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Proposta de Realização de Oficina
Culturas Juvenis em Cena – O rap no contexto escolar
Mayara dos Santos1
Veronice Alves de Souza2
Eixo temático: Formação de Professores e Processos de Ensino e Aprendizagem
Público alvo: Alunos dos cursos de graduação em Pedagogia e Letras, professores da
rede Estadual de Ensino.
Número máximo de participantes: 30
Carga horária: 4 horas
Resumo: A proposição dessa oficina tem o objetivo de refletir sobre as culturas juvenis,
em especial, o gênero musical rap como recurso educativo no contexto escolar. As
culturas juvenis dizem respeito a práticas cotidianas e processos de socialização por
meio dos quais os sujeitos jovens se apropriam de valores e significados, construindo
sua identidade. Dentre as inúmeras atividades culturais existentes - expressas através do
corpo, roupas, comportamentos, linguagem, etc. – optamos por estudar a música, pois
essa atividade cultural configura-se um elemento de expressividade entre a juventude,
tomamos aqui como referência o rap, gênero musical emergente do movimento hip hop.
Baseando-nos numa prática expositiva e dialogada a oficina pretende discutir questões
referentes aos aspectos que dificultam e/ou possibilitam a aplicabilidade do rap como
recurso educativo na escola, problematizando a formação docente no concerne ao uso
de metodologias e recursos pedagógicos diversificados em sala de aula.
1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de
Cascavel, atualmente acadêmica do programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de Cascavel. (Email: [email protected]). Link de acesso
ao Currículo Lattes (http://lattes.cnpq.br/1653835938261741) 2 Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus
de Toledo, atualmente acadêmica do programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de Cascavel. (Email: [email protected]). Link de
acesso ao Currículo Lattes (http://lattes.cnpq.br/0138894877761582)
Objetivos
Problematizar questões referentes aos aspectos que dificultam e/ou possibilitam
o uso do rap no contexto escolar.
Desenvolver práticas de instrumentação pedagógica para a aplicabilidade do rap
como recurso educativo na escola.
Contribuir para a desmistificação do estigma a respeito do gênero musical rap,
reconhecendo sua característica de manifestação artística plural.
Justificativa
A justificativa de realização dessa oficina é contribuir para uma discussão acerca
da relação possível entre educação e culturas juvenis na contemporaneidade, sendo um
instrumento de reflexão sobre a escola como ambiente social dinâmico composta por
diferentes tribos e culturas juvenis. Nesse contexto tomando como referência a temática
central do Simpósio “A formação de professores para a Educação Básica” intentamos a
problematização sobre a formação docente para uso de recursos pedagógicos
diferenciados no contexto de sala de aula considerando a diversidade social existente.
Referenciando-nos nos estudos de Gasparin (2005) sobre a contextualização da
prática social dos alunos, pressupomos a necessidade de se pensar a educação numa
perspectiva abrangente, por meio da qual seja possível estabelecer articulações entre as
culturas juvenis e o conteúdo curricular.
Ao fazer tal proposição de maneira alguma postulamos que essas articulações
venham para destituir a função primordial da escola de transmissão/assimilação de
conhecimentos sistematizados. Não enaltecemos a sobreposição das culturais juvenis de
vivência e interesse dos alunos sobre o conteúdo curricular pré estabelecido, o que
deveras acarretaria um esvaziamento de conteúdos e a perda da especificidade da escola
enquanto instituição socializadora do conhecimento científico. O que propomos é a
articulação entre educação e culturas juvenis, mais especificamente as interações
possíveis entre educação e rap.
Aliado as temáticas de formação de identidades e educação o rap e o hip hop de
modo geral, vem sendo objeto de estudo de diversos autores nos últimos quinze anos.
Pesquisadores como Andrade (1999), Gustsack (2003), Oliveira (2007), Messias (2008),
Ribeiro (2008), Macedo (2010), Vidon (2014) entre outros, são alguns que afirmam e
apontam as possibilidades educativas que podem partir dessa cultura juvenil,
principalmente no contexto da juventude de periferia, devido à identificação dos sujeitos
jovens com as práticas inerentes ao movimento, que historicamente é proveniente do
contexto de grupos marginalizados.
A opção em pesquisar o gênero musical rap partiu da pertinência que ele possui
perante seu público alvo, pois “mesmo o hip hop sendo um movimento consolidado no
Brasil, presente nas escolas, na mídia e nas pesquisas acadêmicas, seus produtores,
muitas vezes, ainda são estigmatizados” (MACEDO, 2010, p.173).
Sabe-se que uma das necessidades essenciais para o desenvolvimento do saber é
o romper com os preconceitos estabelecidos pelas percepções estéticas convencionadas
implícitas em uma forma de cultura hegemônica. Com essa intenção procuraremos
apresentar elementos teóricos a respeito da compreensão da música rap enquanto
diversidade artística e sociocultural, percebendo não apenas suas características
estruturais, mais também seu potencial criador e promotor das possibilidades de
emancipação.
Sobre a música em si podemos apontar que de modo geral ela é uma
manifestação artística, a qual os sujeitos utilizam como meio de expressão. A forma em
que se expressa a música é por meio da notação musical, ou seja, a escrita da música.
Resumidamente, são utilizadas as notas musicais, pauta, pentagrama, os marcadores de
compassos que estabelecem os tempos e os ritmos musicais. Ainda sobre a estrutura
musical são compreendidos como elementos básicos, a melodia, harmonia e o ritmo.
(GUSMÃO, 2012).
Falar da música admite um vasto campo de discussões, que são relacionadas
desde a constituição estética, até a estrutural de notação musical, passando pelas
percepções dos sentidos e a sua relação com a vida dos homens e sua organização em
sociedade. Tatsch (2015) faz um estudo a respeito da música, considerando em sua
abordagem a compreensão da percepção emocional da música para os homens. Procura
entender como se dá o desencadeamento de emoções durante o processo de escuta da
música (TATSCH, 2015, p.12).
Pensando de forma próxima a análise de Tatsch (2015), mesmo tal analise tenha
sido realizada em termo técnicos, há uma evidência: a de que a mudança na execução
genuína da música afeta a percepção emocional dos ouvintes, forma pela qual ele
sugere, o desenvolvimento de estudos que procurem fazer a relação das mudanças da
estrutura musical aos diferentes contextos sociais e culturais brasileiros.
É nesse sentido que procuraremos fazer a abordagem do gênero musical “Rap”.
Enquanto estilo, admitido em um espaço de reconfiguração musical, onde não apenas as
relações de estrutura da música devem ser admitidas: a melodia, a harmonia e o ritmo;
mas também as relações sociais e culturais da produção dessa forma de manifestação
artística plural.
Brazil (2007) faz uma breve retomada histórica abordando as diversas mudanças
do cenário brasileiro, principalmente em relação a inclusão do gênero musical rap, de
acordo com o autor “há vários exemplos de mestiçagem com os gêneros musicais
brasileiros. Desde os explosivos experimentos de Chico Science e Nação Zumbi,
mesclando maracatu, rock e rap, até citações de figuras reconhecidas da chamada MPB,
como Caetano, Chico, Luiz Melodia, Gil, Raul Seixas” (BRASIL, 2007, p.1).
Dessa forma, admitir as particularidades teóricas a respeito da música e sua
aplicabilidade no contexto escolar é também buscar elementos que a torne mais próxima
da nossa realidade; fazendo com que possamos não apenas introduzi-las no cotidiano da
escola, mas também compreendê-las em suas manifestações entre a juventude, entre
nossos educandos.
Metodologia:
Atividade expositiva e dialogada; implementação de práticas relacionadas a
música e a cultura juvenil como instrumentação didática para os participantes;
Procedimentos de abordagem metodológica: Apresentação da proposta da
oficina e dos objetivos; Levantamento dos conhecimentos do público sobre a
temática; desenvolvimento do conteúdo programático; exemplificação a partir da
música.
Conteúdo Programático:
Noções de juventude, Culturas juvenis, aspectos de identificação (formação de
identidade) a partir do gênero musical rap.
O Rap como estilo musical: Desmistificando a produção de valores a respeito da
compreensão popular das manifestações melódicas;
Notação e ritmo: como a estrutura musical se articula na produção dos sons?
A escola como espaço para intercambiar diferentes culturas
O uso do rap em sala de aula como alternativa pedagógica
Recursos:
Sala de aula com material multimídia, projetor de imagem, computador e equipamento
de som.
Referências
ANDRADE, Elaine Nunes de. (org) Rap e educação, rap é educação. São Paulo: Selo
Negro, 1999.
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