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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL I
2009-2010
Turma da Noite
Prova escrita de frequncia
4 de Janeiro de 2010
I
Antnio, comerciante de arte, adquire em Outubro de 2009 a Bento,
professor de qumica aposentado, por 1.000 Euros, um quadro de Jos Malhoa,
que Bento tinha h muitos anos no sto de sua casa e cuja autoria e valor
ignorava.
Antnio, que sabia perfeitamente quem era o autor do quadro e qual o seu
verdadeiro valor, mas que nada disse a Bento a este respeito, revendeu-o a
Carlos, num leilo realizado em Novembro de 2009, por 100.000 Euros.
Bento, que tomou entretanto conhecimento da transaco celebrada entre
Antnio e Carlos, demanda o primeiro, em Janeiro de 2010, exigindo a anulao
da venda do quadro ou, em alternativa, o pagamento pelo ru de uma
indemnizao no valor de 99.000 Euros, correspondente diferena entre o
montante que recebeu dele e o valor de mercado do quadro.
Antnio contrape que o contrato no anulvel nem deve qualquer
indemnizao a Bento, pois no tem culpa de que este seja incauto.
Diga, fundamentando a resposta, se deve ser julgada procedente a pretensode Bento.
II
Entretanto, Carlos prope a venda do referido quadro a Dionsio,
proprietrio de uma galeria de arte, por 110.000 Euros, pagveis em duas
prestaes de idntico valor, que se venceriam, respectivamente, 3 e 6 meses
aps a concluso do negcio. Para tanto, envia-lhe, no dia 1 de Dezembro de
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2009, uma carta registada, especificando o autor do quadro e as demais
caractersticas deste, a qual coloca no marco de correio mais prximo de sua
casa. Devido a uma greve dos funcionrios dos correios, a carta s chega, porm,
a Dionsio no dia 7 de Dezembro. Dionsio responde a Carlos no mesmo dia, portelegrama, em que aceita a proposta sem quaisquer reservas. O telegrama
entregue no domiclio de Carlos ainda no dia 7. Carlos, todavia, no se
encontrava em casa nessa altura e s o leu uns dias mais tarde. No dia 8,
Eduardo, que encontrara Carlos numa exposio, faz-lhe uma oferta de compra
do quadro por 120.000 Euros, que o segundo aceita imediatamente.
Dionsio reclama agora a entrega do quadro, o que Carlos recusa, alegando
que no o vendeu a ele, mas sim a Eduardo. Quem tem razo?
III
Dionsio resolve, em 1 de Janeiro de 2010, colocar o quadro de Malhoa
venda no stio Internet da sua galeria de arte, por 130.000 Euros. A pgina desse
stio dedicada ao quadro contm uma reproduo fotogrfica do mesmo e a
indicao de que o preo dever ser pago a pronto, contra a entrega do quadro.
Fernando, coleccionador de Malhoa, envia no mesmo dia um e-mail
galeria, encomendando o quadro e indicando o local onde o mesmo poder ser
entregue. Passados uns dias, estranhando a ausncia de resposta, telefona a
Dionsio, exigindo a entrega do quadro. Dionsio declina faz-lo, alegando que
ainda no o recebeu de Carlos e que, de todo o modo, no se vinculara perante
Fernando, pois no lhe enviara qualquer aviso de recepo da sua encomenda,
nem Fernando confirmara esta ltima por e-mail, como lhe competia fazer.Inconformado, Fernando intenta uma aco judicial contra Dionsio em
que reclama a entrega do quadro. Dever esta pretenso ser julgada procedente?
COTAES: Questes I a III: 6 valores cada. Domnio da lngua portuguesa e organizao das respostas: 2 valores.DURAO: Perodo regulamentar: 90 minutosTolerncia: 30 minutos
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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL I
2009-2010
Turma da Noite
Prova escrita de frequncia
4 de Janeiro de 2010
Tpicos para a resoluo da hiptese
I
Anulabilidade do contrato por erro sobre o objecto do negcio qualificado
por dolo de A, nos termos dos arts. 251, 253 e 254 CC. Legitimidade e prazo
para a anulao (art. 287 CC).
Responsabilidade civil de A, por culpa in contrahendo, em virtude da
violao dos deveres de esclarecimento impostos pela boa f, segundo o art. 227
CC.
II
Formao do contrato entre C e D: eficcia da proposta de C e da aceitao
de D luz dos arts. 224 e 228 CC.
Aquisio do quadro por D, por efeito do contrato assim formado, nos
termos do art. 408, 1, CC.
Ineficcia da venda feita por C a E, visto data desta o quadro j pertencer
a D.III
Contrato entre D e F: qualificao da oferta do quadro no stio Internet
como proposta contratual e no como convite a contratar, luz do art. 32.,1, do
DL 7/2004. Formao do contrato com a encomenda de F.
Irrelevncia, para este efeito, da ausncia de aviso de recepo por D e de
confirmao da encomenda por F (arts. 32, 1 e 29, 5 do mesmo diploma,
respectivamente).