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v Proposta de Lei do Orçamento do Estado 2018 outubro de 2017

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Proposta deLei doOrçamentodo Estado2018

outubro de 2017

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EY | Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2018 1

Índice

IRS 3

Segurança Social 7

IRC 9

IVA 13

IEC 15

IMI 18

Adicional ao IMI 18

IMT 19

Imposto do Selo 20

Benefícios fiscais 21

Código Fiscal ao Investimento 27

Código da Insolvência e daRecuperação de Empresas 28

Setor financeiro 29

Contribuições extraordinárias 31

Contencioso Tributário 32

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Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2018 (“PL OE 2018”)

Boa notícia: a PL OE 2018 assenta num princípio basilar de estabilidade.

Má notícia: os termos da estabilidade orçamental omitem algumas alterações que se revelariamimportantes na acentuação da competitividade fiscal do nosso País, nomeadamente em sede deIRC.

Comecemos pelas boas notícias.

A aposta na redução do IRS para os escalões mais baixos é notória. Poderá sempre dizer-se quetal já constava no Programa do Governo e que a comunicação social havia já vinculado uminvestimento em receita cessante de €200 milhões. No entanto, pelas simulações realizadas,suspeitamos que o montante é bem superior a esse, aproximando-se o valor correto ao dobrodessa quantia.

Essa “devolução” é efetuada de forma seletiva. Uma arquitetura articulada:

► de escalões (dois novos);

► de taxas (com o desdobramento do 2.º e 3.º escalões, com taxas de 23% e 35%,respetivamente, quando as anteriores eram de 28,5% e 37%);

► de atualização de mínimo de existência (que passa de €8.500,00 para €8.847,72),

origina uma natural redução de tributação centrada nos agregados familiares com rendimentosbrutos situados entre €10.000,00 e €40.000,00.

Uma outra novidade relevante a este respeito: existe uma tendência de aproximação detratamento fiscal dos titulares de rendimentos da categoria B com o regime aplicável à categoriaA. Sendo um movimento meramente aproximativo neste momento, esta tendência deveráacentuar-se nos próximos anos.

Carlos LoboNational Tax DirectorEY Portugal

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Verificamos, igualmente, uma modificação estrutural ao nível dos cheques-educação, quepassam a ser tributados na sua totalidade em sede de IRS. A medida é compensada pela previsãode uma nova dedução à coleta, para efeitos de despesa de educação e formação, a qual tem olimite de € 200,00 anuais (mas sempre sujeito ao limite global de € 900,00) relativamente àsdespesas com o arrendamento de imóvel ou parte de imóvel, no caso de estudantes até 25 anosque se encontrem deslocados da residência permanente do agregado familiar, desde que dosrecibos conste a menção de que o arrendamento se destina a um estudante deslocado.

Todas estas medidas, conjugadas com o aumento das pensões, demonstram claramente a opçãodo governo na eleição do IRS e da devolução do rendimento às famílias como a opção basilardesta PL OE 2018.

Boa notícia é a inexistência de qualquer alteração ao nível da derrama estadual. O agravamentoda mesma significaria a rotura com um modelo de estabilidade que vigorava até agora. Esseagravamento seria despropositado e desnecessário. Despropositado porque daria um sinalerrado ao futuro. Desnecessário, porque a receita recebida seria pouco significativa, ou seja,manifestamente desproporcional perante o efeito reputacional negativo originado.

Uma coisa é dar prioridade no benefício a um imposto em detrimento de um outro. Algo bemmais grave resultaria de um agravamento arbitrário em sede de IRC. Mais corretas afiguram-se-nos modificações como a que prevê que a venda de ações numa sociedade não residente deverápassar a ser tributada em Portugal, ainda que seja realizada por uma entidade não residente,quando a maioria do património seja constituído por imóveis em Portugal não afetos a umaatividade empresarial. Apesar de acentuar a tendência de centralização da tributação nosimóveis – que não podem fugir para outras jurisdições – em contraste com outras realidades,consiste numa opção justificável em sede de política fiscal geral.

Positiva é igualmente o reforço dos incentivos fiscais à reabilitação urbana.

Por sua vez, a vertente das más notícias é comparativamente reduzida em comparação com ovolume de boas notícias. Porém, isso será normal uma vez que o orçamento tem claramente umobjetivo de “devolução de rendimentos” às famílias.

Neste aspeto, salienta-se a atualização das taxas dos IEC, como o IABA, ao valor da inflação.Ora, no caso das bebidas alcoólicas, é já evidente a tendência de redução da receita à medidaque as taxas do imposto aumentam. Neste quadro, seria conveniente que Portugal, àsemelhança do Reino Unido e da Dinamarca, optasse por aplicar um congelamento de taxas porum ano de forma a verificar-se o comportamento da receita. De facto, a comprovar-se que a umaumento de taxa corresponde uma redução da receita estar-se-á a violar o princípio delegitimação desses impostos: precisamente a angariação de receita.

Em síntese, a PL OE 2018 aparenta-se positiva, em termos de saldo líquido, procedendo a umaefetiva devolução de rendimentos na ordem dos €400 milhões para os contribuintes maisdesfavorecidos.

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (“IRS”)

Tributação dos “vales-educação”

A PL OE 2018 prevê a sujeição a tributação em sede de IRS dos “vales-educação” (para filhos eequiparados entre 7 e 25 anos de idade), os quais passarão a qualificar na sua totalidade comorendimento de trabalho dependente (em 2017, os “vales-educação” encontram-se excluídos deIRS até ao valor anual de €1.100,00 por dependente). Mantém-se, contudo, a exclusão detributação para os “vales-infância” (destinados a pagamentos de creches, jardins-de-infância elactários de crianças até aos 7 anos de idade).

Exclusão de tributação

Prevê-se a exclusão de tributação de uma percentagem dos rendimentos da Categoria A dossujeitos passivos que desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público,ao serviço do Estado Português. Esta percentagem será fixada por despacho conjunto dosmembros do Governo com a tutela na área das finanças e dos negócios estrangeiros, edeterminada para cada país de exercício de funções tendo, de igual modo, em conta a relação deparidade de poder de compra entre Portugal e esse país. Por último, esta exclusão está prevista,unicamente, para sujeitos passivos que não beneficiem de abono – para a mesma finalidade –isento ou não sujeito a IRS.

Deixam de estar sujeitas a IRS as bolsas atribuídas pelo Comité Olímpico/Paralímpico de Portugalaos treinadores dos praticantes de alto rendimento desportivo.

A PL OE 2018 prevê ainda uma exclusão de tributação no que concerne às compensações esubsídios, referentes à atividade voluntária, pagos pelas entidades detentoras de corpos debombeiros, no âmbito do dispositivo conjunto de proteção e socorro na Serra da Estrela.

Mais-valias

Relativamente às mais-valias imobiliárias, a PL OE 2018 introduz uma flexibilização natransferência de imóveis do património particular para o património empresarial, e vice-versa,permitindo a continuação do diferimento de tributação de mais-valias aquando da desafetaçãoda atividade empresarial, na medida em que os imóveis continuem afetos ao arrendamento.

No que respeita a mais-valias mobiliárias, encontra-se a ser considerada a introdução de umanova regra de incidência territorial, no âmbito da qual serão considerados rendimentos obtidos –em particular, por sujeitos passivos não residentes – em território português (e, por conseguinte,aqui sujeitos a tributação), as mais-valias resultantes da transmissão onerosa de partes decapital ou direitos similares em sociedades com sede no estrangeiro quando, em qualquermomento durante os 365 dias anteriores, o valor dessas partes de capital ou direitos, resulte,direta ou indiretamente, em mais de 50%, de bens imóveis situados em território português (comexceção de bens imóveis afetos a uma atividade de natureza agrícola, industrial ou comercialque não consista na compra e venda de bens imóveis).

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Na prática, pessoas singulares não residentes poderão ser tributadas em Portugal relativamenteà alienação de partes de capital em sociedades estrangeiras que detenham, direta ouindiretamente, imóveis em território português.

Regime simplificado

No âmbito do regime simplificado, aplicável aos rendimentos de trabalho independente(Categoria B), a PL OE 2018 contempla a previsão de uma regra de rendimento mínimo, nostermos da qual, após a aplicação dos coeficientes, o rendimento tributável não pode ser inferior:

► Ao que seria obtido através da aplicação da dedução prevista para os rendimentos detrabalho dependente (€4.104,00); ou, se inferior,

► Ao que seria obtido após a dedução de um conjunto de despesas (especificamenteidentificadas na lei) relacionadas com a atividade, desde que sejam emitidas no Portal dasFinanças, ou constem de outros documentos. Para este efeito, o valor das despesas serácalculado pela Autoridade Tributária (“AT”) com base nas informações comunicadas peloscontribuintes através do Portal das Finanças até dia 15 de fevereiro do ano seguinte, semprejuízo da inclusão das mesmas, via declaração de IRS – Modelo 3, por parte do sujeitopassivo (à semelhança do que já acontece com as deduções à coleta).

A presente alteração poderá traduzir-se num aumento significativo do IRS devido pelos sujeitospassivos que aufiram rendimentos da Categoria B no âmbito do regime simplificado, colocandoem causa o carácter de simplificação do próprio regime.

Taxas

Contempla-se a introdução de dois novos escalões à tabela de taxas gerais de IRS, já a partir dejaneiro de 2018, em resultado do desdobramento dos atuais 2.º e 3.º escalões (atualmente comtaxas de 28,5% e 37%), estando previstas as taxas de 23% e 35%, respetivamente, conformetabelas comparativas infra:

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Mínimo de existência

A PL OE 2018 prevê a alteração do valor correspondente ao mínimo de existência, o qual deverápassar de €8.500,00 para €8.847,72 (passando a ficar associado ao Indexante de ApoiosSociais (“IAS”)), não podendo o valor de rendimento líquido de imposto ser inferior a €7.798,00.Considera-se também a aplicação de tal mínimo aos sujeitos passivos que aufirampredominantemente rendimentos da Categoria B provenientes de atividades constantes databela prevista no artigo 151º do Código do IRS, tal como já se encontrava previsto pararendimentos do trabalho dependente e pensões.

Rendimentos trabalho dependente auferido por estudantes

A PL OE 2018 prevê a introdução de uma taxa liberatória de 10% para importâncias auferidas aoabrigo de contrato de trabalho por estudante dependente matriculado no ensino secundário, póssecundário não superior ou no ensino superior, incluindo as importâncias auferidas por menorem espetáculo ou outra atividade de natureza cultural, durante as férias escolares, até ao limiteanual de €2.106,60, com a possibilidade de opção pelo englobamento.

Residentes na União Europeia (U.E.) ou no Espaço Económico Europeu (E.E.E.)

À semelhança do que já sucede relativamente a outros rendimentos, prevê-se que os sujeitospassivos residentes noutro estado-membro da U.E. ou do E.E.E. possam optar por ser tributadosàs taxas gerais de IRS, no que concerne a rendimentos prediais, desde que, no caso do E.E.E.,exista intercâmbio de informação em matéria fiscal. Para efeitos de determinação da taxaaplicável, serão considerados todos os rendimentos, incluindo os obtidos no estrangeiro, nasmesmas condições que são aplicáveis aos residentes.

Dedução de despesas de formação e educação

Passam a ser dedutíveis à coleta de IRS – para efeitos de despesa de educação e formação – como limite de €200,00 anuais (mas sempre sujeito ao limite global de €900,00) as despesas com oarrendamento de imóvel ou parte de imóvel, no caso de estudantes até 25 anos que (i)frequentem estabelecimentos de ensino integrados no sistema nacional de educação oureconhecidos como tendo fins análogos pelos ministérios competentes, ou por entidadesreconhecidas pelos ministérios que tutelam a área da formação profissional e (ii) se encontremdeslocados da residência permanente do agregado familiar.

Para garantir a possibilidade de dedução à coleta das referidas despesas, as faturas terão queser comunicadas à AT e com a expressa menção de que o arrendamento se destina a umestudante deslocado.

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Autorizações legislativas

No âmbito da PL OE 2018, o Governo fica autorizado, no período de 1 ano, a introduzir apossibilidade de incluir na dedução do IVA suportado despesas relacionadas com a aquisição deserviços de mobilidade (bike sharing e car sharing), à semelhança do que acontece, atualmente,relativamente a despesas relacionadas com alojamento, restauração, reparação automóvel,cabeleireiros, veterinários e passes mensais, com limite global de €250,00.

Encontra-se igualmente prevista uma autorização legislativa para, no período de 90 dias, sercriado um benefício fiscal, consubstanciado numa isenção de IRS ou IRC, para os contribuintesque adiram ao programa de arrendamento acessível, relativamente aos respetivos rendimentosprediais. No caso de arrendamento habitacional de longa duração, o Governo fica autorizado aintroduzir taxas mais favoráveis em sede de IRS ou IRC.

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Segurança Social

Pensionistas de invalidez ou velhice em exercício de funções públicas

A PL OE 2018 prevê que os pensionistas de invalidez ou velhice em exercício de funçõespúblicas passem a ter direito à proteção na eventualidade de doença. Está ainda a serequacionada a introdução de uma taxa contributiva de 29,6% (20,4% para as entidadesempregadoras e 9,2% para os trabalhadores) relativamente aos pensionistas de invalidez emexercício de funções públicas, bem como uma taxa contributiva de 25,3% (17,5% para asentidades empregadoras e 7,8% para os trabalhadores) relativamente aos pensionistas develhice em exercício de funções públicas.

Regime contraordenacional de Segurança Social

Encontra-se prevista a dispensa de prestação de garantia no âmbito de processos executivos dedívidas à Segurança Social, nas situações em que, à data do pedido de pagamento emprestações, a dívida seja inferior a €5.000,00, para pessoas singulares, ou €10.000,00, parapessoas coletivas.

O Governo fica autorizado, no prazo de 1 ano, a introduzir alterações ao regimecontraordenacional previsto no Código Contributivo de Segurança Social, no sentido da revisãodos montantes das coimas, das situações de atenuação e agravamento, das regras de concurso,das situações de dispensa de coima, das sanções acessórias e da consagração de novas regraspara a classificação das contraordenações.

Subsídio de desemprego

Nos termos da PL OE 2018, será aplicável, em 2018, a majoração de 10% dos subsídios dedesemprego ou por cessação de atividade para agregados familiares com filhos em que ambosos cônjuges ou unidos de facto, ou parente único no caso de famílias monoparentais, sãotitulares do referido subsídio.

Igualmente, deverá ser prorrogada por mais um ano a medida extraordinária de apoio aosdesempregados de longa duração, nos termos da qual, mediante a verificação de determinadascondições, é atribuída uma prestação mensal de valor igual a 80% do montante do últimosubsídio social de desemprego recebido durante um período de 180 dias contados a partir dadata da apresentação do requerimento.

Atualização extraordinária de pensões

Com o propósito de compensar a perda de poder de compra dos pensionistas com pensões maisbaixas, a PL OE 2018 contempla uma atualização extraordinária de €10,00 (em agosto de2018) aos pensionistas com pensões de valor igual ou inferior a 1,5 IAS.

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Aos pensionistas que recebam, pelo menos, uma pensão cujo montante fixado tenha sidoatualizado no período entre 2011 e 2015, a atualização prevista no número anteriorcorresponde a €6,00.

Medidas de transparência contributiva e partilha de informação

A PL OE 2018 reitera as medidas de transparência contributiva já implementadas no OE 2016 eque permaneceram em vigor em 2017, que incluem, entre outras, a partilha de dados relativosàs prestações sociais pagas pela Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações, com a AT.Em contrapartida, a AT deve enviar à Segurança Social e à Caixa Geral de Aposentações osvalores relativos aos rendimentos apresentados nas declarações de IRS.

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (“IRC”)

Mais-valias realizadas por entidades não residentes com a transmissão onerosa de partes decapital em entidades sem sede ou estabelecimento estável em Portugal

Uma das grandes novidades da PL OE 2018, em sede de IRC, passa pelo alargamento da regrade incidência (objetiva) de tributação às mais-valias realizadas por entidades não residentes emPortugal, com a transmissão onerosa de partes de capital ou de direitos similares (por exemplo,unidades de participação) em sociedades ou outras entidades também não residentes e semestabelecimento estável em Portugal, quando, em qualquer momento durante os 365 diasanteriores à transmissão, o valor das partes de capital ou direitos transmitidos resulte, em maisde 50%, de bens imóveis ou direitos reais sobre bens imóveis situados em território português,ainda que detidos indiretamente, ou seja, através de outras sociedades ou entidades.

Excetuam-se, todavia, os casos em que os imóveis ou direitos reais sobre bens imóveis estejamafetos a uma atividade de natureza agrícola, industrial ou comercial, desde que essa atividadenão consista na compra e venda de bens imóveis.

Esta alteração reflete a posição adotada por Portugal, relativamente à tributação de mais-valias,no âmbito da Convenção Multilateral para Prevenir a Erosão da Base Tributável e aTransferência de Lucros, a qual terá impacto nas Convenções para Evitar a Dupla Tributaçãocelebradas por Portugal.

Determinação do lucro tributável

Para efeitos da determinação do lucro tributável, o artigo 17.º do Código do IRC passa aestabelecer que a contabilidade terá, obrigatoriamente, de ser organizada com recurso a meiosinformáticos. Neste sentido, o n.º 5 do artigo 123.º do Código do IRC foi também ajustado, nosentido de constatar esta obrigatoriedade e indicando que a conservação da documentaçãorelativa à análise, programação e execução dos tratamentos informáticos terá que serconservada por um período de 10 anos.

Determinação do lucro tributável imputável a estabelecimentos estáveis situados fora doterritório português

A PL OE 2018 prevê expressamente que, na determinação do lucro tributável imputável aestabelecimentos estáveis situados fora do território português, o sujeito passivo deve adotarcritérios de imputação proporcional que sejam adequados e devidamente justificados para arepartição dos gastos e perdas relacionados, quer com a atividade dos estabelecimentosestáveis do sujeito passivo, quer com a atividade do próprio sujeito passivo.

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A referida regra vai ao encontro das recomendações da OCDE em matéria de alocação de lucrosa estabelecimentos estáveis e implicará um reforço dos critérios utilizados, por sujeitos passivosresidentes em Portugal, na determinação dos seus próprios lucros tributáveis ou prejuízosfiscais, bem como na determinação dos lucros imputáveis aos seus estabelecimentos estáveissituados fora do território português. A introdução desta regra visa introduzir um maior controlona repartição de gastos entre a sede em Portugal e o estabelecimento estável situado fora doterritório português, independentemente de ser ou não exercida a opção prevista no n.º 1 doartigo 54.º-A do Código do IRC.

Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais

A PL OE 2018 consagra que a contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica não éum encargo dedutível para efeitos da determinação do lucro tributável, em linha com o jáprevisto para as contribuições sobre o sector bancário e sobre o sector energético.

Créditos incobráveis

Prevê-se que os créditos incobráveis possam ser diretamente considerados gastos ou perdas doperíodo de tributação, ainda que o respetivo reconhecimento contabilístico já tenha ocorrido emperíodos de tributação anteriores, sendo que tal passa a verificar-se, em caso de processo deinsolvência, quando a mesma for decretada de caráter limitado ou quando for determinado oencerramento do processo por insuficiência de bens, ao abrigo da alínea d) do n.º 1 do artigo230.º e do artigo 232.º, ambos do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, ouapós a realização do rateio final, do qual resulte o não pagamento definitivo do crédito e, ainda,em processo de insolvência ou em processo especial de revitalização, quando seja proferidasentença de homologação do plano de insolvência ou do plano de recuperação que preveja o nãopagamento definitivo do crédito.

Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento

Alteram-se os n.º 6 e 7 do artigo 67.º do Código do IRC, no sentido de se clarificar que a opçãopelo apuramento da limitação dos gastos de financiamento líquidos numa lógica de Grupo(RETGS), a qual deverá ser mantida por um período mínimo de três anos (a contar da data emque se inicia a sua aplicação), será automaticamente prorrogável por períodos de um ano,exceto no caso de renúncia. Passa igualmente a estar expressamente previsto o procedimentopara a comunicação de renúncia, a qual terá de ser apresentada, por transmissão eletrónica dedados, até ao fim do 3.º mês do período de tributação em que se pretenda exercer a opção derenúncia.

Adicionalmente, e em conformidade com a alteração efetuada no sentido de se estabelecer anão dedutibilidade fiscal dos gastos com a contribuição extraordinária sobre a indústriafarmacêutica, é introduzida a alínea g) no n.º 13 do artigo 67.º do Código de IRC, que passa aindicar que a referida contribuição deverá ser expurgada no apuramento do “EBITDA fiscal”, oqual serve de base ao apuramento dos gastos de financiamento líquidos dedutíveis para efeitosfiscais, nos termos da referida norma.

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Tributação autónoma

A PL OE 2018 vem acrescentar o n.º 21 ao artigo 88.º do Código de IRC (“taxas de tributaçãoautónoma”), ao qual é atribuída natureza interpretativa, no sentido de impossibilitar qualquerdedução ao montante global da liquidação da tributação autónoma, mesmo que essa deduçãodecorra de legislação especial.

A presente alteração surge no seguimento de inúmeros processos de contencioso fiscal, entre aAT e vários contribuintes e após várias decisões de Tribunais Judiciais e Arbitrais, sobre esteassunto, nem sempre uniformes, visando-se agora estancar a discussão subjacente e em sentidofavorável à AT.

Procedimento e forma de liquidação

De acordo com a nova redação proposta do n.º 1 do artigo 90.º do Código do IRC, na falta deapresentação da declaração de rendimentos Modelo 22, a liquidação de IRC passa a poder terpor base a matéria coletável determinada, com base nos elementos de que a AT disponha, deacordo com as regras do regime simplificado e mediante a aplicação de um coeficiente de 0,75.A versão atual desta norma estabelece que, nestes casos, a liquidação de IRC pode apenas terpor base o valor anual da retribuição mínima mensal ou, quando superior, a totalidade damatéria coletável do período de tributação mais próximo que se encontre determinada. Nostermos da alteração proposta, a liquidação de IRC terá por base o maior dos valores apuradosnos termos dos três critérios aqui indicados.

Resultado da liquidação

O artigo 92.º do Código do IRC estabelece, atualmente, que a liquidação do IRC (efetuada nostermos do artigo 90.º) não pode ser inferior a 90% do montante que seria apurado se o sujeitopassivo não usufruísse de benefícios fiscais e do regime previsto no n.º 13 do artigo 43.º. Estaregra, que se mantém inalterada, visa limitar a utilização de determinados benefícios fiscais. Nãoobstante, o n.º 2 do artigo 92.º elenca uma lista de benefícios fiscais que são excluídos dareferida limitação. A PL OE 2018 vem acrescentar a esta lista o incentivo à produçãocinematográfica e audiovisual (já que essa exclusão já havia sido consagrada para o incentivo àprodução cinematográfica no OE 2017).

Obrigações declarativas

A PL OE 2018 vem estabelecer que as entidades que apenas aufiram rendimentos não sujeitos aIRC ficam desoneradas da apresentação da declaração de rendimentos Modelo 22, excetoquando estejam sujeitas a uma qualquer tributação autónoma. Adicionalmente, estabelece-seque, relativamente ao ano da dissolução, poderão ter de ser entregues duas declarações derendimentos Modelo 22.

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Regime de tributação dos resultados internos

É prorrogado para 2018 o regime de tributação de 25% dos resultados internos que tenham sidoeliminados ao abrigo do anterior regime de tributação pelo lucro consolidado, em vigor até2000, ainda pendentes de tributação, no termo do período de tributação com início em ou após1 de janeiro de 2016. Prevê-se, ainda, um pagamento por conta autónomo relativamente aoimposto daí decorrente (apurado a uma taxa de 21% sobre o valor dos resultados internosincluídos no lucro tributável do grupo, o qual será dedutível ao imposto a pagar naautoliquidação de IRC do mesmo período de tributação), a efetuar em julho de 2018 (ou no 7ºmês do período de tributação com início em ou após 1 de janeiro de 2018).

Consignação de receita de IRC ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social

É prevista uma consignação de receita faseada (no período 2018 a 2021) de IRC ao Fundo deEstabilização Financeira da Segurança Social, do valor correspondente a 2 p.p. das taxas de IRC,Derrama Estadual e tributação autónoma.

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Imposto sobre o Valor Acrescentado (“IVA”)

Regularizações de IVA de créditos incobráveis

A PL OE 2018 prevê a possibilidade de os sujeitos passivos deduzirem o imposto relativo acréditos considerados incobráveis em processos de insolvência, quando a mesma for declaradade carácter limitado, ou quando for determinado o encerramento do processo por insuficiênciade bens ou após a realização do rateio final, do qual resulte o não pagamento definitivo docrédito e, ainda, em processo de insolvência ou em processo especial de revitalização, quandoseja proferida sentença de homologação do plano de insolvência ou do plano de recuperação quepreveja o não pagamento definitivo do crédito.

Com esta alteração é eliminada a referência quanto à possibilidade de os sujeitos passivosdeduzirem o imposto relativo a créditos considerados incobráveis, em processos de insolvência,após o trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos.

Prazo de caducidade

Para efeitos do prazo de caducidade, a PL OE 2018 dispõe que nas situações em que se trate deliquidação adicional, emitida nos termos do artigo 78.º-C do Código do IVA, aquele passa a sercontado a partir da notificação do adquirente, efetuada por via eletrónica, para que este efetuea correspondente retificação do imposto a favor do Estado da dedução inicialmente efetuada.

Adicionalmente, a PL OE 2018 prevê que, até ao final do prazo de caducidade, as retificações etributações oficiosas possam ser integradas ou modificadas com base no conhecimento de novoselementos.

Pagamento do imposto

A PL OE 2018 vem revogar a alínea d) do n.º 8 do artigo 27.º do Código do IVA, na qual seprevia que os sujeitos passivos podiam optar pelo pagamento do imposto devido pelasimportações de bens, desde que não beneficiassem, à data em que a opção produzia efeitos, dediferimento do pagamento do IVA relativo a anteriores importações.

Taxas de IVA

A PL OE 2018 vem alterar a verba 2.24 da Lista I do Código do IVA (verbas da taxa reduzida deIVA). Atualmente esta verba prevê apenas a possibilidade de aplicação da taxa reduzida àsempreitadas de reabilitação de imóveis que sejam contratadas diretamente pelo Instituto daHabitação e da Reabilitação Urbana, I. P. (“IHRU, I.P.”). Acrescenta-se a possibilidade daaplicação da taxa reduzida para as empreitadas que também sejam contratadas, pela sociedadegestora, diretamente, para o Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado.

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Por seu turno, a PL OE 2018 adita a verba 2.7 da Lista II do Código do IVA (verbas da taxaintermédia de IVA), na qual se estabelece a possibilidade de aplicação da mesma aosinstrumentos musicais.

Autorizações legislativas

A PL OE 2018 prevê um conjunto de autorizações legislativas no âmbito do IVA, a saber:

► Introdução de alterações à verba 3.1 da Lista II do Código do IVA, de forma a ampliar a suaaplicação a outras prestações de serviços de bebidas, alargando-a a bebidas que seencontram atualmente excluídas. A oportunidade e a extensão das alterações a introduzirdependem das conclusões do já criado grupo de trabalho interministerial.

► Consagração de uma derrogação à regra geral de incidência subjetiva do IVA relativamentea certas transmissões de bens de produção silvícola, estabelecendo-se que o sentido e aextensão das alterações a introduzir devam ser: (i) alterar o artigo 2.º do Código do IVA,para que se estabeleça que passem a figurar como sujeitos passivos do imposto osadquirentes de cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca que disponham de sede,estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e que pratiquem operações queconfiram o direito à dedução total ou parcial do imposto (ii) estabelecer as normas eprocedimentos a adotar pelos sujeitos passivos abrangidos, bem como os mecanismospara o respetivo controlo. A possibilidade desta alteração ser introduzida fica dependenteda obtenção de decisões favoráveis por parte das instituições europeias competentes.

► Avaliação de impacto da diminuição dos custos de cumprimento das obrigações previstasno Código do IVA, por forma a alterar os artigos 29.º, 40.º e 41.º do referido diploma(obrigações em geral, faturas simplificadas e prazo de entrega das declarações periódicas),com o objetivo de simplificar o cumprimento das obrigações dos sujeitos passivos que seencontrem enquadrados nos Códigos de Atividade Económica (“CAE”) correspondente aAtividades dos Parques de Diversão e Temáticos (93210) e Outras Atividades de Diversãoe Recreativas (93294), sem prejuízo de se estender o âmbito de aplicação da mesma aoutros sujeitos passivos.

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Impostos Especiais de Consumo (“IEC”)

Imposto sobre o álcool, as bebidas alcoólicas e as bebidas adicionadas de açúcar ou outrosedulcorantes (“IABA”)

A PL OE 2018 introduz o Imposto sobre os Alimentos com elevado teor de sal (o qual incidirásobre os produtos que tenham um teor de sal igual ou superior a 1gr sal/100gr produto),aplicável a bolachas e biscoitos, alimentos que integrem flocos de cereais e cereais prensados,bem como batatas fritas ou desidratadas. O novo imposto aplica-se mesmo aos produtosadquiridos noutro estado-membro, exceto quando os mesmos sejam comprovadamenteadquiridos para uso pessoal e transportados pelo próprio consumidor. De acordo com a PL OE2018, presume-se que a detenção dos anteditos produtos terá fins comerciais e não pessoaissempre que seja excedido o limite quantitativo de 5kg de produto acabado. A taxa do impostoaplicável é de €0,80/kg por produto acabado.

No que respeita ao “SugarDrink Tax”, aplicável a bebidas adicionadas de açúcar ou outrosedulcorantes, a PL OE 2018 prevê a introdução de taxas específicas relativamente aosconcentrados, sob a forma de xarope ou pó, destinados à preparação de bebidas, variáveis emfunção do teor e quantidade de açúcar.

Imposto sobre o Tabaco (“IST”)

Relativamente às taxas de IST, a PL OE 2018 prevê uma alteração do elemento específico doscigarros, o qual aumenta de €93,58 para €94,89 (i.e., 1,4%, ao nível da taxa de inflação). Prevê-se ainda uma redução em 1 ponto percentual no elemento ad valorem aplicável à tributação doscigarros e ao tabaco de enrolar (atualmente de 16%, baixando para 15%).

Quanto aos charutos e cigarrilhas, a PL OE 2018 prevê a manutenção da componente advalorem destes produtos em 25%. Prevê-se também uma subida do imposto mínimo, de €400,00para €405,60 por milheiro de charutos, e de €60,00 para €60,84 por milheiro de cigarrilhas.

Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (“ISPE”)

Em sede de ISPE, a PL OE 2018 prevê a redução da taxa aplicável ao gás natural usado comocarburante para €1,15/GJ (atualmente é de €2,87/GJ), mantendo, porém, a tendênciageneralizada de subida sempre que o gás natural seja utilizado como combustível, caso em quese prevê um aumento na ordem dos €0,307/GJ (atualmente o valor da taxa é de €0,303/GJ).Prevê-se ainda o aumento da taxa aplicável ao metano e aos gases de petróleo usados comocarburante (€133,56/1.000kg) ou como combustível (€7,92 e €9,13/1.000kg), bem comoaumento da taxa aplicável ao acetileno quando usado como combustível. A PL OE 2018mantém, em sede de ISPE, a aplicação de um fator de adicionamento de dióxido de carbono(CO2) idêntico ao anterior.

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Ainda em sede de ISPE, a PL OE 2018 prevê a exclusão do âmbito da isenção atualmente emvigor dos produtos classificados e abrangidos pelos códigos NC 2701, NC 2702 e NC 2704 (v.g.,hulhas, briquetes, lenhites, coques, carvão de retorta e outros produtos semelhantes) quandoutilizados na produção de eletricidade, de eletricidade e calor (cogeração) ou de gás de cidadepor entidades que desenvolvam tais atividades como sua principal.

Prevê-se a exclusão do âmbito da isenção de vários produtos petrolíferos e energéticos (v.g.,hulhas, lenhites, coques, betume de petróleo e outros resíduos dos óleos de petróleo ou deminerais betuminosos, fuelóleo com teor de enxofre igual ou inferior a 1%, gás de petróleo eoutros hidrocarbonetos gasosos) quando utilizados em instalações sujeitas ao regime decomércio europeu de emissão de licenças de gases com efeitos de estufa por entidades quedesenvolvam a atividade de produção de eletricidade, de eletricidade e calor (cogeração) ou degás de cidade como sua atividade principal.

A PL OE 2018 introduz uma norma transitória relativamente aos produtos petrolíferos eenergéticos, a vigorar durante o ano de 2018, quanto aos produtos classificados e abrangidospelos códigos NC 2701, NC 2702 e NC 2704 utilizados em sede de processos de cogeração oude gás de cidade, por entidades que desenvolvam essas atividades como sua atividade principal,sendo tributados com uma taxa correspondente a 10% da taxa de ISPE e com uma taxacorrespondente a 10% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2. Numa ótica dedescarbonização da sociedade num programa a 4 anos, a PL OE 2018 vem introduzir a alteraçãodas referidas percentagens com aumentos sucessivos de 25%/ano até 2022 (ou seja, 25% em2019; 50% em 2020; 75% em 2021 e 100% em 2022). As receitas obtidas serão consignadas aosistema elétrico nacional ou à redução do défice tarifário do sector energético e a fundosambientais.

Imposto sobre Veículos (“ISV”)

Relativamente ao ISV, prevê-se que a parcela a abater da tabela A venha a aumentar de 0,8%para 1,38%. Em termos práticos, prevê-se que as componentes ambientais e cilindradaapresentem aumentos ao nível da inflação, agravando-se, todavia, na ordem dos 4,4% em sededas taxas aplicáveis a motociclos, triciclos e quadriciclos.

Em sede das isenções aplicáveis no âmbito do ISV e no que importa aos veículos transmitidos emvida ou em morte sempre que ocorra a transferência de residência de um outro estado-membroou país terceiro, a PL OE 2018 prevê a redução do período mínimo de residência, carecendo defixação em território nacional nos termos atualmente em vigor. Prevê-se ainda a eliminação danecessidade de obtenção de um certificado de residência oficial onde conste a data do início ecessação da residência para efeitos de reconhecimento da isenção por transferência deresidência.

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Por outro lado, prevê-se a introdução de uma nova norma em sede do ISV quanto a veículosadquiridos por via sucessória por um residente em território nacional a um residente noutroestado-membro ou país terceiro, os quais podem agora ser introduzidos no consumo comisenção de ISV, mediante o cumprimento de certas formalidades.

Imposto único de Circulação (“IUC”)

Em sede de IUC, a PL OE 2018 prevê a redução das atuais taxas adicionais de CO2 em vigor paraos veículos da categoria B, matriculados em território nacional após 1 de janeiro de 2017.Assim, entre 180 até 250 gr/km, a taxa reduz-se de €38,08 para €28,92 e, no escalão de CO2superior a 250 gr/km, reduz-se de €65,24 para €58,04).

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Imposto Municipal sobre Imóveis (“IMI”)

Em sede do IMI, é introduzida uma nova disposição relativamente à informação matricial, noâmbito da qual os dados relativos aos prédios averbados na matriz predial em nome dos sujeitospassivos passam a constar, obrigatoriamente, do Portal das Finanças.

Vem ainda a PL OE 2018 esclarecer que, nos casos em que a matriz predial não reflita atitularidade dos prédios que integram a comunhão dos bens dos sujeitos passivos casados,devem estes, até 15 de fevereiro, comunicar a identificação dos imóveis comuns. Mediante estacomunicação, a AT procede à atualização da matriz predial, com efeitos a 1 de janeiro desseano.

Adicional ao IMI (“AIMI”)

Nos termos da PL OE 2018, as cooperativas de habitação e construção passam a estar sujeitasao AIMI, ainda que sejam exclusivamente proprietárias, usufrutuárias ou superficiárias deprédios para construção de habitação social ou a custos controlados.

No que concerne as regras de determinação do valor tributável, propõe a PL OE 2018 que nãosão considerados como sujeitos ao AIMI: (i) os prédios que no ano anterior tenham estadoisentos ou não sujeitos a IMI; (ii) os prédios que se destinem exclusivamente à construção dehabitação social ou a custos controlados e cujos titulares sejam cooperativas de habitação econstrução ou associações de moradores; e (iii) os prédios ou partes de prédios urbanos cujostitulares sejam cooperativas de habitação e construção, associações de moradores oucondomínios, na medida em que o valor patrimonial tributário de cada prédio ou parte de prédionão exceda 20 vezes o valor anual do IAS. Cumpre referir que a introdução desta regra temcaráter interpretativo.

No que respeita a opção pela tributação conjunta do AIMI, determina-se que a mesma é válidaaté ao exercício da respetiva renúncia. Realizada esta opção, haverá lugar a uma únicaliquidação, sendo ambos os sujeitos passivos solidariamente responsáveis pelo pagamento doimposto.

Adicionalmente, o regime introduzido pela PL OE 2018 é aplicável aos sujeitos passivos quetenham exercido esta opção no decurso do período de tributação de 2017.

Finalmente, a PL OE 2018 prevê ainda de forma expressa, que esta declaração de opção pelatributação conjunta deverá resultar igualmente na atualização da informação referente àtitularidade dos imóveis constante da matriz predial urbana.

No que respeita aos prédios detidos por pessoas coletivas afetos a uso pessoal dos titulares dorespetivo capital, dos membros dos órgãos sociais ou de quaisquer órgãos de administração,direção, gerência ou fiscalização ou dos respetivos cônjuges, ascendentes e descendentes, aPL OE 2018 prevê uma obrigação de identificação destes imóveis na declaração de rendimentosapresentada pelas pessoas coletivas para efeitos de IRC.

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No que concerne à liquidação do AIMI, esta, quando não efetuada nos respetivos prazos, passa aestar sujeita às regras gerais de caducidade do IMI.

Adicionalmente, esclarece a PL OE 2018 que, sempre que a liquidação do AIMI seja efetuadafora do prazo previsto para o efeito (i.e., até ao mês de junho do ano a que o imposto respeita),o sujeito passivo deve proceder ao pagamento do montante devido até ao final do mês seguinteao da notificação.

Por outro lado, sempre que a liquidação do AIMI seja retardada por facto imputável ao sujeitopassivo, ao montante devido passam a acrescer juros compensatórios. Passam também a serdevidos juros de mora, quando o sujeito passivo não efetue o pagamento do imposto nos prazosdevidos.

À semelhança do que sucede com o IMI, determina a PL OE 2018 que não há lugar à cobrança /reembolso do AIMI quando o montante a cobrar / restituir seja inferior a €10,00.

Finalmente, os sujeitos passivos casados (ou em união de facto) que optem pela tributaçãoconjunta do AIMI, ou as heranças indivisas que pretendam afastar a equiparação da herançaindivisa a pessoa coletiva, passam a ter a possibilidade de, num prazo de 120 dias após a datalimite de pagamento voluntário do AIMI, manifestar a sua intenção de proceder à alteração dasopções previamente exercidas, sem prejuízo desta opção não poder resultar na ampliação dosprazos de reclamação graciosa, revisão de ato tributário e impugnação judicial.

Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (“IMT”)

De acordo com a PL OE 2018, as procurações irrevogáveis para alienação de unidades departicipação em fundos de investimento imobiliário fechados de subscrição particular passam aestar sujeitos a IMT.

Contempla ainda a PL OE que à liquidação do IMT passam a aplicar-se as regras gerais dacaducidade do direito à liquidação previstas na Lei Geral Tributária (“LGT”), sem prejuízo damanutenção do prazo de caducidade de 8 anos.

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Imposto do Selo (“IS”)

Nova obrigação declarativa

A PL OE 2018 prevê a criação de uma nova declaração mensal de IS, a ser apresentada pelosrespetivos sujeitos passivos de imposto, através de modelo oficial, por via eletrónica, até ao dia20 do mês seguinte àquele em que a obrigação tributária se tenha constituído, nos termos aregulamentar por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, contendoa discriminação, por verba aplicável da Tabela Geral, dos seguintes elementos:

► O valor tributável das operações e factos sujeitos a este imposto;

► O valor do imposto liquidado, identificando os titulares do encargo deste imposto;

► O normativo legal ao abrigo do qual foram reconhecidas isenções, incluindo a identificaçãodos respetivos beneficiários;

► O valor do imposto compensado, identificando o período de imposto compensado e, bemassim, os beneficiários de tal compensação.

Esta declaração deverá igualmente ser objeto de apresentação à AT, nos termos e prazosreferidos, por parte dos serviços, estabelecimentos e organismos do Estado, das RegiõesAutónomas e das autarquias locais, incluindo os dotados de autonomia administrativa oufinanceira e, ainda que personalizados, as associações e federações de municípios, bem comooutras pessoas coletivas de direito público, as pessoas coletivas de utilidade pública, asinstituições particulares de solidariedade social e as empresas públicas que se encontremadstritas ao envio, por transmissão eletrónica de dados, da declaração anual.

Transmissões gratuitas

Relativamente às transmissões gratuitas, passa a estar expressamente previsto que os prazosde reclamação e de impugnação contam-se a partir do termo do prazo para pagamentovoluntário da primeira ou da única prestação do imposto.

Compensação do imposto

Propõe-se um alargamento das garantias dos sujeitos passivos que poderão efetuar acompensação do imposto, se for anulada a operação ou reduzido o seu valor tributável emconsequência de erro ou invalidade, passando a ser possível efetuar compensação do ISliquidado e pago até à concorrência das liquidações e entregas seguintes sem a limitação dasliquidações e entregas seguintes relativas ao mesmo número ou verba da Tabela Geral.

Por outro lado, é proposto um alargamento do prazo da compensação do imposto de um paradois anos contados a partir da data em que o imposto se torna devido.

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Benefícios Fiscais

Impedimento de reconhecimento do direito a benefícios fiscais

A PL OE 2018 vem definir os momentos para aferir se os pagamentos dos impostos oucontribuições foi efetuado ou se a situação tributária se encontra regularizada, prevendo-se queos benefícios fiscais não podem ser concedidos, se a dívida tributária em causa, sendo exigível,não tiver sido objeto de reclamação, impugnação ou oposição e prestada garantia idónea,quando devida, e quando:

► No final do ano civil anterior ao pedido, o sujeito passivo tenha deixado de efetuar opagamento de qualquer imposto sobre o rendimento, a despesa ou o património, e asituação se mantenha no termo do prazo para o exercício do direito de audição no âmbitodo procedimento de concessão do benefício;

► O sujeito passivo que tenha deixado de efetuar o pagamento de contribuições para asegurança social, não tenha a sua situação contributiva regularizada no momento em queocorre a consulta.

Remuneração convencional do capital social

Relativamente à remuneração convencional do capital social, a qual permite uma dedução aolucro tributável, em sede de IRC, de um juro presumido de até €140.000 por ano, prevê-se naPL OE 2018 um alargamento do regime, que continua a abranger as entregas em dinheiro (querno âmbito da constituição da sociedade ou do seu aumento do capital social), e querelativamente às entradas em espécie passa a possibilitar a inclusão da conversão de créditos(que deixam de estar restringidos a suprimentos ou a empréstimos de sócios) realizadas noâmbito de aumento do capital social.

No que diz respeito à conversão de créditos (que não sejam suprimentos ou empréstimos desócios, que já se encontrava prevista desde 1 de janeiro de 2017) realizados no âmbito deaumento do capital social, apenas são consideradas as entradas em espécie realizadas a partirde 1 de janeiro de 2018 ou a partir do primeiro dia do período de tributação que se inicie apósessa data quando este não coincida com o ano civil.

Isenções relativas a bens imóveis

De acordo com a PL OE 2018, passam a estar isentos de IMI os prédios ou parte de prédiosafetos a lojas com história, reconhecidas pelo município como estabelecidos de interessehistórico e cultural ou social local, as quais integrem o inventário nacional dos estabelecimentose entidades de interesse histórico e cultural ou social. Esta isenção assume carácter automático.

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A referida isenção inicia-se no ano em que se verifique o reconhecimento pelo município e aintegração no inventário nacional dos estabelecimentos e entidades de interesse histórico ecultural ou social local, cessando no ano, inclusive, em que os prédios deixem de estarreconhecidos pelo município e integrados no inventário nacional de estabelecimentos eentidades com interesse histórico e cultural ou social local, ou passem a encontrar-se devolutosou em ruínas.

O reconhecimento da referida isenção de IMI deve ser efetuado, no caso de prédiosexclusivamente afetos à atividade de abastecimento público de água às populações, desaneamento de águas residuais urbanas e de sistemas municipais de gestão de resíduosurbanos, através da entrega de uma declaração emitida pelas entidades gestoras daquelesserviços (substituindo a atual apresentação de um requerimento ao chefe do serviço de finançasda área da situação do prédio).

Incentivos fiscais à atividade silvícola

Para efeitos da determinação da taxa de IRS a aplicar a rendimentos de Categoria B decorrentesde explorações silvícolas plurianuais, clarifica-se que no caso de ato isolado se aplica a mesmaregra de divisão desses rendimentos por 12, conforme já aplicável no âmbito do regimesimplificado.

Incentivo fiscal à produção cinematográfica e audiovisual

Relativamente ao incentivo fiscal à produção cinematográfica e audiovisual, o qual consagrauma dedução ao montante da coleta do IRC de 20% das despesas elegíveis, é alargado o seuâmbito às despesas de pós-produção cinematográfica e audiovisual (presentemente apenasdespesas de produção cinematográfica) realizadas em território nacional.

Adicionalmente, encontra-se previsto um incremento de 25% para 30% na possibilidade demajoração do benefício base, sobre algumas despesas relevantes, consagrando-se que adedução de 30% se aplica, entre outros, às despesas de produção cinematográfica e audiovisualno âmbito de projetos com impacto significativo relativamente aos objetivos do incentivo, combase em critérios a definir pelas entidades competentes

É, ainda, reduzido o montante mínimo de despesas para que se possa aplicar o incentivo, para€500.000,00 (anteriormente, €1.000.000,00) ou, no caso de documentários, para€250.000,00. Mantem-se o limite máximo do incentivo, i.e., €4.000.000,00 por obra.

Está ainda prevista uma exclusão de tributação autónoma relativamente a gastos com viaturasligeiras de passageiros, viaturas ligeiras de mercadorias, motos e motociclos, destinados aserem utilizados na produção cinematográfica e audiovisual.

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Nos termos da PL OE 2018, o Governo fica autorizado, durante o prazo de 1 ano, a revogar osincentivos fiscais à produção cinematográfica e audiovisual, substituindo os atuais incentivos porum mecanismo mais favorável de incentivo à produção cinematográfica e audiovisual, através deum sistema de cash rebate.

Benefícios fiscais à reorganização de empresas em resultado de operações de reestruturaçãoou de acordos de cooperação

A PL OE 2018 vem determinar, no que concerne aos benefícios à reorganização de empresas emresultado de operações de restruturação ou de acordos de cooperação, os quais compreendemuma isenção de IMT, IS e encargos legais, um alargamento a isenção de IMT relativamente aimóveis habitacionais quando afetos à atividade exercida a título principal.

É, ainda, de salientar que para que o benefício seja atribuído deixa de ser necessário verificar-seque a operação de reestruturação ou o acordo de cooperação empresarial não prejudica, deforma significativa, a existência de um grau desejável de concorrência no mercado e tem efeitospositivos em termos do reforço da competitividade das empresas ou da respetiva estruturaprodutiva, designadamente através de um melhor aproveitamento da capacidade de produçãoou comercialização, ou do aperfeiçoamento da qualidade dos bens ou serviços das empresas.

De referir que – pela primeira vez desde 1990 – deixa de ser necessário apresentar umrequerimento a solicitar a isenção (a qual passará a operar automaticamente), devendo adescrição das operações de reestruturação, a demonstração das vantagens económicassubjacentes e a documentação relevante constar do dossier fiscal do sujeito passivo.

Benefícios fiscais às cooperativas

Aos prédios urbanos habitacionais, propriedade de cooperativas de habitação e construção,passa a ser aplicável a isenção de IMI relativa a prédios de reduzido valor patrimonial de sujeitospassivos de baixos rendimentos, a qual fica pendente de requerimento. O mesmo se passa aaplicar às associações de moradores, as quais também poderão beneficiar, à semelhança doatualmente previsto para as referidas cooperativas, da isenção de IMI relativa a prédios urbanosconstruídos, ampliados, melhorados ou adquiridos a título oneroso, destinados a habitação.

Deduções no âmbito de parcerias de títulos de impacto social

A PL OE 20187 vem introduzir um benefício fiscal que permite a dedução de um valorcorrespondente a 130% do respetivo total, até ao limite de 8/1000 do volume de vendas ou deserviços prestados, relativamente aos fluxos financeiros prestados por Investidores Sociais noâmbito de parcerias de Títulos de Impacto Social.

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Incentivos à recapitalização das empresas

Encontra-se previsto um novo incentivo à recapitalização das empresas para os sujeitos passivosde IRS que realizem entradas de capital em dinheiro a favor de uma sociedade na qual detenhauma participação social e que se encontre na condição prevista no artigo 35.º do Código dasSociedades Comerciais (perda de metade do capital social). O benefício corresponde àpossibilidade de deduzir – no próprio ano e nos 5 anos seguintes – até 20% dessas entradas aomontante bruto dos dividendos recebidos ou, no caso de alienação da participação, ao saldoapurado entre as mais-valias e menos-valias realizadas.

Frações autónomas afetas a lojas com história

A PL OE 2018 vem permitir que os sujeitos passivos de IRC e os sujeitos passivos de IRS nãoabrangidos pelo regime simplificado, possam deduzir em 110% do respetivo montante os gastose perdas do período relativos a obras de conservação e manutenção dos prédios ou parte deprédios afetas a lojas com história, reconhecidas como tal.

A mesma majoração é aplicável, para efeitos de apuramento do rendimento predial líquido emsede de IRS, relativamente aos gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores ao início doarrendamento relativos a obras de conservação e manutenção do prédio, desde que entretantoo imóvel não tenha sido utilizado para outro fim que não o arrendamento, quando respeitem afrações autónomas afetas a lojas com história.

Norma transitória no âmbito do Estatuto dos Benefícios Fiscais

De acordo com a PL OE 2018, fica o Governo autorizado a apresentar, no prazo de 180 dias,uma proposta de Lei com a implementação das conclusões (já previstas no OE 2017) sobre osseguintes benefícios fiscais: (i) Artigo 19.º - Criação de emprego; (ii) Artigo 20.º - Contapoupança-reformados; (iii) Artigo 26.º - Plano poupança em ações; (iv) Artigo 28.º -Empréstimos externos e rendas de locação de equipamentos importados; (v) Artigo 29.º -Serviços financeiros de entidades públicas; (vi) Artigo 30.º - Swaps e empréstimos deinstituições financeiras não residentes; (vii) Artigo 31.º - Depósitos de instituições de crédito nãoresidentes; (viii) Artigo 47.º - Prédios integrados em empreendimentos a que tenha sidoatribuída a utilidade turística; (ix) Artigo 50.º - Parques de estacionamento subterrâneos; (x)Artigo 51.º - Empresas armadoras da marinha mercante nacional; (xi) Artigo 52.º - Comissõesvitivinícolas regionais; (xii) Artigo 53.º - Entidades Gestoras de sistemas integrados de gestão defluxos específicos de resíduos; (xiii) Artigo 54.º - Coletivas desportivas, de cultura e recreio; (xiv)Artigo 63.º - Deduções à coleta do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares; (xv)Artigo 64.º - Imposto sobre o valor acrescentado – transmissões de bens e prestações deserviços a título gratuito.

Deste modo, os benefícios citados são prorrogados até ao momento da entrada em vigor dasnormas correspondentes ao diploma supra. Caso a proposta de Lei não seja apresentada noprazo de 180 dias, estes benefícios caducarão a 1 de julho de 2018.

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Outras disposições no âmbito do Estatuto dos Benefícios Fiscais

É prorrogado para 2018 o regime do mecenato científico.

Os donativos atribuídos por pessoas singulares ou coletivas a favor da Estrutura de Missão paraas Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada pelo navegador portuguêsFernão de Magalhães (2019-2022) ficam sujeitos ao regime do mecenato cultural.

Incentivos à reabilitação urbana

A PL OE 2018 vem alterar de forma significativa a sistematização dos benefícios fiscaisprevistos para a reabilitação urbana, alterando de igual modo as condições de atribuição dosmesmos.

Com efeito, uma das grandes alterações passa pelo alargamento das isenções em sede de IMI eIMT a prédios urbanos ou frações autónomas localizados fora de áreas de reabilitação urbanadesde que os mesmos tenham sido concluídos há mais de 30 anos. Adicionalmente, estesprédios urbanos ou frações autónomas, bem como os localizados em áreas de reabilitaçãourbana, devem cumprir com os seguintes requisitos:

► O prédio seja objeto de uma reabilitação de edifícios promovida nos termos do regimejurídico da reabilitação urbana;

► Em consequência da referida intervenção, o respetivo estado de conservação suba doisníveis e tenha, no mínimo, um nível “bom”; e,

► Sejam cumpridos os requisitos de eficiência energética e qualidade térmica aplicável aosedifícios.

Caso os referidos imóveis cumpram os supracitados requisitos, poderão ter acesso aos seguintesbenefícios:

► Isenção do IMI por um período de 3 anos a contar do ano de conclusão das obras dereabilitação, sendo este período inicial prorrogável por um período de 5 anos caso o prédioseja afeto a habitação própria e permanente ou afeto a arrendamento para habitação;

► Isenção do IMT para aquisições de imóveis destinados a intervenções de reabilitação,desde que o adquirente inicie as obras no prazo máximo de 3 anos após a aquisição;

► Isenção do IMT na primeira transmissão de imóveis que tenham sido objeto de reabilitaçãourbana e que se destinem ao arrendamento para habitação permanente ou, quandolocalizados em área de reabilitação urbana, à habitação própria e permanente.

No respeitante a alguns benefícios atualmente em vigor, a PL OE 2018 procede à alteração dosseus requisitos de aplicabilidade.

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Em sede do IRS, cumpridos que se encontrem os requisitos acima referidos, mantém-se atributação à taxa autónoma de 5% das mais-valias auferidas por sujeitos passivos, residentes emterritório português, no âmbito da primeira alienação subsequente à intervenção do imóvellocalizado em área de reabilitação urbana. Relativamente aos encargos suportados pelossujeitos passivos do IRS com a reabilitação de imóveis, mantém-se a possibilidade de dedução àcoleta do IRS dos referidos encargos (com o limite de €500,00) passando a exigir-se que oimóvel esteja localizado numa área de reabilitação urbana.

Ainda no âmbito da reabilitação urbana, estipula-se que o Fundo Nacional de Reabilitação doEdificado beneficie do mesmo regime tributário aplicável aos Fundos e Sociedades deInvestimento Imobiliário para Arrendamento Habitacional.

A definição de ação de reabilitação urbana para os imóveis detidos por fundos de investimentoimobiliário em reabilitação urbana é alterada, passando a exigir-se uma das seguintes condições:

► Que o estado de conservação do imóvel suba pelo menos dois níveis após a intervenção;ou,

► Que, em resultado de obras realizadas nos dois anos anteriores à data do requerimentopara correspondente avaliação, o imóvel obtenha um nível de conservação mínimo de“bom”, desde que o custo das obras (incluindo IVA) corresponda a pelo menos a 25% doValor Patrimonial Tributário (“VPT”) do imóvel e este se destine a arrendamento parahabitação permanente.

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Código Fiscal ao Investimento

Dedução por lucros retidos e reinvestidos (“DLRR”)

Prevê-se na PL OE 2018 um alargamento do benefício fiscal associado ao reinvestimento delucros, permitindo-se o reinvestimento em 3 anos (ao invés dos atuais 2) e um aumento do valormáximo da dedução anual à coleta de IRC de €500.000,00 para €750.000,00. No caso de microe pequenas empresas, a dedução poderá ser efetuada até ao limite de 50% da coleta de IRC (aocontrário do limite de 25% aplicável às restantes entidades).

Foram, ainda, ajustadas as cláusulas de incumprimento dos atuais 2 anos, para 3 anos, emconformidade com o aumento do prazo de reinvestimento.

Sistema de incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial (“SIFIDE”)

No que diz respeito às aplicações relevantes de projetos de conceção ecológica de produtos, emque as suas despesas são majoráveis em 110%, o projeto deixa de ter de ser submetidopreviamente.

É ainda alterado o prazo de submissão das candidaturas ao SIFIDE, as quais passam a ter de sersubmetidas até ao final do mês de maio (ao invés do atual mês de junho) do ano seguinte ao doexercício.

Deixa também de ser obrigatória a auditoria tecnológica a que as entidades interessadas emrecorrer ao SIFIDE estavam sujeitas.

O Governo fica autorizado a sujeitar a avaliação das candidaturas ao SIFIDE ao pagamento deuma taxa por parte das entidades interessadas.

Adicionalmente, passam as entidades beneficiadas pelo SIFIDE a ter de comunicar anualmente,no prazo de dois meses após o encerramento de cada exercício, à Agência Nacional de Inovação,S.A. (“ANI, S.A.”), através de mapa de indicadores a disponibilizar por esta, os resultados dasatividades apoiadas pelo incentivo fiscal concedido, durante os cinco anos seguintes à aprovaçãodo mesmo.

Finalmente, passa a ser obrigatório o reconhecimento da idoneidade do carácter de investigaçãoe desenvolvimento dos projetos, cujo reconhecimento cabe à ANI, S.A., sendo válido até aooitavo exercício seguinte àquele em que foi pedido. Cessado esse período, as entidades cujaidoneidade tenha sido reconhecida serão objeto de uma reavaliação oficiosa. Não obstante, oreconhecimento do carácter de investigação e desenvolvimento é válido até ao encerramento doprojeto.

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Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas

A PL OE 2018 vem alargar a isenção de IRS e IRC, não concorrendo para a determinação dolucro tributável do devedor, os rendimentos e ganhos apurados e as variações patrimoniais nãorefletidas no resultado líquido (atualmente, apenas se encontravam previstas as mais-valias),verificadas por efeito da dação em cumprimento de bens e direitos do devedor e da cessão debens e direitos aos credores, bem como da venda de bens e direitos, em processo de insolvênciaque prossiga para liquidação.

Vem, ainda, prever-se uma isenção de IS para a constituição ou prorrogação de garantias noâmbito de planos de insolvência, de pagamentos ou de recuperação ou no âmbito da liquidaçãoda massa insolvente.

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Setor Financeiro

IS sobre crédito ao consumo

A PL OE 2018 prevê um agravamento das taxas de imposto aplicáveis à utilização de créditoconcedido no âmbito de contratos de crédito a consumidores abrangidos pelo Decreto-Lei n.º133/2009, de 2 de junho, nos seguintes termos:

► 17.2.1 – Crédito de prazo inferior a um ano – por cada mês ou fração – 0,08% (atualmentea taxa é de 0,07%);

► 17.2.2 – Crédito de prazo igual ou superior a um ano – 1% (atualmente a taxa é de 0,90%);

► 17.2.3 – Crédito de prazo igual ou superior a cinco anos – 1% (sem alteração);

► 17.2.4 – Crédito utilizado sob a forma de conta corrente, descoberto bancário ou qualqueroutra forma em que o prazo de utilização não seja determinado ou determinável, sobre amédia mensal obtida através da soma dos saldos em dívida apurados diariamente, duranteo mês, divididos por 30 – 0,08% (atualmente a taxa é de 0,07%).

Encargo do IS no caso de seguros de grupo contributivo

A PL OE 2018 prevê que o encargo do IS, no caso de seguros de grupo contributivo, incida sobreo segurado na proporção do prémio que suporte, enquanto titular do interesse económico naoperação.

Liquidação do IS sobre o valor líquido global dos organismos de investimento coletivo (“OIC”)

Tratando-se de imposto devido sobre o valor líquido global dos organismos de investimentocoletivo que se constituam e operem de acordo com a legislação nacional, propõe-se que arespetiva liquidação do imposto passe a ser efetuada até ao dia 20 do mês seguinte, ao invés doúltimo dia do mês subsequente ao do nascimento da obrigação tributária.

Declaração de operações transfronteiriças (Modelo 38)

A PL OE 2018 prevê que a declaração de operações transfronteiriças (Modelo 38), relativa àstransferências e envios de fundos que tenham como destinatário entidade localizada em país,território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável que não sejam relativasa pagamentos de rendimentos sujeitos a algum dos regimes de comunicação para efeitos fiscaisjá previstos na lei ou operações efetuadas por pessoas coletivas de direito público, passe a sercomunicada à AT até ao final do mês de março de cada ano, ao invés do mês de julho. Nesteâmbito, a obrigação de entrega subsiste mesmo que não tenham ocorrido transferências ouenvio de fundos abrangidos pela obrigação de comunicação.

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Derrogação do sigilo bancário

Propõe-se a introdução de uma nova condição para a derrogação do sigilo bancário, em sede deprocedimento administrativo de inspeção tributária, quando sejam comunicadas operaçõessuspeitas, remetidas à AT, pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal daProcuradoria-Geral da República (“DCIAP”) e pela Unidade de Informação Financeira (“UIF”), noâmbito da legislação relativa à prevenção e repressão do branqueamento de capitais efinanciamento do terrorismo.

Contribuição sobre o setor bancário

A PL OE 2018 contempla a prorrogação do regime da contribuição sobre o setor bancário,introduzida pela Lei do OE para 2011, mantendo-se em vigor durante o ano de 2018 nosmesmos moldes que no ano transato (2017).

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Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (“CESE”) e ContribuiçãoExtraordinária sobre a Indústria Farmacêutica (“CEIF”)

Os regimes da CESE e da CEIF são objeto de prorrogação, mantendo-se em vigor durante o anode 2018.

A PL OE 2018 clarifica relativamente ao regime da CESE que todas as referências feitas ao anode 2015 se consideram feitas ao ano de 2018.

Contribuição sobre o audiovisual

De acordo com a PL OE 2018, o valor mensal da contribuição sobre o audiovisual para 2018mantém-se novamente em €2,85 e €1,00.

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Contencioso Tributário

Lei Geral Tributária (“LGT”)

A PL OE 2018 estabelece expressamente a possibilidade de o pagamento de um créditoresultante de uma liquidação de imposto poder vir a ser efetuado a pessoa diversa do sujeitopassivo, desde que este expressamente o autorize, mediante requerimento dirigido à AT.

Prevê-se acrescentar às situações – excecionais – em que é admissível uma nova inspeçãoexterna sobre o mesmo sujeito passivo/obrigado tributário, imposto e período de tributação, oprocedimento de fiscalização que vise apenas a consulta, recolha de documentos ou elementos.

Países, territórios ou regiões com um regime claramente mais favorável

É introduzida uma alteração ao conceito de “países, territórios ou regiões com regimeclaramente mais favorável” previsto na LGT. Este conceito deixa de fazer referência a “países,territórios ou regiões”, passando apenas a referir “países e jurisdições”, o que resulta numaredução do seu âmbito.

Esta alteração não abrange no entanto os casos expressamente incluídos na lista dos países,territórios ou regiões com regime claramente mais favorável aprovada por Portaria do membrodo Governo responsável pela área das finanças, a qual se mantém, por ora, inalterada. Sãoassim apenas abrangidos os países e jurisdições não constantes da referida lista mas que, ou nãodispõem de um imposto semelhante ao IRC ou em que este imposto seja aplicado a uma taxainferior a 60% da taxa geral de IRC aplicável em Portugal (isto é, inferior a 12,6%).

Com esta alteração, é assim reduzido o âmbito de aplicação de determinadas regras detributação especificamente aplicáveis a transações que envolvam entidades residentes nospaíses e jurisdições com regime claramente mais favorável em virtude da sua baixa ou nulatributação em sede de impostos sobre as empresas.

Código de Procedimento e de Processo Tributário (“CPPT”)

A PL OE 2018 vem atribuir aos municípios, mediante protocolo, a competência para cobrançacoerciva de tributos administrados pelas freguesias. Para este efeito, antes de realizar penhorasa autarquia poderá consultar diretamente as bases de dados da AT para obter informaçõessobre a identificação do executado e a identificação e localização dos respetivos bens, emmoldes a regulamentar por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças edas autarquias locais.

Prevê-se especificar que as notificações aos mandatários nos procedimentos tributários venhama ser feitas por carta registada dirigida ao seu escritório e, nos processos judiciais tributários,por via eletrónica (nos termos a definir por portaria, conforme previsto na legislação deprocesso administrativo). A notificação do interessado para a prática de ato pessoal passaria aser feita por aviso postal registado a indicar a data, o local e o fim da comparência.

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Estabelece-se que os atos processuais, incluindo os praticados por escrito, as notificações entremandatários, entre estes e os representantes da Fazenda Pública, e as notificações aosrepresentantes da Fazenda Pública e ao Ministério Público, bem como a tramitação do processojudicial tributário, passem a ser efetuados, preferencialmente, por via eletrónica, nos termosprevistos para os processos nos tribunais administrativos, a definir por portaria. No processo deexecução fiscal, este regime de tramitação eletrónica passaria a ser aplicável apenas a partir dareceção dos autos em tribunal.

A PL OE 2018 vem clarificar que há lugar à dispensa de prestação de garantia para dívidas emexecução fiscal de valor inferior a €5.000,00 (para pessoas singulares) ou €10.000,00 (parapessoas coletivas), sem dependência de quaisquer requisitos adicionais.

Regime Geral das Infrações Tributárias (“RGIT”)

A PL OE 2018 estabelece que a comunicação a efetuar pelos contabilistas certificados à AT paraafastar a sua responsabilidade subsidiária pelas coimas devidas pela falta ou atraso de quaisquerdeclarações que devam ser apresentadas no período de exercício de funções passe a serefetuada por via eletrónica, através do Portal das Finanças. Mantém-se o prazo para a referidacomunicação, que é de até 30 dias após o termo do prazo de entrega da declaração.

Deverá incluir-se nas circunstâncias de qualificação dos crimes aduaneiros o facto de amercadoria ser de importação ou exportação condicionada em cumprimento de medidasrestritivas internacionais.

Altera-se de €250,00 para €1.000,00 o limite mínimo da coima aplicável pela prática dacontraordenação aduaneira de descaminho nas situações de não cumprimento, à entrada ou àsaída do território nacional, do dever legal de declaração de montante de dinheiro líquido igualou superior a €10.000,00.

Conforme estabelece a PL OE 2018, a prática do ilícito contraordenacional de descaminho épunível com coima entre €1.000,00 e €165.000,00. A coima é aplicável para quem violar aobrigação de comunicar à autoridade aduaneira as informações prévias legalmente exigíveis, àchegada ou à partida das mercadorias, em cumprimento de medidas restritivas internacionais,se outra infração mais grave lhe não couber.

Enquadra-se como contraordenação aduaneira de introdução irregular no consumo, punível comcoima entre €250,00 e €165.000,00, a não disposição ou não cumprimento das exigênciaslegais de registo contabilístico, especialmente previstas para os beneficiários de isenções, nalegislação aplicável.

Passa a ser punível com coima entre €250,00 e €5.000,00, a falta de apresentação ouapresentação fora do prazo legal da declaração a submeter pelas instituições de crédito,sociedades financeiras e demais entidades que prestem serviços de pagamento à AT com astransferências e envio de fundos para entidade localizada em país, território ou região comregime de tributação privilegiada mais favorável.

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A PL OE 2018 aumenta de €200,00 para €500,00 o limite mínimo da coima – o limite máximomantém-se em €10.000,00 – decorrente da não organização da contabilidade de harmonia comas regras de normalização contabilística, quando não seja punida como crime ou comocontraordenação mais grave.

Prevê-se autonomizar da não organização da contabilidade de acordo com as regras aplicáveis oatraso na execução da contabilidade, na escrituração de livros ou na elaboração de outroselementos de escrita, ou de registos, por período superior ao previsto na lei fiscal, quando nãoseja punido como crime ou como contraordenação mais grave, que passará a ser punível comocontraordenação grave com uma coima autónoma entre €250,00 e €5.000,00.

Qualifica-se como contraordenação grave, punível com uma coima entre €250,00 e €5.000,00,a produção pelo sujeito passivo de ficheiro normalizado de exportação de dados semobservância do modelo de estrutura de dados legalmente previsto.

Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária e Aduaneira (“RCPITA”)

Ampliação do prazo máximo de 6 meses para a conclusão do procedimento de inspeção quandoseja necessário realizar novas diligências em resultado do sujeito passivo apresentar factosnovos durante a audição prévia.

§A respeito da audição prévia, deixar de ser necessária a referência à conclusão dos atos deinspeção e clarificar que é obrigatória a notificação à entidade inspecionada, em 10 dias, doprojeto de conclusões do relatório se os atos de inspeção puderem originar atos tributários (ouem matéria tributária) que lhe sejam desfavoráveis.

§Quando exista audição prévia, a notificação da nota de diligência – que marca a conclusão dosatos de inspeção – deverá ser efetuada após a análise e verificação dos factos invocados pelosujeito passivo inspecionado.

Código de Processo Civil (“CPC”)

§Propõe-se acrescentar expressamente aos valores insuscetíveis de penhora – no âmbito deprocessos executivos – os rendimentos auferidos no âmbito das atividades especificamentereferidas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS.

§Relativamente a estes rendimentos, estabelece-se a impenhorabilidade de dois terços da partelíquida – que corresponde à aplicação do coeficiente de 0,75 ao montante total pago ou colocadoà disposição do executado – aferidos por cada apreensão. Prevê-se, ainda, que os limites mínimoe máximo da impenhorabilidade sejam apurados globalmente, por cada mês, com base no totaldo rendimento mensal esperado, e aplicados de forma proporcional aos rendimentos esperadosde cada uma das entidades devedoras.

§

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A aplicação deste regime de impenhorabilidade dependerá de opção do executado, a exercer porvia eletrónica no Portal das Finanças, e da comunicação pelo executado à AT das (i) entidadesdevedoras daqueles rendimentos e que os mesmos são auferidos no âmbito de uma dasatividades especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS,bem como (ii) do montante global de rendimentos que previsivelmente irá auferir de cada umadas entidades devedoras em cada mês.

§Em caso de opção do executado por este regime, prevê-se que seja emitida uma certidão com oslimites mínimos e máximos da impenhorabilidade, a qual poderá ser consultada no Portal deFinanças. Para efeitos desta consulta, o executado deverá fornecer ao exequente e às entidadesdevedoras dos rendimentos um código de acesso facultado pela AT.

§Prevê-se que a aplicação deste regime de impenhorabilidade possa cessar, pelo período de 2anos, quando (i) o executado, conhecendo as entidades devedoras, omita a comunicação docódigo de acesso ao Portal das Finanças para consulta da certidão ou as preste com inexatidõesde forma a impossibilitar a penhora, ou (ii) quando sejam auferidos rendimentos das atividadesespecificamente referidas na Portaria n.º 1011/2001 cuja entidade devedora não tenha sidoidentificada pelo executado à AT com a antecedência mínima de 15 dias em relação à data emque sejam pagos, colocados à disposição ou faturados (consoante o que ocorra primeiro).

Novidades no regime da fiscalidade verde

No tocante à fiscalidade verde, observa-se a introdução da obrigação por parte dos operadoreseconómicos de disponibilizarem, aos seus consumidores, no ato da entrega de produtos aodomicílio, de embalagens de serviço reutilizáveis (alteração ao artigo 49.º da Lei n.º 82-D/2014,de 31 de dezembro).

Adicionalmente, procede-se à criação de um grupo de trabalho cuja missão será a de proceder àavaliação da aplicação dos incentivos fiscais associados à redução do consumo de sacosplásticos e a sua aplicabilidade a outros produtos de base plástica descartável de origem fóssil. Oresultado desta ação ver-se-á refletido na apresentação de um relatório de diagnóstico epropostas de medidas de atuação até ao dia 31 de maio do presente ano (alteração ao artigo50.º da Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro).

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