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0 PROPOSTA DE SOLUÇÃO DE SANEAMENTO BÁSICO ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNEÁRIO SÃO JOSÉ I, ITAPOÁ SC Curitiba 2011

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  • 0

    PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO

    ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I,

    ITAPO SC

    Curitiba

    2011

  • 1

    Dayana Karina Corra da Silva

    PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO

    ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I,

    ITAPO SC

    Trabalho de Concluso de Curso do

    Curso de Engenharia Ambiental, da Faculdade de

    Cincias Exatas e da Terra da Universidade Tuiuti

    do Paran como requisito parcial para obteno

    do Ttulo de Engenheira Ambiental

    Orientadora: Prof MsC. Fernanda Paes

    de Barros Gomide

    CURITIBA

    2011

  • 2

    UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN

    Credenciada por Decreto Presidencial de 7 de julho de 1997 DOU n 128, de 8 de julho de 1997, Seo 1, pgina 14295

    FACULDADE DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    ATA DE DEFESA DE TCC COMO TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    Ao 01 dia do ms julho do ano de 2011_ realizou-se a sesso pblica de defesa do TCC intitulado PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I, ITAPO SC apresentada pelo (a) aluno(a) Dayana Karina Correa da Silva, regularmente matriculado no curso de Engenharia Ambiental. Os trabalhos foram iniciados s_________ h pelo Professor (a) orientador do TCC (Arion Zandon Filho) presidente da banca examinadora, constituda pelos seguintes professores: Professor (1): Msc. Janilce dos Santos Negro Messias

    _________________________________________________________ Professor (2): Msc. Marisa Isabel Weber

    _________________________________________________________ Professor (3): Msc. Valdomiro Loureno Nachornik _________________________________________________________ Professor orientador (4): Msc. Fernanda Paes de Barros Gomide

    _________________________________________________________ A banca examinadora, tendo terminado a apresentao do contedo da TCC, passou argio do(a) candidato(a). Encerrados os trabalhos de argio s ____________horas, os examinadores reuniram-se para avaliao e deram o parecer final sobre a apresentao e defesa oral do candidato, tendo sido atribudas as seguintes notas: Professor (1) Nota: _______ ; Professor (2) Nota: ________; Professor (3) Nota: ________ Obtendo como mdia de apresentao e defesa nota ____________________________, sendo o (a) aluno (a) considerado __________________________. Proclamados os resultados pelo presidente da banca examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para constar, eu Arion Zandon Filho lavrei a presente ata que assino juntamente com os demais membros da banca examinadora.

    Assinaturas:-

    Professor (1) Professor (2) Professor (3) Professor (4) Coordenador do TCC

    Curitiba, 01 de julho de 2011.

  • 3

    DEDICATRIA

    Aos meus pais, Olegrio e

    Marilia, meu porto seguro.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, pois sem Ele nada seria possvel.

    Agradeo aos meus pais, Olegrio e Marilia, meu porto seguro, as pessoas que mais confiaram em mim, mesmo quando minhas decises pareciam loucas, sem sentido.

    Agradeo ao meu namorido, Maycon, que nestes meses de trabalho foi um ponto de apoio, um auxlio em todos os momentos.

    Agradeo a minha orientadora, Fernanda, sem ela, meu trabalho no teria tido o resultado que est tendo, por suas palavras, pelos seus xods emprestados, pela sua preocupao e empenho com o trabalho.

    Agradeo aos professores da Univali, onde iniciei minha vida acadmica e aos professores da Tuiuti, onde continuei e cheguei ao fim!

    Agradeo a Sra. Leonora de Melo Alves, Presidente da Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, por suas informaes, pelo seu empenho em me atender prontamente, sempre que precisei. Espero que este trabalho lhe sirva como base para fazer o que voc mais quer ajudar a comunidade.

    Agradeo ao meu irmo Olegrio, que apesar de mais novo, o mais racional da famlia, e de seu jeito, acaba trazendo conforto e palavras verdadeiras quando precisamos ouvir.

    Agradeo a tia Dbora, que sempre esteve do meu lado nesses meses tambm, me dando apoio moral, espiritual e muitas vezes me quebrando uns galhos.

    Agradeo aos colegas que caminharam comigo nessa jornada. Alguns, perdemos ou perderemos o contato, mas com certeza, marcou essa etapa de nossa vida, e estaro sempre em meu corao.

    E como muitos dizem: no o fim que est chegando. um novo comeo que se inicia.

    Obrigada a todos!

  • 5

    RESUMO

    O presente trabalho demonstra um diagnstico realizado no Loteamento

    Balnerio So Jos I, no municpio de Itapo SC, a respeito dos seguintes

    quesitos do Saneamento Bsico: coleta e tratamento de esgoto e manejo de

    resduos slidos. E, de acordo com o diagnstico realizado, foram propostas

    solues, que a prpria comunidade poder executar, melhorando a qualidade de

    vida, e minimizando o impacto ambiental causado por problemas relacionados a

    saneamento bsico.

    Palavras-chaves: saneamento bsico, resduos slidos, esgoto domstico.

  • 6

    ABSTRACT

    This work demonstrates a diagnosis made in San Jose I Stall Allotment, in

    Itapo SC, regarding the following of Sanitation: collection and sewage treatment

    and solid waste management. And then according to the diagnosis, solutions have

    been proposed, that the community can run, improving the quality of life, and

    minimizing the environmental impact caused by problems related to sanitation.

    Keywords: sanitation, solid waste, domestic sewage.

  • 7

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 DOENAS OCASIONADAS POR PROBLEMAS

    AMBIENTAIS, INCLUSIVE A FALTA DE SANEAMENTO BSICO 2006.. 26

    TABELA 2 TABELA PARA DETERMINAO DO PERODO DE

    DETENO (T) PARA FINS DE CLCULO DO VOLUME TIL 2011....... 33

    TABELA 3 ROTEIRO DE VISITA PARA DIAGNSTICO DO LOCAL,

    REALIZADA EM 16 DE ABRIL DE 2011........................................................ 57

    TABELA 4 RESPOSTA AO ROTEIRO DE VISITA REFERENTE AO

    SISTEMA DE ESGOTO DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I....... 73

    TABELA 5 ROTEIRO DE VISITA APLICADO PARA A QUESTO DE

    RESDUOS SLIDOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I......... 76

    TABELA 6 RESUMO DOS QUESITOS, DIAGNSTICOS E SOLUES

    PARA SANEAMENTO BSICO NO LOTEAMENTO BALNERIO SO

    JOS I............................................................................................................ 80

    TABELA 7 CUSTO DE IMPLANTAO DO SISTEMA DE ZONA DE

    RAZES........................................................................................................... 82

    TABELA 8 LEVANTAMENTO DE CUSTOS INICIAL PARA AS

    OFICINAS DE ARTESANATO COM RESDUOS RECICLVEIS............... 87

    TABELA 9 CUSTO FIXO MENSAL DA USINA DE RECICLAGEM EM

  • 8

    ITAPO-SC.................................................................................................. 88

    TABELA 10 CUSTO VARIVEL MENSAL DA USINA DE RECICLAGEM

    EM ITAPO-SC.............................................................................................. 89

    TABELA 11 PREVISO DE FLUXO DE CAIXA DOS TRS PRIMEIROS

    MESES DA USINA DE RECICLAGEM EM ITAPO-SC........ 89

    TABELA 12 FLUXO DE CAIXA DEMONSTRANDO O PAY-BACK DA

    IMPLANTAO DA USINA DE RECICLAGEM........................................... 90

    TABELA 13 CRONOGRAMA DE IMPLANTAO DA USINA DE

    RECICLVEIS.............................................................................................. 91

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 DEMONSTRAO ESQUEMTICA DE UM SISTEMA DE

    FOSSA SPTICA 2009............................................................................... 30

    FIGURA 2 ESQUEMA DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES 2009......... 37

    FIGURA 3 MAPA QUE DEMONSTRA A QUANTIDADE DE CIDADES

    QUE POSSUEM A COLETA SELETIVA EM TODO O BRASIL 2010........ 45

    FIGURA 4 MAPA DE LOCALIZAO DO MUNICPIO DE ITAPO-SC

    2011................................................................................................................ 59

    FIGURA 5 MAPA DE ITAPO COM SEUS ACESSOS RODOVIRIOS

    2011................................................................................................................ 62

    FIGURA 6 LOCALIZAO DO PORTO DE ITAPO. PRAIA DO

    PONTAL, EXTREMO SUL DO MUNICPIO DE ITAPO, SC 2011............ 65

    FIGURA 7 HIDROGRAFIA DO MUNICPIO DE ITAPO SC 2009...... 67

    FIGURA 8 PLANTA BAIXA DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS

    I - 2011.......................................................................................................... 69

    FIGURA 9 LANAMENTO DE LIXO EM TERRENOS BALDIOS NO

    LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I.................................................... 75

    FIGURA 10 MAPA DE USO E OCUPAO DO SOLO CONFORME

    PLANO DIRETOR DO MUNICPIO 2008.................................................... 78

  • 10

    FIGURA 11 FORMA GRFICA DE APRESENTAO DE UM SISTEMA

    DE ZONA DE RAZES NO LOTE 12 DA QUADRA 9 DO LOTEAMENTO

    BALNERIO SO JOS I.............................................................................. 84

    FIGURA 12 CORTE DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES,

    DEMONSTRANDO AS CAMADAS................................................................ 85

  • 11

    SUMRIO

    1. INTRODUO .................................................................................... 18

    1.1. JUSTIFICATIVA............................................................................. 19

    1.2. OBJETIVOS GERAIS.................................................................... 20

    1.3. OBJETIVOS ESPECFICOS.......................................................... 21

    2. FUNDAMENTAO TERICA........................................................... 22

    2.1. QUESTO HABITACIONAL.......................................................... 22

    2.2. SERVIOS PBLICOS DE SANEAMENTO BSICO VERSUS

    MEIO AMBIENTE........................................................................... 23

    2.2.1. Esgotamento Sanitrio................................................................... 27

    2.2.1.1. Fossas Spticas........................................................................ 29

    2.2.1.1.1. Dimensionamento .................................................................... 31

    2.2.1.2. Zona de Razes......................................................................... 34

    2.2.1.3. Redes de Coleta e Tratamento................................................. 38

    2.2.2. Resduos Slidos........................................................................... 40

    2.2.2.1. Usina de Reciclagem................................................................ 44

    2.2.2.2. Compostagem .......................................................................... 48

  • 12

    2.2.2.3. Aterro Sanitrio Disposio Final........................................... 50

    3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS............................................ 54

    3.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA.................................................. 54

    3.2. DESCRIO DA POPULAO E DA AMOSTRA........................ 54

    3.3. MTODOS E TCNICAS............................................................... 54

    3.4. DESCRIO DOS INSTRUMENTOS........................................... 56

    3.5. DESCRIO DA COLETA DE DADOS......................................... 56

    4. RESULTADOS E DISCUSSO........................................................... 59

    4.1. CARACTERIZAO DO LOCAL DE ESTUDO............................. 59

    4.1.1. Histria do Municpio...................................................................... 60

    4.1.2. Infraestrutura.................................................................................. 62

    4.1.3. Economia....................................................................................... 63

    4.1.4. Rio Sa-Mirim.................................................................................. 65

    4.2. REA DE ESTUDO........................................................................ 68

    4.2.1. Histrico do Loteamento................................................................ 70

    4.2.2. Infraestrutura Local........................................................................ 71

    4.2.2.1. Esgotamento Sanitrio.............................................................. 71

  • 13

    4.2.2.2. Resduos Slidos...................................................................... 74

    4.3. PROPOSTA DE SOLUES........................................................ 77

    4.3.1. Sistema de Zona de Razes........................................................... 80

    4.3.2. Usina de Beneficiamento do Lixo................................................... 85

    4.3.2.1. Oficinas de Artesanato.............................................................. 86

    4.3.2.2. Cronograma de Implantao do Projeto de Usina de

    Reciclveis................................................................................ 91

    5. CONCLUSO ..................................................................................... 92

    6. REFERNCIA BIBLIOGRFICA......................................................... 94

    ANEXO I......................................................................................................... 98

  • 14

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABES-SC Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental seo

    Santa Catarina

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABRELPE - Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e

    Resduos Especiais

    BR Rodovia Federal

    C Graus Celsius

    C contribuio de despejos em litros por pessoa dia

    CASAN Companhia Catarinense de guas e Saneamento

    CEHOP SE Companhia Estadual de Habitao e Obras Pblicas (Sergipe)

    CERH Conselho Estadual de Recursos Hdricos

    CH4 - Metano

    cm Centmetros

    C/N Relao Carbono-Nitrognio

    CO2 Gs Carbnico

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    DBO Demanda Bioqumica de Oxignio

  • 15

    DEMLURB Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Belo Horizonte

    Minas Gerais)

    DQO Demanda Qumica de Oxignio

    FATMA Fundao do Meio Ambiente

    FUNASA Fundao Nacional de Sade

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

    In loco No local

    Kg/hab.dia Quilogramas por habitante dia

    Lf Contribuio de lodo fresco em litros por pessoa

    l/s Litros por segundo

    m Metros

    m - metros quadrados

    mg/l Miligramas por litro

    n - Nmero

    N Nmero de contribuintes

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PET - Politereftalato de etileno

  • 16

    pH Potencial Hidrogeninico

    PMI Prefeitura Municipal de Itapo

    PMSB Plano Municipal de Saneamento Bsico

    PNH Poltica Nacional de Habitao

    PR Paran

    R$ - Reais

    SABESP - Companhia do Saneamento Bsico do Estado de So Paulo

    SC Santa Catarina

    SELUMA Servios de Limpeza Urbana de Mafra, Santa Catarina

    SIAP Sociedade Imobiliria e Pastoril

    SNVS Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria

    SUASA Sistema nico de Ateno a Sade Agropecuria

    T Tempo de Deteno

    TAC Termo de Ajuste de Conduta

    t/dia Toneladas por dia

    t/hora Toneladas por hora

    WHO World Health Organization

    ZR1 Zona Residencial 1

  • 17

    ZR2 Zona Residencial 2

  • 18

    1. INTRODUO

    Em 2009, o Ministrio Pblico Estadual promoveu contra o municpio

    de Itapo - SC uma Ao Civil Pblica. Esta ao tambm contra a CASAN

    (Companhia Catarinense de gua e Saneamento) que a concessionria

    responsvel pela coleta de esgoto e abastecimento de gua em Itapo - SC, a

    qual alega no existir um sistema eficiente de coleta e tratamento de esgoto.

    Hoje, a companhia responsvel pelo saneamento da cidade a Companhia

    guas de Itapo, tornando-se agente passivo da ao.

    De acordo com a Lei Federal 11.445 de 5 de janeiro de 2007, os

    servios pblicos de saneamento bsico so: abastecimento de gua,

    esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo dos resduos slidos,

    drenagem e manejo de guas pluviais.

    Como efeito, a economia do municpio de Itapo, que tem como fonte

    maior de arrecadao o turismo de veraneio, poder ser afetada, pois o

    saneamento bsico importante para o bem-estar da populao e pela

    qualidade das praias, ou seja, influencia diretamente no maior ponto turstico

    da cidade. Muitas residncias de veraneio ou no, utilizam gua do lenol

    fretico, que pode vir a ser contaminada pela infiltrao das fossas spticas

    inadequadas. Como tentativa de corrigir este problema, a Prefeitura Municipal

    de Itapo, instituiu o novo Plano Diretor, aprovado em 15 de outubro de 2008,

    que tem como uma das diretrizes, para cada nova construo, a implantao

  • 19

    do sistema de fossa sptica, dentro dos padres descritos na norma ABNT

    NBR7229 (1993).

    Ressalta-se que mesmo com a interveno administrativa da

    Prefeitura, cerca de 90% do loteamento foram aprovados antes do Novo Plano

    Diretor, sendo um destes, o Loteamento do Balnerio So Jos I que foi

    embargado pelo Ministrio Pblico e ser objeto do estudo. Neste local no h

    projeto de coleta e tratamento dos seus efluentes sanitrios. Este Loteamento

    possui mais de 2000 lotes, sendo que todos os lotes j foram vendidos, e 90%

    das unidades com casas j construdas. In loco, foi percebido que algumas

    dessas casas no possuem a fossa sptica adequada, algumas casas utilizam

    gua provinda de poos, sem conhecer a qualidade da gua, existem valas a

    cu aberto para o escoamento da gua de chuva e no h coleta seletiva dos

    resduos gerados nas residncias.

    1.1. Justificativa

    A importncia deste trabalho acadmico se d pelo fato de que o

    Municpio de Itapo sofrer nos prximos anos uma alterao significativa do

    seu quadro scio-econmico, pois j est em fase de concluso a primeira

    etapa do porto. Este movimentar cerca de 1.500.000 de containeres por ano,

    e que empregar cerca de 3.000 pessoas, aumentando consideravelmente a

    populao do municpio, com implicao direta na implantao de infra-

    estrutura, entre elas as essenciais para o bem estar da sociedade, como o

    saneamento bsico.

  • 20

    Alm disso, deve-se considerar que o municpio de Itapo est

    localizado em um ecossistema sensvel, a Baa de Babitonga. uma regio

    com a maior microbacia hidrogrfica da regio, inserida na Bacia do Rio

    Cubato Norte (Joinville), destacando o Rio Sa-Mirim, que atravessa a cidade

    e utilizado para captao da gua que abastece o municpio.

    Nos ltimos anos, no havia dados sobre saneamento bsico do

    municpio de Itapo. Sua emancipao do municpio de Garuva recente, em

    1989. Mas com o Censo de 2010 do IBGE, poder obter dados relevantes

    sobre o municpio, que est em fase de crescimento devido a instalao do

    Porto de Itapo, e a idia propor o crescimento sustentvel, considerando o

    ecossistema e a populao.

    Sero escolhidos dois quesitos de saneamento bsico para este

    estudo: coleta e tratamento de esgoto e manejo de resduos slidos. O primeiro

    foi escolhido devido a Ao Civil Pblica focar o problema de falta de

    tratamento de esgoto. E o segundo, devido a falta de um aterro sanitrio na

    cidade, e a falta de campanhas de coleta seletiva, at mesmo na praia, onde

    pode ser percebido muitos resduos dispostos inadequadamente.

    1.2. OBJETIVOS GERAIS

    - Diagnosticar dois quesitos de saneamento bsico do Loteamento

    Balnerio So Jos I: coleta de esgoto e manejo de resduos slidos; e propor

    solues para os possveis problemas do loteamento de maneira que poderiam

    ser ampliadas para o restante do municpio.

  • 21

    1.3. OBJETIVOS ESPECFICOS

    - Fazer reviso bibliogrfica sobre saneamento bsico e possveis

    solues para os quesitos de coleta de esgoto e manejo de resduos slidos;

    - Diagnosticar as condies no Loteamento Balnerio So Jos I para

    os quesitos analisados de coleta de esgoto e manejo de resduos slidos;

    - Propor soluo para evitar a emisso de esgoto bruto na praia ou no

    Rio Sa-Mirim;

    - Propor soluo para a comunidade fazer a coleta de lixo do local e a

    disposio final dos resduos slidos.

  • 22

    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1. QUESTO HABITACIONAL

    De acordo com o Ministrio das Cidades, a Poltica Nacional de

    Habitao foi elaborada no ano de 2004, sendo publicada em 2005. Seu

    principal objetivo retomar o planejamento no setor de habitao e promover

    acesso a moradia digna a todos os segmentos da populao (MINISTRIO

    DAS CIDADES, 2005).

    Nesta Poltica Nacional da Habitao, realizado um estudo da

    questo habitacional no Brasil dos ltimos anos, alguns itens so

    demonstrados a seguir:

    De acordo com a Fundao Joo Pinheiro (2007), o dficit

    habitacional no Brasil alcana cerca de 6,273 milhes de

    domiclios, sendo destes, 82,6% esto localizados em reas

    urbanas;

    Desse dficit habitacional, as habitaes possuem algum tipo de

    carncia na construo, situao fundiria, acesso a servios

    urbanos, infra-estrutura urbana e saneamento ambiental

    (incluindo gua, esgoto, coleta de lixo e energia eltrica);

    As necessidades de habitao, quantitativas e qualitativas, se

    concentram nas reas urbanas, e faixas mais baixas de renda

    da populao, principalmente em regies metropolitanas;

  • 23

    A infraestrutura urbana e o saneamento ambiental deficientes so

    decorrentes de um modelo inadequado de desenvolvimento das

    cidades, ineficincia dos servios prestados, da falta de

    investimentos nas ltimas dcadas e da falta de poltica de

    desenvolvimento urbano. A elaborao e execuo de

    programas de urbanizao e de melhoria habitacional em

    assentamentos informais so estratgicas para provisionar a

    populao acesso a terra urbanizada e a moradia adequada

    (MINISTRIO DAS CIDADES, 2005).

    A Constituio Federal ampara a questo de desenvolvimento urbano e

    habitacional, nos artigos 182 e 183, garantindo uma poltica de

    desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico Municipal, com o

    objetivo de ordenar o desenvolvimento das funes da cidade e o bem-estar de

    seus habitantes. Essa execuo direcionada atravs da Lei 10.257 de 10 de

    julho de 2001, Estatuto das Cidades.

    2.2. SERVIOS PBLICOS DE SANEAMENTO BSICO VERSUS

    MEIO AMBIENTE

    A Conferncia de Estocolmo, ocorrida em 1972, teve como objetivo a

    conscientizao dos pases sobre a importncia da promoo da limpeza do ar

    nas reas urbanas, cuidado com as bacias hidrogrficas mais povoadas e a

    preservao do meio ambiente marinho (FUNASA, 2006).

    Como conseqncia, em 1987 foi gerado um relatrio Nosso Futuro

    Comum, que foi discutido na Conferncia do Rio em 1992. Este relatrio

  • 24

    abordava a importncia do equilbrio entre o desenvolvimento e a preservao

    dos recursos naturais, surgindo o conceito de desenvolvimento sustentvel

    (FUNASA, 2006).

    Desenvolvimento sustentvel pressupe o atendimento s necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das geraes futuras atenderem suas prprias necessidades. (ONU 1998 apud: PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).

    De acordo com Philippi e Malheiros (2005), a gesto voltada para o

    desenvolvimento sustentvel inclui estudos dos fatores econmicos, sociais,

    polticos, tecnolgicos e ambientais, possibilitando uma reflexo sobre os

    diferentes modos de desenvolvimento e o que priorizar para o terceiro milnio.

    A ao antrpica altera significativamente os ambientes naturais,

    aumentando o risco de exposio a doenas, e atuam negativamente na

    qualidade de vida da populao. As modificaes ambientais decorrentes da

    ocupao e da urbanizao impem taxas incompatveis com a capacidade de

    suporte dos ecossistemas naturais. (MIRANDA et al., 1994 apud: PHILIPPI E

    MALHEIROS, 2005)

    A atividade humana consumidora dos estoques naturais,

    ocasionando degradao dos sistemas fsico-biolgico e social. A modificao,

    de certos determinantes do sistema, a condio necessria para a ocorrncia

    de doenas e do baixo nvel de qualidade de vida. (FORATTINI, 2004 apud:

    PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).

  • 25

    Nos pases desenvolvidos, observou-se que a melhoria dos indicadores

    da sade pblica estava relacionada aos fatores econmicos, sociais e

    ambientais, implementados principalmente na segunda metade do sculo XX.

    E nesses fatores, pode ser considerado como fator primordial, os esforos de

    governos e instituies no-governamentais para a melhoria da proviso do

    sistema de abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, coleta e disposio

    adequada dos resduos slidos. (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).

    O saneamento bsico se torna fundamental para o

    desenvolvimento sustentvel. Seu papel garantir o equilbrio do bem estar da

    sociedade com as questes de preservao ambiental. (FUNASA, 2006)

    De acordo com a Fundao Nacional de Sade, (2006)

    saneamento ambiental o conjunto de aes socioeconmicas que tem por objetivo alcanar a Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de gua potvel, coleta e disposio correta dos resduos slidos, lquidos e gasosos, promoo da disciplina sanitria de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenas transmissveis e demais servios e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condies de vida urbana e rural.

    E novamente, de acordo com a FUNASA, (2006):

    Salubridade ambiental o estado de higidez em que vive a populao urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrncia de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeioamento de condies mesolgicas favorveis ao pleno gozo de sade e bem-estar. (FUNASA, 2006).

    A WHO (World Health Organization), em 1946, conceituou sade como

    estado completo de bem estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia

    de doenas e enfermidades.

  • 26

    Mais de um bilho de habitantes da Terra no tem acesso a habitao

    segura e servios bsicos de saneamento. A falta destes servios acarreta em

    altos riscos para a sade, alm de contribuir para a degradao do meio

    ambiente (FUNASA, 2006). A Tabela 1 demonstra que vrias doenas e

    epidemias devido falta de saneamento nos cintures de misria dos pases

    em desenvolvimento.

    TABELA 1 - DOENAS OCASIONADAS POR PROBLEMAS AMBIENTAIS, INCLUSIVE A FALTA DE SANEAMENTO BSICO - 2006

    Doenas Problema Ambiental

    Tuberculose Superlotao

    Diarria Falta de saneamento, de

    abastecimento de gua, de higiene

    Doenas tropicais

    Falta de saneamento, m disposio do lixo, foco de vetores

    de doenas nas redondezas

    Verminoses Falta de saneamento, de

    abastecimento de gua, de higiene

    Infeces respiratrias Poluio do ar em recintos

    fechados, superlotao

    Doenas respiratrias crnicas

    Poluio do ar em recintos fechados

    Cncer do aparelho respiratrio

    Poluio do ar em recintos fechados

    FONTE: FUNASA

    De acordo com o Relatrio de Gesto dos Problemas da Poluio no

    Brasil (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005), os principais pontos a serem

    melhorados no pas so o agravo da sade causado pela:

    Falta de abastecimento de gua potvel;

    Falta de coleta segura de esgotos;

    Poluio atmosfrica;

  • 27

    Poluio das guas superficiais em reas urbanas;

    Gesto inadequada de resduos slidos;

    Poluio localizada acentuada, em zonas industriais, com baixos

    nveis de controle da poluio.

    A Poltica Nacional de Saneamento Bsico (Lei Federal n 11.445/07)

    define os servios de saneamento bsico: abastecimento de gua, coleta e

    manejo de esgoto domstico, coleta e manejo de resduos slidos e drenagem

    das guas pluviais.

    2.2.1. Esgotamento Sanitrio

    O esgoto domstico aquele que provem principalmente de

    residncias, estabelecimentos comerciais, instituies ou quaisquer edificaes

    que dispe de instalaes de banheiros, lavanderias e cozinhas. Compem-se

    essencialmente da gua do banho, excrementos, papel higinico, restos de

    comida, sabo, detergentes e guas de lavagem (FUNASA, 2006).

    De acordo com a Lei 11.445/07 Poltica Nacional de Saneamento

    Bsico, o esgotamento sanitrio constitudo por atividades, infra-estruturas e

    instalaes de coleta, transporte, tratamento e disposio final adequados dos

    esgotos sanitrios, desde as ligaes prediais, at seu lanamento final no

    meio ambiente.

    Ainda de acordo com a Poltica Nacional de Saneamento Bsico

    (2007), o rgo ambiental competente que estabelece metas para qualidade

  • 28

    dos efluentes nas estaes de tratamento de esgoto sanitrios, atendendo aos

    padres das classes dos corpos hdricos receptores, considerando a

    capacidade de pagamento das populaes e usurios envolvidos.

    A gua tratada sofre transformaes fsicas, qumicas e biolgicas

    durante o seu uso, que alteram sua qualidade, resultando na gua residuria.

    Nas reas urbanas, as principais fontes de gua residurias so: esgoto

    domstico, esgoto industrial, esgoto especial (proveniente de hospitais,

    shopping centers e aeroportos, que podem demandar gerenciamento

    diferenciado) (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).

    A rede coletora de esgotos vem sendo ampliada nos ltimos anos,

    porm a construo de estao de tratamento de efluentes no acompanha o

    mesmo ritmo, resultando na degradao da maioria dos cursos dgua urbanos

    (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).

    O Atlas de Saneamento do IBGE (2000) demonstra que houve um

    crescimento no atendimento de residncias na questo de coleta e tratamento

    de esgoto. No ano de 1981, cerca de 45% das residncias possuam algum

    tipo de coleta e tratamento de esgoto domstico, j no ano 2000, esse nmero

    aumentou para cerca de 75%.

    O efluente domstico possui cerca de 99,9% de gua e 0,1% de

    slidos. Estes slidos so compostos por material orgnico, como as protenas,

    carboidratos e lipdeos; por material inorgnico como a amnia, nitrato,

  • 29

    ortofosfatos; microorganismos como bactrias, fungos, protozorios, vrus,

    helmintos, etc. (VON SPERLING, 1996).

    A Demanda Bioqumica do Oxignio (DBO) a forma mais utilizada

    para medir a quantidade de matria orgnica presente no esgoto. Quanto maior

    o grau de DBO, maior a poluio orgnica. A DBO vai reduzindo at anular-se,

    quando a matria orgnica est totalmente estabilizada. Em geral, o esgoto

    domstico varia sua DBO entre 100 e 300 mg/l (FUNASA, 2006).

    A destinao adequada dos dejetos humanos se torna indispensvel

    para o controle e a preveno de doenas a eles relacionadas, como a febre

    tifide, paratifide, diarrias infecciosas, amebase, ancilostomase,

    esquistossomose, tenase, ascaridase, etc. Para isto, as solues a serem

    tomadas devem ter os seguintes objetivos (FUNASA, 2006):

    Evitar a poluio do solo e dos corpos hdricos, principalmente os

    que so utilizados para o abastecimento de gua;

    Evitar o contato de vetores com as fezes;

    Propiciar a promoo de novos hbitos de higiene a populao;

    Promover o conforto e atender ao senso esttico.

    2.2.1.1. Fossas Spticas

    Segundo Andrade e Neto (1997) apud Witkvoski e Vidal (2009),

    tanques spticos ou fossas spticas, so tanques simples, os quais tem como

    principal funo reter os slidos contidos no esgoto, atravs do processo de

  • 30

    sedimentao. Esses slidos, depositados no fundo desses tanques, so

    submetidos decomposio de microrganismos anaerbios, degradando a

    matria orgnica. Segundo, Sobrinho (1991) apud Witkvoski e Vidal (2009),

    esse sistema apresenta, em geral, eficincia de 30 a 50% de remoo de DBO

    (Demanda Bioqumica de Oxignio) e 50 a 80% de remoo dos slidos

    suspensos. Isso ocorre, devido sedimentao dos slidos presentes,

    constituindo o lodo de fundo, e a flotao at a superfcie, formando uma

    espuma, auxiliada por bolhas de gs produzidas pelo metabolismo microbiano

    anaerbio presente no reator. A Figura 1 demonstra o esquema de um sistema

    de fossa sptica, o sistema fica disposto abaixo do solo com a entrada, a

    deposio do lodo e a sada.

    FIGURA 1 - DEMONSTRAO ESQUEMTICA DE UM SISTEMA DE FOSSA SPTICA - 2009

    FONTE: ANDRADE E NETO, 1991 apud WITKOVSKI E VIDAL

  • 31

    O tanque sptico indicado para locais onde no h rede pblica de

    coleta e tratamento de esgoto. Este sistema tem suas dimenses definidas de

    acordo com a quantidade de esgoto gerada, requer limpeza peridica e

    manuteno adequada, devendo ter espao para armazenamento do lodo em

    estabilizao ou j mineralizado (MINISTRIO DA SADE, 2011).

    Devido a baixa eficincia do sistema, principalmente na remoo de

    DQO, nutrientes e patognicos, a utilizao de sistemas de ps-tratamento ou

    disposio final se faz necessria (CHERNICHARO, 1997 apud URBGUA,

    2011).

    2.2.1.1.1 Dimensionamento

    As fossas spticas devero ser dimensionadas, a fim de atender a

    estes quesitos (CEHOP-SE, 2011):

    No prejudiquem o corpo receptor em relao s condies

    prprias para a vida;

    No prejudiquem as condies de balneabilidade das praias, e

    outros locais de recreio e esporte;

    No propiciem a poluio das guas subterrneas;

    No propiciem a contaminao de guas localizadas em ncleos

    de populao ou que seja utilizada na dessedentao dos

    animais;

    No provoque odores desagradveis ou presena de vetores;

  • 32

    No poluam o solo, de maneira a afetar direta ou indiretamente

    pessoas e animais.

    A Norma ABNT NBR7229 (1993) norma que regulamenta a

    construo e operao de sistemas de tanques spticos. Inserido nela, a NB-

    41 permite o calculo do VOLUME TIL, atravs da seguinte expresso

    (CEHOP-SE, 2011):

    )*100*(* LfTCNVu equao 1

    N = Nmero de contribuintes;

    C = Contribuio de despejos (litros/pessoa.dia)

    T = Perodo de Deteno em dias

    Lf = Contribuio de lodo fresco em litros/pessoa

    Para o caso de residncias so atribudos os seguintes valores

    (CEHOP-SE, 2011):

    Contribuio de despejos (C) igual a 150 litros/pessoa.dia;

    Lodo fresco (Lf) igual a 1,00 litros/pessoa.

    O Perodo de Deteno (T) varia de acordo com a contribuio de

    despejos (em litros/dia), conforme a Tabela 2 (CEHOP-SE, 2011):

  • 33

    TABELA 2 TABELA PARA DETERMINAO DO PERODO DE DETENO (T) PARA FINS DE CLCULO DO VOLUME TIL - 2011

    CONTRIBUIO PERODO DE RETENO

    (litros/dia) em

    horas em dias

    at 6000 24,00 1,00

    6000 a 7000 21,00 0,88

    7000 a 8000 19,00 0,80

    8000 a 9000 18,00 0,75

    9000 a 10000 17,00 0,70

    10000 a 11000 16,00 0,66

    11000 a 12000 15,00 0,62

    12000 a 13000 14,00 0,58

    13000 a 14000 13,00 0,54

    Acima de 14000 12,00 0,50 Fonte: CEHOP-SE

    Para o projeto, devem ser considerados alguns valores mnimos

    (CEHOP, 2011), como:

    Nmero de pessoas atendidas: 5

    Volume til: 1.250 litros;

    Dimetro interno: 1,10m

    Profundidade: 1,10m

    O dimetro dever ser superior a duas vezes a profundidade til.

  • 34

    2.2.1.2. Zona de Razes

    O sistema de zona de razes considerado um sistema alternativo, de

    baixo custo e alta eficincia para o tratamento de guas residurias,

    basicamente, este sistema utiliza plantas e est sendo considerado uma

    alternativa eficiente e de baixo custo, comparada com sistemas convencionais.

    (LEMES et al, 2008)

    Este sistema pode ser implementado no mesmo local onde o efluente

    produzido (por residncia), operados por mo de obra no especializada, baixo

    custo energtico e mesmo com taxas de variao dos parmetros do esgoto,

    este sistema no afetado. (BRIX, 1994 apud LEMES, 2008)

    O sistema de zona de razes considerado um sistema fsico-biolgico,

    com parte do filtro constitudo de plantas. O efluente lanado atravs de uma

    rede de tubulaes perfuradas, instalada abaixo da rea plantada. Esta rea

    dimensionada de acordo com a demanda de esgoto emitida (VAN KAICK, 2002

    apud LEMES, 2008).

    Para receber o tratamento de zona de razes, o efluente deve passar

    por um tratamento primrio, geralmente fossa sptica, onde so removidos os

    slidos sedimentveis. A segunda etapa o encaminhamento do efluente

    atravs das tubulaes perfuradas, mais ou menos 10 cm abaixo da superfcie

    do filtro, iniciando-se o tratamento secundrio. De acordo com Van Kaick (2002

    apud LEMES et al, 2008) as plantas utilizadas devem ser plantadas num filtro

    fsico estruturado por:

  • 35

    Uma camada de brita n 2, de 50 cm de profundidade;

    Areia com granulometria mdia para grossa, de 40 cm de profundidade;

    Lona plstica resistente, ou estrutura de concreto armado para evitar a

    contaminao do lenol fretico ou infiltraes indesejveis.

    O sistema denominado de Zona de Razes tambm conhecido em

    ingls como wetlands, tenta imitar o ecossistema natural, ficando parcial ou

    totalmente inundado durante maior parte do ano. considerado um tipo de

    rea com grande importncia para o equilbrio ecolgico, destacando-se

    (WITKOVSKI E VIDAL, 2009):

    Regularizao dos fluxos de gua (zonas de descargas para

    possveis enchentes);

    Controle de eroso, evitando assoreamento dos rios;

    Melhoria da qualidade das guas;

    Reproduo e alimentao da fauna aqutica.

    As plantas utilizadas nas Wetlands apresentam em suas razes,

    rizomas1 e caules, grande crescimento de microrganismos, aumentando a rea

    que consiste no biofilme2. Outra importncia das plantas a capacidade de

    transportar o oxignio da sua poro area at as razes, promovendo

    1 Tipo de caule que algumas espcies de plantas possuem (WITKOVSKI E VIDAL,

    2009).

    2 Biofilme: poro de microrganismos fixados no meio-suporte que atua na

    degradao da matria orgnica complexa, em elementos mais simples, passveis de serem assimilados pelas plantas (WITKOVSKI E VIDAL, 2009).

  • 36

    condies para degradao aerbia da matria orgnica, e transformao de

    nutrientes. As plantas utilizadas (plantas de banhados) apresentam

    aernquimas3, que permitem a entrada de ar pelas folhas e caules,

    conduzindo-o at as razes (WITKOVSKI E VIDAL, 2009).

    As plantas utilizadas nas zonas de razes so denominadas macrfitas.

    So plantas vasculares fluorescentes, os musgos e a maioria das algas

    marinhas. No caso das wetlands, as mais utilizadas so as plantas das famlias

    das Juncceas (como o junco), Ciperceas (como capim cidreira e o papiro),

    Tifceas (como a taboa) e gramneas (PHILIPPI E SEZERINO, 2004 apud

    WITKOVSKI E VIDAL, 2009).

    De acordo com Mansor (1998), Lima (1998) e Valentim (1999) apud

    Witkvoski e Vidal, 2009 a utilizao da taboa considerada a melhor opo

    para o tratamento de efluentes atravs da zona de razes. O motivo o fato da

    facilidade de aquisio, e o seu crescimento exagerado, podendo chegar a

    produzir cerca de 7 toneladas de rizomas por hectare. Os microrganismos que

    atuam neste tratamento so os fungos, protozorios e principalmente as

    bactrias. Segundo Philippi e Sezerino (2004) apud Witkvoski e Vidal, 2009, os

    processos de depurao do material orgnico, transformao da srie

    nitrogenada e remoo do fsforo, so:

    Fsicos (filtrao e sedimentao);

    3 Aernquimas: tecido constitudo por clulas infladas ou grandes espaos

    intercelulares, formando grandes cavidades no interior da planta preenchidas de ar. Esta constituio torna o corpo da planta mais leve, o que favorece sua sustentao ou flutuao dentro da gua. Mansor (1998), Lima (1998) e Valentim (1999) apud Witkvoski e Vidal, 2009.

  • 37

    Qumicos (adsoro, complexao e troca inica);

    Biolgicos (degradao microbiolgica aerbia e anaerbia,

    predao e remoo dos nutrientes pelas plantas, ocorrendo

    tanto no material de recheio, como na rizosfera)

    A Figura 2 demonstra um esquema do sistema de zona de razes

    (Kaick, 2002 apud Witkovski e Vidal, 2009), com as camadas do sistema:

    impermeabilizao, areia, brita, razes, plantas, entrada de distribuio do

    esgoto vindo da fossa sptica, sada da gua que pode ser armazenada em

    reservatrios ou lanada diretamente em corpos receptores.

    FIGURA 2 - ESQUEMA DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES - 2009

    FONTE: VAN KAICK, 2002 apud WITSKOVSKI

  • 38

    2.2.1.2.1 Dimensionamento e Forma de Construo

    Em climas tropicais, como no caso do Brasil, a evaporao das plantas

    (transpirao) faz com que 25% do esgoto que entra no sistema, seja eliminado

    no processo de zona de razes. No Brasil, usualmente utilizado 1 m por

    habitante em sistemas de 1 metro de profundidade. (VAN KAICK, 2002 apud

    WITKOVSKI E VIDAL, 2009).

    O sistema pode ser canalizado e usado com apenas uma rea de

    wetlands para toda uma comunidade, no caso de disponibilidade de rea til

    para a implantao do sistema, mas tambm pode ser utilizado em sistemas

    individuais, por residncia, sem qualquer interferncia na eficincia do sistema.

    (LEMES et al, 2008).

    2.2.1.3 Redes de Coleta e Tratamento

    Os tipos mais comuns de esgotos produzidos nas cidades so o

    domstico, o pluvial e o industrial. Cada tipo constitudo de diferentes

    materiais, substncias e microrganismos. Estes agentes podem causar danos

    para a populao como para o meio ambiente (SABESP, 2011).

    Para cada tipo de esgoto, existe uma tubulao especifica. No caso de

    esgoto domstico, diretamente das casas, so feitas ligaes com um dimetro

    pequeno, que formam as redes coletoras que se unem aos coletores-troncos

    (SABESP, 2011).

    Destes coletores troncos, o esgoto transportado at os interceptores:

    tubulaes maiores assentadas ao lado dos rios. O ponto final da rede uma

  • 39

    Estao de Tratamento de Esgoto, que trata e devolve a gua ao meio

    ambiente (SABESP, 2011).

    A Estao de Tratamento de Esgoto uma unidade operacional do

    sistema de esgotamento sanitrio que atravs de processos fsico-qumicos e

    biolgicos removem as cargas poluentes do esgoto (CASAN, 2005).

    A CASAN (Companhia Catarinense de guas e Saneamento) utiliza os

    seguintes tipos de tratamento de esgoto:

    Lodos ativados por aerao prolongada e vala de oxidao:

    processo biolgico que o efluente, na presena de oxignio

    dissolvido, agitao mecnica e crescimento de microrganismos

    especficos, forma flocos denominados lodo ativado ou biolgico,

    separando a fase slida da liquida. H uma grande diminuio

    da matria orgnica (CASAN, 2005).

    Lagoas de Estabilizao (anaerbias e facultativas): processo

    simples e natural para tratar esgotos domsticos, com o objetivo

    de remover a matria orgnica. As lagoas anaerbias possuem

    profundidade de 3 a 5 metros, minimizando a presena de

    oxignio, estabilizando a matria orgnica estritamente em

    condies anaerbias. As lagoas facultativas j possuem

    profundidade de 1,5 a 3 metros, ocorrendo dois processos:

    aerbios, ocorre na superfcie, e anaerbios, que ocorre no

  • 40

    fundo, quando a matria orgnica tende a sedimentar (CASAN,

    2005).

    Filtro Biolgico: so unidades de tratamento destinados a

    oxidao biolgica da matria orgnica, geralmente provindos

    de decantadores (CASAN, 2005).

    Existem outras formas de tratamento de esgoto numa Estao de

    Tratamento de Efluentes. No Brasil, so utilizados os tratamentos descritos por

    ser tratarem de tratamentos primrios e secundrios. Em alguns locais, os

    sistemas de tratamento vo at o tercirio, o qual o resduo polido

    (FUNASA, 2006).

    2.2.2. Resduos Slidos

    De acordo com a NBR 10.004: 2004,

    Resduos slidos so os resduos no estado slido e semi-slido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.

    Sua composio varia de acordo com os hbitos e costumes da

    populao, nmero de habitantes, poder aquisitivo, variaes sazonais, clima,

    desenvolvimento, nvel educacional (FUNASA, 2006).

  • 41

    De acordo com a ABRELPE (2010), quase 23 milhes de toneladas de

    lixo ainda possuem a destinao inadequada no Brasil, seguindo para lixes ou

    aterros controlados, provocando danos ao meio ambiente.

    O estudo Panorama dos Resduos Slidos no Brasil diz que a mdia de

    gerao de lixo no Brasil hoje de 1,152 kg/hab.dia, houve um aumento de

    7,7% do volume de lixo gerado em vista do ano de 2009 (ABRELPE, 2010).

    A Lei 11.445 (Poltica Nacional de Saneamento Bsico), de 05 de

    janeiro de 2007, aborda resduos slidos no art. 7 o servio pblico de limpeza

    urbana e de manejo de resduos slidos urbanos composto pelas seguintes

    atividades:

    I - de coleta, transbordo e transporte dos resduos;

    II - de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento,

    inclusive por compostagem, e de disposio final dos resduos;

    III - de varrio, capina e poda de rvores em vias e logradouros

    pblicos e outros eventuais servios pertinentes limpeza pblica urbana.

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos, Lei 12.305 de 2 de agosto de

    2010, especifica que o pas, o Estado e o Municpio possuam Plano de Gesto

    Integrada de Resduos Slidos, e para possivelmente, obter os recursos da

    Unio, estes planos devem conter:

    Solues consorciadas intermunicipais para a gesto dos

    resduos slidos, incluindo a elaborao e implementao de

  • 42

    plano intermunicipal, ou planos microrregionais, considerando

    critrios de economia de escala, proximidade dos locais

    estabelecidos e formas de preveno de riscos ambientais;

    Implantao da Coleta Seletiva, com participao de cooperativas

    ou outras formas de associao de catadores de materiais

    reutilizveis e reciclveis, formadas por pessoas fsicas de baixa

    renda;

    Diagnstico da situao dos resduos slidos gerados no territrio,

    contendo origem, volume e caracterizao dos resduos e as

    formas de destinao e disposio final adotadas;

    Identificao de reas favorveis para disposio final

    ambientalmente adequada dos rejeitos, observando o plano

    diretor;

    Identificao dos resduos slidos e geradores sujeitos a Plano

    Especfico;

    Procedimentos operacionais e especificaes mnimas a serem

    adotados nos servios pblicos de limpeza urbana e manejo dos

    resduos slidos;

    Indicadores de desempenho operacional e ambiental;

    Regras para transporte e outras etapas do gerenciamento de

    resduos slidos;

  • 43

    Definio das responsabilidades quanto a sua implementao e

    operao;

    Programas e aes de capacitao tcnica;

    Programas e aes de educao ambiental, promovendo a no

    gerao, a reduo, a reutilizao e a reciclagem de resduos

    slidos;

    Programas e aes para participao de partes interessadas, em

    especial cooperativas ou outras formas de associao de

    catadores de materiais reutilizveis e reciclveis;

    Mecanismos para a criao de fontes de negcios, emprego e

    renda, valorizando os resduos slidos;

    Sistema de clculo dos custos da prestao dos servios de

    limpeza urbana e manejo dos resduos slidos e a cobrana

    destes servios;

    Metas de reduo, reutilizao, coleta seletiva e reciclagem, a fim

    de reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para

    disposio final;

    Descrio das formas e limites de participao do poder pblico

    local na coleta seletiva e logstica reversa;

    Descrio dos meios de controle e fiscalizao, da implementao

    e operao dos planos de gerenciamento de resduos slidos;

  • 44

    Aes preventivas e corretivas, incluindo programa de

    monitoramento;

    Identificao de passivos ambientais, relacionados com resduos

    slidos, e respectivas medidas de mitigao do impacto;

    Periodicidade de sua reviso, observando o tempo de vigncia do

    plano plurianual municipal.

    2.2.2.1 Usina de Reciclagem

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos (Lei Federal n 12.305/10)

    define reciclagem como:

    processo de transformao dos resduos slidos que envolve a alterao de suas propriedades fsicas, fsico-qumicas ou biolgicas, com vistas transformao em insumos ou novos produtos, observadas as condies e os padres estabelecidos pelos rgos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa.

    De acordo com a ABRELPE (2010), a coleta seletiva o primeiro e

    importante passo para viabilizar o processo de reciclagem. Mas, muitas vezes,

    essa prtica no se d em um municpio, na sua totalidade, mas por formao

    de convnios, com cooperativas de catadores de lixo ou pontos de entrega

    especficos.

    A Figura 3 demonstra a porcentagem de cidades que tem a iniciativa

    da coleta seletiva no municpio, dividido por regies, em todo o Brasil

    (ABRELPE, 2010).

  • 45

    FIGURA 3 - MAPA QUE DEMONSTRA A QUANTIDADE DE CIDADES QUE POSSUEM A COLETA SELETIVA EM TODO O BRASIL - 2010

    FONTE: ABRELPE

    A usina de reciclagem um conjunto de mquinas (esteiras

    rolantes, eletroms, peneiras), e pessoas que separam o lixo, de acordo

    com a classificao: Papel, Plstico, Metal, Vidro, Orgnico e No-

    reciclveis. Muitas vezes, a usina pode ser aberta como cooperativa na

    prpria comunidade, e no necessita de maquinrios para realizar a

    triagem, desde que haja conscientizao da populao em levar os

    resduos devidamente separados (GRIMBERG E BLAUTH, 1998).

    A recuperao mdia dos resduos varia de acordo com a

    conscientizao da populao em separar, a eficincia das operaes,

    podendo recuperar cerca de 90% do lixo reciclvel gerado (GRIMBERG

    E BLAUTH, 1998).

  • 46

    Estima-se que hoje no Brasil, vivem cerca de 300 mil a 1 milho

    de pessoas como catadores de lixo no pas. Muitos deles esto inseridos

    em cooperativas, sejam elas s de separao dos resduos, como de

    reciclagem tambm. Para alguns, essas cooperativas so centros de

    reabilitao social, possibilitando, alm de emprego e renda, uma

    recolocao de indivduos que esto margem da sociedade, ou

    tambm no mercado de trabalho, onde podem ser considerados

    socialmente excludos, ou no instrudos. Alm disso, promovem auxlio

    ao meio ambiente (Revista Inove Ambiental, mar 2011).

    As etapas de reciclagem dos resduos slidos so (FUNASA,

    2006):

    Separao e classificao dos materiais (Papel, Plstico,

    Metal, Vidro, Orgnico);

    Processamento para obteno de fardos, materiais

    triturados e/ou produtos que passaram por algum tipo de

    beneficiamento;

    Comercializao dos materiais;

    Reutilizao seja ela artesanal, ou reaproveitamento em

    processos industriais como insumos.

    Para a instalao de uma usina de reciclagem, primeiramente, deve-se

    quantificar a capacidade de processamento da usina, de acordo com nmero

  • 47

    de horas trabalhadas no dia. (Ex.: 80t/dia, capacidade de processamento

    10t/hora) (DEMLURB, 2011).

    Os principais componentes de uma usina so (DEMLURB, 2011):

    Silos para recebimento e armazenamento do lixo;

    Esteiras de alimentao, peneiras de pr-separao;

    Esteiras de separao, onde feita se seleo do material

    reciclvel;

    Moinhos de triturao;

    Prensas enfardadeiras;

    reas de estocagem;

    Unidades administrativas;

    Caminhes ou outros equipamentos para transporte.

    Os resduos orgnicos, que tambm podem ser reaproveitados, no

    processo de compostagem, demonstrado no captulo 2.2.2.2.

    A reciclagem deve ser tratada como um negcio, o qual a boa prtica

    a elaborao de um plano de negcio para verificar a viabilidade, sem assumir

    riscos. Deve-se analisar o mercado, a questo do cooperativismo (uma prtica

    amplamente adotada nas centrais de reciclagem) (FUNASA, 2006).

  • 48

    2.2.2.2. Compostagem

    A compostagem um processo biolgico de decomposio

    controlada de matria orgnica contidas em restos de origem animal e vegetal,

    que produz um composto que pode ser utilizado para melhorar as propriedades

    fsicas e qumicas do solo (NAUMOFF E PERES, 2000 apud PHILIPPI E

    OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    Este processo promove a morte da maioria dos agentes patognicos, j

    que em uma das etapas o composto pode chegar de 65 a 70C. No

    recomendado a utilizao do composto em culturas de alimentos que podem

    ser consumidos crus, devido a possvel presena de ovos ou cistos que ainda

    podem resistir a essas temperaturas (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    H inmeras tecnologias de compostagem, desde os mais simples,

    como a compostagem em montes periodicamente revirados, at instalaes de

    grande porte com tambores rotativos. A compostagem pode ser realizada por

    processos aerbios, anaerbios ou mistos, que dependendo da tecnologia

    empregada, pode levar de 45 a 180 dias para a finalizao do processo

    (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    Para o processo de compostagem, alguns fatores so considerados

    importantes para o andamento do processo, como (FUNASA, 2006):

    Umidade: o teor de umidade dos resduos situa-se entre 50% a

    60%. Se ficar muito abaixo, a atividade biolgica fica

  • 49

    comprometida e se for muito alta, a oxigenao prejudicada,

    ocorrendo a anaerobiose, com gerao de chorume.

    Aerao: necessria para a atividade biolgica, possibilita a

    degradao da matria orgnica, sem odores. Pode ser

    adquirida atravs dos processos de reviramento ou por auxlio

    mecnico. O ciclo de reviramento em mdia 2 vezes por

    semana, principalmente nos 60 primeiros dias.

    Temperatura: o processo inicia-se em temperatura ambiente,

    aumentando conforme a ao dos microrganismos. A

    temperatura ideal de 55C, evitando a temperatura de 65C,

    pois altas temperaturas podem causar a morte de alguns

    microrganismos.

    pH: No incio da compostagem, o pH varia entre 4,5 a 5,5. O

    composto pronto apresente pH entre 7,0 e 8,0, servindo de

    correo para slidos cidos.

    Nutrientes: a relao carbono/nitrognio (C/N) para inicio da

    compostagem deve ser da ordem de 30/1.

    Microrganismos presentes na compostagem: no inicio, so

    encontrados todos os grupos de organismos, como protozorios,

    fungos, actinomicetos, vermes, vrus, etc., porm alguns grupos,

    como bactrias, fungos e actinomicetos so predominantes no

    decorrer do processo.

  • 50

    Composto orgnico: o produto estabilizado, podendo melhorar

    as propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do solo.

    Aspectos tcnicos para a construo de uma rea de

    compostagem: Declividade do terreno de 2 a 3%; regularizao

    do piso; sistema de drenagem; impermeabilizao da rea;

    distncia mnima de 500 m da periferia da cidade; ventos

    predominantes da cidade para o local; gua, energia eltrica;

    terreno a 2 metros do nvel mais alto do lenol fretico.

    2.2.2.3. Aterro Sanitrio Disposio Final

    Na maioria dos municpios brasileiros, os resduos slidos

    urbanos e/ou domiciliares, so destinados a aterros sanitrios adequados ou

    no, sem tratamento prvio. Existem diversas iniciativas para minimizar o envio

    destes resduos, como a compostagem e a reciclagem, mas ainda so pontuais

    (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    Aterro o enterramento planejado dos resduos e controlado

    tecnicamente quando os aspectos ambientais, evitando a proliferao de

    vetores, que podem trazer riscos sade (FUNASA, 2006).

    Os aterros sanitrios so obras de engenharia destinadas a depositar

    os resduos sobre o solo, minimizando seus impactos ou riscos a sade

    humana. Devem possuir drenos para os lquidos serem percolados

    (provenientes da decomposio da matria orgnica) e impermeveis para

    evitar a contaminao do lenol fretico. Tambm precisam de drenos de

  • 51

    escoamento do gs proveniente do processo de fermentao. Os resduos

    devem ser compactados e cobertos com terra diariamente, para evitar a

    presena de vetores. Possuem um sistema de drenagem pluvial e dutos, a fim

    de realizar um tratamento adequado do chorume, alm do monitoramento do

    lenol fretico (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    O planejamento de implantao de um aterro sanitrio envolve estudos

    de localizao, quanto proximidade de habitaes, possibilidade de

    contaminao da gua, distncias, acesso local, obras de drenagem,

    planejamento da operao, etc. (FUNASA, 2006).

    Variveis relacionadas escolha do:

    a) Local apropriado quanto a (FUNASA, 2006):

    Preo;

    Localizao;

    Possibilidade de aproveitamento da rea no futuro;

    Ventos predominantes devem ser da cidade para o local;

    Possibilidade de contaminao dos mananciais de gua;

    Acesso fcil durante o ano todo;

    rea suficiente para pelo menos 10 anos de vida til;

    Possibilidade de drenagem.

  • 52

    b) O mtodo de operao depende dos tipos de terreno (FUNASA, 2006),

    como:

    Terrenos baixos e planos: sistema de trincheiras, terra retirada da

    prpria vala servem de recobrimento. As trincheiras devem ter no

    mnimo 0,75m de profundidade e a largura e comprimento em

    funo do volume do lixo a ser confinado;

    Terrenos de encosta: nivelamento do terreno, onde a prpria terra

    do topo ir servir de recobrimento do lixo enterrado;

    Pntanos e lagoas: a terra ter que vir de um local prximo.

    Os aterros sanitrios devem estar nas periferias da cidade, a fim de

    causar o menor incmodo possvel, mas ao mesmo tempo, estar prximos o

    suficiente para minimizar os custos com o transporte. Devido a este transporte,

    muitas vezes, h investimento no sistema virio prximo ao aterro, induzindo a

    urbanizao. Por outro lado, as reas prximas acabam desvalorizadas,

    atraindo populao de baixa renda (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).

    A execuo do aterro sanitrio envolve alguns elementos principais,

    norteados por normas da ABNT, destacando-se (PHILIPPI E OLIVEIRA E

    AGUIAR, 2005):

    Impermeabilizao de fundo: depende do tipo de resduo, podendo ser

    feita de argila e/ou mantas de polmeros;

  • 53

    a) Drenagem e tratamento de percolados: em funo das chuvas e

    da decomposio de resduos, h a gerao do chorume. Para

    isto, necessria uma estao de tratamento de efluentes, ou o

    transporte desses efluentes para uma estao fora do local;

    b) Drenagem de gases: a decomposio dos resduos orgnicos

    gera biogs, composto principalmente de metano (CH4) e gs

    carbnico (CO2), com riscos de exploses, desabamentos por

    formao de bolhas de gs;

    c) Drenagem das guas superficiais: devem afastar as guas

    pluviais, e eventuais cursos dgua, para minimizao da

    formao dos percolados, evitando o transporte de poluentes

    para fora do aterro;

    d) Cobertura: para o recebimento de alguns tipos de resduos,

    deve-se cobrir diariamente, evitando o carreamento dos

    poluentes pelo vento ou a proliferao de vetores, como os ratos

    e baratas.

    e) Selagem: executada no final da vida til do aterro. Existem

    tcnicas que realizam a recuperao paisagstica do local,

    tornando-se at reas de lazer. Porm, so locais que devem

    ser monitorados por muito tempo, pois ainda h emisso de

    gases, chorume, etc..

  • 54

    3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    3.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA

    Pesquisa de campo, alm de pesquisa bibliogrfica. Neste ponto sero

    analisados o local, a populao, as condies do ecossistema e dos quesitos

    de saneamento bsico: coleta e disposio do esgoto domstico e manejo dos

    resduos slidos do Loteamento Balnerio So Jos I, em Itapo, SC.

    3.2. DESCRIO DA POPULAO E DA AMOSTRA

    Foi levantado a quantidade de terrenos do Loteamento do Balnerio

    So Jos I, a populao do local, e a quantidade de residncias j construdas,

    atravs de uma estimativa apontada pela Associao de Moradores do local.

    Visita tcnica ao local, guiado por um roteiro de visitas, com a finalidade de

    diagnosticar a situao atual do Loteamento em relao a coleta e tratamento

    de esgoto domstico e manejo dos resduos slidos.

    3.3. MTODOS E TCNICAS

    A pesquisa bibliogrfica foi baseada na legislao (Federal, Estadual e

    Municipal), dados do IBGE, levantamento na prpria Prefeitura do Municpio de

    Itapo, artigos, livros, revistas e outros. Elaborao de um roteiro de visita no

    Loteamento Balnerio So Jos I, sobre os dois servios bsicos de

    saneamento propostos para o estudo: esgoto domstico e resduos slidos.

    Visita in loco, para verificao da situao do local.

  • 55

    Para o diagnstico do quesito Esgotamento Domstico no Loteamento

    Balnerio So Jos I, foram utilizados os critrios estabelecidos na Poltica

    Nacional de Saneamento Bsico (Lei 11.445/07):

    Coleta do efluente;

    Tratamento;

    Disposio Final;

    Poluio do Solo;

    Vetores de doena;

    Higiene;

    Conforto/Senso Esttico.

    Para o diagnstico da questo de Resduos Slidos no Loteamento

    Balnerio So Jos I, foram utilizados os padres definidos na Lei 11.445/07,

    conforme descritos abaixo:

    Coleta;

    Triagem (reciclveis/no reciclveis);

    Varrio, capina e podas;

    Disposio final.

  • 56

    3.4. DESCRIO DOS INSTRUMENTOS

    Visita in loco guiada por roteiro de visita, coleta de dados na

    Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, fotos, mapas.

    3.5. DESCRIO DA COLETA DE DADOS

    A coleta ser in loco, com visita s residncias, onde sero observadas

    as condies da infra-estrutura do local. Ser verificada junto aos rgos

    responsveis a situao do local, comparando os resultados.

    Para anlise da situao, os dados serviro de apoio para verificao

    da situao do local, que comparando ao referencial terico com a situao do

    local (principalmente legislao) e se os quesitos estiverem fora dos

    parmetros, solues sero propostas para os problemas apontados.

    No dia 16 de abril de 2011, foi realizada a Visita Tcnica no

    Loteamento Balnerio So Jos I a fim de diagnosticar a situao atual do

    loteamento e apontar os problemas pertinentes a questo do saneamento

    bsico nesta regio.

    Alm de verificao in loco, foram entrevistados representantes da

    comunidade local e dos rgos responsveis para execuo dos servios de

    saneamento bsico. Com esta visita, foram constatados vrios problemas, que

    demonstram a falta de infra-estrutura da cidade de Itapo, SC.

    Para conduzir esta visita, desenvolveu-se um roteiro de visita baseado

    na fundamentao terica, demonstrado na Tabela 3.

  • 57

    TABELA 3 ROTEIRO DE VISITA PARA DIAGNSTICO DO LOCAL, REALIZADA EM 16 DE ABRIL DE 2011

    Entrevistado Presidente Associao Moradores

    rgos Responsveis

    Esgoto Sanitrio

    Coleta

    Tratamento

    Disposio Final

    Poluio do Solo

    Vetores

    Higiene

    Conforto/Senso esttico

    Resduos Slidos

    Coleta

    Triagem (reciclveis/no reciclveis)

    Varrio, capina, podas

    Disposio Final

    Esse roteiro de visita aborda os requisitos mnimos que um local deve

    possuir para suprir as necessidades dos quesitos de saneamento bsico:

    manejo de esgoto domstico e manejo de resduos slidos, conforme reviso

    bibliogrfica, baseado na Poltica Nacional de Saneamento Bsico, Lei Federal

    n 11.445/07.

    De acordo com a Sra. Leonora de Melo Alves, Presidente da

    Associao de Moradores dos Loteamentos Balnerio So Jos I e II4, hoje,

    moram cerca de 2000 pessoas no loteamento, incluindo as crianas. Todas as

    4 Sra. Leonora de Melo Alves (Mrcia), Presidente da Associao de Moradores dos

    Loteamentos Balnerio So Jos I e II, moradora h 12 anos no local. Entrevista cedida no dia 16 de abril de 2011.

  • 58

    residncias, no possuem escritura, somente os contratos de compromisso de

    compra e venda.

  • 59

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. CARACTERIZAO DO LOCAL DE ESTUDO

    Itapo um municpio do estado de Santa Catarina, com 14.763

    habitantes de acordo com o CENSO de 2010 do IBGE. Est localizado no

    litoral extremo norte do Estado de Santa Catarina, fazendo divida com

    Guaratuba (PR), a norte, So Francisco do Sul (SC) ao sul e a oeste com

    Garuva. A Figura 4 demonstra a localizao do municpio.

    FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZAO DO MUNICPIO DE ITAPO SC - 2011

    FONTE: CIASC

  • 60

    O municpio possui duas Ilhas: Ilha do Sa Guau e Ilha de Itapeva. O

    relevo de Itapo acidentado, onde ocorrem colinas, montanhas de at 200

    metros. Apresenta plancie sedimentar que se estendem ao longo do litoral. A

    Mata Atlntica permanente ao longo de toda cidade. Possui mais de 30

    quilmetros de praia (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

    O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do municpio de Itapo, do

    ano de 2000, de acordo com PNUD (Programa das Aes Unidas para o

    Desenvolvimento) de 0,793 (numa escala de 0 a 1), sendo 159 municpio

    catarinense no ranking estadual.

    De acordo com o CENSO de 2010 do IBGE, dos 15.772 domiclios da

    cidade, 9.373 so considerados residncias de veraneio.

    No h hospitais, somente clnicas, casos mais graves so

    encaminhados para Joinville, SC (IBGE, 2010).

    A populao do municpio, de acordo com o CENSO 2010 do IBGE

    de 14.763 habitantes, com rea territorial de 255,746 km, resultando em uma

    densidade demogrfica de 57,73 hab/km.

    4.1.1. Histria do Municpio

    O nome Itapo de origem indgena que significa pedra que surge,

    referenciando a pedra localizada no Balnerio de Itapo, a 300 metros da praia,

    que surge de acordo com as mars (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO,

    2011).

  • 61

    Seus primeiros habitantes foram os ndios Carijs. Comprovada pela

    existncia dos Sambaquis conchas, restos de cozinha, esqueletos

    depositados por estas tribos que habitavam o litoral catarinense na pr-histria

    (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

    O municpio de Itapo foi fundado em 1989, quando foi desmembrado

    do municpio de Garuva. At esta data, era um distrito. Seu nico acesso era a

    Estrada da Serrinha, aberta em 1957 pela Companhia SIAP Sociedade

    Imobiliria e Pastoril, com extenso de 27,7 quilmetros, ligando Garuva a

    Itapo. Esta estrada se tornou SC-415 em 1990. Porm, hoje, o principal

    acesso pela Estrada Cornelsen, 25 quilmetros depois do acesso a BR-101

    pela Rodovia SC-412, que vai at o municpio de Guaratuba, PR, conforme

    demonstrado na Figura 5 (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

  • 62

    FIGURA 5 MAPA DE ITAPO COM SEUS ACESSOS RODOVIRIOS - 2011

    FONTE: LITORAL DE SANTA CATARINA

    4.1.2. Infraestrutura

    De acordo com o Governo de Santa Catarina, a infra-estrutura da

    cidade ainda pequena, no possuindo estradas asfaltadas, mas com

    comrcio em alta (SANTA CATARINA, 2002).

    At 5 anos atrs, era um lugar tranquilo que mal tinha hotis para

    receber turista. Hoje, um dos municpios que mais tem chances de crescer.

  • 63

    Isso se d, pelo investimento do porto de Itapo, que dobrou o nmero de

    habitantes, e abriu Itapo para o mundo dos negcios. (ISTO , 2011)

    A forma de acelerar o crescimento de um municpio a instalao de

    grandes obras no local. No caso de Itapo, trata-se da instalao do Porto, que

    situado em um local estratgico devido s guas profundas e calmas da regio.

    Hoje, existem obras pela cidade inteira, demonstrando o crescimento e o

    aquecimento do mercado na cidade. Para a viso de alguns, em curto prazo,

    Itapo ser considerada uma das melhores cidades para se viver no Brasil

    (ISTO , 2011).

    4.1.3. Economia

    A base da economia do municpio o turismo. De acordo com o

    Histrico de Balneabilidade da FATMA (Fundao de Meio Ambiente), as

    praias de Itapo, possuem 100% de balneabilidade, prprias para banho e

    lazer dos turistas. Na alta temporada, a cidade recebe cerca de 200 mil

    visitantes, movimentando o comrcio local. A regio tambm procurada para

    a prtica de esportes nuticos como o surf, windsurf, Jet-ski, barcos a vela e

    pesca esportiva (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

    O Produto Interno Bruto de 2010 est na faixa de R$ 120.000,00,

    baseado praticamente no setor de prestao de servios. (IBGE, 2010)

    As atividades econmicas aquecidas na cidade so (PREFEITURA

    MUNICIPAL DE ITAPO, 2011):

  • 64

    Construo civil, vrias obras esto sendo realizadas em Itapo,

    devido implantao do Porto de Itapo;

    Pesca artesanal;

    Agricultura de subsistncia, com culturas como banana, arroz,

    mandioca, abacaxi e hortifrutigranjeiros;

    Pecuria, com pequenos rebanhos de gado de corte, leiteiro,

    atendendo ao mercado local.

    No segundo semestre de 2010, iniciou-se a operao do primeiro

    terminal porturio privado exclusivo para movimentao de containeres. Est

    inserido na Baa da Babitonga, praia do Pontal, aproveitando o calado natural

    (profundidade) de aproximadamente 16 metros. Este porto est preparado para

    receber navios de grande porte, e melhorando o escoamento de mercadorias

    para importao e exportao, aliviando os portos de Paranagu, Itaja e

    Navegantes (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

    A Figura 6 demonstra a localizao do Porto de Itapo, no municpio. O

    porto est localizado na Praia do Pontal, extremo sul do municpio, dentro da

    Baa da Babitonga.

  • 65

    FIGURA 6 LOCALIZAO DO PORTO DE ITAPO. PRAIA DO PONTAL, EXTREMO SUL DO MUNICPIO DE ITAPO, SC - 2011

    FONTE: TECON-SC

    4.1.4. Rio Sa-Mirim

    A bacia do Rio Sa Mirim, uma microbacia inserida na maior bacia

    hidrogrfica da regio, a Bacia do Rio Cubato Norte e Cachoeira, sendo os

    principais rios, o Rio Sa Mirim, o Rio Sa Guau e o Rio Jaguaruna. Sendo

    uma rea de bacia total de 73,30 km e vazo mnima de 772,81 l/s

    (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).

  • 66

    A Resoluo CONAMA n 357 de 17 de maro de 2005, estabelece a

    classificao dos corpos dgua e estabelece parmetros de lanamento de

    efluentes nestes corpos (BRASIL, 2005).

    O Estado de Santa Catarina, atravs do Conselho Estadual dos Recursos

    Hdricos CERH, com a Resoluo n 003 de 10 de agosto de 2007,

    classificou o Rio Sa Mirim, de acordo com os parmetros da Resoluo

    CONAMA n 357 de 17 de maro de 2005, como Classe 1 (CERH, 2011).

    A Resoluo CONAMA n 357/05 especifica que as guas enquadradas na

    classe 1, podem ser destinadas para (BRASIL, 2005):

    Abastecimento de consumo humano, com tratamento simplificado;

    Proteo a comunidades aquticas;

    Recreao.

    A Figura 7 demonstra a Hidrografia do Municpio de Itapo (PMI, 2009).

  • 67

    FIGURA 7 - HIDROGRAFIA DO MUNICPIO DE ITAPO SC - 2009

    FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO

  • 68

    4.2. REA DE ESTUDO

    O Loteamento Balnerio So Jos I, possui mais de 2.000 lotes. Hoje,

    residem no local, cerca de 2000 pessoas, entre adultos e crianas. A maioria

    so imigrantes de outras localidades, como o Oeste de Santa Catarina e o

    Paran.

    A populao neste local de classe mdia baixa e classe baixa.

    Nenhum deles possuem a escritura do terreno, devido ao embargo do

    Ministrio Pblico, sendo somente o Contrato de Compromisso de Compra e

    Venda.5

    A maioria dos moradores residem a mais de 10 anos no local, e

    informam que a infraestrutura ainda continua precria.

    A Figura 8 demonstra a planta baixa do Loteamento Balnerio So

    Jos I.

    5 Informaes repassadas pela Sra. Leonora de Melo Alves, presidente da

    Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I e II.

  • 69

    FIGURA 8 - PLANTA BAIXA DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I - 2011

    FONTE: PMI

  • 70

    4.2.1. Histrico do Loteamento

    O projeto do Loteamento Balnerio So Jos I, foi aprovado na

    Prefeitura Municipal de Itapo e em Joinville, no ano de 1997, mesmo ano que

    chegou o primeiro morador no local.

    O Loteamento tinha 2 scios, sendo que um morreu e o outro est

    preso, acusado de assassinato do outro scio. Devido a vrios problemas, os

    herdeiros no assumiram o local.

    Em 2004, o loteamento foi embargado pelo Ministrio Pblico, devido a

    uma ao contra a falta de tratamento de esgoto no local. O caso que foi

    escondido at o ano de 2009 para no evitarem a venda de novos terrenos.

    Devido ao embargo, parte do loteamento ficou sem gua e energia

    eltrica, que com um acordo da Associao de Moradores e a Prefeitura,

    promoveu a instalao de gua e energia eltrica at a quadra 55 do

    Loteamento, sendo o restante, ligaes clandestinas realizadas pelos prprios

    moradores.

    O Loteamento Balnerio So Jos II est para ser unificado com o

    Balnerio So Jos I, tornando-se um s loteamento. No Loteamento Balnerio

    So Jos II h invaso nos 4 lotes reservados como rea Verde, e h projetos

    para uma praa no local.

    Unificando os dois loteamentos, h cerca de 5000 lotes, com quase

    90% de ocupao. So famlias principalmente de baixa renda, vivendo de

  • 71

    doaes da Associao de Moradores, ou de moradores do local para seu

    sustento.

    Hoje, de acordo com a Associao de Moradores e pesquisa imobiliria

    local, um terreno no Loteamento Balnerio So Jos I est sendo vendido a um

    preo que varia de R$ 10.000,00 a R$ 15.000,00.

    4.2.2. Infraestrutura Local

    Os resultados da visita so descritos a seguir:

    4.2.2.1. Esgotamento Sanitrio

    No site da Companhia de gua de Itapo, no mencionado

    nenhum dado sobre tratamento de esgoto da cidade. O Plano Municipal de

    Saneamento Bsico de Itapo de 14 de dezembro de 2009 alega que no h

    sistema de tratamento de esgoto na cidade de Itapo. E admitem que as aes

    para implementao do sistema esto com o prazo para o ano de 2029.

    A Sra. Leonora comentou que todos so responsveis pela

    construo das fossas spticas e manuteno das mesmas. H acesso a

    modelos de fossas no site da Prefeitura, assim como na prpria prefeitura do

    municpio. De acordo com a prpria Associao, no momento da construo,

    realizada a inspeo da fossa, porm muitos sabem que suas fossas esto mal

    dimensionadas, j que ocorrem vazamentos e at infiltrao no solo.

    Por ser uma comunidade de classe baixa, muitos moradores no

    pagam a coleta da fossa, lanando o efluente nas galerias (valetas) pluviais. H

  • 72

    grande incidncia de vetores de doenas, como os ratos, tendo 2 casos de

    leptospirose confirmados com moradores do loteamento.

    Os moradores que contratam caminho vcuo para limpeza da

    fossa, dizem que a empresa que realiza este servio de Guaratuba, PR. E,

    no sabem informar o que feito com este esgoto coletado.

    A Tabela 4 especifica as respostas referentes ao Sistema de

    Esgoto do Loteamento Balnerio So Jos I, dos moradores, da presidente da

    Associao de Moradores do Loteamento e dos rgos responsveis.

  • 73

    TABELA 4 RESPOSTA AO ROTEIRO DE VISITA REFERENTE AO SISTEMA DE ESGOTO DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I

    Esgoto Sanitrio Representante Comunidade: Leonora de Melo Alves

    Representante dos rgos Responsveis: guas de Itapo / Plano Municipal de Saneamento Bsico

    Coleta

    Utilizao da fossa sptica. A limpeza e coleta do lodo de

    responsabilidade de cada morador. Muitos moradores, por serem de classe baixa, escoam o

    material dentro das galerias pluviais.

    No h informaes sobre esgoto na Companhia guas de Itapo. No Plano Municipal de Saneamento

    Bsico, comenta-se da inexistncia de um tratamento de esgoto no municpio, e que devido ao alto custo para construo e manuteno de um sistema, os

    planos para projeto e construo so para o ano de 2029. No site da Prefeitura, tem disponvel os modelos de construo de fossa sptica.

    Transporte

    Quando contratado, so utilizados

    caminhes vcuo para transporte do efluente.

    Tratamento No se sabe ao certo, mas a empresa contratada de

    Guaratuba PR

    Disposio Final No sabem.

    Poluio do Solo Algumas fossas esto mal dimensionadas, ocasionando

    infiltrao no solo.

    Vetores Vrios ratos. J houve casos de leptospirose no Loteamento. Principalmente com crianas

    Higiene Varia de residncia para residncia. Depende do cuidado

    de cada morador.

    Conforto/Senso esttico Valetas a cu aberto, sem saber se gua de chuva ou esgoto.

  • 74

    4.2.2.2. Resduos Slidos

    O Plano Municipal de Saneamento Bsico de Itapo no aborda a

    questo de coleta e tratamento de resduos slidos do municpio.

    De acordo com os moradores da regio do loteamento, a coleta de lixo

    realizada 3 vezes por semana, porm no so realizadas coleta seletiva dos

    resduos. A empresa responsvel pela coleta e disposio final a SURBI

    Serrana Engenharia.

    A Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I

    alegou que a coleta s est sendo realizada 3 vezes por semana, depois de um

    acordo direto com a empresa responsvel. Antes deste acordo, a coleta era

    realizada somente uma vez por semana.

    Alguns moradores, como a Sra. Tereza Muller (moradora h 15 anos

    no loteamento) realizam a separao do lixo (reciclvel e no reciclvel) e

    doam para catadores informais que passam na sua casa, pelo menos 1 vez por

    semana.

    Nenhum morador tem conhecimento da disposio final dos resduos

    gerados. Em alguns terrenos, mais afastados da avenida principal, foram

    encontrados alguns focos de lixo lanados em terrenos baldios. Os prprios

    moradores falaram que muitos destes resduos so de supermercados da

    regio. Conforme pode se verificar na Figura 9, avenida principal do

    Loteamento, Rua Ana Maria Rodrigues de Freitas, prximo ao Rio Sa-Mirim.

  • 75

    FIGURA 9 - LANAMENTO DE LIXO EM TERRENOS BALDIOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I

    De acordo com a empresa Serrana Engenharia todo o resduo gerado

    enviado para aterro sanitrio na cidade de Mafra, SC. No h inteno de

    construir um aterro no municpio, devido aos altos custos de construo e

    manuteno do empreendimento.

    A Tabela 5 resultado do roteiro de visita aplicado a presidente da

    Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, dos moradores

    do loteamento e da empresa responsvel pela coleta e destinao do resduo.

  • 76

    TABELA 5 ROTEIRO DE VISITA APLICADO PARA A QUESTO DE RESDUOS SLIDOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I

    Resduos Slidos Representante

    Comunidade: Leonora de Melo Alves

    Representante dos rgos Responsveis: Serrana Engenharia/

    Prefeitura Municipal de Itapo

    Coleta

    Coleta pela SURBI, 3 vezes por semana.

    Devido a um acordo da Associao de

    Moradores e a empresa que presta servio para

    prefeitura.

    No site da Prefeitura, tem disponvel um cronograma de coleta de lixo em

    todo o municpio de Itapo.

    Transporte Caminhes de lixo em

    bom estado.

    O transporte do resduo at o aterro realizado pelo mesmo caminho que

    faz a coleta nas residncias.

    Triagem (reciclveis/no reciclveis)

    No h coleta seletiva em todo o municpio.

    No realizada coleta seletiva em nenhum local do municpio. Somente

    os moradores interessados, separam o lixo e entregam para carroceiros.

    Varrio, capina, podas

    Terrenos baldios no so limpos. No h

    capina, nem varrio de rua (estrada de cho batido, sem caladas)

    No esto sendo realizadas capinas, podas dos terrenos no Loteamento, j que so muitos ainda desocupados.

    Disposio Final No sabe informar.

    A disposio final de todo resduo urbano gerado em Itapo, para o aterro SELUMA, na cidade de Mafra, SC. (cerca de 180km de distncia). No h previso de instalar um aterro no municpio, devido ao alto custo de construo e manuteno.

  • 77

    4.3. PROPOSTAS DE SOLUES

    As solues propostas para os quesitos de esgoto domstico e manejo

    de resduos slidos do Saneamento Bsico foram escolhidas com o intuito de

    que os prprios moradores do Loteamento Balnerio So Jos I possam

    executar. Ou seja, so consideradas com baixo custo de implantao e

    manuteno, assim como tecnologias simples, que podem ser executadas em

    vrias comunidades do municpio ou at mesmo de outros locais

    Para implementao destas aes no Loteamento Balnerio So Jos

    I,dever ser feito um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto o Ministrio

    Pblico, j que o embargo do Loteamento tem como objeto a falta de

    saneamento bsico. Assim, uma vez implementadas tais aes, a ao civil

    pblica perder o objeto.

  • 78

    FIGURA 10 MAPA DE USO E OCUPAO DO SOLO CONFORME PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO - 2008

    FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO

  • 79

    A maior parte do Loteamento Balnerio So Jos I, de acordo com o

    Plano Diretor de Itapo, est inserida no ZR1 Zona Residencial 1 e ZR2

    Zona Residencial 2, que possui os seguintes requisitos de Uso e Ocupao do

    Solo, que esto representados na Figura 10:

    Lote mnimo de 360 metros;

    Nmero mximo de pavimentos: 20, respeitando a linha

    imaginria de leste-oeste do ponto da linha da costa (trmino da

    praia e inicio da vegetao) mais prxima;

    Taxa de Ocupao Mxima: 50%

    Taxa de Permeabilidade Mnima: 40%

    No Plano Diretor, no est especificado o nmero de domiclios que

    pode haver nesta regio do Loteamento Balnerio So Jos I, mas in loco,

    verifica-se que so residncias unifamiliares, com uma rea mdia de 50 m, j

    que a taxa de permeabilidade do lote e a taxa de ocupao mxima so

    limitantes na construo de qualquer empreendimento (em um terreno de 480

    m, somente 240 m podem ser construdos).

  • 80

    Resumo dos problemas apontados e possveis solues apresentados

    na Tabela 6:

    TABELA 6 RESUMO DOS QUESITOS, DIAGNSTICOS E SOLUES PARA SANEAMENTO BSICO NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I

    QUESITO DIAGNSTICO SOLUO

    Esgoto Domstico

    Sistema de fossa sptica nas casas, porm alguns escoam nas guas pluviais ou ocorrem infiltrao no solo devido mal

    dimensionamento das fossas; Utilizao de caminhes a vcuo para

    transporte; Desconhecimento da forma de tratamento

    e disposio final; Presena de vetores de doenas, como os

    ratos

    Sistema secundrio de tratamento: Zona

    de Razes

    Manejo dos Resduos Slidos

    No h coleta seletiva implantada no municpio

    Associao de Moradores: Usina de Beneficiamento do

    Lixo Compostagem -

    horta comunitria

    4.3.1. Sistema de Zona de Razes

    Como no Loteamento Balnerio So Jos I todos os lotes ocupados j

    possui o sistema de fossas spticas individuais, ser adicionado mais o

    tratamento secundrio de zona de razes, sendo que as plantas utilizadas no

    sistema podem ter outras finalidades, como a utilizao para artesanato

    (exemplo do junco).

    Para isto, ser analisada a eficincia da fossa sptica j existente,

    antes da implantao do sistema de zona de razes, j que este sistema se

    tornar complemento do tratamento primrio j existente.

  • 81

    Para no haver problemas de implantao, manuteno do sistema de

    zona de razes, sero realizadas, junto a Associao de Moradores, palestras

    com tcnicos de meio ambiente, sade e engenheiros para garantir a eficincia

    do sistema e no acarretar problemas de sade, j que no se pode utilizar

    hortalias neste sistema, devido a possveis presenas de patognicos

    resistentes ao tratamento de fossa sptica.

    Devido a falta de uma rea que possa suportar o sistema de zona de

    razes para todo o loteamento, ser utilizado o sistema individual, por

    residncia, j que h rea disponvel, pois o sistema pode ser implantado na

    rea que deve ser considerada permevel.

    A DBO do esgoto domstico est na faixa de 300 mg/l. Com o sistema

    de fossa sptica adequado, h a remoo de 30 a 40% desta matria orgnica,

    alcanando a faixa de 195 mg/l. Com o tratamento secundrio de zona de

    razes, h uma diminuio deste parmetro em cerca de 80%, garantindo um

    sistema mais eficaz, alcanando na mdia de 60mg/l.

    Para os clculos do Sistema de Zonas de Razes, sero utilizados os

    seguintes dados:

    rea da Residncia: 50 m;

    Nmero de moradores: 5 pessoas

    Para um sistema de zona de razes, para uma residncia com 5

    pessoas, ser necessria uma rea de:

  • 82

    A = 1m x 5

    A = 5 m

    Este sistema ter a profundidade de 1 m, sendo impermeabilizado com

    concreto nas laterais e no fundo.

    O Sistema de Zona de Razes de baixo custo de implantao e pode

    ser construdo por qualquer indivduo sem conhecimentos especficos. Alm

    que este sistema gera produtos que podem ser utilizados para a comunidade

    (junco, copo-de-leite, etc.)

    A impermeabilizao do sistema de zona de razes no Loteamento

    Balnerio So Jos I, ser feita com concreto, devido a altura do lenol fretico,

    j que a regio altamente irrigada por rios e pelo mar.

    A Tabela 7 demonstra o custo inicial da implantao do Sistema