PROJETOS AUTO-SUSTENTÁVEIS: UMA PROPOSTA EDUCATIVA NO MUNICÍPIO DE IRARÁ-BAHIA

Matilde Silva Cerqueira Santana1 tidecerqueira@yahoo.com.br

Rosângela Sousa de Almeida2

ritsalmeida@hotmail.com Resumo O presente artigo apresenta os resultados preliminares alcançados a partir de atividade de intervenção educacional realizada com estudantes da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho – CEJIC, no qual o objetivo norteador foi a sensibilização dos mesmos, na tentativa de se buscar a melhoria na qualidade de vida e ambiental. Permeada pelos conceitos de práticas sustentáveis da agricultura, foi utilizada como principal estratégia de sensibilização a realidade vivenciada pela maioria dos alunos que são moradores da zona rural do município de Irará e que lidam diariamente com questões voltadas ao uso da terra. Para tanto, foram realizadas discussões no ambiente escolar, permeadas pela coleta de material em campo, e posterior socialização por meio de Seminários e Exposições. Assim, pôde-se perceber que uma Educação Ambiental que se vise crítica e participativa, deve ser norteada pela sensibilização e busca do pertencimento dos agentes envolvidos, fato observado nas atividades realizadas e que resultaram na elaboração deste trabalho. Palavras-chave: agricultura sustentável; educação ambiental; pertencimento. Abstract This research presents the preliminary results from the activity of educational intervention carried out with students from 3rd grade from Joaquim Inácio de Carvalho State High School CEJIC, where the main objective was the need to awareness them with the purpose of improving their quality life and of the environment. It was supported by the concepts of sustainable agriculture practices , and also was used as the main strategy of awareness to experienced reality by the most students who are residents of the rural area from the municipality of Irará and that deal daily with questions related to use of the land . To this purpose, discussions were held in the school environment purposed by collecting material in the field, and later by a socialization through Seminars and Exhibitions. Thus, we can perceive that the Environmental Education which seems to be critical and participatory should be guided by awareness and the search of the involved agents, which was observed in the activities that resulted in this work. Keywords: sustainable agriculture; environmental education; of belonging.

1 Docente do Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho - CEJIC 2 Mestranda em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente – UEFS e docente do CEJIC

1.Introdução A gestão sustentável do ambiente requer participação cooperada e qualificada dos diferentes setores – público, social e privado para o desenvolvimento de práticas sustentáveis. Nesse sentido a educação ambiental revela-se como um processo essencial na capacitação e formação de pessoas e de suas organizações. A Lei Federal 9.597/99 determina a presença da educação ambiental em todos os níveis e modalidades educativas de forma articulada, cabendo ao poder público, as instituições educativas, meios de comunicação, empresas e sociedade em geral, a responsabilidade da sua efetivação.

Segundo Pereira (1993), a educação ambiental consiste numa proposta na qual o aluno é o centro das atenções pedagógicas, colocando-o diretamente em contato com o fato a ser estudado. Isso representa o primeiro passo da abordagem ambientalista, em que o aluno passa a viver experiências que possibilitam a reflexão e solução de problemas que lhes são apresentadas no deu dia-a-dia.

A Educação Ambiental pode ser considerada como uma linha filosófica das ciências ambientais, que tenta equacionar as adaptações do homem ao meio onde vive e nesse sentido, aproximar o educando à sua realidade por meio de atividades vivenciadas em seu ambiente torna-se significativas todas as ações desenvolvidas na tentativa de buscar uma melhor qualidade de vida e ambiental.

Nesta perspectiva, podem ser enquadradas as atividades ligadas às práticas sustentáveis no ambiente como é o caso da agricultura sustentável definida como “uma agricultura ecologicamente equilibrada, economicamente viável, socialmente justa, culturalmente adaptada, que se desenvolve como um processo, numa condição democrática e participativa” (FÓRUM GLOBAL, 1992).

Uma das alternativas que busca esse desenvolvimento é a agricultura orgânica, que se destaca pelo respeito ao meio ambiente e à humanidade. O alimento orgânico é um produto sem agrotóxico, e seu sistema de produção busca o manejo do solo e dos demais recursos naturais de forma equilibrada (USDA, 1984). A busca e a necessidade de uma melhor qualidade de vida contribuem para mudanças de hábitos e estilo no modo de viver. Profissionais da área de saúde têm indicado esse tipo de produto por ter melhor qualidade nutricional.

Considerando a Educação Ambiental como um processo de ensino-aprendizagem permanente, e como tal, destaca valores e ações que contribuem para a transformação humana, social e para a preservação ambiental, que exige não somente responsabilidade individual, mas também, coletiva em nível local, nacional e global.

O referido trabalho toma como referência duas áreas rurais situada ao leste do município, denominada Fazenda Várzea, uma apresenta a produção de Horta Orgânica, a outra um Restaurante Auto-Sustentável. Sendo estes o ponto inicial para as reflexões acerca da educação ambiental no município e originado da necessidade premente de promover ações que levem à sensibilização e conscientização dos estudantes a fim de que estes possam intervir na comunidade em que vivem visando construir uma relação cuidadosa com o ambiente local.

2. Materiais e Métodos

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da prática orientada de observação da paisagem, coleta de dados e trabalho de campo, por meio de visita à Fazenda Várzea na qual são desenvolvidas práticas sustentáveis de agricultura, cujos produtos são comercializados na feira livre do município. Por meio de entrevistas os educandos puderam perceber como são

realizadas todas as etapas do cultivo das hortaliças, em especial processo de adubação, conforme Figuras 1 e 2.

Figura 1 Figura 2

Fonte: Trabalho de campo, outubro/2009. Fonte: Trabalho de campo, outubro/ 2009.

Finalizada a etapa de campo, os educandos, distribuídos em equipes socializaram suas

discussões por meio da realização de seminários que culminou na realização da atividade multidisciplinar que envolveu todas as turmas do colégio na apresentação dos resultados dos trabalhos desenvolvidos no último trimestre do ano letivo de 2009. Intitulado “Refletindo sobre o meio ambiente de Irará” essa atividade proporcionou uma reflexão acerca das questões ambientais tendo como subtemas: Turismo Rural: da ideologia à prática, Uso e degradação do solo e Horta orgânica: produção e consumo, conforme Figuras 3 e 4. Observando que a educação ambiental é importante em todas as áreas de ensino, não somente nas ciências ecológicas, mas também em todas as áreas sociais, naturais da educação, porque as relações entre natureza, tecnologia e sociedade marcam e determinam o desenvolvimento de qualquer sociedade.

Stands sobre Agroecologia e Produção Sustentável Figura 3 Figura 4

Fonte: Exposição: Refletindo sobre o meio ambiente iraraense/ outubro 2009

Fonte: Exposição: Refletindo sobre o meio ambiente iraraense/outubro 2009

3. Resultados e discussão

A partir da realização deste trabalho, pôde-se perceber que na busca pela sensibilização do indivíduo, estratégias de ação que e relacionem ao seu cotidiano tornam-se aliados poderosos, uma vez que o problema a ser discutido e as reflexões advindas desta prática perpassam pela realidade vivenciada dia-a dia. Situações vivenciadas na coleta de dados em campo podem e devem ser adaptadas às atividades de lida diárias, principalmente quando estas atividades incluem a incorporação de práticas sustentáveis do uso da terra e da produção de alimentos.

Na continuidade do projeto, outras etapas se complementarão às primeiras ações. É o caso das ações voltadas aos seguintes aspectos: produção e divulgação de mapas campanha de divulgação e sensibilização junto à comunidade em geral pela necessidade de cuidar e valorizar o meio ambiente; implantação de horta orgânica no colégio; articulação com o poder público e organizações do terceiro setor para discutir a viabilidade de implantar o turismo ecológico, iniciando pela realização visitas ao local.

Dessa forma, considerando a importância da Educação Ambiental e a visão integrada do mundo, tanto no tempo como no espaço, a escola deverá ampliar os conhecimentos dos educandos trabalhando a consciência crítica como meio de transformação social, pois alunos conscientes serão cidadãos que se relacionarão com a natureza de forma harmoniosa e sustentável.

3. Conclusões

Utilizando-se de uma linguagem clara e objetiva, por meio de aulas práticas, atividades de campo, foram observadas a organização da produção na utilização de recursos naturais. Durante a visitação na Fazenda Várzea, foram apresentados métodos simples e interessantes de como o homem pode buscar o seu próprio sustento, sem que precise agredir ou poluir o meio ambiente.

Nesse contexto, as instituições de ensino médio devem acreditar e incentivar a produção de pesquisas, tornando os educandos elementos críticos que possam transformar a sociedade. Os trabalhos de campo são de fundamental importância, pois contribuem significativamente para o entendimento das questões ambientais. Verifica que a sensibilização a partir do contato direto com o ambiente promove conhecimento, reflexão, mudança de valores e atitudes e conseqüentes responsabilidade com o meio ambiente e com a qualidade de vida como um todo. 4. Agradecimentos O conhecimento sempre se constrói em comunhão, em cooperação, por isso faz-se necessário agradecer às pessoas ou instituições abaixo relacionadas: Ao Sr. Genivaldo Figueiredo, proprietário da Faz. Várzea Ao Sr. Everaldo Damasceno, ambientalista e proprietária da Faz. Auto-Sustentável Ao Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho Secretaria de Educação do Município de Irará

5. Referências ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. AQUINO, A. M.; NEVES, M. C. P. A história do seu João das Alfaces – Uma introdução à agricultura orgânica. Brasília: Serviço de Produção de Informação, 1996. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº7. Brasília: Diário Oficial da União, Seção 1. 11 p, 1999. CNPQ/SEPLAN. Relatório e recomendações sobre a cultura orgânica. Preparado pelo grupo de estudo do USDA – Departamento de agricultura dos Estados Unidos. Tradução: Iara M. C. Della Senta/DAS-CNPQ. Brasília: CNPq/Coordenação Editorial, 1984. 24 p PEREIRA, A.B. Aprendendo ecologia através da educação ambiental. Porto Alegre: Sagra:DC Luzzatto, 1993.