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Ásia Central
Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional
Giovanna Vaz Ferreira
Giulia Potenza de Paula
Resumo
O artigo demonstra características do subsistema denominado Ásia Central, a história,
aspectos político-econômicos, relação com Estados Unidos e atualidades da região. Esse
subsistema se encontra em uma posição estratégica no mundo ligando os extremos
Ocidente e Oriente, sendo centro de disputas de grandes potências, além disso essa área
presencia numerosas lutas de atores externos pela obtenção dos recursos presentes. A
região é conhecida pela presença de governos de caráter antidemocrático que restringem
o desenvolvimento dos países e pela existência de grupos extremistas que influenciam a
Ásia Central em diversos aspectos, como cultural, econômico e político.
Palavras-chave: Ásia Central; subsistema; potência; conflitos; governo.
Abstract
The article demonstrate characteristics of the subsystem denominated Central Asia, the
history, political-economic aspects, the relation with United States and the actualities of
the region. This subsystem is in a strategic position in the world linking the extremes
West and East, being a center of disputes of great powers, furthermore this area witness
numerous fights by external actors for acquisition the resources present. The region is
acquaintance for the presence of undemocratic governments character that restrict the
development of countries and the existence of extremist groups that influence the
Central Asia in several aspects, such as cultural, economic and political.
Key-words: Central Asia; subsystem; power; conflicts; government.
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1 INTRODUÇÃO
O presente artigo propõe analisar o subsistema conhecido como Ásia Central e
sua relação com o sistema internacional. Como metodologia será utilizado a pesquisa
bibliográfica de artigos e teses, tendo como base a organização metodológica do texto
"Métodos de Pesquisa" (GERHARDT&SILVEIRA, 2009). O referencial teórico baseia-
se na tese “A Sombra dos Leviatãs” escrita pelo Prof. Dr. Antônio Roberto Espinosa.
De acordo com Gerhardt e Silveira, o presente trabalho se enquadra como uma
pesquisa de abordagem qualitativa e natureza básica. A pesquisa qualitativa se preocupa
com o aprofundamento da compreensão de determinado assunto, sem examinar
representatividades numéricas e uma pesquisa de natureza básica se caracteriza como a
geração de conhecimentos envolvendo verdades e interesses universais, sem aplicação
prática prevista.
Como justificativa acadêmica, o trabalho pretende estudar o subsistema Ásia
Central, sendo que com a pesquisa, percebe-se que a região é pouco analisada no âmbito
internacional e necessita de estudos mais aprofundados no assunto, possibilitando
trabalhos futuros. Como justificativa social, o trabalho propõe oferecer maior
conhecimento sobre a Ásia Central, já que a sociedade tem pouco entendimento sobre o
assunto e pode realizar conclusões precipitadas.
2 PROCESSO HISTÓRICO
Para compreender melhor as características atuais do subsistema, é necessário
conhecer seu processo de formação e colonização. O processo de colonização iniciado
pela Rússia czarista constituiu o ponto de partida para a fragmentação da região, tendo
sido especialmente concebido para apoiar a estrutura de poder do colonizador (BACON,
1966). Com isso, a Ásia Central foi dominada pelos russos em 1860 e permaneceu em
seu poder até 1991, sendo chamada de Turquestão. Com as invasões, a região foi
influenciada por diversos povos, tendo dificuldade em estabelecer uma identidade
própria devido às fusões linguísticas, culturais, religiosas, entre outras.
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Como o domínio russo durou por mais de um século, a Ásia Central passou por
diversas transformações tanto político-econômica quanto cultural, além de que a Rússia
czarista se considerava superior e impunha seus interesses para o avanço do poder,
como a imposição de sua língua e de seus ideais ligados ao comunismo.
Mediante isto, o fim do regime czarista ocorreu com uma instabilidade entre o
colonizador e os povos nativos, juntamente com problemas socioeconômicos e
interesses pessoais. Assim, formou-se a União Soviética com os ideais comunistas
reforçando os processos que foram iniciados pelos russos.
Segundo Dickens (1989, p.5) é importante reconhecer os feitos soviéticos na
Ásia Central na época, ele afirma que:
...reduziram a iliteracia, o ensino superior tornou-se acessível a uma maior percentagem da população, os serviços médicos melhoraram significativamente, e a produção agrícola e industrial elevou o padrão de vida comparativamente a qualquer outro lugar no mundo islâmico.
Na esfera econômica, a Ásia Central na fase czarista tinha sido transformada em
uma fonte de matérias-primas e continuou assim na fase soviética, porém era
dependente de alimentos básicos de sobrevivência. Já na era pós-soviética com o
colapso da URSS, ficou evidente a política de controle de recursos econômicos pelos
principais clãs, trazendo às nações centro-asiáticas independência, liberdade e o fim dos
subsídios.
A Ásia Central passou por uma situação crítica em 1979, com a vitória da
Revolução Xiita no Irã e pela saída das tropas da URSS do Afeganistão, em 1989. Com
a desintegração soviética em 1991 houve o surgimento de cinco novos Estados
islâmicos na Ásia Central, sendo eles: Turcomenistão, Uzbequistão, Cazaquistão,
Tadjiquistão e Quirguistão.
Atualmente, o subsistema da Ásia Central é uma região de importância em
decorrência de seu espaço geográfico, localizado entre o Ocidente e Oriente e
delimitada, principalmente pelo Mar Cáspio, Sibéria, Mongólia, Tibete e a cordilheira
do Hindu Kush. Além disso, a região é palco de competição de grandes potências,
principalmente pela grande presença de recursos minerais e energéticos, além de
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constituir um encontro de interesses geopolíticos, econômicos, religiosos, entre outros,
o que favorece sua profundidade histórica.
A formação dos países ocorreu de forma heterogênea com a divisão territorial
realizada pelos russos em 1924. Na atualidade, essa região é composta por sete países
considerados Estados interiores, sendo eles: Irã, Cazaquistão, Afeganistão, Quirguistão,
Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão (ESPINOSA, 2011). Como pode ser visto no
mapa abaixo:
3 ASPECTOS POLÍTICO-ECONÔMICOS
O subsistema Ásia Central é considerado uma das regiões mais autoritárias e
corruptas do mundo. Os países possuem caráter patrimonial dos seus regimes,
representado pela relação entre os Chefes de Estado e grupos de interesse, não havendo
democracia para a sociedade. Os governos atuais são compostos por diferentes formas
de poder.
O Cazaquistão possui uma República Presidencialista governado pelo presidente
Nursultan Äbişulı Nazarbaev desde 1991. Em relação à sua economia é um país rico em
recursos naturais, principalmente petróleo, gás e minérios, além de apresentar indústrias
de processamento de metais, químicos, têxteis e de alimentos. O Cazaquistão é o 10º
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país mais extenso do mundo e o de maior área no subsistema Ásia Central, porém
possui uma das menores densidades demográficas formada principalmente por cazaques
e russos. Nas relações internacionais, o país participa da ONU (Organização das Nações
Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, OMC (Organização
Mundial do Comércio) e CEI (Comunidade dos Estados Independentes).
O Quirguistão é uma República Parlamentarista tendo como Chefe de Estado
Almazbek Sharshenóvich Atambaiev no poder desde 2011, sendo convocado após a
"revolução das tulipas", movimento de protesto popular que tirou Askar Akaiev do
poder. A economia é baseada principalmente na agricultura responsável por empregar
mais da metade da força de trabalho do país, com destaque nos seguintes produtos:
frutas, cevada e trigo. O Quirguistão enfrenta conflitos entre diversos grupos étnicos,
principalmente uzbeques e quirguizes. Além disso, grande parte da população vive
abaixo da linha da pobreza, o que dificulta o desenvolvimento do país. Sua participação
nas relações exteriores se concentra na ONU, FMI, Banco Mundial, OMC e CEI.
O Afeganistão é uma República Presidencialista composta pelo Presidente
Ashraf Ghani Ahmadzai no poder desde 2014, sendo que os distritos do país sofrem
outras influencias, além da governamental. Assim como outros países da Ásia Central, o
Afeganistão é um país economicamente baseado na atividade agrícola, principalmente
da papoula (matéria-prima do ópio) e também, a agropecuária. O país é extremamente
pobre com baixo Índice de Desenvolvimento Humano e a menor renda per capita do
subsistema. O Afeganistão participa nas relações internacionais na ONU, FMI e Banco
Mundial.
O Irã também é uma República Presidencialista governado pelo Presidente
Hassan Rohani desde 2013, sendo reeleito ao prometer a abertura do país para novas
relações com outros Estados e a criação de novos empregos. Diferente dos outros países
da região, o Irã é conhecido por sua indústria petroquímica e têxtil. Atualmente, o país
está investindo fortemente em programas de mísseis balísticos, sendo exposto pelo
presidente a necessidade de defender a nação e a integridade territorial. A participação
nas relações exteriores se encontra no Banco Mundial, ONU, FMI e OPEP
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
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O Tajiquistão é uma República Parlamentarista com eleições para o Presidente e
para o Parlamento, tendo como atual Presidente Emomali Rahmonov que está no poder
desde 1994. A economia nacional foi intensamente prejudicada pela guerra civil
iniciada em 1992, sendo baseada na agricultura, principalmente os produtos algodão,
frutas e verduras, apesar da pouca disponibilidade de terras na região pelo clima árido
frio e montanhoso na maior parte do território. Além disso, há a presença de recursos
minerais como ouro, prata e urânio. Nas relações internacionais, o Tajiquistão participa
da ONU, FMI, Banco Mundial e CEI.
O Turcomenistão é uma República Presidencialista que já passou por governos
vitalícios e é reconhecido como um dos países mais repressores do mundo. Atualmente
é governado pelo Presidente Gurbanguly Mälikgulyýewiç Berdimuhammedow que foi
eleito em 2006. Na economia, grande parte é baseada na agricultura com algodão, soja,
frutas, entre outros, mas além disso há a exploração de reservas petrolíferas e de gás
natural. As relações exteriores do Turcomenistão são na participação da ONU, FMI,
CEI e Banco Mundial.
Por último, o Uzbequistão é uma República Presidencialista tendo como
Presidente Shavkat Mirziyoyev que entrou no poder em 2016, eleito pelo voto direto
para um mandato de cinco anos, porém é conhecido como um país de regime ditatorial
mais severos da região. Sua economia é baseada na agricultura, assim como nos outros
países do subsistema, tendo como principal produto o algodão. Além disso, há grandes
reservas de petróleo e gás natural e possui a maior densidade populacional da Ásia
Central. Nas relações internacionais, o Uzbequistão participa da ONU, FMI, Banco
Mundial e CEI e nos últimos anos, o país procurou se aproximar dos EUA autorizando a
entrada de tropas americanas em seu território.
Perfil geoeconômico e social da Ásia Central
País Área (km²)
População (milhões de hab.)
Densidade(Hab./km²)
PIB(milhões de US$)
Parte do PIB da região
Renda per capita
IDH IDH no mundo
Exporta-ções(milhões de US$)
Importa-ções(milhões de US$)
Irã 1.648.195 75,1 45,65 331.015 64,51% 4.530 0,702 70º 113.401 57.411
Cazaquistão 2.724.900 15,8 5,80 109.155 21,27% 6.740 0,714 66º 71.172 37.889
Afeganistão 652.225 29,1 44,62 10.624 2,07% 370 0,349 155º 610 3.350
Quirguistão 199.900 5,6 28,01 4.578 0,89% 870 0,589 109º 1.642 4.072
Tajiquistão 143.100 7,1 49,62 4.978 0,97% 700 0,58 112º 1.406 3.270
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Turcomenistão 488.000 5,2 10,66 19.947 3,89% 3.420 0,669 87º 11.920 5.670
Uzbequistão 447.400 27,8 62,14 32.817 6,40% 1.100 0,617 102º 10.369 7.076
TOTAL 6.303.720 165,7 246,5 513.114 - 17.730 - - 210.520 118.738
Fonte: "A Sombra dos Leviatãs".
A partir disso, é considerado como potência principal da Ásia Central, o Irã por
possuir o maior PIB da região e maiores índices de exportação e importação. As
exportações principais são Crude Petroleum ($18,3 Bilhões), Polímeros de Etileno ($2,4
Bilhões), Álcoois acíclicos ($1,27 Bilhões), Outros Nuts ($830 Milhões) e Turfa ($694
Milhões). Já as importações baseiam-se em Carros ($1,47 Bilhões), Milho ($936
Milhões), Peças de veículos ($932 Milhões), Jóias ($885 Milhões) e Aços laminados
planos ($860 Milhões) (OEC, 2015). Além disso, o Irã possui uma das maiores rendas
per capitas e IDH do subsistema ficando atrás apenas do Cazaquistão.
Como potência secundária, a região considera o Cazaquistão por apresentar a
maior renda per capita e IDH da Ásia Central. Além de estar em segundo lugar em
exportações e importações, as exportações principais do país são Crude Petroleum
($19,4 Bilhões), Cobre refinado ($1,82 Bilhões), Produtos químicos radioativos ($1,77
Bilhões), Petróleo ($1,74 Bilhões) e Ferroligas ($1,4 Bilhões). Suas principais
importações são Petrolíferos refinados ($777 Milhões), Medicamentos embalados ($695
Milhões), Outros Iron Pipes grandes ($525 Milhões), Válvulas ($483 Milhões) e
Petróleo ($473 Milhões) (OEC, 2015).
Um país que também merece a atenção é o Afeganistão, sendo a 104º maior
economia de exportação no mundo. Seus indicadores apontam para um alto índice de
desigualdade com baixo IDH e baixo número de renda per capita. Atualmente, o
Afeganistão pode ser considerado um Estado desesperado por possuir um território e
população limitados, com economia atrasada e sem perspectivas de sair dessa situação
(ESPINOSA, 2011).
Assim como outros subsistemas, a Ásia Central possui países que mantém uma
relação com regiões distintas, conhecido como potências anfíbias. Essas potências
"participam das conjunturas de mais de uma região, dando a necessária flexibilidade ao
sistema como um todo, de modo que se consiga considerar que mesmo conflitos
secundários de um continente têm repercussões sistêmicas" (ESPINOSA, 2011). Sendo
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assim, as potências anfíbias da região são Irã, Paquistão e Rússia, o subsistema mantém
anfibiedade com o Oriente Médio.
4 RELAÇÃO COM ESTADOS UNIDOS
Grande parte do envolvimento dos EUA na região da Ásia Central,
especificamente no Afeganistão, após 11 de Setembro de 2001, concentrou-se na
garantia e na gestão de acordos de bases militares. Com esses acordos, os Estados
Unidos têm imitado as ações da China e da Rússia: contornando os mecanismos de
mercado estimados no Ocidente para assegurar as suas próprias prioridades nacionais.
Os ataques de 11 de setembro foram uma forma de justificar a operação de retaliação a
Al Qaeda e o Talibã no Afeganistão, além disso "o alvo efetivo das guerras no triângulo
Ásia Central-Oriente Médio-Sul da Ásia não eram os pequenos países invadidos, mas a
própria ordem mundial." (ESPINOSA, 2011)
Após 11 de setembro, o Afeganistão tornou-se o alvo principal dos militares
dos EUA, principalmente pela procura de Osama Bin Laden. A vulnerabilidade do
Afeganistão pode ser apresentada em decorrência da globalização, tendo os EUA como
o outro lado desse processo, dando possibilidades às ações americanas.
O subsistema da Ásia Central é uma região alvo de uma longa guerra movida
pelos EUA iniciada em 2001 no Afeganistão pela propagação do fundamentalismo
islâmico e complicadas ameaças ao duo-oligopólio nuclear, face a intransigência do Irã
de desistir das pesquisas e das usinas de enriquecimento de urânio.
O Talibã (grupo fundamentalista islâmico nacionalista que se difundiu
principalmente no Paquistão e Afeganistão), no começo do ano de 2017, pediu ao
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirasse as forças de seu país do
“atoleiro” do Afeganistão, dizendo que nada foi conquistado em 15 anos de guerra além
de derramamento de sangue e destruição.
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Em uma carta aberta ao novo líder norte-americano, publicada em um de seus
sites oficiais, o movimento insurgente disse que os EUA perderam credibilidade depois
de gastarem um trilhão de dólares em um envolvimento infrutífero.
Trump pouco falou em público sobre esse caso, onde cerca de 8.400 soldados
dos EUA permanecem como parte da missão de treinamento da coalizão liderada pela
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em apoio às forças locais, além de
uma missão norte-americana separada de contraterrorismo. O Talibã, entretanto, alertou
Trump para que não conte com o tipo de relatos “nada realista” apresentado pelos
generais a seus ex-presidentes, dizendo: “Eles enfatizariam a continuação da guerra e a
ocupação do Afeganistão porque podem ter posições melhores e privilégios na guerra”.
Como um argumento, o Talibã afirmou que os EUA jamais aceitariam uma
força estrangeira em seu território e ainda acusou Washington de impor uma
“administração postiça” no Afeganistão em face da resistência muçulmana popular.
As guerras, embora em sua maioria dependam sempre do monopólio da força exercido pelos Estados e se realizem sob o propósito de dobrara resistência de Estados renitentes, em certos casos, são empreendidas por Estados que não pretendem dobrar a vontade do oponente ou envolvem atores não estatais conscientes de sua incapacidade de obter maiores concessões dos seus alvos, como os confrontos do final do século XX e início do XXI, principalmente no nevrálgico Oriente Médio e Ásia Central. (ESPINOSA, 2011)
Referente ao Irã, a população possui um sentimento de antiamericanismo há um
longo período devido, principalmente às acusações norte-americanas sobre a produção
de armas atômicas, sendo lançada uma campanha internacional contra o Irã. Além disso,
o governo americano aprovou 3 sanções contra o Irã nas rodadas da ONU tendo como
consequências problemas econômicos no país. Com isso, o governo iraniano e a
imprensa fazem o possível para semear o ódio contra a nação norte-americana.
No acordo nuclear com potencias mundiais, os EUA aprovaram novas sanções
econômicas ao Irã, agravando a relação entre os países. Devido a isso, o presidente
iraniano ameaçou deixar o acordo caso novas sanções sejam impostas, sendo que os
EUA acusam o Irã de não respeitar as regras do acordo.
5 ATUALIDADES
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Cada país do subsistema da Ásia Central possui características próprias que
influenciam nas questões atuais. Serão descritas as notícias das potências que mais se
destacam no cenário internacional: Irã, Cazaquistão e Afeganistão.
5.1 Irã
Em 2017, o governo iraniano anunciou que irá continuar a desenvolver
programa de mísseis balísticos. O presidente afirmou que "Para defender a nossa nação
e a nossa integridade territorial, vamos construir todas as armas necessárias". Além
disso, o presidente disse que não viola o acordo nuclear assinado com Alemanha, China,
EUA, França, Reino Unido e Rússia e a regulamentação da ONU.
Em julho de 2015, a União Europeia, o Irã, EUA, Rússia, China, França, Reino
Unido, sendo estes membros permanentes do conselho de segurança da ONU, e
Alemanha assinaram o Plano Conjunto de Ação (JCPOA). O acordo nuclear determina
um levantamento gradual das sanções impostas ao Irã em troca de manter uma
pacificidade do programa nuclear iraniano.
O presidente dos EUA, Donald Trump, não aceitou retificar a JCPOA, acusando
o governo iraniano de violar o acordo, mesmo a Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA) ter afirmado que não houve o descumprimento do acordo por parte do
Teerã.
Um conflito atual presente no subsistema é entre o Irã e a Arábia Saudita. O Irã
possui uma população de maioria xiita enquanto que a Arábia Saudita tem maioria
sunita. Dentre diversos fatores que colaboram para o conflito entre esses Estados pela
hegemonia política no Oriente Médio, pode ser citado: a questão do petróleo por não
entrarem em acordo referente ao preço do barril; o acordo nuclear é outro fator de
intriga, assinado pelo Irã que deixa a Arábia Saudita receosa pela perda de poder na
região; e a Guerra na Síria também colabora para a disputa já que o Irã está ao lado do
ditador sírio Bashar al-Assad e a Arábia Saudita está do lado oposto.
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5.2 Cazaquistão
No presente ano, Cazaquistão e Brasil estão negociando acordos de cooperação
bilateral para a realização de "projetos específicos". O diretor do Departamento de Ásia
Central e Meridional e Oceania do Ministério das Relações Exteriores, Ary Norton de
Murat Quintella afirmou que "são cogitados vários possíveis planos de cooperação,
entre eles um projeto de educação no Afeganistão." O Brasil considera os esforços do
Cazaquistão para reunir os atores do conflito sírio, sendo uma das alternativas com os
quais a diplomacia cazaque está demonstrando aos outros Estado seu trabalho nas
relações internacionais.
Outra notícia atual do Cazaquistão é a sua pretensão em se tornar ponto crucial
do comércio entre China e Europa. O vice-ministro de Assuntos Exteriores cazaque,
Roman Vassilenko afirmou que "uma das principais prioridades do Cazaquistão é
potencializar as infraestruturas de transportes para assegurar a conectividade de nosso
país e da região com o resto do mundo", com isso irá facilitar o comércio e a geração de
novos empregos. Com a Nova Rota da Seda e a União Econômica da Eurásia, diversas
passagens comerciais passam pelo Cazaquistão, levando o Governo de Astana a
executar um programa de estímulo econômico de aproximadamente US$9 bilhões com
o intuito de modernizar estradas, vias férreas e portos.
Em fevereiro de 2017, o governo do Cazaquistão anunciou uma reforma que
inclui uma redistribuição de poderes na administração nacional para o aperfeiçoamento
do sistema executivo. O presidente disse que "a essência da reforma é a redistribuição
do poder e a democratização de todo o sistema político", suas prioridades incluem
funções estratégicas, em que ele ficará responsável pela política externa, segurança
nacional e a defesa do país.
5.3 Afeganistão
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Grande parte das notícias atuais do Afeganistão estão relacionadas aos EUA e as
novas convicções do atual presidente norte-americano. Diante disto, a CIA (Central
Intelligence Agency) está ampliando suas operações no Afeganistão contra o
movimento talibã com o envio de oficiais para assassinar militantes, alterando o foco do
combate contra a Al-Qaeda proposto por Trump. Em agosto, o presidente norte-
americano anunciou a nova estratégia no Afeganistão para apoiar o governo afegão e
seus militares no combate ao terrorismo e expandir os poderes das tropas norte-
americanas no país.
Em 2017, houve o aumento do número de militares americanos presentes no
Afeganistão com a proposta de Trump de enviar milhares de soldados para novas
estratégias no país. Atualmente, cerca de 11.000 militares estão no Afeganistão para
pressionar grupos extremistas, como Talibã. Com o apoio de Trump, aviões de guerra
norte-americanos lançaram bombas no Afeganistão em um número nunca antes visto,
"Estes assassinos precisam saber que não têm onde se esconder; que nenhum lugar está
fora do alcance do poder americano e das armas americanas", disse o presidente norte-
americano.
6 CONCLUSÃO
Com as diversas perspectivas acerca do subsistema da Ásia Central, o artigo
propôs analisar as características da região e suas divergências, bem como a relação
com sistema internacional. Com isso, é possível perceber que os países passam por
dificuldades tanto políticas quanto econômicas, devido, principalmente a sua tardia
independência da União Soviética e a presença de grupos extremistas que impedem o
controle do governo sobre o território e o desenvolvimento como um todo.
Além disso, pode-se perceber a intensa influência norte-americana nos países
com o intuito de aumentar o poder sobre a localidade e exterminar os grupos
extremistas. Apesar disso, a região centro-asiática possui grande quantidade de recursos
energéticos, incluindo petróleo e gás natural, o que pode favorecer o crescimento
econômico dos países.
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Por conseguinte, o contexto regional da Ásia Central pode ser caracterizado por
conflitos étnicos e religiosos, a competição energética, o posicionamento estratégico de
potências e a agitação política. Por fim, o subsistema está no alvo de grandes potências
sendo motivo de disputas internacionais.
REFERÊNCIAS
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