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Mom. & Perspec. Saœde - Porto Alegre - V. 18 - n” 2 - jul/dez - 2005 56 Revista TØcnico-Científica do Grupo Hospitalar Conceiçªo - ISSN 0102-9398 PROTOCOLO DE CUIDADOS A PACIENTES COM LESÕES DE PELE Anaelí Brandelli Peruzzo * Christian Negeliskii ** Maria Cristina Antunes *** Rosane Pignones Coelho **** Silvia Justo Tramontini ***** RESUMO MAGNITUDE Considerando que no Brasil nªo hÆ uma estatística precisa, o nœmero de pacientes acamados e idosos (acima de 65anos), tem aumentado gradativamente, acarretando numa populaçªo com maior risco em desenvolver œlceras de pressªo e lesıes de pele. Nos Estados Unidos, aproximadamente 2,1 milhıes de pacientes apresentam œlceras de pressªo por ano, 500 mil fazem tratamento de œlcera arterial e/ou venosa e 3 milhıes de diabØticos possuem lesıes em membros inferiores (1) . TRANSCEND˚NCIA As œlceras de pressªo e lesıes de pele acometem de forma disseminada a populaçªo hospitalizada, estando relacionada ao nível de dependŒncia do paciente, estado nutricional, os medicamentos em uso (vasopressores, corticóides) e, principalmente, as patologias de base. O manejo inadequado determina, assim, riscos de complicaçıes comprometedoras à saœde do indíviduo, podendo ocasionar o óbito. VULNERABILIDADE A efetividade do tratamento das œlceras de pressªo e lesıes de pele estÆ diretamente relacionada a capacidade tØcnica da equipe de enfermagem em otimizar a utilizaçªo dos recursos tecnológicos e no conhecimento científico sobre o assunto. *Enf“ Espec. em Formaçªo Pedagógica Profissionalizante para Enfermeiros na `rea de Saœde, em Enfermagem Materno - Infanto - Juvenil, em Administraçªo do Serviço em Enfermagem e Assist. de GerŒncia Enfermagem e ResponsÆvel TØcnica do HCC **Enf” Espec. em Terapia em Intensiva em Adulto e Enfermeiro Assistencial da SR HNSC *** Enf“ Espec. em AssistŒncia de Enfermagem em Nefrologia, em Administraçªo do Serviço de Enfermagem, em Formaçªo Pedagógica Profissionalizante para Enfermeiros na `rea de Saœde e Enfermeira Assistencial da UTI - HNSC **** Enf“ Assistencial da Infectologia - HCC *****Enf“ Espec. em Saœde do Adulto e Enfermeira Assistencial da USBB/SSC do GHC CorrespondŒncia: Secretaria de Apoio de Enfermagem do HCC [email protected] Rua Francisco, Trein no 596 CEP: 91350-200 - Porto Alegre - RS ARTIGOS DE ATUALIZA˙ˆO UNITERMOS: Cicatrizaçªo de feridas; tecido de granulaçªo; œlcera de pressªo; protocolo. ABSTRACT GUIDELINES FOR PATIENTS WITH SKIN INJURIES MAGNITUDE Considering that in Brazil doesnt have an exact statistic the number of pacients sick and old (above 65 years old) has grow progressively causing a population with a bigger risk to have pression ulcers and skin injuries. To Declair & Pinheiro 1 in USA, at least 2,1 millions of pacients presents pression ulcers for year, 500 thousand does treatment of arterial and venous ulcer and 3 millions of diabetic has injuries in inferior members. IMPORTANCE The pression ulcers and skin injuries attack of disseminated way the population hospitalized being related to the level of pacient dependency, nutry state, the remedy in use, and first of all, the base of pathology. The inadequate handling deterrmines, so, risks of complications that will be able to compromise the persons health that could be cause the death. VULNERABILITY The effectiveness to the treatment of pression ulcers and skin injuries are directly to the capacity tecnic of nursing team in betterment the utilization of the technological resources and in the scientific acquirement about the topic. KEY WORDS: Wound healting; granulation tissue; decubitus ulcer, guidelines.

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Mom. & Perspec. Saúde - Porto Alegre - V. 18 - nº 2 - jul/dez - 2005 56

Revista Técnico-Científica do Grupo Hospitalar Conceição - ISSN 0102-9398

PROTOCOLO DE CUIDADOSA PACIENTES COM LESÕES DE PELE

Anaelí Brandelli Peruzzo *Christian Negeliskii **

Maria Cristina Antunes ***Rosane Pignones Coelho ****Silvia Justo Tramontini *****

RESUMO

MAGNITUDEConsiderando que no Brasil não há uma

estatística precisa, o número de pacientes acamadose idosos (acima de 65anos), tem aumentadogradativamente, acarretando numa população commaior risco em desenvolver úlceras de pressão e lesõesde pele. Nos Estados Unidos, aproximadamente 2,1milhões de pacientes apresentam úlceras de pressãopor ano, 500 mil fazem tratamento de úlcera arteriale/ou venosa e 3 milhões de diabéticos possuem lesõesem membros inferiores(1).

TRANSCENDÊNCIAAs úlceras de pressão e lesões de pele

acometem de forma disseminada a populaçãohospitalizada, estando relacionada ao nível dedependência do paciente, estado nutricional, osmedicamentos em uso (vasopressores, corticóides)e, principalmente, as patologias de base. O manejoinadequado determina, assim, riscos de complicaçõescomprometedoras à saúde do indíviduo, podendoocasionar o óbito.

VULNERABILIDADEA efetividade do tratamento das úlceras de

pressão e lesões de pele está diretamente relacionadaa capacidade técnica da equipe de enfermagem emotimizar a utilização dos recursos tecnológicos e noconhecimento científico sobre o assunto.

*Enfª Espec. em Formação Pedagógica Profissionalizante paraEnfermeiros na Área de Saúde, em Enfermagem Materno - Infanto- Juvenil, em Administração do Serviço em Enfermagem e Assist.de Gerência Enfermagem e Responsável Técnica do HCC**Enfº Espec. em Terapia em Intensiva em Adulto e EnfermeiroAssistencial da SR HNSC*** Enfª Espec. em Assistência de Enfermagem em Nefrologia,em Administração do Serviço de Enfermagem, em FormaçãoPedagógica Profissionalizante para Enfermeiros na Área de Saúdee Enfermeira Assistencial da UTI - HNSC**** Enfª Assistencial da Infectologia - HCC*****Enfª Espec. em Saúde do Adulto e Enfermeira Assistencialda USBB/SSC do GHC

Correspondência:Secretaria de Apoio de Enfermagem do [email protected] Francisco, Trein no 596CEP: 91350-200 - Porto Alegre - RS

ARTIGOS DE ATUALIZAÇÃO

UNITERMOS: Cicatrização de feridas; tecido degranulação; úlcera de pressão; protocolo.

ABSTRACTGUIDELINES FOR PATIENTS WITH SKIN INJURIES

MAGNITUDEConsidering that in Brazil doesn�t have an exact

statistic the number of pacients sick and old (above65 years old) has grow progressively causing apopulation with a bigger risk to have pression ulcersand skin injuries. To Declair & Pinheiro1 in USA, atleast 2,1 millions of pacients presents pression ulcersfor year, 500 thousand does treatment of arterial andvenous ulcer and 3 millions of diabetic has injuries ininferior members.

IMPORTANCEThe pression ulcers and skin injuries attack of

disseminated way the population hospitalized beingrelated to the level of pacient dependency, nutry state,the remedy in use, and first of all, the base of pathology.The inadequate handling deterrmines, so, risks ofcomplications that will be able to compromise theperson�s health that could be cause the death.

VULNERABILITYThe effectiveness to the treatment of pression

ulcers and skin injuries are directly to the capacitytecnic of nursing team in betterment the utilization ofthe technological resources and in the scientificacquirement about the topic.

KEY WORDS: Wound healting; granulationtissue; decubitus ulcer, guidelines.

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Revista Técnico-Científica do Grupo Hospitalar Conceição - ISSN 0102-9398 ARTIGOS DE ATUALIZAÇÃO

INTRODUÇÃO

O presente trabalho, foi elaborado pelo Grupode Estudos de Cuidados a Pacientes com Lesões dePele do GHC, que surgiu em abril de 2004, a partir dedificuldades com o manejo de pacientes com lesõestissulares. Dentre estas, é importante destacar a faltade sistematização de conduta dos profissionais desaúde, pela utilização de práticas diversas no cuidadocom feridas, desconhecimento de produtospadronizados na instituição e existentes no mercado.Este contexto, mobilizou o grupo de enfermeiros parabuscar conhecimento científico com base na revisãode literatura, na bagagem de suas experiências e narealidade de cada unidade do GHC e outros hospitais.

Foi considerado na avaliação da literatura osníveis de evidência clínico-epidemiológicas,ressaltando o grau de recomendação para a utilizaçãodo tratamento das feridas (Quadro I).

A partir da revisão da literatura, onde cita aelaboração de protocolos baseados em evidências, este,objetiva proporcionar subsídios aos profissionais dasaúde, quanto a avaliação das feridas, a escolha dotratamento tópico indicado, o método de vigilânciaepidemiológica e esclarecimento sobre condutas nãorecomendadas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na revisão de literatura encontramosfundamentação científica dentro da própria instituição,que foi o Protocolo de Assistência de Enfermagem àPacientes com Feridas em Serviço de Atenção Primáriaà Saúde, realizados por enfermeiras do Serviço deSaúde Comunitária do GHC.

O objetivo do tratamento de uma ferida é acicatrização sem complicações, com a restauração dasfunções e prevenção das sequelas. O tratamento deferidas deve levar em conta a busca de umacicatrização funcional e estética do paciente facilitandoa cura fisiológica e a prevenção ou eliminação defatores locais sistêmicos ou externos que interfiramno processo de recuperação. Os meios terapêuticosdeverão ser aplicados por uma equipe multidisciplinarque por sua vez utilizar-se-á de procedimentos emateriais com base científica. O adequado tratamentode feridas objetiva evitar ou diminuir riscos decomplicações decorrentes, bem como facilitar oprocesso de cicatrização, mas não deve centrar-sesomente em conseguir a cicatrização mediante aaplicação de medicamentos e manipulações, tambémdeve levar em conta o bem estar físico e mental dopaciente durante todo o processo de tratamento.Deverá também fazer parte do planejamento do

tratamento, o conforto do paciente, a prevenção decicatrizes desfigurantes, a regressão da lesão, bemcomo a promoção de condições ideais para a geraçãode um novo tecido(2).

Um curativo ideal é aquele capaz de manter altaumidade entre a sua interface e a da ferida, remover oexcesso de exsudação, permitir trocas gasosas,fornecer isolamento térmico, ser impermeável abactérias, ser isento de partículas e de tóxicoscontaminados de feridas e permitir sua remoção semcausar trauma na ferida(3).

Nas duas últimas décadas diversos estudosforam realizados na busca desse curativo ideal e demelhores resultados nos tratamentos de feridas.Atualmente, dispõe-se de uma gama de opções emtermos de novos equipamentos, materiais, técnicas etipos de coberturas para esse tratamento. Estesresultados foram alcançados em função de uma novavisão epidemiológica do problema e de uma maiorcompreensão e conhecimento dos mecanismosfisiológicos e fisiopatológicos envolvidos no processode início, cronificação e/ou regressão dos diferentestipos de feridas. Por outro lado, essa grande variedadede tratamentos para feridas pode provocar dúvidasnas equipes de saúde quanto a melhor opção para cadatipo de ferida.

A pele constitui uma barreira mecânica deproteção do corpo, além de participar datermorregulação, da excreção de água e eletrólitos edas percepções táteis de pressão, dor e temperatura2.Ela apresenta três camadas: epiderme, derme e tecidoconjuntivo subcutâneo.

Qualquer lesão que leve a uma quebra dacontinuidade da pele pode ser chamada de ferida eexistem várias causas para isso, as mais frequentessão: o trauma (mecânico, físico ou químico), aisquemia, a pressão e a cirurgia(3).

As feridas podem variar em espessura, poisalgumas lesam a pele apenas superficialmente e outraspodem atingir tecidos profundos. A cicatrização daferida consiste na restauração da continuidade.

É sempre importante buscar informações sobrea história e apresentação da ferida (localização, tempo,causa, entre outros). Quanto à apresentação da feridae o mecanismo que ocasionou o trauma, elas podemser descritas como incisas, contusas, lacerantes eperfurantes (penetrantes). As feridas incisas sãoaquelas produzidas por um instrumento cortante egeralmente são fechadas por sutura. As contusas sãoproduzidas por objetos rombos e caracterizadas portraumatismo das partes moles, hemorragia e edema.As laceradas são aquelas com margem irregular. Asperfurantes (penetrantes) são caracterizadas porpequenas aberturas na pele, como por exemplo,

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ferimentos por arma de fogo, ponta de faca ou pregos.Cabe ainda observar a profundidade da ferida que podeser classificada em quatro estágios, conforme o painelAmericano Agency for Health Care Policy andReserch Pressure Ulcer (AHCPR):

Estágio I: ocorre um comprometimento daepiderme; a pele encontra-se integra, mas apresentasinais de hiperemia, descoloração ou endurecimento.

Estágio II: ocorre a perda parcial do tecido,envolvendo epiderme, derme, ou ambos. A lesão ésuperficial e apresenta-se como uma escoriação oubolha.

Estágio III: ocorre perda da pele na sua totalespessura ( epiderme, derme e hipoderme ), mas nãochegando até a fáscia. A lesão se apresenta comouma ulceração profunda.

Estágio IV: ocorre perda da pele na sua totalespessura, com uma extensa destruição, necrose detecidos ou danos muscular, ósseos ou estruturas desuporte, por exemplo: tendões ou cápsula dasarticulações(4).

Estas definições em estágios reconhecem asseguintes limitações:

- A úlcera de estágio I pode ser superficial oupode ser um sinal de dano de um tecido mais profundo.

- A úlcera de pressão do estágio I nem sempreé facilmente avaliada especialmente em pacientes com

uma pele de pigmentação escura.- Quando a crosta (escara) está presente, a

úlcera de pressão não pode ser avaliada no estágioatual, até que a crosta seja removida.

- Pode ser difícil de avaliar a úlcera de pressão,em pacientes que estejam com gesso, outros aparelhosortopédicos ou meio de suporte.

- A vigilância extra é requerida para avaliarúlceras sob estas circunstâncias.

Ressaltamos que, segundo o Manual deCondutas do Ministério da Saúde(5), a úlcera é qualquerinterrupção na solução de continuidade do tecidomucoso-cutâneo. Portanto, a definição de estágios deferidas não se referem exclusivamente a úlceras depressão, mas também a qualquer tipo de lesão.

Também devemos considerar as doenças debase, com especial atenção a doenças que influenciamno processo de cicatrização (ex. Diabete Mellitus,Vasculopatia Periférica, Dislipidemia, Tabagismo,Etilismo, Drogadição), e uso de medicamentos(corticóides, vasopressores, imunossupressores,citostáticos, entre outros). Observar o estadonutricional: obesidade, emagrecimento, peso normal,perda de massa muscular. História vacinal: informaçõessobre vacinação do paciente com vacina anti-tetânicaconforme norma da Secretária Estadual de Saúde doRio Grande do Sul - SES-RS(2).

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ARTIGOS DE ATUALIZAÇÃO

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ANOTAÇÕES DO ALGORITMO 1

2A Avaliação Inicial:Observar:

Fixação do curativo e do cateter;Estrangulamento do cateter;Obstrução do cateter;Rompimento do cateter;Risco de exteriorização do cateter;Sujidade;Umidade;Permeabilidade do cateter;Presença de exsudato, secreção esangramento.

3A Sinais de infecção na inserção:A pele proporciona a primeira linha de defesa,

sua abertura potencializa a infecção. A infecção decorreda contaminação local no momento da passagem docateter ou durante a manipulação posterior, nas trocasde cateteres ou na administração de soluções emedicamentos.

A contaminação local evidencia-se por sinaisinflamatórios na pele contígua à área de punção.Quando houver presença de hiperemia, mesmo semsecreção purulenta indica presença de infecção econtaminação do cateter(6).

5A Trocar curativo:Conforme técnica institucional.

6A Retirar o cateter:Em caso de forte suspeita de infecção

relacionada ao cateter, ele deve ser retirado e sua pontaenviada para cultura(6) e na cirurgia pediatrica oscateteres centrais são mantidos e tratados para o germeinfectante, exceto para fungos, conforme protocoloinstitucional.

9A Realizar curativo com gaze:Nas primeiras 24 horas a inserção do cateter

deve ser mantida com gaze, podendo após, ser instaladoo curativo transparente.

Quando com curativo transparente, a trocaserá a cada 7 dias ou Q/N e o curativo com gaze e fitacirúrgica ou hipoalergênica será a cada 72 horas,conforme recomendação do Serviço Controle deInfecção Hospitalar, e/ou Q/N (sujo, úmido ou solto).

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ANOTAÇÕES DO ALGORITMO 2

3A - EXISTEM SINAIS DE GRAVIDADE?Deve-se observar se existem sinais, sintomas

ou situações que indicam gravidade do ferimento en-tre eles: sangramento intermitente, presença de corpoestranho, extensa área corporal lesionada, extensa áreade necrose, estágio IV (perda total da pele com extensadestruição, necrose de tecidos ou danos muscular,ósseos ou estrutura de suporte), sinais de infecção esecreção abundante.

Nestes casos, o paciente deverá serencaminhado para avaliação médica.

5A - É AGUDA?As feridas na pele ou tecidos mais profundos

são classificadas em relação ao tempo de surgimentoem crônicas e agudas. As feridas agudas caracterizam-se por serem de início repentino e de curta duração,incluem feridas cirúrgicas e traumáticas.

As feridas agudas sem avaliação médica e semtratamento definido devem ser encaminhadas paraconsulta médica e as crônicas devem seguir aavaliação.

6A - HÁ SINAIS DE INFECÇÃO?Na avaliação das feridas é fundamental verificar

sinais de infecção. Todas as feridas estão colonizadaspor bactérias, pois os tecidos desvitalizados e acirculação debilitada favorecem a colonização debactérias, mas isso não significa que o processo decicatrização será retardado ou que todas ficarãoautomaticamente infectadas. Se ocorrer infecção, acicatrização da ferida será afetada na medida em quehaverá competição pelos glóbulos brancos enutrientes, prolongamento do estágio inflamatório einibição dos fibroblastos produzirem colágeno. Acicatrização poderá ocorrer somente depois do corpoter lidado com a infecção(3).

Alguns sinais e sintomas indicarão apossibilidade de existência de um processo infecciosona ferida, entre eles:

a - Exsudação purulenta: definida como umaferida infectada que apresenta secreção purulenta. Acor da exsudação e da crosta na superfície da ferida,bem como o odor dependem da bactéria que estacausando a infecção.

b - Aumento da temperatura corporal(hipertermia)

c - Eritema (vermelhidão), dor e calor local:estes sinais não ficam restritos a área da ferida ecomeçam a se espalhar para uma grande área ao redor.

d - Edema: a celulite geralmente está ligada aoeritema, mas nem sempre é fácil de ser observada em

função do grau de edema.Se os sinais encontrados não indicam presença

de infecção seguimos a avaliação e classificação daferida2.

7A - ESTÁ ABERTA?Ao observar a apresentação da ferida devemos

classificá-las em dois tipos: aberta ou fechada. Asferidas que não estão abertas (fechadas) são,geralmente, feridas cirúrgicas (pós-operatórias) ouferimentos agudos ocasionados por traumas que sãosuturados. As feridas abertas são geralmente feridascausadas por pressão, isquemia ou traumas que nãotiveram condições ou indicação de serem suturadas,portanto mantém uma quebra de continuidade da pelee/ou tecidos.

Ferida aberta: prosseguir a avaliação quanto asua aparência, pois elas podem apresentar-segranuladas, com crostas, com fibrina, epitelizadas,com necrose. Algumas feridas podem pertencer a maisde um tipo de categoria e serão consideradas mistas2.

Ferida granulada: Apresenta-se com tecido decoloração vermelho vivo e de aparência granular queé rico em macrófagos, fibroblastos, novos capilarese arcos numa matriz de fibronectina, colágeno e ácidohialurônico. Este tecido está relacionado ao processode reconstrução do processo de cicatrização e vaipreenchendo a cavidade da ferida antes do processode epitelização(2).

Ferida com crostas: a crosta é composta porcélulas mortas que se acumularam na exsudação,geralmente apresenta uma cor branca/amarela, naforma de retalhos na superfície da ferida, emborapossa cobrir grandes áreas da mesma. Pode estarrelacionada com o término do estágio inflamatório noprocesso de cicatrização. Em condições adequadasde cicatrização os macrófagos geralmente removema crosta e ela desaparece a medida que a cicatrizaçãovai evoluindo, mas pode ser removida facilmente nãointerferindo no processo de cicatrização(3).

Ferida epitelizada: A medida que o epitélio dasmargens da ferida começa a se dividir rapidamente, amargem se torna ligeiramente elevada e adquire umacoloração azulada-rósea. Quando o epitélio se espalhapela superfície da ferida, a margem fica plana. As no-vas células ficam com uma cor diferente das do tecidovizinho(2).

Ferida com fibrina: quando uma área da feridatorna-se isquêmica e inicia o processo de desvitalizaçãodo tecido provocando morte celular e alteração da suacor (amarelada) podendo geralmente preceder aformação de necrose(2).

Ferida com necrose: o tecido apresenta-sedesvitalizado com alteração da sua cor que se apresenta

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inicialmente acinzentada e depois marrom escuro ounegro. Com o tempo esse tecido morto na ferida vaificando seco e duro e retarda o processo decicatrização bem como propicia processosinfecciosos(2).

8A - HÁ MAIS DE 48 H?Se a incisão estiver seca no período de 48

horas, não há necessidade de oclusão e esta pode serlavada com água corrente e espuma de sabão neutrodurante o banho.

10A - GRANDE EXTENSÃO?Quando houver necrose, devemos avaliar a

extensão da área:Quando em pequena quantidade a necrose pode

ser tratada com produtos para desbridamento químico,mecânico ou autolítico, com a remoção dos tecidosdesvitalizados a cada curativo, mas quando a áreaafetada for extensa o paciente deverá se encaminhadoa consulta médica, pois provavelmente necessitará dedesbridamento cirúrgico (Técnica de Cover, Squaree Slice).

Se a área apresenta apenas fibrina e/ou pequenaárea com necrose, que não implique na necessidadedo paciente receber anestesia o desbridamento podeser realizado à beira do leito por enfermeiro treinadocom instrumental cirúrgico.

11A - HÁ PRESENÇA DE DRENAGEM?Se a incisão apresentar drenagem de exsudato

após 24 a 48 horas, manter o curativo oclusivo.

16A - REAVALIAR ASSISTÊNCIAA cada curativo deverá ser avaliada a evolução

da ferida. O curativo é um meio que consiste na

limpeza e aplicação, quando necessário, de umacobertura estéril em uma ferida com a finalidade deproteger e promover a rápida cicatrização através decuidados como: remoção de corpos estranhos,reaproximação de bordas separadas, promoção dahemostasia, preencher espaços vazios e evitar aformação de sero-hematomas, favorecer a aplicaçãode medicação tópica, reduzir o edema, absorver oexsudato e edema, manter a umidade da superfície daferida, fornecer isolamento térmico, fazerdesbridamento mecânico/químico/autolítico e removertecido necrótico, limitar a movimentação dos tecidosem torno da ferida, proteger a ferida contra acontaminação e infecções, dar conforto físico epsicológico e diminuir a intensidade da dor2. Observarse o curativo vem cumprindo com estas funções.

Se não houver sinais de melhora do pacientedeverá ser reavaliado o manejo da ferida, recomeçandoo fluxo do algoritmo ou encaminhado à avaliaçãomédica.

17 A - MELHORA NA EVOLUÇÃOSe a evolução da ferida for positiva deve-se

manter os cuidados até a sua completa cicatrização.Os principais sinais de melhora a serem observados,são:

1- Aumento do tecido de granulação.2- Exsudato sero-sanguinolento ou seroso que

diminui gradativamente.3- Presença de tecido de epitelização nas

bordas, aumentando a cada avaliação.4- Ausência de sinais de infecção5- Diminuição da profundidade e diâmetro da

ferida com recuperação dos tecidos afetados, epidermee derme(2).

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TRATAMENTO NÃO RECOMENDADO PARAFERIDAS

1. Soluções- Peróxido de hidrogênio 3% (10 vls) � Água

Oxigenada H2O

2

Esta solução apresenta um efeito oxidante quedestrói as bactérias anaeróbias, porém perde seu efeitoquando entra em contato com matérias orgânicascomo pus ou gaze de algodão. O efeito oxidante ébenéfico na remoção de tecidos mortos das feridas,mas em tecidos de granulação estudos realizados porGraber et al. (1975) comprovaram, a formação debolhas de ar que podiam estourar e levar ao colapsoda ferida. A sua utilização deve ser eliminada emferidas com tecido vitalizado. Não tem ação anti-séptica, conforme Portaria n° 2616 de 12 de maio de1998 do Ministério da Saúde do Brasil(4).

- IodoO iodo é um anti-séptico de amplo espectro e

disponível na forma alcoólica e de solução aquosa. Asolução aquosa, conhecido como PVPI 10% contém1% de iodo livre, e a solução alcoólica contém 0,5%de iodo livre.

Indicação: anti-sepsia de pele íntegra ( sol.alcoólica ), e mucosas ( sol. aquosa). Ex.: inserção decateteres vasculares.

Desvantagem: várias pesquisas têm mostradoque sua utlização, retarda a epitelização dos tecidos,diminui a força tensil da ferida, prejudica amicrocirculação da ferida em processo de cicatrização,é citotóxico para fibroplastos e tem açãoextremamente reduzida na presença de exsudato,podendo ainda provocar reações alérgicas em algumaspessoas.

Contra-Indicação: feridas abertas de qualqueretiologia(4).

- Permanganato de potássio a 0,01%Indicações: mais utilizado nos casos de

exsudação eczematosa grave, na maioria das vezesligada à ulcerações de perna, possuindo efeito anti-séptico, secante, oxidante, removendo exsudatos eodores. É fotossensível e quando em contato comsangue ou pus diminuem sua eficácia.

Desvantagens: causa manchas e se não for bemdiluído pode causar queimaduras ou ser irritante paraa pele(4).

- Hipoclorito de SódioA apresentação do hipoclorito de sódio é de

varias formas porém as mais comuns são: Eusol,

Solução de Dakin e Milton.Dealey relata que o hipoclorito de sódio foi

comumente utilizado na Iª Guerra Mundial. Váriosestudos foram realizados e sugeriram que os sais dehipoclorito tem pouco efeito benéfico(4).

Desvantagens: pode provocar mudançasmorfológicas dos neutrófilos, fibroplastos e célulasepiteliais; retarda também o desenvolvimento decolágeno; inibe a migração celular na presença deagentes químicos; causa danos consideráveis àmicrocirculação e perde seu efeito anti-séptico aoentrar em contato com matéria orgânica (pus ousangue)(9).

Contra-Indicação: parece haver poucaevidência que indique que os hipocloritos causemqualquer benefício, sendo portanto contra-indicadopelo Ministério da Saúde(4).

- ThiershÉ composta pelos ácidos bórico (antissépticos)

e salicílico (descamante), mentol, álcool e água. Ouso de soluções ácidas pode comprometer a vitalidadedo tecido tissular, acarretando o ressecamento dostecidos. É refrescante e desodorante(7).

- Tintura de BenjoinSolução a 20% de goma de benjoin com 80%

de álcool � ação antisséptica local adstringente eprotetor cutâneo. É indicada para pele integra(7).

2. Pasta d�águaÁgua de cal, óxido de zinco, glicerina e talco.

Ação secante(7).

3. AçúcarEstudos tem mostrado que o açúcar é muito

eficaz no tratamento de feridas infectadas devido suaação bacteriostática e bactericida, desde que trocadoa cada 2 horas.

Desvantagens: contribui muito para oresfriamento da ferida, porque exige trocas freqüentespara manter a hiperosmolaridade e quando deixa demanter ambiente hiperosmolar pode se transformarem meio de cultura. O açúcar pode ainda causardesidratação na lesão devido a própriahiperosmolaridade e ainda atrai vetores para o leito daferida.

Contra-Indicação: devido as desvantagens douso do açúcar e a grande opção para sua substituição,este produto passou a ser contra indicado porprofissionais especialistas em feridas(4).

4. Antibióticos (tópicos)Indicações: não há

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Desvantagens: são potencialmente perigosos enem sempre são absorvidos pela ferida; os pacientescorrem risco de sensibilização e de desenvolveremresistência a microorganismos resistentes, devido suafácil penetração na microcirculação. Recomenda-se,apenas o uso de antibióticos sistêmicos, para otratamento de feridas infectadas, pois, a infecção podeestar a uma profundidade em que o antibiótico tópiconão possa penetrar(4).

Alguns autores recomendam que qualquerantibiótico que seja utilizado sistematicamente não sejaaplicado na pele, sendo que somente os antibióticosque não são apropriados para o uso sistêmicos podemser desenvolvidos para serem utilizados no tratamentodas feridas. Isso significa que pomadas que contémgentamicina, tetraciclina, ácido fusídico ouhidrocloreto de colorotetraciclina não podem serutilizados sistematicamente. A neomicina não é maisutilizada sistematicamente; seu uso tópico pode causarefeitos colaterais sistêmicos como ototoxicidade(4).

O presente trabalho, possibilitou a identificaçãoda inexistência de uma fonte indicativa queevidenciasse a incidência e prevalência de casos delesões de pele, sendo que com a execução do protocoloproposto, os dados poderão ser obtidos através do

preenchimento manual ou informatizado da ficha (anexo 1).

O resultado deste, também permitiu que fossemelaboradas normas para o correto tratamento daslesões, baseado nas experiências dos serviços e nasevidências da literatura, definindo-se a melhor práticapara o manejo destas lesões, que foram rotinizadasno Quadro I.

O Grupo Hospitalar Conceição (HNSC, HCC,HF, HCR, Serviço de Saúde Comunitária), pelademanda de pacientes com lesões tissulares,representatividade social como hospital terciário e adivergência de condutas, impeliu este grupo deenfermeiros a sistematizar o cuidado com feridas,concentrando informações dos produtos existentes(padronizados), bem como buscando alternativas denovas tecnologias circulantes no mercado. Esteprocesso vem sendo implementado através daEducação Continuada e Permanente aos profissionaisde saúde.

Entendemos que a busca de atualizaçõescontribui significativamente no manejo do paciente comlesões tissulares, otimizando recursos hospitalares efacilitando a reintegração do mesmo ao meio social,com vistas à promoção de seu auto-cuidado.

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ARTIGOS DE ATUALIZAÇÃO

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