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PROPOSTA DE UM FRAMEWORK
PARA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
EM ATIVOS REAIS COM SUPORTE DO
$AV€PI
José Donizetti de Lima
Gilson Adamczuk Oliveira
Geremi Gilson Dranka
Marcelo Gonçalves Trentin
Luiz Fernando Puttow Southier
O objetivo desse artigo é propor um framework para auxiliar a análise
da viabilidade econômica de Projetos de Investimento (PI) em ativos
reais com apoio da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via
Sistema de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de
Investimento ($AV€PI). Como justificativas apresenta a existência de
uma considerável quantidade de métodos, técnicas e metodologias
para avaliar tais investimentos, aliado às especificidades do
empreendimento e da organização. Nesse contexto, a escolha da
abordagem mais adequada para avaliar um PI pode se tornar uma
tarefa árdua e complexa. Para ilustrar a aplicabilidade do framework
utilizou-se uma simulação hipotética, a qual mostrou a sua relevância
para facilitar o processo de avaliação e tomada de decisão acerca da
questão de investimentos. Mais especificamente, observa-se que o PI
em estudo seria recomendado pela Metodologia Clássica (VPL > 0;
TIR > TMA e/ou Payback/N). Por outro lado, o projeto não seria
recomendado pela MMIA (nível de risco maior que o grau de retorno).
Por fim, o uso da Simulação de Monte Carlo (SMC) para aprofundar a
análise mostra que esse projeto tem 81,82% de probabilidade de ser
promissor sob a ótica financeira. A decisão final fica a cargo do
decision-making, respeitando as peculiaridades do setor e da
organização proponente do empreendimento.
Palavras-chave: Análise de Investimentos em ativos reais, MMIA,
SMC, $AV€PI, Framework
XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.
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1. Introdução
Há uma gama variada de métodos, técnicas e metodologias para avaliar a Viabilidade
Econômica (VE) de um Projeto de Investimento (PI) em ativos reais (CASAROTTO FILHO e
KOPITTKE, 2010; SOUZA e CLEMENTE, 2012; LIMA et al., 2015, LIMA et al., 2017a).
Os principais métodos são: Valor Presente (VP); Valor Presente Líquido (VPL); Valor
Presente Líquido Anualizado (VPLA) ou Valor Anual Uniformemente Equivalente (VAUE);
Índice Benefício Custo (IBC) ou Índice de Liquidez (IL); Retorno Adicional sobre
Investimento (ROIA); índice ROIA/TMA, sendo TMA a Taxa Mínima de Atratividade; Taxa
Interna de Retorno (TIR); Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM); Retorno sobre
Investimento (ROI); Payback descontado; índice TMA/TIR, índice Payback/N, sendo N o
horizonte de planejamento; PaybackFin, recomendado para PI com financiamento externo;
Grau de Comprometimento da Receita (GCR), Risco do Negócio e Risco de Gestão (SOUZA
e CLEMENTE, 2012; LIMA et al., 2013; LIMA et al., 2015). Por outro lado, como técnicas
destacam-se: Análise de Sensibilidade (AS), Análise de Cenários (AC), Árvore de Decisão
(AD) e Simulação de Monte Carlo (SMC). Dentre essas, a SMC é a técnica mais adequada,
contudo, é a de maior complexidade, pois exige maior esforço computacional e
conhecimentos de Probabilidade e Estatística (CORREIA NETO, 2009; LIMA et al., 2017b).
Além dos métodos e técnicas expostos, existem diversas metodologias, as quais utilizam
alguns indicadores ou dimensões agrupando os indicadores (métodos) em conjuntos. Dentre
essas destacam-se: (i) Metodologia tradicional ou Clássica (MC); Metodologia Multi-índice
(MMI); MMI Ampliada (MMIA); e (iv) Teoria das Opções Reais (TOR) ou Análise de
Opções Reais (AOR), com o uso principalmente do VPL expandido (VPLexpandido) sendo essa
última fora do escopo desse artigo (DIXIT e PINDYCK, 1994; COPELAND e
ANTIKAROV, 2001; LIMA et al., 2015). Uma síntese dessas metodologias, com respectivas
dimensões e indicadores é apresentada na Figura 1.
Metodologia Dimensões e Indicadores Referências
MC VPL, TIR e/ou Payback
O risco é avaliado por meio de um spread sobre a TMA
Casarotto Filho e
Kopittke (2010)
MMI Retorno: VP, VPL, VPLA, IBC, ROIA e índice ROIA/TMA
Riscos: TIR, Payback, índices TMA/TIR, Payback/N, GCR, RN e RG
Souza e Clemente
(2012)
MMIA
Retorno: VP, VPL, VPLA, IBC, ROIA, índice ROIA/TMA
Riscos: TIR, Payback (ou PaybackFin), índices TMA/TIR, Payback/N
(ou PaybackFin/n), GCR, RN e RG
Sensibilidades: %TMA, %FC0, %FCj...
Lima et al. (2013)
Lima et al. (2015)
Copeland e
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TOR VPLexpandido Antikarov (2001)
Figura 1 – Síntese comparativa entre as principais metodologias de análise de investimentos
Essas metodologias estão implementadas no aplicativo web $V€ (Sistema de Análise da
Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento), o qual é de livre acesso mediante
cadastro prévio (LIMA et al., 2017b). Contudo, não foi identificado na literatura um
framework, o qual auxilie o analista a escolher qual a melhor abordagem a ser aplicada,
respeitando as peculiaridades do PI, do setor e da organização proponente do
empreendimento. Nesse contexto, o objetivo desse artigo é propor um framework e ilustrar
sua aplicabilidade para auxiliar a análise da viabilidade econômica de PI em ativos reais com
apoio da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via $V€.
2. Referencial Teórico
2.1 Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA)
A Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA), sob a abordagem determinística (LIMA et
al., 2015), avalia um PI em ativos reais observando as dimensões retorno, riscos e
sensibilidades. A Figura 2 apresenta as três dimensões e os respectivos indicadores. Para isso,
considera como valores para os diversos parâmetros de entrada (inputs), os valores médios
(ou mais prováveis). Por outro lado, na abordagem estocástica (LIMA et al., 2017a), a qual
também utiliza as mesmas três dimensões, é utilizado a Simulação de Monte Carlo (SMC),
respeitando as características de cada parâmetro, o qual pode ser um valor determinístico ou
uma variável aleatória. Nesse último caso, é preciso identificar uma distribuição de
probabilidades adequada e estimar os respectivos parâmetros para cada variável estocástica
(CORREIA NETO, 2009; LIMA et al., 2017a).
Dimensão/Dimension Indicadores/indicators
Retorno/Return
(Souza e Clemente, 2012)
VP, VPL, VPLA, IBC, ROIA e índice ROIA/TMA
Riscos/Risk
(Souza e Clemente, 2012)
Payback (ou PaybackFin de Lima et al., 2013), TIR, Índice Payback/N
(Índice PaybackFin/N), Índice TMA/TIR, GCR, RN e RG
Sensibilidades/Sensibilites
(Lima et al.; 2015)
%TMA, %FC0, %FCj...
Figura 2 – Dimensões e indicadores da MMIA
Para realizar a classificação, em um determinado nível ou grau, e promover o confronto entre
as dimensões retorno, riscos e sensibilidades, Lima et al. (2015; 2017) sugerem utilizar a
escala apresentada na Figura 3. A MMIA sob as abordagens determinística e/ou estocástica
(SMC ou AC) tem sido empregada na avaliação de ativos (projetos) industriais e
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agropecuários, os quais estão relatados nas pesquisas publicadas em: Lima et al. (2016), Ferro
et al. (2016), Artuzo et al. (2016), Torrico et al. (2016), Daros et al. (2017), Lizot et al.
(2017), Gularte et al. (2017), Lima et al. (2017a), Lima et al. (2017b), Sieminkoski et al.
(2017), Bernardi et al. (2017), Sieminkoski et al. (2017), por exemplo. Além disso, podem ser
encontrados vários trabalhos de conclusão de curso de graduação e pós-graduação latu-sensu,
dissertações de mestrado e tese de doutorado com uso da MMIA.
Figura 3 – Escala de classificação e confronto entre as dimensões da MMIA
2.2 Sistema de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento ($V€)
Atualmente, a maioria dos acadêmicos possuem dispositivos móveis (smartphones e/ou
notebooks, por exemplo) e preferem utilizar a tecnologia para aprendizagem (ZHU et al.,
2015). Ainda, segundo esses autores, os educadores e pesquisadores devem desenvolver e
utilizar aplicativos computacionais, pois esses apresentam elevado potencial para serem
utilizados como ferramenta de apoio ao aprendizado.
Nesse contexto, pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR –
Câmpus Pato Branco) desenvolveram um aplicativo web denominado $V€Sistema de
Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento), utilizando a linguagem PHP,
o qual é de acesso livre mediante cadastro prévio (LIMA et al., 2017b). A Figura 4 apresenta
a tela inicial do $V€A fundamentação teórica do desenvolvimento dessa ferramenta
computacional pode ser encontrada em Southier et al. (2016) e Lima et al. (2017b).
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Figura 4 – Tela inicial do $V€
O $V€ pode ser acessado no sítio: http://pb.utfpr.edu.br/savepi/cadastrar.php. Por outro
lado, o manual está disponível em: http://pb.utfpr.edu.br/savepi/recursosDidaticos.php. Após
o cadastro, o usuário deve selecionar o módulo e o submódulo mais adequado às
especificidades do empreendimento em avaliação. As informações (inputs) são inseridas no
aplicativo de acordo com o módulo selecionado. Na sequência, os resultados (outputs) são
gerados, sendo apresentados na forma de indicadores, gráficos e relatórios. Contudo, aqui
reside uma dificuldade para o analista: qual submódulo utilizar? Nesse contexto, esse artigo
apresenta um framework para facilitar essa tarefa, a qual pode ser árdua e complexa.
3. Metodologia
A presente pesquisa pode ser classificada, no tocante a natureza, como Pesquisa Aplicada,
pois buscou-se gerar conhecimento para aplicação imediata (CAUCHICK MIGUEL et al.,
2012). Quanto à abordagem do problema trata-se de um estudo quantitativo, pois utilizou-se
de técnicas matemáticas, estatísticas e de simulação para atingir ao objetivo proposto
(MIGUEL CAUCHICK, 2012; MELO et al., 2012).
A Figura 5 apresenta o framework proposto para escolher o submódulo adequado para a
análise do investimento em ativos reais, aplicando a Metodologia Multi-índice Ampliada
(MMIA) via $AVEPI (LIMA et al., 2017b). Em síntese, após aplicar a MMIA sob a
abordagem determinística (LIMA et al., 2015) via $V€ e analisar os resultados, deve-se
verificar a necessidade de aprofundamento da avaliação via abordagem estocástica utilizando
a técnica de Simulação de Monte Carlo (SMC) também via $V€ (LIMA et al., 2017a).
O Valor-Limite (VL) representa o threshold (limite/limiar) definido pelo gestor ou pela
organização proponente do PI em estudo, respeitando as peculiaridades do projeto e da
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empresa. Se a variação percentual (VL, então o PI seria aprovado com estreita margem
de manutenção da Viabilidade Econômica (VE). Nesse contexto, recomenda-se a adoção da
abordagem estocástica via SMC (LIMA et al., 2017a). Nesse estudo, adota-se VL igual a
33%. Vale ressaltar que a sensibilidade alta significa que pequenas variações no parâmetro
avaliado gera a inviabilidade econômica do PI em análise.
A magnitude do retorno pode ser avaliada pelo índice ROIA/TMA (SOUZA e CLEMENTE,
2012), o qual pode ser classificado em: baixo, médio ou alto, conforme escala proposta na
Figura 6. Por outro lado, para a avaliação dos riscos, pode se utilizar-se dos índices:
Payback/N, TMA/TIR, GCR, RG e RN (SOUZA e CLEMENTE, 2012), os quais também
podem ser classificados em: baixo, médio ou alto, conforme escala apresentada na Figura 6.
Por fim, recomenda-se realizar a Análise de Sensibilidade (AS) nos principais parâmetros
intervenientes no desempenho econômico do PI em estudo, conforme a proposta de Lima et
al. (2015). Para a classificação em termos do grau/nível de sensibilidade sugere-se a escala
exposta na Figura 6.
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Figura 5 - Framework para análise de investimentos em ativos reais com o uso da MMIA via $V€
Dimensão
(Dimension)
Índice
(Index)
Baixo (Low)
< 33%
Médio (Medium)
de 33% a 66%
Alto (High)
> 66%
Retorno
(Return)
ROIA/TMA
(ROIA/MRA)
Riscos
(Risks)
Payback/N
(Payback/N)
TMA/TIR
(MRA/IRR)
GCR
RG
RN
Dimensão
(Dimension)
Índice
(Index)
Alta (High)
< 33%
Média (Medium)
de 33% a 66%
Baixa (Low)
> 66%
Sensibilidades
(Sensitivities)
%TMA
(%MRA)
%FC0
(%CF0)
%FCj
%CFj)
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Figura 6 – Escala proposta para avaliar as dimensões: retorno, riscos e sensibilidades
4. Resultados e Discussão
Nessa seção, para ilustrar a aplicabilidade do framework proposto, será utilizado um exemplo
hipotético, descrito a seguir. A empresa i9 always & Cia. Ltda necessita investir
aproximadamente R$ 100.000,00 na aquisição, transporte e instalação de um equipamento, o
qual será capaz de manufaturar um produto a ser vendido na próxima década. A alteração do
Fluxo de Caixa (FC) está estimada em R$ 15.000 por ano. Ao final desse período (vida útil de
10 anos), o equipamento poderá ser vendido por R$ 10.000,00. A Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) da empresa está estimada em 6,50% ao ano, após o Imposto de Renda
(IR). Considere uma alíquota de Imposto de Renda (IR) de 15% e uma Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9%, totalizando 24%. A depreciação contábil total ocorre
em 10 anos, isto é, deprecia-se 10.000,00 R$/ano. Nesse contexto, pede-se para analisar a
viabilidade econômica desse Projeto de Investimento (PI) utilizando a Metodologia Multi-
índice Ampliada (MMIA) via Sistema de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de
Investimento ($V€) na modalidade recursos próprios, aplicando o framework proposto.
A Figura 7 mostra a tela do $V€ com os dados de entrada do PI em estudo. Por outro lado,
a Figura 8 apresenta as dimensões e os indicadores da MMIA para o projeto em avaliação. Já
a Figura 9 mostra um confronto entre as dimensões da MMIA já utilizando a escala proposta
nesse estudo. Por fim, a Figura 10 apresenta um relatório parcial sobre a VE do PI em estudo.
Figura 7 – Tela de input do $V€ com os dados do PI em estudo
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Dimensão Indicador Valor esperado
Retorno
VP 103.254,57
VPL 3.254,57
VPLA 452,73
IBC 1,0325
ROIA (%) 0,32
Índice ROIA/TMA (%) 4,94
Riscos
Payback 10
TIR (%) 7,16
Índice Payback/N (%) 100,00
Índice TMA/TIR (%) 90,74
Sensibilidades
Δ%TMA 10,21
Δ%FC0 3,25
Δ%FCj 3,15
Δ%(FC0 e FCj) 1,60
Δ%(TMA e FC0) 2,47
Δ%(TMA e FCj) 2,41
Δ%(FC0 e FCj e TMA) 1,38
Figura 8 – Dimensões e indicadores da MMIA para o PI em estudo
Dimensão
(Dimension)
Índice
(Index)
Baixo (Low)
< 33%
Médio (Medium)
de 33% a 66%
Alto (High)
> 66%
Retorno
(Return)
ROIA/TMA
(ROIA/MRA) 4,94%
Riscos
(Risks)
Payback/N
(Payback/N) 100,00%
TMA/TIR
(MRA/IRR) 90,74%
Dimensão
(Dimension)
Índice
(Index)
Alta (High)
< 33%
Média (Medium)
de 33% a 66%
Baixa (Low)
> 66%
Sensibilidades
(Sensitivities)
%TMA
(%MRA)
10,21%
%FC0
(%CF0)
3,25%
%FCj
%CFj)
3,15%
Figura 9 – Escala proposta para avaliar as dimensões: retorno, riscos e sensibilidades
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DIMENSÃO ANÁLISE PRELIMINAR
RETORNO
O PI em estudo necessita de um investimento inicial (FC0) de R$ 100.000. Espera-se
que esse investimento retorne R$ 103.254,57 (VP). Isso implica em um retorno líquido
total (VPL) de R$ 3.254,57 em 10 anos, equivalente a R$ 452,73 por ano (VPLA). Vale
ressaltar que esse ganho sempre é o adicional ao oportunizado pelo mercado (TMA).
Para esse PI, a cada unidade monetária investida, há a expectativa de retorno de 1,0325.
Isso é equivalente a um ganho de 0,32% ao ano além da TMA (6.5%). O retorno fica
melhor expresso pelo índice ROIA/TMA (SOUZA e CLEMENTE, 2012), cujo valor
obtido é de 4,94%. Isso permite classificar o investimento como retorno de grau (ou
nível) baixo (0% a 33%), segundo a escala proposta nesse artigo.
RISCOS
No tocante a dimensão riscos, o PI em estudo apresenta retorno do investimento em
aproximadamente 10 anos. O índice Payback/N é de 100,00%, ou seja, o PI tem que ser
promissor em toda a vida estimada para se pagar. Por outro lado, o índice TMA/TIR
resultou em 90,74%, representando a razão entre o percentual oferecido pelo mercado e
o rendimento esperado PI. Isso permite categorizar o investimento como risco de
nível/grau alto (> 66%), segundo a escala proposta nesse artigo.
SENSIBILIDADES
Para o PI em estudo, a TMA admite uma variação máxima de 10,21% antes de torná-lo
economicamente inviável, sendo o valor-limite igual a 7,16% (TIR). Por outro lado, o
investimento inicial (FC0) suporta um acréscimo de até 3,25%, sendo o valor-limite
igual a R$ 103.254,57 (VP). Já o Fluxo de Caixa (FC) permite uma redução máxima
3,15%, sendo o valor-limite igual a R$ 13.365,03. A exceção é para o último período
em que o valor-limite é de R$ 20.725,47, devido a presença do Valor Residual (VR).
Esses valores melhoram a percepção dos riscos associados à implantação do PI em
estudo. Além disso, esses valores podem ser utilizados nas etapas/fases de
monitoramento e controle do projeto, se esse for aprovado e implantado.
PARECER
PRELIMINAR
Com base na análise da expectativa de retorno, das estimativas de riscos envolvidos,
das sensibilidades das principais variáveis intervenientes no desempenho econômico do
PI e do confronto entre retorno e riscos, recomenda-se uma nova análise utilizando a
Simulação de Monte Carlo (SMC).
Figura 10 – Relatório parcial sobre a VE do PI em estudo
Com base nos resultados e no parecer preliminar, foi aplicado a SMC, com a seguinte
configuração: (i) para o Fluxo de Caixa (FC) adotou-se uma distribuição triangular com os
seguintes parâmetros: R$ 10.000,00 (valor mínimo), R$ 15.000,00 (valor mais provável, caso
determinístico) e R$ 20.000,00 (valor máximo); (ii) demais parâmetros são mantidos
constantes durante a simulação; e (iii) foram realizadas 100.000 simulações no $V€. As
telas de input são apresentadas na Figura 11. Por outro lado, os resultados encontrados são
apresentados nas Figuras 12 (estatísticas descritivas), 13 (probabilidades) e 14 (Valor em
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Risco – VaR e Valor em Risco Condicional – CVaR). A interpretação das estatísticas
descritivas é elementar foi omitida.
A Figura 13 apresenta as probabilidades de o PI gerar déficit financeiro (prejuízo: VPL < 0)
para a organização proponente, sob o enfoque frequentista – contagem pela frequência
(baseada na Lei dos Grandes Números) e o do Teorema Central do Limite (TCL – área sob a
curva normal). Pelo enfoque frequentista, essa probabilidade é de 18,32%, pois ocorreram
18.323 resultados desfavoráveis (VPL < 0), em uma amostra composta por 100.000 cenários.
Por outro lado, pelo cálculo da área sob a curva (TCL) a probabilidade é de 18,18%, sendo
esse o valor adotado.
Assim, pela distribuição de probabilidades resultante para o VPL em 100.000 simulações,
observa-se que há 18,18% de probabilidade de o VPL ser negativo. Portanto, a probabilidade
do PI ser promissor sob a ótica econômica é de 81,82% (100% – 18,18%). Uma análise
análoga pode ser realizada para a TIR ou qualquer outro indicador da MMIA (LIMA et al.,
2017a).
Figura 11 – Input para aplicar a SMC no PI estudo
Estatísticas Descritivas VPL TIR
Quantidade 100.000 100.000
Mínimo -10.601,26 4,30%
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Máximo 18.228,37 10,27%
Amplitude (Máx - Mín) 28.829,63 5,97%
Média 3.262,92 7,16%
Desvio-padrão 3.590,91 0,73%
Coeficiente de variação 110,05% 10,20%
Mediana 3.273,73 7,17%
Figura 12 – Estatísticas descritivas via SMC
Quantidade: VPL < 0 18.323
Método da frequência: Lei dos Grandes Números: P(VPL < 0) 18,32%
Área sob a curva – Teorema Central do Limite: P(VPL < 0) 18,18%
Figura 13 – Probabilidades segundo a SMC para o PI em estudo
A Figura 14 apresenta o VaR (MORGAN, 1996) e o CVaR (ROCKAFELLAR e URYASEV,
2000 e 2002) para os níveis mais comuns. Em relação ao Valor em Risco (VaR – Value at
Risk) e Valor em Risco Condicional (CVaR – Conditional Value at Risk) para o PI em estudo,
os seguintes resultados foram encontrados. Há 5% de probabilidade de esse PI gerar um VPL
menor ou igual a - R$ 5.090,78 (VaR). Nesse contexto, espera-se uma perda estimada de R$
6.186,58 (CVaR). A interpretação para os demais níveis (1% e 100%) é análoga e não será
apresentada.
Nível (α) Valor em Risco: VaR (em R$) Valor em Risco Condicional: CVaR (em R$)
1% -5.090,78 -6.186,58
5% -2.643,60 -4.098,88
10% -1.339,01 -3.030,44
Figura 14 - Value at Risk (VaR) e Conditional Value at Risk (CVaR)
5. Agradecimentos
Especial agradecimento ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Invocação e ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (MCTI/CNPQ – chamada universal
14/2014, processo n. 457.473/2014-2) por seu suporte financeiro, o qual financiou
parcialmente o desenvolvimento dessa pesquisa.
6. Conclusão
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Devido à existência de uma considerável quantidade de métodos, técnicas, metodologias para
avaliar um investimento em ativos reais, aliado às especificidades do empreendimento, a
escolha da abordagem mais adequada para avaliar um PI pode se tornar uma atividade
complexa. Nesse contexto, o objetivo desse artigo foi propor um framework e ilustrar sua
aplicabilidade para auxiliar a análise da viabilidade econômica de investimentos em ativos
reais com apoio da MMIA via $V€. Para ilustrar sua aplicabilidade, utilizou-se uma
simulação hipotética, a qual mostrou a relevância da aplicação do referido framework.
Como sugestão para trabalhos futuros, surge a oportunidade de ampliação do framework
proposto por meio da inclusão da Teoria das Opções Reais (TOR), a qual permite avaliar as
flexibilidade gerencias presentes na maioria dos PIs (DIXIT e PYNDICK, 1994; COPELAND
e ANTIKAROV, 2001; CORREIA NETO, 2009). Vale ressaltar que o $V€ também
disponibiliza alguns submódulos para a aplicação da TOR em investimentos em ativos reais.
7. Referências
ARTUZO, Rafael Merger; ULSENHEIMER, Leomar; DAROS, Rafael; LIMA, José Donizetti de; SETTI,
Dalmarino. Estudo de viabilidade econômica da alteração do processo de moldagem de chapas de fogão a
lenha. In: VI Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção (CONBREPRO, 2016). Ponta Grossa – PR.
Engenharia de Desenvolvimento de Produto, 2016.
BERNARDI, Alex; LIMA, José Donizetti de; TRENTIN, Marcelo Gonçalves; OLIVEIRA, Gilson Adamczuk.
Análise de investimento em segregação de milho: estudo de caso em agroindústria produtora de ração para
frangos de corte. Custos e Agronegocio Online, v. 13, n. 4, p. 147-171, set/dez. 2017.
CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Harmut. Análise de Investimentos: Matemática Financeira,
Engenharia Econômica, Tomada de Decisão, Estratégia Empresarial. 11 ed. São Paulo: Atlas. 2010.
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