projeto final i

121
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E DO MEIO AMBIENTE THALITA BARROS DA COSTA – GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DAS ONDAS – ESTUDO DE CASO: PORTO DE PECÉM

Upload: thalita-barros-da-costa

Post on 09-Jul-2016

226 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

POTENCIAL ENERGÉTICO DA COSTA BRASILEIRA PARA ENERGIA DE ONDAS

TRANSCRIPT

Page 1: Projeto Final I

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E DO MEIO AMBIENTE

THALITA BARROS DA COSTA

– GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DAS ONDAS –

ESTUDO DE CASO: PORTO DE PECÉM

NITERÓI – RJ

2014

Page 2: Projeto Final I

THALITA BARROS DA COSTA

– GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DAS ONDAS –

ESTUDO DE CASO: PORTO DE PECÉM

Projeto Final I de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como parte dos requisitos à Graduação de Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense, e obtenção do título de Engenheira Ambiental, sob orientação do prof. Gustavo Noronha.

NITERÓI – RJ

2014

Page 3: Projeto Final I

THALITA BARROS DA COSTA

– GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DAS ONDAS –

ESTUDO DE CASO: PORTO DE PECÉM

Projeto Final I de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como parte dos requisitos à Graduação de Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense, e obtenção do título de Engenheira Ambiental, sob orientação do prof. Gustavo Noronha.

Aprovado em: ....../....../......

Banca Examinadora

____________________________________

Prof. Gustavo Carneiro de Noronha, M.Sc.Orientador

____________________________________

Prof. Mônica de Aquino Galeano Massera da Hora, D.Sc.Coorientadora

____________________________________

Prof. Chou Sin Hwa, M.Sc.Membro interno

____________________________________

Prof. Eduardo Jorge, M.Sc.Membro interno

NITERÓI – RJ

2º/2014

Page 4: Projeto Final I

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me fazer perseverar mesmo nos momentos mais difíceis.

Agradeço ao meu noivo, Tiago Tebaldi, por estar comigo sempre, mesmo quando

estávamos separados geograficamente. Agradeço pelas palavras de incentivo e pelos

choques de realidade que me deu até esse momento. Tudo valeu a pena! Te amo muito!

Agradeço a minha família, que sempre esteve ao meu lado me apoiando e me

impulsionando a conquistar mais vitórias. Agradeço em especial a minha mãe, Rosa, que

sempre acreditou no meu potencial.

Agradeço à Universidade Federal Fluminense por ter se tornado uma segunda casa pra

mim, onde passei meus últimos 6 anos. Foram anos de perseverança, dificuldade, mas

muita alegria a aprendizado.

Agradeço à Chou Sin Hwa por tudo! Por toda ajuda, toda compreensão e principalmente

por ser uma pessoa incrível. Com certeza tornou esse trajeto mais especial e

inesquecível.

Agradeço a todos os professores, por terem compartilhado um pedacinho de seus

conhecimentos comigo. Cada um contribuiu enormemente para quem sou hoje,

profissional e pessoalmente falando.

Agradeço ao meu orientador, Gustavo Noronha, por ter me auxiliado com tanta paciência

e disponibilidade, e à minha coorientadora, Mônica da Hora, por ter me ajudado a finalizar

e revisar o trabalho.

Agradeço ultimamente aos meus amigos e amigas, inclusive os que conheci e cultivei na

UFF. Eles foram fundamentais nesse trajeto.

OBRIGADA!!!

Page 5: Projeto Final I

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - ESQUEMA USINA TERMELÉTRICA / FONTE: FURNAS...........................................................................................................6

FIGURA 2 - USINAS TERMELÉTRICAS POR POTÊNCIA INSTALADA / FONTE: RELATÓRIO GERENCIAL ANEEL 2º/2014..............................7

FIGURA 3 - USINAS TERMELÉTRICAS POR QUANTIDADE / FONTE: RELATÓRIO GERENCIAL ANEEL 2º/2014...........................................8

FIGURA 4 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO REFINO DE PETRÓLEO / FONTE: SITE DA WEB

[HTTP://VAGASOFFSHOREBRASIL.BLOGSPOT.COM.BR]/2014.......................................................................................................9

FIGURA 5 - DIFERENTES TIPOS DE CARVÃO MINERAL / FONTE: SITE DA WEB [HTTP:// HTTP://HULHA-ETEOT.BLOGSPOT.COM.BR]/2014...10

FIGURA 6 - MINA CANDIOTA-RS / FONTE: CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIAL / 2014.........................................11

FIGURA 7 - EXTRAÇÃO DE GÁS NATURAL EM M³/ANO / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://WIKIPEDIA.ORG/WIKI/GÁS_NATURAL]/2014...........13

FIGURA 8 - EXTRAÇÃO DO GÁS NATURAL /FONTE: BAHIAGÁS / 2014.................................................................................................14

FIGURA 9 - ESQUEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA NUCLEAR / FONTE: ANEEL, 2002...........................................................................15

FIGURA 10 - ESQUEMA SOBRE USINAS HIDRELÉTRICAS / FONTE: FURNAS, 2014............................................................................19

FIGURA 11 - USINA HIDRELÉTRICA POR ACUMULAÇÃO / FONTE: IPCC, 2012....................................................................................20

FIGURA 12 - USINA HIDRELÉTRICA A FIO D'ÁGUA / FONTE: IPCC, 2012............................................................................................20

FIGURA 13 - POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO POR BACIA (MW) / FONTE: ELETROBRÁS, JULHO/2014......................................22

FIGURA 14 - ESQUEMA VELOCIDADE DO VENTO X ALTURA / FONTE: ELETROBRÁS – ATLAS EÓLICO DE ALAGOAS/2008......................23

FIGURA 15 - PARQUE EÓLICO OFFSHORE E ONSHORE / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://ECO4U.WORDPRESS.COM]/2013........................24

FIGURA 16 - PROGRESSÃO DAS DIMENSÕES DAS TORRES E PROJEÇÃO PARA O FUTURO / FONTE: GREENPEACE/2013........................25

FIGURA 17 - EMISSÕES DE CO2 EVITADAS PELA GERAÇÃO EÓLICA / FONTE: ABEEÓLICA 2014.........................................................26

FIGURA 18 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DA INCIDÊNCIA DA RADIAÇÃO SOLAR NA ATMOSFERA TERRESTRE / FONTE:SITE DA WEB

[HTTP://CO2NOW.ORG]/2007.................................................................................................................................................27

FIGURA 19 - EFEITO FOTOVOLTÁICO / FONTE: GREENPEACE/2013...................................................................................................28

FIGURA 20 - TIPOS DE USINA SOLAR CONCENTRADA / FONTE: GREENPEACE, 2013...........................................................................30

FIGURA 21 - ESQUEMA DE AQUECIMENTO SOLAR / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://COTIDIANO-SUSTENTAVEL.WEBNODE.COM]/2014........31

FIGURA 22 - EQUAÇÃO QUÍMICA DA FOTOSSÍNTESE / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://WWW.ENEMVIRTUAL.COM.BR]/2011........................32

FIGURA 23 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO CICLO DO CARBONO / FONTE: SITE DA WEB

[HTTP://WWW.ENERGIASRENOVAVEIS.COM]/2009....................................................................................................................33

FIGURA 24 - BIOMASSA SÓLIDA / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://CELULOSEONLINE.COM.BR]/2014........................................................34

FIGURA 25 - MATÉRIA PRIMA PARA BIOCOMBUSTÍVEIS DE PRIMEIRA GERAÇÃO / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://ESTACAO-

BIO.BLOGSPOT.COM]/2012....................................................................................................................................................35

FIGURA 26 - ESQUEMA DA GERAÇÃO DE BIOGÁS E FERTILIZANTES (COGERAÇÃO) / FONTE: SITE DA WEB

[HTTP://WWW.REDAGRICOLA.COM/2012.................................................................................................................................36

FIGURA 27 - PROCESSO DE GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DO BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS / FONTE: SITE DA WEB

[HTTP://SUSTENTAREAMBIENTAL.COM]/2014...........................................................................................................................36

FIGURA 28 - BIOMASSA X POTÊNCIA INTALADA EM 2014 / FONTE: ANEEL/2014...............................................................................38

FIGURA 29 - BIOMASSA X QUANTITATIVO EM 2014 / FONTE: ANEEL/2014........................................................................................38

FIGURA 30 - MATURIDADE DAS TECNOLOGIAS DE APROVEITAMENTO DE ENERGIA OCEÂNICA / FONTE: COPPE/UFRJ.........................39

FIGURA 31 - USINA MAREMOTRIZ DE LA RANCE – FRANÇA / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://SUSTENTABILIDADE.ALLIANZ.COM.BR]/2014..41

FIGURA 32 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO PROTÓTIPO / FONTE: SITE PLANETA COPPE/2013......................................................42

FIGURA 33 - PELAMIS EM FUNCIONAMENTO / FONTE: EMEC.ORG.UK................................................................................................45

FIGURA 34 - ESQUEMA GERAL DO PELAMIS E SEU FUNCIONAMENTO / FONTE: SITE OFICIAL DO PELAMIS.............................................45

FIGURA 35 - VISÃO GERAL DO FUNCIONAMENTO POWERBUOY / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://JAGADEES.WORDPRESS.COM]/2010.......46

FIGURA 36 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO FUNCIONAMENTO DOS CONVERSORES OSCILANTES DE TRANSLAÇÃO DAS ONDAS / FONTE:

SITE DA WEB [HTTP://WWW.CONNAISSANCEDESENERGIES.ORG]/2012......................................................................................47

FIGURA 37 - FIGURA ESQUEMÁTICA DE UM DISPOSITIVO DE GERAÇÃO COSTEIRO / FONTE: FLEMING/2012..........................................48

FIGURA 38 - OCEAN ENERGY BUOY / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://WWW.INVESTINCORNWALL.COM]/2012..........................................48

FIGURA 39 - DISPOSITIVO DE GALGAMENTO ONSHORE / FONTE: EMEC/2009..................................................................................49

FIGURA 40 - WAVE DRAGON, DISPOSITIVO DE GALGAMENTO OFFSHORE / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://WAVEPOWER.EK.LA/2014........50

Page 6: Projeto Final I

FIGURA 41 - WAVE DRAGON VISÃO SUPERIOR / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://TPEENERGIEDELAMER.BLOGSPOT.COM/2014..................50

FIGURA 42 - WAVE DRAGON VISÃO LATERAL / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://EN.WIKIPEDIA.ORG/2012.................................................51

FIGURA 43 - MOVIMENTO DO TIPO PISTÃO DO DISPOSITIVOS SUBMERSOS DE DIFERENÇA DE PRESSÃO / FONTE: AQUARET/2008.....51

FIGURA 44 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA / FONTE: ANEEL/2014.................................................54

FIGURA 45 - MARTRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL 2011 X 2035 / FONTE: AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA.......................................55

FIGURA 46 - PORTO DE PECÉM/CE / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://EFICIENCIAENERGTICA.BLOGSPOT.COM]/2012................................58

FIGURA 47 - FOTO DA USINA DE ONDAS DE PECÉM / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://TRIBUNADOCEARA.UOL.COM.BR]/2013...................59

FIGURA 48 - ESQUEMA SIMPLIFICADO E ILUSTRADO DO FUNCIONAMENTO DA USINA APÓS A ETAPA DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA PELOS

BRAÇOS MECÂNICOS ATÉ A CÂMARA HIPERBÁRICA / FONTE: SITE DA WEB [HTTP://ODIA.IG.COM.BR]/2012..................................60

FIGURA 49 - PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DA USINA DE ONDAS DE PECÉM / FONTE: SILVA, 2012...................................................61

FIGURA 50 - CONJUNTO CÂMARA HIPERBÁRICA, TURBINA HIDRÁULICA E GERADOR ELÉTRICO / FONTE: ASSIS, 2010............................62

FIGURA 51 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DA CÂMARA HIPERBÁRICA E DO CONJUNTO TURBO GERADOR / FONTE: FLEMING/2012.........62

FIGURA 52 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO PROJETO FINALIZADO, COM POTÊNCIA DE 500 KW E DETALHE DA BOMBA HIDRÁULICA /

FONTE: COPPE/UFRJ.........................................................................................................................................................63

FIGURA 53 - PERFIL VERTICAL DE 2 ONDAS CONSECUTIVAS / FONTE: OSTRITZ, 2012......................................................................64

FIGURA 54 - FORMAÇÃO DE ONDAS DEVIDO À UMA TEMPESTADE / FONTE: FLEMING, 2012..............................................................66

FIGURA 55 - COMPORTAMENTO DAS ONDULAÇÕES CONFORME SE APROXIMAM DA COSTA / FONTE:FLEMING,2012...........................66

FIGURA 56 - CLASSIFICAÇÃO DAS ONDAS DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE / FONTE: FLEMING, 2012...........................................67

FIGURA 57 - MAPA DE ALTURA DE ONDA PRODUZIDO A PARTIR DE DADOS DO SATÉLITE TOPEX/POSEIDON / FONTE: TRUJILLO E

THURMAN, 2011...............................................................................................................................................................68

FIGURA 58 - IMAGEM REPRESENTATIVA DA CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA GLOBAL / FONTE: OSTRITZ, 2012.........................................70

FIGURA 59 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS – JANEIRO................73

FIGURA 60 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - FEVEREIRO.............73

FIGURA 61 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - MARÇO...................74

FIGURA 62 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - ABRIL.....................74

FIGURA 63 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - MAIO.......................75

FIGURA 64 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - JUNHO....................75

FIGURA 65 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - JULHO.....................76

FIGURA 66 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - AGOSTO.................76

FIGURA 67 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - SETEMBRO..............77

FIGURA 68 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - OUTUBRO...............77

FIGURA 69 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - NOVEMBRO.............78

FIGURA 70 – MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO A VARIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO ATRAVÉS DAS ONDAS - DEZEMBRO.............78

FIGURA 71 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO O POTENCIAL ENERGÉTICO MÉDIO GERADO ATRAVÉS DAS ONDAS EM UM ANO.............79

FIGURA 72 - MAPA TEMÁTICO REPRESENTANDO O POTENCIAL ENERGÉTICO TOTAL GERADO ATRAVÉS DAS ONDAS EM UM ANO.............79

Page 7: Projeto Final I

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - USINAS TERMELÉTRICAS POR TIPO / FONTE: INFORMAÇÕES GERENCIAIS ANEEL 2º/2014.................................................7

TABELA 2 - PARTICIPAÇÃO MUNDIAL NA GERAÇÃO DE ENERGIA NUCLEAR / FONTE: ELETRONUCLEAR, 2014..................................17

TABELA 3 - POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO POR BACIA EM MW / FONTE: ELETROBRÁS, JULHO/2014.....................................21

TABELA 4 - BIOMASSA BRASILEIRA - MATÉRIA PRIMA E POTÊNCIA INSTALADA / FONTE: ANEEL/2014..................................................37

TABELA 5 - TABELA DE POTÊNCIA INSTALADA POR TIPOS NO BRASIL / FONTE: ANEEL/2014.............................................................52

TABELA 6 - TABELA DE EMPREENDIMENTOS EM CONSTRUÇÃO E COM CONSTRUÇÃO NÃO INICIADA POR TIPOS NO BRASIL / FONTE:

ANEEL/2014.......................................................................................................................................................................53

TABELA 7 - MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA / FONTE: ANEEL/2014...............................................................................................54

TABELA 8 - CONDIÇÕES DE MAR TOTALMENTE DESENVOLVIDO PARA DIFERENTES VELOCIDADES DE VENTO E AS CARACTERÍSTICAS

RESULTANTES / FONTE: FLEMING, 2012..............................................................................................................................65

TABELA 9 - DADOS DO POTENCIAL DE GERAÇÃO ONDOMOTRIZ POR ESTADO (GW)............................................................................71

TABELA 10 - TABELA DE COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS CALCULADOS E OS DADOS PRESENTES NA LITERATURA (CARVALHO, 2010)

...........................................................................................................................................................................................72

Page 8: Projeto Final I

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................1

2. OBJETIVO....................................................................................................................................3

3. METODOLOGIA..........................................................................................................................3

4. MATRIZ ENERGÉTICA..............................................................................................................4

4.1. Não-renováveis....................................................................................................................5

4.1.1. Combustíveis Fósseis.................................................................................................5

4.1.2. Energia Nuclear..........................................................................................................15

4.2. Renováveis.........................................................................................................................18

4.2.1. Hidrelétrica..................................................................................................................18

4.2.2. Eólica...........................................................................................................................22

4.2.3. Solar.............................................................................................................................27

4.2.4. Biomassa.....................................................................................................................32

4.2.5. Energia Oceânica.......................................................................................................39

4.2.5.1. Maremotriz..........................................................................................................40

4.2.5.2. Ondas..................................................................................................................42

4.3. Brasil: Panorama atual......................................................................................................52

4.4. Mundo: Panorama atual....................................................................................................55

4.5. Projeção de geração de energia a partir das ondas no Brasil.....................................56

4.5.1. Estimativa do potencial energético gerado por ondas na costa do Brasil com ênfase no estado do Ceará......................................................................................................56

4.5.2. Avaliação do potencial de energias oceânicas no Brasil......................................57

5. ESTUDO DE CASO: USINA DE ONDAS DE PECÉM – CE..............................................58

5.1. Dinâmica das ondas..........................................................................................................63

5.1.1. Definições...................................................................................................................63

5.1.2. Formação e energia as ondas..................................................................................64

5.1.3. Interferências do clima..............................................................................................67

5.2. Mapeamento do potencial ondomotriz por região.........................................................70

6. RESULTADOS ENCONTRADOS...........................................................................................71

6.1. Mapas Produzidos.............................................................................................................73

7. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................80

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................81

8.1. Referências Pesquisadas na Internet.............................................................................82

Page 9: Projeto Final I

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo identificar as formas de exploração

energética utilizadas no Brasil, focando na geração energética a partir das ondas do

mar. Sendo assim, todas as tecnologias disponíveis para a extração de energia a

partir da dinâmica das ondas foram descritas e exemplificadas, afim de introduzir

conceitos primordiais para o entendimento do fenômeno de formação das ondas e

as formas de extraí-la e utilizá-la como fonte de energia elétrica.

O trabalho também teve foco em descrever detalhes de projeto e

funcionamento do primeiro projeto de geração de energia elétrica a partir das ondas

na América Latina – A Usina de Ondas de Pecém, assim como estimar o potencial

de geração ao longo da costa do Brasil, com base em dados fornecidos na

Dissertação de Mestrado de Frederico Ortritz, pela COPPE/UFRJ.

Palavras-chave: ondas, potencial, costa brasileira, energia, tecnologia, Pecém, usina de ondas

Page 10: Projeto Final I

ABSTRACT

The present study aimed to identify the forms of energy exploration used in

Brazil, focusing on energy generation from ocean waves. Therefore, all available

technologies for energy extraction from the dynamics of waves have been described

and exemplified in order to enter primary concepts for the understanding of wave

formation phenomenon and ways to extract it and use it as a source of electricity.

This study also was focused on describing details of design and operation of

the first project of power generation from the waves in Latin America - The Plant

Pecém waves, as well as estimate the generation potential along the coast of Brazil,

based on data provided in Ortritz’s study, from COPPE / UFRJ.

Keywords: waves, potential, Brazilian coast, energy, technology, Pecém, wave

power station

Page 11: Projeto Final I

1. INTRODUÇÃO

A energia, nas suas mais diversas formas, é indispensável à sobrevivência

da espécie humana. E mais do que sobreviver, o homem procurou sempre evoluir,

descobrindo fontes e formas alternativas de adaptação ao ambiente em que vive e

de atendimento às suas necessidades. Dessa forma, a exaustão, escassez ou

inconveniência de um dado recurso tendem a ser compensadas pelo surgimento de

outros (ANEEL, 2002).

As energias renováveis são fontes inesgotáveis de energia obtidas na

Natureza, como o sol ou o vento. Esse tipo de energia possui capacidade de

regeneração, ou seja, são virtualmente inesgotáveis.

É importante ressaltar que geralmente essas tecnologias de geração de

energia renovável são pouco impactantes para o Meio Ambiente, e por isso

chamadas de “Energia Limpa”.

Desde o início do século XX, o planeta vem sendo sucessivamente

impactado pela exploração de seus recursos naturais, dentre eles os combustíveis

fósseis, que com sua queima culminam na alteração do clima, poluição atmosférica,

efeito estufa, aquecimento global e diversos outros impactos diretamente ligados

entre si.

A busca por alternativas é cada vez mais crescente e necessária quando se

toma nota que as reservas de combustíveis fósseis, atualmente a principal matriz

energética mundial, está com os dias contados.

Alternativas como a energia nuclear, que também é um recurso esgotável, já

foi citada como uma matriz energética promissora do ponto de vista a complementar

a geração na ocasião da falta de combustíveis fósseis. Segundo dados da

Eletrobrás, a energia nuclear foi responsável por 12,3% da produção de energia

elétrica mundial, o que coloca esse tipo de fonte energética no 4º lugar das maiores

fontes.

1

Page 12: Projeto Final I

Porém, com os recentes acontecimentos decorrentes do acidente de

Fukushima, o mundo, em especial a Europa, começa a repensar sua matriz

energética e vislumbrar alternativas menos impactantes, mas que por outro lado

possa ser viável do ponto de vista econômico.

A nova ordem mundial atual é a busca pela auto suficiência em geração de

energia, aliada à diversificação da matriz energética, ou seja, os países estão à

procura de diferentes fontes de energia que se complementem e supram a demanda

interna dos países, na ocasião da escassez de combustíveis fósseis.

Na busca por fontes de energia alternativa, o Brasil leva vantagem em

relação a outros países por possuir possibilidade de geração de energia por vários

meios, incluindo as fontes renováveis como as hidrelétricas, e também pela busca

pelo desenvolvimento de fontes alternativas como a utilização da biomassa para a

produção do biodiesel e do etanol de cana de açúcar.

A questão energética é motivo de preocupação em todo o mundo, mas no

Brasil, em especial, a EPE (Empresa de pesquisa Energética) estimou que caso a

demanda por energia elétrica cresça 4,8% ao ano, o país precisará investir um

montante em torno de R$125 bilhões para a ampliação da geração e transmissão de

energia a fim de evitar um apagão.

Essa pauta vem gerando apreensão nacional e mundial, e ganhando cada

vez mais importância, seja pelo fator ambiental, com a necessidade de se reduzir a

emissão de poluentes para a atmosfera através da queima de combustíveis, seja

pelo fato de uma possível e não muito distante, diminuição significativa das fontes de

energia não-renováveis, o que ocorre com o petróleo, um bem finito e que

atualmente não mais consegue acompanhar o crescimento da demanda.

É nesse contexto mundial, que o estudo das usinas de geração de energia

das ondas, que é uma fonte inesgotável, toma força e espaço como uma linha de

pesquisa para projetos pilotos, como o do Porto de Pecém.

No mundo, tecnologias para geração de energia a partir das ondas já são

mais difundidas e estudadas. Mas, no Brasil, essa iniciativa do Instituto Alberto Luiz

Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE-UFRJ) e do

2

Page 13: Projeto Final I

Governo do Ceará de implantar uma planta piloto, fez com que o Brasil se tornasse

pioneira no assunto perante a América Latina.

2. OBJETIVO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo estudar as

tecnologias de produção energética brasileira, com ênfase na geração através da

energia das ondas.

Neste trabalho são apresentadas as tecnologias de geração de energia a

partir das ondas, assim como sua classificação, a fim de buscar um entendimento

sobre o Projeto Piloto de Geração de Energia de Ondas do Porto de Pecém – Ceará,

como detalhes de projeto e funcionamento.

Além disso, o potencial energético da costa brasileira também foi estimado

através da compilação de dados de Ostritz (2012) e mapas foram gerados para

representar graficamente a variação e intensidade do potencial ao longo da costa.

3. METODOLOGIA

A metodologia aplicada a este trabalho foi inicialmente baseada em pesquisa

bibliográfica de artigos e publicações acerca do assunto abortado, e posteriormente

estas informações foram consolidadas para a elaboração deste trabalho.

Através dos dados extraídos de Ostritz (2012), foi possível representa-los,

sob forma de informações espaciais, em quatorze mapas temáticos produzidos no

software livre QuantumGis (QGIS). Desses quatorze mapas, doze correspondem às

sazonalidades mensais por estado, e os outros dois correspondem ao potenciam

médio e total por estado.

Após a produção dos mapas, análises foram feitas acerca dos resultados

obtidos, com base em Ostritz (2012) e também foram realizadas comparações entre

3

Page 14: Projeto Final I

os dados encontrados e os constantes na literatura (CARVALHO, 2010), que foram

compilados por Fleming (2012).

4. MATRIZ ENERGÉTICA

Matriz energética é toda a energia disponibilizada para ser transformada,

distribuída e consumida nos processos produtivos ou atividades humanas em geral,

e nada mais é do que uma representação quantitativa da oferta de energia,

subdividida em renováveis e não-renováveis.

A análise da matriz energética é fundamental para a orientação e

planejamento do setor energético, que deve garantir a produção e o uso correto

dessa energia produzida.

As principais fontes de energia são:

Não-renováveis:

1. Petróleo

2. Carvão Mineral

3. Gás Natural

4. Energia Nuclear

Renováveis:

1. Hidrelétrica

2. Fotovoltaica

3. Eólica

4. Biomassa

5. Marémotriz

6. Ondas

7. Geotérmica

8. Hidrogênio

4

Page 15: Projeto Final I

4.1. Não-renováveis

4.1.1. Combustíveis Fósseis

A queima de combustíveis fósseis é a forma de geração de energia mais

utilizada no mundo. Mais de 70% da oferta global de eletricidade é suprida por

carvão, óleo combustível e gás natural. O diesel também tem forte participação na

geração de eletricidade de comunidades isoladas da rede elétrica, compondo cerca

de 80% do consumo de combustível desses locais (GREENPEACE, 2013).

O setor termelétrico tem como principais matérias-primas o gás natural (38%),

o petróleo (20,8%) e o carvão mineral (9,2%) (Tabela 1, Figuras 2 e 3).

Térmicas movidas a combustíveis fósseis são as campeãs no ranking de

emissão. Os valores mínimos são de 800g de CO2/kWh na queima do carvão, 700g

de CO2/kWh na de óleo combustível e 300g de CO2/kWh na de gás natural. Uma

termelétrica média de 160 MW a óleo combustível, operando 10% do tempo, pode

emitir mais de 80 mil toneladas de CO2 em um ano (GREENPEACE, 2013).

As termelétricas diminuem a dependência brasileira das hidrelétricas.

Também reduzem o risco de racionamento em caso de escassez de chuvas ou

diminuição dos volumes de água nos reservatórios. Outra vantagem das

termelétricas é que elas podem ser instaladas perto dos grandes centros

consumidores, diminuindo assim as perdas de transmissão e melhorando a

qualidade da energia fornecida (NEOENERGIA, 2013).

As usinas termelétricas podem ser de ciclo simples ou de ciclo combinado. No

primeiro caso, a queima do combustível gera a pressão necessária para girar a

turbina que vai mover o gerador. Já o segundo modelo combina sistemas de

geração movidos pela queima do combustível e pelo vapor proveniente dessa

mesma queima (NEOENERGIA, 2013).

5

Page 16: Projeto Final I

No ciclo simples, a expansão dos gases resultantes da queima do

combustível (óleo diesel ou gás natural) aciona a turbina a gás, que está diretamente

acoplada ao gerador e, desta forma, a potência mecânica é transformada em

potência elétrica (FURNAS, 2014).

Já no ciclo combinado (Figura 1), o funcionamento é exatamente igual ao

descrito acima para usina termelétrica convencional, porém a transformação da

água em vapor é feita com o reaproveitamento do calor dos gases de escape da

turbina a gás, na caldeira de recuperação de calor (FURNAS, 2014).

Figura 1 - Esquema usina termelétrica / Fonte: Furnas

6

Page 17: Projeto Final I

Tabela 1 - Usinas termelétricas por tipo / Fonte: Informações Gerenciais ANEEL 2º/2014

USINAS TERMELÉTRICAS - 2014

% Potência Instalada (kW) Quantidade

GÁS 38,0 14059251 149PETRÓLEO 20,8 7655567 1204CARVÃO 9,2 3389465 13

OUTROSBIOMASSA 31,4 11610928 482ENXOFRE 0,2 59688 5

EFLUENTE GASOSO 0,4 162100 2TOTAL = 32,0 11832716 489

38%

21%

9%

32%

USINAS TERMELÉTRICAS - 2014Potência Instalada

GÁSPETRÓLEOCARVÃOOUTROS

Figura 2 - Usinas termelétricas por potência instalada / Fonte: Relatório Gerencial ANEEL 2º/2014

7

Page 18: Projeto Final I

8%

65%

1%

26%

USINAS TERMELÉTRICAS - 2014Quantitativo

GÁSPETRÓLEOCARVÃOOUTROS

Figura 3 - Usinas termelétricas por quantidade / Fonte: Relatório Gerencial ANEEL 2º/2014

4.1.1.1. Petróleo

O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos que tem origem na

decomposição de matéria orgânica, principalmente o plâncton (plantas e animais em

suspensão nas águas), causada por bactérias em meios com baixo teor de oxigênio

(ANEEL, 2002).

Ao longo de milhões de anos, essa decomposição se acumulou no fundo de

mares, lagos e oceanos e sofrendo altas pressões oriundas do movimento da crosta

terrestre, o que impôs altas temperaturas ao substrato. O resultado deste processo

longo é a substância oleosa que denominamos petróleo (ANEEL, 2002).

Essa substância é encontrada em bacias sedimentares específicas, formadas

por camadas ou lençóis de areia, arenitos ou calcários, pois todos esses materiais

são muito porosos (ANEEL, 2002).

A exploração de campos e a perfuração de poços de petróleo só se iniciou em

meados do século XIX e a partir disso a indústria petrolífera teve grande

proliferação, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

8

Page 19: Projeto Final I

Nessa época, havia grande concorrência com o carvão e outros combustíveis

considerados nobres, mas com a invenção dos motores à gasolina e diesel, o

petróleo ganhou projeção no cenário mundial.

No Brasil, há esforços governamentais para promover a substituição de diesel

por biodiesel, mas o custo dos óleos vegetais (que constituem 60% do custo de

produção do biodiesel) é uma importante barreira à consecução desse objetivo.

Os derivados de petróleo constituem parcela importante da geração de

energia, em especial no setor de transportes. O refino de petróleo produz uma séria

de insumos para a indústria química e petroquímica, e diversos combustíveis

líquidos: diesel, GLP, gasolina, querosene, óleo combustível e nafta (Figura 4).

Figura 4 - Esquema representativo do refino de petróleo / Fonte: site da web [http://vagasoffshorebrasil.blogspot.com.br]/2014

Do ponto de vista ambiental, a participação do petróleo na geração de

energia, seja para eletricidade ou para uso veicular, é uma das principais

responsáveis pelo efeito estufa, pela emissão de CO2 de origem fóssil, constituindo

um impacto global que causa grande preocupação internacional (MMA, 2014).

A substituição de combustíveis fósseis e reduções comprovadas de CO2 e de

outros gases de efeito estufa permitem a obtenção de créditos de carbono pelo

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no âmbito do Protocolo de Kyoto

(MMA, 2014).9

Page 20: Projeto Final I

4.1.1.2. Carvão Mineral

O Carvão Mineral é uma complexa e variada mistura de componentes

orgânicos sólidos, fossilizados ao longo de milhões de anos.

O teor de carbono é o que determina a sua qualidade, que varia dependendo

dos componentes orgânicos pelos quais foi formado e pelo estágio de formação.

A turfa, de baixo teor de carbono, constitui um dos primeiros estágios do

carvão com teor de carbono na faixa de 45%. O linhito apresenta índice variando de

60% a 75% e o carvão betuminoso, ou hulha, que é mais utilizado como

combustível, é composto por teores compreendidos entre 75% e 85%. O mais puro

dos carvões, o antracito, apresenta conteúdo carbonífero superior a 90% (Figura 5)

(ANEEL, 2002).

Figura 5 - Diferentes tipos de carvão mineral / Fonte: site da web [http:// http://hulha-eteot.blogspot.com.br]/2014

Apesar dos graves impactos ao meio ambiente, o carvão é considerado a

maior fonte de energia para uso local e as principais razões são:

1. Abundância de reservas;

10

Page 21: Projeto Final I

2. Distribuição geográfica das reservas;

3. Baixos custos e estabilidade nos preços, comparados a outros

combustíveis.

O carvão é uma das principais fontes de energia utilizadas pela Humanidade,

em especial na Europa, a partir da Primeira Revolução Industrial. Atualmente, com o

aumento do custo do petróleo, há uma tendência mundial ao aumento do consumo

de carvão, tendo em vista as extensas reservas mundiais (MMA, 2014).

No Brasil, as principais reservas de carvão estão na região Sul. As reservas

medidas são de 1,4 bilhões de toneladas em Santa Catarina (SC) e de 5,3 bilhões de

toneladas no Rio Grande do Sul (RS) (Figura 6) (MMA, 2014).

Figura 6 - Mina Candiota-RS / Fonte: Conselho de Desenvolvimento Econômico Social / 2014

O principal problema ambiental associado ao uso de carvão é o fato de este

ser um recurso de origem fóssil, não-renovável. A queima desse combustível, como

a de todos os derivados de carbono, gera CO2 (gás carbônico), o principal gás de

efeito estufa, responsável pelo aquecimento e por mudanças climáticas em escala

global (MMA, 2014).

11

Page 22: Projeto Final I

Quando o derivado de carbono (C) é fóssil, como no caso do carvão, petróleo,

xisto e gás natural, são lançadas à atmosfera quantidades de C que estavam

imobilizadas, contribuindo para aumentar o inventário de CO2 no meio ambiente. A

vida média do CO2 na atmosfera é de cerca de cem anos (MMA, 2014).

Como o carvão contém teores expressivos de enxofre, a sua queima provoca

ainda o lançamento na atmosfera de dióxido de enxofre, um dos responsáveis pela

chuva ácida, com graves problemas de poluição do meio ambiente.

4.1.1.3. Gás Natural

O Gás Natural é uma mistura de hidrocarbonetos gasosos oriundas da

decomposição de matéria orgânica fossilizada ao longo de milhões de anos.

A composição do gás natural, em seu estado bruto, é predominantemente de

metano, com porções variadas de etano, propano, hidrocarbonetos mais pesados e

também CO2, N2, H2S, água, ácido clorídrico, metanol e outras impurezas.

Algumas das principais propriedades do gás natural são a sua densidade em

relação ao ar, o poder calorífico e os teores de carbono. Mas é importantíssimo citar

que, comparado com outros combustíveis fósseis, o gás natural possui baixos

índices de emissão de poluentes. Possui também uma rápida dispersão em caso de

vazamentos, baixos índices de odor e contaminantes. Ainda comparando com outros

combustíveis fósseis, o gás natural apresenta maior flexibilidade, tanto em termos de

transporte como de aproveitamento (ANEEL, 2000).

Além de insumo básico da indústria gasoquímica, o gás natural tem-se

mostrado cada vez mais competitivo em relação a vários outros combustíveis, tanto

no setor industrial como no de transporte e na geração de energia elétrica através

das usinas termelétricas a gás natural (ANEEL, 2002).

Neste último caso, a entrada do gás natural na matriz energética nacional,

impulsionada pela necessidade de se expandir o parque gerador, tem despertado o

interesse de ampliar o uso do gás natural na geração termelétrica. A Figura 7

12

Page 23: Projeto Final I

compara a extração de gás natural anual brasileira com o resto do mundo através de

escala de cores.

Figura 7 - Extração de Gás Natural em m³/ano / Fonte: site da web [http://wikipedia.org/wiki/Gás_natural]/2014

A utilização do gás natural como insumo energético apresenta algumas

vantagens ambientais se comparada com outras fontes fósseis (carvão mineral e

derivados de petróleo) de energia. Entre eles pode-se citar:

1. Baixa presença de contaminantes;

2. Combustão mais limpa, que melhora a qualidade do ar, pois substitui

formas de energias poluidoras como carvão, lenha e óleo combustível,

contribuindo também para a redução do desmatamento;

3. Menor contribuição de emissões de CO2 por unidade de energia gerada

(cerca de 20 a 23% menos do que o óleo combustível e 40 a 50% menos

que os combustíveis sólidos como o carvão);

4. Pequena exigência de tratamento dos gases de combustão;

5. Maior facilidade de transporte e manuseio, o que contribui para a redução

do tráfego de caminhões que transportam outros tipos de combustíveis;

6. Não requer estocagem, eliminando os riscos do armazenamento de

combustíveis;

13

Page 24: Projeto Final I

7. Maior segurança; por ser mais leve do que o ar, o gás se dissipa

rapidamente pela atmosfera em caso de vazamento;

8. Contribuição para a diminuição da poluição urbana quando usado em

veículos automotivos, uma vez que reduz a emissão de óxido de enxofre,

de fuligem e de materiais particulados, todos presentes no óleo diesel.

O gás natural pode ser classificado em duas categorias: associado (GA) e

não-associado (GNA). O gás associado é aquele que, no reservatório, se encontra

dissolvido no petróleo ou sob a forma de uma capa de gás. Neste caso,

normalmente privilegia-se a produção inicial do óleo, utilizando-se o gás para manter

a pressão do reservatório. O gás não-associado é aquele que está livre do óleo e da

água no reservatório (Figura 8).

Figura 8 - Extração do gás natural /Fonte: Bahiagás / 2014

O gás natural produzido no Brasil é predominantemente de origem associada

ao petróleo (73%) e se destina a outros mercados de consumo que não somente a

geração de energia termelétrica.

Além disso, uma vez produzido, o gás natural se distribui entre diversos

setores de consumo, com fins energéticos e não-energéticos: utilizado como

matéria-prima nas indústrias petroquímica (plásticos, tintas, fibras sintéticas e

14

Page 25: Projeto Final I

borracha) e de fertilizantes (ureia, amônia e seus derivados), comércio, serviços,

domicílios etc., nos mais variados usos.

4.1.2. Energia Nuclear

A energia nuclear ou nucleoelétrica é proveniente da fissão do urânio em

reator nuclear. Apesar da complexidade de uma usina nuclear, seu princípio de

funcionamento é similar ao de uma termelétrica convencional, onde o calor gerado

pela queima de um combustível produz vapor, que aciona uma turbina, acoplada a

um gerador de corrente elétrica.

Na usina nuclear, o calor é produzido pela fissão do urânio no reator, cujo

sistema mais empregado (PWR – Pressurized Water Reactor) é constituído de três

circuitos, a saber: primário, secundário e de refrigeração.

No primeiro, a água é aquecida a uma temperatura de aproximadamente

320ºC, sob uma pressão de 157 atmosferas. Em seguida, essa água passa por

tubulações e vai até o gerador de vapor, onde vaporiza a água do circuito

secundário, sem que haja contato físico entre os dois circuitos. O vapor gerado

aciona uma turbina, que movimenta o gerador e produz corrente elétrica (Figura 9)

(Eletronuclear, 2001).

Figura 9 - Esquema de geração de energia nuclear / Fonte: ANEEL, 2002

15

Page 26: Projeto Final I

A energia nuclear no Brasil representava, em 2005, 2,7% da oferta de energia

elétrica. O Plano Nacional de Energia (PNE 2030) prevê uma expansão da

participação dessa fonte na matriz energética brasileira, devendo atingir 4,9% até

2030, com o término da construção de Angra III na mesma região onde operam as

usinas de Angra I e Angra II (MMA, 2014).

O custo da implantação de uma usina nuclear é bastante elevado, mas o de

sua operação é baixo, em função do menor custo de combustível em relação a

fontes convencionais (MMA, 2014).

Os impactos ambientais da exploração nuclear se distribuem pelas diversas

fases da atividade: mineração, beneficiamento, enriquecimento (produção de UF6),

reconversão e produção de pastilhas de UO2, geração de energia, transporte e

embarque de produtos intermediários, reprocessamento e disposição final dos

resíduos (MMA, 2014).

Os principais riscos estão associados às emissões de radionuclídeos, como

isótopos de xenônio e criptônio, que podem afetar todas as formas de vida, além de

aquíferos, solos e atmosfera. Uma das questões mais polêmicas em torno da

energia nuclear é a da disposição final dos resíduos, pois não existem, até o

presente, depósitos definitivos para esses materiais, que estão sendo estocados

provisoriamente em piscinas no interior das próprias usinas. Pesquisas em curso

pretendem esgotar a radioatividade desses resíduos, reciclando-os, com aumento

da geração de energia e consequente desativação dos mesmos (MMA, 2014).

Como a atividade nuclear não se baseia em uma fonte de carbono, não

produz diretamente emissões de CO2, exceto nas atividades secundárias (motores,

equipamentos, transporte, etc), o que resulta em uma menor geração de gases de

efeito estufa (MMA, 2014).

De acordo com o relatório “Energy, Electricity and Nuclear Power estimates

for the Period up to 2050”, publicado pela AIEA (Agência Internacional de Energia

Atômica) em agosto de 2013, os reatores nucleares foram responsáveis por 12,3%

da produção de energia elétrica no mundo. Isso coloca a energia nuclear como a

16

Page 27: Projeto Final I

quarta maior fonte, atrás do carvão, dos combustíveis líquidos e do gás natural

(ELETRONUCLEAR, 2014).

Conforme dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em

abril de 2014 existiam em operação 435 reatores comerciais em 30 países, nos

quais vivem ⅔ da população mundial. Entre os maiores parques geradores,

destacam-se os Estados Unidos, com 100 unidades, a França, com 58 reatores, e o

Japão, com 48 (Tabela 2) (ELETRONUCLEAR, 2014).

Tabela 2 - Participação mundial na geração de energia nuclear / Fonte: ELETRONUCLEAR, 2014

17

Page 28: Projeto Final I

As fontes de urânio já identificadas são suficientes para suprir de 60 a 100

anos de operação das usinas existentes no mundo e ainda os cenários de maior

expansão previstos até 2035 pela AIEA. A produção mundial tem aumentado, com o

Cazaquistão sendo um dos maiores produtores.

4.2. Renováveis

4.2.1. Hidrelétrica

O uso da energia hidráulica foi uma das primeiras formas de substituição do

trabalho animal pelo mecânico, particularmente para bombeamento de água e

moagem de grãos. Entre as características energéticas mais importantes, destacam-

se as seguintes: disponibilidade de recursos, facilidade de aproveitamento e,

principalmente, seu caráter renovável.

A água vem sendo empregada para a produção de eletricidade há mais de

um século. Atualmente, cerca de um quinto da eletricidade mundial é produzida por

energia hidrelétrica. No Brasil, a participação é ainda mais expressiva: a

hidroeletricidade representa 63,1% do total de energia gerada (ANEEL, 2014).

A produção de energia nas usinas hidrelétricas ocorre a partir da queda

d'água, que gira as turbinas e aciona o eixo gerador de eletricidade. A energia

primária de uma hidrelétrica é a energia potencial gravitacional da água contida

numa represa elevada. Antes de se tornar energia elétrica, a energia primária deve

ser convertida em energia cinética de rotação. O dispositivo que realiza essa

transformação é a turbina. Ela consiste basicamente em uma roda dotada de pás,

que é posta em rápida rotação ao receber a massa de água. O último elemento

dessa cadeia de transformações é o gerador, que converte o movimento rotatório da

turbina em energia elétrica.

O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela

concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isto pode se dar

de forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; através de

18

Page 29: Projeto Final I

uma barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da

barragem; ou através de desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os

pequenos desníveis nesse desvio.

Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes

(Figura 10):

1) Barragem;

2) Sistemas de captação e adução de água;

3) Casa de força;

4) Sistema de restituição de água ao leito natural do rio.

Figura 10 - Esquema sobre Usinas Hidrelétricas / Fonte: FURNAS, 2014

Existem dois tipos de reservatórios: acumulação e fio d’água. Os primeiros,

geralmente localizados na cabeceira dos rios, em locais de altas quedas d’água,

dado o seu grande porte permitem o acúmulo de grande quantidade de água e

19

Page 30: Projeto Final I

funcionam como estoques a serem utilizados em períodos de estiagem. Além disso,

como estão localizados a montante das demais hidrelétricas, regulam a vazão da

água que irá fluir para elas, de forma a permitir a operação integrada do conjunto de

usinas (Figura 11). As unidades a fio d’água geram energia com o fluxo de água do

rio, ou seja, pela vazão com mínimo ou nenhum acúmulo do recurso hídrico (Figura

12).

Figura 11 - Usina Hidrelétrica por acumulação / Fonte: IPCC, 2012

Figura 12 - Usina Hidrelétrica a fio d'água / Fonte: IPCC, 2012

20

Page 31: Projeto Final I

As usinas podem ter portes variados, dependendo da capacidade de

aproveitamento da vazão e queda d'água do rio no qual forem instaladas. A potência

instalada determina se a usina é de grande ou médio porte ou uma Pequena Central

Hidrelétrica (PCH). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adota três

classificações: Centrais Geradoras Hidrelétricas (com até 1 MW de potência

instalada), Pequenas Centrais Hidrelétricas (entre 1,1 MW e 30 MW de potência

instalada) e Usina Hidrelétrica de Energia (UHE, com mais de 30 MW).

O custo de implantação de uma hidrelétrica varia entre 2.500 R$/kW (usinas

com capacidade acima de 500 MW) e 5.000 R$/kW (PCHs). Em grande parte, os

investimentos são financiados com capital de terceiros a longo prazo, de forma que

o serviço da dívida possa ser pago com a geração de caixa do próprio

empreendimento. Os altos volumes de investimento inicial, entretanto, são

compensados por altas margens EBITDA (NEOENERGIA, 2014).

O potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em cerca de 247 GW, do quais

39% estão localizados na Bacia Hidrográfica do Amazonas. Entre as demais bacias,

destacam-se a do Paraná, com 25% desse potencial, a do Tocantins (11%) e a do

São Francisco (9%). As bacias do Uruguai e do Atlântico Leste representam cerca

de 5% e 6% respectivamente e as demais (Atlântico Sudeste e Atlântico

Norte/Nordeste) somam juntas apenas 5% do referido potencial (Tabela 3 e

Figura13).

Tabela 3 - Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Bacia em MW / Fonte: Eletrobrás, Julho/2014

Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Bacia (MW) - Julho/2014 - Eletrobrás

BACIA HIDROGRÁFICA POTENCIAL (MW)Atlântico Leste 14007,04

Atlântico Norte/Nordeste 2939,80Atlântico Sudeste 10091,63

Rio Amazonas 96169,87Rio Paraná 62656,58

Rio São Francisco 22585,27Rio Tocantins 26537,33Rio Uruguai 11572,65

21

Page 32: Projeto Final I

6%1%

4%

39%

25%

9%

11%

5%

Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Bacia (MW) - Julho/2014 -

Eletrobrás

Atlântico Leste

Atlântico Norte/Nordeste

Atlântico Sudeste

Rio Amazonas

Rio Paraná

Rio São Francisco

Rio Tocantins

Rio Uruguai

Figura 13 - Potencial Hidrelétrico Brasileiro por bacia (MW) / Fonte: Eletrobrás, Julho/2014

4.2.2. Eólica

Energia eólica é a energia cinética contida nas massas de ar em movimento

(vento) provocada pela diferença de pressão atmosférica entre duas regiões

distintas e é influenciado por efeitos locais como a orografia e a rugosidade do solo.

Essas diferenças de pressão têm origem térmica, estando diretamente relacionadas

com a radiação solar e os processos de aquecimento das massas de ar (ANEEL,

2002).

Os ventos são muito influenciados pela superfície terrestre até altitudes de

100 metros. O vento é travado pela rugosidade da superfície da terra e pelos

obstáculos. A direção perto da superfície é ligeiramente diferente das dos ventos

geostróficos, devido à rotação da Terra.

22

Page 33: Projeto Final I

Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é

necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50

metros, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s (GRUBB;

MEYER, 1993). Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, o vento

apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m, em

apenas 13% da superfície terrestre. Essa proporção varia muito entre regiões e

continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental.

A figura 14 demonstra a variação da velocidade do vento quando passa do

oceano, que é muito menos rugoso, para a superfície terrestre, onde a turbulência

aumenta, e a velocidade do vento próximo ao solo diminui. Forma-se uma camada-

limite interna entre o vento turbulento e o laminar. O perfil do vento se altera, sendo

mais vertical sobre o mar e mais inclinado sobre a floresta, que tem rugosidade

maior.

Figura 14 - Esquema Velocidade do Vento x Altura / Fonte: Eletrobrás – Atlas Eólico de Alagoas/2008

A geração eólica ocorre pelo contato do vento com as pás do cata-vento,

elementos integrantes da usina, e com isso seu aproveitamento se dá através da

conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com o

emprego de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, para a geração

23

Page 34: Projeto Final I

de energia elétrica, ou através de cataventos e moinhos para trabalhos mecânicos,

como bombeamento de água (ANEEL, 2002).

Ao girar, essas pás dão origem à energia mecânica que aciona o rotor do

aerogerador, que produz a eletricidade. A quantidade de energia mecânica

transferida – e, portanto, o potencial de energia elétrica a ser produzida – está

diretamente relacionada à densidade do ar, à área coberta pela rotação das pás e à

velocidade do vento.

Os parques eólicos podem ser localizados em terra (onshore) ou no mar

(offshore). Cada local apresenta características e comportamento diferentes,

portanto turbinas diferenciadas podem aproveitar o máximo do potencial energético

de cada sítio.

As torres eólicas podem ser instaladas em áreas costeiras com maior

abundância de ventos ou distantes do litoral (Figura 15). As eólicas offshore geram

até mais energia do que os parques instalados em terra e os mais recentes

desenvolvimentos tecnológicos focam tal potencial. Na Europa, as eólicas offshore já

representam cerca de 10% do mercado de energia eólica (EWEA, 2012). Além de

captar ventos mais fortes, países ou regiões com baixo potencial eólico onshore ou

com limitações do uso da terra se beneficiam dessa categoria de torres

(GREENPEACE, 2013).

Figura 15 - Parque eólico offshore e Onshore / Fonte: site da web [http://eco4u.wordpress.com]/2013

24

Page 35: Projeto Final I

A evolução da tecnologia permitiu o desenvolvimento de equipamentos mais

potentes. Em 1985, por exemplo, o diâmetro das turbinas era de 20 metros, o que

acarretava uma potência média de 50 kW (quilowatts). Hoje, esses diâmetros

chegam a superar 100 metros, o que permite a obtenção, em uma única turbina, de

5 mil kW. Além disso a altura das torres, inicialmente de 10 metros

aproximadamente, hoje supera os 120 metros (ELETROBRÁS).

No Brasil, a primeira turbina eólica foi instalada no Arquipélago de Fernando

de Noronha em 1992, e possuía gerador com potência de 75 kW, rotor de 17 metros

de diâmetro e torre de 23 metros de altura (ELETROBRÁS).

O crescimento do tamanho das turbinas tem sido acompanhado pela

expansão de mercados e fabricantes (Figura 16). O mercado chinês é atualmente o

maior, mas aumentos expressivos são vistos nos Estados Unidos e na Europa

(GREENPEACE, 2013).

Figura 16 - Progressão das dimensões das torres e projeção para o futuro / Fonte: Greenpeace/2013

25

Page 36: Projeto Final I

Alguns dos grandes argumentos favoráveis à fonte eólica são, além da

renovabilidade, da perenidade, da grande disponibilidade, da independência de

importações e do custo zero para obtenção de suprimento (ao contrário do que

ocorre com as fontes fósseis), a não geração de CO2 ou qualquer outro poluente

atmosférico.

Segundo a ABEEólica, a geração eólica produzida nos permite criar alguns

índices de benefícios trazidos pela fonte. Um deles é a emissão de CO2 evitada

através do uso da fonte (Figura 17).

Figura 17 - Emissões de CO2 evitadas pela geração eólica / Fonte: ABEEólica 2014

26

Page 37: Projeto Final I

4.2.3. Solar

O sol é fonte de energia renovável e o aproveitamento desta energia, tanto

como fonte de calor quanto de luz, é uma das alternativas energéticas mais

promissoras para que seja possível enfrentar os desafios ambientais que aparecem

a cada instante.

O Sol é capaz de irradiar anualmente o equivalente a 10.000 vezes a

energia consumida pela população mundial neste mesmo período. A Terra recebe

mais de 1.500 quatrilhões (1,5×1018) de quilowatts-hora de potência por ano.

Uma vez que parte da energia inicial é refletida ou absorvida pela atmosfera,

num dia de céu claro é possível medir junto a superfície terrestre num plano

perpendicular, cerca de 1.000 W/m2 (Figura 18).

Figura 18 - Esquema representativo da incidência da radiação solar na atmosfera terrestre / Fonte:site da web [http://co2now.org]/2007

Esta energia chega ao nosso planeta em forma de raios solares, que além

de trazerem a luz e o calor essencial para a vida na Terra, podem ser aproveitados

27

Page 38: Projeto Final I

para a geração de eletricidade. Isto é possível através de uma tecnologia chamada

fotovoltaica, ou seja, luz transformada em eletricidade.

A energia solar apresenta três grandes modalidades: energia solar

fotovoltaica, CSP (energia solar concentrada, da sigla em inglês) e energia solar

para aquecimento de água.

4.2.3.1. Energia Solar Fotovoltáica

O termo ‘Fotovoltaica’ é o casamento das palavras “Foto”, que tem sua raiz

na língua grega e significa “luz”, e “Voltaica”, que vem de ‘volt’ que é a unidade para

medir o potencial elétrico.

A energia solar fotovoltaica é produzida por painéis fotovoltaicos instalados

no topo de casas e edifícios, que captam a luz solar e transformam a radiação em

eletricidade. O painel é constituído por um conjunto de módulos e baterias

recarregáveis associados a inversores e controladores de carga (Figura 19)

(Greenpeace, 2013).

Figura 19 - Efeito Fotovoltáico / Fonte: Greenpeace/2013

28

Page 39: Projeto Final I

Os painéis também podem ser conectados à rede elétrica, basta transformar

a energia solar gerada em corrente contínua, em corrente alternada por um conjunto

de inversores de frequência. Fazendo isto, a geração tem as mesmas características

da energia disponível na rede comercial e com isso, dispensa-se o uso de baterias.

Um sistema de capacidade de 2 kWp – ou a potência máxima do sistema em

condições-padrão – é suficiente para abastecer uma residência com consumo médio

(Greenpeace, 2013).

A capacidade mundial instalada de energia solar fotovoltaicos superou os 100

mil MW em 2012, o que representa quatro vezes a quantidade de painéis operantes

em 2009, se tornando assim a fonte renovável que mais atraiu investimentos em

2012 (Greenpeace, 2013).

Como consequência desse avanço, as células fotovoltaicas têm registrado

uma considerável queda de preço que reduz em aproximadamente 20% do preço a

cada duplicação da capacidade instalada (Greenpeace, 2013).

Nesse passo, o panorama para os próximos dez anos aponta para que as

células fotovoltaicas se tornem competitivas em relação aos preços médios de

tarifas elétricas praticadas atualmente.

4.2.3.2. Energia Solar Concentrada (CSP)

A Energia Solar Concentrada consiste na produção de eletricidade de modo

similar às termelétricas. A diferença é que a energia é obtida pela concentração de

radiação solar e convertida em vapor ou gás em alta temperatura para impulsionar

uma turbina ou motor. Grandes espelhos ou calhas parabólicas concentram a luz

solar em uma única linha ou ponto, denominada foco (Figura 20) (Greenpeace,

2013).

29

Page 40: Projeto Final I

Figura 20 - Tipos de usina solar concentrada / Fonte: Greenpeace, 2013

Os sistemas parabólicos de alta concentração atingem temperaturas

bastante elevadas e índices de eficiência que variam de 14% a 22% de

aproveitamento da energia solar incidente (ANEEL, 2008).

O calor produzido se converte em vapor quente em alta pressão, que

movimenta turbinas que geram eletricidade. Em regiões de sol intenso, usinas

heliotérmicas podem garantir grande produção de eletricidade. Os maiores exemplos

de projetos estão na Espanha e nos Estados Unidos (Greenpeace, 2013).

Contudo, a necessidade de focalizar a luz solar sobre uma pequena área

exige algum dispositivo de orientação, acarretando custos adicionais ao sistema, os

quais tendem a ser minimizados em sistemas de grande porte (MMA, 2014).

4.2.3.3. Aquecimento Solar

Um dos sistemas mais acessíveis é o de aquecedores solares, composto de

placas que aquecem a água em um reservatório térmico, no qual ela é armazenada

para consumo posterior (Greenpeace, 2013). O uso dessa tecnologia ocorre

predominantemente no setor residencial, mas há demanda significativa e aplicações

30

Page 41: Projeto Final I

em outros setores, como edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes,

hotéis e similares (Figura 21) (ANEEL, 2002).

O coletor é instalado normalmente no teto das residências e edificações e,

por isso, é também conhecido como teto solar. Devido à baixa densidade da energia

solar que incide sobre a superfície terrestre, o atendimento de uma única residência

pode requerer a instalação de vários metros quadrados de coletores. Para o

suprimento de água quente de uma residência típica (três ou quatro moradores), são

necessários cerca de 4 m2 de coletor (ANEEL, 2002).

Figura 21 - Esquema de aquecimento solar / Fonte: site da web [http://cotidiano-sustentavel.webnode.com]/2014

Essa aplicação é incluída entre medidas de eficiência energética, uma vez

que os coletores solares não produzem eletricidade, mas dispensam o uso de

chuveiros elétricos para o aquecimento de água, contribuindo, dessa forma, para a

redução da demanda de energia no horário de pico.

As tecnologias no mercado já são eficientes e confiáveis, fornecendo energia

para uma ampla gama de aplicações em edifícios residenciais e comerciais,

31

Page 42: Projeto Final I

aquecimento de piscinas, produção de calor de processo em indústrias, resfriamento

de ambientes e dessalinização de água potável (Greenpeace, 2013).

A significativa economia energética e econômica (que chega a atingir em

alguns casos mais de 80%) se choca com o elevado investimento inicial na

instalação solar, e este fato se apresenta, por vezes, como o maior entrave ao

desenvolvimento desta solução.

4.2.4. Biomassa

Do ponto de vista energético, biomassa é toda matéria orgânica (de origem

animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia. Atualmente, a

biomassa vem sendo bastante utilizada na geração de eletricidade, principalmente

em sistemas de cogeração e no fornecimento de energia elétrica para demandas

isoladas da rede elétrica (Revista Ciência e Cultura, 2008).

Destaca-se que a renovação da biomassa ocorre através do ciclo do

carbono, sendo que a decomposição ou a queima de matéria orgânica ou seus

derivados provoca a liberação de CO2 na atmosfera. As plantas, através da

fotossíntese, transformam o CO2 e água em hidratos de carbono, liberando oxigênio

(Figura 22).

Figura 22 - Equação química da fotossíntese / Fonte: site da web [http://www.enemvirtual.com.br]/2011

Dessa forma, o uso adequado da biomassa não altera a composição média

da atmosfera ao longo do tempo. Desde que a biomassa seja regenerada e 32

Page 43: Projeto Final I

recolhida para utilização o ciclo pode ser mantido em equilibro indefinidamente. Uma

gestão sustentável das florestas e pastos é imprescindível para que o ciclo do

carbono não seja alterado (Figura 23).

Figura 23 - Esquema representativo do ciclo do carbono / Fonte: site da web [http://www.energiasrenovaveis.com]/2009

Assim como a energia hidráulica e outras fontes renováveis, a biomassa é

uma forma indireta de energia solar. A energia solar é convertida em energia

química, através da fotossíntese, base dos processos biológicos de todos os seres

vivos (ANNEL, 2002).

Os tipos de biomassa são divididos em três categorias: biomassa sólida,

biomassa líquida e biomassa gasosa.

A biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura

(incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos da floresta e das indústrias

conexas e a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.

33

Page 44: Projeto Final I

No Brasil, entre as biomassas de cultivos agrícolas, o bagaço e a palha de

cana (Figura 24) são consideradas algumas das mais importantes no contexto da

agricultura brasileira. No entanto, podemos citar outros resíduos tais como a casca

de arroz, cascas de castanhas, coco da bahia, coco de babaçu e dendê, cascas de

laranjas, etc (MMA, 2014).

Figura 24 - Biomassa Sólida / Fonte: site da web [http://celuloseonline.com.br]/2014

Existem várias fontes de biocombustíveis líquidos com potencial de

utilização tecnicamente equivalentes aos combustíveis fósseis, que podem realizar

as tarefas de mobilidade, como o biodiesel, etanol da fermentação alcoólica e o

metanol da biomassa da celulose de lenhina (Portal Energias Renováveis, 2009).

Tendo em conta que as emissões de CO2 dos biocombustíveis líquidos são

neutras para o aumento do efeito de estufa (devido ao efeito do ciclo do carbono, e

consequentemente pela captação de CO2 atmosférico para a fotossíntese, que dá

continuidade à produção de biomassa e fixação de CO2), a utilização de

biocombustíveis tem um menor impacto ambiental quando comparado com os

combustíveis fósseis (Portal Energias Renováveis, 2009).

No entanto, menores níveis de produtividade na sua produção e de

eficiência na combustão e/ou a utilização de espécies para fins alimentícios origina

alguns problemas, principalmente nos biocombustíveis da chamada primeira

geração (Portal Energias Renováveis, 2009).

34

Page 45: Projeto Final I

Os biocombustíveis conhecidos como de primeira geração são fabricados a

partir de matérias vegetais produzidas pela agricultura (beterraba, trigo, milho, colza,

girassol, cana-de-açúcar) que entram em concorrência com culturas alimentícias

(Figura 25) (Portal Energias Renováveis, 2009).

Os biocombustíveis de segunda geração têm origem na celulose e de outras

fibras vegetais presentes na madeira ou nas partes não comestíveis dos vegetais.

As microalgas ou a exploração biológica dos resíduos constituem outras áreas de

desenvolvimento dos biocombustíveis (Portal Energias Renováveis, 2009).

Figura 25 - Matéria prima para biocombustíveis de primeira geração / Fonte: site da web [http://estacao-bio.blogspot.com]/2012

Os biocombustíveis gasosos têm origem nos efluentes agropecuários, da

agroindústria (Figura 26) e urbanos (lamas das estações de tratamento dos

35

Page 46: Projeto Final I

efluentes domésticos) e ainda nos aterros de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos)

(Figura 27).

Estes resultam da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica

contida nos resíduos anteriormente referidos e é constituído essencialmente por

Metano (CH4). Também podem ser obtidos pela conversão termoquímica da

biomassa sólida em processos de gaseificação (Portal Energias Renováveis, 2009).

Figura 26 - Esquema da geração de biogás e fertilizantes (cogeração) / Fonte: site da web [http://www.redagricola.com/2012

Figura 27 - Processo de geração de energia a partir do biogás de aterros sanitários / Fonte: site da web [http://sustentareambiental.com]/2014

36

Page 47: Projeto Final I

Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de eficiência

reduzida, seu aproveitamento pode ser feito diretamente, através da combustão em

fornos, caldeiras, etc. Para aumentar a eficiência do processo e reduzir impactos

socioambientais, tem-se desenvolvido e aperfeiçoado tecnologias de conversão

eficiente, como a gaseificação e a pirólise, também sendo comum a cogeração em

sistemas que utilizam a biomassa como fonte energética (ANEEL, 2002).

A tabela 4 apresenta a composição da biomassa brasileira, que é composta

em sua maioria de bagaço de cana de açúcar, seguido de licoer negro e resíduos de

madeira. O Biogás aparece com apenas 0,2% da produção total. As figuras 28 e 29

representam graficamente estes valores.

Tabela 4 - Biomassa brasileira - matéria prima e potência instalada / Fonte: ANEEL/2014

BIOMASSA - 2014% Potência Instalada

(kW) Quantidade

BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR 25,4 9390071 378LICOER NEGRO 4,5 1657582 17

RESÍDUOS DE MADEIRA 1,0 370935 46

OUTROS

BIOGÁS 0,2 84857 23CAPIM ELEFANTE 0,1 31700 2CARVÃO VEGETAL 0,1 35000 5CASCA DE ARROZ 0,1 36433 9ÓLEO DE PALMISTE 0,0 4350 2

SOMA = 0,5 192340 41

37

Page 48: Projeto Final I

81%

14%

3% 2%

BIOMASSA - 2014Potência Instalada

BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCARLICOER NEGRORESÍDUOS DE MADEIRAOUTROS

Figura 28 - Biomassa x potência instalada em 2014 / Fonte: ANEEL/2014

78%

4%

10%

9%

BIOMASSA - 2014Quantitativo

BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCARLICOER NEGRORESÍDUOS DE MADEIRAOUTROS

Figura 29 - Biomassa x quantitativo em 2014 / Fonte: ANEEL/2014

4.2.5. Energia Oceânica

38

Page 49: Projeto Final I

Esse tipo de geração de energia é feito por meio de uma estrutura que

interage com o movimento do mar, convertendo a energia em eletricidade por meio

de sistemas hidráulicos, mecânicos ou pneumáticos. Essa estrutura, ancorada ou

fundada diretamente no fundo do mar ou no litoral, transmite a energia por um cabo

elétrico, flexível e submerso, levado até a costa por uma tubulação submarina

(GREENPEACE, 2014).

Existem várias formas potenciais de aproveitamento da energia dos

oceanos: energia das marés, energia associada ao diferencial térmico (OTEC),

correntes marítimas e energia das ondas (Portal Energias Renováveis, 2014).

Atualmente a energia das ondas é uma das formas de energia dos oceanos

que apresenta maior potencial de exploração, tendo em conta a força das ondas e a

imensidão dos oceanos (Portal Energias Renováveis, 2014) (Figura 30).

Figura 30 - Maturidade das tecnologias de aproveitamento de energia oceânica / Fonte: COPPE/UFRJ

4.2.5.1. Maremotriz

39

Page 50: Projeto Final I

O fenômeno das marés resulta da influência gravitacional exercida tanto pelo

Sol quanto pela Lua na Terra. Em decorrência da posição do nosso planeta em

relação à estrela e ao satélite há uma alternância entre maré alta e baixa. Sendo

este ciclo altamente previsível e conhecido, o que é muito desejável a fim de se

saber quando esta fonte estará disponível para geração de energia.

Embora tenha um grande potencial de geração de energia, a geração

maremotriz pode ser instalada em alguns poucos lugares, onde condições

específicas do litoral também influenciam as marés, como forma da costa e o leito

marinho, assim como a existência de baías e estuários (TAVARES, 2005).

A energia maremotriz é uma forma de produção de energia proveniente da

movimentação das águas dos oceanos, por meio da utilização da energia contida no

movimento de massas de água devido às marés. Dois tipos de energia maremotriz

podem ser obtidas: energia cinética das correntes devido às marés e obtida a partir

de turbinas; e energia potencial pela diferença de altura entre as marés alta e baixa,

se utilizando de barragens (MMA, 2014).

O sistema de maremotriz é aquele que aproveita o movimento regular de

fluxo do nível do mar (elevação e abaixamento). Funciona de forma semelhante a

uma hidrelétrica: uma barragem é construída, formando-se um reservatório junto ao

mar; quando a maré enche, a água entra e fica armazenada no reservatório, e,

quando baixa, a água sai, movimentando uma turbina diretamente ligada a um

sistema de conversão, gerando assim eletricidade (MMA, 2014).

A primeira usina maremotriz do mundo foi construída em La Rance, na

França, em 1966 (Figura 31). Hoje, essa forma de geração de energia é utilizada

principalmente no Japão, na Inglaterra e no Havaí - mas há usinas maremotrizes em

construção ou em fase de planejamento no Canadá, no México, no Reino Unido, nos

EUA, na Argentina, na Austrália, na Índia, na Coréia e na Rússia (MMA, 2014).

40

Page 51: Projeto Final I

Figura 31 - Usina maremotriz de La Rance – França / Fonte: site da web [http://sustentabilidade.allianz.com.br]/2014

Para a implementação desse sistema, é necessária uma situação geográfica

favorável e uma amplitude de maré relativamente grande, que varia de local para

local. O Brasil apresenta condições favoráveis à implementação desse sistema em

locais como o litoral maranhense, em que a amplitude dos níveis das marés chega a

oito metros. Os estados do Pará e do Amapá também apresentam condições

favoráveis (MMA, 2014).

A COOPE/UFRJ está desenvolvendo um protótipo no Rio de Janeiro

bastante moderno. A unidade ficará a cem metros da Ilha Rasa e a 10 km da Praia

de Ipanema, e entrará em funcionamento em setembro de 2015. O projeto custou

R$ 8 milhões e é fruto de uma parceria entre a COPPE/UFRJ, Furnas e a Seahorse

Wave Energy (Jornal O Globo, 28/09/2014).

Este protótipo (Figura 32) possui um pistão fixado no fundo do mar e nele

estarão dois flutuadores, que se movimentam na vertical com o movimento das

ondas, gerando energia que será transportada por um cabo até a ilha. Estima-se que

41

Page 52: Projeto Final I

gere 50 Kw, o que é suficiente para abastecer o farol e algumas casas na ilha

(Jornal O Globo, 28/09/2014).

Figura 32 - Esquema representativo do protótipo / Fonte: Site Planeta COPPE/2013

A utilização deste tipo de energia poderá ser uma opção para um futuro bem

próximo, porém devem ser levados em conta, neste tipo de empreendimento, os

possíveis impactos ambientais associados à construção das usinas, além da

necessidade de análise econômica da viabilidade do sistema.

4.2.5.2. Ondas

As ondas do oceano são criadas pela interação do vento na superfície do

mar, sendo o seu tamanho determinado por este (velocidade, período e área de

incidência), pela batimetria do leito oceânico (que concentra ou dispersa a energia

das ondas) e pelas correntes marítimas. A energia das ondas (energia cinética) pode

ser convertida em energia elétrica através de Dispositivos Conversores de Energia

das Ondas ‐ Wave Energy Converter (WEC).

42

Page 53: Projeto Final I

Há uma grande variedade de tecnologias de conversão de energia de ondas

sendo desenvolvidas e esta diversidade se deve principalmente à variedade de

princípios tecnológicos empregados e às características do mar para o qual o

dispositivo foi desenvolvido. Como o clima de ondas e a altura de onda média

variam muito ao redor do globo, é pouco provável que os dispositivos convirjam para

uma única forma, apesar de alguns dispositivos poderem ser utilizados em climas de

ondas distintos. Devido a esta grande variedade existem diversas formas de

classificar estes dispositivos, sendo as duas principais: de acordo com a

profundidade da coluna d’água para qual o equipamento foi projetado e de acordo

com o princípio de funcionamento.

4.2.5.2.1. Classificação de acordo com a profundidade da coluna d’água

Os sistemas produtores de energia elétrica de energia das ondas dividem‐se

em 3 grupos:

1. Dispositivos costeiros:

Fixos ou incorporados à costa, tendo como vantagens a facilidade de

instalação e manutenção. Além disso, dispositivos costeiros não requerem fixação

por poitas nem longos cabos elétricos submersos. A maior desvantagem é estarem

sujeitos a um regime de ondas menos intensos, “recebendo” ondas que já perderam

energia até atingir a costa. No entanto, estes dispositivos podem ser instalados em

regiões costeiras onde ocorre a concentração de energia por refração e difração das

ondas devido a características locais, aumentando o potencial apesar das perdas

(Fleming, 2012)

2. Dispositivos próximos à costa:

São instalados em profundidades moderadas (~20 - 25 m) e distâncias de

até ~500 m da costa. Estes dispositivos têm praticamente as mesmas vantagens dos

43

Page 54: Projeto Final I

dispositivos costeiros, estando, ao mesmo tempo, exposto a maiores energias de

ondas (Fleming, 2012).

3. Dispositivos offshore:

Expostos a regimes de ondas mais energéticos em águas mais profundas (>

25m). Os projetos mais recentes estão focados em dispositivos pequenos,

modulares e com grande capacidade de geração (Fleming, 2012).

4.2.5.2.2. Classificação de acordo com o princípio de funcionamento

São identificados seis tipos principais de Dispositivos Conversores de

Energia das Ondas (WEC), são eles:

1. Atenuadores

Dispositivos flutuantes alinhados perpendicularmente em relação à frente de

onda, flutuando sobre esta e captando a energia quando estes são atravessados,

efetuando um movimento progressivo ao longo do seu comprimento e as

articulações entre os módulos.

O exemplo mais comum deste tipo de dispositivo e provavelmente de

energia de ondas de uma forma geral, é o Pelamis P2 (PELAMIS, 2012) (Figuras 33

e 34). Trata-se de um conversor de energia de ondas offshore para locais com

profundidades maiores do que 50 m, com 750 kW de potência, 180 m de

comprimento e 4 m de diâmetro. Ele é composto de cinco segmentos cilíndricos e,

consequentemente, 4 juntas, cuja movimentação, tanto vertical quanto horizontal,

bombeia fluído para uma câmara de alta pressão, possibilitando a geração de

eletricidade através de um sistema hidráulico (Fleming, 2012).

44

Page 55: Projeto Final I

Figura 33 - Pelamis em funcionamento / Fonte: EMEC.org.uk

Figura 34 - Esquema geral do pelamis e seu funcionamento / Fonte: Site oficial do Pelamis

2. Sistema Oscilante de Simetria Axial (Point Absorber)

Este dispositivo consiste em uma estrutura flutuante que absorve a energia

do movimento de subida e descida das ondas provenientes de todas as direções,

tendo, geralmente, poucos metros de diâmetro e pequenas dimensões se

45

Page 56: Projeto Final I

comparado ao comprimento de onda típico. De forma geral eles são assimétricos,

mas não necessariamente (Fleming, 2012).

Um exemplo desta tecnologia é a PowerBuoy (Figura 35), da Ocean Power

Technologies (OPT, 2012), um dispositivo que possui uma parte fixa ao fundo por

diferentes formas de ancoramento e outra que se movimenta livremente com a

movimentação da superfície com a passagem das ondas (Fleming, 2012).

Figura 35 - Visão geral do funcionamento PowerBuoy / Fonte: site da web [http://jagadees.wordpress.com]/2010

3. Conversores Oscilantes de Translação das Ondas (Oscillating Wave

Surge Converters ‐ OWSC)

Se tratam de dispositivos submergidos e fixos ao leito oceânico, contudo

com a parte coletora próximo da superfície, que aproveitam a energia criada por 46

Page 57: Projeto Final I

vagas de ondas e o movimento de partículas de água por elas provocadas.

Possuem um braço oscilatório de movimento pendular invertido, conectado a uma

articulação que responde ao movimento da água induzido pela onda (Figura 36).

Figura 36 - Esquema representativo do funcionamento dos Conversores Oscilantes de Translação das Ondas / Fonte: site da web [http://www.connaissancedesenergies.org]/2012

4. Coluna de Água Oscilante (CAO) (Oscillating Water Column ‐ OWC)

Também conhecido como dispositivo de primeira geração (FALCÃO, 2010),

neste dispositivo o ar fica aprisionado em uma câmara com apenas uma abertura

para entrada e saída do ar e em contato com a superfície do mar, pois são

estruturas parcialmente submersas.

Com a movimentação da superfície do mar, e a oscilação da coluna d’água,

promove-se uma compressão e descompressão da coluna de ar contida na câmara.

Esta variação de pressão da coluna de ar faz acionar uma turbina, usualmente de

sentido reversível (Figura 37). Estes dispositivos são habitualmente instalados na

linha de costa, embora existam também dispositivos “CAO” flutuantes.

47

Page 58: Projeto Final I

Figura 37 - Figura esquemática de um dispositivo de geração costeiro / Fonte: Fleming/2012

Já o Ocean Energy Buoy (OE Buoy) (Figura 38) é um exemplo de dispositivo

de coluna de água oscilante flutuante. Trata-se de uma plataforma desenvolvida

para resistir às severas condições impostas pelo oceano e suas tempestades,

apresentando apenas uma parte móvel, a turbina, que gira no mesmo sentido tanto

quando o ar é expulso da câmara, quanto quando é aspirado para dentro desta, com

o movimento de subida e descida das ondas.

Figura 38 - Ocean Energy Buoy / Fonte: site da web [http://www.investincornwall.com]/2012

48

Page 59: Projeto Final I

5. Dispositivos de Galgamento (Overtopping Device)

Este dispositivo é composto de uma rampa que é galgada pelas ondas e de

um reservatório para armazenar a água trazida pelas ondas, criando uma altura de

coluna d’água que é devolvida ao mar através de turbinas de baixa queda instaladas

no fundo do reservatório. Geralmente estes dispositivos são estruturas de grandes

dimensões para que se tenha um reservatório com uma capacidade mínima de

armazenamento. Eles podem ser flutuantes ou fixos à costa (Figura 39) com o

reservatório em terra (Aquaret, 2012).

Figura 39 - Dispositivo de Galgamento Onshore / Fonte: EMEC/2009

Um exemplo deste tipo de dispositivo é o Wave Dragon, que combina

tecnologias offshore e turbinas hídricas já maduras (WD, 2012). Para melhor

desempenho este dispositivo deve ser instalado em águas com profundidades

maiores do que 25 m, preferencialmente maiores do que 40 m, não sendo fixo ao

fundo. Ele possui flancos para direcionar e aumentar a altura das ondas (Figuras,

40, 41 e 42).

49

Page 60: Projeto Final I

Figura 40 - Wave Dragon, dispositivo de galgamento offshore / Fonte: site da web [http://wavepower.ek.la/2014

Figura 41 - Wave Dragon visão superior / Fonte: site da web [http://tpeenergiedelamer.blogspot.com/2014

50

Page 61: Projeto Final I

Figura 42 - Wave Dragon visão lateral / Fonte: site da web [http://en.wikipedia.org/2012

6. Dispositivos Submersos de Diferença de Pressão (Submerged

Pressure Differential)

Se tratam de dispositivos submersos, habitualmente instalados perto da

linha de costa e fixos no leito marinho, que funciona com as diferenças de pressão

entre a linha de água e o fundo do oceano.

O movimento das ondas provoca a subida e descida do nível da água acima

do dispositivo, induzindo uma diferença de pressão que provoca a subida e descida

do dispositivo juntamente com as ondas, que corresponde um movimento tipo pistão

de um sistema hidráulico de forma a gerar eletricidade (Figura 43).

Figura 43 - Movimento do tipo pistão do Dispositivos Submersos de Diferença de Pressão / Fonte: AQUARET/2008

51

Page 62: Projeto Final I

4.3. Brasil: Panorama atual

O Brasil conta atualmente com uma potência total outorgada de 138.069.330

kW e um total de potência efetivamente instalada de 132.488.865 kW, que provém

de usinas hidrelétricas de todos os portes, usinas termelétricas, usinas nucleares,

centrais geradoras eólicas, centrais geradoras undi-elétricas e centrais geradoras de

energia solar fotovoltaica, totalizando 3.524 unidades em operação efetiva (Tabela

5).

Tabela 5 - Tabela de Potência Instalada por tipos no Brasil / Fonte: ANEEL/2014

Se contarmos com as unidades em construção e aquelas que a construção

nem se iniciou, temos um total de 36.402.575 kW que estarão compondo a matriz

energética nos próximos anos.

Dentre as unidades já em construção, as usinas hidrelétricas ocupam papel

de destaque com pouco mais de 68% da potência outorgada em construção dividida

em 10 unidades. A segunda modalidade de geração energética que mostra força é a

eólica, que aparece com 16,54% da potência outorgada em construção dividida em

134 unidades.52

Page 63: Projeto Final I

A energia eólica ganha ainda mais destaque quando, dentre os projetos que

ainda não iniciaram construção, ela disposta com 46,63% da potência outorgada

dividida em 283 unidades que gerarão um total de 6.796.668 kW (Tabela 6).

Tabela 6 - Tabela de empreendimentos em construção e com construção não iniciada por tipos no Brasil / Fonte: ANEEL/2014

A matriz elétrica nacional é então composta por esses 132.488.865 kW de

potência instalada e por mais 8.170.000 kW de potência importada do Paraguai,

Argentina, Venezuela e Uruguai, totalizando então 140.658.865 kW de potência

(Tabela 7 e Figura 44).

Tabela 7 - Matriz energética brasileira / Fonte: ANEEL/2014

53

Page 64: Projeto Final I

Figura 44 - Representação gráfica da matriz energética brasileira / Fonte: ANEEL/2014

4.4. Mundo: Panorama atual

54

Page 65: Projeto Final I

A demanda por consumo energético e sua estrutura constitui um dos

aspectos-chave para analisar os desafios que enfrentaremos no futuro. Esta

estrutura, na qual o petróleo e os restantes combustíveis fósseis têm um peso

significativo, está evidenciada na matriz energética de consumo mundial de energia

primária (Repsol, 2013).

Figura 45 - Matriz energética mundial 2011 x 2035 / Fonte: Agência Internacional de Energia

Em escala mundial, os hidrocarbonetos proporcionam mais da metade da

energia primária consumida. Em particular, 31% do consumo energético primário

global provém do petróleo, sendo assim a fonte energética mais utilizada (Figura 45)

(Repsol, 2013).

O gás natural alcançará uma participação de 24% em 2035 numa procura

energética total estimada em 17.386 milhões de toneladas equivalentes de petróleo

(Mtep) (Repsol, 2013).     

55

Page 66: Projeto Final I

Durante os próximos anos não se esperam grandes mudanças. Segundo a

Agência Internacional da Energia (AIE), no seu cenário base do World Energy

Outlook de 2013, o petróleo registará uma contração de 5 pontos percentuais na

matriz energética de 2035 com respeito a 2011 (Repsol, 2013).

No panorama 2035, outras energias renováveis, como energia eólica,

fotovoltaica e outras, terão crescimento de 3%, enquanto o carvão mineral terá um

decréscimo de 4%.

4.5. Projeção de geração de energia a partir das ondas no Brasil

4.5.1. Estimativa do potencial energético gerado por ondas na costa do Brasil com ênfase no estado do Ceará

O estudo de Ostritz (2012) foi desenvolvido a partir da utilização do software

Wavewatch-II versão 3.4, de modelagem para simular a geração e propagação das

ondas. Para alimentar o software, o autor utilizou os dados de vento do modelo

atmosférico GFS entre os anos de 1998 a 2008.

Ostritz ainda avaliou o desempenho do Wavewatch-II em águas rasas e

profundas comparando os dados encontrados com dados provenientes de

ondógrafos instalados na região de estudo. Os resultados mostraram que o modelo

apresenta bons resultados em ambos ambientes podendo ser utilizado para

determinação do potencial energético gerado por onda.

Como fruto do estudo em questão, Ostritz estimou o potencial energético

gerado por ondas ao longo de todo litoral brasileiro, com ênfase no Estado do Ceará

e gerou gráficos e imagens representativas desses resultados, que posteriormente

serão utilizados neste trabalho de conclusão de curso.

56

Page 67: Projeto Final I

Ostritz concluiu que, apesar de a região nordeste não apresentar o maior

potencial energético, a região mostra-se como a principal área para implantação de

usinas desenvolvidas para águas profunda no Brasil e, adicionalmente a isto, foi

verificado que a porção leste do Ceará é a mais indicada para instalação de plantas

desenvolvidas para águas rasas e intermediárias.

4.5.2. Avaliação do potencial de energias oceânicas no Brasil

O estudo de Fleming (2012) baseou-se na avaliação do potencial de energia

de ondas e maré do Brasil, definindo um potencial teórico máximo de ondas entre 90

e 165 GW distribuídos por todo o litoral brasileiro.

Para analisar o potencial teórico de energia de ondas, Fleming consultou as

bibliografias disponíveis sobre o assunto. A mais completa, segundo ela, seria de

Carvalho (2010), onde são utilizados dados de campo de ventos entre os anos de

1997 e 2009 e a partir destes são simulados os campos de onda através do modelo

numérico WAVEWATCH III.

Fleming considerou apenas áreas nacionais, ou seja, que compreendam

partes do território brasileiro, e para calcular os potenciais foram utilizadas as

médias anuais (kW/m) baseadas nos dados no trabalho de Carvalho (2010). Uma

tabela potencial x estado foi gerada e será posteriormente usada para comparação

com os resultados do presente estudo.

5. ESTUDO DE CASO: USINA DE ONDAS DE PECÉM – CE

57

Page 68: Projeto Final I

A usina de ondas de Pecém (Figura 47) foi o primeiro projeto no Brasil a

propor o aproveitamento da energia das ondas para geração de energia elétrica,

através de um protótipo de 50kW e está localizada no Porto de Pecém, no Ceará

(Figura 46). O seu desenvolvimento foi feito pelo Programa de Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) da ANEEL e intitulado como “Implantação de Protótipo de

Conversor de Ondas Onshore nas Condições de Mar do Nordeste do Brasil”, o qual

foi iniciado em 05/03/2009 (ANEEL, 2012).

Figura 46 - Porto de Pecém/CE / Fonte: site da web [http://eficienciaenergtica.blogspot.com]/2012

58

Page 69: Projeto Final I

Figura 47 - Foto da Usina de Ondas de Pecém / Fonte: site da web [http://tribunadoceara.uol.com.br]/2013

A Tractebel Energia S.A entrou como empresa proponente e a

COPPETEC/UFRJ (Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos

Tecnológicos/Laboratório de Tecnologia Submarina) como instituição executora

(ANEEL, 2012).

O projeto teve um custo total de R$14,4 milhões e duração de 36 meses. A

geração de energia elétrica a partir das ondas do mar aconteceu durante 10 minutos

do dia 24/06/2012 e alimentou os sistemas auxiliares da própria usina (iluminação e

ar condicionado) (ANEEL, 2012).

O funcionamento da usina é feito através de módulos, de modo a atender a

futuras ampliações. Cada módulo é composto por um flutuador com diâmetro de 10

metros, que se movimenta de forma ascendente e descendente assim como o

movimento das ondas. O flutuador está fixado a um braço mecânico de 22 metros de

comprimento.

59

Page 70: Projeto Final I

O braço mecânico aciona uma bomba alternativa que alimenta um circuito

fechado de água doce de alta pressão. Estas bombas succionam e comprimem o

fluido durante a movimentação dos flutuadores para abastecer e manter elevada a

pressão de uma câmara hiperbárica. Esta câmara é previamente pressurizada com

gás nitrogênio, contendo certa proporção de volume de água, caracterizando um

acumulador hidráulico.

Figura 48 - Esquema simplificado e ilustrado do funcionamento da usina após a etapa de bombeamento de água pelos braços mecânicos até a câmara hiperbárica / Fonte: site da web

[http://odia.ig.com.br]/2012

A potência hidráulica gerada é proporcional ao valor do produto entre o

volume d’água liberado pela válvula controladora de vazão e a pressão existente na

câmara hiperbárica durante a operação. Esta pressão atuante substitui uma queda

d’água equivalente. Esta usina pode utilizar como reservatório d’água o próprio

60

Page 71: Projeto Final I

oceano, ou operar em circuito fechado com água tratada, armazenada num

reservatório situado na própria instalação.

A água, que abastece a câmara hiperbárica, é então liberada em forma de

jato d’água doce de alta pressão, que equivale a uma coluna d’água de 400 metros,

para acionar uma turbina numa vazão igual ou menor àquela enviada pelas bombas,

através de uma válvula controladora de vazão. A rotação obtida no eixo da turbina é

transmitida a um gerador elétrico para a conversão da energia mecânica em

eletricidade.

O ajuste da rotação da turbina é realizado por uma válvula reguladora de

vazão volumétrica, ou bico com furo de diâmetro previamente calculado. Esta

válvula, resistente a altas pressões, é utilizada também durante a parada da usina

para manutenção ou em caso de emergência.

As figuras 48 e 49 detalham o funcionamento geral da usina, enquanto as

figuras 50, 51 e 52 mostram em detalhes a bomba hidráulica acoplada ao braço

mecânico, o conjunto de câmera hiperbárica, turbina hidráulica e gerador elétrico,

para aprimorar a compreensão do processo de geração de energia elétrica como um

todo.

Figura 49 - Principio de funcionamento da usina de ondas de Pecém / Fonte: Silva, 2012

61

Page 72: Projeto Final I

Figura 50 - Conjunto câmara hiperbárica, turbina hidráulica e gerador elétrico / Fonte: Assis, 2010

Figura 51 - Esquema representativo da câmara hiperbárica e do conjunto turbo gerador / Fonte: Fleming/2012.

O projeto inicial prevê a expansão, através da agregação de módulos, para

atingir 500 kW, o que é suficiente para atender as necessidades de 200 famílias.

62

Page 73: Projeto Final I

Figura 52 - Esquema representativo do projeto finalizado, com potência de 500 kW e detalhe da bomba hidráulica / Fonte: COPPE/UFRJ

5.1. Dinâmica das ondas

5.1.1. Definições

Ondas são movimentos causados por perturbações, e estas se propagam

através de um meio. No caso das ondas do mar, as perturbações são causadas pela

ação dos ventos e o meio em que se propagam é o próprio oceano.

As ondas possuem algumas propriedades específicas:

Transferência uma perturbação de uma parte de um material para outra;

A perturbação se propaga através do material sem que se tenha uma movimentação significativa do material em si;

A perturbação se propaga sem que haja uma mudança significativa na forma da onda;

A perturbação parece se propagar com velocidade constante.

A figura a seguir representa o perfil vertical de 2 ondas sucessivas, onde a

altura H de onda se refere à distância entre pico mais alto e o mais baixo, ou seja,

crista e cavado. A amplitude A é a distância entre a crista e nível médio ou entre o

cavado e o nível médio, ou seja, é a metade da altura H. O comprimento L 63

Page 74: Projeto Final I

corresponde à distância entre duas cristas ou dois cavados consecutivos. A esbeltez

da onda é a razão entre a altura H e o comprimento L, e é representada pela letra

grega η. O período T, geralmente medido em segundos, é o intervalo de tempo que

duas cristas ou dois cavados demoram para passar por um ponto fixo, e a

frequência ƒ é o número de cristas ou cavados que passam por um ponto fixo em

um segundo. A frequência ƒ é o inverso do período (Figura 53).

Figura 53 - Perfil vertical de 2 ondas consecutivas / Fonte: OSTRITZ, 2012

5.1.2. Formação e energia as ondas

As ondas que quebram na praia podem viajar centenas ou até milhares de

quilômetros desde sua região de formação sem praticamente decréscimo energético

nenhum, pois as perdas ocorrem basicamente quando a onda começa a interagir

com o fundo oceânico. Dentre todas as ondas oceânicas, as geradas pelos ventos

são as que possuem maior concentração de energia.

Com o aquecimento desigual da superfície da terra, através da radiação

solar, há o surgimento dos ventos, que transferem energia para a água através de

tensões cisalhantes sobre a superfície do mar. Os ventos transferem energia

cinética ao soprarem paralelamente à superfície, e uma parte dessa energia 64

Page 75: Projeto Final I

transferida acaba gerando as ondas. A quantidade de energia transferida do vento

para a superfície do mar irá depender de 3 fatores:

1. Intensidade do vento

2. Tempo de atuação deste vento

3. Área sobre a qual está atuando (Pista ou Fetch)

Deste modo, quanto maior for a velocidade, o tempo e a pista, maior será a

onda resultante. Porém, logicamente, para cada estado de mar há uma dimensão

máxima a ser atingida pela onda, ou seja, as ondas não crescem infinitamente

(Tabela 8).

Tabela 8 - Condições de mar totalmente desenvolvido para diferentes velocidades de vento e as características resultantes / Fonte: FLEMING, 2012

Estas condições... ...produzem estas ondasVelocidade do vento

(Km/h)Pista (Km)

Duração em horas

Altura média (m)

Comprimento de onda médio (m)

Período médio (s)

20 24 2,8 0,3 10,6 3,230 77 7 0,9 22,2 4,640 176 11,5 1,8 39,7 6,250 380 18,5 3,2 61,8 7,760 660 27,5 5,1 89,2 9,170 1093 37,5 7,4 121,4 10,880 1682 50 10,3 158,6 12,490 2446 65,2 13,9 201,6 13,9

As partículas da água adquirem movimentos circulares/elípticos através de

fenômenos de pressão e fricção exercidos pelo vento sobre a água dos oceanos.

A maior parte das ondas é gerada em regiões de tempestade (Figura 54),

onde os ventos em geral são mais fortes e a superfície do mar se torna caótica.

Depois de serem geradas, as ondas se propagam até encontrar um local para

dissipar esta energia, geralmente este local são as praias.

65

Page 76: Projeto Final I

Figura 54 - Formação de ondas devido à uma tempestade / Fonte: FLEMING, 2012

A densidade de energia presente nas ondas em regiões costeiras diminui

devido à interação com o fundo do mar. Estas perdas ocorrem basicamente devido

ao atrito da onda com o fundo do mar, quando a profundidade local se torna menor

do que metade do comprimento de onda (Profundidade < L/2), ou seja, passando de

água profunda para água intermediária até chegar à água rasa.

Durante este trajeto a onda passa ficar mais lenta, seu comprimento vai

ficando reduzido e sua altura a aumentar gradualmente até que a onda quebra como

consequência (Figuras 55 e 56).

Figura 55 - Comportamento das ondulações conforme se aproximam da costa / Fonte:FLEMING,2012

66

Page 77: Projeto Final I

Figura 56 - Classificação das ondas de acordo com a profundidade / Fonte: FLEMING, 2012

A energia total contida em uma onda divide-se em duas naturezas, a energia

potencial, que é resultante do deslocamento livre da onda, e a energia cinética, que

é a resultante do movimento das partículas da água através do fluido.

O estudo da energia total é importante na previsão de como as ondas se

modificam durante a sua propagação em direção à costa, na determinação da

energia necessária para geração das ondas e no conhecimento da energia

disponível para ser utilizada em dispositivos de conversão de energia de ondas.

5.1.3. Interferências do clima

Por serem geradas por ventos, as ondas variam ao longo do ano de acordo

com o clima, o que é chamado de clima de ondas. No entanto, devido à

característica que as ondas possuem de percorrer milhares de quilômetros sem

perda significativa de energia, o clima de ondas não necessariamente coincide com

o clima de determinada região, podendo refletir o clima de uma região no extremo

oposto de uma bacia oceânica. Quase sempre têm-se ondas de tempestades

distantes (swell), mas seu efeito é sobreposto por ondas esbeltas geradas em

tempestades locais, principalmente no inverno (BROWN e PARK, 1999).

67

Page 78: Projeto Final I

Em função da grande extensão e diferentes relevos, a costa do Brasil

apresenta diferentes tipos de clima: Subtropical na região Sul e sul do estado de São

Paulo, e Tropical entre o litoral da região sudeste e norte-nordeste.

Além das varações sazonais locais o clima de ondas de determinada região

depende também da circulação atmosférica global. Entre os ventos mais intensos

estão os ventos de oeste, que geram grandes ondas nas costas leste dos oceanos

entre as latitudes de 30° e 60°. Por esta razão, as ondas na Europa são

consideravelmente maiores que as no Brasil, por exemplo, salvo o extremo sul do

país. Somando-se os ventos de oeste à maior pista do mundo, encontrada ao redor

do continente Antártico, tem-se a região com as maiores ondas (Figura 57).

Figura 57 - Mapa de altura de onda produzido a partir de dados do satélite TOPEX/Poseidon / Fonte: TRUJILLO e THURMAN, 2011

Dentre os principais sistemas meteorológicos formadores de ondas na costa

do Brasil, se encontram o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), os ventos

alísios (de NE e SE) e ciclones extratropicais.68

Page 79: Projeto Final I

O ASAS é um sistema de alta pressão, que oscila em torno de uma posição

média ao longo do ano em função do gradiente de temperatura entre o oceano e o

continente. Este sistema meteorológico é responsável pela geração de ventos nos

quadrantes E e SE ao longo de todo ano na região nordeste, bem como ventos de N

e NE na região sudeste do país.

Este padrão é frequentemente alterado durante a passagem de ciclones

extratropicais, mudando a direção dos ventos e consequentemente das ondas nas

regiões de influência.

Ciclones extratropicais são formados a partir da ondulação de uma frente

fria, ocorrendo quando a frente apresenta diferença de velocidade em função de sua

passagem por um relevo continental (como os Andes, por exemplo). A parte mais ao

norte da frente, sofre retardamento desenvolvendo um vórtice ciclônico. Ao se

aproximarem, promovem ventos fortes, intensa precipitação em forma de

tempestade e estado de mar bastante severo.

Já os alísios são ventos que ocorrem ao longo de todo ano atuando em

regiões equatoriais de todo mundo. Sendo resultado pela diferença de pressão entre

as regiões subtropicais e equatoriais, sopram portanto de nordeste para sudeste no

hemisfério norte (alísios de norte) e de sudeste para noroeste no hemisfério sul

(alísios de sul).

Em uma determinada região, conhecida como Zona de Convergência

Intertropical, os alísios de norte e sul se encontram numa faixa de baixa pressão que

cobre todo o globo na região.

Localizada acima da célula de Hadley, a ZCIT tem um papel fundamental no

clima das regiões tropicais uma vez que transferem calor e umidade em diferentes

níveis da atmosfera (Figura 58).

69

Page 80: Projeto Final I

Figura 58 - Imagem representativa da circulação atmosférica global / Fonte: OSTRITZ, 2012.

5.2. Mapeamento do potencial ondomotriz por região

Utilizando os valores de potencial de geração provenientes do trabalho de

Ostritz, que dividiu o Brasil em nove áreas de estudo, foi possível realizar uma

compilação e representar estes dados em escalas de intensidade representada pela

gradação de cores.

O software livre QuantumGis (QGIS) foi usado para este propósito, se

mostrando muito eficiente e objetivo.

Foi calculado, por estado brasileiro, o potencial de geração ondomotriz para

cada mês do ano, assim como o seu valor médio e o somatório do potencial ao

longo do ano.

70

Page 81: Projeto Final I

6. RESULTADOS ENCONTRADOS

A tabela abaixo (Tabela 9) evidencia os valores encontrados e utilizados

para a elaboração dos mapas temáticos (Figuras 59 a 72) que serão apresentados a

seguir.

Tabela 9 - Dados do potencial de geração ondomotriz por estado (GW)

EXTENSÃO (KM) JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ SOMA MÉDIARIO GRANDE

DO SUL610 7,44 8,30 8,54 11,29 15,13 13,12 13,42 13,48 15,25 11,10 11,16 8,54 136,76 11,40

SANTA CATARINA

561 6,02 6,28 6,92 8,70 12,38 10,72 11,03 11,16 12,60 8,64 9,41 6,92 110,78 9,23

PARANÁ 100 1,00 1,00 1,15 1,40 2,07 1,79 1,85 1,88 2,12 1,40 1,60 1,15 18,41 1,53

SÃO PAULO 700 7,00 7,00 8,05 9,80 14,19 12,53 12,95 13,16 14,84 9,80 11,20 8,05 128,57 10,71

RIO DE JANEIRO

850 7,61 7,40 8,42 11,01 16,07 14,03 14,66 14,45 16,24 10,69 12,16 8,37 141,08 11,76

ESPÍRITO SANTO

410 4,02 3,44 3,81 5,17 7,26 6,68 7,26 7,30 7,95 5,29 5,99 4,06 68,22 5,69

BAHIA 1181 8,03 7,32 8,15 10,51 15,23 17,01 19,01 20,08 17,36 11,93 11,93 8,62 155,18 12,93

SERGIPE 163 1,91 1,78 1,89 2,00 2,22 2,64 2,85 3,15 2,59 2,22 2,09 1,92 27,25 2,27

ALAGOAS 228 2,67 2,49 2,64 2,80 3,10 3,69 3,99 4,40 3,63 3,10 2,92 2,69 38,12 3,18

PERNAMBUCO 187 2,19 2,04 2,17 2,30 2,54 3,03 3,27 3,61 2,97 2,54 2,39 2,21 31,27 2,61

PARAÍBA 138 1,61 1,50 1,60 1,70 1,88 2,24 2,42 2,66 2,19 1,88 1,77 1,63 23,07 1,92

RIO GRANDE DO NORTE

400 4,68 4,36 4,64 4,92 5,44 6,48 7,00 7,72 6,36 5,44 5,12 4,72 66,88 5,57

CEARÁ 573 8,42 7,68 7,68 6,47 4,81 4,58 5,16 6,88 7,11 7,79 7,16 7,79 81,54 6,79

PIAUÍ 66 0,97 0,88 0,88 0,75 0,55 0,53 0,59 0,79 0,82 0,90 0,83 0,90 9,39 0,78

MARANHÃO 640 10,43 10,69 10,24 8,19 5,76 5,50 5,31 6,21 6,46 7,42 7,55 8,90 92,67 7,72

PARÁ 650 12,38 12,55 11,64 9,56 7,05 5,82 5,14 5,36 5,59 6,57 7,57 10,04 99,26 8,27

AMAPÁ 300 6,54 6,57 5,94 4,98 3,81 2,79 2,25 2,04 2,13 2,58 3,45 5,10 48,18 4,02

Para mensurar o grau de confiabilidade dos resultados, foi realizada uma

comparação (Tabela 10) com os dados de Carvalho (2010).

A diferença percentual média entre os valores é de 16,05% e quase todos os

dados calculados mostraram alguma diferença, em geral superior, em relação ao

encontrados por Carvalho (2010). A diferença percentual entre a soma das médias

foi de 14,52% para mais.

71

Page 82: Projeto Final I

Essa pequena diferença se deve ao fato de Ostritz ter dividido a costa

brasileira em nove áreas de estudo e não ter se restringido aos limites federativos de

cada estado. Com isso, um grande esforço foi realizado para que os estados que

foram abrangidos por mais de uma área de estudo de Ortritz tivessem um valor total

que representasse proporcionalmente as contribuições de todas as áreas de estudo.

Tabela 10 - Tabela de comparação entre os dados calculados e os dados presentes na literatura (CARVALHO, 2010)

MÉDIA CALCULADA

MÉDIA SEGUNDO CARVALHO, 2010

DIFERENÇA PERCENTUAL

RIO GRANDE DO SUL

11,40 9,24 18,92%

SANTA CATARINA 9,23 8,49 8,03%

PARANÁ 1,53 1,27 17,22%

SÃO PAULO 10,71 8,91 16,84%

RIO DE JANEIRO 11,76 11,82 0,54%

ESPÍRITO SANTO 5,69 5,37 5,55%

BAHIA 12,93 11,57 10,53%

SERGIPE 2,27 1,99 12,38%

ALAGOAS 3,18 2,78 12,49%

PERNAMBUCO 2,61 2,28 12,49%

PARAÍBA 1,92 1,68 12,63%

RIO GRANDE DO NORTE 5,57 4,88 12,44%

CEARÁ 6,79 4,30 36,72%

PIAUÍ 0,78 0,50 36,11%

MARANHÃO 7,72 5,31 31,24%

PARÁ 8,27 7,22 12,71%

AMAPÁ 4,02 3,33 17,06%

106,39 90,94 14,52%

De acordo com a tabela, alguns dados tiveram uma discrepância

considerável, como os estados de Ceará, Piauí e Maranhão, mas por outro lado,

estados como Espírito Santo e Rio de Janeiro se aproximaram bastante dos valores

constantes na literatura. O valor médio de 16,05% de desvio se mostrou satisfatório

para o estudo em questão.72

Page 83: Projeto Final I

6.1. Mapas Produzidos

Figura 59 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas – Janeiro

Figura 60 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Fevereiro

73

Page 84: Projeto Final I

Figura 61 - Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Março

Figura 62 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Abril

74

Page 85: Projeto Final I

Figura 63 - Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Maio

Figura 64 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Junho

75

Page 86: Projeto Final I

Figura 65 - Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Julho

Figura 66 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Agosto

76

Page 87: Projeto Final I

Figura 67 - Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Setembro

Figura 68 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Outubro

77

Page 88: Projeto Final I

Figura 69 - Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Novembro

Figura 70 – Mapa temático representando a variação do potencial energético através das ondas - Dezembro

78

Page 89: Projeto Final I

Figura 71 - Mapa temático representando o potencial energético médio gerado através das ondas em um ano

Figura 72 - Mapa temático representando o potencial energético total gerado através das ondas em um ano

79

Page 90: Projeto Final I

7. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por possuir um litoral de aproximadamente 8000 km de extensão e estar sob

sistemas meteorológicos propícios a formação de ondas, o Brasil apresenta boas

oportunidades de aproveitamento da energia ondomotriz, que pode futuramente

ajudar a compor a matriz energética nacional ao lado das hidrelétricas, termelétricas

e etc. Além disso, o fato de mais de 70% da população residir próxima ao litoral

favorece ainda mais o desenvolvimento desse nicho de produção energética, já que

as perdas na transmissão são reduzidas drasticamente devido às menores

distâncias entre a produção e a entrega aos centros consumidores.

Observando os resultados na tabela 9 e as representações nos mapas, fica

nítido que, em questão de potencial energético ondomotriz, a região nordeste não

desponta com os maiores valores, porém tem a série mais constante em relação às

outras regiões. Isso se deve muito em razão da efetiva significância da ação dos

Ventos Alísios na região de forma quase constante durante o ano.

Já a região do litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam os

maiores potenciais do Brasil, porém, segundo Ortritz, dois fatores dificultam o

aproveitamento deste potencial: a alta sazonalidade e o tamanho da plataforma

continental.

Ainda segundo Ortritz, grandes variações de oferta de energia ao longo do

ano são um ponto negativo na implantação de uma usina em determinada região por

tornarem mais baixo o seu fator de capacidade, que é a razão entre a potência

média e potência máxima teórica. E ainda, a região Sul apresenta uma plataforma

continental bastante extensa, o que aumenta a distância entre a usina e o litoral,

elevando a perda de energia ao longo do transporte.

80

Page 91: Projeto Final I

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Leandro. Avaliação e Aproveitamento da Energia de Ondas Oceânicas no Litoral do Rio Grande do Sul. 82 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação

em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, 2010.

BESERRA, Eliab. Avaliação de Sítios para o Aproveitamento dos Recursos Energéticos das Ondas do Mar. 231 f. Tese (Doutorado) - Coordenação dos Programas de

Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio De Janeiro, 2007.

CARVALHO, Jonas. Distribuição de energia das ondas oceânicas ao largo do litoral do Brasil. 169 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-graduação em Meteorologia do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, São José dos Campos, 2010.

CLEMENTE, Cristiano. Avaliação do Desempenho Hidrodinâmico de um Sistema de Corpos Oscilantes para Extração de Energia das Ondas. 118 f. Dissertação (Mestrado) -

Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, 2011.

FISHER, Andrea. Avaliação do Potencial Energético de Correntes Oceânicas no Litoral Sul do Brasil. 146 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

FLEMING, Fernanda. Avaliação do Potencial de Energias Oceânicas no Brasil. 85 f.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Planejamento Energético,

COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

OSTRITZ, Frederico. Estimativa do Potencial Energético Gerado por Ondas na Costa do Brasil com Ênfase no Estado do Ceará. 58 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de

Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2012.

SILVA, Jones. Viabilidade de Geração de Energia Elétrica Através de Ondas Oceânicas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul: Estudo de um Sistema Híbrido de Energias

81

Page 92: Projeto Final I

Renováveis. 117 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012.

8.1. Referências Pesquisadas na Internet

AMÉRICAS DO SOL. Energia Fotovoltaica. Disponível em: <http://www.americadosol.org/>.

Acesso em: 08 de Outubro de 2014.

ANEEL. Livro Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 1ª Edição. Brasília, 2002. Disponível

em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.pdf>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

ANEEL. BIG – Banco de Informações de Geração. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 27 de

Setembro de 2014.

ANEEL. Atlas da Energia do Brasil. 3ª Edição. Brasília, 2008. Disponível em:

<http://www.portalpch.com.br/images/pdf/atlasdeenergia/atlas_capa_sumario.pdf>. Acesso em: 02

de Outubro de 2014.

ANEEL. Informações Gerenciais – Julho de 2014. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Z_IG_Jun14.pdf>. Acesso em: 06 de Outubro de 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA. Boletim de Dados – Setembro de 2014. Disponível em: <http://www.abeeolica.org.br/pdf/Boletim-de-Dados-ABEEolica-Setembro-

2014-Publico.pdf>. Acesso em: 08 de Outubro de 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR. Disponível em:

<http://www.abens.org.br/novo/>. Acesso em: 08 de Outubro de 2014.

BERMANN, Célio. Crise Ambiental e as Energias Renováveis. Disponível em:

<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000300010>.

Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

82

Page 93: Projeto Final I

BRASKEN. O Etanol. Disponível em: <http://www.braskem.com.br/site.aspx/Etanol>. Acesso

em: 21 de Outubro de 2014.

CEPEL. Atlas Solarimétrico do Brasil – Bancos de Dados Terrestres. Disponível em:

<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Atlas_Solarimetrico_do_Brasil_2000.pdf>.

Acesso em: 11 de Outubro de 2014.

ELETROBRÁS, Eletronuclear. Temas Gerais - Panorama da Energia Nuclear no Mundo. Disponível em: <http://www.eletronuclear.gov.br>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

ELETROBRÁS. Potencial Hidrelétrico Brasileiro - SIPOT. Disponível em:

<http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS21D128D3PTBRIE.htm>. Acesso em: 01 de

Outubro de 2014.

ELETROBRÁS, ELETROSUL. Disponível em: <http://www.eletrosul.gov.br/home/conteudo.php?

cd=1151>. Acesso em: 08 de Outubro de 2014.

EXXONMOBIL. Panorama Energético 2014. Disponível em: <http://exxonmobil.com.br/Brazil-

Portuguese/PA/Files/PanoramaEnergetico2014.pdf>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

GREENPEACE. Revolução Energética – A Caminho do Desenvolvimento Limpo, 2013. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/Global/brasil/image/2013/Agosto/

Revolucao_Energetica.pdf>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL. Energia Oceânica. Disponível

em: <http://www.marcasepatentes.pt/files/collections/pt_PT/1/300/302/Energia%20Oce

%C3%A2nica.pdf>. Acesso em: 28 de Outubro de 2014.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Matriz Energética. Disponível em:

<http://www.mme.gov.br/spe/menu/matriz_energetica.html>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

MINITÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Energias Renováveis – Energia Eólica. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/clima/energia/energias-renovaveis/energia-eolica>. Acesso em: 08 de

Outubro de 2014.

83

Page 94: Projeto Final I

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Aproveitamento Energético do Biogás de Aterro Sanitário. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-

nacional-de-residuos-solidos/aproveitamento-energetico-do-biogas-de-aterro-sanitario>. Acesso em:

12 de Outubro de 2014.

NEOENERGIA. O Setor Elétrico - Matriz Energética. Disponível em:

<http://www.neoenergia.com/Pages/O%20Setor%20El%C3%A9trico/MatrizEnergetica.aspx>.

Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

OCEAN ENERGY SYSTEMS. Waves. Disponível em:

<http://www.ocean-energy-systems.org/index.php>. Acesso em: 10 de Dezembro de 2014.

PACHECO, Fabiana. Energias Renováveis: Breves Conceitos. Disponível em:

<http://ieham.org/html/docs/Conceitos_Energias_renov%E1veis.pdf>. Acesso em: 26 de Setembro

de 2014.

PORTAL ENERGIAS RENOVÁVEIS. Energia Oceânica. Disponível em:

<www.energiasrenovaveis.com>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

REPSOL. Matriz Energética Mundial – Perspectiva de Crescimento. Disponível em:

<https://www.repsol.com/pt_pt/corporacion/conocer-repsol/contexto-energetico/matriz-energetica-

mundial/>. Acesso em: 26 de Setembro de 2014.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Laboratório de Tecnologia Submarina, COPPE/UFRJ. Disponível em: <http://www.lts.coppe.ufrj.br/index_br/index.php>.

Acesso em: 10 de Dezembro de 2014.

84