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COLÉGIO ESTADUAL AUGUSTO ANTÔNIO DA PAIXÃO COLÉGIO ESTADUAL AUGUSTO ANTÔNIO DA PAIXÃO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO CERRO AZUL - PARANÁ CERRO AZUL - PARANÁ PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

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COLÉGIO ESTADUAL AUGUSTO ANTÔNIO DA PAIXÃOCOLÉGIO ESTADUAL AUGUSTO ANTÔNIO DA PAIXÃO

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIOENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

CERRO AZUL - PARANÁCERRO AZUL - PARANÁ

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Cerro Azul2010

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1 MARCO SITUACIONAL

1.1 IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO

1.1.1 Nome do Estabelecimento de Ensino: Colégio Estadual Augusto Antônio da

Paixão – Código: 01188

1.1.2 Município: Cerro Azul PR - Código: 0520

1.1.3 Ato de autorização do Estabelecimento: Resolução nº 547/95, de

17/02/1995

1.1.4 NRE: Área Metropolitana Norte – Código: 02

1.1.5 Parecer do NRE de aprovação do Regimento Escolar: nº 164/03, de

23/06/2003

1.1.6 Entidade mantenedora: Governo do Estado do Paraná

1.1.7 Localização: rural

1.1.8 Histórico da Instituição

A Escola Estadual Augusto Antonio da Paixão - Ensino de 1º Grau foi autorizada

a funcionar pelo prazo de dois anos pela Resolução nº. 547/95 da Secretaria de Estado

da Educação, de 17 de fevereiro de 1995, mantida pelo Governo do Estado do Paraná.

Em 1995, foram matriculados aproximadamente 110 alunos, divididos em três turmas

de quinta série. No ano de 1996, a Escola contou com duas quintas séries e três

sextas. As outras séries foram sendo implantadas de forma gradual. Em 2007 foi

implantado o Ensino Médio, de forma simultânea, sendo nesse ano formada a primeira

turma desse nível de ensino. O Ensino Médio foi autorizado pela Resolução nº 4087 de

09/09/2008, desde o ano de 2007, sendo que a partir daí o estabelecimento passou a

ser denominado Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão – Ensino Fundamental e

Médio.

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Antes da criação da Escola Estadual Augusto Antônio da Paixão, em 1995, já

existia a Escola Municipal da Bomba, no mesmo prédio, o qual foi construído pela

Prefeitura Municipal de Cerro Azul, na gestão do então Prefeito Alternir Alves David,

em 1982, em terreno doado pelo senhor Augusto Antônio da Paixão. Assim, o Colégio

funciona em dualidade administrativa com a Escola Municipal da Bomba – Ensino

Fundamental Séries Iniciais, a qual é mantida pela Prefeitura Municipal de Cerro Azul.

A primeira diretora da Escola Estadual Augusto Antônio da Paixão foi a

professora Luciane Mangger, nomeada pelo Prefeito, em 1995. No mesmo ano, o

professor Osny Henrique Chandelier assumiu o cargo de Diretor, permanecendo até o

ano de 2008, quando foi eleita a professora Maria da Conceição Amaral de Pontes,

através de voto direto, a qual assumiu a Direção do Estabelecimento no dia 1º de

janeiro de 2009. Atualmente a escola conta com aproximadamente 400 (Quatrocentos)

alunos.

1.1.9 Caracterização da comunidade

A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está

inserido, em sua maioria, sobrevive da agricultura familiar, sendo que alguns são

agropecuaristas. Devido ao pouco contato que têm com os avanços tecnológicos,

tendo acesso apenas a alguns meios de comunicação como rádio, TV e telefone

público, os moradores têm grandes dificuldades de contato com outras manifestações

culturais.

A família é uma aliada da escola na formação do aluno. Para isso, procura-se

uma interação constante. Em muitas famílias, os filhos são os detentores do maior grau

de escolaridade e influenciam os demais membros. Valorizando a participação dos

pais, a escola estará estendendo a educação para fora dos seus muros e influenciando

de forma decisiva na formação de uma sociedade mais justa e mais participativa. É

preciso que se insira a família na escola, buscando uma aliança cooperativa que

beneficiará todos os segmentos. Afinal, “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência

do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas

pedagógicas”. É nesse momento que a APMF assume um papel importante, fazendo

um elo entre a família e a escola.

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Os alunos, na sua maioria, são bem educados e respeitosos. Porém, alguns

apresentam problemas de indisciplina, os quais são resolvidos com o diálogo com os

mesmo e às vezes com a ajuda dos pais.

Por estar localizada em área rural, grande parte dos alunos trabalham para

ajudar no orçamento familiar. Como alguns alunos têm mais de 18 anos, há aqueles

que trabalham para o próprio sustento. De acordo com o relato deles, no horário em

que não estão na Escola, estão trabalhando: uns roçam ou capinam; outros colhem

citros, tiram leite, fabricam queijo ou ajudam nos afazeres da casa. Após conversa

com os pais dos alunos que têm faltado bastante, os mesmos afirmaram que o

motivo das faltas é a necessidade que têm da ajuda do filho no sustento da família.

“Eles sabem que não devem faltar, mas não dá para ficar sem comer”, alguns

argumentaram.

A maioria dos pais e avós dos alunos tem pouco grau de escolaridade, tendo

cursado, quando muito, até a 4ª série do Ensino Fundamental, o que dificulta o

acompanhamento dos pais na aprendizagem dos filhos. No intuito de resolver esse

problema, os professores têm tido cuidado para não enviar muito trabalho para casa.

Quando os alunos precisam realizar pesquisas, utilizam a Biblioteca Escolar ou a

internet, no Laboratório de informática, em contra turno. Além disso, nas reuniões de

pais é enfatizada a necessidade que os mesmos têm de acompanhar a vida escolar

de seus filhos.

Quase não existem empregos na localidade, sendo que os moradores, na sua

maioria, são autônomos. A maioria é composta por pequenos produtores rurais,

alguns são médios agropecuaristas e também existem alguns comerciantes. Os

poucos empregos existentes são os cargos da Prefeitura Municipal em órgãos que

oferecem atendimento ao público como Escolas, Postos de Saúde, Setor rodoviário

etc.

Além da escola, os alunos têm acesso à educação informal, através da Igreja

e de reuniões realizadas por associações de moradores, Sindicato Rural e pela

associação de Crédito ao pequeno agricultor, Cresol. Esta associação vem

oferecendo crédito aos pequenos agricultores, tornando o Município um dos que

mais cresceram no Estado do Paraná em 2008.

A religião Católica predomina entre os moradores, sendo que 80% das famílias

dos alunos pertencem à mesma. O restante, 20%, distribui-se entre as diversas igrejas

evangélicas. A religião católica e algumas igrejas evangélicas não proíbem as festas,

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os bailes, a dança e os esportes. No entanto, há algumas igrejas evangélicas que

proíbem os bailes, as danças e algumas até os esportes. Os adeptos dessas igrejas

são mais contidos em relação a todas as manifestações em que o corpo é mais exibido

e cultuado e em que a sensualidade aparece com mais evidência.

Mas entre os pais, independentemente de religião, há uma visível preocupação

de coibir qualquer atitude ou insinuação que contrarie os valores morais, em especial

os que se referem à sexualidade. Além da moralidade, a valorização do trabalho, a

preocupação com a honestidade e o respeito à família mantêm-se bastante arraigados

entre os pais dos alunos.

Quando o assunto é política, surgem muitas contradições. A impressão que se

tem é de que neste campo não valem as normas respeitadas no dia-a-dia. A política

ainda é vista como a arte do favorecimento por alguns. Para muitos moradores da

comunidade, político serve para ajudar a arranjar emprego público e conseguir favores

difíceis de serem atingidos pelas vias legais. No entanto, ultimamente essa maneira de

pensar tem mudado um pouco. As pessoas, embora cobrem ações que beneficiem a

coletividade, como uma estrada, uma escola, médico, farmácia, uma ponte, etc.,

buscam muito a cooperação do seu candidato para resolver pequenos problemas, que

vão da compra de um remédio a um rolo de mangueira para encanar água em sua

casa. Em época de campanha política vive-se um clima de intenso debate, em que os

candidatos se confrontam, renovando as promessas utópicas que muitas vezes

chegam ao absurdo. Os eleitores já sabem como tirar proveito da situação e sabem

votar em silêncio; “estou quieto”, diz o eleitor quando não quer se manifestar. Eles já

aprenderam também que manifestar-se contrário pode significar a perda do emprego

de um parente, a estrada mal conservada, o fim de favores e até dificuldades numa

consulta médica. A política do cabresto ainda é praticada na região.

É visível o apreço e a imagem positiva que a Escola possui perante a maioria na

comunidade. A educação é vista como um instrumento para garantir a melhoria da

qualidade de vida. Pesquisa realizada entre os estudantes revelou que poucos

pretendem continuar na profissão de agropecuaristas. Estudam porque almejam uma

profissão típica da cidade. Pretendem se tornar professores, motoristas, jogadores de

futebol, advogados, artistas, dentistas, engenheiros, auxiliares de escritório, telefonista

etc. A maioria gostaria de ir embora para capital do Estado.

No entanto, a participação da Escola, nos últimos três anos (2008, 2009 e

2010), nos Simpósios de Educação do Campo realizados pela SEED em Faxinal do

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Céu, permitiu que os educadores fossem despertados para uma educação mais

contextualizada à realidade dos alunos. Assim, os professores têm procurado partir de

problemáticas relacionadas à agricultura e à pecuária, para, a partir daí, ensinarem o

conhecimento científico envolvido nessas problemáticas. Dessa forma, os alunos estão

recuperando sua auto-estima e estão começando a se orgulhar de fazerem parte de

uma comunidade de pequenos agricultores. Isso significa que estão dando mais valor

à cultura local e estão enxergando que há vantagens no fato de serem camponeses.

Nas festas juninas realizadas pelo Colégio, não se ridiculariza a figura do agricultor.

Pelo contrário, se enaltece. Os alunos estão começando a ter orgulho de serem

agricultores. Algumas ações também foram planejadas para o ano de 2010, através do

Programa Viva a Escola, como a construção da Agenda 21 escolar, Preservação

Ambiental e Jornal Escolar. Através dessas três turmas do Programa Viva a Escola,

pretende-se trabalhar com os alunos e com a comunidade a importância da

preservação ambiental e da produção e do desenvolvimento sustentável. Em junho de

2010, foi realizada a 1ª Conferência do Meio Ambiente do Colégio. O Jornal Escolar,

além da complementação curricular, tem o objetivo de fomentar e divulgar as ações

empreendidas para a melhoria da qualidade da educação oferecida pelo

estabelecimento. Além disso, pretende-se criar a Horta na Escola, buscando elevar a

auto-estima dos alunos, mostrando que é possível ganhar dinheiro em um pequeno

pedaço de terra. Na horta, pretende-se trabalhar com a agricultura orgânica e a

agroecologia, começando com o estudo do solo. Pretende-se também mostrar que a

diversificação da produção é a saída para o fracasso de muitos agricultores. Com

relação à Preservação Ambiental, pretende-se incentivar os alunos a reaproveitarem

tudo o que pode ser reaproveitado, mostrando que é possível ganhar dinheiro com a

venda do lixo reciclável. A produção de adubo orgânico também está prevista, através

de um minhocário, o qual já foi construído. Portanto, a Escola está cumprindo seu

papel na comunidade, pois, ao mesmo em tempo que ensina os conteúdos científicos,

desenvolve um projeto de sociedade, valorizando a cultura local e o fortalecimento das

raízes dos moradores do campo.

Quanto ao lazer, os alunos aproveitam as folgas para jogar futebol, assistir TV,

ouvir música, passear em casa de amigos e parentes, irem à Igreja para suas

devoções ou em época de festa da padroeira. Esporadicamente, acontecem alguns

bailes, que são grandes acontecimentos sociais, visto que oportunizam a dança, a

mais importante arte popular local, e o encontro dos jovens para namorar. Alguns

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visitam a sede, principalmente no dia da padroeira da cidade ou na Festa da Laranja. A

escola é a instituição mais importante e o principal ponto de encontro da comunidade,

pois é nela que acontecem as principais atividades culturais da região.

A televisão e o rádio são, para a comunidade, as maiores fontes de informação,

pois jornais e revistas só chegam até ela depois de terem sido lidos por assinantes que

moram na sede do Município. Isso não quer dizer que os moradores da localidade não

tenham condições financeiras para comprarem jornal ou revista. Na verdade, a leitura

destes não é tida como muito importante, a ponto de o cidadão se preocupar em

investir nela. Pesquisa entre os alunos revelou que várias famílias possuem algum tipo

de veículo motorizado. Também não há comércio de livros, jornais ou revistas na

região e nem na cidade sede do Município.

O principal meio de transporte da localidade até a sede é uma linha particular de

ônibus, que faz o percurso diariamente.

Entre os alunos e seus familiares, a saúde é o setor que apresenta maior

precariedade. Ao lado da Escola, há um Posto de Saúde, que está equipado com

gabinete odontológico, onde são feitas obturações e em um dia da semana são feitas

extrações. Ao observar os dentes dos alunos, percebe-se que alguns não cuidam

muito bem dos mesmos. Meninos e meninas com dentes estragados pelas grandes

cáries têm sua auto-estima comprometida. Por isso, os educadores têm procurado

orientar os alunos sobre a importância de uma higiene bucal correta e feita

diariamente, pois além de melhorar a estética, faz parte da saúde corporal.

Quanto a médico, há somente clínico geral uma vez por semana. Quem

necessita de atendimento especializado precisa ir até a Sede do Município, porque lá

existe um hospital e um centro de saúde, onde são feitas as triagens. Em alguns

casos, os pacientes são enviados a Curitiba, geralmente ao hospital Angelina Caron,

em Campina Grande do Sul, com o qual a Prefeitura possui convênio.

A água utilizada na Escola e pela comunidade é oriunda de um pequeno riacho,

encanada pela comunidade e sem tratamento. Há um poço artesiano, o qual abastecia

a comunidade, mas o motor estragou e não foi consertado. Nas casas dos alunos

também ficou constatado, por pesquisa, que a grande maioria possui água encanada,

mas sem tratamento. Este Estabelecimento está envidando esforços para conseguir

água de melhor qualidade para os alunos e toda a comunidade escolar.

Os alunos recebidos no Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão são

provenientes de escolas rurais multisseriadas, em sua grande maioria. Apenas alguns

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Page 8: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

deles fizeram as quatro primeiras séries em escolas unisseriadas. Em geral, os

professores que atuam em Escolas Municipais, principalmente as rurais, não possuem

formação superior, sendo que conseguiram seus diplomas em cursos Normais de nível

médio, a maioria à distância. Além de lecionarem em classes multisseriadas, alguns

professores acumulam as funções de merendeiro e faxineiro. Além disso, nessas

pequenas Escolas Rurais, não existe muito material que possa servir de subsídio ao

professor. Resulta daí que alguns alunos egressos de classes multisseriadas chegam

na 5ª série com lacunas de conhecimento nos programas básicos das disciplinas, pois

os professores não estão preparados para lidar com aqueles alunos que apresentam

alguma dificuldade de aprendizagem. As habilidades na leitura e escrita são precárias

em alguns alunos e demandam muita paciência e compreensão dos professores. Mas

a maior dificuldade desses alunos está na disciplina de Matemática. A disciplina de

Educação Física foi apontada pelos alunos como a mais prazerosa. Pode-se afirmar

que as aulas de Educação Física e os jogos na hora do recreio se constituem em

aliados para garantir da assiduidade dos alunos na Escola.

Com relação à região geográfica onde esta Escola está localizada, sabe-se que

os estados do Sul destacam-se por apresentar, individualmente, as maiores taxas no

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), comparadas com outros estados,

possuindo também o maior índice de alfabetização.

Em relação à renda média do chefe de família, a região sul fica em 2º lugar,

com índice 13% menor que a região sudeste, a 1ª colocada.

A região sul apresenta, também, os mais baixos coeficientes de mortalidade

infantil, os maiores gastos governamentais com saúde e educação, as maiores

parcelas da população com oito anos de estudos ou mais, os mais elevados índices

de envelhecimento populacional e as menores faixas de pobreza do país.

O Estado do Paraná é um estado privilegiado, pois está situado em uma

região central em relação aos países membros do Mercosul e também aos grandes

centros produtores e consumidores brasileiros.

Os paranaenses formam um povo trabalhador e organizado, formando um

Estado que é responsável por cerca de 25% da produção nacional de grãos e ocupa

o 5º lugar dentre os estados brasileiros exportadores para o Mercosul.

Em relação à educação, o atual governo vem se preocupando com a

qualidade educacional oferecida ao povo paranaense, demonstrando interesse

quanto à qualificação profissional dos educadores, estabelecendo um plano de

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carreira digno aos mesmos e investindo o suficiente em tecnologias, beneficiando

diretamente todos os envolvidos nesse processo.

A abertura às reivindicações passou a ser sentida. Agora há uma melhoria

física das escolas, da merenda escolar, dos materiais didáticos para os alunos, dos

salários dos professores, que são considerados os melhores da região Sul.

O governo, hoje, está mais participativo e mais preocupado com a qualidade

educacional de seu povo. Vale ressaltar o Festival de Arte da Rede Estudantil

(FERA) e a valorização do magistério.

Em relação à sociedade, sente-se uma maior participação da comunidade na

escola, em relação aos anos anteriores, nos quais a presença dos pais na escola

praticamente não existia.

Nos últimos anos, tem-se observada uma grande vontade de mudança em

todos os setores do Município de Cerro Azul causada, inicialmente, pelos

investimentos feitos pelo Governo do Estado a partir de 2003, o qual enxergou a

necessidade de valorização da região do Vale do Ribeira e passou a acreditar no

potencial da região. Esse momento positivo coincidiu com uma administração séria

demonstrada pela gestão municipal iniciada em 2005, a qual já tem realizado muitas

mudanças e elaborado projetos para melhorias em todos os setores municipais.

Diante dessa conjuntura, não somente local, mas nacional, há uma expectativa

para que a educação se posicione na linha de frente da luta contra a exclusão,

contribuindo para a promoção e para a integração de todos os brasileiros, voltando-se

à construção da cidadania, não como meta a ser atingida num futuro distante, mas

como prática efetiva.

A sociedade brasileira demanda uma educação de qualidade, que garanta as

aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e

participativos, capazes de atuar com autonomia, dignidade e responsabilidade na

sociedade em que vivem e na qual esperam ver atendidas as suas necessidades

individuais, sociais, políticas e econômicas.

Dentro desse contexto, o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão se vê

privilegiado, pois apresenta um índice insignificante de evasão e reprovação. Sendo

uma escola pequena, toda a sua estrutura, tanto física, quanto pedagógica, fica de

fácil organização. Essa vantagem é aliada ao comprometimento dos profissionais

que atuam no Estabelecimento, que se dizem amantes do que fazem, fazendo de

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suas profissões um projeto de vida e de sociedade. Apesar de algumas dificuldades

e carências, vê-se que a aprendizagem ocorre de forma satisfatória.

O maior problema enfrentado pelos alunos é a distância entre suas casas e a

escola, pois necessitam do transporte escolar, que muitas vezes não funciona

devido à precariedade das estradas, que com as chuvas fortes se tornam

intrafegáveis, o que prejudica muitas vezes o andamento das aulas e o

desenvolvimento das crianças. No entanto, esse problema tem diminuído de forma

visível. A expectativa é de que em breve o problema seja sanado por completo.

Numa avaliação geral, a escola é tida como boa, pois procura fazer com que

seus alunos se sintam motivados a aprenderem e a serem sujeitos participativos da

sociedade da qual fazem parte.

1.2 ORGANIZAÇÃO DA ENTIDADE ESCOLAR

1.2.1 Modalidade de Ensino

O Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão oferta, no turno da manhã, o

Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries. Nesse turno, o prédio é compartilhado com a

Escola Municipal da Bomba, Ensino das Séries Iniciais, a qual é mantida pela

Prefeitura Municipal. No turno vespertino o Colégio oferta, além do Ensino

Fundamental, o Ensino Médio.

As turmas são num total de nove do Ensino Fundamental, sendo cinco no

turno da manhã e quatro no turno da tarde. O Ensino Médio funciona no turno da

tarde, com duas turmas de primeiro ano, duas turmas de segundo ano e duas

turmas de terceiro ano. Algumas salas estão super lotadas, principalmente as de

sexta série, pois no ano de 2009 não foi possível a criação da terceira quinta série,

problema que foi resolvido neste ano de 2010.

1.2.2 Organização do Trabalho Escolar

O Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão optou pela organização

curricular em forma de disciplinas, por acreditar que esta forma atende melhor as

necessidades dos alunos da zona rural, em função da existência de professores de

todas as áreas e pelo domínio que possui por esta forma de organização curricular.

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A concepção de educação do campo entende que a Escola deve estar inserida

nas comunidades, pois é um espaço de convívio social, onde acontecem reuniões,

festas, celebrações religiosas, atividades comunitárias, vacinações, etc., o que

possibilita a permanente reconstrução de uma identidade cultural.

Nesse sentido, alguns eixos se fazem necessários nas diretrizes educacionais

do Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão, sendo:

a) Valorização da cultura dos povos do campo: cultura entendida, aqui, como

toda produção humana que se constroi a partir das relações do ser humano com a

natureza, com o outro e consigo mesmo e compreendida como modos de vida, que

são os costumes, as relações de trabalho, familiares, religiosos, de lazer, etc. Por isso,

os conteúdos científicos devem sempre partir dessas problemáticas nas práticas

pedagógicas, gerando vínculos com a comunidade. Assim haverá, nos alunos, um

sentimento de pertencer ao lugar onde vivem, o que cria uma identidade cultural,

fazendo com que compreendam e transformem o mundo em sua volta.

b) Repensar a organização dos saberes escolares, ou seja, dos conteúdos que

devem estar contidos nas disciplinas da base, de forma que a mesma trabalhe

conhecimentos específicos e que a educação do campo não seja trabalhada somente

em disciplinas específicas, criadas na parte diversificada da Matriz Curricular.

Indica-se ainda o trabalho com temas geradores, os quais articulam as

disciplinas entre si e possibilitam um trabalho com a realidade do campo.

A pesquisa – observação, experimentação e reflexão – é outra prática

pedagógica exercida, para que a educação aconteça para além das quatro paredes da

sala de aula.

Nesse sentido, os espaços pedagógicos devem ser repensados, sendo que

todos os recursos disponíveis a serem usados fora da escola serão de grande

importância para o trabalho pedagógico.

Os conteúdos das disciplinas da grade curricular procuram contemplar tanto

os conhecimentos científicos universais, quanto as especificidades da realidade

local. Portanto, são voltados para a educação do campo.

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1.2.3 Tempo escolar

HORÁRIOTurnos Início Término

Matutino 8:00 horas 12:30 horas

Vespertino 13:30 horas 18:00 horas

Com relação ao calendário escolar, geralmente no final do ano letivo a

Direção, Equipe Pedagógica, Equipe Docente e a comunidade escolar se reúnem

para analisar os calendários optativos da SEED e escolherem o que melhor atende à

realidade e às necessidades da Escola e dos alunos.

A grade disciplinar também é elaborada a partir dos parâmetros colocados

pela SEED, conforme a necessidade da comunidade, sendo que o trabalho com os

conteúdos são feitos a partir da necessidade de uma formação do homem do

campo. Assim, os conteúdos científicos partem de problemáticas relacionadas à

realidade dos alunos.

A escolha do inglês como Língua Estrangeira se justifica, principalmente, pela

existência de professores da área no Município e também pelo fato de a globalização

tê-la como língua principal. Assim, a universalização da Língua Inglesa tem bastante

contribuição na sua escolha como parte diversificada.

Além disso, atendendo à legislação vigente, o Estabelecimento enviou processo

à SEED para autorização da implantação do CELEM – Centro de Língua Estrangeira

Moderna – para que se possa oferecer o ensino de Espanhol, mas até o momento o

curso não foi autorizado, devido à demora no trâmite do processo. Porém, até o final

deste ano de 2010 ou em 2011, o curso será implantado

1.2.4 Organização Funcional

TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTALTurnos Séries Nº de alunos

Matutino 5ª A 28

Matutino 5ª C 22

Matutino 6ª A 39

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Matutino 7ª A 28

Matutino 8ª A 32

Vespertino 5ª B 40

Vespertino 6ª B 42

Vespertino 7ª B 33

Vespertino 8ª B 31

TURMAS ENSINO MÉDIOTurnos Séries Nº de alunos

Vespertino 1º A 24

Vespertino 1º B 23

Vespertino 2º A 22

Vespertino 2º B 21

Vespertino 3º A 18

Vespertino 3º B 20

QUADRO FUNCIONAL

DIREÇÃO E EQUIPE PEDAGÓGICANome Função/Cargo Formação

Maria da Conceição Amaral de Pontes

Diretora Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês e Especialização em Língua Portuguesa e Literatura.

Andreyza Desplanches Diretora Auxiliar Licenciatura Plena em Química e Especialização em Metodologia do Ensino de Química e Biologia.

Marcos da Costa Rosa Pedagogo Licenciatura Plena em Letras (Português e Inglês) e Pedagoria;Especialização em Língua Portuguesa e Literatura e cursando Especialização em Educação Especial.

Paola da Costa Rosa Pedagoga Licenciatura Plena em Pedagogia e Especialização em Gestão Escolar.

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CORPO DOCENTENome Disciplina Formação

Adenilson de Jesus Mangger Matemática Licenciatura Plena em Matemática e Especialização em Matemática.

Adriane de Fátima Agner Scremin

Ciências/Biologia Licenciatura Plena em Ciências Biológicas;Especialização em Ciências Biológicas e Gestão Ambiental.

Aguinalte Antônio Brine Português Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês;Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, Educação Especial e Tutoria EAD.

Amauri dos Santos Sala de Apoio à Aprendizagem Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês e Especialização em Língua Portuguesa e Literatura.

André de Moura e Costa História Licenciatura Plena em História;Especialização em História da Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Andreyza Desplanches Química Licenciatura Plena em Química; Especialização em Metodologia do Ensino de Química e Biologia.

Ezilda Matias Português Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês e Especialização em Língua Portuguesa e Literatura.

Francilene Tatislaine Sawada Arte/Filosofia Licenciatura Plena em Letras – Português e Literatura.

Maria José de Freitas Madaloz Português/Inglês Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês e Especialização em Língua Portuguesa e Literatura.

Nivo Nirval de Mattos Auffinger Física/Matemática Curso Superior em Medicina Veterinária e cursando Complementação Pedagógica para Docência.

Rafael Fernandes Gouveia Educação Física Licenciatura Plena em Educação Física e Especialização em Educação Física e Tutoria EAD.

Rosilda da Costa Rosa Desplanches

Inglês Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês e Especialização em Língua Portuguesa e Literatura.

Rosilei de Farias Martins História Acadêmica em História (conclui em 2010.

Rosilene Vaz de Faria Matemática Acadêmica em Matemática e em Pedagogia.

Samira Flores Blatner Geografia Licenciatura Plena em Geografia;Especialização em Geografia do Brasil e Gestão Ambiental.

Solange Porfírio Arte Licenciatura Plena em Artes Plásticas;

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Especialização em Metodologia do Ensino de Arte.

Valdir Braine Ciências/Biologia Licenciatura Plena em Ciências Biológicas;Especialização em Oficina de Ciências Naturais.

Zaniele Chamberlain Desplanches

Ciências/Biologia Licenciatura Plena em Ciências Biológicas;Especialização em Metodologia do Ensino de Ciências.

ASSISTENTE ADMINISTRATIVONome Cargo/Função Formação

Ciléria Walquíria Frescha Secretária Acadêmica em Pedagogia.

Iara Rosner Auxiliar Administrativo Acadêmica em Pedagogia.

ASSISTENTE DE APOIONome Cargo Função

Claudinéia de Fátima da Paixão Serviços Gerais Merendeira

Claudivino José Braine Serviços Gerais Limpeza

Marlene Mariano do Nascimento Martins

Serviços Gerais Limpeza

Vanderli Faria Serviços Gerais Limpeza

Waldomiro Vega dos Santos Agente Educacional I Limpeza

Observação: Neste ano (2010), a funcionária Vanderli Faria está de licença para

tratamento de saúde.

1.2.5 Formação Continuada dos profissionais e Hora Atividade

No presente ano letivo, a maioria dos professores desta Escola é pós-

graduada, sendo que apenas uma professora é acadêmica. Todos têm procurado

seguir a na prática pedagógica a proposta pedagógica apresentada nas Diretrizes

Curriculares Estaduais do Ensino Fundamental e Médio e, portanto, se sentem

seguros com relação ao trabalho que todo docente deverá desenvolver dentro do

novo paradigma de escola.

Pelas características do mundo informatizado, no qual as mudanças se

processam de forma cada vez mais acelerada, os profissionais da educação

precisam estar em constante processo de formação, sob pena de frustrarem o

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processo pedagógico. Daí a necessidade de a escola em manter um programa de

formação continuada para todos os agentes do processo de ensino e aprendizagem.

A reforma educacional no Brasil exige um novo professor. Novos

conhecimentos são necessários, sendo indispensável que os profissionais da

educação sejam preparados para isso. Trabalhar de forma interdisciplinar e

contextualizada, por exemplo, deve fazer parte da educação básica e,

consequentemente, da formação profissional dos professores.

Estudos sobre a capacitação docente têm revelado que projetos de formação

eficazes foram desenvolvidos a partir de demandas dos profissionais envolvidos no

trabalho escolar. Esse modelo de formação permanente nas escolas deverá ter as

seguintes características:

Ter como eixo norteador a demanda concreta e contextualizada dos

profissionais que participam da educação;

Ser realizada em horário de trabalho, pois faz parte da atuação docente;

Conceder um papel protagonista à equipe, no planejamento e na realização

das atividades de formação evitando ações estereotipadas e elaboradas

externamente;

Reconhecer que as tarefas de formação são um instrumento básico para

garantir o desenvolvimento profissional;

Reconhecer a relevância da autogestão da formação do professor,

estimulando o desenvolvimento de projetos pessoais de estudo.

Os professores têm sua formação continuada constantemente contemplada

pela Escola, através dos grupos de estudos oferecidos pela SEED/PR e através de

cursos de capacitação, como NRE Itinerante, Reuniões Técnicas Disciplinares e as

Semanas Pedagógicas realizadas duas vezes ao ano nas Escolas.

As duas funcionárias administrativas estão cursando Pedagogia e também

participam de cursos oferecidos pela SEED. Os funcionários de Serviços Gerais

possuem o Ensino Fundamental completo e também participam dos cursos de

capacitação oferecidos pela SEED.

Com relação à hora atividade, a mesma é cumprida na Escola, sendo que no

mínimo uma hora por semana é feita com o Pedagogo. Nessa ocasião, são

apresentados aos professores textos para leitura e discussão. Aproveita-se também

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esse momento para dirimir as dúvidas do professor e fazer alguns comentários

sobre o processo de ensino aprendizagem.

As demais horas ficam a cargo do professor a sua distribuição, no sentido de

dispor, da melhor forma, desse tempo planejando suas aulas, corrigindo avaliações,

preenchendo Livros de Registro de Classe, participando de reuniões e fazendo

leituras.

Os professores têm, ainda, na hora atividade, acesso a textos diversos de sua

área e também a revistas, inclusive a revista “Escola”, muito divulgada e usada no

estabelecimento.

O professor registra a realização de sua hora atividade em um formulário

próprio, que fica a cargo da Equipe Pedagógica, em tempo real da realização da

mesma, sendo que não existe um local fixo para a permanência do professor no

instante em que se encontra no cumprimento dessa hora ficando livre, portanto, para

realizá-la na sala dos professores, em uma salinha ao lado da Equipe Pedagógica,

na biblioteca, no laboratório de informática ou em uma sala de aula.

Com relação às reuniões pedagógicas, as mesmas são sempre planejadas

pela Equipe Pedagógica, garantindo um espaço para discussão e reflexão de temas

diversos da educação, além de debates e, principalmente, a troca de experiências,

pois às vezes são feitas juntamente com outras escolas.

Diante dessas orientações, a Escola propõe organizar o seguinte programa:

Participação em cursos oferecidos pela Secretaria de Estado da Educação;

Organização de grupos de estudo e seminários sobre a legislação

educacional, com o objetivo de ler, analisar, interpretar e contextualizar as idéias ali

contidas para sua realidade;

Organização de grupos de estudo sobre interdisciplinaridade,

contextualização, transposição didática e metodologias diversificadas;

Visita a escolas onde se esteja realizando uma experiência interessante;

Elaboração de projetos interdisciplinares entre os docentes;

Apresentação das experiências pedagógicas para professores e alunos de

outras escolas;

Preparação do material didático, bem como discussão das formas de como

utilizá-lo na sala de aula;

Hora Atividade prevista em 50% de trabalho com a Equipe Pedagógica da

Escola.

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É sabido que muito se tem a fazer para alcançar o ideal em todos os aspectos

da Escola e, para tanto, tem-se usado e consultado constantemente o instrumento

de avaliação institucional, usado no ano de 2005, como base para efetuar as

mudanças necessárias em todos os setores da escola.

1.2.6 Gestão Escolar e ensino-aprendizagem

O Colégio Augusto Antônio da Paixão vela pela gestão democrática, por

acreditar que o trabalho coletivo é a melhor forma de se obter bons resultados.

Os professores devem cumprir suas funções, pois têm seus deveres e direitos,

previstos no Estatuto do Magistério e garantidos em lei.

O professor, acima de tudo, deve ser o mediador da aprendizagem do aluno,

sendo comprometido com sua função, dedicando-se e doando-se todos os dias, a fim

de fazer da escola um espaço cada vez mais produtivo à formação do cidadão.

A secretaria deve ser o órgão de suporte, tanto ao professor como ao aluno, à

direção e a toda a comunidade, prestando um serviço de qualidade e um bom

atendimento ao público. Para tanto, deve manter toda a documentação escolar em

ordem e em dia, para que o serviço possa fluir e ser de boa qualidade.

Com relação aos órgãos colegiados, como o Conselho Escolar e a Associação

de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), devem ser ativos e atuantes em todos os

aspectos da escola, fazendo um trabalho coletivo e conjunto com os demais

segmentos, para que toda a comunidade se sinta parte integrante da escola.

O Conselho Escolar deverá cumprir seu papel, principalmente no que diz

respeito à intervenção no processo pedagógico quando necessário, respaldando a

escola em seus atos.

A APMF deve, principalmente, monitorar a escola na parte financeira, não

deixando de intervir nos demais setores, quando convidada e quando se fizer

necessário.

O Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão, apesar das dificuldades

financeiras que encontra para realizar seus projetos, pois conta somente com as

verbas do fundo rotativo, que é mensal, consegue atender à maioria das necessidades

diárias, com a ajuda do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que chega uma

vez por ano e é utilizado para adquirir material permanente.

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A APMF quase não gera muito recurso para a escola, pois a comunidade não

possui condições suficientes para colaborarem quando da realização de festas e

eventos, a começar pela dificuldade no transporte das pessoas e também pelas

condições financeiras que não são muito boas.

Portanto, o desenvolvimento dos projetos acontece mais com “a cara e a

coragem” da comunidade escolar, do que realmente com a disponibilização de verbas

para a concretização dos mesmos.

A Escola conta com a existência de um Grêmio Estudantil bastante ativo e

organizado. Devido sua formação recente, seus membros são inexperientes e estão

em processo de aprendizagem; mesmo assim, são atuantes e participativos,

frequentando reuniões e congressos da UNE.

O Conselho Tutelar aparece na escola quando solicitado e responde às

expectativas da mesma.

Quanto aos aspectos pedagógicos, os pais frequentam a Escola para se

informarem sobre a situação de seus filhos. Alguns atendem ao chamado da

direção, quando esta solicita o comparecimento na Escola.

Mesmo assim, pode-se concluir que há um trabalho bastante significativo a

ser feito para que a comunidade participe mais ativamente e para que vejam a

escola como um espaço comunitário de socialização e até de lazer.

Os equipamentos de som, TV, vídeo e DVD, ficam sob a responsabilidade de

um funcionário administrativo e da Equipe Pedagógica, os quais são encarregados de

sua reserva, instalação e verificação de uso.

Os professores são sempre incentivados a fazerem uso da TV multimídia (TV

Pendrive) para apresentarem vídeos, fotos e apresentações diversas aos alunos,

buscando uma melhor apropriação dos conteúdos pelos alunos. Sabe-se que há vários

estilos de aprendizagem. Portanto, as imagens sempre acrescentam um entendimento

melhor àqueles que aprendem de forma visual. Os professores procuram, também,

usar o Laboratório de Informática para suas aulas, tanto para dowload de material

didático, como para introduzir os alunos às novas tecnologias e a novas fontes de

pesquisa.

Com relação aos espaços educativos, os líderes de turma são peças

fundamentais no seu uso e conservação, os quais desenvolvem um trabalho de

conscientização da turma, para que a mesma cuide e embeleze sua sala de aula,

ajudando a preservar todos os ambientes da escola.

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A presença dos docentes é feita através do livro ponto, com o

acompanhamento da secretária da escola. As faltas e reposições de aulas são

acompanhadas pela Equipe Pedagógica, que em formulário próprio, para que o

professor preencha com seu plano de reposição de aula, ficando anexada uma cópia

dos eventuais trabalhos feitos pelos alunos.

Todas as reuniões ocorridas na escola são registradas em Livros Ata próprios

para o segmento ou setor, pois o registro de todas as ações feitas pela escola é

visto como algo muito importante pela direção da Escola.

Conforme instituído no Regimento Escolar do Colégio Estadual Augusto

Antônio da Paixão, a razão principal da existência da escola é o aluno. Por isso o

professor, dentro do processo ensino aprendizagem, tem a responsabilidade de

conduzir bem as atividades no sentido de fazer com que o aluno, efetivamente,

desenvolva as apropriações e os avanços cognitivos estabelecidos na Proposta

Pedagógica Curricular de cada disciplina. O professor será o mediador da

aprendizagem do aluno, o incentivador da estética da sensibilidade, o zelador da

política da igualdade e da ética da identidade. Zelar pela aprendizagem dos alunos

exige que o professor transforme sua relação com o saber, seu modo de ensinar e

sua identidade.

O professor educador deve trabalhar com uma boa relação com seus alunos,

baseada na honestidade e na solidariedade, para convencer os mesmos de que

possui real interesse que eles cresçam.

Portanto, o professor deve ser humano nas questões de avaliação, tendo uma

postura político-pedagógica voltada para as classes populares, usando metodologias

adequadas, que realmente levem o aluno à aprendizagem.

Além dos professores, todas as pessoas que trabalham na escola,

independente da função que exerçam são, de alguma forma, educadores e precisam

ter consciência dessa responsabilidade.

A esse respeito, Sacristan (1995, p.15) escreve novos modos de entender a

direção escolar afirmando que:

a gestão escolar constitui uma dimensão da educação institucional cuja prática põe em evidência o cruzamento de intenções reguladoras e o exercício do controle por parte da administração educacional, as necessidades sentidas pelos professores de enfrentar seu próprio desenvolvimento profissional no âmbito mais imediato de seu desempenho e as legítimas demandas dos cidadãos de terem interlocutor próximo que lhes dê razão e garantia de qualidade na prestação coletiva desse serviço educativo.

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O processo democrático vive da ação coletiva. O Diretor integra e utiliza no

seu trabalho as ideias e contribuições dos professores e de todos os seus auxiliares.

Essa forma de direção implica acordo, discussão, participação na seleção da política

a seguir e nas decisões a tomar e a distribuição de tarefas e responsabilidades. A

gestão democrática da escola gera comprometimento de todos os que compartilham

do poder de decisão. Nada mais sábio, então, do que partilhar o poder de decisão

com todos os segmentos, para aglutinar maior participação. Esta forma de gestão,

além de descarregar parte da responsabilidade do Diretor, propicia oportunidade de

crescimento a todos os envolvidos.

A Equipe Pedagógica é a responsável pela implementação do Projeto

Pedagógico propriamente dito. Mais do que fiscalizar a ação dos professores, deve

acompanhá-los no planejamento e nas dificuldades do dia-a-dia da sala de aula.

Nesta instância é também o órgão responsável pela coordenação, implantação e

implementação, no estabelecimento de ensino, das diretrizes pedagógicas

emanadas da SEED. É também visto como órgão articulador de todos os segmentos

escolares numa direção da gestão democrática.

O técnico administrativo é o profissional que serve de suporte ao

funcionamento de todos os setores da escola, proporcionando condições para que

todos cumpram suas reais funções. Toda parte burocrática de organização e

documentação fica a cargo desse profissional.

Compete ao profissional de Serviços Gerais a manutenção, preservação,

segurança e merenda escolar, sendo que o mesmo deverá ser coordenado e

supervisionado pela direção da escola.

É de competência da merendeira, preparar e servir a merenda escolar,

controlando-a quantitativamente e qualitativamente, informando ao Diretor, quando

necessário, sobre necessidade de reposição da mesma. Compete também à

merendeira, conservar o local de preparação da merenda em boas condições de

trabalho, procedendo à limpeza e arrumação do mesmo.

Com relação ao inspetor de alunos, sua função é zelar pela segurança e

disciplina individual e coletiva, orientando os alunos sobre normas disciplinares para

manter a ordem e evitar acidentes na escola, percorrendo as diversas

dependências, observando os alunos para detectar irregularidades, necessidades de

orientação e auxílio, encaminhando ao setor competente os que apresentam

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Page 22: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

problemas. Cabe-lhe mais a função de auxiliar a direção no controle de horários,

acionando o sinal de início e término das aulas e observar a entrada e a saída dos

alunos nas dependências do Estabelecimento.

O caseiro é a pessoa que vai habitar diariamente na escola, a fim de

promover a sua segurança em geral, inclusive nos finais de semana, cuidando para

que o patrimônio seja preservado.

1.2.7 Atendimento educacional especializado

O Colégio possui dois alunos surdos, os quais estão incluídos nas salas

regulares, não tendo apoio especializado. No entanto, esses alunos têm encontros

semanais com uma professora de Educação Especial, na Sede do Município, cuja

professora faz parte do quadro de profissionais da Prefeitura Municipal. Os pais

reclamam da dificuldade para manterem de seus filhos nos referidos encontros, mas

são aconselhados a envidarem esforços para manterem os mesmos na Rede de Apoio

Especializado. Em sala de aula, os professores procuram passar atividades

diferenciadas a esses alunos, buscando a adaptação curricular necessária, para que

os mesmos tenham acesso ao conhecimento aos quais têm direito. Visando a dar uma

melhor assistência a esses alunos, um dos Pedagogos do Colégio está cursando uma

Especialização em Educação Especial, para que o mesmo possa dar um melhor

suporte aos docentes quanto às formas de trabalhar com esses alunos.

1.2.8 Ambientes Pedagógicos

O Colégio funciona no prédio da Escola Municipal da Bomba, construído em

alvenaria, em 1982, em um terreno de 8000 m2, sendo sua frente cercada por muro e

o restante por telas. O prédio principal possui seis salas de aula, uma sala para a

Secretaria, uma cozinha, um depósito para merenda e um refeitório. No entanto, uma

sala de aula está sendo usada como Biblioteca e Laboratório de Informática e outra

sala de aula está sendo usada como sala dos professores sala da diretora da Escola

Municipal da Bomba. Sobram, portanto, quatro salas de aula no prédio principal, para

serem usadas como salas de aula efetivamente. A Escola também conta com três

salas de madeira construídas pela Prefeitura Municipal do Município. Essas salas são

baixas e cobertas de telhas Eternit, o que as torna bastante abafadas no verão.

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Infelizmente a Escola ainda não possui ventiladores de médio porte, para amenizem o

calor, mas está sendo planejada a compra dos mesmos com a verba do PDDE. Além

dessas salas construídas pela Prefeitura, há mais três salas emergenciais de madeira,

construídas com recursos do Estado, em 2007. Assim, o espaço físico da Escola é

organizado da seguinte forma:

PRÉDIO PRINCIPAL

- 04 salas de aula em alvenaria;

- 01 sala usada como Biblioteca e Laboratório de Informática (adaptada);

- 01 sala usada pelos professores e direção da Escola Municipal;

- 01 cozinha;

- 01 depósito de merenda;

- 01 sanitário para os professores e funcionários;

- 01 sanitário feminino para alunos;

- 01 sanitário masculino para alunos;

- 01 refeitório;

FORA DO PRÉDIO PRINCIPAL

- 01 quadra de esportes coberta, construída com recursos da Prefeitura do

Município;

- 01 sala de aula em alvenaria, construída fora do prédio principal, com

recursos da Prefeitura do Município, usada pela Escola Municipal da Bomba;

- 01 sala de direção;

- 01 sala da Equipe Pedagógica, contígua à sala da direção;

- 01 sala usada para almoxarifado (espaço insuficiente);

- 01 sala usada como cantina.

O prédio principal foi construído de maneira errada, pois tem sua construção no

sentido Norte/Sul. Assim, as salas não são bem ventiladas, apesar de terem ventilador

de teto, pois ficam expostas ao sol Leste/Oeste, tornando-as quase insuportáveis no

verão. Para amenizar essa dificuldade, foram plantadas árvores na frente das janelas,

as quais já estão fazendo um pouco de sombra. A iluminação das salas é boa, mas há

muito desgaste de lâmpadas devido a problemas na instalação elétrica, a qual precisa

urgentemente de uma revisão. As carteiras foram fornecidas pela Fundepar e atendem

ao fim a que se destinam.

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Page 24: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

Há um processo, em andamento, para a construção de salas definitivas, as

quais são aguardadas ansiosamente, pois ainda se tem carência de salas de aula para

o funcionamento da Sala de Apoio, a qual funciona em locais improvisados e espaço

para o Laboratório de Química, Física e Biologia, que é requisito básico para o

reconhecimento do Curso de Ensino Médio. Como o Colégio não possui espaço para o

Laboratório de Química Física e Biologia, as experiências são feitas em sala de aula, já

que as vidrarias existem. As salas da Direção e Equipe Pedagógica estão instaladas

em prédio emprestado do posto telefônico.

As salas de aula do prédio principal necessitam da colocação de piso de

cerâmica e manutenção, pois há alguns anos não são pintadas. No entanto, as

mesmas são mantidas limpas e bem organizadas.

Há um processo em andamento para a reforma do prédio principal, mas o

processo “não anda”. No final de 2007, teve-se a notícia de que iria ser feita a reforma

durante as férias de final de ano, mas nada foi feito.

A Quadra de Esportes coberta foi uma conquista importante, no ano de 2008,

pois durante muito tempo os alunos fizeram Educação Física sob o calor escaldante do

Sol.

O pátio do Colégio é arborizado e possui mesas e bancos, construídos em

concreto, para que os alunos tenham seus momentos de descanso, nos intervalos, de

forma mais agradável. Nos intervalos os alunos também costumam permanecer na

Quadra de Esportes, assistindo a jogos de futebol e outros esportes, promovidos em

forma de campeonato, pelos alunos, ou jogados como amistosos.

Os alunos têm acesso livre a todas as dependências da Escola, mas de forma

organizada e responsável. Quase tudo na Escola é utilizado em parceria com a Escola

Municipal da Bomba.

1.2.9 Recursos pedagógicos e tecnológicos

Os professores procuram usar, no dia-a-dia, recursos como vídeo,

retroprojetor, TV multimídia, Laboratório de Informática e equipamento de som, mas

não estão deixando de usar o livro didático e o quadro de giz.

Apesar de alguma carência de material didático, como Laboratório de

Química, Física e Biologia, o Colégio procura desenvolver um processo de ensino

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Page 25: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

aprendizagem de qualidade, procurando partir de problemáticas relacionadas ao

cotidiano dos alunos.

2 MARCO CONCEITUAL

Segundo Albuquerque (2004) “a escola é o palco dos conflitos e

contradições”. Portanto, dentro dessa ótica, podemos afirmar que os conflitos e as

contradições são elementos fundamentais na construção de uma proposta

pedagógica, porque é a partir dos confrontos e das discussões coletivas que se

buscam soluções para os problemas existentes.

Diante da diversidade que se apresenta o mundo atual, a educação não pode

reduzir-se a um único fim. Deve estar aberta à multiplicidade de funções e de papéis

que a necessidade social requer. Mas isso não pode levar a fugir de sua finalidade

principal que é a produção e a transmissão do conhecimento produzido pela

coletividade humana. A escola nasceu com essa finalidade e até hoje tem se mantido

insubstituível nessa função. Embora se tenha hoje diversos outros meios para a

transmissão do conhecimento formal, ainda é através do ensino escolar que a maioria

da população tem acesso aos conhecimentos elementares da leitura, da escrita, da

ciência e da matemática.

A escola, porém, tem outras finalidades que vão além da função produtora,

transmissora e reconstrutora do conhecimento. Cabe a ela, acima de tudo, lutar pela

preservação de princípios e valores que são imprescindíveis para o desenvolvimento

da sociedade. São valores e princípios de justiça, de igualdade, de liberdade, de

criatividade e do direito à manifestação e à expressão.

A escola é uma das instituições responsáveis por zelar pela preservação da

utopia da humanidade, fundada nesses princípios. Utopia que nasce, cresce e se

desenvolve pela ação criativa de sujeitos que mantêm o sonho da possibilidade de

uma sociedade mais justa e mais igualitária.

A missão que o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão se propõe é a

de garantir o acesso, a permanência e o sucesso de todos os alunos vivem no

entorno do mesmo, no Município de Cerro Azul e, para tanto, o plano curricular e a

metodologia são reformulados constantemente, para que se consiga corresponder

aos anseios da comunidade escolar, oferecendo bons serviços educacionais,

através de conteúdos significativos, interessantes, contextualizados e produzindo a

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Page 26: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

cidadania necessária nos sujeitos do processo educativo. Pretende-se formar um

cidadão consciente, crítico e participativo.

Ainda que muitas sejam as concepções sobre a relação entre educação e

sociedade, educação e produção da existência ou educação e atividade econômica,

todas partilham de algumas questões indubitáveis a essa formação humana do

homem e da mulher em sua ampla dimensão, pessoal e profissional. São elas:

a) A escola oferece um tipo de formação que não é facilmente adquirida em outro

lugar;

b) A escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber

sistematizado, existindo para propiciar aquisição dos instrumentos que possibilitam o

acesso a esse saber (SAVIANI, 1991, p. 22);

c) Essa formação abarca as dimensões científica, técnica, ética e humana, que se

constituem de elementos cognitivos (aprendizagem, ensino, habilidades,

conhecimentos, capacitação e qualificação);

d) A passagem pela escola, assim como o desempenho desta com os alunos e

alunas, isto é, o êxito ou fracasso acadêmicos, tem influência relevante sobre o

acesso às oportunidades sociais da vida em sociedade. Vale dizer, da formação que

a escola propiciar e administrar dependerá a vida futura de todos que por ela

passarem;

e) A escola é “locus de produção de políticas, orientações e regras” (LIMA, 2002);

f) A escola está inserida na chamada “sociedade global”, onde violentas e profundas

transformações no mundo do trabalho e das relações sociais vêm causando

impactos desestabilizadores à humanidade e, consequentemente, exigindo novos

conteúdos de formação, novas formas de organização e gestão da educação,

ressignificando o valor da teoria e da prática da administração da educação.

(FERREIRA, 2002).

Daí decorre a imensa responsabilidade da escola quanto à formação que

propicia. Sabe-se que a escola não se encontra arbitrariamente desvinculada, mas

integrada a uma política educacional que lhe fornece direções. Através da gestão da

educação colocada em prática, concretiza diretrizes emanadas das políticas que, ao

fornecerem o norte, estabelecem parâmetros de ação e de forma dominante e

determinam o tipo de mulher e o tipo de homem que devem ser formados. Todavia,

a gestão da educação não só põe em prática as diretrizes emanadas, como também

interpreta e subsidia as políticas públicas na trama conturbada das relações

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Page 27: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

econômicas, políticas e sociais globais que se atravessa. Nesse sentido, a relação

entre sociedade, educação/formação, políticas educacionais e gestão da educação é

intrínseca e forte, necessitando ser ressignificada no contexto das determinações

sobre o papel fundamental na condução do ensino e da educação. Sua importância

torna-se cada vez maior na interdependência dessas relações, o que incita a

ressignificar seus conceitos, a fim de garantir as possibilidades de, efetivamente,

assegurar o “passaporte” para a cidadania.

Segundo Veiga (1995, p. 14) “isso significa resgatar a escola como espaço

público, como lugar do debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva”.

A Escola está inserida em uma sociedade, no caso a capitalista, e reflete no

seu interior as determinações e contradições dessa sociedade. Portanto, para a

organização do trabalho pedagógico é preciso que se funde nos princípios que

promoverão uma escola democrática, pública e gratuita.

Segundo Saviani (1982, p. 63) “só é possível considerar o processo educativo

em seu conjunto, sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade,

no ponto de partida e democracia como realidade, no ponto de chegada”.

Isso mostra que existe uma desigualdade entre os alunos quando ingressam

na escola, mas quando saem dela a igualdade deve ser alcançada, através da

mediação da escola, que deverá ser ofertada qualitativamente.

A qualidade para todos se constitui em um princípio a ser conquistado tanto

na técnica de manejo dos instrumentos, métodos e técnicas de ensino, quanto na

política de participação. Essa qualidade se reflete na busca de um número reduzido

ou a quase inexistência da evasão e da repetência, através de ações concretas e de

um trabalho árduo com o aluno, com a família e com a comunidade.

Dentro dessa perspectiva, e como está colocada dentro do instrumento da

avaliação institucional da educação básica do Paraná a qualidade só pode, então, se

referir à efetivação do atendimento às necessidades e objetivos da classe que

majoritariamente faz uso da escola pública, ou seja, a qualidade não pode se

restringir à preparação para aprovação em exames, nem para a preparação para o

mercado de trabalho, mas amplia-se para a apropriação do saber de forma a

constituir o educando como cidadão autônomo e sujeito crítico. A busca da

qualidade só se legitima se houver a capacidade de promover avanços no processo

democrático de construção da igualdade.

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A gestão democrática é um princípio quase que obrigatório e já consagrado

pela constituição vigente, a qual exige a compreensão profunda dos problemas

pedagógicos, rompendo com a separação entre concepção e execução entre o

pensar e o fazer, a teoria e a prática, resgatando o controle do processo e do

produto do trabalho entre os educadores. A prática da participação coletiva e a

socialização do poder devem fazer parte da estrutura de poder da escola. A gestão

democrática prevê, portanto, a ampla participação dos representantes dos diferentes

segmentos da escola em todas as decisões, tanto administrativas quanto

pedagógicas.

A liberdade é outro princípio perseguido pela escola, no sentido de ensinar,

aprender, pesquisar e divulgar a arte e o saber, direcionado por uma coletividade. A

liberdade também deve ser pensada na relação entre administradores, professores,

funcionários e alunos, sendo que cada um deve assumir a sua parte de

responsabilidade na construção de uma escola de qualidade.

A valorização do magistério é um princípio que está relacionado à qualidade

do ensino como um todo e com o sucesso na formação de cidadãos capazes de

participar da vida política, cultural e sócio-econômica do país, pois a formação, as

condições de trabalho e a remuneração são elementos fundamentais na valorização

do magistério.

Dessa forma, questões como cidadania, gestão democrática, avaliação,

metodologia de pesquisa e ensino de novas tecnologias de ensino, deverão compor

um programa de formação continuada dos professores.

A gestão da educação, diante destas questões indubitáveis, defronta-se com

a responsabilidade de avançar na construção de seu estatuto teórico/prático, a fim

de garantir que a educação se faça com a melhor qualidade para todos,

possibilitando, dessa forma, que a escola cumpra sua função social e o seu papel

político institucional.

A gestão da educação na contemporaneidade necessita, pois, ser

compreendida a partir dos impactos e demandas econômicas, políticas, sociais,

culturais e tecnológicas.

A gestão da educação é responsável por garantir a qualidade da educação,

entendida como “processo de mediação no seio da prática social global” (SAVIANI,

1980, p. 120), por se constituir no único mecanismo de hominização do ser humano

e da formação humana dos cidadãos. Seus princípios são os princípios da educação

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Page 29: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

que a gestão assegura serem cumpridos: uma educação comprometida com o

domínio dos conteúdos, que habilitem ao mundo do trabalho, comprometido com a

“sabedoria” de viver junto respeitando as diferenças, comprometida com a

construção de um mundo mais justo e humano para todos os que nele habitam,

independentemente de raça, cor, credo ou opção de vida.

A administração da educação, no contexto destas transformações que se

operam no mundo do trabalho e das relações sociais, no mundo globalizado e na

chamada “sociedade do conhecimento”, atravessa também uma fase de profunda

transformação, que se constitui em um conjunto de diferentes medidas e

construções que objetivam alargar o conceito de escola, reconhecer e reforçar sua

autonomia, promovendo a associação entre escolas e a sua integração em territórios

educacionais mais vastos e adotar modalidades de gestão específicas e adaptadas

à diversidade das situações existentes. (BARROSO, 1998, p. 11).

Constata-se, pois, que:

...a gestão democrática da educação é, hoje, um valor já consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua importância como um recurso de participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É indubitável sua importância como fonte de humanização. (FERREIRA, 2000, p. 167).

Todavia, muito ainda precisa ser feito para que a importância e a consciência

dessa verdadeira participação cidadã – que hoje transcende a cidadania local e

exige a possibilidade e a condição de cidadania mundial na construção da

democracia, do projeto político-pedagógico, da autonomia da escola e da própria

vida – seja uma realidade.

O Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão, assim como todas as escolas

públicas do Estado do Paraná, tem como princípio a escola pública, gratuita, laica e

democrática, a igualdade de condições para acesso e permanência na mesma.

Segundo Saviani (1982, p. 63) ‘’isto nos alerta para o fato de que a escola

deve mediar a desigualdade do ponto de partida, com a igualdade do ponto de

chegada, o que acontecerá com a igualdade de oportunidades, com a expansão de

ofertas e com a ampliação do atendimento de qualidade”.

Demo (1994, p.14) afirma que a qualidade formal “significa a habilidade de

manejar meios, instrumentos, formas, técnicas e procedimentos diante dos desafios

do desenvolvimento”.

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Page 30: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

A escola de qualidade requer baixíssimos índices de evasão e repetência.

Ainda segundo Demo (1994, p.19) “qualidade implica em consciência crítica e

capacidade de ação, de saber e de mudança”.

A análise das possibilidades da administração da educação como prática

educacional destinada não à manutenção, mas à construção coletiva e

organizacional da instituição educativa, vinculada ao projeto da escola, tendo como

referencial o contexto global e as teorias contemporâneas que a potencialidade e a

capacidade participativa do ser humano, ressignificam o valor dessa prática,

conferindo à gestão da educação uma práxis que tenderá a superar, nas

organizações educacionais, as fraquezas institucionais e humanas que resultam em

exclusão, desigualdades e injustiças.

Pensar e compreender, pois, a gestão da educação como realidade política,

como política educacional e como formação para a cidadania, exige que se discuta a

questão da cultura escolar e que se entenda o que é ser cidadão.

São vários os aspectos conflitantes e contraditórios no processo pedagógico.

Dentre eles pode-se citar, primeiramente, a questão da avaliação, a qual deve

sempre ser praticada de forma emancipadora, uma vez que deve ser um fim e não

um meio no processo de ensino aprendizagem. Assim, é importante que o tema seja

discutido insistentemente, buscando a transformação necessária, pois a avaliação

não raro tem sido praticada de forma tradicional e classificatória nas Escolas.

Outro aspecto a ser abordado é o Conselho de Classe que, segundo Dalben

(2004, p. 31-39), é um órgão colegiado, prioritário para a discussão pedagógica,

configurando-se como espaço interdisciplinar de estudos e de tomada de decisões

sobre o trabalho pedagógico da escola, deliberando sobre os objetivos de ensino

aprendizagem a serem alcançados, sobre o uso de metodologias e estratégias de

ensino, sobre critérios de seleção de conteúdos curriculares, sobre projeto coletivo

de ensino e atividades, formas, critérios e instrumentos de avaliação do aluno,

formas de acompanhamento, elaboração de fichas, propostas curriculares

alternativas para alunos com dificuldades especiais, etc. No entanto, o que muitas

vezes se vê, na prática, é o acontecimento de uma reunião que funciona como

oportunidade para o professor desabafar suas decepções e frustrações com relação

ao cotidiano em sala de aula. Buscando as mudanças necessárias a respeito desse

importante componente da educação, neste Colégio tem-se procurado praticar o

Conselho de Classe de forma participativa e democrática, buscando tornar um

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Page 31: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

momento indispensável para o processo pedagógico, onde são discutidos todos os

aspectos relevantes para o bom andamento da educação e para a qualidade

pretendida no processo educacional.

Mais um ponto conflitante diz respeito à hora atividade do professor que,

segundo o texto do artigo 67 da LDBEN 9394/96, sobre o aspecto do tempo escolar

os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes inclusive nos termos do estatuto e dos planos de carreira do magistério público: (...)V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho.

No entanto, o que se vê, cotidianamente, são professores boicotando esse

direito adquirido, não cumprindo toda a sua carga horária de Hora Atividade do

Professor (HTP) nos estabelecimentos de ensino. Buscando evitar esse tipo de

problema, os Pedagogos deste Estabelecimento acompanham, semanalmente, a

HTP dos professores, para que esse espaço seja bem aproveitado, utilizando-o para

estudos e aperfeiçoamento profissional, fazendo parte do processo pedagógico no

espaço escolar.

Pode-se citar ainda o grande conflito com relação à metodologia e ao

planejamento que, embora sejam bastante estudados e discutidos, para

acontecerem de forma crítica e contextualizada, ainda são bastante tradicionais,

tendo o livro didático, muitas vezes, como único instrumento didático para a

transmissão do conhecimento, sendo seguido do começo ao fim, enquanto os

planejamentos ficam sendo mero cumprimento burocrático, engavetados o ano todo,

servindo apenas de enfeite na gaveta da Equipe Pedagógica. Buscando resolver

essa dificuldade, os temas escolhidos nas Semanas Pedagógicas têm sido

relacionados a todas essas temáticas, como avaliação, Conselho de Classe e às

Tendências Pedagógicas defendidas pela SEED a partir de 2003, que é a

Pedagogia Histórico-Crítica e a Psicologia Histórico-Cultural.

Quando se quer planejar a ação educativa de forma consciente é preciso,

primeiramente, explicitar como se vê o mundo, a utopia, o ideal de sociedade, de

homem, como deve ser a escola nesse contexto e como se quer que sejam as

ações desenvolvidas pela escola.

Diante de tantos desafios, as políticas para a educação não podem deixar de

contribuir com uma reflexão sobre a transformação da sociedade. Por isso, as

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Page 32: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

discussões no ambiente escolar devem apontam para a resolução das tensões

consideradas centrais na sociedade e que merecem ser analisadas.

A tensão entre o global e o local, ou seja, entre tornar-se pouco a pouco cidadão

do mundo sem perder suas raízes, participando ativamente da vida de sua nação e de

sua comunidade. Num mundo marcado por um processo de mundialização cultural e

globalização econômica, os fóruns políticos internacionais assumem crescente

importância. No entanto, as transformações em curso parecem apontar para o

esvaziamento do Estado/Nação. É cada vez mais forte o reconhecimento de que a

diversidade étnica, regional e cultural continua a exercer um papel crucial e de que é

no âmbito do Estado/Nação que a cidadania pode ser exercida.

A tensão entre o universal e singular, isto é, ao mesmo tempo em que é preciso

considerar que a mundialização da cultura se realiza progressivamente, não se pode

esquecer as características particulares de cada pessoa: o direito de escolher seu

caminho na vida e de realizar suas potencialidades, na medida das possibilidades que

lhes são oferecidas e na riqueza de sua própria cultura.

A tensão entre a cultura local e a modernização dos processos produtivos:

apropriar-se da modernização dos processos produtivos, fruto da evolução científica e

tecnológica, assumindo papel tanto de usuário como de produtor de novas tecnologias,

sem renegar os valores e o cultivo de bens culturais locais.

A tensão entre o espiritual e o material: frequentemente as sociedades, mesmo

envolvidas cotidianamente com as questões materiais, desejam alcançar valores que

podem ser chamados de morais/espirituais; suscitar, em cada um, tais valores,

segundo suas tradições e convicções, é uma das tarefas para a educação.

Estabelecendo-se um paralelo entre a análise da conjuntura mundial

apresentada no item precedente e a conjuntura brasileira, pode-se dizer, em linhas

gerais, que:

* neste final de milênio a sociedade brasileira vive um momento de rápidas

transformações econômicas e tecnológicas, ao mesmo tempo em que os avanços na

cultura e na educação transcorrem de forma bastante lenta. Em função de uma

economia dependente, não se desenvolveu uma cultura e um sistema educacional que

pudesse fortalecer a economia, fazendo-a caminhar para a auto-suficiência;

* embora a “modernização” no Brasil tenha acontecido de forma surpreendente

rápida, pela importação de bens tecnológicos, ela não se fez acompanhar da

construção de uma consciência em torno de um desenvolvimento auto-sustentável;

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Page 33: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

* ao lado de um progresso material “milagroso”, a injusta distribuição de renda

aprofundou a estratificação social, fazendo com que parte considerável da população

não tenha condições de fazer valer seus direitos e seus interesses fundamentais,

tornando mais agudo o descompasso entre progresso econômico e desenvolvimento

social;

* situações conflituosas foram emergindo, como válvula de escape das

injustiças acumuladas nos planos econômico e social: violência no campo e na cidade,

segregação entre grupos sociais, preconceitos de vários tipos, consumo de drogas;

* ao lado de uma enorme ampliação dos recursos de comunicação e

informação, especialmente nos grandes centros, a solidariedade é pouco vivida nessas

comunidades, assim como são pouco cultivados os bens culturais locais;

* embora os recursos naturais brasileiros sejam de grande importância para

todo o planeta, levando-se em conta a existência de ecossistemas fundamentais, como

as florestas tropicais, o pantanal, o cerrado, os mangues e restingas e até de uma

grande parte da água doce disponível para o consumo humano, é preocupante a forma

como eles ainda são tratados. Produtores em geral pouco conhecem sobre a

importância de se valorizar o ambiente em que atuam. A extração de determinados

tipos de bens traz lucros para um pequeno grupo de pessoas, que muitas vezes nem

são habitantes da região e levam a riqueza para longe e até para fora do país,

deixando em seu lugar uma devastação que custará caro à saúde da população e aos

cofres públicos;

* por outro lado, a degradação está também nos ambientes intensamente

urbanizados, nos quais se insere a maior parte da população brasileira e nos quais a

fome, a miséria, a injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida estão

fortemente presentes;

* o exercício da cidadania, que pressupõe a participação política de todos na

definição de rumos que serão assumidos pela nação e que se expressa não apenas na

escolha de representantes políticos e governantes, mas também na participação em

movimentos sociais, no envolvimento com temas e questões da nação em todos os

níveis da vida cotidiana, é prática pouco desenvolvida entre as pessoas;

Como formadora de cidadãos, a Escola não interessa apenas à família

do aluno, mas a todos os segmentos da sociedade que, de alguma forma, deverão

participar de todas as etapas da elaboração do Projeto Político Pedagógico.

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Page 34: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

A comunidade pode ser excelente parceira da escola, oferecendo apoio

estratégico e contribuindo com seu saber espontâneo e recebendo em troca o saber

mais elaborado produzido pela escola elevando, assim, o seu nível de qualidade de

vida. Todos os problemas, interesses, preocupações e projetos da comunidade

devem ser abordados e sistematizados pela escola, através dos diversos

componentes disciplinares.

O homem vive em sociedade e, em função dessa relação social, desenvolve

características específicas, que lhe são peculiares e que possibilitam sua

singularidade enquanto espécie. A maturação do ser humano é decorrente de um

processo de sociabilidade e pode-se citar, por exemplo, a linguagem como

construção necessária a essa sociabilidade.

É possível afirmar que em função do estabelecimento da relação em

sociedade, o homem se humanizou. Essa humanização permite a cada nova

geração o conhecimento, a adaptação e a absorção do que a humanidade construiu,

possibilitando também a transformação e a reconstrução dessa geração e,

consequentemente, dessa sociedade.

A educação deve possibilitar ao homem o conhecimento e os instrumentos

necessários para interpretar e decifrar a realidade, para realizar escolhas e para agir

sobre o seu destino. Na ação educativa, o que deve estar implícito é o

aperfeiçoamento do próprio homem.

As novas gerações recebem uma herança social das gerações mais velhas,

herança essa que pode ser a solução dos problemas do passado. Por conseguinte,

recebem também como herança novos problemas sociais a serem enfrentados e

situações de vida ainda não resolvidas. A ação educativa consiste em oferecer ao

homem condições de discernimento e superação desses problemas, a fim de

estabelecer escolhas a partir dos próprios interesses, valores e ideais.

A escola se configura como um espaço definido para o desenvolvimento do

ensino, ou seja, como um espaço organizado, planejado e instituído para promover a

apropriação do conhecimento sistematizado e universalizado. É importante

considerar, ainda, que a escola possibilita, também, em função de uma condição

histórico-cultural, o desenvolvimento implícito e/ou explícito da ação educativa numa

abordagem mais ampla.

Princípios norteadores da educação como política da igualdade, ética da

identidade, estética da sensibilidade, autonomia e diversidade, uma vez instituídos

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Page 35: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

por uma proposta oficial, devem estar presentes na escola pela reflexão dos sujeitos

envolvidos na ação educativa.

A educação é um processo tipicamente humano que possui a especificidade

humana de formar cidadãos por meios de conteúdos “não materiais”, que são as

ideias, os valores e os conteúdos, os quais influirão decisivamente na vida de cada

um.

A educação supõe um processo tipicamente humano, que se realiza de forma

intencional e integradora, para a organização do comportamento mais conveniente

para o sujeito em seu entorno próprio e determinado pela aquisição de

conhecimentos, automatização das formas de atuação e a interiorização de atitudes

que lhe atribuem valor em seu conjunto e em suas peculiaridades. (GENTO, 1996, p.

67)

Dizer que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos significa

afirmar que ela é, ao mesmo tempo, uma exigência para o processo de trabalho

sendo, ela própria, um processo de trabalho, pois “para sobreviver, o homem

necessita extrair da natureza, ativa e intencionalmente, os meios de sua

subsistência. Ao fazer isso, ele inicia o processo de transformação da natureza,

criando um mundo humano (o mundo da cultura)”. (SAVIANI, 1991, p.19).

O entorno próprio de cada sujeito, hoje, em qualquer parte do mundo, mesmo

que em condições diferenciadas, se configura como um contexto mundial que

penetra cada vida, através dos meios de comunicação e das tecnologias, causando,

ao mesmo tempo, impactos, perplexidades e motivação fascinantes. Vive-se um

tempo de transformação sem precedentes na história da humanidade, que tem

recebido muitas denominações – sociedade do conhecimento, era do conhecimento,

sociedade em rede, sociedade da comunicação, sociedade global, aldeia global,

sociedade mundializada – para citar algumas, e que expressam as características

dos tempos atuais, configurando novos conceitos de tempo e de espaço, gerando

novas formas de pensar, de sentir e de agir em todas as pessoas. O elemento

comum entre esses diversos modos de nomear o cenário atual se refere ao papel

protagônico do conhecimento na organização social e econômica atual, o que tende

a definir a centralidade e a importância da educação e da sua gestão, assim como a

instituição escolar no processo de transmissão/assimilação do conhecimento

científico.

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Page 36: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

Sempre que a sociedade se defronta com mudanças significativas em suas

bases econômicas, sociais e tecnológicas, novas atribuições passam a ser exigidas

da escola, da educação e da sua gestão. Consequentemente, sua função social

necessita ser revista, seus limites e possibilidades questionados, pois a escola e as

diversas formas de se fazer educação estão inseridas na chamada “sociedade

global”, também considerada “sociedade do conhecimento”, onde as violentas e

profundas transformações no mundo do trabalho e nas relações sociais vêm

causando impactos desestabilizadores à humanidade e, consequentemente,

exigindo novos conteúdos de formação, novas formas de organização da gestão da

educação, ressignificando o valor da teoria e da prática da administração na

educação.

É sabido que, da formação que a escola propicia e administra dependerá a

vida futura de todos os que a ela tiverem acesso. É sabido, também, que a escola

está inserida na “sociedade global”, refletindo os impactos e exigindo novos

conteúdos de formação, novas formas de organização e gestão da educação,

ressignificando o valor da teoria e da prática da administração da educação

(FERREIRA, 2002).

Depreende-se, daí, que de uma boa ou má administração dependerá a vida

futura de todos os que passarem pela escola ou que tiverem acesso às novas

modalidades de ensino e formação. Uma boa ou má gestão da educação exercerá

uma influência decisiva sobre a possibilidade de acesso às oportunidades sociais da

vida em sociedade, pois a organização do trabalho pedagógico da escola e sua

gestão revelam seu caráter excludente ou inclusiva.

Um dos elementos para compreender o processo das profundas

transformações em que se vive é o aumento progressivo da interdependência dos

países, dos governos, das empresas e dos indivíduos em relação ao conhecimento.

A maneira como os seres humanos partilham o conhecimento, criando outros, é

facilitada pela rápida divulgação através dos meios de comunicação e pela

tecnologia da informação.

É nesse contexto que se deve ter uma concepção de homem levando em

consideração todos os seus aspectos, pois ele:

É um ser que tem alma ou espírito;

É livre;

Elege valores e atua de acordo com eles;

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Tem uma inteligência teórica e sentimentos superiores;

Vive em sociedade e tem uma história, porque é capaz de evoluir

constantemente;

Cria bens culturais e faz uso de uma linguagem convencional.

Agrupando essas diferentes posições, pode-se afirmar que a linguagem

convencional, bem como as normas morais e valores que regem a conduta de um

indivíduo ou de um grupo são bens culturais e resultam da vida do homem em

sociedade. Toda cultura é histórica em sua origem e em suas projeções.

Pode-se afirmar que o homem é um ser pensante. Assim, não só é capaz de

tomar contato com a realidade exterior, transformando-a, se necessário, mas

também de se interessar pelo seu mundo interior, buscando continuamente

autoconhecimento e aperfeiçoamento.

Como ser racional e pensante, transcende os limites impostos pelo seu corpo

e cria novas realidades, novas coisas, bem como é capaz de se recriar, modificando-

se e aperfeiçoando-se. Por meio do pensamento, o homem se projeta no futuro em

busca do infinito. O pensamento impulsiona o homem à ação, o qual age melhor

porque é guiado pela razão.

O pensamento e a inteligência permitem ao homem ressaltar o passado, para

melhor compreender o presente e planejar o futuro de forma mais adequada e

promissora. Como ser inventivo e criativo que é, essa apropriação do passado não

se faz de maneira predeterminada e repetitiva. Os conhecimentos são

constantemente renovados, o que permite e garante o avanço e o progresso de

cada geração em relação aos seus antepassados. Assim, ao mesmo tempo em que

o homem reproduz o que já existe, é capaz de inovar por meio do uso inteligente e

criativo do pensamento.

O homem, à medida que procura ultrapassar os limites impostos pelo meio

físico e cultural em que vive e, em certo sentido, ultrapassar-se e lançar-se em

busca de outras realidades a que aspira, é movido por uma gama imensa e variada

de desejos e necessidades sensíveis, morais, racionais e espirituais que o

impulsionam na direção da sua plenitude.

O homem é o único ser que tem consciência de sua finalidade. Ele sabe que

sua vida tem começo, meio e fim: é um “ser para a mente”. Dessa maneira, ele não

se satisfaz com o que é ou com aquilo que possui. Está continuamente buscando

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algo mais. Aspira ao infinito e deseja alcançá-lo. Ao mesmo tempo, está consciente

de seus limites: É um ser finito, que procura a perfeição e o absoluto.

Essa situação contraditória e paradoxal gera uma crise existencial, superada

em parte pela crença da imortalidade da alma e na existência de um Deus e de uma

vida após a morte. É a maneira encontrada pelo homem para transcender a

contingência e a limitação imposta pela matéria e alçar vôo rumo à espiritualidade.

Saindo do ciclo material animal e, mesmo, racional, ele se projeta no mundo

espiritual, na esfera do absoluto e do infinito. Assim, pode-se afirmar que o homem é

um ser religioso e espiritual: adora, cultua e reverencia divindades consideradas

entidades superiores e transcendentais. Diante de um mundo hostil e de uma

realidade indecifrável, ele reza, arrepende-se, pede perdão pelos erros cometidos e

envoca proteção e segurança a um Deus que condensa as ideias de infinitude,

perfeição e completude.

Entendendo o conhecimento como um valor de ordem maior, a maioria dos

pais procura propiciá-lo a seus filhos, até mais que os bens materiais, a fim de

garantir maneiras para poderem continuar adquirindo mais conhecimentos, em um

processo de produção permanente para enfrentar o presente e o futuro.

Essa nova relação das pessoas com o conhecimento traz duas

consequências para a escola e para a educação. A primeira delas é a importância

social, já que é a partir da educação e da escola que a maior parte da população

tem acesso ao conhecimento. Na verdade, vive-se em um tempo no qual a

informação está, a um só tempo, disponível como nunca esteve e,

contraditoriamente, inacessível a grandes parcelas da população brasileira e

mundial. Estudiosos da “era da informação” têm observado que a globalização

marginaliza povos e países que têm sido excluídos das redes de informação, pois há

uma tendência à concentração nas economias avançadas de produção e entre as

pessoas instruídas numa faixa de 20 a 40 anos. Segundo a Organização das

Nações Unidas (ONU), apenas 5% da população mundial está inserida no mundo

digital. A internet, mesmo com todas as possibilidades que acena (para quem a pode

acessar), está criando um abismo entre os mais ricos e os mais pobres.

(CASTELLS, 2000).

A segunda consequência é a necessidade que a escola tem de repensar

profundamente sua organização, sua gestão, sua maneira de definir os tempos, os

espaços, os conteúdos, os meios e as formas de ensinar, isto é, ensinar bem e

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preparar todos os indivíduos para exercer a cidadania e o trabalho no contexto de

uma sociedade complexa, enquanto se realizam como pessoas. Isso vai exigir uma

construção coletiva da gestão da educação, por meio do projeto pedagógico da

escola que cumpre, dessa forma, sua função social e seu projeto político-

institucional.

O ato de educar envolve a tomada de decisão e a administração, ou seja,

exige plano, organização, execução, obedientes a meios e a técnicas. De modo

geral, o professor administra a lição à classe, ensina, ou seja, transmite, comunica o

conhecimento, função antes artística do que técnica e orienta ou aconselha o aluno,

função antes moral, envolvendo sabedoria, intuição e empatia humana. (TEIXEIRA,

1968, p. 17).

Refere-se, nesse sentido, ao compromisso político e pedagógico coletivo, à

disciplina, e à necessária de diretividade para o que foi planejado e organizado,

buscando sua concretização em sala de aula. Refere-se, também, à necessária

direção do processo educativo que se faz com os mesmos princípios e valores,

pressupostos teóricos e metodológicos postulados por todos, conteúdos científicos,

técnicos, éticos e humanos e “sabedoria”, desde a construção coletiva inicial do

projeto político-pedagógico, que continua sendo reconstruído a cada momento em

que se faz prática, quando a “idéia” se transforma em “ato” e possibilita um novo

“pensar” sobre todo esse processo de formação humana que se realiza na escola e

pelo qual a gestão da educação é responsável. A razão de ser da gestão da

educação consiste, portanto, na garantia de qualidade do processo de formação

humana expresso no Projeto Político-Pedagógico, que possibilitará ao educando

crescer e nos conteúdos do ensino, que são conteúdos da vida (FERREIRA, 2002).

Necessário se faz, também, construir uma pedagogia de esperança e uma

gestão democrática de tolerância, respeito e solidariedade que guie ao crítico

caminho da verdade – não ao dos mitos, não ao das mentiras – mas rumo à

reapropriação da dignidade, a uma administração da educação que propicie um

mundo mais harmonioso, menos discriminatório, mais justo e mais humano. Uma

pedagogia da esperança e uma gestão democrática da educação que rechace a

política do ódio, da intolerância, da competição, do orgulho e da vaidade, da divisão

da sociedade, enquanto elogia a diversidade dentro da unidade.

Para uma primeira aproximação do conceito de currículo, nada mais oportuno

que recorrer às preciosas palavras de Contreras (1991), para quem o currículo diz

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Page 40: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

respeito ao conjunto das decisões educativas para a escola. O currículo deve ser

entendido como uma ferramenta conceitual que supõe sempre, de forma explícita e

tácita, uma resposta às perguntas: o que ensinar, como e por que ensinar? Pensar

em currículo pressupõe pensar a educação tendo em vista a questão dos conteúdos.

Contreras (1991) afirma que as concepções curriculares variam em função dos

distintos valores educativos que lhes dão a vida. Há que se pensar também, que na

medida em que o currículo diz respeito às decisões educativas para a escola, acha-

se mediado por problemas institucionais e, por conseguinte, reflete sempre as

circunstâncias históricas e sociais sob as quais foi pensado. Da mesma maneira,

pelo fato de referir-se a problemas escolares, não se pode realizar abstrações sobre

o seu funcionamento real nas classes. Significa dizer que um currículo não nasce

apenas para ser formulado, nem é somente um problema acadêmico ou teórico. Ele

nasce para ser realizado, de um modo ou de outro.

Currículo, portanto, é uma construção social do conhecimento, pressupondo

sistematização dos meios que esta construção se efetive. A transmissão dos

conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, portanto,

produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia

de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente

dito. Neste sentido, o currículo se refere à organização do conhecimento escolar

(VEIGA, 1998 p. 11-35).

Quanto ao planejamento, primeiramente é necessária a conscientização de

que a Escola se compõe de diversos segmentos, os quais se encontram em

diversos estágios de desenvolvimento e que todos estão em processo de contínuo

de aprendizagem. Não há uma unanimidade sobre o papel da escola, seus

objetivos, fins e conteúdos a serem ensinados.

Essa diversidade, longe de se constituir em problema, representa uma

riqueza que não pode ser desperdiçada. É preciso apenas que todos sejam

convidados a participar de todo o processo de elaboração do Projeto Pedagógico. A

primeira premissa a ser estabelecida deve ser a de que todos são capazes de

colaborar na produção de um projeto, Se a tarefa de produção do projeto

pedagógico for delegada aos técnicos, é possível que se tenha um belo projeto, mas

com certeza estará fadado ao insucesso, porque mais uma vez se estará caindo no

erro de separar o fazer do saber fazer.

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A elaboração do Projeto Pedagógico deve ser compreendida na perspectiva

da cidadania como exercício pleno e democrático dos direitos e deveres de todos os

membros da comunidade. O planejamento educacional e a organização do trabalho

escolar, pensados e acompanhados por todos e para todos, não serão atividades

meramente burocráticas, técnicas, mas um exercício de cidadania, porque envolverá

a participação e a tomada de decisões da população em relação a um serviço

público do qual ela é beneficiária. Esse planejamento socializado poderá se

constituir em um instrumento para a construção da educação para a cidadania, a

partir da integração das forças de todos os sujeitos, segmentos comunitários e

sociais que, direta ou indiretamente, atuam e se relacionam com a escola e com

todas as instâncias do governo.

Planejamento socializado pressupõe a valorização de todos os níveis de

participação da escola: alunos, direção, funcionários, professores, comunidade

escolar e comunidade extra-escolar, dividindo com eles o poder de decisão.

Outro pressuposto do planejamento socializado é a inexistência de momentos

estanques do ato de planejar, isto é, todos participam de todos os momentos da

atividade de planejar, entendendo esse processo participativo em seu dinamismo,

sentindo as tensões que precisam ser vividas e administradas como aspecto

importante na construção da cidadania.

A estratégia ascendente garantirá a participação de todos os segmentos

através da formação de grupos multi-segmentários, cujas decisões deverão ser

consolidadas e aprovadas pela maioria.

Para dar conta dessa nova realidade, a educação escolar deverá abandonar o

modelo conservador de saber fragmentado classificado nas diversas disciplinas e

partir para a interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade, articulando saber,

conhecimento, vivência, escola, comunidade, meio ambiente, artes, etc. A

diversidade cultural é a riqueza da humanidade. Para cumprir sua tarefa, a escola

precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua. A autonomia

da escola não significa isolamento ou fechamento em uma cultura particular. Escola

autônoma significa escola curiosa, ousada, buscando dialogar com todas as culturas

e concepções de mundo. O Projeto Pedagógico deverá partir da realidade do aluno,

da sua comunidade e do seu contexto cultural.

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É uma reivindicação de pais e de alunos facilitar a aprendizagem dos mesmos,

em todos os componentes curriculares, a partir do conhecimento que já possuem como

agricultores.

Para que haja o envolvimento de todas as disciplinas nesse projeto

educacional, os conteúdos serão organizados em torno de temas geradores, de

acordo com as sugestões de pais, alunos e professores.

Os conteúdos das disciplinas da grade curricular procuram contemplar tanto

os conhecimentos científicos universais, quanto as especificidades da realidade.

Portanto, são voltados para a educação do campo. Os conteúdos a serem

trabalhados nas diferentes séries deverão estar contextualizados, ser significativos e

atender à comunidade escolar.

Ainda nesse sentido, os professores das diferentes disciplinas deverão elaborar

projetos usando a cultura local e desenvolvê-los durante o ano letivo.

Em função de se ter uma visão clara de como está se processando a

transmissão dos conhecimentos pelo professor em sala de aula, opta-se pelo

planejamento bimestral, sendo que as áreas se reúnem a cada final de bimestre para

discutir e planejar o bimestre seguinte.

A escola será avaliada a cada bimestre através de uma reunião e consulta

direta a todos os seus segmentos, para que se cumpra o propósito da gestão

democrática.

A metodologia utilizada será a mais diversificada possível, abrangendo

projetos, aulas expositivas, pesquisas escolares, aulas práticas, aulas de campo,

dramatização, música, etc, utilizando os mais diferentes materiais, os quais prendam

a atenção dos alunos, de acordo com a faixa etária dos mesmos. A metodologia

pretendida é aquela que vem atender às diversidades de aprendizagens

apresentadas pelo aluno nas diferentes séries, e que deem conta do

desenvolvimento do conteúdo a ser trabalhado, de forma concreta e significativa

para o aluno.

Quanto à avaliação escolar, esta deve ser entendida como um dos aspectos do

ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu

próprio trabalho com a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o processo de

aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor.

Nos três parágrafos que seguem, enfoca-se especialmente a avaliação e sua

relação com o trabalho do professor e da escola:

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“A avaliação deve dar condições para que seja possível ao professor tomar

decisões quanto ao aperfeiçoamento das situações de aprendizagem”.

“A avaliação deve proporcionar dados que permitam o estabelecimento de

ensino promover a reformulação do currículo com a necessária adequação dos

conteúdos e métodos de ensino.”

“A avaliação deve possibilitar novas alternativas para o planejamento do

estabelecimento de ensino e do sistema de ensino como um todo”.

Como parte constitutiva do processo ensino aprendizagem, a avaliação é um

processo contínuo e sistemático de obter informações, de diagnosticar processos, de

identificar dificuldades de aprendizagem com vistas à tomada de decisões a respeito

da continuidade do processo pedagógico.

Para ser competente, uma avaliação terá que, necessariamente, levar em

conta o mecanismo de processamento da aprendizagem. Para tanto, cada situação

de ensino exigirá uma estratégia diferente e adequada.

Ao professor que queira exercitar-se em tal prática, é recomendável que se

importe, sobretudo, em estabelecer críticas e paralelismos entre ação, avaliação e

diferentes manifestações pedagógicas.

Em estudo sobre avaliação e construção do conhecimento, Hoffmann (1991,

p. 4) vê a avaliação "como um monstro de várias cabeças''. No resultado de

pesquisa com vários professores, onde solicita aos mesmos que relacionem a

palavra "avaliação" a algum personagem, as respostas revelam imagens de

dragões, monstros de várias cabeças, guilhotina, túneis escuros, labirintos e

carrascos. Outras imagens evocam objetos-surpresa ou de controle: bolo de faz-de-

conta, embrulho de presente, radar, termômetro, balança. Raras vezes surgem

imagens de cunho positivo relacionadas à palavra.

Tais resultados sugerem que professores e alunos atribuem significados

diferentes à avaliação relacionados, principalmente, a elementos constituintes da

prática avaliativa tradicional, como prova, nota, conceito, boletim, aprovação,

reprovação e recuperação.

Na verdade, os professores têm dificuldade em relacionar a ação de educar e

a ação de avaliar, exercendo tais ações de forma diferenciada. Avaliação é essencial

à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como problematização,

questionamento e reflexão sobre a ação.

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Para fazer do processo de avaliação um aliado do processo educativo, o

professor deve ter uma concepção de criança, de jovem e de adulto como sujeitos

do seu próprio desenvolvimento, inseridos no contexto de sua realidade social e

política.

Sob esta ótica, a avaliação deixa de ser um momento terminal do processo de

aprendizagem, para se transformar na busca incessante da compreensão das

dificuldades do aluno, o que proporcionará novas oportunidades de conhecimento.

É possível afirmar que a avaliação, enquanto práxis democrática, é um dos

fundamentos da educação emancipadora, sendo que quaisquer mecanismos,

instrumentos ou estratégia política de avaliação que dificultem, neguem ou excluam

a possibilidade dos(as) educandos(as) de apreender e aprender criticamente o

conhecimento, de ressignificá-lo com autonomia e com liberdade, são transgressões

da ética e estão negando a cada criança, jovem ou adulto(a) o direito civilizatório de

uma educação de qualidade, substantivamente democrática, em outras palavras,

estão negando a vida ou o direito à vida a eles e a elas.

Nesse sentido, a avaliação deve promover aprendizagens que criem vida, nas

sociedades, nas comunidades, nas famílias, nas escolas e nos mais diversos

recantos deste planeta; deve ativar práticas educativas que produzam conhecimento

do mundo e um bem querer ao outro e à outra, a alegria da convivência, a

participação, a curiosidade epistemológica, a investigação, o avaliar sem medo de

ser punido(a), as aprendizagens que tornem a vida plena de dignidade, de justiça e

de solidariedade.

O corpo docente do Colégio Escola Estadual Augusto Antônio da Paixão

optou pela prática da avaliação formativa, entendendo que ela é uma utopia

possível, pois segundo Hadji (2001), esse tipo de avaliação enfatiza o ato de avaliar

como um processo de comunicação que precisa ser construído através de uma

abordagem sócio-cognitiva e qualitativa. Ela se constrói em função da história das

interações do professor com os alunos, da história escolar e da história social. Ela

traz uma intencionalidade formativa para além da regulação do processo do ensino

aprendizagem.

A avaliação não é formativa por acaso, mas ela se torna formativa quando é

vinculada a um projeto construído coletivamente.

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A metodologia da avaliação formativa caracteriza-se por desencadear as

aprendizagens, comunicar e informar os resultados com a máxima transparência e

participação, desenvolvidos no processo, para apresentar uma apreciação final.

Na avaliação formativa as dificuldades são fontes de aprendizagens e

acontecem quando elas são remediadas e/ou reorientadas.

Na avaliação formativa, a construção coletiva e declarada de critérios orienta

a auto-avaliação.

A pluridimencionalidade metodológica (técnicas e instrumentos), com

intencionalidade formativa faz parte da avaliação.

Finalmente a avaliação é uma leitura que implica um modelo reduzido do

objeto a ser avaliado. A avaliação sempre informará muito menos do que o aluno

realmente sabe fazer ou aprender.

Portanto, segundo Hadji (2001), a avaliação formativa se compromete com a

aprendizagem do aluno, na sua formação plena, devendo fazer parte do cotidiano de

suas ações.

A avaliação deve, também, ser compreendida dentro da sua instância legal e,

portanto, do ponto de vista da legislação. A década de 90 também anunciou

avanços, considerando-se Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional, nº

9394/96, fruto de muitas lutas e discussões pela democratização no Brasil, a qual

destaca alguns pontos que podem contribuir para a construção de uma avaliação

emancipadora e formativa na escola e da escola, nos artigos 12, 13 e 24:

A exigência da elaboração e execução da proposta pedagógica da escola,

assegurando a participação dos professores nesse processo de construção;

Cumprimento do plano de trabalho docente, segundo a proposta pedagógica;

Zelar pela aprendizagem dos alunos;

Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

Chama-se a atenção para o artigo 24 da LDBEN 9394/96, nos seguintes

pontos:

a) a avaliação deverá ser contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao

longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para os alunos com atraso escolar;

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries, mediante verificação do

aprendizado;

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d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período

letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas

instituições de ensino em seus regimentos.

Para alcançar seus objetivos, a avaliação deve ser contínua, permanente e

cumulativa, incidindo sobre o desempenho do aluno em todas as experiências de

aprendizagem, fazendo preponderar os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, a

atividade crítica, a capacidade de síntese e a elaboração pessoal sobre a

memorização.

De caráter diagnóstico, a avaliação deve verificar não só o aproveitamento do

aluno, mas principalmente a eficácia da prática pedagógica desenvolvida pelo

professor. Essa avaliação deve ser dinâmica, contínua e cooperativa, acompanhando

toda a prática pedagógica e exigindo a participação de todos os envolvidos no

processo educacional, incluindo os pais e a comunidade na qual a Escola está

inserida.

A utilização de testes complementares, trabalhos individuais e em grupo,

pesquisas, debates, entrevistas, auto-avaliação, relatórios, provas e diálogos, também

farão parte das estratégias de avaliação.

É fundamental a utilização de diferentes linguagens, como a verbal, a oral, a

escrita, a gráfica, a numérica e a pictórica, de forma a considerar as diferentes aptidões

dos alunos.

Concebendo a aprendizagem como desenvolvimento de esquemas estruturais

mentais, os conteúdos do ensino passam a ser vistos como mediações que

possibilitam o estabelecimento de relações que organizam as estruturas cognitivas. Em

termos mais práticos, isto significa que a aprendizagem, da qual resulta o

conhecimento, caracteriza-se como o processo de passagem de uma para outra etapa

de desenvolvimento do sujeito, perceptível na medida em que ele se torna capaz de

operar em níveis cada vez mais complexos de elaboração. Em conseqüência, a ênfase

na avaliação da aprendizagem deve ser a comparação do aluno com o seu próprio

processo de desenvolvimento e não com fatores externos, tais como a quantidade de

informações acumuladas ou as respostas mecânicas assimiladas pela simples

repetição. “É nesse sentido que, na análise de qualquer instrumento de avaliação, não

importa muito saber quantas respostas certas ou erradas o aluno alcançou, mas,

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fundamentalmente, é importante saber como o mesmo chegou a elas, que hipóteses

ou relações foram estabelecidas.” (SANTIAGO, 1994, p.68).

No processo de apropriação de conhecimentos, é preciso considerar a

aprendizagem que foi estabelecida como fundamental dentro do projeto desenvolvido,

que é pré-requisito para o prosseguimento dos estudos. Isso está estabelecido no

Plano de Trabalho Docente de cada disciplina e de cada professor.

É importante, também, considerar o desenvolvimento dos conteúdos

procedimentais e as mudanças comportamentais esperadas no final de cada etapa.

Essas mudanças comportamentais se referem aos conteúdos atitudinais – hábitos e

atitudes.

O caminho percorrido pelo aluno no processo da aprendizagem também deve

ser considerado, tendo como referencial seu nível de conhecimento no início do

período letivo e no final, evitando comparações com outros alunos.

A avaliação, talvez, seja o tema mais discutido pelos educadores nos últimos

anos. O aluno é convidado a fazer uma auto-avaliação do seu desempenho durante

o bimestre. Alguns professores também solicitam uma avaliação descritiva da sua

atuação como docente. Só não há muita unidade nos critérios usados pelos

professores. Alguns professores são mais rigorosos do que outros nas exigências

em relação aos trabalhos escolares, aos prazos de entrega e na atribuição de notas.

Portanto é pretensão da Escola que a construção coletiva do Projeto Político

Pedagógico possa estar criando essa unidade de critérios avaliativos, através da

reflexão e da ação.

Apesar de ter ocorrido muitas mudanças em relação ao processo de

avaliação anterior, que era extremamente tradicional, percebe-se que muitos

professores ainda têm dificuldades em aplicar um processo mais formativo de

avaliação, pois tiveram suas experiências acadêmicas ainda de forma tradicional.

3 MARCO OPERACIONAL

3.1 AVALIAÇÃO

Quanto ao aproveitamento escolar, este Estabelecimento de Ensino, apesar

de sua localização e isolamento, pretende fazer parte daqueles com baixíssimo

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índice de repetência. Sua meta é a de próximo a zero, sem que com isso o ensino

seja banalizado.

O principal instrumento utilizado para avaliar o ensino ofertado pela Escola é o

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Através deles é possível avaliar a

qualidade do ensino ministrado e verificar os fatores contextuais e escolares que

incidem na qualidade do ensino; é possível, também, avaliar o perfil dos gestores e os

mecanismos de gestão escolar, bem como o perfil dos educadores e as práticas

pedagógicas adotadas; não deixará de avaliar, também, as características

socioculturais e os hábitos de estudos dos alunos.

A análise dos resultados desses levantamentos permite acompanhar a evolução

do desempenho dos alunos e dos diversos fatores incidentes na qualidade e na

efetividade do ensino ministrado na escola, possibilitando a definição de ações

voltadas para a correção das distorções identificadas e o aperfeiçoamento das práticas

e do desempenho apresentado pela escola. Essas informações são repassadas à

comunidade, para que haja um acompanhamento do ensino ofertado frente às demais

instituições.

Além da utilização do SAEB e o IDEB, os relatórios finais também são

utilizados. A família é consultada com certa frequência, para saber se a Escola está

cumprindo com as expectativas.

De acordo com a Deliberação 07/99 – CEE, a avaliação deve ser entendida

como um dos aspectos do ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados

da aprendizagem e de seu próprio trabalho, com as finalidades de acompanhar e

aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus

resultados e atribuir-lhes valor. A avaliação deve dar condições para que seja

possível ao professor tomar decisões quanto ao aperfeiçoamento das situações de

aprendizagem, proporcionando dados que permitam ao estabelecimento de ensino

promover a reformulação do currículo com adequação dos conteúdos e métodos de

ensino. A avaliação também deve possibilitar novas alternativas para o planejamento

do estabelecimento de ensino e do sistema de ensino como um todo.

A avaliação do aproveitamento escolar deverá incidir sobre o desempenho do

aluno em diferentes situações de aprendizagem, devendo ser utilizadas técnicas e

instrumentos diversificados para a mesma e sendo vedada a avaliação em que os

alunos são submetidos a uma única oportunidade de aferição. A avaliação deve

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Page 49: PROJETO PEDAGÓGICO · Web view1.1.9 Caracterização da comunidade A comunidade onde o Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão está inserido, em sua maioria, sobrevive da

utilizar procedimentos que assegurem a comparação com os parâmetros indicados

pelos conteúdos de ensino, evitando-se a comparação dos alunos entre si. Na

avaliação do aproveitamento escolar, deverão preponderar os aspectos qualitativos

da aprendizagem, considerada a interdisciplinariedade e a multidisciplinariedade dos

conteúdos. Além disso, dar-se-á relevância à atividade crítica, à capacidade de

síntese e à elaboração pessoal, sobre a memorização.

Para que a avaliação cumpra sua finalidade educativa, deverá ser contínua,

permanente e cumulativa, devendo obedecer à ordenação e à sequência do ensino

e da aprendizagem, bem como à orientação do currículo, devendo ser considerados

os resultados obtidos durante o período letivo, num processo contínuo cujo resultado

final venha a incorporá-los, expressando a totalidade do aproveitamento escolar,

tomado na sua melhor forma.

A nota do bimestre é resultante da somatória dos valores atribuídos em cada

instrumento de avaliação, sendo valores cumulativos em várias aferições, na

sequência e ordenação dos conteúdos, não sendo permitido submeter o aluno a

uma única oportunidade de aferição.

As avaliações bimestrais são expressas em notas de 0,0 a 10,0 ( zero a dez),

devendo ser considerados os resultados obtidos, num processo contínuo que expresse

a totalidade do aproveitamento.

Será considerado aprovado o aluno que apresentar frequência igual ou superior

a 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária do período letivo e média

anual igual ou superior a 6,0 (seis), resultante da média aritmética dos bimestres, nas

respectivas disciplinas, como está disposto a seguir:

1.º B + 2.º B + 3.º B + 4.º B = 6,0

4

Será considerado reprovado o aluno que apresentar frequência inferior a 75%

(setenta e cinco por cento) sobre o total da carga horária da série ou período letivo,

com qualquer média anual.

O aluno que apresentar frequência igual ou superior a 75% (setenta e cinco por

cento) e média anual inferior a 6,0 (seis vírgula zero), ao longo da série ou período

letivo, terá seu caso submetido à análise do Conselho de Classe, que decidirá por sua

aprovação ou reprovação.

A recuperação será feita de forma paralela e se realizará com base em

projeto elaborado pelo professor da disciplina, sob a orientação da Equipe

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Pedagógica. O aluno receberá o acompanhamento do professor para realizar os

estudos dos conteúdos não apropriados no período anterior e será considerado

recuperado se demonstrar domínio do conteúdo, objeto da recuperação.

Os trabalhos de recuperação serão arquivados na pasta individual do aluno e

os resultados serão incorporados aos das avaliações efetuadas durante o período

letivo, constituindo-se em mais um componente do aproveitamento escolar. O aluno

terá todas as oportunidades para realizar a recuperação, até o último dia do ano

letivo.

Os instrumentos de avaliação compreendem provas, testes, cartazes,

trabalhos escritos e manuais, relatórios, produção de textos e outras atividades

desenvolvidas pelo professor, sendo que ele deve usar o máximo de instrumentos

diversificados durante o bimestre, para atender às diversidades de formas de

aprender dos alunos.

O registro da avaliação é feito no livro de registro de classe, sendo

estabelecidos pesos próprios. O professor registra o conteúdo avaliado e a data da

avaliação.

O resultado é comunicado aos pais através de um boletim e de uma ficha

cognitiva dos alunos, preenchida pelos professores durante o conselho de classe. O

aluno é obrigatoriamente submetido, no mínimo, a três aferições diversificadas por

bimestre, conforme definido no Regimento Escolar.

3.2 CONSELHO DE CLASSE

O Conselho de Classe é o momento de se discutir sobre o processo de

ensino aprendizagem e apontar as dificuldades apresentadas durante o bimestre,

procurando discuti-las e saná-las. Procura-se, primeiramente, diagnosticar o perfil da

turma e em seguida elencar possíveis soluções para sanar as dificuldades dos

alunos com problemas de aprendizagens. Procura-se não mais listar aluno por aluno

e seus respectivos problemas, sem a busca de soluções.

O Conselho de Classe, na medida do possível, deve contar com a

participação dos diversos segmentos, como Conselho Escolar, APMF e alunos,

funcionários, além da presença obrigatória da Equipe de Direção, da Equipe

Pedagógica e dos docentes. A Escola está se organizando para contar com a

participação mais assídua das referidas instâncias colegiadas e dos pais.

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O Conselho de Classe é composto por três momentos:

1) O Pré-Conselho – é a oportunidade de levantamento de dados, os quais, uma vez

submetidos à análise do colegiado, permitem a retomada e o redirecionamento do

processo de ensino, com vistas à superação dos problemas levantados e que não

são privativos deste ou daquele aluno ou desta ou daquela disciplina. É um espaço

de diagnóstico do processo de ensino e aprendizagem, mediado pela Equipe

Pedagógica, junto com os alunos e com os professores, ainda que em momentos

diferentes.

2) O Conselho de Classe – é o momento em que os professores se reúnem em

Conselho (grande grupo), onde são discutidos os diagnósticos e proposições

levantados no pré-conselho, estabelecendo-se a comparação entre resultados

anteriores e atuais, entre níveis de aprendizagem diferentes nas turmas e não entre

alunos. A tomada de decisão envolve a compreensão de quais metodologias devem

ser revistas e que ações devem ser empreendidas para se estabelecer um novo

olhar sobre a forma de avaliar, a partir de estratégias que levem em conta as

necessidades dos alunos. Essa reunião não é aquela em que simplesmente se

legitima o fracasso dos alunos, a partir da sua constatação. É o momento de se

discutir sobre a melhor maneira de se resolver os problemas apresentados, visando

ao sucesso de todos os alunos no processo pedagógico.

3) O Pós-Conselho – traduz-se nos encaminhamentos e nas ações previstas no

Conselho de Classe propriamente dito, que podem implicar em: retorno aos alunos

sobre sua situação escolar e as questões que a fundamentaram (combinados

necessários); retomada do Plano de Trabalho Docente no que se refere à

organização curricular, encaminhamentos metodológicos, instrumentos e critérios de

avaliação; retorno aos pais/responsáveis sobre o aproveitamento escolar e o

acompanhamento necessário, entre outras ações. Todos esses encaminhamentos

são registrados em ata.

3.3 RELAÇÃO COMUNIDADE/ESCOLA

O Colégio Estadual Augusto Antônio da Paixão tem como estratégia de

articulação escolar com as instâncias família e comunidade, a realização de uma

assembleia geral, no final de cada bimestre, a fim de informar os pais e responsáveis

pelos alunos e consultar os mesmos sobre as melhorias necessárias ao processo

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educativo, acatando sugestões de mudanças no sentido tanto pedagógico, quanto do

espaço físico da escola. Pretende-se criar a Escola de Pais, onde serão tratados de

assuntos de interesse dos pais com relação à disciplina dos filhos e de como deverão

ser tratados e conduzidos, a fim de contribuir na aquisição e assimilação da

aprendizagem do aluno.

Visitas às famílias dos alunos, pela Equipe Pedagógica e professores, serão

realizadas, na medida do possível, a fim de conhecer melhor os problemas e a

realidade da comunidade, para uma maior compreensão dessas instâncias.

Gincanas e a Semana da Família na Escola serão eventos fundamentais para

que, de maneira informal, aconteça um maior envolvimento dos pais com a escola e,

consequentemente, uma maior interação venha acontecer entre escola, família e

comunidade.

Além de todas essas atividades que serão realizadas, os pais ou responsáveis

legais pelos alunos serão convocados para comparecerem na escola, a fim de que

respondam pelas atitudes como desvio de condutas dos menores, com o objetivo de

contribuir para as sessões de aconselhamento com a Equipe Pedagógica.

O Conselho Escolar e o Grêmio Estudantil são entidades importantes na

articulação entre as instâncias, uma vez que servem de canais de informações e focos

de discussões de todos os segmentos da comunidade escolar, com o objetivo principal

de contribuir significativamente para o desenvolvimento do processo de ensino

aprendizagem.

A partir do momento em que os alunos se assumem como um segmento

comunitário, com interesses específicos, eles tenderão a se organizarem para

defender seus interesses. É o despertar da vontade política que deve ser facilitado e

incentivado pela escola. É através da participação ativa na organização da classe

estudantil que o aluno vai fazer as primeiras experiências de liderança e aprenderá a

se preocupar com as questões da coletividade. A organização dos alunos, através

do Grêmio Estudantil, também os levará a se preocuparem com o bom andamento

da Escola e com a qualidade dos seus serviços pedagógicos.

3.4 ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, define o estágio como o ato

educativo curricular supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa

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à preparação para o trabalho produtivo do estudante. O estádio não obrigatório é

uma atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. Podem ser

estagiários estudantes que estiverem frequentando o ensino regular, em instituições

de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação

especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da

educação de jovens e adultos, sendo vedada a cobrança de qualquer taxa dos

estudantes a título de remuneração pelos serviços.

Entre os requisitos que devem ser observados para a concessão do estágio

estão:

I – matrícula e frequência regular do educando;

II – celebração de termo de compromisso entre o educando e o Estabelecimento

concedente e a instituição de ensino; e

III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e as previstas no

termo de compromisso.

É papel do Estabelecimento, quanto ao estágio:

I – celebrar Termo de Compromisso com a instituição de ensino e o educando,

zelando por seu cumprimento;

II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando

atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, observando o

estabelecido na legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho;

III – indicar funcionário do quadro de pessoal, com formação ou experiência

profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para

orientar e supervisionar até dez estagiários simultaneamente;

IV – contratar, em favor do estagiário, seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice

seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de

compromisso;

V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do

estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da

avaliação de desempenho;

VI – manter à disposição da fiscalização, documentos que comprovem a relação de

estágio;

VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de seis meses,

relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário.

A duração permitida para a jornada diária de estágio será de:

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a) quatro horas diárias e vinte horas semanais, no caso de estudantes de educação

especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de

educação de jovens e adultos;

b) seis horas diárias e trinta horas semanais, no caso de estudantes do ensino

superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular;

c) oito horas diárias e quarenta horas semanais, no caso de cursos que alternam

teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais,

desde que esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.

O prazo de duração do estágio é de até dois anos, exceto quando se tratar de

estagiário portador de deficiência (art. 11 da Lei nº 11.788, de 2008).

À Equipe Pedagógica caberá atuar como auxiliar no processo de estágio

identificando as oportunidades, ajustando suas condições de realização e fazendo o

acompanhamento do estagiário, para um melhor aproveitamento das atividades,

visando a um bom atendimento ao mesmo. Cabe também à Equipe Pedagógica

fazer os encaminhamentos necessários para que haja um aproveitamento positivo

do Estabelecimento, buscando a troca de experiências entre os educadores e os

estagiários, visando a um aperfeiçoamento do processo educativo e à solução dos

problemas relativos às dificuldades de aprendizagem de alguns alunos, quando for o

caso

3.5 DESAFIOS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS

Os Desafios Educacionais Contemporâneos, como Enfrentamento à

Violência, Uso indevido de Drogas, Sexualidade, Meio Ambiente, Educação Fiscal e

Lei 11645/08, que trata sobre a questão afro-brasileira, africana e indígena, têm uma

historicidade ligada ao papel e à cobrança da sociedade civil organizada, em

especial dos movimentos sociais. A escola precisa vislumbrar em seu Projeto

Político Pedagógico, instrumentos para um agir concreto em situações cotidianas,

como exemplo da questão da violência, sexualidade e uso indevido de drogas.

Tanto os conhecimentos universais como os desafios do cotidiano podem e

devem ser discutidos como expressões históricas, políticas e econômicas da

realidade. O conhecimento não se efetiva sem a capacidade de ir para além da

aparência, da fragmentação, das heranças do empirismo e do positivismo. Sendo o

conhecimento produto da realidade social, os Desafios Educacionais

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Contemporâneos devem passar pelo currículo somente como condição de

compreensão do conteúdo nessa totalidade, fazendo parte da intencionalidade do

recorte do conhecimento na disciplina.

Portanto, os Desafios Educacionais Contemporâneos são trabalhados na

escola na medida em que se visualiza no planejamento do professor a consonância

com os conteúdos trabalhados em sala de aula suscitando, através da orientação

pedagógica na elaboração do Plano de Trabalho Docente, a busca pela

interdisciplinaridade, sendo que o professor buscará elementos da realidade

histórica, social, econômica e política, temas como uso indevido de drogas, meio

ambiente, cultura afro-brasileira africana e indígena, para trazer o conhecimento de

forma significativa para o aluno, embasando os conteúdos trabalhados com a

realidade social em que o aluno está inserido, buscando significar o conhecimento.

Assim, os Desafios Educacionais Contemporâneos são trabalhados através

da troca de experiências da Equipe Pedagógica com os professores, em estudos

sobre os cadernos temáticos que tratam sobre cada tema, identificando nos

momentos de planejamento e replanejamento, temas condizentes com os conteúdos

planejados pelo professor. Esses desafios são trabalhados na medida em que a

disciplina permite a interdisciplinaridade com o tema em questão. Quando há

oportunidade de ir além daquele conteúdo, o professor aproveita para pesquisar e

trabalhar os temas, sempre descrevendo em seu Plano de Trabalho Docente os

caminhos que utilizou (metodologias), os recursos didáticos, e os instrumentos e

critérios de avaliação que permitiram trabalhar cada tema na sua disciplina e na

justaposição com os conteúdos da DCE e com os conteúdos específicos.

O mundo vem sofrendo mudanças que devem ser acompanhadas pelos

alunos, que devem ser sujeitos críticos, sendo que sua abordagem deve perpassar

todas as disciplinas, de forma interdisciplinar. No caso do meio ambiente, é

importante que o aluno se conscientize de sua parte como cidadão, relacionando as

mudanças que acontecem no mundo, as quais são provocadas pela falta de respeito

do homem ao meio ambiente, como: poluição, lixo, extinção das espécies,

queimadas e aquecimento global. A ideia de sustentabilidade é importante em todas

as disciplinas. É importante que se estabeleça relações entre o progresso

tecnológico e os prejuízos ambientais decorrentes.

A violência e o consumo de drogas passam a fazer parte da ação coletiva na

busca de identidade social. Por isso, o professor deve trabalhar de forma a

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incentivar o aluno a buscar novas formas de identidade social, mostrando que o uso

indevido de drogas pode ser prejudicial a sua saúde física, psíquica e emocional, o

que é muito importante ser discutido num contexto de ser integral e compreendido

na fundamentação do Projeto Político Pedagógico.

Da mesma forma, a Lei 11645/08, que trata sobre a obrigatoriedade do ensino

da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena, deve ser trabalhada, pois faz

parte dos diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da

população brasileira, a partir da história da África e dos africanos, da luta dos negros

e dos povos indígenas no Brasil e suas contribuições nas áreas econômicas, social

e política na história do Brasil. Esses temas devem ser trabalhados nas diversas

disciplinas, permitindo a sua contextualização.

O tema Educação Fiscal também deve fazer parte do currículo e dos

conteúdos disciplinares, relacionados aos conteúdos (científicos) historicamente

acumulados pela sociedade. A partir da Educação Fiscal, o professor deverá levar o

aluno à reflexão sobre a importância da cidadania política, do acompanhamento,

pela sociedade, no que se refere à administração pública, à aplicação de recursos e

à capacidade crítica de entender que a aplicação de recursos públicos tem relação

com o pagamento de impostos pelas pessoas. É importante observar e refletir como

os municípios, os estados e os países estão investindo no bem estar social, como

saúde, educação, transporte, cultura etc. Assim, o cidadão, conhecendo seus

direitos e deveres, poderá intervir na sociedade, representando-a em seus

interesses individuais e coletivos.

O tema sexualidade também deve fazer parte da discussão de educadores,

seja docente, Equipe Pedagógica, Direção e todos os envolvidos na educação,

como funcionários, comunidade, pais e alunos. Deve-se manter uma cultura que

negue todas as formas de preconceito, de alijamento social ou falta de humanismo

às pessoas pela sua escolha ou identidade sexual. Deve ser respeitada a identidade

social das pessoas e todos devem fazer parte desse processo, pois a escola precisa

ser um espaço aberto às diferenças, espaço de diversidade e de aceitação da

mesma, onde se coloque o indivíduo como sujeito de sua aprendizagem e construtor

de sua própria identidade. Todos devem respeitar o gênero e a identidade sexual de

cada um: gays, lésbicas, travestis e transexuais. Esse assunto, portanto, deve ser

trabalhado nas disciplinas e nos conteúdos científicos, trazendo aos alunos a

consciência do respeito às diversidades, dos diferentes gêneros e identidades

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sexuais, os quais em momento algum devem ser constrangidos, tendo direito de

serem identificados de acordo com sua identidade sexual, de ser respeitado nessa

escolha e na sua individualidade, tanto por colegas, como por funcionários e

professores.

3.6 PROGRAMAS E PROJETOS

Através da Festa Junina os valores culturais da comunidade podem ser

resgatados. Durante a semana da festa, os alunos pesquisam, em sala de aula e

nas famílias da comunidade, sobre as características da Festa Junina na zona rural,

redigem convites e cartazes, ensaiam a dança da quadrilha e o teatro do casamento

caipira. No dia da festa, organizam as barracas com comidas típicas, atendem as

barracas, como vendedores. A responsabilidade é de todos os professores, da

Direção, da Equipe Pedagógica, das Instâncias Colegiadas, principalmente APMF e de

toda a comunidade escolar. Participam do evento os alunos e a comunidade.

O Festival de Danças é uma atividade promovida pelo Colégio Estadual

Princesa Isabel, mas o CEAAP participa. O Festival propicia uma integração entre as

escolas e um meio de os alunos mostrarem suas habilidades artísticas. A

responsabilidade é da Direção da Escola e dos professores que ensaiam os grupos.

Participam do evento alunos, professores e pais.

Na Semana da Pátria são abordados, em sala de aula, temas relacionados ao

Estatuto da Criança e do Adolescente, a mulher, o negro, o índio, os excluídos, etc.

Hinos Pátrios são cantados com hasteamento e arriamento das bandeiras. Participam

dessas atividades toda a escola e a comunidade.

Uma vez por semana antes de iniciar as aulas ou ao término, um hino pátrio é

cantado, com a participação de todos os presentes na escola sob a responsabilidade

dos professores, da Equipe Pedagógica e da Direção.

A Semana Cultural e Esportiva oferece oportunidade de integração entre os

alunos das diversas turmas e séries, através de jogos e atividades artísticas. As

atividades são diversas, como campeonatos de futebol, voleibol e outros esportes,

apresentação de teatros, danças e show de música, apresentação de trabalhos

escolares, etc. A responsabilidade é de todos: alunos, professores, Equipe Pedagógica

e Equipe de Direção. A época de realização da mesma varia, de acordo com o

calendário escolar.

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O Jornal Escolar, desenvolvido através do Programa Viva a Escola, objetiva

proporcionar aos alunos, condições reais de produção de textos escritos a serem lidos

por leitores reais. Após estudarem de forma interdisciplinar temas que funcionarão

como centros de interesse, os alunos produzem textos de notícias, relatórios e textos

de opinião que, sob a orientação do professor responsável e depois de revisados, são

publicados no Jornal Escolar para serem lidos pela comunidade. A responsabilidade é

de um dos professores da Língua Portuguesa. Participam alunos, professores e a

comunidade, durante todo o ano letivo.

Através do Programa Viva a Escola, o Estabelecimento também desenvolve a

Agenda 21 Escolar, sob a responsabilidade da professora da disciplina de Geografia e

um Programa de Mobilização para a Gestão Ambiental na escola e na comunidade,

coordenado por uma professora de Ciências. Com esses programas, as professoras

pretendem trabalhar a questão ambiental na Escola e na comunidade, conscientizando

os alunos e toda a comunidade sobre a importância da preservação ambiental e do

desenvolvimento sustentável. Pretende-se, também, reativar a Horta Escolar, com o

cultivo de produtos orgânicos e com o reaproveitamento de resíduos para a produção

de adubo. O objetivo é, além de produzir frutas e verduras para enriquecer a merenda

escolar, incentivar os alunos a darem mais valor à vida no campo, mostrando para os

mesmos ser possível ganhar dinheiro com pequenas quantidades de terra. O intuito é

elevar a auto-estima dos jovens, que muitas vezes se vêem desmotivados a

continuarem no campo.

Para enriquecer a visão de mundo dos alunos, a Escola promove:

a) Visitas à comunidade local e a comunidades vizinhas, para colocar o aluno

em contato com conteúdos que ele não vivencia no seu dia-a-dia. A escola realiza

visitas a outras escolas, outras cidades, museus, parques, etc;

b) Palestras sobre temas de interesse específico de jovens e adolescentes;

c) Exibição de filmes e documentários sobre os mais variados temas do

currículo;

d) Instituição do momento da leitura, no qual momento todas as pessoas

presentes na escola deixam de lado as demais atividades para se dedicarem à

leitura de livros e outros textos.

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Cerro Azul, 10 de setembro de 2010

Maria da Conceição Amaral de Pontes

Diretora

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