projeto pilotocampos de araucária do rio grande do sul...
TRANSCRIPT
Projeto PilotoCampos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
Apresentação
Este documento constitui a proposta preliminar daFederação dos Clubes de Integração e
Troca de Experiências, FEDERACITE,de projeto piloto para os Campos de Araucária do RS-
como parte de um Programa de Conservação e Melhoramento do Campo Nativopara o Rio
Grande do Sul como um todo- para ser discutida com os produtores, as entidades
empresariais, as instituições da infraestrutura científica e tecnológica da agropecuária, o
governo nas suas três esferas administrativas, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do
Sul e a bancada gaúcha no Congresso Nacional.
A FEDERACITE, fundada em 1986,tem como Missão coordenar os Clubes de Integração e
Troca de Experiências (CITEs) na busca dos objetivos estatutários e da Visão permanente
do Movimento:
Empreendedores rurais que se apoiam na cooperação para produzir com qualidade, sustentabilidade e integrar de forma ativa a comunidade a que pertencem na economia e na sociedade global.
Dois elementos são centrais no desenvolvimento perseguido pelo Movimento dos CITEs:
asustentabilidade e a participação. A sustentabilidade entendida como a capacidade da
comunidade em - além da conservação e reprodução da natureza - dar respostas aos
desafios que se colocam nas dimensões econômica, social, cultural e política do processo
de desenvolvimento. A participação, por sua vez, é condição necessária para buscar o
desenvolvimento sustentável na medida em que gera e expande o Capital Social. Este é
instrumento daquele e pode ser definido como as redes de cooperação baseadas na
confiança.
Na busca da sua Visão, o Movimento dos CITEsformulou uma estratégia que se desdobra
em três eixos: de capacitação em produção; de capacitação em mercado e de articulação
institucional. A estratégia decapacitaçãoem produção é o conjunto de recomendações e de
instrumentos de apoio aos produtores no que respeita ao como produzir de forma
sustentávele valorizando os diferenciais competitivos dos produtos e das regiões. A
estratégia de produção está voltada para seis programas prioritários:
Conservação e o Melhoramento do Campo Nativo;
Boas Práticas Agropecuárias, BPA, da EMBRAPA;
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, programa ABC do MAPA;
A Certificação de Produtos e de Processos (Denominação de Origem e
Indicação de Procedência);
O Plano Diretor do Estabelecimento Rural e
A Diversificação da Produção dos CITEs.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
3
A Conservação e o Melhoramento do Campo Nativo constitui a mais alta prioridade da
FEDERACITE, pois é o recurso que está à disposição para a pecuária multiplicar a sua
produtividade, desde que adequadamente manejado e porque não existe programa oficial
específico, a exemplo do BPA e do ABC.
Enquanto se formula um programa de Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
geograficamente abrangente - para os 8,3 milhões de hectares ainda existentes no Rio
Grande do Sul, em uma área total dos estabelecimentos agropecuários de 20,2 milhões de
hectares - a FEDERACITE propõe esteProjeto Piloto para os Campos de Araucária.Estes
camposainda são de baixa produtividade na pecuária, mas tem um imenso potencial para
desenvolvê-la, seja através de manejo mais eficiente, seja pela agregação de valor ao
produto a partir dos apelos da sustentabilidade ambiental sintetizados nas florestas de
araucária, o que significa um enorme diferencial competitivo. De outra parte existem várias
experiências bem sucedidas na região de conservação do campo nativo, como é o caso do
trabalho desenvolvido por produtores do CITE 78 de São Francisco de Paula, do CITE 120
de Vacaria e do CITE 113 de Cambará do Sul.
Dentro deste movimento regional que busca praticar uma agropecuária sustentável, no mês
de abril último realizou-se em São Francisco de Paula o seminário Manejo sustentável dos
Campos de Altitudepromovido pela FEDERACITE/CITE 78 de São Francisco de Paula e a
Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, SEMA, e com a participação e apoio de
várias entidades da infraestrutura científica e tecnológica da pecuária, como EMBRAPA,
EMATER e SEBRAE, do Ministério da Agricultura e das prefeituras da região, além de
produtores e de suas entidades de representação como o Sindicato Rural de São Francisco
de Paula. O seminário discutiu o manejo sustentável do campo nativo e alternativas de
renda complementar para o pecuarista, tais como o turismo rural e os produtos florestais
madeiráveis e não madeiráveis. Na discussão consolidou-se o entendimento sobre a
necessidade de um projeto regional que integre as instituições e os produtores em torno da
Conservação e Melhoramento do Campo Nativo e a valorização dos atributos ambientais
sintetizados na marca Campos de Araucária do Rio Grande do Sul. De um projeto que seja
capaz de resultar na melhor remuneração do pecuarista em decorrência do aumento da
produtividade e da qualidade do produto e mesmo pela própria prestação de serviços
ambientais.
Casa dos CITEs, Parque Assis Brasil, 18 de maio de 2012
Carlos Roberto Simm
Presidente da Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências – FEDERACITE
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
4
Índice
1. Justificativa 05
2. Objetivos 14
3. Tecnologia: duas referências testadas por produtores 14
3.1. A experiência de São Francisco de Paula em conservação e melhoramento do campo nativo.
14
3.2. Uma experiência em Alegrete de conservação e melhoramento do campo nativo
15
4. Público alvo 17
5. Metas e prazo 17
6. Investimento: Usos e Fontes 18
7. Resultado operacional e impacto econômico e social. 21
8. Desembolsos na 1ª Etapa por Usos e Fontes dos recursos 24
9. Instrumentos 25
9.1. Assistência técnica 25
9.2. Financiamento 26
9.3. Subsídio ao transporte de calcário 27
9.4. Subsídios aos juros do financiamento do investimento 28
9.5. Financiamento dos subsídios e seus benefícios econômicos e sociais 28
10. Parceiros formuladores, tecnológicos, financiadores e comerciais. 28
11. Indicadores de desempenho 29
12. Bibliografia 29
ANEXO – Programas oficiais de Financiamento
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
5
1. Justificativa
Segundo o Censo Agropecuário de 2006, o Rio Grande do Sul naquele ano tinha 441.467
estabelecimentos agropecuários com uma área de 20.199.489 hectares. Existiam 167.701
estabelecimentos de pecuária, assimconsiderados aqueles cujo valor da produção da
pecuária era igual ou superior a 2/3 do valor da produção total do estabelecimento. Os
campos nativos (naturais na denominação do IBGE) seriam de 8.256.515 hectares,
representando 40,9% da área total dos estabelecimentos agropecuários. Das 28 regiões
(COREDEs) do Rio Grande do Sul (figura 1) em apenas oito a participação dos campos
nativos na área total é superior à média estadual e dentre estas estão as regiões Campos
de Cima da Serra, com 45,7%, e Hortênsias, com 46,6%. As regiões com as maiores
participações dos campos nativos são a Fronteira Oeste, 65,9%, e a Campanha, 62,3%.
Em 2006 o Valor Bruto da Produção (VBP) da Agropecuária do Rio Grande do Sul foi 22,5
bilhões de reais e o seu PIB a preços dos fatores de produção (sem impostos indiretos e
subsídios) foi de 13,5 bilhões de reais, correspondendo a 10% do PIB da economia gaúcha
(tabela 2).A pecuária e a pesca participaram com 27,1% do PIB setorial,em 2006, e com
37,2% do VBP e as atividades de lavoura, silvicultura e exploração florestal com 72,9% e
62,8%, respectivamente.
Considerou-se neste texto o ano de 2006 para os dados de PIB e de VBP, porque é este o
último ano para o qual o IBGE publicou as áreas dos estabelecimentos agropecuários por
uso de solo. Em 2008 (o ano mais recente para o qual existem dados das contas regionais
desagregados para os dois sub-setores da agropecuária) o VBP da agropecuária era de 33
bilhões de reais e o PIB 18,1 bilhões de reais, correspondendo a 11% do PIB da economia
gaúcha daquele ano.
A FARSUL estimou o VBP da pecuária bovina para o ano de 2006 em 1,7 bilhões de reais1.
Segundo o Censo Agropecuário, em 2006 o VBP de leite seria de 1,0 bilhões de reais. O
VBP da pecuária de corte teria sido, portanto, de 655,9 milhões de reais. Considerando o
preço médio publicado pelo jornal Correio do Povo para o ano de 2006, a produção de carne
teria sido de 366,3 milhões de quilos. Dado que a estimativa de área ocupada pela pecuária
de corteé de 8,7 milhões de hectares a produção seria de apenas 42 Kg de carne por
hectare no ano em questão. Transformando a produção de leite em equivalente carnee a
área de 9,5 milhões de hectares (pecuária de corte e de leite)a produção seria de 98 kg de
carne (boi vivo) por hectare (tabela 2).
1 Segundo a FARSUL o VBP do segmento de aves seria 3,4 bilhões de reais e dos suínos 1,2 bilhões
de reais.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
6
As estatísticas sobre a pecuária são difusas e as vezes contraditórias, como é o caso dos
dados de rebanho do IBGE com significativas diferenças entre o Censo Agropecuário de
2006 e a Pesquisa Municipal da Pecuária, ambas pesquisas realizadas pela mesma
instituição. Seja como for sabe-se que a produtividade média da pecuária de corte é muito
baixa no RS e a sua variabilidade muito elevada. Alguns trabalhos mencionam uma
produtividade média de 70 kg/ha/ano. No município de São Francisco de Paula, por
exemplo,a produtividade média é 30 kg, mas produtores existem que alcançam acima de
400 kg (em campo melhorado)2. Na Fronteira Oeste há menção de projetos, utilizando pivô
central, alcançando até 2.000 quilos3.
Qualquer que seja a estimativa que se adote de produção da pecuária bovina do RS a
constatação é só uma: a produtividade média é muito baixa. Considerando-se, no entanto,
as marcas superiores de produção e alcançadas através de tecnologias sobejamente
dominadas, há um grande espaço para elevar a produtividade e multiplicar a renda do
pecuarista de forma sustentável e este é o propósito do Programa Conservação e
Melhoramento do Campo Nativoque a FEDERACITE está envidando todos os esforços - no
seu campo de atuação – para que se torne um programa de Estado. Paralelamente a isto e
dada a necessidade urgente de se buscar alternativas sustentáveis de manejo dos recursos
naturais nas regiões Campos de Cima da Serra e Hortênsias é que coloca o Projeto
PilotoCampos de Araucária do RS.
A população rural das duas regiões - Campos de Cima da Serra e Hortênsias - somam
46.136 habitantes, significando 20,5% da população total (tabela 3). Nestas regiões existem
10.895 estabelecimentos rurais, dos quais 5.937 são predominantemente de pecuária. O
total dos estabelecimentos ocupa uma área de 1.188.410 hectares, com 546.846 hectares
de campos nativos (tabela 1).
O tamanho médio dos estabelecimentos predominantemente de pecuária é de apenas 64,5
hectares. O segmento até 200 hectares concentra 85,1% dos estabelecimentos e apenas
29,8% da área, com um tamanho médio de estabelecimento de 22,5 hectares. O segmento
de até 500 hectares concentra 95% dos estabelecimentos e 57% da área e neste o tamanho
médio é de apenas 38,7 hectares. A pecuária, portanto, nos Campos de Araucária do RS é
uma atividade de pequenos produtores (tabela 4).
Ao contrário do que ocorre na média do Rio Grande do Sul a atividade pecuária nos
Campos de Araucária é a que tem o maior contingente de pessoal ocupado do meio rural,
2Melhoramento de Campo Nativo em São Francisco de Paula de Luis G. P. Messias e Jaime E. Ries.
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.3, n.3, Jul/Set 2002.
3Pivô qualifica pasto na Fronteira-Oeste, conforme Júlio Barcellos, coordenador do NESPRO, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jornal Correio do Povo de 13 de novembro de 2011.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
7
39,6% de um total de 62.354 pessoas. É seguida pela lavoura permanente com 21% e pela
lavoura temporária, 20,5%. No Rio Grande do Sul a pecuária é responsável por 36,2% do
pessoal ocupado e é precedida pela lavoura temporária com 49% (tabela 5). De outra
parte,92,9% do pessoal ocupado na pecuária dos Campos de Araucáriatêm laços de
parentesco com o titular do estabelecimento. A atividade, portanto, é eminentemente familiar
(tabela 6).
Isto posto, o Projeto Piloto de Campos de Araucária do RS justifica-se não só pela
necessidade de preservação da biodiversidade (flora e fauna) associada aos campos
nativos, mas também pelo seu elevado alcance social, pois com a elevação da
produtividade e da renda será possível manter e desenvolver o produtor, seus familiares e
seus funcionários no meio rural.
Figura 1 – Regiões do Rio Grande do Sul com as maiores participações dos campos nativos na área total dos estabelecimentos
rurais – Censo Agropecuário de 2006
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
8
45,7%
65,9%
62,3%
46,6%
41,5%
Rio Grande do Sul = 40,9%
41,9%
53,6%
61,4%
Tabela 1 - No de estabelecimento e área total e de campos nativos no Rio Grande do Sul e nos
Campos de Araucária do RS.
Regiões e municípios
No de
estabelecimentos
Área dos estabelecimentos
agropecuários (Ha) Área de pastagens
Total Pecuária
(1) Total
Pecuária (1)
Naturais
Pla
nta
da
s
de
gra
da
das
Pla
nta
da
s e
m
bo
as c
on
diç
õe
s
Total
% d
as p
as
tag
en
s
na
tura
is n
a á
rea
to
tal
do
es
tab
ele
cim
en
to
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
9
Rio Grande do Sul 441.467 167.701 20.199.489 8.883.511 8.252.515 93.882 858.441 9.204.838 40,9
Campos de Araucária (1+2)
10.895 5.937 1.188.410 660.927 546.846 3.511 22.355 572.712 46,0
1 - Corede Campos de Cima da Serra
6.751 3.681 764.634 408.757 349.235 2.120 17.470 368.825 45,7
André da Rocha 237 96 28.237 9.916 11.600 X 1.223 12.823 41,1
Bom Jesus 1.077 751 206.840 128.521 110.530 640 4.809 115.979 53,4
Campestre da Serra 601 138 39.212 9.581 18.017 94 351 18.462 45,9
Esmeralda 524 257 65.195 27.418 27.501 274 1.560 29.335 42,2
Ipê 900 465 44.421 23.456 20.368 51 2.011 22.430 45,9
Monte Alegre dos Campos 773 311 35.070 20.365 18.390 154 2.899 21.443 52,4
Muitos Capões 483 318 83.991 42.007 26.952 318 574 27.844 32,1
Pinhal da Serra 561 426 21.303 15.932 11.482 169 108 11.759 53,9
S. José dos Ausentes 560 379 109.272 81.505 54.628 - 643 55.271 50,0
Vacaria 1.035 540 131.093 50.056 49.767 420 3.292 53.479 38,0
2 - Corede Hortênsias 4.144 2.256 423.776 252.170 197.611 1.391 4.885 203.887 46,6
Cambará do Sul 394 304 104.234 57.642 36.858 74 765 37.697 35,4
Canela 234 128 7.541 811 281 32 136 449 3,7
Gramado 482 181 7.537 2.857 1.355 29 55 1.439 18,0
Jaquirana 558 324 73.830 41.579 36.991 876 536 38.403 50,1
Nova Petrópolis 962 407 13.188 5.667 1.372 20 116 1.508 10,4
Picada Café 201 109 2.900 1.709 335 3 32 370 11,6
São Francisco de Paula 1.313 803 214.546 141.905 120.419 357 3.245 124.021 56,1
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE; (1) Classificados como tal os estabelecimentos com valor da produção igual ou maior doque 2/3 do valor total da produção do estabelecimento; (X) dados desidentificados para proteger o sigilo da informação(quando o município tem menos de três produtores informantes).Elaboração: FEDERACITE.
Tabela 2- Indicadores de produção e de valor bruto da produção (VBP) da agropecuária do Rio Grande do Sul em 2006.
Valor Bruto da Produção (VBP) da Agropecuária (R$) 1/ 22.518.144.974
Valor Adicionado Bruto (PIB) da Agropecuária (R$) 1/ 13.527.577.150
Participação da Pecuária e da Pesca no VBP da Agropecuária (%) 37,2
Participação da Pecuária e da Pesca no PIB da Agropecuária (%) 27,1
Participação da Lavoura, Silvicultura e Exploração Florestal no VBP da Agropecuária (%) 62,8
Participação da Lavoura, Silvicultura e Exploração Florestal no PIB da Agropecuária (%) 72,9
Área da Agropecuária (ha) 2/ 18.281.196
VBP da Agropecuária (R$/hectare) 1.232
VBP da Lavoura, silvicultura e exploração florestal (R$) 3/ 14.216.080.917
Área da Lavoura, silvicultura e exploração florestal (ha) 4/ 8.813.739
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
10
VBP da Lavoura, silvicultura e exploração florestal (R$/ha) 1.613
VBP da Lavoura, silvicultura e exploração florestal (R$) 5/ 8.293.248.704
VBP da Pecuária bovina (R$) 6/ 1.656.949.995
Área da pecuária de grandes animais e ovinos (ha) 7/ 9.467.457
VBP da Pecuária bovina (R$/ha) 175
VBP da Pecuária bovina de leite (R$) 8/ 1.001.258.000
Área da pecuária de leite (ha) 9/ 799.262
VBP da Pecuária bovina de leite (R$/ha) 1.253
VBP da Pecuária bovina de corte (R$) 655.691.995
Área da pecuária de grandes animais e ovinos , ex-pecuária de leite (ha) 8.668.195
VBP da Pecuária bovina de corte (R$/ha) 76
Preço do Kg (R$) 1,79
Produção da Pecuária bovina de corte (Kg )10/ 366.308.377
Produção da Pecuária bovina- carne e leite no equivalente carne - (Kg)10/ 925.670.388
Produção da Pecuária bovina de corte(Kg/ha)10/ 42
Produção da Pecuária bovina- carne e leite no equivalente carne - (Kg/ha)10/ 98
1/ IBGE e FEE; 2/ Area total - Matas Naturais (APP e RL) - Outros usos; 3/ IBGEe FEE; 4/ Área da lavoura - Forrageiras para corte + Matas - APPs e ARL; 5/ IBGE e FEE; 6/ FARSUL; 7/ Campo nativo + pastagens cultivadas + forrageiras para corte; 8/ Censo Agropecuário - tabela 933; 9/ Área da pecuária de grandes animais e ovinos distribuída na proporção do rebanho bovino de leite no rebanho bovino +bubalinos + equinos + assininos + muares; 10/ Estimativa da FEDERACITE.
Tabela 3 - População do Rio Grande do Sul e nos Campos de Araucária do RS em 2010 (No de
habitantes)
Rural
% (rural sobre total)
Urbana Total
Rio Grande do Sul 1.593.638 14,9 9.100.291 10.693.929
Campos de Araucária (1+2) 46.136 20,5 178.867 225.003
1 - Corede Campos de Cima da Serra 21.163 21,6 76.855 98.018
André da Rocha 720 59,2 496 1.216
Bom Jesus 2.926 25,4 8.593 11.519
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
11
Campestre da Serra 2.016 62,1 1.231 3.247
Esmeralda 1.040 32,8 2.128 3.168
Ipê 3.103 51,6 2.913 6.016
Monte Alegre dos Campos 2.457 79,2 645 3.102
Muitos Capões 2.018 67,5 970 2.988
Pinhal da Serra 1.652 77,6 478 2.130
São José dos Ausentes 1.228 37,3 2.062 3.290
Vacaria 4.003 6,5 57.339 61.342
2 - Corede Hortênsias 24.973 19,7 102.012 126.985
Cambará do Sul 3.501 53,5 3.041 6.542
Canela 3.398 8,7 35.831 39.229
Gramado 3.260 10,1 29.013 32.273
Jaquirana 1.747 41,8 2.430 4.177
Nova Petrópolis 4.911 25,8 14.134 19.045
Picada Café 623 12,0 4.559 5.182
São Francisco de Paula 7.533 36,7 13.004 20.537
Fonte: Fundação de Economia e Estatística -http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_populacao.php
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
12
Tabela 4 – Campo nativo no Rio Grande do Sul e nos Campos de Araucária do RSem 2006: No
de estabelecimentos e área por grupos de tamanho em hectares (considera somente as áreas de campos nativos)
Regiões e municípios
Cam
po
na
tivo
(N
o d
e
esta
bele
cim
ento
s)
% do no de estabelecimentos
Áre
a d
e c
am
po
na
tivo
(h
a)
% da área
Até 100
100 a
200
200 a
500
500 a
1000
Acima de 1000
Até 100
100 a
200
200 a
500
500 a
1000
Acima de 1000
X
Rio Grande do Sul 280.303 91,4 3,5 2,9 1,3 0,8 8.252.507 21,8 9,0 18,4 18,7 32,1 0,0
Campos de Araucária (1+2)
8.481 74,9 10,2 9,8 3,5 1,6 546.848 16,9 12,9 27,2 21,4 19,8 1,9
1 - Corede Campos de Cima da Serra
5.415 74,1 11,0 9,8 3,5 1,6 349.237 19,2 13,1 25,7 19,7 19,5 2,8
André da Rocha 196 67,3 13,8 13,8 4,6 0,5 11.600 19,7 19,6 34,4 24,4
1,9
Bom Jesus 916 58,8 14,5 16,8 6,7 3,2 110.530 9,0 9,9 27,2 23,1 30,9 0,0
Campestre da Serra 424 85,1 7,5 4,7 1,4 1,2 18.017 26,0 14,3 15,0 9,8 19,6 15,3
Esmeralda 403 67,5 14,1 12,9 4,2 1,2 27.501 18,4 16,1 33,5 25,3 6,7 0,0
Ipê 746 91,4 5,2 2,4 0,4 0,5 20.370 42,6 13,8 16,7 9,2 17,7 0,0
Monte Alegre dos Campos 514 86,2 8,9 3,7 1,0 0,2 18.390 44,5 19,7 17,8 12,7
5,3
Muitos Capões 377 65,8 10,9 15,6 5,6 2,1 26.952 18,5 13,5 38,1 24,4 5,2 0,3
Pinhal da Serra 517 93,8 3,5 2,5 0,2 0,0 11.482 63,4 11,7 21,0
0,0 3,9
São José dos Ausentes 482 52,3 18,7 18,3 6,0 4,8 54.628 8,8 11,5 23,9 21,4 24,9 9,5
Vacaria 840 71,4 13,2 9,9 4,2 1,3 49.767 22,1 16,1 22,9 18,8 20,0 0,0
2 - Corede Hortênsias 3.066 76,4 9,0 9,6 3,5 1,6 197.611 12,9 12,5 29,8 24,3 20,4 0,2
Cambará do Sul 330 56,1 15,8 17,6 5,8 4,8 36.858 9,2 10,7 25,4 19,4 35,2 0,0
Canela 67 98,5 0,0 1,5
0,0 281 48,8
0,0 51,2
Gramado 356 98,6 1,1 0,3
0,0 1.355 84,9 14,9
0,0 0,1
Jaquirana 472 70,8 11,0 12,9 4,0 1,3 36.991 15,4 11,2 29,7 25,8 17,9 0,0
Nova Petrópolis 631 100,0 0,0 0,0
0,0 1.372 99,9
0,0 0,1
Picada Café 131 99,2 0,8 0,0
0,0 335 83,3
0,0 16,7
São Francisco de Paula 1.079 59,8 15,4 16,1 6,3 2,4 120.419 11,1 13,6 32,0 25,9 17,2 0,2
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE; (X) dados desidentificados para proteger o sigilo da informação(quando o município tem menos de três produtores informantes).Elaboração: FEDERACITE.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
13
Tabela 5 – Pessoal ocupado na agropecuária do Rio Grande do Sul e nos Campos de Araucária do RS em 2006 por atividades
To
tal
% do total do pessoal ocupado
La
vo
ura
tem
po
rári
a
Ho
rtic
ult
ura
e
flo
ricu
ltu
ra
La
vo
ura
pe
rman
en
te
Sem
en
tes e
mu
da
s
Pecu
ári
a
Flo
resta
s
pla
nta
da
s
Flo
resta
s
na
tivas
Pesca
Aq
uic
ult
ura
Rio Grande do Sul 1.390.083 49,0 5,9 6,1 0,1 36,2 2,2 0,3 0,0 0,2
Campos de Araucária (1+2) 62.354 20,5 15,8 21,0 0,0 39,6 2,4 0,5 0,0 0,1
1 - Corede Campos de Cima da Serra
29.047 25,2 3,0 30,4 0,1 38,2 2,0 0,9 0,0 0,1
André da Rocha 447 48,5 11,0 1,1 0,0 37,1 2,2 0,0 0,0 0,0
Bom Jesus 3.705 15,0 2,5 25,1 0,0 50,3 5,0 1,9 0,0 0,2
Campestre da Serra 2.084 16,8 4,0 60,7 0,0 16,2 2,4 0,0 0,0 0,0
Esmeralda 5.150 61,6 2,0 0,9 0,1 34,7 0,4 0,3 0,0 0,0
Ipê 2.879 21,7 10,0 18,7 0,0 47,2 2,3 0,0 0,1 0,0
Monte Alegre dos Campos 2.338 15,2 1,9 53,4 0,0 27,2 0,7 1,3 0,0 0,3
Muitos Capões 1.627 26,7 0,5 22,1 0,0 47,8 2,5 0,4 0,0 0,0
Pinhal da Serra 2.184 16,9 0,3 0,3 0,0 82,4 0,1 0,0 0,0 0,0
São José dos Ausentes 1.922 13,8 1,4 26,2 0,0 47,0 6,8 4,0 0,0 0,9
Vacaria 6.711 14,8 2,6 58,7 0,2 21,8 0,7 1,1 0,0 0,1
2 - Corede Hortênsias 33.307 16,3 27,0 12,9 0,0 40,8 2,8 0,1 0,0 0,1
Cambará do Sul 2.038 4,0 1,3 0,6 0,0 81,1 12,2 0,6 0,0 0,2
Canela 652 25,5 8,4 5,7 0,0 50,9 9,4 0,2 0,0 0,0
Gramado 1.970 28,7 4,4 1,1 0,0 62,7 1,2 0,2 0,1 1,6
Jaquirana 1.306 20,1 8,0 3,4 0,0 58,7 9,7 0,2 0,0 0,0
Nova Petrópolis 23.184 15,0 35,9 16,8 0,0 31,5 0,8 0,0 0,0 0,0
Picada Café 440 18,9 7,5 2,0 0,0 58,6 12,7 0,0 0,0 0,2
São Francisco de Paula 3.717 21,9 9,6 7,0 0,0 54,8 6,4 0,1 0,0 0,2
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE. Elaboração: FEDERACITE.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
14
Tabela 6 - Participação das pessoas com laços de parentesco com o produtor no pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários do Rio Grande do Sul e dos Campos de Araucária de RSem 2006 por atividades (%)
T
ota
l
La
vo
ura
tem
po
rári
a
Ho
rtic
ult
ura
e
flo
ricu
ltu
ra
La
vo
ura
pe
rman
en
te
Sem
en
tes e
mu
da
s
Pecu
ári
a
Flo
resta
s
pla
nta
da
s
Flo
resta
s n
ati
vas
Pesca
Aq
uic
ult
ura
Rio Grande do Sul 88,8 88,5 93,7 74,2 75,9 91,5 81,1 90,7 97,8 87,4
Campos de Araucária (1+2) 83,0 86,7 95,5 54,1 46,7 92,9 59,7 90,4 40,0 79,5
1 - Corede Campos de Cima da Serra
70,6 82,0 80,1 34,6 46,7 91,4 53,5 91,2 33,3 77,5
André da Rocha 73,2 68,7 85,7 40,0 74,7 100,0
Bom Jesus 62,8 57,5 89,1 19,9 85,1 41,9 95,7 100,0
Campestre da Serra 77,9 77,4 69,9 76,1 91,4 46,9
Esmeralda 96,8 96,5 99,0 46,8 100,0 98,4 95,2 100,0 100,0
Ipê 88,5 80,8 80,3 86,6 95,4 73,8 33,3
Monte Alegre dos Campos 74,0 93,0 100,0 56,6 94,8 76,5 96,7 33,3
Muitos Capões 70,9 70,8 100,0 18,6 93,4 95,0 100,0
Pinhal da Serra 99,3 98,6 100,0 100,0 99,4 100,0
São José dos Ausentes 70,1 60,5 88,5 43,7 91,7 31,5 81,6 76,5
Vacaria 34,3 54,9 59,3 10,7 33,3 76,4 63,3 92,1 85,7
2 - Corede Hortênsias 93,8 93,0 97,0 94,3 94,1 63,4 82,1 50,0 81,3
Cambará do Sul 87,4 64,2 73,1 30,8 95,0 51,2 61,5 20,0
Canela 85,4 96,4 83,6 51,4 96,4 18,0 100,0
Gramado 87,5 83,9 94,2 81,0 88,8 79,2 100,0 50,0 93,8
Jaquirana 86,1 90,1 99,0 22,7 89,9 65,4 100,0
Nova Petrópolis 99,0 99,2 98,4 99,9 99,3 96,8 100,0 66,7
Picada Café 95,9 95,2 100,0 100,0 95,0 98,2 100,0
São Francisco de Paula 72,1 75,5 69,3 32,1 78,8 51,1 100,0 71,4
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE. Elaboração: FEDERACITE.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
15
2 - Objetivos
O objetivo geral do Projeto Piloto é elevar o nível de desenvolvimento do meio rural de
forma sustentável. O objetivo específicoé elevar a produtividade dos Campos de Araucária
do RS (regiões Campos de Cima da Serra e Hortênsias)através da melhoria da fertilidade,
da introdução de gramíneas e leguminosas perenes e anuais e de adequadas práticas de
manejo.
3 - Tecnologia: duas referências testadas por produtores
A título de orientação dos citeanos e dos produtores em geral, na sequencia é feita uma
breve referência a duas experiências desenvolvidas por produtores que colocaram em
prática tecnologias geradas nos centros de pesquisa e aplicadas em ambientes
problemáticos dos pontos de vista ambientale sócio-econômico nos biomas Mata Atlântica e
Pampa. O primeirotrabalho vem sendo realizado há mais de 15 anos em São Francisco de
Paula, nos Campos de Cima da Serra e o segundo em Alegrete, na Fronteira Oeste, desde
meados dos anos 2000.
Em ambos os municípios mais de 70% dos estabelecimentos que se dedicam
predominantemente a pecuária tem menos de 200 hectares, o que significa, considerando a
produtividade média vigente, um padrão de vida extremamente baixo dos pecuaristas. São
Francisco de Paula tem o sério problema ambiental decorrente da prática de queimadas e
Alegrete o de arenização em áreas significativas do município.
Para a elevação da produtividade e da renda da pecuária aFEDERACITE confere ao
melhoramento do campo nativo a prioridade máxima. Sublinha-se, no entanto,que a busca
deste objetivo também tem outros caminhos e que devem ser percorridos segundo as
diferentes vocações regionais e as condições de cada estabelecimento. Em regiões e ou
estabelecimentos com produção de grãos, por exemplo, a suplementação e o confinamento
são viáveis. Também tem se mostrado de elevada rentabilidade a integração da pecuária
com a lavoura e a silvicultura.
3.1. A experiência de São Francisco de Paula em conservação e melhoramento do campo nativo.
Em São Francisco de Paula os campos nativos totalizam 120.419 hectares, representando
56,1% da área dos 1.313 estabelecimentos rurais do município segundo o Censo
Agropecuário de 2006 (tabela 1). Do total dos estabelecimentos, 813 dedicam-se
predominantemente a pecuária e 75,2% destes tem até 200 hectares representando 24,7%
da área dos estabelecimentos de pecuária. Os estabelecimentos até 500 hectares
representam 91,3% do número de estabelecimentos e a 56,7% do total da área dos
estabelecimentos predominantemente de pecuária.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
16
Conforme Messias e Ries (2002) em São Francisco de Paula:
Os solos são argilo-arenosos,fracos e permeáveis, bastante ácidos,com elevados
níveis de alumínio, pobresem fósforo, mas com altos teoresde potássio e matéria
orgânica;
Considerando o padrão do RS,oregime pluviométrico é muito favorável: precipitações
em torno de 1.800 a 2.000 milímetrosanuais e bem distribuídas;
Predomina o CapimCaninha, entremeados por capões de mato.O campo nativo
apresenta qualidade eabundância de massa verde no período deprimavera-verão,
situação que se inverte no inverno;
A prática tradicional de manejo do campo nativo é a queima realizada entre os
meses de julho e agosto, desde os primórdios da ocupação da área com
aexploração bovina;
A produtividade média da pecuária bovina de corte do município é de apenas 30 Kg
de animal vivo/ha/ano e na composição da renda do produtor é importante a
produção do chamado queijo serrano a partir do rebanho geral e que para muitos
pequenos produtores chega a representar 50% da receita.
Ainda segundo Messias e Ries até o ano de 2002foram melhorados em torno de 1.000
hectares de campos nativos em 80 estabelecimentos de São Francisco de Paula,
considerando somente os sob a orientação da EMATER local. Considerando os municípios
de Cambará do Sul, Jaquirana, Bom Jesus e São José dos Ausentes, os números elevam-
se para 200 produtores e 3.000 hectares. O melhoramento consiste na correção de acidez e
de fertilidade e na implantação de gramíneas e leguminosas de inverno, através de plantio
diretoe já foram alcançadas marcas de produção acima de 400 Kg por hectare.
3.2 - Uma experiência em Alegrete de conservação e melhoramento do campo nativo.
Outro importante trabalho foi o desenvolvido no estabelecimento do produtor Ivan Almeida,
no Durasnal, 3º Subdistrito de Alegrete, situado na região ecoclimática da Campanha. Este
trabalho teve como objetivo validar um sistema de produção,desenvolvido pela pesquisa, de
recria e terminação de novilhos em pastagens nativas, nativas diferidas e nativas
melhoradas combinadas com o controle da oferta de forragens e por consequência da carga
animal, derivando daí a caracterização intensivo em manejo e conhecimento dos campos.
Os resultados foram relatados na Circular Técnica Noda Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária - Práticas de Manejo de Campo Nativo em Área de Pecuarista Familiar em
Solo Suscetível à Arenização no Bioma Pampa e de autoria dos pesquisadores Zélia Maria
de Souza Castilhos, Marta Falcão de A. Gomes, Giselda da Silva Pires e Ruth Gonçalves
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
17
Calone Gomes, todas da FEPAGRO, Adriana Ferreira da Costa Vargas, da Fundação
Maronna, e Carlos Nabinger, da UFRGS.
No município de Alegrete os campos nativos totalizam 476.934 hectares, representando
73,6% da área dos 2.736 estabelecimentos rurais do município segundo o Censo
Agropecuário de 2006. Do total dos estabelecimentos, 2.075 dedicam-se
predominantemente a pecuária e destes 1.534 tem até 200 hectares representando 16% da
área dos estabelecimentos de pecuária. Considerando até 500 hectares, o número de
estabelecimentos sobe para 1.836, correspondendo a 35,5% do total da área dos
estabelecimentos de pecuária.
O trabalho consistiu em observar o desempenho de dois grupos de novilhos: um
exclusivamente a campo nativo e outro combinando campo nativo na primavera-verão (10
hectares), campo nativo diferido para uso no outono (5 hectares) e campo nativo melhorado
por adubação e sobressemeadura de gramíneas e leguminosas de inverno (5 hectares),
conforme o prescrito nas tabelas 7 e 8, na sequência.
O grupo de animais que interessa ao Programa ficou no campo nativo na primavera-verão,
na área diferida no outono e no campo melhorado no inverno-primavera. Voltou ao campo
nativo no segundo verão e novamente ao campo diferido e posteriormente ao melhorado,
quando foi abatido. A produção média por hectare/ano foi de 272 Kg de peso vivo
(Castilhos; Nabinger; Vargas; Gomes; Pires e Gomes, 2011, tabela 5, pg. 20).
Em todas as etapas a oferta de forragem foi planejada em 12% (12 Kg de matéria seca
verde por 100 Kg de peso vivo/dia). Sal mineral e água foram ofertados a vontade. A cada
28 dias foi feito o ajuste da carga animal com base na disponibilidade diária de matéria seca
verde, calculada a partir da massa de forragem existente no início de cada período, dividida
pelo número de dias até o ajuste seguinte e acrescida da taxa diária de acúmulo de
forragem prevista para aquele período. Os animais eram pesados a cada 28 dias, após um
jejum prévio de 14 horas (Castilhos; Nabinger; Vargas; Gomes; Pires e Gomes, 2011).
No primeiro outono, após a correção de solo, foram sobressemeados azevémEstanzuela
284, trevo vesiculoso, cornichãoSão Gabriele aveia preta. A semeadura foi a lanço, após
roçada, e sem revolvimento de solo. A adubação de cobertura foi realizada quando o
azevém apresentava entre seis e sete folhas. As sementes de leguminosas foram
peletizadas, após a inoculação com Rhizobium específico, sendo que as de cornichão foram
tratadas com água quente (Castilhos; Nabinger; Vargas; Gomes; Pires e Gomes, 2011).
As condições naturais da área do estabelecimento são adversas: o soloé arenítico e se mal
manejado pode ser intensificado o processo de arenização e é bastante ácido, pobre em
fósforo e em matéria orgânica (tabela 7). O clima da região é subtropical úmido. Os verões
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
18
são muito quentes, chegando a máxima de 42,6 oC e no inverno a temperatura mínima
absoluta chega a -5,1 oC. A precipitação anual é superior a 1300mm e inferior a 1800mm,
com regime de chuvas hibernais. Em 2005, o segundo ano do experimento, a precipitação
em janeiro (90 mm) e em fevereiro (10 mm) ficou aquém da média de 100 mm esperada
para o período (Castilhos; Nabinger; Vargas; Gomes; Pires e Gomes, 2011).
Tabela 7 – Resultado da análise de solo de amostras coletadas em dezembro de 2003 no estabelecimento do pecuarisa Ivan Almeida, no Durasnal, 3º Sub-distrito de Alegrete
Amostra
Análise básica CTC
P K Argila MO pH SMP AI Ca Mg H+AI pH7 Efet
mg/L % me/100mL
1 ª/ 0,6 80 16 1,5 5,0 6,4 0,6 1,0 0,7 2,5 4,7 2,8
2b/ 0,6 100 23 1,8 5,1 5,6 0,7 3,3 1,5 5,1 10,6 6,2
3c/ 0,6 70 09 0,8 4,9 6,7 0,5 0,3 0,4 1,9 2,9 1,6
Fonte: transcrição de Castilhos e outros (2011); a/ Campo nativo diferido; b/ Campo nativo melhorado e c/ Campo nativo.
4 - Público alvo
a. Os pecuaristasem geral que tenham campo nativo no estabelecimento do
Projeto,que estejam em dia com as exigências fiscais e trabalhistas e que realizam
ascompras e venda dos seus insumos e produtos através de canais formais de
comercialização e ao abrigo das regras sanitárias (e fiscais) em vigor;
b. Os pecuaristas em dia com as disposições ambientais em vigor e os que estejam
participando, ou que venham a participar, de planos de trabalho sob a supervisão da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA - com vistas a resolução gradativa de
suas pendências ambientais;
c. Os produtores citeanos terão os benefícios decorrentes da cooperação como a
assistência técnica compartilhada;
Segundo a tabela 1 nas regiões do projeto existiam em 2006, 5.937 estabelecimentos de
pecuária (3.681 nos Campos de Cima da Serra e 2.256 na região das Hortênsias),
envolvendo 660.927 hectares em uma área total de 1.188.410 hectares, sendo 546.846
hectares de campos nativos.
5 - Metas e prazo
a. Propõe-se 12 anos como prazo de vigência do Projeto (três períodos de
administração estadual);
b. É desejável que 100% da área de pastoreio dos Campos de Araucária/RSvenham a
ser objeto do Projeto.Não obstante a adesão dos pecuaristas ser voluntáriaos
parceiros do Projeto comprometem-se a envidar esforços para que pelo menos 20%
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
19
da área de campo nativo(109.369 hectares) seja coberta ao cabo dos primeiros
quatro anos (primeira etapa) e que isto gere uma dinâmica tal que leve a 60% da
área ao final do 8º ano (segunda etapa) e a 100% ao cabo do 12º ano (terceira
etapa)4.
c. No que respeita a produtividadee considerando a tecnologia definida anteriormente,
a meta é alcançar um mínimo de 250 Kg de boi/hectare/ano na área do Projeto de
cada estabelecimento5. Supondo que,na atualidade, a produtividade média dos
Campos de Araucária do RS seja de 50 Kg/ha/ano no total dos 546.846 hectares (de
campos nativos), o cumprimento da meta do Projeto significará elevar a
produtividade total da área de campo nativo em 80% no 4º ano do Projeto, em 220%
no 8º ano e em 400% no 12º ano (em relação ao ano de 2012), conforme a tabela 8.
Tabela 8 –Evolução esperada da produtividade e produção da pecuária bovina de corte dos Campos de Araucária do RS com a meta de produtividade do Projeto Piloto (250 Kg/ha/ano)
Etapa(último ano) Área do Projeto (Ha)
Produtividade da região(Kg/ha/ano)
Produção da região (Kg/ano)
Elevação da produtividade e da produção em relação aoMomento Zero(%)
Momento Zero (2012)
50 27.342.300
Etapa 1 (2016) 109.369 90 49.216.140 80,0
Etapa 2 (2020) 328.108 170 92.963.820 240,0
Etapa 3 (2024) 546.846 250 136.711.500 400,0
Fonte: Censo Agropecuário de 2006 e estimativas do Projeto Campos de Araucária do RS.
4A respeito da plausibilidade de que tal dinâmica venha a se instaurar na região, a história recente do
RS mostra que em determinado momentos podem ocorrer transformações de grande envergadura e inimagináveis antes de ocorrerem: em pouco mais de uma década a lavoura de soja no RS passou de 200 mil hectares (anos 60) para quatro milhões de hectares (anos 70), invadindo os campos de barba de bode e substituindo uma pecuária de baixíssima produtividade por uma agricultura mecanizada eficiente, desenvolvida por pequenos proprietários rurais que se transformaram em grandes arrendatários capitalistas (Rosa, 2011). 5 Esta meta não chega a ser ambiciosa, pois o trabalho de Messias e Ries relata que vários
estabelecimentos da região já alcançaram marcas superiores de produção nas áreas de campo melhorado. De outra parte, o pecuarista Ivan Almeida, do município de Alegrete, conforme o já referido, obteve uma produção de 272 kg/ano, sob condições naturais adversas e muito inferiores às dos Campos de Araucária do RS. O Projeto Piloto abrange toda a produção pecuária em regime de campo nativo. Nesta primeira versão do projeto não é feito o desdobramento da meta síntese de 250/ha/ano de produção de carne, por insuficiência de informações. Como se disse, esta é uma meta síntese e que pode ser convertida para expressar todos os tipos de produção pecuária nos campos nativos (carne, leite, lã e genética), segundo a especificidade de cada atividade. Este é o caso, por exemplo, da produção de leite, para a qual não se definiu metas de produtividade, pois esta, mesmo nos regimes de produção a base de pasto, é muito sensível à genética animal e à oferta complementar de alimentos. Também é o caso de se perquirir da viabilidade da meta síntese para os estabelecimentos de cria. Na atualidade, em média, os estabelecimentos da região operam com 0,5 UA por hectare. Supondo um índice de desmama de 80% - extremamente elevado se considerados os indicadores atuais - ter-se-ia uma produção de 0,8 terneiros por vaca, ou 0,4 terneiros de 180 Kg por hectare, o que daria 72 Kg de terneiro por hectare/ano. Nestas condições para chegar-se aos 250 kg hectare/ano seria necessário elevar a lotação de ventres em 1,7 vezes.Há necessidade, portanto, de se elaborar um detalhamento das metas para as diferentes atividades. Sugere-se que este detalhamento fique para uma segunda etapa quando for instalado o Núcleo Técnico de apoio ao Comitê Gestor do Projeto.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
20
6.Investimento: Usos e Fontes
No que respeita ao sistema de produção, os participantes do projeto piloto deverão seguir a
orientação técnica do Comitê Gestor que combina ajuste de carga em 50% da área do
projeto, diferimento em 25% da área e melhoramento nos demais 25%, nos termos descritos
na seção 3.2.
As prescrições de correção de fertilidade, adubação e introdução de gramíneas e
leguminosa são as de Messias e Ries (2002) e de Messias (2011).O investimento por
hectare é de R$ 455,79 correspondendo a 130 Kg de boi vivo (tabela 9). Os preços são de
2011 e o do boi vivo o recebido pelos associados da APROCCIMA6 (média janeiro a junho),
conforme mostra a figura 2.
Considerando os 109.369 hectares, o investimento na 1ª Etapa do Projeto Piloto importará
em R$ 49.848.968, correspondendo a 14.242.562 quilos de boi vivo (tabela 10). Deste
montante, um mínimo de 76,1% será arcado pelo pecuarista (R$ 37.934.638). O
investimento em transporte e distribuição de calcário corresponde a 21,9% do total e será
arcado pelo setor público e por empresas fornecedoras do insumo (R$ 10.936.900). O
investimento em assistência técnica deverá representar 2% (R$ 977.431) e será arcado pelo
pecuarista, quando este optar pela assistência individual, pela FEDERACITE no caso dos
clubes associados e pela EMATER no abrigo do convênio que estas duas instituições
celebraram na EXPOINTER de 2011 (http://www.federacite.com.br/site/arquivos/emater_2011.pdf)7
Todos os investimentos a cargo do pecuarista são passíveis de financiamento em 100%
pelos programas oficiais apresentados no Anexo. Para o subsídio ao transporte e
distribuição do calcário serão buscados recursos junto ao Governo do RS, ao MAPA e as
emendas parlamentares na propostaorçamentária da União, além das empresas
fornecedoras.A FEDERACITE, para suprir os serviços de assistência técnica que lhe
couber,buscará patrocínio junto aos fornecedores de insumos.
6 Há de se considerar que do Projeto resultará um produto diferenciado e por isto melhor remunerado
pelo mercado. Daí, utilizar-se o preço recebido pelos pecuaristas da Associação dos Produtores Rurais dos Campos de Cima da Serra/RS. A figura 2 mostra que os preços recebidos pelos associados da APROCCIMA no período 2004/2011 foi, em média, 13,8% superior aos preços do mercado. 7 A FEDERACITE também celebrou convênios com as instituições que seguem:
SEMA(http://www.federacite.com.br/site/arquivos/protocolo_intencoes_semaxfederacite_2011.pdf);SEAPA (http://www.federacite.com.br/site/arquivos/seapa_x_federacite_2011.pdf);
EMBRAPA(http://www.federacite.com.br/site/arquivos/embrapa_2010.pdf) e
BRDE(http://www.federacite.com.br/site/arquivos/convenio_brde0001.pdf).
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
21
Tabela 9- Investimento por hectare no melhoramento do campo nativo -ProjetoPiloto Campos de Araucária do RS
Melhoramento em 1 hectare (25% da área do projeto)
Rateio do melhoramento (entre 100%da
área total projeto):Ajuste de carga(50%);Diferimento(25%)e
Melhoramento(25%)
Un
ida
de
Qu
an
tid
ad
e
R$/
Un
ida
de
R$/Ha Kg
boi/ha R$/Ha Kg boi/ha %
Investimento total
1.823,15 521 455,79 130 100,0
Correção de acidez e de fertilidade
1.022,00 292 255,50 73 56,1
Calcário dolomítico Ton 5 50,00 250,00 71 62,50 18 13,7
Transporte e distribuição do calcário a/ Ton 5 80,00 400,00 114 100,00 29 21,9
Superfosfato triplo ( 00-46-00) b/ Ton 0,3 1.240,00 372,00 106 93,00 27 20,4
Adubação
396,70 113 99,18 28 21,8
Cloreto de potássio (00-00-60) b/ Ton 0,1 1.147,00 114,70 33 28,68 8 6,3
05-30-15 b/ Ton 0,25 1.128,00 282,00 81 70,50 20 15,5
Sementes
257,50 74 64,38 18 14,1
Trevo vermelho c/ Kg 1 18,00 18,00 5 4,50 1 1,0
Trevo branco c/ Kg 4 21,00 84,00 24 21,00 6 4,6
Cornichão c/ Kg 5 10,00 50,00 14 12,50 4 2,7
Azevém d/
25 1,50 37,50 11 9,38 3 2,1
Aveia d/
40 1,70 68,00 19 17,00 5 3,7
Plantio
111,20 32 27,80 8 6,1
Trator e plantadeira (plantio direto) e/ Hora 1 111,20 111,20 32 27,80 8 6,1
Assistência técnica
35,75 10 8,94 3 2,0
Fontes: Messias e Ries (2002); Luis G. P. Messias (e-mail de 21/11/2011); a/ Ricardo Dauth (custo do transporte), e-mail de 19/10/2011; b/ preço informado por Henrique Orlandi Jr., cotação de 29/11/2011, com uma margem de desconto de uns 8%; c/ Pereira Pastos Sementes preços médios praticados em 2011; d/preços do PEG de Guatambu, SC - América Estudos; e/ EMATER-DF sobre o tempo despendido (plantio direto de soja) e o custo hora é de Sérgio Savastano e Márcia Atarassi (considera custos fixos e variáveis e não considera lucro na operação)http://www.cati.sp.gov.br/new/acervotecnico.php?ID=31
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
22
Tabela 10 -Investimento total na 1a Etapa (109.369 hectares) do Projeto Piloto Campos de
Araucária do RS - 2013/2016- por Usos e Fontes dos recursos
USOS
FONTES Unidade Quantidade R$ Kg de boi %
Investimento total
49.848.968 14.242.562 100,0
Correção de acidez e de fertilidade
27.943.780 7.983.937 56,1
Transporte e distribuição do calcário Ton 136.711 10.936.900 3.124.829 21,9
Setor Público (Governo do Estado; Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento; Emendas Parlamentares ao Orçamento da União); Empresas fornecedoras.
Calcário dolomítico Ton 136.711 6.835.563 1.953.018 13,7 Pecuarista (MODERAGRO e ABC) Superfosfato triplo ( 00-46-00) b/ Ton 8.203 10.171.317 2.906.091 20,4
Adubação
10.846.671 3.099.049 21,8
Cloreto de potássio (00-00-60) Ton 2.734 3.136.156 896.045 6,3 Pecuarista (MODERAGRO e ABC) 05-30-15 b/ Ton 6.836 7.710.515 2.203.004 15,5
Sementes
7.040.629 2.011.608 14,1
Trevo vermelho Kg 27.342 492.161 140.617 1,0
Pecuarista (MODERAGRO e ABC)
Trevo branco Kg 109.369 2.296.749 656.214 4,6
Cornichão Kg 136.711 1.367.113 390.604 2,7
Azevém Kg 683.556 1.025.334 292.953 2,1
Aveia Kg 1.093.690 1.859.273 531.221 3,7
Plantio
3.040.458 868.702 6,1
Trator e plantadeira (plantio direto) Hora 27.342 3.040.458 868.702 6,1 Pecuarista
(MODERAGRO e ABC)
Assistência técnica
977.431 279.266 2,0
Pecuarista; FEDERACITE (Patrocínio); EMATER
Fonte: tabela 8
1,9
0
1,8
1
2,0
1
2,4
6
2,8
8
2,9
8
3,0
6
3,5
0
1,6
2
1,6
0
1,7
9
2,2
2
2,5
5
2,5
2
2,6
8
3,1
4
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Figura 2 - Evolução do preço médio do boi gordo no Rio Grande do Sul (R$/Kg)
APROCCIMA MERCADO (CP)
* Preço médio recebido pelos associados da APROCCIMA e a média do mercado segundo o jornal
Correio do Povo. Em 2011 o preço é a média de janeiro a junho. FONTE: APROCCIMAe:
*
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
23
7.Resultado operacional e impacto econômico e social.
Conforme a tabela11, o custeio anual com o manejo do campo nativo é de
57Kg/ha/ano,Considerando a meta de produção de 250 Kg/ha/ano8o resultado bruto a ser
esperado é de 193Kg/ha/ano.Isto significa uma taxa de resultado bruto sobre o investimento
de 148,4% anuais (tabela 13).
Tabela 11 -Custeio anual por hectare - Projeto Piloto Campos de Araucária do RS
Custeio 1 hectare (área melhorada)
Rateio do custeio(entre
100% da área total projeto): Ajuste de
carga(50%);Diferimento(25%)e Melhoramento
(25%)
Unidade Quantidade R$/
Unidade R$/Ha
Kg boi/ha
R$/Ha Kg
boi/ha %
Custeio total
794,22 227 198,55 57 100,0
Fertilizantes
282,00 81 70,50 20 35,5
05-30-15 a/ Ton. 0,25 1.128,00 282,00 81 70,50 20 35,5
Sementes
167,00 48 41,75 12 21,0
Aveia b/ Kg 60 0,70 42,00 12 10,50 3 5,3
Azevém b/ Kg 30 1,50 45,00 13 11,25 3 5,7
Capim lanudo c/ Kg 4 20,00 80,00 23 20,00 6 10,1
Plantio e roçada
73,39 21 45,87 13 23,1
Trator e plantadeira (plantio direto) d/ Hora 0,33 111,20 36,70 10 9,17 3 4,6
Trator e roçadeira d/ Hora 0,33 111,20 36,70 10 36,70 10 18,5
Assistência técnica (3% sobre os
custeio discriminados acima) 15,67 4 3,92 1 2,0
Depreciação do investimento f/ R$ 1 182,31 182,31 52 45,58 13 23,0
Juros g/ R$ 1 73,84 73,84 21 18,46 5 9,3
Fontes: 1/ Messias e Ries (2002); Luis G. P. Messias (e-mail de 21/11/2011);a/ preço informado por Henrique Orlandi Jr., cotação de 29/11/2011, com uma margem de desconto de uns 8%; b/ preços do PEG de Guatambu, SC - América Estudos; c/ preço: estimativa arbitrária; d/ considerado o tempo de Dartora, EMATER Erechim e o custo hora é de Sérgio Savastano e Márcia Atarassi (considera custos fixos e variáveis e não considera lucro na operação) - http://www.cati.sp.gov.br/new/acervotecnico.php?ID=31; f/ amortização do investimento no campo nativo em 10 anos; g/ juro
8 A meta de 250 Kg/ha/ano considera a produção de peso vivo de todas as categorias animais seja
ela comercializada ou não durante o ano (terneiros, animais de recria e de terminação). O Projeto deverá impactar toda a cadeia de produção com a redução da idade de abate e de entoure e com o aumento da natalidade e da produção de terneiros.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
24
de 6,75 anuais (MODERAGRO). O valor é do juromédio do período de 10 anos.
Tabela 12-Custeio anual para 109.369 hectares do Projeto Piloto Campos de Araucária do RS - 2013/2016 - por Usos e Fontes dos recursos (1a Etapa)
USOS
FONTES Unidade Quantidade R$ Kg boi
Kg boi/ha
Custeio total 21.715.654 6.204.473 100,0
Fertilizantes 7.710.515 2.203.004 35,5
Produtor (Financiamento oficial - Custeio Pecuário)
05-30-15 Ton 6.836 7.710.515 2.203.004 35,5
Sementes 4.566.156 1.304.616 21,0
Aveia Kg 1.640.535 1.148.375 328.107 5,3
Azevém Kg 820.268 1.230.401 351.543 5,7
Capim lanudo Kg 109.369 2.187.380 624.966 10,1
Plantio e roçada 5.016.756 1.433.359 23,1
Trator e plantadeira (plantio direto)
Hora 9.023 1.003.351 286.672 4,6
Trator e roçadeira Hora 9.023 4.013.405 1.146.687 18,5
Assistência técnica (3%
sobre os insumos e serviços) 428.501 122.429 2,0
Parceiros: (Produtores; FEDERACITE; EMATER).
Depreciação(Amortizaçãodo investimento)
R$ 4.984.897 1.424.256 23,0 Produtor(Receita do Projeto);
Juros (s/financiamento) R$ 2.018.883 576.824 9,3
Produtor: 50% (receita do Projeto) e Setor Público: 50% (Governo do Estado; Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento; Emendas Parlamentares ao
Orçamento da União);)
Fontes: tabela 11
Tabela 13 - Resultado anual/ha previsto para o Projeto Piloto Campos de Araucária do RS(Peso vivo/ha/ano)
Especificação Kg boi vivo/ha
Produção anual (Kg/ha)1/
250
Custeio anual do sistema de pastoreio (Kg/ha) 2/
57
Resultado bruto anual (Kg/ha) 193
Resultado bruto anual / Investimento (%)3/
148,4
Demais custeios (Kg/ha)4/
50
Resultado líquidoanual (Kg/ha) 143
Resultado líquido anual (R$/ha) 500,50
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
25
Fonte: tabelas 9 e 10; 1/ Meta do Projeto Piloto; 2/ São considerados somente os custos de manutenção e renovação da pastagem, assistência técnica, a depreciação do investimento na correção de solo e incorporação de gramíneas e leguminosas e os juros sobre o investimento; 3/ O investimento é o que consta da tabela 9 (130 Kg/ha); 4/ Mão de obra, medicamentos, sais minerais e outros e que são comuns a todos os sistemas de produção pecuária assume-se que são iguais a produção estimada no Momento Zero do Projeto Piloto (50 kg/ha/ano).
Tabela 14 - Impacto do Projeto Piloto Campos de Araucária do RS na renda do pessoal ocupado
No de pessoas ocupadas na agropecuária regional em 2006 (Censo Agropecuário - IBGE) 62.354
No de pessoas ocupadas na pecuária regional em 2006 (Censo Agropecuário - IBGE) 24.671
20 % do no de pessoas ocupadas na pecuária regional em 2006 (Censo Agropecuário - IBGE) 4.934
No de hectares de campo nativo na região em 2006 (Censo Agropecuário - IBGE) 546.846
20% do no de hectares de campo nativo na região em 2006 (Censo Agropecuário - IBGE) 109.369
Renda líquida da pecuária prevista pelo Projeto Piloto (kg/ha/ano) 143
Renda líquida anual da pecuária prevista pelo Projeto Piloto para 20% da área de campo nativo da região R$ 54.842.746
Renda adicionalda pecuária por pessoa ocupada/ano(na área do Projeto Piloto/1ª Etapa - 20%do
campo nativo da região) R$ 11.115
Fonte: tabelas 1, 5 e 12; figura 2
O resultado bruto considera somente o custeio com a manutenção e renovação do campo
melhorado, mais a roçada de toda a área trabalhada, a depreciação do investimento na
correção de solo e incorporação de gramíneas e leguminosas, mais os juros sobre o
investimento. Não considera, portanto, os demais custeios como mão de obra,
medicamentos, sais minerais e outros e que são comuns a todos os sistemas de produção
pecuária. Supondo que os demais custeios somem a produção estimada para o Momento
Zero do Projeto Piloto (50 Kg/ha/ano), a meta de 250 Kg/ha/ano (para a área do Projeto)
levará a uma renda líquida para o pecuarista de 143 Kg/ha/ano, correspondendo a R$
500,50 ha/ano (tabela 13).
Pelo Censo Agropecuário de 2006, nos Campos de Araucária do RS os estabelecimentos
predominantemente de pecuária tinham 24.671 pessoas ocupadas (tabela 5), sendo que
destas 93% são familiares dos titulares dos estabelecimentos (tabela 6).
Considerando a meta de implantar o Projeto em 20% da área de campo nativo (na sua 1ª
Etapa) ao cabo do 4ª ano cada uma das 4.934 pessoas ocupadas, em 109.368 hectares,
terá, em média, uma renda adicional de R$ 11.115 anuais (tabela 13).
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
26
8.Desembolsos na 1ª Etapa por Usos e Fontes dos recursos.
A tabela 15 mostra o desembolso total do Projeto Piloto na sua primeira etapa de quatro
anos. A meta é de que a cada quatro anos sejam incorporados 27.342 hectares totalizando
ao cabo do 4º ano (fim da 1ª Etapa) 109.369 hectares. O investimento anual será, portanto,
de R$ 12.462.242 em 6.836 hectares (25% da área anual incorporada ao projeto),
totalizando R$ 49.848.968 ao cabo de quatro anos.
A partir do ano 2 o desembolso inclui o custeio anual o qual aumenta ano a ano na razão do
investimento ocorrido nos anos anteriores, totalizando R$ 32.573.481. Na 1ª Etapa o
investimento e o custeio somam R$ 74.945.104.
Na 1ª Etapa o investimento representará 66,5% do desembolso e o custeio, 33,5%. O
subsídio representará 16,6% do desembolso total, os produtores arcarão com 81,2% e os
parceiros com 2,2% (uma parte destes também a cargo dos produtores).
Tabela 15 - Desembolsos da 1a Etapa (109.369 hectares) do Projeto Piloto Campos de Araucária do RS - 2013/2016 - por Usos e Fontes dos recursos (R$)
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Total
(1a Etapa)
%
Usos 12.462.242 16.644.931 20.827.621 25.010.310 74.945.104 100,0
Investimentos 12.462.242 12.462.242 12.462.242 12.462.242 49.848.968 66,5
Custeio
4.182.689 8.365.379 12.548.068 25.096.136 33,5
Fontes 12.462.242 16.644.931 20.827.621 25.010.310 74.945.104 100,0
Produtores(Financiamento
programas oficiais) 9.483.659 13.306.863 17.130.067 20.953.270 60.873.859 81,2
Setor Público (Governo do Estado;
Ministério da Agricultura Pesca e Abastecimento; Emendas Parlamentares ao Orçamento da
União);Empresas fornecedoras(recursos próprios).
2.734.225 2.986.585 3.238.946 3.491.306 12.451.062 16,6
Parceiros(Financiamento; patrocínio
e recursos próprios) 244.358 351.483 458.608 565.734 1.620.183 2,2
Fonte: Tabelas 10 e 12
9. Instrumentos
O planejamento estratégico formulado pela FEDERACITE tem um caráter meramente
indicativo na medida em que não dispõe de instrumentos convencionais que usualmente são
utilizados nos planos setoriais de desenvolvimento e que têm grande poder de atrair e
alinhar os agentes econômicos na direção dos objetivos e metas planejados, como é o caso
do crédito subsidiado e dos incentivos fiscais.
A FEDERACITE dispõe, basicamente, de dois instrumentos:
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
27
a sua capacidade de articular e coordenar o Capital Social existente no Movimento
Citeano no sentido de trabalhar uma agenda comum de capacitação competitiva;
a sua capacidade de propor pautas e instrumentos às ações de governo das diferentes
esferas, das entidadesdo setor privado e, em especial, articular o relacionamento do
Movimento Citeano com a sua infraestrutura científica, tecnológica e de formação de
recursos humanos.
Considerando, no entanto, o conjunto de parceiros relacionado no item 9 é possível
disponibilizar para o projeto piloto em pauta outros instrumentos como é o caso da
assistência técnica, o financiamento e incentivos como o subsídio ao transporte e
distribuição de calcário.
9.1.Assistência técnica
Será obrigatório o uso de assistência técnica por parte de todo o produtor participante do
projeto piloto. Esta poderá ser pública ou privada a critério do produtor e da disponibilidade
de oferta do serviço na região do projeto. Os produtores organizados em CITEs terão
assistência técnica custeada pelos promotores do projeto e não incorrerão em nenhum
custo relativo ao serviço.
A assistência técnica é pré-requisito para participar do projeto e o serviço será prestado,
seja público, seja privado, segundo as diretrizes do Comitê Gestor do Projeto. A tabela 13
mostra duas informações extremamente importantes:
seja no RS, seja nas regiões do projeto, a pecuária utiliza menos assistência técnica do
que o conjunto da agropecuária;
as regiões do projeto utilizam menos assistência técnica do que a pecuária do RS como
um todo. No município de São Francisco de Paula, por exemplo, apenas 7% dos
estabelecimentos predominantemente de pecuária utilizam assistência técnica
regularmente. Na pecuária do RS a utilização é mais do que o dobro, 15,8% dos
estabelecimentos. Em termos de área, em São Francisco de Paula os estabelecimentos
de pecuária que utilizam regularmente assistência técnica representam 11,1% da área de
pecuária e no RS30,8%.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
28
Tabela 16 - Uso de assistência técnica por parte da agropecuária do Rio Grande do Sul e dasregiões Campos de Cima da Serra e Hortênsias em 2006 (%)
Estabelecimentos
Área
Total da agropecuária
Predomintemente de pecuária
Total da agropecuária
Predomintemente de pecuária
Ocasio
-
na
lmen
te
Reg
ula
r -
men
te
Não
receb
eu
Ocasio
- n
alm
en
te
Reg
ula
r -
men
te
Não
receb
eu
Ocasio
- n
alm
en
te
Reg
ula
r -
men
te
Não
re
ceb
eu
Ocasio
-
na
lmen
te
Reg
ula
r -
men
te
Não
receb
eu
Rio Grande do Sul 28,1 21,7 50,2 25,4 15,8 58,8 27,9 40,4 31,7 27,0 30,8 42,2
Campos de araucária (1+2) 22,4 14,3 63,2 20,9 10,8 68,4 23,9 26,0 50,1 22,3 16,2 61,5
1 - Corede Campos de Cima da Serra
20,2 17,1 62,7 17,6 11,5 70,9 25,1 29,5 45,5 22,9 18,8 58,4
André da Rocha 25,3 9,3 65,4 11,5 7,3 81,3 34,2 16,3 49,5 18,4 9,2 72,4
Bom Jesus 17,1 14,0 68,9 17,0 9,5 73,5 22,8 23,1 54,2 20,8 14,0 65,2
Campestre da Serra 32,4 10,0 57,6 35,5 9,4 55,1 40,0 28,2 31,9 53,2 6,8 40,0
Esmeralda 38,0 22,3 39,7 39,3 11,7 49,0 40,0 34,6 25,4 45,5 18,6 35,9
Ipê 20,8 21,3 57,9 15,9 19,4 64,7 25,2 30,9 43,9 27,5 26,6 45,9
Monte Alegre dos Campos 13,1 8,9 78,0 9,3 3,9 86,8 9,4 17,1 73,5 5,4 11,8 82,8
Muitos Capões 17,6 22,4 60,0 12,9 12,6 74,5 21,8 51,5 26,7 15,2 42,5 42,3
Pinhal da Serra 10,2 16,9 72,9 9,4 13,4 77,2 18,4 16,0 65,7 17,6 10,6 71,8
São José dos Ausentes 25,7 14,6 59,6 29,3 10,6 60,2 25,9 14,3 59,7 28,8 14,6 56,6
Vacaria 15,0 24,9 60,1 12,0 11,5 76,5 21,5 43,8 34,7 14,4 23,7 61,8
2 - Corede Hortênsias 26,0 9,8 64,2 26,2 9,7 64,2 21,9 19,6 58,5 21,5 11,9 66,6
Cambará do Sul 20,6 15,0 64,5 18,8 12,2 69,1 28,7 40,7 30,6 34,4 18,8 46,8
Canela 69,2 12,8 17,9 79,7 6,3 14,1 17,6 37,2 45,2 47,3 35,9 16,9
Gramado 49,8 7,9 42,3 54,1 6,6 39,2 50,0 8,2 41,8 56,0 7,9 36,1
Jaquirana 11,5 5,7 82,8 12,7 5,6 81,8 10,3 6,3 83,4 12,1 2,1 85,8
Nova Petrópolis 29,5 11,2 59,3 36,4 16,0 47,7 32,3 11,3 56,4 37,1 16,7 46,2
Picada Café 34,8 14,9 50,2 42,2 20,2 37,6 35,2 14,3 50,5 45,2 16,8 38,1
São Francisco de Paula 13,3 8,5 78,2 12,2 7,0 80,8 20,9 14,3 64,8 17,2 11,7 71,0
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE. Elaboração: FEDERACITE.
9.2 - Financiamento
O anexo descreve os programas oficiais de financiamento do investimento. Chama-se a
atenção que o custeio anual é financiável pelas linhas tradicionais de custeio pecuário. A
FEDERACITE credenciou técnicos para a elaboração dos projetos na modalidade de risco.
Isto é, o produtor citeano só pagará os honorários técnicos se o projeto for aceito pela
instituição financiadora. Nos orçamentos de investimento e de custeio considerou-se 2% e
3% sobre o valor do projeto, respectivamente, a título de honorários da assistência
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
29
técnica.No caso dos projetos de custeio, os 3% de assistência técnica não incidem sobre os
juros e a depreciação.
9.3 - Subsídios ao transporte e distribuição de calcário
No conceito de agricultura sustentável é fundamental o papel desempenhado pelo calcário,
pois solos ácidos bloqueiam a elevação da produtividade. O uso adequado do calcário traz
benefícios inestimáveis à agricultura, dentre os quais destacam-se a melhoria das
propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, a redução da toxidade de alguns
elementos minerais, a influência na disponibilidade de nutrientes para a planta e a
eliminação de elementos nocivos que destroem as culturas(NAHASS e SEVERINO, 2003).
No Brasil e no Rio Grande do Sul o uso do calcário está muito aquém das necessidades na
agricultura em geral e na pecuária em particular e isto se deve principalmente ao custo
elevado do seu transporte, embora também seja decorrência de fatores culturais e de
desinformação do produtor9. Segundo os dois autores citados o preço médio FOB fábrica do
calcário agrícola no Brasil se equipara ao dos EUA esãoapenas 62% do preço na Argentina.
Em média, no Brasil, a cada200 km o custo de transporte iguala o custo fábrica. No ano de
2000, computado o transporte o preço médio pago pelo agricultorbrasileirofoi 143% superior
ao do norte americano e 58% superior ao pago pelo produtor argentino.
Dado o elevado benefício do uso do calcário para a elevação da produtividade e da
economicidade da atividade agrícola disseminaram-se pelo País os programas de subsídio
ao transporte deste insumo. Geralmente estes programas são de cunho local e promovidos
pelas prefeituras municipais.
No caso dos Campos de Araucáriado RS a distância média das sedes dos municípios com
relação a fonte supridora de calcário mais próxima ultrapassa a 300 Km, onerando o custo
fábrica FOB do insumo em torno de 160% (tabela 9), justificando-se assim a concessão de
um subsídio ao seu transporte. Os subsídios serão concedidos segundo os critérios que
seguem:
a. O pecuarista cujo estabelecimento do projeto tiver mais de 50% de vegetação nativa
será subsidiado em 100% do transporte e da distribuição do calcário;
b. O pecuarista cujo estabelecimento do projeto participardos programas BPA (Boas
Práticas Agropecuárias) e SAPI Campos de Araucária(Sistema Agrícola de Produção
9 Segundo Oscar Alberto Raabe, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário
Agrícola (Abracal), pesquisa realizada pela entidade em vários estados da Federação, apontou que no estado de São Paulo - reconhecido como o que mais desenvolve, cresce e cria tecnologia para o agronegócio brasileiro - o conhecimento do calcário e das vantagens da sua utilização para o setor era de apenas 53% entre os produtores rurais consultados em todas as linhas de atuação, desde o agropastoril até as grandes lavouras (RAABE, 2008).
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
30
Integrada da Carne Bovina do MAPA) será subsidiado em 80% do transporte e da
distribuição do calcário;
c. O pecuarista cujo estabelecimento do projeto participar ou do programa BPA (Boas
Práticas Agropecuárias), ou do SAPI Campos de Araucária será subsidiado em 60%
do transporte e da distribuição do calcário;
d. O pecuarista cujo estabelecimento do projeto não se enquadrar em nenhum dos
requisitos acima será subsidiado em 40% do transporte e da distribuição do calcário.
Para fins deste projeto será considerada vegetação nativa as pastagens naturais e as matas
e/ou florestas naturais (destinadas - ou não - à preservação permanente ou reserva legal).
No Rio Grande do Sul a vegetação nativa representa 51,1% da área total dos
estabelecimentos agropecuários (tabela 14).
Tabela 17 - Participação das áreas de vegetação natural na área total dos estabelecimentos agropecuários do Rio Grande do Sul por regiões (%)
Região (COREDE)
% da área de vegetaçãonatural na área total dos estabelecimentos da região
% da região na área total dos estabelecimentos agropecuários do RS
Região (COREDE)
% da área de vegetação natural na área total dos estabelecimentos da região
% da região na área total dos estabeleci- mentos agropecuários do RS
Hortênsias 70,7 2,1 Vale do Rio dos Sinos 42,3 0,2
Fronteira Oeste 70,2 17,8 Alto da Serra do Botucaraí
39,1 2,2
Campanha 69,0 6,6 Nordeste 33,9 2,5
Vale do Jaguarí 68,3 4,6 Vale do Taquari 33,0 1,7
Campos de Cima da Serra
63,6 3,8 Serra 28,8 1,4
Sul 62,6 12,5 Vale do Caí 28,3 0,6
Paranhana Encosta da Serra
53,0 0,4 Médio Alto Uruguai 27,7 1,6
Metropolitano Delta do Jacuí
50,0 1,5 Norte 27,1 2,6
Jacui Centro 49,7 3,3 Fronteira Noroeste 25,2 2,0
Vale do Rio Pardo 47,4 5,1 Produção 19,9 2,6
Litoral 46,6 1,6 Celeiro 18,5 1,8
Central 45,5 4,9 Noroeste Colonial 17,8 2,2
Missões 44,8 5,2 Rio da Várzea 14,8 1,6
Centro Sul 44,7 3,7 Alto Jacuí 13,9 2,8
Rio Grande do Sul 51,1 100,0
Fonte: Censo Agropecuário de 2006, IBGE. Elaboração: FEDERACITE.
Nos Campos de Araucária do RS a vegetação nativa representa 66,1% da área total dos
estabelecimentos da região (Hortências, 70,7%, e Campos de Cima da Serra, 63,6%). Na
área total do RS os Campos de Araucária participam com 5,9% e na vegetação natural com
7,6%.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
31
Os quatro requisitos acima para o pecuarista acessar o subsídio ao transporte e distribuição
do calcário contém estímulos que buscam incentivar a produção sustentável combinando
estímulos e instrumentos de cunho ambiental, social, produtivo e mercadológico e que estão
presentes, em diferentes graus, no BPA, no SAPI e neste Projeto Piloto - Campos de
Araucária - do Programa Conservação de Melhoramento do Campo Nativo do RS.
9.4 - Subsídios aos juros do financiamento do investimento
Todo participante do Projeto Piloto terá um subsídio de 50% sobre os juros dos
financiamentos sobre o investimento.
9.5 - Financiamento dos subsídios e seus benefícios econômicos e sociais
Na 1ª Etapa os subsídios referentes ao transporte e distribuição do calcário e aos juros do
investimento importarão em R$ 12.451.062 (em quatro anos)10. Estes dois instrumentos
contribuirão para gerar uma renda (PIB) adicional a partir do ano 4 de R$ 54.842.746
anuais, ou R$ 11.115, em média, para cada uma das 4.934 pessoas ocupadas na área do
projeto (20% do campo nativo dos Campos de Araucária do RS).
Considerando que a carga tributária no Brasil é 36% do PIB (Globo Economia, 2012), segue
que o PIB adicional gerado pelo Projeto Piloto tem um conteúdo potencial de tributos de R$
19.743.389. Isto é, em quatro anos o setor público destinará R$ 12.451.062 oriundos de
suas receitas tributárias para subsidiar os produtores e estes a partir do quarto ano e nos
anos subsequentes estarão contribuindo para gerar tributos em um valor anual 58,5%
superior ao subsídio concedido. Este dado, por si só, é um indicador insofismável do
elevado benefício socioeconômico do Projeto Piloto.
10. Parceiros formuladores,tecnológicos, financiadores e comerciais
FEDERACITE e CITEs 78 (São Francisco de Paula)11, 120 (Vacaria) e 113
(Cambará do Sul);
FARSUL; FETAG
SENAR, SEBRAE e o Programa Juntos Para Competir;
SICADERGS - Sindicato da Indústria de Carne e Derivados do RS;
MAPA;
EMBRAPA;
IBAMA;
10
Na hipótese de todos os projetos receberem os subsídios máximos (100% no transporte e distribuição do calcário e 50% dos juros sobre o investimento).
11Foi escolhido pela FEDERACITE como um dos clubes-referência para os demais clubes em
produção sustentável e como tal, pela decisão, dos seus integrantes passou a ser denominado como Unidade de Produção Sustentável nos Campos de Cima da Serra (Bioma Mata Atlântida).
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
32
Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS – Programa Carne Gaúcha - a
Melhor Carne do Mundo (Diário Oficial 19/10/2011);
Secretaria do Meio Ambiente do RS, SEMA;
EMATER;
FUNDESA - Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal;
Prefeituras Municipais da região dos Campos de Cima da Serra;
FAMURS;
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul;
Bancada Gaúcha no Congresso Nacional;
BRDE; BANCO DO BRASIL; BANRISUL e SICREDI;
ABRACAL - Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola
SINDICAL – Sindicato da Indústria de Calcário do RS;
SIARGS - Sindicato da Indústria de Adubos do RS;
PIONEER;
APASSUL;
ALLFLEX;
OURO FINO.
11. Indicadores de desempenho.
Os projetos dos estabelecimentos citeanos serão acompanhados pela FEDERACITE com o
objetivo de construir indicadores de produtividade, de economicidade, de oferta de
forrageiras (MSV) e indicadores ambientais, juntamente com os parceiros tecnológicos.
12. Bibliografia
APROCCIMA. Evolução do preço do boi gordo no período 2004/2011;
CASTILHOS, Zélia Maria de Souza, GOMES,Marta Falcão de A., PIRES, GOMES, Giselda da Silva Ruth Gonçalves Calone, VARGAS, Adriana Ferreira da Costa e NABINGER, Carlos em Práticas de Manejo de Campo Nativo em Área de Pecuarista Familiar em Solo Suscetível à Arenização no Bioma Pampa.Circular Técnica No 27 da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária. Agosto de 2011
FARSUL, Estimativa do Valor Bruto da Produção da Agropecuária do Rio Grande do Sul, 1998/2010;
Globo Economia. Carga tributária de 2011 deve bater recorde, chegando a 36% do PIB em http://oglobo.globo.com/economia/carga-tributaria-de-2011-deve-bater-recorde-chegando-36-do-pib-3920703#ixzz1zzbcHEl3. Publicada em 08 de fevereiro de 2012. Acesso em 07 de julho de 2012.
IBGE, Censo Agropecuário, 2006;
IBGE, Censo Demográfico, 2010;
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
33
MESSIAS, Luis G. P. e RIES, Jaime E. em Melhoramento de Campo Nativo em São Francisco de Paula. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.3, n.3, Jul/Set 2002;
NAHASS, Samir e SEVERINO, Joaquim em Calcário Agrícola no Brasil. CETEM /MCT. Rio de Janeiro, 2003; RAABE, Oscar Alberto em Desafios do Agronegócio Verde e Amarelo. Facto ABIFINA, Edição nº 16,NOV/DEZ 2008(http://www.abifina.org.br/factoNoticia.asp?cod=280)
ROSA, Joal de Azambuja em Referências para o Planejamento Estratégico da Agropecuária do Rio Grande do Sul. Livro XIX da FEDERACITE – Sustentabilidade como Fator de Competitividade em Sistemas Agropecuários. EXPOINTER, 2011.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
34
ANEXO –Programas oficiais de Financiamento
Todo o investimento é financiável pelos programas governamentais de crédito,
MODERAGRO (correção de solos) e PRONAMP (estabelecimentos das pastagens).
Segundo alguns agentes financeiros, como o Banco do Brasil, o investimento é passível de
ser 100% enquadrado no programa ABC, cujas condições são mais favoráveis, conforme é
mostrado na sequência.
O MODERAGRO financia a correção de solos nas condições que seguem:
Encargos: 6,75% a.a.
Percentual de financiamento: até 100%.
Valor máximo por beneficiário: R$ 600 mil (individual) e até R$ 1.200 mil (projeto
coletivo).
Prazo: 10 anos, incluída a carência de até 3 anos.
O PRONAMP INVESTIMENTO - Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural -
financia itens de investimento fixos e semifixos necessários ao desenvolvimento das
atividades agrícolas ou pecuárias.
Beneficiários: Produtor rural, que atenda cumulativamente aos seguintes requisitos:
seja proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro;
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
35
tenha, no mínimo, 80% de sua renda originária da atividade agropecuária ou extrativa
vegetal;
possua renda bruta anual de até R$ 700 mil, por participante envolvido no
empreendimento. O cálculo da renda bruta anual deve considerar os somatórios dos
valores correspondentes a:
80% do valor da receita bruta proveniente da venda da produção das atividades
de ovinocaprinocultura, aquicultura, sericicultura, fruticultura, cafeicultura e cana-
de-açúcar;
60% do valor da receita bruta proveniente da venda da produção das atividades
de olericultura, floricultura, pecuária leiteira, avicultura e suinocultura não
integradas;
100% do valor da receita líquida recebida da entidade integradora, quando
proveniente das atividades de avicultura e suinocultura integradas ou em parceria
com agroindústrias;
100% do valor da venda dos demais produtos agropecuários;
100% do valor estimado dos produtos produzidos e destinados ao consumo
familiar, excluídos os destinados ao consumo intermediário no estabelecimento;
100% das rendas não agropecuárias.
Valor Financiável
até R$ 300 mil por beneficiário, por ano agrícola;
empreendimento coletivo: de acordo com o número de beneficiários, respeitado o teto
individual por participante e limitado a 10 mutuários.
Prazo: até 8 anos, incluídos até 3 anos de carência.
Encargos: 6,25% ao ano.
O PROGRAMA ABC - Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura, ou Agricultura de Baixo Carbono
O ABC foi anunciado pela primeira vez no Plano Agrícola e Pecuário de 2010/2011, para
financiar a adoção de práticas agronômicas sustentáveis. Agora, no lançamento do Plano
Agrícola e Pecuário 2011/2012, o ABC foi reforçado com a incorporação do Programa de
Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) e do Programa de Estímulo à
Produção Agropecuária Sustentável (Produsa), e os recursos destinados a tecnologias que
contribuam para a redução de emissão de gases do efeito estufa passaram de R$ 2 bilhões
para R$ 3,15 bilhões (GTPS, 2011). Deste montante, R$ 850 milhões estão a cargo
doBanco do Brasil e o restante com o BNDES", segundo o coordenador de políticas
setoriais do Departamento de Economia Agrícola no MAPA, João Cláudio da Silva Souza.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
36
Segundo o mencionado coordenador, dos R$ 2 bilhões anunciados em 2010, apenas R$
57,7 milhões foram contratados: 96 operações no BNDES no valor de R$ 53,6 milhões e
sete operações no Banco do Brasil, com R$ 4,1 milhões.
O ABC contempla várias atividades e práticas como: plantio direto na palha - já ocupa 26
milhões de hectares no País; integração lavoura-pecuária-floresta; recuperação de
pastagens degradadas - dos 180 milhões de hectares de pasto no País, entre 70% e 80%
apresentam algum nível de degradação; fixação biológica de nitrogênio, tecnologia que
permite, na soja, substituir em 100% a adubação nitrogenada; conversão de cultivo
convencional para orgânico; plantio de florestas; recomposição e manutenção de áreas de
preservação permanente.
As condições de um modo geral são excepcionais, pois o limite de crédito é de R$ 1 milhão
por beneficiário, juros de 5,5%, prazo de até 15 anos e a carência de até 8 anos, variando
conforme a tecnologia. As condições são tão favoráveis que permitem investir em terras
arrendadas conforme menciona o ex-Ministro da Agricultura Alyson Paulinelli. Arrendou uma
área de mil hectares por oito anos e que estava abandonada e degradada. "...Com recursos
próprios, recuperei 300 hectares. Agora, com o ABC, recupero o restante... O programa
envolve agricultura de alta tecnologia e preservação do ambiente. Quero contribuir para a
redução da emissão de gases do efeito estufa, mas também quero produzir...." (O Estado de
S. Paulo, 2011).
Ainda segundo o jornal referido o ex-ministro agora solicitou o teto máximo - R$ 1 milhão - e
vai investir mais R$ 300 mil de recursos próprios não só na recuperação do solo, mas na
construção de silos, galpões, cercas e na compra de animais. Hoje, Paulinelli produz de 400
a 450 novilhos por ano. Ele diz que a elaboração do projeto levou seis meses e que
procurou órgãos como EMATER e EMBRAPA para se informar.
O pecuarista Rômulo Augusto Labate Marques, que cria reprodutores da raça simental em
Montes Claros (MG), está aguardando a liberação de um crédito de R$ 300 mil nos
próximos 30 dias. Ele vai ampliar a área que mescla pasto e floresta plantada. O criador
possui 120 hectares com a integração em sua propriedade e vai utilizar o dinheiro para
ampliar a área em 60 hectares. Marques, que também é consultor, diz que vários de seus
clientes estão formatando projetos para o ABC. Ele crê até que o valor destinado este ano
(R$ 3,15 bilhões) possa não ser suficiente (O Estado de S. Paulo, 2011).
Outra facilidade do programa ABC é a possibilidade de carência no pagamento dos juros
que são anuais. O empresário Tércio Luiz Tavares Pascoal, sócio da MGX Florestal, diz que
só pediu o empréstimo porque negociou um prazo de carência também para os encargos
(R$55 mil anuais de juros). O referido empresário, no entanto, reclama que as exigências
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
37
bancárias são muitas, como a necessidade de oferecer como garantia uma hipoteca em
valor superior ao empréstimo (O Estado de S. Paulo, 2011).
Na seqüência são transcritas as condições sob as quais opera o ABC tendo como fonte o
site do BNDESwww.bndes.gov.br
Objetivos
Promover a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades
agropecuárias;
Reduzir o desmatamento;
Aumentar a produção agropecuária em bases sustentáveis;
Adequar as propriedades rurais à legislação ambiental;
Ampliar a área de florestas cultivadas;
Estimular a recuperação de áreas degradadas.
As operações no âmbito do Programa ABC serão realizadas através das instituições
financeiras credenciadas12.
Clientes
Produtores rurais (pessoas físicas ou jurídicas), e suas cooperativas, inclusive para repasse
a cooperados.
Empreendimentos apoiáveis
Recuperação de áreas e pastagens degradadas;
Implantação de sistemas orgânicos de produção agropecuária;
Implantação e melhoramento de sistemas de plantio direto "na palha";
Implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-
floresta ou lavoura-pecuária-floresta; e
Implantação, manutenção e manejo de florestas comerciais, inclusive aquelas destinadas
à recomposição de reserva legal ou de áreas de preservação permanente, e para a
produção de carvão vegetal;
Tratamento de dejetos e resíduos, entre outros;
Implantação de planos de manejo florestal sustentável; e
12
Última atualização (Outubro/2011): ABC-Brasil, AF-TO, AFEAM, AFESP, AFParana, Alfa BI, Alfa CFI; Badesc, Badesul, Banco do Brasil, Banco do Brasil Leasing, Bancoob, Bandes, Banese, Banestes, Banrisul BM, Bansicredi, Basa, BDMG, BES BI, Bicbanco, BNB, Bradesco BM, Bradesco Leasing, BRB BM, BRDE, BRP BM, BTG Pactual, BV LS. Caixa Geral BR, Caterpillar FI, CEF, Citibank BM, CNH BM, Credit Suisse, Cresol Baser, Cresol SC RS, Daycoval BM, Desenbahia, Dibens Leasing, Direção CFI, DLL BM , Fibra BM, Fidis BM, FINEP, Guanabara BM, HSBC BM, Industrial BM, Indusval BM, Investe Rio, Itaú BBA, Itaú BM, Itaucard BM, Itaú Leasing, John Deere BM, J. Safra, Mercedes BM, Mercedes Leasing, Moneo BM, Pine BM, Porto Real, Rabobank, Randon BM, Rendimento BM, Rodobens BM, Safra BM, Santander BM, Scania BM, Standard BI, Tribanco BM, Unibanco BM, Unicred PRMS, Volkswagen BM, Volvo BM, Votorantim BM.
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
38
Implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, prioritariamente em áreas
produtivas degradadas.
Itens financiáveis
Poderão ser financiados os seguintes itens, desde que vinculados a projetos em
conformidade com os empreendimentos apoiáveis:
Elaboração de projeto técnico, georreferenciamento das propriedades rurais, inclusive
despesas técnicas e administrativas relacionadas ao processo de regularização
ambiental;
Assistência técnica necessária até a fase de maturação do projeto;
Realocação de estradas internas das propriedades rurais para fins de adequação
ambiental;
Aquisição de insumos e pagamento de serviços destinados a implantação e manutenção
dos projetos financiados;
Pagamento de serviços destinados à conversão para a produção orgânica e sua
certificação;
Aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos agrícolas (calcário e
outros);
Marcação e construção de terraços e implantação de práticas conservacionistas do solo;
Adubação verde e plantio de cultura de cobertura do solo;
Aquisição de sementes e mudas para formação de pastagens e florestas;
Implantação de viveiros de mudas florestais;
Operações de destoca;
Implantação e recuperação de cercas; aquisição de energizadores de cerca; aquisição,
construção ou reformas de bebedouros e de saleiros ou cochos para sal;
Aquisição de bovinos, ovinos e caprinos, para reprodução, recria e terminação, e sêmen
dessas espécies;
Aquisição de máquinas e equipamentos novos para a agricultura e/ou pecuária não
financiáveis pelo moderfrota e moderinfra;
Construção e modernização de benfeitorias e de instalações, na propriedade rural;
Serviços de agricultura de precisão, desde o planejamento inicial da amostragem do solo
à geração dos mapas de aplicação de fertilizantes e corretivos;
Despesas relacionadas ao uso de mão-de-obra própria, desde que compatíveis com
estruturas de custos de produção regional (coeficiente técnico, preço e valor), indicadas
por instituições oficiais de pesquisa ou de assistência técnica (federal ou estadual), e
desde que se refiram a projetos estruturados e assistidos tecnicamente, admitindo-se,
nessa hipótese, que a comprovação da aplicação dos recursos seja feita mediante
apresentação, ao agente financeiro, de laudo de assistência técnica oficial atestando que
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
39
o serviço, objeto de financiamento, foi realizado de acordo com o preconizado no projeto,
devendo o mencionado laudo ser apresentado pelo menos uma vez a cada semestre
civil.
Poderá ser financiado custeio associado ao investimento, limitado a até 30% do valor
financiado, podendo ser ampliado para:
Até 35% do valor financiado, quando destinado à implantação e manutenção de florestas
comerciais ou recomposição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal;
ou
Até 40% do valor financiado, quando o projeto incluir a aquisição de animais e sêmen de
bovinos, ovinos e caprinos, para reprodução, recria e terminação.
Taxa de juros
5,5% ao ano.
Participação máxima do BNDES
100%.
Limite do financiamento
Até R$ 1 milhão por cliente, por ano-safra.
Admite-se a concessão de mais de um financiamento para o mesmo cliente, por ano-safra,
quando a atividade assistida requerer e ficar comprovada a capacidade de pagamento do
cliente; e o somatório dos valores concedidos não ultrapassar o limite de crédito total de R$1
milhão.
Prazo total
Projetos para implantação de viveiros de mudas florestais - até 5 anos, incluindo até 2
anos de carência;
Investimentos destinados à adequação ao sistema de agricultura orgânica, ao plantio
direto “na palha”, à recuperação de pastagens e à implantação de sistemas produtivos de
integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-
floresta, até 8 anos, estendendo-se até 12 anos quando a componente florestal estiver
presente, incluindo até 3 anos de carência;
Projetos para implantação, manutenção e manejo de florestas comerciais e para
produção de carvão vegetal, até 12 anos, estendendo-se até 15 anos a critério da
instituição financeira credenciada e quando a espécie florestal o justificar, incluindo até 8
anos de carência;
Projetos para implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, até 12 anos,
incluindo até 6 anos de carência;
Projetos para recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente ou de
reserva legal, até 15 anos, incluindo até 1 ano de carência.
Garantias
Projeto Piloto Campos de Araucária do Rio Grande do Sul
Programa Conservação e Melhoramento do Campo Nativo
40
As garantias são definidas a critério da instituição financeira credenciada que realizar a
operação. Devem ser observadas as seguintes obrigações:
Deverão ser respeitadas as normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil;
Nas operações em que forem constituídas garantias, reais ou pessoais, estas deverão
ser caracterizadas, descritas e detalhadas no instrumento de crédito; e
Não será admitida a constituição de penhor de direitos creditórios decorrentes de
aplicação financeira.
Vigência
Até 30/06/2012.
Encaminhamento
O interessado deve dirigir-se à instituição financeira credenciada de sua preferência que
informará qual a documentação necessária, analisará a possibilidade de concessão do
crédito e negociará as garantias. Após a aprovação pela instituição, a operação será
encaminhada para homologação e posterior liberação dos recursos pelo BNDES.
Veja-se também: Circular SEAGRI nº 18/2011; Circular SEAGRI nº 09/2011.