projetos ambientais

Upload: luciana-araujo

Post on 03-Apr-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    1/39

    Anlise de ProjetosAmbientais I

    Notas de Aula

    Luiz Antonio de Oliveira Mello

    2008

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    2/39

    Disciplina: Analise Projeto Ambiental ICarga Horria total: 80 h/aPeriodo: 1

    EMENTA:Fundamentos, conceitos e tcnicas sobre Elaborao, Anlise, Avaliao e Gesto de ProjetosAmbientais.

    PROGRAMAConceito de projeto. Diferenciao entre desenvolvimento de projetos e desenvolvimento denegcios. Conceitos sobre Gesto de Projetos, Projetos Ambientais. Anlise de ProjetosAmbientais, Tcnicas de anlise de custo-benefcio na anlise de projetos ambientais, Conceitosbsicos para a avaliao de projetos ambientais, Avaliao de Projetos Ambientais, Elaborao deProjetos Scio-Ambientais, Noes sobre Impactos Ambientais, Estudo Prvio de ImpactosAmbientais (EIA) e Relatrio de Impactos ao Meio Ambiente (RIMA).

    BIBLIOGRAFIA BSICA: Gerenciamento de Projetos: nfase na indstria do petrleo. Renato Ramos, Rio de Janeiro:

    Intercincia, 2006. Gesto e Implementao de Projetos. Harvard Business Review, Editora Campus, 2005, 208p. Anlise ambiental: uma viso multidisciplinar. Smia Maria Tauk (org) 2a ed. So Paulo:

    UNESP, 1995. 206 p.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: Viabilidade econmico-financeira de projetos Ricardo Bordeaux-Rgo et al., Rio de Janeiro:

    Editora FGV, 2006.

    Apostila de Elaborao de Projetos. CarlaValdetaro e Raymundo Quezada, Rio de Janeiro:FGV, Instituto Olho D'gua e Balco SEBRAE, UFRJ, 2000.

    Custos e Preos - Formao e Analise. Samuel Cogan, So Paulo: Editora Pioneira, 2003. Gerncia em Projetos. Valeriano. So Paulo: Makron Books, 1998. Planejamento e Projetos.Nilson Holanda, Rio de Janeiro: APEC/MEC, 1998. Projetos - Planejamento, Elaborao e Analise.Sanso Wotler e Washington Franco Mathias.

    So Paulo: Atlas, 2000.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    3/39

    1. Gesto de Projetos

    Vamos apresentar o tema gesto de projetos, conceituando inicialmente projeto e destacando adiferena entre se desenvolver um negcio e se desenvolver um projeto.

    Muitas vezes comentamos que estamos desenvolvendo um projeto ou que temos idias para fazer umprojeto, mas vamos observar alguns detalhes, seguindo o conceito utilizado pelo Project ManagementInstitute (PMI), que uma das organizaes mais conceituadas no mundo no assunto.

    Segundo o Instituto, um projeto uma iniciativa que nica de alguma forma, seja no produto quegera, seja no cliente do projeto, na localizao, nas pessoas envolvidas, ou em outro fator. Istodiferencia os projetos das operaes regulares de uma empresa a produo em srie de bicicletas uma operao de uma empresa, por exemplo. Mas, por outro lado, a deciso da criao de um mvelsob encomenda faz disso um projeto.

    Um projeto tem uma finalidade bem definida, ou seja, tem um objetivo claro, que quando atingido,caracteriza o final do projeto. Isto faz com que o desenvolvimento de um novo negcio, por exemplo,possa no ser considerado um projeto. Vamos pensar sobre este segundo ponto um pouco mais.Imagine que voc tenha uma idia para um novo produto a ser lanado no mercado, e que voc queirapleitear recursos para financiar o desenvolvimento deste negcio.

    Para isso, voc provavelmente ir desenvolver um plano de negcios, que conter informaes sobre oproduto em si, sobre as foras do mercado que agiro sobre este negcio (clientes, concorrentes,fornecedores, etc...), ir fazer uma anlise de Oportunidades e Ameaas, Pontos fortes e pontos fracos,apresentar planilhas financeiras, montar um plano de Marketing, ir mostrar o diferencial do seuproduto, etc. possvel entender que a criao deste documento completo um projeto, mas o

    contedo do documento em si no, uma vez que se trata de um negcio novo, j que, salvo excees,negcios so feitos para durar indefinidamente, no para terem um final em um determinado momento.

    Projeto , pois, definido como sendo uma empreitada temporria, realizada por pessoas, com recursoslimitados e que tem como objetivo criar um produto ou servio nico1. Para entender melhor essadefinio, interessante analisar detalhadamente as caractersticas de um projeto: Empreitada temporria significa que o projeto tem um incio e um fim. O incio do projeto estabelecido pela autorizao de incio do trabalho, dada pelo patrocinador do projeto, e o fim caracterizado pela aceitao, por quem encomendou o projeto, do produto ou servio especificado; Produto ou servio nico implica que no possvel fazer uma previso a priori dos resultadosefetivos do projeto. isso que difere um projeto, por exemplo, de uma operao fabril. O trabalhorealizado numa fbrica de produtos eletrnicos de consumo (computadores, aparelhos de TV,equipamentos de udio, telefones celulares) tem como objetivo produzir equipamentos idnticos (paraum mesmo modelo). Assim, todo o planejamento da produo, processos e infra-estruturas so criadoscom base em informaes conhecidas e determinsticas. Isso permite, por exemplo, a realizao de

    simulaes da produo antes que ela efetivamente acontea e, caso a simulao criada seja correta, afbrica dever funcionar conforme previsto. Parmetros como tempo de produo, custos ecaractersticas do produto final assumem valores conforme previsto, exceto se ocorrerem eventos deexceo. O modelo de projeto, por sua vez, aplica-se a empreitadas onde no h informaessuficientes para garantir que as atividades ocorrero conforme previsto. Por exemplo, podemos aplicaro modelo de projeto ao desenvolvimento de um novo produto equipamento. Nesse caso, no sabemos apriori quanto o desenvolvimento do novo produto ir custar efetivamente, nem quanto tempo ir durar,ou mesmo as suas caractersticas finais. Podemos argumentar que existem outros desenvolvimentos denovos produtos eletrnicos e que essa informao poderia ser utilizada para se fazer previses

    1PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE.PMBOK: A Guide to the Project Management Body of Knowledge, 2000.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    4/39

    necessrias para o projeto. Evidentemente, histricos de projetos semelhantes podem ser utilizados (ede fato so utilizados), mas cada produto novo tem suas caractersticas prprias, o que, certamente, irtornar o seu desenvolvimento diferente dos outros equipamentos; Apesar de no ser possvel fazer uma previso precisa dos custos, prazos e caractersticas doproduto ou servio resultante de um projeto, no se trabalha com uma expectativa de que haverprazos, recursos materiais e humanos vontade. Pelo contrrio, o projeto deve atender a requisitos deprazo e custo, que limitam as alternativas de soluo e tornam complexa a realizao da empreitada;

    Dadas estas caractersticas, faamos uma lista de exemplos de projetos: a construo de uma casa umprojeto, o desenvolvimento de um software, a organizao de um evento, a construo de um mvelsob encomenda, a implantao de uma nova linha de produo na fbrica, a realizao de uma viagem,escrever um livro, criar um documento, desenvolver um roteiro de uma pea de teatro...

    Repare na lista acima e confirme as duas caractersticas mencionadas anteriormente, comuns a todos osprojetos: eles tm um fim bem definido e so, de alguma forma, sempre nicos.

    Agora, com os esclarecimentos j feitos, passemos conceituao de Gesto de Projetos. Para tanto,devemos ter em mente a definio de projeto apresentada, nos remetendo, sempre que necessrio, aosexemplos dados, para compreender realmente a caracterstica genrica que envolve a gesto deprojetos, ou seja, que faz com que o tema gesto de projetos possa ser discutido de formaindependente da rea de atuao.

    Gerenciar, administrar, coordenar ou gerir um projeto consiste na aplicao de tcnicas, conhecimentoe habilidades para garantir que um projeto tenha sucesso. E gerenciar um projeto envolve desde inici-lo at finaliz-lo, passando pelas etapas de planejamento, execuo e atividades de controle.

    A gesto de projetos definida como sendo a aplicao de conhecimento, habilidades, ferramentas etcnicas sobre as atividades do projeto, de forma que os requisitos do projeto sejam atingidos 2. Odesafio a ser enfrentado na realizao de um projeto conseguir atingir o seu objetivo atendendo aosseus requisitos, isto , levando-se em considerao as complexidades tcnicas envolvidas, as incertezasde execuo e as restries de custo e prazo. Para aumentar a chance de que um projeto sejacompletado com sucesso a receita indicada realizar um bom planejamento, atravs da criao doplano do projeto, e um controle adequado durante a sua execuo. A responsabilidade pela criao doplano do projeto e pelo controle da sua execuo do gerente do projeto. Pela natureza das suasresponsabilidades, importante que o gerente do projeto seja um profissional com conhecimento ehabilidades suficientes para lidar com as diversas demandas competitivas relacionadas com o projeto:escopo, custo, prazo, risco, qualidade, necessidades e expectativas dos envolvidos.

    2 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE.PMBOK: A Guide to the Project Management Body of Knowledge, 2000.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    5/39

    2. Projetos ambientais

    Desenvolver projetos ambientais estabelecer formas novas de se relacionar com o ambiente. Em umprojeto ambiental no se trata apenas de proteger a natureza do homem, mas de ensinar o homem aconviver com a natureza. buscar conhecimento, habilidades, ferramentas e tcnicas visando: a racionalizao do uso do solo, do subsolo, da gua e do ar; o planejamento e fiscalizao do uso dos recursos ambientais; a proteo dos ecossistemas, com a preservao de reas representativas; o controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; obter incentivos ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e aproteo dos recursos ambientais; a recuperao de reas degradadas; a proteo de reas ameaadas de degradao; a educao ambiental a todos os nveis de ensino, inclusive a educao da comunidade,objetivando capacit-la para participao ativa na defesa do meio ambiente.Desde 1972, a partir da Conferncia de Estocolmo, muitos esforos vm sendo desenvolvidos naesfera do setor do ambiente no sentido de estabelecer uma base metodolgica para o desenvolvimentode estudos e projetos ambientais e, por conseqncia, otimizar e padronizar, ao mximo, a elaborao deprojetos ambientais.

    Tm-se envolvidos nesse desafio as universidades, as empresas de consultoria e projetos, os institutos depesquisa, os rgos pblicos, as associaes ambientalistas, os profissionais liberais de diversas reas eos organismos internacionais, como o Banco Internacional de Reconstruo e Desenvolvimento (BIRD),o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organizao das Naes Unidas para aAgricultura e Alimentacao (FAO) e o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

    A grande concluso desses estudos a necessidade imperiosa de se proceder a uma criteriosa anliseambiental antes de se iniciar a elaborao de projetos ambientais de qualquer natureza.

    Anlise ambiental constitui-se de um exame detalhado de um sistema ambiental, por meio do estudo daqualidade de seus fatores, componentes ou elementos, assim como dos processos e interaes que nelepossam ocorrer, com a finalidade de entender sua natureza e determinar suas caractersticas essenciais.

    Ao se promover uma anlise de um sistema ambiental, se prope discutir e analisar dados das variveisambientais registrados no sistema sob observao, como forma de se verificar o grau de afetao quetais variveis estariam submetidas em funo de uma eventual alterao de suas caractersticas por aoantropognica.

    Basicamente, a anlise consiste em se avaliar informaes tcnicas e ambientais onde os fatoresambientais e suas variveis so levantados e analisados para serem comparados com os impactosambientais que podem ser causados por um determinado projeto.

    Por ser um estudo extremamente dinmico e de ampla possibilidade de enfoque, fundamental que seestabelea, para cada estudo promovido acerca de um sistema ambiental, uma metodologia adequadaao desenvolvimento do projeto que se pretende implantar, observando-se os princpios dodesenvolvimento sustentvel.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    6/39

    3. Tcnicas de anlise de custo-benefcio na anlise ambiental

    Qualquer poltica ambiental trata, necessariamente, de conflitos de interesses microeconmicos, namedida em que o uso do meio ambiente distinto para cada grupo de indivduos. Por exemplo, apreservao de um parque beneficia diretamente todos os que dele se utilizam como rea derecreao. Caso seja proposto um projeto de estrada cortando este parque, os seus usurios seroprejudicados, enquanto os usurios da nova estrada podem ser beneficiados com um melhortrafego rodovirio. Se o parque representa um stio natural de importncia, poder-se-ia concluirque as geraes futuras tambm seriam prejudicadas. Ou seja, visualiza-se uma situao na qualh necessidade de se avaliar uma ao econmica que impe uma troca de bens e servios ambientaispor outros de natureza material. No exemplo acima, objetiva-se comparar uma estrada que oferecemenor custo de transporte com a conservao de um parque.

    Para se tomar uma deciso, ser preciso que ambas as alternativas, estrada ou conservao do parque,sejam comparadas de acordo com uma dimenso nica e comum. Esta poderia ser desde o voto decada beneficirio ou prejudicado at o nmero de empregos gerados em cada uma das si tuaes.

    Outra forma de administrar o conflito de interesses seria avaliar se todo o valor econmico geradopela nova estrada excede ou no o valor atribudo ao parque a ser conservado. Essa a contribuio doseconomistas para a difcil tarefa de avaliao ambiental. Isto , transformar todos os benefcios e oscustos em valores monetrios, para, ento, medir a rentabilidade social de cada opo considerada.Tal prtica fundamenta as tcnicas da anlise de custo-beneficio dita social. No se trata, assim, deconsiderar esses valores do ponto de vista

    somente do empreendedor do projeto ou exclusivamente dos prejudicados. Mas, sim, de levar emconsiderao todos os agentes econmicos em conflito, para que a deciso maximize o bem-estar

    social e no o de certos grupos de indivduos. Da mesma forma, a anlise econmica no objetiva"criar valores monetrios para todas as coisas". Ao contrario, a tarefa dos economistas a de procurarrevelar os valores monetrios que os indivduos atribuem aos bens e servios que consomem.

    O ato de consumir o ambiente pode soar repugnante a certos ambientalistas. Todavia, para oseconomistas esse ato a essncia da analise econmica, posto que toda e qualquer atividade deproduo e de consumo encerra um uso do meio.

    Devido s suas caractersticas de bens e servios de propriedades comuns, que no oferecem,portanto, exclusividade de propriedade e de consumo, ento o uso do meio ambiente geralmentelivre e sem nenhum pagamento. Ou seja, seu consumo no se realiza no mercado e gera efeitosexternos que no so internalizados nos preos de outros bens. Logo, em termos individuais (sejao consumidor ou o produtor), no h nenhuma limitao que restrinja o uso excessivo dos bens eservios ambientais. Se, por outro lado, os impactos ambientais so monetariamente valorados, possvel, ento, obter uma medida melhor dos ganhos e perdas de bem-estar resultantes das atividades

    econmicas, quando comparadas com as receitas e os custos envolvidos.

    A disposio para pagar ou para aceitarConforme salientado, se faz necessrio conhecer quanto as pessoas valorizam os bens e osservios que consomem, entre eles os derivados do ambiente.

    A teoria econmica conceitua como disposio para pagamento, a soma de dinheiro que as pessoasesto dispostas a sacrificar para poderem consumir um bem ou servio. Igualmente, possvel tambmmensurar aquela soma de dinheiro que as pessoas esto dispostas a aceitar como compensao porno terem acesso ao consumo de um determinado bem ou servio.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    7/39

    A estimativa dessas disposies do consumidor para gastar ou para aceitar e que determinam as curvas dedemanda dos bens e servios de uma economia. Por exemplo, na curva de demanda expressa a seguir(figura abaixo), observa-se que quando o preo de um produto eleva-se de P1 para P2, diminui aquantidade a ser consumida de Ql para Q2. Ou seja, menor o nmero de indivduos dispostos a pagarpor P2 que em relao a P1.

    servios oferecidos at ento. Tudo isso sem considerar as perdas para geraes futuras, com a destruioda fauna e da flora desse parque.

    Observa-se que, em relao aos custos rodovirios possvel estimar as variaes do excedentediretamente dos preos vigentes no mercado. Para tal, bastaria calcular os custos resultantes de um novotraado da estrada em termos de material de construo e de mo-de-obra. Por out ro lado, a maioriados servios ambientais em risco, conforme discutido anteriormente, no transacionada no mercado e,portanto, no tem preos. O fato de no ter no significa, todavia, que no tenha um valor econmico.

    O excedente do consumidorObservou-se na figura mostrada anteriormente que um aumento de preo reduz a quantidadedemandada. Nota-se que o restante dela pagar agora um preo maior. Dessa forma, possvel definira perda dos consumidores nas reas a (reduo de consumo) e b (maior dispndio) do grfico.Inversamente, quando o preo reduz-se de P2, pode-se afirmar que os consumidores ganharam oequivalente rea (a+b). Esta rea abaixo da curva de demanda e acima da linha de preo denominadaexcedente do consumidor, ou seja, os consumidores estariam dispostos a gastar (a+b) para consumirQ1 em vez de Q2, ou serem compensados por esse montante para reduzir seu consumo de Q1 para Q2.

    Admita-se, no caso da estrada referida, que o custo de construo decorrente de um projeto parapassar a estrada distante do parque seja mais elevado. No considerando a perda de outros benefcios,poder-se-ia estimar que o servio de transporte dos usurios dessa rodovia seria prejudicado pelacobrana de um pedgio decorrente dos elevados custos de produo. Assim, para os usurios haveriaincerteza uma perda em termos do excedente do consumidor. Isto , um excedente negativodevido aos maiores custos de transporte. Entretanto, caso a estrada realmente cortasse o parque,seriam ento os usurios do parque que teriam uma perda de excedente, posto que teriam que abrirmo do consumo daqueles servios oferecidos at ento. Tudo isso sem considerar as perdas parageraes futuras, com a destruio da fauna e da flora desse parque.

    Observa-se que, em relao aos custos rodovirios possvel estimar as variaes do excedente

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    8/39

    diretamente dos preos vigentes no mercado. Para tal, bastaria calcular os custos resultantes de um novotraado da estrada em termos de material de construo e de mo-de-obra. Por out ro lado, a maioriados servios ambientais em risco, conforme discutido anteriormente, no transacionada no mercado e,portanto, no tem preos. O fato de no ter no significa, todavia, que no tenha um valor econmico.

    Valor econmico do ambienteNo exemplo admitido, supomos que o custo adicional do novo traado da estrada encerra a nicadiferena em relao ao primeiro traado, de forma que outros fatores, como tempo de viagem esegurana, foram mantidos equivalentes. Conforme j discutido, esse custo adicional seria uma boa medidados custos sociais a serem incorridos para preservar o parque. Quais seriam ento os beneficios quejustificariam esses custos adicionais? Qual seria o valor atribudo preservao do parque?

    Na literatura econmica distinguem-se trs diferentes valores que compem o valor do ambiente , deacordo com a seguinte expresso: valor total do ambiente = valor de uso + valor de opo + valor deexistncia.

    O primeiro deles deriva do uso atual dos bens e servios ambientais. No caso do parque emquesto, esses valores de uso tanto podem ser decorrentes de atividades, como a pesca, a caa ou anutica , como tambm se resumirem a uma simples satisfao de apreciar os pssaros, os animais oua vista de uma montanha. Seja qual for a atividade, a preservao do parque encerra um valor para oindivduo de acordo com o que estaria disposto a pagar pela preservao dos servios que recebe pelouso do parque.

    Da mesma forma, h indivduos que no momento no usufruem diretamente do parque, mas quepodem desejar faz-lo no futuro. Ou seja, a preservao do parque pode incorporar valores de opo

    para usos futuros, que representariam o quanto os indivduos estariam agora dispostos a pagar comouma garantia de que os servios ambientais estariam, no futuro, disponveis para eles e seusdescendentes. Por exemplo, o valor de opo seria o decorrente da incerteza que os indivduos teriamem relao disposio dos atuais usurios em preservar o parque. possvel tambm um valor deopo que resulte da irreversibilidade da deciso a ser tomada que venha a agredir o meio ambiente.Isto , o desconhecimento quanto aos impactos ambientais eleva a incerteza, da seria mais justificvelampliar o conhecimento antes de prosseguir com o projeto impactante.

    No exemplo do parque em questo, na presena de um risco ambiental carente de melhorinvestigao, seria o caso de se determinar um valor de opo dessa natureza. Por ultimo, osindivduos tambm podem obter satisfao pelo prprio fato de uma espcie animal ou um stionatural existir independentemente do seu uso atual ou futuro. Ou seja, o valor de existncia aqueleque no est relacionado com o consumo direto e sim com a pura existncia de um bem ou servionatural.

    Tcnicas e mensuraoConforme discutido, o meio encerra um valor derivado do seu uso atual e futuro e tambm pela suaprpria existncia. Esses valores seriam decorrentes da disposio para pagar dos indivduos queobtm alguma satisfao de um bem ou servio ambiental. Antes de apresentar sucintamente algumastcnicas para estimar a disposio para pagar, vale ressaltar que certos bens e servios ambientaisencontram-se de certa forma valorizados no mercado. Por exemplo, o uso de um rio para despejoindustrial, que resulte na perda de uma produo pesqueira ou agrcola, pode ser estimado pelo valordessa produo a preos vigentes no mercado. Trata-se de mensurar o custo econmico deoportunidade, isto , o custo do uso alternativo de um certo bem ou servio ambiental. Embora taisprocedimentos no permitam estimar os principais custos ambientais, por vezes os valores

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    9/39

    determinados dessa forma j so suficientes para rejeitar inmeros projetos e atividades de grandeimpacto ambiental, sem que haja necessidade de empregar tcnicas de cunho mais subjetivo, como asdescritas a seguir:

    - Tcnicas de mercado de recorrncia

    Embora no exista um mercado de ar puro, sabido que residncias localizadas em reas urbanas,onde a qualidade do ar superior, tm seu valor apreciado. Dessa forma, utilizando o mercado deimveis como um mercado de recorrncia, possvel estimar a parcela do diferencial de preos dosimveis diferentemente localizados, que representam uma disposio para pagar pela melhorqualidade do ar. Isso tambm se aplica para a poluio sonora. Por exemplo, no caso citadoanteriormente, seria possvel assumir que as residncias vizinhas ao parque fossem apreciadas emrelao a outras prximas de pior qualidade ambiental. Todavia, so obvias as dificuldades em separar asparcelas desse diferencial de preo que refletem o consumo de um servio ambiental. Outros fatores,como vizinhana, comrcio e transporte, tambm influenciam fortemente os preos.

    Outro mercado de recorrncia de grande validade o de turismo. Analisando os custos de viagemrealizados pelos indivduos para visitarem um stio natural, seria possvel estimar quanto as pessoasvalorizam esse stio e assim quanto estariam dispostas a pagar pela sua preservao. No caso doexemplo do parque, poder-se-ia analisar os custos de viagem incorridos pelos visitantes de acordo comas regies de origem. As mesmas dificuldades de separar as parcelas dos custos, que representamsomente o valor do servio ambiental, tambm existem. Alem disso, essas tcnicas s permitem obteruma aproximao do valor de uso, pois os valores de opo e existncia podem ser positivos paravrios indivduos que no habitam a vizinhana do parque ou que no pretendem visit-lo.

    - Tcnicas de mercados hipotticos

    O recurso de mercados hipotticos tem sido amplamente utilizado em recentes estudos ambientais.Trata-se de criar um mercado hipottico, via pesquisas de questionrios, em que para determinadassituaes os respondentes atribuem valores as mudanas na oferta ou na qualidade de um certo bemou servio ambiental. Basicamente, as perguntas objetivam revelar quanto a respondente estariadisposto a pagar pela preservao ou quanto estaria disposto a ser compensado pela perda dequalidade ambiental.

    Todavia, vrios vieses podem ocorrer neste tipo de pesquisa, devido s imprecises das perguntas oudo instrumento de coleta. Tambm a desinformao do entrevistado e suas expectativas quanto aopesquisador influenciam nos valores respondidos. Aqueles que j se beneficiam estrategicamente asubavaliar sua disposio para pagar. Alm do mais, os entrevistados atribuem valores diferentes paraformas distintas de contribuio (tributao, cobrana de entradas, aumento de preos de produtos eoutros).

    Igualmente, valores divergentes podem surgir se o pesquisador sugere ou no intervalos de valores. Dequalquer forma, no caso do parque, no exemplo citado, seria plausvel uma pesquisa entre os visitantese os moradores das redondezas para conhecer os valores que eles atribuem para os diversosbenefcios que recebem do uso do parque.

    Novamente, nada asseguraria que todas as parcelas do valor econmico do parque seriam mensuradas,caso a populao pesquisada no inclusse aqueles que no so usurios, mas estariam dispostos apagar pela sua preservao.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    10/39

    4. Conceitos bsicos para a avaliao de projetos ambientais

    A avaliao ambiental, para ser corretamente desenvolvida, requer a utilizao de equipes multi einterdisciplinares. Naturalmente essas situaes apresentam algumas dificuldades de gerenciamento,em virtude da diversidade de culturas e especializaes envolvidas. Cada analista tende a enfocar oquadro tpico de sua especialidade, oferecendo ao grupo os fatores e as relaes condicionantes datransformao ambiental a ser avaliada segundo uma tica especfica. Em sntese, pode-se dizer queh uma grande possibilidade para que o gelogo, o pedlogo, o bilogo, oeconomista e assim pordiante, aborde a temtica sob um enfoque que lhe exclusivo. Como integr-los holisticamente? Esta a questo que se impe.

    Sabe-se que no simples efetuar a comparao de um fenmeno ambiental mensurado em mg/l comoutro medido em R$ e um outro medido em m3/s. curioso, mas situaes desse tipo normalmenteredundam em discusses extravagantes e incuas, do tipo: "O meu OD mais importante do que a tuareceita! ou A minha vazo sofre mais do que a tua renda per capita", e assim por diante.

    Muitas solues tm sido propostas para resolver esse impasse. A mais comum, sem dvida, temsido negar que o impasse existe, realizando a avaliao ambiental com base exclusivamente naintuio de um gerente senior. Embora os resultados dessa prtica possam at mesmo revelar, em algunscasos, a acuidade profissional de uma deciso isolada (a do gerente senior), os riscos associados sograndes e o produto da avaliao, na maioria das vezes, no resiste a mais simples crtica, porquantodecorre mais de opinies isoladas do que de conhecimentos especficos comprovados e justificveis apartir de premissas cientificamente estruturadas. Para tentar equacionar uma proposta razovel,modelada, para a avaliao ambiental, torna-se necessrio apresentar alguns conceitos bsicos que oraforam tornados por emprstimo de outras reas do conhecimento, ora foram criados para a finalidadedesse modelo.

    Esses conceitos tm por objetivo conformar a estrutura de abordagem do modelo, de forma a situ-lo como uma ferramenta para a avaliao de transformaes ambientais de qualquer natureza.

    Qualidade ambiental e de vida

    A qualidade ambiental de um ecossistema expressa as condies e os requisitos bsicos que eledetm, de natureza fsica, qumica, biolgica, social, econmica, tecnolgica, cultural e poltica, de modoa que os fatores ambientais que o constituem, em qualquer instante,- possam exercer efetivamente as relaes ambientais que lhes so naturalmente afetas, necessrias manuteno de sua dinmica e, por conseguinte, da dinmica do ecossistema de que fazem parte,- detenham a capacidade complementar de auto-superao, que os permita desenvolver novasestruturas relacionais e promover, aleatoriamente, desdobramentos ordenados da complexidade doecossistema.

    Em suma, a qualidade ambiental o resultado das dinmicas dos mecanismos de adaptao e dosmecanismos de auto-superao dos ecossistemas. Assim, com base na teoria sistmica da evoluo, aqualidade ambiental o resultado da ao simultnea da necessidade e do acaso.

    A qualidade de vida, para o modelo, expressa a qualidade ambiental especifica ao fator ambientalHOMEM, estabelecendo os requisitos e as condies mnimas que um ecossistema deve oferecer, denatureza fsica, qumica, biolgica, social, econmica, tecnolgica, cultural e poltica, de modo que, nasociedade humana de que participa, possa realizar as relaes ambientais que lhes so inerentes, comvistas a sua manuteno, evoluo e auto-superao.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    11/39

    Indicadores scio-ambientais

    So variveis, especficas a cada fator ambiental, que permitem a aferio das oscilaes decomportamento e/ou de funcionalidade do fator, tornando-se o elemento mais adequado para a anlisequalitativa e quantitativa das variaes da qualidade ambiental de um ecossistema. Todo e qualquerfator ambiental possui comportamento e funcionalidade tpicos, de acordo com as requisies dosecossistemas de que faz parte. Esses atributos representam as funes e a relevncia do fator no contextoambiental. A variao deles exprime, em maior ou menor grau, a variao da qualidade ambiental dosecossistemas. Dessa forma, ao estimar ou aferir as oscilaes de um indicador ambiental, em escalaapropriada, fica estabelecida a prpria medida da intensidade de um impacto ambiental, ou pelo menos setorna conhecido um valor dela resultante, com consistncia e aptido suficientes para represent-la emum estudo analtico-comparativo.

    Os indicadores sociais se definem como estatsticas aptas a medir os elementos atinentes condiosocial e do bem-estar dos diversos segmentos da populao, se possvel, ao nvel dos indivduos e node agregados, inclusive a evoluo desses elementos no tempo (UNESCO). Segundo IBGE estasestatsticas renem um conjunto de indicadores sobre a realidade social brasileira, abrangendoinformaes sobre educao, trabalho e rendimento, domiclios, famlias, grupos populacionaisespecficos e trabalho de crianas e adolescentes, entre outros aspectos, acompanhados de brevescomentrios sobre as caractersticas observadas nos diferentes estratos geogrficos e populacionais doPas relativamente a esses temas.

    Em 1996, a Comisso de Desenvolvimento Sustentvel das Naes Unidas listou, no documentoconhecido como Livro Azul, 134 indicadores a serem localmente aferidos pelos pases signatrios daAgenda 21.

    Em 2000, a lista foi reduzida para 57 e recebeu diretrizes metodolgicas. A partir da, com adaptaes realidade brasileira, foi elaborada a publicao do IBGE, trazendo 50 indicadores Sociais, Ambientais,Econmicos e Institucionais. O primeiro desses quatro grupos traz dezenove indicadores sobrepopulao, equidade, sade, educao, habitao e segurana e o segundo, dezoito, sobre atmosfera,terra, mar, biodiversidade e saneamento.

    No entanto, na elaborao de um projeto, indicadores prprios podem ser definidos para que se consigamonitorar e avaliar o progresso e o seu resultado final.

    Meio ambiente

    Constitui-se em uma subdiviso terica e arbitrria do ambiente, segundo conjuntos afins de segmentosambientais, de acordo com o tipo de abordagem e de ao que se deseja imprimir em uma dada regio.As pesquisas e os estudos ambientais, para efeito de abordagem, organizao de dados e estruturao dagrande quantidade de conhecimentos especficos que podem envolver, organizam o espao ambiental

    em conjuntos de subespaos afins, de modo a facilitar sua compreenso. A par da diversidade depossveis composies para um mesmo espao ambiental, uma subdiviso ampla e reconhecidamenteutilizada e a seguinte: meio fsico, meio bitico e meio antrpico. No significa, no entanto, que oambiente seja estruturado via conjuntos estanques de segmentos. Ao contrario, as relaes entre osmeios, mesmo assim organizados, so sistemticas, sendo indesejvel qualquer tratamentometodolgico que no contemple esse fato.

    Compartimento ambiental

    Consiste em qualquer uma das parties ou segmentos afins em que se subdividem os meiosambientais, de acordo com a abordagem do estudo a ser realizado e de conformidade com as

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    12/39

    caractersticas do meio a que se refere. Dessa forma, um compartimento detm todos os conjuntos defatores ambientais de mesma natureza.

    Fator ou bem ambiental

    Todo e qualquer elemento constituinte da estrutura de um ecossistema. O que se torna fundamental ea compreenso de que os fatores ambientais, conforme conceituados, constituem-se em umaunidade conceitual de que o modelo se utiliza para operacionalizar a avaliao ambiental. Sobnenhuma hiptese devem ser entendidos como se fossem componentes mecnicos de um ecossistema, ouurna unidade bsica de suas estruturas, ou mesmo uma unidade de sobrevivncia.

    Um fator ambiental um sistema em si mesmo que sobrevive em uma estrutura de ordemestratificada mediante as relaes que mantm com outros fatores, isoladamente, e com a totalidadedo ecossistema do qual faz parte. Tm-se, dessa forma, nveis sistmicos estratificados que interageme mantm essa disposio de vida atravs das imposies da estrutura ordenada do todo sistmico queos contm. Esses nveis podem ser observados sob diversos ngulos, devolvendo ao observadordistintas morfogenias do espao ecolgico ou ambiental. Duas formas de abordar esse espao, porm,interessam diretamente ao modelo, uma vez que determinaram a sua tica a respeito dos nveis bsicosdos ecossistemas.

    Representao funcional do ambiente

    A primeira forma de abordar esse espao enquadra a estrutura funcional dos ecossistemas e arepresenta pelos seguintes nveis estratificados, do menos complexo para o mais complexo:Nvel 1. Colees de fatores ambientais;Nvel 2. Colees de relaes ambientais;

    Nvel 3. Colees de ciclos ecolgicos;Nivel 4. Colees de ecossistemas.

    Cada nvel se realiza pela organizao e pela integrao dos elementos constituintes do nvel antecedentede menor complexidade. O nvel inferior, representado pelas colees de fatores ambientais, todavia,realiza-se por intermdio de duas capacidades intrnsecas que se complementam: a de auto-afirmaodos fatores, que os individualiza fsica e funcionalmente, e a de integrao, que os submete a ordemdos demais nveis. Dessa forma, se existe urna unidade de sobrevivncia, ela , sem duvida,expressa pela relao do fator ambiental com o ecossistema de que faz parte.

    Representao estrutural do ambiente

    A segunda abordagem enquadra a estrutura orgnica do ambiente e a representa pelos seguintes nveisestratificados, do menos complexo para o maiscomplexo:

    Nvel 1. Fatores ambientais;Nvel 2. Compartimentos ambientais;Nvel 3. Meios ambientais;Nvel 4. Ambiente.Um conjunto de fatores ambientais, por definio, e um conjunto de elementos iguais, em natureza eespcie, conformando um nvel sistmico estratificado. Um compartimento ambiental pode deter nconjuntos de fatores ambientais, conformando um nvel sistmico estratificado superior, mais complexo.Seguem os nveis 3 e 4, obedecendo aos mesmos critrios orgnicos.

    Em ambos os enfoques, o funcional e o estrutural, fica claro que todos os nveis sistmicos sointerativos e interdependentes. Desse modo, as propriedades e as capacidades de um nvel inferior

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    13/39

    tambm sero encontradas no seu nvel subseqente, diferenciando-se apenas no grau de ordem e decomplexidade que apresentam. Por esse motivo, todos os conceitos apresentados nesse item quetenham vinculao com a dinmica ambiental, embora estejam associados a um determinado nvel,desde que sofram as devidas adaptaes, podem ser constatados nos demais nveis.

    Relao ambiental

    Consiste na troca sistmica (transaes) de energia entre os fatores ambientais que compem umecossistema, fornecendo-lhe poder de auto-organizao e complexidade crescentes, numa tendnciade reduo de sua entropia.

    As relaes ambientais apresentam trs propriedades que expressam a dinmica aleatria dosecossistemas. A primeira e caracterizada pela multiparidade das relaes mantidas entre conjuntos defatores ambientais.

    Um indivduo de um dado conjunto Y de fatores pode, simultaneamente, relacionar-se com K indivduosde diversos outros N conjuntos de fatores.

    A segunda propriedade caracteriza-se pela natureza das relaes mantidas entre indivduos de diversosconjuntos de fatores, a saber: relaes de ordem, relaes de oportunidade e relaes de integrao.

    As relaes de ordem expressam a forma por meio da qual fatores ambientais se relacionam, emdecorrncia do estagio de organizao funcional do ecossistema a que pertencem e da natureza dosprprios fatores. Essas relaes podem ser hierrquicas, simtricas e recursivas. Uma relao entre doisfatores de qualquer natureza dita hierrquica quando ocorre univocamente, isto : A cede algumtipo de energia a B em um dado momento; mas B, no mesmo intervalo de tempo, no transfere

    qualquer energia ao fator A. Uma relao entre dois fatores de naturezas distintas consideradasimtrica quando ocorrem transaes de energia simultneas e biunvocas entre A e B, isto , no mesmointervalo de tempo, muito embora possam ser diversas em sua essncia. Por fim, uma relaoambiental de ordem dita recursiva quando ocorre a transao de energia entre dois fatores de mesmanatureza. Todas as relaes recursivas, portanto, tambm so simtricas.

    Por sua vez, as relaes ambientais expressam-se segundo oportunidades aleatrias. Significa que atransao de energia entre dois fatores somente ocorre se ambos estiverem ocupando determinados lugaresno espao e no tempo. Essa propriedade estabelece a probabilidade da ocorrncia das relaesambientais, demonstrando que elas no so determinsticas, mas acontecem ao acaso, especialmentequando pelo menos um dos fatores que se relacionam mvel.

    Assim, pode ser explicada a dinmica dos ecossistemas e a pluralidade de suas relaes internas. Cadafator ambiental pode deter, segundo a natureza de suas demandas ecolgicas e de suas competncias deresposta, uma infinidade de chances de relao, cada qual se realizando de uma forma ou de

    outra. Especialmente no homem esse fato bem mais ntido, assim como em todas as relaes em queele estiver envolvido, ou melhor, nos fatores que com ele se relacionarem.

    Pode-se assumir, portanto, que a cada fator ambiental identificado esta associada uma matriz derelaes probabilsticas de ordem n. Assim, ao transitar pelo espao ecolgico, um fator qualquer tem aprobabilidade de se relacionar parcial ou totalmente, em algum lugar e em determinado instante, durantetodo o ciclo de sua existncia, com outros fatores, tambm portadores de matrizes de relaes associadas.A sucesso natural dos ecossistemas esta implcita nesse processo como uma decorrncia natural eimutvel, embora sem a previso do tempo requerido por essa transformao.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    14/39

    A terceira propriedade das relaes ambientais refere-se s vinculaes orgnicas entre a sua essnciaversus os resultados delas derivados, no mbito do ecossistema em que se realizam. A essncia de umconjunto de relaes ambientais reflete a natureza do desempenho funcional e comportamental dosfatores envolvidos em face das circunstancias ambientais em que procedem suas transaes de energia.Isso significa que essas transaes, que so probabilsticas, representam respostas funcionaiscircunstanciais a realidade ambiental interna e externa que se lhes apresenta. Tal fato leva a conclusode que um ecossistema qualquer e o meio ambiente a ele externo efetuam um processo integrado deco-evoluo, na medida em que seus desempenhos funcionais esto intimamente relacionados e sointerdependentes e complementares, qualquer que seja o estado da natureza que "supervisiona" essaintegrao.

    De acordo com esta abordagem, trs novas categorias de relaes ambientais podem ser identificadas:relaes de adaptao, relaes de transcendncia e relaes de rupturas As relaes de adaptao entrefatores ambientais de qualquer natureza caracterizam-se pela realizao dos potenciais funcionaisdesses fatores, estabelecendo transaes, isto , so relaes que envolvem to-somente processos demanuteno, regenerao e renovao dos seus fatores constituintes. Essas relaes ocorrem quando oecossistema no submetido a presses crticas ou extremas, ou seja, interferncias ou solicitaes doambiente externo a ele, incompatveis com sua funcionalidade natural estabelecida.

    As relaes de transcendncia entre fatores ambientais de qualquer natureza caracterizam-se pelacapacidade do ecossistema, por meio de seus fatores constituintes, em estabelecer transaes de energia,de inicio aleatrias e imprevisveis, organizando sua estrutura de forma nova e criativa, de modo aresponder a interferncias externas que o hajam conduzido a um estado critico de estabilidade. Asrelaes de transcendncia fazem que o ecossistema se auto supere, em ordem e complexidade, demaneira a apreender novas formas de transao de energia e, portanto, de comportamento efuncionalidade.

    As relaes de ruptura entre fatores ambientais de qualquer natureza caracterizam um estado deiminente rompimento das transaes de energia que naturalmente deveriam suceder em um dadoecossistema. Nelas, as trocas ocorrem em um nvel aqum ou alem do nvel normal adaptativo, oque significa dizer que h uma ameaa estabilidade do ecossistema, uma vez que alguns de seusfatores constituintes ou esto "operando" com insumos de energia menores do que os demandadospor seus requerimentos mnimos, ou esto recebendo demandas acima de suas competnciasfuncionais de resposta, o que pode determinar a exausto de suas reservas e o conseqente congelamentode suas capacidades de relao ou a supremacia indesejvel de um determinado segmento, emdetrimento dos demais. Essas relaes caracterizam, ao contrrio das relaes de transcendncia, aincapacidade de um ecossistema em "escolher" e promover um novo estado de ordem e decomplexidade para fazer face a interferncias externas de qualquer natureza.

    As relaes de adaptao, transcendncia e ruptura no ocorrem de forma isolada e absoluta em umecossistema, mas simultnea e relativamente. Ou seja, na totalidade das relaes mantidas entre os

    indivduos dos N conjuntos de fatores ambientais constituintes de um ecossistema podem estaracontecendo, ao mesmo tempo, adaptaes, transcendncias e rupturas. Haver, no entanto, umadominncia que poder ser constatada no comportamento global do ecossistema, caracterizado peloseu estado de ordem e pelos seus nveis de complexidade.

    As relaes ambientais so responsveis pela realizao da qualidade ambiental dos ecossistemas. Seelas no ocorressem, os fatores ambientais seriam estticos e no ultrapassariam o nvel de abstraesmaterializadas; portanto, no apresentariam qualquer tipo de comportamento ou funo.Conseqentemente, seriam dispensveis por no exercerem qualquer papel ambiental que no fosseo de sua realizao espacial e fsica. Assim sendo, a contextura de um ecossistema decorrente dasrelaes mantidas entre seus fatores ambientais constituintes, que ora se integram, ora se alteram, ora

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    15/39

    se contrapem, sempre buscando estados dinmicos de ordem e organizao que lhes so prprios, emrazo de seu potencial de relaes e do acaso. Um fator ambiental isolado, por isso mesmo, no possuiqualquer serventia ou significado ambiental. Suas propriedades s podero ser observadas ecaracterizadas por meio das relaes que mantm com out ros, de mesma natureza ou no. Em suma,cada fator ambiental e, funcionalmente, o resultado dos demais fatores com que se relaciona.

    Ciclo ecolgico

    Consistem nos sistemas dinmicos e naturalmente integrados, homeostticos, de relaes fsicas,qumicas, biolgicas, sociais, econmicas, tecnolgicas, culturais e polticas, mantidas, no mnimo, porpares de fatores de qualquer natureza, em um dado ecossistema. De incio essencial discutir oconceito de homeostase. Esse termo foi utilizado pelo neurologista Walter Cannon para caracterizara tendncia dinmica dos organismos vivos de se manterem, autonomamente, em um estado deorganizao interna. Os ciclos ecolgicos, por meio de suas relaes constituintes, efetuam a auto-regulao da qualidade ambiental total dos ecossistemas.

    Por isso, um ecossistema definido pode ser observado pelos diversos ciclos ecolgicos que nele serealizam. O termo ciclo no pressupe uma srie finita de eventos ocorrendo em uma seqnciapreestabelecida, mas um perodo de tempo varivel, em virtude da natureza e da quantidade dosprocessos que nele se desenvolvem, em que se sucedem fatos ecolgicos entre fatores ambientais,determinando uma permanente transformao do ecossistema de que fazem parte. Dessa forma, umciclo ecolgico representa um conjunto de ocorrncias realizadas em um intervalo de tempo,determinado por fatos ecolgicos: colees de fatores que nele interagem, potencialidadescomportamentais e funcionais desses fatores, exigncias ambientais recprocas de cada fator em relaoaos demais, nvel de troca de energia que se estabeleceu no ciclo que o antecedeu e probabilidade deocorrncia de relaes ambientais.

    Durante o ciclo ecolgico os fatores ambientais tem suas relaes passiveis, em parte, de identificao. Aemergncia de um novo ciclo, portanto, ocorre em virtude da modificao: relativa nas intensidades dasrelaes preexistentes; nas naturezas das mesmas relaes; e quantitativa e qualitativa da coleode fatores. E importante observar que, a par da necessidade de obteno de conhecimentos arespeito dos ciclos ecolgicos, as teorias e as experimentaes cientficas ainda no dispem dos meios einformaes capazes de identific-los totalmente. Nessa medida, h que se satisfazer com ascaractersticas passiveis de realizao, que, embora parciais e limitadas, prestam-se s finalidades dosestudos ambientais, no mnimo, pelo fato de se constiturem em bases para novos conhecimentos.Por esse motivo, seria menos determinstico e mais srio, do ponto de vista cientfico, conceituar os ciclosecolgicos da seguinte forma: consistem nos sistemas dinmicos e naturalmente integrados,homeostticos, de relaes fsicas, qumicas, biolgicas, sociais, econmicas, tecnolgicas, culturais,polticas e ignoradas, mantidas, no mnimo, por pares de fatores de qualquer natureza, em um dadoecossistema.

    Estabilidade ecolgica

    Representa a propriedade dos ciclos ecolgicos de um dado ecossistema que expressa a tendncia deplenitude nas relaes entre seus fatores constituintes, por meio da integrao das exigncias de cadafator em relao as efetivas respostas comportamentais e funcionais daqueles com que interage, umavez que, em um ecossistema estvel, todas as relaes ocorrem dentro do intervalo de homeostase dosfatores envolvidos. A estabilidade de um ecossistema, portanto, representa um processo de no-equilbrio, posto que nele se verifica a tendncia das relaes ambientais em busca de auto-organizao. Quanto maior o grau de estabilidade de um ecossistema, maior seu poder de auto-urbanizao e, conseqentemente, sua complexidade relativa. Duas propriedades dos sistemas vivospodem ser, em geral, observadas nos ecossistemas. Elas expressam sua capacidade de auto-organizao

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    16/39

    e, em decorrncia, sua tendncia natural para a estabilidade ecolgica. Consistem na flexibilidade e naplasticidade dos ciclos ecolgicos.

    Plasticidade ecolgica

    A plasticidade ecolgica decorre da constatao de que existem infinitas alternativas de estruturaode ciclos ecolgicos de mesma natureza, isto e, envolvendo os mesmos gneros de fatores ambientais.Para facilitar o entendimento, sejam os conjuntos de fatores ambientais A, B, ..., N, assim representados:A = (Al, A2, ..., Ai,..., An); B = (B I, B2, ..., Bi,..., Bn); N = (NJ, N2, ..., Ni, ..., Nn). Os ciclos conformadosque caracterizam a plasticidade ecolgica seriam do tipo: Al:BI:...: NJ; A2:B2:...: N2; Ai:Bi:...: Ni; An;Bn:...: Nn. Nesta coleo de ciclos de mesma natureza, no entanto, cada um ser diverso dos demais,uma vez que seus fatores ambientais constituintes, embora sejam do mesmo gnero (A, 13,... 'N), nosero os mesmos indivduos, por isso mesmo, detendo cada qual distintas auto-afirmaes.

    Flexibilidade ecolgica

    A flexibilidade ecolgica, por sua vez, decorre da constatao de que, em dois ciclos ecolgicos demesma natureza, apresentando, portanto, a mesma constituio orgnica e de relaes, ainda que seusfatores constituintes, individualizados, apresentem desempenhos distintos e singulares (ou seja, auto-afirmados), a ordem e a funcionalidade do ecossistema corno um todo no sero comprometidas. Issopode significar que, no havendo qualquer tipo de inter vencao externa em um ciclo ecolgico, asrelaes realizadas por seus fatores ambientais ocorrero no intervalo de uma faixa de transao deenergia, com amplitude peculiar, natural aos tipos de fatores relacionados, variando entre um limitemnimo e um limite mximo, sem transformar a natureza do ecossistema envolvido, mas apenas seudesempenho.

    A flutuao das transaes de energia entre os fatores e permanente. Enquanto ocorrerem nessesintervalos naturais, os fatores ambientais realizam suas demandas bsicas de sobrevivncia e sustentamsua capacidade conjunta de auto-organizao interna. Esse estado conceituado como homeosttico e garantia da qualidade ambiental do ecossistema.

    A amplitude da faixa de transao de energia, por sua vez, denomina-se intervalo de homeostase. Derivada estabilidade a propriedade de auto-renovao da estrutura de um ecossistema, que exprime suacapacidade interna de evoluo, desde que no seja afetado por agentes externos.

    Atividade transformadora

    Constitui-se em qualquer processo, oriundo ou no da ao humana, capaz de alterar um ecossistema emqualquer um dos seus nveis, ou seja, colees de fatores ambientais, relaes ambientais e ciclosecolgicos, afetando, por esse motivo, sua estabilidade e suas autocapacidades.

    Fator de ameaa

    Fator de ameaa de uma atividade transformadora consiste em qualquer unidade, instrumento ouprocesso que lhe seja peculiar, capaz de causar adversidades ambientais, ou seja, ruptura de relaesambientais, no em razo de caractersticas da regio em que ser inserido, mas pelo potencial deimpactos negativos que lhe inerente.

    Fator de oportunidade

    Fator de oportunidade de uma atividade transformadora consiste em qualquer unidade,instrumento ou processo que lhe seja peculiar, capaz de causar benefcios ambientais, ou seja,

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    17/39

    fortalecer ou incrementar as autocapacidades ambientais de sua regio de insero, no em decorrnciadela prpria, mas do potencial de impactos positivos que detm.

    Empreendimento

    Constitui-se em um conjunto dinmico e integrado de recursos de diversasnaturezas, apoiados em tecnologias apropriadas, decorrentes dos tipos de bens e servicos que objetivaproduzir, fsica e economicamente organizados, a fim de cumprir um processo produtivoestabelecido.Todo e qualquer empreendimento constitui-se em uma atividade transformadora doambiente. No entanto, a recproca no verdadeira, porquanto atividades que o degradam no podemser conceituadas, ambientalmente, como produtivas. Ao ser implementada uma atividade transformadoraem uma dada regio, pode-se prever algumas modificaes nos ecossistemas existentes:1. recursos naturais sero utilizados como insumos construtivos e produtivos;2. recursos ambientais sero transformados pela ocupao territorial;3. fatores ambientais prprios das atividades sero introduzidos, temporria ou permanentemente;4. novas demandas de relaes ambientais sero estabelecidas;5. relaes ambientais preexistentes sero modificadas.

    Em sntese, garantido que a implementao e a operao de uma atividade transformadora,entendida como aes do meio externo, causam modificaes na ordem e na complexidade dosecossistemas que sejam suscetveis sua presena, direta e indiretamente. Decorrem dessa constataoos conceitos de interveno ambiental, alterao ambiental e fenmeno emergente, a seguirapresentados.

    Interveno ambiental

    Trata-se de toda e qualquer ao ou deciso que envolva a introduo, concreta ou virtual,permanente ou temporria, de pelo menos um fator ambiental em um dado ambiente, capaz de gerarou induzir o remanejamento de fatores existentes no ambiente. E importante observar que esteconceito genrico, ou seja, refere-se a qualquer tipo de atividade que venha a ser instalada em umadada regio.

    Alterao ambiental

    Consiste no remanejamento, espontneo ou induzido, fsico ou funcional, de conjuntos de fatoresambientais da rea de influencia de atividades transformadoras, em decorrncia de pelo menos umainterveno ambiental. Uma alterao determina, portanto, uma nova configurao do ambienteem que ocorre, reorganizando compartimentos e menos ambientais a partir da realizao de relaesantes inexistentes entre seus fatores constituintes ou da supresso de outras que at ento se realizavam.

    Fenmeno emergente

    Consiste na transformao do comportamento e/ou da funcionalidade preexistentes de um ou maisfatores ambientais, em decorrncia de pelo menos uma alterao ambiental. De outra forma, umfenmeno emergente se manifesta quando um fator ambiental e, de alguma forma, impedido deexercer suas relaes primitivas ou, ao contrario, passa a exercer novas relaes antes inexistentes.

    Atributos de um fenmeno ambiental

    Constituem-se nos elementos especficos de eventos dessa ordem, capazes de caracteriz-los qualitativae quantitativamente. Dentre os mais importantes destacam-se: intensidade, distributividade,cumulatividade, sinergia, probabilidade, durao, reversibilidade e carncia.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    18/39

    - Intensidade: caracteriza a magnitude do impacto ambiental distribudo, acarretado pela ao de umfenmeno ambiental dos fatores ambientais que afeta e das mudanas que impe a ciclos ecolgicosrazoavelmente identificveis.- Dist ributividade: caracteriza a amplitude de manifestao de um fenmeno ambiental em termos de:a) sua presena em regies geoeconmicas que compem a rea do estudo; b) nmero decompartimentos ambientais que impacta diretamente;c) quantidade de relaes que mantm com eventos ambientais de igual ordem.- Cumulatividade: caracteriza a propriedade de um fenmeno ambiental tornar-se mais ou menosintenso pela continuidade de ao das mesmas fontes que lhe deram origem.- Sinergia: caracteriza a capacidade de dois ou mais fenmenos ambientais, em interao, geraremeventos ambientais resultantes, com impacto ambiental vinculado potencializado em intensidadee/ou diverso em termos de sua natureza. Em situaes especficas, uma relao sinrgica podeinduzir ou acarretar espontaneamente uma alterao ambiental secundria, da qual decorrem outrosfenmenos emergentes. A sinergia uma propriedade comum tambm s alteraes ambientais.- Probabilidade:caracteriza a chance de ocorrncia de um fenmeno ambiental, a partir da ocorrnciade pelo menos uma atividade transformadora. O modelo no contempla matematicamente esseatributo, uma vez que adota, para efeito da elaborao de qualquer tipo de plano ambiental, a efetivamanifestao de cada fenmeno identificado. Esta premissa, na prtica, implica adotar probabilidadeigual a 1 (um) para todos os eventos considerados.

    - Durao: caracteriza o tempo de ao de um fenmeno sobre os fatores ambientais que afeta.- Reversibilidade:caracteriza a chance de neutralizao natural de um fenmeno pelo retorno docomportamento e da funcionalidade dos fatores afetados ao seu estado primitivo.- Carncia: caracteriza o diferencial de tempo entre a manifestao de uma atividadetransformadora e a manifestao de seus efeitos sobre a estabilidade ecolgica dos ciclos que afetaatravs de um fenmeno.

    - Relevncia global:representa a importncia do fenmeno perante sua rea de influncia em termosde sua distributividade, durao e carncia.

    Valor potencial de impacto

    Representa a medida estimada, em unidades de qualidade ambiental, das variaes da estabilidadeecolgica de um ecossistema, a partir das manifestaes de um fenmeno, comparando asalternativas oferecidas pelos cenrios tendencial e de sucesso. Ao longo do texto, sempre que nohouver necessidade de identificar especificamente os conceitos de atividade transformadora,interveno, alterao e fenmeno, eles sero tratados simplesmente por eventos ambientais. Elesso ainda categorizados segundo a sua ordem de ocorrncia nos ciclos de interveno ambiental.Assim sendo, as atividades transformadoras so eventos de 1 a ordem; as intervenes, de 2a ordem;as alteraes, de 3a ordem; e, por fim, os fenmenos, que so de 4a ordem.

    Ciclo de interveno ambiental

    Caracteriza a transitividade da energia de gerao do impacto ambiental, desde a sua origem, nasatividades transformadoras, at as alteraes e fenmenos delas derivados no ambiente.

    Constitui-se em um elemento terico que configura a imagem das relaes entre os eventosambientais. Cada interveno possui o seu ciclo, de tal maneira que qualquer atividadetransformadora, na sua relao com o meio, pode ser ambientalmente analisada pelo conjunto deciclos que acarreta, os quais se integram de acordo com os fatores que afetam simultaneamente.

    Os ciclos de interveno expressam os riscos e os potenciais a que o ecossistema estar sujeito.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    19/39

    Impacto ambiental

    Consiste no resultado da variao da quantidade e/ou da qualidade de energia transacionadanas estruturas aleatrias dos ecossistemas diante da ocorrncia de um evento ambiental capaz deafeta-las, quer ocasionando eventos derivados, quer modificando a natureza e a intensidade docomportamento e/ou da funcionalidade de pelo menos um conjunto de fatores ambientais,beneficiando-os ou prejudicando-os nas relaes que mantm entre si e com outros fatores a elesvinculados. Para o modelo, as atividades transformadoras "produzem" impacto ambiental resultante,que pode ser estimado por um vetor que integre seus impactos positivos e negativos; as intervenesambientais, que as compem, produzem impacto ambiental, capaz de determinar alteraesambientais. Estas, por sua vez, acarretam a ocorrncia de fenmenos emergentes, por meio do impactoambiental distribudo que delas decorre. For fim, os fenmenos emergentes geram impacto ambientaldistribudo, capaz de modificar as relaes ambientais existentes entre fatores que pertencem a sua reade manifestao.

    Considerando a estrutura conceitual ate agora apresentada, o impacto ambiental constitui-se emqualquer modificao dos ciclos ecolgicos em um dado ecossistema. Nessa linha de abordagem, aruptura de relaes ambientais normalmente produz impactos negativos, a no ser que essas relaes jrefletissem o resultado de processos adversos. Por analogia, o fortalecimento de relaes ambientaisestveis constitui-se em um impacto positive. For fim, tem-se os casos que representam a introduo denovas relaes ambientais em um ecossistema. Neles h de ser efetuada a anlise de todos os seusefeitos, de modo a enquadr-los, um a um, como benefcios ou adversidades. Em suma, os impactosambientais afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecolgicos, fragilizando-a ou fortalecendo-a.

    Cenrios ambientais

    Consiste na representao modelada de um qualquer espao biogeofisco, por meio dos elementosessenciais que o constituem e da dinmica que apresentam em decorrncia das relaes que mantmentre si, de acordo com uma finalidade de conhecimento e de deciso previamente estabelecida.

    Cenrio atual

    Refere-se ao quadro ambiental diagnosticado na rea a que se destinam os estudos ambientais,envolvendo a compreenso de suas estruturas orgnica e funcional, dos eventos delas derivados, demodo a permitir o estabelecimento de suas tendncias de desempenho, de acordo com um horizontetemporal previamente estabelecido.

    Cenrio tendencial

    Refere-se ao prognstico do cenrio atual sem considerar a implementao de medidas de otimizao daqualidade ambiental e de vida, mas apenas as transformaes a que a regio estar propensa,

    decorrncia da ao natural e/ou de interferncias ambientais provenientes de atividades antrpicasexistentes na regio.

    Cenrio de sucesso

    Refere-se ao prognstico do cenrio atual sem considerar a implementao de medidas de otimizao daqualidade ambiental e de vida, mas contemplando, alm das transformaes a que a regio esta propensa,as alteraes ambientais que se sucedero em decorrncia de projetos vistos e aprovados para aregio.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    20/39

    Constitui-se em uma depurao do cenrio tendencial, ou seja, no conjunto de alvos que se deseja atingir eque podem ser atingidos pela aplicao do plano ambiental. Esses alvos representam o montante debenefcios desejveis e de adversidades aceitveis para a rea do estudo, para cada um doscompartimentos ambientais analisados e para cada conjunto de fatores identificados.O que deve ficarclaro o fato de que o cenrio-alvo corresponde a alternativa desejada para a regio, porquanto ocenrio tendencial no ser mais realizvel.

    Dessa forma, o plano ambiental passa a ser a nica ferramenta capaz de realiz-lo.

    Avaliao ambiental

    O ato de avaliar pressupe trs elementos: um padro de medida; a mensurao do objeto a seravaliado segundo esse padro; e uma nota que represente o desvio relativo entre o valorapropriado ao objetivo e o padro previamente estabelecido. O modelo proposto segue esse mesmocritrio: afere e analisa a qualidade ambiental da rea em estudo, diagnosticando a situao existente,que adota como padro bsico de desempenho, efetua prognsticos do comportamento e dafuncionalidade ambientais da regio do estudo, em face da continuidade das atividades transformadorasexistentes, bem como o de outras que venham a ser inseridas na regio, e mensura e analisa osdesvios entre esses prognosticos pela aferio de indicadores ambientais.

    Potencialidade ambiental

    Uma potencialidade ambiental consiste em qualquer conjunto de fatores de mesma natureza que,diante de atividades ocorrentes ou que venham a se manifestar, ser beneficiado, favorecendo aqualidade ambiental resultante da regio em que ocorre.

    Vulnerabilidade ambiental

    Uma vulnerabilidade ambiental consiste em qualquer conjunto de fatores ambientais de mesmanatureza que, diante de atividades ocorrentes ou que venham a se manifestar, poder sofreradversidades e afetar, de forma vital ou total ou parcial, a estabilidade ecolgica da regio em queocorre.

    rea de influencia (AIN)

    Consiste no conjunto das reas que sofrero impactos diretos e indiretos decorrentes da manifestaode atividades transformadoras existentes ou previstas, sobre as quais sero desenvolvidos os estudos:AIN = AIT + AID + AII.

    rea de interveno (AIT)

    Consiste no conjunto das reas em que sero introduzidos, temporria ou permanentemente, os fatoresambientais que compem cada uma das atividades transformadoras previstas e a infra-estrutura porelas demandadas.

    rea de influencia direta (AID)

    Consiste no conjunto das reas que, por suas caractersticas, so potencialmente aptas a sofrer impactosdiretos da implantao e da operao de atividades transformadoras, ou seja, impactos oriundos defenmenos diretamente decorrentes de alteraes ambientais que venham a suceder. Este conceitoadmite, portanto, que um dado fenmeno possa dar origem a outros fenmenos (fenmenos primrios efenmenos secundrios), constituindo assim uma cadeia de eventos, que ser to grande quanto mais

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    21/39

    variadas forem as relaes ecolgicas entre os fatores ambientais diretamente impactadas pelofenmeno inicial e pelos que com eles se relacionam.

    rea de influncia indireta (AII)

    Consiste no conjunto das reas, normalmente limtrofes rea de influncia direta, potencialmenteaptas a sofrer impactos provenientes de fenmenos secundrios.

    5. Elaborao de projetos scio-ambientais

    Um projeto um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividadesinterrelacionadas e coordenadas, com o fim de alcanar objetivos especficos dentro dos limites de umoramento e de um perodo de tempo dados. (ONU, 1984)

    A elaborao de um projeto requer antes de tudo um ambiente adequado para o desenvolvimento dasidias do grupo, requer tempo e pacincia para que se possa trabalhar em conjunto, exercitando orespeito e o dom de ouvir o outro.

    A concentrao e o esprito de grupo so dois elementos essenciais para se materializar boas idias.

    Alm disso, algumas variveis tornam-se muito importantes neste processo, como a distino do papelda liderana no grupo, descobrindo que o real lder reconhece os talentos individuais de cadaparticipante, ajudando no desenvolvimento da criatividade e participao de todos, criando assim umambiente de comprometimento com a misso coletiva, criando um processo descentralizado.

    A capacidade tcnica outro fator fundamental para se obter resultados positivos, no adianta ter

    excelentes idias se no h competncia para desenvolver uma boa estratgia de como materializ-la.

    Muitas vezes nossas instituies no contam com especialistas em diferentes reas, portanto sernecessrio buscar apoio junto a colegas, a outras instituies ou junto ao prprio financiador.

    E por fim a criatividade e o comprometimento so virtudes para que se tenha ao mesmo tempocaminhos criativos para a realizao das atividades propostas e comprometimento com o processo quese est criando.

    Elaborar projetos uma forma de independncia. uma abordagem para explorar a criatividadehumana, a mgica das idias e o potencial das organizaes. dar vazo para a energia de um grupo,compartilhar a busca da evoluo. (Kisil R., 2001)

    ETAPA 1- A definio do projeto: O que queremos fazer?

    Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto , antes de mais nada,contribuir para a soluo de problemas, transformando IDIAS em AES.

    O documento chamado PROJETO o resultado obtido ao se projetar no papel tudo o que necessrio para o desenvolvimento de um conjunto de atividades a serem executadas: quais so osobjetivos, que meios sero buscados para atingi-los, quais recursos sero necessrios, onde seroobtidos e como sero avaliados os resultados.

    A seguir, vamos descrever as etapas bsicas para elaborao de projetos.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    22/39

    A organizao do projeto em um documento nos auxilia a sistematizar o trabalho em etapas a seremcumpridas, compartilhar a imagem do que se quer alcanar, identificar as principais deficincias asuperar e apontar possveis falhas durante a execuo das atividades previstas.

    J que um processo participativo desde o comeo, pois no se pode realizar solues sem aparticipao de todos os envolvidos, o projeto se torna uma FERRAMENTA DE TRABALHO, umINSTRUMENTO GERENCIAL, um PONTO DE CONVERGNCIA de pessoas.

    Conceitualmente, o projeto a menor unidade administrativa de qualquer plano ou programa.

    Um bom projeto escrito tem que mostrar-se capaz de comunicar todas as informaes necessrias e por isso que, em geral, existem .

    ETAPA 2 O Plano de trabalho: Como vamos agir?

    ETAPA 3 O andamento do projeto: Como vamos avaliar, tirar concluses e disseminar resultados?ETAPA 4 O oramento: Quanto vai custar o projeto?

    Os elementos bsicos que compem sua apresentao: o ttulo (reflete o contedo da proposta), aequipe (pessoas responsveis pela idia e sua execuo), a justificativa (definio clara do problema aser tratado) com seus objetivos (definio clara dos objetivos gerais e especficos), os procedimentos(descrio de todas as atividades e como sero implementadas), o cronograma (datas de implementaodas atividades), a avaliao (como, quando e por quem ser avaliado o projeto), a disseminao (doprojeto para o ambiente), o apoio institucional (quem apia o que o projeto prope, quais as instituiesenvolvidas e dispostas a participar da idia).

    Se um projeto se transformar numa proposta de financiamento e se esta for aprovada por algumfinanciador, significa que ele compreendeu o programa que a entidade pretende realizar, percebeu suaimportncia e as possibilidades de xito. Em outras palavras, ele acredita nas metas da entidade, v queos objetivos seguem no mesmo rumo e v as chances de sucesso.

    Como comear a elaborao de um Projeto?

    O trabalho comea pelo corao do projeto: a definio concreta do objeto de trabalho, os propsitos,os objetivos que se tem e uma viso clara dos problemas que se quer resolver com a realizao da idia. importante discutir a idia central da proposta desde o incio com todas as pessoas interessadas, poisseu envolvimento futuro nos trabalhos ser motivado pelas vises compartilhadas nesta primeira etapa.Para isso ser necessrio encontros ou reunies do grupo de trabalho envolvido.

    Por que definir em reunio?- Para se ver a expectativa de todos e esclarecer as idias e objetivos de todos e a todos, afim de

    recortar o escopo do projeto e definir o pblico alvo que se quer trabalhar.- Motivar todos os presentes para agir.- Reunir as informaes necessrias para escrever o projeto.- Procurar informaes sobre as fontes de recursos.

    Quem deve participar?- Todas as pessoas envolvidas com o tema, especialmente as interessadas em elaborar o projeto escritoe depois participar de sua realizao.

    Como fazer a reunio?

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    23/39

    - Fazer um quadro de definio do projeto na lousa ou usar papel-cartaz e caneta-piloto. Este quadrosignifica descrever um mapa geral do contexto em que se quer trabalhar no projeto, ou seja, analisar oconjunto de coisas e pessoas que cercam e influenciam o alvo do seu projeto.- Preencher com idias concretas (mesmo sem ter todos os detalhes, no preciso t-los j) pedindoidias a todos os presentes, inclusive aos mais tmidos ou queles que no se acham preparados paraajudar.- Uma pessoa do grupo, que possa captar as idias que vo sendo colocadas, deve assumir a tarefa deorganiz-las no quadro, tendo o cuidado de ouvir a todos e estimular a participao.

    O organizador da reunio deve valorizar todas as idias e no s as que fazem sentido para ele, pois nofinal quase tudo pode ser aproveitado, e ele pode no estar vendo o que outros esto.

    A quem exerce este papel d-se o nome de facilitador, pois sua funo facilitar a reunio para quetodos possam contribuir e a idia ficar mais completa, mais reconhecida e mais apropriada por todos.

    Qual deve ser o produto das reunies?Ao final do processo deve-se ter:1 - O quadro de definio do projeto preenchido.2 - A equipe de pessoas que vai de fato se responsabilizar pela redao do projeto.3 - Um grupo para pesquisar fontes de recursos.4 - Uma previso de data para a prxima reunio.

    O que um Projeto precisa conter ?Os principais itens que compe um projeto relacionam-se de forma bastante orgnica, de modo que odesenvolvimento de uma etapa leva necessariamente outra.

    Identificao do projeto

    Deve conter o ttulo do projeto, o local em que ser implementado, a data da elaborao, a durao doprojeto e o incio previsto.

    Identificao do proponente/executor

    Deve conter as seguintes informaes: nome, endereo completo, forma jurdica, data do registrojurdico, CGC, representante legal e ato que lhe atribui competncia, coordenador do projeto e seuendereo.

    importante no esquecer de mencionar todos os parceiros do projeto, indicando claramente quem oproponente e quem participar da execuo.

    Histrico de experincia da instituio proponente/executora

    Deve conter uma descrio sucinta dos trabalhos que vm sendo realizados pela organizao, o tipo deprojetos que j foram executados ou propostos e em que regio, localidade ou comunidade. Indica aexperincia e a aptido da instituio em desenvolver trabalhos semelhantes ao proposto e demonstraporque ir obter sucesso.

    Pode-se seguir o seguinte roteiro:

    Nome ou tipo dos trabalhos/projetos/campanhas executados Data ou perodo dos trabalhos/projetos/campanhas executados Fontes financiadoras e valor do oramento (se for o caso)

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    24/39

    Principais resultados e conquistas alcanados Parcerias desenvolvidas com entidades financiadoras e outros rgos (governamentais ou no).

    Se a organizao tiver muitos trabalhos j desenvolvidos, descreva os mais importantes e/ou os queforam desenvolvidos, pelo menos, nos ltimos 3 anos. Nesse caso, anexe prospectos, publicaes,vdeos ou outros produtos sobre esses trabalhos.

    No caso de rgo pblico mostre tambm a experincia e os resultados alcanados por gestes/direesanteriores nas reas de interesse do projeto.

    Caracterizao do problema e justificativa

    A elaborao de um projeto se d introduzindo o que pretendemos resolver, ou transformar. Esteproblema deve ser delimitado e caracterizado para conhecermos suas dimenses, origens, histrico,implicaes e outras informaes. Esta prtica nos dar maior intimidade com o tema, permitindo umdiagnstico mais fiel e definindo estratgias mais precisas para sua resoluo.

    Aqui deve ficar claro que o projeto uma resposta a um determinado problema percebido eidentificado pela comunidade ou pela entidade proponente.

    Aps a caracterizao do problema/situao, podemos justificar a necessidade da interveno.Esclarecimentos sobre a importncia de sua realizao nvel scio-econmico-ambiental, evidnciasda sua viabilidade e outras informaes que possam auxiliar o financiador na tomada de decisesdevem ser enfatizadas.

    Deve descrever com detalhes a regio onde vai ser implantado o projeto; situao ambiental (como os

    recursos naturais foram e esto sendo usados), principais atividades econmicas, nmero defamlias/pessoas direta e indiretamente envolvidas/beneficiadas com os resultados do projeto, condiode sade e educao, formas e meio de transporte, problemas ambientais e econmicos, organizaespotencialmente existentes, etc.

    A justificativa uma parte muito importante em um projeto, ela deve responder: Por que executar oprojeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado?

    Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questo: Qual a importncia desse problema/questo para a comunidade? E para a conservao dos

    recursos naturais da regio? Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa regio ou nessa rea temtica? Qual a possvel relao e atividades semelhantes ou complementares entre eles e o projeto

    proposto? Quais so os benefcios econmicos, sociais e ambientais a serem alcanados pela comunidade

    e os resultados para a regio?

    Objetivo geral

    Tem-se empregado o termo objetivo geral para a situao ideal almejada, em poucas palavras, oobjetivo geral deve expressar o que se quer alcanar na regio a longo prazo, ultrapassando inclusive otempo de durao do projeto. Geralmente o objetivo geral est vinculado estratgia global dainstituio.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    25/39

    Objetivos especficos

    Os objetivos especficos tambm podem ser chamados de resultados esperados. So os efeitos diretosdas atividades ou aes do projeto. Ao contrrio dos objetivos gerais, que nem sempre podero serplenamente atingidos durante o prazo de execuo do projeto, os objetivos especficos devem serealizar at o final do projeto.

    Metas

    As metas, que muitas vezes so confundidas com os objetivos especficos, so os resultados parciais aserem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante concretos expressando quantidades equalidades dos objetivos, ou seja quanto ser feito. A definio de metas com elementos quantitativos equalitativos conveniente para avaliar os avanos. Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar:O que queremos? Para que o queremos? Quando o queremos? Quando a meta se refere a umdeterminado setor da populao ou a um determinado tipo de organizao, devemos descrev-losadequadamente. Por exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o sexo,a idade e outras informaes que esclaream a quem estamos nos referindo.

    Cada objetivo especfico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor dimensionada estiver uma meta,mais fcil ser definir os indicadores que permitiro evidenciar seu alcance.

    Nem todas as instituies financiadoras exigem a descrio de objetivos especficos e metasseparadamente. Algumas exigem uma ou outra forma.

    Atividades

    So as aes previstas para a realizao do projeto, devendo ser claramente descritas e relacionadas aosobjetivos especficos.

    Devem ser numeradas em ordem cronolgica de execuo e indicando quando couber, unidades demedida (ex. metros, kg, dzia, litros, etc.) e quantidade.

    importante que as atividades sempre sejam relacionadas com os objetivos especficos ou com asmetas, pois atravs da soma das atividades que se avalia a possibilidade do projeto atingir seuobjetivo geral.

    Benefcios e beneficirios

    Devem descrever os resultados concretos e quem ser beneficiado com a realizao do projeto. De umaforma geral podem responder as seguintes perguntas: De quem partiu a iniciativa de elaborar o projeto? Foram realizados encontros com os

    beneficirios? Quantas pessoas participaram? Faa uma breve descrio do processo deelaborao da proposta. Como se dar a participao dos beneficirios na execuo do projeto? Como a comunidade ser beneficiada com o projeto? Atravs de quais benefcios?

    ETAPA 2 O Plano de trabalho: Como vamos agir?

    Neste momento todos os objetivos que foram definidos na etapa anterior tem que ter seus respectivosprocedimentos de trabalho. O ideal verificar se para cada objetivo h um procedimento claro, se no um objetivo morto.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    26/39

    A idia central sempre que possvel justificar os mtodos de trabalho escolhidos para garantir umamaior coerncia e consistncia ao projeto.

    A metodologia deve descrever as formas e tcnicas que sero utilizadas para executar as atividadesprevistas, devendo explicar passo a passo a realizao de cada atividade e no apenas repetir asatividades.

    Deve levar em conta que as atividades tem incio, meio e fim, detalhando o plano de trabalho.

    A metodologia deve responder s seguintes questes:a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?b) Como comearo as atividades?c) Como sero coordenadas e gerenciadas as atividades?d) Como e em que momentos haver a participao e envolvimento direto do grupo social?e) Quais as tarefas que cabem organizao?f) Como, quando e por quem sero feitas as avaliaes intermedirias sobre o andamento do projeto?g) Como e em que momentos haver a participao e o envolvimento direto do grupo social?h) Quais as tarefas que cabem organizao e ao grupo social?i) Quais so as atividades de capacitao e treinamento? Seus contedos programticos e beneficirios?j) Na disposio dos resultados, o que ser objeto de divulgao, os tipos de atividades, a abrangncia eo pblico alvo.

    Deve se descrever o tipo de atuao a ser desenvolvida: pesquisa, diagnstico, interveno ou outras;que procedimentos (mtodos, tcnicas e instrumentos, etc.) sero adotados e como ser sua avaliao edivulgao.

    importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando suaaplicabilidade e deficincias, e sempre oportuno mencionar as referncias bibliogrficas.

    Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem definida e clara. ametodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza de que os objetivos do projetorealmente tem condies de serem alcanados. Portanto este item deve merecer ateno especial porparte das instituies que elaborarem projetos.

    Uma boa metodologia prev trs pontos fundamentais: a gesto participativa, o acompanhamentotcnico sistemtico e continuado e o desenvolvimento de aes de disseminao de informaes e deconhecimentos entre a populao envolvida (capacitao).

    Cronograma

    Os projetos, como j foi comentado, so temporalmente bem definidos quando possuem datas de incio

    e de trmino preestabelecidas.

    As atividades que sero desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo. O cronograma adisposio grfica das pocas em que as atividades vo se dar e permite uma rpida visualizao daseqncia em que devem acontecer.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    27/39

    ETAPA 3 O andamento do projeto: Como vamos avaliar, tirar concluses e disseminar resultados?

    Sustentabilidade

    Alguns projetos, diferentemente do proposto, tem previso de se perpetuarem, como projetos dedesenvolvimento institucional e financeiro de ONGs, programas de monitoramento de parmetrosambientais, programas de conservao de reas e outros. Nestes casos faz-se necessria a adoo deestratgias para gerao de recursos, no somente financeiros, mas tambm humanos, uma vez que osfinanciadores nem sempre tero disposio de apoi-lo indefinidamente.

    interessante que todo projeto tenha a perspectiva de atingir a autosustentabilidade ecolgica eeconmica, durante e aps o trmino do repasse dos recursos. Neste sentido deve-se descrever com quemeios e de que forma a organizao e a comunidade envolvida planejam continuar as atividades aps otrmino dos recursos.

    Existem projetos que prevem a gerao de renda atravs da comercializao de produtos ou serviosproduzidos. Nestes casos a maioria das fontes financiadoras exige estudos de mercado que contemplemos seguintes itens: quantidade de produo no incio das atividades, quantidade de produo prevista aofinal das atividades, custo de produo, preo de mercado, mercado alvo, condies de escoamento daproduo, produtos concorrentes, condies de armazenagem, incremento de renda previsto com oprojeto, etc.

    Neste item, deve-se procurar demonstrar qual o potencial de sustentabilidade do projeto proposto. Asquestes a seguir servem como referncia para esta descrio: possvel estimar a durabilidade dos resultados e dos impactos do projeto? Sua organizao pretende dar prosseguimento ao projeto aps o financiamento do mesmo?

    Explique como. Os beneficirios ou outras instituies (comunidades, famlias, prefeituras, ONGs) pretendem

    dar continuidade ao trabalho aps o trmino do financiamento?

    Disseminao dos resultados

    A divulgao das experincias bem sucedidas de fundamental importncia, tanto para a continuidadedo projeto, quanto para o impacto positivo que o projeto pretende deixar na comunidade. As aes dedisseminao dos resultados tambm precisam ser pensadas dentro de cada projeto.

    As propostas de divulgao podero ser planejadas em nvel local ou regional, incluindo os seguintesitens: Definio do que ser objeto de divulgao (metodologias, tcnicas, experincias); Definio dos produtos por meio dos quais ser feita a divulgao (livros, artigos para

    revistas/jornais, vdeos, seminrios, propriedades piloto);

    Definio das atividades de divulgao (palestras, reunies); Definio da abrangncia da divulgao (local ou regional); Definio do pblico que se pretende atingir (outras populaes com caractersticas semelhantes

    s dos beneficirios do projeto, rgos pblicos, setores acadmicos, organizaes nogovernamentais, etc.

    Como podemos ver, disseminar mais do que divulgar, tornar o projeto palpvel 'a sociedade, quepoder transform-lo em um novo modelo de trabalho. Deste modo, disseminar torna-se uma atitudetodo o tempo de durao do trabalho.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    28/39

    Monitoramento/avaliaes

    O monitoramento uma prtica imprescindvel para avaliar quanto do proposto vm sendo alcanado.Pode indicar a necessidade de alterao de algumas das metas ou atividades programadas.

    Para que a monitoria e avaliao possam alcanar seus objetivos necessrio que se estabeleampreviamente alguns indicadores quantitativos e qualitativos. Estes indicadores devem permitir, de umamaneira geral, avaliar de que forma o projeto pretende:a ) Obter a participao da comunidade.b) Documentar a experincia em todas as suas etapas.c) Divulgar, difundir os procedimentos, acertos e erros do projeto.d) Acompanhar a realizao dos resultados e da aplicao dos recursos financeiros.e) Avaliar permanentemente o projeto, envolvendo equipe tcnica e comunidade e realizando os ajustesque se faam necessrios.f ) Observar, acompanhar, monitorar, os impactos ambientais que o projeto poder causar.g) Aferir os resultados econmicos, para saber se o projeto autosustentvel.

    Os indicadores de resultado permitem aferir/averiguar o progresso de cada atividade em relao aosobjetivos do projeto. Em tese, se todas as atividades estiverem 100% executadas, os objetivos doprojeto foram alcanados.

    Ex.1 - Para saber se um seminrio proposto para 40 pessoas atingiu o objetivo, pode se usar a lista depresena para avaliar a quantidade e o relatrio do seminrio para avaliar a qualidade. Neste caso, osindicadores so: lista de presenas e relatrio do seminrio.

    Ex.2 - Um projeto que se prope a reflorestar 10.000 rvores poder ter como indicador de quantidade

    o nmero de rvores plantadas e de qualidade o nmero de rvores efetivamente crescendo apsdeterminado perodo. Neste caso, os indicadores podem ser: 10.000 rvores plantadas e, 95% dasrvores plantadas crescendo aps doze meses.

    Relacione para cada atividade um ou mais indicadores de resultados, para que se possa a qualquermomento fazer uma avaliao e verificar se as atividades esto sendo executadas de acordo com oprograma.

    ETAPA 4 O oramento: Quanto vai custar o projeto?

    Oramento

    Aps um planejamento detalhado das atividades, pode-se perguntar quanto custar o projeto, quando sedaro as despesas e quando os recursos devero estar disponveis. O oramento um resumo oucronograma financeiro do projeto, no qual se indica com o que e quando sero gastos os recursos e de

    que fontes viro os recursos. Facilmente pode-se observar que existem diferentes tipos de despesas quepodem ser agrupadas de forma homognea, como por ex.: material de consumo; custos administrativos;equipe permanente; servios de terceiros; dirias e hospedagem; veculos, mquinas e equipamentos;obras e instalaes.

    No oramento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no entanto, as organizaesfinanciadoras exigem que se faa uma descrio detalhada de todos os custos, que chamada memriade clculo.

  • 7/28/2019 Projetos Ambientais

    29/39

    Memria de clculo

    Na memria de clculo devem ser descritos todos os itens de despesa individualmente, conformeexemplo:- Material de consumo - so materiais como papel, lpis, embalagens para mudas, pequenasferramentas, combustvel, etc. D a especificao do material (papel, lpis, etc.), unidade de medida(metros, kg, etc.), marca (quando couber), quantidade, custo unitrio e custo total.- Custos administrativos - so despesas correntes necessrias ao funcionamento das entidades, taiscomo aluguel, contas de luz, telefone, material de escritrio, etc. Normalmente se faz uma proporodo uso destas coisas para cada projeto.- Equipe Permanente - a equipe de tcnicos e outras pessoas que estaro envolvidas durante e com aimplementao do projeto. Indique os tcnicos e outros profissionais que sero contratados para aexecuo do projeto, dando nome (se conhecido previamente), horas que ir trabalhar, quantidade ecusto de cada um.- Servios de terceiros - so os servios temporrios prestados ao projeto, por pessoas fsicas oujurdicas. Especifique o servio (servios de medio de reas, servios de engenharia florestal, etc.)unidade de medida (horas, dias, meses) quantidade, custos.- Dirias e hospedagem - so despesas correntes de viagem e estadias de pessoas da equipe em funode atividades previstas no projeto (vistoria em campo, cursos, seminrios) ou de consultores de outrasinstituies solicitados para tarefas especficas. Especifique a atividade (curso, seminrio, reunio, etc.)para qual sero necessrias as dirias e/ou hospedagens.- Veculos, mquinas e equipamentos - dimensione bem a aquisio de veculos, mquinas eequipamentos e especifique o tipo de veculo (utilitrio pick up, automvel, etc.) ou do bem a seradquirido (fax, TV, vdeo, etc.), quantidade, marca/modelo e o custo.- Obras e instalaes - Relacione o tipo (casa. galpo, depsito, etc.) de obras e instalaes necessrias implantao do projeto. Indique a unidade de medida (m2), quantidade e custo. Anexe projeto ou

    croqui detalhado da obra: tipo de construo, prazo de execuo, reas e dependncias a seremconstrudas ou ampliadas, cronograma financeiro da obra, documentao comprobatria de propriedadeou cesso de posse do terreno.Normalmente cada instituio financiadora segue uma sistemtica prpria.

    Condies internas e externas

    Algumas fontes financiadoras pedem que se avaliem e descrevam as condies ou fatos internos eexternos que podem favorecer ou desfavorecer o andamento do projeto.

    Apresente sugestes e procedimentos para fortalecer as condies favorveis e para af