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Economia VITÓRIA, ES, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 ATRIBUNA 39 PROJETOS DE LEI Mais 19 cidades na Sudene Municípios do Estado teriam linhas especiais de financiamento, segundo propostas apresentadas na Câmara Federal NILO TARDIN - 27/05/2015 SANTA TERESA é uma das cidades capixabas que podem ser beneficiadas se o projeto de lei for aprovado Marcos Rosetti BRASÍLIA D ois projetos apresentados por deputados do Espírito Santo na Câmara Federal podem garantir a inclusão de 19 novos municípios capixabas na área de abrangência da Superin- tendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A Sudene garante incentivos fis- cais a projetos que ajudam a de- senvolver a região, linhas de finan- ciamento a juros menores do que os cobrados no mercado, e acesso ao Fundo Constitucional de Finan- ciamento do Nordeste (FDNE). No Espírito Santo, 28 cidades já contam com esses benefícios, co- mo Linhares, São Mateus, Colati- na e Barra de São Francisco. Agora os deputados querem in- cluir o Sul do Estado, Castelo, San- ta Maria de Jetibá, Laranja da Ter- ra, cidades do Vale do Rio Doce, e do semiárido, Pancas e São Gabriel da Palha, pois alegam que o desen- volvimento do Espírito Santo está concentrado na Grande Vitória. “As indústrias de mármore e gra- nito de Cachoeiro, por exemplo, enfrentam dificuldades. Já no Nor- te, elas funcionam com incentivos”, afirma o deputado Evair de Melo Ajuste econômico em foco O titular da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), José Márcio de Medei- ros Maia, manifestou apoio ao projeto do deputado Evair de Me- lo (PV), que inclui 19 novos muni- cípios na área de abrangência da Sudene, segundo Evair. “Ele defende que o Congresso vote também um outro projeto que tramita no Senado, PLS 146/14, do senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), que redefine os critérios para enquadramento na Sudene”, disse. O relator deste projeto na Comis- são de Assuntos Econômicos (CAE) é o senador Ricardo Ferraço (PMDB), cujo parecer é favorável. “Ele (Márcio Maia) acha que se os dois projetos caminharem é possí- vel abrir uma agenda para a inclu- são de todo o território do Espírito Santo. A sustentação dessa nova área (19 cidades) não está no en- quadramento da Sudene, mas sim fundamentada na política de gestão de recursos hídricos”, disse Melo. Segundo o deputado, o processo é longo, mas “abrimos uma agenda fundamentada em critérios técni- cos”. O deputado conta que o setor de mármore e granito de Cachoei- ro, por exemplo, não se desenvol- veu tanto quanto o do Norte, por falta de incentivos. “O extremo Sul capixaba precisa se desenvolver o mais rápido pos- sível. É preciso construir um am- biente de prosperidade. A região hoje vive completamente abando- nada dessas agendas de oportuni- dade. Os incentivos do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), além de acesso a linhas especiais do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) são fundamentais para a competitividade e para acabar com o desequilíbrio econômico no estado. O Espírito Santo hoje vive concentrado na Grande Vitória”, frisou. DIVULGAÇÃO EVAIR DE MELO tem projeto (PV), autor de um dos projetos. O deputado Carlos Manato (SD), autor do outro projeto, de- fende que só os municípios da re- gião do semiárido capixaba sejam contemplados com os benefícios da Sudene. Melo diz que seu Projeto de Lei (PL) 106/2015 e o Projeto de Lei 578/2015, do deputado federal Ma- nato (PDT), se complementam. Já Manato reclama que foi “co- piado”, pois apresentou antes. “Meu projeto inclui, para fins legais, os municípios do Estado do Espíri- to Santo, previstos na Lei nº 9.690, de 15 de julho de 1998, na Região do Semiárido, alterando a Lei nº 7.827, de 27 de setembro de 1989”. O projeto de Evair prevê a inclu- são de 19 municípios na área de abrangência da Sudene, aumentan- do o número de 28 para 47 cidades. A missão da Sudene é “articular e fomentar a cooperação das for- ças sociais representativas para promover o desenvolvimento in- cludente e sustentável do Nordes- te, a preservação cultural e a inte- gração competitiva da base econô- mica da região nos mercados na- cional e internacional.” A área de abrangência da Sude- ne inclui os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, parcialmente, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. SAIBA MAIS Cidades que devem ser beneficiadas > AFONSO CLÁUDIO, Aracruz, Brejetu- ba, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Ibatiba, Ibiraçu, Ibitirama, Irupi, Itaguaçu, Itarana, Iúna, João Neiva, Laranja da Terra, Muniz Frei- re, Santa Maria de Jetibá, Santa Te- resa, São Roque do Canaã e Venda Nova do Imigrante. Cidades capixabas que integram a Sudene > ÁGUA DOCE DO NORTE, Águia Bran- ca, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Boa Espe- rança, Colatina, Conceição da Barra, Ecoporanga, Governador Lindem- berg, Jaguaré, Linhares, Mantenó- polis, Marilândia, Montanha, Mucu- rici, Nova Venécia, Pancas, Pedro Canário, Pinheiros, Ponto Belo, Rio Bananal, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, Sooretama, Vila Pavão e Vila Valério. Fonte: Projetos de lei e governo federal. DIVULGAÇÃO ARACRUZ seria beneficiada São 28 municípios com incentivos Em 1998, a então deputada fede- ral Rita Camata (PMDB) conse- guiu incluir 28 municípios do Nor- te do Espírito Santo na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, a Sudene. Foi uma conquista impor- tante para o Estado, pois permitiu desenvolver os setores de mármo- re e granito, confecção, moveleiro, e até atraiu fábricas para a região, devido aos incentivos fiscais e isenção de alguns impostos. O projeto de Rita, aprovado após muita pressão já que nordestinos não queriam “abrir a Sudene”, be- neficiou principalmente municí- pios novos como Governador Lin- denberg, desmembrado de Linha- res, que também passou a integrar a Sudene, autarquia vinculada ao Ministério da Integração Nacional. Esses municípios passaram a ser contemplados com incentivos fis- cais federais para a implantação de novos investimentos. A área da Su- dene conta também com a forte atuação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que oferece diversas linhas de financiamento a juros me- nores do que os cobrados pelo BN- DES, como afirmou o deputado Evair de Melo (PV). “O ideal seria botar todo o Estado na Sudene”. Na época, a ex-deputada capixa- ba alegou que os municípios esta- vam enfrentando os mesmos pro- blemas das cidades nordestinas, como a seca. E que os municípios passariam a integrar a área por sua localização no Polígono das Secas (território sujeito a períodos de estiagens prolongadas). Com apoio do mari- do, Gerson Camata (PMDB), na época senador, Rita conseguiu aprovar o projeto nas duas Casas. DIVULGAÇÃO SETOR DE GRANITO foi um dos que cresceram com incentivo da Sudene A sustentação dessa nova área não está no enquadramento da Sudene, mas sim fundamentada na gestão de recursos hídricos Evair de Melo, deputado federal

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Ec o n o m i a

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 ATRIBUNA 39

PROJETOS DE LEI

Mais 19 cidades na SudeneMunicípios do Estadoteriam linhas especiaisde financiamento,segundo propostasapresentadas naCâmara Federal

NILO TARDIN - 27/05/2015

SANTA TERESA é uma das cidades capixabas que podem ser beneficiadas se o projeto de lei for a p rova d o

Marcos RosettiB R AS Í L I A

Dois projetos apresentadospor deputados do EspíritoSanto na Câmara Federal

podem garantir a inclusão de 19novos municípios capixabas naárea de abrangência da Superin-tendência de Desenvolvimento doNordeste (Sudene).

A Sudene garante incentivos fis-cais a projetos que ajudam a de-senvolver a região, linhas de finan-ciamento a juros menores do queos cobrados no mercado, e acessoao Fundo Constitucional de Finan-ciamento do Nordeste (FDNE).

No Espírito Santo, 28 cidades jácontam com esses benefícios, co-mo Linhares, São Mateus, Colati-na e Barra de São Francisco.

Agora os deputados querem in-cluir o Sul do Estado, Castelo, San-ta Maria de Jetibá, Laranja da Ter-ra, cidades do Vale do Rio Doce, edo semiárido, Pancas e São Gabrielda Palha, pois alegam que o desen-volvimento do Espírito Santo estáconcentrado na Grande Vitória.

“As indústrias de mármore e gra-nito de Cachoeiro, por exemplo,enfrentam dificuldades. Já no Nor-te, elas funcionam com incentivos”,afirma o deputado Evair de Melo

Ajuste econômico em focoO titular da Superintendência de

Desenvolvimento do Nordeste(Sudene), José Márcio de Medei-ros Maia, manifestou apoio aoprojeto do deputado Evair de Me-lo (PV), que inclui 19 novos muni-cípios na área de abrangência daSudene, segundo Evair.

“Ele defende que o Congressovote também um outro projetoque tramita no Senado, PLS146/14, do senador Antonio CarlosValadares (PSB/SE), que redefineos critérios para enquadramentona Sudene”, disse.

O relator deste projeto na Comis-são de Assuntos Econômicos(CAE) é o senador Ricardo Ferraço(PMDB), cujo parecer é favorável.“Ele (Márcio Maia) acha que se osdois projetos caminharem é possí-vel abrir uma agenda para a inclu-são de todo o território do EspíritoSanto. A sustentação dessa novaárea (19 cidades) não está no en-quadramento da Sudene, mas simfundamentada na política de gestãode recursos hídricos”, disse Melo.

Segundo o deputado, o processoé longo, mas “abrimos uma agendafundamentada em critérios técni-cos”. O deputado conta que o setorde mármore e granito de Cachoei-ro, por exemplo, não se desenvol-veu tanto quanto o do Norte, porfalta de incentivos.

“O extremo Sul capixaba precisase desenvolver o mais rápido pos-sível. É preciso construir um am-biente de prosperidade. A regiãohoje vive completamente abando-nada dessas agendas de oportuni-dade. Os incentivos do Banco doNordeste do Brasil (BNB), além deacesso a linhas especiais do BancoNacional de Desenvolvimento(BNDES) são fundamentais para acompetitividade e para acabarcom o desequilíbrio econômico noestado. O Espírito Santo hoje viveconcentrado na Grande Vitória”,frisou.

D I V U LG AÇ ÃO

EVAIR DE MELO tem projeto

(PV), autor de um dos projetos.O deputado Carlos Manato

(SD), autor do outro projeto, de-fende que só os municípios da re-gião do semiárido capixaba sejamcontemplados com os benefíciosda Sudene.

Melo diz que seu Projeto de Lei(PL) 106/2015 e o Projeto de Lei578/2015, do deputado federal Ma-nato (PDT), se complementam.

Já Manato reclama que foi “co -piado”, pois apresentou antes.

“Meu projeto inclui, para fins legais,os municípios do Estado do Espíri-to Santo, previstos na Lei nº 9.690,de 15 de julho de 1998, na Região doSemiárido, alterando a Lei nº 7.827,de 27 de setembro de 1989”.

O projeto de Evair prevê a inclu-são de 19 municípios na área deabrangência da Sudene, aumentan-do o número de 28 para 47 cidades.

A missão da Sudene é “articulare fomentar a cooperação das for-ças sociais representativas para

promover o desenvolvimento in-cludente e sustentável do Nordes-te, a preservação cultural e a inte-gração competitiva da base econô-mica da região nos mercados na-cional e internacional.”

A área de abrangência da Sude-ne inclui os estados do Maranhão,Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,Paraíba, Pernambuco, Alagoas,Sergipe, Bahia e, parcialmente, osestados de Minas Gerais e EspíritoSa n t o.

SAIBA MAIS

Cidades que devemser beneficiadas> AFONSO CLÁUDIO, Aracruz, Brejetu-

ba, Conceição do Castelo, DomingosMartins, Ibatiba, Ibiraçu, Ibitirama,Irupi, Itaguaçu, Itarana, Iúna, JoãoNeiva, Laranja da Terra, Muniz Frei-re, Santa Maria de Jetibá, Santa Te-resa, São Roque do Canaã e VendaNova do Imigrante.

Cidades capixabasque integram a Sudene> ÁGUA DOCE DO NORTE, Águia Bran-

ca, Alto Rio Novo, Baixo Guandu,Barra de São Francisco, Boa Espe-rança, Colatina, Conceição da Barra,Ecoporanga, Governador Lindem-berg, Jaguaré, Linhares, Mantenó-polis, Marilândia, Montanha, Mucu-rici, Nova Venécia, Pancas, PedroCanário, Pinheiros, Ponto Belo, RioBananal, São Domingos do Norte,São Gabriel da Palha, São Mateus,Sooretama, Vila Pavão e Vila Valério.

Fonte: Projetos de lei e governo federal.

D I V U LG AÇ ÃO

A R AC R U Z seria beneficiada

São 28 municípios com incentivosEm 1998, a então deputada fede-

ral Rita Camata (PMDB) conse-guiu incluir 28 municípios do Nor-te do Espírito Santo na área deatuação da Superintendência doDesenvolvimento do Nordeste, aSudene. Foi uma conquista impor-tante para o Estado, pois permitiudesenvolver os setores de mármo-re e granito, confecção, moveleiro,e até atraiu fábricas para a região,devido aos incentivos fiscais eisenção de alguns impostos.

O projeto de Rita, aprovado apósmuita pressão já que nordestinosnão queriam “abrir a Sudene”, be-neficiou principalmente municí-pios novos como Governador Lin-denberg, desmembrado de Linha-res, que também passou a integrara Sudene, autarquia vinculada aoMinistério da Integração Nacional.

Esses municípios passaram a sercontemplados com incentivos fis-cais federais para a implantação denovos investimentos. A área da Su-dene conta também com a forteatuação do Banco do Nordeste doBrasil (BNB), que oferece diversaslinhas de financiamento a juros me-nores do que os cobrados pelo BN-DES, como afirmou o deputadoEvair de Melo (PV). “O ideal seriabotar todo o Estado na Sudene”.

Na época, a ex-deputada capixa-

ba alegou que os municípios esta-vam enfrentando os mesmos pro-blemas das cidades nordestinas,como a seca.

E que os municípios passariam aintegrar a área por sua localizaçãono Polígono das Secas (territóriosujeito a períodos de estiagensprolongadas). Com apoio do mari-do, Gerson Camata (PMDB), naépoca senador, Rita conseguiuaprovar o projeto nas duas Casas.

D I V U LG AÇ ÃO

SETOR DE GRANITO foi um dos que cresceram com incentivo da Sudene

“A sustentaçãodessa nova

área não está noenquadramento daSudene, mas simfundamentada na gestãode recursos hídricos”Evair de Melo, deputado federal