proteção e uso sustentável das florestas tropicais · destruídos quase 700.000 km² da floresta...

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As florestas tropicais são fundamentais para a estabilização do clima mundial e para a conservação da biodiversidade. Com uma área de 4,8 milhões de km², as florestas tropicais brasileiras perfazem quase 10 por cento da área mundial de florestais tropicais. Com mais de 2,5 milhões de diferentes espécies, elas hospedam a maior biodiversidade do mundo e ainda são um reservatório gigante de gases de efeito estufa, regulam os ciclos regionais e globais da água, evitam a erosão e o assoreamento de rios e lagos. Ao mesmo tempo, as florestas constituem áreas imensas e abrigam recursos naturais de enorme potencial econômico. No decorrer da crescente exploração, somente entre 1990 e 2005 foram destruídos quase 700.000 km² da floresta tropical brasileira. O Brasil está diante do grande desafio de impulsionar o seu desenvolvimento social, harmonizando os interesses da exploração econômica dos recursos naturais com a preservação da natureza. O sucesso destes esforços é de importância crucial para o desenvolvimento sustentável no Brasil e vai além de suas fronteiras. Proteger a floresta tropical significa proteger a vida O Brasil tomou medidas notáveis para a proteção das florestas tropicais. Assim foi possível reduzir drasticamente a taxa anual de desmatamento – por exemplo, entre 2004 e 2011 o desmatamento na Amazônia foi reduzido em aprox. 75%, de 27.800 km²/a para 6.418 km²/a. A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável apoia os esforços do governo brasileiro para a conservação de suas florestas tropicais nas seguintes áreas: Através da demarcação de 240.000 km² de novas unidades de conservação e da consolidação de 85.000 km² de unidades de conservação existentes – uma área total praticamente igual ao território da Alemanha – foram criadas as bases para uma “barreira verde” contra mais desmatamentos. O principal desafio agora é manter permanentemente, por meio da gestão sustentável, a funcionalidade destas unidades de conservação. 178 áreas com um tamanho total de 380.000 km² foram demarcadas como terras indígenas. Isso é fundamental não apenas para assegurar os direitos dos indígenas garantidos na constituição brasileira. A experiência mostra que estas terras também servem à conservação da biodiversidade e detêm o desmatamento. Proteção e Uso Sustentável das Florestas Tropicais

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As florestas tropicais são fundamentais para a estabilização do clima mundial e para a conservação da biodiversidade. Com uma área de 4,8 milhões de km², as florestas tropicais brasileiras perfazem quase 10 por cento da área mundial de florestais tropicais. Com mais de 2,5 milhões de diferentes espécies, elas hospedam a maior biodiversidade do mundo e ainda são um reservatório gigante de gases de efeito estufa, regulam os ciclos regionais e globais da água, evitam a erosão e o assoreamento de rios e lagos.

Ao mesmo tempo, as florestas constituem áreas imensas e abrigam recursos naturais de enorme potencial econômico. No decorrer da crescente exploração, somente entre 1990 e 2005 foram destruídos quase 700.000 km² da floresta tropical brasileira.

O Brasil está diante do grande desafio de impulsionar o seu desenvolvimento social, harmonizando os interesses da exploração econômica dos recursos naturais com a preservação da natureza. O sucesso destes esforços é de importância crucial para o desenvolvimento sustentável no Brasil e vai além de suas fronteiras.

Proteger a floresta tropical significa proteger a vida

O Brasil tomou medidas notáveis para a proteção das florestas tropicais. Assim foi possível reduzir drasticamente a taxa anual de desmatamento – por exemplo, entre 2004 e 2011 o desmatamento na Amazônia foi reduzido em aprox. 75%, de 27.800 km²/a para 6.418 km²/a.

A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável apoia os esforços do governo brasileiro para a conservação de suas florestas tropicais nas seguintes áreas:

•Através da demarcação de 240.000 km² de novas unidades de conservação e da consolidação de 85.000 km² de unidades de conservação existentes – uma área total praticamente igual ao território da Alemanha – foram criadas as bases para uma “barreira verde” contra mais desmatamentos. O principal desafio agora é manter permanentemente, por meio da gestão sustentável, a funcionalidade destas unidades de conservação.

•178 áreas com um tamanho total de 380.000 km² foram demarcadas como terras indígenas. Isso é fundamental não apenas para assegurar os direitos dos indígenas garantidos na constituição brasileira. A experiência mostra que estas terras também servem à conservação da biodiversidade e detêm o desmatamento.

Proteção e Uso Sustentável das Florestas Tropicais

•A criação de amplos corredores ecológicos, por meio da recuperação de áreas desmatadas e a proteção das florestas remanescentes, é o foco da Cooperação Brasil-Alemanha na Mata Atlântica – o bioma com a maior quantidade de “hotspots” da biodiversidade ameaçada no Brasil.

•A Alemanha apoia o Brasil na otimização e na ampliação do seu extraordinário sistema via satélite de monitoramento do desmatamento, bem como na utilização de dados para intervenções contra a destruição ilegal de florestas e no combate a incêndios.

•Formas de uso econômico e ecologicamente sustentável criam para a população local alternativas de renda atraentes, evitando a destruição dos recursos naturais. Assim, a população local se torna um aliado no combate ao desmatamento. Em estreita colaboração com o setor privado, um grande número de produtos locais típicos pôde ser colocado com sucesso nos mercados nacionais e internacionais. Contudo, permanece o desafio de implementar caminhos regionais para o desenvolvimento que, baseados no uso sustentável dos recursos naturais, beneficiem toda a população.

•A Alemanha participa do “Fundo Amazônia” que compensa o Brasil financeiramente por sucessos comprovados no combate ao desmatamento e, com o dinheiro disponibilizado, apoia medidas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia – como a promoção de atividades econômicas sustentáveis e a manutenção de unidades de conservação.

Entre os anos 1994 – 2011 a Alemanha disponibilizou para este engajamento um total de 429,6 milhões de euros para financiar investimentos para a construção e ampliação de instituições, assessoria técnica e qualificação de pessoal especializado e lideranças. Além disso, foi incentivado um grande número de cooperações científicas, bem como a integração de empresas privadas alemãs e brasileiras em processos de desenvolvimento sustentável.

Unidades de conservação na Amazônia – ARPA

O programa Áreas Protegidas da Amazônia ARPA foi introduzido em 2003 e atualmente é o maior programa mundial para a criação e conservação de unidades de conservação. Até o final de 2011 o programa promoveu, com o apoio da Alemanha, a demarcação de mais de 240.000 km² em unidades de conservação na Amazônia. Para a consolidação de um total de 64 unidades de conservação foram criados conselhos municipais, elaborados planos de gestão e realizados investimentos em infraestrutura e equipamentos. A meta do programa é que até 2015 seja constituído um total de aprox. 600.000 km² de unidades de conservação na Amazônia. Isso corresponde a aprox. 14% da área total deste bioma.

Pagamentos para serviços ecossistêmicos na Mata Atlântica

A Mata Atlântica faz parte dos cinco mais importantes “hotspots“ da biodiversidade mundial e é, ao mesmo tempo, um sumidouro de carbono de grande importância. Com base na Lei da Mata Atlântica de 2006 foi elaborado o Programa Nacional de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Ele serve como instrumento de orientação para uma política ambiental coordenada que prevê a proteção, a recuperação e o uso sustentável deste bioma único.

No âmbito deste programa a Alemanha apoia iniciativas para serviços ecossistêmicos (PES – Payments for Environmental Services). O objetivo é criar modelos de financiamento inovadores, os quais remuneram e assim incentivam a fixação do carbono, a preservação da água, bem como a proteção da biodiversidade. Além de prestar apoio às medidas piloto de diversas entidades brasileiras e assessoria política em nível nacional, a Alemanha apoia uma plataforma de aprendizagem para sistemas de pagamento deste tipo.

Cadeias de valor agregado no exemplo do cacau da Amazônia

A agricultura extensiva ameaça a floresta tropical da Amazônia – e consequentemente as riquezas locais, como o cacau nativo. Explorar as riquezas naturais de forma sustentável é uma alternativa econômica e ecologicamente interessante contra o desmatamento da floresta tropical.

No âmbito das chamadas parcerias de desenvolvimento com a Bremer Hachez Chocolade GmbH & Co. KG, a cooperativa local COOPERAR, o Instituto Floresta Tropical e outros parceiros brasileiros, a Alemanha incentiva o aproveitamento sustentável do cacau nativo e a conservação da biodiversidade. Serviços de consultoria específicos para elevar a qualidade da colheita e do processamento aos padrões internacionais possibilitam às famílias da região do projeto melhorar sua renda através da comercialização deste nobre fruto, que cresce selvagem na floresta. Assim a “valorização” sustentável do recurso natural melhora a qualidade de vida da população local. Principalmente as mulheres, que de outra forma têm pouco acesso ao trabalho fora da economia de subsistência, são beneficiadas por esta mudança. Como o cacau se desenvolve de forma ideal no seu ambiente natural, a preservação da floresta tropical e sua biodiversidade se tornou uma questão importante para a população local. Resultados: o preço local do cacau mais que dobrou nos últimos cinco anos. Uma cooperativa social e economicamente fortalecida está em condições de fornecer à Hachez a nobre matéria-prima na quantidade e qualidade que a empresa necessita para seus produtos de alta qualidade.