propriedades magnéticas de ortoferritas de lantânio dopadas com

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Page 1: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de ciências exatas e da terra

Departamento de física teórica e experimental

Programa de pós-graduação em física

Propriedades Magnéticas de Ortoferritasde Lantânio dopadas com Estrôncio

Rodolfo Bezerra da Silva

natal-rn

setembro de 2010

Page 2: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Rodolfo Bezerra da Silva

Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de

Ortoferritas de Lantânio Dopadas com Estrôncio.

Disssertação de mestrado apresentada ao Pro-

grama de Pós-Graduação em Física do Departa-

mento de Física Teórica e Experimental da Uni-

versidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenção do grau de mes-

tre em Física.

Orientador: Prof. Dr. Humberto Araújo

natal-rn

Setembro de 2010

Page 3: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para Pessoas Especiais:

À minha mãe, Petronila Bezerra Da Silva;

À Meu Pai, Raimundo da Silva;

À meu Irmão, Ébano Bezerra da Silva

i

Page 4: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Agradeço

À Deus.

Ao meu orientador, professor Dr. José Humberto de Araujo, pela orientação e

pelo apoio logístico e intelectual durante todo o período do mestrado.

Ao professor Dr. Artur da Silva Carriço pelo incentivo e paciência em discutir os

resultados.

À professora Dra. Ana Lucia Dantas, pelos conselhos e ajuda em momentos de

di�culdade.

À meu amigo, Armando araújo, que muito me ajudou na produção de amostras e

�xação do conhecimento.

A todos amigos do curso de física da UERN e UFRN. Em especial a Nyladyh Matos,

Gustavo de Oiveira, Fabio Sales, Alzey Gomes, Júlio Cezar, Leonado Mafra, Geferson Soares,

pela grande amizade.

Ao professor Dr. Miltom Morais Xavier junior e ao professor Dr. Vamberto

Dias de Melo pelo incentivo e contribuíção intelectual que adquiri durante minha graduação

por meio de todas as disciplinas ministradas por eles e trabalhos cienti�cos.

À todos os professores e funcionários do DF/UERN e do DFTE/UFRN, no qual

contribuíram de forma grandiosa na minha formação acadêmica.

Ao professor Dr. Joâo Maria Soares pelas medidas de difração de raios-x feitas

no LAMOP - UERN

Ao Professor Dr. Fernando Machado, pelas medidas de Calor especí�co e Micros-

copia eletônica de Varredura, nos laboratórios de física da UFPE.

À minha doce companheira Gláucia Melissa Medeiros Campos, pela Grande

ajuda nos meus momentos de di�culdade.

À Capes pelo apoio �nanceiro.

ii

Page 5: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

"Andarei Vestido e armado com as armas de Jorge.

Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem;

mãos tendo, não me peguem; olhos tendo, não me ve-

jam; e nem pensamentos eles possam ter para me faze-

rem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão;

facas e lanças se quebrem sem meu corpo tocar; cordas

e correntes se arrebentem sem meu corpo amarrar ."

( Oração de São Jorge)

iii

Page 6: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Resumo

Amostras de ortoferritas de lantânio dopados com estrôncio foram sintetizados na

forma de fase simples pelo método Sol-Gel. Dois lotes de amostras foram preparadas, um

variando a concentração do estrôncio nas ortoferritas de lantânio La1−xSrxFeO3−δ com

(0 ≤ x ≤ 0.5), e um outro lote de amostras do tipo La1/3Sr2/3FeO3−δ, agora variando

somente a temperatura de calcinação. Nossas amostras foram obtidas pelo método Pechini, e

sinterizados em atmosfera de oxigênio. Suas estruturas cristalinas foram determinadas por di-

fratometria de raios -x (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), onde observamos

que as amostras (0 ≤ x ≤ 0.3) possuem simetria ortorrômbica, e o volume da célula unitária

diminui com o aumento da concentração de estrôncio. Para x=0.5 somente é observada fase

simples quando esta é sinterizada na atmosfera de O2. Suas características magnéticas foram

obtidas por meio de espectroscopia Mossbauer e medidas de magnetização. As medidas de

magnetização para as amostras La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 0.5) revelaram que a magne-

tização decresce com o aumento da concentração de estrôncio, contudo para a amostra x=0.4

a magnetização mostra um alto campo coercivo e um comportamento ferrimagnético, o qual

é atribuido a uma pequana quantidade de Hexaferrita de estrôncio. Já para as amostras

La1/3Sr2/3FeO3−δ, calcinadas entre 800 oC e 1200 oC , as curvas de histerese revelaram dois

comportamentos distintos: Um comportamento antiferromagnético declinado (Canted) para

as amostras calcinadas entre 800 oC e 1000 oC e um comportamento paramagnético para as

amostras calcinadas em 1100 oC e 1200 o C. Histereses térmicas e picos acentuados em torno

da temperatura de Néel (TN), sobre as curvas de calor especí�co em função da temperatura

foi observada apenas nas amostras calcinadas com 1100 oC e 1200 oC . Este efeito é atri-

buido ao ordenameto de carga. Estes resultados indicam que o ordenamento de carga ocorre

somente nas amostras sem de�ciência de oxigênio. Medidas de Magnetização em função da

temperatura também estão de acordo com esta interpretação.

iv

Page 7: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Abstract

Samples of lanthanum Ortoferrites doped with strontium were synthesized in a single

phase by the sol-gel method. Two samples were prepared, one by varying the concentration of

strontium in lanthanum ortoferrites La1−xSrxFeO3−δ with (0 ≤ x ≤ 0.5), and another batch

of samples of type, La1/3Sr2/3FeO3−δ, now varying only the temperature of calcination. Our

samples were obtained by Pechini method and sintered in air and oxygen atmospheric. Their

crystal structures were determined by x-ray di�raction (XRD), scanning electron microscopy

(SEM), where we observed that the samples (0 ≤ x ≤ 0.3) have orthorhombic symmetry and

the volume of the single cell decreases with the increasing of concentration of strontium. For

x = 0.5 it is only observed the simple phase when that is sintered in O2 atmospheric. Their

magnetic characteristics were obtained by the Mössbauer spectroscopy and magnetic measu-

rements. The magnetization measurements for samples La1−xSrxFeO3−δ with (0 ≤ x ≤ 0.5)

revealed that the magnetization decreases with increasing concentration of strontium, but

for the sample x = 0.4 the magnetization shows a high coercive �eld and a ferrimagnetic

behavior, which is attributed to a small amount of strontium hexaferrite. As for the sam-

ples La1/3Sr2/3FeO3−δ calcined between 800 oC e 1200 oC. The hysteresis curves revealed

two distinct behaviors: an declined antiferromagnetic behavior (Canted) for samples calci-

ned between 800 oC and 1000 oC and a paramagnetic behavior for the samples calcined at

1100 oC e 1200 o C. Thermal hysteresis and sharp peaks around the Néel temperature (TN),

over the curves of speci�c heat as a function of temperature was only observed in calcined

samples with 1100 oC and 1200 oC. This e�ect is attributed to the charge ordering. These

results indicate that the charge ordering occurs only in the samples without oxygen de�ci-

ency. Magnetic measurements as a function of temperature are also in agreement with this

interpretation.

v

Page 8: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Sumário

Agradecimento ii

Resumo iv

Abstract v

1 Introdução xiii

Lista de Figuras xiii

2 Materiais Magnéticos xv

2.1 Magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv

2.2 Tipos de magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi

2.2.1 Diamagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi

2.2.2 Paramagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxiii

2.2.3 Ferromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxvi

2.2.4 Antiferromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxiii

2.2.5 Ferrimagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxvi

vi

Page 9: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

3 Perovskitas xl

3.1 Propriedades físicas das perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xliv

3.2 Propriedades elétricas e de transporte das perovskitas tipo La1−xSrxFeO3 . liii

3.3 perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lvi

4 Procedimento experimental lxii

4.1 O método sol-gel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxii

4.1.1 Hístorico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxii

4.1.2 Procedimento e suas vantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxiii

4.1.3 O Material utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxv

4.1.4 Tratamento térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxvii

4.1.5 Difratometria de raios -x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxix

4.1.6 O re�namento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxx

4.1.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) . . . . . . . . . . . . . lxxii

4.2 Os componentes do MEV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxiii

4.2.1 O magnetometro de amostra vibrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxix

4.2.2 Medidas de magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxii

4.2.3 Medidas de capacidade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxiv

4.2.4 Métodos para obtenção da Capacidade Calorí�ca. . . . . . . . . . . . lxxxiv

4.2.5 O PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxv

4.2.6 Componentes do PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxvii

4.2.7 O efeito Mossbauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciii

5 Resultados e discussões xcix

5.1 Amostras La1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcix

vii

Page 10: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.2 Caracterização Estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcix

5.3 Difratometria de raios-x (DRX) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c

5.4 Medidas de Magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cii

5.5 Espectroscopia Mossbauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cvii

5.6 Amostras La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxiv

5.7 Caracterização estrutural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxiv

5.8 Difratometria de raios -x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxv

5.9 Microscopia eletrônica de Varredura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvi

5.10 Medidas de Magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxi

5.11 Calor Especí�co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxii

6 Conclusões cxxix

viii

Page 11: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Lista de Figuras

2.1 a) A magnetita Fe3O4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvi

2.2 Trem que emprega o principio da levitação magnética. . . . . . . . . . . . . xvii

2.3 Experimento de Oesterd . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii

2.4 Evidência dos dipolos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xix

2.5 a) Evidência dos dipolos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xix

2.6 magnetização de um material diamagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxii

2.7 Grá�co da função de Langevin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxv

2.8 magnetização de um material ferromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . xxvii

2.9 Dominios em um material ferromagnetico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxviii

2.10 Magnetização espontânea, dada pela interseção entre as curvas da função de

Langevin e MM0

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxx

2.11 Curva de histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxii

2.12 Susceptibilidade de um material antiferromagnético . . . . . . . . . . . . . . xxxiii

2.13 a) Arranjo antiferromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxv

2.14 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxviii

2.15 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxviii

ix

Page 12: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

2.16 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxix

3.1 a) Estrutura ideial da pervoskita b) Compartilhamneto de vértices nos octae-

dros das perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xli

3.2 Estrutura do K2NiO4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xliii

3.3 Formação de Super-Estruturas das Perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . xliv

3.4 Esboço das Transições estruturais que ocorrem com a estrutura perovskita,

da esquerda para a direita temos as estruturas; Romboédrica, Monoclínica,

Tetragonal e Cúbica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlv

3.5 a) Niveis de energia eg e t2g, fonte: Magnetism in Condesed Matter . . . . . xlvi

3.6 a) Distorção nos octaedros BX6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlvii

3.7 Mecanismo de troca do composto MnFe2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlviii

3.8 Mistura das funções de onda Mn com o elemento F . . . . . . . . . . . . . . xlix

3.9 Estados triplamente degenerafos T2g e duplametes degenerados eg . . . . . . l

3.10 Orbitais p do elemento oxigênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . li

3.11 Diferentes apresentações para a perovskita ideal . . . . . . . . . . . . . . . . lii

3.12 Elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas das perovs-

kitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . liii

3.13 Simetria Ortorrombica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . liv

3.14 Acoplamentos antiferromagnéticos e ferromagnéticos nos sítios de ferro [36] . lvii

3.15 Variação dos parametros a e c[31] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lviii

3.16 Calor especí�co das perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . lix

3.17 Grá�co da magnetização em função da temperaura das La1/3Sr2/3FeO3 . . . lx

3.18 Espectro mossbauer das LSFO[31] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxi

4.1 Evolução da gelatinização com o aumento da fração de microgel. . . . . . . . lxiv

x

Page 13: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

4.2 Produto �nal pelo método Sol - Gel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxvii

4.3 Esquema de compactação das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxviii

4.4 Mu�a utilizada para calcinação e sinterização . . . . . . . . . . . . . . . . . lxviii

4.5 Estrutura cristalina do NaCl mostrando o arranjo regular dos íons Na+1Cl−1.

A direita cristais de NaCl, cuja a morfologia externa está relacionada ao arranjo

da estrutura cristalina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxix

4.6 O primeiro microscópio eletrônico de varredura na Universidade de Cambridge,

e a primeira imagem (amostra de alumínio atacada). . . . . . . . . . . . . . lxxiii

4.7 Diagrama esquemático dos componentes do MAV. . . . . . . . . . . . . . . . lxxiv

4.8 Diagrama esquemático do triodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxv

4.9 Varredura do feixe de elétrons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxvii

4.10 Magnetometro de amostra vibrante fabricado no LMMM . . . . . . . . . . . lxxxi

4.11 Ciclo de histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxiii

4.12 Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . lxxxvi

4.13 Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . lxxxvii

4.14 Sonda do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . . lxxxviii

4.15 Gabinete eletrônico do PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxix

4.16 Bomba de vácuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xc

4.17 Componentes do Puck . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xci

4.18 Puck da amostra seguido do microcalorimetro do PPMS. . . . . . . . . . . . xcii

4.19 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciii

4.20 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciv

4.21 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcv

4.22 Arranjo simpli�cado do experimento mossbauer . . . . . . . . . . . . . . . . xcvi

xi

Page 14: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.1 Difratometria de raios-x para La1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5) . . . . . . . . . . c

5.2 Curvas de Histereses das amostras calcinadas (x = 0 ; 0.3 ; 0.4 e 0.5) . . . . ciii

5.3 Diagrama de fase da hexaferrita de estrôncio . . . . . . . . . . . . . . . . . . civ

5.4 Curvas de Histerese das amostras sinterizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . cv

5.5 Curva de histerese da amostra sinterizada, x = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . cvi

5.6 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . cvii

5.7 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . cviii

5.8 Amostra sinterizada x = 0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cix

5.9 Amostra sinterizada x = 0.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cx

5.10 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 calcinada . . . . . . . . . . . . cxi

5.11 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 sinterizada . . . . . . . . . . . cxii

5.12 Resultado da fdifratometria de raios-x para a amostra La1/3Sr2/3FeO3 . . . cxv

5.13 Imagem da amostra calcinada em 800◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvii

5.14 Imagem da amostra calcinada em 900◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvii

5.15 Imagem da amostra calcinada em 1000◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxviii

5.16 Imagem da amostra calcinada em 1100◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxix

5.17 Imagem da amostra calcinada em 1200◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxx

5.18 Histereses das La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxi

5.19 Calor especí�co da amostra calcinada em 800◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxii

5.20 Calor especí�co da amostra calcinada em 900◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxiii

5.21 Calor especí�co da amostra calcinada em 1000◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxiv

5.22 Calor especí�co da amostra calcinada em 1100◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxv

5.23 Calor especí�co da amostra calcinada em 1200◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxvi

5.24 Conjunto calor especí�co das La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxvii

xii

Page 15: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Capıtulo 1Introdução

Desde tempos remotos o homem sempre buscou a compreensão do mundo e de

tudo que acontecia ao seu redor. O fascínio pelo novo levou o homem ao entendimento dos

fenômenos que o cercava. O conhecimento destes fenômenos proporcionou a sabedoria de

alguns povos e, consequentemente, as guerras em busca de poder.

Muitas maravilhas tecnológicas decorrentes desta busca pelo poder fazem parte do

nosso cotidiano. Aparelhos como: Televisão, forno de micro-ondas, sensores, motores e com-

putadores a cada dia que passa esses aparelhos surgem com mais novidades e capacidade de

funcionamento. No entanto, todas essas evoluções que temos em mãos, não existiriam sem o

conhecimento do mundo submicroscópico, o qual é muito abordado em nanociência.[1][2].

Dias de hoje a nanociência pode ser considerada como uma "supra ciência", pois

tal conhecimento avança na medida em que conhecimentos de física, química, computação

e biologia, aplicam seus modelos e técnicas no desenvolvimento desta nova área do conhe-

cimento. O signi�cado de "nano"surge da Grécia e signi�ca anão, o qual re�ete o mundo

da nanotecnologia, que engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala

nanométrica, que é compreendida geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros. Um nanômetro

equivale a um bilionésimo de um metro.

Nos últimos anos o estudo da produção e caracterização em materiais nanométricos

10−9 tem despertado o interesse de vários pesquisadores em áreas multidisciplinares. Neste

xiii

Page 16: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

sentido, métodos de como obter materiais com essas dimensões de modo controlado tem

crescido a cada ano. Dentre os métodos de obtenção de materiais nanoestruturados mais

estudados, destacam-se: sol-gel, pechini, além de outros métodos químicos. Recentemente

métodos envolvendo sistemas de origem biológica (biopolímero) vêm sendo estudados para

obtenção de materiais nanoestruturados [1][3].

Considerando este contexto, este trabalho apresenta as perovskitas, uma grande fa-

milia de óxidos metálicos. Este composto nos apresentam uma grande gama de aplicações

tecnológicas, tais como: Supercondutividade de alta temperatura crítica, condutividade iõ-

nica, ferroeletricidade e piezoeletricidade, termoeletricidade, magneto resistência colossal e

propriedades catalíticas. As perovskitas estudadas são as ortoferritas de lantânio dopadas

com estrôncio La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 2/3). O objetivos deste trabalho, está no

controle do tamanho dos grãos e sua infuluencia nas propriedades físicas do material. Nossas

amostras forma confeccionadas pelo método sol-gel, devido ao seu alto grau de pureza, homo-

geneidade e temperatura de processamento muito inferior comparados com outros métodos.

Este trabalho está organizado da seguinte forma:

O segundo capítulo faz uma pequena revisão do magnetismo e as diferentes classi�-

cações dos materiais de acordo com suas propriedades magnéticas. O terceiro capítulo exibe

uma revisão bibliográ�ca das perovskitas, assim como os principais resultados encontrados

na literatura sobre o material. O quarto capítulo relata os detalhes experimentais para a

obtenção de nossas amostras, bem como os processos de caracterização estrutural e proprie-

dades físicas. O quinto capítulo é destinado a apresentação dos resultados e as discurssões.

O capítulo seis apresenta as conclusões e as perperctivas futuras.

xiv

Page 17: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Capıtulo 2Materiais Magnéticos

2.1 Magnetismo

O magnetismo é um fenômeno que desde os tempos remotos chama a atenção de

todos. Desde sua descoberta, de certa forma ao acaso, começou o fascínio das propriedades

curiosas apresentadas pela rocha (loadstone) ou pedra imã, uma forma natural de ocorrência

da magnetite.

Assim, as observações mais antigas do magnetismo foram efetuadas quando os pas-

tores na região da magnésia na Ásia menor, perceberam que um tipo de rocha conhecida

hoje como magnetita se atraíam e também atraíam pedaços de ferro como os pregos de suas

sandálias.

A magnetita, (Figura 2.1) é um óxido de ferro que possui estequiometria Fe3O4, pode

ser encontrado na natureza na forma magnetizada. Os materiais que se comportam como a

magnetita são chamados de imãs. A aplicação mais importante dos efeitos magnéticos, até

o século XIX, foi a invenção da bússola pelos chineses sem a qual as grandes navegações e

descobrimentos não teriam sido possíveis[19].

xv

Page 18: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.1: a) A magnetita Fe3O4

No entanto, hoje em dia, usa-se o magnetismo em diversas áreas do conhecimento

humano in�uenciando a tecnologia e o nosso bem estar,(Figura2.2). Atualmente empregamos

os materiais megnéticos em armazenamento de informações, motores ,auto falantes, etc.

Outra área do conhecimento humano que atualmente vem usando os materiais magneticos

com bastante ímpeto é a tecnologia farmacêutica, para transporte de fármacos, onde tal

técnica é de bastante relevância para o tratamento de doenças[18].

Os materiais magnéticos vêm desempenhando um papel importante e vital no desen-

volvimento tecnológico. Todas a substâncias sejam elas sólidas, líquidas ou gasosas mostram

aluguma característica magnética em uma certa faixa de temperatura. Assim o magnetismo

é uma propriedade básica de muitos materiais.

xvi

Page 19: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.2: Trem que emprega o principio da levitação magnética.

Todo esse desenvolvimento tecnológico surgiu com o estudo do magnetismo. O mag-

netismo é uma propriedade cuja a natureza é de ordem elétrica, e está relacionada diretamente

com o movimento de cargas. Contudo, o magnetismo era tratado de forma isolada da eletri-

cidade, mas em 1820 esta ideia começou a mudar devido o experimento de Oesterd, (Figura

2.3).

Figura 2.3: Experimento de Oesterd

xvii

Page 20: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Ele observou que um �o conduzindo uma corrente elétrica alterava a oriêntação

natural da bússola. Essa descoberta fundamental desencadeou uma série de pesquisas, o que

culminou no ramo da física o qual é denominando eletromagnetismo.

No entanto, a teoria do eletromagnetismo se consolidou em meados de 1860, com

o físico escocês James Clerk Maxwell. Maxwell dedicou-se a formular matematicamente as

descobertas de Faraday e Ampere sobre magnetismo, conseguindo obter equações simples

que permitiam descrever tanto fenômenos elétricos, magnéticos e ópticos. Assim �cou de-

monstrado que a eletricidade e o magnetismo são, em essência uma representação distinta do

mesmo fenômeno.

As quatro famosas equações de Maxwell foram de vital importância na física atual.

∇ · D = ρ ∇× E = −∂B∂t

∇ · B = 0 ∇× H = J + ∂D∂t

O magnetismo estava sendo cada vez mais cotado para o desenvolvimento de novas

tecnologias e, devido seu constante uso. Surgiram questionamentos como: qual é a origem

atômica da magnetização? O que determina o caráter mole ou duro de um imã? Como

explicar a temperatura de Curie?

As propriedades magnéticas dos materiais têm sua origem no átomos, pois desde

tempos remotos sabe-se do seu análogo elétrico e do caráter dipolar dos materiais magnéticos,

esses dipolos magnéticos podem ser considerados como pequenos imãs, com polos norte e sul.

(Figura 2.4).

xviii

Page 21: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.4: Evidência dos dipolos magnéticos

Assim quantitativamente, corpos magnetizados são caracterizados por seus momen-

tos de dipolo, dado por:

m = MV,

Onde M é a magnetização e V é o volume do material.

Sabe-se que dois dipolos próximos e de igual intensidade anulam seus efeitos se estive-

rem alinhados anti-paralelamente e somam seus efeitos se estiverem alinhados paralelamente,

(Figura2.5), assim apenas os elétrons desemparelhados é que contribuem para o magnetismo.

Figura 2.5: a) Evidência dos dipolos magnéticos

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Page 22: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Quando um material magnético é colocado sob a in�uência de um campo externo

H, os momentos magnéticos atômicos individuais no material contribuem para sua resposta

ao campo magnético M , a indução magnética B é descrita como:

B = µ0(H + M)

Onde µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo.

Nesta situação o campo magnético tende a alinhar todos os momentos magnéti-

cos dipolares dentro do material, quando isto ocorre,o material se encontra magnetizado.

Descreve-se um material magnetizado por sua magnetização M, a qual é de�nida como o

somatório de todos os momentos magnéticos por unidade de volume.

M =∑ mi

V

A forma padrão de estudar-mos os materiais é através da susceptibilidade magnética

χ. de�nida por:

M = χH

Por meio da susceptibilidade magnética, conseguimos classi�car as propriedades mag-

néticas dos materiais. Aqueles que exibem susceptibilidade magnética negativa χ < 0, são

classi�cados como diamagnéticos, já os materiais que apresentam susceptibilidade pasitiva

χ > 0 são classi�cados como paramagnéticos. A seguir falaremos dos materiais magnetica-

mente ordenados nos diferentes tipos de magnetismo.

xx

Page 23: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

2.2 Tipos de magnetismo

Todos os materiais apresentam algum tipo de magnetismo, mas somente com apli-

cação de um campo externo é que podemos classi�cá-los quanto aos tipos de interação e de

alinhamento dos seus momentos de dipolo magnéticos. Tal classi�cação se dá através do

conhecimento da susceptibilidade magnética. A susceptibilidade magnética é a resposta que

um certo material nos fornece quando submetido a um campo magnético externo.

Os materiais magnéticos ordenados são classi�cados em 3 grupo principais: Fer-

romagnéticos, antiferromagnéticos e ferrimagneticos. Este pre�xo refere-se à natureza das

interações de ligação entre os dipolos dentro do material. Sabemos ainda que há mais dois

tipos de magnetismo que se manifestam nos materiais.

O diamagnetismo e o paramagnetismo, no entanto essas duas manifestações mag-

néticas só aparecem com a presença de um campo externo. Na natureza existem materi-

ais magnéticos ordenados, que não possuem magnetização espontânea são conhecidos como

antiferromagnéticos, enquanto que alguns materiais apresentam magnetização espontânea ,

abaixo de sua temperatura de desordenamento magnético, conhecida como temperatura de

Curie. São os ferromagnéticos e os ferrimagnéticos.

2.2.1 Diamagnetismo

ODiamagnetismo é uma forma diferente de como o sistema responde sob a aplicação

de um campo magnético externo. Ele é assim classi�cado por apresentar uma susceptibilidade

negativa (χ < 0). Estas substâncias, na ausência de em campo magnético externo não

possuem magnetização.

O diamagnetismo é explicado pelo fenômeno da indução eletromagnética. Quando

se introduz a amostra no campo magnético correntes secundárias são induzidas nos átomos.

Pela lei de Lenz, estas correntes devem se induzir num sentido tal que o �uxo (campo) por

elas gerado se oponha ao �uxo (campo) externo, que está. Assim é induzido um momento

de dipolo magnético que aponta na direção contrária ao campo externo.

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Page 24: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

A magnitude dos momentos magnéticos induzidos por um campo magnético externo

é extremamente pequena, e como mencionado, tem direção oposta ao campo magnético

aplicado, �gura (2.6). Os gases nobres e vários metais são diamagnéticos, ex: Cu, Ag, Hg,

Bi, Au, Be. A maioria dos não metais, ex: B, Si, P, S e algumas moléculas como H2, N2, etc,

também apresentam esse comportamento diamagnético.

Tal fato deve-se ao preenchimento completo de suas camadas eletrônicas, dessa forma

não apresentando momento magnético líquido por molécula.

Figura 2.6: magnetização de um material diamagnético

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Page 25: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Esse mesmo argumento explica o diamagnetismo em sólidos iônicos como por exem-

plo: nos Floretos (NaF), nos cloretos (NaCl e KCl), e nos brometos (NABr e KBr).

O diamagnetismo em si é uma propriedade geral de todos os materiais, mas o efeito

diamagnético é reduzido, quando comparado com outras formas de comportamento mag-

nético (isto é, as outras formas de magnetismo sobrepõem-se ao diamagnetismo). Muitos

compostos e elementos simples exibem diamagnetismo. Os materiais diamagnéticos mais

comuns existentes na crosta terrestre são a gra�te, o mármore, o quartzo, os feldspatos e os

evaporitos.

2.2.2 Paramagnetismo

Materiais que possuem um pequeno momento magnético devido o desemparelha-

mento dos elétrons são chamados de materiais paramagnéticos. A principal característica é

a de possuírem uma pequena susceptibilidade positiva isto é, a magnetização induzida na

substância por um campo externo tem a mesma direção do campo.

O primeiro pesquisador a catalogar materiais dessa natureza foi Pierre Curie em

1895. Em suas pesquisas, concluiu que a susceptibilidade é independente da temperatura para

materiais diamagnéticos e inversamente proporcional a temperatura absoluta para materiais

paramagnéticos, contudo a teoria do paramegnetismo so foi explicada por Langevin em 1905.

A teoria do paramagnetismo de Legivan, associa a cada átomo um momento mag-

nético µ, que na ausência de um campo externo estão dispostos de forma aleatória, desta

maneira, os momentos magnéticos em média se anulam resultando em uma magnetização

nula.

Quando aplicamos um campo todos os momentos atômicos tendem a se alinhar com o

campo externo. Porem devido à agitação térmica dos átomos temos um alinhamento somente

parcial e, assim uma susceptibilidade positiva.

Considere um material com N átomos, cada átomo possui um momento magnético

µ. Quando um campo magnético é aplicado os momentos magnéticos tendem a se alinhar

na direção do campo. Cada momento magnético possui uma certa quantidade de energia

xxiii

Page 26: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

potencial Ep, o qual é dado por:

Ep = −µH cos θ

No estado de equilíbrio térmico, à temperatura T, a probabilidade de encontrar-mos

um átomo com energia Ep é proporcional ao fator de Boltzmann, que é dado por:

expEp

KT

Onde K é a constante de Boltzmann. Com um pouco de álgebra podemos chegar na

expressão que corresponde ao alinhamento total de todos os momentos magnéticos, devido a

presença do campo magnético externo, assim temos um estado completo de saturação, que é

dado por:

M

M0

= coth(a)− 1

a

Onde a é dado por:

a =µH

KT

A função do lado direito é conhecida como função de Langevin L(a)

xxiv

Page 27: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.7: Grá�co da função de Langevin

No limite de altas temperaturas, temos: a < 1, L(a) = a3.

M =nµa

3=

nµ2

3KT

Assim:

χv =M

H=

nµ2

3KT

χm =χv

ρ=

nµ2

3ρKT

Onde ρ é a densidade, n é o número de átomos por unidade de volume.

O qual leva a lei de Currie, com a constante de Curie sendo:

C =nµ2

3AK

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Page 28: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

O paramagnetismo é dominante nas substâncias cujos átomos possuem sub-camadas

não completamente preenchidas. A tabela abaixo mostra a susceptibilidade magnética de

alguns materiais diamagnéticos e paramgnéticos.

diamagnéticos Paramagnéticos

material Susceptibilidade χm material Susceptibilidade χm

Oxido de Alumínio −1.81× 10−5 aluminio 2.07× 10−5

Cobre −0.96× 10−5 Cromo 3.13× 10−4

Ouro −3.44× 10−5 Cloreto de Cromo 1.51× 10−3

Mercurio −2.85× 10−5 Sulfato de Manganês 3.70× 10−3

Silicone −0.41× 10−5 Molibdênio 1.19× 10−4

Prata −2.38× 10−5 Sódio 8.48× 10−6

Cloreto de Sódio −1.41× 10−5 Titânio 1.81× 10−4

Zinco −1.56× 10−5 Zircônio 1.09× 10−4

2.2.3 Ferromagnetismo

Existem alguns materiais na natureza que, mesmo na ausência campos magnéti-

cos externos, possuem uma magnetização diferente de zero na temperatura ambiente, como

exemplo, citamos o ferro, que possui uma magnetização espontânea até uma temperatura de

1043 K, o cobalto, que se comporta da mesma forma até 1394 K e o níquel que se mantém

magnetizado até 631 K. (Vale ressaltar que a temperatura ambiente é de aproximadamente

T = 300 K). Uma característica comum nestes materiais é que eles saturam ou alinham todos

os seus spins com a aplicação de um pequeno campo externo, �gura 2.8.

Devido a tal facilidade, é possível obter uma curva característica que nos revela in-

formações importantes dos materiais ferromagnéticos, tal curva é conhecida como curva de

Histerese. Com esta curva tiramos parâmetros como: Magnetização de saturação , remanên-

cia e coercividade, tais parâmetros serão brevemente relatados a seguir.

xxvi

Page 29: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.8: magnetização de um material ferromagnético

Nestes materiais não se aplica a teoria do paramagnetismo de Langevin, a qual

contém a lei de Curie. Materiais ferromagnéticos não obedecem esta lei, e sim seguem uma

lei mais geral, na qual é denominado lei de Curie-Weiss.

Na teoria de Weiss um material ferromagnético é constituído de pequenos dipolos

magnéticos sujeitos a um campo magnético interno (campo molecular). Seu modelo fez

um sucesso muito grande pois era capaz de explicar as transições de fase ferromagnética-

paramagnética[?]. Ele ainda deduziu que em um ferromagneto existem regiões denominadas

domínios, cada um desses domínios estariam magneticamente saturados, porem todos eles

em direções aleatórias. Assim a magnetização como um todo é nula, o qual é ilustrado na

�gura 2.9.

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Page 30: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.9: Dominios em um material ferromagnetico

Quando esses materiais �cam sob a in�uência de campos magnéticos externos ocorre

o aumento do tamanho dos domínios favoravelmente orientados as custas dos demais. Isto

faz com o desvio angular dos momentos magnéticos de cada domínio em relação a direção

do campo externo aplicado tenda a diminuir, o resultado desse alinhamento é o aumento da

magnetização. Assim materiais ferromagnéticos são caracterizados devido os spins que se

alinharem paralelamente ao campo.

Mesmo com o grande sucesso do seu modelo, haviam-se algumas di�culdades do

ponto de vista da física clássica. Devido a isso um tratamento quântico foi introduzido.

Podemos descrever as energias de um material ferromagnético sob a in�uência de

um campo magnético externo pelo seguinte Hamiltoniano:

H = −∑ij

JijSi · Sj + gµB

∑j

Sj ·B,

onde Jij é a constante de troca entre os átomos vizinhos. O termo do lado direito

da equação é a energia de troca de Heisenberg, enquanto que o segundo termo desta equação

caracteriza a energia Zeeman. Neste modelo os momentos magnéticos permanentes dos ma-

térias se devem ao spin eletrônico. Onde assumiremos que o sistema possui momento angular

orbital nulo,isto é, L=0 e J=S. Tal Hamiltoniano pode ser melhor resolvido pela de�nição de

xxviii

Page 31: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

campo molecular efetivo do n-ésimo sitio, o qual é dado pela seguinte expressão:

Bmf = − 2

gµb

∑j

JijSj

Usando essa aproximação, nosso Hamiltoniano é expresso da seguinte forma:

H = gµb

∑i

Si(B + Bmf ).

Agora tem-se um Hamiltoniano de uma partículas única, equivalente ao material

paramagnético sob a in�uência de um campo magnético. Este campo molecular é tão forte

que pode levar uma substância à saturação mesmo na ausência de um campo externo. Assim

dizemos que a substancia é espontaneamente magnetizada. Como o campo molecular mede

o efeito de ordenamento do sistema podemos assumir que:

Bmf = λM,

onde λ é a constante de campo molecular. Agora poderíamos explicar por que um grande

leque de materiais metálicos apresentava uma magnetização tão forte.

Por outro lado, devido o efeito desalinhador das vibrações térmicas microscópicas

associadas à energia interna, para cada substância ferromagnética, existe uma temperatura

denominada temperatura de Curie (Tc) onde abaixo desta temperatura os materiais são

ferromagnéticos e acima desta tornam-se paramagnéticos.

O valor de (Tc) pode ser calculada com a ajuda da teoria de Langevin.

Sabendo que:

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Page 32: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

a =µH

KT=

µBmf

KT=

µλM

KT=

µλM

KT

M0

M0

A rasão M0

M0é uma fração linear com uma inclinação proporcional à temperatura

absoluta. O ponto de interseção entre as curvas de Langevin é da rasão M0

M0onde obtem-se a

magnetização espontânea.

Figura 2.10: Magnetização espontânea, dada pela interseção entre as curvas da função deLangevin e M

M0

xxx

Page 33: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

No entanto, Weiss respondeu a essa indagação a�rmando que um material ferromag-

nético é constituído de regiões denominado (domínios). Cada um desses domínios estariam

magneticamente saturados, porem todos eles em direções aleatórias. Assim a magnetização

como um todo não aparece, o qual é ilustrado na �gura 1.8:

Quando esses materiais �cam sob a in�uência de campos magnéticos externos ocorre

o aumento do tamanho dos domínios favoravelmente orientados as custas dos demais. Isto faz

com que o desvio angular dos momentos magnéticos de cada domínio, em relação á direção

do campo externo aplicado tenda a diminuir, o resultado desse alinhamento é uma grande

magnetização.

Por outro lado, devido o efeito desalinhador das vibrações microscópicas associadas

à energia interna, para cada substância ferromagnética, existe uma temperatura denominada

temperatura de Curie (Tc) onde abaixo desta os materiais são ferromagnéticos. Materiais

ferromagnéticos acima desta temperatura tornam-se paramagnéticos.

Uma curva típica deste materiais é a chamada curva de histerese, tal curva experi-

mental é o resultado da magnetização em função do campo magnético aplicado. Tal curva é

obtida da seguinte maneira:

Iniciamos com a amostra desmagnetizada, quando aplicamos um campo externo

crescente H, a magnetização cresce. A magnetização dos domínios vão se alinhando, até

conseguirem alinhamento total, chegando a magnetização de saturação,Ms, neste ponto a

amostra está saturada. Essa Primeira curva recebe normalmente a denominação de curva de

primeira magnetização ou curva virgem.

Quando diminuímos a intensidade do campo H , observamos que quando a curva

toca o eixo das ordenadas a magnetização do material não é nula. Isto ocorre devido a

uma grande quantidade de domínios ainda permanecerem alinhados. Diz-se neste ponto que

a amostra possui uma magnetização remanente. se invertemos o sinal do campo externo,

esses domínios se reorientarão até que a amostra �que desmagnetizada no ponto Hc, onde a

magnetização é zero.

Esta propriedade, onde a magnetização é zero e o campo aplicado é diferente de zero

xxxi

Page 34: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.11: Curva de histerese

chamamos de coercividade do material. Assim o campo coercivo Hc, é o campo necessário

para que a magnetização atinja o valor zero depois de magnetizada. no entanto quando

continuamos a aumentar o campo negativamente, observamos que o material �ca com a

magnetização na direção oposta devido a mudança de sentido do campo externo. Só que

agora temos a magnetização de saturação no sentido oposto.

Depois de saturado no sentido inverso ao inicial, aumentando o campo aplicado

almentamos a magnetização até atingir o valor da saturação positiva, obtendo então a curva

total �gura 1.9, esta curva total é denominada de curva de Histerese, a qual é muito comum

em alguns materiais.

xxxii

Page 35: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

2.2.4 Antiferromagnetismo

Substancias antiferromagnéticas possuem uma pequena susceptibilidade positiva a

altas temperatura. No entanto esta susceptibilidade varia de maneira peculiar com a tempe-

ratura �gura 2.12, com isso podemos pensar a primeira vista que os materiais antiferromag-

néticos comportam-se como paramagnéticos anômalos.

Figura 2.12: Susceptibilidade de um material antiferromagnético

xxxiii

Page 36: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

O hamiltoniano destes materiais é muito semelhante dos materiais ferromagnéticos

a grande diferença, provem do sinal do termo da constante de troca. O sinal desta constante

nos informa como os spins estão alinhados, se paralelos uns aos outros ou antiparalelo em

relação a cada sitio de spins. Se o valor é positivo como mencionado anteriormente, temos

um arranjo de spins paralelos, caso clássico de um material ferromagnético.

Caso o valor seja negativo J < 0 , temos um arranjo antiparalelo de spins, �gura

2.12, o qual denominamos antiferromagnetismo. A teoria sobre esses materiais só surgiu

em 1932 com Néel. Ele aplicou a teoria de campo molecular de Weiss para explicar suas

propriedades magnéticas.

Na teoria de Neel o antiferromagnetismo é descrito por ter duas sub -redes com

momentos magnéticos iguais, mas de sentidos opostos, assim o momento total é nulo. O

campo molecular de uma sub - rede é proporcional a magnetização da outra sub- rede. Tais

campos são descritos por:

Bma = −λMb

Bmb = −λMa,

onde Ma e Mb são os valores das duas subredes que se alinham em direçôes contrárias.

A temperatura de ordenamento magnético destes matérias é a temperatura de Néel. Acima

desta temperatura os antiferromagnetos se comportam como paramagnéticos.

Onde a temperatura de Neel pode ser calculada por:

Tn =n | λ | Bmf

2

KT

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Page 37: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.13: a) Arranjo antiferromagnético

Os compostos antiferromágeticos mais simples são os Floretos FeFe2 (Tn= 90K) e

MnFe2 (Tn=75K), estes compostos apresentam uma estrutura cristalinca de corpo centrado.

Outros materiais que apresentam ordenamento antiferromagnético são as perovskitas, como

as: KMnF3 (Tn = 95K), KNiF3 (Tn = 275 K), RbMnF3(Tn = 82K). Na maioria dos casos

os antiferros são isolantes com grandes aplicações industriais.

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Page 38: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Ferromagnetismo parasita

Como exposto os materiais antiferromagnéticos apresentam uma magnetização nula

devido o alinhamento de suas sub-redes. No entanto alguns materiais antiferromagnetos não

se comportam como o normal. Em alguns destes quando in�uenciados por um campo externo

H apresentam uma magnetização σ, que é regida pela seguinte equação:

σ = σ0 + χaH

Onde χa é a susceptibilidade antiferromagnética. σ0 é constante e possui um valor

muito baixo. Esse comportamento ferromagnético nestes materiais pode ser explicado devido

por algum defeito na rede cristalina.

Uma teoria importante sobre como surge tal fenômeno nos atiferromagnetos surgiu

com Dzialoshinsky - Morya . Ele notou que alguns destes sistemas possui uma forte depen-

dência de suas propriedades devido a simetria do cristal. Assim ele começou a mostrar que

o ferromagnetismo parasita em atiferromagnetos pode ocorrer devido o surgimento de um

campo molecular não colinear entre as duas subredes ( canting ). Assim teríamos a formação

de uma magnetização direcional.

2.2.5 Ferrimagnetismo

Alguns compostos cerâmicos também apresentam propriedades semelhantes aos

ferromagnetos, tais materias são chamados de ferrimagnetos. Os materiais ferrimagnetos

apresentam em temperatura ambiente uma magnetização espontânea, devido apresentarem

sub-redes de tamanhos diferentes, assim não há compensação e a magnetização resultante

não é nula. Devido este fato, este tipo de composto torna-se de grande interesse industrial.

Igualmente os materiais ferromagnéticos, os ferrimagnetos são constítuidos de do-

mínios magneticamente saturados, assim tais materiais apresentam fenômenos como de sa-

xxxvi

Page 39: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

turação e histerese magnética. Como nos compostos anteriores, os ferrimagnéticos tambem

apresentam uma temperatura crítica a qual acima desta temperatura tornam-se paramagné-

ticos, tal temperatura tambem é chamada de temperatura de Curie.

As ferritas exibem a forma estrutural MOFe2O3 onde M é um íon metálico diva-

lente, por exemplo: Mn, Ni, Fe, Co ou Mg. Ferritas dopadas com estes íons apresentam

simetria cúbica, ferritas de cobalto CoOFe2O3 são duras magneticamente , dessa forma são

amplamente utilizados na gravação magnética.As ferritas BaOFe2O3, SrOFe2O3 apresentam

simetria hexagonal.

As ferritas tornaram-se materiais magnéticos comercialmente úteis na dé cada de 30,

por Snoek e seus associados, Philips Research Laboratories in the Netherlands [J. Smit and

H. P. J. Wijn, Ferrites,Wiley (1959)].Muitas ferritas são encontradas em um estado impuro,

como rochas e outros minériais. O estudo das ferritas é de fundamental relevancia para os

geologos, pois com tal conhecimento é possivel obter informaçôes sobre o campo magnético

da terra em eras geologicas passadas [20].

A magnetização resultante destes materais ocorre de forma diferente das que ja foi

mostrado pelos outros compostos. É do nosso conhecimento que os ions metálicos de uma

ferrita ocupam duas posições cristalogra�cas distintas. As quais chamamos de sitio A e sitio

B. Neel supos que a interosação de troca entre o sitio A e o sitio B, era negativa, como ocorre

em materiais antiferromagnéticos.

As substâncias ferrimagnéticas possuem baixa condutividade elétrica. E as forças

de intercâmbio entre seus íons metálicos ocorre através do oxigênio, por meio de uma troca

indireta (super- troca ), �gura 2.12. Tal como ocorre em materiais antiferromagnéticos [20].

xxxvii

Page 40: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.14: a) Arranjo Ferrimagnético

Figura 2.15: a) Arranjo Ferrimagnético

A magnetização resultante destes materiais ocorre de forma diferente das que já foi

mostrado pelos outros compostos. Sabe-se que ions metálicos de uma ferrita tipo spinnelio

ocupam duas posições cristalográ�cas distintas. As quais chamamos de sitio A e sitio B. Neel

supos que a interação de troca entre o sitio A e B, era negativa como ocorre em materiais

antiferromagnéticos.

Assim teriamos uma rede espontaneamente magnetizada em uma direção e outra

magnetizada no sentido oposto. Mas a grande diferença entre os ferrimaneto e os antiferro-

magneto é que no ferrimagneto o modulo de cada rede não é igual �gura 1.12, sendo assim

teriamos uma quantidade de momento magnético líquido, o qual resulta em uma magnetiza-

ção espontanea.

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Page 41: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 2.16: a) Arranjo Ferrimagnético

Para �nalizar nosso estudo sobre as propriedades magnéticas na matéria, �nalizamos

com um gra�co das susceptibilidades de alguns materiais.

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Page 42: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Capıtulo 3Perovskitas

Desde a antiguidade o homem vem procurando por materiais que possuam uma

variedade de propriedades físicas interessantes para o desenvolvimento de tecnológico. Um

dos compostos que vem chamando muita atenção desde o século passado na comunidade

cienti�ca é a das perovskita.

A perovskita é um mineral que possui a formula estrutural ABX3, com A sendo um

metal alcalino, alcalino terroso ou até mesmo uma terra rara. O B é um metal de transição,

X geralmente é o oxigênio. Outro mineral que possui a mesma composição química que as

perovskitas e a ilminite [41], de qualquer forma os cations A e B na estrutura perovskita são

de aproximadamente do mesmo tamanho. O termo terra rara se dá devido alguns elementos

químicos apresentarem uma grande di�culdade em separar-se de outros minerais encontrados

na natureza.

A série das terras raras compreende desde os elementos químicos escândio (Z=21) e

ítrio (Z=39) e a série do lantânio, que vai do elemento lantânio (Z=57) até o lutécio (Z=71).

Um ponto importante das terras raras é que elas apresentam a camada 4f incompleta, a qual

é blindada pelos elétrons das camadas 5s e 5p (externos).

tal blindagem faz com que os níveis eletrônicos da camada 4f sejam levementes

afetados pelo campo cristalino. Como consequência de termos uma camada semi-preenchida,

as terras raras apresentam um grande numero de níveis de energia.Tais elementos apresentam

xl

Page 43: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

estado de oxidação +2, +3 e +4. Os estados de oxidação +2 e +3 são semelhantes, pois os íons

possuem a mesma con�guração eletrônica e sua camada incompleta é 4f. Já as que apresentam

estado de oxidação 3+ possuem íons relativamente grandes, com raios de aproximadamente

1 Å, e o número de coordenação varia de 6 a 12.

Na estrutura perovskita o íon A tem 12 átomos de coordenação e �ca no vértice do

cubo ideal; Já o íon B(menor que o íon A) que é um metal de transição como mencionado.

Estritamente falando, são elementos que tem suas camadas d e f parcialmente preenchidas

em alguns dos seus estados de oxidação. Outra característica marcante destas substancias é

que apresentam um alto ponto de fusão e são bons condutores de calor e eletricidade. Na

estrutura perovskita o íon B possui 6 átomos de coordenação e �ca no centro do cubo; O íon

X no nosso caso é o oxigênio (O) �ca na face do cubo como mostrado na �gura 3.1

Figura 3.1: a) Estrutura ideial da pervoskita b) Compartilhamneto de vértices nos octaedrosdas perovskitas

xli

Page 44: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

A estrutura perovskita pode ser formada por �uoretos, hidretos, nitretos, titanatos

(CaTiO3), zirconatos (SrZnO3) e sufetos. Todavia o nome perovskita se dá devido ao

seu descobridor, o mineralogista russo Lev Aleksevich Von Perosvski (1792-1856), com a

descoberta do mineral titanato de cálcio CaTiO3 encontrado na região dos montes Urais.

O titanato de cálcio (TiCaO3), o qual apresenta simetria cúbica acima de 1580 K,

este mineral é usado como elemento de um resistor com sensibilidade térmica, uma vez que

sua estrutura eletrônica não permite existir uma quantidade de elétrons livres.

No entanto tal classi�cação só se deu em 1839 com Gustav Rose (1798-1873). Pensava-

se que a célula unitária da perovskita era invariavelmente cúbica a temperatura ambiente.

Mas assim como o titanato de cálcio, em geral elas sofrem uma pequena distorção na estru-

tura cúbica. Tais distorções nos octaedros BX6, e as mudanças na fórmula estequiométrica

são os responsáveis pelas diferentes propriedades físicas nestes compostos.

Muitos dos minerais encontrados na terra possuem estrutura perovskitas, estes mi-

nerais são de bastante relevância para a ciência e tecnologia, uma vez que exibem diversas

propriedades elétricas e magnéticas provenientes da sua estrutura cristalina. Devido a esta

grande variedade estrutural e de composições químicas, estes óxidos apresentam um grande

leque em suas propriedades: Dentre tais propriedades físicas podemos destacar: Supercon-

dutividade de alta temperatura crítica no Ba2Y Cu3O7−δ e compostos similares, a condu-

ção de íons sem condução eletrônica, ferroeletricidade e piezoeletricidade nos compostos,

BaTiO3, SrBiO3, PbZrO3, dentre outros. Half-metalicidade ,termoeletricidade,magneto

resistência colossal em La1−xSrxMn1−δFeδO3, propriedades catalíticas em La1−xSrxCoO3

,multiferricidade[41].

Pode-se destacar também o uso das perovskitas na fabricação de cadinhos para cres-

cimento de monocristais de supercondutores cerâmicos de alta temperatura, substrato para

produção de �lmes �nos, materiais para tecnologia de lazer, aplicações espaciais, como tam-

bém na área nuclear.

Nos últimos anos foram também descobertas propriedades fosforescentes nestas ce-

râmicas, que vão desde a região ultravioleta (3000- 4200) ou na de radiação azul, tais caracte-

rísticas forma observadas no alumito de európio (EuAlO3), onde sua simetria é ortorrômbica.

xlii

Page 45: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Já as perovskitas tipo (LaCrO3) são aplicadas como interconector em células a com-

bustível de eletrólitos sólidos (SOFC), estes minerais apresentam boa compatibilidade quí-

mica com outros componentes, boa condutividade elétrica e estabilidade no ambiente das

células de combustível, perovskitas do tipo LaFeO3, SmFeO3, LaCoO3, são bastante usa-

das como sensores de gases.

A tabela abaixo mostra as propriedades físicas de algumas perovskitas.

Propriedades dos Óxidos perovskita[41]

Propríedades composto

propriedades ferromagnéticas BaTiO3, PdtiO3

Piezoeletricidade Pb(Zr, T i)O3, (Bi,Na)TiO3

Condutividade elétrica ReO3, SrFe3, LaCoO3, LaNiO3, LaCrO3

Supercondutividade La0.9Sr0.1CuO3, Y Ba2Cu3O7, HgBa2Ca2Cu2O8

Condutividade Iônica La(Ca)AIO3, CaTiO3, La(Sr)GaMgO3, BaZrO3 , SrZrO3,BaCeO3

Propriedades magnéticas LaMnO3, LaFeO3, La2NiMnO6

Propriedades catalíticas LaCoO3, LaMnO3, BaCuO3

Outro óxido bem interessante é o K2NiO4, no qual tal composto apresenta propri-

edades de supercondução, a estrutura do K2NiO4 consiste de duas unidades: O KNiO3

(Perovskite) e a rocha KF, na qual é conectado numa série ao longo do eixo-c, �gura 2.2.

Figura 3.2: Estrutura do K2NiO4

Nas perovskitas pode-se ter a formação de super - estruturas. Isso ocorre quando o

cation do sitio B é trocado por um dopante. Um caso típico são compostos com a fórmula

xliii

Page 46: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Ba3MTa2O9, onde M pode ser: Fe, Co, Ni, Zn ou Ca. Outro interessante tipo de super -

estruturas observada nas perovskitas ocorre devido a formação de vacâncias localizadas nos

cátions do sítio A. Como exemplos temos: Mnb3O9 (M = La, Ce, Pr, Nb) e o MTa3O9 (M

= La, Ce, Pr , Nb, Sm, Gd, Dy, Ho, Y, Er)

Figura 3.3: Formação de Super-Estruturas das Perovskitas

Esta variedade de propriedades físicas fazem com que as Perovskitas sejam bastante

estudados na procura tanto do entendimento destes fenômenos físicos quanto de aplicações

tecnológicas [41][3][4][6][10][17].

3.1 Propriedades físicas das perovskitas

Óxidos perovskitas compreendem uma grande familia entre as estruturas de com-

postos óxidos, e atualmente diversas estruturas relacionada as perovskitas são reconhecidas

atualmente. É do conhecimento dos cientistas que a estrutura ideal da perovskita é de sime-

tria cúbica, ao passo que os íons de oxigênio organizam-se em um octaedro BO6, envolvendo

cada íon do sitio B.

Em todo caso poucos óxidos perovskitas possuem a estrutura cúbica ideal, muitos

destes óxidos apresentam uma leve distoção na qual faz variar sua simetria.As variações na

simetria da perovskita são permitidas devido à facilidade com que a estrutura comporta dife-

renças nas distancias entre os átomos A-O, (dA−O) e B-O (dB−O) [41], estas distancias depen-

dem da estequiometria do composto. Devido a grande gama das perovskitas que apresentam

xliv

Page 47: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

distorções na estrutura cúbica ideal, temos a formação de redes romboédricas, ortorrômbicas

e tetragonais.

Figura 3.4: Esboço das Transições estruturais que ocorrem com a estrutura perovskita, daesquerda para a direita temos as estruturas; Romboédrica, Monoclínica, Tetragonal e Cúbica

xlv

Page 48: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Tais deformações acontecem devido a duas causas principalmente: O efeito Jahn-

Teller, que é uma distorção nos octaedros BX6, tal distorção ocorre devido uma remoção na

degenerescência dos orbitais d dos ions livres do sítio B, levando a dois novos conjuntos de

orbitais degenerados ,(eg e t2g). Os orbitais eg são orbitais duplamente degenerados, já t2g

são tripalmente degenerados �g 3.2.

Figura 3.5: a) Niveis de energia eg e t2g, fonte: Magnetism in Condesed Matter

xlvi

Page 49: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Contudo, os orbitais eg, sofrem um aumento de energia devido a vizinhança, de tal

forma que os iôns ligados procuram diminuir a energia total do sistema alterando as posições

iniciais e provocando distorções nos octaedros BX6, �gura 3.3.

Figura 3.6: a) Distorção nos octaedros BX6

xlvii

Page 50: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Já as caracterizas magnéticas surgem devido o surgimento do mecanismo de super-

troca envolvendo elétrons das camadas 3 d do metal de transição e os orbitais p do oxigênio,

sendo assim o oxigênio muito importante para o ordenamento magnético destes compostos.

O enfoque teórico da supertroca, surgiu deviso a tentativa de enteder o mecanismo

de troca de alguns compostos metálicos,como o:MnFe2, FeF2 e o CoF2, os quais são antifer-

romagnéticos a baixa temperatura. Sua estrutura cristalina e sua con�guração de spins são

indicados na �gura 2.5.

Figura 3.7: Mecanismo de troca do composto MnFe2

xlviii

Page 51: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para este caso era difícil o entendimento de transferência de spins via troca direta,

o mesmo ocorre para o caso de oxidos magnéticos. Mas em 1934, Kramers propos a seguinte

explicação para estes materiais. Ele deduziu que as funções de onda do cátion ,Mn, estavam

sendo fortimente misturado com as funçôes de onda do �uor,F . Com isto tal mistura permitia

um acoplamento indireto com cada cátion.

Figura 3.8: Mistura das funções de onda Mn com o elemento F

xlix

Page 52: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Na ilustração acima temos dois ions de Mn2+ e a intervenção do ion do F−, devido

a superposição das funções de onde, um dos elétrons p do ion F− salta sobre um dos ions do

Mn2+. Assim o elétron não pareado do F− entra em uma troca direta com os iôns do Mn2+.

Usando o conhecimento da teoria de pertubação, nos obtemos o valor efetivo da troca

entre os iôns Mn2+. sabbe-se que o sinal desta troca depende da natureza dos orbitais envol-

vidos. No entanto, uma série de características gerais que evoluíram através do trabalho de

Goodenough e Kanamori nos permitem predizer qualitativamente a natureza do supertroca.

Em todo caso temos que quando temos uma transferência de elétrons e os cations e

os anions envolvidos estão arranjados de forma ortogonal, temos uma troca de sinal positivo

(Ferromagnetismo), caso contrário temos um sinal negativo (Antiferromagnetismo). Assim

podemos esplicar o que ocorre nas manganitas, como exemplo podemos citar a manganita de

cálcio CaMnO3

Neste composto o Mn está no estado tetravalente, Mn+4, o que signi�ca que temos

3 eletrons no subnivel d. Os eletrons do subnivel d, são extremamente afetados pelo campo

cristalino. O efeito deste campo sobre um dos elétrons do orbital d degenerado, e de dividir

este estado em novo estado triplamente degenerados, T2g e um duplamente degenerado eg

�gura 2.8.

Figura 3.9: Estados triplamente degenerafos T2g e duplametes degenerados eg

l

Page 53: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para este caso a supertorca envolve os eletrons p do O2−, �gura().

Figura 3.10: Orbitais p do elemento oxigênio

li

Page 54: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

A estabilidade da estrutura perovskita pode ser quanti�cada devido o fator de tole-

rância que é dado pela expressão:

t =(dA−O)√2(dB−O)

Figura 3.11: Diferentes apresentações para a perovskita ideal

lii

Page 55: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Uma estrutura puramente cúbica é obtida se t=1. Na pratica, Goldschimdt mostrou

que a estrutura cúbica é estável no intervalo de (0.8 ≤ t ≤ 0.9). E para valores maiores

apresenta distorções. Tokura mostrou que para 0.96 ≤ t ≤ 1 uma estrutura romboédrica é

estabelecida, enquanto que para t ≤ 0.96, a estrutura torna-se ortorrômbica.

Sabemos que a estabiidade e o grupo cristalino são principalmente determinadas pela

ralação entre os cations A e B, a estrutura depende não somente do tamanho dos cations

mas também da natureza dos átomos. Um exemplo a se citar é o caso do composto AMnO3.

A �gura abaixo mostra os elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas

das perovskitas, aqui observamos que quase todos os elementos fazem parte, exceto os gases

nobres podem ocupar os cada posição dos sitos A e B.

Figura 3.12: Elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas das perovs-kitas

3.2 Propriedades elétricas e de transporte das perovski-

tas tipo La1−xSrxFeO3

Já Perovskitas tipo La1−xSrxFeO3−δ foi primeiro estudado por Waugh na década

de 60, ele observou mudanças estruturais à medida que mudava o valor de x. Sabemos que

este composto possui simetria ortorrombica, �gura 3.3, e que apresenta propriedades elétricas

e magnéticas bem especi�cas.

liii

Page 56: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 3.13: Simetria Ortorrombica

Estes sistemas são caracterizados pela mistura de Valencia dos íons metálicos, que

são responsáveis pela condutividade eletrônica, a mistura de Valencia nos íons dos metais de

transição ocorre devido a inclusão do íon divalente Sr no sitio trivalente do La.

Como relatado as propriedades elétricas e magnéticas das perovskitas varia à medida

que mudamos a con�guração estrutural. Assim tal modi�cação estrutural e química dos sítios

e a concentração de defeitos são elementos fundamentais para o controle das propriedades

fundamentais destes compostos.

Como mencionado anteriormente as perovskitas possuem estrutura do tipo ABO3,

onde o cátion A neste composto é um íon trivalente, aqui sendo o La. Uma das rami�cações

das perovskitas devido a defeitos na estrutura são os óxidos com con�guração (A,X)BO3−δ

o qual tem recebido renovada atenção devido suas propriedades físicas.

Neste composto observamos que existe uma modi�cação química nos sítios A devido

a inclusão de elementos de íons divalente, como o Ba, Ca, Sr dentre outros em sítios trivalentes

de La. Outra maneira de criarmos defeitos na composição é criando vacâncias de oxigênio

[11][12].

Devido à inclusão do estrôncio Sr na estrutura observamos uma diminuição no vo-

liv

Page 57: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

lume da célula unitária, a�rmando que tal substituição de íons acarreta em uma contração

estrutural. Mesmo o raio iônico do Sr2+ sendo maior que o raio do La3+ (Sr= 127 Pm; La=

122 Pm). Tal substituição de íons provoca um aumento na covalencia entre os íons de ferro

e oxigênio e leva a uma diminuição no comprimento de ligação Fe-O devido à formação de

íons 4+.

Nestes sistemas observam-se mudanças nas estruturas cristalinas para diferentes va-

lores de x. No intervalo de (0 ≤ x ≤ 1) e (1 ≤ δ ≤ 0, 5), foi veri�cado 3 diferentes regiões

cristalográ�cas. Uma ortorrômbica para (0 ≤ x ≤ 0, 2), romboédrica para (0, 4 ≤ x ≤ 0, 7) e

cúbica para (0, 8 ≤ x ≤ 1).

O composto La1−xSrxFeO3−δ com x=1 torna-se a SrFeO3. Onde tal oxido é me-

tálico com ordenamento antiferromagnético em torno de 134 k. A ferrita de estrôncio, como

assim é conhecida, possui uma estrutura cúbica em temperatura ambiente, a qual tal estru-

tura permanece assim ate aproximadamente 4.2 k. Aqui neste composto para se haver o

equilíbrio de cargas, o ferro é composto pelo estado de Valencia 4+.

Já para x=0 temos: LaFeO3, conhecida como a ferrita de lantânio. Esta ortoferrita

possui estrutura similar a do LaNiO3 em outras palavras é um romboedro distorcido[31],

para se haver esquilíbrio de cagas, os íons de ferro deste composto passuem o estado de

valencia 3+. Este oxido é isolante e antiferromagnético com temperatura de Néel próximo a

740 k e exibe um fraco ferromagnetismo devido o pequeno canting dos momentos atômicos

do ferro.

Os primeiros indícios da identi�cação de uma linha de Fe4+ em perovskitas ocorreu,

devido a medidas de espectroscopia mossobauer em amostras de SrFeO2,84. Nesta amos-

tra foi encontrado um singleto na temperatura de aproximadamente 300 K, junto com um

deslocamento isomérico de −0, 171mm/s

Devido a resposta do deslocamento isomérico e campo hiper�no, os íons de Fe4+

localizam-se apenas no sítio octaedro, enquanto que os íons Fe3+ ocorre tanto nos sítios

octaedros como também nos tetraédricos. Nas amostras perovskitas La1−xSrxFeO3−δ com

x > 0, 4 veri�cou-se que que a quantidade de Fe4+ diminui devido a perda de oxigênio,

ocorrendo o sue máximo (40%) em torno de x = 0, 5.

lv

Page 58: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Nas amostras La1−xSrxFeO3−δ tratadas aoO−2, indicaram um comportamento para-

magnético, isso ocorre devido a temperatura de ordenamento magnético ter um valor bastante

próximo da temperatura ambiente. A falta de oxigênio obtida a partir das áreas relativas do

espectro dos íons Fe3+, Fe4+ é quase nula. No entanto até então não havia nem um indicio

de presença de íon Fe5+.

3.3 perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3

Compostos perovskitas do tipo Re1−xAxBO3−δ, sendo Re uma terra rara, A pode

ser Ba,Ca ou Sr, e B pode ser Fe, Mn, Co ou Ni são de considerada importância devido suas

propriedades magnéticas electrónicas e catalíticas, dependendo de sua composição elas apre-

sentam uma variedade magnética e elétrica, incluindo ferromagnetismo, antiferromagnetismo

e ordenamento de cargas . Entre estes o estado de ordenamento de carga tem sido encontrado

em LSFO com x=2/3.

As amostras perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3, formam um novo sistema de perovski-

tas com propriedades bastante interessantes.Como já se tinha mencionado a troca ou dopagem

nos sítios dos portadores de cargas leva a distorções na rede Cristalográ�ca, resultando em

fenómenos surpreendentes. Um desse fenómenos que podemos destacar é o estado de ordena-

mento de cargas[29][30]. Tal conhecimento do estado de ordenamento de cargas é sem dúvida

uma das questões mais importantes no presente estudos da magnetoresistencial colossal em

manganitas [29].

Ate agora tem sido extensivamente reconhecido que o estado de ordenamento de

carga é causado devido o acoplamento ou competição entre a carga, spin, rede e órbita. Para

as ferritas perovskitas com o Fe tendo uma Valência de +4(d+4), o ordenamento de cargas

é acompanhado frequentemente do estado de antiferromagnetrismo e de uma desproporção

de cargas: 2Fe+4 → Fe+3 + Fe+5, na qual possuem uma temperatura de transição de

aproximadamente 200K.

Estas amostras foram extensivamente estudadas experimentalmente em termos de

foto-emissão, espectroscopia mossbauer, ,microscopia eletrônica de transmissão, medidas óp-

lvi

Page 59: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

ticas, técnicas ultrassonicas, etc. Takano et al, foi o primeiro a revelar, usando medias

mossobauer que nesses sistemas tinha-mos dois tipos diferentes de Fe: (Fe3+ : Fe5+ = 2 : 1),

[32][33][34][35][36][37].O estado de desproporção de cargas foi con�rmado por medidas de di-

fração de neutrons, Battle et al[31] onde temos Fe5+Fe3+Fe3+Fe5+Fe3+Fe3+ ao longo do

corpo diagonal. Onde os momentos magnéticos são 3, 6mmb para o Fe3+ 2, 7mb para o Fe5+

a 50 K.

O ordenamento de cargas é normalmente interpretado como a separação de uma

carga estado em dois estados diferentes como: 2dn = dn−1 + dn+1, onde n é um numero

inteiro. Takano et al propôs um estado de oxidação do ferro não inteiros destes materiais

como: Fe+ = Fe4−λ + Fe4+λ. Recentemente, Matsuno et al?? sugeriu que a desproporção

de cargas pode ser corretamente descrito como: 2d5L → d5L2 + d5, onde L é a vacância no

oxigênio na banda 2p.

Nestes compostos as interaçôes de supertroca entre os íons de ferro ocorrem da

seguinte maneira: entre os íons Fe3+−Fe3+ temos um acoplamento tipo antiferromagnético

(AFM), e entre os íons Fe3+−Fe5+ do tipo ferromagnético (FM), como ilustrado na �gura

abaixo:

Figura 3.14: Acoplamentos antiferromagnéticos e ferromagnéticos nos sítios de ferro [36]

lvii

Page 60: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

JF McQueeney et al. A�rmou que o estado de ordenamento de cargas nas La1/3Sr2/3FeO3

é determinados pela a relação entre os acoplamentos antiferro JAF e Ferromagnéticos JF,

tais acoplamentos forma analisados pelos resultados da técnica de espalhamento de nêutrons.

Desde que a distorção na rede afeta os acoplamentos JAF e JF, assim consideramos que

tal distorção é responsável pelo enfraquecimento no estado de ordenamento de cargas nas

amostras[39].

Nestas amostras também foram executas medidas de difração de raios-x, medidas

de calor especíco e magnetização. Nas medidas de difração de raios-x os picos se indexaram

melhor no grupo R3c e simetria Hexagonal,com os seguintes parâmetros a = 5, 477 e c =

13, 397 na temperatura ambiente. Contudo é observado que tais parâmetros permanecem

quase que inalterados a temperaturas inferiores a temperatura crítica do material Tn.

No entanto algumas �utuações nestes valores é observado próximo a 200 K, o que

corresponde a desproporção de cargas e ordenamento magnético. Acima de Tn esses parâ-

metros aumentam quase que linearmente, �gura(). Assim é observado que os parâmetros de

rede permanecem quase que constantes até uma inferior a 180K e uma �utuação nos valores

próximo a 200K. Outro fator relevante é que o ângulo da ligação Fe-O-Fe, diminui com a

diminuição da temperatura[31].

Figura 3.15: Variação dos parametros a e c[31]

lviii

Page 61: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Medidas de calor especí�co feitas nestas amostras, mostram um pico em torno da

temperatura de ordenamento de cargas [24].

Figura 3.16: Calor especí�co das perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3

lix

Page 62: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Nas perovskitas sabemos que sua magnetização depende intimamente do tamanho

do cristalitos, as amostras perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 são antiferromagnéticas a abaixo

de Tn e paramagnéticas acima desta temperatura crítica. Muitos estudos experimentais

apontam que dependendo do tamanho das partículas, pode levar a o aparecimento de uma

fase ferromagnética fraca, o qual é atribuído ao ordenamento de cargas.

Outra característica marcante do surgimento do ordenamento de cargas nestes com-

postos, é uma mudança abrupta no grá�co da magnetização em função da temperatura.

Nestas amostras em geral observamos um pico em cima da temperatura de transição.

Figura 3.17: Grá�co da magnetização em função da temperaura das La1/3Sr2/3FeO3

lx

Page 63: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Os espectros mossbauer acima de 200 K são formados por duas linhas simples, o que

indica que a amostra é paramagnética acima da temperatura crítica, essas linhas indicam

a presença de sítios de Fe3+ e Fe4+, a quantidade de Fe4+ diminui com o decréscimo da

temperatura em cerca de 60%. . A desproporção de cargas aparece abaixo de 200 K, onde

Fe3+ e Fe4+, e Fe5+ coexistem.

Figura 3.18: Espectro mossbauer das LSFO[31]

lxi

Page 64: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Capıtulo 4Procedimento experimental

4.1 O método sol-gel

4.1.1 Hístorico

Durante séculos o processo de fabricação de cerâmicas, vidros e muitos outros com-

ponentes se deram através de reações de fusão de matérias primas naturais. No entanto

devido à perspicácia de muitos cientistas ouve um aprimoramento na produção de tais ma-

teriais, assim ocorrendo um re�namento das técnicas para preparo de materiais sintéticos de

alta pureza.

Contudo materiais produzidos pela técnica sol-gel só vieram a aparecer na metade

do século XIX com os conhecimentos de Ebelmen e Graham sobre géis de base sílica. Ebel-

men observou que um composto preparado a partir do SiCl4 e álcool, o tetraetilortosilicato

Si(OC2H5)4, quando exposto a atmosfera ambiente lentamente se convertia em gel. Tal

efeito ocorre devido à reação de hidrólise provocada pela presença da água no ar, mas infeliz-

mente tal processo não tivera tanta relevância na comunidade cienti�ca devido à existência

de fraturas no material e ao longo tempo de secagem, fazendo com que apenas químicos se

interessassem por tal método.

Por volta de 1864 Graham demonstrou que a água existente nos géis podia ser trocada

lxii

Page 65: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

por solventes orgânicos e de acordo com seus conhecimentos o gel era constituído de uma

rede rígida com poros comunicantes. No entanto o interesse pelo o processo se intensi�cou

logo após a segunda grande guerra mundial com sua utilização para o processo de fabricação

de pastilhas nucleares, com o objetivo de se eliminar o máximo de espaços vazios dentro dos

materiais, mas somente por volta de 1939 que tal método começou a ser tomado em escala

industrial.[1]

4.1.2 Procedimento e suas vantagens

O método sol-gel consiste em um processo de polimerização através da mistura

de nitratos, possibilitando o desenvolvimento de novos materiais com propriedades bastante

especi�cas. Tal processo produz óxidos mistos cujas estruturas apresentam uma constituição

tridimensional dos constituintes, resultando em materiais do tipo pó, este método torna-

se bastante e�caz devido à possibilidade do controle do tamanho das partículas, estrutura

cristalina e da porosidade.

Por este motivo os materiais fabricados por este método possuem alta pureza, ho-

mogeneidade e temperaturas de processamento inferiores quando comparados com outros

métodos de obtenção destes matérias.Tais fatores são de relevante importância, pois in�uen-

ciam nas propriedades: ópticas, magnéticas ,catalíticas e mecânicas do produto �nal.

Assim o método sol-gel consiste numa transição do sistema "sol"para o sistema "gel".

O sistema sol é de�nido como uma dispersão de partículas coloidais em um liquido. Tais

partículas estão compreendidas entre 1 e 100 nanômetros, já o termo gel e� de�nido como

um sistema formado por uma rede rígida de partículas coloidais ou cadeias poliméricas.

Tais modi�cações estruturais serão agora ilustradas na �gura 1. Inicialmente o sis-

tema apresenta partículas coloidais dispersas na água, resultado da polimerização (�gura 1a),

contudo essas partículas se ligam formando cadeias rami�cadas e tridimensionais (�guras 1b

e 1c) denominadas micro-gel. Com o passar do tempo essas regiões crescem até pulularem

metade do volume total (�gura 1d) nessa situação a viscosidade tende ao in�nito, assim o

sistema atinge o ponto de gel e passa a se comportar como �uido estático. A partir do ponto

lxiii

Page 66: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

de gel a cadeias estruturais crescem conjuntamente (�gura 1e), formando uma rede continua

por todo sistema (�gura 1f). Assim temos: mistura de nitratos, geli�cação.[1] [2] [3]

Figura 4.1: Evolução da gelatinização com o aumento da fração de microgel.

lxiv

Page 67: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

4.1.3 O Material utilizado

Para o bom resultado do método sol-gel, é preciso que o material utilizado esteja

em perfeitas condições de uso e bem esterilizado, assim evitando contaminação das amostras

que serão produzidas. Agora listaremos o material utilizado para a produção das perovskitas

tipo La1−xSrxFeO3−σ a seguir:

• Um recipiente ou reservatório para a adição de água destilada ou

deionizada (Becker).

• Água destilada ou deionizada.

• Uma balança de precisão para a medição das massas dos nitratos.

• Os respectivos nitratos.

• Espátulas.

• Pipetas.

• Um agitador magnético com variação de temperatura.

Para as nossas amostras (perovskitas) La1−xSrxFeO3−σ foram utilizados os seguintes

nitratos:

1. Nitrato de lantânio → La(NO3)3.6H2O

2. Nitrato de estrôncio → Sr(NO3)2

3. Nitrato de ferro III → Fe(NO3)3.9H2O

No entanto para o método sol-gel �car completo também se usa o etileno glicol (HO.CH2.CH2.OH)

e ácido cítrico (H3C6H5O7.H2O), referentes a 50 de mol em excesso. Toda série das pe-

rovskitas La1−xSrxFeO3−σ foi produzida no laboratorio de materiais magneticos (LMM) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN), foram calculados em proporções es-

tequiométricas. O método por completo será detalhado a seguir de acordo com as seguintes

etapas:[3] [4]

lxv

Page 68: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

1. Com a ajuda de uma balança de precisão tipo MARK SÉRIE M foram pesados os

respectivos nitratos.

2. Dissolução dos nitratos: com o uso de um Becker graduado utilizou-se 300 ml de água

destilada.

3. Para a dissolução dos nitratos seguimos a seguinte ordem:

• Primeiro o nitrato de lantânio → La(NO3)3.6H2O

• Segundo o nitrato de estrôncio → Sr(NO3)2

• Terceiro o nitrato de ferro III → Fe(NO3)3.9H2O

4. Com o auxilio de uma espátula adiciona-se ao Becker o ácido cítrico com 50

5. Com a ajuda de uma pipeta medem-se a quantidade de etileno glicol e depois se adiciona

a solução, em todo caso usou-se 50

6. Deixa-se a solução no agitador magnético na temperatura de 90o C num intervalo de

tempo de 30 minutos até termos uma solução uniforme.

7. Aumento gradativo da temperatura a �m de acelerar a o processo de polimerização e

exaustão dos nitratos.

8. Depois da digestão dos nitratos temos uma formação de um gel, o qual deixamos mais

um tempo sob secagem até termos o nosso produto �nal (�gura 4.2).

9. Por �m retira-se a pasta do Becker com a ajuda de uma espátula para os devidos

tratamentos térmicos.

lxvi

Page 69: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.2: Produto �nal pelo método Sol - Gel.

4.1.4 Tratamento térmico

Todavia a conclusão do método sol gel se dá com o tratamento térmico, tal pro-

cesso é efetuado a �m de eliminar-mos toda a matéria orgânica restante na amostra, como

também sabermos a qual temperatura a fase (perovskita) desejada se encontra. Contudo

para podermos iniciar o tratamento, antes nossas amostras são maceradas com o intuito

de uniformizar-mos o tamanho dos grãos, tal maceramento é efetuado em um almofariz.

Logo depois do maceramento as amostras são levadas a uma mu�a modelo LT0212 e assim

calcinadas a temperatura controlada.

A calcinação das perovskitas tipo La1−xSrxFeO3−σ ocorreu a diferentes tempera-

turas: 800, 900, 1000, 1100, 1200o C por 2 horas cada. Depois deste tratamento térmico

a amostra calcinada a 800o C por 2h foi compactada em forma de pastilha com aproxima-

damente 10 mm de largura por 0.5 mm de espessura em uma matriz metálica cilíndrica. A

prensagem da pastilha ocorreu em uma prensa hidráulica modelo: MARCON (MPH-45) o pó

dentro das punções superior e inferior fora submetido a 3 toneladas de pressão por 2 min no

qual é ilustrado na �gura 4.3. Logo a seguir a pastilha foi levada novamente a mu�a, �gura

4.4 para mais um tratamento térmico, por mais 6 horas a 1200o C, esse novo tratamento tem

por interesse consolidar o produto cerâmico durante a queima, o qual chamamos esse novo

processo térmico de sinterização.

lxvii

Page 70: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.3: Esquema de compactação das amostras

Figura 4.4: Mu�a utilizada para calcinação e sinterização

lxviii

Page 71: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

As reações de sinterização ocorrem quando a temperatura aplicada ao sistema alcança

a faixa entre a metade e dois terços da temperatura de fusão do material, está energia é

su�ciente para causar difusão atômica no estado solido e escoamento viscoso quando uma

fase liquida está presente.

4.1.5 Difratometria de raios -x

No intuito de podermos investigar a constituição das amostras produzidas bem

como sabermos se estamos no caminho certo na produção das perovskitas, temos em nossas

mãos uma poderosa técnica para tal tarefa. A difratometria de raios-x é a melhor opção para

a determinação estrutural, cristalina de um solido.

Esta técnica é de fundamental importância para o estudo da matéria condensada,

pois permite a investigação do arranjo ordenado dos sólidos, parâmetros de rede, defeitos

estruturais, simetria cristalina, distancia interplanares etc. tal técnica basea-se no principio

que os cristais são formados por átomos ordenados de forma periódica em três dimensões,

�gura 3.[1] [2] [3]

Figura 4.5: Estrutura cristalina do NaCl mostrando o arranjo regular dos íons Na+1Cl−1.A direita cristais de NaCl, cuja a morfologia externa está relacionada ao arranjo da estruturacristalina

lxix

Page 72: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Quando o comprimento de onda de uma onda eletromagnética é comensurável com as

dimensões atômicas da rede, pode-se veri�car que as relações de fase entre os espalhamentos

tornam-se periódicas e que efeitos de difração dos raios-x podem ser observados em vários

ângulos.Considerando-se dois ou mais planos de uma estrutura cristalina, se a diferença

entre os caminhos ópticos for um numero inteiro (n) de comprimento de onda (λ), haverá

uma superposição construtiva (um feixe de raios-x será observado); caso contrário haverá

superposição destrutiva. Isto pode ser descrito matematicamente segundo a lei de Bragg:[1][5]

2d sinΘ = nλ

Onde é a distancia interplanar, Θ é o ângulo de incidência do feixe de luz com

o plano, n é um numero inteiro e λ é o comprimento de onda. No entanto as análises

dos nossos materiais foram feitos em pós cristalinos sobre porta amostras de vidro neutro,

utilizando-se de um difratômetro Shimadzu XRD-6000, operando com fonte radioativa com

linha de emissão do cobre CuKα = 1.5400, obtida por d.d.p de 40 Kv e corrente de �lamento

de 30 mA. O detector foi variado de 20oa80o e velocidade de 2o por minuto.Tais medidas

foram feitas nas dependências do núcleo de pesquisas de petróleo e gás natural (NUPEG) na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.[1][3][5][6]

4.1.6 O re�namento

O próximo passo a ser dado na investigação estrutural de um composto é o re�na-

mento, tal técnica permite a determinação de parâmetros muito importantes como: Posição

dos átomos, tamanho e volume da célula unitária, assim como as impurezas que tal composto

químico apresenta, a estrutura cristalina, grupo espacial e os parâmetros de rede.

Todas essas informações são dadas através das análises do conjunto de picos individu-

ais caracterizados pela altura, forma, largura e posição angular dos componentes associados

diretamente aos planos cristalográ�cos formados pelo elemento químico e sua localização no

corpo do cristal.

Para o nosso trabalho utilizamos o re�namento Rietveld. Hugo Rietveld (1932)

inicialmente iniciou estudos de difração de nêutrons e posteriormente tal técnica foi adaptada

lxx

Page 73: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

para difratometria de raios-x por Wiles e Young. Esta técnica usa-se da modelagem dos picos

experimentais que apresentam uma ou mais fases, tal modelagem é feita a partir da técnica

de mínimos quadrados e do background do difratograma, o padrão obtido é ajustado a uma

função y(cal), que depende das variáveis do modelo estrutural adotado. As intensidades

correspondentes as re�exões são obtidas por meio da equação:

yi(cal) = s∑k

Lk | Fk |2 σ(2θi − 2θk)PkA+ yb

Onde S é o fator de escala de fase, K são os índices de Miller para uma re�exão de

Bragg determinada, Lk são os fatores de Lorentz de polarização e multiplicidade, σ é a função

per�l da re�exão,Pk é a função correspondente as orientações preferenciais, A é o fator de

absorção,yb é a intensidade do background e Fk é o fator da estrutura para K-ésima re�exão,

dado pela equação:

Fk =∑j

Njfj exp

{2π(hxj + kyj + lzj) exp

[−Bj sin θ

2

λ2

]}

Onde h, k, l são os índices para a K-ésima re�exão, xj, yj, zj são as posições do j-ésimo

átomo, Nj é a multiplicidade do átomo, fj é o fator de forma atômico, Bj é o parâmetro de

deslocamento do átomo j,θ é o ângulo de incidência do feixe de raios-x e λ é o comprimento de

onda do feixe incidente. Geralmente Todas as funções para ajuste dos picos são normalizadas

em funções gaussianas ou lorentzianas, ou pseudo-voigt, dentre outras.[1][3][6]

A análise do tamanho de cristalito, D, foi feito usando a equação de Scherrer:

D =Kλ

β cos θ

lxxi

Page 74: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Onde k é o coe�ciente de forma do ponto da rede recíproca, λ é o comprimento de

onda, β é a largura do pico á meia altura e θ é o ângulo de Bragg. [1][3]

4.1.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Nesta seção falaremos da técnica de caracterização feita pelo microscópio eletrônico

de varredura, o MEV. Tais medidas foram realizadas no Centro de Ciências Exatas e Naturais,

CCEN, no Departamento de Física (DF), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) é um poderoso instrumento para a

análise microestrutural de materiais sólidos, o qual nos fornece uma imagem de fácil interpre-

tação. O MEV tem uma e�ciência que �ca entre o microscópio óptico (MO) e o microscópio

eletrônico de transmissão (MET). O MEV tem uma grande vantagem em relação ao mi-

croscópio ótico (MO), pois apresenta alta resolução na ordem de 2 a 5nm, cerca de 20 a 50

angstroms.

Atualmente, temos MEV com a resolução de até 1nm ou 10 angstroms, enquanto

que o ótico vai até no máximo 0,5 micrometros. O MEV, comparado com o MET, apresenta

uma grande facilidade na preparação de amostras. Outra consideração que devemos levar

em conta é que o MEV apresenta uma grande profundidade de foco (imagem com aparência

tridimensional), como também a possibilidade de combinar a análise microestrutural com a

análise química.

O MEV teve seu início com o trabalho do M. Knoll (1935). Descrevendo a concepção

do MEV em 1938, o pesquisador Von Ardenne, construiu o primeiro microscópio eletrônico de

transmissão de varredura. Mas somente na década de 40 é que surgiu o primeiro microscópio

eletrônico de varredura, o qual foi confeccionado pelos laboratórios da RCA, o qual era usado

um feixe de elétrons secundários para se obter a imagem. Contudo mesmo com tanto avanço

tecnológico somente na década de 60 é que veio a surgir o primeiro microscópio eletrônico

de varredura comercial. O qual foi contraído pela Cambridge Scienti�c Instrument �gura

abaixo.

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Page 75: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.6: O primeiro microscópio eletrônico de varredura na Universidade de Cambridge,e a primeira imagem (amostra de alumínio atacada).

4.2 Os componentes do MEV

Nestas próximas linhas serão relatados alguns dos constituintes do MAV assim como

sua função no aparelho.

O MEV é constituído basicamente de uma coluna ótico-eletrônica (canhão de elétrons

e sistema de demagni�cação), de uma unidade de varredura, da câmara da amostra, de um

sistema de detectores e do sistema de visualização da imagem, conforme pode ser visto no

diagrama abaixo.

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Page 76: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.7: Diagrama esquemático dos componentes do MAV.

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Page 77: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.8: Diagrama esquemático do triodo

O primeiro componente a ser comentado será o canhão de eletros. O canhão de

elétrons é usado para produção do feixe de elétrons e a sua aceleração no interior da coluna

ótico-eletrônica (coluna onde �ca localizado o canhão de elétrons e as lentes condensadoras).

O diâmetro do feixe de elétrons produzidos pelo canhão é muito grosseiro para produzir

uma boa imagem em grandes aumentos e assim tal feixe deve ser reduzido pelas lentes

eletromagnéticas. Existem alguns tipos de canhões de elétrons, mas o mais usado é formado

por três componentes (tipo triodo). O triodo é constituído de um �lamento de tungstênio, o

qual atua como um cátodo, um cilindro de Wehnelt e o anodo �gura abaxo.

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Page 78: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

O �lamento de tungstênio é aquecido devido a passagem de corrente elétrica por ele,

quando o �lamento atinge uma temperatura de 2700 k, temos a emissão de elétrons. Tais

elétrons são repelidos pela polarização negativa da grade catódica. Efetivamente, o cilindro

de Wehnelt e o anodo funcionam como um sistema de lentes eletrostáticas, resultando em uma

produção de feixe de elétrons com pequeno diâmetro, focalizado num ponto de encruzamento,

próximo ao orifício do anodo. Este ponto de encruzamento é o primeiro foco e é uma imagem

da área de emissão do �lamento, cujo tamanho depende do valor da imagem da tensão

aplicada na agrade.

É importante que a imagem do primeiro foco seja menor possível porque a função

das lentes condensadoras é a de tornar o feixe eletrônico divergente quando se afasta do

canhão, em um feixe o mais �no possível, monocromático e focado na superfície da amostra.

O diâmetro do "encruzamento"é o ponto de partida para a colimação e focagem do feixe

eletrônico sobre a amostra. Se o diâmetro do encruzamento for grande, pode haver perda de

resolução ou as lentes magnéticas serão muito solicitadas para colimarem e assim não haver

perda de desempenho da coluna.

Observa-se do exposto acima que a resolução de um MEV não depende apenas da

tensão de aceleração utilizada, mas também do desempenho das lentes condensadoras e do

número de elétrons que se consegue tirar do �lamento, mantendo a área de emissão a menor

possível.

É sabido que para termos um feixe de elétrons estacionário sobre a amostra é neces-

sário depois da formação dos elétrons pelo canhão eletrônico uma focagem deste feixe sobre

a superfície da amostra. Este feixe de�etido sobre a amostra na direção x e y,�gura abaixo.

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Page 79: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.9: Varredura do feixe de elétrons.

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Page 80: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Esta varredura do feixe de elétrons pelas bobinas de�etoras é também acompanhada

pela de�exão de sua imagem no vídeo. O aumento da varredura da imagem é simplesmente

a relação entre o tamanho da imagem no vídeo pelo tamanho da área varrida na amostra.

Como o tamanho da imagem do vídeo não varia, as bobinas de de�exão é que serão as

responsáveis pelo aumento da amostra. Quanto maior o aumento, menor a região varrida e

menor a de�exão do feixe.

É muito importante do fato de se poder variar o aumento da imagem somente va-

riando a área varrida sem ter que modi�car outros parâmetros do MEV. Uma conseqüência

é a possibilidade do operador selecionar um aumento maior do que o desejado para a ima-

gem, podendo então focar adequadamente o feixe na amostra e com isso obter uma correta

focagem.

Conforme pode ser observado na �gura acima, o tamanho do feixe considerado ideal,

para um determinado aumento, é aquele cujas bordas do feixe tocam levemente a linha

anteriormente varrida. Se o diâmetro do feixe é muito grande, ocorre uma sobreposição das

linhas varridas e o resultado é uma imagem fora de foco.

Para �nalizar nosso pequeno relato desta poderosa técnica de caracterização fala-

remos do processamento e interpretação da imagem obtida pela interação elétron- amos-

tra. Esta interação é de bastante relevância, pois nos informações da natureza da amostra

incluindo composição, topogra�a, potencial eletrostático, campo magnético local e outras

propriedades da amostra.

O elétron do feixe eletrônico ao atingir a superfície da amostra irá interagir com

os átomos da amostra. Como conseqüência da presença do potencial atômico e nuclear da

amostra este elétron sofrerá modi�cação na sua velocidade inicial. Esta variação da velocidade

pode ser somente na direção ou pode ocorrer tanto na direção quanto no módulo (magnitude).

As interações nas quais ocorre a mudança na trajetória do elétron, sem que ocorra

variação na sua energia cinética são ditas interações elásticas. Aquelas em que há trans-

ferência de energia do elétron primário (ep) para os átomos da amostra são chamadas de

interações inelásticas.

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Page 81: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Entretanto, para uma correta interpretação e necessário também levar em conta a

presença dos elétrons do próprio átomo. O elétron do feixe ao penetrar no átomo irá interagir

também com os elétrons ao redor do átomo resultando principalmente em espalhamento ine-

lástico do elétron e transferência de energia para o átomo. Como resultado destas interações,

elétrons das várias camadas do átomo poderão ser liberados.

Contudo a amostra �cará com um excesso de elétrons, devido a tal excesso um

revestimento metálico muito �no é aplicado sobre a superfície de materiais não condutores,

tal metalização consiste na precipitação de uma película de ouro, paládio ou carbono, para

nossas amostras usamos uma metalização a base de carbono. As imagens são obtidas através

dos elétrons retroespelhados (BCE) e secundários (SE) emitidos pelo material.Como trata-se

de um método de caracterização não destrutivo, podemos reutilizar as amostras para estudos

posteriores ou então para medidas complementares.

4.2.1 O magnetometro de amostra vibrante

tro de amostra vibrante (MAV) foi um aparelho desenvolvido na década de 50

por Simon forner [7], este poderoso aparelho faz medidas de magnetização em função da

temperatura e do campo magnético utilizando como principio a lei de indução de faraday.

∇ × E =∂B

∂t

Está equação a�rma que a variação temporal de indução magnética B num dado

ponto do espaço r origina um campo elétrico naquele ponto. Com este conhecimento podemos

escrever o valor da diferença de potencial para uma bobina de n voltas e seção transversal de

área A.

V = −nA∂B

∂t

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Page 82: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Se a bobina é posicionada em um campo magnético constante, temos que:

B = µ0H

consequantemente teremos:

vdt = −nAµ0M

Isso signi�ca que o sinal de saída da bobina é proporcional à magnetização M, mas

independente do campo magnético no qual o valor de M é determinado.

O (MAV) é bastante utilizado pelas instituições de pesquisa devido a seu excelente

desempenho e baixo custo operacional, o magnetometro de amostra vibrante (MAV) é cons-

truído principalmente de um driver, um ampli�cador Lock-in, gaussimetro, nanovoltimetro,

gerador de freqüência e um gerador de corrente. O qual é mostrado com maior riqueseza de

detalhes na �gura 4.10. [3][8][9]

lxxx

Page 83: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.10: Magnetometro de amostra vibrante fabricado no LMMM

Tais medidas são executadas quando incidimos um material entre as bobinas cap-

tadoras do magnetometro, contudo o material �ca dentro de um porta amostra o qual está

acoplado a uma haste de alumínio, este conjunto está �xado em um alto falante que funciona

como drive-controlado pelo gerador de freqüência. Assim fazendo a amostra vibrar sob a

in�uencia de um campo magnético uniforme que é gerado pelos pólos de um eletromagneto,

o qual é controlado por uma fonte de corrente ajustável de 0 a 15 A.

Tal potência fornecida pela fonte de corrente é su�ciente pra gerar um campo de

magnético máximo no centro dos pólos do magneto de 10 KOe num gap de 2,5 cm. Devido a

este campo será induzido na amostra um momento de dipolo o qual é proporcional ao produto

da susceptibilidade e do campo magnético. Quando a amostra é colocada para vibrar um sinal

produzido por esta, devido a sua variação de �uxo magnético é proporcional ao movimento,

amplitude e freqüência de vibração, a variação do �uxo magnético da amostra induzirá um

sinal elétrico nas bobinas captadoras. Este sinal é quanti�cado pela expressaõ:

E = σGA2πf cos(2πft)

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Page 84: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Onde f é a frequencia de vibração, σ é o momento magnetico da amostra, G é a função da

geometria das bobinas de captação e A é a amplitude de vibração. No entanto para se obter

uma medida de momento magnético é preciso eliminar as dependências com a amplitude e

freqüência, isto é conseguido fazendo detecção síncrona em um circuito com realimentação.

O detector síncrono, lock-in, (modelo 5210) é sintonizado na freqüência de vibração usando

um sinal de referencia do controlador de vibração, assim ele detecta e registra a voltagem em

fase a partir do sinal das bobinas.

O lock-in é capaz de medir tensões na escala de nanovolts, alem de fazer a �ltragem do

sinal e eliminar ruídos provenientes das bobinas. O magnetometro de amostra vibrante (MAV

) Pode ser utilizado tanto para fraca e fortemente substâncias magnéticas, e pode detectar

um momento magnético de cerca de 10−5 emu =erg/Oe ou 10−8 Am2, isto correponde a

magnetização de saturação de cerca de 0,04µg de ferro.

O magnetometro pode ser adaptado para medidas tanto em alta e baixas tempe-

raturas,o magnetometro construido na UFRN no laboratorio de materiais magnéticos tem

a autonomia de medir M × T num intervalo de temperatura de 77 a 650 K em campos de

10KOe e fazer medidas de histereses em campos de -10 a 10 KOe.

Para medias em baixa temperatura a interface recebe informações de um termopar

de cobre-constantan constantan que serão ampli�cadas pelo nanovoltimetro. Contudo para

se fazer medias em baixa temperatura usa-se de um reservatório com a adição de nitrogênio

liquido, o qual o material �ca emergido por certo tempo.[3][9][?]

4.2.2 Medidas de magnetização

As medidas de magnetização foram feitas no laboratório de matériais magnéticos

(LMM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tais medidas foram executadas no

magnetometro de amsotra vibrante (MAV) descrito anteriormente. As curvas de histerese,

�gura 4.11, obtidas com o (MAV),tem uma importância fundamental na caracterização de

matérias magnéticos em particular nossas perovskitas.Tal ciclo nos fornece relevantes infor-

mações sobre o material. Nela observamos a magnetização de saturação, Ms, que é o valor

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Page 85: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.11: Ciclo de histerese

da magnetização quando todos os momentos magnéticos estão alinhados com o campo.

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Page 86: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Quando o campo é retirado ocorrem processos de relaxação que tendem a levar

o sistema em seu estado inicial, porem devido a processos irreversíveis, o material �ca com

uma magnetização remanente,Mr.Quando aplicamos um campo magnético no sentido oposto,

ocorre a diminuição da magnetização onde esta tende a zero, campo coercivo Hc.Um material

pode ser duro ou mole de acordo com o valor do campo coercivo,no entanto não existe um

limite exato que separe essas duas denominações. Porem quando Hc > 100Oe tal material

pode ser considerado duro e quando Hc < 5Oe ele é considerado mole magneticamente.

4.2.3 Medidas de capacidade térmica

Nas nossas amostras La1−xSrxFeO3−δ foram feitas medidas de capacidade térmica

a �m de termos o conhecimento do calor especí�co, bem como o ponto de transição de fase

que ela apresenta. Tais medidas foram realizadas no centro de ciências exatas e naturais,

CCEN, no departamento de física da Universidade Federal de Pernambuco. O procedimento

detalhado como também um pouco da história de como tais medidas surgiram será relatado

nas próximas linhas. Como também será descrito um pouco do equipamento utilizado para

tal tarefa.

4.2.4 Métodos para obtenção da Capacidade Calorí�ca.

Relatos históricos a�rmam que uma das primeiras pessoas a utilizar técnicas para

medidas de capacidade calorí�ca a altas temperaturas, foi o Corbino. Isto datado em 1910,

a técnica utilizada pelo Corbino fazia uso da modulação térmica. No desenvolvimento de

tal técnica, ele utilizou as oscilações da resistência elétrica de uma amostra para determinar

a mudança na temperatura resultante desta amostra, devido à passagem de uma corrente

alternada pela tal.

Este método com o passar dos anos chegou a ser utilizado para estudo de transições

de fazes em materiais. Devido este trabalho surgiram vários outros métodos para a obtenção

da capacidade calorí�ca, uma delas é desenvolvida por Machado e Clark, onde aqui a medida

da capacidade calorí�ca é feito a partir da utilização de uma onda quadrada para produzir

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Page 87: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

excitação térmica

4.2.5 O PPMS

Para a obtenção de nossas medidas de capacidade calorí�ca foi utilizado o PPMS-

Physical Property Measurement system, o qual tal equipamento também faz o uso da mo-

dulação térmica por onda quadrada. A vantagem de se utilizar o PPMS é que as medidas

são feitas com uma pequena quantidade de amostras e alem de tudo ele apresenta uma in-

terface de fácil manuseio a qual permite efetuar-se análise dos dados durante as medidas. No

PPMS também são feitas medidas de Magnetização dc e susceptibilidade AC, como também

transporte térmico e elétrico.

Para as medidas da capacidade térmica foi utilizada a opção Heat Capacity, a qual

mede a capacidade térmica a pressão constante. A qual tal medida é expressa da seguinte

forma:

Cp = (dQ

dT)p

A opção Heat capacity controla o calor adicionado e retirado de um calorímetro,

enquanto mede a variação de temperatura nele durante o processo, para tal medida é im-

portante o conhecimento da quantidade de calor aplicado. Tal quantidade é determinada

pela potencia aplicada, que é constante, e pelo intervalo de tempo �xo no qual a potencia

permanece aplicada ao calorímetro. O intervalo de tempo de aquecimento potencia ligada, é

seguido por um intervalo de tempo de resfriamento potencia desligada.

O PPMS é constituído de uma plataforma a qual é colocada a amostra, a amostra

é colocada na plataforma com uma camada �na de graxa, tal graxa proporciona o contato

térmico com a plataforma. A plataforma da amostra está acoplada a uma plataforma de

aquecimento e a um termômetro, estes dois equipamentos estão acoplados na parte inferior da

plataforma da amostra, a conexão elétrica entre a plataforma de aquecimento e o termômetro

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Page 88: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

é feito através de �os �nos.

O PPMS possui uma bomba de alto vácuo, o qual fornece um vácuo su�ciente para

isolar a condutibilidade térmica entre a plataforma da amostra e o banho térmico sendo

totalmente dominada pela condutibilidade dos �os. Assim dando uma ligação reprodutível

do calor ao banho, com uma constate de tempo grande, para permitir que a plataforma e a

amostra consigam equilíbrio térmico su�ciente durante a medida.

O PPMS atinge uma faixa de temperatura de 1,9 - 400 k com exatidão de 0, 5%.

Com uma taxa de variação de temperatura, aquecimento e resfriamento de 0,01 a 12 K/min.

Onde temos uma instabilidade de temperatura é de no máximo 0, 2%, para temperaturas que

vão até 10 K e de 0, 02% para temperaturas superiores a 10K. A �gura a seguir nos mostrará

uma idéia geral do PPMS usado, assim como os equipamentos que o constituem.

Figura 4.12: Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO.

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Page 89: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

A �gura do PPMS acima é constituído de: DEWAR, Modelo 6000 e 6500 controlado-

res do PPMS, linhas de bombeamento, bomba de Vácuo, sonda, cabos de conexão, gabinete

eletrônico, conjunto de portas placa e pukc da amostra. Gande parte dos entes constituintes

do PPMS serão relatados a seguir.

4.2.6 Componentes do PPMS

O primeiro componente a ser relatado será o Dewar, �gura 4.13, o Dewar é o

grande tubo cilíndrico contendo o banho de hélio liquido, este equipamento é constituído de

duas câmaras. Umas delas feita de alumino, que serve como grande isolador para minimizar o

consumo de Hélio liquido. A outra câmara já vem com um vácuo feito pelo próprio fabricante.

Sua capacidade é de 30 L de hélio liquido.

Figura 4.13: Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO.

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Page 90: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

O próximo componente a ser relatado será a sonda. Que é um equipamento removível

e que �ca localizado dentro do Dewar, tal componente �ca sob um banho de hélio líquido. Este

aparelho de estrema importância é formado por: Um magneto supercondutor, um medidor

de nível de hélio, linhas de gás conectores do pukc da amostra, conexões elétricas como

também por componentes que controlam a temperatura. Na sonda está localizada a câmara

da amostra.

A parte superior da sonda �ca do lado de fora do Dewar, nele existem duas entradas

para a transferência de hélio líquido e todas as portas de conexões para unir as linhas de gás,

linhas de vácuo e linhas elétricas do modelo 6000.

Figura 4.14: Sonda do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO.

lxxxviii

Page 91: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para o controle do PPMS temos dois equipamentos, o modelo 6000 e o 6500. O

modelo 6000 controla as válvulas eletrônicas e as de controle de gás, usadas para o controle

de temperatura. Já o modelo 6500 é o controlador da opção heat capacity, e faz a ligação

entre o computador e o modelo 6000.

Figura 4.15: Gabinete eletrônico do PPMS

lxxxix

Page 92: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

O controle da pressão no espaço da amostra é feita pela bomba de vácuo �gura 4.16.

Assim facilitando o controle da temperatura, trabalhando em conjunto com o modelo 6000,

que regula o vácuo e as taxas de �uxo de gás de hélio.

Figura 4.16: Bomba de vácuo

xc

Page 93: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Outro componente a ser relatado aqui será o Puck da amostra, este componente é

o que tem maior movimentação no PPMS. Ele é constituído de cobre para manter a alta

condutividade e assim garantir uma boa uniformidade na temperatura. Abaixo do Puck

estão localizados o aquecedor e o termômetro. Neste equipamento há 12 pinos localizados na

parte inferior, estes pinos são os responsáveis pela conexão com a sonda, onde as informações

são enviadas e recebidas, quando o mesmo estiver conectado ao PPMS.

Figura 4.17: Componentes do Puck

xci

Page 94: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 4.18: Puck da amostra seguido do microcalorimetro do PPMS.

xcii

Page 95: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

4.2.7 O efeito Mossbauer

O efeito mossbauer se deu depois da descoberta do efeito de absorção nuclear resso-

nante. Tal absorção nuclear ocorre quando núcleos excitados, com energia Ee, podem liberar

o excesso de energia ao decair para o estado fundamental, de energia Ef , emitindo assim

radiação do tipo com energia E(y)=Ee -Ef . Se o gama emitido atinge outro núcleo idêntico

(igual no de prótons e nêutrons), no estado fundamental, pode ser absorvido ressonantemente

passando ao estado excitado, como ilustrado na �gura abaixo.

Figura 4.19: Absorção nuclear ressonante

xciii

Page 96: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para núcleos �xos esse decaimento deve envolver todos os valores possíveis de ener-

gia no intervalo de Ef = Γ2, onde Γ é a largura da linha espectral. Chamando de I(E) a

probabilidade de que o decaimento ou, mesmo, a excitação do núcleo ocorra com energia E,

a linha espectral apresenta a forma de uma lorentziana.

Figura 4.20: Absorção nuclear ressonante

xciv

Page 97: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

I(E) como função da energia de transição. Γ representa a incerteza na energia do

estado exitado. A existência desse intervalo para possíveis energias para emissão em um

decaimento é baseada no principio da incerteza de Heisemberg. Um outro fator importante

na absorção nuclear, é o possível recuo dos núcleos envolvidos �gura abaixo.

Figura 4.21: Absorção nuclear ressonante

xcv

Page 98: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Assim temos que um átomo livre ao emitir ou absorver um foto se desloca por

uma unidade Er. Tendo tendo um recuo tanto do emissor quanto do absorvedor, temos

linhas separadas por um fator de 2Er. Assim temos ressonância se Γ ≥ 2E, esta que torna

virtualmente impossível a ressonância para a maioria dos elementos, como é o caso do 57Fe

No entanto sabe-se que para termos uma observação da absorção nuclear, há uma

necessidade de uma signi�cativa área de superposição de espectros. A descoberta da resso-

nância nuclear ressonante, levou mossbauer a ganhar o premio Nobel em 1961. Em um dos

experimentos para sua tese, Mössbauer fazia medições relativas à absorção ressonante e ao

espalhamento da radiação emitida na transição do estado excitado de 129 keV do 191Ir, por

meio de um cristal natural do elemento.

Com experimento em baixas temperaturas, esperava-se que, com um efeito Doppler

menos intenso devido à diminuição da agitação térmica, a largura das linhas diminuísse. Isto

levaria a uma menor superposição entre as linhas de absorção e emissão e, conseqüentemente,

menos absorção de fótons. No entanto, Mössbauer observou exatamente o contrário, ou seja,

um aumento na absorção ressonante em baixas temperaturas.

Mössbauer buscou a máxima superposição das linhas de absorção e emissão. Esta

superposição é obtida imprimindo-se à fonte radioativa uma velocidade relativa ao absorvedor,

o que leva a uma modulação da energia do raio γ através do efeito Doppler.

A ilustração abaixo mostra um arranjo experimental simpli�cado da espectroscopia

mossbauer. Aqui temos que a fonte radioativa é �xada na ponta de um eixo ligado a um

transdutor de velocidade , que por sua executa um movimento oscilatório longitudinal, com

a velocidade ajustada. Aqui uma amostra é posta no caminho da radiação colimada e atrás

da amostra um detector de os fótons emitidos.

Figura 4.22: Arranjo simpli�cado do experimento mossbauer

xcvi

Page 99: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Para a velocidade instantânea da fonte, o efeito dopler levará as curvas de absorção

e emissão se superporem. Quando a ressonância será máxima e, conseqüentemente, a trans-

missão mínima, com o que a taxa de contagem cai sensivelmente, criando os chamados vales

de ressonância. A espectroscopia mossbauer apresenta algumas características e propriedades

interessantes como:

• Alta sensibilidade, possibilitando executar medidas em intervalos pequenos de energia..

• Não destrutividade do sistema em estudo

• Possibilidade de medidas quantitativas e qualitativas de fazes cristalizadas, amorfas ou

de cristalização pobre. .

A espectroscopia mossbauer nos fornecem informações sobre os estados de oxidação,

propriedades do ambiente local dos isótopos e a in�uência da eletronegatividade de outros ti-

pos de átomos coordenados com o ferro podem ser extraídos a partir dos seguintes parâmetros

hiper�nos.

1 deslocamento isométrico δ

Relacionado com o estado de oxidação ou a valência dos átomos que compõe a

amostra. Sua magnitude depende da densidade total de elétrons no núcleo do 57Fe sendo a

densidade de elétrons inversamente proporcional ao δ.

2 desdobramento quadrupolar ∆Q

Parâmetro referente ao potencial eletrostático dos átomos. É a medida da sime-

tria cúbica ou esférica, das cargas externas ao núcleo, resultante da interação do momento

quadrangular nuclear com o gradiente do campo elétrico região do núcleo.

3 campo hiper�no Hhf

Reporta-se nos momentos magnéticos dos átomos envolvidos na ressonância. Espe-

ci�camente envolve a interação entre o momento magnético nuclear e o campo magnético no

núcleo.

xcvii

Page 100: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Contudo os espectros magnéticos de amostras que contem ferro em sua composição

podem apresentar na presença das interações hiper�nas algumas características peculiares

como: uma única linha de ressonância, o qual se denomina (singleto), duas linhas (dupleto)

e seis linhas um (sexteto) em casos raros pode-se ainda encontrar oito linhas (octeto).

Sabe-se que matérias que apresentam o singleto como assinatura do seus espectros.

São compostos com o desdobramento quadrupolar e campo hiper�no nulos. Nesses compos-

tos não apresenta, quebra de degenerescência em seus níveis nucleares. Já os que apresentam

um dupleto como assinatura, possuem campo hiper�no nulo, mas o seu desdobramento qua-

drupolar é diferente de zero.

Para este caso temos uma degenerescência para o primeiro nível excitado. No caso de

um aparecimento de um sexteto como assinatura da amostra temos que seu campo hiper�no

é diferente de zero, mas o desdobramento quadrupolar é nulo. Assim os níveis hiper�nos se

desdobram no número de transições permitidas pela regra de seleção.

xcviii

Page 101: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Capıtulo 5Resultados e discussões

Este capítulo é dedicado a exposição e bem como as discussões dos diversos resul-

tados experimentais obtidos com as amostras perovskitas tipo:La1−xSrxFeO3, (0 ≤ x ≤ 0.5)

e La1/3Sr2/3FeO3. Calcinadas em um intervalo de temperatura compreendido entre 800

e 1200o. Todas preparadas pelo método de via úmida sol-gel. Discutiremos os resultados

encontrados pelo conjunto de dados criado através das técnicas de difratometria de raios-x

(DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia Mossbauer, medidas de

magnetização e calor especí�co.

5.1 Amostras La1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5)

5.2 Caracterização Estrutural

A caracterização estrutural das amostras perovskitas do tipo La1−xSrxFeO3 com

x= 0, 0.3, 0.4, 0.5 preparados através da método sol-gel, foram caracterizados por difrato-

metria de raios-x (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Tais técnicas são de

suma importância para descobrir-mos a quantidade de concentração do estroncio (Sr), bem

como ajudar-mos a entender como tal concentração in�uencia nas propriedades estruturais

dos compostos e nos resultados de outras medidas.

xcix

Page 102: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.3 Difratometria de raios-x (DRX)

Todos os picos dos difratogramas de raios -x foram re�nados e indexados pelo mé-

todo Rietveld. Os parâmetros estruturais foram conseguidos através de resultados que já

existem na literatura e no banco de dados (ICDS) Inorganic Crystal Structure Databade,

Consultados no portal da pesquisa (www.portaldapesquisa.com.br) e com a ajuda do pro-

grama de identi�cação cristalogra�a Maud (versão 2.24). Nossos difratogramas resultaram

em picos de difração muito bem de�nidos, e estreitos. Isto é o principal indício do excelente

processo de cristalização e homogeneidade do material.

Figura 5.1: Difratometria de raios-x para La1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5)

c

Page 103: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Os resultados de difração de raios-x para as amostras sintetizadas em atmosfera

de O2 para x = 5 e em atmosfera ambiente para as demais concentrações mostram picos

característicos das perovskitas. Aqui se observa que para a concentração x = 0 e x = 0.3,

todos os difratogramas são re�nados com simetria ortorrômbica e grupo espacial Pbnm: Cad

e para concentração x = 0.4 e x = 0.5 foram re�nadas com simetria romboédrica e grupo

espacial R3c, como mostrado na tabela abaixo. Também pode-se notar que o valor da célula

unitária decais com a concentração de estrôncio (Sr).

concentração (x) Dm(nm) simetria e

G.E

Parâmetros

de rede (Å)

volume da

célula ()3

0, Sinterizada

em ambiente

111,80 Ortorrômbica

Pbnm:cad

(a)5,565

(b)5,555

(c)7,860

242,981

0,3 Sinterizada

em ambiente

100,07 Ortorrômbica

Pbnm:cad

(a)5,506

(b)5,545

(c)7,799

238,109

0,4 Sinterizada

em ambiente

67,91 romboédral

R3c

(a)5,534

(c)13,466

357,147

0,5 Sinterizada

em ambiente

106,46 Ortorrômbica

Pbnm:cad

(a)5,482

(b)5,515

(c)7,776

235,093

Os diâmetros médios do cristalitos Dm decaem inicialmente com o aumento da quan-

tidade de Sr, e aumentam na concentração x-0,5. Aqui sabemos que estes resultados estão

de acordo com a literatura encontrada??.Na amostraa com concentração x=0.4 a simetria

que melhor se adaptou as distorções na rede foi a: romboedral e grupo espacial (R3c). já na

amostra com x=0.5 temos uma mistura de fases: Uma ortorrombica (Pbnm: cad) e outra

romboedral (R3c).

ci

Page 104: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.4 Medidas de Magnetização

No magnetômetro de amostra vibrante (MAV), foram executadas medidas de mag-

netização em função do campo magnético á temperatura ambiente, em todas as amostras.

La1−xSrxFeO3 com x= 0, 0.3, 0.4, 0.5.

As curvas de magnetização em função do campo magnético para as amostras com

concentrações compreendidas entre x = 0 e x = 0.5 apresentam resultados bastantes interes-

santes. Nas amostras com X = 0.3 e X = 0.5, suas respectivas curvas apresentam um valor

muito baixo de magnetização de saturação (Ms < 0.1) e campos coercivos também baixos.

Este é um comportamento típico de um material que apresenta um Canted Antiferromagné-

tico. Nestes compostos observamos o aumento da magnetização de saturação com o aumento

da concentração de Estrôncio (Sr).

O aumento da magnetização de saturação destas amostras pode ser explicado devido

a mudança no comprimento de ligação entre o ferro e o oxigênio, o qual está relacionado com

o aumento da concentração de Sr nas amostras. Isso acarreta em um aumento na célula

unitária, onde tem-se um enfraquecimento das interações de super- troca responsável pelo o

ordenamento antiferromagnético.

A amostra calcinada com x = 0.4, apresenta uma saturação bem maior que do que

as outras amostras. Aqui temos um Ms = 1, 25emu/g , enquanto a amostra cm x = 0.3

tem um Ms = 0.15meu/g. A amostra x =0.4 também apresenta um alto campo coercivo

Hc = 0, 28T . Todos estes valores estão descritos na tabela abaixo.

cii

Page 105: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

concentração (x) 0 0.3 0.4 0.5

Magnetização

de Saturação

(Msemu/g)

0.6 0.10 1.25 0.20

Campo Coerci-

tivo

- 0.03 0.28 0.07

Campo Rema-

nente (emu/g)

- - 0.8 -

Figura 5.2: Curvas de Histereses das amostras calcinadas (x = 0 ; 0.3 ; 0.4 e 0.5)

ciii

Page 106: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Estes resultados indicam uma alta anisotropia magnética. Na literatura existem

resultados em que se encontra uma magnetização de saturação muito alta, acima de 0,25

meu/g, em amostras tratadas termicamente em atmosfera de Co/Co2 [11]. Tal efeito acredita-

se ocorrer devido uma pequena precipitação de Hexaferrita de estrôncio no material, onde

pode ser visto no diagrama abaixo.

Figura 5.3: Diagrama de fase da hexaferrita de estrôncio

civ

Page 107: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Um resultado interessante ocorre para a concentração x =0.4 sinterizada. Ela apre-

senta valores de magnetização maiores que 1.75 emu/g e um alto campo coercitivo Hc =

0.45T , nesta amostra temos uma curva de histerese mais parecida de uma amostra ferromag-

nético do que de um material antiferromagnético com canted. Tal resultado �ca de acordo

com o do seu resultado mossbauer, onde identi�camos um aumento signi�cativo em sua com-

ponente magnética. Acreditamos que tal efeito ocorra devido o rearranjo dos sítios de ferro

na amostra.

Figura 5.4: Curvas de Histerese das amostras sinterizadas

cv

Page 108: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Já na amostra com x= 0.5 (sinteriza em O2), a curva de histerese volta a apresentar

valores bem baixos na magnetização de saturação Ms = 0, 25emu/g, uma possivel explicação

para tal fato é que a amostra voltou a possuir simetria ortorrômbica.

Figura 5.5: Curva de histerese da amostra sinterizada, x = 0

cvi

Page 109: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

No entanto o espectro mossbauer desta amostra apresenta dois singletos, o que é

típico do Fe3+ e do Fe4+ no estado paramagnético. Tal resultado apresenta uma aparente

contradição, no entanto, devido a temperatura crítica do ordenamento de cargas nesta con-

centração se emcontra muito próxima da temperatura. A aplicação de um campo magnético

externo deverá orientar os momentos magnéticos porduzindo assim um momento magnético

resultante para esta amostra.

5.5 Espectroscopia Mossbauer

Os resultados da espectroscopia Mossbauer à temperatura ambiente nos revelam

informações relevantes entre as diferenças das amostras calcinadas e as sinterizadas, no in-

tervalo de 0, 3 ≤ x ≤ 0, 5. Os espectros das amostras calcinadas nas concentrações de x =

0.3 e x= 0.4 apresentam quatro sextetos, referentes aos estados de oxidação do Fe, nestas

amostras temos predominantemente o ferro em dois estados de oxidação: Fe3+ e Fe+4. Nelas

também observamos a presença de um singleto e um dupleto referentes ao Fe nos dois estados

de oxidação nos sítios não ordenados magneticamentes

Figura 5.6: Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.3

cvii

Page 110: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.7: Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.4

cviii

Page 111: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Nas amostras com x=0.4, temos uma maior concentração de Fe+4,o que já era de se

esperar, pois devido a estudos relatados temos uma diminuição da quantidade de sítios Fe3+

devido o aumento da concentração do estroncio (Sr). Já nas amostras sinterizadas temos

visto que os sítios magnéticamentes ordenados, (sextetos), são mais acentuados.

Na amostra com x= 0,3 os sítios paramagnéticos reprsentam cerca de 28, 78% do

espectro da amostra calcinada, enquanto que na sinterizada esse percentual cai para 13, 703%.

O mesmo ocoree para a amostra com x= 0,4.

De modo geral, a calcinação das amostras x = 0.3 e x=0.4. Fez crescer a absorção

dos sítios ordenados magnéticamente. Com a sinterização ocorre um rearranjo dos sítios

cristalográ�cos com consequência nas propriedades magnéticas. O que está de acordo com

as medidas de magnetização realizadas nestas amostras. Tal rearranjo pode ser causado pela

variação na quantidade de oxigênio nestas amostras. O aumento na quantidade de oxigênio

pode diminuir a quantidade de fe4, o que reduz o percentual de sítios paramagnéticos.

Figura 5.8: Amostra sinterizada x = 0.3

cix

Page 112: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.9: Amostra sinterizada x = 0.4

cx

Page 113: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Na amostra calcinada x= 0,5, observamos resquício de sextetos magnéticos com

baixas intensidades, já na sinterizada, em atmosfera de oxigênio, temos o ajuste preciso de dois

singletos de diferentes intensidades, os quais são referentes ao ferro nos estados de oxidação

Fe3+ e Fe+4, no mesmo sítio cristalográ�co. Tendo em vista os resultados da magnetização

que mostravam um comportamento magnético para esta amostra em temperatura ambiente,

os respectivos espectros mossbauer apresentam uma contradição. Entretanto cosiderando-se

que nesta amostra a temperatura de Néel está muito próxima da temperatura ambiente e que

neste sistema a uma desordem espacial induzida pela distribuíção aleatória dos átomos de Sr

na rede cristalina, a aplicação do campo externo na medida de magnetização pode orientar

os momentos magnéticos, produzindo assim a magnetização observada.

Figura 5.10: Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 calcinada

cxi

Page 114: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.11: Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 sinterizada

cxii

Page 115: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Parâmetros Mossbauer, La0,7Sr0,3FeO3−δ calcinada

Sítios 1 2 3 4 5 6

Hhf (KOe) - - 248,141 388,347 453,441 496,205

∆Q (mm/s) - 2,281 0,407 0,418 0,213 -0,108

δ (mm/s) 0,058 0,293 0,585 0,118 0,061 0,257

Γ (mm/s) 0,645 0,453 1,007 0,915 0,858 0,506

A (%) 19,17 9,61 11,34 9,29 10,91 19,68

Parâmetros Mossbauer, La0,6Sr0,4FeO3−δ calcinada

Sítios 1 2 3 4 5 6

Hhf (KOe) - - 244,918 386,631 449,462 492,677

∆Q (mm/s) - 2,294 0,539 0,273 0,307 -0,144

δ (mm/s) 0,047 0,267 0,553 0,096 0,054 0,274

Γ (mm/s) 0,768 0,414 0,761 1,073 0,972 0,506

A (%) 17,25 10,02 16,03 14,18 17,03 25,49

Parâmetros Mossbauer, La0,5Sr0,5FeO3−δ calcinada

Sítios 1 2 3 4 5 6

Hhf (KOe) - - 235,044 380,786 440,695 483,188

∆Q (mm/s) - 2,249 0,581 0,418 0,213 -0,108

δ (mm/s) 0,026 0,234 0,615 0,118 0,061 0,257

Γ (mm/s) 0,736 0,453 1,008 0,915 0,858 0,506

A (%) 56,07 7,70 14,62 9,43 8,72 3,46

Parâmetros Mossbauer, La0,7Sr0,3FeO3−δ sinterizada

cxiii

Page 116: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Sítios 1 2 3 4 5 6

Hhf (KOe) - - 256,921 383,031 445,669 478,038

∆Q (mm/s) - 2,194 0,576 0,082 0,063 -0,051

δ (mm/s) 0,058 0,283 0,119 0,144 0,172 0,227

Γ (mm/s) 0,645 0,379 0,562 1,138 0,918 0,571

A (%) 0,003 13,70 13,08 16,56 32,39 24,27

Parâmetros Mossbauer, La0,6Sr0,4FeO3−δ sinterizada

Sítios 1 2 3 4 5 6

Hhf (KOe) - - 227,198 313,323 394,661 483,324

∆Q (mm/s) - 1,817 0,251 -0,037 0,405 -0,031

δ (mm/s) 0,076 0,237 0,248 0,186 0,076 0,1307

Γ (mm/s) 0,768 0,414 0,936 1,050 0,966 0,356

A (%) 8,38 14,78 25,90 20,26 24,13 6,55

5.6 Amostras La1/3Sr2/3FeO3

Relataremos agora o conjunto de resultados obtidos das amostras La1/3Sr2/3FeO3

com temperatura de calcinação entre 800 e 1200◦. Tais amostras também foram feitas sob

as mesmas condições das amostras com as concentrações já relatadas aqui neste trabalho,

entretanto nas amostras La1/3Sr2/3FeO3 não foram feitas sinterizações.

5.7 Caracterização estrutural.

Similarmente como feitos em outras concentrações começamos com a caracterização

estrutural. Tais caracterizações para as La1/3Sr2/3FeO3 foram feitas por difratometria de

raios -x e microscopia eletrônica de varredura. Com o mesma �nalidade de entendermos como

a entrada de estrôncio neste composto in�uencia o comportamento estrutural e magnético.

cxiv

Page 117: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.8 Difratometria de raios -x

Os resultados de difratometria de raios -x, revelam-nos picos difratográ�cos muito

bem de�nidos. Assim temos mais uma vez um material com excelente homogeneidade.

Figura 5.12: Resultado da fdifratometria de raios-x para a amostra La1/3Sr2/3FeO3

cxv

Page 118: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

As amostras foram indexadas no grupo espacial R3c e simetria trigonal. A amostra

calcinada à temperatura de 800◦ apresenta além dos picos característicos da fase La1/3Sr2/3FeO3,

picos que são característicos de carbonato de estrôncio. Já os picos extras que aparecem na

amostra calcinada 1000◦ podem ser indexados com a fase do Sr4Fe6O13. Nestas amostras

observamos um aumento do tamanho do cristalito com o aumento da temperatura como

mostrado na tabela abaixo.

Parâmetros estruturais para as amostras La1/3Sr2/3FeO3

La1/3Sr2/3FeO3 Dm Simetria e G.E Parâmetros de rede Volume

Cal1200◦ 108,8 Trigonal R3c (a)5.488374 (b)13,435286 404,7

Cal1100◦ 46,02 Trigonal R3c (a)5.475688 (b)13,454597 403,4

Cal1000◦ 45,07 Trigonal R3c (a)5.474182 (b)13,454746 402,9

Cal900◦ 35,83 Trigonal R3c (a)5.4739476 (b)13,413193 401,8

Cal800◦ 32,08 Trigonal R3c (a)5.406791 (b)13,42636 392,4

5.9 Microscopia eletrônica de Varredura

O outro tipo de análise realizado nestas amostras a �m de investigar a estrutura das

La1/3Sr2/3FeO3 foi à microscopia eletrônica de varredura (MEV), onde tal análise revelou a

presença de cristalitos manométricos de acordo com as informações obtidas pela difratometria

de raios-x.

cxvi

Page 119: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.13: Imagem da amostra calcinada em 800◦

Figura 5.14: Imagem da amostra calcinada em 900◦

cxvii

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Figura 5.15: Imagem da amostra calcinada em 1000◦

cxviii

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Figura 5.16: Imagem da amostra calcinada em 1100◦

cxix

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Figura 5.17: Imagem da amostra calcinada em 1200◦

cxx

Page 123: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.10 Medidas de Magnetização

As curvas de magnetização destas amostras revelam revelam dois comportamentos

distintos: As amostras calcinadas com temperaturas de 800; 900 e 1000◦ apresentam um

canted antiferromagnético, no entanto a amostra calcinada em 1000◦ apresenta uma magne-

tização de saturação que as demais. Tal comportamento é atribuído devido a presença da

fase Sr4Fe6O13. Já as amostras calcinadas nas maiores temperaturas 1100 e 1200◦ respecti-

vamente, mostram histereses típicas de um material paramagnéto.

Figura 5.18: Histereses das La1/3Sr2/3FeO3

cxxi

Page 124: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

5.11 Calor Especí�co

As medidas de calor especi�co, foi utilizado o microcalorimetro do PPMS, o qual foi

formalmente mencionado no capítulo 4. Para realizar-mos tais medidas foi preciso fazer um

contato térmico entre a amostra e o calorímetro, aqui temos que tal contato é feito utilizando

a graxa de vácuo Apiezon N4. tal conjunto formado pelo microcalorímetro do PPMS e a

graxa utilizada é chamado de adenda. No sistema de medida, para termos somente o valor

de Cp da amostra devemos subtrair da medida feita pelo PPMS a contribuição da adenda do

sistema.

As �guras a seguir mostram a capacidade térmica das nossas perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3,

o intervalo de temperatura para tais medidas ocorreu entre 150 K e 210 K, exceto para a

amostra calcinada a 1200◦ C o qual o intervalo de medida foi compreendido entre 5 K e 300

K.

Figura 5.19: Calor especí�co da amostra calcinada em 800◦

cxxii

Page 125: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.20: Calor especí�co da amostra calcinada em 900◦

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Page 126: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.21: Calor especí�co da amostra calcinada em 1000◦

cxxiv

Page 127: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.22: Calor especí�co da amostra calcinada em 1100◦

cxxv

Page 128: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.23: Calor especí�co da amostra calcinada em 1200◦

cxxvi

Page 129: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Figura 5.24: Conjunto calor especí�co das La1/3Sr2/3FeO3

cxxvii

Page 130: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

Nas amostras calcinadas a temperatura de 1100 e 1200K, observamos um pico carac-

terístico da transição de fase e do ordenamento magnético. Aqui temos que a temperatura

de transição do estado antiferromagnético para paramagnético é em torno de 200K, o que

está de acordo com alguns resultados encontrados??.

Aqui observamos que este pico do calor especí�co está situado quase na mesma

temperatura para todas as amostras, mas a intensidade torna-se muito fraca para as amostras

calcinadas a temperaturas de 800, 900 e 1000◦ C. Esse comportamento ocorre devido a

diminuição do tamanho de partículas, o que leva a destruição do ordenamento de cargas nas

amostras.

Em nossas medidas de capacidade térmica obtivemos a formação de histerese tér-

mica para as amostras calcinadas nas temperaturas de 1100 e 1200◦ C, tais anomalias no

calor especí�co são pontos característicos de transições de ordenamento magnético, para o

desordenamento magnético nestes compostos.

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Capıtulo 6Conclusões

Uma série de amostras da simetria La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 2/3), foi obtida

pelo método sol-gel. Para a concentração x= 0,5 somente um fase simples observada com

sinterização a atmosfera de O2. Antiferromagnetismo declinado foi observado no intervalo

(0 ≤ x ≤ 0, 5). A alta coercividade observada em amostras x=0,4, foi explicada em termos

de um mecanismo baseado no diagrama de fases ternário La2O3 − Fe2O3 − SrO.

Para as amostras com x= 2/3 calcinadas entre 800oC e 1200oC não foram observados

campos coercivos altos em nenhuma das amostras. Antiferromagnetismo declinado somente

foi observado nestas amostras calcinadas entre 800oC e 1000oC e nas amostras calcinadas em

1100oC e 1200oC foi observado um comportamento paramagnético.

Medidas de calor especí�co mostraram picos estreitos e histerese térmica somente

nas amostras calcinadas em 1100oC e 1200oC. Este efeito foi atribuido ao ordenamento de

cargas Fe3+ e Fe5+ presente nestas amostras.

cxxix

Page 132: Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com

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