provérbios 11

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A474

Alves, Silvio Dutra

Provérbios 11./ Silvio Dutra Alves. – Rio de

Janeiro, 2015.

97p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.

I. Título.

CDD 230.223

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Introdução

Palavras do historiador Marc Bloch, do seu

livro apologia da história ou o ofício de historiador:

“para agir sensatamente, não será preciso

compreender em primeiro lugar?”

Ao nos debruçarmos sobre o estudo do livro de Provérbios, não estamos fazendo um simples

mergulho no passado, como que investigando coisas antigas, senão cumprindo o verdadeiro

papel da história, que é o de nos revelar os

processos de vida, notadamente relativos ao

homem, que tendo sido aplicáveis aos antigos no passado, podem e devem em muitos casos

serem aplicáveis também a nós no presente,

como é o caso de toda a revelação que nos foi

dada por Deus nas Escrituras.

Precisamos, portanto conhecer, como no dizer de Marc Bloch, para que possamos agir

sensatamente, que, a propósito, é o escopo principal do livro de Provérbios, a saber, este

agir sensatamente em todas as coisas segundo a

vontade de Deus.

Sendo uma religião histórica, assim como o nosso Cristo é histórico, o cristianismo não pode

existir se afastado de suas raízes históricas, de

modo que se nos afastamos do testemunho das

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ações do Espírito Santo na vida dos santos

renomados da Igreja, sobretudo do testemunho

das Escrituras, corremos o risco de nos apegar a

práticas e tradições religiosas afastadas da verdade revelada.

Daí nosso interesse em não apenas destacar o que viveram e escreveram os grandes santos do

passado, em todos os livros que temos

publicado, bem como de apresentar uma interpretação correta relativa aos livros da

Bíblia, como estamos fazendo no momento, com

o livro de Provérbios.

Para os que acham que a sabedoria e a moral comportamental do livro de Provérbios são muito antigas, para que sejam apreciadas ao

lado dos costumes modernos de nossos dias, são

como aqueles que ao decidirem viver apenas no

crepúsculo das eras, não podem conhecer, entender e viver na plenitude do dia eterno,

com sua alvorada e o sol do meio-dia.

É, sobretudo na prática destes costumes estabelecidos por Deus que atravessaram todas

as gerações, que podemos encontrar a forma de vida plena que é tanto agradável a Ele, quanto a

nós e ao nosso próximo.

O cristianismo a par de ser histórico, não depende do simples relato de testemunhas

sobre as verdades do passado, notadamente

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sobre o poder da ressurreição e vida de Jesus

Cristo, que dá testemunho de si mesmo em

nossas vidas no presente.

Não somos, portanto, meros investigadores e estudiosos de fatos havidos no passado, mas analistas do quanto a experiência passada tem a

ver conosco em nossos dias.

Nossas palavras são corroboradas por D. M. LLoyd Jones, que se expressa da seguinte forma

ao caminhar para a conclusão do seu livro intitulado “Sincero, Mas Errado”:

O método verdadeiramente científico não volta as costas para o passado. Pelo contrário,

fundamenta-se no passado, estuda-o e edifica

sobre ele. Em outras palavras, nada existe de

mais totalmente anticientífico do que o modo como a pessoa comum, de nossa época rejeita a

Bíblia, o evangelho em sua inteireza, e a igreja

cristã, sem ao menos examinar as Escrituras,

sem familiarizar-se com a apresentação do evangelho e sem tomar conhecimento da

história eclesiástica. Não importa o que mais

seja reivindicado em favor do método usado por tal pessoa, esse método comprova ser a própria

antítese do verdadeiro método científico.

Dessa maneira, temos mostrado que a rejeição ao evangelho, meramente por motivo de sua

antiguidade, longe de fundamentar-se sobre o

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raciocínio e a razão sobre o conhecimento e a

lógica, nada mais é que a manifestação de total

preconceito contra o passado.

Alguém poderia objetar, no entanto, que o caso da posição moderna ainda não foi

completamente refutado. Alguém poderia

concordar que repelir o evangelho, sem ao menos considerá-lo, por ser muito antigo é

demonstração de preconceito. No entanto,

poderá prosseguir, dizendo que seu caso é um

tanto diferente. Talvez fale nos seguintes termos: "Não sou cristão. Embora não creia no

evangelho, penso que posso provar que a minha

rejeição ao evangelho se alicerça sobre o

raciocínio e a evidência".

Tal pessoa passará a defender a sua posição do seguinte modo: "Quanto mais examino a vida,

em todos os seus aspectos e setores, tanto mais

claramente vejo que há uma lei universal a permeá-la inteiramente. Trata-se da lei do

crescimento, do progresso e do

desenvolvimento. Vejo que tudo está avançando

e se movendo para a frente. Por exemplo, contemplo o meu jardim na primavera, e vejo a

semente que foi plantada e agora brota, mas a

semente não pára nesse ponto. Cresce, floresce,

atinge plena maturidade, e então morre. Por semelhante modo, quando passeio pelos

campos na primavera, vejo os cordeirinhos

brincando, mas, não permanecem cordeiros.

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Também se desenvolvem e se tornam adultos.

Por semelhante modo, observo nos campos um

fazendeiro moderno que ara o seu terreno com a

ajuda de um trator. Lembro-me dos dias em que os homens costumavam arar com a ajuda de

cavalos, que puxavam arados de ferro. Tenho

lido acerca dos dias quando os homens tinham por costume usar o arado de madeira, puxado por

bois; e dos tempos ainda mais remotos, quando

era usual os homens cavarem o solo com as

próprias mãos. Esses exemplos são manifestações dessa mesma lei.

"Ainda, vejo a cidade moderna com suas facilidades e a contrasto com as rudes cabanas

de barro, em que nossos antepassados

costumavam habitar. Comparo e contrasto os médicos e cirurgiões modernos com o cirurgião-

barbeiro do século XVIII, e também com o

médico-feiticeiro de períodos e povos ainda

mais primitivos. Por toda parte, sempre percebo a mesma lei. De fato, basta-me apanhar um

livro-texto sobre qualquer assunto e compará-lo

com compêndios de cerca de vinte anos

passados, que tratavam do mesmo assunto, para perceber de relance, que tem havido tremendo

avanço no conhecimento e nas informações.

Realmente posso comparar a maneira de se

lutar na Segunda Guerra Mundial com os combates da Primeira Guerra Mundial; e até

mesmo nesse caso posso ver a mesma lei em

operação. Tudo na vida está se desenvolvendo,

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avançando, prosseguindo. Trata-se da lei

universal da vida e do ser.

"Mas, quando a questão mais vital e importante

de todas — a saber, o homem, com seus problemas e a sua salvação — é mencionada,

então vocês, os crentes, subitamente pedem que

revertamos esse processo, voltando-nos ao passado em busca de respostas e soluções. A

posição de vocês é totalmente irracional. É a

mesma coisa que pedir a um homem moderno

que, ao adoecer, rejeite a ajuda dos últimos avanços do conhecimento científico, para ser

tratado por um cirurgião-barbeiro ou por um

médico-feiticeiro. É como pedir ao agricultor

moderno que rejeite a oferta de um trator, para continuar a cavar o solo com as próprias mãos.

Vocês estão fazendo girar ao contrário o relógio

do tempo, estão revertendo o processo essencial

que se acha na própria natureza. Vocês estão solicitando que o homem cometa suicídio

intelectual. Com frequência tenho desejado

poder crer no evangelho de vocês, para que eu

também pudesse tornar-me um crente; mas, em vista do que tenho dito, isso é impossível, e

não seria outra coisa senão um ato de completa

irracionalidade."

Essa é a posição defendida no momento, por grande número de pessoas. O que podemos

responder a um argumento assim? Começamos

a nossa resposta concordando inteiramente com

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os fatos mencionados. Não faz parte da pregação

do evangelho negar os fatos, e o crente no

evangelho não é tolo. Tem plena consciência

dos avanços obtidos em muitos ramos do conhecimento humano. Está cônscio dos

desenvolvimentos ocorridos em muitos setores

da vida; no entanto, continua a confiar no antigo evangelho.

"Como é que vocês podem conciliar essas duas posições contraditórias?" indaga o homem

moderno. Fazemo-lo da seguinte forma: concordamos inteiramente com os fatos, mas

cremos que podemos demonstrar que o

argumento acima, deduzido dos fatos, é falso.

Entretanto, vamos à questão de maneira positiva. Queremos apresentar as razões para

continuarmos crendo na mensagem do antigo

evangelho, em um mundo moderno. A primeira

razão para tanto é que o homem, em si mesmo, não tem mudado em nada. Todas as

modificações sobre as quais os homens tanto se

jactam são apenas externas. Não são alterações

no próprio homem, mas tão somente em sua maneira de agir em seu meio ambiente. Essa

declaração pode ser comprovada de muitas

maneiras. Por exemplo, aceita-se o fato de que os

clássicos realmente grandes da literatura mundial não têm idade, não envelhecem com o

passar do tempo. A razão disso é que tratam do

homem como homem, e não meramente de

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certos aspectos da vida humana, em certo

período histórico. As tragédias gregas

continuam sendo traduzidas. As peças de

Shakespeare são sempre contemporâneas, pois Shakespeare, com seu profundo discernimento

e compreensão não estava descrevendo apenas o

homem da era elizabetana, mas o homem como homem. O resultado é que quando lemos suas

peças teatrais percebemos, representadas em

seus personagens, as mesmas características

dos homens modernos.

O mesmo se dá no caso do Antigo Testamento. Trata-se de um livro antiquíssimo, mas seus

personagens são em todos os pontos, iguais ao

homem moderno. Consideremos, por exemplo, Caim, homem que sentia tanta inveja de seu

irmão a ponto de assassiná-lo. Porventura não

há homens assim no mundo moderno?

Ponderemos, em seguida, sobre um homem como Esaú, que parecia interessado apenas em

comer e beber. Não haverá pessoas como Esaú,

no mundo moderno?

Basta-nos ouvir as conversas das pessoas em lugares públicos para descobrirmos a resposta.

Ou, então, observemos um homem como Jacó,

que ansiava por obter sucesso e prosperidade, mas cuja avareza era tão grande que não hesitou

em defraudar a seu próprio irmão. Porventura

Jacó se tornou um tipo extinto?

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Pensemos também em Davi, rei de Israel. Lembremo-nos de como, certo dia, assentado

no pátio superior de sua casa, viu a esposa de

outro homem. Ficou atraído por ela e a desejou. Resolveu possuí-la e provocou a morte de seu

marido, a fim de que pudesse tê-la. Não haverá

homens dessa categoria, no mundo moderno?

Assim poderíamos prosseguir, examinando cada um dos personagens do Antigo

Testamento. Praticamente, em todos os

exemplos estaríamos vendo retratado o típico homem moderno.

Mas alguém questiona: "Certamente há algum equívoco nessa apresentação. Você não viu

ainda o homem moderno cruzar os ares de avião, a setecentos quilômetros por hora? Estará

sugerindo que ele é idêntico ao homem que

costumava viajar à pé, a seis quilômetros por hora?"

Espere um momento! Pensemos nestes dois homens. Lá vão eles, um em alta velocidade e

outro a seis quilômetros por hora. A questão vital a ser respondida é: em cada caso, qual é o

objetivo da viagem? O que há de mais notável é

que o objetivo é precisamente o mesmo, em

ambos os casos. Eles viajam, ou em busca do amor, ou da guerra, ou de negócios, ou, então,

pretendem divertir-se. Só há uma única

verdadeira diferença entre esses dois homens: é

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a velocidade com que se dirigem ao mesmo alvo.

Na realidade, qual é a diferença precisa entre o

orgulho com que o homem moderno encara sua

cultura e sofisticação, e o orgulho daqueles que no despertar da história tentaram edificar a torre

de Babel, para atingir os céus?

Talvez possamos provar melhor e mais claramente esse ponto, afirmando que o

homem moderno, a despeito de toda a sua

astúcia e habilidade parece mostrar-se

totalmente incapaz de inventar qualquer novo pecado. Não faz parte de nosso propósito

detratar ou diminuir o poder e a habilidade do

homem moderno. Na verdade, seu

conhecimento e sua capacidade são extraordinários. Tem conseguido até mesmo

dividir o átomo. Não obstante, afirmar que ele é

incapaz de pensar em qualquer nova forma de

pecado é dizer apenas a verdade.

Verificamos que todos os pecados cometidos no mundo moderno encontram-se mencionados

no Antigo Testamento; ou, vice-versa, todos os

pecados mencionados no Antigo Testamento são cometidos pelo homem de nossos dias. O homem,

em si mesmo, nunca muda. Continua o mesmo

indivíduo contraditório, que sempre tem sido

desde a queda original. E essa é a nossa principal razão para continuarmos a apresentar ao

homem moderno, o antigo evangelho de Jesus

Cristo.

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A segunda razão para continuarmos expondo o evangelho é infinitamente mais importante.

Deus não mudou! Ora, quando percebemos,

conforme temos procurado mostrar, que o problema crucial do homem é o seu

relacionamento com Deus, vemos então a total

futilidade da questão de antiguidade e datas. É nesse ponto que vemos com toda a clareza quão

insensato é rejeitar o evangelho, simplesmente

por causa de sua antiguidade.

Alguém já salientou admiravelmente bem esse particular, quando disse: "O tempo não deixa rugas

na testa do Deus eterno". Naturalmente, tem havido avanços e desenvolvimentos, mas

porventura essas coisas afetam em qualquer

sentido, o ser e o caráter de Deus?

Será que por ter o homem produzido o motor de combustão interna, ou por ter conseguido liberar o poder do átomo, de alguma maneira

ficaram ab-rogadas as leis de Deus ou, de alguma

forma, Deus passou a abominar menos o pecado

e as más ações?

Não, mas a pergunta mais urgente e vital com que o homem se defronta continua sendo aquela

feita por Jó, em tempos remotíssimos: "Como

pode o homem ser justo para com Deus?" (Jó 9.2).

Não há dúvida que existe hoje um novo cenário para os problemas, quer sejam econômicos,

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políticos ou educacionais, quer digam respeito à

falta de moradias ou à maneira de contornar as

greves. Todos esses problemas, no entanto, são

temporários. Quando eles se findarem restará aquela situação inevitável, na qual nos veremos

face a face com o Deus eterno, o "Pai das luzes,

em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança" (Tg 1.17).

O problema crucial do homem não é a sua própria pessoa, nem a sua felicidade, nem as condições

que o circundam, enquanto se encontra neste planeta. O problema crucial do homem é o seu

relacionamento com Deus, tanto agora como na

eternidade. Deus é eterno, imutável e absoluto.

Por conseguinte, quão grande tolice é argumentar que o homem moderno necessita

de um novo remédio ou uma nova modalidade

de salvação, ao invés do "evangelho da glória do

Deus bendito" (1 Tm 1.11), o qual se acha exclusivamente, em nosso Senhor e Salvador

Jesus Cristo.

Nossa terceira e última razão para recomendarmos esse antigo evangelho é que não existe nada melhor do que ele, ou, em

termos mais positivos; até hoje, no mundo, nada

existe além do evangelho que possa tratar tão

adequadamente dos problemas e das condições humanas. Podemos concordar de todo o

coração com o homem moderno, quando diz

que sempre deseja o que há de melhor. A pessoa

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que não quer o melhor que há, é um insensato.

Procuremos por todos os meios ter o melhor,

sem importar o quanto possa custar ou de onde

venha.

Também não se falta com a verdade quando se diz que, em muitas áreas da vida, a última

novidade é inequivocamente o que há de melhor. Consideremos apenas uma ilustração.

Dentre todos os admiráveis e fenomenais

avanços obtidos na Segunda Guerra Mundial,

nada existe que se possa comparar, nem de longe, com os progressos obtidos no campo da

prevenção e tratamento dos males de nosso

corpo.

Todos estamos cônscios do fato que, por meio de inoculações preventivas, nossas crianças

podem ser resguardadas de enfermidades como

a coqueluche ou a difteria. Sabemos, por igual modo, que os homens em serviço militar no

estrangeiro recebem vacinas preventivas

contra a febre tifóide. Por semelhante modo, já

ouvimos falar dos novos tratamentos de enfermidades por meios químicos, com drogas

como a sulfa e a, assim chamada, droga

miraculosa — a penicilina.

As últimas descobertas da medicina têm sido verdadeiramente espantosas. A potência dos

medicamentos descobertos não é questão de

teoria ou opinião pessoal; é algo que pode ser

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comprovado estatisticamente. Por exemplo, é

um fato que numa guerra, na África do Sul,

morreram mais homens de febre tifóide do que

em batalhas. No entanto, na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais, praticamente não

houve mortes por causa de tal enfermidade,

unicamente por causa de vacinas preventivas. Por semelhante modo, podemos comparar a

taxa de mortalidade em doenças como a

meningite e a pneumonia, antes e depois da

introdução dessas drogas no mercado. A alteração é verdadeiramente espantosa.

Não há dúvida, portanto, que no tratamento dos males e enfermidades do corpo, a última

novidade é o melhor que existe.

Poder-se-ia dizer a mesma coisa, acerca do tratamento preventivo e da cura dos males da

alma humana?

Haverá alguma vacina maravilhosa que possa ser inoculada em nossos rapazes e moças que os

torne imunes às insinuações e sugestões do pecado, com as quais se defrontam nas ruas, nos

filmes cinematográficos, nos livros e revistas que

leem?

Poderão ser eles inteiramente protegidos contra as tentações? Haverá alguma droga maravilhosa

que possa ser dada a um homem atormentado

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pela consciência acusadora, que tem uma

sensação aguda de pecado e de fracasso?

Haverá algum fortificante que lhe possa ser ministrado, capaz de fortalecer sua vontade

debilitada, tornando-o mais que vencedor sobre os adversários que o assediam? Haverá algum

composto mágico que possa ser dado a um

homem que, em seu leito de morte, reconhece a

sua pecaminosidade e teme encontrar com o Senhor e Juiz eterno?

Quais são os fatos? Já pudemos verificar que, no terreno físico, as estatísticas comprovam que o

tratamento mais recente é o melhor. Mas, que

dizer sobre outros campos?

Sejamos realistas e enfrentemos os fatos. A

despeito do tremendo progresso no campo da educação, do conhecimento e da cultura nos

últimos cem anos; a despeito de todos os atos

governamentais que têm corrigido os erros e

mitigado as injustiças, que têm tido por desígnio a melhoria social em quase todos os seus

aspectos, quais são as verdadeiras condições

que prevalecem em nossos tempos?

A resposta pode ser obtida quando consultamos os dados espantosos do incremento da delinquência juvenil, do jogo e do alcoolismo, da

imoralidade e também da infidelidade

matrimonial, que tem atingido a tantos casais,

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levando-os à separação e ao divórcio. De fato, os

resultados podem ser averiguados no

rebaixamento geral do tom moral e do nível de

vida na maioria dos países, na mania pelo sexo, na tendência crescente dos homens viverem

apenas para os prazeres e para o que é

superficial.

O mundo moderno se acha desesperadamente enfermo, e talvez os seres humanos se sintam

mais infelizes hoje do que em épocas passadas. Só

existe uma cura para os males humanos. Quando minha consciência me acusa, só conheço uma

coisa capaz de dar-me descanso e paz. Essa cura

consiste em saber que Jesus de Nazaré, o Filho de

Deus, o qual levou os meus pecados "em seu corpo, sobre o madeiro" (1 Pe 2.24), já me

perdoou. Consiste em saber e confiar que, em

vista de ter Ele me amado e morrido por mim,

encontro-me livre de qualquer acusação. E, consciente como estou de minha fraqueza e

fracasso, de minha falta de poder para viver uma

vida digna desse nome, sou novamente

conduzido a Ele.

É somente por causa dEle e do poder do Espírito Santo, conferido por Ele, que posso tornar-me

mais do que vencedor. E quando imagino a mim

mesmo, em meu leito de morte, prestes a ir ao encontro de meu Criador e Juiz eterno, a minha

única esperança é que irei revestido da justiça de

Jesus Cristo, e que Ele me tomará pela mão e me

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apresentará imaculado "diante da sua glória..." (Jd

24). É somente, e sempre em Cristo que encontro

satisfação. Somente nEle que os meus

problemas são solucionados. O mundo, com todos os seus métodos, não pode ajudar-me em

meu momento de maior necessidade. Mas

Cristo nunca falha. Ele, em todos os aspectos, sempre nos satisfaz. Quanto mais O contemplo,

tanto mais concordo com Charles Wesley,

quando declarou:

Tu, ó Cristo, és tudo quanto eu quero;

Mais que tudo encontro em Ti!

Justo e santo é o teu nome,

Em mim mesmo, sou todo injustiça;

Falso e cheio de pecado eu sou,

Mas Tu és cheio de verdade e graça.

Cristo continua sendo a única esperança para cada um dos homens; a única esperança para o

mundo inteiro. O evangelho ainda é relevante?

Sua antiga mensagem continua adequada?

A resposta é que somente o evangelho é relevante. Somente ele pode cuidar dos

problemas do homem e dar-lhes solução.

Somos testemunhas da luz de Jesus, e somos designados por ele como sendo também luz deste mundo, pois somos o veículo usado pelo

Espírito Santo para transmitir a luz do seu

conhecimento e vontade ao mundo inteiro.

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O próprio Lloyd Jones apresenta um reforço destas palavras em seu comentário do Sermão

do Monte, que é digno de destaque:

Em Mateus 5.14 temos uma das afirmações mais surpreendentes e extraordinárias acerca do

cristão, que jamais se tem feito. Se alguém tem

em conta o quadro, e recorda as pessoas às quais Jesus dirigiu estas palavras, aprenderá verdades

notáveis. É uma afirmação cheia de significado e

implicações profundas quanto ao entendimento

da natureza da vida cristã.

É uma grande característica da verdade bíblica que pode sintetizar, por assim dizer, o conteúdo

de toda nossa posição num versículo sério como este. “Vocês”, disse nosso Senhor, olhando

essas pessoas simples, essas pessoas

completamente sem importância do ponto de

vista do mundo, “vocês são a luz do mundo”.

É uma dessas afirmações que sempre deveriam produzir em nós o efeito de erguer a cabeça, de

fazer-nos dar conta do quão magnífico e notável é ser um cristão.

Isto se converte inevitavelmente, numa prova boa e completa da nossa posição e experiência. Todas estas afirmações que se fazem do crente

sempre conduzem a isto, e devemos ter sempre

o cuidado que assim se dê de fato conosco.

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O “vocês” a quem se refere esta afirmação, significa simplesmente “nós mesmos”. O perigo

é sempre que leiamos uma afirmação como esta

e pensemos em alguém diferente, a saber, os primeiros crentes, ou os crentes em geral.

Porém se refere a nós, individualmente, se

pretendemos ser crentes de verdade.

É lógico, pois, que uma afirmação assim requer uma análise detalhada. Antes de intentá-lo,

contudo, devemos estudá-lo em geral e tratar de

retirar disso as implicações mais óbvias.

Antes de tudo vejamos qual é seu significado negativo. Porque a força verdadeira da afirmação é esta: “vocês, e somente vocês, são a

luz do mundo”.

O “vocês” é enfático e comporta esta ideia. Imediatamente compreendemos que implicam

certas coisas. A primeira é que o mundo está em trevas. Isto, de fato, é um dos pontos básicos que

o evangelho cristão sempre realça.

Talvez em nenhuma outra passagem da Bíblia se veja este contraste marcado entre a ideia cristã

da vida e todas as outras ideias, com mais clareza, que num versículo como este.

O mundo sempre fala de sua civilização. Esta é uma de suas frases favoritas, sobretudo desde o

Renascimento dos séculos XV e XVI quando os

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homens voltaram a se interessar pelo

conhecimento.

Todos os pensadores consideram que esse foi o ponto decisivo na história, uma grande linha

divisória, que separa a história das civilizações;

e todos estão de acordo em que essa civilização

moderna, tal como vocês e eu a conhecemos, começou realmente a partir de então. Houve

uma espécie de novo nascimento da razão e da

cultura.

Voltaram a descobrir os clássicos gregos; seu ensino e conhecimentos num sentido

puramente filosófico, todavia mais num sentido

científico, realmente começaram a dirigir e controlar a perspectiva e vida de muitos.

Logo, houve, como sabem, uma restauração parecida no século XVIII, que se chamou a si mesma “Iluminismo”.

Os que se interessam pela história da Igreja Cristã e da fé cristã devem ter em conta este movimento. Foi o começo, no sentido do ataque

contra a autoridade da Bíblia, porque pôs a

filosofia e o pensamento humano no lugar da

revelação divina e da verdade ao homem, por parte de Deus. Isso continuou até o tempo

presente; e, o que quero sublinhar é que sempre

se apresenta como luz, e os que se interessam

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por este movimento sempre se referem a ele

como “Iluminismo”.

O conhecimento, dizem, é o que traz luz, o que brilha, e é evidente que em muitos aspectos é assim. Seria néscio negá-lo. O aumento do saber

sobre os processos naturais e acerca das

enfermidades físicas e de muitas outras coisas

tem sido realmente fenomenal.

O novo saber também tem lançado luz sobre o funcionamento do cosmos, e aumentado a

compreensão de muitos aspectos diferentes da

vida. Porém, frequentemente muitos costumam chamá-lo de “iluminação”, como consequência

do saber e da cultura; contudo, apesar de tudo

isto, segue de pé a afirmação bíblica: “vocês, e

somente vocês, são a luz do mundo”. Esta luz conduz ao que é eterno e verdadeiro.

O conhecimento médico, por exemplo, na prevenção de enfermidades pode prolongar,

quando é possível, o curso da vida física por apenas uns poucos anos, e depois, será

inevitável ter que enfrentar a realidade da

morte. Mas, a luz do evangelho nos crentes

revela um caminho que conduz à verdadeira vida e à eternidade. E quão frágeis e passageiros

são todos os benefícios alcançados pelo mero

conhecimento humano.

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A Escritura segue proclamando que o mundo, tal como é, está em trevas, e quando alguém

começa a contemplar as coisas seriamente

pode-se demonstrar facilmente que é a pura verdade.

A tragédia de nosso século tem sido que temos nos concentrado somente num aspecto do saber. Nosso conhecimento tem sido o das

coisas, de coisas mecânicas, coisas científicas,

conhecimento da vida num sentido mais ou

menos biológico e mecânico. Porém, nosso conhecimento dos verdadeiros fatores que

fazem a vida, não tem aumentado em nada; por

isso, o mundo está em tal estado hoje em dia.

Porque, como se tem indicado constantemente, apesar de haver descoberto todo esse novo

saber, temos fracassado no descobrimento do

mais importante de tudo, a saber, como aplicar

nosso saber.

Esta é a essência do problema relativo à força atômica. A tragédia é que não temos

conhecimentos suficientes de nós mesmos, que nos permitam saber como podemos aplicar esta

força, agora que a temos descoberto.

E se soubéssemos, não poderíamos ultrapassar sequer os limites da existência física, que têm sido fixados pelo Senhor desde a criação, e que

foram reduzidos drasticamente, porque

sabemos que no princípio os homens viviam até

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900 anos, sendo esta marca reduzida para o

limite de 600, depois 500, 400, 200, chegando

ao de 100 que tem perdurado até nossos dias, e

que poucos atingem em condições de pleno vigor físico.

Se não se pode, por decreto de Deus

acrescentar-se um palmo ao curso da existência, quanto mais resolver

definitivamente o problema do pecado que

reside em todas as pessoas. Aí reside a

dificuldade. Nosso saber é mecânico e científico.

Porém, quando passamos aos problemas fundamentais da vida, do ser e existir, não é

óbvio que a afirmação de nosso Senhor permanece sendo verdade, que o mundo está

num estado de trevas horrendas?

Se Ele diz que o crente é a luz do mundo, então, por conseguinte, Ele diz também que o mundo

está todo em trevas.

Pensemos nisso, no campo da vida e conduta pessoais. Muitos homens de grande saber em

muitos terrenos fracassam completamente em

sua vida pessoal. Vejamos no campo das

relações de uns com outros; precisamente quando nos encontramos nos gloriando do

quanto iluminados somos, do muito que

sabemos, há essa ruptura trágica nas relações

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pessoais. É um dos maiores problemas morais e

sociais da sociedade.

Vejam como temos multiplicado nossas instituições e organizações. Temos que instruir

acerca de coisas nas quais as pessoas nunca

foram instruídas antes; por exemplo, temos que

ter agora cursos de instrução matrimonial. Até este século, as pessoas se casavam sem estes

conselheiros que agora parecem essenciais.

Todos eles dizem bem às claras, que quanto aos

problemas mais importantes da vida, como evitar o mal, o pecado, tudo que é baixo e

indigno, como ser puros, retos, castos e

íntegros, que há muitas trevas.

Logo, à medida que se passa a outras esferas e se contempla as relações entre grupos,

encontramos a mesma situação; por isso temos

esses grandes problemas industriais e econômicos.

Num nível, todavia mais elevado, vejamos as relações entre nações. Este século, no qual tanto

falamos do saber e da cultura, prova que o mundo está num estado de trevas completa, em

relação a estes problemas vitais e fundamentais.

Porém devemos ir mais além. Nosso Senhor não

somente afirma que o mundo está num estado de trevas; chega a dizer que ninguém, senão o

cristão pode dar conselho e instrução

relativamente a isto.

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27

Disso nos gloriamos como cristãos. Os maiores pensadores e filósofos se sentem

desconcertados diante dos tempos atuais, e me

seria muito fácil apresentar-lhes muitas citações de seus escritos para demonstrá-lo.

Não importa que se considere no campo da pura ciência ou da filosofia quanto a estes problemas definitivos; os escritores não acertam ao

tentarem explicar ou entender seu próprio

século. A razão está em que sua teoria básica é

que, o que o homem necessita é aumentar o saber. Creem que se o homem tiver esses

conhecimentos, os aplicará à solução dos seus

problemas, porém, é evidente que o homem

não o está fazendo. Tem os conhecimentos, porém não os aplica, o que deixa os

“pensadores” perplexos. Não entendem o

problema verdadeiro do homem; não são

capazes de dizer-nos onde está a raiz do estado atual do mundo, e muito menos são capazes de

dizer-nos o que se pode fazer para resolvê-lo.

Recordo, faz uns anos, que li a crítica de um livro que tratava destes problemas, a crítica foi escrita por um conhecido professor de filosofia

deste país. Expressou-se assim: “Este livro

enquanto análise é muito bom, porém não vai

além da análise e por isso não ajuda grande coisa. Todos sabemos analisar, porém a

pergunta vital que queremos que se responda é:

qual é a raiz última do problema? Que se pode

Page 28: Provérbios 11

28

fazer?” Quanto a isto nada disse, porém deu ao

livro o impressionante título de A Condição

Humana.

Assim é. Alguém pode procurar uma ou outra vez nos maiores filósofos e pensadores, mas

nunca o levam a nada, além da análise. São

excelentes na apresentação do problema, e em apresentar os diferentes fatores que atuam,

porém, quando se lhes pergunta onde está a

última raiz disso e o que pensam fazer, deixam-

nos sem resposta. É evidente que não têm nada para dizer. É óbvio que neste mundo não há luz

nenhuma aparte do que oferece o povo cristão e

a fé cristã. E não exagero. Quero dizer que somos

realistas e nos damos conta disso, pois quando nosso Senhor falou há mais de dois mil anos,

não somente disse a verdade quanto ao seu

próprio tempo, senão que também a disse

relativamente a todas as épocas subsequentes. Não esqueçamos que Platão, Sócrates,

Aristóteles e todos os demais haviam ensinado

vários séculos antes de terem sido

pronunciadas essas palavras de Jesus. Foi depois desse florescer surpreendente da mente e do

intelecto, que nosso Senhor fez esta afirmação.

Contemplou esse grupo de pessoas comuns e insignificantes e disse: “vocês e somente vocês são a luz do mundo”. E não fez nenhuma alusão

aos filósofos que haviam vivido antes, como

Platão, Sócrates e Aristóteles, porque não havia

Page 29: Provérbios 11

29

neles nenhuma luz que conduzisse à verdade.

Então, quando disse que somente os crentes são

a luz do mundo, é uma afirmação tremenda e

estremecedora, e eu diria que por muitas razões dou graças a Deus de estar pregando este

evangelho hoje, e não há cem anos atrás. Se

houvesse afirmado isto cem anos antes, as pessoas teriam zombado, porém hoje já não

zombam, porque a história mesma demonstra

cada vez mais a verdade do evangelho. As trevas

do mundo nunca têm sido mais evidentes que hoje, e diante delas temos esta afirmação

surpreendente e profunda. Esta é a implicação

negativa do texto.

Consideremos agora, suas implicações positivas. Diz: “vocês”. Em outras palavras

afirma que o crente comum, embora talvez

nunca tenha estudado filosofia, sabe mais da

vida e a entende melhor que alguém grande e experiente que não seja crente. Este é um dos

temas básicos do Novo Testamento.

O apóstolo Paulo, ao escrever aos coríntios disse bem claramente quando afirmou “Visto como

na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a

Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar

os crentes pela loucura da pregação.” (I Cor 1.21).

Isto que parece ridículo para o mundo, é sabedoria de Deus. Este é o paradoxo

extraordinário que se nos apresenta. A

Page 30: Provérbios 11

30

implicação do mesmo deve ser óbvia, mostra

que somos chamados a fazer algo positivo. Esta é

a segunda afirmação que faz nosso Senhor,

relativamente à função do crente neste mundo. Uma vez descrito o crente em geral nas bem-

aventuranças, a primeira coisa que diz é: “vocês

são o sal da terra”. Agora diz, “vocês são a luz do mundo”, e somente vocês. Porém recordemos

sempre que isto se diz dos crentes comuns, não

de certos crentes somente. Aplica-se a todos os

que têm o direito de receber este nome.

Imediatamente surge a pergunta. Como ,pois se cumprirá isto em nós? Uma vez mais se nos conduz ao ensino referente à natureza do

crente. A melhor maneira de entendê-lo, me

parece, é esta.

O Senhor que disse: “vocês são a luz do mundo”, também disse, “eu sou a luz do mundo”. Estas duas afirmações devem ser tomadas sempre

juntas, já que o crente é luz do mundo, somente

por sua relação com Ele, que é a luz do mundo.

Nosso Senhor afirmou que havia vindo trazer luz. Sua promessa é que “o que me segue não andará em trevas, senão que terá a luz da vida”.

Agora, contudo, diz também: “vocês são a luz do

mundo”.

Consequentemente, Ele, e somente Ele nos dá esta luz vital relativa à vida, porém não se detém

Page 31: Provérbios 11

31

aí, também nos faz luz. Recordem como o

apóstolo Paulo o disse em Efésios 5, onde afirma:

“porque noutro tempo éreis trevas, porém

agora sois luz no Senhor”.

Por isso, não somente temos recebido luz, mas temos sido feitos luz, nos convertemos em

transmissores de luz. Noutras palavras, é este o

extraordinário ensino da união mística entre o

crente e seu Senhor. Sua natureza entra em nós a fim de que sejamos, num sentido, o que Ele é.

É básico que tenhamos presentes ambos os aspectos deste assunto. Como crentes no

evangelho temos recebido luz, conhecimento e

instrução, porém, além disso, tem passado a fazer parte de nós, de maneira que somos

também luz no Senhor. Tem-se convertido na

nossa vida, a fim de que assim possamos refleti-

la.

O notável, portanto é que, nos é lembrado nesta

passagem a nossa íntima relação com Ele. O crente tem recebido e se convertido em

partícipe da natureza divina. A luz que é Cristo

mesmo, a luz que é em último termo Deus, é a luz que tem o crente.

“Deus é luz e não há nele treva nenhuma”. “Eu sou a luz do mundo”. “Vocês são a luz do

mundo”. A forma de entender isto é mediante a

compreensão do ensino de nosso Senhor

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32

referente ao Espírito Santo em João 14.23, onde

diz: “Se alguém me ama, guardará a minha

palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e

faremos nele morada.”

De fato, a consequência da sua vinda será esta. Meu Pai e Eu moraremos em vocês, estaremos

em vocês e vocês estarão em nós. Deus que é o pai das luzes, é a luz que está em nós. Ele está em

nós e nós estamos nEle; por isso se pode dizer do

crente: “vocês são a luz do mundo”.

É interessante observar que, segundo nosso Senhor, este é o segundo grande resultado de

ser a classe de crente que Ele tem descrito nas

bem-aventuranças. Deveríamos também

considerar a ordem em que se fazem estas afirmações. A primeira que o Senhor nos diz é:

“vocês são o sal da terra”, e somente depois disto

diz: “vocês são a luz do mundo”. Por que não disse isto na ordem contrária?

É um ponto prático, muito interessante e importante. O primeiro efeito do crente no

mundo é geral, em outras palavras, é mais ou menos negativo. Temos aqui um homem que se

tem feito cristão, vive em sociedade, e no

trabalho. Como é crente, imediatamente produz

um certo efeito, um efeito de controle que estudamos antes no comentário sobre ser sal da

terra. Somente depois disto tem esta função

específica e concreta de atuar como luz. Em

Page 33: Provérbios 11

33

outras palavras, a Bíblia, ao tratar do crente,

sempre sublinha primeiro o que ele é, antes de

começar a falar do que ele faz. Como crente,

deveria sempre produzir este efeito geral nos demais, antes de produzir este efeito específico.

Onde quer que me encontre, imediatamente esse algo diferente que há em mim deveria produzir efeito, e isto por sua vez deveria levar

aos demais a contemplar-me e dizer: “Há algo

especial neste homem”.

Logo, ao observarem minha conduta começam a me fazer perguntas. Neste ponto entra em jogo

o elemento de “luz”, posso falar-lhes e ensinar-

lhes. Muito frequentemente tendemos a mudar

a ordem. Falamos numa forma muito iluminada, porém nem sempre vivemos como

sal da terra. Tanto que, se nos agrada ou não,

nossa vida deveria ser sempre a primeira a falar, pois se os lábios falarem mais do que a vida,

pouco servirá. Com frequência a tragédia tem

sido que as pessoas proclamam o evangelho de

palavra, porém sua vida e comportamento é negação do mesmo. O mundo não lhes dá

grande atenção. Não esqueçamos nunca esta

ordem que o Senhor escolheu deliberadamente:

“sal da terra” antes de “luz do mundo”.

Somos algo, antes de começarmos a atuar como algo. Ambas as coisas deveriam sempre

caminhar juntas, porém a ordem e a sequência

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34

deveria ser a que Ele estabelece nesta

passagem.

Tendo isto presente, consideremos agora de modo prático, como o crente deve mostrar que

é realmente a luz do mundo. Isto se transforma numa pergunta simples: Qual é o efeito da luz?

Que faz na realidade?

Não cabe dúvida, de que a primeira coisa que a luz faz é manifestar as trevas e tudo o que pertence a ela. Imaginemos uma casa escura, e

quando se acende uma luz; ou pensemos nas

luzes dianteiras de um automóvel que transita

numa estrada escura. Como diz a Bíblia: “Tudo o que se manifesta é luz”.

Num sentido estamos conscientes das trevas até que a luz não apareça, e isto é fundamental.

Falando da vinda do Senhor a este mundo,

Mateus disse: “O povo que andava nas trevas viu grande luz”.

A vinda de Cristo e do evangelho são tão fundamentais, que se pode expressar assim; o

primeiro efeito de sua vinda ao mundo é que

tem manifestado as trevas da vida do mundo. Isto é algo que sempre, e inevitavelmente faz

qualquer pessoa boa ou santa.

Sempre necessitamos de algo que nos mostre a diferença, e a melhor maneira de revelar uma

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35

coisa é por contraste. Isto faz o evangelho, e todo

cristão o faz. Como disse o apóstolo Paulo, a luz

clareia o oculto das trevas; por isso diz: “os que

se embriagam, é de noite que se embriagam”.

O mundo todo se divide em “filhos da luz” e “filhos das trevas”. Grande parte da vida do

mundo está debaixo de uma espécie de capa de trevas. As piores coisas sempre ocorrem sob o

manto das trevas, inclusive o homem natural,

degenerado, e em estado de pecado se

envergonha de tais coisas à luz do dia. Por que? Porque a luz o manifesta.

O crente é a luz do mundo dessa forma. É

inevitável, porque por ser crente mostra um estilo diferente de vida, e de imediato manifesta

a verdadeira índole e natureza da outra forma de

viver.

No mundo, portanto é como uma luz que se acende, e imediatamente as pessoas começam a

pensar, a maravilhar-se e a sentir-se

envergonhadas.

Quanto mais santa uma pessoa, mais cedo e tanto mais claramente isto ocorrerá. Não lhe

fará falta dizer uma só palavra, pois somente por ser o que é, faz que os demais se sintam

envergonhados do que fazem, e deste modo atua

verdadeiramente como luz.

Page 36: Provérbios 11

36

Proporciona um modelo, mostra que há outra maneira de viver que é possível para o gênero

humano. Manifesta o erro e o fracasso da forma

de pensar e viver do homem. Como vimos, ao tratar do crente como sal da terra, o mesmo se

pode dizer dele como luz do mundo.

Todo verdadeiro avivamento espiritual tem

produzido este efeito. Uns tantos cristãos numa região ou grupo afetarão a vida de todos, que se

dará ainda que os demais estejam ou não de

acordo com seus princípios, porque lhes fazem

sentir que o sistema cristão é adequado e o outro é indigno. O mundo tem descoberto que a

honestidade é a melhor política, como alguém

tem dito: esta é a classe de tributo que a

hipocrisia sempre rende à verdade; tem de admitir no fundo do coração que a verdade tem

razão.

A influência que o crente tem como luz no

mundo é demonstrar que estas outras coisas pertencem às trevas, prosperam nas trevas, e

seja pelo que for não podem resistir à luz.

Isto se afirma em forma explícita em João 3, onde o apóstolo diz: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais

as trevas do que a luz, porque as suas obras eram

más.” (João 3.19).

Page 37: Provérbios 11

37

Nosso Senhor acrescenta, que tais homens não vêm para a luz, porque, se o fizerem, receberão

reprovação por suas obras, o que eles não

querem. Essa foi, desde o princípio a causa principal do antagonismo dos escribas e

fariseus contra nosso Senhor e Salvador Jesus

Cristo.

Esses homens, mestres da lei, experientes num sentido da vida religiosa, odiaram e

perseguiram ao Senhor. Por que? A única

resposta adequada se encontra em sua pureza absoluta, em sua santidade total. Sem dizer nem

uma só palavra contra eles no começo - porque

não lhes acusou até o final – sua pureza fez que

se vissem como realmente eram, e por isso o odiaram. Perseguiram-no e por fim o

crucificaram, somente porque era a luz do

mundo. Revelou e manifestou o oculto das

trevas que havia neles. Vocês e eu temos que ser assim neste mundo, somente por viver a vida

cristã temos de produzir este efeito.

Demos um passo mais além, e digamos que a luz não somente revela o oculto das trevas, mas

também explica sua causa; por isso é algo tão

prático e importante nestes tempos.

Já lhes tenho recordado que os melhores pensadores do mundo acadêmico de hoje, se

acham desorientados quanto à raiz do mal no

mundo. Há alguns anos foram radiodifundidas

Page 38: Provérbios 11

38

duas conferências a cargo dos chamados

humanistas, Dr. John Huxley e Professor Gilbert

Murray. Ambos admitiram com toda franqueza

que não poderiam explicar a vida como é. O dr Huxley disse que não podia encontrar um fim,

nem um significado para a vida. Para ele tudo

era fortuito. O professor Gilbert Murray tampouco sabia explicar a segunda guerra

mundial e o fracasso da Liga das Nações. Como

corretivo, não teria nada mais que oferecer do

que a cultura que tem estado à nossa disposição durante séculos, e que tem fracassado.

Aqui é onde os crentes têm a luz que explica a situação. A única causa dos problemas do

mundo atual, desde o nível pessoal ao internacional, não é nada mais do que a

separação do homem em relação a Deus. Esta é

a luz que somente os crentes possuem, e podem

dar ao mundo. Deus tem feito de tal modo o homem, que ele não pode viver a verdade a não

ser que tenha uma relação adequada com Deus.

Assim foi feito. Deus o fez, e o fez para si. Deus

tem estabelecido certas normas em sua natureza, em seu ser, e existência, que, a não ser

que se conforme a elas irá se equivocar.

Esta é a causa do problema. Todas as dificuldades que o mundo de hoje experimenta podem ser atribuídas, em última instância, ao

pecado, egoísmo, e busca de proveito próprio.

Todas as disputas, conflitos e mal-entendidos,

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39

todas as dívidas e malícia, todas estas coisas se

devem a isso e a nada mais. Assim pois, somos a

luz do mundo num sentido muito real nestes

tempos, porque somente nós possuímos a explicação adequada da causa do estado do

mundo. Tudo se deve à queda, todos os

problemas começaram ali. Quero voltar a citar João 3.19: “E a condenação é esta: Que a luz veio

ao mundo, e os homens amaram mais as trevas

do que a luz, porque as suas obras eram más.”

Esta é a condenação e nada mais. Esta é a causa do problema. Que sucede pois? Se a luz tem

vindo a este mundo na pessoa de Jesus Cristo; por que o mundo anda mal em pleno século

vinte?

O versículo que acabamos de citar dá a resposta. Apesar de todo o saber que se tem acumulado

nos últimos duzentos anos, desde os começos

do Iluminismo até meados do século dezoito, o homem caído por natureza, todavia, ama mais as

trevas do que a luz. A consequência é que, apesar

de saber o que é justo, prefere o mal e o pratica.

Tem uma consciência que lhe adverte, antes de praticar o mal; contudo o faz. Talvez o lamente,

porém o pratica. Por que? Porque lhe agrada. O problema do homem não está no intelecto, está

na sua natureza – as paixões e os prazeres. Este é

o fator dominante. Embora se eduque, nada

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40

conseguirá, porque sua natureza seguirá sendo

pecaminosa e caída.

Esta pois é a condenação, e ninguém pode advertir ao mundo moderno, exceto o cristão. O filósofo não somente não fala sobre isto, como

também não lhe agrada tal ensino. Não lhe

agrada que lhe digam que apesar de seus vastos

conhecimentos, não é mais do que um montão de argila humana comum como qualquer outro,

e que é criatura de paixões, prazeres e desejos.

Esta é a verdade; como nos dias de nosso

Senhor, muitos destes filósofos do mundo antigo saíram da vida pela porta do suicídio, e

assim sucede hoje em dia.

Desconcertados, perplexos, sentindo-se frustrados, havendo intentado todos os tratamentos sociológicos, psicológicos e de

outras classes, contudo indo de mal a pior, os

homens se rendem desesperados.

O evangelho lhes molesta quando aponta que terão que confrontar a si mesmos, e sempre lhes

diz o mesmo: “os homens amaram mais as

trevas do que a luz”. Este é o problema, e o

evangelho é o único que o diz. Constitui uma luz no firmamento, e deveria revelar-se por nosso

meio em meio aos problemas deste mundo

tenebroso, miserável e infeliz dos homens.

Page 41: Provérbios 11

41

Porém, graças a Deus que não nos detemos aí. A luz não somente manifesta as trevas, mas

apresenta e oferece a única saída das trevas.

Aqui é onde todo crente deveria por mãos à obra. O problema do homem é o problema da

natureza caída, pecaminosa, contaminada. Não

se pode fazer nada?

Temos provado que o conhecimento, a educação, os pactos políticos, e as assembleias

internacionais não têm conseguido nada. Não

resta esperança? Sim, há uma esperança abundante e perene: “tem que nascer de novo”.

O que o homem necessita não é de mais luz, mas

da nova natureza que ama a luz e odeia as trevas.

O homem necessita se voltar para Deus. Não basta dizê-lo, porque, se fosse assim, o

deixaríamos num estado de maior

desesperança.

Ele nunca encontrará o caminho até Deus, por mais que o tente, porém o crente está aí para

dizer-lhe que há um caminho até Deus, um

caminho muito simples. É conhecer a Jesus de Nazaré. Ele é o Filho de Deus que veio do céu à

terra, para buscar e salvar o que se havia

perdido. Veio para trazer luz às trevas, para

manifestar a causa das trevas, para mostrar o novo caminho para sair delas e ir a Deus no céu.

Jesus, não somente tem carregado sobre Si a culpa desta terrível condição de pecado, que nos

Page 42: Provérbios 11

42

tem causado tantos problemas, senão que nos

oferece uma vida e natureza novas. Não

somente nos dá um ensino novo ou uma

compreensão nova do problema; não somente procura perdoar os pecados passados, mas faz-

nos homens novos com desejos novos,

aspirações novas, perspectiva nova e orientação nova, e, sobretudo nos dá essa vida nova, a vida

que ama a luz e odeia as trevas, no lugar de amar

as trevas e odiar a luz.

Os crentes, vocês e eu, vivemos no meio de pessoas que vivem em densas trevas. Nunca

encontraram luz alguma neste mundo, a não ser no evangelho que nós cremos e ensinamos. Eles

nos observam. Vêm algo diferente em nós?

Nossas vidas são uma reprovação silenciosa das vidas de tais pessoas? Vivemos de tal modo que

as induzimos a vir a nós para perguntarem: Por que parecem sempre tão felizes? Como se

mostram sempre tão equilibrados?

Como podem aceitar as coisas como o fazem? Por que não dependem como nós, de ajudas e

prazeres artificiais? Que têm, que não temos?

Se assim o fazem, então podemos comunicar-lhes essas novas, tão maravilhosas e surpreendentes, embora tragicamente

omitidas, de que Cristo Jesus veio ao mundo

para salvar os pecadores, e dar aos homens uma

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43

nova natureza e uma nova vida, e para fazê-los

filhos de Deus. Somente os crentes são a luz do

mundo de hoje. Vivamos e atuemos como filhos

da luz.

Depois de ter-se referido aos crentes como sal da terra e luz do mundo, Jesus disse o seguinte

em relação à lei:

“17 Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.

18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará

da lei um só i ou um só til, até que tudo seja

cumprido.

19 Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim

ensinar aos homens, será chamado o menor no

reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos

céus.”

Até aqui as palavras de D.M.Lloyd Jones.

Apesar de extensa, esta introdução é muito apropriada para o objetivo em vista, que é o de demonstrar com que óculos devemos estudar

não apenas o livro de Provérbios, como também

toda a Bíblia.

Page 44: Provérbios 11

44

O padrão de comportamento que é ali exigido, não pode ser respondido adequadamente por

pessoas que não tiverem sido regeneradas pelo

poder do Espírito Santo, a saber, pela obtenção do novo nascimento na conversão.

Por outro lado, Lloyd Jones apresenta de forma muito clara, qual é o escopo das Escrituras – a

saber, o de responder às necessidades do

homem interior, que não pode melhorar

segundo o ponto de vista de Deus, a não ser apenas pela conversão a Jesus Cristo, e prática

da Sua Palavra.

É, portanto com estes óculos adequados do discernimento espiritual, que devemos nos

dedicar à leitura e à prática de tudo o que nos é

ordenado nas Escrituras.

Não poderia haver uma melhor introdução para a exposição que faremos adiante de cada um dos

versículos do 11º capitulo do livro de Provérbios, pelas razões já expostas anteriormente.

Page 45: Provérbios 11

45

Provérbios 11

1 A balança enganosa é abominação para

o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer.

A balança aqui referida, não é somente

aquela que é usada como meio de pesagem de produtos segundo o padrão estabelecido; senão,

sobretudo aquela pela qual é pesado e medido o

nosso próprio caráter.

A balança pela qual é realizada esta aferição de modo justo e correto, a qual é todo o prazer de

Deus, é a Sua própria Palavra. Esta Palavra nos recomenda honestidade, não somente em todos

os nossos negócios, como em toda a nossa

atitude e nosso comportamento. Assim,

concluímos que a pessoa que não é honesta segundo padrão divino, não é de fato uma

pessoa devota e piedosa.

Ela pode se dedicar a todos os deveres e a todas as práticas religiosas, ainda que cristãs, e, no

entanto ser achada em falta quando pesada pela

balança do céu, por não ser honesta. Um religioso verdadeiro deve ser honesto para com

todos os homens.

As práticas comerciais modernas adotaram diversos expedientes que são desonestos em sua

natureza, com o fito de se aumentar a margem

Page 46: Provérbios 11

46

de lucratividade. Mas, ainda que isso possa ser

considerado inteligente entre os que as

praticam, elas permanecem como uma

abominação diante do Senhor.

Nada é mais ofensivo a Deus do que a prática do engano no comércio. A balança enganosa é

aqui colocado para todos os tipos de práticas injustas e fraudulentas, ao se lidar com

qualquer pessoa.

Evidentemente, ninguém gosta de ser

enganado, até mesmo o que é dado à prática do engano; e é nisto que reside a injustiça do ato

enganoso, pois é uma injúria praticada contra o

próximo.

Page 47: Provérbios 11

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2 Quando vem a soberba, então vem a

desonra; mas com os humildes está a

sabedoria.

Quanta soberba há no mundo, especialmente

naqueles que se consideram grandes e mui honrados, todavia, destes se afirma que com a

soberba deles vem juntamente a desonra,

A razão é clara e diretamente declarada nas

Escrituras, pois Deus afirma que abate o que se exalta, e não honra a qualquer que não Lhe

honre, e é evidente que aquele que vive em

soberba não está honrando a Deus, que exige de

todos os homens que sejam humildes.

De fato, é uma vergonha que um homem que brota da terra, que vive de esmolas, pois

depende de Deus para tudo o que tem, a começar de sua própria existência, se orgulhar

de si mesmo por tudo o que tem.

Este é um pecado que os outros olham com desdém, pois aquele que é arrogante se torna

desprezível; é um pecado para o qual Deus

muitas vezes leva os homens para baixo, como

fez com Nabucodonosor e Herodes, porque Deus resiste aos soberbos, os contradiz, e os

confronta naquilo em que estão

orgulhosamente se exaltando.

Page 48: Provérbios 11

48

O orgulhoso é cego, e um juízo de Deus sobre ele é mantê-lo em sua cegueira, não permitindo

que veja que tudo o que é, e tem, pertence e

provém de fato dele. Em decorrência disto, não conseguirá jamais alcançar a verdadeira

sabedoria que vem do Alto, por meio de

revelação do Espírito Santo. Viverá se gloriando de coisas vãs e passageiras, e não raro, até

mesmo abomináveis.

Em contraste a isso, o provérbio apresenta a honra que Deus concede aos humildes de

espírito, concedendo-lhe a verdadeira

sabedoria para o viver.

A sabedoria em foco não se refere ao

conhecimento e prática das coisas comuns ao mundo, mas aquela que nos conduz ao reino dos

céus e à vida eterna.

É a sabedoria que existe naquele que se converte a Cristo, e se sujeita à instrução do Espírito

Santo e da Palavra de Deus.

São as coisas elevadas às quais Cristo se refere

dizendo que são ocultadas por Deus aos grandes, mas que são reveladas aos pequeninos.

Page 49: Provérbios 11

49

3 A integridade dos retos os guia; porém

a perversidade dos desleais os destrói.

Ser íntegro é ser completo. Então, a integridade

dos retos consiste em serem completos, em

retidão. Não que sejam perfeitos em tudo, mas completamente determinados em seguirem no

caminho estreito de retidão divino.

Estão atentos e vigilantes quanto a tudo que lhes possa desviar do caminho, de modo que dependem da graça de Deus e se esforçam para

permanecer nele, e assim, por esta integridade,

serão guiados por Deus para conhecerem e

fazerem Sua vontade.

Mas, daqueles que que transgridem a vontade de Deus, e vivem na perversidade, é dito que o

seu próprio desvario os destrói.

São destruídos, no sentido de ficarem alijados

de experimentar a vida plena e justa que existe somente em nossa comunhão com Deus.

São destruídos no sentido de caírem nos abismos de iniquidade que eles próprios

cavaram. Nestes abismos é impossível conhecer a Deus e caminhar nas planícies, na paz, e

alegria que ele tem reservado para aqueles que

o amam e obedecem aos seus mandamentos.

Page 50: Provérbios 11

50

4 De nada aproveitam as riquezas no dia

da ira; porém a justiça livra da morte.

É notório, mesmo entre os poderosos, que

muito deles são ceifados do mundo de forma violenta, quando aqueles que se levantam

contra eles em ira, os derrubam de suas

posições elevadas.

A história está recheada de exemplo de reis, especialmente ditadores que foram executados,

sem que pudessem ser livrados pelas riquezas

que haviam acumulado.

Mesmo no caso daqueles que confiam em suas riquezas para estarem seguros, e não sofrem qualquer tipo de visitação de ira enquanto neste

mundo, certamente terão que enfrentar a ira de

Deus no dia do juízo; e ainda que pudessem ter

levado consigo suas riquezas, de nada lhes valeriam nesta hora.

Por mais rica que uma pessoa seja dos bens deste mundo, caso não tenha sido justificada do pecado por meio da fé em Cristo, ela permanece

como um ser miserável e morto

espiritualmente diante de Deus.

Por isso, o provérbio afirma que somente a justiça livra da morte. Sabemos que esta justiça

que livra da morte espiritual e eterna é somente

Page 51: Provérbios 11

51

a justiça de Cristo, que nos é imputada por meio

da fé nele.

Page 52: Provérbios 11

52

5 A justiça dos perfeitos direcionará o seu

caminho; mas o ímpio cai pela sua

impiedade.

6 A justiça dos retos os livra; mas os

traiçoeiros são apanhados nas suas

próprias cobiças.

Estes dois versos são, com efeito, o mesmo, e

ambos têm o mesmo significado do verso 3. São repetidas as verdades aqui afirmadas, porque

são de tal peso que não podem ser

demasiadamente incutidas.

Devemos nos governar por estes princípios, pois os caminhos da justiça do reino de Deus são a

nossa regra e segurança.

Não podemos ser achados com a nossa alma em segurança, estando conscientes de um bom

proceder, senão somente por estarmos

conformados à justiça de Deus; seja por tê-la

atribuída na nossa justificação pela graça, mediante a fé, seja pela sua implantação em

nosso caráter pelo poder do Espírito Santo.

A graça de Deus educa e dirige aqueles que amam e praticam a justiça. Já não há qualquer

condenação da parte de Deus, para aqueles que

estão cobertos pela justiça de Cristo. Assim, a

Page 53: Provérbios 11

53

justiça dos que são retos, os livra da maldição, da

ira e da condenação divina.

Em contraste, a impiedade e as cobiças dos que são ímpios e traiçoeiros são a causa da sua queda

e ruína.

Por mais que possa parecer que estão prosperando neste mundo, estão de fato

caminhando por veredas de morte que lhes

conduzirá a um final terrível, vergonhoso, e

eterno quando tiverem que comparecer perante o trono do juízo divino.

Page 54: Provérbios 11

54

7 Morrendo o homem perverso, morre a

sua esperança, e a expectação da

iniquidade se desvanece.

Até mesmo homens maus, enquanto vivem,

podem entreter uma expectativa confiante de uma felicidade futura quando morrerem, ou

pelo menos uma felicidade neste mundo.

O hipócrita tem sua esperança naquilo que ele próprio tece, como a aranha faz em sua teia. O

mundano espera grandes coisas de sua riqueza;

ele a chama de bens para muitos anos, e espera ter facilidade nisto; mas na morte, sua

esperança será frustrada, pois nada do que

juntou e alcançou neste mundo lhe valerá.

Será grande agravamento de miséria das pessoas más, pois suas esperanças vão afundar

somente em desespero, quando esperam que sejam coroadas de fruição. Quando um homem

piedoso morre, suas expectativas morrem com

ele e todos os seus medos desaparecem, mas

quando o ímpio morre suas expectativas perecem. Naquele mesmo dia perecem seus

pensamentos, com os quais tinha se agradado, e

suas esperanças desaparecem.

Page 55: Provérbios 11

55

8 O justo é libertado da angústia; e o

ímpio fica em seu lugar.

O justo referido no provérbio, não é qualquer

pessoa que pratique eventualmente o que é

justo, senão aquele que tem sido justificado por

Deus, por meio da fé, e anda nos seus mandamentos. É este que a promessa do

provérbio se refere, pois é notório que muitos

que são praticantes eventuais do que é justo,

mas não amam a Deus e os seus mandamentos, não são libertados de suas angústias.

Ao dizer que o justo é libertado da angústia e que o ímpio fica em seu lugar, não significa que o

justo é compensado pela angústia do ímpio; mas

que enquanto ele é livrado pelo poder de Deus, o

ímpio não pode desfrutar do mesmo benefício,

Além disso, deve ser considerado que as muitas aflições e angústias que os justos experimentam

neste mundo, são em boa parte o resultado das

ações de ímpios, que lhes serão removidas

completamente quando forem admitidos no céu; e, as angústias que tinham aqui embaixo,

virão sobre os ímpios em muito maior grau,

quando tiverem que comparecer perante o juízo

de Deu, para serem lançados num lugar de sofrimento eterno.

Page 56: Provérbios 11

56

9 Um hipócrita com a sua boca arruína o

seu próximo; mas os justos são libertados

através do conhecimento.

Não são poucos, aqueles que neste mundo

passando-se por bons e justos destroem a boa

reputação de pessoas honestas e justas,

inventando mentiras contra elas junto àqueles que lhes interessa afastar do seu convívio e

aceitação.

Quem tem conseguido se livrar completamente disto?

As línguas viperinas multiplicam-se, especialmente nestes dias de grande iniquidade; e lobos disfarçados em peles de

ovelhas causam a ruína de muitos, em vários

aspectos, pela maledicência disfarçada com que

conseguem convencer seus ouvintes de estarem falando a verdade.

Uma reputação falsamente destruída será dificilmente recuperada, ainda que se

apresentem evidências em contrário, de tudo o

que de mal foi dito, porque sempre permanece alguma desconfiança naqueles que foram

atingidos pelo veneno de tais línguas de

serpente.

Page 57: Provérbios 11

57

Mas, é dito que os justos são libertados através do conhecimento deles. Libertados de quem, e

do que?

Do prejuízo sofrido, nem sempre, mas de

incorrerem no mesmo erro de intentarem o mal disfarçado ou declarado contra o seu próximo,

disto são certamente livrados pelo amor de

Cristo que reina em seus corações.

Pode também ser considerado, que, por sua prudência, pelo conhecimento da verdade

relativa ao coração do homem que é

corrompido, em prevenir-se deste mal que

poderia sofrer da parte de outros, por discernir adequadamente com quem deve realmente se

associar.

O que dá muitas vezes crédito, ainda que indevido à maledicência, e o fato de termos

privado, ainda que por algum tempo, da intimidade com aqueles que são maus.

Isto lhes dá certa vantagem em receberem crédito nas falsidades que afirmam a nosso

respeito, pois, afinal, estivemos andando em sua

companhia.

A seu tempo, Deus destruirá a língua maledicente para sempre, mas até lá, cabe a nós

agir com prudência, para não ficarmos à mercê

de sermos arruinados tão facilmente por

Page 58: Provérbios 11

58

aqueles que arruinando a nossa boa reputação,

aniquilam também o poder do nosso bom

testemunho em Cristo.

Page 59: Provérbios 11

59

10 Quando os justos prosperam, exulta a

cidade; e quando perecem os ímpios, há

júbilo.

11 Pela bênção dos retos se exalta a

cidade; mas pela boca dos ímpios é

derrubada.

O bem público não pode prevalecer quando se

multiplicam os ímpios, sobretudo nas posições de governo, pois todos sofrem direta ou

indiretamente com isto.

Mas, há alegria na cidade em que os justos se multiplicam e os ímpios desaparecem, pois traz

não somente a bênção de Deus para o povo,

como também haverá paz e justiça sendo

praticadas entre todos.

Orações em favor de todos, dos que governam, se multiplicam quando os justos estão em maior

número numa determinada cidade, e com isto a

própria cidade é exaltada por Deus, derramando sobre ela as suas bênçãos.

Muitos falam de sua expectativa de justiça social, mas sendo ímpios abrigam o mal e a murmuração em seus corações ainda

escravizados ao pecado – e que bem real poderia

advir disto?

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60

Que tipo de justiça estariam de fato buscando para a cidade ou país em que vivem?

Como Deus poderia contemplar com bons olhos, tal tipo de hipocrisia?

Page 61: Provérbios 11

61

12 Quem despreza o seu próximo é falto

de senso; mas o homem de

entendimento se cala.

13 O que anda mexericando revela

segredos; mas o fiel de espírito encobre o

negócio.

O desprezo ao próximo aqui afirmado, não é

apenas aquele que se restringe a um sentimento

contrário em relação a ele, mas o que se

expressa em palavras depreciadoras. Desta atitude e comportamento é dito ser o produto de

falta de sabedoria, de senso, de conhecimento

da vontade de Deus.

Já aqueles que conhecem todas estas coisas referidas, ainda que sintam a real condição de

miséria espiritual e moral do seu próximo, se calam, e guardam isto em seus corações sem

estabelecer qualquer juízo depreciativo em

relação a ele, pois sabe que não nos é dado da

parte de Deus sermos os juízes morais do caráter alheio.

A falha de caráter referida no provérbio conduz geralmente ao desejo perverso de mexericar, ou

seja, de espalhar os nossos juízos depreciativos a

outros, o que vem a agravar a nossa situação

Page 62: Provérbios 11

62

diante do grande Juiz de toda a terra, quer de

vivos, quer de mortos.

Um espírito infiel a Deus e à verdade, à discrição e ao amor há de espalhar o mal real ou não, que observa nos outros com o fim de prejudicá-los,

mas o que possui um espirito fiel encobre o

negócio e não dá ocasião a que este se espalhe

produzindo aí sim, um grande mal, que pode afetar a muitos, além da própria pessoa

depreciada.

Page 63: Provérbios 11

63

14 Quando não há sábia direção, o povo

cai; mas na multidão de conselheiros há

segurança.

Aqueles que têm sobre si a responsabilidade

de liderar, seja em qual esfera for considerada,

quer na nação, quer em nossos lares, farão bem

em buscar conselhos junto àqueles que são sábios nos assuntos sobre os quais tenham que

deliberar, e não tenham um adequado

conhecimento ou experiência quanto ao que

seria a melhor forma de proceder.

Se não houver uma sábia direção, o resultado imediato é a queda do povo, pois Deus planejou

a vida em sociedade de tal forma, que em todos

os seus níveis, somente poderá haver uma boa condução dos assuntos de interesse geral, caso

haja uma liderança sábia e capacitada para

orientar no que for necessário, de modo que não

se veja como ocorria no período conturbado dos Juízes de Israel, quando cada um agia de acordo

com sua própria vontade, e o resultado disto não

pode ser outro, senão a ruína.

Logo, bem fará tanto a comunidade, quanto o líder, em buscarem a direção no Sábio dos sábios , que é Deus, e no Manual de instrução

dos manuais, que é a Sua Palavra, para que

possam de fato gerir todos os negócios da forma

Page 64: Provérbios 11

64

justa e adequada pela qual convém serem

geridos.

Page 65: Provérbios 11

65

15 Decerto sofrerá prejuízo aquele que

fica por fiador do estranho; mas o que

aborrece a fiança estará seguro.

Não podemos colocar por fiança, de modo

indiscriminado, aquilo que não é propriamente

nosso, pois em tudo o que temos neste mundo,

nada somos senão apenas mordomos dos bens que Deus tem colocado a nosso dispor, para

serem usados com sabedoria.

Não é, portanto uma atitude sábia e sensata colocar sob risco de perda o que nos foi dado para ser administrado, por colocá-lo na

condição insegura de risco ou não, pela

deliberação de outros.

O provérbio não generaliza, todavia todo o tipo de fiança, pois fala da imprudência em fazê-lo com o estranho, ou seja, com alguém cuja

reputação de responsabilidade, honestidade em

saldar seus compromissos assumidos, não seja

devidamente conhecido por nós.

Ainda que o estranho seja responsável e honesto, caso não o conheçamos, não vale a

pena correr o risco.

Page 66: Provérbios 11

66

16 A mulher graciosa obtém honra, e os

homens poderosos obtêm riquezas.

Temos visto em todos os provérbios, da boca de

alguém que foi o mais rico e poderoso de todos

os homens – Salomão – que a honra é melhor do

que a riqueza.

E aqui, neste provérbio, ele diz que até uma mulher que não era devidamente considerada

na sociedade de seus dias, estaria em melhor

condição honrosa, do que os homens poderosos que obtêm riquezas, porque os expedientes

destes muitas vezes é o engano e a violência,

mas o da mulher graciosa, ou seja, cheia da

graça e virtude de Deus, é o seu bom proceder segundo os caminhos do Senhor. Está será de

fato, mais honrada diante dos homens do que

estes poderosos ricos.

E, quanto mais o será diante de Deus, que julga

retamente segundo o que há em nosso coração, e não segundos bens e poder que temos

adquirido.

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17 O homem bondoso faz bem à sua

própria alma; mas o cruel faz mal a si

mesmo.

Ao afirmar que o homem bondoso faz bem à

sua alma, o provérbio não quer significar que ele

anda buscando e fazendo coisas boas para si

mesmo, senão que, ao andar no caminho da

retidão e do bem, conforme definido por Deus, o resultado é que a sua alma é beneficiada, pois

não é possível encontrar-se a Cristo e sua justiça

quando se anda nos caminhos da impiedade.

Cristo será sempre achado quando nos voltarmos para o amor à verdade, à justiça e à bondade, não conforme definidos pelos

homens, mas pela Palavra de Deus; por

conseguinte, os que frequentam a escola da

crueldade estão na verdade fazendo mal a si mesmos, pois são ensinados a caminhar por

caminhos de morte e não de vida; de destruição,

e não de edificação.

Fazer mal a si mesmo é um ato de crueldade, pois todos fomos criados para o amor e para o bem. Assim, é o próprio homem que é cruel para

si mesmo, e que se condena em razão de suas

atitudes e atos.

Esta crueldade não é necessariamente aquela que produz danos por requintes de malignidade,

Page 68: Provérbios 11

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mas toda e qualquer condição de afastamento

dos princípios revelados na Palavra de Deus. É

cruel virar as costas para um Deus de amor e

para todos os Seus atos de justiça e bondade que nos ensina nas Escrituras, para viver e fazer

afinal, aquilo que contraria tanto a Sua pessoa e

vontade.

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69

18 O ímpio recebe um salário ilusório;

mas o que semeia justiça recebe galardão

seguro.

Por maior que seja a remuneração que é

auferida por um ímpio, pode ser dita da mesma que é ilusória, porque não há nela qualquer

recompensa ou favor embutidos, já que não

trazem consigo a aprovação de Deus, uma vez

que vive na prática da impiedade, e o único salário real e duradouro para o pecado é a morte.

É lamentável que o mundo atual considere um sinal de grande prosperidade e bênção da parte

de Deus, que alguém tenha alcançado posições e cargos elevados nos quais são auferidas

grandes remunerações.

Quão ilusório isto é, alerta-nos a Palavra do Senhor. Pois a glória do ímpio passará como a

flor da erva e não pode subsistir para sempre,

nem trazer o verdadeiro contentamento que é

decorrente de uma boa consciência para com Deus e com todos os homens.

Não há maior recompensa do que aquela que é concedida ao que tem um bom nome – o nome de crente fiel ao seu Deus. Este terá uma

recompensa estabelecida sobre um firme

fundamento, que jamais poderá ser removido.

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A maior parte dos provérbios consiste em apresentar as diferenças que existem entre os

justos e os ímpios, destacando suas ações e o

fruto do seu proceder, notadamente quanto ao juízo final divino que será diferente para ambos.

Pode parecer um tema anacrônico para muitos, num mundo em que tem havido tanto avanço na

criação de leis e organismos que visam

promover a justiça, porém nunca é demais lembrar que a corrupção, e os atos de violência

e impiedade são uma constante em nossos

noticiários cotidianamente.

Este é um mal do qual a humanidade jamais será curada, a não ser pela conversão a Jesus Cristo e prática dos seus mandamentos.

Tudo o mais tem se mostrado ineficaz, sejam programas educativos, sejam investimentos em

informação e desenvolvimento de processos

tecnológicos, pois a corrupção é algo que está

inerentemente ligado ao coração humano, bastando que encontre as condições e

vantagens que lhe sejam favoráveis, e logo se

manifestará, especialmente naqueles que ocuparem cargos em que têm a possibilidade de

ingerir em assuntos financeiros.

O que está acontecendo no Brasil, e em muitas outras partes do mundo em nossos dias atestam

completamente que os alertas de provérbios

Page 71: Provérbios 11

71

não são anacrônicos, mas um tema mais atual

do que nunca, pois nunca antes se falou tanto de

escândalos financeiros e prática criminosas de

todo o tipo como agora. Nunca, tantos lucraram injustamente à custa da exploração de muitos.

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19 Quem é fiel na retidão se encaminha

para a vida, e aquele que segue o mal

encontra a morte.

Jesus diz que o que é fiel no pouco também é

sobre o muito, e que aquele que é infiel no pouco

também o será sobre o muito.

A medida da nossa retidão não se encontra, portanto no quanto somos honestos e justos em

relação aos grandes assuntos da vida, senão nos

pequenos.

Uma pequena quantia, por mais irrisória que seja, que mantida desonestamente dá provas da

nossa infidelidade para com Deus, e pode vir a

ser a causa de não sermos colocados por Ele sobre a administração das grandes coisas

relativas aos Seus interesses e negócios.

Ser fiel em ser justo, em todos os aspectos é o melhor negócio, assim como é dito popularmente, que ser honesto é a melhor

política.

Isto não deve ser encarado como rigor legalista, que não se perdoe sequer as pequenas faltas que ocorram por lapso de memória ou ignorância do

que nos é devido fazer, pois Deus interpõe

também o perdão de dívidas e o amor, como

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73

uma obrigação para ser observada e cumprida

por todos.

O que está em foco é o interesse em se agir de modo honesto e reto em todas as coisas, e de se

fazer a devida reparação e restituição, sempre

que esta for necessária.

Veja agora o desonesto, gabando-se dos seus grandes feitos, pelos quais tem obtido

vantagens ilícitas – se o mal não o apanhar ainda

aqui neste mundo, por uma ação revanchista daqueles que foram enganados por ele, ou ainda

pela ação dos tribunais de justiça, é certo que

não será tido por impune quando tiver que

comparecer perante o tribunal de Deus. Isto significaria para ele felicidade ou tristeza? Vida

ou morte?

Todos estes contrastes apresentados entre as bem-aventuranças dos justos e a ruína dos

ímpios, não têm o propósito de exaltar méritos

para os justos, pois tudo o que são e têm é pela

pura graça divina; nem para desprezar, ofender ou humilhar os ímpios, senão para alertá-los

quanto ao caminho de destruição que estão

seguindo, do qual fariam bem em se desviar, por

se converterem a Deus e aos Seus caminhos.

Deus afirma expressamente que não tem qualquer prazer na morte do ímpio, senão que

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74

ele venha a encontrar a vida convertendo-se dos

seus maus caminhos.

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20 Abominação para o Senhor são os

perversos de coração; mas os que são

retos em seu caminho são o seu deleite.

Ainda que o perverso de coração esteja em

boa estima diante de muitos, em razão do poder e riqueza mundanos que possua, todavia

perante Deus será sempre uma abominação,

porque Ele não olha para o que o homem é

exteriormente e nem para o que ele possui, senão para o que há no seu coração.

Sabendo que o deleite do Senhor são aqueles que andam por retos caminhos, faríamos bem em investigar na Palavra de Deus, pedindo

orientação e instrução ao Espírito Santo para

abrir nosso entendimento, a fim de

compreender de modo adequado quais são estas coisas que devemos viver e praticar para que

sejamos agradáveis a Deus.

Aqui mesmo, no livro de Provérbios há muitas coisas que dizem respeito às atitudes e

comportamentos que nos convém. Deveríamos

estar sempre preocupados em saber o que Deus

odeia e o que ama, para que possamos governar nossos passos de tal forma, que evitemos o seu

desagrado, e sejamos, por conseguinte

recomendados ao seu favor.

Page 76: Provérbios 11

76

A graça de Jesus nos foi concedida, para que fazendo uso dela possamos atingir este objetivo

citado.

O coração que vive na impiedade, ou seja, sem

estar devotado a Deus, e é governado pela iniquidade, a saber, por tudo o que não diz

respeito às suas leis e mandamentos, é dito

daqueles que o possuem, serem uma

abominação para o Senhor.

Eles lhe aborrecem e não podem contar com o seu favor, senão com os seus juízos.

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21 Decerto o homem mau não ficará sem

castigo; porém a descendência dos justos

será livre.

Os juízos de Deus sobre os justos, a saber, aos

que se tornaram seus filhos por meio da fé em

Jesus Cristo, são juízos disciplinadores e

corretivos, para o bem e aperfeiçoamento deles.

Todavia, os juízos sobre os ímpios que não se dispõem a conhecer e a fazer sua vontade são

juízos sob a forma de castigo, como retribuição às suas más obras.

Sabemos que os descendentes de um justo, não são necessariamente também, todos justos

quanto ele. Então, a descendência referida no

provérbio que é livre dos juízos de Deus não é a natural, senão a espiritual, daqueles que

seguem nos mesmos passos de justiça de seus

pais.

A impiedade de um filho não será justificada por Deus pela retidão de seu pai, e a recíproca é

verdadeira, conforme Ele o tem declarado em Sua Palavra.

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22 Como joia de ouro no focinho de uma

porca, assim é a mulher formosa que não

tem discrição.

A linguagem da ilustração aqui empregada é

pesada, mas atende ao propósito de alertar

quanto à verdade que há na afirmação que é

feita.

Pois, assim como uma joia no focinho de um suíno não o adorna em razão da sua natureza, e

nem mesmo lhe aproveita, pois não tem consciência do seu valor, mas certamente a

destruirá; de igual modo sucede com a mulher

que é dotada de dons naturais de beleza exterior,

porém não segue o caminho da discrição.

Uma mulher sem discrição é alguém cuja conversação é fútil e dissoluta. A beleza do seu

corpo, ainda que seja comparada a uma joia de

ouro ou diamante, não lhe será de qualquer real

valor se estiver chafurdada na lama da concupiscência, por possuir uma consciência

contaminada pelo pecado.

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23 O desejo dos justos é somente o bem;

porém a expectativa dos ímpios é a ira.

Ao afirmar que o desejo dos justos é somente

o bem, o significado disto é que eles se inclinam e são conduzidos pela graça de Deus que neles

atua, para aquilo que bom e não para o que é

mau.

De fato, não há no coração de qualquer crente genuíno, o desejo de viver para fazer mal ao seu

próximo, pois se assim fosse, comprovaria que o

amor de Cristo não foi de fato derramado em seu coração pelo Espírito Santo.

Já dificilmente se verá um ímpio desejando o que seja realmente abençoador para seu

próximo, pois não há em sua natureza esta

disposição, uma vez que isto nos vem do alto, por

uma nova natureza recebida de Deus.

Com este proceder e a permanência nele, o que fazem é somente chamarem sobre si a ira de

Deus, sob a qual eles permanecerão, se não forem resgatados da ira e da maldição por Jesus

Cristo.

Além disso, suas expectativas, especialmente sobre aqueles que consideram tê-los ofendido,

ainda que seja uma imaginação injustificada,

são voltadas para que sejam amaldiçoados ou

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castigados por Deus; pois não podem abençoar

os que os amaldiçoam ou bendizer os que lhes

perseguem.

Assim, esperam e desejam o mal para os outros;

isto deve se voltar sobre si mesmos, pois é dito que o juízo de Deus será sem qualquer

misericórdia sobre aquele que não usou de

misericórdia, e não serão perdoados por Ele

aqueles que não perdoaram seus ofensores.

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24 Um dá liberalmente, e se torna mais

rico; outro retém mais do que é justo, e se

empobrece.

Este provérbio cumpre a promessa de Jesus

Cristo, de que “será dado a quem der”. A

fórmula para receber as bênçãos de Deus é dar

desinteressada e gratuitamente, aquilo que temos também recebido dEle gratuitamente.

A caridade e a generosidade serão recompensadas por Ele, ainda que seja um copo

de água fria dado por amor a Ele.

De contrapartida, a avareza empobrece, pois retendo aquilo que nos fora dado para ser

compartilhado, a seu tempo Deus retirará de nós até mesmo esta parte que havíamos retido.

Quanto mais semearmos, mais colheremos. Esta lei natural também é aplicável ao reino

espiritual. Agora, importa que isto seja feito com

alegria e por amor ao cumprimento ao

mandamento divino, e não pra atender fins egoístas de enriquecimento e prosperidade.

A forma e intenção com que fazemos as coisas é tão ou mais importante para Deus, do que o ato

propriamente dito.

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Aquele que retém seus bens, quando deveriam ser despendidos, sobretudo para aqueles que

estão debaixo do seu cuidado, como um esposo

em relação à esposa, e os pais em relação aos filhos, hão de ser encontrados vivendo de modo

miserável e desprovido da graça de Deus,

porque ele não aprova este tipo de comportamento desprovido de amor e cuidado.

Page 83: Provérbios 11

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25 A alma generosa prosperará, e o que

regar também será regado.

De tão acostumados que estamos a associar

presentemente, a palavra prosperidade a conquistas materiais, em razão, sobretudo da

práxis teológica que a ensina num grande

número de igrejas, tanto quanto é ensinado no

mundo, já que a pessoa que é considerada vitoriosa e bem-sucedida na vida é aquela que

tem acumulado muitos bens terrenos; não

conseguimos vislumbrar de modo adequado,

qual é o uso que o sábio faz da mesma nas Escrituras.

Prosperidade, não apenas nos Provérbios como em todos os demais livros da Bíblia, aponta para aquela condição abençoada de se estar debaixo

do cuidado e aprovação de Deus,

independentemente das circunstâncias em que

estejamos vivendo, sejam elas agradáveis ou não.

Mesmo estando numa prisão egípcia, poder-se-ia dizer de José que era próspero para com Deus, pois estava cumprindo exatamente o desígnio

divino para sua vida, ao viver de modo reto

debaixo da injustiça que estava sofrendo.

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Isto pode ser dito do apóstolo em suas prisões, e de todos os mártires que forem perseguidos por

causa do seu amor a Cristo e ao evangelho.

Aqui se fala de prosperidade da alma, e não do

corpo. É importante o uso da palavra hebraica “nefesh” neste texto de provérbios, pois indica

mais claramente a que tipo de prosperidade seu

autor está se referindo – a da alma – e não há alma que prospere aparte da comunhão com

Deus.

A causa apontada para a prosperidade é a generosidade. Não o exercício da fé para

alcançar resultados, ou a observância de qualquer cerimônia ou prática religiosa para

que seja alcançada.

A alma generosa é aquela que busca compartilhar com outros, aquilo que tem

recebido de Deus. É aquela que dá testemunho da salvação e da graça que tem possuído da parte

de Cristo.

A razão disto é porque é impulsionada pelo amor de Deus, em razão do Espírito Santo que nela

habita, cujo ministério é o de dar testemunho da vida e salvação que há em nosso Senhor Jesus

Cristo.

Ele pode regar outros com a graça, porque não cessa de ser regada por Deus sobre a sua própria

Page 85: Provérbios 11

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vida, pela sua disposição em compartilhar a vida

abençoada que tem recebido com outros.

É importante que se frise, que geralmente isto é feito no meio de muita tribulação e oposição dos

espíritos das trevas, conforme podemos ver no

testemunho de todos os apóstolos na Bíblia, e na

vida daqueles que foram mais operosos na história da Igreja.

Em razão disso, não é por este tipo de prosperidade que está interessado, um grande número de religiosos de nossos dias.

Eles querem a rosa, mas sem os espinhos. Eles querem a semeadura, mas sem as lágrimas. Porém, eles sempre se acharão associados

enquanto estivermos neste mundo de trevas em

que vivemos.

Os que espalham a graça são generosos em fazê-lo com abundância, pois sabem que assim como

o conhecimento não ocupa espaço, e os

pensamentos não se esgotam quanto mais são exercidos, de igual forma, a graça que é usada

por amor a Cristo faz com que recebamos mais

graças, e não há limite para as bênçãos que nos

são concedidas por Deus.

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26 Ao que retém o trigo o povo amaldiçoa;

mas bênção haverá sobre a cabeça do que

o vende.

O teor de significado deste provérbio

acompanha o do anterior, mediante o uso de uma ilustração comercial.

Os dons de Deus nos são concedidos para serem multiplicados e concedidos a outros. O

propósito divino não é o de que os acumulemos

egoisticamente para nós mesmos, e o nosso

exclusivo benefício.

O obreiro deve receber salário pelo trabalho que faz, mas este trabalho nunca deve ser para seu

benefício exclusivo.

Os dons são concedidos com o propósito de promover e incentivar o amor de uns pelos outros. Por isso são abundantes e não se

esgotam, enquanto bem usados, pois o

propósito é que muitos sejam abençoados por

eles.

Há um rio de águas vivas que nunca deixa de fluir, e suas águas nunca secam, senão que

transbordam em nosso interior saltando para a vida eterna, pois o efeito delas é o de produzir

vida eterna naqueles que as recebem, a partir do

seu fluir em nosso coração.

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87

Agora, imagine o celeiro que está repleto com o trigo da vida, sendo trancado por aquele que tem

o dever de vendê-lo pelo preço da graça, com o

qual foi recebido?

Que bênção pode advir da parte de Deus sobre a cabeça de quem assim procede?

Que maior produção de trigo lhe seria concedida e confiada, já que não se dispõe a

comerciá-lo?

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27 O que busca diligentemente o bem,

busca favor; mas ao que procura o mal,

este lhe sobrevirá.

Com a medida que tivermos medido seremos

também medidos por Deus; de igual modo, com a medida que julgarmos, seremos também

julgados.

Falamos na parte introdutória deste nosso livro, que é preciso conhecer para que possamos agir

de modo sensato. Assim, como poderíamos

estar habilitados a buscar o bem, que é segundo Deus, caso não o conheçamos?

E, isto não pode ser conhecido senão por meio de muito empenho em meditarmos na Palavra de Deus, e seguirmos a instrução e direção do

Espírito Santo, que aplica a Palavra às nossas

vidas.

É, sobretudo este bem a que o provérbios se refere, que devemos buscar diligentemente.

Veja que, caso seja buscado de forma negligente e descuidada, jamais poderá ser encontrado, e

assim ficamos alijados do favor, e graça divina

que decorre de encontrá-lo.

Certo pastor foi muito feliz ao dizer o seguinte: “Você quer um culto de libertação de verdade?

Então vá a um culto que tenha estudo bíblico.”

Page 89: Provérbios 11

89

Outro irmão em Cristo, muito sincero, mas pouco esclarecido publicou o seguinte no

facebook:

“Opinião cada um tem a sua. Na minha, quem quiser saber o que é unção, procure algumas pregações antigas desse homem. Não, eu não

disse se alguém quiser saber o que é boa

teologia... Estou falando de unção. Foi uma

bomba nas mãos de Deus, e isso é fato. Levanta ó Deus!”

Não citarei o nome de quem fez a postagem, nem o do pastor que aparece na foto, ao qual ele

se refere, e que se encontra totalmente

dedicado a atividades políticas já faz um bom tempo. O que quero destacar é a noção errada de

dissociar unção, de boa teologia. Como pode o

Espírito Santo ungir aquilo que não corresponde

a uma boa teologia, ou seja, a verdade, já que Ele é o Espírito da verdade?

Não faz parte, portanto de buscar diligentemente o bem que traz a bênção de Deus

sobre nossas vidas, esta noção errônea de que

este bem se encontra num poder místico manifestado em pregações emocionais e

eloquência impactantes.

Lembremos que o rio que possui pouca água faz muito barulho, do mesmo modo que uma lata

vazia. Barulho, grito, e esbravejamento nada

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tem a ver com a unção verdadeira, que é a

operação silenciosa do Espírito Santo em nossos

corações, sobretudo transformando-os e

capacitando-os a viver do modo sábio, como nos é designado nas Escrituras.

Lembremos também, que a diligência referida no provérbio, não se limita apenas à busca da sabedoria na meditação das páginas da Bíblia,

mas também no empenho disciplinado e

contínuo em acrescentar as graças e virtudes de

Cristo às nossas vidas, conforme o apóstolo Pedro as nomeia no primeiro capítulo da sua

segunda epístola.

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28 Aquele que confia nas suas riquezas,

cairá; mas os justos reverdecerão como a

folhagem.

O que o mundo mais valoriza hoje em dia: a

busca de um viver justo, ou de riquezas e fama?

A que a mídia e programação virtual incentiva: à busca da virtude, ou à aquisições de posses terrenas?

O que está sempre em evidência: o que é justo e bom, ou o que é definido nas Escrituras como sendo uma abominação para Deus?

Não há qualquer dificuldade para responder a

estas perguntas. Então, pelo que podemos concluir desta citação proverbial inspirada por

Deus, o que a humanidade está buscando como

um todo é a sua queda, e não sua elevação, pois aquilo em que o homem moderno confia mais

do que nunca é no poder do dinheiro, nas

riquezas terrenas, e não na prática da justiça

procedente de Deus e da Sua Palavra.

Mas, ninguém está obrigado a seguir esta grande procissão que caminha para a queda e

ruína eternas, antes reverdecer como a folhagem dos que estão plantados junto a

ribeiros de águas puras e cristalinas, assim

como aqueles que são nomeados como sendo

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bem-aventurados no Salmo primeiro, pois, são,

pelo modo justo com que vivem, continuamente

renovados pelo Espírito Santo para produzirem

o fruto que é esperado por Deus.

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29 O que perturba a sua casa herdará o

vento; e o insensato será servo do sábio

de coração.

Deus tem uma casa para nós, não feita por

mãos, nos céus, para ser herdada por aqueles

que o amam e o temem, e lavaram suas vestes

no sangue de Jesus Cristo.

Há um modo ordeiro de se andar nesta casa divina, que começa a ser revelado aqui na terra,

especialmente pelo modo como procedemos

em nossos lares.

Que esperança poderia ter um filho desordeiro, no passado, quando foi escrito este provérbio,

de vir a herdar algo da casa de seu pai?

Se ele viveu para transtornar e dissipar os bens de sua família, que esperança poderia abrigar de

ter alguma herança no futuro?

Assim, os que não tiverem sido santos na terra, jamais poderão herdar o céu.

Já aqueles que são sensatos e administram corretamente os bens de sua família, debaixo do

temor e direção de Deus virão a ser colocados em posição de liderança, segundo a sua boa

administração, enquanto os que são

perturbadores e insensatos virão a ser servos

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destes que são entendidos de coração, quando

Cristo vier estabelecer seu reino em glória, em

sua segunda vinda.

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30 O fruto do justo é árvore de vida; e o

que ganha almas sábio é.

Jesus é a videira verdadeira e os crentes são os

ramos dessa videira. A finalidade dos ramos é a de frutificarem, para que muitos possam ser

alimentados por esses frutos.

O fruto aqui referido não é material, mas espiritual, é um fruto que gera vida eterna, vida

em abundância, pois assim é a árvore na qual

frutificam.

Onde houver este fruto sendo produzido na vida do crente, Deus atrairá almas para que venham

a se alimentar. Elas serão ganhas para o evangelho e para a salvação, e poderão ser

edificadas com este fruto da verdade que habita

naqueles que o têm produzido.

Daí se dizer no provérbio, que aquele que ganha almas dessa forma é sábio, pois nele habita a

sabedoria de Deus que o leva a investir a sua vida

e a fazer o seu negócio, em trazer almas aos pés do Salvador.

Os justos são como árvores da vida; os frutos de sua piedade e amor, as suas instruções, repreensões, exemplos e orações, o seu

interesse no céu, e sua influência sobre a terra,

são como os frutos dessa árvore, precioso e útil ,

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contribuindo para o apoio e alimento da vida

espiritual em muitos.

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31 Eis que o justo é castigado na terra;

quanto mais o ímpio e o pecador!

Um grande dilema permeia o pensamento de

muitos, quanto a considerarem como pode um

Deus justo permitir que o justo sofra juntamente com o ímpio.

Deus, de fato não poupa seus filhos amados de tribulações e aflições, pois Ele repreende e

disciplina a todos quantos ama.

Se há então, um sofrimento comum, todavia há um propósito diferente em ambos, pois se o

justo é castigado como um filho para correção, o

ímpio e o pecador que permanece

deliberadamente na prática do pecado, afrontando a soberania de Deus é castigado com

juízos, cujo propósito não é o de corrigir e

aperfeiçoar, pois não haveria qualquer proveito

nisso, senão apenas o de dar a cada um a justa recompensa por suas obras.

Assim, é justo que aquele que vive da prática do mal receba também o mal por recompensa.

O apóstolo Pedro se refere ao teor deste

provérbio usando outras palavras, ao dizer que; se o juízo começa pela casa de Deus, onde

comparecerá o ímpio e o pecador? (I Pe 4.17,18).