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Propagação & Antenas Exame Fevereiro 2, 2015 1 Carlos R. Paiva Docente Responsável: Prof. Carlos R. Paiva Duração: 3 horas Fevereiro 2, 2015 Ano Lectivo: 2014 / 2015 SEGUNDO EXAME 1. Em teoria da relatividade restrita o plano , xt é hiperbólico. Admite-se, em tudo o que se segue, que 1 c : os tempos são medidos em segundos e os espaços em segundos-luz. Admita, como sempre, que existe um referencial do laboratório em que o eixo do tempo é vertical e que o eixo do espaço é horizontal. Considere, então, os três triângulos rectângulos da figura anexa e explique, através da aplicação do teorema de Pitágoras (válido no plano hiperbólico em causa), o seguinte para cada um desses triângulos: (i) qual é o ângulo recto e a respectiva hipotenusa; (ii) que princípio físico se pode deduzir em cada caso do triângulo respectivo. Justifique. Admita que, no plano euclidiano (sobreposto a este plano hiperbólico), se tem 0, 0 O , 3 2,0 A , 2,1 B , 0,3 2 C e 1, 2 D . Calcule: (1) os comprimentos espaciais próprios OA e OB ; (2) os intervalos temporais próprios OC e OD ; (3) o comprimento espacial próprio CD ; (4) o intervalo temporal próprio AB; (5) o intervalo BD (para qualquer observador). Solução Comecemos por calcular a velocidade normalizada relativa vc . Tem-se 2 1 1 2,1 1 2 x x t t B . Analogamente, vem

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Propagação & Antenas – Exame Fevereiro 2, 2015

1 Carlos R. Paiva

Docente Responsável: Prof. Carlos R. Paiva

Duração: 3 horas Fevereiro 2, 2015

Ano Lectivo: 2014 / 2015 SEGUNDO EXAME

1. Em teoria da relatividade restrita o plano ,x t é hiperbólico. Admite-se, em tudo o que se segue,

que 1c : os tempos são medidos em segundos e os espaços em segundos-luz. Admita, como

sempre, que existe um referencial do laboratório em que o eixo do tempo é vertical e que o eixo do

espaço é horizontal. Considere, então, os três triângulos rectângulos da figura anexa e explique,

através da aplicação do teorema de Pitágoras (válido no plano hiperbólico em causa), o seguinte

para cada um desses triângulos: (i) qual é o ângulo recto e a respectiva hipotenusa; (ii) que princípio

físico se pode deduzir em cada caso do triângulo respectivo. Justifique. Admita que, no plano

euclidiano (sobreposto a este plano hiperbólico), se tem 0, 0O , 3 2, 0A , 2,1B , 0, 3 2C

e 1, 2D . Calcule: (1) os comprimentos espaciais próprios OA e OB ; (2) os intervalos temporais

próprios OC e OD ; (3) o comprimento espacial próprio CD ; (4) o intervalo temporal próprio AB;

(5) o intervalo BD (para qualquer observador).

Solução

Comecemos por calcular a velocidade normalizada relativa v c . Tem-se

2 1 1

2,11 2

xx t

t

B .

Analogamente, vem

Fevereiro 2, 2015 Propagação & Antenas – Exame

2 Carlos R. Paiva

1 1

1, 22 2

xx t

t

D .

Notemos, agora, o seguinte: o segmento de recta OB pode considerar-se parte do eixo x da mesma

forma que o segmento de recta OA é parte do eixo x . Analogamente: o segmento OC é parte do eixo

t da mesma forma que o segmento OD é parte do eixo t . Com efeito, o ângulo entre os eixos x e x

é o mesmo que o ângulo entre os eixos t e t . Se se designar esse ângulo por é

11 1tan tan 26.5651

2 2

.

Assim,

2

1 21.1547

31

.

O triângulo OAB é rectângulo porque o ângulo OBA é recto (a hipotenusa é OA ). O triângulo

OCD é rectângulo porque o ângulo ODC é recto (a hipotenusa é OC ). O triângulo OBD é

rectângulo porque o ângulo BOD é recto (a hipotenusa é BD ). Os ângulos referidos são rectos porque

são os ângulos existentes entre um eixo espacial e o correspondente eixo temporal (ortogonais entre si,

por definição). Note-se que o segmento CD é paralelo ao segmento OB (são ambos eixos espaciais ou

equitemps). Também os segmentos AB e OD são paralelos (são ambos eixos temporais ou equilocs).

Apliquemos, agora, o teorema de Pitágoras (do plano hiperbólico) a cada um dos triângulos rectângulos

referidos:

2 2 2 2

0 0 0

2 2 2 2

0 0

2 2

0 00

L L L L L

T T T T T

L T T L

OAB

OAB

OAB

Verificam-se, deste modo, os seguintes efeitos: (i) a contracção do espaço; (ii) a dilatação do tempo; (ii)

o intervalo ao longo de um sinal electromagnético é sempre nulo. Tem-se, nomeadamente:

0

0

33

2

33

2

L L

T T

OA OB

OC OD

,

0 &L T AB CD .

Nota Final: A medida LOA (no referencial que vê a régua, que mede 0LOB , em movimento) tem

de ser feita numa única equitemp (neste caso 0t ). A medida TOD (no referencial que vê o relógio,

Exame de Fotónica

3 Carlos R. Paiva

que mede 0TOC , em movimento) tem de ser feita numa única equiloc (neste caso 0x ). O

comprimento 0LAB é medido sobre a equiloc 0x L . O intervalo de tempo TCD é medido

sobre a equitemp t T .

2. Considere uma onda electromagnética plana e monocromática propagando-se no sentido positivo

do eixo z , i.e., em que 3ˆ k e . O respectivo campo eléctrico é caracterizado pelo vector complexo

3

0 1 2i E E E , com 3

1 2, E E . Admita que (em unidades SI) se tem 1 1 22 E e e e

ainda: (a) 2 1 21 2 E e e ; (b) 2 1 22 E e e ; (c) 2 1 22 E e e . Caracterize

completamente a polarização em cada um destes três casos.

Solução

Em geral façamos

2 2 2

1 1 1 2 2 1 1 2

1 2 1 1 2 22 2 22 1 1 2 2 2 1 2

a a a aa b a b

b b b b

E e e EE E

E e e E

2 2 2

0 1 2 1 22 i E E E E E

1 2 3

1 2 1 2 1 2 2 1 3

1 2

0

0

a a a b a b

b b

e e e

E E e

2 2 1

1 2 1 2 1 2

2 2

1 2 1 2 1 2 3

2 2

1 2 1 2 1 2 3

3 3 2 13 & , , 0 tan 35.2644

2 2 2

3, 0, 3

3, 2 2,

a E E E E E E PL

b E E E E E E e PCE

c E E E E E E e PED

3. A figura anexa representa uma placa dieléctrica de espessura 2.5 mmd , assente sobre um PEC

(perfect electric conductor), cujo dieléctrico tem um índice de refracção 1 2.4n . O meio superior

é o ar (i.e., tem-se 2 1n ). Nestas condições, determine: (a) a banda de frequências para a qual o

guia de ondas opera em regime monomodal; (b) a velocidade de fase do modo fundamental quando

a frequência de trabalho é 90% da frequência máxima do intervalo considerado na alínea anterior.

Fevereiro 2, 2015 Propagação & Antenas – Exame

4 Carlos R. Paiva

Solução

Comecemos por determinar a banda de frequências para funcionamento em regime monomodal (single-

mode waveguide):

2 2

1 2

2

1

1190.4132

2 288

n n

n

1 1 1

2TE 2 2

2 2

cc c c

fv v n k d n d

c

1

13.7505 GHz4 2

c c

cf f

n d

0 cf f Banda de frequências

1

20.9 12.3754 GHz 2 1.4137c

ff f v n d v

c

Para o modo fundamental (que é o modo 0TM ), tem-se:

2

2

1

tan 1 2 tann

w u u u un

22 2 2 2 2 2 21 2 tanu w v u u u v

22 2 2 2 2 2cos 1 2 sin cosu u u u v u

22 2 2 2 2cos 1 2 sin 0f u u v u u u

1.378984675526788u Solução

22

221.8489 mm

2

g g

d

vu

24.2416 mm 1.1095g

cn

f

Nota

A velocidade de fase é, então, dada por:

8 1 2.7039 10 m sp g

cv f

n .

Exame de Fotónica

5 Carlos R. Paiva

4. Um troço de um sistema de comunicação óptica tem um comprimento 1 50 kmL e o

correspondente coeficiente de dispersão da velocidade de grupo é 2

21 20 ps km . O

comprimento de onda nominal é 1550 nm . Pretende-se que este troço seja operado em regime

monomodal para 1400 nmc . Nestas condições, determine: (a) o valor máximo do raio do

núcleo da fibra óptica para 1 1.48n e 34 10 ; (b) o coeficiente de dispersão da velocidade de

grupo 2

22 ps km de uma DCF (dispersion-compensating fiber), a colocar depois do primeiro

troço, de forma a ter um comprimento total 1 2 55 kmL L L . Despreze o efeito da dispersão de

ordem superior. Justifique, fundamentadamente, a resposta dada em (b). Sugestão: Note que a

frequência normalizada de corte do segundo modo LP é 2.4048cv . Recorda-se, aqui, que

1 0 2v n k a e 2 2 2

1 2 12n n n .

Solução

Para que a fibra seja monomodal, é necessário que se tenha

2.4048cv v

max1 max max

1

2 2 4.0478 μm2 2

c cc

c

a vn v a a

n

2121 1 22 2 22 21 21

2

0 10 200 ps kmL

L LL

DCF

O efeito da DVG (dispersão da velocidade de grupo) é caracterizada, no domínio da frequência, por

2

2

1exp

2i z

.

Assim, para que o efeito global da fibra seguida pela DCF seja nulo do ponto de vista da DVG, deverá

ter-se

2 2 2

21 1 22 2 21 1 22 2

1 1 1exp exp 1 exp 1

2 2 2i L i L i L L

21 1 22 2 0L L .

5. Um sistema de comunicação óptica é operado por impulsos da forma

0 00, 1 2 secht t A . Nestas condições tem-se 0 012 . Mostra-se, então,

que – para uma ligação com um comprimento L – é 2 2

2

2

0 0

16

L

.

Fevereiro 2, 2015 Propagação & Antenas – Exame

6 Carlos R. Paiva

Determine o débito binário (ou bit rate) máximo 0B para o caso em que 2

2 20 ps km e

100 kmL . Admita, como regra prática, que se tem 04 1B . Determine, também, o valor

óptimo da largura temporal 0 destes impulsos.

Solução

2 2 2

2 22 202

0 0 0

16 6

L L

De forma a determinar o valor óptimo da largura dos impulsos à entrada da fibra óptica, há que impor

0

0d

d

.

Mas, por outro lado, tem-se

2

2 2 2 2 20 0 2

0 0 0 0

12 2 2

6 6 6

L L Ld

d

.

Assim,

2 20 2

0 0 0

10 2 2 0

6 6

L Ld

d

2

24 220 0

6 6

LL

.

Agora, após substituir esta última expressão em 2

2 2 20

06

L

obtém-se

2

2 2 2 22 2

2

6

6 6 6 6 3

L L L LL

L

.

Esta última expressão determina o valor mínimo da largura dos impulsos à saída da fibra óptica. Logo,

o valor máximo do débito binário é dado por

0 0

2

315.4627 Gb s

4 4B B

L .

Este valor corresponde ao seguinte valor óptimo:

2 2

0 0 0 0

21235.6825 ps

6

L L

.

Exame de Fotónica

7 Carlos R. Paiva

6. Considere um agregado de duas antenas lineares (dipolos) alinhadas ao longo do eixo x e com uma

distância d entre elas. Na zona distante os campos respectivos são dados por

0 1 0 2

1 0 2 0

1 2

, , , ,i k r i k r

ie eE E f E E f e

r r

onde representa a desfasagem da corrente na antena 2 em relação à corrente na antena 1.

Represente graficamente, de forma qualitativa, o diagrama de radiação deste agregado, no plano H

(i.e., o plano xy em que 2 ), para: (i) 4d e 2 ; (ii) 3 4d e 2 .

Solução

O campo total radiado pelo agregado é dado por

0 1 0 2

1 2 0

1 2

,i k r i k r

ie eE E E E f e

r r

.

Na zona distante é razoável considerar as seguintes aproximações:

2 1 sin cosr r d .

Daqui resulta que

0 2 0 1

0 sin cos

2 1

i k r i k ri k de e

er r

de modo que, no plano H (em que se tem 2 ), vem

0 1

0 cos

1 2 0

1

, 1i k r

i k d ieE E E E f e e

r

.

Logo, definindo

0 cosk d

obtém-se

0 1

2 2 20

1

,i k r

i i ieE E f e e e

r

0 1

20

1

2 , cos2

i k rie

E E f er

.

Assim, o factor do agregado (ou: array factor) é dado por

cos .2

F

A

Fevereiro 2, 2015 Propagação & Antenas – Exame

8 Carlos R. Paiva

Consideremos, agora, os dois casos particulares.

No primeiro caso é 4d e 2 . Logo, nestas condições, vem:

0 cos 2 cos cos 1 cos2 2 2

dk d

.

Ou seja:

cos 1 cos4

A .

Na figura anexa apresenta-se o respectivo diagrama de radiação (apenas do factor do agregado).

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No segundo caso é 3 4d e 2 . Logo, nestas condições, vem:

0 cos 2 cos 1 3 cos2

dk d

.

Ou seja:

cos 1 3 cos4

A .

Na figura anexa apresenta-se o respectivo diagrama de radiação (apenas do factor do agregado).