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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE NEUTRALIZAÇÃO EXISTENTE NA CAVIDADE ORAL MONIQUE SAVERIANO DE BENEDETTO Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, para obter o Título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Área de Concentração: Odontopediatria São Paulo 2002

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Page 1: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃODO PODER DE NEUTRALIZAÇÃO EXISTENTE

NA CAVIDADE ORAL

MONIQUE SAVERIANO DE BENEDETTO

Dissertação apresentada à Faculdade de

Odontologia da Universidade de São Paulo,

para obter o Título de Mestre, pelo Programa

de Pós-Graduação em Odontologia.

Área de Concentração: Odontopediatria

São Paulo

2002

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Data da Defesa:____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr.:____________________________________________________

Julgamento:_______________________

Assinatura:________________________

Prof. Dr.:____________________________________________________

Julgamento:_______________________

Assinatura:________________________

Prof. Dr.:____________________________________________________

Julgamento:_______________________

Assinatura:________________________

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃODO PODER DE NEUTRALIZAÇÃO EXISTENTE

NA CAVIDADE ORAL

MONIQUE SAVERIANO DE BENEDETTO

Dissertação apresentada à Faculdade de

Odontologia da Universidade de São Paulo,

para obter o Título de Mestre, pelo Programa

de Pós-Graduação em Odontologia.

Área de Concentração: Odontopediatria

Orientador: Prof. Dr. José Nicolau

São Paulo

2002

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais,

José e Maria Inez

Pela minha formação como pessoa,por todo o amor, carinho e incentivoque sempre recebi!Vocês são meus maiores exemplos de vida!

À minha irmã,

Gisele Por ser uma grande AMIGA eestar sempre presente na minhavida!

Ao meu marido,

Marcelo

Por fazer parte da minha vida de forma tão importante...

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Orientador,

Prof. Dr. José Nicolau

Por ter me acolhido em seu laboratório com tanto carinho, pela orientação

sempre segura e principalmente pelos seus ensinamentos tão valiosos.

Meu eterno agradecimento!

Page 6: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Guedes-Pinto, Coordenador do Programa de

Pós Graduação em Odontopediatria, por sempre ter confiado em mim, por

todas as oportunidades que me foram oferecidas e principalmente pelo

agradável convívio durante todos esses anos.

Aos meus queridos professores e amigos Célia Regina M. D. Rodrigues,Ana Lídia Ciamponi, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Márcia T.Wanderley, Aida Sabbagh Haddad e José Carlos Petorossi Imparato por

todos os ensinamentos que me foram transmitidos, sempre com muito

carinho e atenção por todos vocês! Muito obrigada!

À memória do Prof. Dr. Ricardo Simão. Mathias, pela confiança e incentivo

desde os meus primeiros passos na Odontopediatria.

Aos meus amigos Danilo A. Duarte, Marcelo José Strazzeri Bönecker eJosé Carlos Petorossi Imparato meus grandes mestres e exemplos. Vocês

que sempre me acompanharam desde a monitoria, sempre me ajudaram e

incentivaram com tanto carinho, são também responsáveis por esta obra!

Aos meus colegas de turma do mestrado: Daniela P. Raggio, FaustoMedeiros Mendes, Glenda Nahás Bergamasco, Lucimara Teixeira dasNeves, Marisa Leiko Takeuti, Rachel de Oliveira Rocha e Tatiana A. P.Flores por todos os momentos de alegria que tivemos durante o curso.

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Ao meu amigo Fausto Medeiros Mendes por ser meu companheiro desde o

início da minha carreira acadêmica e sobretudo pela sua amizade tão

valiosa!

A todas as estagiárias e amigas que sempre nos ajudaram tanto no

atendimento das crianças durante o curso de mestrado.

Aos meus amigos do laboratório de Biologia Oral Douglas, Emily,Fernando, Fúlvia, Mariana, Marisa e Walter, pessoas maravilhosas que eu

tive a oportunidade de conhecer e conviver durante todo o curso. Muito

obrigada por todos os ensinamentos que me foram passados sempre com

muito carinho e pela convivência extremamente agradável no laboratório!

Aos meus amigos Fausto Medeiros Mendes e Walter Luiz Siqueira Juniorpela valiosa ajuda, disponibilidade e amizade durante o exame clínico dos

participantes da pesquisa!

Ao meu amigo Fernando Neves Nogueira pela sua disponibilidade e

atenção desde os meus primeiros dias no laboratório, pelo valioso auxílio na

análise estatística desta dissertação e enfim, por todos os conhecimentos

que me passou sempre que precisei.

Ao meu amigo Marcelo José Strazzeri Bönecker pela sua disponibilidade e

ajuda valiosa na elaboração do Summary.

Aos meus amigos, Marize, Julio, tia Jú e Conceição pelo carinho e

amizade durante todos esses anos!

A todos os Professores e funcionários do Departamento de MateriaisDentários da FOUSP pela acolhida carinhosa e pela convivência agradável

durante todo o curso.

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À DAX DENT pela doação dos kits Dentobuff Strip® utilizados durante a

pesquisa.

À Direção da Escola Keizo Ishihara Cefam pela atenção com que me

receberam e pela confiança depositada em mim.

À CAPES pela concessão da bolsa de estudo para realização do curso de

mestrado.

Aos participantes da pesquisa, principalmente as crianças! Sem vocês não

seria possível a realização deste trabalho.

Aos meus amigos e familiares que entenderam a minha ausência durante a

realização deste trabalho.

À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

desta dissertação.

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SUMÁRIO

p.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE SÍMBOLOS

RESUMO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 1

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................... 4

2.1 Saliva ........................................................................................... 4

2.1.1 Glândulas salivares......................................................................... 4

2.1.2 Composição da saliva .................................................................... 6

2.1.3 Funções da saliva .......................................................................... 11

2.2 Saliva e cárie dentária ...................................................................... 17

2.2.1 Testes salivares .............................................................................. 20

2.3 Métodos de determinação da capacidade tampão ........................... 27

2.3.1 Métodos colorimétricos .................................................................. 27

2.3.2 Métodos eletrométricos .................................................................. 31

2.3.3 Comparação entre os métodos ...................................................... 34

2.4 Propriedades da saliva e consumo de bebidas ácidas ..................... 40

2.5 Índices de placa, gengival e de cárie ................................................ 42

2.5.1 Índice de placa ............................................................................... 43

2.5.2 Índice gengival ............................................................................... 45

2.5.3 Índices de Cárie .............................................................................. 46

3. PROPOSIÇÃO .................................................................................... 48

4. CASUÍSTICA, MATERIAL E MÉTODO .............................................. 49

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4.1 Exame Clínico ................................................................................... 50

4.1.1 Índices ceo-d / CPO-D ................................................................... 50

4.1.2 Índice de Placa .............................................................................. 51

4.1.3 Índice Gengival .............................................................................. 51

4.2 Testes salivares ................................................................................ 52

4.2.1 Bochecho com refrigerante ............................................................ 52

4.2.2 Titulometria e Método Dentobuff Strip® ......................................... 54

4.3 Metodologia Estatística ..................................................................... 55

5. RESULTADOS .................................................................................... 57

5.1 Índices (IP,IG,CPO-D e ceo-d) .......................................................... 57

5.2 Fluxo salivar....................................................................................... 58

5.3 Titulação da saliva com ácido lático .................................................. 59

5.4 Dentobuff Strip® ............................................................................... 61

5.5 Bochecho com refrigerante Coca-cola® ........................................... 62

5.6 Correlação entre os métodos titulação da saliva com ácido

lático 0,01N e Dentobuff Strip® ........................................................ 65

5.7 Correlação entre os métodos titulação da saliva com ácido

lático 0,01N e bochecho com Coca-cola® ....................................... 69

5.8 Correlação entre o método do bochecho com Coca-cola® e

Dentobuff Strip® ............................................................................... 70

6. DISCUSSÃO ....................................................................................... 74

6.1 Considerações a respeito dos índices de placa (IP) e gengival

(IG) .................................................................................................... 74

6.2 Testes salivares ................................................................................ 75

6.2.1 Fluxo salivar .................................................................................. 76

6.2 2 Fluxo salivar e lesões de cárie ....................................................... 77

6.3 Capacidade tampão salivar e lesões de cárie ................................... 78

6.4 Fluxo salivar e capacidade tampão ................................................... 80

6.5 Métodos para determinação da capacidade tampão ........................ 81

6.5.1 Método eletrométrico ..................................................................... 82

6.5.2 Método colorimétrico ...................................................................... 86

6.5.2.1 Método colorimétrico simplificado ............................................... 87

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6.5.3 Comparação entre os métodos .titulometria e Dentobuff Strip® .... 89

6.5.4 Método de neutralização com uso de refrigerante ......................... 90

6.5.5 Comparação entre os métodos ...................................................... 93

7. CONCLUSÃO ..................................................................................... 95

ANEXOS ........................................................................................... 96

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 108

SUMMARY

APÊNDICES

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LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 - Distribuição da frequência do fluxo salivar ............................ 59

Figura 5.2 - Distribuição da frequência do volume de ácido lático

utilizado durante a titulação da saliva .................................... 60

Figura 5.3 - Distribuição da frequência de valores encontrados

com o método Dentobuff Strip® para a capacidade

tampão salivar........................................................................ 61

Figura 5.4 - Distribuição da frequência da variação de pH do

refrigerante Coca Cola® após o bochecho. ........................... 63

Figura 5.5 - Correlação entre a diferença de pH obtida após o

bochecho com Coca-cola® e o fluxo salivar em ml/min......... 65

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Figura 5.6 - Correlação entre o volume de ácido lático utilizado na

titulação e os valores encontrados com o método

Dentobuff Strip®..................................................................... 66

Figura 5.7 - Distribuição da frequência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com o valor de pH < 4,0 do

Dentobuff Strip®.................................................................... 67

Figura 5.8 - Distribuição da frequência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com a faixa de pH entre 4,5 e 5,5

do Dentobuff Strip® ............................................................... 68

Figura 5.9 - Distribuição da frequência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com o valor de pH > 6,0 do

Dentobuff Strip® .................................................................... 69

Figura 5.10 - Correlação entre o volume de ácido lático utilizado

na titulação da saliva com a diferença de unidades de

pH encontrada após o bochecho com Coca-cola® ............... 70

Figura 5.11 - Distribuição da frequência da variação de unidades

de pH após o bochecho com Coca-cola ® de acordo

com o valor de pH <4 do Dentobuff Strip® ............................ 71

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Figura 5.12 - Distribuição da frequência da variação de unidades

de pH após o bochecho com Coca-cola® de acordo

com a faixa de pH salivar entre 4,5 e 5,5 do Dentobuff

Strip®. .................................................................................... 72

Figura 5.13 - Distribuição da frequência da variação de unidades

de pH após o bochecho com Coca-cola® de acordo

com o valor de pH salivar >6,0 do Dentobuff Strip® ............. 73

Figura 6.1 - Perfil da capacidade tampão de uma criança de 10

anos do sexo feminino. .......................................................... 82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Estatísticas descritivas para as variáveis índice de

placa, índice gengival, CPO-D e ceo-d ................................. 57

Tabela 5.2 - Estatísticas descritivas para a variável fluxo salivar

em ml/min ............................................................................. 58

Tabela 5.3 - Estatísticas descritivas para a variável capacidade

tampão – método de titulação com ácido lático .................... 60

Tabela 5.4 - Estatísticas descritivas para a variável Dentobuff Strip®...... 62

Tabela 5.5 - Estatísticas descritivas para as variáveis pH inicial do

refrigerante, pH final, variação de pH e volume final

após o bochecho .................................................................. 63

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Tabela 5.6 – Apresentação em número absoluto dos participantes

de acordo com as porcentagens de neutralização ............... 64

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ceo-d número de dentes decíduos cariados, com extração

indicada e obturados

ceo-s número de superfícies cariadas, com extração indicada e

obturadas

CPO-D número de dentes permanentes cariados, com extração

indicada e obturados

CPO-S número de superfícies cariadas, com extração indicada e

obturadas

IG Índice gengival proposto por Silness & Löe em 1963

IHO Índice de higiene oral proposto por Greene & Vermillion

em 1960

IHO-S Índice de higiene oral simplificado proposto por Greene

& Vermillion em 1964

IP Índice de placa proposto por Löe & Silness em 1964

pH potencial hidrogeniônico

UFC Unidades Formadoras de Colônias

mol/l mol por litro

ml mililitro

NaOH hidróxido de sódio

HCL ácido clorídrico

µl microlitro

dp desvio padrão

N Normalidade

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mM milimolar

M Molar

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RESUMO

Proposta de um método prático para avaliação do poder deneutralização existente na cavidade oral

A prevenção da doença cárie ainda é uma das principais metas

da Odontologia. Considerando a multifatoriedade de sua etiologia, torna-se

necessário o conhecimento do maior número de informações possíveis a

respeito do paciente para que o cirurgião-dentista possa estabelecer um

plano de tratamento preventivo individualizado a seus pacientes. A saliva,

devido a suas várias funções, apresenta grande importância no combate a

patogênese da doença. A análise da capacidade tampão é de extrema

importância para que se possa prever o risco do paciente ao

desenvolvimento da doença cárie. Vários testes têm sido utilizados para a

determinação da capacidade tampão salivar, sendo que alguns exigem

equipamentos laboratoriais e outros, mais simplificados, que permitem a

utilização no consultório odontológico. A proposta do presente trabalho foi

desenvolver um método prático para determinação do poder neutralizante

existente na cavidade oral. O método proposto consiste na realização de

bochecho com 10 ml de Coca-cola® durante 30 segundos, por parte dos 50

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participantes (crianças, adolescentes e adultos) e determinação da variação

do pH entre a mistura saliva + Coca-cola® e o pH inicial do refrigerante.

Foram realizados dois métodos de determinação da capacidade tampão

salivar – titulação com ácido lático e o método simplificado Dentobuff Strip® -

e, após teste de correlação entre o método de neutralização proposto e os

dois testes descritos acima foi encontrada correlação estatisticamente

significante entre o método proposto e a titulometria com ácido lático

(Pearson=0,304;p=0,032). Porém em relação ao Dentobuff Strip® não foi

verificada correlação estatisticamente significante. De acordo com a

proposta da metodologia apresentada nesta pesquisa, foi encontrada uma

média de neutralização da saliva após o bochecho com o refrigerante, de

23,8% (dp=16,5) até o pH crítico do esmalte (5,5) e considerando o pH

fisiológico da saliva em torno de 7,0, a neutralização até este valor foi de

17% (dp=12,4). Diante dos resultados foi possível concluir que o método

desenvolvido apresentou-se prático e satisfatório para avaliação da

capacidade de neutralização existente na cavidade oral e pode ser utilizado

como mais um recurso para predição do risco de cárie do paciente.

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1 INTRODUÇÃO

A prevenção das doenças bucais, em especial a cárie dentária, é

uma das principais metas da Odontologia. Considerando a doença como de

etiologia multifatorial, envolvendo fatores do hospedeiro, dieta e microflora

específica, agindo durante um intervalo de tempo, é de extrema importância

o monitoramento desses fatores a fim de evitar o início e a progressão da

doença.

Atualmente a doença cárie é conceituada como uma interação

entre fatores genéticos e ambientais, entre os quais componentes biológicos,

comportamentais e psicológicos interagem de forma complexa na expressão

da doença (Zero, 1999).

Considerando a complexidade da doença cárie e sua

manifestação em idades precoces, cabe ao cirurgião dentista e

especialmente ao odontopediatra, fornecer orientações às mães e de

maneira particular às gestantes, a respeito da instituição de hábitos

alimentares e de higiene saudáveis o que certamente favorecerá a

manutenção da saúde bucal do indivíduo.

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2

Além dessas orientações, o profissional deve avaliar

precocemente o risco ao desenvolvimento da doença cárie, através de

dados obtidos durante a anamnese, exame físico e complementação desses

dados com testes salivares.

Dentre os fatores relacionados ao hospedeiro, a saliva apresenta

grande importância, desempenhando valiosas funções no combate a

patogênese da doença cárie. Dentre essas funções temos: lubrificação da

mucosa – importante para criação do bolo alimentar, assim como para

deglutição e fala, limpeza mecânica, defesa contra microrganismos,

neutralização dos ácidos formados a partir do metabolismo da placa

bacteriana (capacidade tampão), fornecimento de íons inorgânicos (cálcio,

fosfato, hidroxila, flúor) no processo de des - remineralização da estrutura

dentária.

A análise da função salivar em relação ao fluxo e capacidade

tampão são de extrema importância, pois com frequência apresentam

correlação com atividade de cárie.

Vários procedimentos têm sido usados para medir a capacidade

tampão da saliva. Dentre eles estão a titulação da saliva com ácidos e

medição do pH (potencial hidrogeniônico) eletrometricamente. Porém para a

realização deste método, são necessários equipamentos laboratoriais

especiais.

Tem sido relatada na literatura a utilização de testes

colorimétricos simplificados (por exemplo o Dentobuff®), que são mais

práticos e possibilitam o uso pelo cirurgião dentista no consultório

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3

odontológico. No entanto, a avaliação do pH final, feita visualmente através

de uma escala de cor, torna o método subjetivo. Além disso, estes testes

classificam a capacidade tampão do indivíduo a partir de uma faixa de pH

que corresponde a uma determinada cor na escala, e portanto esta

classificação não é tão precisa.

Desta forma, um teste prático e objetivo para avaliação do poder

de neutralização existente na cavidade oral ainda é objeto de estudo.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Saliva

2.1.1 Glândulas Salivares

A saliva total é uma mistura complexa de fluidos oriundos de

secreções das glândulas salivares (saliva pura), do sulco gengival além de

bactérias, leucócitos e células epiteliais descamadas (Jenkins, 1978; Ericson

& Makinen, 1986; Birkhed & Heintze, 1989; Edgar, 1992; Slavkin, 1998;

Dowd, 1999).

As glândulas salivares são divididas em 3 pares de glândulas

maiores - parótida, submandibular e sublingual - e numerosas glândulas

menores que se distribuem por quase toda a mucosa de revestimento da

cavidade bucal (Araújo & Araújo, 1984). Em humanos as glândulas salivares

são classificadas de acordo com o tipo de células secretoras (De Rossi et

al., 1987). Assim, as glândulas parótidas por exemplo, são ditas serosas,

pois suas células produzem uma secreção fina, aquosa, rica em enzimas

(Ericson & Makinen, 1986; Slavkin, 1998). Já as glândulas submandibulares

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5

e sublinguais são classificadas como mistas, pois contêm células serosas e

mucosas e secretam um fluido viscoso contendo mucinas, sais e enzimas.

Entretanto, as glândulas submandibulares são principalmente serosas e as

sublinguais principalmente mucosas (Ericson & Makinen, 1986; De Rossi et

al., 1987; Slavkin, 1998).

Além desses três pares de glândulas maiores, que são

responsáveis pela maior parte do volume total de saliva, existem numerosas

glândulas menores, presentes em todas as partes da mucosa oral, com

exceção da gengiva e da porção anterior do palato duro. Essas são

classificadas de acordo com sua localização: bucal, lingual, palatina,

glossopalatina e glândulas sublinguais menores. Como exemplo de

glândulas menores essencialmente mucosas têm-se as concentradas no

palato mole (Ericson & Makinen, 1986; De Rossi et al., 1987).

As glândulas salivares são inervadas por fibras do Sistema

Nervoso Autônomo – parassimpáticas e simpáticas (Jenkins, 1978; Ericson

& Makinen, 1986; De Rossi et al., 1987; Edgar, 1992; Slavkin, 1998; Dowd,

1999). As fibras inervam as células acinares, as células dos ductos, os vasos

sanguíneos e as células mioepiteliais (Edgar, 1992). A natureza da secreção

depende do tipo de estímulo. Quando há predominância do estímulo

parassimpático, a secreção será aquosa, contendo eletrólitos e algumas

enzimas, enquanto que se predominar o estímulo simpático, grande

quantidade de macromoléculas, principalmente mucinas, farão parte da

secreção (Ericson & Makinen, 1986; Edgar, 1992).

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6

2.1.2 Composição da Saliva

A saliva é composta por 99% de água, e apenas 1 % de

componentes inorgânicos e orgânicos (Jenkins, 1978; Nikiforuk, 1985). A

composição salivar varia de acordo com o fluxo, natureza da estimulação,

duração, composição do plasma e período do dia no qual é feita a coleta

(Newbrun, 1989). De acordo com Ericson & Makinen em 1986, o principal

fator que afeta a composição salivar é o fluxo, assim como a duração do

estímulo. As concentrações de cada componente são muito variadas, tanto

no mesmo indivíduo como entre indivíduos (Jenkins, 1978; Birkhed &

Heintze, 1989; Edgar, 1992).

Dentre os componentes inorgânicos destacamos por exemplo os

íons sódio, potássio, cloreto e bicarbonato que são os principais

contribuintes para a osmolaridade da saliva. A saliva humana é sempre

hipotônica em relação ao plasma. A saliva coletada sem estimulação prévia

pode apresentar um décimo da osmolaridade do plasma enquanto que com

alto fluxo salivar a osmolaridade salivar pode corresponder a três quartos da

do plasma (Nikiforuk, 1985).

A quantidade de íons flúor na saliva depende muito da

concentração desse elemento no ambiente bucal. Em áreas com baixas

concentrações de fluoreto na água potável a concentração desse íon na

saliva total é menor do que em áreas com maior concentração desse íon na

água. Aumentos na concentração de flúor na saliva podem ser observados

após o uso de dentifrícios, enxaguatórios e bebidas contendo esse

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elemento. O aumento do flúor na saliva torna-se importante na ação

anticariogênica (Edgar, 1992; Ericson & Makinen, 1986).

Em relação ao cálcio e fosfato, estes íons não são encontrados

apenas na forma livre na saliva. Dependendo do pH da saliva o cálcio é

distribuído na forma iônica ou ligado. Do ponto de vista da prevenção a

ataques cariogênicos, o primeiro (forma iônica) é muito importante porque

participa no equilíbrio entre o fosfato de cálcio dos tecidos dentários duros e

seu líquido adjacente. De acordo com Anderson (2001), indivíduos com

baixa concentração de cálcio na saliva apresentam o pH crítico de esmalte

mais elevado e, conseqüentemente são mais susceptíveis a

desmineralização do que indivíduos que apresentam maior concentração

salivar de íons cálcio.

Em pH baixo, o cálcio na forma iônica representa a maior

quantidade do cálcio salivar (Lagerlöf & Oliveby, 1994). Porém o cálcio não

ionizado pode estar ligado a fosfato, bicarbonato, (Ericson & Makinen, 1986;

Edgar, 1992), lactato (Edgar, 1992) e em pequenas quantidades a pequenos

íons orgânicos como o citrato e a muitas macromoléculas (Ericson &

Makinen, 1986). Algumas macromoléculas salivares como histidina,

estaterina e prolina rica em proteína, unem-se ao cálcio e inibem a

precipitação de fosfato de cálcio. O cálcio também pode unir-se à amilase,

onde age como co-fator necessário para a função da enzima (Ericson &

Makinen, 1986; Tenovuo & Lagerlöf, 1995).

A concentração de cálcio e fosfato inorgânico sofre influência do

fluxo salivar. De acordo com Jenkins (1966) com o aumento do fluxo salivar

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há uma queda na concentração de fosfato e um aumento na concentração

de íons cálcio na saliva. Vários estudos têm demonstrado que conforme o

fluxo salivar aumenta, a concentração total destes íons diminui (Ericson &

Makinen, 1986; Lagerlöf & Oliveby, 1994). De acordo com Ferguson (1989),

embora a concentração de cálcio aumente com o aumento do fluxo salivar,

ela tende a permanecer constante em altas taxas de fluxo.

A capacidade tampão salivar, definida como a resistência da

saliva às mudanças de pH, é conferida pelos sistemas carbonato-

bicarbonato, fosfato e proteínas (Birkhed & Heintze, 1989; Newbrun, 1989;

Seow, 1998). O sistema bicarbonato é responsável por aproximadamente

85% da capacidade tampão salivar na faixa de pH entre 7,2 a 6,8 (Wah

Leung, 1951). A concentração desses íons é maior em saliva coletada após

estimulação mecânica. A medida que o fluxo salivar aumenta, o mesmo

ocorre com a concentração de íons bicarbonato (Nikiforuk, 1985; Ericson &

Makinen, 1986; Newbrun, 1989; Edgar, 1992; Dowd, 1999).

O sistema fosfato contribui para a capacidade tampão salivar de

maneira mais importante em saliva não estimulada, quando sua

concentração é maior (Ericson & Makinen, 1986; Birkhed & Heintze, 1989;

Lagerlöf & Oliveby, 1994).

Os componentes orgânicos presentes na saliva apresentam

diferentes funções: antimicrobiana, inibição de precipitação de cálcio e

fosfato, efeitos bactericidas ou bacteriostáticos, assim como a agregação de

bactérias o que facilita a remoção das mesmas.

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A amilase salivar é uma enzima que apresenta como principais

funções o aumento da taxa de dissolução do amido. Esta enzima não

contribui significativamente para o processo digestivo a medida que é

inativada pelo ácido do suco gástrico (Nikiforuk, 1985).

As proteínas constituem os principais componentes orgânicos da

saliva, sendo que quase todas as proteínas salivares são glicoproteínas, isto

é, contêm quantidades variáveis de carboidratos ligados ao seu núcleo

protéico (Ericson & Makinen, 1986). As glicoproteínas são susceptíveis a

hidrólise enzimática, originada pelos microrganismos orais. A hidrólise das

glicoproteínas é acompanhada por uma rápida redução da atividade

aglutinante da saliva (Söderling, 1989).

As proteínas que exercem função antimicrobiana são: lisozima,

lactoferrina, imunoglobulinas secretórias, peroxidases e aglutininas (Edgar,

1992; Lagerlof & Oliveby, 1994; Seow, 1998).

A lisozima é uma proteína enzimática com efeitos antimicrobianos

diretos na parede da célula bacteriana, provocando sua autólise (Nikiforuk,

1985; Mandel, 1989; Edgar, 1992; Tenovuo & Lagerlöf, 1995; Dowd, 1999).

Além disso, essa enzima pode ativar as “autolisinas” bacterianas as quais

também podem destruir os componentes da parede celular (Mandel &

Wotman, 1976; Mandel, 1987; Tenovuo & Lagerlöf, 1995; Dowd, 1999).

Dowd em 1999 ainda afirmou que a lisozima pode alterar o

metabolismo da glicose em bactérias sensíveis e em alguns casos, provocar

agregação bacteriana, contribuindo também para a eliminação das bactérias

da cavidade oral. Uma outra característica dessa enzima refere-se a sua

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capacidade de se unir a hidroxiapatita dentária e dessa forma exercer um

papel antimicrobiano na superfície dentária.

A apolactoferrina apresenta também atividade antimicrobiana

devido a sua grande afinidade pelo ferro. Cada molécula une-se a dois

átomos de ferro (lactoferrina) e dessa forma não permite que esse metal seja

utilizado por microrganismos patogênicos. Assim, essa enzima apresenta

efeito bacteriostático (Nikiforuk, 1985; Mandel, 1987; Edgar, 1992; Lagerlof &

Oliveby, 1994; Tenovuo & Lagerlöf, 1995; Dowd, 1999). Além disso possui

também efeito bactericida irreversível contra vários microrganismos,

inclusive os estreptococos do grupo mutans, através da ligação direta da

enzima com as superfícies da célula bacteriana (Mandel & Wotman, 1976;

Ericson & Makinen, 1986; Mandel, 1989; Dowd, 1999).

A principal imunoglobulina encontrada na saliva é a IgA secretora

(IgAs). Tem sido demonstrado que as moléculas de IgAs possuem a

capacidade de se unirem aos estreptococus mutans e dessa forma facilitam

a agregação e remoção das bactérias da cavidade oral. Contudo ainda não

há uma relação clara entre níveis de IgAs e prevalência de cárie (Lagerlof &

Oliveby, 1994; Dowd, 1999).

O sistema peroxidase encontrado na saliva humana é composto

por duas enzimas: a peroxidase, produzida por células acinares das

glândulas e a mieloperoxidase, originada dos leucócitos do sulco gengival.

As principais funções desse sistema são atividade antimicrobiana e proteção

das proteínas e células contra a toxicidade do peróxido de hidrogênio. Esse

efeito antimicrobiano é dependente do pH, sendo mais efetivo em valores

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menores do mesmo. Ainda não há uma relação clara entre atividade da

peroxidase e cárie dentária (Tenovuo & Lagerlöf, 1995).

As aglutininas salivares são glicoproteínas com capacidade de

interação com bactérias e formar agregados com as mesmas, o que facilita a

remoção desses microrganismos da cavidade oral durante a deglutição

(Ericson & Makinen, 1986).

2.1.3 Funções da Saliva

Tendo em vista a composição variada da saliva humana, várias

funções são atribuídas a mesma: contribuição no processo digestivo, através

da amilase salivar; proteção dos tecidos duros e moles; lavagem da

cavidade oral; neutralização e tamponamento dos ácidos provenientes dos

alimentos assim como do metabolismo bacteriano e participação no

processo des-remineralização e formação da película adquirida. A saliva

também é responsável pela manutenção do equilíbrio ecológico na cavidade

oral, através da remoção contínua de bactérias das superfícies dentárias e

das mucosas com a ação do fluxo salivar. Além disso, a saliva interfere com

a aderência bacteriana através da agregação de bactérias impedindo a

adesão das mesmas na superfície dentária e por consequência estas são

expectoradas ou deglutidas. Outra função igualmente importante é a

manutenção do pH relativamente neutro na cavidade bucal principalmente

através do sistema bicarbonato (Nikiforuk, 1985; Mandel, 1987; Mandel,

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1989; Edgar, 1990; Edgar, 1992; Papas et al., 1993; Edgar, 1994; Anderson

et al. 2001).

De acordo com Ericsson (1959) as condições patológicas mais

frequentes e importantes que envolvem os dentes são fortemente

dependentes das mudanças de pH (potencial hidrogeniônico) da cavidade

bucal. Erosão e cárie dentária são caracterizadas no início por dissolução

dos tecidos duros dos dentes, e esse processo é causado principalmente por

uma queda no valor do pH do fluido que envolve as estruturas dentárias.

O pH no qual a saliva é exatamente saturada no que se refere à

apatita do esmalte é definido como “pH crítico” . Abaixo deste valor, o

esmalte pode se dissolver enquanto acima do valor crítico o esmalte tende a

se “remineralizar”. O valor do pH crítico depende das concentrações de

cálcio e fosfato na saliva e no fluido da placa. Esses valores ficam em torno

de 5,3 – 5,5 e a variação individual é muito pequena (Larsen & Brunn, 1995).

O processo carioso é iniciado pela fermentação bacteriana dos

carboidratos, com a formação de vários ácidos orgânicos e

consequentemente uma queda do pH. Quando o pH da placa e da saliva

encontram-se acima de 5,5, a saliva está supersaturada tanto em relação a

hidroxiapatita quanto a fluorapatita e no esmalte ocorre a formação desses

dois cristais. Em pH salivar e da placa entre 5,5 e 4,5 a saliva continua

supersaturada em relação a fluorapatita (ocorre formação desse cristal na

superfície do esmalte) porém subsaturada em relação a hidroxiapatita e

conseqüentemente ocorre dissolução deste na subsuperfície do esmalte,

dando início a lesão cariosa. Em pH salivar e do fluido da placa abaixo de

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4,5 ocorre dissolução tanto da hidroxiapatita quanto da fluorapatita na

superfície do esmalte e clinicamente esta manifestação denomina-se erosão

dentária (Larsen & Brunn, 1995).

Os fatores protetores da saliva em relação à cárie dentária são:

fluxo salivar, capacidade tampão, concentração de cálcio e fosfato, assim

como vários sistemas antibacterianos (Birkhed & Heintze, 1989). O processo

de eliminação do açúcar é definido como “clearance” salivar (Lagerlöf et al.,

1987) e é influenciado pelo fluxo salivar. Quanto maior o fluxo, mais

rapidamente ocorre a diluição das substâncias na cavidade oral (Lagerlöf &

Olibeby, 1994).

O fluxo salivar é importante devido ao fato que a limpeza da

cavidade oral, a capacidade tampão e as atividades antimicrobianas são

bastante dependentes desta variável (Seow, 1998).

O estado nutricional pode influenciar o fluxo salivar até um certo

limite. Porém, essas alterações são poucas, exceto quando a deficiência

nutricional é severa, por exemplo no caso de desnutrição crônica (Birkhed &

Heintze, 1989).

Ben-Aryeh et al. em 1990, após examinarem a composição salivar

de indivíduos saudáveis desde a infância até a idade adulta, encontraram

alterações significativas em todos os componentes avaliados (sódio,

potássio, proteína total, IgA e atividade da amilase) no decorrer da infância.

Essas alterações indicam o processo de crescimento e maturação das

glândulas salivares como parte do desenvolvimento geral dos sistemas do

corpo humano. Em função dos vários fatores que influenciam a composição

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salivar, é difícil classificar valores como normais e a idade contribui como um

fator adicional na variação da composição da saliva humana.

Anderson et al. em 2001 compararam as concentrações totais de

íons cálcio e fosfato, em saliva estimulada e em repouso, de crianças e

adultos. A concentração de cálcio nas amostras das crianças foi maior do

que nas dos adultos, tanto na saliva estimulada como não estimulada, porém

não houve diferença estatisticamente significante na concentração de fosfato

entre os grupos.

A quantidade total de saliva produzida a cada 24 horas é de

aproximadamente 1000 a 1500 ml, sendo que 90% desse volume é oriundo

das glândulas parótidas e submandibulares e os 10% restantes das

glândulas sublinguais e salivares menores, nas mesmas proporções.

Considerando que a taxa de secreção das glândulas salivares maiores é

menor que 0,05 ml/min/glândula (sem estimulação externa) e

0,5ml/min/glândula (ou mais) com estimulação, fica claro que 80-90% da

produção diária de saliva é resultante de estimulação – principalmente

gustatória e mastigatória (Mandel & Wotman, 1976).

O fluxo salivar é denominado não estimulado quando nenhum

estímulo externo ou farmacológico é utilizado e estimulado quando a

secreção é promovida por estímulos mecânicos, gustatórios ou por agentes

farmacológicos (Ericson & Makinen, 1986; Dawes, 1987). De acordo com

Tenovuo & Lagerlöf, (1995), o fluxo salivar da secreção em repouso é

considerado normal dentro da faixa de 0,25 – 0,35 ml/ min e baixo quando

este índice está entre 0,1 - 0,25 ml/ min. Para a saliva estimulada, o índice

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normal está na faixa de 1,0-3,0 ml/min enquanto que entre 0,7-1,0ml/min é

considerado baixo.

Kavanagh et al. (1998), após avaliarem mensalmente o fluxo

salivar de um grupo de 43 crianças, residentes em uma região com clima

temperado, durante 10 meses, concluíram que a variação no fluxo salivar foi

inversamente associada com a temperatura ambiente, ou seja quanto maior

a temperatura, menor foi o fluxo salivar encontrado. Larsen et al. (1999),

após coleta de saliva sem estimulação prévia de 11 estudantes de

odontologia semanalmente totalizando 8 coletas, concluíram que apesar das

condições da coleta serem as mesmas, a capacidade tampão, o pH salivar,

assim como as concentrações de cálcio e fosfato apresentaram grande

variação individual e, os autores sugeriram que a caracterização da saliva

não deva ser baseada apenas em uma única análise.

Distúrbios locais nas glândulas salivares ou sistêmicos podem

levar a alterações no fluxo ou composição da saliva. (Mandel & Wotman,

1976). Algumas doenças auto imunes como artrite reumatóide e síndrome

de Sjögren são associadas com redução do fluxo salivar. Além disso, alguns

medicamentos antidepressivos, diuréticos, anti-histamínicos e narcóticos

também apresentam como efeito colateral uma redução no fluxo salivar o

que pode levar a sensação de secura nos tecidos intraorais, definida por

xerostomia por Birkhed & Heintze em 1989. (Ericsson & Hardwick, 1978;

Newbrun, 1989; Papas et al., 1993; Tenovuo & Lagerlöf, 1995; Dowd, 1999).

O diabete melito dependente de insulina promove redução na secreção

salivar durante períodos de desequilíbrio da doença, porém a hipossalivação

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não pode ser identificada como consequência normal dessa doença (Ericson

& Makinen, 1986). Pacientes portadores de neoplasias malignas na região

de cabeça e pescoço , submetidos a tratamento radioterápico, estão sujeitos

a drástica redução do fluxo salivar se as glândulas salivares estiverem

dentro do campo de radiação. Essa redução pode ser temporária ou

irreversível dependendo da dose de radiação (Newbrun, 1989; Sreebny,

2000).

O fluxo e a composição da saliva também podem ser alterados

em função de mudanças hormonais e idade. Crossner & Holm (1975)

encontraram valores mais altos de fluxo salivar e capacidade tampão em

crianças do sexo masculino comparando com o sexo feminino. Heintze et al.

(1983) após avaliarem a influência da idade e sexo no fluxo salivar e

capacidade tampão salivar em 629 adultos, encontraram valores menores

tanto de fluxo como de capacidade tampão salivar nas mulheres em relação

aos homens, tanto na saliva estimulada como em repouso. O fluxo salivar foi

negativamente correlacionado com a idade enquanto que a capacidade

tampão correlacionou-se positivamente com a mesma.

Um declínio da capacidade tampão no final da gestação com

subsequente aumento imediatamente após o parto foi observado por

Tenovuo & Lagerlöf (1995) e Laine et al. (2000).

Laine et al. (1991) também verificaram uma maior capacidade

tampão salivar em mulheres que utilizaram baixas doses de hormônios

contraceptivos orais em relação àquelas que não fizeram uso desse

medicamento.

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2.2 Saliva e Cárie Dentária

Dentre as doenças bucais, a cárie dentária é a mais prevalente e

é considerada o principal problema de saúde bucal dos cerca de 10 milhões

de habitantes do município de São Paulo (Narvai et al., 2000). Apesar disso,

esses autores encontraram um declínio da prevalência de cárie em

escolares paulistanos de 12 anos de idade da ordem de 68,2%, no período

de 1970 a 1996.

Apesar do declínio de sua prevalência nas últimas décadas, em

função da adoção de medidas preventivas como fluoretação da água de

abastecimento, uso racional do flúor, controle mecânico e químico da placa

bacteriana e maior preocupação com orientação quanto à dieta em idades

mais precoces, a prevenção da cárie ainda é extremamente importante.

A cárie dentária é uma doença crônica, transmissível, de etiologia

multifatorial e de caráter dinâmico que, se não controlada, pode levar a

destruição total da estrutura dentária e como conseqüências diretas desse

processo a perda da função mastigatória e da estética (Ericsson & Hardwick,

1978; Zero, 1999).

Há a necessidade de interação de fatores primários para que se

inicie o processo patológico da cárie dentária: fatores relacionados ao

hospedeiro – tecidos dentários susceptíveis a desmineralização, fatores da

microbiota – bactérias com potencial cariogênico, e fatores relativos a dieta –

substrato cariogênico. Estes fatores devem interagir conjuntamente por um

determinado período de tempo para que se estabeleça a doença (Newbrun,

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1989). Além desses, muitos fatores modificadores atuam no processo

carioso, de forma isolada ou combinada, e influenciam os fatores primários.

Em relação ao hospedeiro, o posicionamento dos dentes no arco,

a composição dos mesmos e o estágio de erupção indicam um risco maior

ou menor do indivíduo ao desenvolvimento da doença. A saliva, com suas

funções de diluição das substâncias na cavidade oral, limpeza mecânica,

maturação pós – eruptiva, participação no processo des-remineralização do

esmalte dentário, formação da película adquirida, função antibacteriana e

tamponamento dos ácidos provenientes da placa bacteriana e dos alimentos

é considerada um importante fator, relacionado ao hospedeiro, modificador

do processo cariogênico (Crossner & Holm, 1975; Ericson & Makinen, 1986;

Marsh, 1991; Zero, 1999; Anderson et al., 2001).

No que diz respeito ao substrato, é clara a relação entre alimentos

cariogênicos, principalmente carboidratos fermentáveis e cárie dentária,

porém a frequência de ingestão destes, assim como suas propriedades

físicas (dureza, viscosidade e adesividade) e composição química,

juntamente com outros fatores como por exemplo mecanismos protetores da

saliva, determinarão o grau de contribuição da dieta no processo cariogênico

(Ericsson & Hardwick, 1978; Burt & Ismail, 1986; Newbrun, 1992; Mazengo

et al., 1996; Zero, 1999).

Vários microrganismos encontrados na placa bacteriana podem

contribuir para o processo cariogênico: streptococcus mutans, streptococcus

sobrinus, lactobacillus spp.(Ericsson & Hardwick, 1978; Marsh, 1991; De

Soet et al., 1991; Sánchez-Pérez & Acosta-Gío, 2001). A virulência do

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microrganismo está associada à sua capacidade de produzir ácido por meio

da fermentação (acidogênico), sobreviver em meio ácido (acidúrico),

produzir e usar polissacarídeos extra e intracelulares e formar glucanos, que

permitam o acúmulo dos microrganismos na placa. Os streptococcus mutans

apresentam todos estes traços de virulência, o que justifica seu papel no

desenvolvimento da doença cárie (Ericsson & Hardwick, 1978). De acordo

com Sansone et al., 1993 além dos S. mutans, outros microrganismos têm

sido correlacionados positivamente com experiência de cárie.

Tendo em vista os diversos fatores etiológicos da doença cárie,

para que se possa fazer uma predição do indivíduo ao risco da doença,

torna-se necessário a elaboração do exame clínico minucioso, onde além da

anamnese e exame físico intra oral, é de extrema importância a realização

de exames complementares, sendo os testes salivares de grande valia tanto

na elaboração do plano preventivo quanto para avaliação dos resultados do

tratamento instituído (Ericsson & Hardwick, 1978; Newbrun, 1992; Vehkalahti

et al., 1996).

Algumas análises referentes à saliva foram sugeridas por

Tenovuo et al. (1987), no intuito de indicar o grau de resistência da saliva ao

desafio cariogênico: atividade antimicrobiana, capacidade de aglutinação de

bactérias, habilidade de prevenir adesão bacteriana a hidroxiapatita e

capacidade tampão.

Os testes utilizados para estabelecimento do perfil de risco do

indivíduo a doença cárie são os microbiológicos – determinação dos níveis

de estreptococos grupo mutans (Sánchez-Pérez & Acosta-Gío, 2001) e de

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lactobacilos na saliva -, fluxo e capacidade tampão salivar. (Leung, 1965;

Demers et al., 1990; Newbrun, 1992)

Nenhum dado deve ser analisado isoladamente visto a

multifatoriedade da etiologia da doença cárie. Portanto os resultados obtidos

após a realização dos testes salivares devem ser avaliados em conjunto com

todos os dados do indivíduo a fim de se estabelecer um plano de tratamento

preventivo ou curativo (Ericsson & Hardwick, 1978; Ericson & Makinen,

1986). Tenovuo (1997), fez uma revisão a respeito dos parâmetros salivares

e possíveis associações com atividade de cárie. O fluxo salivar, segundo

este autor, é o parâmetro mais importante a medida que todos os outros

dependem deste. A capacidade tampão salivar apresenta apenas uma fraca

associação negativa com atividade de cárie. Considerando que o processo

carioso inicia-se na interface dente - placa bacteriana, o efeito tampão

salivar é dificultado nessa área, porém o íon bicarbonato, de acordo com

Nikiforuk (1985) é capaz de se difundir na placa bacteriana e neutralizar os

ácidos formados a partir de carboidrato pelos microrganismos. Segundo

Tenovuo (1997) a capacidade tampão tem importância maior na

identificação de indivíduos propensos ao desenvolvimento de erosão do que

de cárie dentária.

2.2.1 Testes Salivares

Para realização dos testes salivares, deve-se ter em mente que

vários fatores podem influenciar o fluxo salivar como: estado emocional,

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problema agudo de saúde e disfunção mastigatória. O paciente deve sentar-

se em posição relaxada, em uma cadeira comum, deve ser instruído a não

ingerir nenhum tipo de bebida ou alimento uma hora antes do teste, também

não deve fumar ou praticar exercício físico antes do exame. A coleta deve

ser realizada sempre no mesmo período do dia e deve ser utilizado um

tempo fixo de coleta (Ericson & Makinen, 1986; Birkhed & Heintze, 1989).

Para medição do fluxo salivar, dois métodos são normalmente

utilizados: fluxo da saliva total e fluxo da glândula parótida. Medições de

fluxo das glândulas sublinguais e submandibulares não são realizados

rotineiramente (Birkhed & Heintze, 1989). Para coleta da saliva total vários

métodos têm sido descritos. Os autores são unânimes em concordar quanto

a importância da padronização da coleta, para obtenção de resultados

significativos (Mandel & Wotman, 1976; Birkhed & Heintze, 1989; Lenander –

Lumikari et al., 1995). Rotineiramente, a saliva coletada sem estimulação

prévia é denominada de saliva em repouso. Esta reflete o fluxo salivar basal

(Sreebny, 2000). Alguns métodos são descritos para medição do fluxo

salivar em repouso. É quase impossível obter saliva totalmente em repouso,

considerando que durante a consciência o fluxo é sempre influenciado por

algum estímulo. Pelo método de drenagem o paciente é instruído a

permanecer com os lábios abertos e deixar que a saliva escoe passivamente

dentro de um tubo contendo um funil e posicionado próximo a sua boca. Em

outro método, também utilizado, a saliva formada é expectorada, por

exemplo uma ou duas vezes por minuto, durante o período da coleta. A

saliva total também pode ser coletada através de um ejetor de saliva,

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colocado abaixo da língua e ao final do período da coleta este dispositivo é

movido em todas as regiões da cavidade oral para coletar o restante da

amostra. Um outro método descrito consiste na colocação de rolos de

algodão, previamente pesados, sendo um abaixo da língua, próximo aos

orifícios das glândulas sublinguais e submandibulares e dois próximos a

saída dos ductos das glândulas parótidas. Ao final da coleta os rolos de

algodão são removidos e imediatamente pesados (Birkhed & Heintze, 1989).

Lenander – Lumikari et al. em 1995 compararam dois tipos de

dispositivos de coleta de saliva – rolo de algodão neutro e rolo de poliéter

coberto com polipropileno - (Salivette®) e o método convencional de coleta

com estimulação com parafina. Os autores não encontraram correlação

entre o fluxo salivar obtido pelo método convencional e nem por nenhum dos

dois métodos do kit Salivette ®. Os autores alertaram para a importância da

interpretação dos dados quando métodos diferentes são utilizados para

coleta de saliva.

Para medição do fluxo salivar estimulado podem ser usados dois

tipos de estímulos: mastigatório ou gustatório. No primeiro método, que é o

procedimento mais usual e descrito por vários autores, é fornecido um

pedaço de parafina ao paciente e este é instruído a mastigá-lo por 1 (Ericson

& Makinen, 1986) ou 2 minutos (Birkhed & Heintze, 1989) para amaciar a

parafina. Após esse período a saliva formada é deglutida. Durante os 5

minutos subsequentes o paciente deve expectorar toda a saliva formada

num cilindro graduado. A espuma pode ser evitada adicionando-se uma gota

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de octanol ou utilizando-se uma proveta resfriada com gelo (Ericson &

Makinen, 1986).

Pelo método gustatório, a saliva é estimulada com ácido cítrico na

concentração de 1 a 6 %. Quantidades padronizadas da solução são

aplicadas na parte anterior dorsal da língua a cada 30 segundos ou a cada

minuto. O paciente deve expectorar a saliva formada antes de cada

aplicação do estímulo (Birkhed & Heintze, 1989).

Jensen et al. em 1998 compararam o efeito da estimulação da

saliva com goma de mascar e com tablete de parafina em relação ao fluxo,

pH e capacidade tampão. Saliva total estimulada através dos dois métodos

foi coletada por 6 minutos sendo que no primeiro minuto a saliva obtida foi

separada. Os autores encontraram maior fluxo no primeiro minuto da coleta

após estimulação com goma de mascar do que com parafina, porém não foi

encontrada diferença estatística entre os dois estímulos no fluxo da amostra

coletada nos 5 minutos seguintes. Em relação aos valores de pH e

capacidade tampão não foram encontradas diferenças entre os dois

estímulos.

Vários métodos estão disponíveis para medir os níveis de

estreptococos grupo mutans na saliva, na placa e nas superfícies dos

dentes. O método laboratorial exige o transporte da saliva coletada do

indivíduo para o laboratório microbiológico onde será realizada incubação e

contagem das colônias da placa. Os resultados são expressos como número

de unidades formadoras de colônias por mililitro de saliva (Ericson &

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24

Makinen, 1986). Valores acima de 10 5 UFC/ S. mutans por ml de saliva tem

sido associado com alto risco a doença cárie (Bratthall & Carlsson, 1989).

Outros métodos foram desenvolvidos com o objetivo de serem

realizados no próprio consultório odontológico ou em levantamentos

epidemiológicos, por serem simplificados e não exigirem equipamentos

laboratoriais complexos. Um exemplo desses métodos é o kit Dentocult SM

– Strip mutans® (Orion Diagnostic ). Este kit contém fitas de teste, discos de

bacitracina, tubos de teste com meio de cultura, parafina para mastigação e

gráfico para se avaliar o nível de estreptococos grupo mutans após a

incubação. O nível de estreptococos é avaliado por comparação com uma

escala (0-3) que classifica a saliva como apresentando baixa contagem de

S. mutans (0) até alta contagem (3) que equivale a > 10 6 mutans UFC por

ml de saliva (Bratthall & Ericson, 1995). Outro kit também de uso

relativamente simples, para contagem de lactobacilos na saliva é o Dentocult

– LB® (Orion Diagnostic). Estes testes apresentam vantagens quanto a

técnica simplificada, facilidade de uso e os resultados podem ser mostrados

diretamente ao paciente.

Vários estudos têm analisado a associação entre contagem de

microrganismos na saliva, fluxo e capacidade tampão salivar com presença

de lesões de cárie. Sullivan & Storvick em 1950 relataram correlação positiva

entre índice de cárie e alta contagem de lactobacilos na saliva. Gàbris et al.

(1999) também encontraram correlação significante entre índice de cárie e

níveis de S. mutans, lactobacilos e candida albicans.

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25

Klock & Krasse (1977) encontraram correlação positiva entre alta

contagem de S.mutans e presença de lesões de cárie em crianças entre 9 e

12 anos de idade. Em 1979, os mesmos autores obtiveram correlação

positiva também entre alta contagem de S.mutans (>10 6 UFC / ml de saliva)

e incremento de lesões de cárie após 2 anos.

Marlay (1970) encontrou correlação entre incremento no índice

CPO-S e capacidade tampão salivar em 71,3 % da amostra composta por

300 meninas de 11 a 17 anos, durante um estudo longitudinal com 24

meses de duração. A autora observou que havia uma queda na capacidade

tampão previamente ao incremento de lesões de cárie.

Snyder et al. (1962) relataram que nenhum dos testes avaliados

(contagem de lactobacilos e capacidade tampão, dentre outros) pôde

estimar ou predizer atividade de cárie individual no intervalo de tempo

selecionado (3 a 4 anos).

Nicolau em 1966 após determinar a capacidade tampão salivar de

200 meninas de 6 a 8 anos, não encontrou relação entre essa propriedade

da saliva e o aparecimento de lesões de cárie em primeiros molares

permanentes.

Pienihäkkinen et al. (1987) também relataram baixa correlação

entre capacidade tampão e incremento de lesões de cárie e concluíram que

o uso do teste de capacidade tampão isolado não foi um bom indicador de

determinação de risco a cárie.

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26

Em 1989 Wilson & Ashley. relataram que a combinação das 2

variáveis – alta contagem de S. mutans e baixa capacidade tampão –

apresentou um valor preditivo de 75% para o incremento de lesões de cárie.

Crossner & Holm em 1975 após examinarem a cavidade oral de

um grupo de 149 crianças de 8 anos de idade, encontraram uma correlação

negativa entre índice de cárie em dentes decíduos e parâmetros salivares

como fluxo e capacidade tampão, ou seja, a medida houve aumento nos

índices de cárie os autores observaram diminuição no fluxo e na capacidade

tampão salivar.

Wiktorsson et al. em 1992 encontraram correlações significativas

entre altos níveis de lactobacilos, baixa capacidade tampão e atividade de

cárie em adultos entre 30 e 40 anos.

De acordo com Dowd (1999) considerando que a concentração de

íons bicarbonato aumenta a medida que aumenta o fluxo salivar, uma

redução deste último corresponde a uma redução da capacidade tampão

salivar e implica em maior susceptibilidade a cárie. Vários autores têm

relatado uma correlação positiva entre fluxo salivar e capacidade tampão

(Pienihäkkinen et al., 1987; Mazengo et al., 1994; Kedjarune et al., 1997).

Lilienthal em 1955, relatou que os termos capacidade tampão e

efeito tampão são usados frequentemente como sinônimos, embora

capacidade tampão expresse a resistência a alterações de pH em um valor

arbitrário, enquanto que o efeito tampão refere-se a quantidade de ácido

necessário para alterar o pH da amostra salivar de um valor para outro.

Porém são dois termos utilizados para descrição da mesma propriedade.

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27

2.3 Métodos de Determinação da Capacidade Tampão Salivar

A determinação da capacidade tampão salivar é de grande

importância porque avalia a capacidade da saliva de resistir às alterações de

pH (Izutsu, 1981).

Vários métodos têm sido descritos, na literatura, para

determinação da capacidade tampão salivar. A maior parte desses métodos

envolve técnicas laboratoriais e exigem equipamentos não presentes

rotineiramente em consultórios odontológicos. Esses métodos laboratoriais

estimam a capacidade tampão da saliva dentro de uma faixa de pH

(potencial hidrogeniônico) através da titulação com ácido ou base entre dois

valores de pH (Ericsson, 1959).

O valor limite de pH atingido pela titulação pode ser determinado

através do método colorimétrico ou eletrométrico.

2.3.1 Métodos Colorimétricos

O método colorimétrico consiste na adição de um indicador a uma

determinada quantidade de saliva. Essa mistura é então titulada com ácido

até a mudança de cor. A quantidade total de ácido utilizada nesse

procedimento é definida como um índice do poder tamponante da saliva. Há

variações dessa técnica quanto ao indicador, quantidade de saliva, tipo e

concentração de ácido utilizado.

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Wills & Forbes em 1939 adicionaram duas gotas de uma solução

composta por vermelho de metila a 0,4% em álcool etílico a 95% a 3 ml de

saliva. A mistura foi titulada com 0,01N de HCL (ácido clorídrico) até o

aparecimento da cor vermelha. O indicador vermelho de metila é um corante

orgânico que apresenta cor vermelha em pH 4,2 e cor amarela em pH 6,3

(Assumpção & Morita, 1968). Essa alteração de cor do corante em função da

variação de pH é denominada de ponto de viragem.

Sullivan & Storvick em 1950 utilizaram a mesma concentração de

ácido dos autores anteriores, porém titularam 2 ml de saliva numa solução

com vermelho de metila e ainda titularam a mesma quantidade de saliva

com 0,01 N de NaOH (hidróxido de sódio) numa solução com fenoftaleína. O

corante orgânico fenoftaleína apresenta-se incolor em pH 8,3 e cor vermelha

em pH 9,8 (Assumpção & Morita, 1968). O volume total de ácido e de base

utilizados para ajustar 1 ml de saliva aos respectivos indicadores foi

multiplicada pelo fluxo salivar e dividido por 4, sendo que o valor 4 foi

definido como sendo o número aproximado de unidades de pH entre os dois

pontos – vermelho de metila e fenoftaleína. Nesse caso, a capacidade

tampão foi expressa de uma forma que considerou o fluxo salivar.

Turner et al. em 1954 relacionaram três características da saliva

com a incidência de cárie: capacidade tampão após adição de ácido e de

base e concentração de íons hidrogênio em 315 pessoas na faixa etária de 5

a 11 anos. A coleta de saliva foi feita sem estimulação mecânica ou química

duas horas após a última refeição. A amostra foi dividida em 3 frascos com 1

ml em cada um deles. A acidez da saliva foi determinada através da adição

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de NaOH 0,001 N com fenoftaleína como indicador e a alcalinidade com

HCL 0,001 N com vermelho de metila como indicador. As crianças foram

divididas em grupos de acordo com o número de lesões de cárie e após

realização do teste estatístico os autores concluíram que a capacidade

tampão da saliva a adição de ácido foi fortemente associada com incidência

de cárie quando comparados os dois grupos e os outros dois fatores

analisados tiveram fraca associação com a ocorrência de cárie. Foi

encontrada uma tendência para baixa acidez e alta alcalinidade da saliva

associada com pessoas livres de cáries enquanto alta acidez e baixa

alcalinidade foram características encontradas em crianças com maior

número de lesões de cárie.

Muracciole em 1955 descreveu um método para determinação da

capacidade tampão salivar. Este se baseia no seguinte: após estimulação da

saliva com parafina, 3 ml são diluídos a 6 ml com água destilada e 3 gotas

de indicador vermelho de clorofenol (cor amarela em pH 5,0 e vermelha em

pH 6,6 de acordo com Assumpção & Morita, 1968) são adicionadas. Ácido

lático 0,01 N é adicionado gota a gota até a solução tornar-se amarela

devido a mudança de cor do indicador. O volume de ácido lático utilizado é

registrado. O método descrito foi realizado em 204 crianças e após

comparação da quantidade de ácido lático consumido com o índice CPO, o

autor relatou que crianças imunes a cárie apresentavam maior capacidade

tampão do que as que possuíam lesões de cárie rampantes. O autor relatou

que esse teste foi mais efetivo a medida que poucos equipamentos

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laboratoriais, de baixo custo, são necessários. A técnica foi considerada

simples e os resultados confiáveis.

Entretanto, o pH crítico 6,0 foi determinado com um indicador

colorimétrico, o qual não é tão exato quanto um potenciômetro. Para

minimizar esta desvantagem o autor utilizou o ácido mais diluído (ácido lático

0,01N) para diminuir a variação de pH.

Em 1980, Frostell utilizou um kit comercial para determinação da

capacidade tampão – Dentobuff® (Orion Diagnostica) que consistiu na

introdução de 1 ml de saliva coletada após estimulação com parafina em um

tubo contendo uma quantidade padronizada de 0.005 M de ácido clorídrico.

Após agitação por 10 segundos a tampa do tubo foi retirada para permitir a

liberação do dióxido de carbono durante 2 minutos. A coloração dos tubos foi

comparada a uma escala colorimétrica que acompanha o kit do Dentobuff ®.

Ericson & Bratthall em 1989 utilizaram o kit Dentobuff Strip®

(Orion Diagnostica) que foi desenvolvido com a finalidade de simplificar

ainda mais o método. Uma pequena quantidade de ácido foi colocada pelo

fabricante em uma tira de papel indicadora de pH. Uma gota de saliva

deveria ser colocada sobre a tira indicadora e após a dissolução do ácido (5

minutos) haveria uma mudança de cor da tira de papel e o pH final deveria

ser lido por comparação da cor com uma escala fornecida pelo fabricante.

Essa escala identificava saliva com capacidade tampão baixa (pH < 4),

intermediária (4,5 < pH < 5,5) e alta (pH > 6).

O método colorimétrico baseia-se na mudança de cor de um

determinado indicador em valores de pH e não fornece resultados

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confiáveis, portanto a determinação do pH através do método eletrométrico -

com um eletrodo de vidro – parece ser o método de escolha em testes

salivares (Sellman, 1950; Ericsson, 1959).

2.3.2 Métodos Eletrométricos

Em 1946, Dreizen et al. descreveram uma técnica de

determinação da capacidade tampão que foi muito utilizada por outros

autores nos anos seguintes. Essa técnica consistia na medição do pH inicial

de 5 ml de saliva estimulada com parafina seguida da titulação desta saliva

com a adição de 0,04 ml de ácido lático 0,1 N e medição do pH após cada

adição do ácido. Esse procedimento deve ser realizado até a solução atingir

o pH 4. O valor 4 foi determinado porque a partir daí não há mais

dissociação do ácido lático devido ao acúmulo de lactato e íons hidrogênio.

Em 1949, Dewar investigou a influência dos vários fatores

relativos aos testes salivares (período do dia, tipo de estímulo, fluxo salivar,

etc.) nos resultados desses testes e se propôs a padronizar as condições de

cada teste salivar. Em relação a capacidade tampão, a autora fez algumas

variações na técnica de Dreizen et al. (1946): utilizou 1 ml de saliva na

titulação e o ácido lático foi utilizado na concentração de 0, 02 N e portanto,

não tão concentrado quanto a 0,1N como descrito por Dreizen et al. (1946).

Entretanto, os resultados foram idênticos com os dois métodos. Com a

finalidade de minimizar os erros durante o teste salivar, a autora

recomendou uma padronização das condições para determinação da

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capacidade tampão: a saliva deve ser coletada entre 9:00 e 12:00 da manhã

com estimulação mecânica através da mastigação de um bloco de parafina

numa velocidade de aproximadamente 50 vezes por minuto. Imediatamente

após a coleta uma amostra de 5 ml deve ser colocada em óleo de parafina

(para prevenir o escape de gás carbônico) e a capacidade tampão deve ser

estimada através da técnica proposta por ela, dentro de uma hora após o

início da coleta.

Dewar em 1950 relatou as vantagens e desvantagens do teste de

capacidade tampão. Segundo a autora, o teste pode ser realizado de forma

rápida e os únicos equipamentos necessários são o potenciômetro com

eletrodo de vidro e uma bureta. Entretanto, o tempo entre a coleta da saliva

e a realização do teste deve ser no máximo de 1 hora. A autora ainda

acrescentou que a aplicação do teste é limitada já que os resultados são

sensíveis ao período do dia e a variações no fluxo salivar. Resultados mais

satisfatórios podem ser obtidos quando o efeito do fluxo salivar na

capacidade tampão é estudado.

Ericsson em 1959 estabeleceu um método simples e prático para

estimar a capacidade tampão salivar. O método proposto consistia na adição

de 2 ml de 0.005 N de ácido clorídrico e 1 ml de água destilada a 1 ml de

saliva não estimulada. À essa mistura era adicionada uma gota de octanol

para prevenir a formação de bolhas, e utilizada uma corrente de ar durante

20 minutos para remover o gás carbônico. O pH foi determinado

eletrometricamente. Para a saliva estimulada o autor utilizou 3 ml de ácido

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clorídrico com a mesma normalidade e seguiu os mesmos passos já

descritos.

O teste foi realizado com cinco adultos jovens e saudáveis,

durante três dias com saliva não estimulada e nos três dias subsequentes

com saliva estimulada Foi concluído que a determinação da capacidade

tampão com finalidade diagnóstica deveria ser feita pelo menos 1 hora após

a última refeição a fim de obter o resultado mais estável possível e, as

comparações inter-individuais deveriam ser feitas antes ou depois do

almoço. Em relação a influência dos alimentos na capacidade tampão

salivar, o autor concluiu que legumes e principalmente as proteínas

aumentaram a capacidade tampão salivar, enquanto que os carboidratos

tenderam a diminuir essa capacidade.

Marlay (1970) avaliou a relação entre cárie dentária e

propriedades salivares na adolescência. Amostras salivares de 30 meninas,

sendo 10 pertencentes a faixa etária de 11-13 anos, 10 de 13 -15 e 10 de

15-17 anos foram coletadas mensalmente e durante todo o período do

estudo. Foram realizados testes salivares dentre eles a determinação da

capacidade tampão. As participantes foram instruídas a mastigar um

pedaço de plástico e a saliva estimulada foi então coletada em um recipiente

contendo óleo de parafina . A titulação das amostras foi realizada após

adição de 4 ml de água destilada a 2 ml de saliva, com adição de 0,05 N de

ácido clorídrico até o pH 5,0, sempre sob agitação mecânica. A quantidade

de ácido clorídrico necessária para levar a saliva ao pH 5,0 foi registrada.

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34

2.3.3 Comparação entre os métodos

Frostell (1980) comparou o método colorimétrico para medição da

capacidade tampão (Dentobuff®, Orion Diagnostics Ltd.) com o método

desenvolvido por Ericsson (1959). Foram utilizadas amostras salivares de

136 pacientes de várias idades e ambos os sexos. Para realização do

método Dentobuff ®, após a estimulação da saliva com um bloco de

parafina, 1ml da amostra foi introduzida em um tubo contendo uma

quantidade padronizada de 0.005 M de ácido clorídrico e após agitação por

10 segundos a tampa do tubo foi retirada para permitir a liberação do

dióxido de carbono durante 2 minutos. O autor também avaliou a diferença

quanto a liberação de dióxido de carbono não removendo a tampa do tubo

em 58 testes. A coloração dos tubos foi comparada a uma escala

colorimétrica que acompanha o kit do Dentobuff ®. Os resultados foram mais

precisos nos testes onde houve evaporação do dióxido de carbono do que

nos tubos que permaneceram fechados. Além disso, a eficácia do método

colorimétrico foi considerada suficientemente boa mas em caso de dúvida o

autor recomendou a repetição do teste. O estudo mostrou que valores de pH

entre 3.0 e 4.0 deveriam ser considerados indicativos de capacidade tampão

baixa ou muito baixa, entre 4.5 e 5.0 – intermediária e acima de 5.5

capacidade tampão normal ou boa.

Wilkner & Nedlich (1985) também compararam o método

colorimétrico Dentobuff ® com o desenvolvido por Ericsson (1959) em 2204

adultos (dentistas e atendentes) para determinação da capacidade tampão

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salivar. Cada pessoa realizou o teste Dentobuff ® com sua própria amostra

de saliva e o restante da saliva estimulada foi processado por um assistente

de laboratório para realização do método desenvolvido por Ericsson (1959).

Este estudo não apresentou diferença entre os métodos com valores de pH

abaixo de 6.5 mas em faixas acima deste valor o método Dentobuff ®

subestimou a capacidade tampão comparando –se com o método

eletrométrico. Ao comparar os dois métodos em uma escala dividida por

faixas de pH , sendo de 3.0-4.5 considerada baixa capacidade tampão, de

4.6-5.5 – intermediária e de 5.6-7.0 considerada alta, os dois métodos

apresentaram-se semelhantes. Os autores concluíram que o método

Dentobuff® não deveria ser usado como uma avaliação precisa da

capacidade tampão salivar, mas é um excelente instrumento para

identificação de capacidade tampão por faixas – baixa, média e

intermediária- mesmo se utilizado por pessoas sem experiência.

Wilkner & Moum (1986) avaliaram a capacidade tampão salivar de

1596 crianças e adolescentes de 7 a 15 anos através do kit Dentobuff®

(Orion Diagnostica) com a proposta de determinar a distribuição de valores

baixos, intermediários e altos de capacidade tampão em escolares. A coleta

foi realizada na própria sala de aula, seguindo as instruções do fabricante e

posteriormente foi avaliado o pH final através da escala de cor do kit

Dentobuff®. Não foi encontrada diferença significativa entre os valores de

capacidade tampão nas diferentes idades.

Um alto valor de capacidade tampão salivar foi encontrado em

39,7% de todas as crianças (pH > 6.0), enquanto que 20,4% apresentaram

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um valor intermediário (5,0 < pH < 5,5) e 39,9% baixa capacidade tampão

(pH<4,5).

Os autores relataram com vantagem com o uso do Dentobuff ® o

fato do exame da amostra salivar ser feito imediatamente a coleta, não

havendo modificação no valor da capacidade tampão salivar devido ao

tempo decorrido no transporte entre a coleta e o processamento laboratorial.

Le Bell et al. (1991), analisaram as variações existentes em

estimular ou não a saliva previamente a coleta da amostra e também a

influência da repetição desta coleta para análise da capacidade tampão.

Para isso participaram do estudo 41 crianças, 23 do sexo feminino e 18 do

sexo masculino, com média de idade de 9 anos e 5 meses. Com o objetivo

de analisar o efeito de coletar amostras salivares repetidas vezes, foram

coletadas amostras durante 3 dias sem estimulação prévia. Após 4 dias foi

realizada coleta salivar com estimulação prévia com bloco de parafina por 1

minuto. A capacidade tampão foi determinada pelo método Dentobuff®

(Orion Diagnostic) descrito por Frostell (1980), porém o pH final foi

determinado eletrometricamente e não através da escala de cor que

acompanha o kit comercial. Não foi encontrada diferença estatisticamente

significante para ambos os sexos em relação a capacidade tampão quando

comparados as três coletas sem estimulação. Porém, os autores

encontraram valores mais altos de capacidade tampão quando foi feita

estimulação prévia do que sem estimulação.

Ericson & Bratthall em 1989 compararam três métodos de

determinação da capacidade tampão salivar em 62 indivíduos: método

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Dentobuff® (Orion Diagnostic), Dentobuff Strip® (Orion Diagnostica) e o

método proposto por Ericsson em 1959. Após estimulação da saliva com

parafina a capacidade tampão foi imediatamente determinada pelos três

métodos. Os autores encontraram uma boa correlação entre os métodos

Dentobuff® e Dentobuff Strip® e também entre Dentobuff Strip® e o método

eletrométrico proposto por Ericsson em 1959. Os autores consideraram o

Dentobuff Strip® como um método prático para avaliação dos fatores de

risco a cárie dentária.

Spadaro et al. (1998) desenvolveram e padronizaram um método

colorimétrico para avaliação da capacidade tampão salivar com base em

amostras de saliva obtidas da população brasileira. Para a obtenção dos

dados foram coletadas amostras de saliva estimulada de 206 indivíduos,

selecionados ao acaso, na faixa etária de 5 a 50 anos, sendo 35% de

crianças, 45% de jovens e 20% de adultos. Após a coleta, uma alíquota de

1ml foi imediatamente transferida para um pequeno tubo de plástico para

titulação com HCL 5 mM. A determinação colorimétrica do pH da saliva foi

realizada com 1ml da amostra e 1ml de ácido clorídrico 11, 12 ou 13 mM,

contendo 100 microlitros de solução 0,05% de verde de bromocresol. O

corante verde de bromocresol apresenta cor amarela em pH 3,8 e cor azul

em pH 5,4, de acordo com Assumpção & Morita (1968). A cor obtida no tubo

foi comparada com uma fita pré-elaborada em computador, adequada às

condições operacionais existentes e valores padrão de pH determinados

potenciometricamente. A análise dos dados indicou que o valor de 11

microequivalentes de H+/ml de saliva foi o mais apropriado para avaliação da

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capacidade tamponante salivar da população estudada, nas condições

utilizadas na elaboração e padronização do método descrito.

Bardow et al. (2000) avaliaram a capacidade tampão de amostras

salivares, com e sem estimulação, de 20 voluntários, no intervalo de pH de

7,5 a 3,0. Considerando que a saliva total contém três sistemas principais

que realizam o tamponamento - bicarbonato, fosfato e proteínas – os autores

determinaram a concentração de cada um destes compostos. A coleta da

saliva foi realizada entre 9 e 12 horas da manhã , e foi pedido aos

voluntários que estivessem sem comer e beber por 2 horas no momento da

coleta. Com o objetivo de evitar a perda de gás carbônico e bicarbonato da

saliva, a amostra foi coletada em um recipiente contendo óleo de parafina, o

qual é impermeável ao gás carbônico. Foram coletadas amostras de saliva

sem e com estimulação, sendo que esta última foi realizada com a

mastigação de um bloco de 1 grama de parafina. Foi calculado o fluxo

salivar para cada uma das amostras. Os autores realizaram titulação das

amostras salivares com e sem bicarbonato, ou seja, foi utilizado um

equipamento que não permite a perda de gás carbônico e bicarbonato da

saliva para atmosfera durante a titulação e inicialmente foi medido o pH de

cada amostra contendo 2 ml de saliva, sendo que as amostras que

apresentavam pH inferior a 7,0 foram ajustadas até este valor com a adição

de hidróxido de sódio. A titulação foi realizada com 5 µl de 1 mol/l de ácido

clorídrico na faixa de pH de 7,0 a 3,0. Foram selecionadas aleatoriamente 10

amostras de saliva estimulada e 10 de saliva sem estimulação para remoção

de gás carbônico e bicarbonato. Para isso, o pH foi ajustado em 6,1 e uma

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corrente de nitrogênio foi introduzida na amostra contida em um tubo aberto

sob máxima agitação durante uma hora. O pH da amostra foi então

registrado. Este procedimento foi repetido até a estabilização do pH. Em

sequência, foi realizada a titulação da mesma forma descrita para saliva sem

remoção destes componentes. Os autores determinaram também a

concentração total de fosfato e proteínas em amostras de saliva coletadas

com e sem estimulação. Como resultados, os autores encontraram, em

amostras de saliva estimulada, um maior fluxo salivar, concentração

reduzida de fosfato e o pH mais alcalino. Não foi encontrada diferença em

relação a concentração de proteínas. As amostras de saliva estimulada

apresentaram maior capacidade tampão do que as sem estimulação,

principalmente acima do pH 5,5. Além disso, as amostras contendo gás

carbônico e bicarbonato apresentaram maior capacidade tampão, tanto com

e sem estimulação, do que aquelas em que foi realizada a remoção destes

compostos.

Tanto para saliva estimulada ou não, a remoção de gás carbônico

e bicarbonato das amostras não afetou a capacidade tampão, revelando que

nessa faixa de pH o sistema bicarbonato não contribui muito para a

capacidade tampão.

Os autores encontraram que na faixa de pH entre 7,0 e 5,0, o

principal preditor de maior capacidade tampão foi a concentração de

bicarbonato, visualizada em amostras com maior concentração deste. O

segundo preditor nessa faixa de pH foi o alto fluxo salivar e em terceiro

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lugar, o alto valor de pH da saliva. Em quarto lugar para a maior capacidade

tampão salivar foi a concentração total de fosfato.

Não foi encontrada correlação entre os itens idade, sexo e

concentração de proteínas e capacidade tampão nesta faixa de pH. A

concentração total de proteínas foi correlacionada com alta capacidade

tampão na faixa de pH entre 5,0 e 4,0.

Como conclusões, os autores apresentaram que o sistema

bicarbonato é o principal responsável pela função de capacidade tampão

salivar na faixa de pH entre 7,0 e 5,0 e em particular em saliva estimulada. A

contribuição do sistema de proteínas é limitada a faixa de pH ácido (entre

5,0 e 4,0), onde este sistema é importante.

2. 4 Propriedades da saliva e consumo de bebidas ácidas

Muitos estudos têm demonstrado o efeito de várias bebidas nos

tecidos dentários. Devido aos baixos valores de pH de bebidas como

refrigerantes e sucos de frutas há uma grande preocupação quanto ao

consumo excessivo dessas bebidas e as doenças cárie e erosão dentária

(Ismail et al., 1984; Grobler, 1991; Sorvari & Rytömaa, 1991; Touyz, 1994;

Edwards et al. 1999; Bocarena et al. 1999; Hunter et al., 2000a; Hunter et al.,

2000b).

A maioria dos refrigerantes contêm sacarose, glicose ou frutose,

açúcares altamente fermentáveis na placa dentária, além disso também

apresentam quantidades variáveis de ácidos para balancear a doçura e

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41

tornar a bebida mais refrescante (Sorvari & Rytomäa, 1991). Os sucos de

frutas e os refrigerantes a base de frutas são produzidos a partir da fruta

concentrada e consistem em ácidos orgânicos derivados da própria fruta,

como o ácido cítrico das laranjas, ácido tartárico das uvas e ácido málico das

maçãs. A adição de vitamina C também contribui para a acidez dos

refrigerantes (Touyz, 1994).

Edwards et al. em 1999 avaliaram o pH e a capacidade tampão

de várias bebidas dentre elas sucos de frutas, refrigerantes e refrigerantes a

base de frutas. As versões dietéticas das bebidas também foram avaliadas.

Para determinação da capacidade tampão das bebidas, ou seja, a

propriedade da bebida de resistir as mudanças de pH, foram realizadas

titulações com hidróxido de sódio 1 M , adicionados em incrementos de 0,5

ml até atingir o pH 10 em 100 ml da bebida. Em relação aos valores de pH

inicial os autores encontraram o menor valor para o grupo dos refrigerantes

(média : 2,81, dp: 0,27) seguido dos refrigerantes a base de frutas (média:

2,83, dp: 0,84). Os sucos de frutas apresentaram pH inicial de 3,45 (dp:

0,29). A capacidade tampão foi medida através da quantidade de base

necessária para elevar o pH da bebida até 10 e foi expressa na seguinte

ordem: sucos de frutas > refrigerantes a base de frutas > refrigerantes como

a coca cola. Grobler & Van der Horst (1982) também encontraram maior

capacidade tampão em sucos de frutas em relação aos refrigerantes.

Embora o potencial erosivo das bebidas tenha sido demonstrado

em estudo in vitro, os efeitos na cavidade oral dependem dos fatores

salivares como fluxo e capacidade tampão (Wöltgens et al. 1985), além da

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42

freqüência de exposição da bebida ácida sobre os dentes (Guggenheimer &

Scheiner, 1980).

Fushida & Cury em 1999 avaliaram através de um estudo in situ

o efeito erosivo do refrigerante Coca-Cola ® no esmalte e dentina e a

capacidade da saliva em reverter as alterações. Os participantes da

pesquisa utilizaram dispositivos intra-orais palatinos contendo blocos de

esmalte e de dentina de dentes bovinos e ingeriram Coca-cola ® de 1 a 8

vezes por dia. A erosão provocada na superfície dos blocos e o efeito da

reparação pela saliva foram avaliados através da análise de dureza

superficial. Esta análise foi feita para seleção dos blocos dentais, após

ficarem 2 horas na boca dos voluntários, após a última ingestão de Coca-

Coca® para medir a perda de dureza e 24 horas após a última ingestão do

refrigerante para avaliar a capacidade da saliva em recuperar a dureza

perdida. Foi observada uma redução de dureza significativa do esmalte e

dentina com todas as freqüências de ingestão do refrigerante. Embora a

saliva tenha aumentado significativamente a dureza de ambos os tecidos, a

recuperação não foi total.

2.5 Índices de Placa, Gengival e de cárie

Dentre as doenças que mais acometem a cavidade oral estão a

cárie e a doença periodontal. Embora essas doenças sejam causadas por

diferentes tipos de placa bacteriana, é necessária a prevenção da placa para

controle destas doenças.

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43

2.5.1 Índices de Placa

Diversos índices têm sido propostos para avaliação quanto a

presença e quantidade de placa bacteriana sobre as superfícies dentárias.

Ramfjord em 1959 propôs a utilização de um índice que avalia a

presença de placa bacteriana em 6 dentes (16, 21, 24, 36, 41 e 44). Os

dentes são corados com evidenciador de placa bacteriana e dependendo do

acúmulo de placa são atribuídos valores de 0 a 3.

Outros índices são comumente usados para avaliação da placa

bacteriana como o índice de higiene oral (OHI) proposto por Greene &

Vermillion (1960). Este índice apresenta dois componentes: índice de debris

(DI-S) que permite a avaliação da presença de placa bacteriana e o índice

de cálculo (CI-S). Com esse índice obtém-se a avaliação de 12 superfícies

dentárias. Em 1964, Greene & Vermillion propuseram o índice de higiene

oral simplificado (OHI-S) reduzindo para 6 o número de superfícies

examinadas. Essas superfícies são selecionadas da seguinte maneira: 4

dentes posteriores e 2 anteriores. O primeiro molar totalmente erupcionado é

avaliado (no superior examina-se a face vestibular e no inferior a lingual) e

na região anterior a face vestibular do incisivo central superior direito e

inferior esquerdo. São atribuídos valores de 0 a 3 de acordo com a

quantidade de placa bacteriana presente . O índice é determinado pela soma

de todos os valores dividido pelo número de superfícies avaliadas. Valores

entre 0,3 e 0,6 são considerados como indicadores de boa higiene oral,

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44

entre 0,7 e 1,8, regular e entre 1,9 e 3,0, indica uma higiene oral ruim. Estes

índices são facilmente realizados e reproduzíveis (Wei & Lang, 1982).

O´Leary et al. em 1972 propuseram um índice simples, utilizando

solução evidenciadora, onde atribuíram valores positivos para dentes com

placa bacteriana corada próximo a gengiva. O número de superfícies

marcadas positivamente é dividido pelo total de superfícies examinadas e o

resultado é multiplicado por 100, para expressar o índice em porcentagem

Rodrigues et al. em 1990 estabeleceram uma simplificação do

índice de higiene bucal em crianças nas faixas etárias de 4 a 6 e 7 a 10

anos, com dentições decídua e mista, respectivamente. Para isso, as

crianças utilizaram pastilha evidenciadora de placa bacteriana e após

eliminação do excesso de corante, os autores aplicaram os critérios e

escores de Greene & Vermillion (1960) para avaliação da placa bacteriana.

Os dentes avaliados foram os mesmos propostos por Santos (1986) para a

dentição decídua e para a dentição mista acrescentaram 2 dentes

permanentes. Em cada dente foi escolhida apenas uma superfície. Os

dentes e superfícies avaliados foram: face vestibular dos dentes 54, 61, 82,

26 e lingual do 75 e 46. Os resultados mostraram que os valores

simplificados apresentaram altos coeficientes de correlação e portanto são

válidos para utilização em levantamentos epidemiológicos.

Em 1964 Silness & Löe (1964) propuseram um índice de placa

que consiste na avaliação de todas as superfícies dentárias (vestibular,

lingual, mesial e distal) quanto a presença de placa bacteriana na margem

gengival. A avaliação é feita com sonda periodontal e baseada em critérios

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45

como: ausência de placa visível, presença de placa bacteriana no terço

gengival, placa visível e placa abundante. A cada critério é atribuído o valor

correspondente 0, 1, 2 ou 3 respectivamente.

2.5.2 Índices Gengivais

Em relação aos índices gengivais, vários índices têm sido

propostos como o desenvolvido por Löe & Silness (1963) que atribuíram

graus de 0 a 3 para a inflamação gengival. Os autores propuseram a

realização de exame em 6 dentes, sendo que 4 unidades são avaliadas em

cada dente (papila disto- vestibular, margem vestibular, papila mésio-

vestibular e linguo-vestibular).

Ainamo & Bay em 1975 analisaram apenas a presença ou

ausência de sangramento quando da sondagem do sulco gengival. Se o

sangramento ocorrer dentro de 10 a 15 segundos é atribuído escore positivo.

O número de unidades positivas é dividido pelo número de unidades

examinadas e o resultado é expresso em porcentagem.

Rodrigues et al. em 1989a propuseram um índice gengival

simplificado para as dentições decídua e mista. Os autores avaliaram os

seguintes dentes: 54, 61, 75 e 82 para a dentição decídua e acrescentaram

os dentes 26 e 46 na dentição mista. As faces vestibulares dos dentes

selecionados foram examinados e atribuídos critérios de 0 a 4 quanto ao

grau de inflamação gengival. Os resultados mostraram que os valores

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46

simplificados apresentaram altos coeficientes de correlação e portanto são

válidos para utilização em levantamentos epidemiológicos.

Löe em 1967 fez uma modificação no índice proposto por Löe &

Silness em 1963 no que diz respeito à forma de avaliação do sangramento

da unidade gengival. No primeiro índice, o sangramento era avaliado após

“pressão” na unidade gengival e esta foi substituída por “sondagem” em

1967.

2.5.3 Índices de Cárie

Klein & Palmer em 1937 propuseram o índice CPO que permite

avaliar a experiência de cárie para os dentes permanentes. Com a utilização

deste índice, é possível conhecer a estória de cárie que o paciente

apresentou. Ou seja, o índice fornece a quantidade de dentes cariados,

perdidos e obturados.

Este índice ainda é muito utilizado em levantamentos

epidemiológicos pela facilidade de uso. A partir do CPO surgiram vários

índices com diferentes unidades de medida, por exemplo a superfície (CPO-

S), proposto por Klein et al. em 1938. Com esse índice cada dente é

considerado como 5 superfícies, portanto fornece resultados com maior

precisão.

Para a dentição decídua, Gruebbel em 1944 estabeleceu o índice

ceo que utiliza os mesmos critérios do índice CPO, exceto para os dentes

perdidos que não entram no cálculo do índice por não ser possível saber se

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47

os dentes foram perdidos por cárie ou por esfoliação fisiológica. Neste índice

o componente “e” refere-se aos dentes com extração indicada.

Visando maior precisão nos resultados envolvendo dentes

decíduos, Cardoso em 1975 utilizou a unidade superfície (ceos) para o

índice cpo.

Rodrigues et al. em 1989b propuseram uma simplificação do

índice de cárie em crianças de 4 a 6 e de 7 a 10 anos. Para a dentição

decídua, os autores utilizaram o índice ceo de Gruebbel (1944), modificado

por Cardoso (1975) para a unidade superfície (ceos). Por este índice não

contar os dentes ausentes no momento do exame, os autores fizeram

algumas modificações para diminuir a falha do índice: os incisivos inferiores

não presentes aos 4 anos e os superiores aos 4 e 5 anos foram

considerados extraídos por cárie e nas idades superiores como ausentes.

Os caninos e molares decíduos foram também considerados extraídos

quando ausentes até os 7 anos. Para os dentes permanentes foi utilizado o

índice CPOS (Klein et al., 1938) e na dentição mista o índice de cárie foi

obtido pela soma dos índices ceos e CPOS. Nas idades de 4 a6 anos os

dentes examinados foram: 54, 61, 75 e 82 e na dentição mista foram

acrescidos os dentes 26 e 46. Os autores concluíram que a simplificação do

índice de cárie apresentou altos valores de correlação com o índice total,

sendo indicado para aplicação em levantamentos epidemiológicos.

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3 PROPOSIÇÃO

O objetivo da presente pesquisa foi desenvolver uma metodologia

prática, objetiva e não onerosa, para avaliação do poder de neutralização

existente na cavidade oral.

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4 CASUÍSTICA, MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização desta pesquisa foram selecionados crianças,

adolescentes e adultos de ambos os sexos, (28 do sexo feminino e 22 do

sexo feminino) com idade variando entre 05 e 21 anos, totalizando 50

participantes. Os participantes foram selecionados com base em alguns

critérios:

1. Não ter usado medicação num período de 15 dias antes do estudo;

2. Não possuir doenças sistêmicas;

3. Não possuir aparelho ortodôntico fixo;

4. Não estar em tratamento odontológico no momento da pesquisa.

Após aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo -

parecer n 107/00 (ANEXO 1) - a coleta dos dados foi realizada na Clínica da

Pós Graduação em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo (FOUSP) e na escola estadual: Keizo Ishihara

Cefam, localizada no bairro Butantã.

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50

4.1 Exame Clínico

Após consentimento livre e esclarecido do participante (ANEXO

2), ou do responsável, em caso de menores (ANEXO 3), foi realizado o

preenchimento da ficha clínica (ANEXO 4).

A ficha clínica, elaborada especialmente para a ocasião, nos

forneceu dados relativos a identificação do participante, exame físico,

hábitos de higiene e dieta, fluxo salivar e capacidade tampão da saliva.

Os exames foram realizados por um único operador e por um

auxiliar que anotou os dados na ficha, em cadeira odontológica, luz artificial

(refletor), ar comprimido, espelho plano nº 05 e sonda periodontal.

4.1.1. Índice ceo-d/ CPO-D

Para as crianças com dentadura decídua foi avaliado o índice

ceo-d, (Gruebbel, 1944) que fornece dados a respeito dos dentes cariados

(c), com extração indicada (e) e obturados (o).

Para a dentição permanente foi utilizado o índice CPO-D proposto

por Klein & Palmer (1937). Este índice resulta no total de dentes cariados

(C), perdidos (P) ou obturados do indivíduo.

Para as crianças na fase de dentição mista os dentes decíduos

foram avaliados pelo índice ceo-d e os permanentes pelo índice CPO-D. Os

resultados dos dois índices foram fornecidos separadamente.

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51

4.1.2. Índice de Placa (IP)

A placa dental presente sobre os dentes foi avaliada de acordo

com os critérios de Silness & Löe (1964) descritos a seguir:

VALORES CRITÉRIOS

0 Superfície sem placa visível

1 Presença de placa no terço gengival

2 Placa visível

3 Placa abundante

4.1.3. Índice Gengival

O tecido gengival foi examinado usando os critérios descritos por

Löe (1967) apresentados a seguir. Os critérios se baseiam nas mudanças

qualitativas do tecido gengival. A gengiva que envolve as 4 faces do dentes

(vestibular, mesial, lingual e distal) recebeu um valor de 0 a 3.

Os valores obtidos em ambos os índices de placa e gengival

foram somados e divididos pelo número de superfícies examinadas,

obtendo-se assim, um valor individual.

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52

VALORES CRITÉRIOS

0 Gengiva normal

1 Inflamação leve - leve mudança na cor com

ligeiro edema e sem sangramento ao toque

2 Inflamação moderada – Vermelhidão e edema.

Aspecto brilhante e sangramento ao toque

3 Inflamação severa – Acentuada vermelhidão e

edema

Ulceração com tendência a sangramento

espontâneo

4.2 Testes salivares

4.2.1 Bochecho com refrigerante

De acordo com a metodologia proposta nesta pesquisa, foi

avaliado o efeito de neutralização existente na cavidade oral com o uso do

refrigerante (Coca-cola ®). Para isso, o participante foi orientado a não

escovar os dentes, não fumar e nem ingerir nenhum tipo de alimento ou

bebida 01 hora antes do exame.

O exame foi realizado sempre no período da manhã, entre 8:30 e

10:00 nas dependências da escola ou na clínica da faculdade. Independente

do lugar, o participante posicionava-se sentado em uma cadeira não

odontológica, em posição relaxada.

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53

O refrigerante utilizado na pesquisa foi Coca-cola ® em lata de

350 ml, adquirida no comércio da cidade de São Paulo, mantida em

temperatura ambiente, a qual foi aberta no momento do uso, e 50 ml foram

transferidos para um becker de vidro. O conjunto permaneceu durante 5

minutos sob agitação de barra magnética no agitador magnético para

eliminação do gás carbônico. Em seguida 10 ml do refrigerante foram

transferidos com o auxílio de uma pipeta de vidro para um copo descartável

com capacidade para 200 ml. O pH do refrigerante supracitado foi então

medido com um aparelho medidor de pH portátil (Digimed DM 2 ®) com

microeletrodo de vidro, previamente calibrado com soluções padrão pH 4,0 e

7,0.

Imediatamente após a aferição do pH, o participante realizou

bochecho com todo o conteúdo do copo descartável (10 ml) durante 30

segundos, cronometrados pelo operador, tomando o cuidado para não

engolir. Após esse período o participante expectorou no copo descartável e

o pH dessa solução foi medido com o mesmo aparelho imediatamente. A

solução foi então transferida para uma proveta e foi anotado o volume

expectorado.

Após um intervalo de 5 minutos, cronometrados pelo operador, o

procedimento foi repetido seguindo os mesmos passos descritos

anteriormente, com outra amostra de 10 ml de Coca-Cola ®. Previamente ao

bochecho, o valor do pH do refrigerante foi medido novamente.

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54

O participante foi orientado a realizar bochecho com água e em

seguida escovação imediatamente após o término dos bochechos para

eliminar a acidez deixada pelo refrigerante na cavidade oral.

4.2.2 Titulometria e Método Dentobuff Strip®

Em uma terceira consulta, no mesmo horário desta última e

seguindo as mesmas recomendações quanto à ingestão de alimentos, foi

realizada coleta da saliva e posterior medição da capacidade tampão salivar

com o uso de outros dois métodos comumente usados atualmente – método

Dentobuff Strip® (Orion Diagnostica – Lote AK 005) e titulação através do

método eletrométrico com ácido lático 0,01N.

O participante foi posicionado sentado confortavelmente em uma

cadeira para a coleta salivar.

Com o objetivo de estimular a secreção salivar foi utilizado o

tablete de parafina que acompanha o kit Dentobuff Strip®. Toda a saliva

produzida nos primeiros 30 segundos foi deglutida e a partir daí iniciou-se

uma nova cronometragem do tempo com a duração de 5 minutos. Durante

esse tempo o participante permaneceu confortavelmente sentado,

mastigando o bloco de parafina e expectorando a saliva, em intervalos

freqüentes, em um funil de vidro posicionado sobre uma proveta.

Após esse procedimento o operador anotou o volume de saliva

expectorado descontando a espuma eventualmente formada. Após isso, o

operador depositou com uma pipeta uma determinada quantidade de saliva

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55

coletada sobre a tira de papel indicadora de pH, que acompanha o kit

Dentobuff Strip ® de forma que todo o campo amarelo da fita ficasse

umedecido (de acordo com as recomendações do fabricante). Após 5

minutos, foi avaliada a mudança de coloração na tira de papel, e comparada

com a escala colorimétrica fornecida pelo fabricante. Essa escala relaciona

as cores a três faixas de pH, a saber: amarelo – pH < 4,0 - baixa capacidade

tampão, verde – 4,5 < pH < 5,5 – capacidade tampão intermediária e azul –

pH > 6,0 – alta capacidade tampão.

O operador também transferiu, com o auxílio de uma pipeta

automática, 1ml da saliva recém coletada para um tubo de ensaio de plástico

e mediu o pH inicial com o aparelho medidor de pH portátil já mencionado.

Foi realizada uma curva de titulação através da adição de 0,1 ml (com uma

pipeta automática) de ácido lático 0,01N e medição imediata do pH. Esse

procedimento foi realizado até a solução atingir o valor de pH 4,0.

Para cada participante foi calculado o fluxo salivar (ml/min), e o

volume de ácido lático utilizado na titulação.

4.3. Metodologia Estatística

Para avaliação da influência das varáveis sexo e idade na

distribuição das amostras foi realizado o teste “t” de Student. Foi realizado o

teste de Correlação de Pearson entre os métodos utilizados para

determinação da capacidade tampão – titulação e Dentobuff Strip® - e o

método proposto na presente investigação para avaliação da capacidade de

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56

neutralização da cavidade oral. Os testes foram realizados em nível de

significância de 5%, ou seja, foram considerados significativos quando p<

0,05.

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5 RESULTADOS

Por não ter havido diferença estatisticamente significante entre os

sexos e as idades, os dados foram trabalhados conjuntamente.

5.1 Índices (IP, IG, CPO-D e ceo-d)

Os resultados obtidos em relação aos índices utilizados nesta

pesquisa encontram-se na tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Estatísticas descritivas para as variáveis: índice de placa, índice gengival, CPO-

D e ceo-d. DP representa o desvio padrão e n representa o número de amostras

Índices n Média DP ValorMínimo

Valor Máximo

PLACA 41 1,26 0,29 0,05 1,95

GENGIVAL 41 1,32 0,27 0,09 1,82

CPO-D 41 2,02 2,65 0 10

ceo-d 41 3,27 3,52 0 11

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58

Foi encontrada correlação negativa significante entre o volume de

ácido lático utilizado na titulação e o índice ceo-d (Pearson=-0,448; p=0,037).

Correlações positivas e significantes também foram encontradas entre o índice

ceo-d e índice de placa (Pearson=0,451; p=0,035), índice CPO-D e índice

gengival (Pearson=0,374; p=0,021) e entre os índices de placa e gengival

(Pearson=0,772, p=0,000).

5.2 Fluxo salivar

Os valores encontrados para o fluxo salivar estão apresentados na

tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Estatísticas descritivas para a variável fluxo salivar em ml/min. DP

representa o desvio padrão

Fluxo Salivar

n Média D P Valor Mínimo Valor Máximo

50 1,28 0,67 0,36 2,8

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59

Na figura 5.1 encontra-se a distribuição do fluxo salivar nas

amostras estudadas.

Figura 5.1 – Distribuição da freqüência do fluxo salivar

5.3 Titulação da saliva com ácido lático

A figura 5.2 expressa a distribuição de freqüência do volume de

ácido lático (0,01N) utilizado durante a titulação da saliva das 50 amostras.

3210

8

7

6

5

4

3

2

1

0

fluxo salivar (ml/min)

Freq

uênc

ia

Histograma do fluxo salivar

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60

Figura 5.2 – Distribuição da freqüência do volume de ácido lático

utilizado durante a titulação da saliva

Na tabela 5.3 encontram-se os dados referentes à capacidade

tampão salivar, expressos em volume de ácido lático utilizado para titulação

da saliva do pH inicial ao pH 4,0.

Tabela 5.3 - Estatísticas descritivas para a variável capacidade tampão – método de

titulação com ácido lático

DP representa desvio padrão e n representa o número de amostras

Volume de ácido lático utilizado (ml)

N Média D P Valor Mínimo Valor Máximo

50 2,28 0,73 1,1 4,1

Em relação ao volume de ácido lático utilizado na titulação e o fluxo

salivar não foi encontrada correlação significante (Pearson=0,231; p=0,107).

4321

8

7

6

5

4

3

2

1

0

volume de ácido lático (ml)

Freq

uênc

ia

Histograma do volume de ácido lático

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61

5.4 Dentobuff Strip ®

A figura 5.3 expressa a distribuição de freqüência dos valores

encontrados com o método Dentobuff Strip®.

Figura 5.3 – Distribuição da freqüência de valores encontrados com

o método Dentobuff Strip ® para a capacidade tampão

salivar. O valor 1 corresponde a faixa de cor amarela e

representa pH salivar abaixo de 4,0, o valor 2

corresponde a faixa de cor verde e representa a faixa de

pH entre 4,5 e 5,5. O valor 3 corresponde a faixa de cor

azul e representa pH salivar acima de 6,0

321

40

30

20

10

0

Valores do Dentobuff Strip

Freq

uênc

ia

Histograma do Dentobuff Strip

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62

Na tabela 5.4 encontram-se os dados referentes à capacidade

tampão das amostras obtidas com o método Dentobuff Strip®.

Tabela 5.4 – Estatísticas Descritivas para a variável Dentobuff Strip®. Foram atribuídos os

valores 1 para a cor amarela (baixa capacidade tampão), 2 para a cor verde

(capacidade tampão intermediária) e 3 para a cor azul (alta capacidade tampão)

Dentobuff Strip®

n Média D P Valor Mínimo Valor Máximo

50 2,66 0,62 1 3

Entre o método Dentobuff Strip® e fluxo salivar, também não foi

encontrada correlação significante (Pearson= 0,226; p=0,115).

5.5 Bochecho com refrigerante Coca-cola®

Em relação ao método proposto nesta pesquisa, não houve

diferença estatística entre a variação de pH das soluções obtidas após o

primeiro e o segundo bochecho com Coca Cola® portanto foram utilizados os

valores obtidos após o primeiro bochecho na análise estatística.

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63

A figura 5.4 expressa a distribuição de freqüência da variação de

pH após o bochecho com o refrigerante.

Figura 5.4 – Distribuição da freqüência da variação de pH do

refrigerante Coca-cola® após o bochecho

Na tabela 5.5 estão apresentados os dados referentes ao

método proposto nesta pesquisa – bochecho com refrigerante Coca-

cola®.

Tabela 5.5 – Estatísticas Descritivas para as variáveis pH inicial do refrigerante, pH final,

variação de pH e volume final após o bochecho. O volume inicial do refrigerante

foi de 10 ml

Variável Média DP Valor

Mínimo

Valor

Máximo

pH inicial da

Coca-cola®

2,38 0,05 2,27 2,56

Após o bochecho por 30 segundosPH final 3,19 0,60 2,54 4,97

Variação de pH 0,8 0,5 0,16 2,61

Volume final

(ml)

10,5 0,5 10 11,8

3210

10

5

0

variação de pH

Freq

uênc

ia

Histograma da variação de pH

Page 84: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

64

De acordo com a proposta da metodologia apresentada nesta

pesquisa, foi encontrada uma média de neutralização da saliva após o

bochecho com o refrigerante, de 23,8% (dp=16,5, mínimo=4,9% e

máximo=80,8%) até o pH crítico do esmalte (5,5) e considerando o pH

fisiológico da saliva em torno de 7,0, a neutralização até este valor foi de 17%

(dp=12,4, mínimo=3,3% e máximo= 55,1%).

Na tabela 5.6 encontram-se os valores de neutralização da saliva,

após o bochecho com Coca-cola ®, distribuídos por faixas.

Tabela 5.6 – Apresentação em número absoluto dos participantes de acordo com as

porcentagens de neutralização

Faixas de

neutralização

> 50% 30 - 49% 20 - 29% < 19%

Até pH 5,5 5 11 9 25

Até pH 7,0 2 5 10 33

Considerando a porcentagem de neutralização até o pH 5,5,

metade dos participantes apresentou poder de neutralização abaixo de 19%

(n=25), 40% apresentaram neutralização da cavidade oral na faixa de 20 a

49% e 10% apresentaram poder de neutralização acima de 50 % (n=5). Da

mesma forma, considerando a porcentagem de neutralização até o pH

fisiológico salivar em torno de 7,0, 66% (n=33) apresentaram poder de

neutralização abaixo de 19%, 30% (n=15) apresentaram poder de

neutralização da cavidade oral na faixa de 20 a 49% e 4% (n=2)

apresentaram poder de neutralização acima de 50%.

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65

Foi encontrada correlação estatisticamente significante entre as

variáveis fluxo salivar e diferença de pH, após o bochecho com Coca Cola ®

(Pearson=0,486; p= 0,000), ou seja, quanto maior o fluxo salivar, maior a

diferença de pH observada após o bochecho com o refrigerante. A correlação

entre estas variáveis está exemplificada na figura 5.5.

Figura 5.5 – Correlação entre a diferença de pH obtida

após o bochecho com Coca-cola® e o fluxo

salivar em ml/min (Pearson=0,486; p=0,000)

5.6 Correlação entre os métodos titulação da saliva com ácido

lático 0,01N e Dentobuff Strip®.

Em relação ao método Dentobuff Strip®, e o método titulométrico,

foi encontrada correlação positiva, isto é, quanto maior o volume de ácido

lático utilizado na titulação da saliva, maior o valor encontrado pelo método

Dentobuff Strip ® (Pearson = 0,290; p= 0,041). A figura 5.6 representa a

correlação entre os métodos.

00,5

11,5

22,5

3

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3fluxo

sal

ivar

(ml/m

in

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66

Figura 5.6 – Correlação entre o volume de ácido

lático utilizado na titulação e os

valores encontrados com o método

Dentobuff Strip ® (Pearson=0,290;

p=0,041)

0

1

2

3

4

0 1 2 3 4 5

volume de ácido lático (ml)

valo

res

do D

ento

buff

Strip

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67

As figuras 5.7 a 5.9 apresentam a distribuição de freqüência do

volume de ácido lático utilizado de acordo com cada valor encontrado pelo

método Dentobuff Strip ®.

Figura 5.7 – Distribuição da freqüência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com o valor de pH < 4,0. Esta

faixa de pH é representada pela cor amarela da

escala

4321

2

1

0

volume de ácido lático

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip pH < 4,0)Histograma do volume de ácido lático

Page 88: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

68

Figura 5.8 – Distribuição da freqüência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com a faixa de pH entre 4,5 e

5,5

4321

2

1

0

volume de ácido lático

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip 4,5< pH < 5,5)Histograma do volume de ácido lático

Page 89: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

69

Figura 5.9 – Distribuição da frequência do volume de ácido lático

utilizado de acordo com o valor de pH > 6,0

representado pela cor azul da escala colorimétrica do

kit Dentobuff Strip ®. Esta faixa de pH corresponde à

alta capacidade tampão. Esta faixa é representada

pela cor verde da escala colorimétrica do kit

Dentobuff Strip ® e corresponde a capacidade

tampão intermediária

5.7 Correlação entre os métodos titulação da saliva com ácido

lático 0,01N e bochecho com refrigerante Coca cola®

Foi encontrada correlação positiva entre o volume total de ácido

lático utilizado na titulação da saliva e a variação de pH obtida após a

realização do bochecho com o refrigerante Coca Cola ® (Pearson = 0,304; p=

0,032) representada pela figura 5.10.

4321

6

5

4

3

2

1

0

volume de ácido lático (ml)

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip pH > 6,0)Histograma do volume de ácido lático

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70

Figura 5.10 – Correlação entre o volume de ácido

lático utilizado na titulação da saliva

com a diferença de unidades de pH

encontrada após o bochecho com

Coca-cola® (Pearson=0,304;p=0,032)

5.8 Correlação entre o método do bochecho com refrigerante Coca-

cola® e Dentobuff Strip®

Não houve correlação estatisticamente significante entre o método

proposto (representado pela diferença de pH do refrigerante após o

bochecho) com o método Dentobuff Strip ® (Pearson= 0,142; p=0,327).

As figuras 5.11 a 5.13 representam a distribuição de freqüência da

variação de pH da Coca Cola ® após o bochecho de acordo com os valores

de capacidade tampão salivar encontrados pelo método Dentobuff Strip ®.

00,5

11,5

22,5

3

0 1 2 3 4 5

volume de ácido lático (ml)

varia

ção

de p

H

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71

Figura 5.11 – Distribuição da frequência da variação de unidades

de pH após o bochecho com Coca-cola ® de

acordo com o valor de pH salivar < 4,0,

representado pela cor amarela do kit Dentobuff

Strip ®

3210

3

2

1

0

variação de pH

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip pH < 4,0) Histograma da variação de pH

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72

Figura 5.12 – Distribuição da freqüência da variação de

unidades de pH após bochecho com Coca-cola®

de acordo com a faixa de pH salivar entre 4,5 e

5,5 representado pela cor verde do kit Dentobuff

Strip®

3210

3

2

1

0

variação de pH

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip 4,5 < pH < 5,5)Histograma da variação de pH

Page 93: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

73

Figura 5.13 – Distribuição da freqüência da variação de unidades

de pH após bochecho com Coca-cola ® de acordo

com o valor de pH salivar >6,0 representado pela

cor azul do kit Dentobuff Strip ®

3210

7

6

5

4

3

2

1

0

variação de pH

Freq

uênc

ia

(Dentobuff Strip >6,0)Histograma da variação de pH

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6 DISCUSSÃO

6.1 Considerações a respeito dos índices de placa (IP) e gengival

(IG)

Na presente pesquisa foi encontrada correlação estatisticamente

significante entre o índice de placa (IP) e o índice de cárie (ceo-d)

(Pearson=0,451; p=0,035) e entre o índice gengival (IG) e o índice CPO-D

(Pearson=0,374;p=0,021).

Também foi estatisticamente significante a correlação entre os

índices de placa e gengival (Pearson=0,772;p=0,000) o que reflete a relação

estreita entre presença de placa bacteriana e inflamação gengival (Taichman

& Lindhe, 1989).

Avaliando as médias do índice de placa e gengival

respectivamente 1,26 (dp=0,29) e 1,32 (dp=0,27) podemos considerar que

de acordo com Löe (1967) a média do índice gengival correspondeu a

inflamação gengival do tipo moderada e na média, o índice de placa

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75

demonstrou a presença de uma fina película de placa bacteriana na margem

gengival.

Para a avaliação da presença de placa bacteriana não foi utilizado

corante evidenciador de placa porque de acordo com Löe (1967), com a

utilização da sonda foram encontrados melhores resultados.

A ausência de relação entre a presença de placa e lesões de

cárie também foi relatada por vários autores (Klock & Krasse, 1979; Horowitz

et al., 1980).

De acordo com Klock & Krasse (1979) o índice de placa não é um

bom preditor de atividade de cárie, a medida que a presença de placa

bacteriana não reflete o número de microrganismos cariogênicos na

superfície dentária. Além disso, a presença de placa bacteriana na superfície

oclusal não é registrada pelos índices propostos na literatura e dependendo

da faixa etária estudada, esta é normalmente mais acometida pelas lesões

de cárie. Tal justificativa está de acordo com nossa opinião.

6.2 Testes salivares

Devido à importância da saliva em relação à prevenção da

doença cárie dentária, os testes salivares devem ser incluídos nos exames

de rotina para avaliação de pacientes quanto ao risco de desenvolvimento

da doença (Snyder et al., 1962; Crossner & Holm, 1977; Ericsson &

Hardwick, 1978; Barenthin & Johnson, 1986; Santos & Long, 1994;

Vehkalahti et al.,1996; Dowd, 1999).

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76

Testes salivares, como por exemplo, determinação do fluxo e

capacidade tampão, são normalmente utilizados para predição do risco a

doença cárie.

6.2.1 Fluxo salivar

Muitos estudos demonstram que o fluxo salivar é maior em

adultos do sexo masculino. (Heintze et al., 1983; Mazengo et al., 1994). Com

relação às crianças há dados que indicam também essa diferença do fluxo

quanto ao sexo, prevalecendo maior valor de fluxo salivar em crianças do

sexo masculino (Crossner & Holm, 1975). Anderson et al., em 2001

encontraram maior fluxo salivar (com estimulação) em adultos quando

comparado a crianças, porém esta diferença não foi encontrada em saliva

coletada sem estimulação. A relação entre idade e fluxo salivar estimulado

ainda não é clara: muitos estudos mostram nenhuma ou pouca alteração no

fluxo apesar das alterações histológicas demonstrarem um declínio

significativo no volume acinar das glândulas. O fato do volume acinar não

afetar o fluxo pode ser explicado pelo fato que a maioria dos órgãos, quando

estimulados, podem compensar a perda de parênquima. (Sreebny, 2000).

Tal afirmação está de acordo com os achados de Mazengo et al., 1994, visto

que os adultos com mais idade (35 a 74 anos) apresentaram a maior média

de fluxo salivar, sugerindo que a idade por si só não reduz o fluxo de saliva

estimulada.

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77

Porém, quanto ao fluxo de saliva em repouso, ou seja, coletada

sem estimulação, de acordo com Sreebny (2000) há uma diminuição com o

aumento da idade.

A média do fluxo salivar obtida neste estudo foi 1,28 ml/min

(DP=0,67) e de acordo com a classificação adotada por Tenovuo & Lagerlöf

(1995) é considerado um valor de fluxo salivar estimulado normal (1,0 – 3,0

ml/min).

No presente estudo não foram encontradas diferenças

estatisticamente significantes entre o fluxo salivar e as variáveis sexo e

idade. Este resultado pode ser explicado pela ausência de padronização na

seleção de indivíduos por faixa etária e sexo, a qual foi feita aleatoriamente.

6.2.2 Fluxo salivar e lesões de cárie

Correlações entre fluxo salivar e presença de lesões cariosas são

controversas na literatura.

Crossner & Holm (1975) e Santos & Long (1994) relataram uma

correlação negativa entre fluxo salivar e índice ceo – d. Vehkalahti et al. em

1996, também encontraram correlação negativa entre fluxo salivar e

variação no índice CPO-S em adolescentes do sexo feminino, após estudo

de 28 meses. Gábris et al. em 1999, porém, não encontraram correlação

entre fluxo e CPO em adolescentes.

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78

No presente estudo as variáveis fluxo salivar e índices ceo-d e

CPO-D não apresentaram correlação significante (Pearson=0,111; p=0,622

e Pearson=0,248; p=0,134, respectivamente).

Tenovuo em 1997 relatou não existir uma associação direta entre

fluxo e lesões de cárie, porém, segundo este autor, parece existir um limite

de fluxo salivar a partir do qual poderia haver um aumento da atividade de

cárie. Contrariamente a Tenovuo (1997), Leone & Oppenheim (2001)

definiram o fluxo salivar como uma variável fortemente associada com risco

da doença cárie.

6.3 Capacidade tampão salivar e lesões de cárie

Com relação à capacidade tampão, Dreizen et al., (1946)

obtiveram correlação negativa entre esta variável e atividade de cárie. Em

contrapartida, Santos & Long (1994) não encontraram correlação entre

capacidade tampão e ceo-d, e Gábris et al., (1999) também não

correlacionaram capacidade tampão com o índice de cárie para dentição

permanente (CPO). Nicolau em 1966 também não encontrou relação entre

capacidade tampão da saliva e desenvolvimento da doença cárie em

primeiros molares permanentes.

Discordando desses autores, Vehkalahti et al., (1996) após estudo

longitudinal com duração de 28 meses, encontraram correlação entre baixa

capacidade tampão e alta variação no índice de cárie CPO-S em

adolescentes do sexo masculino. Larsen et al., (1999) após encontrarem

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79

variações individuais em amostras salivares coletadas semanalmente,

sugeriram que a relação entre prevalência de cárie e parâmetros salivares

pode não ser evidente devido tanto a multifatoriedade da doença cárie, como

ao fato que a caracterização da saliva não pode ser feita baseada apenas

em uma única análise.

No presente estudo foi encontrada correlação negativa entre

capacidade tampão e índice ceo-d (Pearson= -0,448; p=0,037), porém não

foi obtida correlação entre esta variável e o índice CPO-D (Pearson=0,082;

p=0,626).

De acordo com Tenovuo & Lagerlöf (1995) e Tenovuo (1997) a

capacidade tampão salivar, tem fraca associação negativa com atividade de

cárie porque o processo carioso ocorre na interface esmalte-placa

bacteriana e o efeito tampão da saliva é muito limitado nessa área. Porém, a

neutralização da saliva depende de difusão de íons, e apesar de ocorrer

mais lentamente na presença de placa bacteriana, ela não deixa de ser

importante nessa área. Os íons bicarbonato, de acordo com Nikiforuk (1985)

são capazes de se difundirem na placa bacteriana e neutralizarem os ácidos

formados a partir de carboidratos, pelos microrganismos. Tenovuo em 1997

sugeriu a avaliação das propriedades funcionais da saliva como por

exemplo, a capacidade de agregação bacteriana e prevenção desta adesão

bacteriana à hidroxiapatita como sendo mais importantes para finalidades

clínicas.

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80

Leone & Oppenheim (2001) concluíram que a capacidade tampão

salivar apresenta associação de fraca a moderada em relação ao risco de

desenvolvimento da doença cárie.

Após realização de estudo longitudinal com crianças e

adolescentes do sexo feminino, com duração de 24 meses, Marlay (1970)

observou uma queda na capacidade tampão alguns meses antes de ocorrer

aumento no incremento de cárie, em 75% dos participantes. A detecção

clínica ou radiográfica da lesão de cárie foi feita, em média, 9 meses após a

queda mais acentuada da capacidade tampão. Wilson & Ashley (1989)

observaram correlação significante entre capacidade tampão e incremento

de lesões cariosas, após 2 e 3 anos de avaliação de crianças com 11 a 12

anos de idade. Porém, Klock & Krasse (1979) em estudo longitudinal com 24

meses de duração, com crianças de 9 a 12 anos, não encontraram

correlação entre capacidade tampão e incremento de lesões cariosas.

Pienihäkkinen et al., (1987) após realização de um estudo longitudinal com a

mesma duração do anterior, com crianças de 7 a 12 anos de idade,

obtiveram uma correlação muito baixa entre capacidade tampão e

incremento de lesões de cárie.

6.4 Fluxo salivar e capacidade tampão

Correlação positiva entre fluxo e capacidade tampão salivar foi

relatada por vários autores (Klock & Krasse ,1977; Ericsson & Hardwick,

1978; Heintze et al., 1983; Barenthin & Johnson, 1986; Pienihäkkinen et al.,

Page 101: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

81

1987; Mazengo et al., 1994; Kedjarune et al., 1997; Bardow et al., 2000). Os

dados do presente estudo divergem destes resultados a medida que não foi

encontrada correlação estatisticamente significante entre fluxo salivar e

capacidade tampão na amostra estudada, considerando os dois métodos

utilizados para medição da capacidade tampão – titulação com ácido lático

(Pearson= 0,231; p= 0,107) e Dentobuff Strip ® (Pearson= 0,226; p=0,115).

Laine & Pienihäkkinen (2000) também não relataram correlação

entre estas duas variáveis.

6.5 Métodos para determinação da capacidade tampão

É importante afirmar que na literatura são descritos vários testes

para determinação da capacidade tampão salivar, o que torna difícil uma

comparação direta dos resultados obtidos. Além disso, há variação quanto à

amostra no que tange a faixa etária, sexo, número de participantes e grupo

étnico. Em pesquisas envolvendo coleta de saliva deve existir uma

padronização rigorosa das condições dessa coleta já que há variação da

composição salivar e do fluxo em função do ritmo circadiano, ritmo circanual,

estado emocional, doenças agudas, disfunção mastigatória, grau de

hidratação, posição do corpo, dieta, ação de drogas, radioterapia, estímulo

mecânico, gustatório e psicológico (Dawes, 1987; Birkhed & Heintze, 1989;

Edgar, 1992; Watanabe, 1992; Lagerlöf & Oliveby, 1994; Mazengo et al.,

1994; Kavanagh & Svehla, 1998; Kavanagh et al., 1998). Portanto, de

acordo com Birkhed & Heintze (1989) como não existe uma padronização de

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82

todas essas variáveis, cada autor utiliza um determinado método para

determinação da capacidade tampão e padroniza suas condições de coleta

salivar, o que nem sempre permite uma comparação direta dos resultados.

6.5.1 Método Eletrométrico

O método mais utilizado para determinação da capacidade

tampão salivar é a titulometria. Este método baseia-se na adição de ácido a

uma determinada quantidade de saliva e são observadas curvas de pH

típicas (Tenovuo & Lagerlöf, 1995).

Na figura 6.1 é apresentado um exemplo de curva de titulação

realizada com adição de ácido lático na concentração de 0,01 N a 1 ml de

saliva coletada após estimulação mecânica, em intervalos de 0,1 ml.

Curva de titulação com ácido lático 0,01N

02468

10

0,1 0,3 0,5 0,7 0,9 1,1 1,3 1,5

volume de ácido lático (ml)

pH

Figura 6.1– Perfil da capacidade tampão de uma

criança de 10 anos do sexo feminino

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83

O baixo declínio da primeira parte da curva indica resistência

contra alterações de pH e, é conferido pelos sistemas fosfato e ácido

carbônico-bicarbonato. O sistema fosfato tem menor importância em saliva

estimulada devido a sua baixa concentração enquanto que o sistema ácido

carbônico – bicarbonato é mais ativo durante fluxo salivar estimulado

(Newbrun, 1989; Tenovuo & Lagerlöf, 1995; Seow, 1998; Bardow et al.,

2000).

Em relação ao sistema fosfato, dependendo do pH da saliva, o

fosfato pode estar presente em várias formas de acordo com o pK de suas

diferentes formas iônicas, apresentado pelas seguintes equações:

H3PO4 ⇔ H+ + H2PO4 - ⇔ H+ + HPO4 –2 ⇔ H+ + PO4-3 (1)

pK ~ 12,5

pK ~ 7,0

pK ~2,0

Na faixa de pH fisiológico, em torno de 7,0, a maior parte do

fosfato está presente na forma de dihidrogêniofosfato (H2PO4-) e

hidrogêniofosfato (HPO4-2). O pK do H2PO4

- é 7,21 a 25 ºC, portanto sua

capacidade tampão máxima corresponde a esse valor de pH e corresponde

a primeira parte da curva do gráfico (Bardow et al. 2000).

O mecanismo de ação do sistema ácido carbônico-bicarbonato é

descrito através da seguinte reação (2):

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84

CO2 + H2O ⇔ H2CO3 ⇔ HCO3- + H+ (2)

O pK do ácido carbônico é 6,1, próximo do pH encontrado na

placa e conseqüentemente o sistema ácido carbônico-bicarbonato é mais

eficiente nessa faixa de pH.

O bicarbonato aceita íons de hidrogênio para formar o ácido

carbônico (H2CO3). Com o aumento da concentração deste ácido na saliva

ocorre maior escape de dióxido de carbono e assim mais íons bicarbonato

ligam-se a íons hidrogênio. Este sistema contribui para a capacidade tampão

da saliva na primeira parte da curva da titulação e é mais eficiente em saliva

estimulada, onde a concentração de bicarbonato é maior (Tenovuo &

Lagerlöf, 1995; Bardow et al., 2000).

Na faixa em torno de pH 4,0 a capacidade tampão é conferida por

proteínas salivares. Porém devido à baixa concentração destas proteínas na

saliva, estas não são importantes como substâncias tampão. Existem locais

onde a concentração destas proteínas é maior, como nos tegumentos da

mucosa e dentes. Nesses locais, as proteínas podem ser a principal

substância tampão (Tenovuo & Lagerlöf, 1995).

Os sistemas fosfato e de proteínas são importantes em saliva não

estimulada, porém o sistema bicarbonato é o principal responsável pela

capacidade tampão em saliva estimulada (Edgar, 1992).

Dreizen et al., 1946 preconizaram um método de determinação da

capacidade tampão salivar baseado na titulação de 5 ml de saliva, coletada

após estimulação mecânica, com ácido lático 0,1 N. O ácido foi adicionado

Page 105: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

85

com uma bureta em intervalos de 0,04 ml até atingir pH 4,0, determinado

através do potenciômetro. O valor final do pH foi determinado como 4,0

porque a partir daí a dissociação do ácido lático em hidrogênio e lactato está

completa. Dewar em 1949 variou a técnica proposta por Dreizen et al., 1946

quanto a concentração de ácido lático para 0,02 N e utilizou 1 ml de saliva e

obteve os mesmos resultados dos autores anteriores. O método de Dreizen

et al., 1946 foi utilizado por Dewar em 1950 e por Nicolau em 1966.

Um método bastante utilizado para determinação da capacidade

tampão salivar foi descrito por Ericsson em 1959, e baseia-se na adição de

3ml de HCL 0,005N a 1 ml de saliva estimulada. Uma gota de álcool também

foi adicionada para prevenir formação de espuma. Uma corrente de ar

atravessava a solução por 20 minutos e o pH final era determinado

eletrometricamente. (Crossner & Holm, 1975; Crossner & Holm, 1977; Klock

& Krasse, 1977; Heintze et al., 1983; Honkala et al., 1984; Lenander-

Lumikari et al., 1995; Kedjarune et al., 1997).

Na pesquisa realizada foi utilizado ácido lático, na concentração

de 0,01 N para titulação de 1 ml de saliva, coletada com estímulo mecânico,

até atingir pH 4,0. Foi escolhido ácido lático por ser um ácido fraco

(apresenta dissociação fraca) e na concentração de 0,01 N foi possível

avaliar uma queda gradativa do pH da saliva em função da adição do ácido.

Foi utilizado o mesmo ácido proposto por Dreizen et al., 1946, porém em

concentração 10 vezes menor e em intervalos de 0,1 ml, maiores que o

utilizado por Dreizen et al., 1946 (0,04 ml).

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86

6.5.2 Método Colorimétrico

Há variações quanto ao método utilizado para determinação da

capacidade tampão. Alguns autores utilizaram indicadores colorimétricos

durante a titulação e a alteração de pH era baseada na mudança de cor do

indicador. Wills & Forbes (1939), Sullivan & Storvick (1950) e Turner et al.,

(1954) utilizaram o indicador vermelho de metila e ácido clorídrico na

titulação de saliva, porém a quantidade de saliva variou entre 1 ml (Turner et

al., 1954), 2 ml (Sullivan & Storvick, 1950) e 3 ml (Wills & Forbes, 1939)

assim como a concentração do ácido: 0,01 N (Wills & Forbes, 1939; Sullivan

& Storvick, 1950) e 0,001N (Turner et al., 1954). Independente dessas

variações a técnica utilizada consistiu na adição do indicador à saliva e a

titulação com o ácido clorídrico até o aparecimento da cor vermelha (pH

aproximadamente 4,2). A quantidade de ácido utilizada era tida como uma

medida da capacidade de neutralização da saliva.

Muracciole em 1955 também utilizou o método colorimétrico,

porém com ácido lático 0,01N e vermelho de clorofenol como indicador. O

autor diluiu 3 ml de saliva em 3 ml de água destilada e adicionou 3 gotas do

indicador, a solução apresenta cor roxa no pH próximo a 7,0. O ácido lático

foi adicionado gota a gota até ocorrer a solução apresentar cor amarela (pH

próximo de 5,0).

Esses métodos baseados na alteração de cor são bastante

subjetivos, pois dependem do discernimento da cor desenvolvida em

comparação a uma escala de cor. O método potenciométrico por sua vez

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87

determina a concentração hidrogeniônica através de um aparelho

perfeitamente calibrado. Além disso, a quantidade de ácido utilizada não

poderia ser fornecida por faixas de pH, apenas a quantidade total de ácido

adicionada à saliva era conhecida.

6.5.2.1 Método Colorimétrico Simplificado

Frostell (1980) comparou o método de Ericsson (1959) com um

método colorimétrico simplificado - Dentobuff ® (Orion Diagnostic Ltd) – para

determinação da capacidade tampão e concluiu que com o método

simplificado, houve uma tendência a subestimar os valores nas faixas de pH

acima de 5,5. De acordo com o autor este fato não tem muita importância

clínica, já que a principal função do método é detectar pessoas com baixa

capacidade tampão. Esse resultado também foi encontrado por Wikner &

Nedlich (1985).

Como o método Dentobuff ® foi considerado confiável para

estimar a capacidade tampão de uma forma prática, porém mais subjetiva

que o método eletrométrico por classificar a capacidade tampão (baixa,

intermediária e alta) de acordo com faixas de cores, este foi utilizado por

vários autores em pesquisas posteriores: Wikner & Nedlich, 1985; Söderling

et al., 1985; Wikner & Moum, 1986; Barenthin & Johnson, 1986;

Pienihäkkinen, 1987; Pienihäkkinen et al., 1987; Wilson & Ashley, 1989;

Granath et al., 1991; Le Bell et al., 1991; Wiktorsson et al., 1992; Santos &

Long, 1994; Mazengo et al., 1994.

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88

Numa tentativa de simplificar ainda mais o método Dentobuff ® foi

desenvolvido o Dentobuff Strip ® (Orion Diagnostica). Neste último, o ácido,

que anteriormente estava presente no recipiente contendo o indicador

colorimétrico, foi colocado em uma tira de papel indicadora de pH. Com este

método uma gota de saliva deve ser depositada sobre a tira de papel, no

local identificado pela coloração amarela, e após 5 minutos a saliva

neutralizará o ácido e deve-se avaliar a mudança de cor no local. O método

identifica saliva com baixa, intermediária e alta capacidade tampão de

acordo com uma escala de cor, que corresponde a faixas de pH, fornecida

pelo fabricante.

Ericson & Bratthall (1989) compararam o método proposto por

Ericsson (1959) - titulação com ácido clorídrico - com os métodos

colorimétricos Dentobuff ® e Dentobuff Strip ® e encontraram boa correlação

entre os três métodos utilizando os intervalos de pH fornecidos pelo

Dentobuff Strip ®. Os autores relataram que após 5 minutos a tira de papel

registrou valores mais altos de pH, provavelmente devido a perda de dióxido

de carbono da saliva depositada sobre a tira de papel. O método Dentobuff

Strip ® também foi utilizado por Vehkalahti et al. (1996) e por Kavanagh &

Svehla (1998).

Kavanagh & Svehla (1998) relataram que a maioria dos

adolescentes participantes foi classificada de acordo com o método

Dentobuff Strip ® nas faixas correspondentes a capacidade tampão

intermediária e alta, o que está de acordo com os achados de Gábris et al.

(1999), em estudo com 349 adolescentes e com a presente pesquisa.

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89

6.5.3 Comparação entre a Titulometria e Dentobuff Strip®

Apesar da correlação entre os métodos de titulação e Dentobuff

Strip ®, apresentada na figura 5.6, houve uma diferença de distribuição da

amostra em relação aos dois métodos.

De acordo com a figura 5.3, a maioria dos participantes foi

classificada como apresentando alta capacidade tampão (pH > 6,0) de

acordo com o método Dentobuff Strip ®. Já em relação ao método de

titulação com ácido lático, houve uma distribuição mais homogênea dos

participantes em relação a esta variável (Figura 5.2). De acordo com esses

resultados pode-se afirmar que o método Dentobuff Strip ®, na presente

pesquisa, superestimou a capacidade tampão dos participantes, o que está

em desacordo com os resultados obtidos por Frostell (1980); Wikner &

Nedlich (1985), embora esses autores tenham utilizado o método

Dentobuff®.

O método Dentobuff Strip ® apresenta maior facilidade de uso,

não requer equipamentos laboratoriais e fornece o resultado em tempo

menor quando comparado ao método de titulação. Por essas características

poderia ser indicado em consultórios odontológicos, levantamentos

epidemiológicos, pesquisas de campo e principalmente em programas de

prevenção, em lugares onde a população não tem acesso a tratamento

odontológico. Nesse aspecto o teste salivar de capacidade tampão com o

método Dentobuff Strip ® forneceria mais um dado importante para

avaliação do risco da doença cárie. Contudo, este método não é tão preciso

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90

quanto a titulação por fornecer a classificação da capacidade tampão por

faixas de pH e além disso, é subjetivo pois depende da avaliação do

examinador quanto a cor apresentada na tira de papel e, principalmente,

esta avaliação deve ser feita rigorosamente dentro do intervalo de tempo

fornecido pelo fabricante pois, como já foi relatado por Ericson & Bratthall

(1989) e Kavanagh & Svehla (1998) com a contínua perda de dióxido de

carbono da saliva contida na tira de papel, há um falso aumento da

capacidade tampão.

Em relação ao custo, este produto por ser importado, pode ser

considerado como de custo elevado para países em desenvolvimento, como

o caso do Brasil, o que dificulta sua utilização em grande escala, como em

programas de prevenção.

6.5.4 Método de neutralização com uso de refrigerante

O objetivo do método proposto nesta pesquisa foi avaliar o poder

de neutralização existente na cavidade oral. Este não é considerado um

método de determinação da capacidade tampão salivar, pois a saliva total

não é coletada como nos métodos descritos para este teste. O método

proposto baseou-se na realização de bochecho com uma solução de baixo

pH e sabor adocicado por um determinado período de tempo e, portanto

sofre influência de outras variáveis como intensidade da força muscular na

realização do bochecho e fluxo salivar.

Page 111: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

91

O refrigerante Coca-cola ® contém ácido fosfórico em torno de

10% na sua composição e apresenta pH abaixo de 3,0 (Guggenheimer &

Schneider, 1980; Rytömaa et al., 1988; Edwards et al., 1999). Por apresentar

essa característica ácida, vários estudos têm associado o contínuo aumento

do consumo desses refrigerantes e sucos de frutas com o aumento da

incidência de erosão dentária (Asher & Read, 1987; Sorvari & Rytömaa,

1991; Touyz, 1994; Shaw & Smith, 1994; Edwards et al., 1999; Kelleher &

Bishop, 1999; Hunter et al., 2000a; Larsen, 2001). Além da presença de

ácidos, os refrigerantes também apresentam carboidratos na sua

composição. De acordo com Sorvari & Ritömaa (1991), a concentração de

carboidratos varia de 7,2 a 12,8% em refrigerantes carbonatados. A ingestão

de refrigerantes é preocupante com relação à integridade dos tecidos

dentários devido, tanto ao conteúdo de ácidos, quanto de açúcar. Apesar

disso, essas bebidas são rapidamente eliminadas da cavidade oral

(Meurman et al., 1987) e, tanto a acidez quanto o sabor adocicado do

refrigerante, estimulam a secreção salivar. Esse aumento da secreção é

importante na prevenção da cárie e erosão dentária (Tenovuo & Rekola,

1977).

Estudos in vitro têm comprovado a perda mineral de tecido

dentário e formação de lesões erosivas após exposição a sucos de frutas

(Rytömaa et al., 1988; Amaechi et al., 1999; Hunter et al., 2000b) e estudos

in situ têm avaliado o poder de reversão dessas alterações pela saliva

(Fushida & Cury, 1999).

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92

A capacidade tampão das bebidas, ou seja, a habilidade desta em

manter o pH inicial após adição de uma base, é um importante fator que

deve ser conhecido previamente à realização do método. De acordo com

Edgar et al. (1975) e Grobler et al. (1985) a capacidade tampão da bebida foi

a maior influência na variação de pH após o bochecho (pH da mistura saliva

+ bebida). Edwards et al., (1999), encontraram maior capacidade tampão em

sucos de frutas do que em refrigerantes. Dentre os refrigerantes estudados,

aqueles a base de frutas apresentaram maior capacidade tampão do que a

Coca-cola®.

Considerando que quanto maior a capacidade tampão da bebida,

maior será seu potencial erosivo e, portanto, a saliva terá que fornecer uma

maior quantidade de íons (bicarbonato, fosfato...) para neutralizar o pH da

bebida na cavidade oral. Após realização de testes de capacidade tampão

de alguns refrigerantes – Coca-cola®, Guaraná Antarctica®, Coca-cola

light® e Guaraná Antarctica diet® - previamente a realização da presente

pesquisa, não foi encontrada diferença significante entre a capacidade

tampão da Coca-cola® e Guaraná® porém o Guaraná diet® apresentou

maior capacidade tampão que a Coca-cola light®.

O método de realização de bochecho tem sido utilizado em vários

estudos para determinação do efeito de soluções açucaradas sobre a placa

bacteriana (Grobler et al., 1985). O tempo escolhido de 30 segundos para

realização de bochecho foi suficiente para haver diferença de pH entre o

inicial do refrigerante e o final da mistura saliva + refrigerante de todas as

amostras. Em testes prévios foi verificado que em intervalos de tempo

Page 113: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

93

menores não havia grande alteração no pH da mistura e, acima deste

tempo, o procedimento poderia ser de difícil realização para as crianças

participantes. Como o tempo de contato do refrigerante com os dentes foi

pequeno (30 segundos) e cada participante realizou apenas dois bochechos,

não se acredita que tenha provocado qualquer dano aos tecidos dentários,

considerando que o consumo excessivo e prolongado de substâncias ácidas

têm sido associado como causa da erosão dentária (Guggenheimer &

Schneider, 1980; Shaw & Smith, 1994; Amaechi et al., 1999). Ainda assim,

os participantes foram instruídos a realizarem bochecho com água após a

realização da pesquisa para removerem o excesso de refrigerante do

contato com os dentes e posteriormente a esse bochecho deveriam realizar

a escovação dentária.

6.5.5 Comparação entre os métodos

Tratando-se de uma proposta de metodologia, foi realizado o teste

de correlação com o método de titulação com ácido lático, que é muito

usado para determinação da capacidade tampão. Foi encontrada correlação

estatisticamente significante entre a variação de pH (diferença entre o pH

final da mistura - refrigerante e saliva – e o pH inicial do refrigerante) e o

volume de ácido lático utilizado durante a titulação da saliva

(Pearson=0,304; p= 0,032).

Também foi encontrada correlação entre o fluxo salivar e a

variação de pH da metodologia proposta (Pearson=0,486;p=0,000), o que

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94

significa uma grande influência do fluxo salivar na neutralização da saliva,

embora não tenha sido encontrada correlação entre o fluxo salivar e o

volume de ácido lático utilizado na titulação.

Em relação ao método proposto e o Dentobuff Strip® não foi

encontrada correlação estatisticamente significante. De acordo com as

figuras 5.11 a 5.13 podemos observar a distribuição da variação de pH do

método proposto, em relação à classificação da capacidade tampão através

do método Dentobuff Strip®. Na figura 5.11 observamos uma concordância

entre a pequena variação de pH e a classificação de baixa capacidade

tampão pelo método Dentobuff Strip®. Contudo, nas figuras 5.12 e 5.13 os

indivíduos que apresentaram variações semelhantes de pH foram

classificados como apresentando capacidade tampão intermediária ou alta

pelo método Dentobuff Strip® .

Após avaliação das figuras 5.2 a 5.4, observamos a distribuição

da freqüência dos três métodos realizados na pesquisa. Enquanto a titulação

apresentou uma distribuição homogênea do volume de ácido lático utilizado,

a curva do método Dentobuff Strip® apresentou-se deslocada para a direita

e a do método proposto apresentou-se ligeiramente deslocada para a

esquerda, o que significa que houve uma tendência de subestimação da

neutralização da cavidade oral pelo método proposto enquanto que pelo

método Dentobuff Strip®, houve uma superestimação da capacidade

tampão salivar.

Page 115: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados discutidos no presente trabalho e,

considerando as condições em que este foi realizado, foi possível concluir

que o método proposto foi efetivo para avaliação da capacidade de

neutralização existente na cavidade oral.

Page 116: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

ANEXOS

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97

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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98

ANEXO 2 – Termo de Consentimento para participante maior de 18 anos de idade

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

As informações neste contidas foram fornecidas pelos CD Monique

Saveriano De Benedetto, Fausto Medeiros Mendes e pelo Prof. Dr. José

Nicolau, objetivando esclarecer o objeto de estudo sobre os procedimentos e

riscos aos quais será submetido participando da pesquisa.

1. Título preliminar do estudo:

“A utilização de refrigerante para se avaliar o poder neutralizante da

cavidade oral”

2. Objetivo principal:

Avaliar o poder de neutralização da cavidade bucal através de um método

acessível e reproduzível pelo cirurgião dentista em consultório odontológico.

3. Justificativa:

O cirurgião dentista, utilizando um método simplificado poderia instituir

medidas de prevenção da cárie dental, de acordo com a necessidade de

cada paciente.

4. Procedimentos:

Serão selecionados 50 voluntários, de ambos os sexos, com idade variando

de 18 a 30 anos, para análise da capacidade de neutralização da cavidade

bucal. O voluntário será examinado quanto ao índice de cárie e higiene

bucal; para o teste salivar serão realizados os seguintes procedimentos:

1- na data marcada ele deverá comparecer uma hora após ingestão

de alimentos, bebidas e escovação; 2- o participante receberá 10 ml de

refrigerante que deverá bochechar por 30 segundos e expectorar num copo

descartável; após um intervalo de 5 minutos, o participante repetirá o

bochecho com outra amostra de 10 ml do mesmo refrigerante e deverá

expectorar em outro copo descartável. Após a realização dos bochechos,

caso o voluntário solicite, será fornecida uma outra amostra do refrigerante,

para que o mesmo possa ingerir. 3- numa segunda consulta, agendada pelo

operador, o participante deverá comparecer seguindo as mesmas

Page 119: PROPOSTA DE UM MÉTODO PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO DO PODER DE ... · Proposta de um método prático para avaliação do poder de neutralização existente na cavidade oral A prevenção

99

recomendações citadas para a anterior, e receberá um bloco de parafina que

deverá ser mastigada por 5 minutos e durante esse período, engolirá a

saliva normalmente; 4- após esse passo será expectorada a saliva formada

por um minuto em um copo descartável; 5- o participante receberá

orientações quanto à higiene e dieta e o material obtido será utilizado pelo

operador para o processamento dos resultados.

5. Desconfortos e riscos esperados:

O único desconforto será a coleta da saliva. Quanto aos riscos, os

bochechos com refrigerante que deverão ser realizados durante a presente

pesquisa não causarão nenhum prejuízo a saúde bucal dos participantes,

porém o uso rotineiro de refrigerantes, sem a correta higienização posterior,

poderá causar danos aos dentes, como por exemplo, o desenvolvimento da

cárie.

6. Benefícios para os voluntários:

Como benefício direto da pesquisa, após a realização dos exames, o

participante receberá orientações quanto à dieta e higiene. Nessa

orientação, os participantes serão melhor esclarecidos sobre a ausência do

risco do uso do bochecho do refrigerante para a pesquisa, mas que se isso

for feito rotineiramente, será prejudicial aos dentes. Como benefício indireto

da pesquisa, os resultados obtidos permitirão que os profissionais de saúde

possam instruir de modo mais adequado os pacientes quanto aos cuidados

preventivos de saúde bucal.

7. Informações adicionais:

Os participantes têm a garantia que receberão respostas às suas perguntas

e esclarecimentos de qualquer dúvida durante o estudo, por parte do

responsável pela pesquisa. Os dados obtidos são sigilosos e os voluntários

não serão identificados em nenhuma hipótese.

8. Retirada do consentimento:

Os participantes podem recusar-se ou deixar de participar do estudo em

qualquer ocasião sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo.

9. Obrigação do voluntário:

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100

Comparecer no dia, local e horário marcado sob as condições solicitadas

pelo responsável do estudo (1 hora após a ingestão de qualquer tipo de

alimento e escovação). No caso de falta no horário marcado, os

participantes serão remarcados ou excluídos do estudo sem nenhum tipo de

prejuízo a eles. Caso desista de participar do estudo, favor comunicar o

pesquisador.

10. Todos os itens deste termo foram verbalmente esclarecidos em

linguagem acessível ao participante, considerando inclusive, a opinião do

sujeito da pesquisa. Assim, eu ____________________________________

certifico que após a leitura deste documento estou de acordo com a

realização do estudo, autorizando minha participação no estudo de acordo

com os dados acima descritos.

SÃO PAULO, ____/____/________

(nome legível)

(assinatura)

(número do R.G. ou documento equivalente)

Elaborado com base na resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde

do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial Nº 201, 16/10/96.

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101

ANEXO 3 – Termo de Consentimento para responsável

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

As informações neste contidas foram fornecidas pelos CD Monique

Saveriano De Benedetto, Fausto Medeiros Mendes e pelo Prof. Dr. José Nicolau,

objetivando esclarecer o responsável pelo menor sobre os procedimentos e riscos

aos quais este será submetido, participando da pesquisa.

1. Título preliminar do estudo:

“A utilização de refrigerante para se avaliar o poder neutralizante da cavidade oral”

2. Objetivo principal:

Avaliar o poder de neutralização da cavidade bucal através de um método acessível

ao cirurgião dentista em consultório odontológico.

3. Justificativa:

O cirurgião dentista, utilizando um método simplificado poderia instituir medidas de

prevenção da cárie dental, de acordo com a necessidade de cada paciente.

4. Procedimentos:

Serão examinados 50 voluntários, de ambos os sexos, com idade variando de 05 a

17 anos, para análise da capacidade de neutralização da cavidade bucal. O

voluntário será examinado avaliando-se um índice de cárie e higiene bucal; para o

teste salivar serão realizados os seguintes procedimentos:

1- na data marcada ele deverá comparecer uma hora após ingestão de

alimentos, bebidas e escovação; 2- o participante receberá 10 ml de refrigerante

que deverá bochechar por 30 segundos e expectorar num copo descartável; após

um intervalo de 5 minutos, o participante repetirá o bochecho com outra amostra de

10 ml do mesmo refrigerante e deverá expectorar em outro copo descartável. Após

a realização dos bochechos, caso a criança tenha vontade e/ou solicite, será

fornecida uma outra amostra do refrigerante, desde que com o consentimento da

mãe, para que a mesma possa ingerir. 3- numa segunda consulta, agendada pelo

operador, o participante deverá comparecer seguindo as mesmas recomendações

citadas para a anterior, e receberá um bloco de parafina que deverá ser mastigada

por 5 minutos e durante esse período, engolirá a saliva normalmente; 4- após esse

passo será expectorada a saliva formada por um minuto em um copo descartável;

5- o participante receberá orientações quanto a higiene e dieta e o material obtido

será utilizado pelo operador para o processamento dos resultados.

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102

5. Desconfortos e riscos esperados:

O único desconforto será a coleta da saliva. Quanto aos riscos, os bochechos com

refrigerante que deverão ser realizados durante a presente pesquisa não causarão

nenhum prejuízo a saúde bucal dos participantes. No entanto, o uso rotineiro de

refrigerantes por parte das crianças, sem a correta higienização posterior, poderá

causar danos aos dentes, como por exemplo, o desenvolvimento da cárie.

6. Benefícios para os voluntários:

Como benefício direto da pesquisa, após a realização dos exames, o responsável

receberá orientações quanto a dieta e higiene. Nessa orientação, os pais serão

melhor esclarecidos sobre a ausência do risco do uso do bochecho do refrigerante

para a pesquisa, mas que se isso for feito rotineiramente, será prejudicial aos

dentes. As crianças participantes do estudo, bem como o restante da sala de aula,

receberão uma palestra sobre cuidados com a saúde bucal, incluindo orientações

sobre higiene bucal, dieta e uso de flúor, além dos riscos do uso rotineiro do

refrigerante. Mesmo que o responsável não autorize a participação do menor no

estudo, ele poderá assistir à palestra. Os pais ou responsáveis pelas crianças que

apresentarem necessidade de tratamento odontológico serão informados por

escrito pelos responsáveis pela pesquisa e, caso não estejam em tratamento

odontológico, poderão procurar o serviço de triagem do Departamento de

Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São

Paulo e inscrever-se para realização de tratamento odontopediátrico.

Como benefício indireto da pesquisa, os resultados obtidos permitirão que os

profissionais de saúde possam instruir de modo mais adequado os pacientes

quanto aos cuidados preventivos de saúde bucal.

7. Informações adicionais:

Os responsáveis têm a garantia de que receberão respostas às suas perguntas e

esclarecimentos de qualquer dúvida durante o estudo, por parte do responsável

pela pesquisa. Os dados obtidos são sigilosos e os voluntários não serão

identificados em nenhuma hipótese.

8. Retirada do consentimento:

Os participantes podem recusar-se ou deixar de participar do estudo em qualquer

ocasião sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo. No caso do responsável não

autorizar a participação do menor ou não permitir que o mesmo realize bochecho

com refrigerante, a criança não terá nenhum prejuízo seja na escola ou no

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103

tratamento na Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia da Universidade

de São Paulo.

9. Obrigação do voluntário:

Comparecer no dia, local e horário marcado sob as condições solicitadas pelo

responsável do estudo (1 hora após a ingestão de qualquer tipo de alimento e

escovação). No caso de falta no horário marcado, os participantes serão

remarcados ou excluídos do estudo sem nenhum tipo de prejuízo às crianças. Caso

desista de participar do estudo, favor comunicar ao pesquisador.

10. Todos os itens deste termo foram verbalmente esclarecidos em linguagem

acessível ao responsável e à criança que participará da pesquisa, considerando

inclusive, a opinião do sujeito da pesquisa.

Assim, eu _________________________________________________

(responsável) certifico que após a leitura deste documento estou de acordo com a

realização do estudo, autorizando que meu/ minha filho/a menor

_____________________________________________________________

participe do mesmo de acordo com os dados acima descritos.

SÃO PAULO, ____/____/________

(nome legível do responsável)

(assinatura do responsável)

(número do R.G. ou documento equivalente)

Elaborado com base na Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde do

Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial Nº 201, 16/10/96.

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104

ANEXO 4

FICHA CLÍNICAData:

IDENTIFICAÇÃO

NOME:

SEXO: DATA DE NASCIMENTO: IDADE:

MÃE: RG:

PAI: RG:

ENDEREÇO:

BAIRRO: TEL(RES):

CEP : TEL(COM):

HISTÓRIA MÉDICA

PROBLEMAS SISTÊMICOS:

MEDICAMENTOS ATUAIS:

HÁBITOS DE HIGIENE BUCAL

FREQUÊNCIA DIÁRIA DE ESCOVAÇÃO:

USO DO FIO DENTAL: FREQUÊNCIA DIÁRIA:

HÁBITOS DIETÉTICOS

FREQUÊNCIA DIÁRIA DE INGESTÃO DE DOCES:

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105

EXAME FÍSICO

1. ÍNDICE CPO-D/ceo-d

CPO-D:ceo-d:

2. ÍNDICE DE PLACA (0-3)

3. ÍNDICE GENGIVAL (0-3)

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106

TESTE SALIVAR:Horário:

BOCHECHO COM REFRIGERANTE:COCA COLA LATA LOTE: VALIDADE:____

pH inicial sob agitação magnética:

pH inicial: vol inicial: 10 ml

Bochecho 30 segundospH final: vol final: ml

pH inicial:

BochepH final:

pH inicial [H+] pH

final

[H+] v

fin

1º bochecho

[H+] pH f – pH i VOL F- VOL

vol inicial: 10 ml

cho 30 segundosvol final: ml

ol

al ml

pH

inicial

[H+] pH final [H+]

2º bochecho

I (ml) [H+] pH f – pH i VOL F- VOL I

(ml)

INTERVALO 5 MINUTOS

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107

MÉTODO DENTOBUFF STRIP ORION ®

FLUXO SALIVAR: horário:

CAPACIDADE TAMPÃO:

MÉTODO ELETROMÉTRICO:

Volume de saliva : 1 ml

pH INICIAL :

pH FINAL:

Volume deácido lático0,01Nadicionado(ml)

pH

0,10,10,10,10,10,10,10,10,10,10,10,10,10,1

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108

VOLUME TOTAL DE ÁCIDO LÁTICO ADICIONADO:

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SUMMARY

PROPOSAL OF A PRACTICAL METHOD TO EVALUATE THE

NEUTRALIZING POWER INHERENT OF ORAL CAVITY

Caries prevention remains one of the main goals in dentistry. Since caries is

a multifactorial disease, it becomes necessary to obtain all possible

information about the patient during anamnesis. Hence, the professional is

able to establish an individual preventive treatment for each patient. Saliva

bears several functions in the oral cavity; consequently, it is an important

host factor that modifies the caries process. Saliva buffering capacity is one

of the important factors usually taken into account to predict the individual

caries risk. Several tests have been applied to identify this saliva function.

Some of them require laboratorial features, whereas others are easy to

handle, and can be applied at dental offices. The purpose of the present

study was to develop a practical method to assess the neutralizing power

inherent of the oral cavity. The methodology was based on a rinse of Coke

for 30 seconds, performed by 50 subjects (including children, teenagers and

adults), followed by the assessment of pH variation between the initial

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sample of soft drink and the final mixture (saliva + Coke ). Along with this

method, two other well known buffer capacity tests were performed – titration

with lactic acid and Dentobuff Strip®. We found statistically significant

correlation between the proposed method and the titration with lactic acid

(Pearson=0.304;p=0.032). On the other hand, there was no significant

correlation between the proposed method and the test using Dentobuff

Strip®. According to our results, the mean saliva neutralizing power after soft

drink rinse, considering the cases of the critical enamel pH (5.5) and

physiological saliva pH (7.0), were 23.8% (sd=16.5) and 17.0% (sd=12.4),

respectively. The proposed method was practical and reliable to assess the

neutralizing power of oral cavity and may be an additional technique to

predict caries risk.

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APÊNDICES

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AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃO

Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial da presente

obra, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte

e comunicada, ao autor, a referência em que consta a citação.

Monique Saveriano De Benedetto

___________________________

Assinatura

Instituição: Faculdade de Odontologia da USP

Local e data: 11 de março de 2002.

Endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 2227.

E-mail: [email protected]