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Prostituição na Idade Média Gildenor de Pádua Santana Julio César do Nascimento José Cláudio Carvalho da Silva 1 Resumo: O período medieval que se desenvolveu na França mostrou vários aspectos sociais, em sua organização, entre elas a prostituição, suas causas e feitos na sociedade medieval. Palavras Chaves: prostituição, renda, comércio. Durante a Idade Média a prostituição desenvolveu-se de forma organizada. Essa organização foi motivada pela grande migração de mulheres de várias regiões da França para os centros urbanos, obrigando assim o poder público a manifestar-se a favor de financiar, as então, casas de banho, ou bordéis, objetivando acomodar essas mulheres e melhor tirar proveito delas de um modo geral. Durante o período medieval, a condição de pobreza levou muitos camponeses a procurar as cidades para tentar sobreviver, vendendo a sua força de trabalho. ”Mesmo fora dos grandes cinturões de pobreza, que multiplicavam por todos os caminhos o número de mulheres que se ofereciam, moças vagabundas iam, com ou sem os seus rufiões, de cidade em cidade, reforçando aqui e ali o pequeno grupo de mulheres ‘comuns a muitos’, ROSSIAUD. p.20.” 1 Trabalho elaborado pelos alunos do 3ª período de História da Faculdade José Augusto Vieira sobre a orientação do professor Marco Antonio de Matos Antonio da disciplina História Medieval.

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Prostituição na Idade Média

Gildenor de Pádua Santana

Julio César do Nascimento

José Cláudio Carvalho da Silva1

Resumo: O período medieval que se desenvolveu na França mostrou vários aspectos sociais, em

sua organização, entre elas a prostituição, suas causas e feitos na sociedade medieval.

Palavras Chaves: prostituição, renda, comércio.

Durante a Idade Média a prostituição desenvolveu-se de forma organizada.

Essa organização foi motivada pela grande migração de mulheres de várias

regiões da França para os centros urbanos, obrigando assim o poder público a

manifestar-se a favor de financiar, as então, casas de banho, ou bordéis,

objetivando acomodar essas mulheres e melhor tirar proveito delas de um modo

geral.

Durante o período medieval, a condição de pobreza levou muitos

camponeses a procurar as cidades para tentar sobreviver, vendendo a sua força de

trabalho.

”Mesmo fora dos grandes cinturões de pobreza, que

multiplicavam por todos os caminhos o número de mulheres que se

ofereciam, moças vagabundas iam, com ou sem os seus rufiões, de

cidade em cidade, reforçando aqui e ali o pequeno grupo de mulheres

‘comuns a muitos’, ROSSIAUD. p.20.”

1 Trabalho elaborado pelos alunos do 3ª período de História da Faculdade José Augusto Vieira sobre a orientação do professor Marco Antonio de Matos Antonio da disciplina História Medieval.

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No que se refere à mulher o que ela poderia colocar a venda era o seu

próprio corpo. Assim para acolhê-las, os representantes do poder público

apoiaram a criação de bordéis e casas de banho.

Era freqüente a prostituição em diversas cidades, a idade das moças

variava muito, pois não só as jovens solteiras estavam na atividade, mas também

viúvas e mulheres de todas as idades. Dado interessante é que em alguns casos

elas eram vítimas de agressões, pois apesar da vida nômade, estavam sujeitas a

serem violentadas por jovens, que, geralmente elas serviam.

Ao longo do tempo, algumas cidades já não aceitavam ver as mulheres da

vida fácil andando entre as demais. Obrigaram-nas a usarem um símbolo para

serem reconhecidas e ainda deram direito às damas da sociedade de retirarem o

símbolo (um véu) e identificá-las, mostrando-as a todos.

“Há dois anos aproximadamente (...) tem ido diversas vezes

para divertir-se (aos banhos públicos de J. Saignant) bem como seus

companheiros, que vêm de dia e de noite...”. Vários outros afirmam

que ‘vão em busca de prazer’, ROSSIAUD. p.46.”.

Para os jovens, principalmente, eram feitas proibições de freqüentarem

essas casas de fornicação, pois isso era tido como desperdício. Em alguns casos as

prostitutas eram igualadas aos leprosos, com o objetivo de afastar os homens dos

prostíbulos e casas de banho e tentar acabar de vez com elas.

Todos os esforços não sortiram efeito geral, pois nem todas as cidades

acabaram com os bordéis. Em algumas regiões tais mulheres tinham o apoio do

rei, isso só mudou quando este rei saiu do trono e deu lugar a outro, que tentou

organizar de uma vez a vida das meretrizes.

“O desaparecimento do rei das prostitutas antes de meados

do século XV sanciona uma situação de fato: o final da exclusão

social. Finalmente, parece que em diversos lugares a violação de uma

mulher de má vida foi assimilada à de uma mulher honesta, passando

a ser passível das mesmas penas, ROSSIAUD. p.67.”.

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A junção dessas conseqüências tornou a prostituição no período medieval

muito interessante, algo esclarecedor dos fatores que levaram tantas mulheres a

venderem seu próprio corpo para se manterem. Tornar essa atitude em um modo

de vida, e ainda mais, uma profissão igual à outra qualquer, desencadeada devido

ao rompimento da estrutura feudal a qual todas as pessoas estavam acostumadas.

Uma coisa é certa, a prostituição esteve presente em todas as cidades da

França: Paris, Sales, Genova, Ades, alguns dos exemplos mais fortes a

sustentarem essa atividade até o seu declínio total. Todo esse desenvolvimento

teve maior ênfase durante os séculos XII ou XIII, só enfraquecendo

definitivamente com o advento do iluminismo, porém isso não quer dizer,

extinção definitiva.

A prostituição francesa se desenvolveu tanto na zona urbana quanto na

zona rural. Era comum, diaristas, peões, comerciantes que passavam dias e

semanas fora terem para si duas ou mais mulheres que se ofereciam, moças

vagabundas que ficavam em granjas e nos locais onde pernoitavam. Mas foi no

cenário urbano que a prostituição teve seu desenvolvimento maior. Nas principais

cidades eram construídos prostíbulos que eram feitos por quase toda a população,

através dos impostos públicos. Esses prostíbulos eram arrendados a um

administrador, esse tinha a incumbência de recrutar as moças aceitas por um

oficial de justiça, sendo aceita, elas tinham que respeitar certas regras e no caso de

falecimento por parte de um arrendatário, as autoridades passavam a administrar a

casa.

Nas grandes cidades, existia um elevado índice de mulheres disponíveis:

viúvas, esposas abandonadas, solteiras ainda moças entre 15 e 33 anos, essas eram

as vítimas privilegiadas dos homens, na sua maioria, eram mulheres da camada

inferior, filhas de diaristas e assalariados têxteis.

“Somente sete delas são mulheres de mestres artesões, e uma

era oriunda de um meio abastado. ROSSIAUD. p.38.”

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Com a vitória da Igreja sobre os hereges e os que praticavam o

concubinato, os teólogos compreenderam que era necessário haver uma

prostituição ordenada, de maneira que a sociedade pudesse conviver de comum

acordo. A Igreja passou a tolerar as relações dos solteiros com as concubinas,

acreditando que a união com elas era apenas uma falta venial, um mal menor, e

não um pecado mortal. O campo da prostituição continuou ileso, mas a partir do

momento que a Igreja Católica passou a mitigar as suas posições, com o objetivo

de resistir contra as idéias extremistas, a Igreja passou a aceitar que homens

casados freqüentassem os bordéis e tivessem relações com as concubinas de

maneira que não impedisse o seu casamento.

Antes de encerrarmos nossa impressão sobre o presente trabalho faz-se

necessário salientar que a prostituição não teve o seu início e sua real existência

apenas na França do século XIII, e nem tão pouco teve seu fim na Idade Média.

Ela existiu desde muito antes e perdura até os dias atuais, o que fizemos foi

explorar uma área da prostituição francesa, marcada pelo interesse econômico,

social e espiritual em uma sociedade marcada pelo naturalismo, algo que ficou

comum aos habitantes.

REFERÊNCIAS:

ROSSIAUD, Jacques: A Prostituição na Idade Média; tradução Cláudia

Schilling. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1991.