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PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 1
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 2
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 3
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 4
EXPEDIENTE
Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes REITORA
Prof. Dra. Sheila Cavalca Cortelli PRÓ-REITORA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Profa. Dra. Leticia Maria Pinto da Costa PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Profa. Dra. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon COORDENADORA GERAL
Profa. Dra. Angela Boccara COORDENADORA ADJUNTA
Profa. Dra. Alexandra Magna Rodrigues LINHA DE PESQUISA 1: DESENVOLVIMENTO HUMANO, IDENTIDADE E FORMAÇÃO
Profa. Dra. Marluce Auxiliadora Borges Glaus Leão LINHA DE PESQUISA 2: CONTEXTOS, PRÁTICAS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Prof. Dr. André Luiz da Silva Profa. Dra. Leticia Maria P. Costa ORGANIZAÇÃO
Márcia Maria de Moura Ribeiro – SIBi Elisabete Novaes de Souza – SIBi COLABORAÇÃO
Prof. Ms. Johel Abdallah REVISÃO
Karina Resende Dias – ACOM CAPA, PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 5
COMITÊ EDITORIAL Carlos Alberto Máximo Pimenta UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
Cidoval Morais de Sousa UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Clarilza Prado de Souza PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Gladis Camarini UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
José Rogério Lopes UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
Roberto Tadeu Iaochite UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 6
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 7
André Luiz da Silva Leticia Maria P. Costa
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES
Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU
Taubaté, SP | 2017
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 8
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 9
PREFÁCIO
Cidoval Morais de Sousa*
O título, de algum modo, lembra Freud (O Mal-estar na
civilização), Marcuse (Eros e Civilização), Bauman (O mal-estar da
pós-modernidade), só para citar alguns. Entretanto, não haverá
espaço neste texto para recuperação e problematização do conceito
de mal-estar em perspectiva histórica. Ficaremos, aqui, com um
sentido mas restrito da palavra-conceito: sensação desagradável,
incômodo, estado de inquietação, ansiedade, insatisfação. Nosso
propósito é olhar a presente obra como resposta crítica a alguns
dos mal-estares que afetam o sistema nacional de pós-graduação
stricto sensu (mestrado e doutorado), tomando a publicação
tecnocientífica (em periódicos, livros, anais) como ponto de
partida. Nesse sistema, funcionamos muito menos como humanos
aprendentes e muito mais como máquinas que produzem em série,
ou melhor, reproduzem ou replicam (às vezes até copiam), um
conhecimento líquido, quase sempre com data de validade.
A vida na pós-graduação não é muito diferente da vida em
outros territórios sociais: está impregnada de disputas de poder,
controvérsias tecnocientíficas, busca de reconhecimento pelo
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 10
conjunto dos pares, acúmulo de capital (político, institucional ou
científico), ansiedade, medo de sucumbir à maldição do publish or
perish, ou do efeito Matheus – perder o que se tem, se pouco. Sem
entrar no mérito das consequências para a saúde do pesquisador,
por exemplo - tema, inclusive, de um dos textos desta coletânea
(relações saúde-trabalho-resiliência), a pós, no modelo atual,
expressa a síntese dos mal-estares da contemporaneidade. De um
lado, a costura de alianças para permanecer útil, produtivo e,
sobretudo, reconhecido local e globalmente; de outro, a ameaça
constante das incertezas, decorrentes da liquefação dos sólidos que
marcaram a primeira fase da modernidade, que nada lhes garante
em termos de futuro.
Somos todos, nesse contexto, vítimas de três grandes
síndromes, contra as quais a medicina pode fazer muito pouco, até
porque, além de estar, também, contaminada por elas, as
naturalizou. São elas a mesmice crônica, a autossuficiência e a
autorreferência. A primeira (mesmice crônica) tem como
sintomas, dentre outros, a ausência de criatividade, de ousadia, de
inovação. Suas vítimas conformam-se ao já feito, aos modelos
prontos, a ação repetitiva. Fazem, sempre, mais do mesmo.
Replicam, reproduzem, copiam. Mantêm uma agenda temática sem
variações significativas, com abordagens teóricas e metodológicas
que primam pela uniformidade, abusam dos mesmos formatos – da
PRÁTICAS SOCIAIS E INTERDISCIPLINARES Mestrado em Desenvolvimento Humano | UNITAU 11
escrita à exposição, e, para a resolução de problemas complexos,
trabalham, quase sempre, com as mesmas receitas. As leituras de
mundo são feitas a partir de um padrão de encaixe, num tempo em
que a principal característica da humanidade é o desencaixe.
A autossuficiência, pressupõe, em primeiro plano,
fechamento, enquadramento disciplinar, reafirmação de
autoridade tecnocientífica, restrição a qualquer contribuição ou
diálogo externo, desqualificação de outros formatos, enfoques, ou
saberes. Em segundo plano, tal 'independência' não pode ser
associada à concepção de autonomia. 'Independência', aqui,
significa postura autoritária, que se contrapõe à interdependência
– atitude desejada como boa prática de construção coletiva de
conhecimentos. Já autonomia é atitude desejada por grupos, redes,
coletivos em oposição a posturas autoritárias de imposição de um
determinado jeito de interpretar e querer o mundo (colonialidade).
Em outras palavras, autonomia se afirma contra um legado
epistemológico que nos impede de compreender o mundo a partir
do próprio mundo em que vivemos e das epistemes que lhes são
próprias. A autossuficiência, em sociologia do conhecimento,
representa um mundo estratificado entre os que sabem (e tem
poder), e os que não sabem, e estão, portanto, em situação de deficit
cognitivo (dependência). A relação ideal-típica, nesse processo, e a
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que se resume em “fazer para alguém”, e nunca em “construir com
alguém”.
Quanto a autorreferência, consiste em fórmulas, estratégias
discursivas, atitudes, comportamentos que conferem distinção e
qualidade à produção do indivíduo referente ou a, no máximo, de
seu grupo. É importante destacar que não se trata de
reconhecimento, uma vez que a referência em questão não parte de
atores externos, mas, sim, do próprio indivíduo, coletivo ou sistema
produtor. É o próprio autor, coletivo ou sistema qualificando a si
próprio, exaltando suas qualidades, certificando-se, referenciando-
se em documentos e publicações, com ausência importante de
autocrítica e da avaliação externa. A exemplo da autossuficiência,
neste texto, consideramos, fundamentalmente, dimensão negativa
da autorreferência – aquela que se apoia em práticas egocêntricas.
Na literatura, diga-se de passagem, há estudos que mostram como
diferentes autores, com criativas estratégias, referiram-se a sua
obra no contexto do próprio trabalho. E sem pedantismos. A
política do publish or perish, em grande medida, estimula práticas
de autorreferência, a partir de suas métricas de fator de impacto –
número médio de citações de artigos científicos publicados em
determinadas bases de dados (Scopus, ISIS, Sage, Scielo dentre
outros) ou periódico.
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Retomando o que escrevemos no primeiro parágrafo, sobre
como olhar a presente coletânea, constatamos pelo menos sete
tipos de condutas desejáveis para enfrentamento das síndromes
mencionadas: (1) espírito coletivo e cooperativo de trabalho,
envolvendo a participação direta de professores e seus respectivos
orientandos; (2) busca de referenciais e práticas metodológicas
que estimulam estudos interdisciplinares; (3) diversificação
temática, sem perda de foco (trata-se, efetivamente, de uma