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8/15/2019 Provas Escritas TJSP 186
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5 TJSP1504/004-PrPrática-SentençaCível
NÃO ASSINE ESTA FOLHA
SENTENÇA CÍVEL
Proferir sentença com base nos elementos do texto que segue, observando as disposições do CPC/73 (Lei no 5.869, de
11.01.1973), notadamente as prescrições do art. 458. Dispensável o relatório.
Os irmãos Maria e José da Silva promoveram, em 05 de fevereiro de 2013, ação anulatória de doação contra Aroldo,
Armando e Antero da Silva. Afirmam que, juntamente com João da Silva, são filhos de Aroldo havidos fora do casamento,enquanto que Armando e Antero são produtos do casamento daquele com Alice da Silva, falecida no ano de 2001.
Alegam que, em datas diversas, Aroldo doou aos corréus, a quase totalidade de seu patrimônio, desrespeitando regras
que limitariam tal espécie de disposição de bens.
Além disso, argumentam que, consideradas suas dimensões, as liberalidades, por si só, caracterizariam doação universal,
portanto, maculadas de nulidade.
Aduzem, ainda, a nulidade das doações pelo fato de que o Tabelião não se encontrava presente ao ato das assinaturas
dos instrumentos de doação, mas apenas um preposto.
Sentem-se prejudicados em seus direitos hereditários, já que referidas liberalidades frustraram suas expectativas
patrimoniais.
Diante desse quadro, pleiteiam seja reconhecida a nulidade das doações, retornando os bens doados à titularidade de
Aroldo, com extensão dos efeitos da decisão a João da Silva.
Os réus contestaram conjuntamente, admitindo a existência dos instrumentos de doação mencionados na petição inicial.Contudo, alegam e, finalmente, requerem, que:
a) quanto aos bens imóveis, os instrumentos de doação não foram levados a registro em cartório de registro de
imóveis, de modo que não houve o aperfeiçoamento das liberalidades;
b) Maria carece de legitimidade ativa por ter cedido seus direitos hereditários;
c) Aroldo carece de legitimidade passiva, dado que apenas Armando e Antero se beneficiaram das doações;
d) atualmente Aroldo encontra-se em excelente situação financeira, tendo voltado a enriquecer em razão de sua enorme
capacidade empreendedora;
e) a ação está prescrita;
f) a ação só poderia ser intentada após a abertura da sucessão, pena de envolver herança de pessoa viva;
g) se trata de mera hipótese de colação oportuna;h) as doações em benefício de Armando foram efetuadas em reconhecimento de apoio psicológico por ele prestado a
Aroldo, em momento difícil da vida do doador;
i) caso assim não se entenda, para o cálculo de eventual sobejo, seja levada em conta a data de cada liberalidade;
j) eventual redução incida sobre os bens doados na ordem por eles indicada.
O conjunto probatório consistiu de documentos, perícias e depoimentos orais. Destacam-se alguns desses elementos
probatórios.
Encontram-se nos autos certidões comprobatórias do parentesco, tal qual afirmado pelas partes, salvo com relação ao
autor José, pois este teve sua situação reconhecida por sentença em ação investigatória de paternidade, proferida após a
data da última doação, conforme devidamente documentado.
Há, ainda, instrumentos públicos de doação de bens imóveis, todos do mesmo valor, nos quais Aroldo figura como
doador e Armando e Antero como donatários de 60% e 40% dos bens, respectivamente. Nenhum deles foi levado aregistro no Cartório de Registro de Imóveis. Neles compareceu o preposto do Tabelião.
Os instrumentos de doação datam sempre do dia 02 de fevereiro, mas dos anos de 2002, 2007 e 2010. Segundo con-
clusão constante do laudo pericial, Aroldo doou o equivalente a 70% de seus bens no ano de 2002, 60% do remanescente
em 2007 e 55% do que lhe restou em 2010.
Há declaração de rendimentos, na qual consta que, no ano de 2010, após a assinatura do último instrumento de doação,
Aroldo detinha um apartamento de três dormitórios e dois imóveis comerciais localizados em bairro nobre da cidade.
Consta, ainda, declaração de rendimentos relativa ao exercício de 2012, na qual consta que Aroldo detém ativos que
somam R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
Relatórios médicos e depoimentos testemunhais referem que Aroldo padeceu de profunda depressão nos anos de 2008
e 2009, tendo sido acolhido por Armando em sua residência durante esse período.
Foi juntado aos autos instrumento público no qual a autora Maria figura como cedente de seus direitos hereditários
relativamente aos bens de seu genitor, fazendo-o em favor de seus irmãos José e João.
Após regular tramitação do processo aguarda-se seu julgamento.
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4TJSP1504/005-PrPrática-SentençaCriminal
NÃO ASSINE ESTA FOLHA
SENTENÇA CRIMINAL
Examine o seguinte resumo de um processo-crime hipotético e elabore uma sentença penal nos moldes do art. 381 e ss.
do Código de Processo Penal. Dispensável o relatório.
I. Orlando e Marivaldo, qualificados nos autos, foram denunciados como incursos nas sanções do artigo 157, § 3o,
c.c. o artigo 29, ambos do Código Penal.
Segundo a peça acusatória:
“No dia 02 de abril de 2015, por volta de 15h30min, na Rua Maresias, 118, Vila Tirol, nesta cidade e Comarca de
São Paulo, agindo em concurso e com identidade de propósitos com Roberval (falecido), aderindo cada qual à ação do
outro, mediante grave ameaça e violência física exercidas com emprego de armas de fogo, subtraíram, para si, a quantia
de R$ 560,00 (quinhentos e sessenta reais) em dinheiro, pertencente à Farmácia Saúde, 03 (três) aparelhos celulares das
funcionárias do estabelecimento comercial, além de um quarto telefone móvel de Calixto, cliente que lá se encontrava,
contra quem Roberval desferiu dois disparos de arma de fogo, causando-lhe lesões que o levaram à morte.
Apurou-se que os réus se associaram para a prática de roubos a farmácias e, na data dos fatos, Marivaldo conduzia
um veículo Parati , cor azul, levando Roberval e Orlando; parou nas proximidades da drogaria para que os comparsas
descessem e ingressassem no comércio. Roberval e Orlando, empunhando armas, entraram e renderam todos os pre-
sentes, três funcionárias e dois clientes. Anunciaram o assalto e exigiram a entrega de dinheiro, celulares e carteiras. Asbalconistas entregaram R$ 560,00, além de seus celulares. A cliente Maria das Dores, do mesmo modo, entregou seu
celular; no entanto, o outro cliente, a vítima fatal, Calixto, recusou-se a entregar seus bens. Irritado, Roberval efetuou
dois disparos que atingiram seu abdômen e o levou a óbito. Aproveitando-se que o ofendido estava caído e indefeso, dele
retirou o celular e a carteira.
Após os disparos, evadiram-se e entraram no veículo em que Marivaldo os aguardava para a fuga.
Com as características pessoais dos assaltantes e dados do automóvel, cujas placas foram anotadas por um comer-
ciante vizinho, a polícia militar foi acionada e realizou patrulhamento, vindo a localizar a Parati , por volta das 20h, estando
Marivaldo e Orlando em seu interior. Em busca pessoal, com Marivaldo foi encontrada quantia de R$ 200,00 e o celular
de uma das balconistas; com Orlando, R$ 230,00 e o celular subtraído de outra vítima.
Indagados, Marivaldo confessou que emprestara a arma para Roberval efetuar o assalto e indicou onde este morava.
Os policiais militares foram até o endereço mencionado, porém, Roberval os recebeu com disparos de arma de fogo; hou-
ve revide e, na troca de disparos, o ladravaz foi alvejado, ferido e veio a óbito.
Marivaldo e Orlando foram presos em flagrante delito.”
II – Documentos encartados aos autos:
a) auto de prisão em flagrante;
b) boletim de ocorrência;
c) auto de exibição e apreensão de dinheiro, de armas de fogo de Roberval e do policial e do veículo Parati ;
d) laudos periciais de exame necroscópico atestando as mortes da vítima Calixto e do assaltante Roberval;
e) mídias gravadas em CDs contendo declarações das vítimas, depoimentos das testemunhas e interrogatórios dos indi-
ciados;
f) relatório da Autoridade Policial;g) folha de antecedentes dos autuados;
h) certidões cartorárias de Marivaldo: a) condenação por crime de roubo duplamente agravado, emprego de arma de fogo
e concurso de pessoas, transitada em julgado no ano de 2007; b) condenação por crime de furto qualificado pelo con-
curso de pessoas e rompimento de obstáculo, transitada em julgado no ano de 2012.
III – Atos processuais e manifestação das partes:
Decisão de recebimento da denúncia, determinando a citação dos acusados e concedendo prazo para apresentação
de resposta (fl.). Resposta dos réus, com preliminar reclamando pela desclassificação para o crime de roubo duplamente
majorado, pois não entrou na esfera de seu conhecimento a intenção de matar adotada pelo infrator falecido (fls.). Decisão
judicial indeferindo a preliminar por ser afeta ao mérito da pretensão acusatória e designando audiência de instrução, de-
bates e julgamento (fl.). Em audiência, foram ouvidas uma vítima e duas testemunhas de acusação, sendo os réus interro-
gados. Em debates orais, o Ministério Público requereu a condenação dos acusados pelo crime de latrocínio consumado.
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5 TJSP1504/005-PrPrática-SentençaCriminal
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Pleiteia o afastamento de qualquer argumentação atinente à desclassificação para crime de menor importância, pois os
réus concorreram para o delito mais grave, citando doutrina e jurisprudência. Pretende, ainda, no cálculo das penas que, na
primeira fase, sejam considerados os maus antecedentes de Marivaldo (condenado definitivamente por crime de roubo em
2007), bem como, na segunda fase, sua reincidência (condenação definitiva por crime de furto em 2012), a qual pode ser
compensada com a confissão espontânea; por fim, na terceira fase, que a reprimenda de ambos seja majorada em função
do concurso formal, já que 05 vítimas tiveram seus patrimônios ofendidos. Por fim, que não seja permitido o recurso em
liberdade. A Defesa, por seu turno, busca o reconhecimento da participação de menor importância, pois os réus confessa-
ram o crime, evidenciando que jamais tiveram o dolo de matar a vítima. Ou seja, ambos quiseram participar de um crime deroubo, majorado pelo concurso de pessoas e emprego de armas, mas jamais um latrocínio. Não podem, por conseguinte,
responder pelo comportamento isolado do falecido Roberval. Anota que Marivaldo sequer ingressou no estabelecimento,
tendo ficado no veículo para lhes dar fuga, de modo que não se envolveu na ação dos comparsas. Encerrados os debates,
o magistrado determinou que os autos lhe viessem conclusos para sentença.
i) Declarações. Edilene era funcionária da Farmácia Saúde. Estava trabalhando quando dois assaltantes lá ingressaram,
ambos portando revólveres, ameaçando funcionários e clientes, exigindo a entrega de tudo que fosse de valor, espe-
cialmente o dinheiro dos caixas. A declarante e suas duas colegas retiraram os valores e entregaram, bem como os
seus aparelhos celulares. Um dos roubadores ainda determinou que os clientes também entregassem seus celulares;
um entregou o telefone móvel, mas o outro se recusou. O criminoso “ficou irado” e o agrediu fisicamente, mas não
adiantou; revoltado, o infrator efetuou dois disparos de arma de fogo na altura do abdômen do cliente, fazendo com que
caísse ao solo. Em seguida, subtraiu sua carteira e celular e os criminosos fugiram. A depoente soube, depois, que os
assaltantes ingressaram em um veículo Parati , azul, tendo um comerciante vizinho anotado as placas. j) Declarações. Maria das Dores foi até a farmácia para adquirir um filtro solar, quando dois indivíduos armados entraram
gritando que era um assalto, exigindo dinheiro e celular de todos; apavorada, entregou o seu celular. Acontece que o
outro cliente não se intimidou e desafiou o roubador, dizendo que nada daria. O roubador lhe desferiu um soco e uma
coronhada, mas o homem não cedeu; o ladravaz se afastou e disparou duas vezes. Com a vítima caída, o infrator reti-
rou sua carteira e seu celular. Em seguida, os dois fugiram correndo.
k) Depoimento 1. Luiz Carlos Azevedo, policial militar, informou que estava em patrulhamento e foi acionado pelo
COPOM sobre um veículo localizado na Rua da Névoa, altura do no 1000, Bairro das Flores, envolvido no roubo ocor-
rido durante a tarde em uma farmácia. Em diligências, encontrou o carro, ocupado por dois jovens, os quais foram
abordados. Na busca pessoal e no automóvel nada de ilícito foi encontrado. Em poder de cada infrator, foram apreendi-
dos o valor de R$ 200,00 e um aparelho celular. Indagados sobre o roubo, os detidos negaram a princípio, mas depois
admitiram e estavam muito assustados em virtude da morte de um cliente. Confessaram que o dinheiro foi partilhado
entre eles e que o comparsa ficara com os aparelhos celulares e eles com o dinheiro. Solicitou apoio e uma viatura foiatrás do assaltante que faleceu na troca de disparos.
l) Depoimento 2. Antonio Sergio da Luz, policial militar, relatou que se deslocou em apoio à viatura do Sargento
Azevedo. No trajeto, recebeu a informação de que um dos roubadores estava em sua casa. Juntamente com sua guar-
nição, rumou para a residência do infrator e, tão logo estacionaram a viatura, foram recebidos por disparos provindos do
interior da moradia, sendo o veículo oficial atingido severamente. O depoente e os demais agentes da lei protegeram-
-se. Quando perceberam que o atirador fugiu, ingressaram na casa, que estava vazia e os fundos do imóvel davam
para uma mata. Na sequência, mais disparos foram efetuados em sua direção, quando pôde visualizar o criminoso e
teve início uma troca de disparos. Diversos policiais também dispararam suas armas de fogo, sendo o assaltante atin-
gido na cabeça. Quando o SAMU chegou era tarde, pois aquele já estava morto. No interior da residência, encontrou
03 celulares e a carteira de uma das vítimas. Desconhece outros detalhes do crime.
m) Interrogatório 1. Marivaldo alegou que estava em dificuldade financeira e convidou os demais para o assalto. Como
Orlando possuía uma arma, emprestou a sua para Roberval. Combinaram todos os passos da empreitada criminosa,
mas Roberval estava louco, pois tinha cheirado muito “pó”. Foram para a farmácia e estacionou próximo, para onde eles
deveriam correr após o roubo. O assalto durou 05 minutos. Quando entraram no veículo, pediram que saísse em alta
velocidade, pois Roberval tinha disparado contra um cliente e parece que não resistiria. Levou Roberval para a casa
dele e ficou com Orlando. Até se esqueceu de pedir a arma de volta. Soube da troca de disparos de arma de fogo com
a PM e que ele (Roberval) havia falecido. Acrescenta que quer colaborar com a justiça e que jamais algum dos três
cogitou disparar a arma no assalto.
n) Interrogatório 2. Orlando, por sua vez, admitiu ter participado do roubo, dizendo que aceitou o convite formulado por
Marivaldo para a “fita” na farmácia. Tem sua arma e Roberval recebeu uma de Marivaldo. Em nenhum momento pensou
que Roberval ia disparar. Já fizeram outras “fitas” e ele nunca deu bobeira. Naquele dia, Roberval disparou e estragou
tudo. Não pode responder por um crime que não cometeu. Queria roubar, nada mais.