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1 PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO MÓDULO AVANÇADO DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO RAZÕES FINAIS, SENTENÇA E COISA JULGADA Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO DA AULA RAZÕES FINAIS 1.- Previsão Legal = Artigo 850 da CLT 2.- Forma = de regra, oral 3 – Prazo = 10 minutos A doutrina discute a relevância ou não das razões finais, esclarecendo José Augusto Rodrigues Pinto, que a sua importância só passou a existir em face do §2º do at. 2º da Lei 5584/70 que prevê a impugnação ao valor da causa nas razões finais, quando sua fixação tende a determinar a alçada. Quanto a forma, muitas tem sido adotadas na praxe forense: a) ORAL: 1) reportando-se ao que dos autos consta e pedindo a procedência ou improcedência; 2) aduzindo razões orais que, finalizadas, são resumidas e reduzidas à termo pelo juiz; 3) dada a palavra para que a parte as dite diretamente ao secretário de audiência; b) ESCRITA: Não há previsão legal. Em algumas situações vê-se o deferimento de prazo comum ou sucessivo para que as partes juntem razões finais por escrito – memoriais. Entendemos que tal deferimento esbarra na falta de autorização legal; fere o princípio da celeridade e, pode, por vezes, inverter a ordem dos atos processuais podendo ou não gerar nulidade. Note-se que a CLT contempla, ENCERRADA A INSTRUÇÃO: que primeiro “poderão” as partes ADUZIR RAZÕES FINAIS e EM SEGUIDA renovará a proposta de conciliação e se inexitosa PROFERIRÁ A SENTENÇA. A seguir esta seqüência ordenada de atos processuais, para deferir razões por memoriais, teria que se

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Page 1: PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E DIREITO … · e) da coisa julgada e o disposto no § 5º do artigo 884 da CLT – relativização da coisa julgada em face da inconstitucionalidade;

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

MÓDULO AVANÇADO

DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

RAZÕES FINAIS, SENTENÇA E COISA JULGADA

Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas

ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO DA AULA RAZÕES FINAIS 1.- Previsão Legal = Artigo 850 da CLT 2.- Forma = de regra, oral 3 – Prazo = 10 minutos A doutrina discute a relevância ou não das razões finais, esclarecendo José Augusto Rodrigues Pinto, que a sua importância só passou a existir em face do §2º do at. 2º da Lei 5584/70 que prevê a impugnação ao valor da causa nas razões finais, quando sua fixação tende a determinar a alçada. Quanto a forma, muitas tem sido adotadas na praxe forense: a) ORAL: 1) reportando-se ao que dos autos consta e pedindo a procedência ou improcedência; 2) aduzindo razões orais que, finalizadas, são resumidas e reduzidas à termo pelo juiz; 3) dada a palavra para que a parte as dite diretamente ao secretário de audiência; b) ESCRITA: Não há previsão legal. Em algumas situações vê-se o deferimento de prazo comum ou sucessivo para que as partes juntem razões finais por escrito – memoriais. Entendemos que tal deferimento esbarra na falta de autorização legal; fere o princípio da celeridade e, pode, por vezes, inverter a ordem dos atos processuais podendo ou não gerar nulidade. Note-se que a CLT contempla, ENCERRADA A INSTRUÇÃO: que primeiro “poderão” as partes ADUZIR RAZÕES FINAIS e EM SEGUIDA renovará a proposta de conciliação e se inexitosa PROFERIRÁ A SENTENÇA. A seguir esta seqüência ordenada de atos processuais, para deferir razões por memoriais, teria que se

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suspender a audiência, para ter continuidade, numa outra oportunidade, com a prática dos atos seguintes. Afrontando a técnica, quiçá em homenagem a celeridade processual, verifica-se o chamado “despachão”: do tipo- defere-se às partes o prazo sucessivo de cinco dias para juntar razões finais por memoriais e que desde já declaram expressamente rejeitarem a conciliação devendo, os autos vir conclusos para sentença. Salvo outro entendimento, encerrada a instrução os autos não devem sair de cartório a não ser conclusos ao Juiz para proferir a sentença. Ademais disso, houve inversão de ato processual. SENTENÇA 1) Previsão Legal – 93 e incisos da CF/88 - 831 a 836 da CLT - CPC em aplicação supletiva 2) Fase decisória, delimitações: a) litiscontestação; b) princípio da indeclinabilidade; c) respeito aos limites da lide; d) livre convencimento desde que motivado; e) princípio da moralidade, coibir lides simuladas; 3) Conceito legal (art. 162 do CPC) e doutrinário 4) Natureza Jurídica: ato de inteligência, vontade e consciência – José Augusto Rodrigues Pinto ao falar sobre NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA, afirma existir, segundo Moacyr Amaral Santos, duas correntes as classificando como Ato de Inteligência (trabalho lógico de crítica dos fatos e do direito, do qual resulta a conclusão ou a decisão) ou Ato de Vontade (comando do órgão jurisdicional, ao qual devem obediência os atingidos por sua manifestação). Rodrigues Pinto entende que estas duas características não se excluem e são essenciais, somando-se a mesma o fato de ser um Ato de Consciência (estabelece o elo entre o jurídico e o justo). 5) Requisitos Essenciais – art. 832 da CLT a) relatório; b) fundamentação; c) dispositivo; d) prazo e condições de cumprimento; e) valor das custas; f) indicação da natz. Jurídica das parcelas e limites da responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária; g) intimação da União quando contiver parcela indenizatória; 6) Requisitos Internos ou de Dicção: a) clareza; b) certeza; c) exaustividade; e) adequação 7) Julgamento Ultra, Extra ou Citra Petita e Erro Material – prequestionamento; 8) Classificação das sentenças (declaratórias, constitutivas e condenatórias) e efeitos: a) terminativas – coisa julgada formal, exceto se acolher perempção; litispendência ou coisa julgada e nas cautelares exceto se acolher prescrição ou decadência; b) definitivas – coisa julgada formal e material

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DA COISA JULGADA 1) Proteção legal: Constitucional – art. 5º XXXVI - infraconstitucional: CLT art. 836 - CPC 2) Conceito e identificação; 3) Espécies: formal e material; 4) Limites da coisa julgada: a) subjetivos e b ) objetivos 5) Questões polêmicas sobre o instituto: a) quanto aos limites subjetivos; b) quanto aos limites objetivos (motivos e prejudiciais); c) autonomia da coisa julgada - aplicação do artigo 935 CCvil d) limites ou extensão da coisa julgada em acordos homologados judicialmente; e) da coisa julgada e o disposto no § 5º do artigo 884 da CLT – relativização da coisa julgada em face da inconstitucionalidade; f) da coisa julgada da sentença em ação de cumprimento – OJ 277 g) Acordo/Sentença em ação de substituição processual e coisa julgada em relação à ação individual – aplicação ou não do CDC, artigos 103 e 104 Negado recurso de trabalhador que pediu direito já reivindicado por seu sindicato

Por configurar identidade de pedidos (litispendência) entre a ação trabalhista proposta por um trabalhador da Fundação Municipal de Saúde de Teresina (PI) e uma ação coletiva interposta pelo sindicato da sua categoria, a Seção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-I) negou recurso do empregado. Ocorre a litispendência, segundo a teoria da tríplice identidade no Código de Processo Civil, quando duas causas são idênticas quanto às partes, ao pedido e à causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada, aspecto que acarreta a extinção do processo, sem julgamento de mérito. O caso iniciou-se quando o trabalhador havia ingressado com ação contra a Fundação, requerendo o pagamento de direitos trabalhistas. O sindicato da categoria já havia proposto ação coletiva na qualidade de substituto processual, pleiteando os mesmos direitos da ação individual do empregado. Assim, diante de decisão do Tribunal Regional da 22ª Região (PI) que aceitava a ação do trabalhador, a Fundação interpôs recurso de revista ao TST, alegando a litispendência. Ao analisar o caso, a Terceira Turma do TST extinguiu o processo, sem resolução de mérito, por entender existir a identidade das ações. Com isso, o trabalhador recorreu à SDI-1, que também reconheceu a litispendência e negou o recurso do empregado. O relator do processo, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, destacou que a teoria da tríplice identidade não é capaz de justificar todas as hipóteses. No caso presente, embora as partes sejam diferentes, deve prevalecer a teoria da identidade da relação jurídica, ou seja, ocorre litispendência quando há identidade do direito material deduzida em ambos ações, ainda que haja diferença em relação a alguns dos elementos. Assim, seguindo esse entendimento, a SDI-1, por unanimidade, negou provimento ao recurso de embargos do trabalhador. (RR-21300-91.2008.5.22.0004-Fase Atual: E)

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Fonte: TST