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NIPC:501 335 900 / Registo Comercial do Porto / Sede: Rua Daciano Baptista Marques, n.º 245, Lake Towers – Edifício D – Piso 3, 4400-617 Vila Nova de Gaia / Capital Social: 2.000.000,00 Tel:+351 228 342 200 / [email protected] / www.clear.pt PROPOSTA DE PLANO DE RECUPERAÇÃO CLEAR – INSTALAÇÕES ELECTROMECÂNICAS, S.A. PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO N.º 6905/16.0T8VNG Comarca do Porto – Vila Nova de Gaia Instância Central – 2. ª Secção de Comércio – J1

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Tel:+351 228 342 200 / [email protected] / www.clear.pt

PROPOSTA DE

PLANO DE RECUPERAÇÃO

CLEAR – INSTALAÇÕES ELECTROMECÂNICAS, S.A.

PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO N.º 6905/16.0T8VNG

Comarca do Porto – Vila Nova de Gaia

Instância Central – 2. ª Secção de Comércio – J1

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ÍNDICE

I. FINALIDADEDOPLANO....................................................................................................................3II. APRESENTAÇÃODAEMPRESA..........................................................................................................4

A. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................4B. ENQUADRAMENTOHISTÓRICO...................................................................................................................7C. ATUALIDADE...........................................................................................................................................8

III. OPLANODENEGÓCIOS..................................................................................................................13A. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................13B. REESTRUTURAÇÃOOPERACIONAL..............................................................................................................13C. REESTRUTURAÇÃOFINANCEIRA.................................................................................................................15D. DAVIABILIDADEECONÓMICAEFINANCEIRA.................................................................................................15

IV. IMPACTOEXPECTÁVELDOPLANOEMCOMPARAÇÃOCOMASUAAUSÊNCIA................................17V. MEDIDASPROPOSTAS....................................................................................................................19

A. AUTORIDADETRIBUTÁRIAEADUANEIRA:....................................................................................................19B. INSTITUTODASEGURANÇASOCIAL............................................................................................................20C. CRÉDITOSLABORAIS/PRIVILEGIADOS.........................................................................................................20D. CRÉDITOSCOMUNS................................................................................................................................21E. CRÉDITOSSUBORDINADOS.......................................................................................................................23

VI. EXECUÇÃODOPLANOESEUSEFEITOS...........................................................................................24A. ÂMBITO...............................................................................................................................................24B. IMPACTOEXPECTÁVELDASALTERAÇÕESPROPOSTAS....................................................................................24C. EFEITOSLEGAISSOBREASAÇÕESPENDENTES..............................................................................................25D. PRECEITOSLEGAISLEGITIMAMENTEDERROGADOS.......................................................................................26E. INCUMPRIMENTODOPLANO....................................................................................................................29

VII. DEFINIÇÕES....................................................................................................................................30VIII. ANEXOS..........................................................................................................................................31

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I. FINALIDADE DO PLANO

A finalidade deste Plano é apresentar um conjunto de medidas, cuja

concretização permita a continuidade da exploração da empresa por si própria,

gerando um fluxo monetário superior ao que seria possível de obter caso não

fossem apresentadas tais medidas e que permita assim assegurar o pagamento

de uma parte importante das dívidas aos credores por parte do devedor.

O plano visa ainda, através da aplicação das medidas nele propostas, assegurar

principalmente os seguintes objetivos:

1. Cumprir as obrigações a assumir perante os credores;

2. Reduzir a estrutura de gastos da empresa;

3. Adaptar a realidade empresarial ao volume de negócios.

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II. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A. Introdução

A CLEAR – Instalações Electromecânicas, S.A., é uma sociedade anónima,

com sede na Rua Daciano Baptista Marques, n.º 245, Lake Towers – Edifício D

– Piso 3, 4400-617 Vila Nova de Gaia, matriculada na conservatória do Registo

Comercial do Porto sob o número único de pessoa coletiva 501 335 900, e com

o capital social de 2.000.000,00 € (dois milhões de euros), titulado em

400.000,00 ações com o valor nominal de 5,00 € (cinco euros).

O seu objeto social consiste na “exploração da indústria de construção civil,

obras públicas e particulares, engenharia, estudo, projecto, concepção

fabricação, produção, instalação, execução, montagem, operação, manutenção,

conservação, reparação, reabilitação, exploração e assistência técnica de

instalações nomeadamente eléctricas (infra-estruturas, rede, linhas

subestações, postos de transformação, sinalização, utilização e trabalhos em

tensão), electrónicas (segurança, instrumentação, detecção, gestão técnica,

automação, domótica e inmótica), comunicações (telecomunicações infra-

estruturas e redes de informática), climatização (ventilação, aquecimento,

desenfumagem, refrigeração e vapor), hidráulicas (águas, esgotos gravíticos e

vácuo, pluviais, rega, extinção incêndio, filtração e tratamento de águas e

esgotos, dessalinização e equipamentos sanitários), gás, gases medicinais,

mecânicas (tracção, escadas, tapetes, ascensores e ar comprimido),

electromecânicas, produção de energia, energias renováveis, eficiência

energética, tratamento ambiental e auditorias técnicas, sua direcção e

coordenação respectivas”, que corresponde ao CAE Principal: 43992.

De acordo com os seus estatutos, devidamente refletidos na sua Certidão

Comercial Permanente com o código de acesso n.º 1708-1580-8648, a

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sociedade considera-se devidamente vinculada mediante a intervenção

conjunta de “a) dois membros do Conselho de Administração, da Direcção Geral

ou da Comissão Executiva; b) um membro do Conselho de Administração, da

Direccção-Geral ou da Comissão Executiva e um Procurador; c) dois

Procuradores conjuntamente com poderes para o acto; d) um Procurador com

poderes bastantes para o acto, nos termos do respectivo mandato”.

Atualmente, o referido Conselho de Administração é composto por um

Presidente, Joaquim António Negrita Fitas, e um Vogal, Fernando Jorge Salas

Nogueira.

A crise económica e financeira que nasceu nos Estados Unidos da América em

2008 e alastrou a seguir a Portugal e que, mais recentemente, afetou o principal

mercado externo onde a CLEAR opera através de uma sua participada (Angola)

– e que constituem factos públicos e notórios – refletiu-se, em especial, no setor

da construção civil e obras públicas no qual a CLEAR se insere a partir dos

serviços que presta às diversas entidades e agentes do setor. Tal crise

determinou a atual dificuldade da sociedade em cumprir pontualmente as suas

obrigações, decorrente de falta de liquidez e dificuldade na obtenção de crédito.

De facto, a CLEAR está vocacionada para efetuar fornecimentos e executar

trabalhos hidráulicos, elétricos e eletromecânicos, especialmente, os

relacionados com obras de construção civil públicas e privadas.

Com efeito, a CLEAR foi vítima da situação geral das dificuldades económicas

sentidas no País e do fraco nível de atividade global registado no setor. Na

verdade, os países emergentes onde a CLEAR exerce atividade registaram uma

desaceleração do ritmo de crescimento, em resultado, entre mais, da redução

do preço do petróleo, que, com a consequente redução de divisas, também

gerou atrasos significativos nos recebimentos dos seus clientes e dificuldades

nas operações financeiras para o exterior.

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A envolvente económica levou a que novos projetos fossem adiados ou até

eliminados, tendo a angariação de novas obras por parte da CLEAR

acompanhado esta tendência.

Estes fatores prejudicam o ciclo de tesouraria da CLEAR, gerador de um défice

que se reflete, como se disse, na dificuldade de pagamento de algumas das suas

obrigações.

Ora, em resultado da crise, o volume de negócios da CLEAR ficou drasticamente

reduzido, uma vez que, tanto em Portugal como nas restantes geografias em

que exerce atividade, verificou-se uma diminuição acentuada no investimento

em obras públicas, problema que em Angola se agudizou com a desvalorização

da moeda. Deste modo, em consequência da redução do volume de negócios, a

estrutura da sociedade revelou-se sobredimensionada e, consequentemente,

insustentável.

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B. Enquadramento Histórico

A CLEAR – Instalações Electromecânicas, S.A. foi constituída em 23 de

julho de 1982, sob a denominação Projetos e Construções Soares da Costa –

Clear, R.L., tendo sido entretanto transformada em sociedade anónima em 9 de

fevereiro de 1998, ano no qual sofreu um aumento de capital, à data, de

50.000,00 contos para 400.000,00 contos, sendo atualmente de 2.000.000,00

€ (dois milhões de euros).

A empresa manteve-se praticamente inativa até ao exercício de 1997, tendo,

no entanto, sido reativada durante o ano de 1998 mediante o exercício e o

desenvolvimento da atividade do até então segmento “Eletromecânica” da

Sociedade de Construções Soares da Costa, S.A..

A 29 de março de 2001, por decisão do Conselho de Administração, e em

cumprimento das disposições legais, o capital social foi transformado em euros,

passando cada ação a valer 5,00 € (cinco euros) e, por conseguinte, a totalizar

os já referidos 2.000.000,00 € (dois milhões de euros).

Com o intuito de otimizar as operações do mercado angolano, foi constituída no

exercício de 2004 a Clear Angola – Instalações Electromecânicas, S.A.,

entretanto transformada em sociedade por quotas, que é participada em 95%

pela CLEAR e cujo respetivo capital social é de 10.000 USD, existindo ainda

prestações suplementares no valor de 317.086,96 € (trezentos e dezassete mil

e oitenta e seis euros e noventa e seis cêntimos).

De forma a consolidar a presença da CLEAR em São Tomé e Príncipe foi

constituída em março de 2012 uma sucursal com um capital social de 350

milhões de dobras. Em paralelo, tendo em vista aproveitar o crescimento do

mercado Moçambicano, foi constituída em julho de 2013 a Clear Moçambique –

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Instalações Electromecânicas, LDA., com o capital social de 2.632 milhões MZN,

na qual a CLEAR detém igualmente uma participação de 95%.

A CLEAR é assim uma sociedade com quase 35 anos de existência, cujo Know-

How na área das instalações eletromecânicas é reconhecido por todos os

agentes do setor onde exerce atividade.

C. Atualidade

Atualmente, a CLEAR atua em permanência em quatro mercados: Angola,

Moçambique, Portugal e São Tomé.

A CLEAR é uma empresa constituída por profissionais com vastíssima

experiência no mercado, tendo quase 35 anos de atividade e está inserida num

grupo empresarial (Soares da Costa) do qual depende e no qual detém

participação ativa.

A CLEAR é uma referência no setor das instalações eletromecânicas de

Eletricidade, Hidráulica, Climatização, IBS (Intelligent Building Systems) e

Manutenção.

Com efeito, a CLEAR é hoje uma das maiores empresas do setor de instalações

eletromecânicas altamente especializada, que oferece uma enorme variedade

de serviços de engenharia e de execução de qualquer projeto de instalações

técnicas. A sua qualidade é uma referência sólida e comprovada nos diversos

mercados por onde opera. Deste modo, a empresa torna-se sinónimo de

qualidade em tudo o que se propõe a fazer.

A sua experiência, altamente técnica, resultou da transmissão de saberes e

conhecimentos que se perpetuaram ao longo das várias décadas até aos dias

de hoje.

Em Junho de 2004, com a constituição da então CLEAR Angola - Instalações

Electromecânicas, S.A., na qual se apresenta como acionista maioritária, a

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CLEAR conseguiu hoje tornar-se uma grande empresa de referência e de

renome na geografia Angolana, quer pelo seu historial de obras executadas com

qualidade, quer pela notoriedade e singularidade reconhecida pelas várias

partes interessadas. Com o objetivo de alargar a sua atuação e proximidade de

negócio, em julho de 2007 e em fevereiro de 2012, a CLEAR abriu duas

delegações de representação em Lisboa e em São Tomé e Príncipe,

respetivamente. Geografias em que opera com projetos altamente

especializados, onde tem como atividades as instalações especiais no âmbito da

construção civil e obras públicas. Em Agosto de 2013, constitui a empresa mais

recente a CLEAR Moçambique - Instalações Electromecânicas, Lda., sociedade

de direito moçambicano, que nos dias de hoje, estamos convictos que tem boas

perspetivas de crescimento local.

Uma das vantagens que a CLEAR tem perante os restantes agentes do mercado

prende-se exatamente com a extensão geográfica do seu trabalho, conseguindo

a constante otimização dos seus recursos, através da partilha de informação e/

ou mobilização dos colaboradores entre as CLEAR´s.

Ao longo dos anos a CLEAR soube desenhar a sua estratégia acompanhando a

evolução do mercado, tendo estado, desde a data da sua constituição, dedicada

à atividade das instalações eletromecânicas.

Contudo, nos últimos anos, começou-se a verificar a queda no setor do

imobiliário e da construção, o que trouxe à CLEAR uma redução dos trabalhos

que presta e, consequentemente, grandes dificuldades perante os

compromissos que teve de assumir junto da banca para liquidar as suas

responsabilidades.

Deste modo, como já referido acima, desde 2011 que a CLEAR tem vindo a

registar uma forte redução de atividade, sobretudo em Portugal e Angola, como

consequência natural do abrandamento económico, em especial com a

contração do setor da construção.

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Assim, os problemas supra aludidos, e que a CLEAR não pôde controlar, vieram

dificultar ainda mais o pagamento atempado a todos os seus credores, quer

sejam as diversas entidades e fornecedores ligados aos serviços prestados pela

empresa, como também, naturalmente, todas as entidades bancárias e

financeiras com as quais foram contratados os financiamentos e ainda,

naturalmente, os próprios trabalhadores.

Não obstante o exposto, a CLEAR entende que dispõe de condições para

projetar as bases para um processo de recuperação económica.

Com efeito, não obstante as dificuldades que ainda se fazem sentir no setor, a

CLEAR ainda tem obras em plena execução e, em paralelo, não se poderão

descurar os recentes sinais de desenvolvimento e investimento no setor do

imobiliário e da construção, que necessariamente terão efeitos sobre o volume

de negócios da CLEAR e, por fim, o facto do setor para o qual esta empresa

presta os seus serviços ser um dos principais setores de atividade na economia

nacional, que, aliás, se evidencia pelos indicadores seguintes:

De facto, a CLEAR mantém o exercício da sua atividade, continuando a prestar

os seus serviços num conjunto considerável de obras. O que revela que, não

obstante as dificuldades que atravessa, é reconhecida a capacidade técnica da

Contratos de construção celebrados em Portugal

Valor dos contratos (M €) Número de contratos (#)€' M 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2011 2012 2013 2014 2015 2016Ajuste directo 808 536 494 444 457 539 12.830 10.955 13.147 12.492 13.981 14.878

Concurso público 1.434 1.072 1.016 1.181 665 708 1.801 1.372 1.582 1.725 1.585 1.650

Concurso limitado por prévia qualificação 709 53 127 92 126 77 112 35 45 60 81 50

Procedimento de negociação 0 0 - - - 5 1 1 - - - 1

Ao abrigo de acordo-quadro (art.º 258.º) 1 2 9 16 4 9 8 15 180 364 313 407

Ao abrigo de acordo-quadro (art.º 259.º) - - 0 0 1 2 - 1 7 6 12 9

Total 2.952 1.663 1.647 1.734 1.253 1.339 14.752 12.379 14.961 14.647 15.972 16.995Fonte: INE

Valor acrescentado bruto do setor da construção em Portugal

€' M 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015PVAB da construção 10.868 9.670 9.052 8.465 7.220 6.276 6.022 6.291 Índice produção total 109,56 99,14 90,15 75,21 62,85 55,40 53,61 55,73Fonte: INE

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CLEAR, sendo uma empresa de referência para as maiores construtoras a nível

nacional, em Angola e Moçambique, com vastas obras executadas com

reconhecida qualidade e rigor técnico, o que lhe continua a granjear o respeito

dos donos de obra e a adjudicação de obras.

Para além disto, a CLEAR mantém-se ativamente empenhada em ultrapassar

as dificuldades através do reforço da sua atividade comercial, quer nacional,

quer internacional, por forma a expandir a sua atividade e compensar a redução

do volume de negócios a nível nacional. Acresce que, a CLEAR vem efetuando

um esforço na redução dos seus custos fixos e de estrutura com vista a ajustar-

se ao volume de negócios e à carteira de obras que tem atualmente.

O conjunto de ativos que a CLEAR dispõe resume-se, em grande medida, aos

equipamentos técnicos e de transporte necessários ao exercício da sua atividade

e as participações sociais em outras empresas subsidiárias, ao que se poderão

acrescentar os ativos não correntes de valor residual.

Contudo, com a continuação das obras que ainda tem em execução e a

prosseguimento da atividade comercial de angariação de novos Clientes, em

especial em Angola, conjugado com a estabilização da dívida ao abrigo do Plano

a que se propõe, a CLEAR poderá ver o seu volume de negócios aumentar

gradualmente e de forma sustentável.

Para além do mais, ao exposto importa deixar sublinhado que à CLEAR é

reconhecido um Know-How de elevada qualidade e garantia no setor das

instalações eletromecânicas altamente especializada, que oferece uma enorme

variedade de serviços de engenharia e de execução de qualquer projeto de

instalações técnicas.

De facto, sem prejuízo de numa perspetiva de racionalidade financeira, não

poder garantir a curto prazo a angariação de novas obras, a CLEAR, com o

presente Plano, está certamente em condições de apresentar grandes melhorias

no seu volume de negócios e o cumprimento das responsabilidades em falta

para com todos os seus credores.

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III. O PLANO DE NEGÓCIOS

A. Introdução

A CLEAR através da sua administração e com o apoio de consultores externos

tem vindo a desenvolver um plano de negócios que procura assegurar e garantir

a viabilidade da empresa no contexto macroeconómico das diferentes latitudes

em que desenvolve a sua atividade.

Tal plano de negócios assenta, como veremos mais detalhadamente de seguida,

nos seguintes dois vetores:

• Reestruturação Operacional; e

• Reestruturação Financeira.

B. Reestruturação Operacional

Para que a sociedade tenha viabilidade, em conjugação com a medida proposta

infra para os créditos da empresa, estabeleceram-se um conjunto de premissas,

condições e pressupostos para a eficiência e eficácia da recuperação proposta,

que são os seguintes:

a) Foco da atividade operacional em Angola, através da sociedade CLEAR

ANGOLA – Instalações Electromecânicas, LDA., face à perspetiva de

crescimento da economia naquela latitude;

b) Em função dos movimentos do mercado, para lá do desenvolvimento da

atual carteira de obras, perspetiva-se um aumento da atividade comercial

da empresa, tendo em vista um aumento do volume de negócios

projetado, com a angariação de novas obras;

c) Recuperação da margem bruta em linha com as últimas adjudicações;

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d) Ajustamento da estrutura ao volume de negócios com base na estratégia

proposta, ficando a atividade em Portugal reconduzida ao apoio à gestão

da sociedade CLEAR ANGOLA – Instalações Electromecânicas;

e) Após o período de reestruturação, estabilização progressiva do prazo

médio de recebimentos, prazo médio de pagamentos e dos investimentos

em equipamentos, que assegure a manutenção da capacidade produtiva

da empresa.

Com efeito, não obstante a crise que se instalou nos diversos setores, e apesar

dos fatores apresentados e condicionantes da atual situação da CLEAR se

refletirem negativamente na sua atividade, a verdade é que, como qualquer

ciclo conjuntural, o ajustamento do mercado provocado pela crise leva

necessariamente a reorganização dos seus intervenientes e ao surgimento de

novas oportunidades.

Na realidade, o aumento da oferta provocado pela concorrência do setor a que

se assistiu nos últimos anos, levou a uma drástica diminuição das margens

praticadas, o que, em função da mais do que notória redução do número de

agentes no mercado, que já se faz sentir no setor, trará, a médio prazo, a

estabilização dos preços e margens de lucro, em função de uma menor pressão

competitiva, o que, a final, permitirá que a reestruturação operacional proposta

tenha viabilidade garantida.

No quadro seguinte podemos observar a evolução estimada da atividade,

margem bruta gerada e cash-flow operacional corrente para os próximos 10

anos:

M apa de cash-f low - Clear Portugal

EUR'000 2016E 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026PVolume de negócios 3.439 2.977 712 723 737 752 767 783 798 814 830 Gastos com pessoal (3.158) (884) (389) (394) (400) (407) (415) (424) (432) (441) (450)EBITDA (3.042) 288 302 311 319 326 333 339 346 353 360 Investimento em FM (2.411) 1.763 (31) (639) (36) (35) (34) (34) (33) (32) (32)Investimento em CAPEX - (7) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2)Imposto (60) - (15) (16) (16) (18) (18) (19) (19) (20) (21)CFO (5.513) 2.044 254 (345) 265 272 278 285 292 299 306

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C. Reestruturação Financeira

A reestruturação operacional referida não permite libertar cash-flows suficientes

para fazer face ao atual volume de dívida. Nesse sentido, é necessário adequar

a dívida à capacidade de pagamento da empresa de forma a que a mesma seja

sustentável.

Como se verá melhor infra no capítulo “Medidas Propostas”, será necessário

assegurar um perdão de parte importante da dívida atual da empresa de forma

a garantir a sua sustentabilidade, nos termos que se resumem de seguida:

a) Dívida vencida à Autoridade Tributária e Aduaneira e à Segurança Social:

Plano de pagamento de dívidas nos termos legais;

b) Dívida a Credores Laborais/Privilegiados: Pagamento da totalidade da

dívida reconhecida aos funcionários nas condições e prazos previstos no

Plano;

c) Dívida a Instituições de Crédito: perdão de 75% da dívida e plano de

pagamentos em 12 anos; e

d) Dívida a Fornecedores / Prestadores de Serviços: perdão de 50% da

dívida e plano de pagamentos em 5 anos.

D. Da viabilidade económica e financeira

Com a aprovação e implementação do Plano, e na perspetiva de evolução das

economias portuguesa e angolana prevista para os próximos anos, conjugados

com os pressupostos retirados da prática empresarial da CLEAR, sendo estas

condições satisfeitas, a empresa é economicamente viável.

Acresce que, a transformação da dívida vencida e de curto prazo em dívida de

médio e longo prazo, por transferência dos saldos das contas de empréstimos

bancários, fornecedores e outros credores, de curto prazo, para médio e longo

prazo, tem uma influência muito positiva, na liquidez da empresa, assim como

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na estrutura de capital. De facto, e de acordo com o estudo financeiro realizado,

o fluxo de tesouraria líquida apresentado após a aprovação do Plano garantirá

a capacidade da empresa honrar os seus compromissos, como é constatável no

quadro seguinte:

Adicionalmente, a aprovação do Plano de Recuperação da principal sociedade

do grupo em que se insere a CLEAR (a Sociedade de Construções Soares da

Costa, S.A.) e um dos seus principais clientes, permite assegurar que o acionista

da CLEAR dispõe das verbas necessárias para assegurar o financiamento dos

défices de tesouraria dos primeiros anos.

M apa de cash-flow - Clear Portugal

EUR' 000 2016E 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026PVolume de negócios 3.439 2.977 712 723 737 752 767 783 798 814 830 Gastos com pessoal (3.158) (884) (389) (394) (400) (407) (415) (424) (432) (441) (450)EBITDA (3.042) 288 302 311 319 326 333 339 346 353 360 Investimento em FM (2.411) 1.763 (31) (639) (36) (35) (34) (34) (33) (32) (32)Investimento em CAPEX - (7) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2)Imposto (60) - (15) (16) (16) (18) (18) (19) (19) (20) (21)CFO (5.513) 2.044 254 (345) 265 272 278 285 292 299 306 Saldos vencidosPessoal (936) - - - - - - - - - EOEP (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103)Fornecedores - (309) (309) (309) (309) (309) - - - - Total CF Vencidos 5.075 (3.139) (412) (412) (412) (412) (412) (103) (103) (103) (103)Custos de reestruturação (2.100)Empréstimo accionista 11 1.500 - 1.200 - - 500 - - - - Dividendos Angola - - - - - - - - - - - CFSD (427) 405 (158) 443 (147) (140) 366 182 189 196 203 Serviço da dívidaTotal reembolsos 387 - - - (178) (178) (178) (178) (178) (178) (178)Total juros + IS 41 (24) (29) (36) (41) (43) (44) (43) (40) (36) (31)Total serviço de dívida 428 (24) (29) (36) (218) (221) (221) (220) (217) (214) (209)FCF 1 381 (187) 407 (365) (361) 145 (38) (28) (17) (6)FCF acumulado 216 597 410 818 453 92 237 199 170 153 147

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IV. IMPACTO EXPECTÁVEL DO PLANO EM COMPARAÇÃO COM A SUA

AUSÊNCIA

Caso não fosse apresentado o Plano, a CLEAR apenas poderia pagar aos seus

credores o montante resultante da venda dos seus ativos, que, conforme acima

assinalado, resumem-se aos equipamentos técnicos e de transporte necessários

ao exercício da sua atividade, às participações sociais em outras empresas, ao

que se poderão acrescentar os ativos não correntes de valor residual, que

dificilmente seriam valorizáveis.

Refira-se que, à valorização em caso de insolvência dos ativos, haveria que

deduzir os valores respeitantes aos custos da massa insolvente com a liquidação

desses mesmos ativos. Tais custos serão necessariamente importantes em face

do período estimado para a sua venda (10 a 15 anos) e da dispersão geográfica

dos ativos.

Deste modo, obteríamos o seguinte resultado em caso de insolvência:

Estimativa dos activos disponíveis para credores

ActivoActivo tangíveis 105 52 Investimentos financeiros 558 32 Activos por impostos diferidos 204 - Outras dívidas de terceiros 83 83 Inventários 653 - Clientes 6.222 1.868 Empresas do grupo 7.051 - Outros activos correntes 2.250 2.250 Caixa e seus equivalentes 216 216 Total de activos 17.342 4.501

Recuperação dos créditos em cenário de liquidação

€' 000 TotalTotal créditos da massa insolvente 20.406 Execução de garantias - Créditos com privilégio - Pessoal (3.162)Créditos com privilégio - Estado (1.339)Total créditos comuns 15.905 Recuperação pela massa insolvente - Perda total 15.905 % recuperação saldo inicial (total) 22,1%% recuperação saldo inicial (cr. comuns) -

€' 000 Valor de balanço

Valor realizável

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Ora, como resulta dos quadros que antecedem, e tendo em consideração que

inexistem quaisquer credores garantidos no presente processo, em caso de

insolvência, a quase totalidade dos credores reconhecidos veria os seus créditos

por liquidar, uma vez que em caso de liquidação da massa insolvente, os

montantes alcançados não seriam sequer suficientes para saldar as dívidas à

Autoridade Tributária, ao Instituto de Segurança Social e trabalhadores da

empresa (créditos privilegiados). Desta forma, a maioria dos credores

reconhecidos, à excepção de parte dos acima nomeados, não receberia qualquer

importância num cenário de insolvência.

Ademais, importa ter presente que um processo de insolvência com a amplitude

que este teria, estaria sujeito a um procedimento de liquidação bastante

demorado, com uma perspetiva de recuperação das percentagens acima

consideradas ao final de 15 anos. A depreciação associada a este processo e os

custos inerentes ao mesmo reduzem drasticamente o valor teoricamente

estimado e atrás referido.

Em paralelo, cabe ter em consideração que, aliado à identificada morosidade,

sempre haveria que deduzir dos valores alcançados as despesas com a massa

insolvente, as quais, atenta as geografias em que a CLEAR exerce atividade e

o tempo decorrido até que os ativos e os valores alcançados pudessem ser

libertados, alcançaria custos manifestamente lesivos dos créditos que se

pretendem acautelar com a apresentação deste Plano.

Podemos assim concluir que a aprovação do Plano é clara e inquestionavelmente

mais vantajosa para os credores que a insolvência da sociedade.

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V. MEDIDAS PROPOSTAS

O Plano deve indicar claramente as alterações dele decorrentes para as posições

jurídicas dos credores da devedora, pelo que, tendo em conta o plano de

negócios anteriormente apresentado e de forma a assegurar a viabilidade

económica da empresa e o seu equilíbrio financeiro, propõe-se o seguinte:

A. Autoridade Tributária e Aduaneira:

A dívida existente anterior a 31/12/2015 encontra-se abrangida pelo PERES,

num plano prestacional que está e continuará a ser cumprido pela CLEAR.

A dívida posterior a 31/12/2015, não abrangida pelo PERES, terá a seguinte

regulamentação:

• uma maturidade de 12 (doze) anos, contados da data de trânsito

em julgado da sentença homologatória do Plano.

• Pagamento em regime prestacional, de 100% dos créditos de

capital, juros de mora vencidos, coimas, multas, custas ou outras

quantias da mesma natureza, em 150 (cento e cinquenta)

prestações mensais (atenta a indispensabilidade deste

prazo/medida e sem prejuízo da aferição a efetuar pelo órgão de

execução fiscal, nos termos do n.º 6 do art.º 196.º do CPPT, iguais

e sucessivas, nenhuma delas inferior a 10 (dez) unidades de conta

(1.020,00 €), nos termos e para os efeitos do disposto na parte

final do artigo 196.º, n.º 5, ex-vi parte final do n.º 6 do artigo

196.º, ambos do CPPT, vencendo-se a primeira no mês seguinte à

data da sentença homologatória do Plano;

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• A redução dos créditos fiscais só se dará, por juros de mora

vencidos e vincendos, nos termos do Decreto-Lei n.º 73/99, de 16

de Março, aplicando-se as mesmas taxas praticadas para os

créditos da Segurança Social, face à renúncia dos demais credores

e em função das garantias constituídas e/ou a constituir;

• Não haver lugar a qualquer moratória;

• Não há lugar à redução de coimas, custas ou qualquer moratória;

• As ações executivas pendentes para cobrança de dívidas à

Autoridade Tributária e Aduaneira não são extintas, mantendo-se,

no entanto, suspensas após aprovação e homologação do Plano

até integral cumprimento do plano de pagamentos autorizado,

caso a CLEAR venha a apresentar, junto da AT, garantias que

venham a ser julgadas, pela entidade da AT competente para tal,

nos termos do n.º 9 do artigo 199.º do CPPT, como idóneas e

suficientes ou venha apresentar pedido de dispensa da prestação

de garantia que venha a ser deferido pela mesma entidade (a

extinção dos processos fiscais só se dará nos termos do disposto

no artigo 176.º do CPPT).

B. Instituto da Segurança Social

Toda a dívida à Segurança Social será regularizada através de plano prestacional

a autorizar no âmbito da execução fiscal.

C. Créditos Laborais/Privilegiados

No que respeita aos créditos laborais propõe-se:

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1) Pagamento dos créditos laborais no prazo máximo de 90 dias após a

homologação do Plano, com exceção dos identificados no ponto

seguinte;

2) Montantes correspondentes a indemnizações por resolução ou revogação

de contrato de trabalho:

i. Reembolso do capital em 5 prestações anuais sucessivas e fixas

(cada uma no montante de 20% do saldo inicial), vencendo-se a

primeira 90 dias após a data de homologação do Plano; e

ii. Perdão total dos juros vencidos e vincendos.

As dívidas a funcionários detêm privilégio creditório geral ou especial e, ao

abrigo do Plano, são considerados créditos privilegiados, nos termos e para os

efeitos do disposto nos artigos 47.º, n.º 4, alínea a) do CIRE e 333.º do Código

do Trabalho.

D. Créditos Comuns

No que respeita aos créditos comuns propõe-se o seguinte:

1. Instituições de Crédito:

a) Capitalização de juros vencidos e corridos e outros encargos contados até

à Data de Submissão a PER;

b) Perdão de juros, comissões e custos corridos desde a Data de Submissão

a PER até ao trânsito em julgado da sentença de homologação do Plano, e juros

de mora e outras penalizações;

c) Perdão de 75% da dívida, cujo remanescente será pago de acordo com o

seguinte plano de pagamentos:

i. Maturidade de 12 anos, contados a partir da data de trânsito em

julgado da sentença da sentença de homologação do Plano;

ii. Carência de reembolso de capital de 2 anos, contados a partir da

data de trânsito em julgado da sentença de homologação do Plano;

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iii. Reembolso de capital em 10 prestações anuais e progressivas

como se detalha:

• 1.ª a 8.ª prestações: 8,33% do capital inicial cada; e

• 9.ª e 10.ª prestações: 16,67% do capital inicial cada.

iv. Pagamento de juros anual e postecipadamente à taxa Euribor a 6 meses,

com um mínimo de zero, a que acresce uma margem de 1,0%. A primeira

prestação de juros vence-se na data do primeiro aniversário do trânsito em

julgado da sentença de homologação do Plano.

2. Fornecedores/Prestadores de Serviços:

a) Perdão total de juros corridos, vencidos e vincendos, comissões e custos

incorridos desde a Data de Submissão a PER até ao trânsito em julgado da

sentença de homologação do Plano, multas e outras penalizações ou custos, aí

se incluindo nomeadamente, todos os encargos em que os credores tenham

incorrido ou venham a incorrer, direta ou indiretamente, com a cobrança judicial

ou extrajudicial dos seus créditos, designadamente, a título de reembolso de

taxas de justiça, pagamentos de honorários de mandatário ou solicitador de

execução, custas de parte e de procuradoria na parte disponível e encargos com

desconto ou reformas de letras;

b) Perdão de 50% da dívida, cujo remanescente será pago de acordo com o

seguinte plano de pagamentos:

i. Maturidade de 5 anos, contados a partir da data de trânsito em

julgado da sentença da sentença de homologação do Plano; e

ii. Reembolso de capital em 10 prestações semestrais sucessivas e

fixas (cada uma no montante de 10% do saldo após perdão), vencendo-

se a primeira 45 dias após a data de trânsito em julgado da sentença de

homologação do Plano.

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E. Créditos Subordinados

Perdão total dos créditos subordinados após o trânsito em julgado da sentença

de homologação do Plano.

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VI. EXECUÇÃO DO PLANO E SEUS EFEITOS

A. Âmbito

Com o trânsito em julgado sentença de homologação do Plano, além dos demais

efeitos legais, produzem-se as alterações dos créditos sobre a devedora

introduzidas pelo Plano, independentemente de tais créditos terem sido, ou não,

reclamados ou verificados (artigo 217.º do CIRE), sendo que o trânsito em

julgado da sentença de homologação do Plano inibirá qualquer credor de se opor

à dação em pagamento estabelecida no Plano.

Em conformidade com o previsto no artigo 209.º, n.º 3 do CIRE, os créditos

eventualmente controvertidos em processo de impugnação, ou reconhecidos de

forma condicional, uma vez verificada a condição, terão o mesmo tratamento

que os da classe em que se inserem.

B. Impacto Expectável das Alterações Propostas

O Plano, apresentado pela administração da devedora, tem por finalidade expor

as condições em que esta e os credores definem a continuidade da empresa,

sob administração da devedora, e nomeadamente os termos em que serão feitos

os reembolsos dos créditos sobre a devedora.

Mas, considerando o volume de créditos reconhecidos de aproximadamente 31

milhões de euros, e os valores estimados para os ativos e, principalmente a sua

natureza, nomeadamente em termos de liquidez, não se vislumbra alternativa

que não seja um programa de continuidade da empresa com uma estrutura de

custos reduzida e adaptada à nova realidade de mercado, permitindo libertar os

meios que sejam necessários para satisfazer as suas dívidas.

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Na ausência do apoio dos credores ao Plano, torna-se como certo o cenário de

liquidação abruta dos ativos da empresa. Este cenário caracterizar-se-á,

exclusivamente, pela venda dos ativos e direitos de crédito sobre clientes. E,

como também se depreende, o cenário de não recuperação não deixará de

acarretar perdas substanciais na venda daqueles bens e direitos.

Contudo, importa não esquecer que num cenário de insolvência, as

probabilidades de os credores serem pagos em curto médio prazo são

praticamente nulas, uma vez que segundo a experiência normal de um processo

de insolvência, ainda para mais com as características internacionais que este

deteria, até que se procedesse à efetiva liquidação da sociedade e consequente

pagamento aos credores, passaria um período bastante superior ao que

apresentamos em maturidades neste Plano.

Ademais, atentas as características deste Plano, muitos seriam os custos que a

liquidação do ativo espalhado por diferentes geografias acarretaria para a massa

insolvente (custos de manutenção, segurança, taxas e impostos legais, por

exemplo) e, consequentemente, para os montantes finais a ratear pelos

credores.

Em alternativa, com a aprovação do plano, teremos a expectativa de pagamento

das obrigações assumidas perante todos os credores nos termos supra

expostos.

Assim, atendendo-se ao supra exposto, a aprovação do Plano afigura-

se claramente mais vantajosa que a alternativa da insolvência da

sociedade.

C. Efeitos Legais sobre as Ações Pendentes

Todas as ações declarativas e procedimentos cautelares que têm em vista o

reconhecimento de créditos sobre a CLEAR, deverão prosseguir os seus termos,

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ao abrigo da prerrogativa legal prevista no disposto na parte final do n.º 1, do

artigo 17.º - E, do CIRE, aplicando-se a tais créditos, uma vez reconhecidos, os

termos previstos no Plano para créditos de igual natureza.

No que respeita às ações pendentes à data da apresentação a PER, destinadas

à cobrança de créditos (com exceção das execuções fiscais e das execuções por

dívidas ao Instituto da Segurança Social, I.P.) – e que se encontrem suspensas

– serão consideradas extintas logo que seja aprovado e homologado o presente

Plano, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 17.º - E, n.º 1, do

CIRE.

D. Preceitos Legais Legitimamente Derrogados

Créditos Comuns detidos por Instituições de Crédito vs. Créditos

Comuns detidos por outros credores comuns

Dá-se uma diferenciação no que respeita ao perdão de dívida aplicável a estes

dois tipos de créditos comuns (maior perdão para os credores comuns que sejam

Instituições de Crédito do que para os demais credores comuns), por dois

motivos essenciais:

a) Em primeiro lugar, os fornecedores e prestadores de serviço mostram-se

fulcrais ao desenvolvimento da atividade da CLEAR e, nessa medida, da

conclusão das obras e trabalhos que tem em curso, uma vez que, por um

lado, estas consubstanciarão uma das fontes de fluxo financeiro

fundamental para o suporte das previsões de recuperação da empresa e,

por outro lado, muitos dos credores comuns não bancários são fornecedores

que exercem a sua atividade em Angola como únicos com operação no

mercado angolano relativamente a determinados materiais imprescindíveis

à conclusão dos serviços que a empresa presta nas obras em curso;

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b) Em segundo lugar, a diferenciação estabelecida decorre também da

própria origem dos créditos em causa, visto que os créditos comuns

bancários resultam de relações creditícias que, ab initio, são enquadradas

como de médio-longo prazo, ao passo que os restantes créditos comuns,

aquando do estabelecimento das respetivas relações comerciais, não foram

sequer pensados como relações creditícias ou, pelo menos, nunca como

relações de médio-longo prazo mas sim, ao invés, como de pronto

pagamento ou de curto prazo para o efeito. De facto, a génese das relações

aqui em confronto são objetivamente distintas, uma vez que a razão da sua

existência, a finalidade pela qual são contraídos e a origem que lhes

subjazem são manifestamente diferentes. A verdade é que a proximidade

existente e necessária, estabelecida com os credores comuns não bancários,

é condição fundamental para o exercício da atividade da construção civil e,

consequentemente, na área onde a CLEAR presta os seus serviços

especializados, na qual a confiança na troca de prestações e fornecimento

de materiais é fulcral para um desenvolvimento sustentável do setor, no

âmbito do qual as relações estabelecidas entre os agentes não são pensadas

como relações creditícias de longo prazo, como infelizmente, em função da

crise instalada, e dos problemas de tesouraria, acabou por acontecer com a

CLEAR;

c) Acresce ao exposto que, em total concordância com a diferenciação

proposta, que se baseia na origem e finalidade dos créditos contraídos, o

recente Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, datado de 13 de

outubro de 2016, proferido no Processo n.º 4547/15.6T8VNF.G1, veio

esclarecer que “Conforme se refere no Acórdão do Tribunal da Relação de

Coimbra de 17/3/15 (in www.dgsi.pt), um fundamento objetivo –

porventura o mais claro – de diferenciação dos credores é a distinta

classificação dos créditos da insolvência, designadamente a que os separa

em comuns e privilegiados. Outra razão objetiva, razoável, suscetível de

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Piso 3, 4400-617 Vila Nova de Gaia / Capital Social: 2.000.000,00 € Tel:+351 228 342 200 / [email protected] / www.clear.pt

justificar diferença de tratamento, é, por exemplo, a fonte dos diversos

créditos ou a finalidade visada com a contração de um e de outros.

Realmente parece razoável tratar de forma diferente o crédito

contraído para aquisição de habitação e o crédito assumido para

aquisição de bens de consumo. Outro motivo objetivo de diferenciação

é, por exemplo, o valor dos créditos que, v.g., pode justificar prazos

diferenciados para o seu pagamento. Assim, por exemplo, a jurisprudência

vem reconhecendo a admissibilidade de planos de recuperação nos quais,

estando a essência o património do devedor onerado com uma garantia real

(v.g imóvel/hipoteca) o crédito em função da qual ela foi estabelecida tem

um tratamento claramente mais favorável do que os demais créditos

simplesmente comuns (v. p. ex. Ac. do TRL de 23-1-2014 in www.dgsi.pt).

Deste modo, o princípio da igualdade não implica um tratamento

absolutamente igual, impondo antes que situações objetivamente

diferentes sejam tratadas de modo diferente”; e

d) Por fim, de forma mais genérica, sublinhe-se que para lá dos motivos

supra invocados, a derrogação acima identificada mostra-se objetivamente

justificada em função da nova configuração que o legislador trouxe aos

Planos de Recuperação com a redação dada pela Lei n.º 16/2012, de 20 de

abril, que, procedendo à sexta alteração ao CIRE, passou a privilegiar o

objetivo da recuperação ou revitalização do devedor. Neste sentido, veja-se

o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 25 de março de 2014, no

Processo 6148/12.1TBBRG.G1.S1 - 6.ª Secção, que esclareceu que

“Ponderando que o PER tem como fim primordial a recuperação da empresa,

a derrogação do princípio da igualdade dos credores é legítima num quadro

de ponderação de interesses – o interesse individual por contraposição ao

colectivo – se este se situar num patamar material e fundadamente superior,

em função dos direitos que devem ser salvaguardados, atendendo a sua

relevância pública”.

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Em face do exposto e da redação do artigo 194.º, n.º 1, do CIRE, o princípio da

igualdade não se mostra indevidamente derrogado, uma vez que na sua base

se encontram razões objetivas para o efeito.

E. Incumprimento do Plano

Em caso de incumprimento do presente Plano, pela CLEAR, a moratória e o

perdão neste previstos ficam sem efeito, desde que, com as necessárias

adaptações, tenha sido dado cumprimento, ao disposto no artigo 218.º do CIRE.

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VII. DEFINIÇÕES

No presente Plano, as palavras e expressões iniciadas por maiúsculas terão o

significado que a seguir lhes é conferido, salvo se do contexto em que são

empregues resultar sentido diferente:

CAE – Classificação da Atividade Económica;

CLEAR – a sociedade CLEAR – Instalações Electromecânicas, S.A.

CIRE – Código de Insolvência e Recuperação de Empresas;

Data de Submissão a PER – 31 de agosto de 2016;

PER – Processo Especial de Revitalização;

PERES – Plano Especial de Redução do Endividamento ao Estado e à Segurança

Social, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 67/2016, de 3 de novembro;

Plano – A presente proposta de Plano de Recuperação.

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VIII. ANEXOS

Nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 195.º do CIRE, juntam-se os

seguintes documentos:

- Anexo A: Balanço da empresa a 30 de Setembro de 2016

- Anexo B: Parâmetros utilizados na análise previsional

- Anexo C: Balanços previsionais

- Anexo D: Demonstração dos resultados previsionais

- Anexo E: Demonstração previsional dos fluxos de caixa

Vila Nova de Gaia, 31 de Janeiro de 2017

A Administração

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ANEXOS

Anexo A: Balanço da empresa a 30 de Setembro 2016

Balanço

€' 000 set-16HActivo não correnteActivos fixos tangíveis 105 Investimentos financeiros 558 Activos por impostos diferidos 204 Clientes retenções de garantia - Total do activo não corrente 866 Activo correnteInventários 653 Dívidas de terceiros 13.357 Outros activos correntes 2.250 Caixa e seus equivalentes 216 Total do activo corrente 16.476 Total do activo 17.342 Capital próprioCapital realizado 2.000 Outros instrumentos de capital próprio 6.347 Reservas e resultados transitados (9.050)Resultado líquido do exercício (2.206)Total do capital próprio (2.910)Passivo não correnteProvisões 908 Empréstimos bancários 3.673 Passivos por impostos diferidos 1 Total do passivo não corrente 4.582 Passivo correnteEmpréstimos bancários 4.576 Dívidas a terceiros 9.621 Outros passivos correntes 1.474 Total do passivo corrente 15.670 Total do passivo 20.252 Total do capital próprio e passivo 17.342

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Anexo B: Parâmetros utilizados na análise previsional

Pressupostos macroeconómicos

Fonte: EIU 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026P 2027P 2028P 2029P 2030PEUR/AOA 185,90 203,70 214,40 229,50 242,00 246,84 251,78 256,81 261,95 267,19 272,53 277,98 283,54 289,21 Inflação 1,0% 1,2% 1,4% 1,6% 1,8% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0%

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Anexo C – Balanços previsionais

Balanço histórico e previsional - Clear Portugal

EUR' 000 2016E 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026P 2027P 2028P 2029P 2030PActivo tangível 94 72 46 20 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 4Investimentos financeiros 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558 558Activos por impostos diferidos 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204 204Inventários 653 365 0 - - - - - - - - - - - -Clientes (líq. Adiantamentos) 5.282 245 - - - - - - - - - - - - -Empresas do Grupo 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844 6.844Disponibilidades 216 597 410 818 453 92 237 199 170 153 147 609 356 151 340Total do activo 13.850 8.885 8.062 8.443 8.060 7.699 7.844 7.806 7.778 7.760 7.755 8.217 7.964 7.760 7.949Capital PróprioCapital social 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000Outros instrumentos de CP 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347 6.347Reservas e Resultados Transitados (9.050) (12.139) (10.661) (10.432) (10.200) (9.958) (9.694) (9.426) (9.149) (8.864) (8.569) (8.262) (7.488) (6.453) (5.473)Resultado Líquido (3.089) 1.478 229 232 242 263 269 276 285 295 306 774 1.035 980 1.018Total do capital próprio (3.792) (2.314) (2.085) (1.853) (1.611) (1.348) (1.079) (803) (517) (222) 84 858 1.893 2.874 3.892PassivoProvisões 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908 908Empréstimos bancários 8.520 2.130 2.130 2.130 1.953 1.775 1.598 1.420 1.243 1.065 888 710 355 0 0 Fornecedores 3.228 2.751 1.839 927 618 309 - - - - - - - - -Empresas do Grupo 920 2.420 2.420 3.620 3.620 3.620 4.120 4.120 4.120 4.120 4.120 4.120 3.320 2.520 1.720Passivos por impostos diferidos 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1Outros saldos a pagar (líq.) 4.067 2.989 2.849 2.710 2.571 2.433 2.296 2.160 2.024 1.889 1.754 1.620 1.487 1.457 1.428

Outros 1.895 1.857 1.820 1.783 1.748 1.713 1.678 1.645 1.612 1.580 1.548 1.517 1.487 1.457 1.428EOEP vencidos 1.235 1.133 1.030 927 824 721 618 515 412 309 206 103 0 0 0Pessoal vencidos 748 - - - - - - - - - - - - - -Pessoal - salário 188 - - - - - - - - - - - - - -

Total do passivo 17.643 11.199 10.147 10.296 9.671 9.046 8.922 8.608 8.295 7.982 7.670 7.359 6.070 4.886 4.057Total do CP e passivo 13.851 8.885 8.062 8.443 8.059 7.698 7.843 7.806 7.777 7.760 7.754 8.217 7.964 7.759 7.949

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Anexo D – Demonstração dos resultados previsionais

Demonstração dos resultados histórica e previsional - Clear Portugal

EUR' 000 2016E 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026P 2027P 2028P 2029P 2030PVolume de negócios 3.439 2.977 712 723 737 752 767 783 798 814 830 847 864 881 899% variação (47,0%) (13,4%) (76,1%) 1,6% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0% 2,0%M argem Bruta% Volume de negócios 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Custos de estrutura% Volume de negócios 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Outros ganhos e perdas op.% Volume de negócios 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Custos operacionais (6.482) (2.280) (0) - - - - - - - - - - - - % Volume de negócios 188,5% 76,6% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Estrutura de suporta a Angola n/a (410) (410) (412) (419) (426) (435) (443) (452) (461) (470) (480) (490) (499) (509)% Volume de negócios n/a 13,8% 57,5% 57,0% 56,8% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7% 56,7%EBITDA (3.042) 288 302 311 319 326 333 339 346 353 360 367 374 382 390% EBITDA (88,5% ) 9,7% 42,4% 43,0% 43,2% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3% 43,3%Depreciação e amortização (28) (28) (28) (28) (20) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2)Prov. e perdas de imparidade (0) 3.342 - - - - - - - - - - - - -Custos de reestruturação - (2.100) - - - - - - - - - - - - -Custo líquido de financiamento 41 (24) (29) (36) (41) (43) (44) (43) (40) (36) (31) (26) (18) (6) (0)Outros resultados financeiros - - - - - - - - - - - 487 832 867 901Resultado antes de imposto (3.029) 1.478 245 248 258 281 287 295 304 315 327 826 1.187 1.241 1.289Imposto sobre o rendimento (60) - (15) (16) (16) (18) (18) (19) (19) (20) (21) (52) (153) (261) (271)Resultado líquido (3.089) 1.478 229 232 242 263 269 276 285 295 306 774 1.035 980 1.018

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Anexo E: Demonstração previsional dos fluxos de caixa

M apa de cash-flow - Clear Portugal

EUR' 000 2017P 2018P 2019P 2020P 2021P 2022P 2023P 2024P 2025P 2026P 2027P 2028P 2029P 2030PVolume de negócios 2.977 712 723 737 752 767 783 798 814 830 847 864 881 899 Gastos com pessoal (884) (389) (394) (400) (407) (415) (424) (432) (441) (450) (459) (468) (477) (487)EBITDA 288 302 311 319 326 333 339 346 353 360 367 374 382 390 Investimento em FM 1.763 (31) (639) (36) (35) (34) (34) (33) (32) (32) (31) (30) (30) (29)Investimento em CAPEX (7) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2)Imposto - (15) (16) (16) (18) (18) (19) (19) (20) (21) (52) (153) (261) (271)CFO 2.044 254 (345) 265 272 278 285 292 299 306 282 190 90 88 Saldos vencidosPessoal (936) - - - - - - - - - - - - - EOEP (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) (103) - - Fornecedores - (309) (309) (309) (309) (309) - - - - - - - - Total CF Vencidos (3.139) (412) (412) (412) (412) (412) (103) (103) (103) (103) (103) (103) - - Custos de reestruturação (2.100)Empréstimo accionista 1.500 - 1.200 - - 500 - - - - - (800) (800) (800)Dividendos Angola - - - - - - - - - - 487 832 867 901 CFSD 405 (158) 443 (147) (140) 366 182 189 196 203 666 119 156 189 Serviço da dívidaTotal reembolsos - - - (178) (178) (178) (178) (178) (178) (178) (178) (355) (355) - Total juros + IS (24) (29) (36) (41) (43) (44) (43) (40) (36) (31) (26) (18) (6) (0)Total serviço de dívida (24) (29) (36) (218) (221) (221) (220) (217) (214) (209) (204) (373) (361) (0)FCF 381 (187) 407 (365) (361) 145 (38) (28) (17) (6) 462 (254) (205) 189 FCF acumulado 597 410 818 453 92 237 199 170 153 147 609 356 151 340