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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física Readequação Curricular: Bacharelado em Educação Física 2015

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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física

Readequação Curricular: Bacharelado em Educação Física

2015

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SUMÁRIO

I - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1

1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL .................................................... 1

1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ....................................................................... 5

II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................... 6

2.1 - MOTRICIDADE HUMANA .................................................................................................................. 7

2.2 - QUALIDADE E VALOR ...................................................................................................................... 9

III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 11

3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS........................................................................ 15

3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO............................................................................................... 17

IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA ................................................................................................................................................... 18

V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA .......... 20

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE ..................... 20

VII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO

FÍSICA E SAÚDE) ................................................................................................................................. 21

7.1 - CONCEITOS BÁSICOS: ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO E APTIDÃO FÍSICA .......................................... 21

7.2 - ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE COLETIVA ........................................................................................... 22

7.3 - O PANORAMA ATUAL .................................................................................................................... 24

7.4 - A TRAJETÓRIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO BRASIL ......... 25

7.5 – PARÂMETROS PARA A DEFINIÇÃO DA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA COM

APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE .................................................................................. 30

7.6 – OBJETIVO.................................................................................................................................... 33

7.7 – EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ................................................................. 33

7.7.1 - Desenvolvimento de competências .................................................................................... 33

7.7.2 - Concepção de Conteúdo .................................................................................................... 34

7.7.3 - Concepção de Aprendizagem ............................................................................................ 35

7.7.4 - Simetria Invertida ................................................................................................................ 36

7.7.5 - A Prática como Eixo Central ............................................................................................... 37

7.7.6 - Pesquisa e Atitude Investigativa ......................................................................................... 37

7.7.7 - Concepção de Avaliação .................................................................................................... 38

7.8 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS ....................................................................... 40

7.8.1 - Competências referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da

sociedade democrática .................................................................................................................. 40

7.8.2 - Competências referentes ao domínio dos conteúdos básicos e específicos do

bacharelado em Educação Física como área de conhecimento: .................................................. 40

7.8.3 - Competências referentes ao domínio do conhecimento didático-pedagógico no campo

da aptidão física e saúde ............................................................................................................... 41

7.8.4 - Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação ...................... 41

7.8.5 - Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional .. 42

7.9 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ....................................................................................................... 42

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7.9.1 - Dimensões do conhecimento ............................................................................................. 42

8.9.2 - Organização Temática ........................................................................................................ 44

7.9.3 - Outras atividades de formação ........................................................................................... 53

7.9.3.1 - Atividades Optativas .................................................................................................... 53

7.9.3.2 - Atividade Obrigatória .................................................................................................... 56

7.9.4 - A Dimensão da Prática ....................................................................................................... 56

7.9.5 – MATRIZ CURRICULAR ............................................................................................................ 60

VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO ........................................... 75

IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA ............................................................................................. 79

X – REINGRESSO ................................................................................................................................ 81

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I - INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, houve mudanças importantes na área acadêmico-

profissional da Educação Física: desenvolvimento do conhecimento teórico-científico

e prático, reconhecimento social do valor das atividades físicas como meio de

educação, saúde e lazer, a ampliação do mercado de trabalho, e, por fim, o

reconhecimento legal da profissão. Identifica-se uma demanda profissional mais

especializada: além da atuação na educação básica, típica do Licenciado, há espaço

para profissionais com atuação mais específica na área de Saúde e Aptidão Física,

Esporte e Lazer e Rendimento Esportivo. As resoluções e pareceres do Conselho

Nacional de Educação que estabeleceram parâmetros para as Licenciaturas, bem

como as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física

fixam perfis profissionais diferenciados para o Licenciado e o Bacharel em Educação

Física. Por fim, resoluções do Conselho Federal de Educação Física, passaram a

exigir formação especializada do graduado (Licenciatura ou Bacharelado) para o

exercício profissional, na área escolar ou não escolar.

1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL

As bases filosóficas do moderno conceito de Educação Física foram

lançadas, no mundo ocidental, entre os séculos XVII e XIX, por pensadores como F.

Bacon, J. Locke e J.J. Rousseau, os quais abordaram a importância dos cuidados

com o corpo e dos exercícios físicos na formação dos indivíduos, no contexto do

surgimento e consolidação da sociedade burguesa.

No século XIX, filósofos ocupados com questões da educação das crianças e

jovens, e sob influência das idéias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do

conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-

se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à

educação moral, à educação intelectual etc.; sob essas idéias, escolas pioneiras

introduzem a ginástica em seu currículos.

No século XIX, obras que propõem a sistematização científica (com base na

medicina e na biologia) e pedagógica da ginástica utilizam explicitamente a

expressão “educação física”. O termo “Educação Física” pode, então, ser referido à

sistematização científica ocorrida em torno dos exercícios físicos, jogos e esporte, e

o termo “ginástica” na obras do século XIX pode ser considerado sinônimo de

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Educação Física. Essa “teorização” da Educação Física foi realizada a partir de um

olhar pedagógico (seja médico-pedagógico ou moral pedagógico), quer dizer, as

práticas corporais (em especial a ginástica), eram construídas e vistas como

instrumentos para a educação para a saúde e para a educação moral.

No século XX, o período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980

assinala uma ruptura nessa tradição pedagógica, com a ascensão do discurso

científico como referencial privilegiado para a Educação Física. Na Europa e na

América do Norte, colocou-se a questão do estatuto científico da Educação Física,

se ela seria ou não uma disciplina acadêmica ou científica, qual seria seu objeto de

estudo etc., gerando as oposições e tensões que, daí em diante, iriam percorrer o

entendimento que a área busca construir de si própria.

Nos EUA, F. Henry1 propõe a Educação Física como “disciplina acadêmica”,

entendida como um corpo organizado de conhecimentos incluído num curso formal

de aprendizagem, diferenciada das disciplinas que tradicionalmente lhe dão suporte

(fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia etc.), e em oposição ao caráter de

aplicação profissional (em especial no campo educacional) que lhe era tradicional.

Tal conhecimento seria organizado em torno da compreensão da função do corpo

humano praticando exercício.

Na Alemanha, ao final dos anos 1960, sob influência da importância social e

política do esporte, o conceito de pedagogia esportiva (Sportpädagogik) opõe-se e

põe fim ao conceito de teoria da Educação Física (Leibeserziehung) orientada nas

teorias da educação, iniciando o processo de “cientifização” da Educação Física.

Sob influência de precursores franceses, como J. Le Boulch e P. Parlebas,

Sérgio2 buscou fundamentar epistemologicamente uma “Ciência da Motricidade

Humana” ou “Cineantropologia”, entendida como uma ciência da compreensão e da

explicação das condutas motoras, que estuda as constantes tendências da

motricidade humana, tendo em vista o desenvolvimento global do indivíduo e da

sociedade, e como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o

antropossociológico. O termo “educação motora” aparece como substituto de

“Educação Física”, e é proposto como ramo pedagógico daquela Ciência da

1 HENRY, F. M. Physical education: an academic discipline. Journal of Health, Physical Education and

Recreation, v. 35, p. 32-38, 1964.

2 SÉRGIO, M. Uma nova ciência do homem - a quinantropologia. Desportos, n. 7 (separata). Direção

Geral dos Desportos, Lisboa, 1983; SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana:

prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987.

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Motricidade Humana, que busca o desenvolvimento das faculdades motoras

imanentes no indivíduo.

São comuns a essas proposições a ideia da interdisciplinaridade, que supõe a

superação de um modelo muldisciplinar das ciências em direção à interação ou

sínteses entre diversas ciências, tendo em vista o interesse por um objeto,

diferentemente definido em cada uma daquelas proposições.

Tal tendência repercute intensamente no Brasil desde meados da década de

1980. Na esteira do “movimento disciplinar” norte-americano, Tani3, por exemplo,

propõe a “Cinesiologia”, como uma área do conhecimento que objetiva investigar de

forma abrangente e profunda o fenômeno movimento humano, mais especificamente

o estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação) e específicos

do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança, contemplando as sub-áreas

biodinâmica do movimento humano, comportamento motor e estudos socioculturais

do movimento humano. A Educação Física é definida como área de pesquisa(s)

eminentemente aplicada(s), que, fundamentada nos conhecimentos “básicos”

oriundos da Cinesiologia, possui preocupação pedagógica e profissionalizante,

produzindo conhecimentos que serviriam de base para a elaboração e

desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não

formal. Nessa proposição, como em outras, a Educação Física aparece em posição

adjacente ou dependente, como ramo pedagógico ou aplicado da uma ciência

“básica”.

Já outros restringem a Educação Física ao ambiente escolar. Bracht4, por

exemplo, distingue a Educação Física em sentido restrito, que abrange as atividades

pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição

educacional; e em sentido amplo, que designaria todas as manifestações ligadas a

ludomotricidade humana, mas que seriam melhor abarcadas por termos como

cultura corporal ou cultura de movimento. Em Soares et alii5, a Educação Física é

definida como uma disciplina escolar que trata pedagogicamente do conhecimento

de uma área denominada “cultura corporal”, configurada com temas e formas de

atividades (jogo, esporte, ginástica, danças, lutas etc.) que constituem seu conteúdo.

3 TANI, G. Perspectivas da educação física como disciplina acadêmica. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, 2, Rio Claro. Anais... Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 1989. p. 2-12; TANI, G.

Cinesiologia, educação física e esporte; ordem emanente do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis, v.3,

n.2, p. 9-50, 1996. 4 BRACHT, V. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí: Editora Unijuí, 1999.

5 SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1994.

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Em uma tentativa de superar os dualismos, a “Teoria da Educação Física” é

concebida por Betti6 como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão, que

sistematiza e critica conhecimentos científicos e filosóficos, recebe e envia

demandas à prática pedagógica e às ciências/filosofias, a partir de problemáticas

que emergem da prática, e que questionam as ciências e a filosofia. O princípio

integrador nesse processo não seria um “objeto científico” (movimento humano,

motricidade humana etc.), porque cada ciência recorta seu objeto sob diferentes

óticas, mas seriam as problemáticas que se articulam desde a prática social

envolvida no jogo, esporte, dança, ginásticas etc., e que são axiologicamente

condicionadas, quer dizer, são os valores eleitos pelo pesquisador que o fazem (ou

não), delimitar uma problemática que possa ser abordada pelas teorias/métodos de

uma dada ciência ou pela filosofia.

A “prática” passa então a configurar-se como possibilidade de mediação entre

a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a

identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o

“fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer”.

Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação

Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que tematiza as

manifestações da cultura corporal de movimento. O objeto da Educação Física é o

saber específico de que trata essa prática, e a definição desse objeto/saber

específico define o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este

por sua vez determina a função atribuída à Educação Física. Haveria três

entendimentos desse saber próprio da Educação Física:

(i) atividades físicas ou atividades físico-esportivas e recreativas – a função da

Educação Física é o desenvolvimento da aptidão física, e as referências teórico-

conceituais provém das ciências biológicas;

(ii) movimento humano, movimento corporal, motricidade humana ou

movimento humano consciente – o objetivo da Educação Física é o desenvolvimento

integral do educando; o referencial provém da aprendizagem motora e

desenvolvimento motor, e, em certo sentido, da antropologia filosófica;

(iii) cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento –

movimentar-se é forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de

6 BETTI, M. Por uma teoria da prática. Motus Corporis, v.3, n.2, p. 73-127, 1996.

7 BRACHT, op. cit.

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cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que enquanto cultura habita

o mundo do simbólico.

1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

É Lovisolo8 quem propõe o resgate da importância da tradição, que para a

Educação Física lhe parece ser a formulação de propostas ou programas de

intervenção no plano das atividades corporais que possibilitam a realização de

valores sociais. A Educação Física não é uma disciplina ou ciência como a

matemática ou a química, embora estas e outras disciplinas contribuam no processo

de formação dos profissionais da Educação Física. Isso não diminuiria sua

importância e significado, pois a sociedade moderna, complexa e plural, não poderia

funcionar sem os especialistas da intervenção. Em sua prática, os educadores

físicos deveriam produzir um "arranjo” das disciplinas num programa de atividade

corporal, combinando conhecimentos, técnicas e saberes para alcançar objetivos

sociais que se expressam em programas ligados ao treinamento, lazer, educação,

etc.

Segundo Lovisolo, a intervenção pode basear-se nos conhecimentos

científicos das disciplinas que a auxiliam, mas nem a definição dos valores

orientadores da intervenção nem a seleção das disciplinas ou conhecimentos

auxiliadores seriam decisões científicas. Como a Educação Física busca realizar

objetivos sociais, e não produzir conhecimentos, a principal discussão na Educação

Física diz respeito aos objetivos sociais que ela deve promover, e "não podemos

cientificamente decidir se a educação física deve perseguir o objetivo da

emancipação política ou o da saúde ou o da estética do corpo" 9.

A racionalidade e a cientificidade foram os critérios que legitimaram

socialmente áreas profissionais como a medicina, a engenharia e a economia. Tal

pretensão colocou-se também à Educação Física. Contudo, os seus limites situar-

se-iam na relação não racional e nem calculável entre meios e objetivos, e não na a-

cientificidade ou a-racionalidade dos objetivos. Embora os objetivos, no

entendimento de Lovisolo sejam valores socialmente compartilhados, os valores

também permeiam os meios na ação educacional, e relação meios-objetivos

apresenta-se como racional, quando, na realidade, é uma relação segundo valores.

8 LOVISOLO, H. Educação física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

9 LOVISOLO, op.cit., p. 25.

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Por isso, para ele, as discussões sobre o objeto de estudo da Educação

Física têm-se destinado apenas à obtenção da legitimidade acadêmica, enquanto as

discussões sobre os valores e objetivos "destinam-se à obtenção da legitimidade

social, da possibilidade de intervenção e de suas modalidades"10.

Enfim, Lovisolo propõe uma “arte da mediação” à Educação Física; mediação

entre diferentes demandas, entre objetivos e meios, entre intenções e efeitos, entre

conhecimentos, técnicas e saberes. Portanto, nessa perspectiva, a Educação Física

é uma área de intervenção, que se propõe a realizar valores nos campos da

educação, esporte, saúde e lazer, e o debate central na área deveria ocorrer em

torno da articulação entre objetivos, meios e valores.

II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A Educação Física, então, pode ser entendida simultaneamente como área de

conhecimento, profissão e disciplina escolar na educação básica. Como área de

conhecimento, produz conhecimentos de natureza científica e filosófica em torno de

seu objeto de estudo, diferentemente definido por diversos teóricos: movimento

humano, motricidade humana, exercício, cultura corporal ou de movimento etc. Na

qualidade de profissão, possui o caráter de intervenção, elaborando, executando e

avaliando programas de atividades físicas e esportivas para diversos grupos,

atendendo demandas sociais que se avolumaram no Brasil desde a década de

1980, diversificando o campo de intervenção profissional da Educação Física nas

dimensões da educação, saúde e lazer e rendimento esportivo. Por fim, em sua

vinculação fortemente estabelecida com a instituição escolar desde as primeiras

décadas do século XX no Brasil, a Educação Física é um componente curricular

formalmente integrado ao ensino fundamental e médio, alcançando também a

educação infantil; enquanto tal, busca contribuir, por seus meios e conteúdos

específicos, com a formação e o desenvolvimento dos alunos.

O desafio maior que se coloca hoje é como articular esses diferentes

entendimentos, superando dualismos e divisões que opõem a teoria à prática, os

valores educacionais àqueles ligados a saúde/aptidão física, que distanciam a teoria

10

Ibid., p. 143

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da prática, a educação básica da universidade, a formação profissional do mercado

de trabalho e os profissionais dos pesquisadores.

Propomos articular a formação profissional a partir dos conceitos de cultura

corporal de movimento e motricidade humana, entendendo a Educação Física como

área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura

corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das diferentes

manifestações daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e

estéticos11. Tal entendimento busca a ampliação da concepção de Educação Física

como prática pedagógica, não a percebendo como restrita à Escola. O conceito de

qualidade aqui referido é compreendido como valorativo, quer dizer, exige a opção

por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha.

Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral

que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos

material e simbólico, mediante a exercitação (em geral, intencionada e sistemática)

da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas de aptidão física,

atividades rítmicas/expressivas, dança e lutas/artes marciais12. A motricidade

humana é entendida, a partir de Sérgio13, como capacidade de movimento do ser

humano para a transcendência14, e como agente e criadora de cultura.

Para melhor compreensão deste “ponto de partida”, faz-se necessário

aprofundar os conceitos de motricidade humana, qualidade e valor.

2.1 - MOTRICIDADE HUMANA

A motricidade humana, para Sérgio15 supõe que: (i) o ser humano é um ser

não-especializado e carente, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência; (ii) o

ser humano é um ser práxico, que procura encontrar (e produzir) o que lhe permite a

unidade e a realização; (iii) como ser práxico, é agente e criador de cultura, “projeto

originário de todo sentido”16. Por isso a motricidade humana constitui processo

adaptativo de um ser não-especializado, cujo ritmo evolutivo é lento; constitui

processo evolutivo de um ser com predisposição à interioridade e à cultura, que

11

BETTI, M.. Educação física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-Docência

em Métodos e Técnicas de Pesquisa em Educação Física e Motricidade Humana) - Faculdade de Ciências,

Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003 12

Idem. 13

SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do

homem. Lisboa: Compendium, 1987. 14

“Transcendência” é aqui entendida como “ir além de”, como “ultrapassar”, “superar”. 15

SÉRGIO, M. idem 16

Ibid., p. 109.

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integra, progressivamente, padrões de comportamento necessários à criação e

manutenção de um meio artificial necessário à sua sobrevivência e

desenvolvimento; e constitui processo criativo de um ser, “em que as práxis lúdicas,

agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o

Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos”17.

A necessidade de encontrar soluções sempre novas, diante das infindas

contradições da vida, torna a motricidade de uma riqueza imprevisível e opulenta. Ao

passo que o animal, envolvido com necessidades predominantemente fisiológicas,

realiza-se plenamente com sua satisfação, o ser humano, ser práxico, ruma sempre

em direção à transcendência, infinitos possíveis apresentam-se a ele, mesmo que

estejam satisfeitas suas necessidades. Transcendência é “ascenção do Homem ao

mais humano”, e a motricidade “garante o dinamismo revelador e comunicativo da

procura e conquista de mais ser; o Homem é “um apelo à transcendência,

transcendência que nunca tem e sempre almeja; daí o seu sentimento de carência,

daí o radical fundante da motricidade”18.

A carência de especialização motora do ser humano exige a cultura como

exercício criador e de aprendizagem porque, “sem órgãos superespecializados, o

homem precisa, inelutavelmente, da chamada educação física e dá à sua

motricidade, mais do que um meio de luta pela vida, mais do que um esforço de

adaptação da Natureza às suas necessidades imediatas, a expressão dos anseios

do homem ao mais ser”19. Como ser de cultura, a motricidade do homem -

movimento jamais acabado e sempre a recomeçar, porque nela há mais do que

movimento - visa o desenvolvimento não só do indivíduo, mas da espécie humana,

já que a motricidade acentua a vida de relação.

Por isso, então, a motricidade é definida como “processo adaptativo, evolutivo

e criativo de um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência”20.

Daí o homem ser predisposto a uma abundância incalculável de condutas

motoras e conduta motora é “o comportamento motor enquanto portador de

significação, de intencionalidade, de consciência clara e expressa e onde há vida,

vivência e convivência”21. Uma conduta motora é uma significação vivida e, portanto,

única, irrepetível, intransferível, que se expressa pela linguagem corporal ou motora,

17

Ibid., p. 110. 18

SÉRGIO, op. cit., p. 155. 19

Ibid., p. 143. 20

Ibid., p.156 21

Ibid, p.154.

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que é a “matéria prima” da motricidade. Toda linguagem é expressão e

comunicação, porém a linguagem corporal “remonta às verdades primigênias e

fundamentais do ser humano” – é neste sentido uma experiência original (no sentido

de “origem”), em dois sentidos: “como experiência radical das origens do ser e

experiência que inaugura realmente uma realidade nova”, porque “nenhum saber lhe

pré-existe”22. A linguagem corporal “é uma surpresa do ser, porque apresenta uma

densidade própria e se inicia por um ato de vontade criadora”23.

Já a cultura motora é entendida por Sérgio como “nível de humanização,

alcançado pela assimilação das condutas motoras, sistemáticas e livremente

adquiridas, através da instrução e da educação, e também pode entender-se como o

conjunto de comportamentos representativos de uma determinada sociedade ou

grupo natural”24.

Portanto, motricidade humana e cultura se imbricam; o ser humano, como ser

carente que é, exercita sua motricidade em busca da transcendência (por isso é um

ser práxico, que busca sempre superar sua condição, tornar-se mais ser, mais

humano), e nessa dinâmica torna-se agente e criador de cultura. A motricidade

manifesta-se em condutas motoras (que expressam significações e, portanto, são

linguagens: a linguagem corporal), que podem ser assimiladas pela cultura, em um

dado contexto sócio-histórico. A partir daí, pode-se falar na cultura corporal ou

cultura corporal de movimento de uma determinada sociedade ou grupo, em

determinado contexto histórico. Então, o esporte, as ginásticas, a dança etc.

constituem algumas das formas culturais assumidas pela motricidade no âmbito da

nossa cultura – manifestações estas que guardam uma relação histórica com a

cultura profissional e a tradição da Educação Física.

2.2 - QUALIDADE E VALOR

Muitas vezes, no âmbito da Educação Física, o termo “qualidade” tem sido

usado de modo restrito ao seu sentido comum de aspecto positivo de alguma coisa,

que a torna superior à média, enquanto que no seu sentido filosófico é um caráter

geral do objeto, nada nos diz a princípio sobre ele, sobre suas propriedades; ou,

então indica apenas as possibilidades do objeto. Portanto, "qualidade" pode

significar qualquer coisa, inclusive má qualidade, dependendo do ponto de vista. O

22

Ibid., p. 144. 23

Ibid., p. 144. 24

Ibid., p. 155.

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10

correto seria, então, falar em propriedades da Educação Física, propriedades do

esporte etc.

Para Abbagnano25 uma das determinações e distinções sobre a qualidade

refere-se ao aspecto disposicional, ou seja, compreende disposições, hábitos,

costumes, capacidades, faculdades, virtudes, tendências, ou qualquer outro nome

que se queira dar às determinações constituídas por possibilidades do objeto.

Essa determinação permite articular o conceito de “qualidade” com o de

“valor” – articulação fundamentada pelo fato de que as determinações disposicionais

são constituídas por possibilidades do objeto.

Também segundo Abbagnano, valor, em geral, designa o que deve ser,

objeto de preferência ou de escolha. O conceito filosófico contemporâneo de valor

indica que o valor pode ser definido como possibilidade de escolha, isto é, “como

uma disciplina inteligente das escolhas, que pode conduzir a eliminar algumas delas

ou a declará-las irracionais ou nocivas, e pode conduzir (e conduz) a privilegiar

outras”26. Daí decorre que existe uma multiplicidade de valores que continuamente

exigem escolhas por parte do homem, e historicamente haveria uma luta constante

entre diferentes valores oferecidos ao homem. Ou seja, quando se elegem as

propriedades ou determinações disposicionais (possibilidades do objeto) do que

estamos chamando “melhoria qualitativa” do esporte, das ginásticas etc., se está

fazendo uma opção por valores. E como há uma multiplicidade de valores no objeto

“esporte”, por exemplo, pode-se fazer escolhas diferentes - o que em última

instância implica em optar por entendimentos de homem, sociedade, educação.

Contudo, isso coloca um problema para a Educação Física, pois o que é

“melhorar qualitativamente” uma determinada prática profissional-pedagógica pode

ser diferentemente entendido por diferentes profissionais. Tal nos leva a considerar

a exigência de haver valores minimamente consensuais, compartilhados por todos

os profissionais. Se tal possibilidade é duvidosa, é imperativo que a Educação

Física, como profissão que realiza intervenções profissionais de natureza

pedagógica, demonstre a racionalidade das suas escolhas, explicite por que uma

escolha (ou seja, um valor) é melhor do que outra. Mesmo porque, conforme ensina

Abbagnano27, valor não é um mero ideal, mas é guia ou norma das escolhas e, em

todo caso, seu critério de juízo. Portanto coloca-se ainda a necessidade de

25

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 26

ABBAGNANO, op. cit., p. 993. 27

Idem.

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articulação entre meios e fins – se elejo um valor, devo propor os meios coerentes

para realizá-lo. Se digo que “esporte é saúde”, devo ser capaz de demonstrar

racionalmente que tal possibilidade existe (quer dizer, é uma determinação

disposicional do objeto “esporte”), e articular uma prática que concretize a realização

daquele valor28.

Quando consagrados inter-subjetivamente, em diferentes teorizações e

práticas pedagógicas, tais valores e correspondentes articulações entre meios e fins

concretizam-se em princípios (por exemplo, o princípio da inclusão, amplamente

aceito hoje na Educação Física Escolar; ou ainda o princípio da individualidade, na

prática do exercício físico, quando se fala em adequação da sobrecarga e da

intensidade).

Todo esse processo reflexivo deve se dar com o auxilio explícito de

referenciais científicos, filosóficos e estéticos. As ciências contribuem com a

dimensão factual (o que é), a filosofia com a dimensão normativa-axiológica (o que

deve ou pode ser), e a dimensão estética, conforme busca evitar o excessivo

comprometimento com uma postura racionalista, no sentido cognitivista, “que não

abre espaço para a ampliação do conceito de verdade”.29

III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

As novas referências legais emanadas do Conselho Nacional de Educação,

ao estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em

Educação Física, espelham, ao menos em parte, o rico debate acadêmico que se

tem desenrolado na área. O Parecer CNE/CES Nº 58/2004 caracteriza a Educação

Física a partir de três dimensões interdependentes: (i) a dimensão da prática de

atividades físicas, recreativas e esportivas; (ii) a dimensão do estudo e da formação

acadêmico-profissional e (iii) a dimensão da intervenção acadêmico-profissional.

A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se

ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e

expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas

diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do

28

Conforme demonstram inúmeros estudos: não há relação entre esporte de alto rendimento/espetáculo e

“boa saúde”. 29

BRACHT, op. cit., p. 53

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esporte, da luta/arte marcial, da dança. Na perspectiva da Educação Física, a prática

das manifestações e expressões culturais do movimento humano são orientadas

para a promoção, a prevenção, a proteção e a recuperação da saúde, para a

formação cultural, para a educação e reeducação motora, para o rendimento físico-

esportivo e para o lazer.

A dimensão do estudo e da formação acadêmico-profissional refere-se às

diferentes possibilidades de formação, em consonância com a legislação vigente,

que objetivem qualificar e habilitar os indivíduos interessados em intervir acadêmica

e profissionalmente na realidade social, por meio das manifestações e expressões

culturais do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas.

A dimensão da intervenção acadêmico-profissional refere-se ao exercício

político-social, ético-moral, técnico-profissional e científico da graduação em

Educação Física no sentido de diagnosticar os interesses e necessidades das

pessoas, de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar,

supervisionar, controlar e avaliar a eficiência, a eficiência, a eficácia e os efeitos de

programas de exercícios e de atividades físicas, recreativas e esportivas, assim

como participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais

de discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas de

institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da

segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, entre os afetos

direta e indiretamente à prática de exercícios e atividades físicas, recreativas e

esportivas.

Como desdobramento desse entendimento, a Resolução CNE/CES Nº 7/2004

concebe a Educação Física como “uma área de conhecimento e intervenção

acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo o movimento humano, com

foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo,

do esporte, das luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de

problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da

formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-

esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades

físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou

venham a oportunizar a práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas”. O

Parecer CNE/CES 58/2004 esclarece que a finalidade é possibilitar a todo(a)

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cidadão(ã) o direito inalienável de acesso a esse acervo cultural, importante

patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade

humana.

Também o Parecer CNE/CES 58/2004 reconhece que diferentes termos e

expressões vêm sendo defendidos e utilizados pela comunidade da Educação Física

com o propósito de definir seu objeto de estudo e de intervenção acadêmico-

profissional: exercício físico, atividade física, movimento humano, atividade físico-

esportiva, atividade corporal, cultura corporal, cultura corporal de movimento,

corporeidade, motricidade etc. Alerta o referido Parecer que estes termos e

expressões, bem como seus respectivos significados, foram propostos a partir de

diferentes, e, às vezes concorrentes, constructos de pretensão epistemológica e/ou

de motivação ideológica e, portanto, a sua utilização nos documentos legais, que

instituem as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Educação Física,

não deve ser vista como referência impositiva, cabendo a cada Instituição de Ensino

Superior eleger aqueles julgados mais adequados e identificadores da matriz

epistemológica e/ou ideológica definida em seus respectivos projetos pedagógicos.

Tal entendimento encontra respaldo no princípio da “autonomia institucional”,

definido pela legislação superior.

A Resolução CNE/CES 7/2004 estabelece que “A graduação em Educação

Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para

nela intervir acadêmica e profissionalmente por meios das diferentes manifestações

e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de

um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”. Para tal, o curso de graduação em

Educação Física “deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica,

qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor

científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”. O projeto pedagógico dos cursos

de graduação em Educação Física deverá estar pautado nos seguintes princípios:

autonomia institucional; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; graduação

como formação inicial; formação continuada; ética pessoal e profissional; ação

crítica, investigativa e reconstrutiva do conhecimento; construção e gestão coletiva

do projeto pedagógico; abordagem interdisciplinar do conhecimento;

indissociabilidade teoria-prática; e articulação entre conhecimentos da formação

ampliada e específica. As competências de natureza político-social, ético-moral,

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técnico-profissional e científica deverão constituir a concepção nuclear do projeto

pedagógico de formação da graduação em Educação Física.

A estrutura e organização curricular dos cursos de graduação em Educação

Física deverão articular duas unidades de conhecimento: formação específica e

formação ampliada. A formação específica abrange os conhecimentos

identificadores da Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões

culturais, didático-pedagógicas e técnico instrumentais das manifestações e

expressões do movimento humano, com o propósito de qualificar e habilitar a

intervenção acadêmico–profissional em face das competências e das habilidades

específicas da graduação em Educação Física. A formação ampliada deve

compreender o estudo da relação do ser humano, em todos os ciclos vitais, com a

sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar uma formação

cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um trabalho com

seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo um contínuo

diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade da

Educação Física. Em resumo, a formação ampliada deve abranger as seguintes

dimensões do conhecimento: relação ser humano-sociedade, biológica do corpo

humano e produção do conhecimento científico e tecnológico; e a formação

específica as dimensões culturais do movimento humano, técnico-instrumental e

didático-pedagógico.

O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da

orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da

indissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais,

morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.

As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais,

à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de

deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordados no trato

dos conhecimentos da formação da Educação Física.

Refere-se ainda a Resolução 7/2004 especificamente ao “Professor de

Educação Básica, Licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar

qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo

como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como

as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.

Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e

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habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-

profissional do professor da educação básica, Licenciatura plena em Educação

Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE30.

3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

Conforme o Parecer CNE/CES 58/2004, a identidade acadêmico-profissional

em Educação Física deve partir da compreensão de competências que abranjam as

dimensões político-social, ético-moral, técnico-profissional e científica, considerando

que a intervenção do profissional pressupõe a mediação com seres humanos

historicamente situados. A configuração de tais competências deve ser a concepção

nuclear na orientação dos projetos pedagógicos de formação inicial em Educação

Física. Reconhecer as competências como núcleo do projeto pedagógico significa

dizer que é imperioso que o graduado saiba mobilizar os conhecimentos que

fundamentam e orientam sua intervenção acadêmico-profissional transformando-as

em ação.

O graduado deve compreender as questões e as situações-problema

envolvidas no seu trabalho, identificando-as e resolvendo-as. Precisa demonstrar

autonomia para tomar decisões, bem como se responsabilizar pelas opções feitas e

pelos efeitos da sua intervenção acadêmico-profissional. Precisa também avaliar

criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua, bem como interagir

cooperativamente tanto com a comunidade acadêmico-profissional, quanto com a

sociedade em geral.

A aquisição das competências requeridas na formação do graduado em

Educação Física deverá ocorrer a partir de experiências de interação teoria-prática,

em que toda a sistematização teórica deve ser articulada com as situações de

intervenção acadêmico-profissional e que estas sejam balizadas por

posicionamentos reflexivos que tenham consistência e coerência conceitual. As

competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, nem no

estritamente instrumental. É imprescindível, portanto, que haja coerência entre a

formação oferecida, as exigências práticas esperadas do futuro profissional e as

necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural das pessoas.

Portanto, nos termos do Parecer 58/2204 e respectiva Resolução 7/2004, a

formação do graduado em Educação Física deverá ser concebida, planejada, 30

É importante observar que o Parecer CNE 58/2004 e respectiva Resolução 7/2004, não diferenciam

“Bacharelado” e “Licenciatura”.

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operacionalizada e avaliada visando a aquisição e o desenvolvimento das seguintes

competências específicas:

- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais específicos da

Educação Física e aqueles advindos das ciências afins, orientados por valores

sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.

- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade social para nela

intervir acadêmica e profissionalmente, por meio das manifestações e expressões do

movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício

físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, visando a

formação, ampliação e o enriquecimento cultural da sociedade, para aumentar as

possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.

- Intervir acadêmica e profissionalmente de forma deliberada, adequada e

eticamente balizada nos campos da prevenção de problemas de agravo da saúde,

promoção, proteção e reabilitação da saúde; da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de

empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além

de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades

físicas, recreativas e esportivas.

- Participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de

discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas e institucionais

nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da segurança, do

urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros.

- Diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas

(crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiências, de grupos e

comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar,

assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades

físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da

proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que

oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e

esportivas.

- Conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar os efeitos da aplicação de

diferentes técnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias

para a produção e a intervenção acadêmico-profissional em Educação Física nos

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17

campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação

cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,

da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e

esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a

prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

- Acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e de

áreas afins, mediante a análise crítica da literatura especializada, com o propósito de

contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

- Utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a

ampliar e diversificar as formas de interagir com as fontes de produção e de difusão

de conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito

de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO

No uso de suas atribuições estatutárias, o Conselho Federal de Educação

Física (CONFEF), aprovou pela Resolução nº 182/2009 as Diretrizes Curriculares

Nacionais diferenciadas para os Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação

(bacharelado) nas áreas acadêmica e profissional de Educação Física. A inscrição

junto ao Sistema CONFEF/CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física) será

feita mediante requerimento, em formulário próprio, devidamente preenchido e

acompanhado de Documento da Instituição de Ensino Superior indicando a data de

autorização e reconhecimento do curso, a data de ingresso e conclusão do referido

curso, bem como a base legal do respectivo curso de Educação Física, qual seja: a)

Licenciatura - se instituído pela Resolução CNE/CP nº 1/2002, Resolução CFE nº

03/1987 ou anteriores; b) Bacharelado - se instituído pela Resolução CFE nº

03/1987; c) Graduação (Bacharelado) – se instituído pela Resolução CNE/CES nº

7/2004. Desta forma, estabelece cinco Identidades Profissionais de atuação no

campo da Educação Física: (a) Categoria Licenciatura, atuação: Educação Básica

(amparada pela Resolução 01/2002 CFE e campo de atuação restrito à escola); (b)

Categoria Bacharel, atuação: Bacharelado (amparado pela Resolução 07/2004 CFE,

e campo de atuação abrangendo todo o mercado de trabalho exceto a escola); (c)

Categoria Licenciado/Bacharel, atuação: Plena (graduado que obtiver as formações

amparadas pelas Resoluções 01/2002 e 07/2004 CFE); (d) Categoria Licenciado,

atuação Plena (amparado pelas Resoluções 03/1987 e 69/1969 do CFE e campo de

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atuação irrestrito na Educação Física); e (e) Categoria Bacharel, atuação Militar

(amparado pela formação em cursos Militares).

IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS

CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física - entendida não como uma “ciência” no sentido tradicional

da palavra, mas, mas como área de conhecimento e intervenção - contando com o

auxílio das diversas ciências e da filosofia, busca examinar a cultura corporal de

movimento com o olhar interessado de projetos que expressam valores (ligados à

educação, esporte, saúde e lazer). “Projeto” é uma idéia, um desejo, a intenção de

fazer ou realizar algo no futuro; provém etimologicamente do latim projectus “ação

de lançar para a frente”31. Portanto, refere-se a algo que ainda não se tem, que

ainda não existe, mas que é desejada, planejada, intencionada por alguém. Um

projeto é um conjunto de ideologias, teorias (científicas ou não),

informações/conhecimentos, valores, expectativas, que refletem o interesse de

grupos sobre uma dada prática social.

Então, um projeto de Educação Física dirige o olhar que irá “recortar” a

cultura corporal de movimento segundo seus valores (e também, eventualmente,

segundo sua tradição) e, retroativamente, os dados científicos e filosóficos que irão

fundamentar tal projeto.

Isso conduz, então, a outro problema: como conceber um curso de formação

profissional no campo da Educação Física que não se feche em um único projeto,

quer dizer, um modo único de “olhar” a cultura corporal de movimento e optar

apenas por certos valores – ou ligados à educação, ou a saúde, ou ao esporte e

etc.? Por outro lado, “abrir o leque” para muitos projetos pode levar a uma formação

excessivamente genérica, aos moldes da conhecida licenciatura “ampliada”,

situação que ainda existe em muitas instituições.

Para fugir a esta armadilha, dois pontos são vitais:

(i) A delimitação do objetivo da formação tendo em vista a(s) especificidade(s)

de atuação do graduado (educação formal, saúde, lazer, esporte de alto rendimento

31

HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-

ROM

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19

etc.), sem, todavia, limitar a formação geral do profissional (científica, filosófica. ética

e estética) e a apropriação da cultura corporal de movimento. Tal formação geral

deve incluir igualmente o estudo da motricidade humana como linguagem corporal

(experiência original do ser humano) e as linguagens da cultura corporal de

movimento (jogo, ginásticas, esporte etc.). As diversas ciências e a filosofia

contribuem para esta “formação ampliada” por intermédio dos seus próprios olhares

dirigidos à cultura corporal de movimento.

(ii) A prática profissional/pedagógica em Educação Física (quer dizer, os

contextos de intervenção) deve constituir-se em eixo central do currículo, garantindo

a especificidade da formação. Tal prática profissional/pedagógica deve manter

diálogo privilegiado com as ciências e a filosofia, no sentido de que seus respectivos

instrumentais teóricos-metodológicos auxiliem a prescrutar os valores (ou

possibilidades, se preferirmos) presentes na cultura corporal de movimento,

apontando sua adequação a determinados projetos (quer dizer, articulando meios e

fins).

Um currículo assim concebido deverá conter duas características principais:

(i) Organizar-se a partir de temas, oriundos do projeto de Educação Física

adotado, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física, das novas

tendências presentes na cultura corporal de movimento, que resultam da dinâmica

social mais ampla, assim como das direções apontadas pela pesquisa científica e

pela reflexão filosófica na área, e das competências gerais que se deseja

desenvolver.

(ii) Tomar como eixo central a dimensão da prática profissional-pedagógica,

buscando o desenvolvimento das competências específicas à habilitação pretendida

(Bacharelado ou Licenciatura). Esta dimensão da prática deveria ser a referência em

todas as disciplinas, no sentido de que devem buscar um permanente diálogo com a

Educação Física como área de intervenção acadêmico- profissional.

Assim, além de eixos norteadores comuns, teremos, em decorrência da

necessidade de uma formação geral, um núcleo comum aos Cursos de Bacharelado

e Licenciatura, (que inclui temas, desenvolvimento de competências e disciplinas

comuns) e desenvolvimento de competências, temas, disciplinas e vivências

profissionais-pedagógicas diferenciadas, tendo em vista a especificidade da

habilitação pretendida.

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V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

As modalidades Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da

Faculdade de Ciências buscam a formação de licenciados e profissionais capazes

de, por meio das diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica,

do jogo, do esporte, das lutas e das atividades rítmicas e dança, efetivar

intervenções fundamentadas científica, filosófica, ética e esteticamente, de modo a

realizar objetivos definidos nos diversos contextos de atuação.

No curso de Licenciatura em Educação Física buscar-se-á na cultura corporal

de movimento os valores que permitam ao licenciado a intervenção pedagógica no

âmbito da Educação básica, de modo a realizar os objetivos da disciplina “Educação

Física” nos diversos níveis escolares.

No curso de Bacharelado, com núcleo temático de aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde, trata-se de prescrutar a cultura corporal de movimento em

busca dos valores que permitam ao graduado a intervenção profissional no campo

da saúde e da aptidão física para o desempenho ótimo (esportivo ou não), com

vistas aos aspectos de promoção de hábitos saudáveis de vida, bem como da

prevenção e reabilitação de distúrbios funcionais e metabólicos em indivíduos

manifestos, com necessidades especiais de saúde, naqueles aparentemente

saudáveis e, ainda, em portadores de deficiências.

A seguir são apresentados, respectivamente, os projetos específicos dos

cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física com

núcleo temático de aprofundamento em Exercício Físico e Saúde.

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE

As modalidades Bacharelado e Licenciatura em educação Física serão

oferecidas em dois períodos: integral e noturno. Serão oferecidas quarenta (40)

vagas em cada período, totalizando oitenta (80) vagas. Destas 40 vagas de cada

período, 20 vagas serão para o Bacharelado e 20 serão para a Licenciatura, onde a

escolha da habilitação a ser cursada deverá ser feita pelo aluno no momento da

inscrição no vestibular.

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21

VII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (Aprofundamento em Aptidão Física e Saúde)

7.1 - CONCEITOS BÁSICOS: ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO E APTIDÃO FÍSICA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “Atividade Física” como

qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que resulte em energia

expendida32. Esta unidade de medida permite a criação de categorias de Atividade

Física normalmente identificadas por segmentos da vida diária, nos quais são

realizados determinados movimentos. Pode-se dividir, por exemplo, a quantidade de

energia gasta durante o sono, no trabalho, nas horas de estudo, na prática desportiva,

nas atividades de lazer, entre outras. Obviamente, cada uma dessas fases pode ser

estratificada em outras, como a realização de trabalho corporal manual e sedentário. A

estas categorias somam-se outras variáveis que devem ser consideradas, como o

sexo, os hábitos alimentares, as diferenças étnicas, as características regionais, o tipo

de ocupação, o nível sócio econômico, as condições de saúde, entre tantas outras33

Para efeito do campo de intervenção da Educação Física, o “Exercício Físico” é

classificado como uma subcategoria de Atividade Física; em outras palavras, é definido

como um componente da Atividade Física, e caracteriza-se por ser previamente

planejado, estruturado, repetitivo e proposto para aumentar ou manter um ou mais

componentes da Aptidão Física. De igual modo, o Exercício Físico também pode ser

subdividido em outras categorias, dependendo dos objetivos com que se desenvolve

uma atividade, seja para fins pedagógicos, de condicionamento físico, ou tratamento e

reabilitação de condições mórbidas específicas.

Desta forma, assume papel de maior interesse, quando é considerado em sua

relação com a saúde, atuando neste caso, em dois momentos fundamentais: o primeiro

refere-se ao aspecto relacionado à aptidão física, cuja finalidade é melhorar a eficiência

das atividades e de prevenir o organismo de enfermidades provocadas pela vida

sedentária; o segundo relaciona-se com a reabilitação terapêutica destas moléstias, ou

seja, a partir de sua manifestação utiliza-se do exercício como forma de controle ou de

reabilitação do indivíduo34.

32

WHO – World Health Oganization. Habitual physical activity, Copenhagen, 1978 33

MONTEIRO, HL; GONÇALVES, A. Salud Colectiva y actividad física: evolucion de lãs principales

concepciones y practicas. Revista Ciências de la Actividad Física. v. 2, n.3, p.33-45, 1994. 34

RYAN, A. Exercise and health: lesson from the past. In: ECKERT, HM; MONTOYE, HJ. Exercise and

Health. Minnesota: Human Kinectics Publishers, 1984

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22

É importante destacar que a utilização do Exercício Físico com tais finalidades

não é recente, e há registros de tais usos desde a Antiguidade. Contemporaneamente,

registra-se aumento exponencial do interesse pelo exercício físico, ainda que de modo

controvertido, há profissionais da área de Saúde Coletiva que têm se interessado por

exercícios, utilizando-o como forma de prevenção de enfermidades, redução da

obesidade, promoção da longevidade, entre outros objetivos35.

No âmbito da saúde, a utilização do exercício tem por objetivo o

desenvolvimento da Aptidão Física. Este termo tornou-se popular durante a segunda

Guerra Mundial, quando as Forças Armadas Americanas desenvolveram testes para

avaliar a capacidade física de seus soldados, considerando o trabalho vigoroso com a

finalidade de resistir às difíceis condições dos campos de batalha. Com o passar do

tempo, sua utilização deixou de ser restrita ao ambiente de caserna, e foram surgindo

programas com a finalidade de aumentar nos participantes a força muscular,

resistência e eficiência cardiovascular, bem como diminuir a quantidade de tecido

adiposo36.

Nesse contexto, atualmente, os componentes da aptidão física dividem-se em

dois grupos: um relacionado à saúde, e, outro, com a destreza ou habilidade esportiva.

Trata-se de modelo didático para entender de forma mais detalhada a perspectiva e o

direcionamento da aplicação do exercício para finalidades específicas.

7.2 - ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE COLETIVA

Como já se mencionou anteriormente, com o advento da Revolução Industrial,

as cidades cresceram e as condições de vida se agravaram. A população vivia em

ambientes pútridos e insalubres. O Estado se tornava mais forte e aumentava sua

influencia sobre o povo; os movimentos sociais e revolucionários buscavam soluções

para as crises37.

No campo da saúde predominava a “Teoria dos Miasmas”, pela qual acreditava-

se que as doenças resultavam de emanações resultantes de acumulo de dejetos,

35

MOTA, C. História moderna e contemporânea. Atual, 1988.

CAMPOS, R. História antiga e medieval. São Paulo, Atual, 1988.

CAMPOS, R. História moderna e contemporânea. São Paulo: Atual, 1988a.

SHARKEY, B.J. Condicionamento físico e saúde. Porto Alegre, Atmed/ Human Kinectics, 1998;

DÂMASO, AR. Obesidade. São Paulo: Medsi, 2003;

PIERIN, AMG. Hipertensão Arteiral: uma proposta para o cuidar. São Paulo: Manole, 2004 36

KIRKENDALL, D; GRUBER, J; JOHNSON, R. Measurement and evaluation for physical educator.

Illnois: Human kinectics Publishers. 1987 37

BARRETO, M. Epidemiologia, sua história e crises. In: COSTA, DC. Epidemiologia: teoria e objeto. São

Paulo, Hucitec, 1990

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23

sendo a presença ou ausência de atividades físicas considerada responsável pelo

desequilíbrio na liberação de fluidos extracorpóreos, identificado por sensações

desagradáveis, como dor, paralisia, inflamação e cansaço38.

Caracterizado como um período subsequente de transição, surge a

“Epidemiologia dos Modos de Transmissão”, como forma de ruptura da “Epidemiologia

da Constituição Pestilencial” (“Teoria dos Miasmas”). Tem como precursor John Snow,

considerado o Pai da Epidemiologia, por seus estudos sobre o cólera na cidade de

Londres, sendo, na época, um dos primeiros a considerar a possibilidade de existirem

agentes microscópicos na gênese desta enfermidade39 .

Com a intenção de encontrar um único agente causador da doença, esta fase

também é conhecida como a “Teoria da Unicausalidade”, em que agentes patológicos

da tuberculose, do sarampo, da febre amarela, da esquistossomose, entre outras, que

são estudados em contexto coletivo. Nessa fase, sem ignorar a sobrevivência das

tendências anteriormente mencionadas, observam-se iniciativas pontuais dos

profissionais de saúde, os quais, na tentativa de responder às diferentes formas de

manifestações mórbidas, recomendavam exercícios de aptidão como forma de

melhorar a saúde, bem como a prevenção e o tratamento de manifestações agudas e

enfermidades crônicas.

O século XX foi marcado por grandes guerras mundiais e significativos avanços

tecnológicos que provocaram substanciais mudanças nos hábitos de vida,

principalmente das populações dos centros urbanos. No entanto, ao mesmo tempo em

que estas alterações trouxeram comodidade e bem estar, também colocaram o

homem em uma situação de exposição a novos problemas de saúde, dentre os quais

estão aqueles provenientes da vida sedentária.

O processo saúde-doença passa então, a ser abordado, a partir da “História

Natural das Doenças”, isto é, da interação entre agente, hospedeiro e meio ambiente,

formando um triangulo ecológico. Assim, a saúde-doença passa a ser representada em

pólos opostos e vai alternando-se de forma dinâmica, sendo o resultado desta teoria

identificado como o “Modelo Preventivista”. Nesse período, a epidemiologia incorporou

e consolidou o paradigma da “História Natural das Doenças”, e coube a ela a tarefa de

gerar conhecimentos sobre as fases pré-clinicas dos estados mórbidos, aspecto este

que deveria aumentar as possibilidades de prevenção pela identificação de fatores de

38

GONÇALVES A; GONÇALVES, N. Saúde e Doença: conceitos básicos. Revista Brasileira Ciência e

Movimento. v. 2, n. 2, p. 48-56, 1988 39

SNOW, J. Sobre a maneira de transmissão do cólera. São Paulo, Hucitec, 1990.

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24

risco e desenvolvimento de técnicas de detecção precoce da doença (Leavell e Clark,

1976). Desse modo, possibilitaram-se inúmeras ações de controle das enfermidades,

antes de conhecer toda sua estrutura de causalidade, resultando, na época, num

significativo avanço para a prevenção (Silva, 1990).

Também conhecida como “epidemiologia dos fatores de risco”, essa área do

conhecimento e intervenção humana passou a ganhar status acadêmico com a criação

da carreira homônima na Escola de Saúde Pública da Universidade de John Hopkins,

nos Estados Unidos, em 1921. Trata-se de um período identificado por profundos

avanços, produto de grande desenvolvimento da bioestatística e de modelos

matemáticos complexos, em que as atividades de aptidão física assumem papel

importante na prevenção e reabilitação, inclusive, como relevante estratégia

governamental conduzida pelos “Centers for Disease Control” (CDC), com a intuição de

evitar e controlar as enfermidades provocadas pelo estilo de vida sedentário.

O “Modelo Preventivista”, por sua vez, não obteve o êxito esperado no interior

das escolas médicas. Sobre o período pré-patogênico, sugere o modelo que todos

estariam sujeitos a determinadas enfermidades e, portanto, somente aqueles que

aderissem a medidas específicas de prevenção primária estariam a salvo. De modo

geral, a grande limitação esta no fato de ignorar o papel que a vida social desempenha

na perpetuação das doenças, transferindo ao homem a culpa pelo adoecer40.

Sobre este modelo, os profissionais de Educação Física, bem como outros da

área de saúde continuam direcionando suas investigações. Por exemplo, nos estudos

sobre lesões desportivas, o agente está relacionado com a duração, frequência e tipo

de movimento; o hospedeiro se caracteriza por variáveis correspondentes à idade,

fatores genéticos, sexo, graus de lesões, níveis de aptidão física entre outros fatores de

risco; e o ambiente diz respeito às condições climáticas, o tipo de superfície, o local de

atividade e o equipamento utilizado, entre outros aspectos.

7.3 - O PANORAMA ATUAL

As últimas décadas foram marcadas por profundas mudanças nos hábitos e

costumes da população, que cada vez mais parece se preocupar com a manutenção

da saúde e qualidade de vida.

Assistimos a um forte crescimento daqueles que buscam a prática de atividades

físicas, de tal magnitude que o poder público, preocupado em ampliar as áreas de lazer

40

AROUCA, S. O dilema preventivista. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade

de Campinas, 1975.

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25

e também as destinadas à pratica de esportes, tem promovido políticas setoriais nesse

sentido’; estas, porém, têm se mostrado sempre insuficientes. Muitas estruturas para a

prática de atividades físicas e esportivas surgiram e, com frequência ascendente,

milhares e milhares de pessoas passaram a caminhar ou mesmo a correr com certa

regularidade.

O resultado dessa busca pelo exercício tem feito surgir, quase que diariamente,

um grande número de centros voltados à prática de exercícios físicos, destinadas a

proporcionar não só beleza estética, mas também, preparação física às exigências da

população. Entretanto, na ânsia pela beleza estética de um lado, e a gana por

obtenção de lucro fácil e rápido, tais “escolas”, mais popularmente conhecidas como

"Academias", dispõem de inúmeros equipamentos mecânicos que são disponibilizados

para os seus clientes, sem contudo pautar-se por uma preocupação efetiva com as

consequências que podem advir da má utilização destes recursos, ou sem mesmo

possuírem conhecimentos adequados sobre as condições físicas e de saúde dos seus

usuários.

Atualmente, é possível encontrar um grande número de pessoas não habilitadas

para a prescrição de esforços físicos no comando destes negócios. Além disso, a

formação de profissionais de Educação Física no Brasil, apresenta enorme defasagem

e insatisfatória qualidade, o que têm contribuído para a deterioração dos serviços

prestados por esses profissionais. No entanto, os efeitos dessa tendência não são

mensuráveis em curto prazo, e, muitas vezes demoram anos para se manifestarem,

mas, quando surgem, manifesta-se na forma de problemas com a saúde dos

praticantes, com a instalação de incapacidades temporárias ou permanentes. Milhares

de jovens e adultos entraram na "onda" da saúde, ou beleza, a qualquer preço.

7.4 - A TRAJETÓRIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO

BRASIL

Nas décadas de 60 e 70, na área, eram poucos os cursos instalados no Brasil, a

produção intelectual era incipiente e, sobretudo, desprovida de crítica. A experiência

“prática” era de fundamental importância, os poucos textos técnicos não passavam de

apostilas formuladas pelos próprios docentes, os livros que circulavam em nosso meio,

com algum conteúdo científico, eram o resultado de traduções de livros americanos

que geralmente referia-se estritamente a informações técnicas.

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Destarte, tendo sido a década de setenta no Brasil demarcada pela ditadura

militar, e esta, por ter se dado ao papel de censurar as formas de manifestações

contrarias a sua ideologia, utilizou-se fortemente da Educação Física41, incentivando o

Desporto Universitário com a construção de Centros Esportivos bem equipados,

financiados pelos recursos financeiros advindos das Loterias. Também a pesquisa

científica na área foi incentivada, aparelhando-se várias Universidades Públicas do país

com laboratórios de avaliação da performance humana.

Nos anos oitenta, com o fim do cerceamento público da sociedade e a volta da

liberdade de expressão, profissionais mais afeitos às Ciências Humanas trazem para

as discussões acadêmicas questões tais como a crise de identidade conceitual da

Educação Física. Muitos dos pensadores de expressão da referida década

empreenderam esforços na direção de fixar as diretrizes de uma nova pedagogia

hegemônica, que pecou por resvalar no extremo oposto, ao rechaçar o biológico e, em

consequência a saúde, dado que a expressão mais popular repousa em tal

determinação.

Enquanto tais acontecimentos demarcavam o processo brasileiro, em países

desenvolvidos como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e Austrália, registravam-se

avanços no desvelamento da relação da atividade física e saúde. A título de exemplo,

segundo Powell e Paffenbarger42,os “Centers for Disease Control” elegeram a aptidão

física como um dos quinze campos de atuação mais importantes para melhorar as

condições de vida da população americana, criando a Seção de Epidemiologia

Comportamental vinculada ao Departamento de Educação e Promoção da Saúde.

Ainda que este enfoque seja controverso, houve, em decorrência e/ou associadamente,

crescente interesse por estudos a respeito.

Em síntese, pode-se admitir que o movimento intelectual brasileiro da área, ao

procurar evitar os desacertos anteriores, incidiu no viés da inadequação de ignorar as

eventuais contribuições à questão das conquistas que foram sendo amealhadas no

âmbito internacional no período (v.g. Montoye’s Recomendations43).

Na década de 1990, os acadêmicos da área de Educação Física, de maneira

gradual, começaram perceber os desacertos dos caminhos por onde trilharam, e, por

este motivo, observaram-se, novamente, esforços na direção de promover o

41

GONÇALVES, A. A saúde e a população para entendimento desse binômio em nosso meio. Ciência e

cultura. v. 31, n. 11, 1425-37, 1981. 42

POWELL, K.; PAFFENBARGER, R. Workshop on epidemiologic and public health aspects of physical

activity and exercise: a summary. Public Health Reports. v. 100, n. 2, 118-25, 1985. 43

MONTOYE’S RECOMENDATIONS. Brasília, CNPq, 1982.

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intercâmbio entre as áreas de conhecimento de naturezas biológicas, humanas e

exatas, no qual a atividade física e o exercício passaram a ser elos de ligação.

Desse modo, os acadêmicos da área de atividade física e saúde somente agora

têm voltado suas preocupações para a formação acadêmica de profissionais para atuar

neste campo, embora o mercado de trabalho já viesse, há algum tempo dando sinais

desta necessidade. De certo modo, tal fenômeno é compreensível, pois as atividades

econômicas normalmente são mais ágeis e respondem, quase que imediatamente, às

necessidades geradas pelo próprio homem.

De fato, no sentido de voltar-se à profissão para um enfoque clínico de

abordagem do aluno, no qual a avaliação física e a prescrição de exercícios tornam-se

condição para a realização de um trabalho que logre êxito em seus objetivos, uma

visita aos conhecimentos produzidos neste campo de atuação da profissão indica que

os parâmetros para a elaboração de programas de treinamento físico individualizado

foram veiculados em publicações estrangeiras do final dos anos oitenta e inicio dos

anos noventa. Contudo, a publicação de tais textos no Brasil só se deu 6 a 7 anos

depois.

O conteúdo destas obras só começou a ser objeto de aplicação nos cursos de

Bacharelado em Educação Física em meados da virada do milênio, e, no caso de

algumas obras, sua utilização ainda permanece restrita.

Uma das possíveis explicações para o lapso de tempo entre a publicação de um

livro texto e sua aplicação no ensino de graduação em Educação Física no Brasil pode

ser atribuída à prática de preços proibitivos para o acadêmico da área. Nesse contexto,

vários autores nacionais, atentos para as tendências de mercado voltadas à prescrição

de treinamento físico individualizado, publicaram, recentemente, obras em formato de

“manual”, com volume de informações inferior, e que se constituem em compilações

dos conteúdos de livros textos estrangeiros considerados “clássicos”44. O preço destas

obras é bastante inferior, e em que possa pesar o fato de não acrescentarem avanços

científicos expressivos à formação dos profissionais da área, vale dizer que cumpriram

44

MOLINARI, B. Avaliação Médica e Física : Para Atletas e Praticantes de Atividades Físicas. São Paulo:

ROCA, 2000

FERNANDES FILHO, J. A prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: SHAPE, 1999

PERUCA, A. Metodologia do Desenvolvimento do Personal Training. Londrina: Midiograf, 1999

MARINS JCB, GIANNICHI RS. Avaliação e prescrição de atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 1998.

MONTEIRO, W. Personal Training Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico: Rio de

Janeiro: Sprint, 1998.

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28

papel importante na difusão de conhecimentos científicos que, em nosso meio, têm

acontecido com um atraso de 15 ou 20 anos aproximadamente.

Sob outro ponto de vista, Tani45, argumenta que, na produção do conhecimento

e formação do profissional de Educação Física, houve uma sobrevalorização das

pesquisas básicas em detrimento da aplicação dos conhecimentos gerados para a

prática dos profissionais que atuam no mercado de trabalho.

Nessa perspectiva, parece ser ilustrativo apresentar o resultado de levantamento

dos trabalhos apresentados no XXV Congresso da Sociedade de Cardiologia do

Estado de São Paulo, realizado em 200446. No evento em tela ocorre o V Simpósio de

Educação Física e Esporte e, a análise dos temas livres demonstrou que foram

apresentados 26 trabalhos sobre hipertensão arterial, dos quais: 13 (50%) são

resultados de pesquisas com modelo animal; nove (35%) são estudos com humanos,

porém, do tipo transversal; entre as investigações em que o paciente foi seguido por

determinado período, dois (8%) são de natureza observacional e, apenas três (12%)

constituem estudos de intervenção.

Tais dados não chegam a ser surpreendentes. Entre os pesquisadores da área

biológica, é praticamente consensual a opinião de que é muito mais simples fazer

pesquisa básica utilizando cobaias, àquelas do tipo experimental, envolvendo

humanos. Não há dificuldades de aprovação dos projetos junto aos Comitês de Ética

das Universidades, é possível exercer controle sobre grande número de variáveis que

podem induzir a resposta e, praticamente, não há exposição do pesquisador ao risco

contrair moléstia ou ocorrer o óbito de seres humanos.

No entanto, cresce a procura dos serviços de saúde por profissionais de

Educação Física para atuar com pacientes portadores de Síndromes Metabólicas junto

às Unidades Básicas de Saúde, havendo, inclusive, projetos em andamento no Estado

de São Paulo, que acenam com duas possibilidades: i) realizar concursos públicos para

o provimento de novos cargos para Educadores Físicos nos serviços de saúde

municipal e estadual; ii) recrutar junto a Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo, profissionais de Educação Física interessados em trabalhar com esta população

no âmbito ambulatorial.

Ainda de acordo com Tani47, outro problema a ser destacado nas disciplinas de

“orientação acadêmica”, é que elas se pautam por um método científico aplicado em

45

Tani, 1996) 46

Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, 25, Anais. Campos do Jordão, 2004 47

Tani,1996

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29

pesquisas que buscam gerar conhecimentos. Assim, juntamente com as disciplinas de

“orientação pedagógica” e as de “orientação às atividades” a grade curricular está

baseada em pressupostos éticos de formação do profissional de Educação Física.

Porém, quando o aluno vai a campo para realizar um estágio curricular/

profissionalizante, geralmente sofre um profundo impacto, porque observa que as

realidades de mercado são baseadas em parâmetros estéticos de beleza corporal. Esta

é uma equação difícil de ser resolvida.

Para sustentar o raciocínio que se pretende desenvolver aqui, é preciso resgatar

conceitos formulados por Soren Aabye Kierkegaard, filosofo existencialista, nascido na

Dinamarca em 1813, se destacou por construir severas criticas aos românticos, bem

como aos costumes religiosos da época. Afirmava ele que o ser humano pode ser

classificado dentro de três estágios, a saber: estético – o esteta se interessa apenas

pelo que é divertido ou entediante, vive no mundo dos sentidos; ético – baseia-se em

decisões consistentes tomadas segundo padrão moral; religioso – prefere a fé ao

prazer estético ou aos mandamentos da razão48.

Para o filósofo, o indivíduo pode passar a vida toda como um esteta, e o conflito,

consigo mesmo, é que o leva a assumir uma postura ética ou ainda avançar para o

estágio religioso. Por vezes, em épocas como a atual, a sociedade, enquanto cultura

de massa assume, com maior predominância, forte vínculo com um destes estágios

como é o caso, no momento, de valorização da estética em detrimento dos outros

estágios. Desse modo, as linhas de pensamento de massa exercem influencia a

postura individual de cada um.

Por esse motivo, não é raro que profissionais da área afirmarem que a formação

universitária mostra-se alheia às leis de mercado, no qual a regra de é: “o cliente

sempre tem razão”. Como a sociedade vive pressionada por forte apelo estético, a

modelagem corporal e a busca insana do homem por um padrão que reforce a sua

masculinidade, e da mulher pela imagem de “sílfide”, impõem ao profissional da área

servir-se de métodos e procedimentos que nem sempre se pautam por valores éticos,

principalmente quando coloca em risco a própria saúde. Nesse caso, é preciso, por

principio, entender que não é possível atribuir culpa ao Educador Físico, pois o

resultado de sua formação decorre principalmente daquilo que ensinamos e permitimos

a eles vivenciarem.

48

VERGEZ, André. História dos filósofos ilustrada pelos textos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1976.

GAARDER, J. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

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30

Desse modo, parece plausível considerar que é necessário criar novas

oportunidades de vivências práticas, nas quais, por exemplo, os valores éticos

presentes na investigação científica sejam contemplados e destacados, de tal forma a

que se torne o fundamento balizador de sua prática profissional. É preciso, de maneira

urgente, nas disciplinas de orientação acadêmica, pedagógica e para as atividades,

sinalizar que há outras perspectivas de atuação do profissional de Educação Física

neste campo de trabalho – que é possível exercer esta profissão de forma plena, como

formadores de opinião, sem que ninguém tenha de se sentir refém das “leis de

mercado”.

Face ao contexto que vem se delineando, parece ser urgente empreender

esforços na formação de um Profissional de Educação Física voltado à área de

exercício físico e saúde. De fato, devido ao aumento da expectativa de vida da

população, tem avançado a manifestação de doenças crônicas, tanto as de natureza

metabólica, quanto as relacionadas aos planos osteoarticular e músculo ligamentar.

Esses agravos são resultantes de processos cumulativos e encontram forte associação

com o estilo de vida, de tal modo que, tanto as pessoas que têm hábitos sedentários,

quanto aquelas que habitualmente se submetem a intensas rotinas de atividades

físicas, seja ocupacional ou de tempo livre, acumulam sequelas que ao longo dos anos

evoluem para condições mórbidas que se manifestam e se tornam mais agudas com o

avanço da idade.

Desse modo, o especialista em exercício físico deverá atuar na construção de

um diagnóstico que permita identificar possíveis fatores de risco ou condições

mórbidas, manifestas ou eminentes, que podem ser prevenidas ou tratadas com a

adequada intervenção por meio da prescrição de exercícios físicos específicos às

necessidades de cada aluno.

7.5 – PARÂMETROS PARA A DEFINIÇÃO DA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

COM APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

A formação do Bacharel em Educação Física, nesta proposta pedagógica, tem

por perspectiva a saúde global do ser humano, em diferentes fases da vida e em

diferentes processos da educação não formal associada à atividade física. Desta

forma, atuando com a iniciação esportiva, os programas de condicionamento físico e

reabilitação em clubes, academias, clínicas e hospitais, com vistas à aptidão física para

o desempenho ótimo e à prevenção e tratamento de doenças pelo exercício.

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Quanto ao aspecto de prevenção, o modelo preventivista, apesar das críticas a

ele dirigidas, tem sido fortemente utilizado como parâmetro norteador para organização

das ações em saúde no Brasil, com relativo sucesso. O Quadro 1 apresenta

organograma que permite observar os períodos de intervenção e as ações preventivas

serem realizadas em cada um.

Quadro 1: Modelo Preventivista de Leavell e Clark49

PERÍODO

PRÉ PATOGÊNICO PATOGÊNICO

PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO

SECUNDÁRIA

PREVENÇÃO

TERCIÁRIA

Prevenção de

doenças

Promoção da

saúde/Aptidão

Física

Diagnóstico precoce

Tratamento adequado

Reabilitação:

Física

Mental

Social

Na Educação Física brasileira difundiu-se e consolidou-se a ideia de que a ação

profissional na área volta-se exclusivamente ao trato com a saúde (ou, em outras

palavras, apenas das pessoas saudáveis), enquanto outros profissionais do setor

cuidariam apenas da doença. Por este motivo, há forte tendência dos profissionais de

Educação Física em afirmar que, no modelo preventivista, cabe a intervenção no

âmbito da promoção da saúde e, portanto, nosso foco de intervenção estaria, à priori,

na prevenção primária, bem como no desenvolvimento da aptidão física para o

desempenho ótimo em práticas regulares de atividade física, seja na academia, clubes,

ou em clínicas especializadas em exercício físico.

Cabe ressaltar, porém, que nos últimos anos, há uma mudança de foco em

curso, resultante de uma crescente demanda de mercado, gerada por pessoas que

buscam os serviços dos profissionais de Educação Física para tratar de condições

patológicas manifestas.

Desse modo, por exemplo, a avaliação da composição corporal quando indica

propensão à obesidade, ou na aferição de flexibilidade muito abaixo do esperado,

como preditor de futuras limitações nos planos osteomioarticular, caracterizam-se como

situações nas quais o profissional de Educação Física estaria realizando um

diagnóstico precoce. De forma semelhante, sua intervenção no tratamento da

49

LEAVELL, H.; CLARK, F. Medicina preventiva. São Paulo, McGraw-Hill, 1976.

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hipertensão arterial, juntamente com a atuação de equipe multiprofissional, pode

contribuir sobremaneira para o controle da doença e prevenção de agravos

secundários.

No campo da Reabilitação, a recuperação física é imprescindível e, ao mesmo

tempo, a mais barata; nesse caso, há inúmeras frentes de atuação para o profissional

de Educação Física, entre elas, o condicionamento físico na fase pós-hospitalar, para

indivíduos que, por exemplo, sofreram infarto agudo do miocárdio ou que passaram por

cirurgia de revascularização cardíaca, ou ainda em pessoas acometidas por lesões no

sistema musculoesquelético fruto da prática de atividade física. A esse respeito, porém,

a reabilitação social é considerada a mais importante, bem como também a mais cara

e, nesta fase, atividades como jogos e esporte podem exercer papel de fundamental

importância.

Em face de tais considerações, qual deve ser o corpo de conhecimentos

necessários à atuação do Graduado em Educação Física com aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde?

Nos currículos dos cursos de Licenciatura, a questão dos conteúdos voltados

para o conhecimento das manifestações da cultura corporal de movimento, se explica

pelo fato do Licenciado atuar, predominantemente, no ensino formal. Desse modo, as

disciplinas voltadas às manifestações da cultura corporal, por exemplo os esportes,

concentram-se no desenvolvimento de recursos pedagógicos para que o futuro

professor seja capaz de ensinar tais conteúdos nas dimensões conceituais (história dos

esportes, as relações do esporte com a atualidade etc), atitudinais (valores morais e

elementos éticos) e procedimentais (a vivência motora da modalidade, formas de

organização esportiva, dentre outros).

Já o profissional de Educação Física, com a formação voltada para a aptidão

física e saúde, deve dirigir seu foco de atenção para a prática de atividades físicas, sob

a perspectiva do rendimento ótimo, mediante demandas do condicionamento físico,

bem como no processo de reabilitação das doenças crônico-degenerativas, causadas

não somente pelo estilo de vida sedentário, mas também por decorrentes desgastes

físicos causados tanto pela exposição ocupacional quanto às de tempo livre, nas quais

estão presentes, também, as práticas esportivas. Nesse contexto, ainda que seja

importante o ensino de habilidades motoras para assimilação de novas técnicas de

trabalho corporal, o foco principal agora se concentra sobre o desenvolvimento de

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capacidades físicas específicas nos diferentes locais de intervenção do profissional em

Educação Física junto à sociedade.

Desse modo, por exemplo, as dores e os sofrimentos causados pelos distúrbios

posturais têm, na aplicação de técnicas de alongamento específicas, uma das

principais formas de tratamento e prevenção de condições mórbidas mais graves. De

modo semelhante, doenças causadas pela pressão arterial elevada ou pela obesidade

são controladas ou tratadas com a prática de atividades aeróbias realizadas de

maneira contínua. Ressalta-se ainda, que detectar ou prognosticar tais aspectos

antecipadamente, em populações de crianças e jovens, e iniciar precocemente os

trabalhos é fundamental para o sucesso da intervenção.

Adicionalmente, vale destacar que o diagnóstico da condição física de uma

pessoa obesa, embora tenha como prescrição específica a prática de exercícios

aeróbios, pode indicar também comprometimento do grau de amplitude articular em tal

nível que, antes de iniciar, por exemplo, atividade de caminhada, deva tal pessoa ser

submetida a um tratamento específico com exercícios de flexibilidade, para prevenir

eventuais danos à realização da própria caminhada. Em outras palavras, recomenda-

se como adequado o oferecimento de disciplinas específicas para tratar das

capacidades físicas relacionadas à saúde, que envolvem os aspectos:

cardiorrespiratório, flexibilidade, resistência muscular localizada, força muscular e

composição corporal, com exercícios isolados e específicos, ou contextualizados na

prática de esportes individuais e coletivos.

7.6 – OBJETIVO

Formação inicial de profissionais em Educação Física aptos a avaliar, prescrever

e orientar programas de exercícios físicos, visando a aptidão física para o rendimento

físico ótimo, e a prevenção de distúrbios metabólicos, funcionais e motores em pessoas

saudáveis nas diferentes fases do seu desenvolvimento, bem como a reabilitação da

saúde em pessoas com diferentes níveis de condição patológica associada a estes

distúrbios.

7.7 – EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.7.1 - Desenvolvimento de competências

A concepção de "competência" é entendida como a capacidade de mobilizar

conhecimento de diferentes naturezas, transformando-os em ação que permite superar

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34

a dicotomia entre teoria e prática na formação de profissionais, particularmente

destacada na Educação Física, pela tradicional distinção entre aulas "práticas"

(esporte, ginástica, exercícios físicos específicos, etc.) e aulas "teóricas" na sala de

aula (fisiologia, fisiopatologia, anatomia, etc). Ademais, reconhece-se que os

conhecimentos que o profissional mobiliza para responder às diferentes demandas das

situações de trabalho incluem não só aqueles cientificamente elaborados, mas também

os construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o

denominado "conhecimento de trabalho", nem sempre passível de verbalização ou

teorização, parece desempenhar importante papel na história de professores bem-

sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas, dando respaldo à afirmação

de que "profissionais sabem mais do que conseguem verbalizar". Se nem todas as

competências podem ser "ensinadas" nas situações formais de sala de aula, por outro

lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a organização curricular propicie

situações adequadas para tal aos graduandos - é o que se deve pretender com as

"vivências didáticas" planejadas nas disciplinas diretamente ligadas à “Dimensão da

Prática” e nos Estágios Supervisionados.

Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais deve

ser central na organização curricular do curso de Bacharelado em Educação Física,

refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas disciplinas, bem

como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que adquire assim o

sentido de prática profissional.

Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências gerais

que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao

comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da sociedade

democrática; (ii) à compreensão do papel social no campo da saúde (iii) ao domínio

dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação; (iv)

ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de

investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.

7.7.2 - Concepção de Conteúdo

Os conteúdos que compõem o currículo do bacharelado são mais amplos do que

os conteúdos do programa de intervenção desenvolvido pelo profissional que atua no

âmbito do exercício físico e saúde. Nesse caso, há dois aspectos a serem

considerados: (i) a fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as

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abordagens biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de

intervenção do campo do exercício físico e saúde, mas nem por isso menos importante

para que o profissional compreenda seu próprio trabalho; (ii) a Educação Física

trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas

modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode

descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o caso

de novas modalidades ginásticas e novas técnicas de tratamento pelo exercício no

campo da saúde.

Portanto, a matriz curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física deve

conter forte fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico,

psicológico e sociocultural. Parte importante dos conteúdos curriculares provém das

diversas práticas da cultura corporal, incluindo conhecimentos, vivências e didáticas

específicas em jogos, atividades aquáticas, ginásticas, atividades rítmicas, esportes e

lutas, considerando as características individuais e grupos específicos.

7.7.3 - Concepção de Aprendizagem

É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”. Informação

refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos, por exemplo),

refere-se aos dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação também instrui,

orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar, construir uma

realidade a partir de alguns códigos. É um modo de ordenar o caos, organizar ou

estruturar elementos dispersos procedente do meio ambiente.

“Conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as propriedades,

as características, os traços específicos de alguma coisa; são as operações pelas

quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade, de modo a definir sua

natureza. Segundo Abbagnano50, do ponto de vista filosófico, conhecimento é a técnica

para verificação de um objeto, é o procedimento que possibilite a descrição, o cálculo

ou a previsão controlável de um objeto (entidade, fato, coisa, realidade ou

propriedade).

Portanto, quando falamos em formação profissional, informação e conhecimento

estão envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de

elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos os

sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo sujeito, para

o qual a informação é necessária, mas não suficiente.

50

ABAGNANNO, op. cit.

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36

Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na

qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades pessoais.

O que se pode aprender em dado momento depende das formas de pensamento, dos

conhecimentos construídos e das situações de aprendizagem vivenciadas. Por isso,

fala-se em constituição de competências, na medida em que o indivíduo se apropria de

elementos com significação na cultura. É importante observar que não há oposição

entre conhecimentos e competências, pois não há real construção de conhecimentos

sem que resulte, do mesmo movimento, a construção de competências.

Situações particulares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,

nas quais profissionais são coparticipes, concorrendo igualmente para o êxito do

trabalho. Embora o profissional, os colegas e os recursos disponíveis contribuam para

que a aprendizagem seja efetivada, nada substitui a atuação do próprio aluno na tarefa

de construir significados sobre os conteúdos da aprendizagem. É ele que modifica,

enriquece e, portanto, constroem novos e mais potentes instrumentos de ação e

interpretação. Nesse processo, é importante levar em conta as características

individuais e as experiências de vida dos futuros graduados, inclusive experiências

profissionais.

Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar situações

de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento de projetos

que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados estes em

áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros profissionais sejam desafiados por

situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam superação, e que

vivenciem situações didáticas nas quais possam refletir, experimentar e agir, a partir

dos conhecimentos que possuem.

7.7.4 - Simetria Invertida

A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de que

o futuro profissional vivencie, como aluno, durante o processo de formação, as atitudes,

modelos de intervenção, capacidades e modos de organização que possam ser

concretizados em sua atuação profissional; ou seja, a formação inicial deve ser uma

experiência análoga – mas não cópia mecânica – à experiência de aprendizagem que

ele deve facilitar a seus futuros alunos.

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37

7.7.5 - A Prática como Eixo Central

A articulação entre teoria e prática não pode ficar sob a responsabilidade restrita

de uma ou outra disciplina isolada (sob a forma de Estágio Supervisionado),

desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar reproduzindo a dicotomia

entre teoria e prática, questão historicamente problemática na Educação Física. A

prática transcende o estágio, e o curso deve contemplar uma diversidade de situações

didáticas em que os futuros profissionais não só mobilizem os conhecimentos que

aprenderam, transformando-os em ação, mas também possam mobilizar outros, de

diferentes naturezas e, principalmente, tenham a oportunidade de refletir sobre a

prática profissional, sua e de outrem, no sentido de avaliá-la, criticá-la, adquirindo a

competência de permanentemente construí-la e reconstruí-la. Assim, o exercício da

prática profissional e da reflexão sistemática sobre elas deve ocupar lugar central na

matriz curricular, não se confundindo com uma disciplina que transmite conteúdos

“sobre” a prática.

Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso

de Bacharelado em Educação Física deverá estar presentes nas disciplinas das

dimensões do conhecimento da formação ampliada (o corpo humano, o ser humano e

a sociedade, a produção do conhecimento), que deverão problematizar a prática a

partir de diferentes “olhares”, e nas disciplinas das dimensões do conhecimento da

formação específica (manifestações da cultura corporal de movimento e técnico-

instrumental), que deverão explicitar os conteúdos e estratégias que garantam, sob

diferentes enfoques e vivências, o diálogo com a prática profissional em Educação

Física. Como eixo central da dimensão da prática, as disciplinas ligadas à intervenção

didático-pedagógica no campo do exercício físico e da saúde estabelecerão interação

com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado em clínicas, centros de saúde,

hospitais, academias, dentre outros, quando o futuro profissional toma conhecimento

do real em situação de trabalho.

7.7.6 - Pesquisa e Atitude Investigativa

A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do

professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de

compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e à

autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus

objetos de ensino.

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Para forjar a autonomia dos profissionais, é indispensável que eles saibam como

são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam minimamente os

contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes ciências, para que não se

tornem meros repassadores de informações. Para isso é necessário conhecer e saber

usar procedimentos de pesquisa: levantamento de hipóteses, delimitação de

problemas, registro e análise de dados, etc., além de familiarizar-se com os diferentes

delineamentos de pesquisa: experimental, estudos de campo, pesquisas qualitativas

etc. Também é importante considerar que o acesso aos conhecimentos e métodos da

investigação acadêmica, nas diferentes áreas que compõem seu conhecimento

profissional, alimenta o seu desenvolvimento e possibilita ao profissional manter-se

atualizado. O desenvolvimento de tais competências deve ser preocupação constante

das disciplinas da unidade de formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães

(biologia, psicologia, sociologia etc.)

As disciplinas que lidam especificamente com o conhecimento didático-

pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que tratam do trabalho de intervenção

do profissional, no sentido de evidenciar como ele, em seu cotidiano, também produz

conhecimentos e saberes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza,

integra, avalia, cria e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos.

Por fim, a etapa que finaliza a integração do trabalho científico e pedagógico é o

trabalho de conclusão do curso, com caráter de monografia específica para o bacharel,

abrangendo temas em todas suas vertentes de atuação profissional.

7.7.7 - Concepção de Avaliação

A avaliação é um processo útil para problematizar a atuação profissional,

reorientar o processo de ensino e facilitar a autoavaliação do profissional, assim como

atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos e

às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de ser entendida como parte do

processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros

profissionais, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,

além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o

conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos de

avaliação e autoavaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do

profissional em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não

só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para

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realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se

diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.

No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática da

avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da “simetria

invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito de "cultura

corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos procedimentos de

avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo nas disciplinas que têm

nas vivências corporais (atividades rítmicas, jogos etc.) parte importante dos seus

conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e diferenciação entre os aspectos

a serem considerados para a atribuição de conceitos aos alunos, e os que serão úteis

para a autoavaliação do professor e do próprio ensino.

Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:

A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou

denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;

A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, social e

motor;

A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática das

atividades corporais de movimento;

A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo cronograma

de estudo;

A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno expressar-

se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos conhecimentos

relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso, da sua capacidade

de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.

Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados

em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse, participação e

capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e provas escritas, testes

para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e capacidades físicas, resolução

de situações problemáticas em diferentes intervenções, propostas pelo professor.

Evidentemente, os instrumentos e exigências da avaliação deverão estar em sintonia

com o nível de desenvolvimento da turma e o conteúdo efetivamente ministrado. É

necessário que a avaliação inclua, ao longo do ano, várias destas estratégias. É

importante informar ao aluno quais são os momentos de avaliação formal, e quais

aspectos serão avaliados e transformados em conceito.

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7.8 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

7.8.1 - Competências referentes ao comprometimento com os valores

inspiradores da sociedade democrática

Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça, respeito

mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para atuação como

profissional e cidadão;

Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores democráticos e

por pressupostos epistemológicos coerentes;

Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos graduandos, em seus

aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas de

discriminação.

7.8.2 - Competências referentes ao domínio dos conteúdos básicos e

específicos do bacharelado em Educação Física como área de

conhecimento:

Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de conhecimento

que serão objeto da atividade profissional (o corpo humano, o ser humano e a

sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura corporal de

movimento, técnico-instrumental, intervenção didático-pedagógica no campo do

exercício físico e saúde) de modo a: (a) reconhecer nos conteúdos suas dimensões

conceituais, procedimentais e atitudinais; (b) adequá-los às atuações profissionais

próprias das diferentes etapas da vida;

Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento com: (a) os

fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos significativos

da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas tarefas,

atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional;

Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, e de

produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de

aprendizagem dos alunos;

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7.8.3 - Competências referentes ao domínio do conhecimento didático-

pedagógico no campo da aptidão física e saúde

Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações de intervenções eficazes para a

aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das

áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas propostas, dos contextos

sociais considerados relevantes para uma atuação eficaz do profissional na área de

saúde, aptidão física e esporte.

Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e de

agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as

mais adequadas, consideradas a diversidade da clientela, os objetivos das

intervenções propostas e as características dos próprios conteúdos;

Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para uma atuação profissional

eficiente, diversificando e adaptando as possíveis atividades e potencializando seu

uso em diferentes situações;

Estabelecer uma relação de autoridade e confiança com a clientela;

Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação

responsável de sua autoridade;

Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de seus

resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;

7.8.4 - Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação

Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na intervenção

profissional;

Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto profissional e analisando a própria prática;

Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos da área de atuação e ao conhecimento necessários para a atuação;

Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.

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7.8.5 - Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento

profissional

Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude de

disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no uso

da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em

compartilhar a prática e produzir coletivamente;

Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos sistemas,

legislação e as políticas na área de saúde e Educação Física, para uma inserção

profissional crítica.

7.9 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.9.1 - Dimensões do conhecimento

Formação Ampliada

A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em todos

os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar

uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um

trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo

um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade

da Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:

A) O corpo humano

Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As representações do

corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o discurso filosófico. O

corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno biológico. O corpo e o

processo de crescimento e desenvolvimento humano.

B) O ser humano e a sociedade

Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a especificidade da

Educação Física em suas dimensões socioculturais e educacionais, sob as

perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e filosofia da educação.

Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.

C) Produção do conhecimento

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Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento. Discute

os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de conhecimento e as

relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em Educação Física. A

pesquisa científica em Educação Física.

Formação Específica

A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da Educação

Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-pedagógicas

e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento humano, com o

propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–profissional em face das

competências e das habilidades específicas do bacharel em Educação Física. É

constituída por três dimensões do conhecimento:

A) Manifestações da cultura corporal de movimento

Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando sua

transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras específicas,

buscando a construção e transformação dos conhecimentos com ênfase na dimensão

procedimental dos conteúdos, por meio do estudo dos contextos, valores, princípios e

métodos de ensino envolvidos.

B) Técnico-instrumental

Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento

biológico, motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de

técnicas, de atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a

compreensão e desenvolvimento de meios de avaliação

C) Intervenção didático-pedagógica no campo do exercício físico e saúde

Busca conhecer as diferentes formas de manifestações patológicas de ordem

estrutural e metabólica, seus princípios etiológios, bem como suas consequências, as

quais subsidiem os profissionais na avaliação e intervenção pelo exercício físico.

Estuda, avalia e analisa criticamente os programas de treinamento físico, bem como as

informações nutricionais voltados à prevenção, tratamento e reabilitação das diferentes

patologias específicas. Busca inter-relacionar os conhecimentos obtidos durante a

graduação com situações reais, discutindo problemas, situações e processos

relacionados à atuação profissional.

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8.9.2 - Organização Temática

A. Dimensão do conhecimento: O corpo humano

Competências específicas desejadas:

- Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,

compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;

- Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de crescimento

e desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e social;

- Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de

aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano, suas

capacidades e limites;

- Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem

corporal, facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do

movimento;

- Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do corpo

humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde e

prevenção de doenças;

- Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a sociedade.

Temas:

O corpo anátomo-fisiológico

Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a

prática da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos com

o desenvolvimento e desempenho motor.

O corpo mecânico

Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua

interação com o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na

atividade física e a relação da Física com as manifestações da cultura corporal do

movimento.

O corpo como conceito filosófico

Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O corpo

como presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.

O corpo como linguagem

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Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de

linguagem e significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da

motricidade e base das manifestações da cultura corporal de movimento.

Corpo e autoconhecimento

Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas

dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da percepção;

do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de si, do outro e do

mundo vivido e almejado.

O crescimento e o desenvolvimento humano

Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e

desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-

relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas implicações

para a Educação Física.

B. Dimensão do conhecimento: O ser humano e a sociedade

Competências específicas desejadas:

- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às dimensões

históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e psicológicas na

área de saúde;

- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a) os

fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos significativos

da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem no contexto profissional,

com o distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto profissional e analisando a própria prática;

- Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para manter-

se atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;

- Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o

aprimoramento de sua prática profissional.

- Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à Sociedade

para uma inserção profissional crítica na área de saúde.

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Temas:

As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da

cultura corporal do movimento no processo da civilização humana.

A dimensão psicológica da Educação Física

Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a

Educação Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação.

A saúde como fenômeno social e histórico

Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa

perspectiva social e histórica. Discute as inter-relações entre saúde, sociedade,

educação e o papel do profissional da Educação Física.

C. Dimensão do conhecimento: Produção do conhecimento

Competências específicas desejadas:

- Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações

relevantes no âmbito do exercício profissional;

- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto de intervenção e analisando a própria prática profissional;

- Utilizar-se dos conhecimentos do âmbito do exercício físico e da saúde para manter-

se atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;

- Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.

- Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de disponibilidade e

flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e empenho no uso da

escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

- Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em

compartilhar a prática e produzir coletivamente conhecimentos relacionados ao

exercício físico e saúde;

- Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica no

contexto dos serviços de saúde.

Temas:

A teoria do conhecimento e a epistemologia

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Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e

“conhecer” os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e

Ciências Humanas/Sociais.

A teoria da Educação Física

Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do

conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa

criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto

histórico.

Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento

científico como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as

etapas do trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para a

pesquisa em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.

D. Dimensão do conhecimento: Manifestações da cultura corporal de movimento

Competências específicas desejadas:

- Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas e

expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos,

- Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades que envolvam as diversas

manifestações da cultura corporal de movimento,

- Manejar diferentes estratégias na utilização das várias manifestações da cultura

corporal de movimento considerando a diversidade dos alunos e o contexto,

- Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as dimensões

históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e econômicas

que envolvem a vida humana, buscando compreender suas construções e as

relações com a atualidade,

- Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de movimento,

reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras formas de

movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais

possibilidades de criação.

Temas:

O fenômeno lúdico

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Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as inter-relações

entre Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as brincadeiras na

Educação Física articulados com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício

físico e saúde.

O fenômeno esportivo

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,

princípios pedagógicos e métodos de ensino dos esportes e das lutas, assim como as

transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da

intervenção em exercício físico e saúde.

As atividades rítmicas/expressivas

Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus estilos/ritmos,

articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e saúde.

A ginástica

Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta as

principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios e

técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e

saúde.

E. Dimensão do conhecimento: Técnico-instrumental

Competências específicas desejadas:

- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a

comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da variáveis

fisiológicas e da aprendizagem;

- Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do

organismo, frente aos programas de atividade física em diferentes etapas da vida do

ser humano;

- Compreender os princípios para formulação de programas de atividades físicas

voltadas para diferentes etapas da vida do ser humano.

- Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e contemporâneos

do treinamento físico;

- Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas de

avaliação das capacidades físico motoras aplicadas às diferentes etapas da vida do

ser humano;

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- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamentos físicos voltados a

necessidades específicas nas diferentes etapas da vida do ser humano;

- Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização técnica

adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento motor;

- Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente para à prática

exercício físico.

Temas:

Comportamento motor

Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e

aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes

no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.

A fisiologia do exercício

Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes

formas do exercício físico.

Os princípios básicos do condicionamento físico

Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções gerais

dos princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas formas de

atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o desempenho

físico.

Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora

Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e

instrumentos para avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e aptidão

física, da medição aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e

instrumentação associadas a medição do homem em movimento, bem como da inter-

relação da avaliação com a estatística.

F - Dimensão do conhecimento: Intervenção didático-pedagógica no campo da

aptidão física e saúde

Competências específicas desejadas:

- Compreender, discutir e relacionar os conceitos e teorias do desenvolvimento e

adaptações diferentes sistemas fisiológicos (neuromuscular; cardiorrespiratório,

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50

digestório, endócrino e bioquímica humana) frente ao esforço físico e suas relações

com a manutenção de boas condições de saúde humana;

- Compreender os princípios e desenvolver programas de atividades físicas e

treinamento físico voltados ao desenvolvimento adequado dos diferentes sistemas

fisiológicos;

- Conhecer os diferentes constituintes da Morfologia Humana e suas formas de

análise e mensuração;

- Conhecer os diferentes formas de manifestações patológicas de ordem estrutural e

metabólica, seus princípios etiológicos, consequências, tratamentos e meios de

prevenção;

- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico voltados às

necessidades patológicas específicas de ordem estrutural e metabólica;

- Compreender, analisar, estudar e adequar o uso e a instrumentalização de técnicas

e planos nutricionais frente a programas de atividade física voltados à prevenção,

tratamento e reabilitação de distúrbios de ordem metabólica e nutricional;

- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a

gerenciamento e divulgação de suas atividades;

Temas:

Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória

Estuda os mecanismos de avaliação, desenvolvimento e adaptação das

capacidades físicas relacionadas à saúde.

Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo

exercício

Estuda a gênese dos diferentes distúrbios, tanto estruturais como metabólicos,

compreendendo assim as formas de prevenção. Estuda as várias possibilidades de

tratamentos e reabilitação existentes, utilizando, entre outros meios, o exercício físico.

Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício

Estuda a utilização dos metabolismos de carboidratos, lipídios e protídios como

fonte energética durante o repouso e exercício. Aprofundamento em reações

enzimáticas e processos bioquímicos que ocorrem durante o exercício. Analisa

criticamente como os processos bioquímicos e nutricionais podem auxiliar juntamente

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51

com a execução correta dos exercícios físicos, os processos de prevenção, tratamento

e reabilitação de doenças crônico-degenerativas que acometem a sociedade moderna.

As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em

interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se confundem

com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser entendidos como

os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências didáticas planejadas ao

longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo próprio aluno, na forma de

disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.

O Quadro 2 busca sintetizar a organização curricular das dimensões do

conhecimento e dos temas em cada uma delas.

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52

QUADRO 2. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS

. A teoria do conhecimento e a epistemologia

. A teoria da Educação Física

. Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

. O corpo anátomo-fisiológico

. O corpo mecânico

. O corpo como conceito filosófico

. Corpo e auto-conhecimento

. As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

. A dimensão psicológica da Educação Física

. A saúde como fenômeno social e histórico

FORMAÇÃO AMPLIADA

FORMAÇAO ESPECÍFICA

O CORPO HUMANO O SER HUMANO E A SOCIEDADE A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO

INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO

. o fenômeno lúdico

. o fenômeno esportivo e as lutas

. as atividades rítmicas

. a ginástica

TÉCNICO-INSTRUMENTAL

. comportamento motor

. a fisiologia do exercício

. os princípios e as técnicas do condicionamento físico

. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora

A DIMENSÃO DA PRÁTICA

. Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória

. Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo exercício

. Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício

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7.9.3 - Outras atividades de formação

Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,

totalizando 210 horas e articuladas à formação específica e ampliada. Permitem a

diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo

graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e

especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão

de Curso.

7.9.3.1 - Atividades Optativas

Serão programadas para um total de 120 horas e indicadas pelo Conselho de

Curso, ou selecionadas pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do

Curso, dentre pelo menos dois tipos dos seguintes grupos de atividades:

A) A) Participação em evento acadêmico-científico

O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica,

pré-selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como

exemplo o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio

Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido

pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep

(promovido pela UNIMEP), Simpósio de Educação Física e Esporte em Cardiologia,

(promovido pelo Departamento de Educação Física e Esporte da Sociedade de

Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP) e a “Reunião Científica da Educação

Física”, promovida pelo Centro Acadêmico de Educação Física/Coordenação do Curso

de Educação Física da Faculdade de Ciências. A participação em evento acadêmico-

científico contabilizará um determinado número de horas, a ser estabelecido pelo

Conselho de Curso, e deverá ser comprovada mediante comprovante emitido pela

instituição promotora. A apresentação de trabalho nestes eventos contabilizará bônus

em horas, a ser quantificado pelo Conselho de Curso.

B) Participação em eventos técnicos (clínicas, workshops, mini-cursos e Cursos

de Extensão)

A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas

mais variadas temáticas, promovido por diversas entidades (instituições de ensino

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54

superior, entidades representativas de classe, associações profissionais etc.), os quais

costumam contar com maciça participação de graduandos em Educação Física. São

eventos e cursos que em geral abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos

ou socioculturais da Educação Física e da saúde. Além de aprofundar, ampliar e

atualizar o leque de conteúdos na formação, inclusive abordando temáticas

emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos interesses específicos dos

graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de

Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido pelo aluno em tais atividades de

formação, exigindo-se certificado emitido pela entidade promotora. Tais eventos e

cursos poderão ser ofertados pela própria Faculdade de Ciências, voltando-se a uma

dupla finalidade: formação inicial e formação continuada, o que traria a vantajosa

situação, do ponto de vista pedagógico, de interação entre profissionais e graduandos.

C) Assistência a palestras

Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas

ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser

estranhos ao corpo docente do Curso ao a ele pertencentes (neste caso, devendo

tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a

fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a

formação do futuro profissional. A Coordenação de Curso, em articulação com os

diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra

por semestre, no período regular de aulas.

D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de

iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão

Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de

uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didático-pedagógica,

quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,

estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante

Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de

extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física

e os demais envolvidos no Curso mantém grupos de estudos e Laboratórios, com

temáticas definidas em função de linhas de pesquisa departamentais ou em

decorrência de interesses específicos, aos quais podem se agregar os graduandos, a

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55

partir de suas preferências. Atualmente, existem os seguintes grupos de

estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.: Laboratório de Pesquisas

em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e Históricos da Educação

Física, Laboratório de Informação Visual e Ação. O Departamento de Educação Física

mantém também projetos de extensão que oferecerem programas de atividades físicas

orientadas para a comunidade (atividade física para portadores de Hipertensão e

Diabetes e atividade física para prevenção e tratamento de fatores de risco de doenças

cardiovasculares), nos quais os graduandos assumem a regência de turmas numa

situação mais controlada, com grau de dificuldade menor em relação às situações

“reais” (por exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão

institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral

especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de

“ser profissional”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser

minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de

um determinado número de horas, bem como, regulamentará as horas dispendidas

pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório em que conste as

atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,

projeto, bolsa etc.

A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do

graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de

aula, com a presença do docente, mas devem incluir experiências profissionais

diversificadas, com maior ou menor graus de formalidade e obrigatoriedade.

Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes

vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento

acadêmico, minicursos, workshops, palestras, grupos de estudo, participação em

projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração

ensino-pesquisa-extensão.

Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera

formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de

Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto

pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos

temas propostos neste projeto.

Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um

profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela

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56

crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados

ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.

7.9.3.2 - Atividade Obrigatória

A) Trabalho de Conclusão de Curso

A ser orientado por docente do Curso, terá caráter monográfico e um total de 90

horas, entendendo-se por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de

modo estruturado de um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e

aprofundado51. O Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente

contemplar tema ligado ao campo de exercício físico e saúde. A carga horária de 90

horas será distribuída ao longo dos últimos três termos (semestres) do Curso, visando

garantir suficiente tempo de interação entre orientador e aluno. No termo anterior ao

início do Trabalho de Conclusão de Curso, a disciplina “Processos de Produção do

Conhecimento Científico em Educação Física–II” tratará da elaboração do projeto do

Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso haverá o desenvolvimento do

Trabalho propriamente dito, sob orientação de um docente previamente aprovado pelo

Conselho de Curso. A disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico

em Educação Física I e II” deverá subsidiar, com conhecimentos básicos, a elaboração

do Trabalho de Conclusão de Curso. Deverá ser garantido pelo Departamento, ao qual

se vincula o orientador, encontros periódicos entre orientadores e orientados.

7.9.4 - A Dimensão da Prática

Na organização curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física, com

aprofundamento em aptidão física e saúde, da Faculdade de Ciências, a dimensão da

prática deverá estar presente:

a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um diálogo com

a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.

b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da cultura

corporal de movimento e exercícios físicos voltados à prevenção e tratamento de

condições patológicas específicas. Particularmente, nas disciplinas relacionadas à

51

Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

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57

cultura corporal do movimento é que se manifesta em especial o fenômeno da “simetria

invertida”, em que a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer dizer, os

“movimentos” em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, em tais disciplinas

o graduando encontra-se em situação similar aos alunos ao quais futuramente ensinará

– ou seja, é um iniciante naquela modalidade e, portanto, é simultaneamente “sujeito” e

“objeto” da prática. Portanto, é preciso alertar o futuro profissional sobre as distinções e

similaridades de tais processos, assim como é necessário a integração entre a

disciplinas da dimensão “Técnico Instrumental” e da dimensão “Intervenção didático-

pedagógica no campo do Exercício Físico e saúde”a fim de que não haja contradições

entre a teorização e a prática efetiva das atividades. Essas disciplinas, para além do

mero ensino dos gestos motores (dimensão procedimental), envolvem as dimensões

conceituais e atitudinais dos conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios

pedagógicos e as transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das

manifestações específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar procedimentos de

observação e reflexão para compreender e atuar em situações contextualizadas,

envolvendo observação e registro de aulas, resolução de situações-problemas no

ensino das manifestações corporais específicas, entrevistas com profissionais,

situações simuladas, estudos de caso, participação na organização de eventos, etc.

c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão do

estágio estará sob a denominação de “práticas formativas” associadas às disciplinas

específicas, como por exemplo: Fisiopatologia e Tratamento pelo exercício: da

Hipertensão, da Obesidade, do Diabetes, de Doenças Cardiovasculares, de Pessoas

com Deficiências e portadoras de Distúrbios Locomotores, na medida em que são

disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos conteúdos que serão

objeto da atividade profissional, adequando-os às atividades próprias da Educação

Física. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas, além dos conteúdos

específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas docentes vivenciadas

pelos alunos nas atividades no Estágio Supervisionado poderão ser discutidas em sala

de aula, por intermédio de filmagem em vídeo, depoimentos, situações simuladas,

discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma reflexão crítica sobre a

prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas oferecidas pelas disciplinas

envolvidas. O conjunto das disciplinas que compõem a totalidade do estágio

supervisionado do Curso de Bacharelado em Educação Física, com aprofundamento

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em Exercício Físico e Saúde, da Faculdade de Ciências, são apresentadas abaixo,

como segue:

A) Conjunto de Disciplinas da Dimensão Geral da Prática

A distribuição da prática enquanto componente curricular está apresentado na

Tabela 1, totalizando 375 horas.

Tabela 1: Disciplinas com prática como componente curricular no curso de Bacharelado em Educação Física.

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

NC Carga Horária

Práticas Formativas em Atletismo 1 15

Práticas Formativas em Futebol 1 15

Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15

Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15

Práticas Formativas em Handebol 1 15

Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15

Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15

Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano 1 15

Práticas Formativas em Jogos Atividades Lúdicas e de Lazer 2 30

Práticas Formativas em Voleibol 1 15

Práticas Formativas em Capoeira 1 15

Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15

Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

1 15

Práticas Formativas em Karatê 1 15

Práticas Formativas em Dança 1 15

Práticas Formativas em Basquetebol 1 15

Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15

Práticas Formativas em Ginástica 2 30 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório

1 15

Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Flexibilidade 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal 1 15

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B) Conjunto de Disciplinas do Estágio de Intervenção profissional no campo da

Aptidão Física e Saúde

As disciplinas que incorporarão o estágio profissional supervisionado no curso

de Bacharelado em Educação Física estão apresentadas na Tabela 2, totalizando 360

horas.

Tabela 2: Disciplinas com estágio profissional supervisionado no curso de Bacharelado.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

NC Carga

horária

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I 2 30

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II 2 30 Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas 2 30 Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório 2 30

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na Composição Corporal 2 30

Nos estágios supervisionados a serem concretizados em serviços de

atenção primária, secundária e terciária à saúde52, quando o futuro profissional

toma conhecimento do real em situação de trabalho, e testa suas competências por um

determinado tempo, mediante projeto planejado e avaliado conjuntamente pelo

Conselho de Curso/Departamento de Educação e os serviços especializados, o que

52

Serviços de Saúde compreendem instalações ambulatoriais de Unidades Básicas de Saúde, clínicas

particulares, hospitais, academias de ginástica, entidades representativas de classe, entre outras, que ofereçam

atividades físicas voltadas à prevenção primária, secundária e terciária. Por se tratar de campo de intervenção

recente e em expansão, o Departamento de Educação Física implantou dois serviços, um de atendimento a pacientes

em tratamento ambulatorial, portadores de hipertensão, diabetes e obesidade; e outro, com servidores da saúde, com

os agravos mencionados anteriormente, ou com fatores de risco para doenças cardiovasculares e

osteomioarticulares, devendo se consolidar como campo de estágio dos alunos do curso. Também implantará outros

serviços de atenção à clientela aparentemente saudável.

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60

pressupõe uma relação pedagógica entre um profissional experiente no campo de

exercício físico e saúde e um aluno estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob

a supervisão daquele profissional experiente, o processo de ensino e aprendizagem

que, tornar-se-á futuramente autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o

papel de profissional, deve envolver-se também com a prescrição dos exercícios e

planejamento das atividades, bem como as avaliações. O estágio supervisionado terá

duração mínima de 360 horas, concentradas nos dois últimos anos do Curso (integral e

Noturno), e deverá dividir-se entre as disciplinas específicas do núcleo de

aprofundamento. Assim, os Estágios Supervisionados deverão estar articulados, em

cada termo, com as seguintes disciplinas diretamente vinculadas, no terceiro e quarto

anos às disciplinas de aplicação específica ao campo da aptidão física e saúde. Tal

articulação far-se-á no sentido de recuperar as práticas vivenciadas pelos alunos nas

atividades de Estágio Supervisionado, por intermédio de depoimentos, situações

simuladas etc., propiciando uma reflexão sobre a prática, balizada pelas orientações

didático-pedagógicas oferecidas a partir da perspectiva de cada uma das disciplinas.

7.9.5 – MATRIZ CURRICULAR

7.9.5.1 - Disciplinas pertencentes ao eixo básico da formação profissional

A. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O CORPO HUMANO

Disciplinas Obrigatórias:

Anatomia Humana Geral

Anatomia do Sistema Locomotor

Bases Biológicas da Educação Física

Fisiologia Humana Geral

Biomecânica do Sistema Locomotor

Crescimento e Desenvolvimento Humano

Fisiologia do Exercício I e II

Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico

Princípios de Nutrição

Disciplinas Optativas: a serem definidas

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B. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O SER HUMANO E A SOCIEDADE

Disciplinas Obrigatórias:

História da Educação Física

Filosofia e Educação Física

Antropologia Cultural e Educação Física

Psicologia e Educação Física

Sociologia e Educação Física

Disciplinas Optativas: a serem definidas

C. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Disciplinas Obrigatórias:

Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

Teoria da Educação Física

Noções Básicas de Estatística

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

Disciplinas Optativas: a serem definidas

D. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO

Disciplinas Obrigatórias:

Atletismo

Futebol

Atividades Rítmicas

Handebol

Atividades Aquáticas

Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

Karatê

Voleibol

Capoeira

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62

Dança

Basquetebol

Ginástica

Disciplinas Optativas: a serem definidas

E. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Disciplinas:

Primeiros Socorros

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

Aprendizagem motora

Medidas e Avaliação em Educação Física

Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

Educação em Saúde

Farmacologia

Neurociência e Comportamento Motor

Controle Motor

Disciplinas Optativas: a serem definidas

7.9.5.2 - Disciplinas pertencentes ao eixo específico da formação profissional

A. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO CAMPO DA

APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

Disciplinas Obrigatórias:

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular I e II

Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes I e II

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor I e II

Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do

Comportamento

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63

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório

Princípios e Técnicas de Prescrição para a Flexibilidade

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção sobre a Composição Corporal

Disciplinas Optativas: a serem definidas

A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno

são apresentados nas Tabelas 3 e 4.

Tabela 3: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Integral.

Bacharelado em Educação Física

Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de 2015)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017

Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 508, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017

Cód. Depto. Disciplina NC Pré-

Requisito Curso

1º Termo

BIO Anatomia Humana Geral 04 TC

DEF Bases Biológicas Da Educação Física 02 TC

DEF História da Educação Física 04 TC

DEF Atletismo 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

DEF Futebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC

CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa 02 TC

DEF Atividades Rítmicas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Créditos 24

2º Termo

BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC

DEF Primeiros Socorros 03 TC

DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

DEF Teoria da Educação Física 02 TC

CHU Filosofia e Educação Física 02 TC

DEF Handebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC

DEF Atividades Aquáticas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 24

3º Termo

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DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Aparelho Locomotor

01 TC

DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano

01 TC

DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC

DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC

DEF Prática Formativa em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

02 TC

DEF Voleibol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

EP Noções Básicas de Estatística 02 TC

CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

04 TC

Créditos 28

4º Termo

DEF Capoeira 03 TC

DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

DEF Aprendizagem Motora 03 TC

DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

01 TC

DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

DEF Karatê 03 TC

DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC

DEF Dança 03 TC

DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC

Créditos 26

5º Termo

DEF Basquetebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

PSI Psicologia em Educação Física 02 TC

CHU Sociologia em Educação Física 02 TC

DEF Educação em Saúde 03 TC

DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCEF -I TC

DEF Ginástica 04 TC

DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC

Créditos 20

6º Termo

DEF Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02 B

DEF Farmacologia 02 B

DEF Fisiologia do Exercício II 02 FE - I B

DEF Controle Motor 04 B

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65

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I

02 B

DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

02 B

DEF Estágio Supervisionado para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

02 B

DEF Neurociência e Comportamento Motor 04 B

DEF Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde

02 B

DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 B

Créditos 26

7º Termo

DEF Princípios de Nutrição 02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II

03 B

DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

01 B

Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

02 B

DEF Optativa I 04 B

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B

Créditos 31

8º Termo

DEF Princípios e Técnicas da Flexibilidade 03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Flexibilidade

01 B

Page 69: PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO · 2018-04-13 · iv - princÍpios norteadores do projeto pedagÓgico dos cursos de educaÇÃo fÍsica

66

DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força

01 B

DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força

02 B

DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal

01 B

DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas para a Intervenção em Composição Corporal

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II

02 B

DEF Estagio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II

03 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II

02 B

DEF Optativa II 04 B

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B

Créditos 31

CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; B: disciplinas específicas do Curso de Bacharelado em Educação Física.

Bacharelado em Educação Física: Integral – Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo de Bacharelado 147 Créditos – 2205 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 25 Créditos – 375 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A

Total de Créditos Exigidos no Bacharelado 218 Créditos – 3270 H/A

Tabela 4: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Noturno.

Bacharelado em Educação Física

Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de 2015)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017

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67

Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 508, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017

Cód. Depto. Disciplina NC Pré-

Requisito Curso

1º Termo

BIO Anatomia Humana Geral 04 TC

DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

DEF História da Educação Física 04 TC

DEF Atletismo 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

DEF Futebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC

CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Créditos 20

2º Termo

BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC

DEF Primeiros Socorros 03 TC

DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

DEF Teoria da Educação Física 02 TC

DEF Atividades Aquáticas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

EP Noções Básicas de Estatística 02 TC

Créditos 20

3º Termo

DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

DEF Práticas Formativas em Crescimento e

Desenvolvimento Humano 01 TC

DEF Atividades Rítmicas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC

DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC

DEF Práticas Formativas em Jogos, Atividades

Lúdicas e Lazer 02 TC

DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema

Locomotor 01 TC

Créditos 20

4º Termo

DEF Aprendizagem Motora 03 TC

DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

04 TC

DEF Karatê 03 TC

DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC

DEF Handebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC

DEF Capoeira 03 TC

DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Créditos 20

5º Termo

DEF Ginástica 04 TC

DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC

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68

CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

DEF Voleibol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

DEF Educação em Saúde 03 TC

DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

CHU Sociologia e Educação Física 02 TC

PSI Psicologia e Educação Física 02 TC

DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

Créditos 22

6º Termo

DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

01 TC

DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCEF - I TC

DEF Dança 03 TC

DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC

DEF Basquetebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

CHU Filosofia e Educação Física 02 TC

Créditos 20

7º Termo

DEF Princípios de Nutrição 02 B

DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

01 B

DEF Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

02 B

DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória

01 B

DEF Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Capacidade Cardiorrespiratória

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

DEF Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade

03 B

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69

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade

01 B

Créditos 22

8º Termo

DEF Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02

DEF Fisiologia do Exercício II 02 FE - I

DEF Controle Motor 04

DEF Neurociência e Comportamento Motor 04

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I

02

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – I

02

DEF Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde

02

DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 B

Créditos 20

9º Termo

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II

02

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Cardiovascular – II

03

DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento

02 B

DEF Fisiopatologia e Exercício: Obesidade e Diabetes – II

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Exercício para Obesidade e Diabetes – II

03 B

DEF Optativa I 04 B

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 B

Créditos 24

10º Termo

DEF Farmacologia 02 B

DEF Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

02 B

DEF Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

03 B

DEF Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

01 B

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70

DEF Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

02 B

DEF Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II

02 B

DEF Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – II

02 B

DEF Optativa II 04 B

DEF Trabalho De Conclusão de Curso II 02 B

Créditos 22

CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; B: disciplinas específicas do Curso de Bacharelado em Educação Física.

Bacharelado em Educação Física: Noturno - duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo 147 Créditos – 2205 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 25 Créditos – 375 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A

Total de Créditos Exigidos 218 Créditos – 3270 H/A

Na Tabela 5, estão distribuídas as disciplinas do Curso de Bacharelado em

Educação Física e a carga horária por docente responsável.

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Tabela 5: Disciplinas por docente no Curso (Integral e Noturno) de Bacharelado em

Educação Física.

NOME

TITULAÇÃO ACADÊMICA

REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)

HORAS

SEMANAIS

Alessandro Moura Zagatto

Doutor RDIDP

Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória Princípios e Técnicas da Prescrição para Intervenção em Composição Corporal Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para Intervenção em Composição Corporal

08

04

08

04

Anderson Saranz Zago

Doutor RDIDP

Medidas e Avaliação em Educação Física Educação em Saúde

08

08

Andresa Ugaya Doutor RDIDP Atividades Rítmicas Dança

08

08

Carlos Eduardo Lopes Verardi

Doutor RDIDP Ginástica 12

Cassiano Merussi Neiva

Livre-docente RTP

Fisiologia do Exercício I Fisiologia do Exercício II Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico Princípios de Nutrição

04

04

04

04

Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger

Livre-docente RDIDP Basquetebol História da Educação Física

08

08

Dalton Muller Pessoa Filho

Livre-docente RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor

08

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72

Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força Estágio em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força

08

04

Denise Aparecida Corrêa

Doutora RDIDP Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

12

Emmanuel Gomes Ciolac

Livre-docente RDIDP

Primeiros Socorros Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

08

04

Fábio Augusto Barbieri

Doutor RDIDP

Processo de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II Controle Motor

08

08

Henrique Luiz Monteiro

Doutor RDIDP

Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – II Estágio Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – II

04

04

04

04

José Roberto Bosqueiro

Doutor RDIDP

Bases Biológicas da Educação Física Fisiologia Humana Geral Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I

04

08

04

04

Júlio Wilson dos Santos

Doutor RDIDP

Futebol Princípios e Técnicas de Flexibilidade

08

04

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73

Lílian Aparecida Ferreira

Doutora RDIDP Handebol 08

Márcio Pereira da Silva

Doutor RDIDP

Atletismo Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – II Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – II

08

04

04

06

Marli Nabeiro Doutor RDIDP

Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas Estágio em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Sensoriais e Múltiplas

04

04

Milton Vieira do Prado Junior

Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Voleibol

08

08

Paula Favaro Polastri Zago

Doutora RDIDP

Crescimento e Desenvolvimento Humano Neurociência e Comportamento Motor

08

08

Rubens Venditti Junior

Doutora RDIDP

Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento Estágio em Atividade Física para Pessoas com Deficiências Intelectuais e Distúrbios do Comportamento Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

04

04

04

04

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74

Sandra Lia do Amaral Cardoso

Doutora RDIDP

Farmacologia Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II

04

08

10

Sérgio Tosi Rodrigues

Livre-docente RDIDP Aprendizagem Motora Karatê

08

08

Willer Soares Maffei

Doutor RDIDP Teoria da Educação Física 04

Departamento de Educação Física

Capoeira Optativas I e II Trabalho de Conclusão de Curso I e II

08

16

12

Departamento de Ciência Biológicas

Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor

08

08

Departamento de Ciências Humanas

Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

Filosofia e Educação Física Antropologia Cultural e Educação Física Sociologia e Educação Física

04

04

04

04

Departamento de Educação

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

08

Departamento de Engenharia de Produção

Noções Básicas de Estatística

04

Departamento de Psicologia

Psicologia e Educação Física 04

Obs.: Está computado a soma da carga para os períodos Integral e Noturno.

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75

VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO

Na Tabela 6 está apresentada a carga horária anual de disciplinas dos docentes

do Departamento de Educação Física nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em

Educação Física, nos cursos de pós-graduação, bem como a demanda de carga

horária sobre o Departamento de Educação Física sem docente responsável,

demonstrando uma carga horária média de 19,1 horas anuais de aulas na graduação,

visto que tem havido um rodízio entre os docentes para se ministrar as disciplinas

Optativas I e II dos cursos de licenciatura e bacharelado. Levando em consideração as

disciplinas ministradas na pós-graduação, esta carga horária média sobe para 23,7

horas anuais.

Tabela 6: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física.

Docente Carga Horária Anual

TC Lic. Bac. Estágio* Total

Graduação Pós Total

Alessandro M. Zagatto - - 16 04 20 06 26

Anderson S. Zago 16 - - - 16 06 22

Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16

Carlos E. L. Verardi 12 - - - 12 06 18

Cassiano M. Neiva 04 - 12 - 16 06 22

Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28

Dalton M. Pêssoa Filho 08 - 08 02 18 04 22

Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24

Emmanuel G. Ciolac 12 - - - 12 06 18

Fábio A. Barbieri 08 - 08 - 16 06 22

Henrique L. Monteiro 04 - 08 02 14 06 20

José R. Bosqueiro 12 - 04 02 18 04 22

Júlio W. Santos 08 - 04 - 12 06 18

Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28

Márcio P. Silva 08 - 08 03 19 - 19

Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14

Mauro Betti - 20 - - 20 04 24

Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16

Paula F. P. Zago 08 - 08 - 16 04 20

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76

Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21

Sandra L. A. Cardoso - - 12 05 17 06 23

Sérgio T. Rodrigues 16 - - - 16 06 22

Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16

Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA

08 28 28 - 64 - 64

Carga horária anual média por docente

19.1 23,7

*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.

Devido às adequações no currículo do curso de Licenciatura, ocorridas em

atendimento às alterações de legislação recentes (Deliberação CEE n. 111/2012,

Deliberação CEE n. 126/2014 e Deliberação CEE n. 132/2015), houve a criação de

disciplinas ("Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais" e "Tecnologias da

Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física"), bem como o aumento de

carga horária de algumas disciplinas já existentes ("Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer",

"Educação Física Escolar I", "Educação Física Escolar II" e "Educação Física Escolar

III"). Com isso, os docentes atuantes (ou com perfil de atuação) no Curso de

Licenciatura apresentam uma carga horária média de 21,1 horas anuais de aulas na

graduação, a qual sobe 24,8 horas anuais quando levado em consideração as

disciplinas ministradas pós-graduação (Tabela 7). Com isso, evidencia-se a

necessidade de se contratar ao menos 2 (dois) docentes em regime de RDIDP para

atender às demandas do Curso de Licenciatura, em virtude das adequações ocorridas

em atendimento às alterações de legislação acima mencionadas.

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77

Tabela 7: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física

atuantes ou com perfil de atuação no Curso de Licenciatura.

Docente Carga Horária Anual

TC Lic. Bac. Estágio* Total

Graduação Pós Total

Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16

Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28

Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24

Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28

Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14

Mauro Betti - 20 - - 20 04 24

Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16

Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21

Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16

Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA

08 28 - 36 - 36

Carga horária anual média por docente

21,1 24,8

*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.

Há ainda 2 (dois) docentes atuantes no Curso de Licenciatura irão se aposentar

nos próximos 12 meses, sendo um (Mauro Betti) em dezembro de 2016 e outro (Marli

Nabeiro) em julho de 2017. Dada a impossibilidade de outros docentes ministrarem as

disciplinas sob a responsabilidades dos docentes que se aposentarão, seja pela

sobrecarga de carga horária, bem como devido a especificidade dos conteúdos das

disciplinas em questão, a necessidade de contratação de docentes em RDIP fica maior

e ainda mais evidente. Ressalta-se ainda que uma das disciplinas sob responsabilidade

do docente Mauro Betti foi criada para atender às recentes alterações de legislação

(Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física), enquanto que

uma das disciplinas sob responsabilidade da docente Marli Nabeiro (Educação Física

para Pessoas com Deficiência), embora já presente na grade curricular anterior,

também atende às recentes alterações de legislação. Com isso, fica evidente a

necessidade de se contratar 4 (quatro) docentes em regime de RDIDP para atender às

alterações curriculares do Curso de Licenciatura presentes neste projeto político-

pedagógico, levando-se em consideração as 2 (duas) aposentadorias citadas.

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Os docentes de outros Departamentos de Ensino que atenderão à nova

proposta de Projeto Político Pedagógico da Educação Física, estão apresentados na

Tabela 8.

Tabela 8: Docentes de outros Departamentos de Ensino que atuam nos cursos de

Licenciatura e Bacharelado em educação Física.

NOME (DEPARTAMENTO)

TITULAÇÃO REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)* CARGA

HORÁRIA

Carlos Alberto Vicentini (BIO) Sergio Pereira (BIO)

Livre-docente

Doutor

RDIDP

RDIDP

Anatomia Humana Geral (TC) Anatomia do Sistema Locomotor (TC)

08

08

Departamento de Ciências Humanas Caroline Kraus Luvizotto (CHU) Larissa Maués Pelúcio Silva (CHU) Departamento de Ciências Humanas

Doutora

Doutora

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Filosofia e Educação Física (TC) Sociologia e Educação Física (TC) Antropologia Cultural e Educação Física (TC) Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa (TC)

04

04

04

04

Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Luciene Ferreira da Silva (EDU)

Doutora

RDIDP

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Psicologia da Educação (L) História da Educação (L) Sociologia da Educação (L) Filosofia da Educação (L) Didática e Educação Física (L) Estrutura e Política da Educação Básica (L) Lazer e Educação (L)

08

04

04

04

04

08

04

08

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Fernanda Rossi (EDU) Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU)

Doutora

Doutora

Doutora

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Estágio Supervisionado em Educação Física Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio (L)

18

18

18

Departamento de Engenharia de Produção

Doutor RDIDP Noções Básicas de Estatística (TC)

04

Departamento de Psicologia

Doutor RDIDP Psicologia e Educação Física (TC)

04

BIO: Departamento de Ciências Biológicas; EDU: Departamento de Educação; TC: disciplinas do tronco comum às modalidades; L: disciplinas específica da Licenciatura; B: disciplinas específicas do Bacharelado.

IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA

O processo de aprovação dos novos cursos (integral e noturno) de Bacharelado

em Educação Física em adição aos de Licenciatura já existentes (chamados de BAC-

LIC) da Faculdade de Ciências, que tramitou nos colegiados no ano de 2010, foi

aprovado no Conselho Universitário em 28/04/2011, tendo seu início em março de

2012 (currículos 2608 e 2609). No Projeto Político Pedagógico do curso em questão foi

aprovada a necessidade de infraestrutura no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos

mil reais - valores não corrigidos) para a construção de quatro salas de aula,

construção da sala de artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da

pista de atletismo. No ano de 2013, o ofício circular 06/2013 da PROGRAD, assinado

pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara - Pró-Reitor de Graduação, indicava a liberação

da verbas para as obras do BAC-LIC.

Os primeiros passos do processo chegaram a ser realizados, havendo a

realização de sondagem do terreno da Praça de Esportes (conforme fotos presentes no

documento do ANEXO 2) para tal finalidade. No entanto, surpreendentemente, as

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obras não ocorreram e as informações e explicicações ao Departamento de Educação

Física sobre a interrupção desse processo nunca foram claras e suficientes.

Uma lista de anexos (vide ANEXO 2) qualifica e detalha o histórico de

comunicação sobre as referidas necessidades de infraestrutura, conforme segue:

- Ata da 205a Sessão Ordinária do Conselho Universitário da Universidade

Estadual Paulista, realizada no dia 28/04/2011 (página 6, linhas 9-19;

Aprovação da Reestruturação do Curso de Licenciatura em Educação

Física, com a Criação da Modalidade Bacharelado);

- Documentos analisados e aprovados na 205a Sessão Ordinária do

Conselho Universitário da Universidade Estadual Paulista, realizada no

dia 28/04/2011: Informação no 11/2011-PROGRAD; Parecer no 41/2011-

CCG/SG; Despacho no 25/2011-CCG/SG; Despacho no 35/2011

CEPE/SG; Ofício no 24/2011-APE; Parecer no 110/2011-CCD;

- Ofício no 080/2011-D.FC sobre a Necessidade de infraestrutura com

criação do curso de Bacharelado em Educação Física, encaminhado

pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao MD. Vice-

Reitor da UNESP no exercício da Reitoria Prof. Dr. Julio Cezar Durigan,

datado de 01/07/2011, contendo ofício no 042/2011-D.EF do Chefe do

DEpartamento de Educação Física Prof. Dr. Milton Vieira do Prado

Júnior, datado de 16/06/2011;

- Ofício Circular no 152/2011-D.FC sobre reiteração de solicitação

encaminhada através do Ofício 080/2011-D.FC, encaminhado pelo

Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao Assessor Chefe da

APLO-UNESP/Reitoria Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira, datado de

15/12/2013;

- Ofício no 06/2013-PROGRAD sobre liberação de verbas, encaminhada

pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara- Pró-Reitor de Graduação,

datado de 22/02/2013;

- Ofício no 023/2013-D.FC sobre Atendimento ao Ofício Circular 06/2013-

PROGRAD, encaminhado pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza

de Arruda ao MD. Pró-Reitor de Graduação da UNESP Prof. Dr.

Laurence Duarte Colvara, datado de 20/03/2013, contendo Ofício no

031/2013-D.EF do Chefe do Departamento de Educação Física Prof. Dr.

Milton Vieira do Prado Júnior, datado de 20/03/2013, no qual há

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descrição das obras aprovadas a serem realizadas, no valor total de R$

900.000,00 (novecentos mil reais);

- Ofício no 013/2014-D.FC sobre Construção do Prédio para Salas de Aula

do Departamento de Educação Física, encaminhado pela Diretora da FC

Profa. Dra. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger a MD. Vice-

Reitora da UNESP Profa. Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge, datado de

05/02/2014, contendo ofício no 009/2014-D.EF do Chefe do

Departamento de Educação Física Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos,

datado de 04/02/2014.

Em suma, a documentação resgata acima, e apresentada de maneira detalhada

no ANEXO 2, mostra com clareza que a construção de prédio com quatro salas de aula

(a primeira prioridade entre as obras planejadas), bem como da construção da sala de

artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da pista de atletismo, foi

prevista como necessária à implantação do Bacharelado em Educação Física em

adição aos de Licenciatura já existentes (BAC-LIC currículos 2608 e 2609), teve seu

mérito avaliado pela PROGRAD, foi aprovada pelo Conselho Universitário, teve

recursos previstos em orçamento da Universidade e, de modo inexplicável, não

ocorreu. Uma

vez que, após esses cinco anos de espera, a necessidade pelas referidas construções

aumentaram ainda mais devido ao aumento no número de turmas (cursos em

andamento desde 2012), ao impacto negativo da infraestrutura atual na formação do

aluno de graduação, conforme observado pelos relatórios das Comissões Externas de

Avaliação (vide ANEXO 2), bem como à falta de segurança para os alunos dos Cursos

de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física (vide ANEXO 2). Sendo assim,

reiteramos a necessidade da referida infraestrutura para implantação do presente

Projeto Político Pedagógico.

X – REINGRESSO

Conforme a Resolução UNESP nº 27 de 04 de maio de 1995, fica estabelecido o

reingresso para que os alunos integralizem ambas as modalidades (Licenciatura e

Bacharelado), a partir de seu ingresso inicial via vestibular. Para tanto, os alunos de

deverão observar as seguintes disposições:

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a) os alunos serão selecionados e cursarão a outra modalidade,

conforme as normas fixadas pelo Conselho de Curso, aprovadas pela

Congregação da Faculdade de Ciências e homologadas pelo CEPE;

b) os alunos deverão obter o grau oferecido pela outra modalidade,

observando o prazo máximo para a integralização prevista no

currículo inicial de sua entrada;

c) serão disponibilizadas até vinte (20) vagas em cada modalidade para

o reingresso do aluno que já tenha concluído uma das modalidades,

tendo como limite o número de 40 vagas em cada modalidade, após o

núcleo comum do curso, sem a necessidade de duplicação de

salas/turmas por modalidade, em cada período de oferecimento.