projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · web viewÁsia central. um diálogo entre o...

22

Click here to load reader

Upload: nguyenthu

Post on 22-May-2018

219 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

Page 1: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Ásia Central

Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional

Giovanna Vaz Ferreira

Giulia Potenza de Paula

Resumo

O artigo demonstra características do subsistema denominado Ásia Central, a história,

aspectos político-econômicos, relação com Estados Unidos e atualidades da região. Esse

subsistema se encontra em uma posição estratégica no mundo ligando os extremos

Ocidente e Oriente, sendo centro de disputas de grandes potências, além disso essa área

presencia numerosas lutas de atores externos pela obtenção dos recursos presentes. A

região é conhecida pela presença de governos de caráter antidemocrático que restringem

o desenvolvimento dos países e pela existência de grupos extremistas que influenciam a

Ásia Central em diversos aspectos, como cultural, econômico e político.

Palavras-chave: Ásia Central; subsistema; potência; conflitos; governo.

Abstract

The article demonstrate characteristics of the subsystem denominated Central Asia, the

history, political-economic aspects, the relation with United States and the actualities of

the region. This subsystem is in a strategic position in the world linking the extremes

West and East, being a center of disputes of great powers, furthermore this area witness

numerous fights by external actors for acquisition the resources present. The region is

acquaintance for the presence of undemocratic governments character that restrict the

development of countries and the existence of extremist groups that influence the

Central Asia in several aspects, such as cultural, economic and political.

Key-words: Central Asia; subsystem; power; conflicts; government.

1

Page 2: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo propõe analisar o subsistema conhecido como Ásia Central e

sua relação com o sistema internacional. Como metodologia será utilizado a pesquisa

bibliográfica de artigos e teses, tendo como base a organização metodológica do texto

"Métodos de Pesquisa" (GERHARDT&SILVEIRA, 2009). O referencial teórico baseia-

se na tese “A Sombra dos Leviatãs” escrita pelo Prof. Dr. Antônio Roberto Espinosa.

De acordo com Gerhardt e Silveira, o presente trabalho se enquadra como uma

pesquisa de abordagem qualitativa e natureza básica. A pesquisa qualitativa se preocupa

com o aprofundamento da compreensão de determinado assunto, sem examinar

representatividades numéricas e uma pesquisa de natureza básica se caracteriza como a

geração de conhecimentos envolvendo verdades e interesses universais, sem aplicação

prática prevista.

Como justificativa acadêmica, o trabalho pretende estudar o subsistema Ásia

Central, sendo que com a pesquisa, percebe-se que a região é pouco analisada no âmbito

internacional e necessita de estudos mais aprofundados no assunto, possibilitando

trabalhos futuros. Como justificativa social, o trabalho propõe oferecer maior

conhecimento sobre a Ásia Central, já que a sociedade tem pouco entendimento sobre o

assunto e pode realizar conclusões precipitadas.

2 PROCESSO HISTÓRICO

Para compreender melhor as características atuais do subsistema, é necessário

conhecer seu processo de formação e colonização. O processo de colonização iniciado

pela Rússia czarista constituiu o ponto de partida para a fragmentação da região, tendo

sido especialmente concebido para apoiar a estrutura de poder do colonizador (BACON,

1966). Com isso, a Ásia Central foi dominada pelos russos em 1860 e permaneceu em

seu poder até 1991, sendo chamada de Turquestão. Com as invasões, a região foi

influenciada por diversos povos, tendo dificuldade em estabelecer uma identidade

própria devido às fusões linguísticas, culturais, religiosas, entre outras.

2

Page 3: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Como o domínio russo durou por mais de um século, a Ásia Central passou por

diversas transformações tanto político-econômica quanto cultural, além de que a Rússia

czarista se considerava superior e impunha seus interesses para o avanço do poder,

como a imposição de sua língua e de seus ideais ligados ao comunismo.

Mediante isto, o fim do regime czarista ocorreu com uma instabilidade entre o

colonizador e os povos nativos, juntamente com problemas socioeconômicos e

interesses pessoais. Assim, formou-se a União Soviética com os ideais comunistas

reforçando os processos que foram iniciados pelos russos.

Segundo Dickens (1989, p.5) é importante reconhecer os feitos soviéticos na

Ásia Central na época, ele afirma que:

...reduziram a iliteracia, o ensino superior tornou-se acessível a uma maior percentagem da população, os serviços médicos melhoraram significativamente, e a produção agrícola e industrial elevou o padrão de vida comparativamente a qualquer outro lugar no mundo islâmico.

Na esfera econômica, a Ásia Central na fase czarista tinha sido transformada em

uma fonte de matérias-primas e continuou assim na fase soviética, porém era

dependente de alimentos básicos de sobrevivência. Já na era pós-soviética com o

colapso da URSS, ficou evidente a política de controle de recursos econômicos pelos

principais clãs, trazendo às nações centro-asiáticas independência, liberdade e o fim dos

subsídios.

A Ásia Central passou por uma situação crítica em 1979, com a vitória da

Revolução Xiita no Irã e pela saída das tropas da URSS do Afeganistão, em 1989. Com

a desintegração soviética em 1991 houve o surgimento de cinco novos Estados

islâmicos na Ásia Central, sendo eles: Turcomenistão, Uzbequistão, Cazaquistão,

Tadjiquistão e Quirguistão.

Atualmente, o subsistema da Ásia Central é uma região de importância em

decorrência de seu espaço geográfico, localizado entre o Ocidente e Oriente e

delimitada, principalmente pelo Mar Cáspio, Sibéria, Mongólia, Tibete e a cordilheira

do Hindu Kush. Além disso, a região é palco de competição de grandes potências,

principalmente pela grande presença de recursos minerais e energéticos, além de

3

Page 4: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

constituir um encontro de interesses geopolíticos, econômicos, religiosos, entre outros,

o que favorece sua profundidade histórica.

A formação dos países ocorreu de forma heterogênea com a divisão territorial

realizada pelos russos em 1924. Na atualidade, essa região é composta por sete países

considerados Estados interiores, sendo eles: Irã, Cazaquistão, Afeganistão, Quirguistão,

Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão (ESPINOSA, 2011). Como pode ser visto no

mapa abaixo:

3 ASPECTOS POLÍTICO-ECONÔMICOS

O subsistema Ásia Central é considerado uma das regiões mais autoritárias e

corruptas do mundo. Os países possuem caráter patrimonial dos seus regimes,

representado pela relação entre os Chefes de Estado e grupos de interesse, não havendo

democracia para a sociedade. Os governos atuais são compostos por diferentes formas

de poder.

O Cazaquistão possui uma República Presidencialista governado pelo presidente

Nursultan Äbişulı Nazarbaev desde 1991. Em relação à sua economia é um país rico em

recursos naturais, principalmente petróleo, gás e minérios, além de apresentar indústrias

de processamento de metais, químicos, têxteis e de alimentos. O Cazaquistão é o 10º

4

Page 5: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

país mais extenso do mundo e o de maior área no subsistema Ásia Central, porém

possui uma das menores densidades demográficas formada principalmente por cazaques

e russos. Nas relações internacionais, o país participa da ONU (Organização das Nações

Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, OMC (Organização

Mundial do Comércio) e CEI (Comunidade dos Estados Independentes).

O Quirguistão é uma República Parlamentarista tendo como Chefe de Estado

Almazbek Sharshenóvich Atambaiev no poder desde 2011, sendo convocado após a

"revolução das tulipas", movimento de protesto popular que tirou Askar Akaiev do

poder. A economia é baseada principalmente na agricultura responsável por empregar

mais da metade da força de trabalho do país, com destaque nos seguintes produtos:

frutas, cevada e trigo. O Quirguistão enfrenta conflitos entre diversos grupos étnicos,

principalmente uzbeques e quirguizes. Além disso, grande parte da população vive

abaixo da linha da pobreza, o que dificulta o desenvolvimento do país. Sua participação

nas relações exteriores se concentra na ONU, FMI, Banco Mundial, OMC e CEI.

O Afeganistão é uma República Presidencialista composta pelo Presidente

Ashraf Ghani Ahmadzai no poder desde 2014, sendo que os distritos do país sofrem

outras influencias, além da governamental. Assim como outros países da Ásia Central, o

Afeganistão é um país economicamente baseado na atividade agrícola, principalmente

da papoula (matéria-prima do ópio) e também, a agropecuária. O país é extremamente

pobre com baixo Índice de Desenvolvimento Humano e a menor renda per capita do

subsistema. O Afeganistão participa nas relações internacionais na ONU, FMI e Banco

Mundial.

O Irã também é uma República Presidencialista governado pelo Presidente

Hassan Rohani desde 2013, sendo reeleito ao prometer a abertura do país para novas

relações com outros Estados e a criação de novos empregos. Diferente dos outros países

da região, o Irã é conhecido por sua indústria petroquímica e têxtil. Atualmente, o país

está investindo fortemente em programas de mísseis balísticos, sendo exposto pelo

presidente a necessidade de defender a nação e a integridade territorial. A participação

nas relações exteriores se encontra no Banco Mundial, ONU, FMI e OPEP

(Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

5

Page 6: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

O Tajiquistão é uma República Parlamentarista com eleições para o Presidente e

para o Parlamento, tendo como atual Presidente Emomali Rahmonov que está no poder

desde 1994. A economia nacional foi intensamente prejudicada pela guerra civil

iniciada em 1992, sendo baseada na agricultura, principalmente os produtos algodão,

frutas e verduras, apesar da pouca disponibilidade de terras na região pelo clima árido

frio e montanhoso na maior parte do território. Além disso, há a presença de recursos

minerais como ouro, prata e urânio. Nas relações internacionais, o Tajiquistão participa

da ONU, FMI, Banco Mundial e CEI.

O Turcomenistão é uma República Presidencialista que já passou por governos

vitalícios e é reconhecido como um dos países mais repressores do mundo. Atualmente

é governado pelo Presidente Gurbanguly Mälikgulyýewiç Berdimuhammedow que foi

eleito em 2006. Na economia, grande parte é baseada na agricultura com algodão, soja,

frutas, entre outros, mas além disso há a exploração de reservas petrolíferas e de gás

natural. As relações exteriores do Turcomenistão são na participação da ONU, FMI,

CEI e Banco Mundial.

Por último, o Uzbequistão é uma República Presidencialista tendo como

Presidente Shavkat Mirziyoyev que entrou no poder em 2016, eleito pelo voto direto

para um mandato de cinco anos, porém é conhecido como um país de regime ditatorial

mais severos da região. Sua economia é baseada na agricultura, assim como nos outros

países do subsistema, tendo como principal produto o algodão. Além disso, há grandes

reservas de petróleo e gás natural e possui a maior densidade populacional da Ásia

Central. Nas relações internacionais, o Uzbequistão participa da ONU, FMI, Banco

Mundial e CEI e nos últimos anos, o país procurou se aproximar dos EUA autorizando a

entrada de tropas americanas em seu território.

Perfil geoeconômico e social da Ásia Central

País Área (km²)

População (milhões de hab.)

Densidade(Hab./km²)

PIB(milhões de US$)

Parte do PIB da região

Renda per capita

IDH IDH no mundo

Exporta-ções(milhões de US$)

Importa-ções(milhões de US$)

Irã 1.648.195 75,1 45,65 331.015 64,51% 4.530 0,702 70º 113.401 57.411

Cazaquistão 2.724.900 15,8 5,80 109.155 21,27% 6.740 0,714 66º 71.172 37.889

Afeganistão 652.225 29,1 44,62 10.624 2,07% 370 0,349 155º 610 3.350

Quirguistão 199.900 5,6 28,01 4.578 0,89% 870 0,589 109º 1.642 4.072

Tajiquistão 143.100 7,1 49,62 4.978 0,97% 700 0,58 112º 1.406 3.270

6

Page 7: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Turcomenistão 488.000 5,2 10,66 19.947 3,89% 3.420 0,669 87º 11.920 5.670

Uzbequistão 447.400 27,8 62,14 32.817 6,40% 1.100 0,617 102º 10.369 7.076

TOTAL 6.303.720 165,7 246,5 513.114 - 17.730 - - 210.520 118.738

Fonte: "A Sombra dos Leviatãs".

A partir disso, é considerado como potência principal da Ásia Central, o Irã por

possuir o maior PIB da região e maiores índices de exportação e importação. As

exportações principais são Crude Petroleum ($18,3 Bilhões), Polímeros de Etileno ($2,4

Bilhões), Álcoois acíclicos ($1,27 Bilhões), Outros Nuts ($830 Milhões) e Turfa ($694

Milhões). Já as importações baseiam-se em Carros ($1,47 Bilhões), Milho ($936

Milhões), Peças de veículos ($932 Milhões), Jóias ($885 Milhões) e Aços laminados

planos ($860 Milhões) (OEC, 2015). Além disso, o Irã possui uma das maiores rendas

per capitas e IDH do subsistema ficando atrás apenas do Cazaquistão.

Como potência secundária, a região considera o Cazaquistão por apresentar a

maior renda per capita e IDH da Ásia Central. Além de estar em segundo lugar em

exportações e importações, as exportações principais do país são Crude Petroleum

($19,4 Bilhões), Cobre refinado ($1,82 Bilhões), Produtos químicos radioativos ($1,77

Bilhões), Petróleo ($1,74 Bilhões) e Ferroligas ($1,4 Bilhões). Suas principais

importações são Petrolíferos refinados ($777 Milhões), Medicamentos embalados ($695

Milhões), Outros Iron Pipes grandes ($525 Milhões), Válvulas ($483 Milhões) e

Petróleo ($473 Milhões) (OEC, 2015).

Um país que também merece a atenção é o Afeganistão, sendo a 104º maior

economia de exportação no mundo. Seus indicadores apontam para um alto índice de

desigualdade com baixo IDH e baixo número de renda per capita. Atualmente, o

Afeganistão pode ser considerado um Estado desesperado por possuir um território e

população limitados, com economia atrasada e sem perspectivas de sair dessa situação

(ESPINOSA, 2011).

Assim como outros subsistemas, a Ásia Central possui países que mantém uma

relação com regiões distintas, conhecido como potências anfíbias. Essas potências

"participam das conjunturas de mais de uma região, dando a necessária flexibilidade ao

sistema como um todo, de modo que se consiga considerar que mesmo conflitos

secundários de um continente têm repercussões sistêmicas" (ESPINOSA, 2011). Sendo

7

Page 8: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

assim, as potências anfíbias da região são Irã, Paquistão e Rússia, o subsistema mantém

anfibiedade com o Oriente Médio.

4 RELAÇÃO COM ESTADOS UNIDOS

Grande parte do envolvimento dos EUA na região da Ásia Central,

especificamente no Afeganistão, após 11 de Setembro de 2001, concentrou-se na

garantia e na gestão de acordos de bases militares. Com esses acordos, os Estados

Unidos têm imitado as ações da China e da Rússia: contornando os mecanismos de

mercado estimados no Ocidente para assegurar as suas próprias prioridades nacionais.

Os ataques de 11 de setembro foram uma forma de justificar a operação de retaliação a

Al Qaeda e o Talibã no Afeganistão, além disso "o alvo efetivo das guerras no triângulo

Ásia Central-Oriente Médio-Sul da Ásia não eram os pequenos países invadidos, mas a

própria ordem mundial." (ESPINOSA, 2011)

Após 11 de setembro, o Afeganistão tornou-se o alvo principal dos militares

dos EUA, principalmente pela procura de Osama Bin Laden. A vulnerabilidade do

Afeganistão pode ser apresentada em decorrência da globalização, tendo os EUA como

o outro lado desse processo, dando possibilidades às ações americanas.

O subsistema da Ásia Central é uma região alvo de uma longa guerra movida

pelos EUA iniciada em 2001 no Afeganistão pela propagação do fundamentalismo

islâmico e complicadas ameaças ao duo-oligopólio nuclear, face a intransigência do Irã

de desistir das pesquisas e das usinas de enriquecimento de urânio.

O Talibã (grupo fundamentalista islâmico nacionalista que se difundiu

principalmente no Paquistão e Afeganistão), no começo do ano de 2017, pediu ao

presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirasse as forças de seu país do

“atoleiro” do Afeganistão, dizendo que nada foi conquistado em 15 anos de guerra além

de derramamento de sangue e destruição.

8

Page 9: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Em uma carta aberta ao novo líder norte-americano, publicada em um de seus

sites oficiais, o movimento insurgente disse que os EUA perderam credibilidade depois

de gastarem um trilhão de dólares em um envolvimento infrutífero.

Trump pouco falou em público sobre esse caso, onde cerca de 8.400 soldados

dos EUA permanecem como parte da missão de treinamento da coalizão liderada pela

Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em apoio às forças locais, além de

uma missão norte-americana separada de contraterrorismo. O Talibã, entretanto, alertou

Trump para que não conte com o tipo de relatos “nada realista” apresentado pelos

generais a seus ex-presidentes, dizendo: “Eles enfatizariam a continuação da guerra e a

ocupação do Afeganistão porque podem ter posições melhores e privilégios na guerra”.

Como um argumento, o Talibã afirmou que os EUA jamais aceitariam uma

força estrangeira em seu território e ainda acusou Washington de impor uma

“administração postiça” no Afeganistão em face da resistência muçulmana popular.

As guerras, embora em sua maioria dependam sempre do monopólio da força exercido pelos Estados e se realizem sob o propósito de dobrara resistência de Estados renitentes, em certos casos, são empreendidas por Estados que não pretendem dobrar a vontade do oponente ou envolvem atores não estatais conscientes de sua incapacidade de obter maiores concessões dos seus alvos, como os confrontos do final do século XX e início do XXI, principalmente no nevrálgico Oriente Médio e Ásia Central. (ESPINOSA, 2011)

Referente ao Irã, a população possui um sentimento de antiamericanismo há um

longo período devido, principalmente às acusações norte-americanas sobre a produção

de armas atômicas, sendo lançada uma campanha internacional contra o Irã. Além disso,

o governo americano aprovou 3 sanções contra o Irã nas rodadas da ONU tendo como

consequências problemas econômicos no país. Com isso, o governo iraniano e a

imprensa fazem o possível para semear o ódio contra a nação norte-americana.

No acordo nuclear com potencias mundiais, os EUA aprovaram novas sanções

econômicas ao Irã, agravando a relação entre os países. Devido a isso, o presidente

iraniano ameaçou deixar o acordo caso novas sanções sejam impostas, sendo que os

EUA acusam o Irã de não respeitar as regras do acordo.

5 ATUALIDADES

9

Page 10: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Cada país do subsistema da Ásia Central possui características próprias que

influenciam nas questões atuais. Serão descritas as notícias das potências que mais se

destacam no cenário internacional: Irã, Cazaquistão e Afeganistão.

5.1 Irã

Em 2017, o governo iraniano anunciou que irá continuar a desenvolver

programa de mísseis balísticos. O presidente afirmou que "Para defender a nossa nação

e a nossa integridade territorial, vamos construir todas as armas necessárias". Além

disso, o presidente disse que não viola o acordo nuclear assinado com Alemanha, China,

EUA, França, Reino Unido e Rússia e a regulamentação da ONU.

Em julho de 2015, a União Europeia, o Irã, EUA, Rússia, China, França, Reino

Unido, sendo estes membros permanentes do conselho de segurança da ONU, e

Alemanha assinaram o Plano Conjunto de Ação (JCPOA). O acordo nuclear determina

um levantamento gradual das sanções impostas ao Irã em troca de manter uma

pacificidade do programa nuclear iraniano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, não aceitou retificar a JCPOA, acusando

o governo iraniano de violar o acordo, mesmo a Agência Internacional de Energia

Atômica (AIEA) ter afirmado que não houve o descumprimento do acordo por parte do

Teerã.

Um conflito atual presente no subsistema é entre o Irã e a Arábia Saudita. O Irã

possui uma população de maioria xiita enquanto que a Arábia Saudita tem maioria

sunita. Dentre diversos fatores que colaboram para o conflito entre esses Estados pela

hegemonia política no Oriente Médio, pode ser citado: a questão do petróleo por não

entrarem em acordo referente ao preço do barril; o acordo nuclear é outro fator de

intriga, assinado pelo Irã que deixa a Arábia Saudita receosa pela perda de poder na

região; e a Guerra na Síria também colabora para a disputa já que o Irã está ao lado do

ditador sírio Bashar al-Assad e a Arábia Saudita está do lado oposto.

10

Page 11: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

5.2 Cazaquistão

No presente ano, Cazaquistão e Brasil estão negociando acordos de cooperação

bilateral para a realização de "projetos específicos". O diretor do Departamento de Ásia

Central e Meridional e Oceania do Ministério das Relações Exteriores, Ary Norton de

Murat Quintella afirmou que "são cogitados vários possíveis planos de cooperação,

entre eles um projeto de educação no Afeganistão." O Brasil considera os esforços do

Cazaquistão para reunir os atores do conflito sírio, sendo uma das alternativas com os

quais a diplomacia cazaque está demonstrando aos outros Estado seu trabalho nas

relações internacionais.

Outra notícia atual do Cazaquistão é a sua pretensão em se tornar ponto crucial

do comércio entre China e Europa. O vice-ministro de Assuntos Exteriores cazaque,

Roman Vassilenko afirmou que "uma das principais prioridades do Cazaquistão é

potencializar as infraestruturas de transportes para assegurar a conectividade de nosso

país e da região com o resto do mundo", com isso irá facilitar o comércio e a geração de

novos empregos. Com a Nova Rota da Seda e a União Econômica da Eurásia, diversas

passagens comerciais passam pelo Cazaquistão, levando o Governo de Astana a

executar um programa de estímulo econômico de aproximadamente US$9 bilhões com

o intuito de modernizar estradas, vias férreas e portos.

Em fevereiro de 2017, o governo do Cazaquistão anunciou uma reforma que

inclui uma redistribuição de poderes na administração nacional para o aperfeiçoamento

do sistema executivo. O presidente disse que "a essência da reforma é a redistribuição

do poder e a democratização de todo o sistema político", suas prioridades incluem

funções estratégicas, em que ele ficará responsável pela política externa, segurança

nacional e a defesa do país.

5.3 Afeganistão

11

Page 12: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Grande parte das notícias atuais do Afeganistão estão relacionadas aos EUA e as

novas convicções do atual presidente norte-americano. Diante disto, a CIA (Central

Intelligence Agency) está ampliando suas operações no Afeganistão contra o

movimento talibã com o envio de oficiais para assassinar militantes, alterando o foco do

combate contra a Al-Qaeda proposto por Trump. Em agosto, o presidente norte-

americano anunciou a nova estratégia no Afeganistão para apoiar o governo afegão e

seus militares no combate ao terrorismo e expandir os poderes das tropas norte-

americanas no país.

Em 2017, houve o aumento do número de militares americanos presentes no

Afeganistão com a proposta de Trump de enviar milhares de soldados para novas

estratégias no país. Atualmente, cerca de 11.000 militares estão no Afeganistão para

pressionar grupos extremistas, como Talibã. Com o apoio de Trump, aviões de guerra

norte-americanos lançaram bombas no Afeganistão em um número nunca antes visto,

"Estes assassinos precisam saber que não têm onde se esconder; que nenhum lugar está

fora do alcance do poder americano e das armas americanas", disse o presidente norte-

americano.

6 CONCLUSÃO

Com as diversas perspectivas acerca do subsistema da Ásia Central, o artigo

propôs analisar as características da região e suas divergências, bem como a relação

com sistema internacional. Com isso, é possível perceber que os países passam por

dificuldades tanto políticas quanto econômicas, devido, principalmente a sua tardia

independência da União Soviética e a presença de grupos extremistas que impedem o

controle do governo sobre o território e o desenvolvimento como um todo.

Além disso, pode-se perceber a intensa influência norte-americana nos países

com o intuito de aumentar o poder sobre a localidade e exterminar os grupos

extremistas. Apesar disso, a região centro-asiática possui grande quantidade de recursos

energéticos, incluindo petróleo e gás natural, o que pode favorecer o crescimento

econômico dos países.

12

Page 13: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

Por conseguinte, o contexto regional da Ásia Central pode ser caracterizado por

conflitos étnicos e religiosos, a competição energética, o posicionamento estratégico de

potências e a agitação política. Por fim, o subsistema está no alvo de grandes potências

sendo motivo de disputas internacionais.

REFERÊNCIAS

Agência Brasil. Cazaquistão anuncia reforma para democratizar sistema político. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-02/cazaquistao-anuncia-reforma-para-democratizar-sistema-politico-0> Acesso em: outubro, 2017.

BACON, Elizabeth E. Central Asians Under Russian Rule: A Study in Culture Change. Ithaca: Cornell University Press, 1966.

DICKENS, Mark. The Impact of Russo-Soviet Culture in Central Asia, 1989.

DUARTE, Paulo. "Ásia Central: a geopolítica do centro do mundo". Revista de Geopolítica, v. 5, nº 2, p. 79-96, jul./dez. 2014.

ESPINOSA, Antônio Roberto. "A Sombra dos Leviatãs". São Paulo, 2011.

France Presse. EUA têm 11 mil soldados no Afeganistão, cifra acima do previsto. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-tem-11-mil-soldados-no-afeganistao-cifra-acima-do-previsto.ghtml> Acesso em: setembro, 2017.

France Presse. Irã continuará a desenvolver programa de mísseis balísticos. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/ira-continuara-a-desenvolver-programa-de-misseis-balisticos.ghtml> Acesso em: outubro, 2017.

G1- Jornal Nacional. Presidente dos EUA autoriza envio de mais soldados para o Afeganistão. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/08/presidente-dos-eua-autoriza-envio-de-mais-soldados-para-o-afeganistao.html> Acesso em: setembro, 2017.

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo Silveira. Métodos de Pesquisa. Universidade federal do Rio Grande do Sul, 2009.

13

Page 14: projetoteoriapoliticaii2017.files.wordpress.com · Web viewÁsia Central. Um diálogo entre o subsistema e o cenário internacional. Giovanna Vaz Ferreira. Giulia . Potenza. de Paula

MAKARENKO, Tamara. Ásia Central: onde o poder, a política e a economia colidem. Disponível em: <https://www.nato.int/docu/review/2009/Asia/central_asian_geopolitics/PT/index.htm> Acesso em: setembro, 2017.

SASAKI, Fabio. Entenda a disputa entre Irã e Arábia Saudita. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-disputa-entre-ira-e-arabia-saudita/> Acesso em: setembro, 2017.

SMITH, Josh. Sob nova estratégia de Trump, bombardeios dos EUA no Afeganistão atingem maior número desde 2010. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/mundo/sob-nova-estrategia-de-trump-bombardeios-dos-eua-no-afeganistao-atingem-maior-numero-desde-2010,b6426d64f7e50d072ee2f79a1128beecsrnbnotr.html> Acesso em: outubro,2017.

Sputnik Brasil. Ameaça nuclear? Irã produzirá qualquer arma para defender o país, diz presidente. Disponível em: <https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201710299707942-ira-producao-armas-protecao-pais/> Acesso em: outubro, 2017.

Sputnik Brasil. CIA está expandindo operações secretas contra terroristas do Talibã no Afeganistão. Disponível em: <https://br.sputniknews.com/mundo/201710239650129-cia-operacoes-secretas-afeganistao-taliba/> Acesso em: outubro, 2017.

The Observatory of Economic Complexity (OEC). Disponível em: https://atlas.media.mit.edu/en/ Acesso em: outubro, 2017.

Uol Economia. Cazaquistão quer se tornar ponto crucial do comércio entre China e Europa. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/efe/2017/10/09/cazaquistao-quer-se-tornar-ponto-crucial-do-comercio-entre-china-e-europa.htm> Acesso em: outubro, 2017.

Uol Economia. Cazaquistão e Brasil negociam assinatura de acordo bilateral. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2017/10/06/cazaquistao-e-brasil-negociam-assinatura-de-acordo-bilateral.htm> Acesso em: outubro, 2017.

14