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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UnUCET INTRODUÇÃO À EXPLORAÇÃO DE CULTURAS 8°PERÍODO PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE CULTURAS: PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR Acadêmicos: Daniel Max Leonídio José Maria Moraes Anápolis GO MAIO/2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UnUCET

INTRODUÇÃO À EXPLORAÇÃO DE CULTURAS

8°PERÍODO

PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE CULTURAS:

PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Acadêmicos: Daniel Max Leonídio

José Maria Moraes

Anápolis – GO MAIO/2010

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Daniel Max Leonídio José Maria Moraes

PROJETO DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Trabalho exigido à disciplina de Introdução à Exploração de Culturas do curso de Engenharia Agrícola sob a orientação do professor André Luiz.

Anápolis – GO MAIO/2010.

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Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 4

BOTÂNICA E ORIGEM ......................................................................................................................................... 5

CARACTERÍSTICAS EDAFOCLIMÁTICAS..................................................................................................... 5

MEMORIAL DESCRITIVO ................................................................................................................................... 6

Localização: ............................................................................................................................................................. 6

Clima: ......................................................................................................................................................................... 7

Considerações: ....................................................................................................................................................... 7

ÉPOCA DE CULTIVO ............................................................................................................................................. 7

PREPARAÇÃO DO TERRENO ............................................................................................................................ 7

PLANTIO ................................................................................................................................................................... 9

PRODUÇÃO DE MUDAS .................................................................................................................................... 11

CALAGEM A ADUBAÇÃO .................................................................................................................................. 12

Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996 .............................................................................................. 15

TRATOS CULTURAIS.......................................................................................................................................... 16

PRAGAS E DOENÇAS E SEU CONTROLE .................................................................................................... 18

COLHEITA .............................................................................................................................................................. 21

CUSTOS .................................................................................................................................................................... 22

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INTRODUÇÃO

O Brasil é, há muito tempo, um grande e tradicional produtor de cana-de-

açúcar. Essa matéria-prima permitiu ao País tornar-se o maior produtor e exportador mundial de açúcar e desenvolver o mais bem sucedido programa de produção e uso de biocombustíveis da atualidade.

A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool. Quase metade da produção mundial de cana-de-açúcar é assegurada atualmente por quatro nações das Américas: Brasil, Cuba, México, e EUA. Seguem-se pela importância de suas safras, países asiáticos como a Índia, a China e as Filipinas. No Brasil, depois de meados da década de 1970, a crise do petróleo tornou intensa a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, para utilização direta em motores a explosão (hidratado) ou em mistura com a gasolina (anidro). Desde então, o álcool combustível, saído de modernas destilarias que em muitos pontos do país substituíram os antigos engenhos, passou a absorver parte ponderável da matéria-prima antes destinada sobretudo à extração do açúcar. É interessante lembrar que a Europa até 1976 era a principal importadora de açúcar. A partir de então, passou de importador a exportador, competindo no mercado externo com a produção de açúcar de beterraba com elevadíssimos subsídios e proteções ao seu mercado interno. Elevados subsídios tem sido também proporcionados a produção de açúcar de milho (HFCS, frutose do milho) nos Estados Unidos. Outro produto que tem competido com o açúcar são os adoçantes sintéticos.

Hoje, a cana-de-açúcar é um dos principais produtos da agricultura brasileira e a principal fonte de energia de biomassa do País. O Brasil, é também o segundo maior produtor e o maior exportador de etanol do mundo, respondendo por cerca de 35% da produção mundial (F O LICHT, 2008). A safra de 2008/2009 destinada à produção sucroalcooleira (somente açúcar, etanol e eletricidade) foi de 572,64 milhões de toneladas de cana. São Paulo é o principal estado produtor de cana-de-açúcar – 58%, seguido por outros importantes estados produtores com Paraná, Minas Gerais e Alagoas. Desde a implantação do Proálcool – Programa nacional de álcool, em 1975, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a desenvolver um programa de combustível alternativo para uso em grande escala, em substituição à gasolina. Também é importante ressaltar que o Proálcool revelou uma multiplicidade de benefícios muito além dos aspectos puramente econômicos. Uma série de transformações de caráter tecnológico, ambiental e social foram desencadeadas. O consumo do álcool hidratado vem diminuindo bastante ao longo dos últimos anos. Já o álcool anidro, que é misturado à gasolina, tem aumentado seu consumo. A legislação atual determina que 25% de álcool anidro seja misturado à gasolina. Entretanto este percentual tem sido alterado mediante medidas provisórias conforme interesse político do governo federal. Há propostas de se aumentar a mistura 3% de álcool anidro no diesel. Há também segmentos do

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setor que propõem a produção de um combustível único, isto é, gasolina com 33% de álcool anidro. O etanol produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil é o biocombustível que tem o melhor balanço de energia: 9,3 unidades de energia renovável, na forma de etanol e energia elétrica, são geradas para cada unidade de energia fóssil utilizada em todo o seu ciclo produtivo. Além disso, é o mais eficiente em termos de emissões de gases de efeito estufa - GEE: reduz em até 90% os níveis de emissão quando utilizado em substituição à gasolina. Por isso, nos últimos 30 anos, o País evitou a emissão de 851 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera devido ao uso do etanol como substituto da gasolina.

BOTÂNICA E ORIGEM A cana é pertencente à Classe: Monocotyledoneae; Família: Poaceae; Gênero: Saccharum. Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias doenças e de uma tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas cultivares, as quais foram obtidas pelo cruzamento de S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero (S. robustum, S. sinense, S. barberi e S. spontaneum), posteriormente, através de recruzamentos com as ascendentes. Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todos os genótipos em cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares ou variedades híbridas. Atualmente, existem numerosas variedades criadas pelos institutos de pesquisas e as cultivares em cultivo em todo o mundo são híbridos oriundos da mistura das 5 espécies acima descritas, portanto, o correto será referia a nomenclatura taxonômica com Saccharum ssp. A escolha da variedade é indicada pelas características do lugar de plantio. Sem esses cuidados a produção poderá não ser a esperada.

CARACTERÍSTICAS EDAFOCLIMÁTICAS CLIMA A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.

A diversidade de climas determina períodos de plantio e colheita distintos para as diversas regiões do Brasil. Em São Paulo, de modo geral, planta-se de outubro a março e colhe-se de maio a outubro; enquanto no nordeste o plantio se faz de julho a novembro e a colheita de dezembro a maio.

A cana-de-açúcar exige calor e umidade. Sem essas condições não produzirá bem. A melhor temperatura para a cana é de 25 a 35°C. Abaixo de

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20°C o crescimento é muito lento. Acima de 35°C também é lento, e além de 38°C é nulo. A faixa ideal de temperatura para a maturação é de 10° a 20° C. A ausência de chuvas, o corte da irrigação e a deficiência de nitrogênio no solo também são imprescindíveis para a maturação. Com relação à luz, a cana não responde a variação de fotoperíodo.

SOLO Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.

Para a formação dos canaviais são preferíveis os solos aluvionais, localizados nas baixadas, planos, profundos, porosos e férteis. Solos ácidos ou salinos não servem. É preciso fazer a análise e a correção do solo quando isso for necessário. Segundo a Emater-PA, a cana se desenvolve bem em solos de pH 5,5 a 6,5 e exige correção em caso dos solos mais ácidos. A preparação do terreno é um dos suportes básicos para um bom rendimento da cultura de cana.

Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12%; declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas.

Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade cai para 8 a 10%.

Quanto à umidade do solo, um suprimento adequado de água é essencial para o crescimento da cana. As necessidades hídricas da cana-de-açúcar vão de 1.000 a 1.500 milímetros anuais, que devem ser distribuídos de maneira uniforme durante o período de desenvolvimento vegetativo, conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Entretanto, estudos recentes têm mostrado que a quantidade de água necessária para a cultura atingir seu máximo potencial é em torno de 1.200 a 1.300 milímetros.

MEMORIAL DESCRITIVO

Localização: O terreno que vai ser implantado o plantio está localizado no município,

de Carmo do Rio Verde, GO (lat. 15° 17' 55'', long. 49° 47' 14'') tem declividade 7%, o que possibilita a utilização de colheita mecanizada, também é bem drenado, com solo firme, profundo, fértil, com boa capacidade de retenção, resistente à erosão e não esta sujeito à inundações. Está próximo ao rio uru, o que facilitará nos processos de irrigação e também está próximo à GO 154, e a 2.7km da usina CRV INDUSTRIAL LTDA, o que facilitará o escoamento da produção.

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Clima: O bioma característico da região é o cerrado com clima divido em duas

estações bem definidas duas estações, uma quente e úmida, e outra fria e seca. Com isso é preciso lançar mão de mecanismos utilizados na irrigação, para suprir a necessidade hídrica da planta na época necessária.

Considerações: As máquinas e as mudas utilizadas serão fornecidas pela usina, mediante contrato. A produção esperada de acordo com a variedade escolhida é aproximadamente 125 toneladas/ha no primeiro corte.

ÉPOCA DE CULTIVO O Centro – Sul e o Nordeste se destaca como as regiões brasileiras maiores produtoras de cana. Na primeira região predomina o cultivo da cana de ano e meio, visando o setor sucroalcooleiro, sendo o plantio em jan/fev/mar/abril. Neste caso, o ciclo da cultura se dá em 16 a 18 meses. Nesta região existe ainda, o cultivo da cana de ano, com o plantio e outubro/novembro e o ciclo fechando entre 12 a 14 meses ou as vezes menos, e que é produzida visando a produção de forragem e cana para produção de cachaça. Por outro lado, no nordeste o plantio se concentra nos meses chuvosos, ou seja, junho a setembro, sendo o ciclo também de 12 meses. O cultivo a ser utilizado no terreno será o de ano e meio. Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses): A cana-de-açúcar é plantada entre os meses de janeiro e abril. Nos primeiros três meses, a planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a agosto), vegetando nos sete meses subseqüentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e umidade, garantindo o desenvolvimento das gemas. Essa condição possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos toletes.

PREPARAÇÃO DO TERRENO Primeiramente deve ser feito um levantamento topográfico, com o

objetivo de identificar os volumes das áreas a serem trabalhadas, delimitando áreas proibitivas de plantio, vias de acesso, terraços, carreadores, canais de vinhaça e perímetros urbanos. Será utilizado no preparo do solo, motoniveladora, pá-mecânica, trator de esteira, trator subsolador, trator grade, trator com carroça e trator de herbicida. Após isso faz-se uma sistematização da área onde são realizados os trabalhos de regularização da superfície do terreno. Após essa operação são locados os terraços, carreadores e vias de acesso. Nessa mesma fase se executa abertura das vias de acessos principais.

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Após a sistematização faz-se uma aplicação de corretivos e torta de filtro – calcário, gesso, fosfato (descritos adiante) – a lanço em área total, com aplicador tipo prato rotativo. Nas calhas dos terraços ou onde houver movimentação de terra (corte) é efetuada uma aplicação de torta de filtro em área total com a carreta aplicadora. A seguir esse corretivos são parcialmente incorporados por meio de uma gradeação.

Na seqüência efetua-se a eliminação da cobertura vegetal, realizada com o erradicador de touceiras, quimicamente ou com grade, conforme época de plantio, ocorrência de plantas daninhas perenes ou pragas de solo.

E então vem o preparo do solo, onde, tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado.

No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas: - a cana vai ser implantada pela primeira vez; - o terreno já se encontra ocupado com cana.

O caso a ser considerado será o primeiro onde, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.

Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e com solo seco.

Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.

Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida.

Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (20-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.

Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.

A operação de sulcação está relacionada com os seguintes aspectos: espaçamento da cultura, profundidade e largura do sulco. Geralmente, os implementos utilizados para a sulcação também são capazes de efetuar a adubação, simultaneamente. Nessa etapa pode-se efetuar, também, a aplicação de defensivos, como, por exemplo, inseticidas.

Como já mencionado, os sulcos devem ter profundidade entre 20 e 30 centímetros - medida que não deve ser excedida - a não ser que o preparo do solo tenha sido mais profundo. As novas raízes devem encontrar um solo preparado para formar um sistema radicular amplo e eficiente.

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Hoje em algumas áreas de cana já se emprega o cultivo mínimo, sendo comumente utilizado o herbicida (Glifosate – 4 a 5 L/ha) em jato dirigido sobre a linha brotada de cana com 50 a 60 cm de altura. Feita a dessecação, em seguida procede-se o sulcamento e adubação nas entre linhas e novo plantio.

PLANTIO Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a março. Setembro-outubro não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido à ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima colheita.

O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a abril, sendo o mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Há três técnicas de plantio no Brasil (manual, semi-mecanizada e mecanizada), sendo utilizado nesta área o sistema semi-mecanizado pelo sistema de banqueta. Neste sistema a operação é realizada a partir da carroceria do caminhão com lançamento manual da cana inteira no sulco. Abrem-se seis sulcos e deixam-se dois sem abrir, por onde o caminhão vai passar. Seis pessoas, de cima do caminhão, distribuem as mudas (Lançadores), sendo que os sulcos próximos ao caminhão recebem o dobro da quantidade de mudas que são utilizadas no sulco que será feito no local da passagem do caminhão. Outras seis pessoas ficam ficam na picação (picadores) e outras seis no acertamento (acertadores), enquanto que três pessoas ficam para cobrir as cabeceiras e efetuar necessários repasses da cobertura mecânica, e uma pessoa fiscaliza. A produção dessa equipe gira em torno de 4ha/dia.

Espaçamento ideal: O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,50 m,

Sulcação e adubação: a sulcação pode ser realizada juntamente com a adubação formulada (NPK + micros) e, para esta atividade, utiliza-se de tratores de 150cv que fornece um desempenho operacional médio de 0.9 ha/hora, à um custo de R$ 90.28/ha para tratores Ford 8430 (para os New Holland, modelos TM150 o custo atinge R$81.25/há), aplicando torta de filtro, dependendo da dose aplicada se faz necessário, apenas, a complementação com cloreto de potássio.

Nas operações de sulcação, atenta-se se obter o melhor paralelismo entre os sulcos, pois, em ele não ocorrendo, danos às soqueiras acontecerão em outras atividades subseqüentes. Sua profundidade ideal, de 20 a 30 cm e a largura é proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para mais ou para menos, dependendo da textura do solo. A condição de umidade do solo deve ser alvo de atenção: solo muito úmido, acarretará a formação de torrões (dependendo do seu teor de argila) e também causará o espelhamento das laterais do sulco dificultando a penetração do sistema radicular da cultura. Solo com muita baixa umidade

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poderá levar a sulcação mais rasa e consumo de potência mais elevado, além da formação de torrões. Esta operação é associada a adubação da cana planta portanto é muito importante verificar se o adubo está sendo corretamente depositado no sulco de plantio. Pelas próprias características de projetos destas máquinas, por vezes até com certa indesejada freqüência, apresentam problemas na deposição dos fertilizantes devido a entupimentos dos tubos lançadores da umidade inadequada do produto a ser lançado.

Distribuição e picação da muda: Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de aproximadamente de três gemas. Os toletes devem ser cortados para evitar que a predominância de hormônios vegetais existentes na ponta da cana (tecidos jovens) induza o entortamento do colmo e a saída da ponta do colmo para fora do sulco. Cortando em pedaços, quebra-se a dominância da gema apical e, assim, todas as gemas passam a sintetizar hormônios vegetais que induzem a brotação.

A densidade do plantio é em torno de 16 a 18 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 13 - 15 toneladas por hectare. Outro cuidado importante na hora do plantio é verificar a quantidade de palha que está sendo depositada no sulco, no momento do lançamento dos colmos, pois, sua presença em excesso leva a ocorrência de bolsas de ar dificultando a germinação pela falta de um adequado contato físico entre solo e gemas, deixando de ocorrer a transmissão de calor e umidade do primeiro para as segundas.

Cobrição: a cobrição deve ser realizada logo após o plantio, pois assimas mudas ficam o menor tempo possível expostas à insolação, perde-se menos umidade do solo, por evaporação e, conseqüentemente a muda não sofre desidratação. Desta forma as gemas matem suas características iniciais desejadas. Nesta operação, quando utiliza equipamento com dois cobridores, regra geral efetua um pisoteio sobre os colmos no fundo do sulco. Para se diminuir este efeito nocivo utiliza-se de pneus sem garras e sem lastro d’água. A quantidade de terra de cobrição dos toletes, devido as características fisiológicas das gemas deve estar com uma camada de terra de 7 a 10 cm, devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada. Utiliza-se de tratores como os Ford 5030 e 4630 com cobridores de duas fileiras fornecendo um desempenho operacional da ordem de 1.6 ha/hora e a um custo respectivo de R$ 39.06/ha e R$ 36.95/ha.

Mudas: A usina fornecerá as mudas, já que devido experiências feitas ao longo do tempo, demonstraram melhores resultados com tais mudas. Variedades a serem utilizadas: - Precoce: RB 83 5486 (sabidamente é intermediária a ferrugem, porem é uma das melhores variedades precoce/media que podem ainda ser plantada no centro oeste. Portanto ela devera ser cortada até no máximo agosto para evitar ataque de ferrugem.

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- Media/Tardia: SP 80 1842, considerada como eclética pois pode ser manuseada durante toda a safra. Tem como vantagem a boa brotação de soqueira sobre a palha e com maquina.

Talhão Área Variedade Procedência Distância

1 24.62 ha RB 83 5486 1016 palmital 2.7km

2 25.55 ha SP 80 1842 1054 formiga 2.7km

O carregamento das mudas é efetuado com carregadoras Valtra 85 PCR

proporcionando um desempenho operacional de 2.9 ha/hora à um custo de R$ 1.41/tonelada. Um líder de equipe informa a metragem de fileiras cortadas para posterior determinação de massa de mudas transportadas. Regra geral, obtém-se um desempenho de 6.5 diárias/ha, sendo 3.0 no plantio, 2.5 no corte de muda e 1.0 de outras atividades onde inclui a recobrição. É importante ressaltar sobre a rotação de culturas, onde durante a reforma do canavial, no período em que o terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotação com a cana-de-açúcar, proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A implantação da cultura é feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do terreno à erosão e às plantas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos e além disso ainda possibilita uma alta fixação de nitrogênio no solo dependendo da cultura instalada, amendoim no tempo ocioso e soja para rotação de culturas são as mais indicadas.

PRODUÇÃO DE MUDAS Como já salientado anteriormente, as mudas serão fornecidas pela

usina, porém todo o trabalho de corte, carregamento e plantio será por conta do produtor.

Após, em média, cinco ou seis cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.

Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento térmico.

A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:

- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das mesmas em toletes. Durante essas duas

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operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na solução. - Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.

CALAGEM A ADUBAÇÃO Calagem A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico. O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência. O método de saturação de base é mais realista no cálculo de dosagem de calcário a ser usado, sem promover desequilíbrio nutricional, especialmente dos micronutrientes (Cu, Fe, Mn e Zn). O cálculo é feito da seguinte forma:

𝑁𝐶 = 𝐶𝑇𝐶 𝑥 (𝑉2 − 𝑉1)

𝑃𝑟𝑛𝑡

Onde de acordo com a análise de solo obtida: Nc = Necessidade de calcário (ton/ha). CTC a pH 7.0 = Capacidade tampão de cátions (3.82). V2 = Saturação de base desejada (60%). V1 = Saturação de base a ser encontrada na análise de solo. (13.74%). Prnt = Poder reativo de neutralização total. (100). Obs.: Quanto maior o valor de Prnt, mais reativo é o calcário. Portanto de acordo com os valores da amostra de solo o valor necessário de calcário é:

NC = 1.8 ton/ha Obs.:

Usar preferencialmente o calcário dolomítico por este ser fonte de Ca + Mg.

O calcário irá corrigir os problemas de acidez na camada de 0 – 20cm.

Gessagem A aplicação do gesso deve ser em área total, sempre antes do cultivo. A recomendação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) indica as quantidades de gesso a serem aplicadas no solo de acordo com a análise do solo para os teores de Ca e Al. Outras recomendações levam em conta, além do aumento na saturação em bases em camadas de subsuperfície, também a capacidade de troca catiônica (CTC). As maiores doses recomendadas para solos com CTC maior que 60 mmolc /dm3 na camada de 20 a 40 centímetros de profundidade não ultrapassam 2 toneladas por hectare. É importante destacar que a aplicação de

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gesso deve ser feita juntamente com a aplicação de calcário, mas nunca deve substituí-lo. Cálculo da Necessidade de Gessagem:

NG = teor de argila (g/kg)x10 x 6 Onde de acordo com a análise de solo obtida: Teor de argila = 25%

Portanto de acordo com os valores da amostra de solo o valor necessário de gesso é:

NG = 1.5 ton/ha Obs.: não é recomendado a adição de mais de 2.0 ton/ha de gesso no solo, por este facilitar a lixiviação de bases (Ca, Mg e K) para a superfície. Critérios para recomendação de gessagem:

Análise de solo na profundidade de 20-40 cm.

Teores de Ca e saturação de alumínio - teor de Ca < 4 cmolc/dm3. (dados da análise, Ca = 0.2). - saturação de alumínio > 40% (dados da análise, Sat. Al. = 61.95%).

Obs.: como o gesso tem alta perstitência no solo num período de 4 a 5 anos a nova gessagem é dispensada.

Adubaçào Para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.

Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadoras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.

No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a produtividade esperada.

Adubação Mineral de Plantio (Cana – planta)

Produtividade

esperada Nitrogênio

P resina, mg/dm³

0 - 6 7 - 15 16 - 40 >40

t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha

<100

100 - 150

>150

30

30

30

180

180

*

100

120

140

60

80

100

40

60

80

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Produtividade esperada K+ trocável, mmolc/dm³

0 - 0,7 0,8 - 1,5 1,6 - 3,0 3,1 - 6,0 >6,0

t/ha K2O, kg/ha

<100

100 - 150

>150

100

150

200

80

120

160

40

80

120

40

60

80

0

0

0

* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo

Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

De acordo com a análise de solo o cálculo para adubação foi feito: Considerando:

Produtividade esperada = 125 ton/ha.

P(res) = 10 mg/dm3

K = +/- 1,7 mmolc/dm3 Pelas tabelas: P = 120 kg/ha. K = 80 kg/ha. N = 30 kg/ha. Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril;

em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.

Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.

Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.

Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.

Page 15: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Adubação Mineral da Cana-Soca

Produtividade

esperada Nitrogênio

P resina, mg/dm³ K+ trocável,

mmolc/dm³

0-15 > 15 0,15 1,5-3,0 > 3,0

t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha

< 60

60 - 80

80 - 100

> 100

60

80

100

120

30

30

30

30

0

0

0

0

90

110

130

150

60

80

100

120

30

50

70

90

Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo a 10 cm de profundidade.

Se for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:

Zinco no

solo Zn

Cobre no

solo Cu

mg/dm³ kg/ha mg/dm³ kg/ha

0-0,5

> 0,5

5

0

0-0,2

> 0,2

4

0

Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das

socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.

Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que cada sistema apresenta modificações.

A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)

Page 16: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

TRATOS CULTURAIS Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das

invasoras, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que concerne à adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e vigilância fitossanitária será comentada em doenças e seu controle.

O período crítico da cultura, devido à concorrência de invasoras, vai da emergência aos 100 dias de idade, aproximadamente.

O controle mais eficiente das plantas daninhas, nesse período, é o químico, através da aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais capinas mecânicas e catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente nula.

HERBICIDAS MAIS UTILIZADOS EM CANA-DE-AÇUCAR

Os herbicidas mais utilizados na cultura da cana-de-açúcar estão citados na tabela abaixo, e a eficácia desses herbicidas depende de diversos fatores, podendo citar: as características físico-químicas do produto, a dose empregada, a idade e a fisiologia da planta daninha, o estágio fenológico da cana, as técnicas de aplicação, as condições climáticas durante e algumas horas após a aplicação, bem como as propriedades físicas e químicas do solo, no caso de aplicação de herbicidas pré-emergentes (Laca- Buendia,1982; Procópio et al., 2003; Rodrigues e Almeida, 1998; Souza, 1985).

Nome comum, época de aplicação e marcas comerciais dos herbicidas

mais utilizados na cultura:

Page 17: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Alguns cuidados adicionais com o uso de herbicidas em cana devem ser observados.

Estágio da cultura Método de aplicação

Pré-emergência ao estágio de esporão

Área total

2 a 3 folhas (+/- 30 dias após a germinação)

Em área total, observar condições climáticas, variedades e herbicidas

+/- 60 dias após a germinação Aplicação em jato dirigido, evitar aplicação de herbicidas sobre a gema

apical

Vale ressaltar, que não há distinção entre os herbicidas recomendados para cana planta e soca.

Outro método, é a combinação de capinas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado com capina manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.

As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das invasoras, adubação e vigilância sanitária.

Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.

O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência.

Page 18: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Foto de enleiradeira tipo lely.

Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e

impermeável à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser usados.

Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a capina química. Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para manter a soqueira no limpo.

Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta.

PRAGAS E DOENÇAS E SEU CONTROLE Pragas A cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, as pragas de solo podem provocar importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura. Diferentemente para as doenças, o controle biológico e cultural têm sido as principais medidas de controle de pragas em cana-de-açúcar. Na tabela a seguir estão relacionados as principais pragas e o seu controle mais eficaz.

Page 19: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Principais pragas da cana-de-açúcar

Praga Ordem Forma de ataque

Sintomas Controle mais eficaz

Broca do colmo

Lepidoptera Galerias no colmo (larvas)

Morte da gema apical, quebra de colmos, brotação lateral, ataque de

fungos

Biológico (Vespa – Cotesia flavipes)

Cigarrinha Homoptera Sugam a seiva

(adulto)

Amarelecimento (toxina)

Biológico (fungo – Metarhizium anisophiae)

Formiga Hymenoptera Corte folhas

Desfolha Termonebulização Fipronil

Cupins Isoptera (principal gênero –

Heterotermes)

Galerias nos

toletes, colmos, rizomas, raízes.

Reduz população de plantas, danos

aos toletes, colmos, rizomas.

Monitoramento da infestação, controle

químico-Fiponil, rotação de culturas-ex.soja, irrigação,

variedades tolerantes.

Migdolus Coleóptera Galeria toletes

Reduz população de plantas, danos

aos rizomas.

Eliminação da soqueira, ferormônio,

inseticidas.

Nematóides Tylenchida Raízes Galhas nas raízes quando

meloydogine

Aração, rotação de culturas, nematicidas.

Doenças Para a cana-de-açúcar foram descritas mais de 216 doenças. Pelo menos 58 foram encontradas em nosso País. Dentre estas cerca de 11 podem ser consideradas de grande importância econômica no Brasil. As doenças mais importantes – tabela - são controladas pelo uso de variedades tolerantes/resistentes. Contudo, isso não reduz a importância da doença pois basta expandir o cultivo de variedades suscetíveis que a doenças se manifestará causando perdas econômicas. Em virtude do mecanismo de resistência horizontal, as variedades são capazes de conviver com os causadores de doenças e tolerar sua presença sem apresentar perdas econômicas. Este fato faz com que muitas vezes se encontre a doença na planta em condições extremamente favoráveis, mas os sintomas desaparecem com o crescimento da planta. Porém o desenvolvimento de variedades tolerantes às doenças e o patamar de produtividade da cultura no Brasil não ocorreu por acaso. Isto só foi possível devido o sucesso do melhoramento genético da cultura.

Page 20: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Principais doenças da cana-de-açúcar

Doença Agente causal

Formas de transmissão

Sintomas mais evidentes

Controle mais eficaz

Escaldadura das folhas

Bactéria Mudas, corte Estrias brancas, brotação lateral

Variedade tolerante e

mudas sadias

Raquitismo da soqueira

Bactéria Mudas, corte Entupimento de vasos, brotação de

soca

Variedade tolerante,

tratamento térmico

Mosaico Vírus Mudas, pulgões

Mosaico nas folhas Variedade tolerante,

rouguing no viveiro

Carvão Fungo Mudas, vento Chicote Variedade tolerante, trat.

Térmico, rouguing no

viveiro

Estria vermelha

Bactéria Mudas Estrias vermelhas nas folhas, podridão

da cana

Variedade resistente, evitar plantio em solos

mais férteis.

Mancha ocular

Fungo Vento Mancha com estrias avermelhadas

Variedade tolerante

Ferrugem Fungo Vento Queima das folhas Variedade tolerante

Mancha amarela

Fungo Vento Manchas amarelas ou vermelhas nas

folhas

Variedade tolerante e não

florífera

Podridão vermelha

Fungo Broca, chuva Podridão interna dos colmos

Controleda broca e variedade

tolerante

Podridão abacaxi

Fungo Inseto, solo Podridão com odor de abacaxi e

esporos pretos

Época de plantio, mudas novas, plantio raso

Amarelinho fatores abióticos

relacionados ao solo

e clima

Inseto (pulgões)

Amarelecimento das folhas

Variedade tolerante

Outro aspecto importante a ser observado é o manejo das variedades. Conforme o clima se sabe que a importância relativa das doenças é alterada. Como não existe a variedade perfeita, produtiva e tolerante à todas doenças e pragas, o que se procura fazer é usar as variedades que apresentam menor riscos de perdas econômicas em determinado local ou ambiente de produção.

Page 21: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

COLHEITA A colheita será feita mecanicamente, através de colheitadoras de responsabilidade da usina, porém vale salientar algumas considerações.

A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima e faz cair o rendimento industrial.

O momento também é definido em função da variedade, época de plantio e conseqüente duração do ciclo, manejo da maturação e condições climáticas no ambiente.

Espera-se colher por volta de 6275 toneladas.

Maturadores químicos São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.

Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos superiores a 10% no teor de sacarose.

Determinação do estágio de maturação O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.

O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.

A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no processo de maturação. Assim, o critério mais racional de estimar a maturação pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece o quociente da relação.

IM=Brix da ponta do colmo Brix da base do colmo

Admitem-se para a cana-de-açúcar, os seguintes estágios de

maturação:

Page 22: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

IM Estágio de Maturação

< 0,60

0,60 - 0,85

0,85 - 1,00

> 1,00

cana verde

cana em maturação

cana madura

cana em declínio de maturação

As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza) fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro de campo.

CUSTOS Na tabela 1 apresenta-se as etapas, as operações, os equipamentos utilizados com respectivos desempenhos operacionais e custos relativos. Tomou-se como índice 100 o custo total de todas as operações envolvidas a partir da sistematização do talhão até a finalização do plantio, além dos custos de corte de mudas.

Tabela 1. Etapas, operações, equipamentos, desempenhos operacionais e custos (em %) das etapas direta e indiretamente ligadas à implantação do canavial.

Etapas Operações Equipamentos Potência

(cv)

Desempenho operacionais

(ha/hora)

Custos (%)

sistematização sistematização Trator esteira e lâmina

100 a 140 1,00 4,89

terraceamento terraceamento

trator de pneus + arado terraceador

150 a 180 1,80 2,53

motoniveladora 120 a 140 3,00 2,15

Aplicação de corretivos e

torta

aplicação de corretivos

trator de pneus e carreta aplicadora 75 a 80 2,00 1,36

carregamento de corretivos

carregadora com caçamba nas garras 85 a 100 4,00 0,87

gradeação de nivelamento

trator de pneus + grade niveladora 85 a 100 1,30 2,96

aplicação de torta em área total

trator de pneus + grade niveladora 75 a 85 1,20 2,7

Eliminação de cobertura

vegetal Dessecação

trator de pneus + pulverizador

75 a 85 1,70 2,87

Page 23: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Cálculos Considerando que o preço pago pelas usinas de Goiás, por tonelada de cana, é o preço publicado pela Esalq, todo mês; O CONSECANA; do mês de maio é de R$ 47,42 por tonelada de cana.

Portanto se a cana for vendida para usina o rendimento bruto na primeira colheita será de aproximadamente:

R$ 297.560,50

Preparo de solo

gradeação pesada trator de pneus + grade de discos 180 0,70 6,82

aração trator de pneus + arado de discos ou aivecas 180 0,47 9,78

gradeação de nivelamento

trator de pneus + grade niveladora 85 a 100 1,30 2,96

Plantio

sulcação trator de pneus + sulcador para 3 sulcos 180 1,20 4,15

abastecimento de adubo Carregadora 85 a 100 2,40 0,54

acerto de sulcação trator de pneus + lâmina traseira 75 2,40 0,54

Carregamento de torta

carregadora com caçamba nas garras 85 a 100 1,65 2,38

aplicação de torta no sulco

trator de pneus + carreta aplicadora 75 a 85 0,65 4,98

transporte de mudas interno

trator de pneus + carreta duplo tanden 75 a 85 0,60 5,22

descarregamento de mudas Carregadora 85 a 100 1,50 1,78

carregamento de mudas Carregadora 85 a 100 1,50 1,66

lançamento de mudas nos sulcos 5 operários/ carreta - 0,37 14,5

cobertura dos sulcos trator de pneus + cobridor para 3 sulcos 75 a 85 1,20 2,69

Controle fitossanitário

aplicação de herbicidas

trator de pneus + pulverizador

75 a 85 1,70 2,87

Preparo de mudas

corte trabalhador treinado para este tipo de corte - 0,5* 8,78

carregamento Carregadora 85 a 100 28,00** 3,6

reboque trator de pneus + reboque canavieiro

150 a 180 - 1,67

transporte externo* caminhão + reboque canavieiro - - 4,75

TOTAL 100

(*) Considerando distância de 20km, (**) em t/hora.

Page 24: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

E o preço de arrendamento para Goiás, varia de acordo com a distância da propriedade para a usina, topografia e tipo de solo, mas gira em torno de 55 t a 65 t por alqueire goiano, o que dá por hectare o valor de 10 a 14 t de cana. Portanto se a terra for arrendada para usina o rendimento líquido na primeira colheita será de aproximadamente:

R$ 30.000,00

Cálculos com adubação: PRIMEIRA POSSIBILIDADE: USO DE MISTURA DE COMPOSTOS PARA FORMAÇÃO DO ADUBO: Como fonte de N, usa-se Uréia com poder de reação de 45%, sendo necessário portanto 67kg de uréia/ha. Como fonte de P, usa-se Super Simples, com poder de reação de 18%, sendo necessário portanto 666.67kg de super simples/ha. Como fonte de K, usa-se Cloreto de Potássio, com poder de reação de 58%, sendo necessário portanto 140 kg de KCl/ha. Considerando os preços cobrados:

Uréia = R$ 789,00/tonelada

Super Simples = R$ 494,00/tonelada

KCl = R$ 905,00/tonelada O gasto com Uréia, Super Simples e Cloreto de Potássio para 50.2ha seria:

R$ 2.653,73 com Uréia

R$ 16.532,60 com Super Simples R$ 6.360,34 com Cloreto de Potássio

Chegando a um total de:

R$ 25.546,67 para mistura de adubos nos 50.2ha. SEGUNDA POSSIBILIDADE, A UTILIZAÇÃO DE ADUBO FORMULADO (4 – 16 – 8).

Na proporção (30:120:80) de N,P,K respectivamente, obtém-se a seguinte formulação desejada:

1 : 4 : 2,6

A formulação de mercado encontrada mais próxima foi a (4 – 16 – 8) que também corresponde a:

1 : 4 : 2 O calculo da Dose de Adubo Formulado pode ser feito da seguinte maneira:

𝑫𝑨𝑭 = 𝟑𝟎 + 𝟏𝟐𝟎 + 𝟖𝟎

(𝟒 + 𝟏𝟔 + 𝟖)𝒙𝟏𝟎𝟎

Page 25: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

Portanto DAF = 821,43 kg/ha -> 41.235,79kg/50,2ha E fazendo uma verificação:

Para N: (821,43 x 4)/100 = 32.86 kg/ha de N, quando o necessário é 30kg/ha.

Para P: (821,43 x 14)/100 = 131,43 kg/ha de P, quando o necessário é 120kg/ha.

Para K: (821,43 x 8)/100 = 65,71 kg/ha de K, quando o necessário é 80kg/ha.

Sendo esta formulação a que melhor se ajustou à necessidades foi feita

uma análise de custo, tendo por base o seu preço de mercado de R$585.00/ton resultando em um gasto de aproximadamente:

R$24.122,93 para os 50.2ha.

Portanto o uso do adubo formulado é mais compensativo do que optar por fazer a mistura, resultando em uma economia de aproximadamente:

R$ 1.423,74

Análise de custo final

Portanto, considerando o desconto pela utilização de maquinário e de mudas da usina, os gastos nas operações descritos na tabela 1, que gira em torno de R$ 70.000,00, gastos com adubos que gira em torno de 24.000,00, e outros gastos durante todo o processo de plantio até a colheita, o método mais compensativo é o de produção individual da cana, que gerará um lucro livre ao produtor em torno de R$ 75.000,00 a mais do que ele ganharia se arrendasse a terra, chegando a um total de aproximadamente R$ 110.000,00 livres no primeiro ano.

Page 26: projeto produção de cana-de-açucar - Daniel Max

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

RIPOLI, T.C.C.; RIPOLI, M.L.C.; CASAGRANDI, D.V.; IDE, B.Y PLANTIO DE CANA-DE-AÇÚCAR: ESTADO DA ARTE. PIRACICABA: T.C.C. RIPOLI, 2006. 2116p. Segato, S.V.; PINTO, A. S.; JENDIROBA, E.; NÓBREGA, J.C.M. ATUALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. (Org). Piracicaba; CP 2, 2006. 415p.

Mauro Wagner de Oliveira; CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM CANA-DE-AÇÚCAR

PLANEJAMENTO ÁREAS DE RENOVAÇÃO E FUNDAÇÃO PLANTIO DE ANO E MEIO (18 MESES); Material cedido pela usina CRV INDUSTRIAL LTDA. PAULO FERNANDO CAVALCANTE DE MORAIS E OUTROS. Cana de acucar. Disponivel em <www.embrapa.com.br>.

Plantio de cana de acucar. Disponivel em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_35_711200516717.html http://www.agrobyte.com.br/cana.htm