onipotência,permite a realização da alucinação e a protege da angústiaimpensável (angústias ou agonias primitivas) que ameaça oEu imaturo no estágio da dependência absoluta. Um fracassonesse estágio pode resultar numa psicose.

• Com o desenvolvimento da criança a mãe, aos poucos, vai setornando menos empática fazendo com que o bebê possa tercontato com seus insucessos de forma tolerável e ajudando-o a diferenciar o Eu do não-Eu. O fracasso desse processoculmina no falso Self. (Jennifer Jonhs, 2005. In: Mijolla. DicionárioInternacional de Psicanálise, p. 1117)

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Mãe suficientemente Boa

• Winnicott mostra como a capacidade para estar só pode sedesenvolver a partir da experiência que a criança pequenatem da solidão na presença de uma outra. A imaturidade doEu é compensada pelo apoio ao Eu assegurado pela mãe.Com o tempo, esse apoio é interiorizado, de modo que essasolidão passa a ser tolerável. (Winnicott, D. W. 1958 apud Jennifer Jonhs,2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional de Psicanálise, p. 1117)

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Falso Self• O “falso self” são certos tipos de falsa personalidade que se

desenvolvem após um fracasso precoce e repetido por uma mãeinsuficientemente boa não sendo o potencial do verdadeiro Self quefica escondido.

• As mães insuficientemente boas que não são capazes de preencher asnecessidades excitadas do bebê ou exigem uma respostainadequadamente integrada de uma criança pequena incapaz de a dar,são descritas como intrusivas e traumatizantes. Quando ostraumatismos repetidos se produzem muito cedo no desenvolvimento,a criança pequena vê-se exposta a um pavor impensável ou a umaangústia primitiva da qual pode resultar uma psicose. Tornar-se dócil éa resposta da criança mais velha e mais integrada a uma mãe dessegênero, que se revela incapaz de responder ao gesto da criança e osubstitui por um dos seus. A criança pode então desenvolver um falsoSelf, o qual começa a instaurar um conjunto de relações baseadas nadocilidade ou mesmo na imitação, ficando o potencial do verdadeiroSelf irrealizado e escondido. (Jennifer Johns, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional dePsicanálise, p. 671)

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1896-1971

Capacidade de estar só• É estar só na presença de outro.• O autor anuncia de imediato a sua intenção: em lugar do medo

ou do desejo de solidão, frequentemente descritos, o que chamaa sua atenção é o que nos permite viver: a solidão concebida nãocomo uma retirada defensiva que nos separa de um mundohostil, ou como deserção, abandono, até aniquilamento de simesmo, mas como uma experiência positiva; ainda mais: comouma “possessão das mais preciosas”.

• Eu estou só e ao mesmo tempo não estou só, não porquemantenho a presença da mãe em mim, mas porque conseguidesligar-se da sua “loucura” e não me sentir aniquilado se ela seafasta e não se ocupa mais de mim. É possível que cada um denós tenha, por uma parte, que substituir um ambiente maternosuscetível de converter-se num campo sem fronteiras. Uma“elaboração imaginária”, uma vida psíquica com seus fluxos erefluxos: “possessão das mais preciosas”, com efeito. (Jean-BertandPontalis, 2005. In: Mijolla. Dicionário Internacional de Psicanálise, p. 291)

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1896-1971

Dúvidas sobre Winnicott?

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1924-2006

Armando Ferrari

• Objeto Originário Concreto• Não consideramos que o objeto principal da mente seja o seio materno

(ou a mãe), em todas as suas possíveis representações, mas aquilo quechamamos de Objeto Originário Concreto (OOC). Este, porém, não é umobjeto psíquico em sentido clássico, pois não é nem um objeto externo(fornecido pelo ambiente), nem um objeto interno (resultado de umprocesso introjetivo). É um objeto concreto, que existe antes de qualquerintrojeção; é a matriz originária de uma fisicidade que se exprime porsensações e emoções, e está ligado às funções fisiológicas que precedemtodas as formas de atividade psíquica: nós o compreendemos como umnúcleo originário de identidade físico-psíquica do qual a criança não podeprescindir. Nesse sentido, a acepção de objeto é entendida de modosubstancialmente diferente da acepção do modelo clássico: entende-sepor OOC uma espécie de núcleo primogênio de funções somáticas(sensoriais, fisiológicas, metabólicas, etc.), já presente no momento donascimento, que se articula com as funções mentais primárias decontenção e registro. (Ferrari, A; Carignani, Paulo, 2004, p. 168-169)

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1924-2006

Objeto Originário Concreto

• Nessas relações, Ferrari irá chamar o objeto primeiro derelação do indivíduo, ou seja, o corpo e suas sensações,emoções e seu simbolismo psíquico, como sendo ObjetoOriginário Concreto (OOC). É um objeto para a mente que orepresenta para o indivíduo. Ferrari (1995, p. 31) define: “[...]o chamamos de objeto e de concreto, porque é o únicoobjeto concreto que sentimos como pertencente àpercepção global de nós mesmos no mundo.” É origináriopor ser o primeiro. (Menezes, 2014)

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1924-2006

Coordenada Vertical – Uno ↔ BinárioCoordenada Horizontal – Ego ↔Mundo• o ser humano nasce e encontra a possibilidade de desenvolver-se

através do seu interior e das relações que faz com o exterior. Suasrelações interiores são chamadas de COORDENADA VERTICAL,enquanto que as relações com o meio são chamadas deCOORDENADA HORIZONTAL. A dinâmica, interação dessas duascoordenadas que ocorrem ao mesmo tempo, vai constituindo umconjunto de experiências e sentimentos únicos que criam aidentidade ou CONFIGURAÇÃO EGOICA.

• Na construção e desenvolvimento do ser, o UNO (corpo esensações) está junto ao BINÁRIO (mente e sensações empotencial). Com o desenvolvimento da capacidade de pensar, oser humano passa a representar e simbolizar aquilo que sente e,assim, pode compreender, acolher e suportar melhor os impulsosda vida. (Menezes, 2014)

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1924-2006

Consciente e Inconsciente

• Consciente – cognoscível

• Inconsciente – parte cognoscível em potencial e parte incognoscível

• Consciência:• a capacidade de conhecer o que está ao seu redor, o objeto, o não-

eu;

• e a capacidade de se reconhecer (autoconsciência)

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1924-2006

O eclipse do corpo

• Ferrari diz que, quando a mente é capaz de se colocar sobreo corpo de forma a lidar em uma outra instância com o queemerge, o OOC é eclipsado. Ou seja, os impulsos corporaissão filtrados pela mente e as sensações podem sersuportadas, toleradas. O eclipse do OOC dá a possibilidadedo indivíduo suportar o sofrimento, melhorando eaperfeiçoando sua capacidade de viver. (Menezes, 2014)

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1924-2006 Dúvidas sobre Ferrari?

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1856-1939

Considerações sobre o minicurso

• Essa apresentação não tem a pretensão de enfocar todo oconteúdo psicanalítico desenvolvido até os dias atuais. Aideia é poder compreender um pouco o desenvolvimento doolhar psicanalítico ao longo dos seus cento e poucos anos deexistência e poder gerar dúvidas e questionamentos quelevem os curiosos da psicanálise a aprofundar seusconhecimentos em cursos mais especializados.

• É claro que ficaram de fora muitos e importantes autorespsicanalistas que também poderão ser vistos em uma outraoportunidade.

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• Livros:• FERRARI, A; CARIGNANI, Paulo. Vida e Tempo – Reflexões Psicanalíticas. Ed. Casa do Psicólogo, 2004.• MIJOLLA, Alain de. Dicionário internacional de psicanálise: conceitos, noções, biografias, obras, eventos,

instituições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2005. Vol 1 e 2.• QUINODOZ, Jean- Michel. Ler Freud: guia de leitura da obra de S. Freud. Porto Alegre: Artmed, 2007.• SEGAL, Hanna. Introdução à obra de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1975• ZIMERMAN, David. Bion: da teoria à prática – uma leitura didática. Porto Alegre: artes Médicas, 1995.

• Revistas:• Revista Psique Edição Especial, ano I nº4. Grandes pensadores da psicanálise. Editora Escala.• Revista Coleção Memória da psicanálise: Freud e o despertar do inconsciente. Viver mente e cérebro. Duetto

Editorial.

• Sites:• http://www.heraldomarciogalvao.com.br/cronologia.htm• http://www.metapsychique.org/La-parapsychologie-a-Freiburg.html (Fanny Moser)• http://segredosdapsicologia.webnode.com.pt/freud-e-o-desenvolvimento-psicossexual-i/freud-e-a-

estrutura-do-psiquismo/• http://www.saudevida.com/site/artigos/principio-do-prazer-x-principio-da-realidade/

• Artigos:

• MENEZES, Petruska. Hipóteses do despertar da consciência. In: http://www.psicanalisearacaju.org.br/?pag=textos&idtexto=135&idcoluna=28

Referências