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PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO
ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I,
ITAPO SC
Curitiba
2011
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Dayana Karina Corra da Silva
PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO
ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I,
ITAPO SC
Trabalho de Concluso de Curso do
Curso de Engenharia Ambiental, da Faculdade de
Cincias Exatas e da Terra da Universidade Tuiuti
do Paran como requisito parcial para obteno
do Ttulo de Engenheira Ambiental
Orientadora: Prof MsC. Fernanda Paes
de Barros Gomide
CURITIBA
2011
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN
Credenciada por Decreto Presidencial de 7 de julho de 1997 DOU n 128, de 8 de julho de 1997, Seo 1, pgina 14295
FACULDADE DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
ATA DE DEFESA DE TCC COMO TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
Ao 01 dia do ms julho do ano de 2011_ realizou-se a sesso pblica de defesa do TCC intitulado PROPOSTA DE SOLUO DE SANEAMENTO BSICO ESTUDO DE CASO: LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I, ITAPO SC apresentada pelo (a) aluno(a) Dayana Karina Correa da Silva, regularmente matriculado no curso de Engenharia Ambiental. Os trabalhos foram iniciados s_________ h pelo Professor (a) orientador do TCC (Arion Zandon Filho) presidente da banca examinadora, constituda pelos seguintes professores: Professor (1): Msc. Janilce dos Santos Negro Messias
_________________________________________________________ Professor (2): Msc. Marisa Isabel Weber
_________________________________________________________ Professor (3): Msc. Valdomiro Loureno Nachornik _________________________________________________________ Professor orientador (4): Msc. Fernanda Paes de Barros Gomide
_________________________________________________________ A banca examinadora, tendo terminado a apresentao do contedo da TCC, passou argio do(a) candidato(a). Encerrados os trabalhos de argio s ____________horas, os examinadores reuniram-se para avaliao e deram o parecer final sobre a apresentao e defesa oral do candidato, tendo sido atribudas as seguintes notas: Professor (1) Nota: _______ ; Professor (2) Nota: ________; Professor (3) Nota: ________ Obtendo como mdia de apresentao e defesa nota ____________________________, sendo o (a) aluno (a) considerado __________________________. Proclamados os resultados pelo presidente da banca examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para constar, eu Arion Zandon Filho lavrei a presente ata que assino juntamente com os demais membros da banca examinadora.
Assinaturas:-
Professor (1) Professor (2) Professor (3) Professor (4) Coordenador do TCC
Curitiba, 01 de julho de 2011.
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DEDICATRIA
Aos meus pais, Olegrio e
Marilia, meu porto seguro.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus, pois sem Ele nada seria possvel.
Agradeo aos meus pais, Olegrio e Marilia, meu porto seguro, as pessoas que mais confiaram em mim, mesmo quando minhas decises pareciam loucas, sem sentido.
Agradeo ao meu namorido, Maycon, que nestes meses de trabalho foi um ponto de apoio, um auxlio em todos os momentos.
Agradeo a minha orientadora, Fernanda, sem ela, meu trabalho no teria tido o resultado que est tendo, por suas palavras, pelos seus xods emprestados, pela sua preocupao e empenho com o trabalho.
Agradeo aos professores da Univali, onde iniciei minha vida acadmica e aos professores da Tuiuti, onde continuei e cheguei ao fim!
Agradeo a Sra. Leonora de Melo Alves, Presidente da Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, por suas informaes, pelo seu empenho em me atender prontamente, sempre que precisei. Espero que este trabalho lhe sirva como base para fazer o que voc mais quer ajudar a comunidade.
Agradeo ao meu irmo Olegrio, que apesar de mais novo, o mais racional da famlia, e de seu jeito, acaba trazendo conforto e palavras verdadeiras quando precisamos ouvir.
Agradeo a tia Dbora, que sempre esteve do meu lado nesses meses tambm, me dando apoio moral, espiritual e muitas vezes me quebrando uns galhos.
Agradeo aos colegas que caminharam comigo nessa jornada. Alguns, perdemos ou perderemos o contato, mas com certeza, marcou essa etapa de nossa vida, e estaro sempre em meu corao.
E como muitos dizem: no o fim que est chegando. um novo comeo que se inicia.
Obrigada a todos!
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RESUMO
O presente trabalho demonstra um diagnstico realizado no Loteamento
Balnerio So Jos I, no municpio de Itapo SC, a respeito dos seguintes
quesitos do Saneamento Bsico: coleta e tratamento de esgoto e manejo de
resduos slidos. E, de acordo com o diagnstico realizado, foram propostas
solues, que a prpria comunidade poder executar, melhorando a qualidade de
vida, e minimizando o impacto ambiental causado por problemas relacionados a
saneamento bsico.
Palavras-chaves: saneamento bsico, resduos slidos, esgoto domstico.
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ABSTRACT
This work demonstrates a diagnosis made in San Jose I Stall Allotment, in
Itapo SC, regarding the following of Sanitation: collection and sewage treatment
and solid waste management. And then according to the diagnosis, solutions have
been proposed, that the community can run, improving the quality of life, and
minimizing the environmental impact caused by problems related to sanitation.
Keywords: sanitation, solid waste, domestic sewage.
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 DOENAS OCASIONADAS POR PROBLEMAS
AMBIENTAIS, INCLUSIVE A FALTA DE SANEAMENTO BSICO 2006.. 26
TABELA 2 TABELA PARA DETERMINAO DO PERODO DE
DETENO (T) PARA FINS DE CLCULO DO VOLUME TIL 2011....... 33
TABELA 3 ROTEIRO DE VISITA PARA DIAGNSTICO DO LOCAL,
REALIZADA EM 16 DE ABRIL DE 2011........................................................ 57
TABELA 4 RESPOSTA AO ROTEIRO DE VISITA REFERENTE AO
SISTEMA DE ESGOTO DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I....... 73
TABELA 5 ROTEIRO DE VISITA APLICADO PARA A QUESTO DE
RESDUOS SLIDOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I......... 76
TABELA 6 RESUMO DOS QUESITOS, DIAGNSTICOS E SOLUES
PARA SANEAMENTO BSICO NO LOTEAMENTO BALNERIO SO
JOS I............................................................................................................ 80
TABELA 7 CUSTO DE IMPLANTAO DO SISTEMA DE ZONA DE
RAZES........................................................................................................... 82
TABELA 8 LEVANTAMENTO DE CUSTOS INICIAL PARA AS
OFICINAS DE ARTESANATO COM RESDUOS RECICLVEIS............... 87
TABELA 9 CUSTO FIXO MENSAL DA USINA DE RECICLAGEM EM
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ITAPO-SC.................................................................................................. 88
TABELA 10 CUSTO VARIVEL MENSAL DA USINA DE RECICLAGEM
EM ITAPO-SC.............................................................................................. 89
TABELA 11 PREVISO DE FLUXO DE CAIXA DOS TRS PRIMEIROS
MESES DA USINA DE RECICLAGEM EM ITAPO-SC........ 89
TABELA 12 FLUXO DE CAIXA DEMONSTRANDO O PAY-BACK DA
IMPLANTAO DA USINA DE RECICLAGEM........................................... 90
TABELA 13 CRONOGRAMA DE IMPLANTAO DA USINA DE
RECICLVEIS.............................................................................................. 91
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 DEMONSTRAO ESQUEMTICA DE UM SISTEMA DE
FOSSA SPTICA 2009............................................................................... 30
FIGURA 2 ESQUEMA DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES 2009......... 37
FIGURA 3 MAPA QUE DEMONSTRA A QUANTIDADE DE CIDADES
QUE POSSUEM A COLETA SELETIVA EM TODO O BRASIL 2010........ 45
FIGURA 4 MAPA DE LOCALIZAO DO MUNICPIO DE ITAPO-SC
2011................................................................................................................ 59
FIGURA 5 MAPA DE ITAPO COM SEUS ACESSOS RODOVIRIOS
2011................................................................................................................ 62
FIGURA 6 LOCALIZAO DO PORTO DE ITAPO. PRAIA DO
PONTAL, EXTREMO SUL DO MUNICPIO DE ITAPO, SC 2011............ 65
FIGURA 7 HIDROGRAFIA DO MUNICPIO DE ITAPO SC 2009...... 67
FIGURA 8 PLANTA BAIXA DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS
I - 2011.......................................................................................................... 69
FIGURA 9 LANAMENTO DE LIXO EM TERRENOS BALDIOS NO
LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I.................................................... 75
FIGURA 10 MAPA DE USO E OCUPAO DO SOLO CONFORME
PLANO DIRETOR DO MUNICPIO 2008.................................................... 78
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FIGURA 11 FORMA GRFICA DE APRESENTAO DE UM SISTEMA
DE ZONA DE RAZES NO LOTE 12 DA QUADRA 9 DO LOTEAMENTO
BALNERIO SO JOS I.............................................................................. 84
FIGURA 12 CORTE DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES,
DEMONSTRANDO AS CAMADAS................................................................ 85
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SUMRIO
1. INTRODUO .................................................................................... 18
1.1. JUSTIFICATIVA............................................................................. 19
1.2. OBJETIVOS GERAIS.................................................................... 20
1.3. OBJETIVOS ESPECFICOS.......................................................... 21
2. FUNDAMENTAO TERICA........................................................... 22
2.1. QUESTO HABITACIONAL.......................................................... 22
2.2. SERVIOS PBLICOS DE SANEAMENTO BSICO VERSUS
MEIO AMBIENTE........................................................................... 23
2.2.1. Esgotamento Sanitrio................................................................... 27
2.2.1.1. Fossas Spticas........................................................................ 29
2.2.1.1.1. Dimensionamento .................................................................... 31
2.2.1.2. Zona de Razes......................................................................... 34
2.2.1.3. Redes de Coleta e Tratamento................................................. 38
2.2.2. Resduos Slidos........................................................................... 40
2.2.2.1. Usina de Reciclagem................................................................ 44
2.2.2.2. Compostagem .......................................................................... 48
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2.2.2.3. Aterro Sanitrio Disposio Final........................................... 50
3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS............................................ 54
3.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA.................................................. 54
3.2. DESCRIO DA POPULAO E DA AMOSTRA........................ 54
3.3. MTODOS E TCNICAS............................................................... 54
3.4. DESCRIO DOS INSTRUMENTOS........................................... 56
3.5. DESCRIO DA COLETA DE DADOS......................................... 56
4. RESULTADOS E DISCUSSO........................................................... 59
4.1. CARACTERIZAO DO LOCAL DE ESTUDO............................. 59
4.1.1. Histria do Municpio...................................................................... 60
4.1.2. Infraestrutura.................................................................................. 62
4.1.3. Economia....................................................................................... 63
4.1.4. Rio Sa-Mirim.................................................................................. 65
4.2. REA DE ESTUDO........................................................................ 68
4.2.1. Histrico do Loteamento................................................................ 70
4.2.2. Infraestrutura Local........................................................................ 71
4.2.2.1. Esgotamento Sanitrio.............................................................. 71
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4.2.2.2. Resduos Slidos...................................................................... 74
4.3. PROPOSTA DE SOLUES........................................................ 77
4.3.1. Sistema de Zona de Razes........................................................... 80
4.3.2. Usina de Beneficiamento do Lixo................................................... 85
4.3.2.1. Oficinas de Artesanato.............................................................. 86
4.3.2.2. Cronograma de Implantao do Projeto de Usina de
Reciclveis................................................................................ 91
5. CONCLUSO ..................................................................................... 92
6. REFERNCIA BIBLIOGRFICA......................................................... 94
ANEXO I......................................................................................................... 98
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LISTA DE ABREVIATURAS
ABES-SC Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental seo
Santa Catarina
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABRELPE - Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e
Resduos Especiais
BR Rodovia Federal
C Graus Celsius
C contribuio de despejos em litros por pessoa dia
CASAN Companhia Catarinense de guas e Saneamento
CEHOP SE Companhia Estadual de Habitao e Obras Pblicas (Sergipe)
CERH Conselho Estadual de Recursos Hdricos
CH4 - Metano
cm Centmetros
C/N Relao Carbono-Nitrognio
CO2 Gs Carbnico
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO Demanda Bioqumica de Oxignio
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DEMLURB Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Belo Horizonte
Minas Gerais)
DQO Demanda Qumica de Oxignio
FATMA Fundao do Meio Ambiente
FUNASA Fundao Nacional de Sade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
In loco No local
Kg/hab.dia Quilogramas por habitante dia
Lf Contribuio de lodo fresco em litros por pessoa
l/s Litros por segundo
m Metros
m - metros quadrados
mg/l Miligramas por litro
n - Nmero
N Nmero de contribuintes
ONU Organizao das Naes Unidas
PET - Politereftalato de etileno
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pH Potencial Hidrogeninico
PMI Prefeitura Municipal de Itapo
PMSB Plano Municipal de Saneamento Bsico
PNH Poltica Nacional de Habitao
PR Paran
R$ - Reais
SABESP - Companhia do Saneamento Bsico do Estado de So Paulo
SC Santa Catarina
SELUMA Servios de Limpeza Urbana de Mafra, Santa Catarina
SIAP Sociedade Imobiliria e Pastoril
SNVS Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria
SUASA Sistema nico de Ateno a Sade Agropecuria
T Tempo de Deteno
TAC Termo de Ajuste de Conduta
t/dia Toneladas por dia
t/hora Toneladas por hora
WHO World Health Organization
ZR1 Zona Residencial 1
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ZR2 Zona Residencial 2
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1. INTRODUO
Em 2009, o Ministrio Pblico Estadual promoveu contra o municpio
de Itapo - SC uma Ao Civil Pblica. Esta ao tambm contra a CASAN
(Companhia Catarinense de gua e Saneamento) que a concessionria
responsvel pela coleta de esgoto e abastecimento de gua em Itapo - SC, a
qual alega no existir um sistema eficiente de coleta e tratamento de esgoto.
Hoje, a companhia responsvel pelo saneamento da cidade a Companhia
guas de Itapo, tornando-se agente passivo da ao.
De acordo com a Lei Federal 11.445 de 5 de janeiro de 2007, os
servios pblicos de saneamento bsico so: abastecimento de gua,
esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo dos resduos slidos,
drenagem e manejo de guas pluviais.
Como efeito, a economia do municpio de Itapo, que tem como fonte
maior de arrecadao o turismo de veraneio, poder ser afetada, pois o
saneamento bsico importante para o bem-estar da populao e pela
qualidade das praias, ou seja, influencia diretamente no maior ponto turstico
da cidade. Muitas residncias de veraneio ou no, utilizam gua do lenol
fretico, que pode vir a ser contaminada pela infiltrao das fossas spticas
inadequadas. Como tentativa de corrigir este problema, a Prefeitura Municipal
de Itapo, instituiu o novo Plano Diretor, aprovado em 15 de outubro de 2008,
que tem como uma das diretrizes, para cada nova construo, a implantao
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do sistema de fossa sptica, dentro dos padres descritos na norma ABNT
NBR7229 (1993).
Ressalta-se que mesmo com a interveno administrativa da
Prefeitura, cerca de 90% do loteamento foram aprovados antes do Novo Plano
Diretor, sendo um destes, o Loteamento do Balnerio So Jos I que foi
embargado pelo Ministrio Pblico e ser objeto do estudo. Neste local no h
projeto de coleta e tratamento dos seus efluentes sanitrios. Este Loteamento
possui mais de 2000 lotes, sendo que todos os lotes j foram vendidos, e 90%
das unidades com casas j construdas. In loco, foi percebido que algumas
dessas casas no possuem a fossa sptica adequada, algumas casas utilizam
gua provinda de poos, sem conhecer a qualidade da gua, existem valas a
cu aberto para o escoamento da gua de chuva e no h coleta seletiva dos
resduos gerados nas residncias.
1.1. Justificativa
A importncia deste trabalho acadmico se d pelo fato de que o
Municpio de Itapo sofrer nos prximos anos uma alterao significativa do
seu quadro scio-econmico, pois j est em fase de concluso a primeira
etapa do porto. Este movimentar cerca de 1.500.000 de containeres por ano,
e que empregar cerca de 3.000 pessoas, aumentando consideravelmente a
populao do municpio, com implicao direta na implantao de infra-
estrutura, entre elas as essenciais para o bem estar da sociedade, como o
saneamento bsico.
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Alm disso, deve-se considerar que o municpio de Itapo est
localizado em um ecossistema sensvel, a Baa de Babitonga. uma regio
com a maior microbacia hidrogrfica da regio, inserida na Bacia do Rio
Cubato Norte (Joinville), destacando o Rio Sa-Mirim, que atravessa a cidade
e utilizado para captao da gua que abastece o municpio.
Nos ltimos anos, no havia dados sobre saneamento bsico do
municpio de Itapo. Sua emancipao do municpio de Garuva recente, em
1989. Mas com o Censo de 2010 do IBGE, poder obter dados relevantes
sobre o municpio, que est em fase de crescimento devido a instalao do
Porto de Itapo, e a idia propor o crescimento sustentvel, considerando o
ecossistema e a populao.
Sero escolhidos dois quesitos de saneamento bsico para este
estudo: coleta e tratamento de esgoto e manejo de resduos slidos. O primeiro
foi escolhido devido a Ao Civil Pblica focar o problema de falta de
tratamento de esgoto. E o segundo, devido a falta de um aterro sanitrio na
cidade, e a falta de campanhas de coleta seletiva, at mesmo na praia, onde
pode ser percebido muitos resduos dispostos inadequadamente.
1.2. OBJETIVOS GERAIS
- Diagnosticar dois quesitos de saneamento bsico do Loteamento
Balnerio So Jos I: coleta de esgoto e manejo de resduos slidos; e propor
solues para os possveis problemas do loteamento de maneira que poderiam
ser ampliadas para o restante do municpio.
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1.3. OBJETIVOS ESPECFICOS
- Fazer reviso bibliogrfica sobre saneamento bsico e possveis
solues para os quesitos de coleta de esgoto e manejo de resduos slidos;
- Diagnosticar as condies no Loteamento Balnerio So Jos I para
os quesitos analisados de coleta de esgoto e manejo de resduos slidos;
- Propor soluo para evitar a emisso de esgoto bruto na praia ou no
Rio Sa-Mirim;
- Propor soluo para a comunidade fazer a coleta de lixo do local e a
disposio final dos resduos slidos.
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2. FUNDAMENTAO TERICA
2.1. QUESTO HABITACIONAL
De acordo com o Ministrio das Cidades, a Poltica Nacional de
Habitao foi elaborada no ano de 2004, sendo publicada em 2005. Seu
principal objetivo retomar o planejamento no setor de habitao e promover
acesso a moradia digna a todos os segmentos da populao (MINISTRIO
DAS CIDADES, 2005).
Nesta Poltica Nacional da Habitao, realizado um estudo da
questo habitacional no Brasil dos ltimos anos, alguns itens so
demonstrados a seguir:
De acordo com a Fundao Joo Pinheiro (2007), o dficit
habitacional no Brasil alcana cerca de 6,273 milhes de
domiclios, sendo destes, 82,6% esto localizados em reas
urbanas;
Desse dficit habitacional, as habitaes possuem algum tipo de
carncia na construo, situao fundiria, acesso a servios
urbanos, infra-estrutura urbana e saneamento ambiental
(incluindo gua, esgoto, coleta de lixo e energia eltrica);
As necessidades de habitao, quantitativas e qualitativas, se
concentram nas reas urbanas, e faixas mais baixas de renda
da populao, principalmente em regies metropolitanas;
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A infraestrutura urbana e o saneamento ambiental deficientes so
decorrentes de um modelo inadequado de desenvolvimento das
cidades, ineficincia dos servios prestados, da falta de
investimentos nas ltimas dcadas e da falta de poltica de
desenvolvimento urbano. A elaborao e execuo de
programas de urbanizao e de melhoria habitacional em
assentamentos informais so estratgicas para provisionar a
populao acesso a terra urbanizada e a moradia adequada
(MINISTRIO DAS CIDADES, 2005).
A Constituio Federal ampara a questo de desenvolvimento urbano e
habitacional, nos artigos 182 e 183, garantindo uma poltica de
desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico Municipal, com o
objetivo de ordenar o desenvolvimento das funes da cidade e o bem-estar de
seus habitantes. Essa execuo direcionada atravs da Lei 10.257 de 10 de
julho de 2001, Estatuto das Cidades.
2.2. SERVIOS PBLICOS DE SANEAMENTO BSICO VERSUS
MEIO AMBIENTE
A Conferncia de Estocolmo, ocorrida em 1972, teve como objetivo a
conscientizao dos pases sobre a importncia da promoo da limpeza do ar
nas reas urbanas, cuidado com as bacias hidrogrficas mais povoadas e a
preservao do meio ambiente marinho (FUNASA, 2006).
Como conseqncia, em 1987 foi gerado um relatrio Nosso Futuro
Comum, que foi discutido na Conferncia do Rio em 1992. Este relatrio
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abordava a importncia do equilbrio entre o desenvolvimento e a preservao
dos recursos naturais, surgindo o conceito de desenvolvimento sustentvel
(FUNASA, 2006).
Desenvolvimento sustentvel pressupe o atendimento s necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das geraes futuras atenderem suas prprias necessidades. (ONU 1998 apud: PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).
De acordo com Philippi e Malheiros (2005), a gesto voltada para o
desenvolvimento sustentvel inclui estudos dos fatores econmicos, sociais,
polticos, tecnolgicos e ambientais, possibilitando uma reflexo sobre os
diferentes modos de desenvolvimento e o que priorizar para o terceiro milnio.
A ao antrpica altera significativamente os ambientes naturais,
aumentando o risco de exposio a doenas, e atuam negativamente na
qualidade de vida da populao. As modificaes ambientais decorrentes da
ocupao e da urbanizao impem taxas incompatveis com a capacidade de
suporte dos ecossistemas naturais. (MIRANDA et al., 1994 apud: PHILIPPI E
MALHEIROS, 2005)
A atividade humana consumidora dos estoques naturais,
ocasionando degradao dos sistemas fsico-biolgico e social. A modificao,
de certos determinantes do sistema, a condio necessria para a ocorrncia
de doenas e do baixo nvel de qualidade de vida. (FORATTINI, 2004 apud:
PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).
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Nos pases desenvolvidos, observou-se que a melhoria dos indicadores
da sade pblica estava relacionada aos fatores econmicos, sociais e
ambientais, implementados principalmente na segunda metade do sculo XX.
E nesses fatores, pode ser considerado como fator primordial, os esforos de
governos e instituies no-governamentais para a melhoria da proviso do
sistema de abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, coleta e disposio
adequada dos resduos slidos. (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).
O saneamento bsico se torna fundamental para o
desenvolvimento sustentvel. Seu papel garantir o equilbrio do bem estar da
sociedade com as questes de preservao ambiental. (FUNASA, 2006)
De acordo com a Fundao Nacional de Sade, (2006)
saneamento ambiental o conjunto de aes socioeconmicas que tem por objetivo alcanar a Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de gua potvel, coleta e disposio correta dos resduos slidos, lquidos e gasosos, promoo da disciplina sanitria de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenas transmissveis e demais servios e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condies de vida urbana e rural.
E novamente, de acordo com a FUNASA, (2006):
Salubridade ambiental o estado de higidez em que vive a populao urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrncia de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeioamento de condies mesolgicas favorveis ao pleno gozo de sade e bem-estar. (FUNASA, 2006).
A WHO (World Health Organization), em 1946, conceituou sade como
estado completo de bem estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia
de doenas e enfermidades.
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Mais de um bilho de habitantes da Terra no tem acesso a habitao
segura e servios bsicos de saneamento. A falta destes servios acarreta em
altos riscos para a sade, alm de contribuir para a degradao do meio
ambiente (FUNASA, 2006). A Tabela 1 demonstra que vrias doenas e
epidemias devido falta de saneamento nos cintures de misria dos pases
em desenvolvimento.
TABELA 1 - DOENAS OCASIONADAS POR PROBLEMAS AMBIENTAIS, INCLUSIVE A FALTA DE SANEAMENTO BSICO - 2006
Doenas Problema Ambiental
Tuberculose Superlotao
Diarria Falta de saneamento, de
abastecimento de gua, de higiene
Doenas tropicais
Falta de saneamento, m disposio do lixo, foco de vetores
de doenas nas redondezas
Verminoses Falta de saneamento, de
abastecimento de gua, de higiene
Infeces respiratrias Poluio do ar em recintos
fechados, superlotao
Doenas respiratrias crnicas
Poluio do ar em recintos fechados
Cncer do aparelho respiratrio
Poluio do ar em recintos fechados
FONTE: FUNASA
De acordo com o Relatrio de Gesto dos Problemas da Poluio no
Brasil (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005), os principais pontos a serem
melhorados no pas so o agravo da sade causado pela:
Falta de abastecimento de gua potvel;
Falta de coleta segura de esgotos;
Poluio atmosfrica;
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Poluio das guas superficiais em reas urbanas;
Gesto inadequada de resduos slidos;
Poluio localizada acentuada, em zonas industriais, com baixos
nveis de controle da poluio.
A Poltica Nacional de Saneamento Bsico (Lei Federal n 11.445/07)
define os servios de saneamento bsico: abastecimento de gua, coleta e
manejo de esgoto domstico, coleta e manejo de resduos slidos e drenagem
das guas pluviais.
2.2.1. Esgotamento Sanitrio
O esgoto domstico aquele que provem principalmente de
residncias, estabelecimentos comerciais, instituies ou quaisquer edificaes
que dispe de instalaes de banheiros, lavanderias e cozinhas. Compem-se
essencialmente da gua do banho, excrementos, papel higinico, restos de
comida, sabo, detergentes e guas de lavagem (FUNASA, 2006).
De acordo com a Lei 11.445/07 Poltica Nacional de Saneamento
Bsico, o esgotamento sanitrio constitudo por atividades, infra-estruturas e
instalaes de coleta, transporte, tratamento e disposio final adequados dos
esgotos sanitrios, desde as ligaes prediais, at seu lanamento final no
meio ambiente.
Ainda de acordo com a Poltica Nacional de Saneamento Bsico
(2007), o rgo ambiental competente que estabelece metas para qualidade
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dos efluentes nas estaes de tratamento de esgoto sanitrios, atendendo aos
padres das classes dos corpos hdricos receptores, considerando a
capacidade de pagamento das populaes e usurios envolvidos.
A gua tratada sofre transformaes fsicas, qumicas e biolgicas
durante o seu uso, que alteram sua qualidade, resultando na gua residuria.
Nas reas urbanas, as principais fontes de gua residurias so: esgoto
domstico, esgoto industrial, esgoto especial (proveniente de hospitais,
shopping centers e aeroportos, que podem demandar gerenciamento
diferenciado) (PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).
A rede coletora de esgotos vem sendo ampliada nos ltimos anos,
porm a construo de estao de tratamento de efluentes no acompanha o
mesmo ritmo, resultando na degradao da maioria dos cursos dgua urbanos
(PHILIPPI E MALHEIROS, 2005).
O Atlas de Saneamento do IBGE (2000) demonstra que houve um
crescimento no atendimento de residncias na questo de coleta e tratamento
de esgoto. No ano de 1981, cerca de 45% das residncias possuam algum
tipo de coleta e tratamento de esgoto domstico, j no ano 2000, esse nmero
aumentou para cerca de 75%.
O efluente domstico possui cerca de 99,9% de gua e 0,1% de
slidos. Estes slidos so compostos por material orgnico, como as protenas,
carboidratos e lipdeos; por material inorgnico como a amnia, nitrato,
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ortofosfatos; microorganismos como bactrias, fungos, protozorios, vrus,
helmintos, etc. (VON SPERLING, 1996).
A Demanda Bioqumica do Oxignio (DBO) a forma mais utilizada
para medir a quantidade de matria orgnica presente no esgoto. Quanto maior
o grau de DBO, maior a poluio orgnica. A DBO vai reduzindo at anular-se,
quando a matria orgnica est totalmente estabilizada. Em geral, o esgoto
domstico varia sua DBO entre 100 e 300 mg/l (FUNASA, 2006).
A destinao adequada dos dejetos humanos se torna indispensvel
para o controle e a preveno de doenas a eles relacionadas, como a febre
tifide, paratifide, diarrias infecciosas, amebase, ancilostomase,
esquistossomose, tenase, ascaridase, etc. Para isto, as solues a serem
tomadas devem ter os seguintes objetivos (FUNASA, 2006):
Evitar a poluio do solo e dos corpos hdricos, principalmente os
que so utilizados para o abastecimento de gua;
Evitar o contato de vetores com as fezes;
Propiciar a promoo de novos hbitos de higiene a populao;
Promover o conforto e atender ao senso esttico.
2.2.1.1. Fossas Spticas
Segundo Andrade e Neto (1997) apud Witkvoski e Vidal (2009),
tanques spticos ou fossas spticas, so tanques simples, os quais tem como
principal funo reter os slidos contidos no esgoto, atravs do processo de
-
30
sedimentao. Esses slidos, depositados no fundo desses tanques, so
submetidos decomposio de microrganismos anaerbios, degradando a
matria orgnica. Segundo, Sobrinho (1991) apud Witkvoski e Vidal (2009),
esse sistema apresenta, em geral, eficincia de 30 a 50% de remoo de DBO
(Demanda Bioqumica de Oxignio) e 50 a 80% de remoo dos slidos
suspensos. Isso ocorre, devido sedimentao dos slidos presentes,
constituindo o lodo de fundo, e a flotao at a superfcie, formando uma
espuma, auxiliada por bolhas de gs produzidas pelo metabolismo microbiano
anaerbio presente no reator. A Figura 1 demonstra o esquema de um sistema
de fossa sptica, o sistema fica disposto abaixo do solo com a entrada, a
deposio do lodo e a sada.
FIGURA 1 - DEMONSTRAO ESQUEMTICA DE UM SISTEMA DE FOSSA SPTICA - 2009
FONTE: ANDRADE E NETO, 1991 apud WITKOVSKI E VIDAL
-
31
O tanque sptico indicado para locais onde no h rede pblica de
coleta e tratamento de esgoto. Este sistema tem suas dimenses definidas de
acordo com a quantidade de esgoto gerada, requer limpeza peridica e
manuteno adequada, devendo ter espao para armazenamento do lodo em
estabilizao ou j mineralizado (MINISTRIO DA SADE, 2011).
Devido a baixa eficincia do sistema, principalmente na remoo de
DQO, nutrientes e patognicos, a utilizao de sistemas de ps-tratamento ou
disposio final se faz necessria (CHERNICHARO, 1997 apud URBGUA,
2011).
2.2.1.1.1 Dimensionamento
As fossas spticas devero ser dimensionadas, a fim de atender a
estes quesitos (CEHOP-SE, 2011):
No prejudiquem o corpo receptor em relao s condies
prprias para a vida;
No prejudiquem as condies de balneabilidade das praias, e
outros locais de recreio e esporte;
No propiciem a poluio das guas subterrneas;
No propiciem a contaminao de guas localizadas em ncleos
de populao ou que seja utilizada na dessedentao dos
animais;
No provoque odores desagradveis ou presena de vetores;
-
32
No poluam o solo, de maneira a afetar direta ou indiretamente
pessoas e animais.
A Norma ABNT NBR7229 (1993) norma que regulamenta a
construo e operao de sistemas de tanques spticos. Inserido nela, a NB-
41 permite o calculo do VOLUME TIL, atravs da seguinte expresso
(CEHOP-SE, 2011):
)*100*(* LfTCNVu equao 1
N = Nmero de contribuintes;
C = Contribuio de despejos (litros/pessoa.dia)
T = Perodo de Deteno em dias
Lf = Contribuio de lodo fresco em litros/pessoa
Para o caso de residncias so atribudos os seguintes valores
(CEHOP-SE, 2011):
Contribuio de despejos (C) igual a 150 litros/pessoa.dia;
Lodo fresco (Lf) igual a 1,00 litros/pessoa.
O Perodo de Deteno (T) varia de acordo com a contribuio de
despejos (em litros/dia), conforme a Tabela 2 (CEHOP-SE, 2011):
-
33
TABELA 2 TABELA PARA DETERMINAO DO PERODO DE DETENO (T) PARA FINS DE CLCULO DO VOLUME TIL - 2011
CONTRIBUIO PERODO DE RETENO
(litros/dia) em
horas em dias
at 6000 24,00 1,00
6000 a 7000 21,00 0,88
7000 a 8000 19,00 0,80
8000 a 9000 18,00 0,75
9000 a 10000 17,00 0,70
10000 a 11000 16,00 0,66
11000 a 12000 15,00 0,62
12000 a 13000 14,00 0,58
13000 a 14000 13,00 0,54
Acima de 14000 12,00 0,50 Fonte: CEHOP-SE
Para o projeto, devem ser considerados alguns valores mnimos
(CEHOP, 2011), como:
Nmero de pessoas atendidas: 5
Volume til: 1.250 litros;
Dimetro interno: 1,10m
Profundidade: 1,10m
O dimetro dever ser superior a duas vezes a profundidade til.
-
34
2.2.1.2. Zona de Razes
O sistema de zona de razes considerado um sistema alternativo, de
baixo custo e alta eficincia para o tratamento de guas residurias,
basicamente, este sistema utiliza plantas e est sendo considerado uma
alternativa eficiente e de baixo custo, comparada com sistemas convencionais.
(LEMES et al, 2008)
Este sistema pode ser implementado no mesmo local onde o efluente
produzido (por residncia), operados por mo de obra no especializada, baixo
custo energtico e mesmo com taxas de variao dos parmetros do esgoto,
este sistema no afetado. (BRIX, 1994 apud LEMES, 2008)
O sistema de zona de razes considerado um sistema fsico-biolgico,
com parte do filtro constitudo de plantas. O efluente lanado atravs de uma
rede de tubulaes perfuradas, instalada abaixo da rea plantada. Esta rea
dimensionada de acordo com a demanda de esgoto emitida (VAN KAICK, 2002
apud LEMES, 2008).
Para receber o tratamento de zona de razes, o efluente deve passar
por um tratamento primrio, geralmente fossa sptica, onde so removidos os
slidos sedimentveis. A segunda etapa o encaminhamento do efluente
atravs das tubulaes perfuradas, mais ou menos 10 cm abaixo da superfcie
do filtro, iniciando-se o tratamento secundrio. De acordo com Van Kaick (2002
apud LEMES et al, 2008) as plantas utilizadas devem ser plantadas num filtro
fsico estruturado por:
-
35
Uma camada de brita n 2, de 50 cm de profundidade;
Areia com granulometria mdia para grossa, de 40 cm de profundidade;
Lona plstica resistente, ou estrutura de concreto armado para evitar a
contaminao do lenol fretico ou infiltraes indesejveis.
O sistema denominado de Zona de Razes tambm conhecido em
ingls como wetlands, tenta imitar o ecossistema natural, ficando parcial ou
totalmente inundado durante maior parte do ano. considerado um tipo de
rea com grande importncia para o equilbrio ecolgico, destacando-se
(WITKOVSKI E VIDAL, 2009):
Regularizao dos fluxos de gua (zonas de descargas para
possveis enchentes);
Controle de eroso, evitando assoreamento dos rios;
Melhoria da qualidade das guas;
Reproduo e alimentao da fauna aqutica.
As plantas utilizadas nas Wetlands apresentam em suas razes,
rizomas1 e caules, grande crescimento de microrganismos, aumentando a rea
que consiste no biofilme2. Outra importncia das plantas a capacidade de
transportar o oxignio da sua poro area at as razes, promovendo
1 Tipo de caule que algumas espcies de plantas possuem (WITKOVSKI E VIDAL,
2009).
2 Biofilme: poro de microrganismos fixados no meio-suporte que atua na
degradao da matria orgnica complexa, em elementos mais simples, passveis de serem assimilados pelas plantas (WITKOVSKI E VIDAL, 2009).
-
36
condies para degradao aerbia da matria orgnica, e transformao de
nutrientes. As plantas utilizadas (plantas de banhados) apresentam
aernquimas3, que permitem a entrada de ar pelas folhas e caules,
conduzindo-o at as razes (WITKOVSKI E VIDAL, 2009).
As plantas utilizadas nas zonas de razes so denominadas macrfitas.
So plantas vasculares fluorescentes, os musgos e a maioria das algas
marinhas. No caso das wetlands, as mais utilizadas so as plantas das famlias
das Juncceas (como o junco), Ciperceas (como capim cidreira e o papiro),
Tifceas (como a taboa) e gramneas (PHILIPPI E SEZERINO, 2004 apud
WITKOVSKI E VIDAL, 2009).
De acordo com Mansor (1998), Lima (1998) e Valentim (1999) apud
Witkvoski e Vidal, 2009 a utilizao da taboa considerada a melhor opo
para o tratamento de efluentes atravs da zona de razes. O motivo o fato da
facilidade de aquisio, e o seu crescimento exagerado, podendo chegar a
produzir cerca de 7 toneladas de rizomas por hectare. Os microrganismos que
atuam neste tratamento so os fungos, protozorios e principalmente as
bactrias. Segundo Philippi e Sezerino (2004) apud Witkvoski e Vidal, 2009, os
processos de depurao do material orgnico, transformao da srie
nitrogenada e remoo do fsforo, so:
Fsicos (filtrao e sedimentao);
3 Aernquimas: tecido constitudo por clulas infladas ou grandes espaos
intercelulares, formando grandes cavidades no interior da planta preenchidas de ar. Esta constituio torna o corpo da planta mais leve, o que favorece sua sustentao ou flutuao dentro da gua. Mansor (1998), Lima (1998) e Valentim (1999) apud Witkvoski e Vidal, 2009.
-
37
Qumicos (adsoro, complexao e troca inica);
Biolgicos (degradao microbiolgica aerbia e anaerbia,
predao e remoo dos nutrientes pelas plantas, ocorrendo
tanto no material de recheio, como na rizosfera)
A Figura 2 demonstra um esquema do sistema de zona de razes
(Kaick, 2002 apud Witkovski e Vidal, 2009), com as camadas do sistema:
impermeabilizao, areia, brita, razes, plantas, entrada de distribuio do
esgoto vindo da fossa sptica, sada da gua que pode ser armazenada em
reservatrios ou lanada diretamente em corpos receptores.
FIGURA 2 - ESQUEMA DO SISTEMA DE ZONA DE RAZES - 2009
FONTE: VAN KAICK, 2002 apud WITSKOVSKI
-
38
2.2.1.2.1 Dimensionamento e Forma de Construo
Em climas tropicais, como no caso do Brasil, a evaporao das plantas
(transpirao) faz com que 25% do esgoto que entra no sistema, seja eliminado
no processo de zona de razes. No Brasil, usualmente utilizado 1 m por
habitante em sistemas de 1 metro de profundidade. (VAN KAICK, 2002 apud
WITKOVSKI E VIDAL, 2009).
O sistema pode ser canalizado e usado com apenas uma rea de
wetlands para toda uma comunidade, no caso de disponibilidade de rea til
para a implantao do sistema, mas tambm pode ser utilizado em sistemas
individuais, por residncia, sem qualquer interferncia na eficincia do sistema.
(LEMES et al, 2008).
2.2.1.3 Redes de Coleta e Tratamento
Os tipos mais comuns de esgotos produzidos nas cidades so o
domstico, o pluvial e o industrial. Cada tipo constitudo de diferentes
materiais, substncias e microrganismos. Estes agentes podem causar danos
para a populao como para o meio ambiente (SABESP, 2011).
Para cada tipo de esgoto, existe uma tubulao especifica. No caso de
esgoto domstico, diretamente das casas, so feitas ligaes com um dimetro
pequeno, que formam as redes coletoras que se unem aos coletores-troncos
(SABESP, 2011).
Destes coletores troncos, o esgoto transportado at os interceptores:
tubulaes maiores assentadas ao lado dos rios. O ponto final da rede uma
-
39
Estao de Tratamento de Esgoto, que trata e devolve a gua ao meio
ambiente (SABESP, 2011).
A Estao de Tratamento de Esgoto uma unidade operacional do
sistema de esgotamento sanitrio que atravs de processos fsico-qumicos e
biolgicos removem as cargas poluentes do esgoto (CASAN, 2005).
A CASAN (Companhia Catarinense de guas e Saneamento) utiliza os
seguintes tipos de tratamento de esgoto:
Lodos ativados por aerao prolongada e vala de oxidao:
processo biolgico que o efluente, na presena de oxignio
dissolvido, agitao mecnica e crescimento de microrganismos
especficos, forma flocos denominados lodo ativado ou biolgico,
separando a fase slida da liquida. H uma grande diminuio
da matria orgnica (CASAN, 2005).
Lagoas de Estabilizao (anaerbias e facultativas): processo
simples e natural para tratar esgotos domsticos, com o objetivo
de remover a matria orgnica. As lagoas anaerbias possuem
profundidade de 3 a 5 metros, minimizando a presena de
oxignio, estabilizando a matria orgnica estritamente em
condies anaerbias. As lagoas facultativas j possuem
profundidade de 1,5 a 3 metros, ocorrendo dois processos:
aerbios, ocorre na superfcie, e anaerbios, que ocorre no
-
40
fundo, quando a matria orgnica tende a sedimentar (CASAN,
2005).
Filtro Biolgico: so unidades de tratamento destinados a
oxidao biolgica da matria orgnica, geralmente provindos
de decantadores (CASAN, 2005).
Existem outras formas de tratamento de esgoto numa Estao de
Tratamento de Efluentes. No Brasil, so utilizados os tratamentos descritos por
ser tratarem de tratamentos primrios e secundrios. Em alguns locais, os
sistemas de tratamento vo at o tercirio, o qual o resduo polido
(FUNASA, 2006).
2.2.2. Resduos Slidos
De acordo com a NBR 10.004: 2004,
Resduos slidos so os resduos no estado slido e semi-slido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.
Sua composio varia de acordo com os hbitos e costumes da
populao, nmero de habitantes, poder aquisitivo, variaes sazonais, clima,
desenvolvimento, nvel educacional (FUNASA, 2006).
-
41
De acordo com a ABRELPE (2010), quase 23 milhes de toneladas de
lixo ainda possuem a destinao inadequada no Brasil, seguindo para lixes ou
aterros controlados, provocando danos ao meio ambiente.
O estudo Panorama dos Resduos Slidos no Brasil diz que a mdia de
gerao de lixo no Brasil hoje de 1,152 kg/hab.dia, houve um aumento de
7,7% do volume de lixo gerado em vista do ano de 2009 (ABRELPE, 2010).
A Lei 11.445 (Poltica Nacional de Saneamento Bsico), de 05 de
janeiro de 2007, aborda resduos slidos no art. 7 o servio pblico de limpeza
urbana e de manejo de resduos slidos urbanos composto pelas seguintes
atividades:
I - de coleta, transbordo e transporte dos resduos;
II - de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento,
inclusive por compostagem, e de disposio final dos resduos;
III - de varrio, capina e poda de rvores em vias e logradouros
pblicos e outros eventuais servios pertinentes limpeza pblica urbana.
A Poltica Nacional de Resduos Slidos, Lei 12.305 de 2 de agosto de
2010, especifica que o pas, o Estado e o Municpio possuam Plano de Gesto
Integrada de Resduos Slidos, e para possivelmente, obter os recursos da
Unio, estes planos devem conter:
Solues consorciadas intermunicipais para a gesto dos
resduos slidos, incluindo a elaborao e implementao de
-
42
plano intermunicipal, ou planos microrregionais, considerando
critrios de economia de escala, proximidade dos locais
estabelecidos e formas de preveno de riscos ambientais;
Implantao da Coleta Seletiva, com participao de cooperativas
ou outras formas de associao de catadores de materiais
reutilizveis e reciclveis, formadas por pessoas fsicas de baixa
renda;
Diagnstico da situao dos resduos slidos gerados no territrio,
contendo origem, volume e caracterizao dos resduos e as
formas de destinao e disposio final adotadas;
Identificao de reas favorveis para disposio final
ambientalmente adequada dos rejeitos, observando o plano
diretor;
Identificao dos resduos slidos e geradores sujeitos a Plano
Especfico;
Procedimentos operacionais e especificaes mnimas a serem
adotados nos servios pblicos de limpeza urbana e manejo dos
resduos slidos;
Indicadores de desempenho operacional e ambiental;
Regras para transporte e outras etapas do gerenciamento de
resduos slidos;
-
43
Definio das responsabilidades quanto a sua implementao e
operao;
Programas e aes de capacitao tcnica;
Programas e aes de educao ambiental, promovendo a no
gerao, a reduo, a reutilizao e a reciclagem de resduos
slidos;
Programas e aes para participao de partes interessadas, em
especial cooperativas ou outras formas de associao de
catadores de materiais reutilizveis e reciclveis;
Mecanismos para a criao de fontes de negcios, emprego e
renda, valorizando os resduos slidos;
Sistema de clculo dos custos da prestao dos servios de
limpeza urbana e manejo dos resduos slidos e a cobrana
destes servios;
Metas de reduo, reutilizao, coleta seletiva e reciclagem, a fim
de reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para
disposio final;
Descrio das formas e limites de participao do poder pblico
local na coleta seletiva e logstica reversa;
Descrio dos meios de controle e fiscalizao, da implementao
e operao dos planos de gerenciamento de resduos slidos;
-
44
Aes preventivas e corretivas, incluindo programa de
monitoramento;
Identificao de passivos ambientais, relacionados com resduos
slidos, e respectivas medidas de mitigao do impacto;
Periodicidade de sua reviso, observando o tempo de vigncia do
plano plurianual municipal.
2.2.2.1 Usina de Reciclagem
A Poltica Nacional de Resduos Slidos (Lei Federal n 12.305/10)
define reciclagem como:
processo de transformao dos resduos slidos que envolve a alterao de suas propriedades fsicas, fsico-qumicas ou biolgicas, com vistas transformao em insumos ou novos produtos, observadas as condies e os padres estabelecidos pelos rgos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa.
De acordo com a ABRELPE (2010), a coleta seletiva o primeiro e
importante passo para viabilizar o processo de reciclagem. Mas, muitas vezes,
essa prtica no se d em um municpio, na sua totalidade, mas por formao
de convnios, com cooperativas de catadores de lixo ou pontos de entrega
especficos.
A Figura 3 demonstra a porcentagem de cidades que tem a iniciativa
da coleta seletiva no municpio, dividido por regies, em todo o Brasil
(ABRELPE, 2010).
-
45
FIGURA 3 - MAPA QUE DEMONSTRA A QUANTIDADE DE CIDADES QUE POSSUEM A COLETA SELETIVA EM TODO O BRASIL - 2010
FONTE: ABRELPE
A usina de reciclagem um conjunto de mquinas (esteiras
rolantes, eletroms, peneiras), e pessoas que separam o lixo, de acordo
com a classificao: Papel, Plstico, Metal, Vidro, Orgnico e No-
reciclveis. Muitas vezes, a usina pode ser aberta como cooperativa na
prpria comunidade, e no necessita de maquinrios para realizar a
triagem, desde que haja conscientizao da populao em levar os
resduos devidamente separados (GRIMBERG E BLAUTH, 1998).
A recuperao mdia dos resduos varia de acordo com a
conscientizao da populao em separar, a eficincia das operaes,
podendo recuperar cerca de 90% do lixo reciclvel gerado (GRIMBERG
E BLAUTH, 1998).
-
46
Estima-se que hoje no Brasil, vivem cerca de 300 mil a 1 milho
de pessoas como catadores de lixo no pas. Muitos deles esto inseridos
em cooperativas, sejam elas s de separao dos resduos, como de
reciclagem tambm. Para alguns, essas cooperativas so centros de
reabilitao social, possibilitando, alm de emprego e renda, uma
recolocao de indivduos que esto margem da sociedade, ou
tambm no mercado de trabalho, onde podem ser considerados
socialmente excludos, ou no instrudos. Alm disso, promovem auxlio
ao meio ambiente (Revista Inove Ambiental, mar 2011).
As etapas de reciclagem dos resduos slidos so (FUNASA,
2006):
Separao e classificao dos materiais (Papel, Plstico,
Metal, Vidro, Orgnico);
Processamento para obteno de fardos, materiais
triturados e/ou produtos que passaram por algum tipo de
beneficiamento;
Comercializao dos materiais;
Reutilizao seja ela artesanal, ou reaproveitamento em
processos industriais como insumos.
Para a instalao de uma usina de reciclagem, primeiramente, deve-se
quantificar a capacidade de processamento da usina, de acordo com nmero
-
47
de horas trabalhadas no dia. (Ex.: 80t/dia, capacidade de processamento
10t/hora) (DEMLURB, 2011).
Os principais componentes de uma usina so (DEMLURB, 2011):
Silos para recebimento e armazenamento do lixo;
Esteiras de alimentao, peneiras de pr-separao;
Esteiras de separao, onde feita se seleo do material
reciclvel;
Moinhos de triturao;
Prensas enfardadeiras;
reas de estocagem;
Unidades administrativas;
Caminhes ou outros equipamentos para transporte.
Os resduos orgnicos, que tambm podem ser reaproveitados, no
processo de compostagem, demonstrado no captulo 2.2.2.2.
A reciclagem deve ser tratada como um negcio, o qual a boa prtica
a elaborao de um plano de negcio para verificar a viabilidade, sem assumir
riscos. Deve-se analisar o mercado, a questo do cooperativismo (uma prtica
amplamente adotada nas centrais de reciclagem) (FUNASA, 2006).
-
48
2.2.2.2. Compostagem
A compostagem um processo biolgico de decomposio
controlada de matria orgnica contidas em restos de origem animal e vegetal,
que produz um composto que pode ser utilizado para melhorar as propriedades
fsicas e qumicas do solo (NAUMOFF E PERES, 2000 apud PHILIPPI E
OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
Este processo promove a morte da maioria dos agentes patognicos, j
que em uma das etapas o composto pode chegar de 65 a 70C. No
recomendado a utilizao do composto em culturas de alimentos que podem
ser consumidos crus, devido a possvel presena de ovos ou cistos que ainda
podem resistir a essas temperaturas (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
H inmeras tecnologias de compostagem, desde os mais simples,
como a compostagem em montes periodicamente revirados, at instalaes de
grande porte com tambores rotativos. A compostagem pode ser realizada por
processos aerbios, anaerbios ou mistos, que dependendo da tecnologia
empregada, pode levar de 45 a 180 dias para a finalizao do processo
(PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
Para o processo de compostagem, alguns fatores so considerados
importantes para o andamento do processo, como (FUNASA, 2006):
Umidade: o teor de umidade dos resduos situa-se entre 50% a
60%. Se ficar muito abaixo, a atividade biolgica fica
-
49
comprometida e se for muito alta, a oxigenao prejudicada,
ocorrendo a anaerobiose, com gerao de chorume.
Aerao: necessria para a atividade biolgica, possibilita a
degradao da matria orgnica, sem odores. Pode ser
adquirida atravs dos processos de reviramento ou por auxlio
mecnico. O ciclo de reviramento em mdia 2 vezes por
semana, principalmente nos 60 primeiros dias.
Temperatura: o processo inicia-se em temperatura ambiente,
aumentando conforme a ao dos microrganismos. A
temperatura ideal de 55C, evitando a temperatura de 65C,
pois altas temperaturas podem causar a morte de alguns
microrganismos.
pH: No incio da compostagem, o pH varia entre 4,5 a 5,5. O
composto pronto apresente pH entre 7,0 e 8,0, servindo de
correo para slidos cidos.
Nutrientes: a relao carbono/nitrognio (C/N) para inicio da
compostagem deve ser da ordem de 30/1.
Microrganismos presentes na compostagem: no inicio, so
encontrados todos os grupos de organismos, como protozorios,
fungos, actinomicetos, vermes, vrus, etc., porm alguns grupos,
como bactrias, fungos e actinomicetos so predominantes no
decorrer do processo.
-
50
Composto orgnico: o produto estabilizado, podendo melhorar
as propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do solo.
Aspectos tcnicos para a construo de uma rea de
compostagem: Declividade do terreno de 2 a 3%; regularizao
do piso; sistema de drenagem; impermeabilizao da rea;
distncia mnima de 500 m da periferia da cidade; ventos
predominantes da cidade para o local; gua, energia eltrica;
terreno a 2 metros do nvel mais alto do lenol fretico.
2.2.2.3. Aterro Sanitrio Disposio Final
Na maioria dos municpios brasileiros, os resduos slidos
urbanos e/ou domiciliares, so destinados a aterros sanitrios adequados ou
no, sem tratamento prvio. Existem diversas iniciativas para minimizar o envio
destes resduos, como a compostagem e a reciclagem, mas ainda so pontuais
(PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
Aterro o enterramento planejado dos resduos e controlado
tecnicamente quando os aspectos ambientais, evitando a proliferao de
vetores, que podem trazer riscos sade (FUNASA, 2006).
Os aterros sanitrios so obras de engenharia destinadas a depositar
os resduos sobre o solo, minimizando seus impactos ou riscos a sade
humana. Devem possuir drenos para os lquidos serem percolados
(provenientes da decomposio da matria orgnica) e impermeveis para
evitar a contaminao do lenol fretico. Tambm precisam de drenos de
-
51
escoamento do gs proveniente do processo de fermentao. Os resduos
devem ser compactados e cobertos com terra diariamente, para evitar a
presena de vetores. Possuem um sistema de drenagem pluvial e dutos, a fim
de realizar um tratamento adequado do chorume, alm do monitoramento do
lenol fretico (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
O planejamento de implantao de um aterro sanitrio envolve estudos
de localizao, quanto proximidade de habitaes, possibilidade de
contaminao da gua, distncias, acesso local, obras de drenagem,
planejamento da operao, etc. (FUNASA, 2006).
Variveis relacionadas escolha do:
a) Local apropriado quanto a (FUNASA, 2006):
Preo;
Localizao;
Possibilidade de aproveitamento da rea no futuro;
Ventos predominantes devem ser da cidade para o local;
Possibilidade de contaminao dos mananciais de gua;
Acesso fcil durante o ano todo;
rea suficiente para pelo menos 10 anos de vida til;
Possibilidade de drenagem.
-
52
b) O mtodo de operao depende dos tipos de terreno (FUNASA, 2006),
como:
Terrenos baixos e planos: sistema de trincheiras, terra retirada da
prpria vala servem de recobrimento. As trincheiras devem ter no
mnimo 0,75m de profundidade e a largura e comprimento em
funo do volume do lixo a ser confinado;
Terrenos de encosta: nivelamento do terreno, onde a prpria terra
do topo ir servir de recobrimento do lixo enterrado;
Pntanos e lagoas: a terra ter que vir de um local prximo.
Os aterros sanitrios devem estar nas periferias da cidade, a fim de
causar o menor incmodo possvel, mas ao mesmo tempo, estar prximos o
suficiente para minimizar os custos com o transporte. Devido a este transporte,
muitas vezes, h investimento no sistema virio prximo ao aterro, induzindo a
urbanizao. Por outro lado, as reas prximas acabam desvalorizadas,
atraindo populao de baixa renda (PHILIPPI E OLIVEIRA E AGUIAR, 2005).
A execuo do aterro sanitrio envolve alguns elementos principais,
norteados por normas da ABNT, destacando-se (PHILIPPI E OLIVEIRA E
AGUIAR, 2005):
Impermeabilizao de fundo: depende do tipo de resduo, podendo ser
feita de argila e/ou mantas de polmeros;
-
53
a) Drenagem e tratamento de percolados: em funo das chuvas e
da decomposio de resduos, h a gerao do chorume. Para
isto, necessria uma estao de tratamento de efluentes, ou o
transporte desses efluentes para uma estao fora do local;
b) Drenagem de gases: a decomposio dos resduos orgnicos
gera biogs, composto principalmente de metano (CH4) e gs
carbnico (CO2), com riscos de exploses, desabamentos por
formao de bolhas de gs;
c) Drenagem das guas superficiais: devem afastar as guas
pluviais, e eventuais cursos dgua, para minimizao da
formao dos percolados, evitando o transporte de poluentes
para fora do aterro;
d) Cobertura: para o recebimento de alguns tipos de resduos,
deve-se cobrir diariamente, evitando o carreamento dos
poluentes pelo vento ou a proliferao de vetores, como os ratos
e baratas.
e) Selagem: executada no final da vida til do aterro. Existem
tcnicas que realizam a recuperao paisagstica do local,
tornando-se at reas de lazer. Porm, so locais que devem
ser monitorados por muito tempo, pois ainda h emisso de
gases, chorume, etc..
-
54
3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
3.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA
Pesquisa de campo, alm de pesquisa bibliogrfica. Neste ponto sero
analisados o local, a populao, as condies do ecossistema e dos quesitos
de saneamento bsico: coleta e disposio do esgoto domstico e manejo dos
resduos slidos do Loteamento Balnerio So Jos I, em Itapo, SC.
3.2. DESCRIO DA POPULAO E DA AMOSTRA
Foi levantado a quantidade de terrenos do Loteamento do Balnerio
So Jos I, a populao do local, e a quantidade de residncias j construdas,
atravs de uma estimativa apontada pela Associao de Moradores do local.
Visita tcnica ao local, guiado por um roteiro de visitas, com a finalidade de
diagnosticar a situao atual do Loteamento em relao a coleta e tratamento
de esgoto domstico e manejo dos resduos slidos.
3.3. MTODOS E TCNICAS
A pesquisa bibliogrfica foi baseada na legislao (Federal, Estadual e
Municipal), dados do IBGE, levantamento na prpria Prefeitura do Municpio de
Itapo, artigos, livros, revistas e outros. Elaborao de um roteiro de visita no
Loteamento Balnerio So Jos I, sobre os dois servios bsicos de
saneamento propostos para o estudo: esgoto domstico e resduos slidos.
Visita in loco, para verificao da situao do local.
-
55
Para o diagnstico do quesito Esgotamento Domstico no Loteamento
Balnerio So Jos I, foram utilizados os critrios estabelecidos na Poltica
Nacional de Saneamento Bsico (Lei 11.445/07):
Coleta do efluente;
Tratamento;
Disposio Final;
Poluio do Solo;
Vetores de doena;
Higiene;
Conforto/Senso Esttico.
Para o diagnstico da questo de Resduos Slidos no Loteamento
Balnerio So Jos I, foram utilizados os padres definidos na Lei 11.445/07,
conforme descritos abaixo:
Coleta;
Triagem (reciclveis/no reciclveis);
Varrio, capina e podas;
Disposio final.
-
56
3.4. DESCRIO DOS INSTRUMENTOS
Visita in loco guiada por roteiro de visita, coleta de dados na
Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, fotos, mapas.
3.5. DESCRIO DA COLETA DE DADOS
A coleta ser in loco, com visita s residncias, onde sero observadas
as condies da infra-estrutura do local. Ser verificada junto aos rgos
responsveis a situao do local, comparando os resultados.
Para anlise da situao, os dados serviro de apoio para verificao
da situao do local, que comparando ao referencial terico com a situao do
local (principalmente legislao) e se os quesitos estiverem fora dos
parmetros, solues sero propostas para os problemas apontados.
No dia 16 de abril de 2011, foi realizada a Visita Tcnica no
Loteamento Balnerio So Jos I a fim de diagnosticar a situao atual do
loteamento e apontar os problemas pertinentes a questo do saneamento
bsico nesta regio.
Alm de verificao in loco, foram entrevistados representantes da
comunidade local e dos rgos responsveis para execuo dos servios de
saneamento bsico. Com esta visita, foram constatados vrios problemas, que
demonstram a falta de infra-estrutura da cidade de Itapo, SC.
Para conduzir esta visita, desenvolveu-se um roteiro de visita baseado
na fundamentao terica, demonstrado na Tabela 3.
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57
TABELA 3 ROTEIRO DE VISITA PARA DIAGNSTICO DO LOCAL, REALIZADA EM 16 DE ABRIL DE 2011
Entrevistado Presidente Associao Moradores
rgos Responsveis
Esgoto Sanitrio
Coleta
Tratamento
Disposio Final
Poluio do Solo
Vetores
Higiene
Conforto/Senso esttico
Resduos Slidos
Coleta
Triagem (reciclveis/no reciclveis)
Varrio, capina, podas
Disposio Final
Esse roteiro de visita aborda os requisitos mnimos que um local deve
possuir para suprir as necessidades dos quesitos de saneamento bsico:
manejo de esgoto domstico e manejo de resduos slidos, conforme reviso
bibliogrfica, baseado na Poltica Nacional de Saneamento Bsico, Lei Federal
n 11.445/07.
De acordo com a Sra. Leonora de Melo Alves, Presidente da
Associao de Moradores dos Loteamentos Balnerio So Jos I e II4, hoje,
moram cerca de 2000 pessoas no loteamento, incluindo as crianas. Todas as
4 Sra. Leonora de Melo Alves (Mrcia), Presidente da Associao de Moradores dos
Loteamentos Balnerio So Jos I e II, moradora h 12 anos no local. Entrevista cedida no dia 16 de abril de 2011.
-
58
residncias, no possuem escritura, somente os contratos de compromisso de
compra e venda.
-
59
4. RESULTADOS E DISCUSSO
4.1. CARACTERIZAO DO LOCAL DE ESTUDO
Itapo um municpio do estado de Santa Catarina, com 14.763
habitantes de acordo com o CENSO de 2010 do IBGE. Est localizado no
litoral extremo norte do Estado de Santa Catarina, fazendo divida com
Guaratuba (PR), a norte, So Francisco do Sul (SC) ao sul e a oeste com
Garuva. A Figura 4 demonstra a localizao do municpio.
FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZAO DO MUNICPIO DE ITAPO SC - 2011
FONTE: CIASC
-
60
O municpio possui duas Ilhas: Ilha do Sa Guau e Ilha de Itapeva. O
relevo de Itapo acidentado, onde ocorrem colinas, montanhas de at 200
metros. Apresenta plancie sedimentar que se estendem ao longo do litoral. A
Mata Atlntica permanente ao longo de toda cidade. Possui mais de 30
quilmetros de praia (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do municpio de Itapo, do
ano de 2000, de acordo com PNUD (Programa das Aes Unidas para o
Desenvolvimento) de 0,793 (numa escala de 0 a 1), sendo 159 municpio
catarinense no ranking estadual.
De acordo com o CENSO de 2010 do IBGE, dos 15.772 domiclios da
cidade, 9.373 so considerados residncias de veraneio.
No h hospitais, somente clnicas, casos mais graves so
encaminhados para Joinville, SC (IBGE, 2010).
A populao do municpio, de acordo com o CENSO 2010 do IBGE
de 14.763 habitantes, com rea territorial de 255,746 km, resultando em uma
densidade demogrfica de 57,73 hab/km.
4.1.1. Histria do Municpio
O nome Itapo de origem indgena que significa pedra que surge,
referenciando a pedra localizada no Balnerio de Itapo, a 300 metros da praia,
que surge de acordo com as mars (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO,
2011).
-
61
Seus primeiros habitantes foram os ndios Carijs. Comprovada pela
existncia dos Sambaquis conchas, restos de cozinha, esqueletos
depositados por estas tribos que habitavam o litoral catarinense na pr-histria
(PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
O municpio de Itapo foi fundado em 1989, quando foi desmembrado
do municpio de Garuva. At esta data, era um distrito. Seu nico acesso era a
Estrada da Serrinha, aberta em 1957 pela Companhia SIAP Sociedade
Imobiliria e Pastoril, com extenso de 27,7 quilmetros, ligando Garuva a
Itapo. Esta estrada se tornou SC-415 em 1990. Porm, hoje, o principal
acesso pela Estrada Cornelsen, 25 quilmetros depois do acesso a BR-101
pela Rodovia SC-412, que vai at o municpio de Guaratuba, PR, conforme
demonstrado na Figura 5 (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
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62
FIGURA 5 MAPA DE ITAPO COM SEUS ACESSOS RODOVIRIOS - 2011
FONTE: LITORAL DE SANTA CATARINA
4.1.2. Infraestrutura
De acordo com o Governo de Santa Catarina, a infra-estrutura da
cidade ainda pequena, no possuindo estradas asfaltadas, mas com
comrcio em alta (SANTA CATARINA, 2002).
At 5 anos atrs, era um lugar tranquilo que mal tinha hotis para
receber turista. Hoje, um dos municpios que mais tem chances de crescer.
-
63
Isso se d, pelo investimento do porto de Itapo, que dobrou o nmero de
habitantes, e abriu Itapo para o mundo dos negcios. (ISTO , 2011)
A forma de acelerar o crescimento de um municpio a instalao de
grandes obras no local. No caso de Itapo, trata-se da instalao do Porto, que
situado em um local estratgico devido s guas profundas e calmas da regio.
Hoje, existem obras pela cidade inteira, demonstrando o crescimento e o
aquecimento do mercado na cidade. Para a viso de alguns, em curto prazo,
Itapo ser considerada uma das melhores cidades para se viver no Brasil
(ISTO , 2011).
4.1.3. Economia
A base da economia do municpio o turismo. De acordo com o
Histrico de Balneabilidade da FATMA (Fundao de Meio Ambiente), as
praias de Itapo, possuem 100% de balneabilidade, prprias para banho e
lazer dos turistas. Na alta temporada, a cidade recebe cerca de 200 mil
visitantes, movimentando o comrcio local. A regio tambm procurada para
a prtica de esportes nuticos como o surf, windsurf, Jet-ski, barcos a vela e
pesca esportiva (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
O Produto Interno Bruto de 2010 est na faixa de R$ 120.000,00,
baseado praticamente no setor de prestao de servios. (IBGE, 2010)
As atividades econmicas aquecidas na cidade so (PREFEITURA
MUNICIPAL DE ITAPO, 2011):
-
64
Construo civil, vrias obras esto sendo realizadas em Itapo,
devido implantao do Porto de Itapo;
Pesca artesanal;
Agricultura de subsistncia, com culturas como banana, arroz,
mandioca, abacaxi e hortifrutigranjeiros;
Pecuria, com pequenos rebanhos de gado de corte, leiteiro,
atendendo ao mercado local.
No segundo semestre de 2010, iniciou-se a operao do primeiro
terminal porturio privado exclusivo para movimentao de containeres. Est
inserido na Baa da Babitonga, praia do Pontal, aproveitando o calado natural
(profundidade) de aproximadamente 16 metros. Este porto est preparado para
receber navios de grande porte, e melhorando o escoamento de mercadorias
para importao e exportao, aliviando os portos de Paranagu, Itaja e
Navegantes (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
A Figura 6 demonstra a localizao do Porto de Itapo, no municpio. O
porto est localizado na Praia do Pontal, extremo sul do municpio, dentro da
Baa da Babitonga.
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65
FIGURA 6 LOCALIZAO DO PORTO DE ITAPO. PRAIA DO PONTAL, EXTREMO SUL DO MUNICPIO DE ITAPO, SC - 2011
FONTE: TECON-SC
4.1.4. Rio Sa-Mirim
A bacia do Rio Sa Mirim, uma microbacia inserida na maior bacia
hidrogrfica da regio, a Bacia do Rio Cubato Norte e Cachoeira, sendo os
principais rios, o Rio Sa Mirim, o Rio Sa Guau e o Rio Jaguaruna. Sendo
uma rea de bacia total de 73,30 km e vazo mnima de 772,81 l/s
(PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO, 2011).
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66
A Resoluo CONAMA n 357 de 17 de maro de 2005, estabelece a
classificao dos corpos dgua e estabelece parmetros de lanamento de
efluentes nestes corpos (BRASIL, 2005).
O Estado de Santa Catarina, atravs do Conselho Estadual dos Recursos
Hdricos CERH, com a Resoluo n 003 de 10 de agosto de 2007,
classificou o Rio Sa Mirim, de acordo com os parmetros da Resoluo
CONAMA n 357 de 17 de maro de 2005, como Classe 1 (CERH, 2011).
A Resoluo CONAMA n 357/05 especifica que as guas enquadradas na
classe 1, podem ser destinadas para (BRASIL, 2005):
Abastecimento de consumo humano, com tratamento simplificado;
Proteo a comunidades aquticas;
Recreao.
A Figura 7 demonstra a Hidrografia do Municpio de Itapo (PMI, 2009).
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FIGURA 7 - HIDROGRAFIA DO MUNICPIO DE ITAPO SC - 2009
FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO
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68
4.2. REA DE ESTUDO
O Loteamento Balnerio So Jos I, possui mais de 2.000 lotes. Hoje,
residem no local, cerca de 2000 pessoas, entre adultos e crianas. A maioria
so imigrantes de outras localidades, como o Oeste de Santa Catarina e o
Paran.
A populao neste local de classe mdia baixa e classe baixa.
Nenhum deles possuem a escritura do terreno, devido ao embargo do
Ministrio Pblico, sendo somente o Contrato de Compromisso de Compra e
Venda.5
A maioria dos moradores residem a mais de 10 anos no local, e
informam que a infraestrutura ainda continua precria.
A Figura 8 demonstra a planta baixa do Loteamento Balnerio So
Jos I.
5 Informaes repassadas pela Sra. Leonora de Melo Alves, presidente da
Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I e II.
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FIGURA 8 - PLANTA BAIXA DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I - 2011
FONTE: PMI
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70
4.2.1. Histrico do Loteamento
O projeto do Loteamento Balnerio So Jos I, foi aprovado na
Prefeitura Municipal de Itapo e em Joinville, no ano de 1997, mesmo ano que
chegou o primeiro morador no local.
O Loteamento tinha 2 scios, sendo que um morreu e o outro est
preso, acusado de assassinato do outro scio. Devido a vrios problemas, os
herdeiros no assumiram o local.
Em 2004, o loteamento foi embargado pelo Ministrio Pblico, devido a
uma ao contra a falta de tratamento de esgoto no local. O caso que foi
escondido at o ano de 2009 para no evitarem a venda de novos terrenos.
Devido ao embargo, parte do loteamento ficou sem gua e energia
eltrica, que com um acordo da Associao de Moradores e a Prefeitura,
promoveu a instalao de gua e energia eltrica at a quadra 55 do
Loteamento, sendo o restante, ligaes clandestinas realizadas pelos prprios
moradores.
O Loteamento Balnerio So Jos II est para ser unificado com o
Balnerio So Jos I, tornando-se um s loteamento. No Loteamento Balnerio
So Jos II h invaso nos 4 lotes reservados como rea Verde, e h projetos
para uma praa no local.
Unificando os dois loteamentos, h cerca de 5000 lotes, com quase
90% de ocupao. So famlias principalmente de baixa renda, vivendo de
-
71
doaes da Associao de Moradores, ou de moradores do local para seu
sustento.
Hoje, de acordo com a Associao de Moradores e pesquisa imobiliria
local, um terreno no Loteamento Balnerio So Jos I est sendo vendido a um
preo que varia de R$ 10.000,00 a R$ 15.000,00.
4.2.2. Infraestrutura Local
Os resultados da visita so descritos a seguir:
4.2.2.1. Esgotamento Sanitrio
No site da Companhia de gua de Itapo, no mencionado
nenhum dado sobre tratamento de esgoto da cidade. O Plano Municipal de
Saneamento Bsico de Itapo de 14 de dezembro de 2009 alega que no h
sistema de tratamento de esgoto na cidade de Itapo. E admitem que as aes
para implementao do sistema esto com o prazo para o ano de 2029.
A Sra. Leonora comentou que todos so responsveis pela
construo das fossas spticas e manuteno das mesmas. H acesso a
modelos de fossas no site da Prefeitura, assim como na prpria prefeitura do
municpio. De acordo com a prpria Associao, no momento da construo,
realizada a inspeo da fossa, porm muitos sabem que suas fossas esto mal
dimensionadas, j que ocorrem vazamentos e at infiltrao no solo.
Por ser uma comunidade de classe baixa, muitos moradores no
pagam a coleta da fossa, lanando o efluente nas galerias (valetas) pluviais. H
-
72
grande incidncia de vetores de doenas, como os ratos, tendo 2 casos de
leptospirose confirmados com moradores do loteamento.
Os moradores que contratam caminho vcuo para limpeza da
fossa, dizem que a empresa que realiza este servio de Guaratuba, PR. E,
no sabem informar o que feito com este esgoto coletado.
A Tabela 4 especifica as respostas referentes ao Sistema de
Esgoto do Loteamento Balnerio So Jos I, dos moradores, da presidente da
Associao de Moradores do Loteamento e dos rgos responsveis.
-
73
TABELA 4 RESPOSTA AO ROTEIRO DE VISITA REFERENTE AO SISTEMA DE ESGOTO DO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I
Esgoto Sanitrio Representante Comunidade: Leonora de Melo Alves
Representante dos rgos Responsveis: guas de Itapo / Plano Municipal de Saneamento Bsico
Coleta
Utilizao da fossa sptica. A limpeza e coleta do lodo de
responsabilidade de cada morador. Muitos moradores, por serem de classe baixa, escoam o
material dentro das galerias pluviais.
No h informaes sobre esgoto na Companhia guas de Itapo. No Plano Municipal de Saneamento
Bsico, comenta-se da inexistncia de um tratamento de esgoto no municpio, e que devido ao alto custo para construo e manuteno de um sistema, os
planos para projeto e construo so para o ano de 2029. No site da Prefeitura, tem disponvel os modelos de construo de fossa sptica.
Transporte
Quando contratado, so utilizados
caminhes vcuo para transporte do efluente.
Tratamento No se sabe ao certo, mas a empresa contratada de
Guaratuba PR
Disposio Final No sabem.
Poluio do Solo Algumas fossas esto mal dimensionadas, ocasionando
infiltrao no solo.
Vetores Vrios ratos. J houve casos de leptospirose no Loteamento. Principalmente com crianas
Higiene Varia de residncia para residncia. Depende do cuidado
de cada morador.
Conforto/Senso esttico Valetas a cu aberto, sem saber se gua de chuva ou esgoto.
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74
4.2.2.2. Resduos Slidos
O Plano Municipal de Saneamento Bsico de Itapo no aborda a
questo de coleta e tratamento de resduos slidos do municpio.
De acordo com os moradores da regio do loteamento, a coleta de lixo
realizada 3 vezes por semana, porm no so realizadas coleta seletiva dos
resduos. A empresa responsvel pela coleta e disposio final a SURBI
Serrana Engenharia.
A Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I
alegou que a coleta s est sendo realizada 3 vezes por semana, depois de um
acordo direto com a empresa responsvel. Antes deste acordo, a coleta era
realizada somente uma vez por semana.
Alguns moradores, como a Sra. Tereza Muller (moradora h 15 anos
no loteamento) realizam a separao do lixo (reciclvel e no reciclvel) e
doam para catadores informais que passam na sua casa, pelo menos 1 vez por
semana.
Nenhum morador tem conhecimento da disposio final dos resduos
gerados. Em alguns terrenos, mais afastados da avenida principal, foram
encontrados alguns focos de lixo lanados em terrenos baldios. Os prprios
moradores falaram que muitos destes resduos so de supermercados da
regio. Conforme pode se verificar na Figura 9, avenida principal do
Loteamento, Rua Ana Maria Rodrigues de Freitas, prximo ao Rio Sa-Mirim.
-
75
FIGURA 9 - LANAMENTO DE LIXO EM TERRENOS BALDIOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I
De acordo com a empresa Serrana Engenharia todo o resduo gerado
enviado para aterro sanitrio na cidade de Mafra, SC. No h inteno de
construir um aterro no municpio, devido aos altos custos de construo e
manuteno do empreendimento.
A Tabela 5 resultado do roteiro de visita aplicado a presidente da
Associao de Moradores do Loteamento Balnerio So Jos I, dos moradores
do loteamento e da empresa responsvel pela coleta e destinao do resduo.
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TABELA 5 ROTEIRO DE VISITA APLICADO PARA A QUESTO DE RESDUOS SLIDOS NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I
Resduos Slidos Representante
Comunidade: Leonora de Melo Alves
Representante dos rgos Responsveis: Serrana Engenharia/
Prefeitura Municipal de Itapo
Coleta
Coleta pela SURBI, 3 vezes por semana.
Devido a um acordo da Associao de
Moradores e a empresa que presta servio para
prefeitura.
No site da Prefeitura, tem disponvel um cronograma de coleta de lixo em
todo o municpio de Itapo.
Transporte Caminhes de lixo em
bom estado.
O transporte do resduo at o aterro realizado pelo mesmo caminho que
faz a coleta nas residncias.
Triagem (reciclveis/no reciclveis)
No h coleta seletiva em todo o municpio.
No realizada coleta seletiva em nenhum local do municpio. Somente
os moradores interessados, separam o lixo e entregam para carroceiros.
Varrio, capina, podas
Terrenos baldios no so limpos. No h
capina, nem varrio de rua (estrada de cho batido, sem caladas)
No esto sendo realizadas capinas, podas dos terrenos no Loteamento, j que so muitos ainda desocupados.
Disposio Final No sabe informar.
A disposio final de todo resduo urbano gerado em Itapo, para o aterro SELUMA, na cidade de Mafra, SC. (cerca de 180km de distncia). No h previso de instalar um aterro no municpio, devido ao alto custo de construo e manuteno.
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4.3. PROPOSTAS DE SOLUES
As solues propostas para os quesitos de esgoto domstico e manejo
de resduos slidos do Saneamento Bsico foram escolhidas com o intuito de
que os prprios moradores do Loteamento Balnerio So Jos I possam
executar. Ou seja, so consideradas com baixo custo de implantao e
manuteno, assim como tecnologias simples, que podem ser executadas em
vrias comunidades do municpio ou at mesmo de outros locais
Para implementao destas aes no Loteamento Balnerio So Jos
I,dever ser feito um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto o Ministrio
Pblico, j que o embargo do Loteamento tem como objeto a falta de
saneamento bsico. Assim, uma vez implementadas tais aes, a ao civil
pblica perder o objeto.
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FIGURA 10 MAPA DE USO E OCUPAO DO SOLO CONFORME PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO - 2008
FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPO
-
79
A maior parte do Loteamento Balnerio So Jos I, de acordo com o
Plano Diretor de Itapo, est inserida no ZR1 Zona Residencial 1 e ZR2
Zona Residencial 2, que possui os seguintes requisitos de Uso e Ocupao do
Solo, que esto representados na Figura 10:
Lote mnimo de 360 metros;
Nmero mximo de pavimentos: 20, respeitando a linha
imaginria de leste-oeste do ponto da linha da costa (trmino da
praia e inicio da vegetao) mais prxima;
Taxa de Ocupao Mxima: 50%
Taxa de Permeabilidade Mnima: 40%
No Plano Diretor, no est especificado o nmero de domiclios que
pode haver nesta regio do Loteamento Balnerio So Jos I, mas in loco,
verifica-se que so residncias unifamiliares, com uma rea mdia de 50 m, j
que a taxa de permeabilidade do lote e a taxa de ocupao mxima so
limitantes na construo de qualquer empreendimento (em um terreno de 480
m, somente 240 m podem ser construdos).
-
80
Resumo dos problemas apontados e possveis solues apresentados
na Tabela 6:
TABELA 6 RESUMO DOS QUESITOS, DIAGNSTICOS E SOLUES PARA SANEAMENTO BSICO NO LOTEAMENTO BALNERIO SO JOS I
QUESITO DIAGNSTICO SOLUO
Esgoto Domstico
Sistema de fossa sptica nas casas, porm alguns escoam nas guas pluviais ou ocorrem infiltrao no solo devido mal
dimensionamento das fossas; Utilizao de caminhes a vcuo para
transporte; Desconhecimento da forma de tratamento
e disposio final; Presena de vetores de doenas, como os
ratos
Sistema secundrio de tratamento: Zona
de Razes
Manejo dos Resduos Slidos
No h coleta seletiva implantada no municpio
Associao de Moradores: Usina de Beneficiamento do
Lixo Compostagem -
horta comunitria
4.3.1. Sistema de Zona de Razes
Como no Loteamento Balnerio So Jos I todos os lotes ocupados j
possui o sistema de fossas spticas individuais, ser adicionado mais o
tratamento secundrio de zona de razes, sendo que as plantas utilizadas no
sistema podem ter outras finalidades, como a utilizao para artesanato
(exemplo do junco).
Para isto, ser analisada a eficincia da fossa sptica j existente,
antes da implantao do sistema de zona de razes, j que este sistema se
tornar complemento do tratamento primrio j existente.
-
81
Para no haver problemas de implantao, manuteno do sistema de
zona de razes, sero realizadas, junto a Associao de Moradores, palestras
com tcnicos de meio ambiente, sade e engenheiros para garantir a eficincia
do sistema e no acarretar problemas de sade, j que no se pode utilizar
hortalias neste sistema, devido a possveis presenas de patognicos
resistentes ao tratamento de fossa sptica.
Devido a falta de uma rea que possa suportar o sistema de zona de
razes para todo o loteamento, ser utilizado o sistema individual, por
residncia, j que h rea disponvel, pois o sistema pode ser implantado na
rea que deve ser considerada permevel.
A DBO do esgoto domstico est na faixa de 300 mg/l. Com o sistema
de fossa sptica adequado, h a remoo de 30 a 40% desta matria orgnica,
alcanando a faixa de 195 mg/l. Com o tratamento secundrio de zona de
razes, h uma diminuio deste parmetro em cerca de 80%, garantindo um
sistema mais eficaz, alcanando na mdia de 60mg/l.
Para os clculos do Sistema de Zonas de Razes, sero utilizados os
seguintes dados:
rea da Residncia: 50 m;
Nmero de moradores: 5 pessoas
Para um sistema de zona de razes, para uma residncia com 5
pessoas, ser necessria uma rea de:
-
82
A = 1m x 5
A = 5 m
Este sistema ter a profundidade de 1 m, sendo impermeabilizado com
concreto nas laterais e no fundo.
O Sistema de Zona de Razes de baixo custo de implantao e pode
ser construdo por qualquer indivduo sem conhecimentos especficos. Alm
que este sistema gera produtos que podem ser utilizados para a comunidade
(junco, copo-de-leite, etc.)
A impermeabilizao do sistema de zona de razes no Loteamento
Balnerio So Jos I, ser feita com concreto, devido a altura do lenol fretico,
j que a regio altamente irrigada por rios e pelo mar.
A Tabela 7 demonstra o custo inicial da implantao do Sistema