projeto nossa cidade, nossos olhares

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NOSSA CIDADE, NOSSOS OLHARES Telma Oliveira Medeiros Licenciada em Geografia e Pós Graduada em Magistério Superior Docente nos Cursos de Licenciatura em Geografia e Turismo nas Faculdades Integradas de Ariquemes FIAR INTRODUÇÃO O presente estudo visa direcionar o uso de recursos didáticos que ofereçam elementos sensibilizadores capazes de permitir conhecer e compreender os mecanismos da natureza através da sensibilização e envolvimento com o ambiente em que vivemos, evidenciando os condicionantes que sinalizam para a necessidade de fazer registros fotográficos e análises das percepções das realidades sociais, políticas, econômicas, ecológicas e culturais da cidade onde vivemos. O interesse é chamar atenção para aqueles elementos que, por vezes, passam despercebidos, atribuindo-lhes importância e afeição pelo informal, além de desencadear análises historiográficas que apresentem caminhos alternativos para a investigação histórica, indo onde as abordagens tradicionais não foram. Neste contexto, SAVIANI (2000) atribui a pedagogia revolucionária “...a difusão de conteúdos, vivos e atualizados, uma das tarefas primordiais do processo educativo em geral e da escola em particular.” Nesse contexto, essa afirmação vai ao encontro das evidências fotográficas e registros analíticos sobre as características específicas e os aspectos gerais feitos pelos acadêmicos pesquisadores sobre os aspectos físicos, históricos, culturais e sociais da cidade de Ariquemes no final do período chuvoso do ano de 2008. Tomando como referência PESAVENTO (1995) “... a tarefa do historiador seria captar a pluralidade dos sentidos e resgatar a construção de significados que preside o que se chamaria a „representação do mundo”. Sinalizando esse pensamento da autora, é plausível projetar o entendimento do processo global a partir de análises e comparações do ambiente do cotidiano, visto por nós, pessoas comuns. Esses “nossos olhares” ganham um respaldo para registro quando são acompanhados de comparações e analogias, envolvendo dados estatísticos oficiais e outras fontes que possam nortear em sinergia a organização dos fatos que se pretende mostrar. OBJETIVOS - Fomentar a produção de recursos instrucionais de autoria local; - Incentivar o público acadêmico a registrar os elementos culturais, sociais, econômicos, políticos e ecológicos de sua região; - Registrar características sociais e físicas da cidade de Ariquemes que passam despercebidas dos olhares historiográficos tradicionais. METODOLOGIA

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Page 1: Projeto nossa cidade, nossos olhares

NOSSA CIDADE, NOSSOS OLHARES

Telma Oliveira Medeiros

Licenciada em Geografia e Pós Graduada em Magistério Superior

Docente nos Cursos de Licenciatura em Geografia e Turismo nas

Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR

INTRODUÇÃO

O presente estudo visa direcionar o uso de recursos didáticos que ofereçam elementos

sensibilizadores capazes de permitir conhecer e compreender os mecanismos da natureza

através da sensibilização e envolvimento com o ambiente em que vivemos, evidenciando os

condicionantes que sinalizam para a necessidade de fazer registros fotográficos e análises das

percepções das realidades sociais, políticas, econômicas, ecológicas e culturais da cidade

onde vivemos.

O interesse é chamar atenção para aqueles elementos que, por vezes, passam

despercebidos, atribuindo-lhes importância e afeição pelo informal, além de desencadear

análises historiográficas que apresentem caminhos alternativos para a investigação histórica,

indo onde as abordagens tradicionais não foram.

Neste contexto, SAVIANI (2000) atribui a pedagogia revolucionária “...a difusão de

conteúdos, vivos e atualizados, uma das tarefas primordiais do processo educativo em geral e

da escola em particular.” Nesse contexto, essa afirmação vai ao encontro das evidências

fotográficas e registros analíticos sobre as características específicas e os aspectos gerais

feitos pelos acadêmicos pesquisadores sobre os aspectos físicos, históricos, culturais e sociais

da cidade de Ariquemes no final do período chuvoso do ano de 2008.

Tomando como referência PESAVENTO (1995) “... a tarefa do historiador seria captar

a pluralidade dos sentidos e resgatar a construção de significados que preside o que se

chamaria a „representação do mundo”. Sinalizando esse pensamento da autora, é plausível

projetar o entendimento do processo global a partir de análises e comparações do ambiente do

cotidiano, visto por nós, pessoas comuns.

Esses “nossos olhares” ganham um respaldo para registro quando são acompanhados

de comparações e analogias, envolvendo dados estatísticos oficiais e outras fontes que possam

nortear em sinergia a organização dos fatos que se pretende mostrar.

OBJETIVOS

- Fomentar a produção de recursos instrucionais de autoria local;

- Incentivar o público acadêmico a registrar os elementos culturais, sociais, econômicos,

políticos e ecológicos de sua região;

- Registrar características sociais e físicas da cidade de Ariquemes que passam despercebidas

dos olhares historiográficos tradicionais.

METODOLOGIA

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Os acadêmicos foram “convidados” pela professora de Geografia Física – Telma

Oliveira Medeiros a registrar através de fotografias, as marcas deixadas pelo final do período

chuvoso (dezembro a abril) na cidade de Ariquemes.

As fotografias foram feitas durante o mês de abril de 2008 e os registros e reflexões

sobre os aspectos sociais, políticos, econômicos, ecológicos e culturais na cidade de

Ariquemes foram acompanhados de dados estatísticos, mapas e pesquisas que contribuíram

para a fundamentação dos registros, conferindo valor e significado a visão de mundo do grupo

social ao qual pertencem.

Os registros abordaram interpretações dos lugares selecionados na cidade de

Ariquemes e envolveram considerações dos aspectos sociais, culturais e históricas que

marcaram a paisagem da cidade no já referido momento.

RESULTADOS

Os acadêmicos conseguiram elaborar um conjunto de registros que poderão servir de

suporte para comparação e análise da cidade de Ariquemes em outros períodos.

Como proposta didática, verificamos um conjunto de informações que, na visão de

CALDAS (2007) poderão servir como “fundamento da própria realidade e de como podemos

compreendê-la e modificá-la sendo, portanto, parte inextirpável da própria estrutura

interpretativa.”

Alguns registros foram importantes no âmbito sócio-cultural, quando foi observado: a

“enorme voçoroca ao lado das casas e o hábito popular da dependência de uma ´pinguela‟

para entrar nas residências” como mostra a foto 1.

Foto 1 – Rua Honduras, Setor 10, Ariquemes – Rondônia em 13 de abril de 2008.

É importante salientar a afirmação de MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA (2007)

que o Brasil “...é um dos poucos países tropicais a possuir um considerável acervo de

documentos sobre a caracterização de sua configuração atmosférica e climática.” Portanto,

enquanto atividade acadêmica na Licenciatura em Geografia, a prática do registro de

Page 3: Projeto nossa cidade, nossos olhares

informações do ambiente em que vivemos, associada a embasamentos conceituais da área

geográfica permite incentivar também a pesquisa científica, como mostra a foto 2.

Foto 2 - Avenida Rio Branco localizada nas Coordenadas Geográficas S 9°55‟33.74” e W 63°

02‟ 05.73” em Ariquemes – Rondônia - 05 de abril de 2008.

Acidentes com danos físicos permanentes e muitas vezes fatais, trafegabilidade das

vias interditadas, conseqüências para a saúde pública como: leptospirose, esquistossomose,

dengue, etc...não são problemas restritos aos bairros pobres, pelo contrário, podem ser vistos

em vários pontos da cidade, como a imagem capturada na Avenida Guaporé, mostrada na foto

3.

Foto 3 – Avenida Guaporé localizada nas Coordenadas Geográficas 9º65 S e 63°80’ W em Ariquemes – Rondônia - 05 de abril de 2008.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 4: Projeto nossa cidade, nossos olhares

É possível perceber nas entrelinhas dos aspectos físicos, históricos, culturais e sociais

da referente atividade características da eco-história, presentes em muitas análises e

evidências nas transformações que as fotografias poderão fornecer ao longo do processo

histórico que está por vir e dos rumos que o presente trabalho poderá oferecer para as novas

gerações de pesquisadores.

No entanto, em sua gênese, queremos apontar a atividade como proposta que viabilize

a releitura do meio em que vivemos com olhares mais críticos, que apontem para a

sistematização de dados que contribuam para a análise do que consideramos ser habitual.

Sublinhando os traços mais marcantes dessa pesquisa, será possível conclamar a sociedade

para cuidar melhor do nosso meio.

A intenção não é esgotar o assunto, pois sabemos que a paisagem é extremamente

heterogênea, possível de fornecer inúmeros elementos para estudos futuros.

Assim, tentamos transformar a nossa cidade, através da viabilização de ações

permanentes de registros e análises que gerem um grande número de cidadãos motivados a

compartilhar olhares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALDAS, Alberto Lins. História Oral: Experiência e Narrativa in SANTOS, Nilson (org).

Alinhavos em ciências humanas. Porto Velho: EDUFRO, 2007.

MENDONÇA, Francisco & DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções

básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito Além do Espaço: Por Uma História Cultural do Urbano

in Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.8, n.16, 1995, p. 279-290, disponível em:

http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/178.pdf, acesso em 05/05/2008.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses

sobre a educação política. 33 ed. Campinas: Autores Associados, 2000.