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Proposta de Preços Mínimos Safra 2013/2014 (Produtos da safra de verão) Volume II - Texto Completo

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Page 1: Proposta de Preços Mínimos

Proposta de Preços Mínimos Safra 2013/2014

(Produtos da safra de verão)

Volume II - Texto Completo

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS - SAFRA 2013/14

Produtos da safra de verão

Volume II – Texto Completo

SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DA OFERTA – SUGOF

Abril de 2013

Page 3: Proposta de Preços Mínimos

SUMÁRIO

Página

APRESENTAÇÃO 01

1 ALGODÃO BRANCO 04

2 ALGODÃO NATURALMENTE COLORIDO 18

3 AMENDOIM 28

4 ARROZ EM CASCA NATURAL 39

5 BORRACHA NATURAL (CULTIVADA) 53

6 CACAU AMÊNDOA 62

7 CARNAÚBA 73

8 FEIJÃO 83

9 JUTA/MALVA 97

10 MANDIOCA E SEUS DERIVADOS 107

11 MILHO EM GRÃOS E MILHO PIPOCA 124

12 SOJA 138

13 SORGO 149

Page 4: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS SAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

APRESENTAÇÃO

Em cumprimento ao que determina o Decreto-Lei nº 79, de 19 de dezembro

de 1966, modificado pela Lei nº 11.775, de 17 de setembro de 2008, e o Art. 5º do Decreto nº 99.944, de 26/12/1990, alterado pelo Decreto nº 6.407, de 24/03/2008, apresentamos a proposta de Preços Mínimos para os produtos de Safra de Verão 2013/14.

de verão que são objeto da fixação de preços mínimos no presente momento. São textos fundamentais para o entendimento dos cenários analisados pelos técnicos dos produtos e que dão sustentação às respectivas propostas.

Esta proposta sinteticamente tem como pano de fundo o momento de

pressão inflacionária, principalmente dos alimentos, que o país vivencia atualmente e de demanda aquecida para o milho e a soja, destinados ao mercado exterior, especialmente no abastecimento à China.

Outra questão relevante baseia-se na concentração da produção de

determinados produtos em regiões específicas (arroz no Sul e Milho no Sul e Mato Grosso) ou de variedades (feijão carioca) que podem comprometer a segurança do abastecimento interno, sendo, portanto, aconselhável, adotar algum meio de incentivo a mudanças nesse perfil. Assim, as análises dos preços mínimos dos produtos aqui ordenados trazem esses fatos, com seus textos devidamente explicitados.

Da mesma forma, conforme o disposto no Plano Plurianual de 2012-2015,

fundamentado pelos artigos 4º, incisos II e III, e 5º, inciso V, da Lei n.º 11.326, de 24 de julho de 2006, que institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, o Governo Federal pretende conceder um incentivo com preço de garantia diferenciado aos agentes responsáveis por considerável parcela da produção de alimentos no Brasil, uma vez que, segundo o senso agropecuário de 2006, a Agricultura Familiar representa 84% dos estabelecimentos rurais do Brasil; ocupa e fornece renda para 74% dos trabalhadores do campo; contribui com 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do arroz, 30% da carne bovina, além de 58% do leite produzido no país.

Desta feita, a proposta em tela representa mais um avanço do Governo

Federal a caminho do combate à miséria e do fim da fome. Assim, estarão amparados com o preço da Política de Garantia de preços da Agricultura Familiar (PGPM-af), que corresponderá ao valor do Preço Mínimo (PGPM), adicionados de 10% (dez por cento), os seguintes produtos da pauta agrícola: Algodão Naturalmente Colorido; Arroz; Carnaúba; Feijão; Juta/Malva; Mandioca e derivados; Milho e Sorgo.

De forma similar, no Art. 41 da Lei nº 12.651, de 25/05/2012, o Poder

Público é autorizado a instituir programas de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente para a promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável da agropecuária. Deste modo, trazemos à discussão a proposta de um bônus de 20%, adicional aos preços mínimos ora propostos, para os produtores que estiverem enquadrados nos termos dos Art. 4º e 12 da Lei anteriormente referida. Da mesma forma, entendemos que a aplicação desta medida deve ser escalonada, sendo que para os

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Esse compêndio traz os textos de análise de mercado dos produtos de safra

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produtores familiares a proposta é de 100% do bônus (resultando em adicional de 20%), para os produtores classificados entre 4 e 15 módulos fiscais teria direito a 60% do adicional (correspondendo a um ganho de 12%) e para os demais 20% (ganho de 4%). Para ter direito ao recebimento do valor adicional o produtor deverá comprovar sua situação mediante a apresentação de documentação formal devidamente avalizada por órgão com competência para tal.

Finalmente, e dentro do contexto formulado acima, espera-se que os argumentos

das propostas aqui apresentadas contribuam para o aumento da produção agrícola no Brasil, cumprindo com uma das atribuições do Poder Público que é a de equilibrar forças, proporcionando oportunidades diferenciadas a quem tem maior dificuldade em obtê-las, naturalmente.

Paulo Morceli Superintendência de Gestão da Oferta

Superintendente

Sílvio Isopo Porto Diretoria de Política Agrícola e Informações

Diretor

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

ALGODÃO BRANCO

Djalma Fernandes de Aquino

1 - INTRODUÇÃO

O estudo em questão, elaborado pela Companhia Nacional deAbastecimento – Conab será apresentado ao Ministério da Agricultura e Abastecimento –Mapa com a finalidade de subsidiar a proposta de preço mínimo do algodão, safra2013/14. Ressalta-se que a Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM éinstrumento essencial que orienta os produtores rurais em sua tomada de decisão sobreque produto e que superfície de área a ser plantada.

Esta proposição foi elaborada a partir de uma gama de indicadores demercado, destacados em sequência: a) - as perspectivas de mercado (oferta e demandamundial e do Brasil), b) - históricos de preços nacionais e internacionais (projeções depreços futuros), c) - custos de produção nas principais regiões produtoras do Brasil, d) -valores de paridades de exportação/importação, e) - tendências do comércio internacionale f) - os efeitos dos altos volumes de estoques mundiais de passagem acumulados nosúltimos dois anos, na formação dos preços do produto.

Considerando os vários tipos de fibras, de origem natural, artificial ousintética, a pluma do algodão destaca-se como a mais importante matéria-prima utilizadaem toda a cadeia têxtil do Brasil, um dos principais segmentos da indústria detransformação e, consequentemente, da economia do país. Neste sentido, dados doInstituto de Marketing Industrial LTDA – IEMI publicados no Relatório Brasil Têxtil 2012indicam que houve crescimento de 5,6% no número de empresas em atividade nossegmentos têxteis e confeccionados no país, passando de 30.901 unidades em 2010 para32.629 em 2011. Em termos de pessoal ocupado verificou-se decréscimo de 1,46%, jáque o setor empregava (de forma direta) um contingente de 1.669.388 pessoas em 2010contra 1.645.087 em 2011. A redução dos postos de trabalho, em grande parte, pode seratribuída à modernização das instalações das plantas industriais que são equipadas commaquinários de última geração, sendo que a maioria computadorizada e que atuam nalinha de produção efetuando trabalhos que antes eram processados pelo homem. Trata-se do segundo maior empregador da indústria de transformação do país, cujo faturamentono ano em referência foi da ordem de US$ 67,3 bilhões.

Vale ainda ressaltar que a participação da fibra de algodão no contexto geralda produção de fios que em 2011 totalizou 1.301.657 toneladas foi da ordem de 80,7%,Artificiais e sintéticas 15,0% e outras fibras naturais tais como juta, linho, rami, sisal, sedae lã, cerca de 3,2%. No segmento de tecelagem, 58,2% do fio utilizado na fabricação detecidos são de algodão, 38,3% de fios artificiais e sintéticos e 3,5% de fios oriundos deoutras fibras naturais. Por outro lado, no segmento de fabricação de malharia, 48,3% dofio utilizado é de algodão, 51,64% de fibras artificiais e sintéticas e 0,06% de outras fibrasnaturais.

Torna-se oportuno lembrar que a produção brasileira de algodão em plumados últimos anos tem sido suficiente para abastecer as necessidades de consumo daindústria têxtil nacional e ainda gerar excedentes que são comercializados no mercado deexportação.

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Espera-se que as informações constantes no presente trabalho possamsinalizar para a cadeia produtiva, e em especial aos produtores, perspectivas e cenáriopara o produto, durante a próxima temporada.

2 - PANORAMA INTERNACIONAL

2.1 – Mercado de Oferta e Demanda e Preços

Diferentemente de 2011, quando os primeiros três meses do ano foramevidenciados pela continuidade das espetaculares altas nas cotações da pluma nosmercados futuro e disponível, atingindo o valor máximo de US$ 230,11 Cents/Lbs (GráficoI) o início de 2012 foi marcado pela continuidade das constantes quedas dos preços quejá vinham ocorrendo já algum tempo, recuos estes motivados pelo descompasso entrevolumes de quantidades produzidas nos últimos três anos bem superiores às quantidadesdemandas pela indústria têxtil mundial, conforme ilustrado na Tabela I.

Em janeiro de 2012 o produto estava sendo comercializado no mercadofísico à razão de US$ 101,11 Cents/Lbs, e no encerramento do ano, portanto, emdezembro/12, a cotação já tinha recuado para US$ 83,37 Cents/Lbs, (queda de 17,55%no ano), refletindo a forte acumulação dos estoques mundiais de passagem estimadospelo International Cotton Advisory Committee – ICAC para o final do ano safra 2012/13(31/julho próximo) em uma quantidade recorde de 16.999 mil toneladas, contra umvolume de estoque inicial de 14.053 mil toneladas (Tabela I).

Não obstante à ocorrência de recuo dos preços no ano de 2012, valecontudo, ressaltar que a média de comercialização nos mercados físico US$ 89,25Cents/Lbs e futuro US$ 79,90 Cents/Lbs, no período em questaão ficaram acima dosvalores históricos que oscilam entre US$ 70,00/75,00 Cents/Lbs. Ou seja, em termos derentabilidade não foi um ano ruim para os produtores, mesmo considerando a elevaçãodos custos de produção ocorrida na maioria dos países produtores.

Em que pese o cenário atual apontar para: menor volume de safra em2013/14, incremento do consumo e redução nos estoques mundiais de passagem, asperspectivas de preços para a comercialização da safra 2013/14, ainda assim nãosinalizam para recuperações muito significativas (ver linha no Gráfico I). Neste sentido, ovalor médio dos contratos futuros negociados na Bolsa de Nova Iorque em 18/03/2013,com vencimento em julho/14, apresentou média de US$ 87,00 Cents/Lbs, ou seja,próxima do valor médio US$ 84,65 projetada pelo ICAC, para a comercialização da saframundial em curso (2012/13), conforme pode ser visualizado no Gráfico I e jáconsubstanciado na publicação COTTON THIS WEEK March 12, 2013 Page 2.

Segundo o ICAC, os números finais da produção mundial na safra 2012/13deverão ficar ao redor de 26.256 mil toneladas, indicando um expressivo recuo de 1.188mil toneladas em valores absolutos (ou 4,33% em termos percentuais) em relação aoperíodo de 2011/12, oportunidade em que foram produzidas 27.444 mil toneladas depluma.

Com relação ao consumo há que se comentar que aos poucos vão seconsolidando as projeções iniciais de uma demanda maior de matéria-prima em 2012/13,por parte das fiações mundiais, quando comparada ao ano anterior. Assim, para o atualano safra aquela entidade trabalha com uma perspectiva de demanda total de 23.310

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toneladas, representando em valores absolutos um acréscimo de 527 mil toneladas ou2,31% em valores percentuais.

Muito embora as estimativas de consumo da maioria dos países asiáticosapontem para crescimento no ano safra em curso (2012/13), fato que deverá levar amaiores importações já que alguns países simplesmente não cultivam algodão e outrosproduzem, mas não o suficiente para atender a demanda interna, o comércio mundial dealgodão (importação e exportação) deverá apresentar expressivo recuo 16,47% nastransações mundiais, passando de 9.934 mil toneladas em 2011/12, para algo em tornode 8,298 mil toneladas no corrente ano safra.

A China que é o maior player do mercado reduzirá suas importações emcerca de 51,33%, passando de 5.342 mil toneladas adquiridas em 2011/12 para 2.900 miltoneladas em 2012/13, período em que o estado vem atuando forte no mercado interno.Neste sentido, a China National Cotton Reserves Coporation – CNCRC até o mês defevereiro/13 já havia efetuado um volume de compras de reserva no mercado interno deaproximadamente 6,2 milhões de toneladas.

Não há a menor dúvida de que estas operações impactaram o mercadomundial de algodão, com um efeito negativo sobre os preços e volumes transacionados.Segundo o ICAC os países mais afetados no quesito das exportações são: Índia Brasil, eAustrália, cujas vendas no ano safra 2011/12 somaram, respectivamente, 2.410, 1.043, e1.010 mil toneladas e em 2012/13, segundo suas estimativas, reduzirá na mesma ordempara 878, 749 e 907 mil toneladas cada.

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Quanto à safra futura 2013/14, o ICAC já projeta uma significativa retraçãode área equivalente a 9,59%, que poderá totalizar algo próximo a 30,969 mil hectares,resultando em um volume de produção equivalente a 22.561 mil toneladas,aproximadamente. Em termos absolutos, o decréscimo de área estimada é de 3.285 milhectares e de 3.695 mil toneladas aproximadamente, em relação à área e ao montanteproduzido na safra anterior. A redução da área e da produção segundo o ICAC deveráocorrer, principalmente, nos Estados Unidos (redução de 952 mil hectares), cujo volumede produção será inferior em cerca de 1.169 mil toneladas, China 1.456 mil toneladas,Austrália 189 mil toneladas, Paquistão 141 mil toneladas, África 366 mil toneladas edemais países com aproximadamente 727 mil toneladas.

Como especificado, as maiores retrações na produção vão ocorrer na Chinae nos Estados Unidos, outras culturas mais rentáveis irão ocupar espaço do algodão,sendo que a preferência no caso dos produtores americanos é para a soja e o milho quese encontram com preços mais atrativos e já contabilizam grande volumes de produtosnegociados antecipadamente.

Com relação ao consumo o ICAC projeta novo crescimento para o ano safra2012/13, em que pese à persistência da crise na União Europeia, onde a taxa dedesemprego, segundo divulgado pela Your Key to European Statistics – Eurostat, em01/02/2013 foi de 11,7% em dezembro/12. Ainda, de acordo com aquela entidade, aGrécia tem a maior taxa de desemprego, ou seja, 26,4%, em seguida a Espanha com26,1% e em terceiro lugar Portugal com 16,5%. Contudo, a economia americana fechou oano de 2012 com crescimento do PIB em 2,3%, ante os 1,8% obtido em 2011.

Para 2013, o FMI em janeiro/2013 projetou uma leve redução, passandopara 2,0%. Com relação à economia mundial o FMI confirma que houve um retrocesso doPIB em 2012 da ordem de 0,7%, ficando estabelecido em 3,2%. No que diz respeito aoexercício de 2013 as mais recentes estimativas do Fundo Monetário Internacionalsinalizam com um leve crescimento de 3,5%. Em resumo, as projeções do ICAC queapontam para um crescimento modesto de 2,05% no consumo mundial de algodão para oano safra 2013/14 (23.787 mil toneladas), estando abaixo dos indicativos de crescimentoda economia mundial divulgado pelo Fundo Monetário Internacional.

China Índia e Paquistão, juntos deverão consumir no período em questãoem torno de 15.850 mil toneladas, o que em termos percentuais equivalem 65,98% dademanda mundial.

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O comércio internacional do algodão (importação/exportação), no ano safra2013/14 deverá expressar recuo de 4,41%, aproximadamente. O montante a sertransacionado está estimado em 7.932 mil toneladas contra 8.298 mil toneladasobservadas no ano safra anterior.

Os Estados Unidos com 2.333 mil t, Austrália 931 e a Índia com 813 mil t,pela ordem de grandeza são os países apontados pelo ICAC como prováveis maioresexportadores de pluma na temporada. Com relação às importações, os destaques aindapela ordem de grandeza são: China 2.049 mil t, Turquia 928 mil t, Bangladesh 844 mil t ePaquistão com aproximadamente 696 mil toneladas.

Quanto aos estoques de passagem a avaliação é de que, depois deacumular altas consecutivas nos últimos três anos, para a próxima temporada o ICACprojeta uma redução aproximada de 7,21%, passando de 16.999 para 15.772 miltoneladas no encerramento do ano safra 2013/14. Pela ordem natural era de se esperarque o mercado já estivesse sinalizando nas negociações dos contratos futuros, melhoresníveis de preços, contudo, a linha de preços constantes no Gráfico I mostra que nosúltimos meses o comportamento dos preços tem sido crescente.

Por trás disso há uma razão muito simples, embora as previsões indiquemque os estoques irão diminuir, mesmo assim o montante estimado é considerado pelomercado como muito elevado. Se ao final do período ficar confirmada a previsão acimamencionada, a relação estoque versus consumo será de 66,3%, a segunda maiorindicada no Gráfico II, portanto, muito acima da média histórica do mercado que gravitaentre 33% a 40%, ou seja, não tem muito espaço para altas muito vigorosas dos preços.

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3 – Panorama nacional

3.1 – Produção

Os números obtidos na 6ª pesquisa de campo realizada pela Conab noperíodo de 18 a 22 de fevereiro/13, relativa a safra 2012/13, revelam a concretização dasprevisões anteriores que estimavam forte queda na área e na produção de algodão para oano em curso. No atual levantamento a Conab estimou que a superfície de área a sercultivada será de 967,7 mil hectares, aproximadamente, representando um decréscimo de30,6% em relação à safra passada, oportunidade em que foram semeados 1.393,4 milhectares. Em valores absolutos se traduz em um retrocesso de 425,7 mil hectares.

Em função das adversidades climáticas (ausência de chuvas no início doplantio e precipitações excessivas em janeiro) verificadas na maioria das regiõesprodutoras acarretou atraso na colheita da soja precoce na maioria das regiõesprodutoras, e o plantio simultâneo do algodão 2ª safra nestas mesmas áreas, antesocupadas pela oleaginosa. Contudo, até fim do primeiro decêndio de março oscotonicultores estimam que os trabalhos de semeadura estarão integralmente concluídos.

Salvo problemas pontuais de falta e excesso de chuvas e ataques de pragasem algumas localidades, no geral pode-se dizer que a partir da normalização do clima nofinal de janeiro, as perspectivas dos produtores quanto à produção a ser alcançada estãonos parâmetros de normalidade, pois as lavouras são conduzidas com emprego de altatecnologia, fator importante que contribui para a obtenção de produtividades elevadas, ouseja, dentro do padrão planejado pela assistência técnica. Neste sentido, a produtividademédia esperada para a presente safra no Brasil é de 3.770 kg de algodão em caroço porhectare.

Com a atual superfície de área plantada e a produtividade de plumaestimada em 1.446 kg/ha, a produção de pluma foi avaliada em 1.400 mil toneladas,representando um decréscimo de 25,4% em relação as 1.877,3 mil toneladas produzidasna safra passada. Ver Tabela II. Quanto ao caroço de algodão a Conab avaliou que omontante a ser produzido irá totalizar algo em torno de 2.249,1 mil toneladas contra3.018,6 mil toneladas do período anterior.

Pensando em um futuro mais distante, ou seja, no cultivo da safra 2013/14,as indicações que se tem do mercado atualmente é que no primeiro momento não hámuito espaço para aumentos significativos da produção. Os atuais fundamentos domercado mundial têm como premissa um leve crescimento do consumo, redução dosestoques de passagem e uma retração mais significativa na produção mundial de pluma.Dessa forma, caso os produtores optem por aumento de área de cultivo e,consequentemente, da produção de algodão, esta preferencialmente deve ocorrer deforma moderada, mesmo porque a tendência natural é de que os tradicionaiscompradores de matéria-prima, tais como China entre outros países asiáticos, reduzamseus volumes de compras no futuro ano safra.

Diante do acima exposto, o mais provável é que a área a ser cultivada noBrasil em 2013/14 gravite em torno de 1.000/1.100 milhão de hectares e a produção entre1.450 e 1.600 mil toneladas de pluma, volume suficiente para atender as necessidades deconsumo da indústria de fiação nacional que giram em torno de 900 mil toneladas,exportar um excedente de aproximadamente 550 mil toneladas de pluma e por último,

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fazer uma recomposição dos estoques de passagem da ordem de 150 mil toneladasaproximadamente, elevando o montante no encerramento do ano civil de 2014 para algoem torno de 625 mil toneladas.

3.2 – Oferta e Demanda

Dada a sua autossuficiência, em 2012 o Brasil reduziu drasticamente aimportação de algodão em pluma. No período foram internalizadas apenas 3,5 miltoneladas de pluma a um custo US$ 10,7 milhões.

No tocante às exportações, o desempenho em 2012 foi simplesmenteespetacular, pois um novo recorde foi estabelecido. No encerramento do exercício aSecex contabilizou um volume total embarcado de 1.052,8 e um montante de receitaequivalente a US$ 2.104,4 milhões. Em relação aos números de 2011 ocorreramaumentos de 38,7% e 32,3%, respectivamente, na quantidade e no volume de receitaauferida.

Para o exercício de 2013 (Tabela III), constam projeções significativas deaumento das importações e recuo nas exportações. Todavia o número que causa maiorimpacto em sua composição é o da produção que recua para 1.399,8 mil toneladas anteas 1.877,3 mil toneladas produzidas em 2012. Neste sentido, o setor produtivo deixaráde disponibilizar para o mercado nada menos que 477,5 mil toneladas de pluma. Porconta disto os estoques de passagem deverão apresentar novo recuo fechando oexercício com 415,4 mil toneladas. A se confirmar este cenário, novamente as indústrias

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desta feita no primeiro semestre de 2014, terão que complementar suas necessidadesde consumo com novas importações.

Conforme se observa na Tabela IV, pela ordem de grandeza, os principaisadquirentes de pluma do Brasil foram: China, Coreia do Sul, Indonésia e Turquia quecompraram, respectivamente, 355.285, 148.648, 156.667 mil toneladas cada.

Ainda no contexto do comércio exterior destacam-se, também, pela ordemde grandeza os Estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás Maranhão e Mato Grosso do Sulque no ano de 2012 embarcaram os seguintes quantitativos de pluma: 553.691, 348.269,63.313 e 28.734 toneladas, reciprocamente. Para o ano civil de 2013, inicialmente aConab projeta um volume a ser exportado em torno de 665,0 mil toneladas.

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Page 14: Proposta de Preços Mínimos

O Gráfico IV ilustra a evolução mensal das quantidades de plumaexportadas pelo Brasil e dos respectivos preços médios, ocorridas no período 2006 a2012.

Devido à persistência e o alongamento da crise mundial notadamente nospaíses da União Europeia e Estados Unidos, cujos efeitos se estenderam para o resto domundo, inclusive no Brasil, o desempenho do consumo do algodão por parte da indústriatêxtil nacional ficou abaixo do que foi inicialmente estimado. Não se confirmaram asestimativas de crescimento do PIB para 2012, avaliadas pelo mercado financeiro em 3,3%e pelo Governo Federal em 4,0%. Por conseguinte a indústria têxtil também nãoconfirmou o consumo de 950 mil toneladas de pluma inicialmente estimado para o ano de2012. Dados ainda não oficiais levam a crer que a demanda da indústria ficou por volta de865 mil toneladas de pluma. Torna-se oportuno esclarecer que a consolidação definitivado número final de consumo de 2012 ocorrerá nos próximos meses.

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Quanto a 2013, algumas ações no âmbito federal foram adotadas com vistasa melhorar o desempenho da indústria têxtil do Brasil, sendo que algumas já entraram emvigor a partir do segundo semestre de 2012, mas seus efeitos deverão se fazer sentir deforma integral no decorrer de 2013. Eis as principais medidas1: a) – aprovação peloCongresso Nacional do projeto que unifica em 4% as alíquotas interestaduais do ICMSsobre produtos importados, a partir de janeiro de 2013, que acaba com as vantagensfiscais que alguns estados vinham dando às importações, b) - o governo ampliou de 8%para 20% a margem de preferência nas suas compras, em favor dos fornecedoresbrasileiros, c) – a indústria têxtil e de confecção foi inclusa no Plano Brasil Maior comvistas à desoneração da folha de pagamento e aumento do prazo de pagamento doPIS/Cofins e d) – Linhas de crédito como Revitaliza e PSI receberam aportes maiores,disponibilizando taxas menores e alongamento do prazo de financiamento.

O setor têxtil espera que com a adoção destas medidas este se torne maiscompetitivo diante da concorrência internacional e assim podendo retornar à linha decrescimento e, consequentemente, do aumento do consumo da matéria-prima em 2013que no momento está estimado em 887 mil toneladas.

Produtores e Traders tiveram motivos de sobra para comemorar oexcelente desempenho das exportações brasileiras de algodão no ano de 2012. Omesmo não pode ser dito em favor da indústria têxtil que ficou com uma disponibilidadede produto menor (cerca de 484,7 mil toneladas em dezembro/12 contra 521,7 miltoneladas em dezembro/11) para trabalhar no período de entressafra (janeiro a maio),abrindo a possibilidade de ter que recorrer ao mercado externo ainda no primeirosemestre de 2013 para efetuar compras de matéria-prima a preços elevados já que osvalores de paridade de importação mostram-se superiores aos preços decomercialização no mercado interno, conforme pode ser observado na Tabela VI.

3.3 – Preços

3.3.1 - Algodão em Caroço A participação do pequeno produtor no processo de produção e

comercialização do algodão é bastante reduzida, para não dizer marginal. Prevê-se queo volume de algodão em caroço comercializado por essa faixa de agricultor na correntesafra deverá representar não mais que 1% do montante a ser produzido, cujo volumeatualmente estimado é de 3.648,9 mil toneladas. Neste segmento, o nível deorganização praticamente inexiste. Os produtores são dispersos e apenas uma minoria évinculada à organização cooperativista, tendo dificuldade em vender a produção equando vendem, normalmente recebem preços inferiores ao mínimo estabelecido peloGoverno Federal.

Entre março de 2012 a fevereiro/13 o preço médio de venda do algodão emcaroço nos Estados de Minas Gerais ficou em R$ 17,75, na Região Sul do Mato Grossodo Sul R$ 15,73, Paraíba R$ 19,50 e Rio Grande do Norte 21,00. A média geralobservada nos principais Estados que comercializam o produto totalizou R$ 18,52/@,valor este acima 18,72% do Preço Mínimo estabelecido em R$ 15,60/@. A cotaçãomédia observada no período de 01 a 15/03/2013 foi de R$ 18,94/@.

Para o ano de 2013 os indicadores dos preços de pluma apontam para umatendência de valores estáveis a levemente superiores aos observados em 2012. Assim,

1 DINIZ FILHO, Aguinaldo. Cotonicultura é uma base sólida da cadeia produtiva. In: ABRAPA. Relatório de Gestão,Biênio 2011-2012, p. 46.

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Page 16: Proposta de Preços Mínimos

também deverá se comportar o mercado de algodão em caroço, que tem ligação diretacom o mercado de pluma.

3.3.2 – Algodão em Pluma

No decorrer de 2012 os preços do algodão tiveram três momentos distintos.O primeiro foi em janeiro quando a cotação média do índice Cepea/Esalq encerrou emalta alcançando o patamar de R$ 56,61/@, motivada pela forte demanda por parte daindústria de fiação que retornava do período de férias e sua disponibilidade de estoquecomo é normal neste período do ano, encontrava-se baixa. Neste momento entraram emação seus compradores gerando uma situação de demanda superior às quantidadesofertadas. A reação natural do mercado a esse tipo de ação foi de elevação dos preços.

Diante da perspectiva de colheita de uma safra recorde no Brasil e aumentoda produção e dos estoques mundiais de passagem, as cotações começaram a declinar apartir de fevereiro/12, atingindo o menor valor em junho/12, oportunidade em que o preçomédio de negociação ficou estabelecido em R$ 49,99/@.

O terceiro momento foi caracterizado por problemas de naturezadiversificada. Os mais importantes estão citados na sequencia: o primeiro foi de ordemclimática, mais precisamente na Região Centro-Oeste, onde as precipitaçõespluviométricas atípicas em excesso a partir da segunda quinzena de junho prejudicaramas lavouras de algodão 1ª safra, que já estavam em processo de abertura das maçãs,provocando perdas quantiqualitativas da pluma no primeiro terço da planta (maisconhecido como algodão do baixeiro). O Estado do Mato Grosso foi o mais afetado, poroutro lado às lavouras de algodão de segunda safra foram muito beneficiadas com aschuvas, fato que propiciou, no momento da colheita, (agosto e início de setembro) aobtenção de produtividades acima do esperado. A continuidade das chuvas no mês dejulho provocou mais perdas, e contribuiu para o atraso na colheita e em sequência nobeneficiamento da pluma. Na Bahia, segundo maior produtor nacional, o déficit hídricoimpôs uma perda de 30% na produção.

Diante destes fatos os produtores, na medida em que iam colhendo ebeneficiando a produção, passaram a priorizar a entrega do algodão vendidoantecipadamente (a questão era honrar contratos) sendo que a maioria do produto eradestinada ao mercado de exportação. Assim, a oferta de produto disponível para omercado interno, que era formada por produto de baixa qualidade, já que os de tiposuperiores estavam atreladas aos contratos de vendas antecipadas, ia ficando restrita.

Em decorrência do que foi relatado nos dois últimos parágrafos, o mercadoque vinha operando em baixa inverteu a tendência, de forma que em setembro o valormédio de comercialização situou-se em R$ 54,63/@. Nos dois meses subsequentes ospreços recuaram, mas em dezembro os produtores de olho nos valores de paridade deimportação que já se mostravam superiores aos preços de comercialização no mercadointerno, mostraram pouco interesse na venda do produto, preferindo vende-lo no períodode entressafra, ou seja, a partir de janeiro quando as indústrias retornassem as suasatividades. A estratégia revelou-se acertada, resultando em novos aumentos de preços apartir de dezembro prolongando até fevereiro quando a média totalizou R$ 61,00/@,conforme indicado no Gráfico IV.

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Page 17: Proposta de Preços Mínimos

Com relação ao ano de 2013, a propensão é de que com as novas medidasadotadas pelo Governo para o setor têxtil haja uma maior demanda pelo produto noprimeiro semestre.

Se assim ocorrer, a quantidade de pluma disponível não será suficiente paraatender a demanda total do mercado interno (consumo + Exportação). Neste caso, asindústrias como primeira opção terão que recorrer a importações complementares.Contudo, estas importações poderão não acontecer tendo em vistas que boa parte doscontratos de exportação que estão em vias de serem embarcados para o mercadoexterno (contratos flex) no primeiro semestre, pode ser revertida para o mercado interno,mas para que isso aconteça as indústrias terão que pagar mais pelo produto e nestecaso, a referência de preço é dada pela paridade de importação, cujos valores mostram-se superiores aos preços de comercialização, no mercado interno.

Em resumo, para este primeiro semestre a tendência é de que os preçosinternos se mantenham em elevação e para o segundo semestre não há outra alternativaa não ser seguir as tendências do mercado externo, explicitadas no gráfico I, pois muitassurpresas irão ocorrer neste mercado de algodão.

4 - Ações governamentais

No ano de 2012 a comercialização do algodão ocorreu em níveis sempreacima do Preço Mínimo, razão pela qual o Governo Federal não foi chamado a intervir nomercado. Para o ano de 2013 também não se trabalha com a hipótese de atuação doGoverno, uma vez que os atuais fundamentos de mercado (menor produção interna,combinada com consumo levemente em alta e no âmbito externo, tem-se uma

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Page 18: Proposta de Preços Mínimos

perspectiva de menor volume da produção mundial, leve redução dos estoques depassagem embora seja considerado bastante elevado, e ligeiro aumento do consumo)dão a entender que os preços de comercialização da pluma deverão, pelo segundo anoconsecutivo, continuar gravitando na faixa de R$ 50,00/60,00@, valores estes superioresao Preço Mínimo Governamental vigente, que é de 44,60@.

5 - Proposta de preço mínimo

Os preços mínimos a serem fixados pelo Governo Federal para a cultura doalgodão devem estimular o setor no sentido de sinalizar a comercialização e apoiar aprodução que mantém e gera novos empregos no campo e nos demais elos da cadeia,propiciando o incremento da renda e excedentes exportáveis, beneficiando, inclusive, odesempenho da balança comercial.

Para a elaboração desta proposta foram levados em consideração osseguintes indicadores econômicos consubstanciados na Tabela VII:

a) Custo de produção variável levantado pela Conab em janeiro de 2013, no MT, MS,GO e BA, que resultou no valor de R$ 19,18/@ para o algodão em caroço e R$50,47/@ equivalentes em pluma, indicando incrementos de 8,36% e 9,72%,quando comparado aos valores de janeiro/2012;

b) Média anual de Mar/12 a Fev/2013 dos preços do algodão em caroço, pagos aosprodutores de MG, MS PB, e RN, R$ 18,52/@; e preço atual, média de 01 a15/03/2013, do algodão em caroço nas mesmas localidades, R$ 18,94/@;

c) Média anual de 2012 dos preços do caroço de algodão pago aos produtores daBahia e Mato grosso R$ 5,80/@ e preço atual, média de janeiro/13 R$ 7,23/@.

d) Preço do algodão em pluma recebido pelo produtor em Mato Grosso (média anual,Mar/12 a Fev/2013 R$ 46,88/@ e média atual, de 01 a 18/03/1203 no valor de R$51,59,32/@;

e) Preço no atacado para o produto posto no pátio da indústria de fiação em SãoPaulo, média anual Mar/12 a Fev/2013 de R$ 53,14/@ e, média atual de 01 a18/03/2013R$ 66,03/@ (índice Esalq);

f) Paridade de importação para o produto colocado CIF indústria em São Paulo novalor de R$ 70,45/@) e CIF região de produção no Mato Grosso, R$ 63,62/@ paraoperações em regime de drawback, com base no preço futuro de Nova Iorque, dodia 18/03/2013, cujo valor médio apurado nas negociações de contratos, comvencimentos previstos para julho/2014 foi de US 87,00 Cents/Lbs. Vale ressaltarque o valor do custo do produto colocado CIF indústria em São Paulo é 6,73%superior ao valor atual de comercialização no mercado interno.

g) Paridade de exportação FOB navio em Paranaguá – PR R$ 57,37/@ e FOBprodutor no Mato Grosso R$ 50,58/@, com base no preço futuro de Nova Iorque dodia 18/03/2013, cujo valor médio apurado nas negociações de contratos comvencimentos previstos em julho/2014 foi de US 87,00 Cents/Lbs.

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h) Taxa de câmbio estimada para cálculo dos valores de paridades de exportação eimportação para o ano safra 2013/14 igual a R$ 2,06/US$.

Na última década foram notórios os avanços conquistados pela cotoniculturanacional tendo em visto o emprego de alta tecnologia no sistema de produção, fato quepropiciou a obtenção de melhores níveis de produtividade ao mesmo tempo em queajudou a neutralizar boa parte dos aumentos dos custos de produção que vinham seacumulando no decorrer do tempo. Contudo, nos últimos dois anos foram notórios osaumentos dos custos de produção que vêm sendo acompanhados pela Conab enecessitam ser incorporados ao Preço Mínimo de Garantia do Governo Federal.

Diante desses fatos a opção técnica indicada com vistas a corrigir adisparidade entre custos de produção e preço mínimo governamental é de que os atuaisPreços Mínimos em vigor do algodão em caroço, do algodão em pluma e do caroço dealgodão (R$ 15,60/@, R$ 44,60/@ e R$ 2,57/@) sejam reajustados para a próxima safra2013/14, obedecendo aos seguintes valores: R$ 19,20/@, R$ 50,58/@ e R$ 3,15/@.

Havendo interesse do governo em dar um maior incentivo a cultura já quenos últimos anos ela tem apresentado um excelente desempenho no contexto daagricultura brasileira, e em especial na participação das exportações de produtosagrícolas nos últimos anos com destaque especial para o ano de 2012, oportunidade em

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que foi gerado um volume de receita da ordem de US$ 2.104 milhões, com a exportaçãode 1.053 mil toneladas de pluma (recorde absoluto), sugere-se neste caso que sejaaplicado ao preço do algodão em pluma o mesmo percentual de aumento proposto para oalgodão em caroço, ou seja, 23,08%. A adoção dessa medida resultaria em um novopatamar de preço mínimo a vigorar na próxima safra que passaria a ser de R$ 54,90/@/pluma, ficando, ainda assim, abaixo dos valores de paridade de exportação e deimportação respectivamente FOB navio e CIF Indústria em São Paulo.

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Page 21: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS SAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

ALGODÃO NATURALMENTE COLORIDO

Djalma Fernandes de Aquino

1 - APRESENTAÇÃO

O estudo em questão, elaborado pela Companhia Nacional de

Abastecimento – Conab será apresentado aos Ministérios da Agricultura e Abastecimento – Mapa e Desenvolvimento Agrário - MDA com a finalidade de subsidiar a proposta de preço mínimo do Algodão naturalmente colorido - ANC (produzido fundamentalmente por pequenos agricultores da Região Nordeste do Brasil) com vistas à sua inserção na Política de Garantia de Preços Mínimos - PGPM.

A partir do ano 2000 a Empresa brasileira de Pesquisa agropecuária –

Embrapa deu início ao lançamento de cinco variedades de sementes (BRS Marrom em 2000, BRS Verde em 2003 e em 2005 as variedades BRS Rubi e a Safira) que foram, sobretudo, desenvolvidas para cultivo de forma comercial nos Estados da Região Nordeste, objetivando a geração de renda e melhoria das condições de vida dos agricultores familiares que vivem no semiárido e que contam com poucas opções de produto que podem ser cultivados em condições mínimas de precipitações pluviométricas.

Vale ressaltar que o algodão naturalmente colorido enquadra-se na

categoria dos produtos ecologicamente corretos e socialmente justos sendo, portanto, qualificado como produto sustentável, pois, dispensa qualquer tipo de tingimento químico (não poluindo o meio ambiente) propicia a economia de 70% da água que normalmente é consumida no processo convencional de fabricação de tecidos e malhas, a partir do algodão branco.

Observa-se, na sequência abaixo, fotos ilustrativas das variedades do

algodão colorido desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa do Algodão – CNPA da Embrapa.

BRS 200 Marrom (Foto copiada do Site Embrapa Algodão)

As fibras dessa variedade (cultivar) são de cor marrom-clara e é resultado do melhoramento de plantas selvagens encontradas no interior do Nordeste. Por isso é ideal para serem plantadas no Sertão e Seridó nordestino.

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BRS Verde (Foto copiada do Site Embrapa Algodão)

Variedade de fibra verde resultante do melhoramento de algodão estrangeiro de cor verde com uma variedade de fibra branca criada pela Embrapa Algodão.

BRS Rubi (Foto copiada do Site Embrapa Algodão)

A BRS Rubi é uma variedade que possui cor marrom-escura ou avermelhada. Ela é o resultado do cruzamento de plantas de fibra marrom-escura estrangeiras com plantas de fibra branca.

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Page 23: Proposta de Preços Mínimos

BRS Safira (Foto copiada do Site Embrapa Algodão)

A variedade BRS Safira é de cor marrom-escura ou avermelhada. É resultado do cruzamento entre algodão estrangeiro de fibra marrom-escura com algodão de fibra branca.

BRS Topázio (Foto copiada do Site Embrapa Algodão)

A BRS Topázio é uma variedade de fibra marrom-clara, derivada do cruzamento entre plantas estrangeiras de cor marrom com plantas de fibra branca. Por ter fibras fortes é considerada a melhor variedade de fibra colorida criada pela Embrapa Algodão.

Texto: Geraldo dos Santos Oliveira e Jany Cardoso

Arte: Sérgio Cobel e Flávio Torres

Fotos: Isaias Alves; Eleusio Curvelo Freire, Flávio Torres, Sérgio Cobel e Felipe Guimarães

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Page 24: Proposta de Preços Mínimos

2 – INTRODUÇÃO

O Algodão Naturalmente Colorido foi apresentado ao mundo pela presidente Dilma Russef por ocasião da abertura da Conferência Rio+20, que aconteceu no período de 13/06 a 22/06/2012, na cidade do Rio de Janeiro. Na oportunidade a Senhora Presidente considerou que a sustentabilidade é um dos eixos centrais de concepção do desenvolvimento brasileiro, e que o nosso país é a favor de uma transformação que combine três critérios básicos: incluir, conservar e crescer.

Neste Sentido, busca-se garantir os benefícios da Política de Garantia de

Preços Mínimos - PGPM para os pequenos agricultores, visando proporcionar-lhes melhorias das condições de vidas e sua permanência no campo conforme preconizado no Parágrafo III do Artigo 3º Decreto nº 6.040, de 07/02/2007, que diz o seguinte sobre o Desenvolvimento Sustentável: “III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras”. Vale ressaltar que o modal de área cultivada com o ANC nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte oscila entre dois a quatro hectares/família, aproximadamente, enquadrando-se na categoria de agricultura familiar sendo, portanto, beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf. 2 – Produção

Não há registros oficiais de dados sobre a superfície de área cultivada, produção e produtividade de ANC, contudo, informações levantadas de forma empírica pela Embrapa Algodão de Campina Grande-PB revelam uma série histórica de área cultivada no Estado da Paraíba a partir do ano 2002 quando foram semeados inicialmente cerca de 55 hectares. Nos dois anos subsequentes, em função do apoio recebido de órgãos Federais e estaduais, sobretudo no campo da pesquisa e da assistência técnica e, mais ainda, da crescente demanda pelo produto que era comercializado a preços remuneradores, a área plantada atingiu seu pico máximo em torno de 1.814 hectares. Ver gráfico I.

No plantio da safra 2004 os produtores receberam sinalização de que os

preços de comercialização do algodão em caroço continuariam estimulantes, superando, inclusive, a cotação do algodão branco. Em resposta o produtor correspondeu com um forte aumento de área (ver gráfico I) e, consequentemente, de produção já que boa parte das sementes foi distribuída sem custo pelo Governo do Estado e as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento da cultura. Por ocasião da comercialização os agricultores não conseguiram vender a produção a preços remuneradores, ou seja, a promessa de compra em patamares de preços estimulantes não foi cumprida e os produtores, dentro da sua pouca ou nenhuma capacidade financeira, tiveram que bancar os prejuízos vez que o preço de comercialização ficou em grau muito inferior ao do custo de produção.

A soma destes fatores, aliada a ausência de políticas governamentais

garantidoras de rendas por parte dos governos estadual e federal, acabou provocando forte desestímulo nos produtores que nos anos seguintes reduziram, drasticamente, o cultivo desse tipo de algodão no Estado da Paraíba, passando a oscilar entre 500 e 300 hectares, em média. Em 2011 e 2012 devido à falta de chuvas a redução foi ainda mais

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Page 25: Proposta de Preços Mínimos

drástica, conforme pode ser constatado no Gráfico I. Atualmente, boa parte dos produtores só planta mediante assinatura de contrato de compra firmado antecipadamente, com os promitentes compradores.

Os produtores e os agentes da cadeia do ANC esperam que a partir da inserção do produto na PGPM possam ter acesso aos instrumentos por esta disponibilizados, seja na concessão de financiamentos para comercialização do produto (EGF) ou nas operações levadas a efeito pela Conab que dispõe de vários instrumentos de intervenção no mercado no momento em que o produtor mais precisa, ou seja, quando os preços de mercado gravitam abaixo do Preço Mínimo Governamental.

Cabe ressaltar que a Conab tem uma longínqua tradição de operação na

Região Nordeste, seja com a PGPM ao longo das últimas décadas, seja no PAA, nestes últimos dez anos; é, portanto, um órgão federal que desfruta uma forte relação de confiança junto à população da região. 3 - Comportamento do mercado

O lançamento no mercado de sementes de algodão naturalmente colorido pela Embrapa, no ano de 2002, produto desenvolvido especialmente para a região do semiárido do nordeste, despertou inicialmente grande interesse em todos os elos da cadeia, movimentando os setores de produção, de beneficiamento/processamento da pluma, das pequenas fiações e tecelagens, pequenos fabricantes de confecções e artefatos, artesanatos e acessórios de moda.

Informações coletadas na região indicam que a demanda atual pelo produto é pequena, cerca de 300 toneladas de pluma/ano que equivalem a uma área de cultivo de

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Page 26: Proposta de Preços Mínimos

aproximadamente 800 hectares com produtividade média de 1.100/1.200 kg de algodão em caroço/ha e rendimento médio de pluma em torno de 32,5%.

Todavia a propensão natural é a de que havendo regularidade na oferta do

produto, a expansão do consumo da pluma e dos subprodutos tende a crescer, tanto no mercado interno como no externo. Pequenos empresários dos setores de beneficiamento e de confecção relataram que por várias ocasiões deixaram de realizar negócios com entrega agendada em razão da iminente falta do produto e também da insegurança causada pela descontinuada oferta da matéria-prima.

O algodão naturalmente colorido constitui-se em uma excelente opção de

complemento de renda para os agricultores familiares da Região Nordeste onde as alternativas de produtos disponíveis e adaptados às condições de clima da região com vistas ao cultivo são por demais restritos, limitando-se, basicamente, às culturas do feijão, milho e mandioca, isso quando há condições mínimas de precipitações pluviométricas.

Em função da diminuta produção há uma natural dificuldade de se obter

dados históricos confiáveis sobre os números de área plantada, produção, produtividade e preços de comercialização do produto. Na verdade o algodão colorido é um nicho de mercado e como tal tem um histórico de preço que em um primeiro momento pode ser avaliado como estimulantes uma vez que apresenta desempenho sempre crescente, conforme pode ser observado no Gráfico II.

Em que pese os valores dos custos de produção para ambos os produtos

serem muito próximos, uma vez que o item que mais pesa na composição é a mão de obra, representando cerca de 70% do custo variável de produção, a cotação do ANC saiu de um patamar inicial de R$ 1,00/kg de algodão em caroço no ano de 2002 para R$ 2,35/@ aproximadamente em 2012, indicando, por conseguinte, um crescimento de 135%.

No mesmo período o valor de comercialização do algodão branco situou-se

em R$ 0,72 e R$ 1,32/kg, o que em termos percentuais representa um crescimento da ordem de 73% e um diferencial de preços a maior em favor do algodão colorido em relação ao branco de 39% e 78%, respectivamente. Para o ano de 2013, a Cooperativa Campal de Patos-PB e a AIVEST já fixaram de forma antecipada preços de compra do algodão colorido em torno de R$ 2,50 e 2,70kg, respectivamente. No caso do algodão orgânico a proposta da AIVEST é de R$ 3,10/kg.

Em 2012 os preços do algodão naturalmente colorido em pluma, produzido

de forma convencional foram comercializados no interior do Estado da Paraíba à razão de R$ 7,50/kg e o orgânico a R$ 8,50/kg, verificando-se, portanto, um ágio por volta de 13,3%.

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3.1 – Situação Atual da Cadeia Produtiva do Algodão Naturalmente Colorido na Paraíba. Conforme consta no Relatório de Situação da Cadeia Produtiva de Algodão Colorida da Paraíba, elaborado pela Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba – AIVEST e a Embrapa Algodão, em dezembro/2012, a cadeia conta com os seguintes segmentos de transformação: Organização dos Produtores de algodão

De forma organizada existe a Associação dos Plantadores de Algodão de Santa Helena, com atuação no entorno dos municípios de São João do Rio do Peixe e Poço José de moura todos na Paraíba. Referida entidade congrega cerca de cinquenta produtores. No município de Juarez Távora – PB mais precisamente no Assentamento Margarida Maria Alves I, existem cerca de dezesseis famílias que cultivam o algodão colorido. Usinas de Beneficiamento

O setor conta duas usinas de beneficiamento/processamento de algodão, que trabalha com o ANC oriundo da agricultura familiar. A primeira é a da Cooperativa Agrícola Mista de Patos – CAMPAL localizada na cidade de Patos-PB que recebe algodão produzido na Paraíba e de Estados vizinhos, tais como o Ceará, Rio G. do Norte e Pernambuco. A segunda trata-se de uma mini usina (existem outras similares espalhadas por várias localidades da Região Nordeste, não operantes) que foi desenvolvida e instalada pela Embrapa algodão no assentamento rural denominado Margarida Maria Alves, localizado no município de Juarez Távora – PB.

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Page 28: Proposta de Preços Mínimos

Fiação

Para a fabricação de fios existem na Paraíba muitas empresas neste ramo de atividade, entretanto, o fio de algodão naturalmente colorido é fabricado em uma única fiação, a Têxtil Everst S/A que tem capacidade de produzir 120 toneladas/mês ou 4 toneladas de fio/dia. As demais só mostram interesse em produção a partir de 20 toneladas/dia, menos do que isto alegam ser inviável economicamente. Tecelagens No interior do estado existem vários tipos de pequenas tecelagens de tecido plano:

a) tecelagens de tecidos planos em que se fabricam tecidos em teares manuais, com

alta agregação de valor às peças finais, porém com uma produção limitada a 100

metros de tecido/dia.

b) tecelagens que fabricam tecidos de rede, a maior delas (Redes Santa Luzia) que

alcança a produção de 2 toneladas/mês, além de artigos de decoração.

c) tecelagem de malha ou malharia Unitêxtil – Ind. Têxtil que fabrica, segundo seu

proprietário, 5 toneladas de malha/dia.

Pequenos Fabricantes de Confecções e Artefatos

Nesta categoria o estado conta com duas associações de confeccionista, a

AIVEST e ACNAP, juntas elas congregam vinte e duas microempresas localizadas nos

entornos de João Pessoa - PB e Campina grande – PB. O número de pessoas ocupadas

diretamente nas diversas atividades (Costureiras, bordadeiras, rendeiras, varandeiras,

crocheteiras, bonequeiras, estilistas, produtores de moda, artesãos de redes, tecelões e

profissionais de fiação) é na atual conjuntura estimado em aproximadamente 130

pessoas. De forma indireta são cerca de 600 pessoas que desenvolvem trabalhos com

vistas a atender a demanda destas associações.

Vale ressaltar que, esta é a pior situação vivenciada pela cadeia do ANC da

Paraíba nos últimos sete anos, uma vez que sua movimentação encontra-se reduzida a

cerca de 10% do seu potencial, segundo avaliação dos micro empresários ligados ao

setor. Embora em menores proporções esse mesmo diagnóstico se aplica aos Estados

vizinhos (Alagoas, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte entre outros) que também

desenvolvem trabalhos semelhantes.

4 – Custos de produção Para a elaboração dos custos de produção, foram indicadas algumas regiões emblemáticas de produção de algodão colorido nos estados nordestinos. Dentre as opções apresentadas, a Conab realizou o levantamento nos municípios de São João do Rio do Peixe, localizado próximo à divisa com o Ceará e no município de Juarez Távora, situado entre Campina Grande e João Pessoa-PB. Complementarmente foram realizados paineis para obtenção dos coeficientes técnicos objetivando a apuração final do valor do custo de produção. Nestas reuniões participaram produtores rurais, técnicos representantes da Emater, Embrapa, Secretaria de Agricultura Municipal e Conab.

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Page 29: Proposta de Preços Mínimos

Os resultados finais obtidos nos paineis dos custos de produção apontaram

para os seguintes valores: 1 - São João do Rio do Peixe – cerca de 70% da área é cultivada na modalidade convencional-sequeiro onde os produtores obtêm produtividade média de 1.1150kg/ha e têm um custo de produção estimado em R$ 2,76/kg de algodão em caroço. Quanto ao algodão irrigado que representa 30% da área de cultivo e os produtores colhem em média 2.600kg/ga, o custo apurado foi de R$ 1,98/kg. Fazendo a ponderação chegou-se a um custo médio de R$ 2,38/kg. 2 – Juarez Távora (Assentamento Margarida Maria Alves I) onde é produzido algodão orgânico em sistema de plantio de sequeiro que permite a obtenção de 1.200kg/há. O custo variável de produção apurado foi de R$ 2,26/kg de algodão em caroço. 5 – Proposta de preço mínimo

Sob o ponto de vista da importância econômica a cadeia do algodão naturalmente colorido pode ser considerada como muito pequena, principalmente se comparada com a cadeia do algodão branco. Contudo, analisando pelo enfoque socioeconômico esta já desenvolve um importante papel em determinados Estados da Região Nordeste, podendo, após, sua inserção na PGPM tornar-se vital, pois, estimulada corresponderá com incremento na produção, na geração de milhares de empregos diretos e indiretos e consequente aumento da massa salarial que vai beneficiar a economia em nível municipal, estadual e regional.

A presente proposição tem como indicadores referenciais os preços

recebidos pelos produtores, ao longo dos últimos anos, mas, sobretudo, os custos de produção levantados pela Conab em Fevereiro/2013, cujo valor médio apurado foi de R$ 2,32/kg ou R$ 34,80/@ de algodão em caroço, conforme pode ser observado na tabela I.

Diante deste cenário, a proposição técnica é de que para o próximo ano

safra 2014 sejam fixados para a Região Nordeste (Exceto para Bahia Sul, Sul do Maranhão e Sul do Piauí) os seguintes valores de Preços Mínimos: a) - algodão em caroço naturalmente colorido, algodão em pluma naturalmente colorido e caroço de algodão naturalmente colorido, R$ 34,80/@, b) – algodão em pluma naturalmente colorido 107,10@ e c) – caroço de algodão naturalmente colorido R$ 5,82@.

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6 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA. Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa de Algodão - ISSN 0103-0205 Dezembro 2008 Documentos 204 Cultivo do Algodão Colorido Orgânico na Região Semi-Árida do Nordeste Brasileiro Vicente de Paula Queiroga, Luiz Paulo de Carvalho,

Gleibson Dionízio Cardoso Campina Grande, PB - 2008. EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Conheça a história do algodão colorido http://ccw.sct.embrapa.br/?pg=bloguinho_default&codigo=146 site acessado em 03/03/2013. FGV (Fundação Getúlio Vargas – GV Pesquisa). Projeto Conexão Local II – Projeto de Fortalecimento da Cadeia Produtiva do Algodão Colorido Campina Grande Gabriela Picciotto e Marília Cavalho Shewcheko – 2006. V CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODÃO (ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO DE FIBRAS COLORIDAS SOB-REGIME DE IRRIGAÇÃO, NO ESTADO DA PARAÍBA. Joffre Kouri (Embrapa Algodão / [email protected]), Luiz Paulo de Carvalho (Embrapa Algodão), Demóstenes Marcos Pedrosa de Azevedo (Embrapa Algodão), Sebastião Lemos de Sousa (Embrapa Algodão). NOTA TÉCNICA EXPERIÊNCIA SOBRE A PRODUÇÃO DE ALGODÃO DE FIBRA COLORIDA POR DUAS COOPERATIVAS DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL Vicente De Paula Queiroga*, Jeane Ferreira Jerônimo* e Jesús Ávila Meleán** *Pesquisadores. Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, Campina Grande, Brasil. **Pesquisador. INIA Portuguesa. Venezuela. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected] - Agronomía Trop. 60(3): 295-304. 2010

Algodão colorido é apresentado por Dilma no Rio +20 para chefes de Estado do

mundo inteiro Por Patos TV – 15/06/2012Publicado em: Nacionais

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

AMENDOIM

Nilva Claro Costa

1 - Introdução

A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) constitui-se em um dosinstrumentos de Política Agrícola e visa orientar a tomada de decisão dos produtores.

Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de subsidiar a proposta depreço mínimo para o amendoim, safra 2013/14, no qual constam informações do MercadoInternacional a exemplo do quadro de oferta e demanda mundial e dos principais paísesprodutores e preços internacionais de óleo de amendoim em Rotterdam e nos EstadosUnidos.

Para o Mercado Interno constam informações da evolução da produçãonacional, principais estados produtores, custo de produção, preços recebidos e evoluçãodas exportações do complexo de amendoim, com o objetivo de apresentar o panorama dosetor de forma que a presente proposta de preço mínimo mantenha a coerência como oconjunto de variáveis analisadas no curso do trabalho.

2 – Panorama Internacional

2.1 - Suprimento Mundial

A Produção Mundial de Amendoim, para a safra 2012/13, está estimada em36,7 milhões de t, enquanto o consumo mundial está estimado em 35,4 milhões de t. Asexportações mundiais estão estimadas em cerca de 2,6 milhões de t, enquanto osestoques finais devem situar-se em torno de 2,2 milhões de t.

O Amendoim não está classificado no âmbito do grupo das commodities1 oque torna consumo e preços do produto mais sensíveis aos choques de oferta uma vezque são muito baixos os níveis dos estoques finais.

Dessa forma, observa-se que a produção e o consumo de amendoimapresentam comportamento bem ajustado, especialmente quando comparada à médiaque compreende o período 2008/2009 à 2012/2013, ou seja, verifica-se uma produçãomédia de 35,4 milhões de t, frente a um consumo médio do período 34,6 milhões de t,sugerindo que a produção direciona o consumo, de modo que alterações de patamaresna produção (tanto para mais quanto para menos) em um dado período têmconsequências diretas no consumo daquele mesmo período. Neste sentido, pode-seobservar que a queda de 3,8% da produção mundial de amendoim, da safra 2009/10,causou uma redução de 1,5% no consumo mundial e uma redução de 15,1% no nível dosestoques finais do mesmo ano safra.

Todavia, esta tendência pode ser revertida caso se confirme estimativas de4% de aumento na produção mundial de amendoim, para a safra 2012/13, em relação à

1 A literatura define commoditie pelas seguintes características: 1) tipo único; 2) poucos produtores; 3) váriosconsumidores e 4) mobilidade de transporte e armazenagem.

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Page 32: Proposta de Preços Mínimos

2011/12 e, de apenas 1% de aumento no consumo mundial. Este quadro deve resultar noaumento de 57% no nível dos estoques finais, os quais devem passar de 1,4 milhão de t,safra 2011/12, para 2,2 milhões de t (tabela 1).

Quanto à distribuição espacial da produção mundial de amendoim, cabedestacar que, aproximadamente, 67% estão concentrados em apenas 3 (três) Países:China, Índia e Estados Unidos, respectivamente, primeiro, segundo e terceiro produtormundial, cuja participação no mercado internacional é de: China 44%; Índia 16 % eEstados Unidos 5,8%, demonstrando uma consolidação desse quadro haja vista ocomportamento apresentado nos últimos 05 (cinco) anos.

A produção mundial de farelo de amendoim que é destinado, principalmente,para a ração de bovinos está estimada em 6,4 milhões de t frente a um consumo mundialde 6,3 milhões de t, ou seja, 99,4% da produção de farelo são consumidos no mesmo anocomercial (tabela 3).

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Page 33: Proposta de Preços Mínimos

Do grupo dos 09 (nove) óleos vegetais mais consumidos no mundo, na safra2011/12 o óleo de amendoim ocupa o sétimo lugar após os óleos de palma, de soja, decanola, de girassol, de palmiste e de algodão, tendência esta que deve se repetir nestasafra 2012/13. Todavia, observando a média do consumo nos últimos 05 (cinco) anos oconsumo do óleo de amendoim é ligeiramente superior ao consumo de óleo de algodão.

Ante o exposto, a produção mundial de óleo de amendoim está estimada em5,2 milhões de t frente ao consumo mundial de 5,2 milhões de t. Também para o óleo deamendoim a oferta e a demanda mundial se apresentam ajustadas, aproximadamente,99,8% da produção de óleo de amendoim são consumidos na mesma temporadacomercial (tabela 5).

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Page 34: Proposta de Preços Mínimos

2.2 – Principais Países Produtores.

2.2.1 – China

Principal produtor e consumidor mundial a produção de amendoim da China,para a safra 2012/13, está estimada em 16,0 milhões de t e o consumo em 15,4 milhõesde t. A área plantada representa, aproximadamente, 22,6% da área plantada deamendoim em todo o mundo. O Esmagamento representa cerca de 8% da produção,gerando uma produção de farelo estimada em 3,24 milhões de t que representa cerca de51,6% da produção mundial de farelo. O consumo de farelo está estimado em 3,3 milhõesde t e representa, aproximadamente, 51,4% do consumo mundial.

A produção de óleo de amendoim da China está estimada em 2,5 milhões det, o que representa 41% da produção mundial de óleo. O consumo está estimado em 2,6milhões de t, o que representa 41% do consumo mundial de óleo de amendoim.

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Page 35: Proposta de Preços Mínimos

2.2.2 – Índia

Segundo produtor e consumidor mundial, a produção da Índia está estimadaem 5.0 milhões de t frente a um consumo estimado em 4,59 milhões de t.

A área plantada representa, aproximadamente, 24% da área plantada comamendoim no mundo. O Esmagamento representa 3,6% da produção, gerando umaprodução de farelo de 1,4 milhão de t que representa cerca de 22% da produção mundialde farelo, enquanto o consumo interno de farelo está estimado em 1,6 milhões de t erepresenta cerca de 25% do consumo mundial de farelo.

A produção e consumo interno de óleo estão estimados em 1,2 milhões de t.

2.2.3 – Estados Unidos

Dos principais produtores os Estados Unidos é o país cuja produção temimpacto nas exportações mundiais. Isto ocorre em função da sua participação nasexportações mundiais.

Na safra 2011/12, com uma produção de 1,7 milhões de t exportou cerca de 247,0mil t, 8,2% das exportações mundiais. Para a safra 2012/13, a produção está estimadaem 3,1 milhões de t e as exportações em 374,0 mil t, ou seja, 51% acima do ano anterior,o que leva a participação dos Estados Unidos de 8,2% para 14% das exportaçõesmundiais de amendoim.

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Page 36: Proposta de Preços Mínimos

O consumo de amendoim dos Estados Unidos, na safra 2012/13, estáestimado em 1,95 mil t, 10% acima dos 1,76 milhões de t da safra anterior.

2.3 – Preços Internacionais

Os preços Internacionais do óleo de amendoim, em Rotterdam e nosEstados Unidos foram influenciados pela alta dos preços dos demais óleos vegetais, demodo que no período compreendido de abril a julho/12 os preços se arrefeceram. A partirde agosto/12 observa-se a desaceleração dos preços médios internacionais, mas aindasituando-se em patamares bem superiores à média história do período analisado.

3 - Panorama Nacional

3.1 - Suprimento Nacional.

A Produção Nacional de Amendoim, para a safra 2012/13, está estimada em297,0 mil t das quais 252,1 mil t (89,0% da produção nacional) são produzidas no Estadode São Paulo onde o produto é cultivado em uma área de, aproximadamente, 79,3 mil há,utilizando terras em rotação ao plantio de cana de açúcar.

A produção brasileira de amendoim encontra-se distribuída em 10 (dez)estados e em 05 (cinco) regiões do País e suas atividades de plantio e colheita sedistribuem ao longo de todo o ano.

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Page 37: Proposta de Preços Mínimos

Os demais Estados que se destacam na produção nacional de amendoimsão: Minas Gerais – 9,3 mil t; Paraná 6,9 mil t e Rio Grande do Sul com 5,2 mil t. Noconjunto os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sulrepresentam mais de 95,0 % da produção nacional na safra 2012/2013.

A participação do Brasil no mercado internacional de amendoim é baixa, emtorno de 1%. Todavia, a Produção Brasileira de Amendoim já atingiu 965,0 mil t, na safra1971/72.

Na década de 90 o setor entrou em crise de modo que, no triênio 1994 a1997 o Brasil experimentou quedas sucessivas da produção de, respectivamente, 10,7%;2,3% e 1,2% quando saiu do patamar de produção de 159,6 mil t, na safra 1994/95, para137,3 mil t, na safra 1996/97.

Diante deste cenário o setor foi forçado a inovar na tomada de decisão,recorrendo às experiências exitosas da Argentina e importando tecnologias (sementes emáquinas) desse País, de forma que em 2000 o setor conseguiu avanços importantes no

g r a f ic o 1Ó le o d e A m e n d o im - P r e ç o s In te r n a c io n a is

1 3 0 0

1 5 0 0

1 7 0 0

1 9 0 0

2 1 0 0

2 3 0 0

2 5 0 0

2 7 0 0

o u t/ 10

De z

F e vA

b rJ u n

Ag o

o u t/ 11

De z

F e vA

b rJ u n

Ag o

o u t/ 12

De z

M Ê S /A N O

US

$/T

U S A R o tte rd a m

gráfico 2Amendoim - Principais Estados Produtores (%)

2,9

88,5

2,2

1,6

MG SP PR RS

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Page 38: Proposta de Preços Mínimos

domínio da tecnologia com desenvolvimento da variedade de sementes IAC 886 –Runner.

Respondendo aos desafios, a produção brasileira de amendoim, a partir de2000 vem resultando em ganhos sucessivos, alcançando, na safra 2004/05, 301,6 mil t,ou seja, um aumento de 76% da produção no período safra 1999/2000 à 2004/05.

O ápice do conjunto de esforços do setor ocorreu com a edição daResolução do Ministério da Agricultura nº 02/2009 (D.O.U de 29.01.2009) que estabeleceos “Critérios e Procedimentos para o Controle Higiênico-Sanitário do Amendoim e seusSubprodutos na Cadeia Produtiva” e estabelece que “A garantia dos autocontroles deveser atestada por meio de certificação de segurança higiênico-sanitária com emissão dorespectivo Certificado de Segurança Higiênico-Sanitária – CSH”. Esta Certificação éemitida pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas eDerivados – Abicab. Este “modus operandi” trouxe uma nova configuração do setorgerando, em consequência, uma maior diversificação de produtos à disposição doconsumidor, tanto no mercado interno quanto externo.

Tais procedimentos, associados, concomitantemente, a um padrão maisexigente dos importadores em período recente, inclusive da China, vêm criando umajanela de oportunidade ao Brasil, haja vista o desempenho das e exportações de óleo deamendoim, em 2012, que apresentaram um aumento de cerca de 63% em relação ao anoanterior.

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Page 39: Proposta de Preços Mínimos

3.2 - Preços Recebidos.

Os preços médios recebidos pelos produtores, em março/2013, nos Estadosde São Paulo e Paraná situaram-se em torno de R$ 28,00/ 25 kg e R$ 54,50/25 kg. Como início da safra em fevereiro/2013 esperado que os preços recebidos sofram uma ligeiradesaceleração. Entretanto, devido à baixa volatilidade apresentada no período, espera-seque os mesmos se mantenham nos patamares próximos aos atuais, tal comoapresentado no gráfico abaixo.

3.3 – Rentabilidade

O custo variável calculado pela Conab para o Estado de São Paulo, emjaneiro/2013, apresenta um intervalo amplo de R$ 17.60/25 kg a R$ 26,36/25 kgequivalente ao ponto médio de R$ 21,98/25 kg. Entretanto, o custo médio variávelponderado pela participação dos municípios de Tupã e Guariba na produção do Estadode São Paulo resulta em R$ 22,91/25 kg.

Grafico 4Complexo Amendoim-Exportações Brasileiras

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

M E S/ A N O

DESCASCADO COM CASCAPREPARADOS OU CONSERVA OLEO DE AMENDOIMOLEO REFINADO

gráfico 4Amendoim Grão

Preços Recebidos pelos ProdutoresPR e SP (R$/Sc 25 Kg)

0,00

15,00

30,00

45,00

60,00

jan/10

mar/10

mai/10

jul/10

set/1

0

nov/10

jan/11

mar/11

mai/11

jul/11

set/1

1

nov/11

jan/12

mar/12

mai/12

jul/12

set/1

2

nov/12

jan/13

mar/13

PR SP

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Page 40: Proposta de Preços Mínimos

4 - Proposta de Preço Mínimo:

Considerando que:

O preço mínimo para o amendoim atua como lastro para as indústrias nacaptação de recursos junto aos agentes financeiros, visando o planejamentoe maior liquidez das suas atividades, especialmente, em períodos deexpansão de crédito;

O custo variável calculado pela Conab, em janeiro/2013, atingiu R$ 22,91/25kg;

O preço mínimo, em período recente, tem se limitado a cobrir as despesascom os custos varáveis. Propõe-se, portanto, o preço mínimo para oamendoim em casca, safra 2013/14, de R$ 22,91/25 kg, o equivalente a R$0,9164/kg.

Todavia, buscando dar maior efetividade à Política de Garantia de PreçoMínimo para o amendoim, recomenda-se a alteração na Norma de Operação de CréditoRural no sentido de prolongar o prazo de quitação dos empréstimos contraídos por meiodos instrumentos de Financiamento de Garantia de Preços ao Produtor - FGPP eFinanciamento para Estocagem de Produtos Agropecuários integrantes da Política deGarantia de Preços Mínimos – FEPM permitindo, assim, ampliar o escalonamento daoferta do produto no mercado.

Neste sentido, a proposta sugere os seguintes prazos: 25% em 06 (seis) meses;25% em 08 (oito) meses; 25% em 10 (dez) meses e 25% em 12 (doze) meses.

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5 – Conclusão

O setor vem colhendo os frutos positivos dos esforços coletivos da década de 90,quebrando antigos estereótipos e criando um ambiente favorável para campanhas demarketing do produto brasileiro.

A expansão do setor é refletida na diversificação de produtos disponíveis aoconsumidor, especialmente o mercado interno.

A empresa Santa Helena, cuja produção é destinada, basicamente, ao mercadointerno e consome, aproximadamente, 25% da produção nacional, trabalha comexpectativa de aumento na demanda interna em torno de 18%.

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Page 42: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

ARROZ EM CASCA NATURAL

Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior

1 – Introdução

Segundo os dados divulgados pelo Foreign Agricultural Service (FAS) doUnited States Department of Agriculture (USDA) em 08/03/2013 é previsto o consumo, nasafra 2012/13 do total de 2.285,78 mil toneladas de grãos no mundo, sendo que o arroz,na sua forma beneficiada, participará com 470,23 milhões de toneladas, ou 20,57% doquantitativo. Entre os produtos destinados à alimentação humana é o segundo emimportância, ficando atrás, apenas, do trigo, e em algumas partes do mundo,especialmente na Ásia, é base da alimentação dessa população.

O arroz, juntamente com o feijão, constitui o principal alimento do povobrasileiro. Tomando-se por base os dados do quadro de suprimento que a Conab divulgouem Março/2013, somando-se os dois produtos (arroz beneficiado e feijão), na safra2012/13, o consumo deverá ser de 11,7 milhões de toneladas, ou seja, superior ao trigocuja previsão é o uso de 10,4 milhões de toneladas.

Dada a sua relevância no abastecimento interno e na segurança alimentarda população, o arroz sempre teve grande importância na formulação e execução daspolíticas agrícola e de abastecimento. É um dos produtos que o Governo Federal temdado maior atenção, de modo que quando ocorrem fatores conjunturais dentro do raio deação dos instrumentos de apoio, o Poder Público tem sido bem presente.

Assim, a pretensão deste documento é analisar e colocar as bases para asações que poderão ser empreendidas pelo Governo Federal na condução das políticaspara a safra 2013/14, cuja execução deverá ocorrer no ano comercial de março de 2014 afevereiro de 2015.

2 - Mercado Internacional

Segundo os dados divulgados pelo FAS/USDA, em 08/03/2012, a produçãomundial de arroz deverá ser de 697,8 milhões de toneladas base casca ou 468,1 milhõesde toneladas de arroz beneficiado. Para tanto, foram plantados 158,5 milhões dehectares, sendo esperada uma produtividade média de 4.328 kg/ha. Em comparação coma safra passada haverá decréscimo na área destinada a orizicultura no mundo de 0,25%,em contrapartida haverá incremento de 0,40% na produção e de 0,66% na produtividade.

Na demanda mundial foi previsto consumo de 470,2 milhões de toneladas dearroz beneficiado e exportações de 37,4 milhões toneladas. Esses números representam,em relação à campanha anterior, aumento de 2,35% no consumo mundial, mas reduçãode 4,34% nas exportações. Haja vista que a produção e o consumo crescerão 1,9 milhões

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de toneladas e 10,8 milhões de toneladas, respectivamente, haverá decréscimo noestoque final de passagem em 2,2 milhões de toneladas (-2,08% em relação ao anterior).Como resultado, a relação estoque/consumo ficará em 21,97%, valor inferior aoobservado na última safra 2011/12 (22,96%).

A expressiva relação estoque/consumo da última safra e da atual é resultadoda política intervencionista instaurada pelo governo tailandês. Esta política baseia-se naformação de estoque de passagem, buscando a elevação do preço do arroz tailandês nomercado internacional. Logo, o resultado dessas compras governamentais, no maiorexportador mundial dos anos 2000, reverberou negativamente na oferta e no volumetransacionado no comércio internacional do arroz. Outro efeito relevante foi o acréscimoda participação indiana no comércio internacional, passando a Índia ser o maiorexportador mundial do produto nas safras 2011/12 (10,4 milhões de toneladas) e 2012/13(8,1 milhões de toneladas).

No Quadro 11, são mostrados os dados do quadro de suprimento para osprincipais players mundiais no mercado do arroz. A China, maior produtor mundial, nãoparticipa de forma ativa no comércio internacional, sendo a sua produção fortementecontrolada pelo seu governo, o qual busca o equilíbrio entre a oferta e a demanda interna.Esse controle busca mitigar a dependência chinesa dos mercados externos, garantindo,juntamente com um alto estoque de passagem, a segurança no abastecimento do produtono país. No caso chinês, nos últimos anos, as importações e as exportações têm sidoutilizadas como pequenos ajustes da demanda e da oferta do arroz.

A Índia, maior exportador mundial atual e segundo maior produtor, sofreuuma redução de sua produção na safra 2012/13 de 4,3 milhões de toneladas. Em vistados elevados preços observados no cenário internacional e objetivando a manutenção doalto fluxo de exportações apresentado pelo país no último ano, houve, no mercadoindiano, um direcionamento de parte do estoque de passagem para o comérciointernacional. Esse movimento, juntamente com o aumento do consumo em 1,7 milhõesde toneladas, contribuiu para uma redução da relação estoque/consumo de 26,89% nasafra 2011/2012 para 24,21% na safra 2012/2013.

Como informação relevante sobre o mercado do arroz indiano, cabedestacar que, após a crise dos preços dos alimentos e a forte preocupação com umapossível escassez de alimentos observada no final de 2007 e início de 2008, o governoindiano proibiu a exportação de algumas variedades deste produto. Essa política foiadotada com o objetivo de garantir a segurança alimentar no país. Com o recuo dasexpectativas pessimistas, o governo indiano decidiu retirar esse veto de exportação, o queconsequentemente corroborou para um aumento da participação indiana no comérciointernacional.

1 O dados da Quadro 1 para a safra 2012/13 são previsões e para a safra 2011/12 são estimativas realizadas pelo USDA.

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Page 44: Proposta de Preços Mínimos

CHINA ÍNDIA TAILÂNDIA VIETNÃ PAQUISTÃO EUA NIGÉRIA FILIPINAS INDONÉSIA1-Estoque inicial 36,8 10,5 3,6 1,3 0,3 1,4 0,6 5,3 3,2 75,72-Produção 127,2 93,4 18,3 22,9 5,5 6,3 2,9 9,8 35,3 420,63-Importação 0,5 0,0 0,0 0,5 0,0 0,7 1,6 1,8 2,0 28,74-Suprimento total (1+2+3) 164,5 103,9 21,9 24,7 5,8 8,3 5,1 16,9 40,5 525,05-Consumo 127,2 86,9 9,8 18,8 2,2 4,1 4,5 12,0 35,9 420,96-Exportação 1,3 5,5 9,6 4,5 2,8 2,9 0,0 0,0 0,0 31,47-Demanda total (5+6) 128,5 92,4 19,3 23,3 5,1 7,0 4,5 12,0 35,9 452,38-Estoque final (4-7) 35,9 11,4 2,5 1,4 0,7 1,3 0,6 4,9 4,6 75,49- Relação estoque X consumo 28,24 13,15 25,66 7,40 31,67 31,13 13,48 40,58 12,84 17,911-Estoque inicial 35,9 11,4 2,5 1,4 0,7 1,3 0,5 4,9 4,6 75,12-Produção 130,2 96,7 19,3 24,4 5,7 6,3 3,0 10,5 37,0 433,93-Importação 0,3 0,0 0,0 0,3 0,0 0,8 1,8 2,6 0,4 29,24-Suprimento total (1+2+3) 166,4 108,1 21,8 26,1 6,4 8,4 5,3 17,9 42,0 538,25-Consumo 127,5 90,5 9,6 19,4 2,7 4,1 4,5 23,5 36,4 428,56-Exportação 1,0 4,7 10,0 4,7 3,0 3,4 0,0 0,0 0,0 31,17-Demanda total (5+6) 128,4 95,1 19,6 24,1 5,7 7,4 4,5 23,5 36,4 459,68-Estoque final (4-7) 38,0 13,0 2,2 2,0 0,7 0,9 0,8 4,4 5,6 80,59- Relação estoque X consumo 29,83 14,37 23,02 10,41 25,93 23,04 17,11 18,81 15,43 18,781-Estoque inicial 38,0 13,0 2,7 2,0 0,7 0,9 0,8 4,4 5,6 80,62-Produção 134,3 99,2 19,9 24,4 6,9 6,4 3,2 10,8 38,3 448,23-Importação 0,3 0,0 0,3 0,5 0,0 0,6 1,8 2,6 0,3 27,24-Suprimento total (1+2+3) 172,7 112,2 22,9 26,9 3,5 7,9 5,7 17,8 44,2 556,05-Consumo 133,0 91,1 9,5 19,0 3,5 4,0 5,2 13,1 37,1 437,16-Exportação 0,8 2,1 8,6 6,0 2,9 3,0 0,0 0,0 0,0 28,97-Demanda total (5+6) 133,8 93,2 18,1 25,0 6,4 7,0 5,2 13,1 37,1 466,08-Estoque final (4-7) 38,9 19,0 4,8 2,0 1,2 1,0 0,6 4,7 7,1 91,79- Relação estoque X consumo 29,25 20,86 50,42 10,32 34,38 24,24 11,07 35,65 19,03 20,981-Estoque inicial 38,6 19,0 4,8 2,0 1,2 1,0 0,6 4,7 7,1 91,52-Produção 136,6 89,1 20,3 25,0 6,8 7,1 2,6 9,8 36,4 440,53-Importação 0,4 0,0 0,3 0,4 0,0 0,6 1,8 2,2 1,2 28,14-Suprimento total (1+2+3) 175,5 108,1 25,4 27,4 8,0 8,7 4,9 16,6 44,6 560,15-Consumo 134,3 85,5 10,2 19,2 2,9 4,0 4,5 13,1 38,0 433,96-Exportação 0,7 1,9 9,1 6,7 4,0 3,5 0,0 0,0 0,0 31,27-Demanda total (5+6) 135,0 87,4 19,3 25,9 6,9 7,5 4,5 13,1 38,0 465,18-Estoque final (4-7) 40,5 20,5 6,1 1,5 1,1 1,2 0,5 3,5 6,6 95,29- Relação estoque X consumo 30,17 23,98 59,80 7,68 37,67 29,35 10,56 26,81 17,32 21,941-Estoque inicial 40,5 20,5 6,1 1,5 1,1 1,2 0,5 3,5 6,6 95,22-Produção 137,0 96,0 20,3 26,4 5,0 7,6 2,6 10,5 35,5 449,13-Importação 0,5 0,0 0,2 0,5 0,0 0,6 2,4 1,3 3,1 32,94-Suprimento total (1+2+3) 178,1 116,5 26,6 28,3 6,1 9,4 5,5 15,6 45,2 577,15-Consumo 135,0 90,2 10,3 19,4 2,3 4,3 5,0 12,9 39,0 445,66-Exportação 0,5 2,8 10,7 7,0 3,3 3,5 0,0 0,0 0,0 34,97-Demanda total (5+6) 135,5 93,0 21,0 26,4 5,6 7,9 5,0 13,1 39,0 480,58-Estoque final (4-7) 42,6 23,5 5,6 1,9 0,5 1,5 0,5 2,5 6,2 98,79- Relação estoque X consumo 31,53 26,05 54,56 10,00 22,22 34,95 9,34 18,51 15,85 22,151-Estoque inicial 42,6 23,5 5,6 1,9 0,5 1,5 0,5 2,5 6,2 98,72-Produção 140,7 105,3 20,5 27,1 6,5 5,9 2,7 10,7 36,5 466,23-Importação 1,8 0,0 0,6 0,1 0,1 0,6 3,2 1,5 2,0 36,04-Suprimento total (1+2+3) 185,1 128,8 26,7 29,1 7,1 8,0 6,4 14,4 44,6 600,95-Consumo 139,6 93,3 10,4 19,7 2,6 3,5 5,2 12,9 39,6 459,46-Exportação 0,4 10,4 7,0 7,7 3,5 3,2 0,0 0,0 0,0 39,17-Demanda total (5+6) 140,0 103,7 17,4 27,4 6,1 6,7 5,2 13,0 39,6 498,58-Estoque final (4-7) 45,0 25,1 9,3 1,8 1,0 1,3 1,2 1,8 5,1 105,59- Relação estoque X consumo 32,25 26,89 89,71 8,91 39,06 37,46 22,69 11,00 12,87 22,961-Estoque inicial 45,0 25,1 9,3 1,8 1,0 1,3 1,2 1,8 5,1 105,52-Produção 143,0 101,0 20,5 27,7 6,8 6,4 2,9 11,0 36,9 468,13-Importação 2,4 0,0 0,4 0,2 0,1 0,7 2,9 1,5 0,8 34,54-Suprimento total (1+2+3) 190,4 126,1 30,2 29,7 7,9 8,3 6,9 14,4 42,8 470,25-Consumo 144,0 95,0 10,6 20,1 2,7 4,0 6,0 13,0 40,0 470,26-Exportação 0,3 8,1 8,0 7,4 3,8 3,4 0,0 0,0 0,0 37,87-Demanda total (5+6) 144,3 103,1 18,6 27,5 6,5 7,4 6,0 13,0 40,0 508,08-Estoque final (4-7) 46,1 23,0 11,6 2,2 1,4 0,9 1,0 1,3 2,8 103,39- Relação estoque X consumo 32,03 24,21 109,72 10,75 52,83 23,37 16,47 11,00 6,98 21,97

Fonte: Wasde Jan/2009, Jan/2010, Jan/2011, Fev/2012, Mar/2013 (www.fas.usda.gov, acessado em 11/03/2012)Nota: Eventuais divergências nas somas deve-se ao fato de que os dados foram copiados tal qual aparecem nas publicações originais.

Quadro 1

2007

/08

2008

/09

2006

/07

EXPORTADORES IMPORTADORES MUNDO

2009

/10

2010

/11

2012

/113

(Pre

visã

o Fe

v/20

13)

ARROZ BENEFICIADOBalanço de Oferta e Demanda dos Principais Players Mundiais - Ano safra 2006/07 a 2011/12 - em milhões de toneladas

SAFRA EVENTOS PRODUTORES

2011

/112

(Est

imat

iva

Fev/

2013

)

No rol dos países exportadores, a Tailândia, segundo maior embarcadormundial, apresentou forte elevação nos estoques de passagem, que passaram de 9,3milhões de toneladas para 11,6 milhões de toneladas, o que representa uma alta de24,73%. Com a estabilidade do consumo em 10,6 milhões de toneladas, a relaçãoestoque/consumo atingiu 109,72%, patamar mais elevado na série histórica tailandesa.Frente a essa formação de estoque, a expectativa do mercado é que, em algum momentopróximo, o Governo Tailandês terá que se desfazer de parte desses estoques(especialmente pelo fato de arroz estocado ser, em sua maioria, beneficiado). Com estasvendas, o preço do arroz mundial sofrerá uma pressão de baixa, o que seguramenterepercutirá no mercado brasileiro.

Acerca do Vietnã e Paquistão, importantes exportadores mundiais, esteselevaram suas produções em 2,21% e 4,61%, respectivamente. Sobre as exportações: oVietnã lançou ao mercado 7,4 milhões de toneladas (baixa na comparação com a safra

41

Page 45: Proposta de Preços Mínimos

anterior de 3,89%); o Paquistão lançou ao mercado 3,8 milhões de toneladas (alta nacomparação com a safra anterior de 8,57%). Por último, nos EUA, o aumento dasexportações em 6,25% (de 3,2 milhões de toneladas para 3,4 milhões de toneladas) e doconsumo interno em 14,28% (de 3,5 milhões de toneladas) influenciaram a redução dosestoques de passagem americanos para 0,9 milhões de toneladas, ocasionando retraçãoda relação estoque/consumo para 23,37. Cabe destacar que o aumento da produção em8,47% (aumento de 0,5 milhões, em termos absolutos) não foi suficiente para evitar atendência de redução dos estoques frente à expansão do consumo e das exportações.

No grupo dos importadores, a Nigéria expandiu seu consumo em 15,38% (de5,2 milhões de toneladas na safra 2011/12 para 6,0 milhões de toneladas na safra2012/13) e sua produção em 7,40% (de 2,7 milhões de toneladas na safra 2011/12 para2,9 milhões de toneladas na safra 2012/13). Haja vista o grande déficit entre oferta edemanda no mercado nigeriano, o país importou 2,9 milhões de toneladas na safra2012/13. Esse montante importado representa queda de 9,37% se comparado com asafra 2011/12. Nos próximos anos, a tendência é que as importações nigerianas reduzamainda mais, pois o Governo daquele país tem desenvolvido programas que buscam aauto-suficiência no mercado do arroz.

A Indonésia, tradicional país importador, apresentou uma queda de 60% novolume importado (de 2 milhões de toneladas para 0,8 milhões de toneladas). Comoresultado desta redução houve uma destinação de significativa parte de seus estoques depassagem para o consumo interno, ocasionando retração de 45,09% nos estoques. Logo,a relação estoque/consumo caiu para 6,98%, o menor patamar dos últimos sete anos.Por último, as Filipinas, país dependente de importações do arroz, manteve padrãosemelhante, com pequenas alterações, ao da última safra 2011/12 em todas as variáveisanalisadas.

No Gráfico 1 são mostrados os comportamentos dos dados da produção,consumo, estoque de passagem e relação estoque x consumo de arroz para o período dasafra 1973/74, até a previsão da safra 2012/13. Durante os anos 80 e 90, em função daprodução maior que o consumo, o mundo acumulou volume expressivo de arroz. Aoiniciar o Século XXI, na safra 2000/01, a produção totalizava 146,7 milhões de toneladas,ocasião em que a China tinha 97,4 milhões de toneladas (72,52% do consumo) emestoques. Naquela ocasião, a China plantou 30,0 milhões de hectares, tendo colhido131,5 milhões para um consumo de 134,3 milhões de toneladas.

Deste ponto em diante, a China reduziu a área e, por conseguinte aprodução. Na safra 2003/04, para uma área de 26,5 milhões de ha, a produção foi de112,5 milhões de toneladas para um consumo de 132,1 milhões de toneladas. A menorprodução no período e o consumo relativamente constante fizeram com que o estoquefinal fosse reduzido para apenas 43,9 milhões de toneladas, ou 33,23% do consumo. Maisrecentemente aquele país voltou a aumentar a área e, por consequência a produção,sendo que para a safra 2012/13 deve produzir 143 milhões de toneladas para o consumode 138,5 milhões de toneladas, o que elevará o estoque para 46,1 milhões de toneladas,ou 32,03% do consumo.

Segundo o FAS/USDA, na safra 1973/74 foram plantados 136,3 milhões deha, tendo produzido 333,8 milhões de toneladas de arroz em casca (correspondendo a227,6 milhões de toneladas de arroz beneficiado), com produtividade média de 2.449

42

Page 46: Proposta de Preços Mínimos

kg/ha, que, se comparada à safra 2012/13 percebe-se crescimento de 16,21% na área,109,04% na produção, e aumento de 79,88% na produtividade. Com respeito aoconsumo, houve aumento de 111,42%, as exportações cresceram 398,66%, estoques depassagem incremento de 252,55% e a relação estoques/consumo, aumento de 66,75%.

Contudo, deve-se atentar para os movimentos de alta e baixa nas séries,especialmente na produção – que é influenciada pelas interferências das políticaspúblicas, por decisões dos produtores em relação ao aumento ou diminuição de áreaplantada e por ações diretas dos efeitos climáticos e de pragas e doenças. Isso faz comque havendo variação na produção, tendo em vista que o consumo é de certa forma maisestável, há, por conseguinte, variações no comportamento das curvas de estoques finaise da relação estoques x consumo, fato esse retratado no Gráfico em questão. Talsituação fica mais clara quando se analisa o período da primeira década desse século.

Buscando mostrar a correlação entre os estoques de passagem mundiais, aprodução e os preços nas duas principais praças de formação de comércio externo doarroz, é apresentado o Gráfico 2. De certa forma, pode-se afirmar que em momentos deestoques elevados e de produção similar ou superior ao da safra anterior, os preçostendem a sofrer decréscimos. É certo que existem vários fatores que interferem naformação dos preços de mercado de quaisquer produtos, como exemplo, pode-se citar oocorrido no ano de 2008 no mercado do arroz, no qual existiam suspeitas de que haveriafalta deste grão. Frente essas expectativas pessimistas, alguns países do Leste Asiáticoresolveram restringir as exportações, enquanto que outros buscavam antecipar suascompras externas. Como consequência, houve aumento exagerado nos preços doproduto, de modo que em maio chegaram a atingir a média de US$ 1,024 por toneladapara o tailandês 100%B e de US$ 988 por tonelada para o americano tipo 2, com 4% dequebrados. A partir de então, tendo o mercado percebido o equivoco, o preço recuou, demodo que em dezembro valia apenas 51,37% e 65,99% daquele valor, com a médiaanual fechando em US$ 564 e US$ 553 por tonelada, respectivamente.

Gráfico 1ARROZ BENEFICIADO

Produção, Consumo e Estoques Mundiais, de 1973/74 a 2011/12(*)

0

50

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150

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/00

2001

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2005

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/08

2009

/10

2011

/12Fonte: USDA/FAS - Feb 2012 (*) Estimativa - Elab.: Conab

Qua

ntid

ades

em

milh

ões

de to

nela

das

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Rel

ação

em

per

cent

uais

Consumo total, em milhões de toneladasEstoque final, em milhões de toneladasProdução, em milhões de toneladasRelação entre estoque e consumo, em %

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Page 47: Proposta de Preços Mínimos

0

20

40

60

80

100

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0

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1983

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1985

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1986

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1987

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1988

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1989

/90

1990

/91

1991

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1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/00

2000

/01

2001

/02

2002

/03

2003

/04

2004

/05

2005

/06

2006

/07

2007

/08

2008

/09

2009

/10

2010

/11

2011

/12

2012

/13(

*)

Qua

ntid

ade

em m

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s de

tone

lada

s

Preç

os e

m U

S$/to

nela

da

Fonte: USDA/FAS Feb 2012 - (*) Provisão Fev 2012 - preços Infoarroz até Jan 2012 - Elab: Conab

Gráfico 2ARROZ BENEFICIADO

Relação entre estoques finais e preços internacionais

Estoque final EUA, Longo 2/4% Tailândia, 100%B

Após os eventos tratados anteriormente, os preços internacionais mostraramquão fracos estavam e iniciaram o movimento de queda, cujos menores preços, depois dasafra 2007/08, foram US$ 523 e US$ 506 por tonelada para o arroz americano etailandês, respectivamente, nas safras 2008/2009 e 2009/10. Esse enfraquecimento sedeu em razão da elevação do volume de estoques de passagem com a safra produzindoem quantidade suficiente para atender a demanda (atentar para o Gráfico 1).

Vendo por esse prisma era de se esperar que na safra 2010/11 os preçostambém estivessem em queda, talvez, até aprofundando ainda mais. Contudo, analisandoo Gráfico 2, vê-se que houve leve crescimento dos mesmos, fechando o ano de 2011 coma média de US$ 573 e US$ 556 por tonelada para o arroz americano e tailandês.

No Gráfico 3 foram plotados os preços do arroz tailandês 100%B para operíodo comercial de Setembro de 2005 até Fevereiro de 2013, de modo que se pode vera sazonalidade de suas cotações em função das épocas de safra e entressafra. Aoanalisar o referido Gráfico, nota-se que as oscilações são muito suaves, compequeníssima amplitude, exceção feita aos primeiros meses do ano de 2008, como járelatado anteriormente, que apresentaram variações acentuadas. No final do períodocomercial 2010/11 os preços ensaiaram movimentos de elevação em razão de problemasclimáticos na região e pelo fato do governo ter ampliado seus programas de apoio àcomercialização. Contudo, a maior produção mundial e o aumento das exportações daÍndia e da América do Sul fizeram com que os preços perdessem força e voltassem aapresentar quedas.

Para o final desse ano comercial do mercado internacional, segundo relatoda publicação de julho de 2012 Rice Market Monitor, da FAO, os preços devem continuarem leve queda, dada a pressão da oferta dos principais países produtores e,

44

Page 48: Proposta de Preços Mínimos

especialmente, pela redução das importações já que houve aumento na produção internados principais demandantes mundiais.

3 - Mercosul

Com base nos dados divulgados pelo FAS/USDA e expostos no Quadro 2,os países integrantes do Mercosul deverão produzir, na safra 2012/13, o total de 15,3milhões toneladas de arroz em casca (evolução de 12,7% desde a safra 2006/07), sendoo Brasil responsável por 77,97% da produção do bloco. Argentina e Uruguai, segundo aestimativa, produzirão 1,5 milhões toneladas e 1,4 milhões de toneladas,respectivamente. Estes países, na série histórica da balança comercial brasileira, seapresentam como importantes mercados importadores, suprindo, quando necessário, osdéficits brasileiros entre a oferta e a demanda interna.

Mais recentemente, o Paraguai, com uma produção estimada de 0,4 milhõesde toneladas para a próxima safra, apresenta-se como supridor de parte da demanda porarroz das indústrias de beneficiamento localizadas na Região CO. Esta demandabrasileira por arroz paraguaio elevou-se, principalmente, em face do alto custo logístico deescoamento da produção da Região Sul e da recente retração da produção da RegiãoCO.

Acerca do Consumo, o Brasil destaca-se como maior mercado consumidor,com uma demanda estimada de 11,7 milhões de toneladas. Os outros integrantes doMercosul não possuem uma forte cultura de consumo do produto, sendo as suasproduções, em grande parte, não destinadas ao consumo interno e sim ao mercadointernacional (o Brasil é o mais importante destino). Sobre as exportações brasileiras,estimadas em 1,1 milhões de toneladas, o principal destino são países não pertencentesao grupo, com destaque para algumas nações africanas.

Gráfico 3ARROZ TAILANDÊS 100%B

Preços de safra entre 2005/06 a 2011/12(*), em US$/tonelada

0

200

400

600

800

1000

1200

SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO

2005/06 2006/072007/08 2008/092009/10 2010/112011/12 2012/13

Fonte: Infoarroz (*) até Fevereiro de 2013

45

Page 49: Proposta de Preços Mínimos

As estimativas do USDA sobre estoques de passagem divergem dasestimativas realizadas pela Conab (em 1,43 milhões de toneladas) para a safra 2012/13para o Brasil. Segundo USDA, o estoque de passagem da próxima safra será de 0,7milhões de toneladas. Na Argentina e no Uruguai, os estoques expandirão em relação àsafra passada, em 14,4% e 676,9%, respectivamente. Na ótica absoluta dos estoquesargentino e uruguaio, ambos possuirão baixos números, porém, na ótica relativa (razãoestoque/consumo), ambos possuirão elevados números.

No Gráfico 4 são mostrados os preços do arroz da safra 2005/06, até2012/13, para a produção argentina. Nota-se que o ano comercial de menores valores foi2006/07 (safra 2005/06) em razão de ser uma época com preços internacionaisdesvalorizados e também porque havia um esforço grande para a sua recuperação,especialmente com a redução dos estoques de passagem. Da mesma forma que ocorreucom o arroz tailandês pode-se observar nesse gráfico a elevação acentuada nos preçosdo arroz argentino nos primeiros meses de 2008, tendo como ápice o mês de maiodaquele ano, quando atingiu US$ 1,070 por tonelada, já em dezembro era praticado opreço de US$ 553 por tonelada.

Quadro 2MERCOSUL Quadro de Oferta e Demanda, em mil toneladas

TERRITÓRIOS REGIONAIS

SAFRA ATRIBUTOSARGENTINA BRASIL PARAGUAI URUGUAI MERCOSUL

PRODUÇÃO 1.063,1 11.316,2 129,9 1.145,7 13.654,8CONSUMO 500,0 12.352,9 37,3 114,3 13.004,5EXPORTAÇÃO 695,4 355,9 100,0 1.048,6 2.199,8ESTOQUE FINAL 123,1 1.345,6 0,0 101,4 1.570,1PRODUÇÃO 1.246,2 12.057,4 144,8 1.330,0 14.778,3CONSUMO 500,0 12.279,4 34,3 85,7 12.899,5EXPORTAÇÃO 681,5 808,8 117,9 1.111,4 2.719,7ESTOQUE FINAL 201,5 935,3 0,0 234,3 1.371,1PRODUÇÃO 1.333,8 12.602,9 219,4 1.287,1 15.443,3CONSUMO 507,7 12.352,9 32,8 85,7 12.979,2EXPORTAÇÃO 852,3 836,8 194,0 1.410,0 3.293,1ESTOQUE FINAL 184,6 1.341,2 0,0 25,7 1.551,5PRODUÇÃO 1.086,2 11.660,3 314,9 1.148,6 14.211,5CONSUMO 415,4 12.466,2 92,5 92,9 13.185,9EXPORTAÇÃO 750,8 738,2 225,4 1.015,7 2.535,7ESTOQUE FINAL 115,4 808,8 0,0 65,7 1.911,0PRODUÇÃO 1.750,8 13.676,5 404,5 1.642,9 17.474,6CONSUMO 518,5 12.352,9 109,0 100,0 13.080,4EXPORTAÇÃO 992,3 1.838,2 298,5 1.421,4 4.550,5ESTOQUE FINAL 340,0 1.176,5 0,0 187,1 1.703,6PRODUÇÃO 1.569,2 11.600,0 383,6 1.424,3 14.977,1CONSUMO 569,2 11.838,2 50,7 92,9 12.551,1EXPORTAÇÃO 1.038,5 1.470,6 335,8 1.500,0 4.344,9ESTOQUE FINAL 192,3 575,0 0,0 18,6 785,9PRODUÇÃO 1.550,8 12.000,0 400,0 1.440,0 15.390,8CONSUMO 569,2 11.764,7 104,5 100,0 12.538,4EXPORTAÇÃO 961,5 1.102,9 298,5 1.214,3 3.577,3ESTOQUE FINAL 220,0 736,8 0,0 144,3 1.101,1

Fonte: PSD on line mar 2013 (www.ers/usda.gov) acessado em 15/03/2012 - Elab. Conab(*) Previsão de março de 2013 no Wasde do FAS/USDA

2008

/09

2009

/10

2012

/13(

*)

TERRITÓRIOS REGIONAIS

2006

/07

2010

/11

2011

/12

SAFRA ATRIBUTOS

2007

/08

46

Page 50: Proposta de Preços Mínimos

O Gráfico 5 mostra os preços do arroz beneficiado 100%B, produzido eexportado pela Tailândia e o produto argentino com 5% de quebrados. Embora sejam doismercados produtores e com clientes diversos, é interessante notar que o comportamentodas curvas de preços segue quase sempre o mesmo padrão. Esse gráfico é bom paramostrar que os mercados de arroz são intercomunicantes, pois, um evento ocorrido noleste asiático pode refletir no mercado brasileiro.

4 - Mercado Nacional

No Gráfico 6, observa-se o crescimento apresentado pela orizicultura nosúltimos anos no Brasil. Entre as safras 1990/91 e 2012/13, a produção expandiu-se20,53%, esta obtida com aumento da produtividade do setor. O grande impulsionador docrescimento do arroz no Brasil foi o Estado do RS, o qual aumentou em 96,55% suaprodução entre as safras 1990/91 e 2012/13.

Gráfico 5ARROZ BENEFICIADO

Comparativo de preços entre Tailanês e Argentino, em US$/tonelada

0

200

400

600

800

1.000

1.200

jan-06

mar-06

mai-06jul-0

6se

t-06

nov-06

jan-07

mar-07

mai-07jul-0

7se

t-07

nov-07

jan-08

mar-08

mai-08jul-0

8se

t-08

nov-08

jan-09

mar-09

mai-09jul-0

9se

t-09

nov-09

jan-10

mar-10

mai-10jul-1

0se

t-10

nov-10

jan-11

mar-11

mai-11jul-1

1se

t-11

nov-11

jan-12

mar-12

mai-12jul-1

2se

t-12

nov-12

jan-13

Tailandes 100%BArgentino com 5% de quebrados

Fonte: www.infoarroz.com.br (acessado em 10/02/2012) Elaboração:Conab

Gráfico 4ARROZ BENEFICIADO ARGENTINO 5% DE QUEBRADOS

Comparativo dos preços anos 2006/07 a 2011/12 , em US$/tonelada

0

200

400

600

800

1000

1200

MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV

2006/07 2007/08 2008/092009/10 2010/11 2011/122012/13(*)

Fonte: Infoarroz (*) até Fevereiro de 2012

47

Page 51: Proposta de Preços Mínimos

Com o decorrer dos anos, o setor tem apresentado mudanças importantescom o deslocando da produção, concentrando a produção em região especifica (RS eSC). Em 1990/91 o RS participava com 40,55% da produção, seguido do MA com 9,86%,por MG com 8,44%, SC com 6,88%, GO com 5,44%, MT com 4,99% e os demais com23,84%. Na safra 2011/12 a produção foi distribuída pelo RS com 66,72%, SC com9,29%, MT com 3,98%, MA com 4,03%, GO com 1,50%, MG com 0,55% e os demais com13,90%. Em termos de regiões geográficas: o Sul passou de 49,42% para 77,45%, ouseja, incremento de 56,70%; o Sudeste passou de 13,70% para 1,33%, redução de90,27%; no Centro-Oeste saiu de 12,82% para 6,42%, redução de 49,94%; Nordeste, de16,84% para 6,63%, redução de 60,63%; e, Norte de 7,22% para 8,17%, aumento de13,14%. No Quadro 3 é exposto o comparativo de área, produtividade e produção para assafras 2011/12 e 2012/13 no Brasil e nos principais estados produtores.

Gráfico 6ARROZ EM CASCA

Principais estados produtores, e Brasil, em milhões de toneladas

0

3

6

9

12

15

1990

/91

1991

/92

1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/00

2000

/01

2001

/02

2002

/03

2003

/04

2004

/05

2005

/06

2006

/07

2007

/08

2008

/09

2009

/10

2010

/11

2011

/12

2012

/13(

*)

Prod

ução

das

UF

RS SC

MT MABrasil

Fonte: Levantamento de Safras Conab (Fev 2012) (*) Estimativa

Safra 11/12 Safra 12/13 VAR. % Safra 11/12 Safra 12/13 VAR. % Safra 11/12 Safra 12/13 VAR. %(a) (b) (b/a) (c) (d) (d/c) (e) (f) (f/e)

NORTE 318,8 316,2 (0,8) 2.972 3.135 5,5 947,3 991,1 4,6PA 103,4 103,5 0,1 2.151 2.151 - 222,4 222,6 0,1

TO 119,9 117,6 (1,9) 3.689 4.131 12,0 442,3 485,8 9,8NORDESTE 596,7 592,2 (0,8) 1.288 1.652 28,3 769,0 978,1 27,2

MA 426,0 416,2 (2,3) 1.098 1.590 44,8 467,7 661,8 41,5

PI 117,4 122,7 4,5 1.171 1.135 (3,1) 137,5 139,3 1,3CENTRO-OESTE 218,6 216,8 (0,8) 3.406 3.246 (4,7) 744,5 703,7 (5,5)

MT 143,4 166,3 16,0 3.217 3.200 (0,5) 461,3 532,2 15,4

MS 17,0 15,5 (8,8) 6.420 6.200 (3,4) 109,1 96,1 (11,9)

GO 58,2 35,0 (39,9) 2.992 2.155 (28,0) 174,1 75,4 (56,7)SUDESTE 53,7 43,9 (18,2) 2.878 3.007 4,5 154,6 132,1 (14,6)SUL 1.238,9 1.249,7 0,9 7.252 7.398 2,0 8.984,1 9.245,1 2,9

SC 150,1 150,1 - 7.180 7.070 (1,5) 1.077,7 1.061,2 (1,5)

RS 1.053,0 1.066,6 1,3 7.350 7.525 2,4 7.739,6 8.026,2 3,7NORTE/NORDESTE 915,5 908,4 (0,8) 1.875 2.168 15,6 1.716,3 1.969,2 14,7CENTRO-SUL 1.511,2 1.510,4 (0,1) 6.540 6.674 2,0 9.883,2 10.080,9 2,0BRASIL 2.426,7 2.418,8 (0,3) 4.780 4.982 4,2 11.599,5 12.050,1 3,9

FONTE: CONAB - Levantamento: Março/2013.

Quadro 3

ARROZ EM CASCA

COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO

SAFRAS 2011/12 E 2012/13

REGIÃO/UFÁREA (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (Em kg/ha) PRODUÇÃO (Em mil t)

48

Page 52: Proposta de Preços Mínimos

Ao analisar o consumo no Brasil, segundo levantamento do IBGE, a maiordemanda pelo arroz no país se concentra nas Regiões Sudeste e Nordeste, áreas demaior concentração populacional. Em Face da maior parte da produção brasileira estarlocalizada na Região Sul, os valores pagos nos mercados varejistas e atacadistas, norestante do Brasil são majorados já que o custo logístico de deslocamento da produção ésignificativo na formação dos preços. Outro desafio da concentração da produção é amaior suscetibilidade à variabilidade do montante colhido pelo país frente a ataques depragas, doenças e alterações climáticas.

Neste sentido, considerando o período compreendido entre as safras1990/91 até 2011/12, a safra brasileira apresentou quebras em razão de problemasclimáticos no Sul em cinco delas, ou em 23,81%, o que é relevante. Contudo, odesenvolvimento da orizicultura na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul e parte deSanta Catarina se deu pelas condições edafoclimáticas excepcionais, existentes na regiãopara esse tipo de cultura, daí uma grande vantagem competitiva.

O Gráfico 7 apresenta os preços médios semanais ao produtor no RS. Nasafra 2011/12, os preços de mercado operaram abaixo do preço mínimo estabelecido.Esse desaquecimento no preço foi essencialmente resultado do excesso de oferta nasafra em questão. Na safra 2012/13, a cotação do arroz aqueceu, atingindo em meadosde 2012 o patamar recorde de R$ 38,19 por saco de 50 Kg. Esta alta nos preços foiresultado da baixa produção da Região Sul (Brasil), Uruguai e Argentina. Como já citadoanteriormente, os dois países destacados configuram como importantes supridores deoferta para o mercado brasileiro. Outro fator que exerceu pressão de alta nos preços foi apolítica de compras governamentais tailandesas já comentada no tópico sobre o mercadointernacional.

Atualmente, observa-se um arrefecimento dos preços no RS frente à boaexpectativa da próxima safra 2013/14. Devido à intensa correlação existente entre omercado internacional e o mercado interno – o insucesso dos objetivos traçados pelasintervenções tailandesas no mercado internacional, não influenciando um significativo

Gráfico 7ARROZ EM CASCA NATURAL

Preços nominais médios semanais ao produtor no RS, em R$/50 kg

15

20

25

30

35

40

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

Semanas no ano comercial do arroz (de 01 de março a 28 de fevereiro)

Safra 2009/10 Safra 2010/11Safra 2011/12 Preços MínimosSafra 2012/13

Fonte: Siagro/Conab - acessado em15/02/2012

49

Page 53: Proposta de Preços Mínimos

aumento nos preços – também corrobora para a tendência baixista do mercado gaúcho.Para a próxima safra, todavia, a expectativa é que os preços mantenham-se acima doestabelecidos nos específicos preços mínimos de cada região, garantindo uma boarentabilidade para o setor.

5 - Proposta de Preços Mínimos

A formulação dos preços mínimos pela Conab utiliza como fundamentoprimordial a apuração do custo variável de produção. A análise de mercado e adecomposição/composição para os produtos importados, todavia, também são utilizadoscomo balizadores secundários nessa elaboração. Com a política de preços mínimos,busca-se repassar ao produtor os custos utilizados por ele para realizar o processo desafra, assegurando, dessa forma, a segurança alimentar do país. No levantamento doscustos dos produtores no Brasil para a safra 2013/12, observou-se aumento nos custosvariáveis de produção na comparação com a safra passada2, contudo esses custos aindaestão significativamente inferiores aos preços mínimos em vigor.

Devido as diferentes características produtivas da orizicultura no Brasil, adefinição dos preços mínimos foi estratificada. Acerca da produção de arroz longo fino emcasca, na Região Sul (-PR), principal área produtora e possuidora dos maiores índices deprodutividade no âmbito nacional, o custo variável de produção apresentou umasignificativa elevação de 12,23%. Mesmo com esse significativo aumento, porém, o custode produção (R$ 24,05) segue abaixo (R$ -1,75) do preço mínimo (R$ 25,80) estipuladona última safra 2012/2013. Na definição do custo, o município gaúcho de Cachoeira doSul foi utilizado como proxy.

Analisando a composição do preço mínimo até o mercado atacadista de SãoPaulo, observa-se valor composto inferior ao praticado na média atual (R$ 52,62) e anual(R$ 55,62) do mercado. Na comparação com a paridade do arroz internacional (argentino)decomposto até o produtor do RS, persiste o preço mínimo em patamar inferior. Porúltimo, cabe analisar os preços atual e anual de mercado ao produtor no RS. Tanto amédia anual (R$ 31,58) como o preço atual (R$ 33,94) foram consistentemente superioresao preço mínimo, ou seja, cobriram os custos variáveis de produção.

Somado a todo o exposto, no Brasil atualmente há uma forte pressãoinflacionária, na qual os preços dos alimentos básicos exercem significativa influência.Logo, a proposta de manutenção do preço mínimo do arroz em R$ 25,80 corrobora com ocontrole inflacionário e com a conjuntura atual do mercado. A produção na Região Sul(-PR) concentra 75,41%, segundo o último acompanhamento de Março/03 da Conab,sendo esse um fator de risco para a segurança alimentar brasileira, pois a oferta torna-semais vulnerável à incertezas climáticas e efeitos negativos de pragas e doenças.

Na Região Norte e MT e na Região Sudeste, Centro-Oeste (-MT), Nordestee PR são propostas elevações nos preços mínimos de R$ 28,23 para R$ 31,90 e de R$30,96 para R$ 34,90, respectivamente, variações equivalentes a alteração nos custosvariáveis de produção em Sorriso (MT), município utilizado como proxy na estimação doscustos para as Regiões em comento, mais um prêmio de incentivo à produção. Os preçosatuais e médios anuais de mercado seguem aquecidos nas Regiões, em patamaressuperiores aos dos preços mínimos (em vigor e proposto). No cálculo de composição dos

2 Cabe esclarecer que os custos da safra 2012/13 não são os mesmos utilizados na elaboração dos preços mínimosnaquela safra, pois houve mudança da metodologia, a qual sofreu atualização dos custos.

50

Page 54: Proposta de Preços Mínimos

preços mínimos até o mercado atacadista paulista, os resultados compostos seguemabaixo do valor de mercado. Por último, na análise de paridade do arroz internacional(argentino) decomposto até o produtor do RS, persistem os preços mínimos (em vigor eproposto) em nível inferior ao da decomposição, o que indica a adequação dos reajustespropostos.

Frente o importante potencial de expansão da orizicultura nas regiões emquestão e à sua subsequente importância para a segurança do abastecimento nacionaldo arroz, os reajustes nos preços mínimos propostos vêm ao encontro à intenção dediversificação das áreas produtoras no Brasil. Hoje, problemas logísticos dificultam oescoamento da produção da Região Sul e elevam os preços, fazendo que as indústrias debeneficiamento do arroz, principalmente na Região CO, busquem na importação asolução. Com o incentivo proposto por meio do reajuste de 8,25% mais prêmio deincentivo à produção, espera-se o aumento da produção do arroz perto das indústrias debeneficiamento, reduzindo, dessa forma, o preço de mercado e a dependência àsimportações de certas regiões.

Acerca dos preços mínimos do arroz longo em casca, manteve-se a mesmalógica de reajuste dos preços mínimos do arroz longo fino, ou seja, na Região Sul (-PR)não é proposta alteração (R$ 18,90); na Região Norte e MT e na Região Sudeste, Centro-Oeste (-MT), Nordeste e PR são propostos aumentos de 8,25% mais prêmio (de R$ 21,66para R$ 26,46 e de R$ 18,90 para R$ 20,46, respectivamente). As motivações para essaspropostas são as mesmas já citadas acima para o arroz longo fino.

Ao analisar o quadro 4 de rentabilidade das diferentes culturas, observa-seque a previsão de rentabilidade (margem bruta/receita) do arroz de sequeiro para apróxima safra é estimada em 36,83%. Na comparação com a rentabilidade da soja, que éestimada em 48,81%, nota-se a grande disparidade de rentabilidade entre as culturas. Emrelação ao milho, outro bem substituto do arroz na ótica do produtor, observa-se umarentabilidade prevista de 25,97% para a safra 2012/13, sendo este retorno inferior aoestimado para o arroz de sequeiro.

Ou seja, utilizando o município de Sorriso como proxy para estasestimações, conclui-se que a forte concorrência da soja por área de plantio temdesestimulado o plantio de arroz nas Regiões N, NE, CO e SE. Segundo o mesmoestudo, para que as rentabilidades de soja e arroz sejam equivalentes, é necessário que opreço do arroz esteja por volta de R$ 62,00 (R$/60Kg).

Em face da ociosidade da capacidade produtiva das indústrias debeneficiamento nas Regiões em comento e da importância do incentivo da substituição deculturas – a proposta de preço mínimo – de R$ 31,90 (R$/60Kg) para a Região Norte eMT e de R$ 34,90 (R$/60Kg) para a Região Sudeste, Centro-Oeste (-MT), Nordeste e PR– vem ao encontro do objetivo de redução dos custos logísticos e da promoção dasegurança alimentar no país, aproximando a indústria do produtor. Logo, essa políticaexercerá pressão de baixa nos preços do produto, haja vista que atualmente grande partedo alto preço pago pelo atacadista e pelo varejista é ocasionada pelo elevado custologístico de deslocamento da produção (RS, SC, Uruguai, Argentina e Paraguai).

Na Região sul, a rentabilidade prevista para a safra 2012/13 do arroz irrigadoé de 34,78%. Apesar dos patamares de retorno entre o arroz de sequeiro do MT e doarroz irrigado do RS serem próximos, no RS, não há necessidade de estímulo daprodução, sendo a região amplamente abastecida pelo arroz. O que segue em linha com

51

Page 55: Proposta de Preços Mínimos

a proposta de manutenção do preço mínimo na Região Sul. Outro fator a ser ponderado éque, no RS, uma expressiva parte da produção do arroz está localizada em áreasinóspitas para o desenvolvimento de outras culturas, logo, a pressão para a substituiçãoda produção por culturas concorrentes é baixa.

No gráfico 8, analisa-se a evolução dos preços do arroz ao consumidor na cestabásica para diferentes capitais. O preço em Porto Alegre observa-se, na maior parte dotempo, abaixo das outras duas capitais. Este resultado é esperado – pois o mercadoconsumidor, nesse caso, encontra-se próximo dos maiores produtores nacionais. Emcontrapartida, Salvador e São Paulo, mercados dependentes do abastecimento de arrozde outras regiões produtoras, apresentaram preços mais elevados, pois o custo logísticode deslocamento do produto foi preponderante na majoração dos preços. Essa análisecorrobora com os argumentos expostos acima nas proposições de preços mínimos paraas diferentes Regiões.

ProdutosSafras 2011/12 2012/13 2013/14 2011/12 2012/13 2013/14 2011/12 2012/13 2013/14 2011/12 2012/13 2013/14Preço (R$/50 kg) 23,08 31,17 42,25 25,43 21,52 31,34 14,81 14,90 15,03 31,86 46,89 41,87Produtividade do pacote (Kg/ha) 3.600 3.600 3.600 6.500 6.500 6.500 5.400 5.400 5.400 3.200 3.200 3.200

ANÁLISE FINANCEIRA:A - Receita bruta (I*II) 1.435,32 1.937,94 2.627,11 3.865,36 3.271,04 4.763,68 1.747,09 1.757,90 1.772,65 2.032,56 2.991,69 2.671,09B - Despesas:B1 - Despesas de Custeio (DC) 1.007,22 1.251,14 1.304,89 2.079,70 2.215,01 2.449,52 736,94 902,35 965,20 859,40 1.016,54 1.037,37B2 - Custos Variáveis (CV) 1.334,03 1.533,21 1.659,57 2.642,95 2.786,78 3.130,68 1.037,39 1.208,48 1.312,35 1.118,55 1.283,77 1.367,35B3 - Custo Operacional (CO) 1.512,94 1.703,35 1.801,15 3.138,40 3.215,27 3.459,75 1.145,42 1.310,19 1.388,17 1.271,41 1.425,98 1.483,21a) - Margem Bruta s/ DC (A - B1) 428,10 686,80 1.322,22 1.785,66 1.056,03 2.314,16 1.010,15 855,55 807,45 1.173,16 1.975,15 1.633,72b) - Margem Bruta s/ CV (A - B2) 101,29 404,73 967,54 1.222,41 484,26 1.633,00 709,70 549,42 460,30 914,01 1.707,92 1.303,74c) - Margem Líquida s/ CO (A - B4) (77,62) 234,59 825,96 726,96 55,77 1.303,93 601,67 447,71 384,48 761,15 1.565,71 1.187,88

INDICADORES:Receita sobre o Custeio (A / B1) 1,43 1,55 2,01 1,86 1,48 1,94 2,37 1,95 1,84 2,37 2,94 2,57Receita sobre o Custo Variável (A / B2) 1,08 1,26 1,58 1,46 1,17 1,52 1,68 1,45 1,35 1,82 2,33 1,95Receita sobre o Custo Operacional (A / B3) 0,95 1,14 1,46 1,23 1,02 1,38 1,53 1,34 1,28 1,60 2,10 1,80Margem Bruta (DC) / Receita (a / A) 29,83% 35,44% 50,33% 46,20% 32,28% 48,58% 57,82% 48,67% 45,55% 57,72% 66,02% 61,16%Margem Bruta (CV) / Receita (b / A) 7,06% 20,88% 36,83% 31,62% 14,80% 34,28% 40,62% 31,25% 25,97% 44,97% 57,09% 48,81%Margem Líquida (CO) / Receita (c / A) -5,41% 12,11% 31,44% 18,81% 1,70% 27,37% 34,44% 25,47% 21,69% 37,45% 52,34% 44,47%Fonte: Sistema de Custos da Conab/SiagroObs.: Os preços de milho e soja são do ano civil 2010 e 2011 e o arroz de 03/2010 a 02/2011 e de 03/2011 a 02/2012; produtividade safra de Jan/2013.

SOJA EM GRÃOSARROZ SEQUEIRO - MT

Quadro 4Estado do Mato Grosso

ANÁLISE DE RENTABILIDADE ENTRE PRODUTOS SUBSTITUTOS, em R$ / hectare

(Com base na produtividade efetiva com base nos levantamentos da Conab, em kg/ha e percentagem)

ARROZ IRRIGADO - RS MILHO EM GRÃOS

G ráf ic o 8C o m pa ra ção de P re ço s do A rro z na C e s t a B ás ic a

R $ 1, 50

R $ 1 , 70

R $ 1 , 90

R $ 2 , 10

R $ 2 , 30

R $ 2 , 50

R $ 2 , 70

j an-09 mai -09 s et -09 j an-10 mai -10 s et -10 j an-11 mai -11 s et -11 j an-12 mai -12 s et -12 j an-13

Salvad o r

São Paulo

Po rt oA leg re

Font e: Dieese

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Page 56: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

BORRACHA NATURAL

Humberto Lobo Pennacchio

1 - Introdução

A produção de borracha natural, inicialmente extrativa, foi uma atividadeimportante no início do século passado, devido a fatores como baixa qualidade doproduto, grande distância dos centros consumidores, baixo rendimento e altos custos deprodução, cedendo lugar ao cultivo comercial, principalmente nas áreas de escape que,entretanto, ainda não conseguiram acompanhar o crescente aumento do consumointerno, condicionando o país à difícil situação de importador do produto a preçossubsidiados pelos países asiáticos.

O estudo da Cadeia Produtiva da Borracha Natural no Brasil estádiretamente relacionado à questão da viabilidade dos investimentos na produção deborracha natural no país. Com o processo de globalização, na busca de auto-suficiênciana produção de borracha natural deve-se ponderar a sua importância estratégica vis-à-vis, com os custos sociais da atividade.

Mais recentemente vem sendo discutida a viabilidade e oportunidade deestimular a reativação de todos os elos da cadeia da borracha natural no país para avaliara cadeia produtiva do produto, para tanto, foi realizado um levantamento, com análise deinformações junto a produtores, usineiros, seguido de avaliação dos fatores críticos,restritivos e impulsores ao desempenho da produção.

2 – Características da cultura

A Hevea Brasiliensis, planta originária da região Amazônica, encontradanaturalmente nas florestas dos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Pará e em áreasvizinhas do Peru e Bolívia, produz a borracha natural que, dadas as suas característicasfísico-químicas (elasticidade, resistência ao desgaste, impermeabilidade a líquidos egases, isolante elétrico, plasticidade, etc.), a indústria química ainda não foi capaz deproduzir um substituto apropriado.

As primeiras informações que se tem sobre a descoberta da Borracha Natural,data de 1743, quando em sua segunda viagem à América do Sul, Cristóvão Colombo viunativos do Haiti brincando com bolas que faziam com uma seiva de cor branca leitosa,extraída de árvores, que estes nativos chamavam de “Cau-uchu”, que na língua nativasignificava a árvore que chora. O nome Borracha (Rubber) foi dado por John Priestly em1770, quando do uso do material para apagar as marcas de lápis, riscadas em papelbranco.

A cadeia produtiva da borracha natural no Brasil possui três segmentosdistintos: a atividade rural, subdividida em atividade extrativista e de cultivo (heveicultura),as indústrias de beneficiamento e a indústria consumidora final. O extrativismo é praticadona Região Norte, local de origem da planta, enquanto que a heveicultura se localiza nos

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Estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul,Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia e São Paulo. As indústrias debeneficiamento localizam-se em dez Estados da Federação, já as indústrias de consumofinal estão distribuídas em dezesseis Estados.

Desde a década de 70 foram implementados vários programas de apoio àprodução de borracha com recursos subsidiados pelo Tesouro Nacional. Em 2004, oGoverno Federal objetivando fomentar a cadeia produtiva, propôs através da Conab, ainclusão da borracha na Política de Garantia de Preços Mínimos, nas modalidades deEGF, sem opção de venda, para financiar a estocagem das indústrias, e AGF paracompra direta da produção amazônica. Nas avaliações que se seguiram foi aprovado,apenas o EGF, estendido a todo o País.

3 – Cadeia produtiva

O setor de borracha natural nacional é representado por uma cadeiaprodutiva composta pelos seguintes elos: a) Os consumidores do mercado nacional e doexterior, b) O setor produtivo integrado por extrativistas (seringais nativos da Amazônia),pequenos, médios e grandes heveicultores (seringais cultivados), c) O setor beneficiadordo qual fazem parte as usinas e mini-usinas de beneficiamento de borracha e d) O setorindustrial, composto pelas indústrias de pneumáticos (81%) e de artefatos leves (19%).Encontram-se, ainda, os segmentos fornecedores de bens e insumos básicos (máquinas,adubos, sementes, mudas, implementos, defensivos e demais serviços), bem como o elo,representado por atacadistas e varejistas, além das ações governamentais (Figura 1).

4 - PANORAMA INTERNACIONAL

A produção mundial de borracha natural em 2012 elevou-se em 6,7%, comomostra o Quadro do item 4.1, divulgado pelo International Rubber Study Group (IRSG),situando-se em 10,3 milhões de toneladas, se comparada ao número total de 2009 de 9,7milhões de toneladas. A principal região produtora continua sendo a Ásia, com 95% daprodução mundial.

4.1 – Quadro de Oferta e Demanda

O fato de noventa por cento de toda produção mundial estar concentradanos países da Ásia (Tailândia, Indonésia, Malásia, Índia, Vietnã e outros de menorexpressão), promove uma concentração que não deverá sofrer alterações durante muitotempo. Dois fatores foram decisivos para que isto acontecesse: os investimentos feitosespecialmente pela Inglaterra na adaptação da Hevea Brasiliensis, ao clima da região eos investimentos econômicos na exploração do látex. Atualmente o crescimento daprodução nos países africanos banhados pelo Oceano Atlântico, tais como Libéria,Camarões e Nigéria, superior ao crescimento da América Latina já dá mostras dopotencial daquela área. Em 2011 o Brasil contribuiu com a produção mundial com

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Page 58: Proposta de Preços Mínimos

140.000 toneladas, mantendo, assim, o percentual de cerca de 1,3% da produção totalmundial.

Produção e Consumo Mundial de Borracha (1.000 ton)Produção Consumo

Ano BorrachaNatural

BorrachaSintética Total Borracha

NaturalBorrachaSintética Total

1998 6,634 9,880 16,514 6,570 9,870 16,4401999 6,577 10,390 16,967 6,650 10,280 16,9302000 6,762 10,870 17,632 7,340 10,830 18,1702001 7,332 10,483 17,815 7,333 10,253 17,5862002 7,326 10,877 18,203 7,556 10,874 18,4302003 8,020 11,379 19,399 7,939 11,386 19,3252004 8,746 11,999 20,745 8,718 11,878 20,5982005 8,904 12,136 21,040 9,200 11,936 21,1362006 9,791 12,690 22,481 9,714 12,691 22,4052007 9,801 13,430 23,231 10,224 13,308 23,5322008 10,031 12,784 22,815 10,154 12,619 22,7732009 9,602 12,168 21,770 9,547 11,878 21,4252010 10,428 10,806 21,234 14,082 14,046 28,1282011 11,031 10,981 22,012 15,104 14,942 30,0462012 8,430 8,146 16,576 11,285 11,192 11,477

Fonte: International Rubber Study Group (IRSG)(*) acumulado até mês setembro.

O consumo em 2011, também divulgado International Rubber Study Group ,15,1 milhões de toneladas, 7,25% superior a 2010, indica um aquecimento da demandapelo produto como mostrado no quadro acima. Com relação à produção, em 2011 houveuma retração no crescimento em termos percentuais e em relação ao consumo,odecréscimo foi de 5,78% em relação a 2010. Esta tendência deverá se concretizar em2012. O uso desta matéria-prima segue crescendo a taxas importantes, sendo a China oprincipal mercado consumidor . Entretanto, desde o final de 2011 a economia chinesa jádá mostras de que diminuirá um pouco suas encomendas, apesar do seu vigorosodesempenho nos últimos tempos, com destaque para a indústria automotiva e oconsequente aumento do consumo de borracha para fabricação de pneus.

Cerca de 70% de toda borracha natural consumida no mundo sãodestinados à produção de pneus. A maioria das empresas pneumáticas constitui-se degrandes conglomerados econômicos que têm poder de pressão na formulação dos preçosde compra da matéria-prima. Por outro lado, os países produtores dependem dacomercialização de látex, pois são economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimentoe qualquer fonte de renda é muito importante para ser desprezada. Este fato faz com queos preços, na maioria dos casos, fiquem ao sabor das políticas dos compradores e nãodos vendedores, resultando, quase sempre, em seu aviltamento.

Na tentativa de superar essa situação foi formado, em dezembro de 2001, oInternational Tripartite Rubber Cooperation (ITRC), com a finalidade de reduzir aprodução. Em 06/10/2003 foi assinado o International Rubber Consortium Limited (IRCo),com a finalidade de controlar os estoques, o comércio e os preços da borracha.

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Page 59: Proposta de Preços Mínimos

FIGURA1 - CADEIA PRODUTIVA DA BORRACHA NATURAL

5.1 – Preços

O Gráfico 1 ilustra a evolução dos preços SMR (Standart Malasyan Rubber),similar ao GEB, matéria-prima brasileira, borracha tecnicamente especificada, usada nafabricação de pneus e artefatos de borracha.

Em 2012 os preços alcançaram a média de US$¢ 316,40 por quilo, resultado43,4% inferior à média de preços observada no ano de 2011, considerando janeiro adezembro. Vários fatores contribuíram para essa volatilidade dos preços, dentre eles aincerteza da recuperação das economias no hemisfério norte, aliada a uma políticaeconômica estabelecida pelo governo chinês de controle no crescimento interno, com aconsequente retração da atividade industrial, todos grandes consumidores de borracha.Os significativos aumentos verificados na cotação do petróleo iniciaram em 2007 umaescalada de alta, ultrapassando a barreira dos US$ 100,00 o barril, em Março de 2008,também funcionaram como elemento de pressão no incremento dos preços da borracha.

AÇÕES GOVERNAMENTAIS

Melhoramento Genético (clones)

Indústria de Defensivos

Combustíveis Indústria de Fertilizantes e Insumos

Produção de mudas (viveiro comercial)

Revenda de Insumos/equip.

UNIDADE PRODUTIVA SERINGAL NATIVO

Produção de mudas na propriedade

UNIDADE PRODUTIVA SERINGAL DE CULTIVO

AÇÕES DE APOIO TÉCNICO-Pesquisa em Heveicultura- Assistência Técnica- Revenda de Insumos- Capacitação de rec. humanos- Controle fitossanitário- Infra-estrutura botânica

AÇÕES DE APOIO FINANCEIRO- Linhas de crédito p/ formação de

seringais cultivados REGATÃO

POLÍTICA DE PREÇOS

AÇÕES SOCIAIS- Assistência e Saúde- Assistência- Educação- Revenda de Insumos e

alimentos. Conab

- PGPM - EGF USINAS DE BENEFICIAMENTO

POLÍTICA DE PREÇOS

INDÚSTRIA DEPNEUMÁTICOS (85%)

POLÍTICA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

INDÚSTRIA DE ARTEFATOS LEVES (15%)

COMERCIALIZAÇÃO

CONSUMIDORES

IMPORTAÇÃO SMR e outras (Sudeste Asiático)

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Page 60: Proposta de Preços Mínimos

A escalada de alta dos preços continua durante o ano de 2010, com estes atingindopatamares acima de US$c 500,00/kg. Em janeiro de 2011 e a partir de então, se iniciauma curva descendente, pressionada pela incerteza da economia e a consequenteretração na atividade industrial.

5.2 – Perspectivas

Devido o aumento na demanda pelo elastômero, verificado no aumento doconsumo de 7,25% no ano de 2011 em relação a 2010, versus um aumento na produçãoem níveis bem mais acanhados, 5,8%, para o mesmo período, verificado na Ásia eEuropa, fizeram com que a relação produção/consumo ficasse ainda mais apertada, o quedeverá provocar uma pressão ainda maior nos preços durante o período de 2012/13. Umfator importante nesta pressão altista dos preços diz respeito aos preços do petróleo comtendência altista, podendo provocar um aumento nos preços assim como algunsprodutores do continente asiático que pressionam para manutenção do preço da matériaprima no patamar dos US$¢ 4,00/kg. É certo que o incremento no plantio e replantio naÁsia poderá atenuar um pouco essa pressão altista, mas o aumento do consumo empaíses como China e Estados Unidos contribuirão para manter essa disputa altista dospreços bem acirrada.

Gráfico ISTANDARD MALAYSIAN RUBBER Nº 10 - SMR-10

Cotações médias mensais, em US$¢/kg

40

140

240

340

440

540

jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13

Fonte: Malasyan Rubber Board - Elaboração: Conab

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Page 61: Proposta de Preços Mínimos

6 - Panorama nacional

O forte interesse de empresas privadas em investir e adquirir toda produçãode borracha coagulada e látex líquido a serem produzidos enfatiza a urgente necessidadeda elaboração de programas que, além de viabilizarem alternativas para superação dosprincipais problemas da produção, ampliam a produção de borracha no país.Considerando que há uma capacidade ociosa nas usinas de beneficiamento de borracha,nas indústrias consumidoras, assim como uma capacidade instalada em organismosgovernamentais federais e estaduais para deflagrar e executar uma política públicavoltada para esse setor (SDS, 2007; Pastori, 2008), existem várias iniciativasgovernamentais estaduais e municipais, em parceria com a sociedade civil organizada,focadas à revitalização da borracha natural. Dentre essas ações, cita-se o apoio àinstalação de fábricas, usinas de beneficiamento, incentivos fiscais e tributários, além depagamento de subvenções estaduais e municipais a título de compensação pelos serviçosambientais prestados, e o apoio à organização da produção. Na esfera federal há váriosprogramas, dos quais pode-se citar: o PAE (Programa de Apoio a Produção eComercialização do Extrativismo) que possibilita aos povos e comunidades tradicionais eagricultores familiares que coletem, beneficiem e comercializem seus produtos com oapelo da manutenção da floresta em pé, associado ao respeito às suas culturas.

Os dados do ano de 2011 demonstram que a Região Norte detém apenas2,5% da produção, enquanto que a Região Centro-sul produziu praticamente 95% dolátex nacional.

6.1 Importação/Exportação

O Gráfico 2 indica que o Brasil é importador tradicional de borracha, fatoque vem acontecendo desde 1 951. Nos últimos dezesseis anos (1995 a 2011), aprodução nacional saltou de 44.297, para 140.000 toneladas (estimativa), ou seja, umacréscimo de 218%, enquanto o consumo interno obteve um crescimento de 140%,saindo das 154.755 para 370.000 toneladas. Já as importações do produto tiveram umcrescimento menor no período, 109,11%, saltando de 110.457 para 230.160 toneladas.

O Brasil é importador tradicional de borracha, fato que vem acontecendodesde 1951. Nos últimos dezessete anos (1995 a 2012), a produção nacional saltou de44.297, para 145.000 toneladas (estimativa), um acréscimo de 230%, enquanto oconsumo interno obteve um crescimento de 121%, saindo das 154.755 para 340.000toneladas. Já as importações do produto tiveram um crescimento menor no período, 75%,saltando de 110.457 para 192.700 toneladas.

O país continua importando cerca de 60% da borracha necessária aoconsumo interno. Nota-se que o incremento da produção nacional, na última década, foiinferior ao crescimento, tanto do consumo quanto das exportações. Tal movimento podeser verificado quando se subdividem os diferentes tipos de borracha que foramimportadas, com a predominância pelas compras da matéria-prima prensada ougranulada, utilizada pela indústria de pneumáticos. Até 1998, tendo em vista uma certaestabilidade no consumo e na produção interna, as importações também eram mantidascom relativa constância. A partir de então, o consumo começa a crescer de formaacentuada levado pelo aumento da produção interna, mas, abaixo das necessidades do

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Page 62: Proposta de Preços Mínimos

setor industrial, de modo que as importações foram a única maneira de manterabastecidas as indústrias.

Gráfico 2BORRACHA NATURAL

Produção, Importação e Consumo Brasileiros, de 1991 a 2010 em mil toneladas

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fontes: IBGE, Secex e Conab - Elaboração: Conab

Produção Demanda Importação

A julgar pelo ritmo de crescimento da produção de borracha natural noBrasil, 5% ao ano e o consumo, 6,0% ao ano, essa realidade vai demandar muito esforçopara ser revertida, e o déficit tende a aumentar. Seriam necessários nas condições deprodutividade atuais, cerca de 400.000 hectares em produção para o abastecimento domercado interno frente aos atuais 135.000 hectares em produção, sendo 140.000hectares plantados. Para suprir tal déficit de matéria-prima, cada vez mais crescente,fontes do setor estimam que para o ano de 2020 seriam necessárias 400.000 toneladas, eque a preços de janeiro de 2013, o país desembolsaria o equivalente à US$ 1,3 bilhões,valor necessário justamente para promover o crescimento interno da produção, visandosuprir o déficit projetado.

6.2 – Preços

No que diz respeito aos preços recebidos pelos produtores observa-se queao se tomar por base as cotações praticadas no Estado de São Paulo, principal centro,produtor, consumidor e formador de preço durante o ano de 2012 o coágulo virgem com53% de DRC alcançou a média de R$ 2,64/kg, valor este 7,42% inferior à médiaobservada no ano de 2011, ou seja, reflexo da queda na atividade industrial interna.Entretanto, no início do ano de 2013 os preços já apresentam uma recuperação com amédia dos dois primeiros meses de R$ 2,71/kg, indicando um movimento de recuperaçãoda demanda pelo produto, verificado, inclusive, pelo bom desempenho da indústriaautomobilística no período.

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Page 63: Proposta de Preços Mínimos

Com relação ao preço médio Brasil, o mesmo ficou abaixo do praticado noEstado de São Paulo em 16,5% para o ano de 2012, com valor de R$ 2,97/kg. Omovimento de desaquecimento dos preços também já é observado no início de 2012 nasdemais unidades da federação, seguindo o movimento da praça formadora.Consequência direta da retração dos preços no mercado internacional, a Ásia, continenteresponsável por 92% da produção mundial de borracha natural e maior fornecedor damatéria-prima, é referência na formação do preço interno.

7 - Proposta de preços mínimos

Para a produção de borracha natural em sua atividade de cultivo foramconsiderados os parâmetros utilizados para a formulação desta proposta, que são osseguintes:

a) Custo de produção: elaborado nos principais Estados produtores da região CentroSul (São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo), obtendo-se uma média de variaçãonos preços dos insumos e serviços de 13,64%, em relação ao mesmo período de2012 e que será um dos critérios considerados para a proposição em questão, cujovalor médio apurado foi de R$ 2,00/kg.

b) Preços de mercado: tomando como base as informações coletadas, o preço médiorecebido pelos produtores para o Cernambi Prensado com até 60% de DRC em2012 foi de R$ 2,67/kg, média abaixo dos praticados em 2011, mas já indicandouma tendência de estabilização para 2013.

Grafico 3Borracha Natural- CVP

Preço Recebido pelos produtores

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

04/20

09

06/20

09

08/20

09

10/20

09

12/20

09

02/20

10

04/20

10

06/20

10

08/20

10

10/20

10

12/20

10

02/20

11

04/20

11

06/20

11

08/20

11

10/20

11

12/20

11

02/20

12

04/20

12

06/20

12

08/20

12

10/20

12

12/20

12

R$/K

g

AC AM BA ES MG MT PA RJ RO SP

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c) Preços de paridade: considerando-se que a matéria-prima vai abastecer asindústrias no Estado de São Paulo, tomando-se por base os preços médios deimportação da SMR-10 no mês de fevereiro de 2013 e utilizando o câmbio médiodo mês de R$ 2,06/US$, o produto chega às indústrias deste estado a R$ 6,88/kgpara o GEB-1. Decompondo-se o mesmo, o valor destinado ao produtor é de R$3,10/kg de CVP, com até 60% de DRC.

Baseada nos parâmetros acima, abaixo a proposta de Preços Mínimospara o setor:

O valor a ser considerado para fixação do preço mínimo da Borracha Naturalnas operações da PGPM é o valor apurado para o custo variável de produção, na médiado país, cujo valor é de R$ 2,00/kg, para o cernambi virgem com 53% de DRC,representando uma variação de 17,65% em relação ao preço em vigor. Para os demaisprodutos os preços estão indicados na Tabela 6.1:

Tabela 6.1Política de Garantia de Preços Mínimos - PGPM

Proposta de preços mínimos para a Borracha NaturalTabela de Preços Mínimo, por produto, safra 2013/14

PreçoProdutos Sigla Mínimo

(R$/kg)

Produtos industrializados

Granulado Escuro Brasileiro 1 GEB-1 6,30Granulado Escuro Brasileiro 2 GEB-2 6,18Crepe Escuro Brasileiro 1 CEB-1 6,30Crepe Escuro Brasileiro 2 CEB-2 6,06Granulado Claro Brasileiro GCB 7,01Folha de Defumação Líquida FDL 6,42Folha Fumada Brasileira 1 FFB-1 6,42Folha Fumada Brasileira 2 FFB-2 6,30Folha Clara Brasileira 1 FCB-1 6,18Folha Clara Brasileira 2 FCB-2 6,54Crepe Claro Brasileiro 1 CCB-1 7,13Crepe Claro Brasileiro 2 CCB-2 6,42Latex Natural Centrifugado a 60% 4,87

Borracha de campo

Cernambi Virgem Prensada 72% de DRC CVP 2,71Cernambi a Granel CG 2,29Cernambi Rama CR 1,71Látex de Campo 31% de DRC LC 1,57Cernambi 53% de DRC (*) CV 2,00

(*) Preço base. Para calcular o preço dos demais teores de unidade,

dividir o preço de R$ 2,00 por 53 e multiplicar pelo teor de unidade em questão.

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

CACAU AMÊNDOA

Bruno Nogueira

1 – Panorama Internacional

Segundo dados consolidados e divulgados pela Organização Internacionaldo Cacau (OICC) o mundo nunca colheu tanto cacau quanto na safra internacional2010/11, afinal, a colheita mundial do cacau pela primeira vez na história, ultrapassou amarca de 4 milhões de toneladas, chegando a uma produção bruta de 4,3 milhões detoneladas. Este número é 18,5% maior que a safra 2009/10 e um dos mais expressivosda série histórica da OICC. Até então, o maior salto de produção havia ocorrido no anoagrícola 2003/04, quando a colheita mundial foi de 3,54 milhões de toneladas, 11,6% amais do que no ciclo anterior. De lá para cá, foram colhidas em torno de 760 mil toneladasa mais de cacau, quantidade suficiente para atender praticamente toda a demanda anualde moagem das Américas.

O continente africano é responsável por cerca de 70% da produção mundial.O maior produtor é a Costa do Marfim, que passou de 1,24 milhão de toneladas para 1,51milhão de toneladas na safra 2010/11, seguido por Gana, que no ano agrícola de 2010/11quase dobrou a produção em relação à safra anterior, passando de 632 mil toneladaspara 1,02 milhão de toneladas.

O crescimento da produção mundial de cacau verificado nos últimos anos éexplicado pelo aumento da demanda. De acordo com dados da OICC o volume demoagem entre os anos de 2002/03 e 2010/11, apresentou crescimento em torno de 5%ao ano. Na safra de 2009/10 os dados apontam que a procura pelo produto foi maior quea oferta, o que resultou num déficit de 132 mil toneladas. Porém, considerando osestoques mundiais não houve desabastecimento.

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No ano agrícola 2010/11, considerado uma supersafra, houve saldo positivoem torno de 340 mil toneladas, que foi incorporado ao volume de estoques mundias, queera da ordem de 1,77 milhão de toneladas.

Entretanto, cenário como este de supersafra e aumento nos estoquesmundiais não deve ser a regra, a tendência é de que haja redução no volume de cacauentregue anualmente para as indústrias. Porém, na safra mundial 2011/12 (de outubro asetembro), mesmo diante de previsões pessimistas de que a produção mundial ficarialevemente abaixo do volume de moagem, a realidade mostrou o contrário. A produçãodeve ficar em cerca de 4,05 milhões de toneladas, total 3% acima da moagem, que deveficar por volta de 3,92 milhões de toneladas.

Na visão da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC)caso seja mantida a tendência atual, faltará cacau no mundo. A equação seria simples, oconsumo está crescendo ano após ano e os principais países produtores podem começara estagnar ou, até mesmo, encolher suas safras, por conta de problemas sanitários,econômicos e políticos, principalmente em países como Costa do Marfim, Gana e Nigéria,três dos quatro principais países produtores de cacau.

1.1 – Preços Internacionais

O cacau tem os preços definidos, sobretudo, nas bolsas de mercadoriasinternacionais de Nova York e de Londres. Segundo Fernando Antônio Teixeira Mendes,doutor em Economia e técnico da Ceplac, oferta e demanda quase sempre não sãológicas para formação de preço, pois há uma forte influência da especulação em todoprocesso. Isso faz o cacau ser umas das commodities mais difíceis de se trabalhar.

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Outro fato relevante é que qualquer movimento atípico nos principais paísesprodutores, como os da África, que respondem por 70% da oferta global, pode acarretarreflexo imediato no bolso do cacauicultor brasileiro. Isso significa um grande problemapara os agricultores, pois o fato do cacau ser uma lavoura perene, impede a adoção demedidas utilizadas por produtores de culturas de ciclos curtos, que adotam cautelaquando o momento é desfavorável.

Como pode ser visto no gráfico abaixo, no início de 2011, a tonelada docacau chegou a US$ 3,5 mil, pico que segundo especialistas não possui uma explicaçãomuito clara. Já no segundo semestre, a crise econômica na Europa, que reduziu o poderde compra dos consumidores de chocolate, fez com que os preços do cacau nas bolsasde valores caíssem, com a desvalorização entre janeiro e dezembro de 2011, maior que30%. A tonelada de amêndoa começou 2012, cotada, em média, a US$ 900 a menos doque valia um ano antes. E a perspectiva é que continue nesse padrão, pressionada pelainstabilidade econômica nos países europeus e nos Estados Unidos.

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1.2 - Perspectivas

Segundo o Resumo das Previsões e Estimativas do ICCO, de 28 defevereiro de 2013, o mundo deve colher menos cacau que o necessário para satisfazer amoagem na safra 2012/13. Neste ciclo, a previsão é de déficit de 45 mil toneladas. Aescassez desta safra seria resultado da redução na produção da África Ocidental.

Em julho de 2011, a Organização Internacional do Cacau fez uma previsãode que o aumento da produção de cacau muito rápida e de forma não coordenada naÁfrica Ocidental poderia levar a um colapso dos preços. Pode-se dizer que hoje estaprevisão já se tornou uma realidade. O setor cacaueiro viu um aumento notável naprodução na safra 2010/11 nos quatro principais países africanos produtores. Ganaproduziu um recorde de 1 milhão de toneladas de cacau, a Costa do Marfim, de acordocom registros oficiais, produziu 1,3 milhão de tonelada, Camarões produziu um recorde de236 mil toneladas, enquanto a Nigéria teve uma produção de cerca de 230 mil toneladas.Essa superprodução é responsável, em grande parte, pela queda nos preços mundiais docacau. Os preços atingiram um nível tão baixo que muitos agricultores da ÁfricaOcidental, que produzem 70% do cacau do mundo, afirmam ter um rendimento quedesestimula a permanência na atividade. Ressaltam que os custos do trabalho,agrotóxicos, transporte e outros insumos subiram, e com o aumento do custo de vida ocultivo de cacau já não parece tão atraente.

Além da falta de interesse econômico, fatores como a falta de rápidasubstituição das plantações de cacau envelhecidas, uma incapacidade de trazer umanova geração para substituir os antigos produtores e a não modernização da cultura,contribuem para inibir a produção desta amêndoa na África Ocidental.

Nesse contexto, há uma certa perda de interesse por parte dos agricultoresafricanos. Vários agricultores nos quatro principais países produtores abandonaram ocultivo de cacau e começam a se deslocar para outras culturas, como óleo de palma eborracha. Diante deste fato, há uma grande expectativa sobre o resultado da safra decacau na temporada 2012/13. Enquanto a oferta pode ficar mais restrita, a demanda deve

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se manter em patamares razoáveis na Europa e nos EUA e continuar se elevando naÁsia, principalmente em países emergentes como a China e Índia. A ICCO estimou que ademanda no continente cresceria 10% em 2012, porque o rendimento da populaçãoaumentou e os fabricantes de chocolate investiram pesado em publicidade na Ásia.

2 – Panorama Nacional

Pode-se dividir a atividade cacaueira no Brasil em duas partes. O cacaucultivado, com destaque para a Bahia e o Pará, responsável por cerca de 90% daprodução nacional, e o cacau extrativo, principalmente no Amazonas. Apesar derepresentar uma pequena parcela da produção nacional, o cacau extrativo é de extremaimportância, pois além de ser uma atividade econômica, que gera renda aos povos daregião, esta, indiretamente, conserva a floresta.

Nesse início do século XXI, a cacauicultura brasileira passa por um períodode recuperação. Após alcançar 348 mil toneladas de amêndoas na safra 1989/90 – umano depois da chegada da vassoura-de-bruxa no Sul da Bahia – a lavoura brasileira sereduziu a níveis históricos poucos anos depois. Com esse desequilíbrio entre demanda eoferta, na safra 1997/98 o Brasil passou de exportador a importador de amêndoa ederivados, como cacau em pó. Nas últimas safras, contudo, estimulada pela demandainterna e externa e pelos significativos avanços na área de pesquisa, a produção nacionalvoltou a crescer.

A cacauicultura, mesmo estando organizada em duas safras por ano, aprincipal, aproximadamente de novembro a fevereiro, e a temporã, de abril a agosto, oprodutor de cacau colhe quase o ano inteiro. Como se trata de uma planta perene,mesmo não recebendo os tratos culturais adequados o cacaueiro produz. A vida útil deum pé de cacau pode chegar a 100 anos, mas o ciclo ideal não passa dos 40.

O Brasil registrou, na safra de 2011/12, o maior aumento dos últimos 19anos, com 255 mil toneladas, o que representou 50% a mais, comparado à safra de 2003,que foi de 170 mil toneladas e aumento de 2,6% em relação à 2010/11. A previsão para asafra de 2013 também é otimista, pois até agora, só na Bahia, está estimada em 155 miltoneladas, significando que, após a conclusão do levantamento de safra, incluindo osoutros estados, deverá haver um aumento ainda maior da produção. As moagens totaisdo Brasil para o ano safra internacional 2011/12 registraram recorde histórico, com 242,4toneladas, superando as 239,1 toneladas do ano safra 2010/11.

A diretoria da Ceplac informou que o consumo de cacau no Brasil saiu deum patamar de 300 gramas per capta registrado em 2002, para 2 quilos registrados em2012. De acordo com a fonte, esses números são os reflexos das políticas públicasimplementadas pelo governo, que resultou no aumento de renda da população, o quegera mais otimismo com relação ao futuro, no tangente ao incremento do consumo internode cacau.

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Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa aindústria importou 54,8 mil toneladas do cacau inteiro ou partido, número elevado seconsiderar a boa safra nacional em 2012. Na visão do produtor, essa quantidade elevadase deu por motivos estratégicos. Segundo eles, empresários da indústria do chocolateestariam buscando importar quantidade significativa de amêndoas de cacau com oobjetivo de forçar a queda do preço. Já a indústria se defende apontando que muito dessevalor é resultado da expectativa que havia se formado de quebra de safra, ou seja, houveum erro de dimensionamento do tamanho da safra. Deste modo, previa-se uma quebra desafra, que não ocorreu, e os contratos de importação seriam firmados em um período decerca de um ano e meio. Independentemente disso, o fato é que com o incremento daoferta, a arroba de cacau, que chegou a ser vendida por R$ 90,00, agora está com opreço em baixa, em torno de R$ 58,00, o que vem acarretando perdas aos produtores.

Existe uma pequena quantidade de exportação do Cacau Inteiro e Partido,cerca de 482 toneladas. As companhias que atuam no país também exportam uma parteda produção, principalmente para a América Latina. Uma parcela desta exportação acabasendo incentivada pelo fato de participarem do Regime de Drawback, por meio do qualtêm isenções de tributos na importação da matéria-prima a ser usada na industrializaçãoe posterior exportação.

Tabela 1 - Fonte: Ministério da AgriculturaIMPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO - TOTAL

PRODUTOS IMPORTADOS2011 2012

Var.% (b/a)Peso (Kg) Peso (Kg)

CACAU E SEUS PRODUTOS 258.985.172 64.093.670 390.984.070 100.214.193 50,97%

CACAU INTEIRO OU PARTIDO 90.873.361 32.516.093 138.020.351 54.886.063 51,88%CACAU INTEIRO OU PARTIDO 90.873.361 32.516.093 138.020.351 54.886.063 51,88%

PRODUTOS DO CACAU 168.111.811 31.577.577 252.963.719 45.328.130 50,47%CACAU EM PÓ 38.643.817 9.699.143 60.525.933 14.766.794 56,63%

CHOCOLATE E PREPARAÇÕES ALIM. CONT. CACAU 98.013.323 14.197.753 129.466.040 16.245.037 32,09%MANTEIGA, GORDURA E OLEO DE CACAU 267.760 62.370 479.060 138.683 78,91%PASTA DE CACAU 31.186.911 7.618.311 62.492.686 14.177.616 100,38%

Valor (US$) -(a)

Valor (US$) -(b)

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Page 71: Proposta de Preços Mínimos

A Bahia é o Estado que mais produz o fruto no Brasil, mas sem o vigor dopassado. Em 2012 responderá por cerca de 60% do total, enquanto que até a década de1980 a participação chegou a 95%, segundo a Ceplac. Calcula-se que os cacauicultoresbaianos acumulem em torno de R$ 800 milhões em dívidas. O quadro de baixoinvestimento nas lavouras acaba comprometendo a produtividade, o que não se repeteem estados como Pará e Rondônia, onde ficam as atuais zonas de expansão do cacau noBrasil.

O Estado do Pará quer conquistar, até 2020, pela primeira vez a liderançano cultivo de cacau no Brasil. É naquele estado que fica a capital nacional do cacau naatualidade, no município de Medicilândia, que deverá colher cerca de 30 mil toneladas deamêndoa em 2012, segundo estimativas locais. A título de comparação, em 2010,considerada uma boa safra, o município baiano de Ilhéus, berço da cacauiculturanacional, colheu 11,5 mil toneladas.

Tabela 2 - Fonte: Ministério da AgriculturaEXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO - TOTAL

PRODUTOS EXPORTADOS2011 2012

Var.% (b/a)Peso (Kg) Peso (Kg)

CACAU E SEUS PRODUTOS 420.607.605 92.830.207 379.104.824 84.240.919 -9,87%CACAU INTEIRO OU PARTIDO 2.896.811 723.930 1.976.460 482.864 -31,77%

CACAU INTEIRO OU PARTIDO 2.896.811 723.930 1.976.460 482.864 -31,77%

PRODUTOS DO CACAU 417.710.794 92.106.277 377.128.364 83.758.055 -9,72%CACAU EM PÓ 133.366.161 25.602.432 133.861.585 23.290.123 0,37%CHOCOLATE E PREPARAÇÕES ALIM. CONT. CACAU 130.477.939 31.610.157 128.504.445 30.381.160 -1,51%

DESPERDÍCIOS DE CACAU 677.973 944.132 240.178 344.922 -64,57%MANTEIGA, GORDURA E OLEO DE CACAU 102.211.129 22.432.988 77.519.271 19.554.004 -24,16%

PASTA DE CACAU 50.977.592 11.516.568 37.002.885 10.187.846 -27,41%

Valor (US$) -(a)

Valor (US$) -(b)

Gráfico 3 - Fonte: IBGE

63%

26%

6%3%2%

Partic ipação dos princ ipais Estados produtores

B ahiaP aráRondôniaE spírito S antoA m azonas

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Page 72: Proposta de Preços Mínimos

De acordo com dados da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau, aamêndoa é produzida por 50 mil agricultores de sete estados no Brasil. O setor produtivomovimenta, por ano, em torno de R$ 900 milhões, ficando longe dos principais produtosda pauta agropecuária brasileira, mas não deixando de ser um valor importante.

A consolidada vivência brasileira na produção de cacau levou a estruturar,ao longo dos anos, um dos principais parques de beneficiamento de amêndoas do mundoe que ganha importância crescente a cada ano. Concentradas no Sul da Bahia – regiãode Ilhéus – e em São Paulo, as indústrias moageiras abastecem cada vez mais omercado nacional da indústria do chocolate e derivados. O Brasil é o sexto no ranking dosmaiores produtores mundiais de cacau e sétimo no de beneficiamento, atrás, somente, daHolanda, Alemanha, Costa do Marfim, Estados Unidos, Malásia e Gana. A indústriamoageira tem capacidade instalada de processamento em torno de 250 mil toneladas porano; Cargill, Delfi, Joanes, Barry Callebaut e Indeca são as principais. Muitas vezes paranão ficarem ociosas as multinacionais importam matéria-prima, beneficiando no Brasil eexportando novamente. Essa prática vem sendo adotada desde a safra 1997/98, quandode exportador o Brasil passou a importador de cacau.

2.1 – Preços Nacionais

Para a safra que se inicia, existe muita incerteza entre os produtores sobre orumo dos preços do cacau no país. Há uma grande quantidade de cacau sendoimportada, principalmente da África, mesmo diante da melhora significativa da safranacional, forçando o preço pago pela amêndoa ao produtor para baixo. Na Bahia,exemplo de lavoura plantada a arroba de cacau, que chegou a ser vendida por R$90,00no inicio de 2010, seguiu uma tendência clara de baixa, sendo vendida em torno deR$58,00 (equivalente a R$ 3,86/Kg) em 2013.

Com o cacau extrativo a tendência de queda não é diferente. No Pará eAmazonas os preços pagos aos produtores pela amêndoa, que em 2010 giravam emtorno de R$ 5,00 o quilo, estão neste início de 2013 em torno de R$ 3,85/Kg. Diantedesse cenário, o sinal amarelo acende para o produtor.

2.2 – Perspectivas

Considerando a recuperação dos níveis de produtividade da cacauiculturabaiana e capixaba, associada à expansão da produção na Amazônia, as projeções daCeplac apontam para produção de 300 a 400 mil toneladas nos próximos oito anos,assegurando a autossuficiência brasileira na produção de cacau. Por outro lado, oincentivo ao processamento local para os pequenos produtores, abre perspectivas deagregar valor e gerar emprego e renda.

Tecnologias: a recuperação da cacauicultura pode ser atribuída àimplantação de técnicas que permitem a convivência com a “vassoura-de-bruxa”. Ostrabalhos de melhoramento tecnológico, desde sua instalação no sul da Bahia, voltaram-se quase que exclusivamente para fontes de resistência ao fungo. A clonagem é uma daspráticas mais bem-sucedidas e cria espécies da planta resistentes à praga.

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Page 73: Proposta de Preços Mínimos

Outra ação para recuperar as lavouras baianas de cacau é o sistema deplantio consorciado com seringueiras, tanto para produção de borracha, quanto para osequestro de carbono e sombreamento dos cacaueiros clonados.

3 – Atuação Governamental

Durante muitos anos do século 19, o cacau foi um dos principais produtosagrícolas do Brasil, cultivado principalmente no sul da Bahia. O País chegou a ser osegundo maior produtor mundial a abastecer mercados importadores. Para promover odesenvolvimento, estimular a competitividade e sustentabilidade da cadeia, o Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou em 1957 a Comissão Executiva do Planoda Lavoura Cacaueira - Ceplac. A atuação da instituição centra-se no apoio aos seisEstados produtores: Bahia, Espírito Santo, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.

A economia cacaueira atravessou grave crise na comercialização doproduto, provocada pela queda do preço internacional. Em 1980 surgiu a praga ‘vassoura-de-bruxa’ que, em cinco anos, devastou a cultura do cacau no País. A produção caiu de460 mil toneladas por ano para menos de um quarto desse total. Desde então, a Ceplacdesenvolveu um programa de pesquisas para variedades resistentes ou tolerantes, alémde novos métodos de controle da praga.

Atualmente, a Ceplac investe na recuperação da economia regional, comênfase no combate à "vassoura-de-bruxa", incentivo à mudança de atividadeagropecuária, implantando agroindústrias e expandindo novos cultivos. Para isso, ogoverno federal lançou, em 2008, o Plano de Desenvolvimento e Diversificação Agrícolana Região Cacaueira do Estado da Bahia (PAC do Cacau), que prevê a aplicação de R$2,2 bilhões até 2016, beneficiando 25 mil produtores regionais.

Quanto à tendência persistente de queda do preço pago ao produtor, ficaevidente a necessidade de buscar medidas urgentes do Governo Federal no que tange a

Gráfico 4 – Fonte: Ceplac

Preço Nominal - Cacau Amêndoa R$/Kg

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M

2010 2011 2012 2013

BahiaParáRondonia

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Page 74: Proposta de Preços Mínimos

proteção da produção nacional, evitando a competição predatória e a especulação com ospreços, que está impedindo a recuperação da economia do cacau. Também, torna-senecessário definir uma estratégia de desenvolvimento e agregação de valor à produçãocacaueira e à produção de chocolates, que venha consolidar esta indústria tradicional quepode ser a base da recuperação de toda uma economia regional.

4 – Preços mínimos propostos

A Política de Garantia de Preços Mínimos para as culturas regionais é muitoimportante, pois garante ao produtor a sustentação de preço na época dacomercialização, já que é um instrumento de parâmetro na negociação. É, portanto,importante para o segmento que o preço mínimo esteja dentro da realidade de mercado ede custo, para que o produtor possa se manter na atividade.

O procedimento para elaboração do preço mínimo desenvolvido pela Conabbusca melhorias para as questões econômicas e sociais do setor. A partir de metodologiaprópria, a companhia apurou os custos variáveis de produção em algumas regiões querepresentam bem a diversidade da atividade cacaueira no Brasil. Para a atividadeextrativa no Amazonas (Manicoré e Coari), chegou ao valor médio de R$ 5,46/Kg para aamêndoa de cacau. No caso do cacau cultivado, a companhia apurou os custos variáveisde produção no valor médio de R$ 6,02/kg para a amêndoa de cacau na Bahia (Ilhéus) ede R$ 4,69/kg, no Pará (Medicilândia).

Com base nos parâmetros apresentados, considerando as análisesefetuadas sobre os mercados interno e externo, conclui-se que o momento éextremamente oportuno para que se proceda à inclusão do cacau na PGPM, tomandocomo base o valor apurado nos custos de produção.

Neste sentido, propõem-se as seguintes linhas de ação:

1- Para o Cacau extrativo:

Visando a necessidade de estruturação da produção e comercialização doCacau extrativo, é oportuna sua inserção do cacau no Programa Garantia de PreçosMínimos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), por meio do sistema de subvenção.

2- Para o Cacau cultivado:

Devido à alta perecibilidade do produto e, também, à necessidade dearmazéns exclusivos que evitem que outros aromas sejam absorvidos pelas amêndoas,não se propõe que seja feita a Aquisição do Governo Federal (AGF). Mostra-se oportunaa inserção do Cacau cultivado no Programa de Garantia de Preços Mínimosconvencional, de modo a viabilizar o acesso do produtor aos instrumentos definanciamento e de incentivo à comercialização do produto. Assim, para aoperacionalização desse processo, propõe-se a utilização de mecanismos como oPEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural) e o PEP (Prêmio para Escoamentodo Produto).

Sendo assim, de forma não criar resistência ao início da inserção do Cacauno Programa de Garantia de Preços Mínimos do Governo Federal, propõe-se que o preço

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Page 75: Proposta de Preços Mínimos

mínimo que venha vigorar na safra 2013/14 para o Cacau amêndoa venha ser de R$5,00/kg para o Cacau cultivado na Região Nordeste.

Para o Cacau cultivado da região Norte e Centro Oeste, propõe-se preçomínimo no valor e de R$ 4,69/kg, valor dos custos variáveis de produção apurados pelaConab.

Já no âmbito do PGPM-Bio, propõe-se que o preço mínimo que venhavigorar na safra 2013/14 venha ser de R$ 5,46 para o cacau extrativo da região Norte,valor dos custos variáveis de produção apurados pela Conab.

5 - Resultados Esperados

Sob a ótica governamental, a elaboração desta proposta de preço mínimocontribuirá para fortalecer a cadeia produtiva do cacau, bem como reforçar o papel doEstado como agente de apoio e de desenvolvimento econômico e social.

Considerando a necessidade de reestruturação da cadeia produtiva docacau, visando a promoção da melhor qualidade de vida do agricultor e da conservaçãoambiental, a proposta visa amparar o agroecossistema formado pelo cacau cabruca quenada mais é que o cultivo dos cacaueiros entre a vegetação nativa, dispensando aderrubada de árvores e diminuindo o risco de propagação de pragas.

Busca-se também o fortalecimento de novos usos e mercados para o cacaubrasileiro, para que os agricultores não aproveitem unicamente a amêndoa para aindústria moageira, agregando outros valores à lavoura, pois segundo a Ceplac, cadatonelada de cacau seco representa aproximadamente 400 quilos de polpa integral.

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

CARNAÚBA (PÓ CERÍFERO E CERA)

Ianelli Sobral Loureiro

1 - Introdução

A Carnaúba (Copernicia prunifera) é uma palmeira nativa de região semi-árida do Nordeste brasileiro, atingindo, em média, 20 metros de altura, possuindo vidaprodutiva de 200 anos. É uma espécie bastante resistente e se adapta muito bem àsestiagens severas e inundações, duas determinantes das condições climáticas do semi-árido. A carnaubeira é encontrada, principalmente, nas matas ciliares dos Estados doPiauí, Ceará, Rio Grande do Norte e parte do Maranhão.

No caso do Ceará, a carnaubeira prolifera com abundância nas zonas doBaixo - Jaguaribe, Curu, Aracatiaçu, Granja e Sobral. No Piauí a carnaúba é o principalproduto extrativo e os carnaubais estão localizados, principalmente, nos vales dos riosLongá, Poti e Canindé. O processo de extinção dos carnaubais nativos é preocupante,pois, apesar das medidas implementadas pelo governo federal e governos estaduais,ainda existe grande incidência de desmatamento devido à competição por áreas para ainstalação de culturas irrigadas e criação de camarões (carcinocultura).

A espécie é de fundamental importância para o equilíbrio ecológico, emespecial à conservação dos solos e proteção dos rios contra a formação de processoserosivos e assoreamento. O Brasil é o único país do mundo que produz a cera decarnaúba, embora existam palmeiras primas da carnaúba, da mesma família, na ÁfricaEquatorial, no Ceilão, no Equador, na Tailândia e na Colômbia, porém as folhas nãoproduzem a cera adequada.

As altas temperaturas do semi-árido nordestino proporcionam o aumento datranspiração da planta e a salinidade dos solos eleva a concentração do suco celular dafolha, estes fatores somados estimulam um mecanismo de defesa foliar, que é a produçãode uma substância cerosa (cutina), fazendo com que a planta evite a perda excessiva deágua.

A Cera é produzida a partir do pó cerífero presente na superfície foliar. Ascaracterísticas são diferentes daquelas extraídas das folhas jovens que ainda não foramabertas, chamadas de olho e o pó das folhas já abertas, verdes, também, chamadas depalha.

As principais características da cera de carnaúba são; brilho - ótimo produtopara polimento, é reconhecida como a melhor cera para esta finalidade; dureza e altoponto de fusão - é uma cera dura e que permanece em estado sólido sob altastemperaturas, o que lhe garante alta demanda em aplicações como revestimentosisolantes e componentes eletrônicos; baixa toxicidade e tolerância para consumo humano- pode ser utilizada em produtos em que há contato ou ingestão humana, comocosméticos, alimentícios e farmacêuticos.

73

Page 77: Proposta de Preços Mínimos

2 – Características da Cultura

O nome científico da carnaúba é copernicia prunifera, pertence à famíliaArecaceae e suas características morfológicas são de uma palmeira de copa esferoidal ealtura de 7-10 m, eventualmente chega a 15m, possui o tronco reto, cilíndrico, de 10 a 20cm de diâmetro, e coberto por sulcos.

As folhas de 1 m de comprimento apresentam-se em forma de leque, com asuperfície plissada e as pontas recortadas em longos filamentos rijos, sustentadas porhastes duras e espinhentas de até 2 m de comprimento. O conjunto de hastes parece sairde um mesmo ponto da coroa, justificando a copa esferoidal. A tonalidade verde dasfolhas é levemente azulada, em consequência da cera que as recobre.

A floração ocorre principalmente entre julho e outubro. Os frutosamadurecem entre novembro e março. As flores são pequenas, de cor creme, dispostasem espigas ralas e lenhosas de 4 -7 cm de comprimento, agrupadas em longos cachos deaté 4 m de comprimento e afixados no encontro das hastes com a coroa. Os frutos sãoovalados ou esféricos, de cerca de 1,5 cm de comprimento, de cor verde escura noamadurecimento, possui semente tipo esférica, parda, entre o cinza e o amarelo, até 1 cmde diâmetro.

3 – Aspectos Socioeconômicos

A carnaubeira é fonte de geração de emprego e renda, com elevado fatorsocial devido ao grande volume de mão de obra empregada na estação seca, (período dejulho a dezembro). Estima-se que a atividade no Nordeste (Estados do Piauí, Ceará e RioGrande do Norte) ocupe, direta e indiretamente, em torno de 200 mil pessoas.

Na safra passada, a renda obtida com a atividade foi muito importante paraos trabalhadores, tendo em vista as grandes dificuldades enfrentadas na região Nordeste,em consequência da forte estiagem.

A concentração de renda é o maior problema social do extrativismo dacarnaúba, segundo Oscar Arruda d’Alva1, na medida em que a remuneração detrabalhadores e pequenos produtores não é suficiente para garantir um padrão mínimo dequalidade de vida. A região de produção possui uma estrutura fundiária concentrada quecontribui para a estruturação do extrativismo da carnaúba em bases desiguais, o queimplica na generalização do sistema de produção por arrendamentos, realizados porrendeiros sem-terra e pequenos produtores.

A maioria dos extrativistas e produtores diretos não tem a propriedade doscarnaubais, assim, a perspectiva de criação de assentamentos e reservas extrativistaspode vir a constituir novos espaços de produção de cera de carnaúba, onde a propriedadecoletiva dos carnaubais e a organização dos trabalhadores e extrativistas permitammelhor distribuição de renda, pois, em que pese todas as etapas do processo ocuparemmuitos trabalhadores a organização social no processo produtivo do pó e cera ainda épraticamente inexistente.

1 D`alva, Oscar Arruda. O Extrativismo da Carnaúba no Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2007.171p.(Série BNB Teses e dissertações, n.4).

74

Page 78: Proposta de Preços Mínimos

4 – Cadeia Produtiva

Dentro da cadeia produtiva da cera de carnaúba é possível verificar apresença de três atividades, caracterizando complexas relações sociais e econômicas: oextrativismo, beneficiamento e processamento industrial, além das atividadescomerciais e financeiras desempenhadas por diferentes atores, conforme demonstradona cadeia de suprimento abaixo:

Fonte: MMA.

O processo produtivo convencional do pó cerífero envolve um grandecontingente de mão de obra. Os vareiros derrubam as folhas com varas de bambu de até10m; aparadores separam as folhas do talo com o uso de facas; enfiadores formam feixesde folhas já sem os talos; carregadores levam os feixes em cima de jumentos até o lastro(área para secar as folhas); o lastreiro espalha as folhas no lastro para secagem; após asecagem. As folhas verdes (palhas) são batidas na “máquina de bater palha” para obter opó cerífero tipo B, os rejeitos se transformam em adubo orgânico (bagana); As folhasainda jovens (olho) são batidas e riscadas manualmente para obtenção do pó cerífero tipoA; a fibra permanece preservada e é utilizada na confecção de vassouras e peçasartesanais.

Destaca-se que na cadeia produtiva da carnaúba existe um grande mercadopara as palhas da palmeira (fibras), a utilização desse material é muito diversificada. APetrobras na região nordeste está substituindo a proteção dos dutos externos que eram

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Page 79: Proposta de Preços Mínimos

de alumínio, pelas esteiras de carnaúba, com a fibra trançada e impermeabilizada, omaterial está em uso por cerca de 5 anos e superou as expectativas da empresa,reduzindo custos e resolvendo o problema de furto de material confeccionado a partir doalumínio.

A cultura da carnaúba atualmente possui grandes expectativas dedesenvolvimento, principalmente pela reativação da Câmara Setorial da Carnaúba noEstado do Ceará. A Câmara se reúne uma vez por mês com representantes de diversosórgãos do governo, sociedade civil, industriais, produtores, academia, entre outros. A sedeé a cidade de Fortaleza, aonde se discute significativas estratégias para odesenvolvimento do setor. Considerando a importância dessa atividade para a regiãonordeste, bem como o interesse de todo o setor, sugere-se ao Ministério da Agricultura acriação da Câmara Setorial da Carnaúba Nacional.

5 – Estruturação do Mercado

Aproximadamente 80% do volume de cera de carnaúba produzidos sãoexportados, sendo 25% para o Japão, 25% para o EUA e 25% para a Europa. O mercadointerno ainda é pouco explorado, possuindo grande potencial para o seu desenvolvimento,atualmente os principais estados compradores são: o Rio Grande do Sul, Paraná, SãoPaulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia.

O mercado da cera de carnaúba é regido por preços internacionais. Emboraos preços da cera no mercado interno sejam fortemente influenciados pela cotação dodólar, os preços do pó (matéria-prima para a produção da cera) são cotados em real.

As vendas internacionais podem ser diretas ou indiretas. No primeiro caso,após o beneficiamento e a embalagem da cera, o processo pode acontecer de váriasmaneiras: por meio de contato direto com o importador, venda por intermédio de agentesexportadores, estabelecimento de filiais no exterior e venda por correio eletrônico ou peloscorreios.

Na segunda opção as empresas comercializam o produto via consórcios deexportação, venda a empresas internacionais e tradings companies, venda paraempresas autônomas de exportação e representantes de empresas externas que atuamno mercado nacional. De maneira geral, quem “dita” os preços são os exportadores.

As indústrias brasileiras precisam investir em tecnologia, a fim de ampliar omercado interno e também vislumbrar a possibilidade de exportar sua produção commaior valor agregado. Atualmente, apesar de ser um produto nacional, há indústrias noBrasil que importam a cera de carnaúba após o beneficiamento em outros países, parautilizá-la na composição de seus produtos.

6 – Aspectos da Produção e do Consumo.

O extrativismo da carnaúba no Brasil ainda possui características muitorudimentares em seu processo produtivo. Atualmente, a ausência em avançostecnológicos em toda a cadeia configura-se como o principal obstáculo para o aumento daoferta de matéria-prima. Quanto à demanda, esta se apresenta crescente, principalmente

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Page 80: Proposta de Preços Mínimos

pela característica de um produto com inúmeras utilidades nas indústrias, tais como afarmacêutica, cosmética, alimentícia, eletrônica entre outras.

Segundo dados do IBGE a produção de cera e pó cerífero encontra-seestabilizada desde 2006. A produção nacional de cera bruta (tipo 4) concentra-se,basicamente, em dois Estados nordestinos: Ceará e Rio Grande do Norte. Em 2011 aprodução brasileira de cera foi de aproximadamente 2.638 toneladas. A produção total depó cerífero, matéria-prima para fabricação da cera, foi de 18 636 toneladas em 2011.

A atividade desenvolvida pelo setor da carnaúba, principalmente a do corteda palha, é ofertada aos trabalhadores rurais do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, noperíodo de estiagem das culturas de sequeiros, quando a oferta de trabalho no meio ruralé reduzida.

Esse trabalho é necessário para a extração do pó cerífero que, na faseseguinte, será transformado em cera de carnaúba bruta e posteriormente em ceraindustrializada. Segundo dados do Sindcarnaúba. Do total da cera produzida, 50% sãoprocessados no Ceará, 40% no Piauí e 10% no Rio Grande do Norte.

Produção de Cera e Pó Cerífero nos Estados Brasileiros

0

5000

10000

15000

20000

25000

Carnaúba(cera)

Carnaúba(pó)

Carnaúba(cera)

Carnaúba(pó)

Carnaúba(cera)

Carnaúba(pó)

Carnaúba(cera)

Carnaúba(pó)

Carnaúba(cera)

Carnaúba(pó)

Brasil Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte

Tone

lada

s

2007 2008 2009 2010 2011Fonte : IBGE

Produção Brasileira de Carnaúba

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

(ce ra) (pó)

(ce ra ) 3.130 3.190 3.044 2.832 2.660 2.638

(pó) 19.280 19.273 18.468 18.300 18.802 18.636

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: IBGE

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Page 81: Proposta de Preços Mínimos

7 – Aspectos de Mercado

O mercado mundial de ceras compreende as ceras de origem vegetal,animal, mineral, derivadas do petróleo e as sintéticas. Entre as ceras vegetais as maisdemandadas são as ceras de carnaúba, ouricuri e a mexicana de candelila.

Segundo Oscar Arruda d’Alva o Brasil é o principal exportador mundial de ceras vegetais,possuindo 59% do mercado e tendo a cera de carnaúba como principal responsável poreste percentual. Também é o único exportador de cera de carnaúba no mundo. Devido àoferta limitada, esta cera é utilizada, principalmente, como insumo na composição deblends, em fórmulas que combinam ceras sintéticas minerais e naturais.

No passado havia a preocupação com a substituição da cera de carnaúbapor ceras sintéticas, porém novos usos industriais permitiram o aumento da demanda nasprincipais economias mundiais. Países como o Japão, que possuem alto desenvolvimentotecnológico, utilizam a cera na indústria de componentes eletrônicos.

Outro fator importante que mantém a cera de carnaúba como produto nobre,é a ausência de toxicidade para sua utilização em produtos de consumo humano, comofarmacêuticos e alimentícios. O uso da matéria-prima pelos países importadores ébastante diversificado, há uso em indústrias cosméticas, fonográficas, de informática e nafabricação de produtos de limpeza entre outros.

O desempenho das exportações brasileiras, nos últimos cinco anos oscilou

Quadro I: Mercado Mundial de Ceras 2002Ceras Qtde kg % Valor US$ %

Ceras Vegetais 22.232.522 0,9 48.718.096 4,3Ceras Animais 8.038.889 0,3 31.419.009 2,8Ceras de Parafina 1.252.902.021 51,2 595.060.162 53,1Ceras Minerais e Sintéticas 1.164.092.785 47,6 445.614.301 39,8Total 2.447.266.217 100 1.120.811.568 100Fonte: UN Commodity Trade Statistics Database (D`alva, Oscar Arruda) Elaboração: Conab

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Page 82: Proposta de Preços Mínimos

pouco, mantendo-se em aproximadamente 15.000 toneladas. Em 2012 o Brasil exportou15.289 toneladas de cera, gerando um montante de receita de US$ 119.411.137, o valormédio por tonelada ficou estabelecido em US$ 7.810/Ton ou o equivalente a US$ 3,54/lb.

Em 2012 os preços de exportação da cera no mercado internacionalapresentaram um bom desempenho quando comparados aos anos anteriores. A análisedo comportamento da curva dos preços FOB Fortaleza, nos últimos cinco anos,demonstra uma recuperação dos preços.

Exportação FOB CE US$/lb

$0,00

$2,00

$4,00

$6,00

$8,00

$10,00

$12,00

jan/10

fev/10

mar/10

abr/1

0mai/

10jun/1

0jul/1

0

ago/1

0se

t/10

out/1

0

nov/1

0

dez/1

0jan/1

1

fev/11

mar/11

abr/1

1mai/

11jun/1

1jul/1

1

ago/1

1se

t/11

out/1

1

nov/1

1

dez/1

1jan/1

2

fev/12

mar/12

abr/1

2mai/

12jun/1

2jul/1

2

ago/1

2se

t/12

out/1

2

nov/1

2

dez/1

2

US$

/lb

Tipo 1 Tipo 4Fonte: Conab

Preço Pago ao Produtor de Pó Cerífero

0,00

2,004,00

6,00

8,00

10,0012,00

14,00

01/2

008

02/2

008

03/2

008

04/2

008

05/2

008

06/2

008

07/2

008

08/2

008

09/2

008

10/2

008

11/2

008

12/2

008

01/2

009

02/2

009

03/2

009

04/2

009

05/2

009

06/2

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009

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009

09/2

009

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009

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009

12/2

009

01/2

010

02/2

010

03/2

010

04/2

010

05/2

010

06/2

010

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010

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010

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010

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010

01/2

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02/2

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04/2

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011

01/2

012

02/2

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03/2

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04/2

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05/2

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07/2

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08/2

012

09/2

012

10/2

012

11/2

012

12/2

012

2008 2009 2010 2011 2012

Pó Tipo APó Tipo BPreço Mínimo Pó Tipo A (acima de 75 até 80% de cera)Preço Mínimo Pó Tipo B (acima de 55 até 60% de cera)Fonte: Conab

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Page 83: Proposta de Preços Mínimos

7.1 Preços

7.1.1 Pó Cerífero

Em 2012, o mercado de pó cerífero apresentou como valor médio de preçosrecebidos pelos produtores nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte R$10,69/kg para o Pó Tipo A (que produz a cera tipo 1) e R$ 4,94/kg para o Pó Tipo B (queproduz a cera tipo 4).

7.1.2 Cera de Carnaúba

Em 2012, o preço médio pago ao produtor da Cera Tipo 1 nos Estados doCeará e Rio Grande do Norte foi de R$ 233,12/@. A Cera Tipo 4 no Estado do Ceará nomesmo período apresentou o valor de R$ 120,57/@. O Gráfico IV a seguir demonstra ospreços médios das ceras tipo 1 e 4, comparados ao valor dos preços mínimos nos últimos5 anos.

A paridade de exportação, considerando a taxa cambial de U$2,06 encontra-se R$ 8,34/kg para a cera Tipo 3/4, valor ainda superior ao que o produtor estárecebendo.

Preço Pago ao Produtor Cera de Carnaúba

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

01/2

008

02/2

008

03/2

008

04/2

008

05/2

008

06/2

008

07/2

008

08/2

008

09/2

008

10/2

008

11/2

008

12/2

008

01/2

009

02/2

009

03/2

009

04/2

009

05/2

009

06/2

009

07/2

009

08/2

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009

10/2

009

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009

12/2

009

01/2

010

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010

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011

01/2

012

02/2

012

03/2

012

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012

05/2

012

06/2

012

07/2

012

08/2

012

09/2

012

10/2

012

11/2

012

12/2

012

2008 .2009 2010 2011 2012

Média dos Estados Cera Tipo 1 CE Cera Tipo 4CE Preço Mínimo Cera Tipo 1 CE Preço Mínimo Cera Tipo 4Fonte: Conab

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Page 84: Proposta de Preços Mínimos

8 – Custo de Produção

9 – Proposta de Preço Mínimo

O procedimento de elaboração do preço mínimo desenvolvido pela Conabbusca melhorias para as questões sociais, ambientais e econômicas do setor. A partir demetodologia própria, a companhia apurou um custo variável de produção no valor de R$7,43/kg para a Cera Tipo 4.

Fundamentado neste custo, propõe-se um Preço Mínimo para a safra2012/13, no valor de R$ 7,43/kg para a Cera Tipo 4 na região Nordeste, representandoum aumento de 7,84% no atual preço de R$ 6,89/kg.

10- Referência Bibliográfica

D`alva, Oscar Arruda. O Extrativismo da Carnaúba no Ceará. Fortaleza: Banco doNordeste do Brasil, 2007. 171p. (Série BNB Teses e dissertações, n.4).

Alves M. O.; Coelho J. D. Extrativismo da Carnaúba Relações de Produção, tecnologia eMercados. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2008. 214p (Documentos do EteneEscritório de Estudos Econômicos do Nordeste).

81

Page 85: Proposta de Preços Mínimos

ANEXO I

82

Page 86: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

FEIJÃO

João Figueiredo Ruas

1 – PRODUÇÃO MUNDIAL

A cultura do feijão é praticada em aproximadamente 100 países, comelevado número de espécies e variedades, o que dificulta uma análise comparativa notocante à qualidade e aos índices de produtividade.

A pouca importância comercial do produto, em âmbito mundial, aliada a faltade real conhecimento do seu mercado, e ao pequeno consumo entre os países doprimeiro mundo, limita a expansão do comércio internacional, tornando-o de poucaexpressão, uma vez que quase todos os países produtores são também grandesconsumidores, e desta feita, pequeno o excedente exportável, fato que gera um comérciointernacional bastante restrito.

Os hábitos alimentares são bastante diversificados entre os países, emesmo entre regiões de um mesmo país, no que se refere à preferência por tipos,variedades e classes.

No Brasil, o consumo do feijão-preto se concentra nos Estados do RioGrande do Sul e Rio de Janeiro, sendo que para este último se destina a maior parte dasimportações da Argentina e China. Em menor escala, o consumo também abrange osEstados do Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. O feijão comum cores, por sua vez,tem o consumo concentrado nos Estados centrais, e em parte do Paraná e de SantaCatarina, enquanto o feijão caupi é de consumo típico da Região Nordeste.

Cerca de 3/4 da produção mundial origina-se de apenas sete países. A Índiaé o maior produtor mundial dessa leguminosa seguido do Brasil. Entre os maioresprodutores surgem Myanmar , China, EUA e o México.

Países 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil 3.471.200 3.339.700 3.520.900 3.490.600 3.322.500Índia 3.270.000 3.930.000 3.010.000 2.430.000 4.870.000Mianamar 2.502.000 2.814.000 3.218.000 3.375.000 3.029.800China 1.558.532 1.513.913 1.707.885 1.489.135 1.338.693EUA 1.095.650 1.160.560 1.159.290 1.150.310 1.442.470México 1.385.780 993.943 1.122.720 1.041.350 1.156.250Outros 7.326.184 7.247.089 7.193.612 7.878.199 7.763.688Total 20.609.346 20.999.205 20.932.407 20.854.594 22.923.401

Fonte: Conab/FAO

Quadro I - FEIJÃO - PRODUÇÃO MUNDIAL - 2006 a 2010 - Em toneladas

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Page 87: Proposta de Preços Mínimos

1.1 - PRODUÇÃO NO MERCOSUL

Nos últimos quatro anos a produção média de feijão em países quecompõem o MERCOSUL ficou em 3,8 milhões de toneladas, sendo o Brasil o principalprodutor, com cerca de 3,4 milhões de toneladas anuais, seguido da Argentina, com cercade 322,8 mil toneladas, Paraguai, com 50,2 mil toneladas e Uruguai com 4,0 miltoneladas.

O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor, com participaçãosuperior a 90% na produção e no consumo.

A Argentina, segundo maior produtor, registra consumo per capita em tornode 470 g/ano, com saldo exportável médio de 180,0 mil toneladas anuais. O feijão éproduzido principalmente na região noroeste do país, nas províncias de Salta, Santiagodel Estero, Jujuy e Tucumã.

As principais classes de feijão produzidas na Argentina são o preto e obranco que são comercializados em mercados distintos. Cerca de 90% do feijão brancosão destinados à exportação. A União Européia é a principal importadora dessa classe, ea Espanha a sua principal consumidora, seguida de Portugal, Itália e França.

O feijão-preto é exportado em sua totalidade, já que não existe consumo naArgentina para essa cultivar. O Brasil se destaca como o principal importador dessavariedade. Outro importante comprador é a Venezuela.

1.2 - PRODUÇÃO NACIONAL

Nos últimos quatro anos a área média cultivada no Brasil ficou em 4,1milhões de hectares, e a produção média em torno de 3,4 milhões de toneladas.

Na safra 2011/12, a produção de feijão comum cores representou cerca de70,3% do volume produzido, a de feijão comum preto, 20,2%, e de caupi, 9,5%. O feijãocomum cores está distribuído de forma uniforme nas três safras anuais, o feijão comumpreto concentra-se no Sul do País, com cerca de 76,0% da produção brasileira, sendoque 53,9% são oriundos da 1ª safra. A variedade caupi, cultivada na Região Nordeste eno Estado do Mato Grosso, concentra-se na 2ª safra à exceção da produção dos Estadosda Bahia e Pará.

CALENDÁRIO DE COLHEITA:

1ª Safra: colheita de novembro a março – concentração nas Regiões Sul,Sudeste, Goiás, Piauí e Bahia.

2ª safra – colheita de abril a julho – concentração nas Regiões Nordeste,Sul, Sudeste, Mato Grosso, Rondônia e Goiás.

Classe 1ª Safra 2ª Safra 3ª Safra TOTALC. Cores 798,7 689,4 564,2 2.052,3C. Preto 374,3 193,9 21,4 589,6Caupi 62,6 180,7 33,3 276,6Total 1.235,6 1.064,0 618,9 2.918,5Fonte: CONAB

Quadro II - Estimativa da Produção por Tipo 2011/2012 (mil t)

84

Page 88: Proposta de Preços Mínimos

3ª safra – Colheita de agosto a outubro – concentração em Minas Gerais,Goiás, São Paulo, Bahia, Pará, Pernambuco e Alagoas.

2 - Retrospectiva da temporada 2011/12

Em 2011 os preços do feijão comum preto ficaram abaixo do mínimo oficial(R$ 72,00/60 kg), durante todo o exercício, o mesmo acontecendo com o feijão comumcarioca, até o mês de maio. Tal situação exigiu do Governo Federal a realização deoperações de apoio à comercialização, comprando parte do excedente da produção, ouseja, cerca de 24.311,0 toneladas. Nos meses de junho a agosto os preços do produtocomum cores apresentaram uma pequena recuperação, ficando em torno do mínimooficial, e a partir de setembro iniciou-se o processo de alavancagem das cotações,provocada pela expressiva queda da produção da 1ª safra de 2011/12, cerca de 26,5%,ou 444,7mil toneladas, em função do desestímulo ao plantio, dos baixos preçospraticados no mercado, bem como dos fatores de ordem climática.

A segunda safra de 2011/12 foi marcada por problemas de ordem climáticana Região Norte/Nordeste do país (seca), e com isso ocorrendo queda de 342,8 miltoneladas na produção, em relação à safra anterior. Essa redução contribuiu para que ospreços ficassem ainda mais aquecidos e acima da média dos últimos anos - na faixa deR$ 165,00 a saca para o produtor.

Já na 3ª e última safra, constatou-se aumento da produção na RegiãoCentro-Sul do país e expressiva queda na Região Nordeste, resultando, no geral, em umdeclínio de 17,3% na produção, ou menos 125,8 mil toneladas.

A produção brasileira esperada para a safra 2011/2012 ficou estabelecidaem 2.918,5 mil toneladas, sendo 21,8% inferior à colhida na safra anterior, ou menos814,4 mil toneladas, se caracterizando como a menor das últimas dez safras.

G r á f ic o I - P r e ç o s r e c e b id o s p e lo s p r o d u to r e s n o P a r a n áN o v e m b r o /1 0 a D e z e m b r o /1 2

0 ,0 0

2 0 ,0 0

4 0 ,0 0

6 0 ,0 0

8 0 ,0 0

1 0 0 ,0 0

1 2 0 ,0 0

1 4 0 ,0 0

1 6 0 ,0 0

1 8 0 ,0 0

2 0 0 ,0 0

n o vd e z

ja n /1 1fe v

m a ra b r

m a ij u n j u l

a g o s e to u t

n o vd e z

ja n /1 2fe v

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n o vd e z

Fo n t e : C o n a b

R$

/60

kg

c a r i o c a p re to p . m ín im o

85

Page 89: Proposta de Preços Mínimos

Os elevados preços praticados no mercado certamente vão prejudicar acadeia produtiva do feijão, pois as margens estão muito altas, principalmente em setratando de um produto com nível de processamento e agregação de valor extremamentebaixo.

O preço no varejo praticamente dobrou nos últimos 12 meses, passando aser um dos vilões da cesta básica. Este foi um dos itens que mais pressionou o IPCA,Instituto que mede a inflação oficial do país. Nas gôndolas dos supermercados oconsumidor está pagando para preços acima de R$ 5,00 pelo pacote de 1 kg, do feijãocarioquinha. Essa elevação abrupta poderá impactar o consumo interno, forçando aindamais a redução do consumo desse produto de fundamental importância na dieta dobrasileiro.

3 – Perspectivas para a temporada 2012/13

1ª SAFRA

A área está estimada em 1,14 milhão de ha, o que representa umdecréscimo de 8,2% em relação à safra passada. Todos os principais Estados produtoresindicaram plantios de áreas menores do que as cultivadas anteriormente, com exceçãode Minas Gerais. A comercialização instável e os riscos climáticos aliados às boasperspectivas de outras culturas como a soja e o milho, com maior estabilidade e liquidez,tem limitado o plantio. A produção por sua vez, em decorrência de um quadro climáticobem mais favorável, apresenta um incremento de 4,0%, 49,9 mil toneladas a mais que aregistrada em 2011/2012.

2ª SAFRAQuanto à 2ª safra, já foi efetuado o segundo levantamento de campo pela

Conab, os dados ainda são prematuros vez que a pesquisa abrangeu apenas as

GRÁFICO II - FEIJÃO PREÇOS DO CARIOCA NO VAREJO - R$/KG

1,001,502,002,503,00

3,504,004,505,005,50

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: DIEESE

2011 2012

86

Page 90: Proposta de Preços Mínimos

Unidades Federativas do Sul do país, por falta de informações fidedignas.Preliminarmente, o levantamento registra aumento de 1,9% na superfície a ser cultivada ede 28,3% na produção, ou 304,7 mil toneladas a mais que a colheita anterior. No Sul a“safrinha” encontra-se praticamente concluída e em fase de semeadura nas demaisregiões.

Mesmo com os preços atrativos do feijão os produtores de milho ganhammotivos para investir na cultura. Assim, a previsão da “safrinha” de milho cultivada a partirde janeiro, no Sul do País é de expansão de área, e como concorre diretamente com ofeijão, a tendência para a 2ª safra da leguminosa ficará limitada, podendo, no entanto,apresentar um pequeno aumento na área colhida, com a soja na 1ª safra.

3ª SAFRA

Já para a 3ª e última safra, cultivada a partir de maio, torna-se prematuroqualquer prognóstico. Contudo, mantendo a mesma área cultivada na safra anterior e aprodutividade média das últimas cinco safras, eliminando as atípicas, a expectativa deuma produção maior em 130,6 mil toneladas a anterior.

Assim, de acordo com os dados coletados pela Conab, a produção brasileiraesperada para a temporada em curso 2012/2013 está estimada em 3.283,8 mil toneladas,superior em 12,5% à colhida da safra anterior, ou mais 365,3 mil toneladas. Tal situaçãoestá condicionada às condições climáticas favoráveis e, até o momento, na RegiãoNordeste o quadro é preocupante. No Ceará, principal Estado produtor de feijão caupi,mais conhecido como de corda ou macaçar, as chuvas registradas entre os dias 10 e 13de fevereiro permitiram o início da semeadura em algumas áreas isoladas.Posteriormente, as precipitações pluviométricas cessaram comprometendo as lavourasem curso e a continuidade do plantio. Por hora, a grande preocupação é no tocante aágua para o consumo humano e animal, tendo em vista que os reservatórios estão emsua maioria em torno da metade da sua capacidade de estocagem.

Desta forma, mesmo que haja uma reversão da situação acimamencionada, a semeadura ocorrerá bem distante do calendário tecnicamenterecomendado e, consequentemente, dificilmente o volume de produção estimado para areferida Região será alcançado.

A atual conjuntura mercadológica posterga as possíveis, porém remotas,possibilidades de expressiva queda dos preços, com o aumento da produção. Ascotações devem continuar elevadas, mas em níveis inferiores aos praticados no exercíciopassado, mantendo a situação do suprimento interno bastante apertado, pois as referidasprevisões apontam para um volume de produção suficiente para apenas um mês deconsumo

4 – Suprimento

De acordo com o censo agropecuário e o Ministério da Saúde, tem reduzidoo percentual de pessoas que almoçam em casa ou preparam sua refeição, e assimacabam optando por alimentos mais práticos, mas geralmente mais gordurosos, como os

87

Page 91: Proposta de Preços Mínimos

pré-cozidos, enlatados ou mesmo os fast foods que são menos nutritivos e prejudiciais àsaúde. Desta forma, não há perspectivas de que o consumo retorne a patamareselevados como na década de 80, quando o consumo per capta superou a casa dos 20kg/hab/ano. Tal fato se deve ao processo de urbanização que acentuou a mudança dehábitos alimentares da população brasileira, substituindo o tradicional arroz com feijão,por massas e alimentos de preparo rápido, assim como a maior participação da mulher nomercado de trabalho.

O consumo total da safra 2011/2012 está estimado em 3.500,0 milhões detoneladas, o que representa uma redução de 4,1% em relação à temporada anterior e asimportações, na ordem de 312,3 milhões de toneladas, ou seja, um acréscimo de 105,2milhões de toneladas, onde a maior parte é de feijão-preto e de origem da China eArgentina, para atender ao abastecimento dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande doSul, Paraná, Santa Catarina, e em menor escala , Espírito Santo, dentre outros.

5- ABASTECIMENTO NACIONAL

O mercado está sendo abastecido com a produção oriunda da 1ª safra e deuma pequena parcela de produto importado. A partir de abril contará com a 2ª safra,semeada em todo o Território Nacional, cuja produção se divide entre feijão comum corese caupi, sendo esse último para atendimento do mercado nordestino.

A colheita da 3ª safra começa a partir de agosto e o volume produzidocomplementará o abastecimento interno até o mês de outubro, quando terá início acolheita da 1ª safra – 2013/2014, no Sul do País.

O Brasil não é auto-suficiente na produção e sempre importa boaquantidade de mercadoria para suprir o abastecimento interno. Essas importações eramprovenientes da Argentina, principal exportadora, e da Bolívia, e quase que na totalidadede feijão comum preto. A partir de 2007, o país começou a receber da China umaexpressiva quantidade do produto, superando a Argentina nos anos de 2008 e 2012.

AN O - EST O Q U E PR O D U Ç ÃO C O N SU M OSAFR A IN IC IAL N AC IO N AL APAR EN T E

2007/08 81,4 3.520,9 209,7 3.812,0 3.580,0 2,0 230,0

2008/09 230,0 3.502,7 110,0 3.842,7 3.500,0 25,0 317,7

2009/10 317,7 3.322,5 181,2 3.821,4 3.450,0 4,5 366,9

2010/11 366,9 3.732,8 207,1 4.306,8 3.650,0 20,4 636,4

2011/12(*) 636,4 2.918,5 312,3 3.867,2 3.500,0 43,3 323,9

2012/13(*) 323,9 3.283,8 200,0 3.807,7 3.500,0 50,0 257,7Posição de m arço de 2013(*) D ados estim ados

Q U AD R O III - B R A S I L

EST O Q U ED E

PASSAG EM

C O M U M C O R ES, PR ET O E C AU PI

IM P.

Em 1.000 t.

SU PR IM EN T O EXP.

88

Page 92: Proposta de Preços Mínimos

6 – Desafios do setor

O feijão caracteriza-se como um mercado dinâmico, apresentando bruscasoscilações positivas e negativas de preços, contando, praticamente, apenas, com o apoiodo Governo Federal na comercialização. Com isso, a superfície cultivada vem semantendo no nordeste brasileiro onde a safra geralmente é prejudicada por adversidadesclimáticas, e perdendo espaço para as lavouras de milho e soja na Região Centro-Sul dopaís. O seu custo de produção é caro e a sensibilidade da cultura em relação ao climaestimula a migração para outras culturas como a soja e o milho, que contam com o apoiodas Cooperativas e das traders na condução da safra. Até mesmo em períodos comótimas cotações aos produtores como foi o ano de 2012, não foram suficientes pararecuperar parte da área perdida pela leguminosa.

A área plantada com o feijão no Brasil vem caindo de forma brusca. Em1988 o país chegou a plantar 5,8 milhões de ha, recuando para 3,2 milhões de haatualmente, o que representa uma queda de 44,8% no referido período. Observa-senitidamente redução de área nas regiões tradicionais de plantio, especialmente no Sul doPaís e parte da Região Sudeste. Os avanços tecnológicos têm compensado, de algumaforma, essas perdas graças às pesquisas com descoberta de variedades mais produtivase resistentes a pragas e doenças e, ainda, à profissionalização do produtor.

O mercado mundial de feijão movimenta anualmente cerca de 23 milhões detoneladas do grão, sendo a Índia e o Brasil os maiores produtores e consumidores doproduto. Um dos maiores entraves à exportação está no fato do maior volume daprodução nacional, em torno de 60% ser do grupo carioca, de alta perecibilidade, queapesar de contar com a preferência nacional, tem aceitação limitada em outros países domundo.

ESPECIFICAÇÃO Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor(t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB

C. PRETOArgentina 68.143 33.870 73.857 86.573 44.579 23.551 77.980 55.065 102.462 72.087 112.655 92.023Bolivia 8.497 4.255 13.500 15.643 23.396 11.815 20.508 14.745 12.458 7.830 18.072 15.790Canada 726 764 884 942Chile 817 880 230 261China 5 2 85.307 69.290 10.314 8.594 40.133 24.389 57.707 36.819 144.033 107.858Paraguai 81 35 52 62 536 253 1.813 1.290 340 227 677 491Outros 1.250 1.172 1.246 874

TOTAL 76.726 38.162 175.509 174.385 79.939 45.415 140.434 95.489 172.967 116.963 276.682 217.035BRANCOArgentina 9.007 7.417 8.564 10.699 10.586 8.317 13.667 11.833 12.409 12.429 13.770 15.302China 90 105 68 60 23 40 46 96 70 139Outros 53 113 43 261 0 0 1 1 1 1 0 0

TOTAL 9.060 7.530 8.697 11.065 10.655 8.377 13.691 11.874 12.456 12.526 13.840 15.441OUTROSArgentina 572 334 2.736 3.234 3.366 2.266 5.840 4.447 6.310 6.137 7.926 9.244Bolivia 9.137 5.750 12.789 14.644 14.118 5.330 9.298 7.990 8.442 7.141 9.280 9.947Canada 1.057 1.074 748 514China 7.315 5.556 1.255 696 10.310 6.310 5.898 4.074 4.031 4.774Estados Unidos 552 551 50 252 117 426 45 258 37 250Peru 879 817 307 265 482 526 840 1.099 371 461Paraguai 165 126 78 85 100 136Outros 774 489 156 321 231 109 76 62 56 64 13 55

TOTAL 10.483 6.573 25.484 26.198 19.327 8.919 27.036 20.401 21.669 18.859 21.758 24.866

TOTAL GERAL 96.269 52.265 209.689 211.648 109.921 62.711 181.162 127.764 207.092 148.348 312.280 257.342FONTE: SECEX

2007QUADRO IV - FEIJÃO - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS, POR PAÍSES DE ORÍGEM

201020092008 20122011

89

Page 93: Proposta de Preços Mínimos

Portanto, quando ocorre quebra de safra, e o produto fica escasso nomercado, não existe alternativa de substituição e, ao contrário, quando ocorre excesso deoferta, não há como desová-lo, e a mercadoria fica escurecendo nos armazéns, perdendoqualidade, onerando os custos de carregamento e sofrendo forte deságio na venda.

6.1 - Dinamização do cultivo

A crescente demanda mundial está voltada para o produto de alta qualidade,e o Estado do Mato Grosso está acompanhando o desafio, exportando o feijão caupi paravários países, com destaque para a Índia e Egito.

O acesso ao mercado internacional representa um salto importante nasestratégias de produção e comercialização. Produzir para o mercado externo significaatingir níveis superiores de qualidade dos produtos, tendo em vista as exigentescondições que prevalecem no comércio internacional, além da competitividade nos custosde produção. Outros benefícios advindos da exportação decorrem da diversificação dosmercados viabilizando maiores volumes de produção, incorporação de novas tecnologiasprodutivas, aperfeiçoamento da qualificação da mão de obra, dentre outras vantagens.

Neste contexto, a utilização de cultivares com toda a genética e tecnologia,tende, além de incentivar o plantio com qualidade, aumentar a eficiência nadisponibilização de sementes e na transferência das novas cultivares.

É importante esclarecer que algumas variedades de caupi, trazidas paraavaliação no Mato Grosso vêem apresentando resultados surpreendentes em termos deadaptabilidade e produtividade. O desenvolvimento de novas variedades poderá contribuirpara mudar o cenário nacional, aumentando consideravelmente sua participação nomercado internacional. Já existem Cerealistas e Cooperativas do Sul do País, visando àparticipação em projetos de exportação dessa cultivar.

Esse produto está sendo direcionado para complementar o abastecimentodo mercado nordestino do país e, recentemente, passou a ter forte aceitação noscontinentes Asiáticos e Africanos, estimulando as exportações brasileiras, que passaramde 20,5 toneladas em 2011 para 43,3 toneladas em 2012, com destaque para a Índia e oEgito, principais importadores. Há de se esclarecer que existe uma demanda reprimida doreferido produto em várias cidades brasileiras, como por exemplo, o Rio de Janeiro e SãoPaulo onde se concentram grandes números de imigrantes nordestinos. Diante destecenário, com um custo de produção bastante baixo, maior resistência ao clima, a pragas edoenças e, geralmente à semeadura realizada em boa parte com a terra em pousio, atendência é de contínua expansão da área cultivada que já ultrapassa os 110.000 ha noMato Grosso.

O Brasil apresenta grandes vantagens competitivas. Além da boaprodutividade, conta com 3 (três) colheitas anuais contra 1 (uma) dos demais países, oque permite antecipar informações fundamentais para o plantio (preço, clima, etc).

Um ponto positivo a se destacar é que o feijão caupi, que vem sendocultivado no Mato Grosso, assim como o feijão-preto, não tem maiores problemas paraser estocado, pois, não perde a qualidade, desde que bem acondicionado.

90

Page 94: Proposta de Preços Mínimos

7 – Considerações finais

O feijão continua sendo base da alimentação da maioria da população comdeficiência alimentar, devido à baixa renda per capita. O ideal é suprir o consumoaumentando a produção interna, incentivando a geração de emprego e renda.

O Brasil é o segundo maior produtor e consumidor dependendo deimportações para atender ao abastecimento interno. A maior parte das importações éproveniente da Argentina e China, e quase a totalidade é de feijão-preto.

As condições climáticas desfavoráveis e as boas alternativas de mercadopara outras culturas como o milho e soja, que apresentam menor risco e maior liquidez demercado, inibiram o crescimento no plantio do feijão, prejudicando dessa forma todos ossegmentos do setor que convivem com oscilações bruscas de preços.

Ainda, o mercado passa por períodos de fortes turbulências, devido àsintempéries climáticas adversas que têm virado rotina na safra, tais como:

Chuvas excessivas na 1ª safra no Sul do País, principal região produtora defeijão comum cores e preto, abastecendo o mercado com produto de qualidade regular.

Estiagens, com sucessivas quebras da safra das águas na Região de Irecê –(BA) importante polo produtor de feijão carioca, bem como nas demais regiões doNordeste do País, prejudicando o abastecimento de feijão caupi, de consumo típiconordestino.

Chuvas excessivas na colheita das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, ondenormalmente se espera um produto de melhor qualidade para atender aos consumidoresmais exigentes.

Na composição da cesta básica o feijão se destaca pelas suas qualidadesnutricionais, sendo a base da alimentação da maioria da população. A queda na renda,vem refletindo em deficiências alimentares.

Urge, portanto, incentivar o consumo de feijão no País, que caiu da décadade 80 para cá, de 27 kg/hab/ano para 15 kg/hab/ano, acrescentando, ainda, que a culturaperdeu nos últimos 12 anos mais de 1,5 milhão de hectares para outras com melhorescondições de comercialização.

Cabe enfatizar que as elevações de preços em 2012 foram motivadas porfatores conjunturais, tais como desestímulo ao plantio (preços baixos) e, principalmente,climáticos (frio e estiagens). Esta situação, embora tenha beneficiado os produtores,acabou prejudicando, em especial, as classes menos favorecidas.

Considerando que o feijão é um produto de largo consumo em todas ascamadas da população brasileira - em especial das classes menos favorecidas -, é de sededuzir que a continuidade de retração no cultivo, a incerteza climática e,consequentemente, uma provável escassez do produto, influirá, negativamente, noconsumo.

Em face do exposto, é importante a ampliação do preço mínimo e deincentivos complementares na comercialização do produto como o PEP, contrato de

91

Page 95: Proposta de Preços Mínimos

opção, dentre outros, pois são instrumentos importantes para momentos de instabilidadedo produto.

Espera-se, pois, que o produtor opte pela cultura de feijão se entender quepoderá ganhar até três vezes mais que o valor praticado com a soja e/ou 4 vezes maiscom o milho, por saca de 60 kg.

Cabe esclarecer que, em curto prazo, uma reversão do atual comportamentodos preços fica condicionada, dentre outros fatores, à recuperação da área perdida eainda contar com boas condições climáticas, o que não poderá ser descartado, tendo emvista que o feijão é considerado uma cultura de alto risco.

A produção nesta temporada está estimada em 3,3 milhões de toneladas. A2ª safra ainda está em fase de plantio sendo que na Região Nordeste do país o quadro épreocupante. No Ceará, principal Estado produtor de feijão caupi, as precipitaçõespluviométricas cessaram comprometendo as lavouras em curso e a continuidade doplantio. Caso se confirme a instabilidade climática na 2ª safra nordestina, principal regiãoconsumidora, poderá ocorrer um forte impacto nos preços.

Assim, entende-se que é preciso investir cada vez mais para o aumento daprodução, pois é preferível contar com um excedente do que com uma menor oferta doproduto, com os preços indo para patamares elevados, com reflexos negativos para oconsumidor que, a cada ano vem adquirindo a mercadoria em menor quantidade.

8 - Proposta de preço mínimo

No sentido de estimular a produção de um produto de melhor qualidade, apartir de novembro deste ano de 2013, temporada 2013/2014, o preço mínimo básico,para todas as variedades, passa a ser fixado com base no feijão comum tipo 1.

8.1 - Feijão comum cores e branco

Embora seja um produto com capacidade de auto-regular o mercado emcurto prazo, ajustando-se em função das necessidades não gera excedente exportável,vez que as cultivares semeadas aqui no Brasil praticamente não têm repercussão nocenário internacional. Porém, no caso dessa cultivar, a aquisição não é desejável devido aenorme dificuldade na destinação do produto que, com poucos meses de estocagem,escurece, perdendo, do ponto de vista comercial, o seu valor de mercado e onerando,significativamente, os cofres públicos.

Desta forma, como o fator renda influi diretamente no mercado, éfundamental que a produção seja diversificada, objetivando a entrada no mercadoexterno, revertendo o quadro de importador para exportador. Caso isso não ocorra,dificilmente a produção interna excederá os atuais patamares de produção.

92

Page 96: Proposta de Preços Mínimos

A proposta é elevar o preço mínimo do tipo 1, de R$ 74,16/60kg para R$80,00/60 kg, o que corresponde a 7,9% de majoração sobre o preço anterior, e ainda queas aquisições do Governo sejam efetuadas apenas para os tipos 1 e 2.

No Estado do Paraná o custo variável de produção em janeiro de 2013, paraa saca de 60 kg, foi de R$ 65,78 e o custo operacional R$ 77,98, levando emconsideração a produtividade média obtida em Campo Mourão, que utiliza uma boatecnologia na condução das lavouras. No cultivo da 2ª safra, ou safra da seca, em funçãoda melhor produtividade, esse custo é menor.

Cabe esclarecer que a área de custo de produção da Conab promoveuatualizações da metodologia. Com isso, o valor dos custo variável da safra anterior de R$55,91/60 kg passou para R$ 65,78.

Os preços mínimos ora propostos cobrem os custos fixos de produção, querepresentam mais de 90,0% do custo total, nessa atividade de alto risco.

Cabe ainda esclarecer que, o preço de referência praticado na AgriculturaFamiliar, para o tipo 1 é de R$ 87,60/60 kg, bem acima do preço mínio oficial.

8.2 - Feijão comum preto

O Brasil não é auto-suficiente na produção e sempre importa boa quantidadede mercadoria da Argentina para suprir o abastecimento interno. A partir de 2008 o paíscomeçou a receber da China uma expressiva quantidade do produto, que aos poucos foiganhando espaço no mercado brasileiro por ser de qualidade, catado à mão (HPS),polido, maquinado, bom caldo e preço atraente, semelhante ao argentino, nacional eboliviano.

Na Região Sul do país a maioria dos estabelecimentos rurais é de pequenosagricultores familiares que encontram no feijão, dentre outros produtos de consumointerno, sua principal fonte de renda. Por isso é importante criar e disponibilizarmecanismos que venham inserir esses produtores no mercado, em igualdade decondições. A região responde por cerca de 65% da produção nacional de feijão comumpreto, com maior participação na 1ª safra, sendo o Paraná, disparado, o principal Estadoprodutor. Esse produto ocupa lugar de destaque, contribuindo para o abastecimento dequase todas as localidades consumidoras do país. É cultivado principalmente empequenos e médios estabelecimentos, sendo uma das principais alternativas para opequeno produtor, como também uma grande impulsionadora de mão de obra, tantofamiliar como contratada.

Em função das questões já mencionadas e como o mesmo não deteriora, ouseja, não há perda de valor no grão armazenado por até 18 meses, sugere-se um preçomínimo mais atrativo para essa cultivar. Quando for o caso de uma boa safra e os preçoscaírem para valores abaixo do mínimo oficial, exigindo a intervenção do Governo, oproduto, porventura adquirido por meio de AGF nos meses de Dezembro a Março(colheita) poderia ser colocado à venda logo em seguida, entre os meses de Junho eNovembro. Desta forma, minimizaria possíveis perdas para o caixa do tesouro nacional, enão desestimularia o produtor, aliviando o seu impacto no processo inflacionário. Com

93

Page 97: Proposta de Preços Mínimos

esta medida provavelmente os importadores limitariam a compra do produto em outrospaíses.

A proposta é elevar o preço mínimo do feijão comum preto tipo 1, de R$74,16/60kg para R$ 100,00/60 kg, o que corresponde a um aumento de 34,84% sobre opreço anterior, e ainda que as aquisições do Governo sejam efetuadas apenas para ostipos 1 e 2.

8.3 - Feijão caupi

O preço mínimo em vigor está muito descolado dos praticados no mercado,e mesmo com um aumento expressivo, dificilmente ocorrerá situação que venha exigir apresença do Governo no sentido de adquirir parte da produção dos pequenos produtores.Isto porque:

A Região Nordeste não é auto-suficiente, e depende da produção de outrasregiões para complementar o seu abastecimento. Assim, quando ocorre uma safra“cheia”, e os preços caem para patamares abaixo do mínimo, devido principalmente àatuação dos atravessadores, basta o Governo sinalizar que irá intervir no mercado paraque os mesmos reajam. Cita-se como exemplo a boa safra de 2008, quando os preçosem junho, em plena colheita, recuaram para valores abaixo do mínimo.

Desta feita, a Conab, por meio dos canais de comunicação, fez veicular anotícia que iria comprar o excedente da produção via “Compra Antecipada”, e, em menosde 1 (mês), antes de o programa entrar em vigor, as cotações dispararam.

O feijão caupi é típico de consumo nordestino e, na sua ausência, apreferência recai para o feijão comum cores, com destaque para o carioca e o mulatinho.Entre estas variedades, o caupi representa menos da metade de todo feijão produzido nonordeste. Assim, é fundamental que o governo incentive o aumento da produção e, casohaja excedentes pontuais, esses seriam adquiridos pelo Governo que, logo em seguida,os destinariam a programas sociais.

Os produtores nordestinos são os mais necessitados do apoio público esofrem com as adversidades climáticas que quase todo ano frustram suas lavouras,mantendo o grão bem valorizado ao longo do ano. Embora seja um produto altamenteperecível, entende-se que deva receber mais atenção do Governo em relação às outrasvariedades.

A proposta é elevar o preço mínimo do feijão macaçar tipo 1, de R$54,59/60kg para R$ 80,00/60 kg, o que corresponde a um acréscimo de 46,55% sobre opreço anterior, e ainda que as aquisições do Governo sejam efetuadas apenas para ostipos 1 e 2.

Cabe ainda esclarecer que, o preço de referência praticado na AgriculturaFamiliar para o tipo 1 é de até R$ 69,60, para a saca de 60 kg.

94

Page 98: Proposta de Preços Mínimos

8.4 - Feijão comum cores rajado

Estrategicamente o feijão comum carioca é um produto extremamentenegativo do ponto de vista de gestão de estoques e abastecimento, por ter aceitaçãolimitada em outros países e ser pouco resistente à armazenagem. Até mesmo quandoesse produto foi destinado para doação, por diversas vezes não houve êxito, pois, é difícilencontrar algum país que se disponha a recebê-lo, talvez por não fazer parte do seuhábito alimentar, bem como pela rápida perda de umidade e ganho de cor, o quecaracteriza um produto velho. Assim, quando o produto está escasso no mercado não temcomo internalizá-lo como ocorre com o feijão comum preto. Acredita-se que, se nãofossem as significativas importações de feijão preto, o mesmo estaria num patamar depreços semelhante ou até superior ao comum carioca.

Visando minimizar os problemas decorrentes com a produção do feijãocomum carioca é importante adotar uma estratégia de médio e longo prazo para oestímulo da produção de outras variedades de feijões comum cores. Neste grupodestaca-se o rajado, e como existe semente disponível no mercado e este já está sendocultivado e bem adaptado agronomicamente em várias regiões do Brasil, entende-se queseria uma boa alternativa para regular o abastecimento interno. É importante deixar claroque em caso de aquisições e formação de estoques, embora o escurecimento do grãoseja semelhante ao carioca, conta com a possibilidade de acessar o mercadointernacional, importando ou exportando, em momentos de déficit ou excesso de oferta,aliviando, desta forma, a responsabilidade do Governo em momentos de preços elevados,como ocorre neste momento.

Para tanto, o produtor precisa de uma orientação de qual variedade plantare, se houver uma sinalização por parte do Governo em um preço mínimo de R$ 120,00 asaca de 60 kg, para a referida cultivar, será um grande estímulo à produção. Ainda, se foro caso, disponibilizar para os médios e grandes produtores, contratos de opção.

Urge, portanto, colocar essa experiência em prática, ou ocorrerão, como dehábito, sucessivos períodos de super valorização do produto, com inflação elevada noprato básico do povo brasileiro. Cabe esclarecer que o feijão comum rajado tem um custode produção superior ao carioca, cerca de 30%, e é cultivado, na África, Estados Unidose Argentina.

Var.12/13 13/14 Var. % ANUAL ATUAL % ATUAL PROPOSTO ANUAL ATUAL

FEIJÃO COMUM - C. Cores T 1 - BR 65,78 68,12 3,56 142,26 130,86 74,16 80,00 7,87 90,85 94,65 187,89 228,00 - C. Cores Rajado T 1 - BR - - - nd 120,00 - 120,00 - - - - - - C. Preto T 1 - BR - - - 100,55 117,92 74,16 100,00 34,84 90,85 94,65 145,51 148,75 - Caupi T 1 - N/NE - - - 143,15 150,42 54,59 80,00 46,55 - - - -Elaboração: CONAB/SUGOF/GERAB

PRODUTOCUSTO VARIÁVEL

DE PRODUÇÃO

PREÇO PREÇO MÍNIMO

EM VIGOR PROPOSTO

PREÇO NO ATACADOPRODUTOR PRINCIPAL PRAÇA (2)

MÉDIA P MÍNIMO COMPOSTO MÉDIA MERCADO

PARÂMETROS PARA ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS, EM REAIS POR UNIDADEPreços Mínimos - safra 2013/2014

(60 kg)

95

Page 99: Proposta de Preços Mínimos

IMPACTOS ESPERADOS

Que os preços mínimos funcionem como referencial de preços em programas deestímulo ao plantio e apoio aos produtores, notadamente na Região Nordeste.

Que sirvam de parâmetro para a concessão de financiamentos de custeio.Que amparem os produtores contra os efeitos de acentuados declínios de preços.Que propiciem condições mínimas necessárias para a manutenção dos pequenos

produtores no campo.Que sirvam como instrumento de sustentação de renda para os pequenos produtores

que utilizam força de trabalho familiar.Que evitem problemas no abastecimento interno, visto que atualmente as produções

estão muitas ajustadas ao consumo.

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Page 100: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

JUTA/MALVA

Ivo Manoel Naves

1 – Introdução

1.1 – O produto - uso e importância

A juta e a malva são lavouras temporárias cultivadas nas calhas, várzeas emargens dos rios amazônicos nos Estados do Amazonas (responsável por 75% daprodução nacional), Pará (25%) e Maranhão, por cerca de 15,2 mil produtoresproprietários e 9,6 mil de arrendatários (IBGE, 2006) ribeirinhos agricultores familiares, emcerca de 20 vilarejos no Amazonas e outros três no Pará. Estima-se que cerca de 50 a100 mil pessoas gravitam em torno da cadeia produtiva.

A safra da planta acompanha o ciclo das águas. A semeadura ocorresomente quando há a baixa do rio e a colheita e desfibramento antes da alta das águas.

A extração da planta é feita por meio de cortes com terçado, depois vem oprocesso de maceração, com as fibras postas em feixes em baixo d’água para amolecerpor até oito dias. Ao ser macerada a planta libera uma fibra longa, áspera e de coloraçãoamarelada. Este trabalho é comumente realizado com a maior parte do corpo dosjuticultores e malvicultores imerso nas águas, por cerca de 4 a 6 meses por ano.

Semeada em terra fertilizada pelos resíduos orgânicos trazidos pelas águasdos rios, a planta cresce e amadurece sem agrotóxicos. Na indústria nos processos defabricação (amaciamento, limpeza, lubrificação e engomamento) usam somente produtosde origem vegetal. Face à forma rudimentar e manual como se dá o plantio, os tratosculturais e a colheita, as plantações de juta malva são altamente demandantes de mão deobra local, que tem na cultura sua principal fonte de emprego e renda. É, pois, umacultura ecologicamente correta e que se enquadra nas diretrizes do DesenvolvimentoNacional Sustentável, atendendo os pressupostos da sustentabilidade socioeconômica eambiental, escopos da Economia Verde ou Ecoeconomia.

Estima-se que 40% da produção total da fibra vão para a confecção desacos de café; 25% para sacos de batata; 10% para sacaria de amendoim, cacau,castanha, fumo e minério; 15% para telas; 7% são fios (usados em molduras, tapetes,gesso e tecelagem) e 3% outros produtos (que incluem as sacolas).

Todavia, a cadeia da juta malva é gravosa; é fortemente oligpsônica (existem somentetrês indústrias ativas); apresenta uma baixa remuneração dos fatores de produção e osrisíveis preços recebidos pelos produtores desestimulam a cultura e induzem à inferênciasde sua sucumbência.

Fatores conjunturais e estruturais explicam tal situação, entre eles: (1) abaixa produtividade, advinda do rudimentar sistema de extração e desfibramento erelativa defasagem tecnológica do setor industrial, alinhada a falta de diversificação; (2) aperda de mercado para a sacaria sintética, nos anos 80, por apresentar preços 3xmenores que a de fibra natural; (3) a elevação nos volumes importados a preços inferiores

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Page 101: Proposta de Preços Mínimos

ao produto nacional; (4) a diminuição nas compras de sacaria pela cafeicultura, deslocadapara embalagens alternativas de menores custos e melhor performance logística e (5) osCustos Brasil; (5) falta de investimentos em P&D, Ciência e Tecnologia, entre outros.

Não obstante, face sua importância socioeconômica e ambiental relevante, eum cenário futuro que indica aumento da demanda mundial por produtos comsustentabilidade e possível novos usos alternativos, a cultura carece de açõesconjunturais e estruturais para ser competitiva.

2 – Panorama internacional

2.1 – Produção Mundial de fibras e Preço de Comercialização.

Conforme pode ser observado no Gráfico 1, a produção mundial de fibras dejuta foi da ordem de 3 milhões de toneladas em 2010. A produção brasileira foi de 11,5 miltoneladas, cerca de 0,38% da produção mundial. Os principais países produtores sãoÍndia, 57,0%; Bangladesh, 39,3% e China 1,3%.

3 – Panorama nacional

3.1 – Produção

A produção brasileira na safra 2012/2013 foi cerca de 9,2 mil toneladas, ouseja, 20,4% inferior as 11,5 mil colhidas na safra precedente. A enchente históricaocorrida nos rios amazônicos não deu tempo para a colheita das plantas face à subidadas águas.

No Amazonas foram produzidas 6,9 mil toneladas, partindo-se dos dados depagamento de subvenção econômica. Este volume é 30% inferior as 9,9 mil toneladas

98

Page 102: Proposta de Preços Mínimos

colhidas na safra anterior. No Pará, a partir dos dados de compras das indústrias, aprodução foi cerca de 2,3 mil toneladas, superando, em 38,5% a produção anterior.

Com base no plantio, estimava-se uma safra de 12 mil toneladas. Houve,portanto, uma quebra de 33%. Valorada pelo preço mínimo, a perda de 2,8 mil toneladasequivale a R$ 5,2 milhões que deixaram de compor a renda dos juticultores emalvicultores e que ainda tiveram gastos no plantio e, agora em 2013, estão recebendopreços inferiores aos dos dois últimos anos.

Esta diminuição na produção total mantém a tendência observada desistemáticas quedas na cultura, em decorrência de fatores conjunturais e estruturais. Aprodução brasileira de juta malva foi cerca de 100 mil nos anos 80 e, desde então, vemdeclinando. Na década de 90 a média foi de 15 mil toneladas, na década de 2010 caiupara 10 mil t e agora cai abaixo deste patamar decimal, aumentando as inferências sobrea sucumbência da cultura.

Tabela 1 – Juta Malva – Produção Brasil

3.2 - Preços de comercialização da fibra

Não obstante a queda na safra 11/12, os preços recebidos pelos juticultorese malvicultores ao longo de todo o ano 2012 foram de R$ 1,80 kg, segundo pesquisaConab/Siagro. No mercado dizem que oscilou entre R$ 1,70 até R$ 2,00 kg. Em termosreais foram inferiores aos recebidos nos dois anos precedentes, como pode servisualizado no Gráfico 2.

Esta aparente contradição à lei da oferta e procura, pois com uma menorsafra ainda se observou queda nos preços, está relacionada à elevação na entrada deproduto importado, para suprimento da demanda das indústrias.

3.3 – Importações

Em 2012 as importações do complexo foram de 8,7 mil toneladas com umdispêndio de US$ 14,5 milhões de divisas. 85% deste volume correspondem amanufaturados (fios, sacaria e tecidos) e somente 15% de fibra bruta. As importações defios foram de 4,9 mil toneladas (40% do total importado) e têm como destino o Estado deSão Paulo (93% dos fios retorcidos) e o Estado do Pará (74% dos fios simples).

99

Page 103: Proposta de Preços Mínimos

O aumento nas importações, em termos percentuais e absolutos de fios,sacaria e tecidos, confirmam a tendência de aumento no volume importado de produtosindustrializados de juta.

Gráfico 2 – Juta Malva – Preço ao produtor, preço mínimo e importações

Fonte: Conab/Siagro - MDIC

Tabela 2 – Juta Malva – Importações brasileiras – toneladas.

Os números de 2012 são inferiores aos recordes históricos observados em2011, quando foram internalizadas 16,3 mil toneladas a um custo de US$ 20,7 milhõesem divisas. Só de sacos prontos foram importados mais de 2 mil toneladas, ou seja,volume 5 vezes superior as 363 toneladas importadas em 2011, que por sua vez já foram3 vezes superiores às 127 toneladas de 2010 e, exponencialmente superiores às 3toneladas internalizadas no ano 2000.

A importação realizada em 2010 de 10,5 mil toneladas de fibra foi igual aovolume total da safra brasileira de fibra juta malva daquele ano. Em 2011 a importação foide mais 8,6 mil toneladas de fibras, cerca de 75% da produção de 11,5 mil t naquele ano.Estas volumosas importações abasteceram o mercado interno com matéria-prima barata,diminuindo as compras feitas pelo produtor nacional, além de depreciarem ainda mais osbaixos preços pagos aos juticultores e malvicultores ribeirinhos.

1 0 .5 6 8

1 .5 5 3

10 .473

7 .8 0 2

3 .4 9 1

0 ,0 0

0 ,5 0

1 ,0 0

1 ,5 0

2 ,0 0

2 ,5 0

0 1/2 00 7

0 4/2 00 7

0 7/2 00 7

1 0/2 00 7

0 1/2 00 8

0 4/2 00 8

0 7/2 00 8

1 0/2 00 8

0 1/2 00 9

0 4/2 00 9

0 7/2 00 9

1 0/2 00 9

0 1/2 01 0

0 4/2 01 0

0 7/2 01 0

1 0/2 01 0

0 1/2 01 1

0 4/2 01 1

0 7/2 01 1

1 0/2 01 1

0 1/2 01 2

0 4/2 01 2

0 7/2 01 2

1 0/2 01 2

0 1/2 01 3

0 4/2 01 3

0 7/2 01 3

1 0/2 01 3-

2 .0 0 0

4 .0 0 0

6 .0 0 0

8 .0 0 0

1 0 .0 0 0

1 2 .0 0 0

Im porta ç ã o (t)

A M nom ina l

A M c orrig ido

P M nom ina l

100

Page 104: Proposta de Preços Mínimos

Afora o lado do suprimento da demanda industrial, estas importações, facesuas magnitudes, impactam, sobremaneira, o mercado local e nacional e devem sercontextualizadas dentro de uma política macro socioeconômica e ambiental brasileira.

Não obstante a medida antidumping em vigor (Resolução 53/2008 – fios eResolução 66/2010 - sacos) para os subprodutos da juta malva., o crescimento daprodução mundial aumentou a oferta e arrefeceu os preços da fibra no mercadointernacional, beneficiada também pela política cambial brasileira de desvalorização doreal, principalmente nos anos de 2010 e 2011.

A pesada carga tributária, os elevados encargos trabalhistas, as deficiênciasna infraestrutura e o conjunto de ineficiências crônicas denominados Custos Brasil sãofatores que fazem com que a fibra importada chegue mais barata que a fibra produzidalocalmente, pois, segundo o mercado, a juta e malva brasileira tem competitividade atédentro do portão da fábrica, perdendo-a, a partir da dai.

3.4 – Suprimento Brasileiro

Os elevados volumes importados nos dois três (HAM????) últimos anosafetam sobremaneira o quadro de suprimento brasileiro, conforme Tabela 2, poisaumentaram consideravelmente o estoque de passagem em mãos das indústrias.

Tabela 2 – Juta Malva – Quadro de Suprimento – 2004/2005 - toneladas

Levantamento realizado pela Sepor/AM, em fevereiro/2013, indica aexistência de 7,5 milhões de sacos e 7,5 mil toneladas de fibra nos estoques dasindústrias – 70% de uma safra normal. Este elevado estoque e a queda nas vendaslevaram as indústrias a declinarem de comprar a safra deste ano de 2013, deprimindo,ainda mais, o baixo preço pago ao produtor.

As importações elevaram os estoques das industrias que, com a queda nasvendas de sacaria, estão estocadas e declinaram de comprar a safra deste ano de 2013.Para negócios localizados ou para saldar dividas de sementes e adiantamentos,anunciaram que pagariam somente R$ 1,20 kg em fevereiro/2013. A Coomapem,contando com a operação AGF, informou que comprará a R$ 1,40 kg. Estes preços sãopara a fibra no vilarejo ribeirinho de Anori/AM, bem abaixo do preço mínimo de R$ 1,86kg, que se efetiva na praça/polo de Manacapuru/AM.

101

Page 105: Proposta de Preços Mínimos

Este quadro de preços ao produtor abaixo do mínimo e de “produção semcomprador”, acionou a intervenção governamental federal e foram alocados recursos pararealização de compras AGF em 2013. Até março foram alocados R$ 9,3 milhões paraaquisição de até 5 mil toneladas.

Para evitar maiores desestímulos ao juticultor e malvicultor, autoridades erepresentantes classistas do Amazonas solicitaram ao Governo Estadual reajuste nasubvenção paga diretamente aos produtores de R$ 0,20 para R$ 0,40 kg, mantendo-a naparidade de 22% do preço mínimo, como na época de sua implantação em 2005.

Por outro lado, a Conab estuda a possibilidade de comprar sacos de malva,biodegradável e ecologicamente corretos, em substituição aos sintéticos atualmenteutilizados no Programa Balcão, como também os de Ajudas Humanitárias, com base nasdiretrizes do Governo Federal de Desenvolvimento Nacional Sustentável (Decreto Lei7.746/12), na Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) e sob a ótica da sustentabilidade;

3.5 – Cenário da Cultura da Fibra de Juta/Malva para o ano safra 2013/14

Estas medidas são pontuais e conjunturais, mas não suficientes para sanara gravosidade e falta de competitividade da cadeia.

Mesmo em volumes menores, as importações continuarão em 2013, atémesmo por uma questão logística e econômica. Se o governo conseguir efetivar ascompras AGF haverá uma redução na oferta de produto no mercado e nos estoques finaisinternos. Estas variáveis, todavia, não serão suficientes para se projetar um cenário para2014 diferente do observado em 2012 e previsto para 2013 de preços aos produtoresabaixo do mínimo.

Assim, conjunturalmente, a cultura da juta malva precisará contar com asatuais políticas (federal e estadual) de sustentação de renda aos juticultores emalvicultores. Necessitará urgente da prorrogação e revisão das medidas antidumping,bem como de ser contextualizada dentro da TEC – Tarifa Externa Comum.

Na dimensão estrutural, existe um forte e conscientizado movimento dasinstituições governamentais e não governamentais e de diversos agentes econômicos nosentido de implantarem uma Câmara Estadual da Juta Malva e, através deste fórum,práticas de governança corporativa para formarem diagnósticos, prognósticos e açõessinergéticas visando o desenvolvimento, a sustentabilidade e a competitividade da cadeiada juta malva.

4 – Proposta do preço mínimo

Assim, face (1) a importância socioeconômica e ambiental da cultura; (2) opotencial natural da produção de juta malva na região amazônica, vis a vis oaproveitamento da área disponível para a plantação; (3) as diretrizes governamentais dedesenvolvimento nacional sustentável e (4) o aumento mundial por produtosecologicamente corretos é necessário incentivar a cultura, evitando sua sucumbência e osefeitos deletérios do êxodo rural para a sociedade como um todo.

102

Page 106: Proposta de Preços Mínimos

Neste sentido, enquadra-se a proposta de um preço mínimo incentivadorpara a safra 2013/2014.

A cultura da juta malva precisa ser contextualizada e entendida sob a óticade sua importância socioeconômica e ambiental para a região amazônica; precisa se vistapelo seu perfil de cultura de agricultura familiar; precisa ser destacada como altamentedemandante de mão de obra não especializada que, se migrar para os grandes centrospopulacionais maximizará a problemática urbana e o déficit social brasileiro.

A cultura da juta malva precisa ser analisada e ter as políticas de apoiogovernamental definidas com acuro e determinação política sob a ótica dodesenvolvimento sustentável, pois passa por um momento de dicotomia com indicativosde sucumbência pelo lado da produção e com auspiciosos cenários de uma demandaascendente e de melhor remuneração para a cadeia

A cadeia vive um momento de transição, pois carece da implantação de umnovo “arranjo produtivo local” que possibilitará melhor produtividade e menor passivotrabalhista. Tem-se também indicação de tecnologias que permitirão a utilização da fibraem “compósitos” e “insumos” que substituíram as fibras sintéticas em novos epromissores usos. E o advento da noção de sustentabilidade, a nível mundial, temdeslocado o mercado de fibras sintéticas para as naturais como é a juta e a malva.

Neste momento de transição e de adversidades que impactam suacompetitividade, é imprescindível a manutenção das políticas publicas de sustentação derenda via PGPM, através de um preço mínimo atrativo e que seus instrumentosoperacionais (AGF, PEP, PEPRO, etc) sejam eficientes e eficazes.

Assim, torna-se necessário sinalizar para o juticultor e malvicultor e demaisagentes da cadeia produtiva, inclusive futuros demandantes (indústria automobilística,moveleira, náutica, aeronáutica, farmacêutica e de construção civil), o novo cenário quese vislumbra para a cultura e reverter a tendência de sucumbência da cadeia.

Propõe, pois, que o preço mínimo seja formado pelo custo variável apuradopela Conab (R$ 1,96 kg) acrescido de 10% (R$ 0,19) a título de incentivo. Tem-se, assim,a proposta de um preço mínimo de R$ 2,15 kg para a safra 2013/2014.

No fundo tal incentivo servirá para cobrir parte dos custos logísticos (freteaquaviário e acondicionamento estimados em R$ 0,46 kg) que o produtor incorre paralevar sua produção dos vilarejos ribeirinhos até o polo de comercialização (Manacapuru-AM), onde, de fato, efetiva-se o preço de mercado e o preço mínimo via AGF, e que aindanão são computados no custo variável da Conab.

É necessária, também, a imediata prorrogação da medida antidumping parafios (Resolução 53/2008), cuja vigência expira-se em agosto deste ano de 2013, vis a visà existência de medida análoga para sacos, que só expira-se em 2015 (Resolução66/2010) e um novo olhar sob a ótica da TEC.

103

Page 107: Proposta de Preços Mínimos

Gráfico 3 – Juta Malva – Parâmetros da proposta

4.1 – Análise dos Principais Parâmetros.

O custo variável (CV) de produção elaborado pela Conab em fevereiro de 2013totalizou R$ 1,96/kg, com reajuste de 5,3%, se comparado com 2012. Este fatodeveu-se, em grande parte, ao reajuste dos custos de mão de obra fixa etemporária.

Cerca de 80% do custo variável de produção referem-se ao desembolso com opagamento de mão de obra fixa e temporária;

O custo médio de prensagem da fibra permanece inalterado em R$ 0,21/kg;Tomando como base o valor de importação do mês de janeiro/12 de US$

810,00/t, o preço de paridade (PP) de importação para o produto colocado FOBporto no Brasil é de R$ 1,45/kg;

A permanência da concessão do ICMS diferido pelo Governo do Amazonas criacondições para que as indústrias de aniagem estabelecidas em outros Estadosse abasteçam naquela UF;

A permamência da medida antipuning refletirá na decomposição do produtoimportado, tornando-o, caso cesse, ainda mais barato e predatório, nãoobstante, pelos motivos já arrolados, apresentarem preços de paridade noatacado (PPA) e ao produtor (PPP) abaixo do preço mínimo (PM).

Não há disponibilidade de estoque de fibras de juta/malva em poder doGoverno Federal.

4.2 – Preço Mínimo em Vigor

O preço mínimo básico em vigor é de R$ 1,86//kg para a fibra T.1 e T.2,embonecada (classificada, seca e solta), e de R$ 2,07/kg, se prensada.

4.3 – Proposta do Preço Mínimo

A proposta, levando-se em conta os parâmetros constantes no Gráfico 3 eos pressupostos expostos no item 4, é de que o novo preço mínimo, safra 2013 2014,

1,86 1,961,83 1,80 1,86

2,15

1,73

1,21

0

1

1

2

2

3

CV 12/13 CV 13/14 PP 2013 PP FEV2014 PM PMP PPA PPP

104

Page 108: Proposta de Preços Mínimos

seja de R$ 2,15 kg para a fibra embonecada T.1 e T.2 e de R$ 2,36 kg para a fibraprensada.

Tabela 4 – Juta Malva – Proposta de preço mínimo 2013/2014

4.4– Reflexos do Novo Preço Mínimo

Sustentação de renda às cerca de 25 mil famílias de agricultores familiares quetêm na juta malva sua principal fonte de renda e às cercas de 100 mil pessoas quegravitam na cadeia.

Manterá ou aumentará o número de vagas de trabalho no campo e na cidade.Trará o preço mínimo ao nível real dos preços recebidos pelos produtores em 2010

e 2011, anos com recordes de importações oportunistas e predatórias quedeprimiram os preços internos.

Trará ânimo aos juticultores e malvicultores que em 2012 tiveram elevadas perdascom as enchentes recordes na região e agora em 2013 perdas nos preços, pois,sua produção vale cerca de 40% menos (R$ 1,40 kg) que há dois anos (R$ 2,00kg).

Evitará agravamento do êxodo rural e a falta de mão de obra para continuidade dacultura, evitando sua sucumbência e os efeitos deletérios para a sociedade comoum todo.

Incentivará o aproveitamento do potencial natural na região amazônica e seus riospara a juta e a malva; e o aproveitamento da área disponível para tal lavoura eenraizada aos hábitos socioeconômicos da população local desde os anos de1920, e transmitida de geração a geração.

Observará as diretrizes governamentais de desenvolvimento nacional sustentável,apoiando uma cultura com as características de sustentabilidade socioeconômico eambiental. (Decreto 7.746/2012).

Procurará alinhar o volume da produção nacional em níveis crescentes face oaumento mundial por produtos ecologicamente corretos

Permitirá o suprimento de fibra para as indústrias que se abastecem com aprodução nacional.

V ar.%

Em bonecada 1,86 2,15 15,59 B enefic iada 2,07 2,36 14,01

P R E Ç O M ÍN IM O

EM V IG O R PR O PO STOJU TA/M ALV A

105

Page 109: Proposta de Preços Mínimos

Economizará divisa com importações para suprir o consumo industrial. Em 2010foram gastos US$ 14,5 milhões de dólares com importações de fibras e demanufaturados

Contribuirá, na dimensão conjuntural, para a estabilidade macroeconômica dospreços da cadeia neste momento de transição, em que se vislumbra um novoarranjo produtivo local que trará competitividade e sustentabilidade à cultura da jutamalva, em termos estruturais.

Apoiará com sustentação de preços o produtor e a cadeia, para adoção de práticasde governança corporativa, visando diagnósticos, prognósticos e ações praticaspara o desenvolvimento, a sustentabilidade e à competitividade da cadeia da jutamalva.

Deverá ser o preço de referência na comercialização de 2014. Portanto, poderáhaver a necessidade de compras AGF ou dos demais instrumentos da PGPM(PEP, PEPRO, etc) para escoamento da produção, de forma eficiente e eficaz.

106

Page 110: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

RAIZ DE MANDIOCA E SEUS DERIVADOS

Cláudio Luiz da Silva Chicherchio

1 – Introdução

1.1.Produto - Uso e Importância

É uma planta originária do continente americano, tendo comodisseminadores da cultura no continente os nativos do Brasil, da Venezuela, da Colômbiae do Peru, cabendo aos portugueses a sua difusão no restante do mundo, especialmentepara a África e Ásia.

Considerada a quarta fonte de calorias após o arroz, o trigo e o milho, écomposta principalmente por carboidratos e constitui-se em uma boa fonte de vitaminas(com destaque para vitamina C), sais minerais (cálcio, fósforo, ferro e potássio) e quasenenhuma gordura, além de não possuir glúten, o que a torna um alimento altamenterecomendável aos portadores de celíase que é uma condição crônica que afetaprincipalmente o intestino delgado.

A doença celíaca é uma intolerância permanente ao glúten, uma proteínaencontrada no trigo, centeio, cevada, aveia e malte. Nos indivíduos afetados, a ingestãode glúten causa danos às pequenas protrusões, ou vilos, que revestem a parede dointestino delgado. É considerada uma desordem autoimune, na qual o organismo ataca asi mesmo. Os sintomas podem surgir em qualquer idade após o glúten ser introduzido nadieta.

A raiz de mandioca e os seus principais derivados (farinha, fécula, polvilho),devido as suas propriedades são amplamente utilizados não só pelas indústrias comotambém na forma in natura.

Na alimentação humana se aproveita as folhas como suplemento, enquantoa raiz tem seu uso na forma cozida, frita, bolos, biscoitos, pães, tortas, roscas, cremesetc. ou processadas quando se obtém o amido (nativo ou modificado) no preparo deglucose, maltose, gelatinas e féculas. O amido fermentado é utilizado pelas confeitarias,padarias e indústrias de biscoitos. Ainda tem utilidade na alimentação sob a forma defarinhas de mesa e panificada ou até mesmo raspas.

Na alimentação animal se aproveita as hastes (silagens, fenos e in natura)enquanto que a raiz é usada de forma crua, cozida ou desidratada (farinhas e rações - emcomposições balanceadas; raspas e pellets).

A industrial também obtém o álcool, dele derivando combustível,desinfetante, bebidas, perfumarias. Recentemente tem se reaproveitado a manipueiraobtendo-se pesticidas e fertilizantes, o que é ótimo, pois, seu descarte antes era direto aosolo ou aos rios e lagos, diminuindo o impacto microbiológico na natureza.

107

Page 111: Proposta de Preços Mínimos

2 – Panorama Internacional

2.1. Estimativa de Área, de Produção e de Produtividade

De acordo com o trabalho projetado pela Food and Agriculture Organizationof the United Nations - FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação eAgricultura), divulgado em novembro de 2012, a África concentra a maior parte daprodução mundial, com aproximadamente 54,57%, seguida pela Ásia com 33,03%,América Latina com 12,32% e Oceania com 0,06%. A Nigéria é o maior produtor com20,43% da produção mundial e 37,43% em relação ao Continente Africano. A Indonésia osegundo maior produtor mundial com 9,99% e o maior produtor no Continente Asiáticocom 30,26%. O Brasil (dados do IBGE) é o terceiro maior produtor mundial com 8,63% doquantitativo produzido e o maior produtor da América Latina com 70,04%.

Dados da FAO, ver Quadro I abaixo, indicam que a produção mundial de2012, de 281 milhões de toneladas, quando comparada com 2011, apresentou umincremento médio de 6,99%. O Brasil passou a ocupar o quarto posto entre os maioresprodutores, atrás da Nigéria, maior produtor, que registrou aumento de 9,84%, daIndonésia que obteve aumento de 8,52% e da Tailândia, que registrou 21,4%.

P a ís / A n o 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 * 2 0 1 2 * *

M u n d o 2 4 2 .0 0 2 2 4 2 .0 2 3 2 6 3 .3 0 3 2 8 1 .7 1 8Á fr ic a 1 2 3 .6 7 5 1 3 0 .5 3 5 1 4 5 .0 4 0 1 5 3 .7 5 1

N ig é r ia 3 6 .8 2 2 4 2 .5 3 3 5 2 .4 0 3 5 7 .5 6 4R e p ú b lic a d o C o n g o 1 5 .0 5 5 1 5 .0 5 0 1 5 .1 9 5 1 5 . 4 9 5G a n a 1 2 .2 3 1 1 3 .5 0 4 1 4 .9 1 0 1 5 . 4 6 3A n g o la 1 2 .8 2 8 1 3 .8 5 9 1 4 .3 3 4 1 4 . 8 2 5M o ç a m b iq u e 9 .1 0 0 9 .3 3 1 1 0 .1 3 3 1 0 . 5 4 9T a n z â n ia 5 .9 1 6 4 .3 9 2 4 .7 0 0 5 . 0 2 9U g a n d a 2 .9 5 2 3 .0 1 7 2 .7 1 2 2 . 6 5 4O u t ro s A fr ic a n o s 2 8 .7 7 1 2 8 .8 4 9 3 0 .6 5 3 3 2 .1 7 2

A m é r ic a L a t in a 3 2 .7 4 2 3 3 .2 1 7 3 3 . 9 0 0 3 4 . 7 1 0B ra s il 2 6 .0 3 0 2 4 .3 5 4 2 5 . 3 2 9 2 4 . 3 1 3P a ra g u a i 2 .6 1 0 2 .6 2 4 2 .6 3 8 2 . 6 5 2C o lô m b ia 2 .2 0 2 2 .3 6 4 2 .2 6 4 2 . 1 7 0O u t ro s S u l A m e r ic a n o s 1 .9 0 0 3 .8 7 5 3 .6 6 9 5 .5 7 5

Á s ia 8 5 .3 8 7 7 8 .0 8 7 8 4 . 1 7 7 9 3 . 0 6 8T a ilâ n d ia 3 0 .0 8 8 2 2 .0 0 6 2 1 . 9 1 2 2 6 . 6 0 1In d o n é s ia 2 2 . 0 3 9 2 3 . 9 1 8 2 5 . 9 5 7 2 8 . 1 7 0V ie t n a m 8 .5 3 0 8 .5 9 6 9 .8 9 8 1 0 . 2 9 4Ín d ia 9 .6 2 3 8 .0 6 0 8 .7 4 3 8 . 8 7 0C h in a c o n t in e n t a l 8 .7 0 0 8 .0 0 0 9 .0 0 0 1 0 . 0 0 0C a m b o ja 3 .4 9 7 4 .2 4 7 5 .1 5 8 4 . 7 5 0F ilip in a s 2 .0 4 4 2 .1 0 1 2 .2 1 0 2 . 9 6 7O u t ro s A s iá t ic o s 8 6 6 1 .1 5 9 1 .2 9 9 1 .4 1 6

O c e a n ia 1 9 8 1 8 5 1 8 7 1 8 9

* c o m b a s e n o s d a d o s a p u ra d o s p e la F A O ,s e n d o 2 0 1 1 u m a e s t im a t iv a .

O s d a d o s re la ti vo s a o B ra s i l s ã o b a s e a d o s n o s le va n ta m e n to s d o Ib g e .

Q u a d ro I - P ro d u ç ã o M u n d ia l d e M a n d io c a - P r in c ip a is P ro d u t o re s

* * c o m b a s e n o s d a d o s a p u ra d o s p e la F A O , s e n d o 2 0 1 2 u m a p ro je ç ã o .

m il to n e la d a s

A Indonésia, que vinha tendo aumentos expressivos a cada ano, visto queem 2007 obteve produção de 19.988 milhões t; em 2008 21.593 milhões t; em 2009

108

Page 112: Proposta de Preços Mínimos

22.039 milhões t, em 2010 23.918 milhões t; 2011 25.957 milhões t e em 2012 umaprojeção de 28.170 milhões de toneladas, vem recuperando a segunda posição.

O Brasil, que em 2009 era o terceiro maior produtor de mandioca do mundo,atrás, apenas, da Nigéria e Tailândia, obteve o segundo lugar em 2010, porém em 2012caiu para a quarta posição. A Tailândia que havia superado o Brasil em 2009 caiu para oterceiro posto de maior produtor em 2010, e ao quarto em 2011, por conta de umaerradicação mal sucedida da cochonilha, além de problemas com seca e inundações,porém em 2012, superou o Brasil.

A produção mundial de raiz de mandioca que vinha registrando crescimentonos últimos anos, conforme pode ser observado no Gráfico I, nos anos de 2008, 2009 e2010 manteve-se praticamente estável. Em 2011 voltou a crescer. Em 2012, quandocomparado a 2011, observa-se um acréscimo de 6,99%, prevendo-se 281.718 milhões detoneladas.

150

160

170

180

190

200

210

220

230

240

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*2012**

178

185 187

193

205207

224

231

242 242 242263 282

MIL

ES

DE

TO

NE

LAD

AS

GRÁFICO I - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE MANDIOCA

Fonte: FaoElaboração: Conab *2011 estimado ** 2012 previsto

2.2. Suprimento Mundial

Da produção mundial de 2012, de acordo com a FAO, mais da metade,153,7 milhões de toneladas, (55,57% do total) foi produzida no continente africano, vindoem segundo lugar o continente asiático, com 93,06 milhões de toneladas (33,03%). AAmérica Latina foi o terceiro produtor mundial com 34,7 milhões de toneladas, das quais amaior parte (24,3), no Brasil. Além da Nigéria (57,5) e do Brasil, também são grandesprodutores de mandioca a Indonésia (28,1), Tailândia (26,6), Congo (15,5), Gana (15,4),Angola (14,8), Moçambique (10,5), Vietnam (10,3), China (10), Índia (8,8), Tanzânia (5,0),Camboja (4,7) e Filipinas (2,9).

No Gráfico II são apresentados os maiores produtores mundiais de raiz demandioca: Nigéria, Brasil, Indonésia e Tailândia.

109

Page 113: Proposta de Preços Mínimos

ANO 2005 ANO 2006 ANO 2007 ANO 2008 ANO 2009 ANO 2010 ANO 2011* ANO 2012**NIGÉRIA 41,6 45,7 43,4 44,6 36,8 42,5 52,4 57,6BRASIL 25,7 26,6 26,5 26,3 26,0 24,4 25,3 24,3TAILÂNDIA 16,9 22,6 26,9 25,2 30,1 22,0 21,9 26,6INDONÉSIA 19,3 20,0 20,0 21,6 22,0 23,9 26,0 28,7

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

MIL

ES

DE

TO

NE

LAD

AS

Gráfico II - Evolução da Produção Mundial - Principais Países

Fonte: Fao, Ibge - Fev/2013Elaboração: Conab

produção mundial em 2012 = 281.72 milhões de toneladas

*estim ado ** previsto

2.3. Preços Internacionais

A Tailândia apesar de ter ficado em quarto lugar entre os principais paísesprodutores exerce um papel central no mercado internacional. As exportações tailandesassituam-se na média anual de dois milhões de toneladas de fécula, incluindo o amidonativo, amido modificado e sagu, tendo como principal adquirente a China.

Os preços médios de exportações Tailandesas apresentaram declínio nosanos de 2011 e 2012, quando comparados a 2010. Em 2010 observou-se um preçomédio de US$ 512,13/t, em 2011 US$ 509,06/t e em 2012 US$ 440,67/t, demonstrado noQuadro II a seguir, enquanto que em 2013, a média dos meses de janeiro e fevereiroregistra US$ 453,75/t.

P e r ío d o 2 0 1 3 2 0 1 2 2 0 1 1 2 0 1 0 2 0 0 9J A N 4 5 0 , 0 0 4 4 3 , 7 5 5 7 0 , 0 0 4 0 5 , 0 0 2 7 0 , 0 0F E V 4 5 7 , 5 0 4 4 9 , 0 0 5 6 6 , 2 5 4 1 0 , 0 0 2 4 0 , 0 0M A R 4 2 2 , 5 0 5 7 7 , 0 0 4 4 4 , 0 0 2 5 8 , 7 5A B R 4 2 2 , 5 0 5 8 0 , 0 0 4 6 6 , 2 5 2 7 5 , 0 0M A I 4 3 6 , 0 0 5 5 8 , 7 5 4 8 2 , 5 0 2 7 5 , 0 0J U N 4 4 0 , 0 0 5 3 9 , 0 0 5 1 2 , 0 0 2 8 2 , 0 0J U L 4 4 0 , 0 0 4 7 1 , 2 5 5 9 7 , 5 0 2 8 5 , 0 0A G O 4 4 0 , 0 0 4 5 5 , 0 0 6 0 8 , 7 5 2 8 5 , 0 0S E T 4 4 0 , 0 0 4 3 6 , 2 5 5 2 7 , 0 0 2 8 5 , 0 0O U T 4 5 3 , 0 0 4 3 7 , 5 0 5 4 7 , 5 0 3 0 3 , 7 5N O V 4 5 2 , 5 0 4 5 6 , 0 0 5 6 5 , 0 0 3 4 7 , 5 0D E Z 4 4 8 , 7 5 4 6 1 , 6 7 5 8 0 , 0 0 3 9 4 , 0 0M é d ia a n u a l 4 5 3 , 7 5 4 4 0 , 6 7 5 0 9 , 0 6 5 1 2 , 1 3 2 9 1 , 7 5

Q u a d r o I I - M é d i a M e n s a l N o m i n a l B a n g k o k - U s $ / t

Dados do Thai Tapioca Starch Association (TTSA) emwww.thaitapiocastarch.org, apontam que no mês de fevereiro 2013 o preço médio deexportação foi de US$ 460,00/ tonelada (FOB Bangkok), o que representa uma

110

Page 114: Proposta de Preços Mínimos

valorização de 2,45% em relação ao valor do mesmo período do ano anterior (US$449,00/t), conforme exposto no Quadro I acima.

No Gráfico III apresenta-se a evolução das exportações de fécula demandioca realizadas pelo Brasil e Tailândia (até outubro 2012). A partir desses dadosobserva-se a vantagem competitiva Tailandesa, com quantidade exportada bem superiorà média Brasileira e cotações mais atrativas, além da localização estratégica.

2008 2009 2010 2011 2012TON BRASIL 9.310 9.352 5.984 6.762 7.262TON TAILÂNDIA 1.271.937 1.798.100 1.740.805 1.888.147 1.892.537MÉDIA PREÇO BRASIL (US$/T) 711,54 596,24 902,74 823,87 868,77MÉDIA PREÇO TAILÂNDIA (US$/T) 376,14 291,75 512,13 509,06 440,67

711,54

596,24

902,74

823,87 868,77

376,14

291,75

512,13 509,06

440,67

,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

1000,0

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1.800.000

2.000.000

Tone

lada

s

Fonte: TTSA e Secex/MdicElaboração: Conab. obs: Exportações em 2012 Tailândia (outubro) e Brasil (dezembro)

GRÁFICO III - EVOLUÇÃO COMPARATIVA DAS EXPORTAÇÕES DE FÉCULA DE MANDIOCAEM FUNÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE EXPORTAÇÃO NO BRASIL E NA TAILÂNDIA (OUTUBRO/2012)

US$

Observa-se no Quadro III, a desaceleração nas importações brasileiras defécula período de janeiro a dezembro/12 registrou-se 12.206 t na ordem de US$5.478.000,0/FOB, no mesmo período em 2011 ingressaram 19.053 t na ordem de US$8.563.000,0/FOB.

ESPECIFICAÇÃO Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor(t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB (t) US$1000FOB

FÉCULAAlemanha 5 6 11 23 5 11ArgentinaBolíviaCanadaEstados Unidos 52 141 61 174 35 83 18 40 3 9Paraguai 1.971 716 13.586 6.445 18.953 8.436 12.188 5.438 1.855 809Tailândia 1.161 416 14 9VietnaOutros 0 0 0 0 46 23 0 0 0 0

TOTAL 2.028 863 14.819 7.058 19.053 8.563 12.206 5.478 1.858 818FONTE: SECEX

2009 2011 Fev/13

Quadro III - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS, POR PAÍSES DE ORIGEM

20122010

2.4. Perspectivas

Espera-se que a próxima estimativa a ser elaborada pela FAO, a atual foidivulgada em novembro de 2012, confirme a produção de 281,7 milhões de toneladas,

111

Page 115: Proposta de Preços Mínimos

enquanto que para 2013 visualiza-se a continuidade de expansão, principalmente naÁfrica, como fonte de alimentação, tornando-se uma colheita estratégica para asegurança alimentar, além de promover o crescimento econômico.

Enquanto a União Europeia procura por pellets de mandioca, principalmentepara alimentação animal. A China procura atender o setor de etanol, até então supridopela Tailândia e, nesta corrida, surgem o Vietnã e o Camboja, como prováveisfornecedores.

Diante desse cenário, as projeções de preços para a mandioca e derivadostendem a aumento, pois se prevê a continuidade da China no mercado e da políticadaquele país em relação à esse produto e aos cereais substitutos, bem como a expansãopara atender as indústrias de etanol na Ásia.

Foi divulgado em meados do ano passado que a Nigéria pretende substituirtrigo importado e assim diminuir a dependência alimentar, adicionando 40% de amido napanificação. Pretende, ainda, exportar 900.000 t de mandioca chips e 182.000 t de altafrutose, utilizada na substituição do açúcar contido em refrigerantes e ainda transformar11 milhões de t em litros de etanol (aproximadamente 1,2 b de litros) e que no final demaio/2012 foi inaugurada em Moçambique uma destilaria com capacidade de produçãode 2 milhões de litros de etanol de mandioca, com máxima de 30 mil litros por semana. Oescoamento será por Maputo uma vez por semana.

Qualquer previsão, entretanto, dependerá da margem de retorno do etanol,da competitividade de outras matérias-primas e do preço deste produto (etanol) emrelação ao petróleo. Os constantes aumentos dos preços mundiais de açúcar e melaçopodem muito bem levar os países asiáticos a confiar mais na mandioca para cumprircontratos de etanol e demanda de álcool industrial.

Todos esses fatores reforçam a projeção para o aumento da produçãomundial, superando a taxa de crescimento na população e trazendo com isso umaelevação da disponibilidade do alimento per capta. As medidas para promover a farinhada mandioca diante de cereais importados, por meio do consumo direto ou pela mistura,vêm ganhando adesões pelo mundo e se constituem em importante fator para ocrescimento de seu uso.

3 – Panorama Nacional

3.1. Suprimento

Cultivada em todo território nacional é possível classifica-la quanto à suatoxidade em mansas, também chamadas de mesa, aipim, macaxeira - variedadepossuidora de baixo teor de compostos tóxicos (cianogênios) ou em bravas – alto teor decompostos tóxicos - que é a mandioca industrial, além da importância socioeconômicacomo centro aglutinador e de consolidação de muitas comunidades rurais que nasceram ese desenvolvem sob total influência das casas de farinha.

Informações disponíveis na literatura, principalmente da Embrapa Mandiocae Fruticultura Tropical (Cruz das Almas- BA) apontam que a maior parte da mandioca demesa é comercializada na forma in natura. Atualmente vem crescendo a comercializaçãoda mandioca pré-cozida, congelada e na forma de snacks.

112

Page 116: Proposta de Preços Mínimos

É encontrada em diferentes condições, variando desde o cultivo tradicional,de subsistência, com pouca ou nenhuma tecnologia e de baixa produtividade (2 a 12 t/ha),até polos mais avançados, com plantios mecanizados, visando alcançar produtividade de40 t/ha, em sintonia com a indústria e oferecendo segurança de comercialização aosprodutores.

3.1.1. Raiz de Mandioca

De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), divulgado em março de 2013, relativo ao consolidado de 2012, o Brasilocupa o 4° lugar na produção mundial de raiz de mandioca, sendo a quinta culturanacional em termos de produção com 24.313,8 mil t, atrás da cana de açúcar, soja, milho1º safra e 2ª safra, respectivamente 675.014,6; 65.705,7; 38.345,5 e 33.145,1 mil t.

A produção nacional se concentra em seis Estados, a saber: Pará, quedetém a maior parte da produção (19,28%), Paraná (15,82%), Bahia (11,95%), Maranhão(6,69%), Rio G. Sul (4,81%) e São Paulo (4,61%), abaixo apresentada no Gráfico IV,significando 63,27% da produção nacional, ou seja, 15.473,6 mil t:

2008 2009 2010 2011 2012 2013Pará 4.799,09 5.026,54 4.506,11 4.644,49 4.808,74 4.714,87Paraná 3.325,94 3.654,71 4.012,94 4.719,24 4.062,91 3.893,44Bahia 4.359,35 4.345,03 3.211,27 2.977,19 2.293,68 2.923,00Maranhão 1.758,03 1.280,77 1.540,74 1.780,27 1.529,58 1.636,67São Paulo 1.038,00 1.136,67 1.080,94 1.212,40 1.443,51 1.128,48Rio G. do Sul 1.339,73 1.281,82 1.314,00 1.305,00 1.191,20 1.177,17

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00Gráfico IV - RAIZ DE MANDIOCA - QUANTIDADE PRODUZIDA (IBGE) (milhões t)

Fonte: IBGE. Elab.: Conab

Ainda de acordo com o IBGE, a produção de raiz em 2012 foi de 24.313,8mil de toneladas, sendo estimadas para 2013 (2º levantamento), 24.455,7 mil de t, comacréscimo de 0,58% e área a ser colhida de 1,690 milhão de hectares. No Gráfico Vapresenta-se a série histórica de produção nacional e área plantada no período de 2000-2013.

113

Page 117: Proposta de Preços Mínimos

24,35

25,32

24,31 24,45

1,771,74

1,82

1,69

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

2,20

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

*

2013

*

milh

ões

ha

MIL

ES D

E TO

NEL

ADAS

Produção Área (há)

*2013 = Estimativa Fevereiro/2013 - Fonte: IBGE Elaboração: Conab

Grafico V- HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE RAIZ DE MANDIOCA X ÁREA COLHIDA NO BRASIL

No Gráfico VI, a seguir, apresenta-se o histórico da produção regional comas respectivas médias anuais de preços. Observa-se que os preços crescentes sempreestiveram associados a maior demanda pelo produto e menor oferta da matéria-prima,quer seja por retração do produtor ou condições climáticas adversas (excesso de chuvano sul e seca demasiada no nordeste).

9.842,0 9.563,1 9.706,89.890,4 9.219,8

16.771,4 14.790,8 15.622,9 14.423,515.236,0

157,50

264,50

222,49

241,89

351,65

185,00

166,90190,23

280,50

628,94

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

0,0

5.000,0

10.000,0

15.000,0

20.000,0

25.000,0

30.000,0

2009 2010 2011 2012 2013

EM R$ / t1.000 t

Gráfico VI - PRODUÇÃO NACIONAL E MÉDIA DE PREÇOS PAGOS AO PRODUTOR - RAIZ

PRODUÇÃO C-SUL** PRODUÇÃO N-NE** PREÇO PARANÁ* PREÇO BAHIA*

* preços até 2012 média anual; em 2013 média em fevereiro ** produção IBGE fevereiro - 2013

114

Page 118: Proposta de Preços Mínimos

3.1.2. Farinha de Mandioca

A farinha é consumida em todo o país. Segundo censo do IBGE de 2008 oconsumo per capta médio nacional da farinha foi de aproximadamente 5,33kg/habitante/ano, apurando-se declínio quando comparado ao censo realizado em 2003,que registrou 7,76 kg/habitante. No Quadro IV, a seguir, encontra-se demonstrada adistribuição do consumo médio por Região e produto:

M a n d io c a F a rin h a d em a n d io c a

F é c u la d em a n d io c a

B ra s il 1 ,7 7 5 ,3 3 0 ,7 7N o rte 2 ,7 8 2 3 ,5 4 1 ,5 6N o rd e s te 1 ,3 5 9 ,6 7 1 ,4 4S u d e s te 0 ,9 9 1 ,1 7 0 ,3 6S u l 4 ,1 2 0 ,8 1 0 ,3 0C e n tro -O e s te 2 ,0 3 1 ,2 9 0 ,6 5

Q u a d ro IV - Aq u is iç ã o a lim e n ta r d o m ic ilia r p e r c a p ita a n u a l (Q u ilo g ra m a s ) -re n d im e n to m o n e tá rio e n ã o m o n e tá rio

An o = 2 0 0 8

B ra s il e R e g iã oG ru p o s , s u b g ru p o s e p ro d u to s

F o n te : IB G E - P e sq u isa d e O rça m e n to s F a m il ia re s

Apesar de ocupar lugar de destaque no consumo da população, não sedispõe de levantamento da quantidade produzida no país. A partir das estimativas deconsumo per capta, levantadas pelo IBGE, sabe-se apenas que a produção de farinha noNorte e Nordeste está aquém da demanda, e que o Centro-Sul responde por umaprodução superior ao consumo regional. Um dos fatores para dificuldade de apuração daquantidade total produzida está associado à pulverização da comercialização, desdegrandes supermercados até as tradicionais feiras de fim de semana.

A escala de operação das indústrias de processamento de farinha vai depequenas unidades artesanais de processamento (comunitárias ou privadas) até asunidades de grande porte que processam, em média, 300 sacas de farinha por dia,passando pelas unidades de médio porte (100 sacas por dia).

3.1.3. Fécula de Mandioca

A produção de fécula representa a maior perspectiva para odesenvolvimento da atividade mandioqueira. Esse produto tem sido utilizado comoamiláceos para a alimentação humana ou como insumos em diversos setores,apresentando-se em três formas básicas, com seus respectivos subprodutos: féculafermentada (polvilho), fécula in natura (papéis, “baby-food”, álcool, fermento químico,goma para tecidos, tapioca/sagu); e fécula modificada (dextrina, pré-gelatinados, glucose,adoçante sorbitol, vitamina C e plásticos biodegradáveis).

Outro subproduto da mandioca é o biju colorido, com inclusão de frutas ehortaliças que o tornam mais nutritivo e saboroso e que conferem também coloração maisatraente. Projetos relacionados à produção de beijus coloridos vêm sendo conduzidos emCruz das Almas, no Estado da Bahia, por meio da inclusão na merenda escolar da redede ensino de Santo Antônio de Jesus e cidades do Recôncavo Baiano. Além da tapiocacolorida existem outros produtos como a pizzaioca (pizza de mandioca).

115

Page 119: Proposta de Preços Mínimos

No Gráfico VII apresenta-se a evolução da produção nacional de fécula demandioca nos últimos 11 anos, elaborada pela parceria Associação Brasileira dosProdutores de Amido de Mandioca - Abam e Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada – Cepea sendo que para 2011 os quantitativos são por estimativa e para 2012ainda não estão disponíveis. Diante desses dados infere-se que o setor sofre asoscilações da cadeia (preços e safras) que dificultam a garantia de mercado.

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

575,0

667,0

428,1410,1

592,7 595,1

545,0565,1

582,9

542,2519,2

Em m

il to

nela

das

Gráfico VII - Produção de Fécula - Evolução

Fonte: Abam; Elab.: Conab

Como se sabe o amido de milho é um grande concorrente da fécula demandioca e que ganha mercado no atual momento, visto que apresenta preços inferiores.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior – Secex no período jan-dez2012, o Brasil importou na modalidade FOB o valor de US$ 9.487.584 correspondente aoquantitativo de 24.637,2 t de amido de milho, ao preço médio de US$ 385,09/t. Nomesmo período foram importadas 12.206,4 t de fécula ao valor de US$ 5.478.216,registrando-se a média de US$ 448,80/t. De janeiro a fevereiro deste ano importou-se10.086,0 t de amido de milho ao valor médio de US$ 326,02/t, enquanto adentrou noPaís, no mesmo período, 1.857,8 t de amido de mandioca, ao preço médio de US$440,13/t.

No Centro-Sul as atividades são voltadas para as agroindústrias de farinha efécula, com a produção de amido sendo liderada pelo Estado do Paraná, responsável em2011 por 70,49% da quantidade nacional (365,98 mil t), conforme pode ser observado noGráfico VIII. Outros Estados também se destacaram na produção de fécula tais como:Mato Grosso do Sul que produziu 17,05% (88,53 mil t), São Paulo com 10,66% (55,38 milt), Santa Catarina com 1,30% (6,79 mil t) da oferta nacional total. A mais importanteregião de produção é Paranavaí, no noroeste paranaense, que concentra algo em tornode 39,71% da produção nacional.

116

Page 120: Proposta de Preços Mínimos

PR; 365.989; 70,497%

MS; 88.536; 17,054%

SP; 55.383; 10,668%

SC; 6.798; 1,309% PA; 1.650; 0,318%BA; 800; 0,154%

Fonte: Abam; Elab.: Conab

Gráfico VIII - Produção (t ) de Fécula por Uf - 2011

No Gráfico IX apresenta-se a distribuição percentual da venda de fécula noperíodo de 2006 a 2011, que é a última disponibilizada pelo Cepea, por Setoresprodutivos:

2006 2007 2008 2009 2010 2011Papel e papelão 26,3 19,7 23,5 23,8 20,0 18,2Atacadista 16,8 16,6 21,8 19,8 29,4 27,7Massa, biscoito e panificação 14,5 14,1 22,5 18,7 14,4 14,8Frigoríficos 19,5 23,7 13,5 16,3 17,3 13,1Gerais 3,1 11,5 5,1 8,9 3,4 6,5Outras Fecularias 3,1 2,9 2,9 5,1 6,4 5,1Varejistas 4,8 3,2 3,8 2,7 3,8 11,2Ind. Químicas 6,6 3,4 3,8 2,6 2,9 2,3Têxtil 4,9 4,9 3,8 2,2 2,3 1,1

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

21,0

24,0

27,0

30,0

33,0

perc

entu

ais

(%)

Gráfico IX - Venda por Setor- Percentual

Fonte: Cepea/Esalq. Elab. Conab

O Gráfico X a seguir demonstra a Balança Comercial Brasileira de Fécula deMandioca no período de 2006 a 2013. Destaca-se que das quantidades importadas em2012 e 2013, 99,83% foram efetivadas pelo Paraguai, enquanto que em 2011 essaparticipação foi de 99,47%.

117

Page 121: Proposta de Preços Mínimos

-15.000,0

-10.000,0

-5.000,0

0,0

5.000,0

10.000,0

15.000,0

20.000,0

ANO 2009 ANO 2010 ANO 2011 ANO 2012 ANO 2013

2.028,0

14.819,0

19.053,0

12.206,0

1.857,8

9.352,0

5.984,0 6.762,07.262,0

1.665,1

7.324,0

-8.835,0

-12.291,0

-4.944,0

-192,7

Gráfico X - BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA DE FÉCULA DE MANDIOCA - 2009 AFEVEREIRO/2013

IMPEXP

Fonte: Secex/Mdic Elaboração: Conab

Fonte: Secex/Mdic Elaboração: Conab

As importações estão associadas aos problemas com abastecimentos damatéria-prima, quer seja devido a clima seco em alguns momentos, quer seja ao excessode chuva em outros; a retração dos agricultores; baixíssimo teor de amido ou ainda aindisponibilidade da raiz de segundo ciclo. O comportamento de preços no mercadointerno é um parâmetro para se decidir pela importação.

3.2. Preços

3.2.1. Raiz de Mandioca

Em 2012, o decréscimo na produção no nordeste, em função do climatotalmente desfavorável devido a pior seca das últimas décadas, influenciou o preçomédio anual para cima, registrando-se altas sucessivas. Na região Centro-Sul, a maiordemanda pela matéria-prima, principalmente pelas farinheiras visando atender váriosestados, entre eles Ceará e Bahia, trouxe reflexos altistas ao preço médio anual.

1 5 6 ,3 7

1 8 3 ,6 7

1 8 0 ,2 51 8 4 ,6 7

2 3 8 ,0 3

2 7 7 ,0 0

5 2 4 ,6 6

6 2 8 ,9 4

1 4 4 ,6 21 7 6 ,2 5

2 1 8 ,7 5

2 1 2 ,5 0

1 8 8 ,8 61 8 5 ,7 0

3 0 8 ,6 2

4 0 6 ,2 6

2 2 9 ,9 7

2 7 5 ,3 9

2 3 9 ,5 4

1 9 2 ,0 0

2 1 8 ,5 32 0 5 ,4 0

3 2 6 ,6 53 5 1 ,4 9

1 1 7 ,3 51 3 8 ,9 8

1 1 0 ,8 2

1 3 4 ,1 01 3 9 ,5 7

7 5 ,0 0

1 2 5 ,0 0

1 7 5 ,0 0

2 2 5 ,0 0

2 7 5 ,0 0

3 2 5 ,0 0

3 7 5 ,0 0

4 2 5 ,0 0

4 7 5 ,0 0

5 2 5 ,0 0

5 7 5 ,0 0

6 2 5 ,0 0

6 7 5 ,0 0

0 2 /2 0 1 0 0 6 /2 0 1 0 1 0 /2 0 1 0 0 2 /2 0 1 1 0 6 /2 0 1 1 1 0 /2 0 1 1 0 2 /2 0 1 2 0 6 /2 0 1 2 1 0 /2 0 1 2 0 2 /2 0 1 3

Em

Re

ais

/ t

B A P A P R P .M /N /N O P .M /S u l / S E /C O

G r á f ic o X I - E v o lu ç ã o d e P r e ç o s P a g o a o P r o d u t o r ( R $ / t )

E la b . : C o n a b

1 3 3 ,5 3

118

Page 122: Proposta de Preços Mínimos

Há uma série de fatores que interferem no processo de formação de preços,incluindo as questões relacionadas ao ciclo da cultura e do rendimento do teor de amido,que respondem à combinação das variedades cultivadas, das condições ambientais e dosaspectos inerentes à estrutura de mercado enfrentada pelos produtores. No Gráfico XI,acima, observa-se que os preços médios nominais recebidos pelos produtores ruraispermanecem acima do preço mínimo estabelecido.

Ainda interferem na formação de preços os produtos provenientes daagricultura familiar e sua produção em nível artesanal. Consequentemente, quando opreço do produto está atrativo ocorrem entradas de agricultores no negócio e a produçãode raízes e farinha aumenta rapidamente, para logo em seguida ocorrer a redução depreços por excesso de oferta.

Assim, os excessos de oferta (geralmente de março a agosto – 60,5% daprodução) e de escassez (período de chuvas ou seca), impactam direta e imediatamenteno processo de formação de preços. Além disso, é importante ressaltar a maior oferta dematéria-prima que geralmente acontece no final de cada mês, como uma alternativa pararecompor a renda, sobretudo a dos agricultores que dependem de fontes de renda talcomo a aposentadoria. Fatores relacionados às questões culturais de cada localidadeinfluenciam no incremento da oferta de matéria-prima. A inexistência de contratos defornecimento de longo prazo nas unidades individuais concorre para a não existência devolume e regularidade desejada de produção, fazendo com que a cadeia percacompetitividade, dado o inadequado grau de coordenação entre os seus segmentos.

3.2.2. Farinha de Mandioca

No Gráfico XII abaixo, visualiza-se que as cotações médias mantiveram-seem altas e em patamares superiores aos preços mínimos vigentes. No mês defevereiro/13, os preços situam-se, em média, a R$ 127,61/sc de 50 kg no Paraná, R$220,57/sc 50 kg no Pará e R$ 193,43/sc de 50 kg na Bahia.

66,78 71,25

78,21

56,4360,50

65,21

193,43

28,6732,6652,35 49,41

54,10

127,61

25,67 30,71

000

020

040

060

080

100

120

140

160

180

200Gráfico XII - Farinha de Mandioca - Preço Nominal ao Produtor (R$/50 kg)

PARÁ BAHIA P. MÍN N-NE PARANÁ P. MÍN C-SUL

Fonte: Conab/Siagro e Cepea/Esalq

220,57

119

Page 123: Proposta de Preços Mínimos

O comportamento de preços da região norte e nordeste, que vemregistrando forte ascendência a partir de fevereiro/2012, está associado ás precipitaçõesde água na região norte e o oposto (extremamente seco) na região nordeste, ambas assituações acarretando em menor oferta da matéria-prima, quando comparadas ao mesmoperíodo de 2011.

Já no Gráfico XIII observa-se o comportamento de preços, por média, nomês de fevereiro/2013, recebidos pelo produtor em alguns estados da federação.Percebe-se que as cotações apuradas estão acima do preço mínimo vigente.

2,8000

4,4116

3,2550

2,23332,3350

3,8542

2,8571

3,5666

3,02503,2250 3,2700

4,1350

2,15562,0000

3,6000

1,9828

2,5523

0,6532 0,6142

,000

,500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

4,000

4,500

5,000

AM PA RR TO AL BA CE MA PB PE RN SE MT MS MG SP PR

Gráfico XIII - Farinha de Mandioca - Preço Pago ao Produtor

Preço médio Fevereiro Preço Mínimo vigente

3.2.3. Fécula de Mandioca

O mercado de amido também apresentou variações de preçosconsideráveis, (ver Gráfico XIV abaixo), ocorrendo algumas desacelerações nascotações, geralmente de março a agosto, em função da maior disponibilidade da matéria-prima, com recuperação crescente de preços nos meses subsequentes, estes associadosà diminuição de oferta, observando-se que em momento algum os valores praticados pelomercado ficaram abaixo do preço mínimo vigente. O ano de 2010 foi atípico, pois houveredução na quantidade produzida.

1 . 1 2 1 , 0 0

1 . 3 7 2 , 1 0

1 . 2 4 7 , 9 01 . 4 5 3 , 8 0

1 . 9 4 7 , 5 0

6 9 0 , 0 0

7 3 0 , 0 0 7 5 0 , 0 0

0 ,0 0

5 0 0 , 0 0

1 .0 0 0 , 0 0

1 .5 0 0 , 0 0

2 .0 0 0 , 0 0

2 .5 0 0 , 0 0

o u t / 0 9 f e v /1 0 j u n / 1 0 o u t / 1 0 f e v /1 1 j u n / 1 1 o u t / 1 1 f e v /1 2 j u n / 1 2 o u t / 1 2 f e v /1 3

R$

/ t

G r á f i c o X I V - P r e ç o s N o m i n a i s d a F é c u l a d e M a n d i o c a ( F O B F e c u l a r i a ) n a r e g i ã o C e n t r o - S u l

P R E Ç O S ( F O B F E C )

P R E Ç O M Í N I M OF o n t e : C e p e a / E s a l q E l a b o r a ç ã o : C o n a b

120

Page 124: Proposta de Preços Mínimos

3.3. Tendências

De acordo com a última divulgação realizada pelo IBGE, em 7.3.2013,prevê-se queda de produtividade nos dois principais Estados, Pará e Paraná, decaindo aprodução, respectivamente, de 4.808,7 para 4.714,8 mil t e de 4.062,9 para 3.893,4 mil det. No entanto, apresenta projeção otimista para 2013, com aumento na produção nacionalpara 24.455,7 mil de toneladas, algo próximo a 0,58%, porém não representa a opiniãodos demais agentes.

Na contramão do levantamento mencionado, as projeções climáticas (secase chuvas) e a redução de área (plantada e colhida) para o restante do ano apontam parauma menor oferta e qualidade da matéria-prima: à necessidade de importação e a umaapreensão por parte dos principais agentes do Centro-Sul.

Há de se registrar que nos períodos com excesso de chuva, além daredução do teor de amido, aparecem os problemas com podridão, o que dificulta oabastecimento às indústrias (farinheiras e fecularias), sendo necessária a obtenção damatéria-prima em fornecedores externos.

Geralmente os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sulregistraram picos de preços na raiz de mandioca e derivados, a partir de agosto até oinício de janeiro. As atividades de colheita se iniciam em maio e estendem-se até o iníciode agosto, período em que o preço de mercado tende a cair em função da maior oferta doproduto.

No Pará, segundo a projeção do IBGE, apesar da expectativa de aumentoda área plantada (algo em torno de 0,18%), prevê-se diminuição no rendimento (2,5%).No Paraná, redução de área (2,2%) e de rendimento (2,0%).

O rendimento médio nacional está projetado para 14,47 t por hectare,lembrando que em 2012 foram obtidas 13,35 t/ha; em 2011 14,52 t/ha; em 2010 14,89t/ha e em 2009 13,873t/ha. O destaque médio pertence a São Paulo com 24,37 t/ha.

O Estado da Bahia, que no ano de 2012 obteve uma área colhida de224.079 ha prevê para 2013 um aumento de 19,18% em sua produtividade e,consequentemente, acréscimo na quantidade a ser produzida para 2.923,0 mil t, enquantoque em 2012 registrou 2.293,6 mil t.

A produção esperada desse Estado, apesar da estimativa do IBGE apontarpara uma produção maior, é vista com muita preocupação, pois em recente reunião naCâmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados acontecida no dia7.3.2013, notícias reservadas quanto ao impacto da seca sugerem grande perda noarranquio, estimando-se, no momento, em um percentual próximo a 30,0 %. O pico decolheita ocorre de abril a junho.

Outra incógnita é a expansão do cultivo da mandioca açucarada, que é avariedade recomendada para a produção de combustível, a sustentabilidade ambiental éapontada como principal vantagem, visto que não exige queimadas para a colheita damatéria-prima, nem tampouco o elevado emprego de fertilizantes e herbicidas, como osobservados na atividade canavieira.

121

Page 125: Proposta de Preços Mínimos

Em Alagoas está prevista a entrega, ainda este ano, de duas unidades defabricação de amido a serem exploradas por pequenos produtores, lembrando, poroportuno, que os preços nesse estado são tradicionalmente maiores no período de agostoa janeiro, época que ocorre redução da oferta.

4 – Preços Mínimos

4.1. - Proposta

Para as Regiões Norte e Nordeste foram utilizados os custos de produçãoda Conab nos Estados do Piauí (Picos), Bahia (Cruz das Almas/Santo Antônio de Jesus)e Pará (Acará e Castanhal). No Centro-Sul os índices foram baseados nos custos deprodução da raiz levantados pela Conab no Paraná (Municípios de Marechal CândidoRondon e Paranavaí) e Mato Grosso do Sul (Ivinhema).

A proposta para atualização dos preços mínimos da raiz de mandioca ederivados foi elaborada a partir dos custos de produção adotados por esta Companhia,utilizando-se como parâmetros as localidades acolhidas na Proposta 2012/13. Para asRegiões Norte e Nordeste foram utilizados os custos de produção nos Estados do Piauí(Picos) e Pará (Acará e Castanhal), com inclusão de Cruz das Almas (BA). No Centro-Sulos índices foram baseados nos custos de produção da raiz levantados no Paraná(Municípios de Marechal Cândido Rondon e Paranavaí) e Mato Grosso do Sul (Ivinhema).Embora os pacotes tecnológicos tenham sofrido alterações, inclusive os relativos a 2012,os custos variáveis dessa região foram mantidos. Já para a região centro-sul, os novospacotes trouxeram redução de custos em Marechal Cândido Rondon e Paranavaí e altaem Ivinhema, ora acolhidos na presente proposta.

De acordo com a metodologia que já vem sendo adotada, propõe-se umarecomposição com base no Custo Variável de Produção – CVP para a raiz. Desta forma,o preço mínimo proposto para a Região Centro-Sul é de R$ 141,34 por tonelada,correspondendo ao reajuste de 1,28% em relação ao preço mínimo anterior. Já para aRegião Norte/Nordeste propõe-se o preço mínimo de R$ 160,64 por tonelada o que leva aum reajuste de 15,58%.

Para os derivados (farinha, fécula e polvilho) os custos partiram dos preçosmínimos ora propostos para a matéria-prima, sendo agregados os custos deprocessamento. Observa-se que os itens que mais influenciaram para o aumentos doscustos são os associados a mão de obra, impostos e fretes (transporte). Desta feita, opreço mínimo para a farinha no Centro-Sul está sendo proposto em R$ 0,6926 por kg,reajuste de 12,76% em relação ao da safra passada e para a fécula R$ 0,8300 por kg,com reajuste de 10,67%. A proposta para a farinha na Região Norte/Nordeste é de R$0,7500 por kg, resultando em aumento de 14,82% e para o polvilho o novo preçopretende-se que seja de R$ 1,0066 por kg, com ganhos de 15,44%.

Nesta oportunidade esclarece-se que os novos preços propostos para a raizestão em tonelada, enquanto seus derivados (farinha, fécula e polvilho) estão expostosem quilograma, pois em mais de um estado pertencente à mesma região de parâmetro hávariações de pesos nas embalagens.

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Page 126: Proposta de Preços Mínimos

4.3. Resultados Esperados

geração de emprego e renda;novos caminhos e desenvolvimento para impulsionar segmentos

envolvidos;alternativas de produção; novos produtos, novos mercados e

agregação de valor;envolvimento dos órgãos de pesquisa e assistência técnica,

incentivando a capacitação e treinamento ao setor;motivação ao setor produtivo para continuar na atividade e minimizar

seus riscos e manutenção do homem no campo (êxodo);sobrevivência das casas de farinha;garantia de matéria–prima para a indústria;novas tecnologias; adequação ambiental e à legislação trabalhista,

além de estímulo ao planejamento do setor a médio e longo prazo,produto final com qualidade e maior participação brasileira no

mercado internacional.

Ressalta-se que a ONU elegeu 2014 como Ano Internacional da AgriculturaFamiliar, reconhecendo que a cultura é de enorme destaque e de importância estratégicano combate à fome e inclusão para a segurança alimentar.

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Page 127: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

MILHO EM GRÃOS E MILHO PIPOCA

Thomé Luiz Freire Guth

1 – panorama internacional

1.1 – Suprimento Mundial

O último relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dosEstados Unidos (USDA) não apresentou grandes alterações em relação aos relatóriosanteriores, mesmo por que a significativa quebra da safra norte-americana já estavaconsolidada em 273,8 milhões de toneladas produzidas, ou seja, 40,1 milhões a menosque o produzido na safra 2011/2012 e, praticamente, menos 100,0 milhões de toneladasao que havia sido estimado quando do início da safra em maio de 2012. Esta foi aprincipal razão pela qual as cotações do grão nas principais bolsas atingiram níveisrecordes, superando o ocorrido em 2008/2009, que teve os preços muito elevados devidoa conhecida crise das commodities.

Também há de se considerar, corroborando o enunciado acima, que oconsumo mundial do grão cresce ano a ano, e as sucessivas quebras da safraestadunidense vêm causando descompasso entre a produção e consumo, bem comoredução dos estoques finais de milho, isto por que países como a China, principalmente,aumentaram seu consumo interno de milho, devido ao exponencial aumento do consumode proteína animal, mormente de aves e suínos que são grandes demandantes do cereal

Outros países exportadores de carnes como Brasil e Estados Unidospossuem um elevado plantel, sobretudo de aves e suínos, já que são sólidos líderes deexportação do setor avícola e suinícola, sendo o milho o insumo principal influenciando novolume final de consumo.

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Page 128: Proposta de Preços Mínimos

Em relação aos outros players do mercado cabe destacar:

Devido ao forte período de estiagem no Leste Europeu, a Ucrânia, que vinha emuma crescente de produção e participação na exportação, teve uma pequenaredução nesta produção e, consequentemente, menor participação na exportação,apesar do espaço criado pelos Estados Unidos reduzido pelo menos à metade;

Para a China, que vinha nos últimos anos aumentando sua participação nasimportações, o aumento da produção da safra atual ajudou a frear o processo deimportação, não significando, em função do aumento do gradativo consumo, queeste país tenha tendência de se firmar como um grande importador de milho paraos próximos anos;

A estiagem que atingiu o sul da América do Sul, especialmente da Argentina,atingiu o plantio tardio do cereal, afetando uma produção estimada de 29,0 milhõesde toneladas, chegando a 26,5 milhões. A Bolsa de Cereales de Buenos Airesestima uma produção menor a que o USDA estima, ou seja, em torno de 25,0milhões. No entanto, o Brasil tende a ter uma nova safra acima de 70,0 milhões detoneladas.

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Page 129: Proposta de Preços Mínimos

Diante da conjuntura apresentada, incluindo que a safra norte-americana jáse confirma excessivamente abaixo das expectativas iniciais, além do aumento noconsumo mundial do cereal e à menor relação estoque/consumo mundial dos últimos 20anos, é possível afirmar que o cenário gerou muita preocupação no mercado e que, emconsequência, vem influenciando as cotações do grão nas principais bolsasinternacionais.

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Page 130: Proposta de Preços Mínimos

Evidentemente que a relação estoque/consumo mundial destas últimassafras acompanhou a relação estoque/consumo dos Estados Unidos, daí o nível deimportância deste país no cenário mundial de milho.

A forte quebra da safra 2012/2013 dos Estados Unidos afetousignificativamente os elos da cadeia produtiva de milho neste país, tendo, inclusive, asexportações estadunidenses chegado a 20,9 milhões de toneladas, ou seja, menos dametade do que este país normalmente exporta, abrindo espaço, principalmente, para asexportações brasileiras.

Dentro deste cenário, inclusive a demanda de milho para etanol, que atéentão vinha em um vertiginoso crescimento, preocupando o setor de produção animal(outro forte demandante do cereal), sofreu com uma redução.

Vale salientar que a retirada dos subsídios para a produção de etanol nosEstados Unidos também afetou a produção do combustível, que diminuiu suarentabilidade, causando paralisação de algumas usinas, na expectativa de aumento deprodução para próxima safra.

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Page 131: Proposta de Preços Mínimos

Diante destes fatos é concreta a expectativa de um aumento de áreaplantada, muito provavelmente nas áreas de reservas - CRPs vez que este país necessitade recomposição de seus estoques. Espera-se, assim, que não haja uma novainterferência do clima afetando a produção e que o país possa, a partir do 2º semestre de2013, ter uma produção próxima a 370,0 milhões de toneladas, o que recomporia osestoques, reduzindo, provavelmente, os preços do cereal.

1.2 – Preços Internacionais

O ano de 2012 foi marcado por preços recordes de milho, superando ospicos de preços registrados em 2008 (US$ 304,63/ton). Portanto, as cotações do cerealatingiram em julho de 2012 o valor médio de US$ 337,40/ton (vez que foi confirmada aquebra da safra norte-americana), gerando com este cenário uma forte preocupação dosetor de produção animal, que teve seus custos de produção afetados, uma vez que paradiversos países o milho é o principal insumo para a produção de ração. Além disso, aindústria de etanol nos Estados Unidos também sofreu o impacto dos altos preços do grãoque, juntamente com a retirada dos subsídios para a produção do combustível, causaramno final do último ano a suspensão das atividades de algumas usinas.

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Page 132: Proposta de Preços Mínimos

Evidentemente que diante deste contexto de preços e à necessidade derecomposição dos estoques, os produtores estadunidenses deverão aumentar a áreaplantada, fato que já começa a ser precificado no mercado, tanto que as cotações nolongo prazo em Chicago já estimam valores abaixo de US$ 230,00/ton.

Este fato provavelmente exercerá forte influência no comportamento dospreços do milho no Brasil, uma vez que o país é um tomador de preços da Bolsa deChicago.

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Page 133: Proposta de Preços Mínimos

2 – panorama nacional

2.1 – Suprimento

O balanço brasileiro de oferta e demanda de milho é objeto da tabela abaixo.

No Brasil a expectativa da produção de milho é de um novo recorde deprodução, chegando a 76,1 milhões de toneladas e configurando o país como o terceiromaior produtor mundial de milho, atrás, apenas, da China e dos Estados Unidos.

O aumento de produção estimado deve-se basicamente a dois fatores: A estimativa de aumento da produtividade média do milho 1ª safra na Região Sul,

principalmente do Rio Grande do Sul e Paraná, onde não ocorreram problemasclimáticos significativos durante o desenvolvimento das lavouras e;

O crescimento da área de plantio de milho 2ª safra, principalmente nos Estados doMato Grosso e Paraná.

A respeito da 2ª safra deve-se ressaltar que há uma expectativa de que pelosegundo ano consecutivo, esta deverá sobressair-se à 1ª safra, devido ao incremento dospacotes tecnológicos e aos bons preços do milho nos dois últimos anos.

Diante deste cenário de preços elevados tanto no mercado interno quanto noexterno, e também aproveitando um espaço criado pelo baixo volume disponível de milhonos Estados Unidos, o Brasil atingiu, em 2011/2012, o seu maior volume de milhoexportado, 22, 3 milhões de toneladas. Tal volume poderia ter sido maior se não fossemos entraves logísticos do país que fizeram o saldo ser direcionado ao ano de 2013, o queinfluencia diretamente na estimativa de 15,0 milhões para a safra 2012/2013.

Contudo, a maior parte desta exportação deverá acontecer a partir dosegundo semestre, pelo menos até outubro, vez que o período (julho a setembro) nãovislumbra a disponibilidade deste produto em outros países produtores como: EstadosUnidos e Argentina, principais concorrentes no mercado externo.

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Page 134: Proposta de Preços Mínimos

Observa-se que no último ano países como Japão e Coréia do Sul, dois dosprincipais importadores de milho, ampliaram suas relações comercais com o Brasil,inclusive pela qualidade do grão produzido na 2ª safra. Este fato é relevante, pois, o paísnecessita continuar este intercâmbio comercial para se solidificar de vez como um grandeplayer do mercado do cereal no mundo.

Contudo, o investimento em logística, inclusive de exportação, é primordialpara que o Brasil venha a conseguir diminuir seus custos internos, se tornando maiscompetitivo, principalmente na destinação do excedente de produção, (igual ao queprovavelmente acontecerá) no fim da safra atual, onde mesmo com um consumo de 52,0milhões de toneladas e uma exportação de 15,0 milhões, poderá haver um estoque final

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Page 135: Proposta de Preços Mínimos

de 15,5 milhões de toneladas, fato que deverá exercer uma pressão baixista para o 2ºsemestre de 2013.

2.2 – Preços

O comportamento dos preços internos foi muito similar nas mais diversaspraças produtoras de milho do país. Basicamente refletem o exato momento que houve aconfirmação da quebra da safra norte-americana, em julho de 2012.

Tal fato ocorreu exatamente no momento em que se desenhava uma quedade preços, dado o início da colheita do milho 2ª safra que já se estimava como produçãorecorde já que as condições para as lavouras de milho no Paraná e Mato Grosso estavamexcelentes e superariam as perdas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

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Page 136: Proposta de Preços Mínimos

No Estado do Mato Grosso, em maio e junho, os produtores começavam ase movimentar para que houvesse intervenção governamental, já que os preços estavamem forte queda e as produtividades médias superavam as expectativas com o reflexo dasaltas dos preços internacionais ainda mais acentuado, mesmo porque o dito estado é umdos principais exportadores de milho 2ª safra devido à forte atuação das tradings naregião, portanto, fazendo com que os preços permanecessem sustentados acima de R$20,00/60 kg, na média estadual.

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Page 137: Proposta de Preços Mínimos

Em relação à Região Nordeste, a exemplo a Região Oeste da Bahia,principal praça produtora na qual já se observavam preços abaixo do preço mínimo (R$20,76/60Kg), as cotações em Chicago e a forte seca que assolou o Semiárido Nordestino,área extremamente demandante do cereal, deram e continuam dando sustentação nospreços em patamares bem elevados.

3 – perspectivas

Após confirmação da quebra da safra 2012/2013, dos Estados Unidos, coma produção chegando a 273,8 milhões de toneladas produzidas, ou seja, 40,1 milhões amenos que o produzido na safra 2011/2012 e, praticamente, menos 100,0 milhões detoneladas ao que havia sido estimado quando do início da safra, houve um descompassona relação de oferta e demanda mundial e, consequentemente, preços no mercadointernacionais atingindo níveis recordes.

Diante disso há uma forte expectativa de aumento de área e um possívelaumento de produção de milho nos Estados Unidos, configurando um cenário de retraçãode preços, mesmo diante do frequente aumento do consumo mundial do cereal,sobretudo em países como a China.

Assim, o Brasil que se destacou na última safra como um grande exportadormundial de milho deverá ter a concorrência, não só do norte-americano, mas de outrosplayers como Argentina e Ucrânia.

Além disso, como o mercado de milho no Brasil é um tomador de preços daBolsa de Chicago, muito provavelmente deverá haver redução nos preços internos a partirdo 2º semestre de 2013, o que será agravado caso se confirme a estimativa de produçãoacima de 76,0 milhões de toneladas, sendo necessária a intervenção governamental,principalmente com aquisições e recomposição dos estoques governamentais de milho.

Neste cenário, os produtores poderão ficar desestimulados para o plantio demilho, safra 2013/14. Devido a este fato, a adoção de preços mínimos ajustados aosatuais níveis de custos de produção, bem como centrados em uma política de estímulo deprodução próxima à zona de consumo, a exemplo da Região Nordeste, é fundamentalpara garantir a rentabilidade do produtor nacional.

4 – atuação governamental

Na última safra, com os preços elevados e o desabastecimento em regiõesque foram atingidas pela seca, a exemplo do Nordeste, o papel do governo foifundamental na disponibilização do milho proveniente dos estoques públicos, através deprogramas como o VEP e Venda em Balcão. No entanto, os estoques governamentaisestão próximos do fim e há uma grande necessidade de recomposição dos mesmos.

Portanto, caso ocorra uma redução nos preços para a safra 2013/2014,como é de se esperar diante do cenário conjuntural apresentado com os preços recuandoa níveis abaixo dos preços mínimos, será necessária a intervenção governamental,através de instrumentos da Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM como

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Page 138: Proposta de Preços Mínimos

Aquisições do Governo Federal – AGF e Contratos de Opção, ambos com possibilidadede recomposição dos estoques governamentais, além de ajudarem na regulação dospreços, garantindo uma rentabilidade ao produtor e, caso seja necessária, a realização dePrograma de Escoamento da Produção – PEP no intuito de regulação de preços paracobrir deficiências estruturais da logística de escoamento da produção nacional.

Neste contexto, a proposta adequada de preço mínimo tem papelfundamental no direcionamento da PGPM, na qual os instrumentos desta política sebaseiam. Além disto, um preço mínimo mais ajustado, tendo como variável de importânciao custo de produção do milho também pode corrigir distorções da cadeia produtiva, atémesmo direcionando as atenções para outras políticas de importância no setor agrícola.

5 - preços mínimos propostos

Um dos principais parâmetros para a proposição dos preços mínimos é aanálise do custo variável. A cultura do milho tem uma particularidade que é a suadispersão em praticamente todo território nacional. Contudo, para a análise dos custos deprodução, toma-se por base os principais estados produtores com municípios que sãorepresentativos.

Nota-se que os custos variáveis, nas mais diversas praças, tiveram, em suamaioria, aumentos significativos. Entretanto, ao se trabalhar com as médias regionais háuma possibilidade de se minimizar as diferenças entre as praças e estabelecer umadefinição de preços mínimos de forma mais justa. Por isso, optou-se como parâmetro decusto:

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Page 139: Proposta de Preços Mínimos

1. Para a Região Centro-Sul, exceto Mato Grosso, a média dos custos do Centro-Sul;2. Para Mato Grosso e Rondônia, a média dos custos do Mato Grosso;3. E para a Região Norte, exceto Rondônia, Oeste da Bahia, Sul do Maranhão e Sul

do Piauí, a média dos custos do Nordeste (Barreiras e Balsas).

Dentro do que foi apresentado, considerando a possibilidade de recuo nospreços para a safra 2013/2014, é preciso que o governo federal mantenha a política degarantia de rentabilidade ao produtor. Por essa razão, propõe-se uma elevação dospreços mínimos do Centro-Sul (exceto Mato Grosso) em 1,20%, chegando a R$ 17,67/60kg e para Mato Grosso e Rondônia, propõe-se um aumento de 4,15%, ficando em R$13,56/60kg, ambos acompanhando o valor do custo variável médio.

No caso da Região Norte/Nordeste (exceto RO) optou-se por trabalhar comum incentivo no intuito de estimular a produção da seguinte maneira:

Na Região do MATOPIBA, fronteira agrícola de alto potencial produtivo,propondo uma variação de 10,79% de aumento, com o preço chegando aR$ 23,00/60 kg, com a função de aumentar a área plantada de milho, quehoje concorre com a soja, e diminuir os altos custos da Política Agrícola queatualmente são atrelados às deficiências da logística de escoamento daprodução, já que há uma longa distância entre a zona de produção e a zonade consumo;

Nas demais regiões produtoras do Nordeste, principalmente da Zona daMata, onde há uma forte predominância de produtores familiares atreladosao monocultivo da cana de açúcar, um preço mínimo de R$ 27,60/60 Kg, ouseja, um acréscimo ao preço de 20,0% ao valor R$ 23,00 proposto para oNorte e, para o MATOPIBA, para que o produtor local tenha outrasalternativas rentáveis de produção agrícola. Vale ressaltar que, pelapredominância de agricultores familiares na região, estes podem serbeneficiados com a PGPM da Agricultura Familiar.

6 – MILHO PIPOCA

Atualmente, o milho de pipoca é produzido em todos os estados brasileiros,seguindo a rota do milho amarelo comum, ao qual muito se assemelha e tem as mesmasexigências em termos de clima e fertilidade do solo.

Apesar de poucas informações sobre o mercado de milho pipoca, tanto noBrasil como no mundo, sabe-se, de acordo com informações coletadas junto a integrantesda cadeia produtiva, para o ano de 2012, que somente o Mato Grosso produziu em tornode 80 mil toneladas. Acredita-se, pois, que este Estado, no presente exercício, deverámanter esta produção.

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Page 140: Proposta de Preços Mínimos

No entanto, em função da competição com o milho e soja, a área de milhopipoca no Rio Grande do Sul é de apenas 4.000 hectares. Por essa razão, a indústria vemtrabalhando com garantia de preços ao produtor de R$ 0,68/ Kg, ou seja, acima do preçomínimo atual.

Mesmo assim, o consumo do milho pipoca argentino ainda é grande no país,pois acredita-se que há uma demanda acima de 100 mil toneladas do produto. Com adiminuição gradativa de área no Rio Grande do Sul e uma dependência do milho pipocado Mato Grosso, a comercialização do produto nacional se restringiu, em 2012, maisfortemente nos meses de julho a outubro, e os preços acompanharam a evolução dascotações do produto importado no atacado.

Segundo a Emater-RS o custo de produção no estado gaúcho é de R$0,45/kg, para uma produtividade média de 3600 kg/ha, incluindo um pacote tecnológicosemelhante ao do milho tradicional, além de um ciclo de 100 a 110 dias, e por isso, emmuitos casos, plantado na sequência da soja, como no Mato Grosso, que tem um custode produção de R$ 0,38/kg – de acordo com informações do setor – para umaprodutividade média de 4200 kg/ha.

Tomando como base estas informações e por ser um mercado bem maisestável que o de milho comum, em função de um sistema integrado entre indústria eprodutor, além de preços ainda remuneradores, propõe-se a manutenção do preçomínimo de R$ 0,53/kg.

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Page 141: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

SOJA EM GRÃOS

Leonardo Amazonas

1- Introdução.

O ano de 2012 foi atípico para a produção mundial de soja, pois, houvequebra de safra nos principais países produtores do mundo (Estados Unidos, Brasil eArgentina) que representam 81% das produções internacionais.

Além disto, a demanda foi bastante aquecida, e a China, que representaaproximadamente 60% das importações globais, aumentou suas importações em 4%,exercendo pressão sobre os estoques e nos preços que chegaram aos maiores valorespraticados.

Como o Brasil é o segundo maior exportador de soja do mundo com mais de40% das exportações mundiais, e exportando aproximadamente 48,91% de sua produçãointerna, os preços no mercado internacional influenciaram nos preços internos que, porconsequência, também foram os mais altos praticados historicamente.

2- Mercado Internacional.

2.1- Oferta e demanda mundial.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), emseu informe mensal de fevereiro de 2013, os estoques de passagem mundiais na safra2011/12 tiveram uma redução de aproximadamente 21,57% em relação à safra 2010/11.

Quadro 1Relação Estoque x Consumo - Grãos - Mundo (%)

60,1255,2569,9261,6143,3652,2762,5053,5348,6238,4942,8835,6033,7530,23

23,00

21,57

27,7525,89

19,58

22,7827,7924,7823,79

20,3618,98

19,68

19,31

22,43

0,0050,00

100,00150,00200,00250,00300,00

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13

Milhõ

es/to

n

0,005,0010,0015,0020,0025,0030,00

(%)

Estoque Final Consumo Relação Estoque/UsoFonte: USDA

Tal redução foi motivada pela quebra de safra em 2011 nos Estados Unidos,como também pela quebra de safra em 2012, no Brasil e na Argentina, que influenciaram,sobremaneira, para que a produção mundial passasse de 263,59 milhões de toneladas nasafra 2010/11 para 238,72 milhões de toneladas na safra 2011/12, ou seja, uma reduçãode aproximadamente 9,43% de uma safra para outra.

138

Page 142: Proposta de Preços Mínimos

P aís /S afra 2007 /08 2008 /09 2009 /10 2010 /11 2011 /12 2012 /13*B ras il 61 .000 57 .800 69 .000 75 .300 66 .500 83 .500E stad o s U n id o s 72 .859 80 .749 91 .417 90 .605 84 .192 82 .055Arg en tin a 46 .200 32 .000 54 .500 49 .000 40 .100 53 .000C h in a 13 .400 15 .540 14 .980 15 .100 14 .480 12 .600In d ia 9 .470 9 .100 9 .700 9 .800 11 .000 11 .500P arag u ai 5 .969 3 .647 6 .462 7 .128 4 .357 7 .750C an ad a 2 .696 3 .336 3 .581 4 .445 4 .298 4 .930O u tro s 7 .961 9 .464 10 .605 12 .211 13 .798 14 .079T o ta l 219 .555 211 .636 260 .245 263 .589 238 .725 269 .499F on te: U sda - * F evereiro 2013

Q u ad ro o fe rta e d em an d a m u n d ia lP ro d u ção S o ja M u n d om ilh õ es d e to n e lad as

Q u ad ro 2

Além disto a China importou, na safra 2011/12, cerca de 6,9 milhões detoneladas a mais que na safra 2010/11, com um total de 59,23 milhões de toneladasimportadas. Assim, a relação estoque-consumo mundial da safra 2011/12 foi uma daspiores dos últimos 10 anos.

2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13*C h in a 37.816 41.098 50.338 52.339 59.231 63.000E u ro p a 15.127 13.213 12.674 12.474 11.300 11.300M exico 3.614 3 .327 3 .523 3 .498 3 .400 3 .350Jap ão 4.014 3 .396 3 .401 2 .917 2 .759 2 .750T aiw an 2.148 2 .216 2 .469 2 .454 2 .250 2 .400In d o n esia 1.147 1 .393 1 .620 1 .898 1 .990 2 .000T ailân d ia 1.753 1 .510 1 .660 2 .139 1 .906 1 .950E g ito 1.061 1 .575 1 .638 1 .644 1 .600 1 .550V ietin ã 120 184 231 924 1.150 1 .230T u rq u ia 1.339 1 .167 1 .197 1 .351 1 .060 1 .200o u tro s 10.197 8 .403 7 .636 7 .158 5 .871 5 .820T o ta l 78.336 77.391 86.838 88.796 92.514 96.550F on te: U sda - * F evereiro 2013

Q u ad ro 3Q uadro o fe rta e dem anda m und ia l

Im p o rtação S o ja M u n d om ilh õ es d e to n elad as

P aís /S afra 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13*Arg en tin a 21.760 16.588 22.277 22.872 19.000 21.250B rasil 19.102 12.642 16.638 22.694 13.307 18.159C h in a 2.752 7.555 13.259 14.558 15.924 14.394E stad o s U n id o s 5.580 3.761 4.106 5.852 4.611 3.397T u rq u ia 707 407 701 644 401 491o u tro s 2.218 2.405 3.634 3.820 2.753 2.431T o ta l 52.119 43.358 60.615 70.440 55.996 60.122F on te: U sda - * F evereiro 2013

E sto q u e F in al S o ja M u n d om ilh õ es d e to n elad as

Q u ad ro 4Q uadro o ferta e dem anda m und ia l

139

Page 143: Proposta de Preços Mínimos

2.2- Cotações CBOT.

Os preços na Bolsa de Valores de Chicago (CBOT) que no mês de janeirode 2012 eram cotados em média a UScent 1.200,00 bu (US$ 440,92 ton), com aconfirmação da que quebra de safra 2011/12 do Brasil e da Argentina, que juntosrepresentaram 45% da produção mundial em 2012, passaram a ser cotados em média aUscents 1.440,00 bu (US$ 529,11 ton), em abril de 2012, ou seja, um incremento de 20%em apenas três meses.

Para corroborar com os aumentos dos preços internacionais da safra2011/12, o Usda divulgou em seu primeiro relatório de oferta e demanda da safra2012/13, em maio de 2012, uma nova quebra de safra norte-americana.

O mercado esperava que a safra americana 2012/13 fosse maior que 91,0milhões de toneladas, entretanto, devido à falta de chuvas que ocorreram nos principaisestados produtores estadunidenses, a safra 2012/13 nos Estados Unidos, segundo aindao Usda, foi estimada em 87,23 milhões de toneladas em maio, chegando a ser anunciadauma safra 2012/13 de apenas 71,69 milhões de toneladas no inicio da colheita americanaem setembro.

Com isto, os preços internacionais (CBOT) atingiram os valores mais altoshistoricamente chegando á Uscent 1.771,00 bu (US$ 650,73 ton) no inicio de setembro de2012, ou seja, uma valorização de 47,58 % em relação aos preços praticados em janeirode 2012.

Com o início da colheita norte-americana, o Usda reajustou suas perdas,revendo, onde foi revisto para cima seus números de colheita dos Estados Unidos. Emdezembro de 2012 o número para a safra 2012/13 estadunidenses fechou em 80,85milhões de toneladas, mas mesmo assim, um valor longe do esperado de 91,0 milhões detoneladas.

Quadro 5Estimativa Produção EUA X Preço Médio Mensal - CBOT (2012)

14,54

14,2114,15

16,54 16,94 16,79

15,38

14,70

83,0180,56

80,86

77,84

71,6973,27

87,2387,23

12,0013,0014,0015,0016,0017,0018,00

Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

US$/

Bu

70,00

75,00

80,00

85,00

90,00

Milh

ões/

ton

Preço Médio Produção

(US$ 17,71 bu)

Fonte: USDA - CMEGroup

Com o aumento de produção divulgado pelo Usda em novembro e dezembrode 2012, os estoques de passagem americanos para safra 2012/13 que em maio de 2012eram estimados em 53,38 milhões de toneladas, passaram a ser estimados em 59,92milhões de toneladas em dezembro de 2012, fazendo nova pressão sobre os preços nomercado internacional que em dezembro deste mesmo ano fechou em média deUscentes 1.454 bu (US$ 534,25 ton.).

140

Page 144: Proposta de Preços Mínimos

Mesmo com uma retração de 17,84% em relação aos preços recordespraticados em setembro de 2012 os valores primeira entrega de dezembro de 2012 foramos maiores realizados historicamente nestas mesmas épocas dos anos anteriorespressionados pelos baixos estoques de passagem e altas demandas chinesas.

No seu último relatório mensal de oferta e demanda mundial, divulgado emfevereiro de 2013 o Usda estimou que os Estados Unidos na safra 2012/13 produzirãocerca de 82,05 milhões de toneladas.

D a t a 4 / m a r 5 / m a r 6 / m a r 7 / m a r 8 / m a rm a r / 1 3 1 . 4 9 0 , 2 0 1 . 4 9 6 , 4 0 1 . 4 8 4 , 4 0 1 . 5 0 3 , 4 0 1 . 5 0 8 , 4 0m a i / 1 3 1 . 4 6 2 , 0 0 1 . 4 6 6 , 4 0 1 . 4 6 6 , 0 0 1 . 4 7 3 , 4 0 1 . 4 7 1 , 0 0j u l / 1 3 1 . 4 4 3 , 2 0 1 . 4 4 7 , 6 0 1 . 4 4 8 , 6 0 1 . 4 5 3 , 6 0 1 . 4 4 7 , 2 0

a g o / 1 3 1 . 4 0 2 , 2 0 1 . 4 0 6 , 4 0 1 . 4 0 8 , 4 0 1 . 4 1 4 , 4 0 1 . 4 0 4 , 0 0s e t / 1 3 1 . 3 2 6 , 6 0 1 . 3 3 1 , 0 0 1 . 3 3 1 , 4 0 1 . 3 3 4 , 0 0 1 . 3 2 2 , 2 0

n o v / 1 3 1 . 2 6 9 , 2 0 1 . 2 7 5 , 4 0 1 . 2 7 8 , 6 0 1 . 2 7 8 , 0 0 1 . 2 6 8 , 4 0j a n / 1 4 1 . 2 7 2 , 6 0 1 . 2 7 9 , 0 0 1 . 2 8 2 , 2 0 1 . 2 8 0 , 6 0 1 . 2 7 3 , 0 0

m a r / 1 4 1 . 2 7 6 , 0 0 1 . 2 8 1 , 4 0 1 . 2 8 4 , 4 0 1 . 2 8 3 , 2 0 1 . 2 7 3 , 6 0m a i / 1 4 1 . 2 8 0 , 6 0 1 . 2 8 1 , 2 0 1 . 2 8 4 , 2 0 1 . 2 8 3 , 2 0 1 . 2 7 3 , 6 0j u l / 1 4 1 . 2 8 0 , 6 0 1 . 2 8 5 , 6 0 1 . 2 8 8 , 6 0 1 . 2 8 7 , 2 0 1 . 2 7 8 , 0 0

a g o / 1 4 1 . 2 7 5 , 4 0 1 . 2 8 0 , 4 0 1 . 2 8 3 , 4 0 1 . 2 8 1 , 6 0 1 . 2 7 1 , 4 0s e t / 1 4 1 . 2 5 5 , 4 0 1 . 2 6 0 , 4 0 1 . 2 6 3 , 4 0 1 . 2 6 1 , 6 0 1 . 2 5 1 , 4 0

n o v / 1 4 1 . 2 3 0 , 0 0 1 . 2 3 9 , 0 0 1 . 2 4 4 , 4 0 1 . 2 4 1 , 4 0 1 . 2 2 8 , 4 0

C o t a ç ã o C B O T n a s e m a n a d o s d i a s 0 4 a 8 / 0 3 / 2 0 1 3U S c e n t s / B u

F o n t e : C M E G r o u p

Q u a d r o 6

Os preços médios, na bolsa de futuros de Valores de Chicago (CBOT),fecharam na semana dos dias 04 a 08 de março de 2013, em US$ 1.403,73 bu (US$515,78 ton) para 2013 e US$ 1.270,75 bu (US$ 466,92 ton) para 2014.

Com uma produção recorde sul-americana para safra a 2012/13 e umprovável aumento de safra norte-americana para safra a 2013/14, supõe-se que osestoques mundiais voltem aos patamares normais, mas que devido aos altos consumosdo grão, chefiados pelos chineses, os preços praticados para 2014 continuem aquecidos.

3- Mercado Nacional.

3.1- Oferta e demanda.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja em grão do mundo, comprodução estimada pela Conab na safra 2011/12 em 66,38 milhões de toneladas e parasafra 2012/13 em 82,06 milhões de toneladas.

Em 2012, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Industria e ComercioExterior (Secex) o Brasil exportou aproximadamente 32,47 milhões de toneladas, ou seja,48,91% de sua produção, e para 2013, a Conab estima uma exportação de 36,78 milhõesde toneladas, ou seja, 44,8% da produção nacional.

141

Page 145: Proposta de Preços Mínimos

D e s c r i ç ã o / S a f r a 2 0 1 0 / 1 1 2 0 1 1 / 1 2 2 0 1 2 / 1 3 ( 1 ) E s t o q u e I n i c ia l 2 . 6 0 7 , 2 3 . 0 1 6 , 5 4 4 4 , 0 P r o d u ç ã o 7 5 . 3 2 4 , 3 6 6 . 3 8 3 , 0 8 2 . 0 6 3 , 5 I m p o r t a ç ã o 4 1 , 0 2 6 6 , 5 5 0 , 0 S u p r im e n t o 7 7 . 9 7 2 , 5 6 9 . 6 6 6 , 0 8 2 . 5 5 7 , 5 E s m a g a m e n t o 3 8 . 0 5 0 , 0 3 3 . 8 0 0 , 0 3 8 . 6 2 2 , 7 S e m e n t e e o u t r o s 3 . 9 2 0 , 0 2 . 9 5 4 , 0 3 . 7 7 8 , 7 C o n s u m o t o t a l 4 1 . 9 7 0 , 0 3 6 . 7 5 4 , 0 4 2 . 4 0 1 , 4 E x p o r t a ç ã o 3 2 . 9 8 6 , 0 3 2 . 4 6 8 , 0 3 6 . 7 8 2 , 7 E s t o q u e F in a l 3 . 0 1 6 , 5 4 4 4 , 0 3 . 3 7 3 , 4

Q u a d r o 7

( 1 ) - E s t im a t i v a - ( * ) r e f e r e - s e a o a n o c i v i l j a n e i r o a d e z e m b r oF o n t e s : C O N A B , S E C E X , S I N D I R A Ç Õ E S e A B I O V E

S O J A E M G R Ã O S :E m m i l t o n e l a d a s

O F E R T A & D E M A N D A ( B R A S I L ) *

3.2- Preços internos.

Assim, as grandes variações nos preços internacionais ocorridas no ano de2012, influenciaram fortemente os preços nacionais. No inicio do ano de 2012 quando ospreços internacionais eram praticados à US$ 441,00 ton. os preços no mercado nacionaleram de R$ 43,38/60kg no Paraná – PR, R$ 41,69/60kg no Rio Grande do Sul – RS, R$41,82/60kg em Goiás – GO e R$ 38,30/60kg no Mato Grosso - MT. Com a notícia daquebra safra sul-americana e norte-americana, os preços internacionais chegaram aopatamar de US$ 650,73 ton. e o mercado nacional acompanhando esta alta e chegandoaos valores históricos de R$ 75,47/60kg no Paraná, R$ 71,70/60kg no Rio Grande do Sul,R$ 71,67/60kg em Goiás e R$ 72,66/60kg no Mato Grosso.

Qu ad ro 8P reço M éd io P ag o ao Ag ricu lto r X C B OT (F u tu ro )

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,00

jan/12 jul/12 jan/13 jul/13 jan/14 jul/14Fonte: CMEGroup - * R$/60kg - **US$/60kgPara 2013 e 2014 os preç os pagos ao agr ic ultor s ão es timados

P ago aoA gric ultor *CB O T**

142

Page 146: Proposta de Preços Mínimos

G O M T P R R SC B O T

( U S $ / 6 0 k g )ja n / 1 2 4 1 , 8 2 3 8 , 3 6 4 3 , 3 8 4 1 , 6 9 2 6 , 4 6f e v / 1 2 4 2 , 0 1 3 8 , 4 3 4 4 , 2 7 4 1 , 9 3 2 7 , 7 1

m a r / 1 2 4 3 , 8 0 4 2 , 9 1 4 8 , 4 6 4 4 , 8 6 2 9 , 7 2a b r / 1 2 4 6 , 7 1 4 8 , 4 3 5 2 , 9 5 5 0 , 1 0 3 1 , 7 6m a i / 1 2 4 9 , 3 9 5 2 , 9 8 5 5 , 8 3 5 2 , 8 7 3 1 , 2 0ju n / 1 2 5 5 , 5 8 5 7 , 2 3 5 9 , 0 0 5 5 , 5 2 3 1 , 3 4ju l / 1 2 6 5 , 3 7 6 5 , 5 3 6 7 , 8 9 6 3 , 4 2 3 6 , 4 7

a g o / 1 2 7 0 , 2 1 7 0 , 7 2 7 3 , 8 6 6 9 , 0 4 3 7 , 3 7s e t / 1 2 7 1 , 6 7 7 2 , 6 6 7 5 , 4 4 7 1 , 7 0 3 7 , 0 1o u t / 1 2 6 7 , 4 4 6 7 , 1 6 6 8 , 9 5 6 4 , 6 4 3 3 , 9 0

n o v / 1 2 6 3 , 8 7 6 5 , 7 2 6 8 , 8 6 6 3 , 7 9 3 1 , 9 5d e z / 1 2 6 2 , 7 7 6 5 , 7 3 6 9 , 6 5 6 4 , 8 8 3 2 , 3 1

F o n t e : C o n a b

Q u a d r o 9P r e ç o m é d i o p a g o a o a g r i c u l t o r

M é d i a m e n s a l - R $ / 6 0 k g

Se forem estimados os preços médios pagos ao produtor através dos preçosfuturos da Bolsa de Chicago (CBOT), obtem-se um preço médio na saca de 60kg para2013 de R$ 54,07 em GO, R$ 54,67 em MT, R$ 57,76 no PR e R$ 54,95 no RS; e para2014 tem-se um preço médio pago ao agricultor de R$ 48,24 em GO, R$ 48,23 em MT,R$ 51,80 no PR e R$ 48,72 no RS sendo que os preços médios praticados para estesEstados nos últimos cinco anos foram de R$ 42,58 em GO, R$ 41,41 em MT, R$ 45,61 noPR e R$ 44,11 no RS. Com isto, o mercado estima que os preços tanto no mercadointernacional quanto no mercado nacional continuem bastante aquecidos.

G O M T P R R S2 0 0 8 4 0 , 1 2 3 8 , 6 5 4 3 , 0 1 4 2 , 5 92 0 0 9 4 0 , 7 3 3 8 , 7 0 4 4 , 2 8 4 3 , 1 62 0 1 0 3 4 , 0 2 3 3 , 3 1 3 6 , 8 8 3 6 , 2 02 0 1 1 4 1 , 3 3 3 9 , 2 1 4 3 , 1 9 4 1 , 6 02 0 1 2 5 6 , 6 8 5 7 , 1 7 6 0 , 6 7 5 7 , 0 3

2 0 1 3 * 5 4 , 0 7 5 4 , 6 7 5 7 , 7 6 5 4 , 9 52 0 1 4 * 4 8 , 2 4 4 8 , 2 3 5 1 , 8 0 4 8 , 7 2

M é d i a d o s 5a n o s * * 4 2 , 5 8 4 1 , 4 1 4 5 , 6 1 4 4 , 1 1

P r e ç oM í n i m o 2 5 , 1 1 2 2 , 8 7 2 5 , 1 1 2 5 , 1 1

Q u a d r o 1 0

F o n t e : C o n a b

M é d i a d o s P r e ç o s P a g o a o A g r i c u l t o r ( R $ / 6 0 k g )

* * M é d i a d o s a n o s d e 2 0 0 8 a 2 0 1 2* V a l o r e s e s t i m a d o s

143

Page 147: Proposta de Preços Mínimos

Quadro 11Média dos Preço Pago ao Agricultor

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2014* Média**

Ano

R$/6

0kg

GOMTPRRS

*Valores estimados **Média dos anos de 2008 a 2012.Fonte : Conab

3.3- Preço de paridade.

Em 2012 os preços de paridade foram extremamente favoráveis á exportaçõesconforme pode se observar nos quadros 11 e 12. Desta forma, em 2012, mesmo com umaquebra de produção, o Brasil exportou cerca de 49% da sua produção.

Quadro 12Preço Paridade Porto Paranaguá x Preço Pago ao Agricultor (Cascavel)

30,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

1º se

m.

3º se

m.

5º se

m.

7º se

m.

9º se

m.

11º s

em.

13º s

em.

15º s

em.

17º s

em.

19º s

em.

21º s

em.

23º s

em.

25º s

em.

27º s

em.

29º s

em.

31º s

em.

33º s

em.

35º s

em.

37º s

em.

39º s

em.

41º s

em.

43º s

em.

45º s

em.

R$/6

0kg

Produtor ParidadeFonte: CBOT- Conab

144

Page 148: Proposta de Preços Mínimos

Quadro 13Preço Paridade Porto Paranaguá x Preço Pago ao Agricultor (Sorriso)

30,0040,0050,0060,0070,0080,00

1º se

m.

3º se

m.

5º se

m.

7º se

m.

9º se

m.

11º s

em.

13º s

em.

15º s

em.

17º s

em.

19º s

em.

21º s

em.

23º s

em.

25º s

em.

27º s

em.

29º s

em.

31º s

em.

33º s

em.

35º s

em.

37º s

em.

39º s

em.

41º s

em.

43º s

em.

45º s

em.

R$/6

0kg

Produtor ParidadeFonte: CBOT- Conab

Para 2013 e 2014 com os preços estimados pela Bolsa de Chicago (CBOT)em patamares altos, esta paridade continua a ser vantajosa, sendo estimada umaexportação de aproximadamente 36,78 milhões de toneladas para 2013 e um crescimentopróximo a 10% nas exportações para 2014.

ITENS DE CÁLCULO GRÃO1 - Cotação CBOT - US$/t (*) 1.403,732 - Prêmio - Paranaguá ou Santos (**) 156,233 - Preço F.O.B 1.559,96 3.1 - FOB - Equivalente em US$/t 573,19 3.2 - FOB - Equivalente em R$/t 1.129,18 3.3 - FOB - Equivalente R$/60 kg 67,754 - Despesas Porto em R$/t 19,705 - Taxas-Comissões 2,366 - Corretagem Câmbio (0,1875% s/3.2) 2,127 - Preço - Porto s/rodas em R$/t 1.105,00 7.1 - Equivalente R$/60 kg - Porto 66,30 7.2 - Equivalente US$/60 kg - Porto 35,43

Câmbio(***): 1,9700

Praça Produção Pon. Grossa Cascavel Rondonópolis P. do Leste Rio VerdePR PR MT MT GO

8 - Preço - Porto s/rodas em R$/t 1.105,00 1.105,00 1.105,00 1.105,00 1.105,009 - Frete: Porto - Produção (R$/t) (****) 38,70 95,00 192,00 122,00 120,0010 - Quebra técnica 0,18 0,18 0,18 0,18 0,1811 - Sub-total 1.066,12 1.009,82 912,82 982,82 984,8212 - Despesas Administrativas (1%) 10,66 10,10 9,13 9,83 9,8513 - Paridade em R$/t 1.055,46 999,72 903,69 972,99 974,9714- Equivalente em R$/60 kg 63,33 59,98 54,22 58,38 58,5015- Equivalente US$/60 kg - praça 32,15 30,45 27,52 29,63 29,6916- Preços estimados para o Estado em 2013 (R$/60kg) 57,76 57,76 54,67 54,67 54,07

Quadro 14

*** Média da semana entre os dias 04 e 08 de março de 2012**** Valor médio dos fretes em 2012

PARIDADE DO GRÃO ESTIMADA PARA 2013 - PRINCIPAIS PRAÇAS

* Valor médio CBOT estimado para 2013 (entre os dias 04 e 08 de março)** Valor médio dos premios em 2012

145

Page 149: Proposta de Preços Mínimos

ITENS DE CÁLCULO GRÃO1 - Cotação CBOT - US$/t (*) 1.270,752 - Prêmio - Paranaguá ou Santos (**) 156,233 - Preço F.O.B 1.426,98 3.1 - FOB - Equivalente em US$/t 524,33 3.2 - FOB - Equivalente em R$/t 1.080,11 3.3 - FOB - Equivalente R$/60 kg 64,814 - Despesas Porto em R$/t 20,605 - Taxas-Comissões 2,476 - Corretagem Câmbio (0,1875% s/3.2) 2,037 - Preço - Porto s/rodas em R$/t 1.055,01 7.1 - Equivalente R$/60 kg - Porto 63,30 7.2 - Equivalente US$/60 kg - Porto 35,43

Câmbio(***): 2,0600

Praça Produção Pon. Grossa Cascavel Rondonópolis P. do Leste Rio VerdePR PR MT MT GO

8 - Preço - Porto s/rodas em R$/t 1.055,01 1.055,01 1.055,01 1.055,01 1.055,019 - Frete: Porto - Produção (R$/t) (****) 38,70 95,00 192,00 122,00 120,0010 - Quebra técnica 0,18 0,18 0,18 0,18 0,1811 - Sub-total 1.016,13 959,83 862,83 932,83 934,8312 - Despesas Administrativas (1%) 10,16 9,60 8,63 9,33 9,3513 - Paridade em R$/t 1.005,97 950,24 854,21 923,51 925,4914- Equivalente em R$/60 kg 60,36 57,01 51,25 55,41 55,5315- Equivalente US$/60 kg - praça 29,30 27,68 24,88 26,90 26,9616- Preços estimados para o Estado em 2014 (R$/60kg) 51,80 51,80 48,23 48,23 48,24

Quadro 15

*** Valor do cambio previsto na última Ata do Copom/BCB para 2014**** Valor médio dos fretes em 2012

PARIDADE DO GRÃO ESTIMADA PARA 2014 - PRINCIPAIS PRAÇAS

* Valor médio CBOT estimado para 2014 (entre os dias 04 e 08 de março)** Valor médio dos premios em 2012

3.4- Analise Financeira (custo de produção).

Em 2012 a produtividade média estimada pela Conab para a soja no Brasilfoi de aproximadamente 3.000 kg/ha, as médias do custo variáveis para safra 2013/14 porhectare foram calculadas pela Conab para todo território nacional (com exceção do MT,RO, AM, PA e AC) em R$ 1.163,54/ha (R$ 23,92/60kg) e para a safra 2012/13 R$1.090,25 (R$ 22,38/60kg), ou seja, uma variação do custo variável de aproximadamente6,88%.

Para MT, RO, AM, PA e AC, as médias dos custos variáveis para a safra2013/14 por hectare foram calculadas pela Conab em R$ 1.373,99/ha (R$ 25,56/60kg) epara a safra 2012/13 R$ 1.332,82 (R$ 24,80/60kg), ou seja, uma variação do custovariável de aproximadamente 3,10%.

Desta forma, o preço mínimo vigente que é de R$ 25,11/60kg para todo oterritório nacional (exceto MT, RO, AM, PA e AC) cobre as despesas com custos variáveiscalculados.

Para os Estados de MT, RO, AM, PA e AC o preço mínimo vigente que é deR$ 22,87/60kg fica bem aquém do valor calculado para os custos variáveis.

146

Page 150: Proposta de Preços Mínimos

Produtividade média (Kg/ha)2012/13 2012/13 2013/14 2013/14R$/ha R$/60kg R$/ha R$/60kg

A - Receita bruta (1) 2.000,84 41,01 2.894,65 59,37 44,76B - Despesas: (2)B1 - Despesas de Custeio (DC) 800,09 16,40 848,22 17,43 6,24B2 - Custos Variáveis (CV) 1.090,25 22,38 1.163,54 23,92 6,88B3 - Custo Operacional (CO) 1.268,95 26,09 1.340,25 27,57 5,66a) - Margem Bruta - DC (A - B1) 1.200,75 24,61 2.046,43 41,94 70,44b) - Margem Bruta - CV (A - B2) 910,59 18,63 1.731,11 35,45 90,29c) - Margem Líquida - CO (A - B3) 731,89 14,92 1.554,40 31,80 113,18C - Preço Mínimo Vigente (R$)

Produtividade média (Kg/ha)2012/13 2012/13 2013/14 2013/14R$/ha R$/60kg R$/ha R$/60kg

A - Receita bruta (1) 1.998,58 38,72 2.897,98 56,12 44,99B - Despesas: (2)B1 - Despesas de Custeio (DC) 1.020,58 18,99 1.044,02 19,42 2,31B2 - Custos Variáveis (CV) 1.332,82 24,80 1.373,99 25,56 3,10B3 - Custo Operacional (CO) 1.456,64 27,10 1.504,94 28,00 3,32a) - Margem Bruta - DC (A - B1) 978,01 18,20 1.853,96 34,50 89,54b) - Margem Bruta - CV (A - B2) 665,76 12,39 1.523,99 28,36 128,92c) - Margem Líquida - CO (A - B3) 541,95 10,09 1.393,05 25,93 157,35C- Preço Mínimo Vigente (R$).

Média

Quadro 16Todo o território nacional (exceto MT, RO, AM, PA e AC )

(1) média dos preços pagos ao produtor nos meses de janeiro de 2012 e 2013(2) custo de produção realizado em janeiro de 2012 e janeiro de 2013

MT, RO, AM, PA e AC

25,11

Média2.926

%

Fonte: Conab

3.050

%

22,87

4- Proposta de Preço Mínimo.

Com três anos consecutivos de quebra de safra americana e com a quebrade safra sul-americana ocorrida em 2012 no Brasil e na Argentina, além da alta demandainternacional chefiada pela China. Os preços internacionais de soja em grãos em 2012alcançaram os maiores valores historicamente.

Estima-se que para 2013 e 2014 os preços internacionais (CBOT) continuemem patamares altistas devido aos baixos estoques mundiais e a um provável crescimentode importação chinesa.

Como o Brasil é o segundo maior exportador de soja do mundo, estespreços internacionais em alta, em 2012, afetaram os preços internos que,conseqüentemente, também foram os maiores praticados historicamente.

147

Page 151: Proposta de Preços Mínimos

Com os preços internacionais em alta, os preços de paridade, estimadospara 2013 e 2014, continuam a ser vantajosos à exportação, e mesmo com uma produçãode 82,06 milhões de toneladas para safra 2012/13, estima-se em 2013 e 2014 umaumento nas exportações brasileiras, que afetarão os preços no mercado interno.

Se forem comparados os custos variáveis de 2012/13 e 2013/14, houve umaumento de 6,88% para todo o território nacional (com exceção do MT, RO, AM, PA e AC)e 3,10% maior para MT, RO, AM, PA e AC.

As margens brutas para a safra 2013/14, levando em consideração oscustos de produção variável devem ser, em média, 90,25% maiores que os custos dasafra 2012/13, para todo território nacional (com exceção do MT, RO, AM, PA e AC) e128,92% maiores para MT, RO, AM, PA e AC.

O custo variável para safra 2013/14 foi estimado pela Conab para todo oterritório nacional (com exceção do MT, RO, AM, PA e AC) em R$ 23,95/60kg. Já o preçomínimo vigente é de R$ 25,11/60kg.

Para MT, RO, AM, PA e AC o custo variável foi calculado em R$ 25,56/60kge o preço mínimo vigente é de R$ 22,87/60kg; valor bem abaixo do custo variável paraestes Estados.

Assim sendo a proposta para o preço mínimo da safra 2013/14 é demanutenção do valor de R$ 25,11 para todo o território nacional (com exceção do MT, RO,AM, PA e AC), e aumento de, no mínimo, 3,10% no preço mínimo vigente para o MT, RO,AM, PA e AC, passando de R$ 22,87, na safra 2012/13, para R$ 23,58 na safra 2013/14.

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Page 152: Proposta de Preços Mínimos

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOSSAFRA VERÃO 2013/14 – TEXTO COMPLETO

SORGO GRANÍFERO

Leonardo AmazonasThomé Luiz Freire Guth

1. Introdução

O sorgo (Sorghum bicolor L. Moench ou Sorghum vulgare Pers), tem suaorigem nos continentes Africano e Asiático. Embora seja uma cultura antiga, somente apartir do século dezenove foi expandida para outras regiões.

Nos países em desenvolvimento, o sorgo, principalmente o granífero,destina-se à alimentação humana, enquanto nos países desenvolvidos a cultura éutilizada como alimento animal. É o um dos cereais mais importantes no mundo, antes dotrigo, do arroz, do milho e da cevada.

Para a utilização específica na agropecuária, o sorgo é destinado à silageme pastejo. Com o uso de variedades híbridas de elevadas qualidades e produtividade,vem se transformando numa cultura de grande expressão para a produção animal (ração)devido a um conjunto de fatores como: alto potencial de produção; boa adequação àmecanização, reconhecida qualificação como fonte de energia para arraçoamento animal,grande versatilidade (feno, silagem e pastejo direto) e, facilidades de adaptação àsregiões mais secas.

2. Panorama internacional

Segundo o Departamento de Agricultura Americano (USDA) os maioresprodutores mundiais de sorgo são a Nigéria com 6,9 milhões de toneladas, o México com6,8 milhões de toneladas, os Estados Unidos com 6,3 milhões de toneladas, a Índia com6,0 milhões de toneladas e a Argentina com 5,2 milhões de toneladas, e que, juntos,representam 53,10% de um total de 58,76 milhões de toneladas de produção mundial.

Desses países relacionados, o México consome 2,2 milhões de toneladas amais do que produz e importa 2,2 milhões de toneladas, ou seja, tudo que produz eimporta são consumidos internamente, o mesmo fato se aplica à Nigéria e à Índia, apenasos Estados Unidos e Argentina produzem uma safra excedente para exportação.

Na safra 2012/13 a Argentina com 2,9 milhões em exportação e os EstadosUnidos com 2,03 milhões foram responsáveis por 80,43% de todas as exportaçõesmundiais de sorgo de um total de 6,13 milhões de toneladas exportados. Assim, aprodução destes dois países é importante para a oferta e demanda mundial.

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Page 153: Proposta de Preços Mínimos

País/Safra 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013Argentina 3.629 4.400 4.200 5.200Australia 1.508 1.935 2.223 1.700Brasil 1.854 2.314 2.205 2.800Burkina 1.522 1.950 1.600 1.800China 1.677 2.456 2.600 2.650Etiópia 2.084 3.465 3.781 3.700India 6.700 7.000 6.030 6.000México 6.250 7.385 6.425 6.800Nigéria 6.600 6.750 6.850 6.900Sudão 2.630 4.606 2.089 3.800Estados Unidos 9.728 8.779 5.447 6.272Outros 10.083 11.435 10.584 11.139Mundo 54.265 62.475 54.034 58.761Fonte : Usda

Quadro 1Quadro oferta e demanda mundialProdução - Sorgo Mundo (mil/ton.)

País/Safra 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013Argentina 1.900 1.900 1.900 2.150Australia 1.205 1.405 1.105 855Brasil 1.875 2.275 2.275 2.700Burkina 1.695 1.800 1.600 1.800China 1.900 2.200 2.600 2.900Etiópia 2.400 3.200 3.700 3.700India 6.600 6.800 6.100 6.000México 9.700 9.400 8.100 9.000Nigéria 6.550 6.700 6.800 6.850Sudão 3.400 4.500 2.650 4.100EstadosUnidos 5.859 5.278 3.954 4.318Outros 13.260 15.351 13.938 14.982Mundo 56.344 60.809 54.722 59.355

Quadro oferta e demanda mundialConsumo Total - Sorgo Mundo (mil/ton.)

Quadro 2

Fonte : Usda

Nos últimos 2 anos a Argentina passou a ser o maior exportador de sorgomundial, passando de 1,77 milhões de toneladas na safra 2009/10 para 2,90 milhões detoneladas na safra 2012/13, ou seja, um aumento de 63,84% nas suas exportações. Suaprodução passou de 3,63 milhões de toneladas na safra 2009/10 para 5,20 milhões detoneladas na safra 2012/13, ou seja, um aumento de 43,25%. O consumo portenho

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Page 154: Proposta de Preços Mínimos

passou de 1,90 milhões de toneladas na safra 2009/10 para 2,15 milhões de toneladas nasafra 2012/13, significando um aumento de apenas 13,15%. Desta maneira a Argentinapassou a ser o país com maior representatividade para oferta mundial de sorgo.

Ao contrário da Argentina, os Estados Unidos nos últimos anos perdeu seustatus de maior exportador mundial de sorgo, passando de 4,21 milhões de toneladas emexportação na safra 2009/10 para 2,03 milhões de toneladas, ou seja, uma diminuição de51,78% nas exportações. Fato este motivado pela drástica diminuição da produçãoamericana nestes últimos anos, passando de 9,72 milhões de toneladas em 2009/10, para6,27 milhões de toneladas na safra 2012/13.

Esta diminuição de safra comentada acima vem ocorrendo devido a perdasde áreas de sorgo para a produção de outras culturas mais rentáveis e, principalmente,devido a problemas climáticos que ocorreram nas ultimas três safras.

País/Safra 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013Argentina 1.771 1.702 3.100 2.900Australia 300 850 1.250 900China 41 68 36 50Etiópia 0 75 75 75União Européia 7 4 6 5India 127 27 134 25Nigéria 50 60 60 70Estados Unidos 4211 3853 1610 2032Outros 117 84 94 75Mundo 6.624 6.723 6.365 6.132

Quadro 3

Fonte: Usda

Quadro oferta e demanda mundialExportação - Sorgo Mundo (mil/ton.)

A produção mundial de sorgo deve ser aproximadamente de 58,8 milhões detoneladas para a safra 2012/13, um valor 8,7% (4,7 milhões de toneladas) maior que nasafra 2011/12 que foi estimada por aquele Departamento em 54,0 milhões de toneladas.Apesar deste aumento de produção, a safra 2012/13 deve ser 1,4% menor que a médiadas safras dos últimos 10 anos.

As exportações mundiais para a safra 2012/13 estão estimadas em 6,13milhões de toneladas e o consumo em 59,4 milhões de toneladas, somando, assim, 65,5milhões de toneladas de demanda mundial.

O estoque de passagem da safra 2012/13 é o menor dos últimos 10 anos,estimado em apenas 3,5 milhões de toneladas, o que dá menos de um mês de consumomundial, ou em termos percentuais, apenas 5,9% de relação estoque/consumo.

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Page 155: Proposta de Preços Mínimos

País/Safra 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013Argentina 751 1.000 1.000 1.150Australia 498 633 657 600Brasil 793 817 785 1.000Burkina 1.620 1.620 1.620 1.620China 559 548 580 600Etiópia 1.550 1.780 1.869 1.800União Européia 119 113 111 102Guatemala 43 43 43 43Honduras 38 38 38 38India 7.500 7.060 6.330 6.300México 1.616 1.924 1.682 1.670Nigéria 5.200 5.400 5.500 5.550Sudão 6.000 6.200 5.600 5.600Estados Unidos 2.234 1.948 1.590 2.005Mundo 38.320 38.832 37.857 38.723

Quadro 4

Fonte: Usda

Aréa Colhida - Sorgo Mundo (mil/ha)Quadro oferta e demanda mundial

Isto em função de um consumo total de sorgo maior do que a produção.Mesmo por que os Estados Unidos vem sistematicamente diminuindo sua produção,dando prioridade à produção de milho e soja.

Total Indústria Ração2009/2010 6,6 54,3 6,3 67,2 56,3 30,9 25,5 6,6 63,0 4,22010/2011 4,2 62,5 6,7 73,4 60,8 34,0 26,8 6,7 67,5 5,82011/2012 5,8 54,0 4,9 64,7 54,7 32,1 22,7 6,3 61,0 3,72012/2013 3,7 58,8 6,6 69,0 59,4 34,3 25,1 6,1 65,5 3,5

SORGOQuadro 5

Ano-Safra EstoqueInicial

QUADRO DE SUPRIMENTO MUNDIAL (mil ton.)Demanda

TotalEstoque

FinalProdução Importação Exportação

Fonte: USDA

SuprimentoTotal

Consumo

Assim, os preços no mercado internacional (Fob - Porto da Argentina)praticados em 2012 ficaram acima da média, ou seja, US$ 211,83 a tonelada.

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Page 156: Proposta de Preços Mínimos

3. Panorama nacionalO Brasil é o oitavo maior produtor mundial de sorgo, com produção estimada

pela Conab na safra 2012/13 em 2,24 milhões de toneladas, e como a maioria dos paísesdo mundo, tem sua produção usada para consumo interno, pois não há grandesimportações e nem exportações do produto.

153

Page 157: Proposta de Preços Mínimos

O maior produtor de sorgo brasileiro é o Estado de Goiás com uma produçãoestima em 0,93 milhões de toneladas e uma participação percentual de 41,7% daprodução nacional, seguido dos Estados de Minas Gerais com 0,48 milhões de toneladas(20,35% da produção) e Mato Grosso 0,41 milhões de toneladas (18,19% da produção).

O sorgo assim como o milho vem em uma crescente de produção muitomais pelo aumento de produtividade do que propriamente pelo grande aumento de áreaplantada. Este ultima, inclusive, se mantendo constante nas últimas três safras, emfunção de um interesse maior do produtor pelo plantio do milho, devido à maiorrentabilidade e liquidez do mesmo.

Mesmo assim, o sorgo tem tido uma boa valorização nestas últimas safras,acompanhando o bom preço de milho e soja. Desta forma, o preço médio pago aoagricultor em 2012, nos três principais Estados produtores brasileiros, foi de R$17,85/60kg em Goiás, R$ 18,97/60kg em Minas Gerais e R$ 15,22/60kg em Mato Grosso.Neste ano houve picos de preços acima de R$ 20,00/60 Kg em Minas Gerais e Goiás, emplena época de comercialização do grão, onde, em função de uma maior oferta foramsubmetidos a uma pressão baixista.

Tal fato ocorreu por que os produtores de aves e suínos buscaram outrasalternativas em substituição ao milho, no intuito de diminuir seus custos de produção,aumentando, portanto, a demanda pelo sorgo.

154

Page 158: Proposta de Preços Mínimos

O preço médio praticado nos últimos 10 anos foi de R$ 12,76/60kg e no anode 2011 de R$ 16,27/60kg; valor bem acima da média de 10 anos e um grande salto emrelação a 2010. Porém, os preços em 2012 são os maiores praticados historicamente,devido aos baixos estoques internacionais e principalmente em virtude dos altos preçosdo milho que influenciam diretamente nos preços do sorgo.

3.1. Quadro de Oferta e Demanda Nacional.Para safra 2012/13 a Conab estima um estoque inicial de 450,50 mil

toneladas, um suprimento total de 2.687,7 mil toneladas e um consumo de 2.347 miltoneladas de sorgo, gerando um estoque final de 340,23 mil toneladas, ou seja, um pouco

155

Page 159: Proposta de Preços Mínimos

acima da média histórica que de 294,22 mil toneladas nos últimos 10 anos, mas menorque o estoque da safra 2011/2012 que foi de 450,15 mil toneladas.

Este estoque de passagem equivale a quase dois meses de consumointerno.

Com o aumento do consumo, tudo indicava que poderia haver umgrande aumento da safra de sorgo em 2012/2013, mas como esta cultura tem comoprincipal competidor o milho, o produtor rural tende a optar pelo segundo, em funçãoda rentabilidade atual que este lhe proporciona, além da maior facilidade decomercialização.

3.2. Análise Financeira (Custo de Produção).

Para se ter uma ideia do que foi dito acima, pode-se tomar como exemplo oestudo de rentabilidade a seguir:

No município de Goiás Velho a produtividade média do plantio de sorgo é de3.000 kg por hectare, levando em consideração que o preço da saca de sorgo no Estadode Goiás foi de R$ 18,78/60kg em janeiro de 2012 e de R$ 20,78/60kg em janeiro de2013. A receita bruta foi de R$ 939,00/ha em 2012 e em 2013 foi de R$ 1.039,00/ha.

Conforme estimativa de Custo de produção feito pela Conab, o CustoVariável foi de R$ 752,28/ha em 2012 e R$ 766,12/há em 2013, significando, portanto,uma variação de 1,84% de um ano para o outro.

Se compararmos as margens brutas dos Custos Variáveis entre o Sorgo e oMilho (tomando como base o Município de Rio Verde – GO) vê-se uma diferença derentabilidade de 44,11% a favor do milho. Por esta razão, muitos agricultores optam poresta cultura na hora do plantio.

156

Page 160: Proposta de Preços Mínimos

4. Perpectivas

A cultura do sorgo, apesar de acompanhar o mercado do milho, temalgumas características que lhe são próprias, tais como um percentual maior parautilização no consumo para alimentação humana do que no uso para ração animal. Para asafra 2012/2013, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA estima ouso na indústria e alimentação humana na ordem de 57,5% e como ração em 42,5%.

Sabe-se que esta modalidade de consumo ocorre, principalmente, empaíses africanos, tanto que a Nigéria, além de principal produtor mundial do grão, é osegundo consumidor de sorgo no mundo, consumindo, basicamente, o mesmo volumeque produz, (6,9 milhões de toneladas).

Contudo, os Estados Unidos que já chegaram a produzir aproximadamente12,0 milhões de toneladas do grão, reduziu a área plantada, vez que optou por milho,também teve perda de produtividade média, devido às intempéries climáticas nas duasúltimas safras.

Diante disso, os preços internacionais estão aquecidos, com registros para2012 de valores acima de US$ 250,00 a tonelada. No entanto, o mercado interno dosorgo não é balizado pelo mercado externo, apesar da análise desse mercado ser

157

Page 161: Proposta de Preços Mínimos

importante para uma observação macroeconômica já que a relação milho/sorgo, afetatanto o mercado interno, quanto o externo.

No Brasil, além da influência direta dos altos preços do milho que afeta osorgo, ainda se observa que mais de 80,0 % da safra brasileira dos grãos estãoconcentrados em três Estados – Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Contudo, devidoaos altos preços do milho o produtor de carnes tem a possibilidade de optar pelaaquisição do sorgo como um substituto do milho, bem como desconcentrar a produção,sobretudo para a Região Nordeste. Devido a estes fatos, as últimas propostas de preçosmínimos têm trabalhado sob a ótica da política de incentivo à produção no Nordeste, comvalores em uma relação de até 90,0% do preço mínimo do milho (maior que a relação domercado que é de 75 a 80,0%).

5. Preços mínimos propostos

Utilizando-se do fundamento de acompanhar o custo variável, está sendoproposto um aumento de 9,80% no preço mínimo para o Sul, Sudeste e Centro Oeste,exceto para o Estado do Mato Grosso, chegando a R$ 15,33/60 Kg; praticamente o custovariável estimado.

Então, para os Estados do Mato Grosso e Rondônia, a proposta é demanutenção do preço mínimo no valor de R$ 11,16/60 Kg, uma vez que o custo variáveljá está estimado próximo a este valor (R$ 11,15/60 Kg).

No caso da Região Norte/Nordeste (exceto RO) optou-se por trabalhar comum incentivo similar ao que foi proposto para o milho, no intuito de estimular a produçãoda seguinte maneira:

Na Região do MATOPIBA, fronteira agrícola de alto potencial produtivo,propondo uma variação de 8,95% de aumento, com o preço chegando a R$20,70/60 kg, sendo este valor 90,0% do preço mínimo do milho proposto(R$ 23,00/60 kg);

Nas demais regiões produtoras do Nordeste, principalmente na Zona daMata, onde há uma forte predominância de produtores familiares atreladosao monocultivo da cana de açúcar, um preço mínimo de R$ 24,84/60 Kg, ouseja, um acréscimo ao preço de 20,0% ao valor R$ 20,70 proposto para oNorte e, para o MATOPIBA, para que o produtor local tenha outrasalternativas rentáveis de produção agrícola, como o milho e sorgo. Valeressaltar que, pela predominância de agricultores familiares na região, estespodem ser beneficiados com a PGPM da Agricultura Familiar.

Salienta-se que, este estímulo ao plantio do sorgo, bem como do milhonestas Regiões, partem do pressuposto que o Norte e Nordeste são deficitários deinsumos para a alimentação animal e, freqüentemente, dependem de buscar estes grãosem regiões onde o custo logístico é muito elevado.

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