projeto de molde para sobreinjeÇÃo de polÍmeros

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PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS Daniel Elias Alberici Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: José Stockler Canabrava Filho Rio de Janeiro Março de 2015

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Page 1: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

Daniel Elias Alberici Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: José Stockler Canabrava Filho

Rio de Janeiro

Março de 2015

Page 2: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

i

Oliveira, Daniel Elias Alberici

Projeto de Molde para Sobreinjeção de Polímeros / Daniel Elias

Alberici Oliveira – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2015.

X, 57p.:il.; 29,7 cm

Orientador: José Stockler Canabrava Filho.

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de

Engenharia Mecânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 56

1. Introdução. 2. Introdução Sobre Injeção de Multimateriais. 3.

Moldes para Injeção de Polímeros. 4. Ensaio de Tração do ABS e

Polipropileno. 5. Molde de Injeção dos Componentes para Formar

o Conjunto Carro e Trilho 6. Conclusão. I. Canabrava Filho, José

Stockler. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Título.

Page 3: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

ii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Projeto de Molde para Sobreinjeção de Polímeros

Daniel Elias Alberici Oliveira

Março/2015

Orientador: José Stockler Canabrava Filho

Curso: Engenharia Mecânica

A sobreinjeção de polímeros é um processo muito produtivo e apresenta muitas

vantagens em relação a outras maneiras de fabricar produtos similares. Por isso, esta

técnica vem sendo utilizada com mais frequência pela indústria e seu estudo

ganhando importância.

O objetivo deste trabalho é apresentar a tecnologia de injeção de multimateriais e

desenvolver um molde para injeção de dois materiais, que permite o movimento

relativo entre eles.

Palavras-chave: Polímeros, Moldes de Injeção, Injeção de Multimateriais.

Page 4: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

iii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Mold Design for Polymers Over-Injection Molding

Daniel Elias Alberici Oliveira

March/2015

Advisor: José Stockler Canabrava Filho

Course: Mechanical Engineering

The polymers over-injection molding is a very productive process and present many

advantages in comparison to the factoring process of similar products. Therefore, this

technique has been more and more used by the industry and this study has gained

much more importance.

The main objective of this work is to present the technology of multimaterials injection

and develop a injection mold of two materials which allows the relative movement

between the two materials.

Keywords: Polymers, Injection Mold, Multimaterials Injection.

Page 5: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

iv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

2. INTRODUÇÃO SOBRE INJEÇÃO DE MULTIMATERIAIS................................ 2

2.1. Tecnologia............................................................................................... 3

2.1.1. Injeção de Dois Materiais com Troca de Molde........................... 3

2.1.2. Sobre injeção com Uso de Machos............................................. 4

2.1.3. Co-injeção.................................................................................... 6

2.2. Sobreinjeção Sem Adesão...................................................................... 7

2.3. Adesão.................................................................................................... 8

2.3.1. Adesão por União ou Ancoragem Mecânica............................... 9

2.3.2. Adesão por Atração Eletrostática.............................................. 11

2.3.3. Adesão por Adsorção................................................................ 11

2.3.4 Adesão por Quimissorção ou Adsorção Química...................... 12

2.3.5. Adesão por Interdifusão............................................................. 12

3. MOLDES PARA INJEÇÃO DE POLÍMEROS.................................................. 15

3.1. O Molde................................................................................................. 15

3.2. A Máquina Injetora................................................................................ 16

3.2.1. A Unidade de Injeção................................................................ 17

3.2.2. A Unidade de Fechamento........................................................ 17

3.2.3. O Ciclo de Injeção..................................................................... 18

3.3. Considerações para o Projeto do Molde............................................... 19

3.3.1. Peças do molde......................................................................... 19

3.3.2. Detalhes Construtivos de Partes importantes........................... 21

3.3.2.1. Bucha de injeção................................................ 21

3.3.2.2. Canais de alimentação....................................... 22

3.3.2.3. Garganta............................................................. 23

3.3.2.4. Ponto de injeção................................................. 23

3.3.2.5. Cavidades........................................................... 24

Page 6: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

v

3.3.2.6. Canais de Saída de Ar....................................... 25

3.3.3. Tipos de Moldes de Injeção....................................................... 26

3.3.4. Considerações iniciais de Projeto.............................................. 26

4. ENSAIO DE TRAÇÃO DO ABS E Polipropileno.............................................. 28

4.1. Comportamento Mecânico dos Polímeros............................................ 28

4.2. Ensaio com registro de curvas tensão-deformação.............................. 29

4.3. O Molde do Corpo de Prova.................................................................. 33

4.4. A Máquina de Ensaio de Tração........................................................... 36

4.5. Resultados Obtidos............................................................................... 37

5. MOLDE DE INJEÇÃO DOS COMPONENTES PARA FORMAR O CONJUNTO

CARRO E TRILHO....................................................................................................... 42

5.1. Especificações do produto.................................................................... 42

5.2. Injetora Vertical Utilizada...................................................................... 43

5.2.1. Funcionamento da Injetora de Bancada.................................... 45

5.3. Moldes desenvolvidos........................................................................... 46

5.3.1. Molde do trilho........................................................................... 47

5.3.1.1. Dimensionamento do molde............................... 47

5.3.1.1.1. Bucha de injeção..................................... 47

5.3.1.1.2. Canais de Alimentação........................... 49

5.3.1.1.3. Garganta................................................. 50

5.3.1.1.4. Canal de Saída de Ar.............................. 51

5.3.1.1.5. Ponto de Injeção..................................... 52

5.3.2. Molde do Carro.......................................................................... 52

6. CONCLUSÃO................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 56

ANEXOS....................................................................................................................... 57

Desenho do Molde do Trilho............................................................................. 57

Desenho do Molde do Carro............................................................................. 58

Page 7: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Peças injetadas com dois materiais diferentes.......................................... 2

Figura 2.2 – Máquina de injeção de duas unidades com molde rotativo....................... 3

Figura 2.3 – Maquina de injeção de duas unidades com peça movimentada por robô. 4

Figura 2.4 – Molde com o macho ocupando o espaço do sobrematerial na cavidade.. 5

Figura 2.5 – Sobrematerial sendo injetado na cavidade liberada pelo macho............... 5

Figura 2.6 – Esquema de casca e núcleo formados na co-injeção................................ 6

Figura 2.7 – Peça formada por co-injeção cortada para mostrar o núcleo.................... 7

Figura 2.8 – Pontas de eixo fabricadas pelo processo de sobreinjeção........................ 8

Figura 2.9 - Adesão por união mecânica entre substrato (inserto) e polímero

sobreinjetado................................................................................................................ 10

Figura 2.10 - Processo de adesão por atração eletrostática entre as cadeias de

polímeros...................................................................................................................... 11

Figura 2.11 - Processo de adesão por meio de forças de Van der Waals................... 12

Figura 2.12 - Adesão por quimiossorção entre substrato (inserto) e adesivo.............. 12

Figura 2.13 - Interdifusão entre dois polímeros diferentes que possuem afinidade

química......................................................................................................................... 13

Figura 3.1 – Molde de injeção simplificado.................................................................. 16

Figura 3.2 – Desenho esquemático de uma máquina injetora..................................... 18

Figura 3.3 – Tempos do Ciclo de injeção..................................................................... 19

Figura 3.4 – Estrutura básica de um molde de injeção................................................ 20

Figura 3.5 – Detalhes construtivos de uma bucha de injeção...................................... 21

Page 8: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

vii

Figura 3.6 – Desenho típico de um canal de saída de ar............................................. 25

Figura 4.1 – Curva tensão-deformação sob tração do Nylon 6,6 (seco, i.e., com 0,2%

de umidade).................................................................................................................. 29

Figura 4.2 – Comportamento dúctil e frágil observados em uma curva tensão-

deformação sob tração................................................................................................. 30

Figura 4.3 – Comportamento tensão-deformação para o poliestireno cristal ensaiado

com tração e compressão............................................................................................ 31

Figura 4.4 – Curvas de tensão-deformação sob compressão para polímeros amorfos

(PVC e CA) e semicristalinos (PTFE e PCTFE)........................................................... 32

Figura 4.5 – Curvas de tensão-deformação para o acetato de celulose a várias

temperaturas..............................................................................................................32

Figura 4.6 – Efeito da taxa de deformação (velocidade de deformação em mm/min)

nas curvas de tração do epóxi...................................................................................... 33

Figura 4.7 – Desenho do corpo de prova..................................................................... 33

Figura 4.8 – Molde de injeção do corpo de prova........................................................ 35

Figura 4.9 – Molde de injeção do corpo de prova em corte.........................................35

Figura 4.10 – A maquina de ensaio de tração do LAPTEC.......................................... 36

Figura 4.11 – Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no ABS

ensaiado....................................................................................................................... 39

Figura 4.12 – Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no PP

ensaiado....................................................................................................................... 41

Figura 5.1 – Primeira concepção do modelo de trilho e carro...................................... 43

Figura 5.2 – Produto desenhado de acordo com as especificações de injeção.......... 43

Figura 5.3 – Injetora vertical de bancada Ray-Ran RR 3400 do LAPTEC................... 44

Figura 5.4 – Desenho da bucha de injeção.................................................................. 49

Page 9: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

viii

Figura 5.5 – Desenho em perspectiva do molde do trilho............................................ 51

Figura 5.6 – Molde do carro com cavidade para receber o trilho previamente injetado.

.......................................................................................................................................53

Page 10: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Medidas recomendadas para um canal de saída de ar.......................... 25

Tabela 4.1 – Dimensões do corpo de prova segundo.................................................. 34

Tabela 4.2 – Especificações técnicas da máquina de ensaio de tração do LAPTEC.. 37

Tabela 4.3 – Resultados obtidos com o ensaio de tração do ABS.............................. 38

Tabela 4.4 – Dados do ABS ensaiado segundo seu fornecedor.................................. 39

Tabela 4.5 - Resultados obtidos com o ensaio de tração do PP.................................. 40

Tabela 4.6 – Dados do PP ensaiado segundo seu fornecedor.................................... 41

Tabela 5.1 – Especificações técnicas da injetora vertical de bancada........................ 45

Tabela 5.2 – Parâmetros importantes para o projeto do molde do trilho..................... 47

Tabela 5.3 – Relação da massa do produto com o diâmetro do canal da bucha de

injeção.......................................................................................................................... 48

Tabela 5.4 – Parâmetros importantes para o projeto do molde do carro..................... 52

Page 11: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

1

CAPÍTULO

1 1. INTRODUÇÃO

A sobreinjeção de polímeros é um processo muito produtivo e apresenta muitas

vantagens em relação a outras maneiras de fabricar produtos similares. Por isso, esta

técnica vem sendo utilizada com mais frequência pela indústria e seu estudo

ganhando importância.

O objetivo deste trabalho é apresentar a tecnologia de injeção de multimateriais e

desenvolver um molde para injeção de dois materiais, neste caso Polipropileno e ABS,

que permite o movimento relativo entre eles.

Este projeto apresenta o desenvolvimento de moldes para o ensaio da injeção de dois

componentes. No Capítulo 2 é apresentada uma revisão sobre injeção de dois

componentes, suas tecnologias e sobre os mecanismos de adesão. No Capítulo 3 é

apresentada uma revisão sobre maquinas de injeção convencional e moldes de

injeção, mostrando suas principais características. No Capítulo 4 é apresentada uma

revisão sobre ensaios mecânicos em polímeros e os resultados dos testes realizados

em laboratório são mostrados. No Capítulo 5 é apresentada a máquina de injeção

usada para o projeto dos moldes bem como o detalhamento dos moldes projetados.

Page 12: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

2

CAPÍTULO

2 2. INTRODUÇÃO SOBRE INJEÇÃO DE MULTIMATERIAIS

As expressões bi-injeção, injeção bi-componente ou co-injeção são usadas quando

dois materiais poliméricos diferentes são injetados em uma única peça. Os dois

materiais podem simplesmente terem cores diferentes, um deles pode ser reforçado

ou ser de espuma para reduzir o peso, ou eles podem ter diferentes propriedades em

diferentes locais (resistência à tração e baixo coeficiente de atrito, rigidez e

flexibilidade).

É fácil incorporar peças de plástico comprimidas ou moldadas por injeção pré-

fabricadas nos produtos moldados por injeção. A Figura 2.1 mostra uma peça com

dois materiais diferentes. Inicialmente, as peças que iriam receber a segunda camada

de material recebia algum tipo de tratamento mecânico, como jato de areia ou lixa.

Com o aprimoramento da adesão entre os materiais, esta etapa se tornou

desnecessária. A adesão entre os materiais, quando bem feita, garante a união.

Figura 2.1 – Peças injetadas com dois materiais diferentes. [CARDENAL]

Page 13: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

3

2.1 – Tecnologia

As tecnologias de injeção de multimateriais envolvem a injeção em diferentes

cavidades, a alteração da cavidade do molde por meio de machos ou a injeção de dois

materiais simultaneamente, como será apresentada a seguir.

2.1.1 - Injeção de dois materiais com troca de molde

Uma peça composta por dois materiais, fabricada com esse tipo de tecnologia, tem o

primeiro material injetado em um molde (peça verde, mostrada na Figura 2.2) e em

seguida, a placa móvel do molde é girada e posicionada em uma segunda placa fixa

para receber o material sobre-injetado (peça vermelha, mostrada na Figura 2.2). Um

exemplo de máquina de injeção com o molde rotativo composto por duas unidades de

injeção está mostrado na Figura 2.2. A peça passa da primeira para segunda unidade

através da rotação de 180º do molde.

Como apenas a placa fixa é diferente e a placa móvel é a mesma nas duas etapas da

injeção, alguns tipos de geometria não são possíveis usando este tipo de

configuração. Caso seja necessária a aplicação do segundo material nos dois lados da

peça, são necessários duas placas diferentes e mover a peça para o segundo molde.

Figura 2.2 – Máquina de injeção de duas unidades com molde rotativo. [CARDENAL]

Page 14: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

4

A transferência de um molde para outro é mostrado na Figura 2.3. Esta movimentação

deve, preferencialmente, ser executada por um robô, já que se trata da produção em

serie de milhares de peças para justificar o investimento em um equipamento deste

tipo.

Com a troca de molde, temos maior liberdade para a geometria do material sobre-

injetado, que pode ocupar uma cavidade no segundo molde que, no caso de existir no

primeiro molde, seria ocupado pelo primeiro material.

Figura 2.3 – Maquina de injeção de duas unidades com peça movimentada por robô.

[CARDENAL]

2.1.2 - Sobre injeção com uso de machos

O uso de machos ou gavetas nos moldes de sobre-injeção, de acordo com

CHARRIER, 1990, nos permite fabricar este tipo de peça usando apenas um molde. O

material suporte é injetado na cavidade que está parcialmente ocupada por um macho,

como mostrado na Figura 2.4. Após o resfriamento deste, o macho é movimentado

dentro do molde, criando uma nova cavidade onde será injetado o sobrematerial,

conforme é mostrado na Figura 2.5.

Page 15: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

5

Figura 2.4 – Molde com o macho ocupando o espaço do sobrematerial na cavidade.

[CARDENAL]

Figura 2.5 – Sobrematerial sendo injetado na cavidade liberada pelo macho.

[CARDENAL]

O uso deste tipo de recurso torna o molde mais complexo, contudo, o fato de não

precisar girar o molde ou reposicionar a peça pode ser interessante por questões de

produtividade e espaço disponível na injetora.

Page 16: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

6

2.1.3 - Co-injeção

A co-injeção, segundo CHARRIER,1990, corresponde à técnica que visa formar um

produto com o núcleo e a casca feitos de diferentes materiais. Na primeira etapa, o

material que formará a parte externa da peça é injetado e a cavidade é parcialmente

preenchida. Em uma segunda etapa, o material do interior é injetado e empurra para

frente o primeiro material, que ainda está derretido. O material da casca, ao entrar em

contato com a superfície resfriada do molde se solidifica parcialmente, enquanto a

parte interna vai sendo substituída pelo segundo material injetado, assim estrutura de

casca/núcleo é formada com os materiais, como mostrado esquematicamente na

Figura 2.6. Essa técnica, qual poderia se referir como “co-injeção sequencial em única

cavidade” é comumente usado para fabricação de materiais com núcleos de espuma.

Figura 2.6 – Esquema de casca e núcleo formados na co-injeção. [CARDENAL]

Este sistema pode ser usado para reduzir a massa total e o custo final da peça, ao se

injetar um material leve e barato como núcleo e mantendo um material resistente e de

melhor acabamento como casca, assim como mostrado na Figura 2.7.

Frequentemente, a espuma usada no núcleo pode ser feita a partir de material

reciclado, que não seria usada em casos onde ficaria exposta devido a sua não

uniformidade de cor e textura.

Page 17: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

7

Figura 2.7 – Peça formada por co-injeção cortada para mostrar o núcleo. [CARDENAL]

2.2 – Sobreinjeção sem adesão

Um uso potencial para este tipo de tecnologia, ainda pouco utilizado e pouco

estudado, é na fabricação de peças sobreinjetadas com movimento relativo entre o

material suporte e o sobrematerial. Para que este tipo de construção seja possível, é

necessário que não haja adesão entre os materiais, que o atrito entre eles seja baixo e

haja uma folga entre eles após o resfriamento do segundo material injetado,

permitindo assim um movimento com baixa perda de energia e pouca geração de

calor.

Peças injetadas tem vantagem competitiva sobre as usinadas devido à seu baixo

custo e elevada produtividade. As peças sobreinjetadas se destacam por dispensar a

etapa de montagem e, além disso, elimina a necessidade de verificação da folga, pois

esta está garantida pela contração do material ao resfriar durante o processo de

Page 18: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

8

injeção. Podemos ver abaixo, na Figura 2.8, pontas de eixo fabricadas pelo processo

de sobreinjeção, com movimento permitido entre a peça branca e a preta sem a

necessidade de lubrificação.

Figura 2.8 – Pontas de eixo fabricadas pelo processo de sobreinjeção. [http://www.igus.com/wpck/3748/igubal_Gelenkkoepfe, 14/12/2014]

Como dito anteriormente, para que haja movimento relativo entre as peças

sobreinjetadas, é necessário que não ocorra o processo de adesão durante a

fabricação do conjunto. Essa não adesão é conhecida por incompatibilidade entre os

materiais e depende de uma série de fatores, alguns deles serão apresentados a

seguir no estudo de processos de adesão, onde serão mostrados seus mecanismos e

capacidade de união entre duas pecas.

2.3 - Adesão

Há anos vêm sendo investigados os mecanismos de adesão, tendo sido propostas

várias teorias em uma tentativa de explicar este fenômeno. Contudo, nenhuma teoria

por si só, é capaz de explicar completamente o que ocorre nos processos de adesão.

Page 19: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

9

A ligação que ocorre entre um adesivo e um objeto ou uma superfície pode ser

considerada como uma soma de forças de origem mecânica, física e química que se

sobrepõem e influenciam umas nas outras. Apesar de não haver um único mecanismo

de adesão, segundo POCIUS, 2002, pode-se distinguir e explicar o que ocorre em

cada um deles, durante o processo de adesão. Assim, distingue-se entre forças de

origem mecânica (mechanical interlocking), que são produzidas pela ancoragem do

adesivo em poros ou rugosidades existentes nas superfícies consideradas; forças de

origem eletrostática, as quais se referem à diferença entre as eletronegatividades dos

materiais que serão unidos, sendo os outros mecanismos de adesão de natureza

intermolecular e química, que ocorrem nas interfaces de sistemas heterogêneos. Este

mecanismo de adesão química é explicado, no caso de forças intermoleculares, pela

teoria da adsorção, e no caso de interações químicas pela teoria de quimissorção ou

adsorção química. Os processos que controlam a adesão entre tipos similares de

termoplásticos e sistemas homogêneos são explicados com a teoria da difusão.

2.3.1 - Adesão por União ou Ancoragem Mecânica (Mechanical Interlocking)

A teoria de adesão por união mecânica, mostrada na Figura 2.9, estabelece que uma

boa adesão ocorre quando um adesivo (ou no caso do presente trabalho o polímero

injetado) penetra nos poros e irregularidades existentes na superfície de um substrato.

O adesivo deve não apenas molhar o substrato, como também possuir propriedades

reológicas que permitam a sua penetração nos poros em um tempo relativamente

curto (antes de ocorrer o “endurecimento” do mesmo). Esta teoria contudo, oferece

explicações para poucas situações tais como, a união entre elastômeros e têxteis e

elastômeros e papéis. No entanto, como pode ser observada na prática uma boa

adesão entre superfícies com baixa rugosidade e sem poros superficiais, torna-se

evidente que, apesar da união mecânica auxiliar no processo de adesão, ela não pode

ser considerada como uma justificativa genérica para os mecanismos de adesão.

Page 20: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

10

Figura 2.9 - Adesão por união mecânica entre substrato (inserto) e polímero sobreinjetado. [PACKHAM, 2005 (adaptado)]

Alguns tratamentos quando aplicados sobre as superfícies a serem unidas tendem a

aumentar a força de adesão. Estes Tratamentos (especialmente quando aplicados a

superfícies de componentes plásticos) resultam em um aumento da rugosidade, o que

pode aumentar a eficiência e a durabilidade da união devido ao aumento da

ancoragem mecânica ou mechanical interlocking. Além de produzir uma interferência

mecânica, o aumento do nível de adesão, devido à rugosidade, também pode resultar

de outros fatores como o aumento da área de contato entre adesivo e a superfície,

aumento da cinética de molhamento e do aumento da deformação plástica do adesivo.

Page 21: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

11

2.3.2 - Adesão por Atração Eletrostática

A teoria da adesão atração por eletrostática, conforme POCIUS, 2002, baseia-se na

diferença de eletronegatividades existente entre os componentes que serão unidos. A

força de adesão é atribuída à transferência de elétrons através da interface criando

cargas negativas e positivas que se atraem. Por exemplo, quando um polímero é

posto em contato com uma superfície metálica, elétrons são transferidos do metal para

o polímero, criando uma atração eletrostática entre os mesmos. A teoria da atração

eletrostática diz que estas forças na interface entre os componentes é que são

responsáveis pela adesão ou resistência à separação entre o adesivo e o substrato.

Na Figura 2.10 vemos o processo esquemático de adesão por atração eletroestática,

onde δ+ e δ- representam as cargas positivas e negativas que produzem a atração

entre as cadeias poliméricas dos componentes a serem unidos.

Figura 2.10 - Processo de adesão por atração eletrostática entre as cadeias de polímeros. [PACKHAM, 2005 (adaptado)]

2.3.3 - Adesão por Adsorção

Segundo POCIUS, 2002, a teoria da adesão por adsorção estabelece que a adesão

seja resultante de um contato íntimo entre dois materiais, e envolve forças que se

desenvolvem entre os átomos nas duas superfícies. Sendo considerado como o

principal mecanismo de adesão. O tipo mais comum de forças superficiais que se

Page 22: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

12

formam na interface entre o adesivo e o substrato são as forças de Van der Waals.

Além disso, interações ácido-base e pontes de hidrogênio, geralmente consideradas

como um tipo de interação ácido-base, podem também contribuir para a força de

adesão. Na Figura 2.11 vemos um esquema do processo de adesão por forças de Van

der Waals.

Figura 2.11 - Processo de adesão por meio de forças de Van der Waals. [PACKHAM, 2005 (adaptado)]

2.3.4 - Adesão por Quimissorção ou Adsorção Química

O mecanismo de adesão química sugere que ligações químicas primárias podem se

formar em uma interface. Ligações químicas são fortes e podem contribuir

significativamente para a adesão em alguns casos. Na Figura 2.12 vemos um

esquema do processo de adesão por adsorção química.

Figura 2.12 - Adesão por quimiossorção entre substrato (inserto) e adesivo. [PACKHAM, 2005 (adaptado)]

Page 23: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

13

Em PACKHAM, 2005 vemos que forças químicas primárias possuem energias entre

60-1100 kJ/mol, o que é consideravelmente maior do que as energias de ligação de

forças secundárias (0,08 – 5kJ/mol). Deve-se mencionar também que são utilizados

agentes de acoplamento e promovedores de adesão para auxiliar na adesão por meio

de reações químicas.

2.3.5 - Adesão por Interdifusão

A teoria da adesão por difusão [PACKHAM, 2005 ] atribui à adesão em materiais

poliméricos à interpenetração das cadeias do polímero na interface dos dois

componentes, ou seja, a mútua difusão das cadeias poliméricas através da interface

dos mesmos. Esta teoria requer que ambos adesivo e substrato sejam poliméricos, e

que sejam capazes de movimento e ao mesmo tempo mutuamente compatíveis e

miscíveis. Para descrever o fenômeno de autodifusão dos polímeros várias teorias

foram propostas, tais como, acoplamento por entrelaçamento, cooperatividade, e a

teoria da reptação. Na Figura 2.13 vemos a interação esquemática entre dois

polímeros que possuem afinidade química.

Figura 2.13 - Interdifusão entre dois polímeros diferentes que possuem afinidade química. [PACKHAM, 2005 (adaptado)]

Page 24: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

14

Parâmetros como o tempo de contato, temperatura, peso molecular dos polímeros e

estado físico (sólido ou líquido) influenciam no processo de adesão. A polaridade dos

polímeros, geralmente, aumenta a força de adesão. Evidências demonstram que o

fenômeno da interdifusão ocorre em polímeros móveis e compatíveis e podem

promover a adesão intrínseca ou auto-adesão. A teoria da difusão, contudo, encontra

uma aplicação limitada quando os polímeros envolvidos não são solúveis ou o

movimento das cadeias é restringido por sua estrutura com um grande número de

ligações cruzadas, por sua estrutura cristalina ou quando estão abaixo de sua

temperatura de transição vítrea.

Page 25: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

15

CAPÍTULO

3 3. MOLDES PARA INJEÇÃO DE POLÍMEROS

3.1 – O Molde

As peças fabricadas pelo processo de injeção são produzidas pela moldagem do

plástico fundido no interior de um molde de injeção. A máquina injetora tem como

função preparar e injetar o polímero no interior do molde. O molde por sua vez, é o

responsável pela forma final e pelo resfriamento do polímero injetado.

O molde de injeção é uma unidade completa com condições de produzir peças

moldadas. Suas cavidades possuem as formas e as dimensões da peça desejada. O

molde é adaptado ao final da máquina de injeção e recebe, em sua cavidade, o

plástico fundido, introduzido por meio de pressão [HARADA, 2004].

A figura 3.1 apresenta um molde simplificado recebendo o polímero fundido em sua

cavidade. Neste desenho podemos observar partes importantes em um molde de

injeção, são elas: placa móvel da injetora, placa estacionária da injetora e a cavidade

que recebe o polímero.

Page 26: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Figura 3.1 – Molde de injeção simplificado [HARADA, 2004].

3.2 – A Máquina Injetora

O molde de injeção é projetado levando-se em consideração o equipamento no qual

ele será usado. Portanto, será feito uma breve apresentação de uma maquina injetora

convencional, onde veremos suas principais peças e mecanismos básicos de

funcionamento.

Uma máquina injetora pode ser definida como uma máquina que conforma peças de

maneira descontínua (em ciclos), principalmente de materiais plásticos. A

conformação é feita aplicando pressão sobre uma massa fundida dentro da cavidade

de um molde e, após resfriamento, a massa solidifica e adquire a forma da cavidade

[HARADA, 2012].

Uma injetora convencional é dividida em duas partes principais: A Unidade de Injeção,

responsável pelo processamento do polímero e a Unidade de Fechamento,

responsável pela fixação e controle do molde

Page 27: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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3.2.1 – A Unidade de Injeção

Suas funções principais inclui fundir o material usado como matéria-prima (pó ou grãos

do polímero), dosar a quantidade necessária para a fabricação da peça, injetar no

molde respeitando uma velocidade e uma pressão de injeção e por fim, manter uma

pressão com a finalidade de completar e preencher os espaços vazios formados

devido à contração do material durante o resfriamento.

A seguir serão descritas, de forma resumida, as peças da unidade de injeção e suas

principais funções. O alimentador, em geral, tem forma de funil e leva o plástico na

forma primária ao cilindro ou canhão. Esta região, também conhecida como câmara de

aquecimento é onde ocorre a fusão do polímero. O processo de fusão ocorre,

principalmente, devido ao cisalhamento induzido pela rotação da rosca, que tem

outras funções como transporte do material até sua outra extremidade e por fim,

através de um movimento de translação axial, aplica uma pressão sobre o polímero.

Por ter função de fusão, movimentação e injeção do polímero, esta é chamada de

rosca recíproca. Resistências elétricas conservam a temperatura no interior do cilindro

e atuadores linear e rotacional se encarregam dos movimentos da rosca. As peças

descritas neste parágrafo podem ser vistas na Figura 3.2

3.2.2 – A Unidade de Fechamento

É nesta parte da injetora onde o molde é fixado. Este, por sua vez, deve ser projetado

respeitando suas dimensões máximas entre colunas e entre a placa móvel e a fixa da

máquina. Além do fechamento do molde, como o nome da unidade sugere, a força de

fechamento para suportar a pressão de injeção, o travamento do molde e todos os

movimentos necessários para a extração da peça são realizados por esta parte da

máquina. Podemos observar na Figura 3.2 um desenho esquemático de uma máquina

injetora e seus principais componentes aqui descritos.

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Figura 3.2 – Desenho esquemático de uma máquina injetora. [http://www.xcentricmold.com/aboutinjectmold.php (Adaptado), 15/12/2014].

3.2.3 – O Ciclo de Injeção

A injeção não é um processo contínuo, mas sim intermitente, seguindo um ciclo

conhecido como “ciclo de injeção”. Esse ciclo pode possuir eventos que se

interceptam e eventos que só ocorrem após terminar o antecedente. Podemos dizer

que existe um ciclo com ocorrências sequenciais da rosca recíproca e um ciclo com

eventos sequenciais no molde. No entanto, os ciclos da rosca e do molde são

interdependentes [MANRICH, 2005].

Podemos enumerar, de forma resumida, as principais etapas do ciclo de injeção como:

fechamento do molde, injeção, recalque, dosagem, resfriamento, abertura do molde e

extração do moldado.

Vale ressaltar que, conforme mostrado na Figura 3.3, o maior tempo do ciclo é, de

modo geral, o tempo de resfriamento. É muito comum que a etapa de dosagem

demore menos que o resfriamento, portanto, se desejamos diminuir o tempo de

injeção, devemos diminuir primeiro o tempo de resfriamento, aumentando a

capacidade do molde de retirar calor da peça que foi injetada.

Page 29: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Figura 3.3 – Tempos do Ciclo de injeção [HARADA, 2004 (Adaptado)].

3.3 – Considerações para o Projeto do Molde

3.3.1 – Peças do molde

A Figura 3.4 mostra um molde de injeção em corte com suas principais peças. A

seguir, estão numerados os nomes de cada componente mostrado, para futura

referência. Como dito, este desenho não esgota as possibilidades, tampouco, todas as

peças que possivelmente são aplicadas em um molde de injeção, contudo, não faz

parte deste projeto o detalhamento de todas as possibilidades e sim o projeto de um

molde simples.

Page 30: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Figura 3.4 – Estrutura básica de um molde de injeção [HARADA, 2004].

1. Placa de fixação inferior

2. Coluna ou espaçador

3. Bucha-guia

4. Coluna-guia

5. Pino extrator

6. Extrator de canal

7. Placa porta-extratores

8. Placa impulsora

9. Pino de retorno

10. Placa-suporte

11. Postiços

12. Bucha de injeção

13. Anel de centragem

14. Placa de fixação superior

a. Cavidade

b. Canal de alimentação

Page 31: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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3.3.2 – Detalhes construtivos de partes importantes

3.3.2.1 – Bucha de injeção

Tem a função de receber o polímero do bico da injetora e transferi-lo para o canal de

alimentação e é a primeira peça do molde com qual o plástico entra em contato. Para

um encaixe correto, sem vazamentos, entre o bico e a bucha é possível devido ao

formato côncavo desta peça. Seu formato deve ser especificamente projetado de

acordo com o formato do bico.

Recomenda-se que seu canal seja o mais curto o possível, tenha um diâmetro mínimo

de 2,5mm e um afunilamento, divergente a partir da entrada, como mostra a Figura

3.5, para facilitar a remoção da peça. O material recomendado para a fabricação da

bucha, segundo HARADA, 2004 é o aço cromo-níquel endurecido.

Figura 3.5 – Detalhes construtivos de uma bucha de injeção. [GLANVILL, 1963(Adaptado)]

Page 32: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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3.3.2.2 – Canais de alimentação

É nessa parte do molde onde o polímero plastificado escoa para a(s) cavidade(s). Sua

geometria interfere diretamente no resfriamento do polímero e na pressão aplicada

para a injeção do mesmo. Por isso, SORS, 1965 aponta diretrizes para o correto

dimensionamento destes canais como mostrado abaixo:

• Usar, preferencialmente, seção circular. Outras seções, como trapezoidal ou

semicircular, podem ser usadas. Contudo, o uso de outros formatos exige maior

pressão de injeção quando comparados com uma seção circular.

• Devem ser o mais curto possível e evitar ao máximo as mudanças de direção do

fluxo.

• A soma das áreas das seções transversais dos canais de alimentação deve ser

igual à área da seção final do canal da bucha de injeção.

• O comprimento do canal de alimentação deve ser o mesmo para todas as

cavidades do molde. Desta maneira, o polímero atinge todas as gargantas ao

mesmo tempo, com isso, o preenchimento e vedação serão simultâneos em todas

as cavidades.

Segundo GLANVILL, 1963, o material da extremidade do bico de injeção resfria

durante o ciclo de injeção. No ciclo seguinte, este material resfriado pode causar

defeitos na moldagem, como o entupimento dos canais de alimentação ou crostas na

superfície da peça. Para que esses defeitos não ocorram, é feito um rebaixo aonde o

fluxo vindo da bucha de injeção preenche antes de chegar aos canais de alimentação,

desta forma o material frio se deposita e o material com a temperatura adequada

segue para o molde. A esse rebaixo é dado o nome de poço frio.

Page 33: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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3.3.2.3 – Garganta

É um estreitamento do canal de alimentação que ocorre bem próximo da entrada da

cavidade. Ela é projetada com o propósito de separar o produto do canal de

alimentação, facilitando sua remoção e reduzindo ou eliminando o dano a superfície

da peça acabada, pois quanto mais estreita a garganta, menor a marca deixada. Além

disso, o estreitamento induz o cisalhamento da massa polimérica e com isso diminui a

viscosidade devido, principalmente, ao aumento de temperatura por atrito. Esse efeito

é importante, pois o polímero perde calor que pode ser significativo ao longo dos

canais de alimentação. Contudo, quanto maior a peça, maior deve ser a garganta e

seu tamanho também deve levar em conta o polímero a ser injetado. GLANVILL, 1963

recomenda a relação da área do canal de alimentação para a área da garganta de

20:1 e seu comprimento é da mesma dimensão do seu diâmetro, para não elevar

muito a perda de carga.

3.3.2.4 – Ponto de injeção

A função do ponto de injeção, além de permitir que o polímero entre na cavidade, é

garantir que a peça não tenha rebarbas e defeitos superficiais advindos do fluxo.

Normalmente, os pontos de injeção são colocados na parte mais espessa da peça

para que a pressão de empacotamento atue com eficácia nessa região. Por outro lado,

deve ser colocado na parte mais discreta da peça para não aparecer marca nesse

ponto. Dependendo da localização do ponto de injeção, as linhas de solda podem

apresentar problemas. É preferível que o ponto esteja próximo a uma região de

separação do fluxo, garantindo assim uma solda mais adequada [MANRICH, 2005].

O número de pontos de injeção deve ser o menor possível, respeitando certos limites

que exigem um número maior de pontos de injeção, como por exemplo, o resfriamento

do fluxo ao longo da peça que impede o preenchimento de toda a cavidade. Esse

Page 34: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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número deve ser reduzido, de forma a reduzir o custo de fabricação do molde, devido

à complexidade de se fabricar mais canais de injeção para uma mesma cavidade e

também reduzir o número de linhas de solda na peça.

3.3.2.5 – Cavidades

A cavidade de moldagem é normalmente composta por duas partes: a unidade fêmea,

que modela a parte externa da peça; e o núcleo ou unidade macho, que configura a

sua parte interna. Esta configuração pode ser obtida por usinagem (fresamento,

eletroerosão ou cunhagem), fundição ou eletrodeposição.

O material escolhido para cavidade depende de fatores como precisão requerida,

processo de fabricação da cavidade, numero de peças que se espera que o molde

produza, tratamento térmico e acabamento superficial. Para tais exigências, aços com

elementos de liga para elevar a dureza e a temperabilidade são aplicados.

Uma maneira de facilitar a extração da peça é fabricando uma cavidade cônica. A

conicidade recomendada varia de 0,5º até 1º.

Para aumentar a produtividade de um molde, é comum que estes possuam mais de

uma cavidade. O número máximo de cavidades é limitado pelo tamanho do molde,

capacidade da máquina e a pressão máxima de injeção. Alguns cuidados devem ser

tomados para que o polímero percorra sempre o mesmo caminho para alcanças as

diferentes cavidades.

3.3.2.6 – Canais de Saída de Ar

Todo molde, antes de receber o polímero está contém ar. Este ar precisa sair durante

o precisa encontrar um caminho de saída para que não ocupe o espaço destinado ao

material plástico. Usualmente, a folga entre o molde e os pinos de extração pode ser

suficiente para isso, contudo, em alguns casos é necessária a confecção de canais

Page 35: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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para a saída deste ar. BECK, 1970 recomenda que esses canais estejam

posicionados opostos aos pontos de injeção. Seu formato típico está mostrado na

Figura 3.6 e suas medidas, na Tabela 3.1.

Figura 3.6 – Desenho típico de um canal de saída de ar. [BECK, 1970 (adaptado)]

Medida Valor Recomendado (mm)

A 0,1

B 3,0

C 10,0

D 0,3

Tabela 3.1 – Medidas recomendadas para um canal de saída de ar. [BECK, 1970 (adaptado)]

Page 36: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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3.3.3 – Tipos de Moldes de Injeção

Os moldes de injeção podem ser classificados de diversas maneiras, que variam

dependendo do autor. MANRICH, 2005, os classifica de acordo com a quantidade de

placas, se as placas possuem peças móveis e o tipo de alimentação, são elas:

• Moldes com canais frios ou convencionais;

o Moldes de duas placas;

o Moldes de três placas;

• Moldes de canais isolados;

• Moldes com canais quentes;

• Moldes com placas múltiplas;

• Moldes com mandíbulas ou gavetas e

• Moldes com macho central rotativo.

Cada um dos tipos possui uma especificidade e um custo. É possível, de modo geral,

aumentar a produtividade e diminuir a quantidade de refugo, conforme aumenta a

complexidade de fabricação do molde. Por outro lado, um molde simples pode ser

vantajoso, dependendo do número de peças que serão fabricadas. O custo de

produção do molde aumenta com o número de placas e com a necessidade de peças

móveis, bem como, o uso de canais quentes tem o mesmo efeito.

3.3.4 – Considerações iniciais de projeto

Ao se projetar um molde de injeção, as primeiras considerações referem ao peso,

tamanho e desenho da peça, para então se decidir sobre a localização e a quantidade

de cavidades no molde, o local mais adequado para entradas, os elementos de

extração, a necessidade de inserções metálicas, roscas e outras particularidades.

Page 37: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

27

Baseando-se no peso e no tamanho das peças, é possível definir o tipo de máquina

injetora ideal e a quantidade de cavidades do molde específico para está. Os

principais dados considerados por um projetista de moldes em uma máquina injetora

devem ser: a capacidade de injeção, a força de fechamento e a sua capacidade de

plastificação. Finalmente, é necessário conhecer algumas características importantes

do material plástico a ser moldado, tais como contração, fluxo e abrasividade.

Na construção de um molde, é indispensável que suas placas fiquem perfeitamente

paralelas após a usinagem. Os pinos de guia devem estar em esquadro perfeito para

permitir um funcionamento suave da abertura do molde. As placas de fixação inferior e

superior ultrapassam o corpo principal do molde, a fim de fornecer um espaço para

grampeamento, ou fixação direta da maquina injetora.

O projeto básico do molde depende dos seguintes fatores:

• Tamanho e forma da peça;

• Número de cavidades;

• Tamanho e capacidade da máquina em que o molde será usado;

• Dimensões entre as colunas da máquina;

• A linha de separação do molde, que deixará uma marca na peça;

• O mecanismo de extração da peça;

• Os pontos de entrada nas cavidades.

Page 38: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

28

CAPÍTULO

4 4. ENSAIO DE TRAÇÃO DO ABS E POLIPROPILENO

4.1 - Comportamento mecânico dos polímeros

As propriedades mecânicas dos polímeros são caracterizadas pelo modo com que

esses materiais respondem às solicitações mecânicas aplicadas, podendo estas

ultimas serem do tipo tensões ou deformações. A natureza dessa resposta depende

da estrutura química, temperatura, tempo e da história (condições) de processamento

do polímero.

A estrutura molecular dos polímeros proporciona um comportamento elástico, como os

sólidos Hookeanos. Esse fenômeno é denominado viscoelasticidade e ocorre para os

plásticos e para as fibras. Os elastômeros apresentam um outro fenômeno único, ou

seja, a elasticidade da borracha. Esse tipo de elasticidade é muito particular, pois

envolve grandes deformações. [CANEVAROLO, 2002]

A avaliação das propriedades mecânicas pode ser realizada de forma estática ou

dinâmica. Além disso, a caracterização do comportamento mecânico pode ser feita

atingindo-se ou não a ruptura do material. Por exemplo: módulos elásticos, tensão e

deformação no escoamento, tensão máxima, etc., são parâmetros caracterizados sem

atingir a ruptura do polímero. Por outro lado, tensão e deformação na ruptura,

resistência ao impacto, número de ciclos de vida sob fadiga, etc., são propriedades

mecânicas determinadas no limite da resistência destrutiva do polímero.

Page 39: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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4.2 - Ensaio com registro de curvas tensão-deformação

Existem vários modos para solicitar um polímero de forma estática, dentre eles: tração,

compressão, flexão, cisalhamento, etc. Os ensaios de tração são os mais populares

entre todos. Os principais parâmetros que quantificam a resistência mecânica dos

polímeros em ensaio tensão-deformação são: módulo de Young ou elasticidade;

tensão e deformação no escoamento; tensão máxima; tensão e deformação na

ruptura, e a tenacidade. A Figura 4.1 ilustra alguns desses parâmetros numa curva de

tensão-deformação.

Figura 4.1 – Curva tensão-deformação sob tração do Nylon 6,6 (seco, i.e., com 0,2% de umidade). [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

As tensões em qualquer região da curva são calculadas através da razão entre a

carga ou força e a área de seção transversal do corpo de prova. A tensão é definida

como nominal quando a área utilizada para o cálculo da tensão é a inicial (Ao). Por

outro lado a tensão é definida como real se a área utilizada no cálculo for a área obtida

no instante do registro da carga, ou seja, instantânea (A).

Page 40: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

30

O módulo de Young está diretamente relacionado com a rigidez do polímero, ou seja,

quanto maior for o valor do módulo, maior será a rigidez do polímero. Este é obtido

através da inclinação da curva a baixas deformações, ou seja, E=σ/ε até 0,2% de

deformação. Existem quatro tipos diferentes de módulos de elasticidade: o Módulo de

Young, E; o Módulo de Cisalhamento, G; o Módulo de Compressão, K; e o Módulo sob

Flexão.

As deformações no escoamento e na ruptura definem o poder de escoamento das

moléculas poliméricas durante o estiramento. A deformação calculada através da

relação ε=∆l/l0, onde ∆l=l-l0, l é o comprimento da região útil do corpo de prova no

instante a ser medido a deformação, e l0 é o comprimento inicial da região útil. O valor

de l pode ser obtido acompanhando-se o movimento da travessa ou, de forma mais

precisa, por meio do uso de extensômetros, que podem estar perto mas não tocar a

amostra (leitura por infravermelho), ou fixado no próprio corpo de prova. A tenacidade

é obtida integrando a área sob a curva tensão-deformação até a ruptura.

O comportamento mecânico dos polímeros pode ser visualizado observando-se a sua

curva tensão-deformação. A Figura 4.2 ilustra dois polímeros diferentes sob tração, um

polímero com comportamento dúctil e outro com comportamento frágil.

Figura 4.2 – Comportamento dúctil e frágil observados em uma curva tensão-deformação sob tração. [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

Page 41: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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As curvas de tensão-deformação apresentam aspectos característicos para cada tipo

de ensaio. Por exemplo, um polímero apresenta curvas diferentes quando testado em

tração e em compressão. A Figura 4.3 mostra esse efeito para o poliestireno cristal,

que sob tração apresenta uma curva característica de comportamento frágil, enquanto

que em compressão mostra uma curva típica de comportamento dúctil. Essa diferença

de comportamento é função do fato de que o ensaio de compressão proporciona a

redução de tamanho dos defeitos (falhas, microtrincas) do processamento enquanto o

ensaio de tração acentua essas falhas, aumentando as microtrincas.

Figura 4.3 – Comportamento tensão-deformação para o poliestireno cristal ensaiado com tração e compressão. [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

O comportamento de polímeros amorfos e semicristalinos sob compressão também

apresentam características diferentes. A Figura 4.4 mostra os resultados do ensaio de

tração de policloreto de vinila (PVC), acetato de celulose (CA), politetrafluoroetileno

(PTFE), e policlorotrifluoretileno (PCTFE). Os polímeros amorfos (PVC e CA) mostram

um ponto de escoamento mais nítido, enquanto o mesmo não ocorre com os demais,

que são semicristalinos.

Page 42: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Figura 4.4 – Curvas de tensão-deformação sob compressão para polímeros amorfos (PVC e CA) e semicristalinos (PTFE e PCTFE). [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

O comportamento viscoelástico do polímero faz com que parâmetros, tais como

tempo, temperatura e ambiente, afetem diretamente as propriedades dos polímeros.

As figuras a seguir ilustram a influência de cada parâmetro sobre as curvas tensão-

deformação. A Figura 4.5 evidencia a influencia da temperatura num ensaio de tração

de acetato de celulose. Pode-se observar que, dependendo da temperatura, o

polímero passa de um comportamento totalmente frágil para um totalmente dúctil.

Figura 4.5 – Curvas de tensão-deformação para o acetato de celulose a várias temperaturas. [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

A influencia do tempo, ou seja, da taxa de deformação sobre as curvas tensão-

deformação pode ser observada na Figura 4.6, onde o epóxi é submetido a um

Page 43: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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ensaios de tração a varias taxas de deformação. A tensão de escoamento aumenta

linearmente com o aumento da taxa de deformação. Quanto mais rápido é o

movimento da deformação, maior é o módulo.

Figura 4.6 – Efeito da taxa de deformação (velocidade de deformação em mm/min) nas curvas de tração do epóxi. [CANEVAROLO, 2002 (adaptado)]

4.3 - O Molde do Corpo de Prova

A ferramenta usada como molde para a injeção dos corpos de prova está disponível

no LAPTEC e foi fabricada segundo a ISO 527-2, que especifica o desenho do corpo

de prova como segue mostrado na Figura 4.7 e suas dimensões definidas pela Tabela

4.1.

Figura 4.7 – Desenho do corpo de prova. [ISO 527-2:2012]

Page 44: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Dimensões do Corpo de Prova

Referência Descrição da Dimenção Dimensão (mm)

l3 Comprimento Total ≥75

b2 Largura nas Extremidades 12,5 ± 1

l1 Comprimento da Porção Paralela 25 ± 1

b1 Largura na Porção Paralela 4 ± 0,1

r1 Raio Pequeno 8 ± 0,5

r2 Raio Grande 12,5 ± 1

L Distância Inicial Entre Agarras 50 ± 2

L0 Distância Inicial Entre Marcações Padrão 20 ± 0,5

H Espessura 2 ± 0,2

Tabela 4.1 – Dimensões do corpo de prova segundo. [ISO 527-2:2012]

A Figura 4.8 mostra o molde de injeção, composto por três placas, usado na

confecção dos corpos de prova. A primeira placa contém uma peça de acoplamento

entre o bico da injetora e o molde de injeção, que é chamado de bucha de injeção.

Este acoplamento é feito, neste caso, de um material mais macio que o material do

bico da injetora. Isto é feito desta maneira para evitar o desgaste do bico da injetora, já

que é mais fácil e barato substituir uma peça na ferramenta do que na injetora.

Podemos observar na segunda placa a cavidade que será preenchida pelo polímero

durante a injeção no formato do corpo de prova. Nesta mesma placa, vemos o canal

de alimentação, por onde escoa o material até chegar à cavidade e o canal de saída

de ar que permite que o ar escape para fora do molde, para que o espaço destinado à

peça seja completamente preenchido pelo polímero. A terceira e ultima placa é

simplesmente uma chapa lisa com a função de fechamento do molde.

Page 45: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

35

Figura 4.8 – Molde de injeção do corpo de prova.

Na Figura 4.9, vemos as três placas do molde em corte. Podemos ver neste corte o

canal de alimentação, a cavidade do molde, o canal de saída de ar e a placa superior

e inferior de fechamento.

Figura 4.9 – Molde de injeção do corpo de prova em corte.

Page 46: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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4.4 - A Máquina de Ensaio de Tração.

A máquina utilizada para realização dos ensaios de tração foi a INSTRON 5569

disponível no LAPTEC do IMA, Figura 4.10. Esta máquina mede a deformação do

corpo de prova através do deslocamento da travessa. A capacidade de carga do

equipamento é de 50kN e possui garras de acionamento pneumático para a fixação

dos corpos de prova, suas especificações técnicas estão mostradas na Tabela 4.2.

A aquisição de dados é feita por um computador conectado ao equipamento e um

software é responsável pro seu processamento. Após a realização de alguns ensaios

temos como resultado os valores médios de limite de resistência à tração, carga

máxima, deformação à carga máxima, extensão à carga máxima, tensão de

escoamento, deformação no escoamento, módulo de elasticidade, tensão na ruptura e

deformação na ruptura. Além disso, o software disponibiliza os gráficos de tensão x

deformação de cada ensaio, bem como os dados obtidos em cada ponto para que

possam ser efetuados novos tratamentos dos dados obtidos.

Figura 4.10 – A maquina de ensaio de tração do LAPTEC.

Page 47: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Especificações Técnicas

Especificação Valor Unidade

Capacidade de Carga 50 kN

Velocidade Mínima 0,001 mm/min

Velocidade Máxima 600 mm/min

Resolução do Controle de Posição 0.0268 µm

Rigidez Axial da Estrutura 180 kN/mm

Espaço Útil para Ensaio 1212 Mm

Deslocamento Total da Travessa 1140 Mm

Distância Livre Entre Colunas 418 Mm

Massa do Equipamento 250 Kg

Potência Requerida 900 VA

Tabela 4.2 – Especificações técnicas da máquina de ensaio de tração do LAPTEC. [http://instronromania.com/media/POD_5960SeriesDualColumnTabletop_rev6_0113.pdf 23/03/2014 (adaptado)]

4.5 - Resultados Obtidos

E ensaio de tração foi realizado com sete amostras de cada material (ABS e PP). Os

ensaios com valores extremos (maior e menor) de cada teste foram descartados e os

resultados são mostrados nas tabelas e gráficos abaixo.

Page 48: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Resultado do Ensaio ABS

Propriedade Valor Unidade

Limite de Resistência à Tração 44,83299 MPa

(Tensile stress at Maximum Load)

Deformação à Carga Máxima 4,87 %

(Tensile strain at Maximum Load)

Extensão à Carga Máxima 1,94726 Mm

(Extension at Maximum Load)

Carga Máxima 367,1 N

(Maximum Load)

Tensão de Escoamento 44,83299 MPa

(Tensile stress at Yield)

Deformação no Escoamento 4,86815 %

(Tensile strain at Yield)

Módulo de Elasticidade 1154,96105 MPa

(Modulus)

Tensão na Ruptura 37,36799 MPa

(Tensile stress at Break)

Deformação na Ruptura 28,88546 %

(Tensile strain at Break)

Tabela 4.3 – Resultados obtidos com o ensaio de tração do ABS.

Page 49: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

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Figura 4.11 – Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no ABS ensaiado.

Dados do Fornecedor ABS

Propriedade Valor Unidade

Resistência à Tração 50 MPa

Resistência à Flexão 83 MPa

Módulo de Flexão 2650 MPa

Dureza Rockwell R-110 -

Resistência ao Impacto Izod 196 J/m

Temperatura de deflexão sob carga (Annealed) 101 °C

Índice de fluidez (220 °C/10kg) 17 g/10 min

Densidade 1,05 g/cm³

Flamabilidade 1/16” HB -

Tabela 4.4 – Dados do ABS ensaiado segundo seu fornecedor. [http://www.innova.ind.br/upload/others/file/654160ee008cbdecee6b7ef462c5d4db.pdf, 12/04/2014]

Page 50: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

40

Resultado do Ensaio PP

Propriedade Valor Unidade

Limite de Resistência à Tração 35,74264 MPa

(Tensile stress at Maximum Load)

Deformação à Carga Máxima 541.17% %

(Tensile strain at Maximum Load)

Extensão à Carga Máxima 216,46663 mm Mm

(Extension at Maximum Load)

Carga Máxima 298,1 N N

(Maximum Load)

Tensão de Escoamento 29,76230 MPa MPa

(Tensile stress at Yield)

Deformação no Escoamento 10,98% %

(Tensile strain at Yield)

Módulo de Elasticidade 801,69209 Mpa MPa

(Modulus)

Tensão na Ruptura 35.46022 Mpa MPa

(Tensile stress at Break)

Deformação na Ruptura 552,34% %

(Tensile strain at Break)

Tabela 4.5 - Resultados obtidos com o ensaio de tração do PP.

Page 51: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

Figura 4.12 – Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no PP

ensaiado.

Propriedade

Resistência à Tração

Alongamento no Escoamento

Módulo de Flexão

Dureza Shore

Resistência ao Impacto Izod

Temperatura de Distorção Térmica

Índice de Fluidez (230ºC/2,16kg)

Densidade

Temperatura de Amolecimento

Tabela 4.6 – Dados do PP [http://activas.com.br/fichas/quattor/pp/homopolimero/KM6100.pdf 12/04/2014]

Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no PP

Dados do Fornecedor PP

Propriedade Valor

Resistência à Tração 36

Alongamento no Escoamento 9

Módulo de Flexão 1550

Dureza Shore D-73

Resistência ao Impacto Izod 45

Temperatura de Distorção Térmica 92

Índice de Fluidez (230ºC/2,16kg) 3,5

Densidade 0,905

Temperatura de Amolecimento 152

Dados do PP ensaiado segundo seu fornecedor. http://activas.com.br/fichas/quattor/pp/homopolimero/KM6100.pdf 12/04/2014]

41

Curva que melhor representa a relação Tensão x Deformação no PP

Unidade

MPa

%

MPa

-

J/m

°C

g/10 min

g/cm³

°C

ensaiado segundo seu fornecedor. http://activas.com.br/fichas/quattor/pp/homopolimero/KM6100.pdf 12/04/2014]

Page 52: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

42

CAPÍTULO

5 5. MOLDE DE INJEÇÃO DOS COMPONENTES PARA

FORMAR O CONJUNTO CARRO E TRILHO

O molde projetado tem como objetivo avaliar a interação de dois polímeros. O aspecto

de interesse é a movimentação de uma peça que foi sobre-injetada. Para isso, será

usado um sistema composto por um trilho e um carro. Assim, o movimento relativo do

trilho com relação ao carro poderá ser observado, caso não haja aderência ou

interferência entre as duas peças, após o processo de fabricação.

5.1 – Especificações do produto

As peças injetadas possuem certas especificidades e limitações relativas ao processo

de injeção, da mesma maneira que os outros processos de fabricação. Neste caso, as

limitações ocorrem por vários motivos como impossibilidade de fabricar o molde,

impossibilidade de retirada da peça do molde ou problemas relativos ao resfriamento

da peça que pode causar defeitos de distorções.

O principal fator a ser considerado para evitar deformações na peça é a uniformidade

de espessura. Ao se fabricar peças com espessura constante, ou com pouca variação,

garantimos que a distribuição de massa também será constante em todo o produto.

Assim, podemos considerar que a peça irá se resfriar por inteiro de com a mesma

velocidade. Evitamos, desta forma, defeitos como chupagens e vazios. Os cantos

vivos devem ser evitados, com efeito de reduzir o custo de fabricação do molde.

Page 53: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

43

Uma primeira concepção do produto é mostrada na Figura 5.1, onde podemos ver em

cinza o trilho e em azul o carro. Porem este formato não é adequado para um produto

injetado, devido às considerações feitas no parágrafo anterior. Podemos ver na Figura

5.2, um desenho mais adequado a este tipo de fabricação.

Figura 5.1 – Primeira concepção do modelo de trilho e carro.

Figura 5.2 – Produto desenhado de acordo com as especificações de injeção.

5.2 – Injetora Vertical Utilizada

Para projetor o molde é preciso definir a injetora que será usada. Nesse projeto será

empregada uma injetora vertical de bancada, fabricada pela empresa Ray-Ran,

modelo RR 3400. Este é um equipamento do LAPTEC / IMA (Laboratório de Apoio

Tecnológico / Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano).

Este equipamento foi escolhido por ser mais simples e barato que uma injetora

convenciona, também disponível no LAPTEC. Em comparação com uma injetora

Page 54: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

44

convenciona, a injetora de bancada apresenta como vantagem um número muito

menor de peças móveis, menor quantidade de material para injetar, consumo de

energia reduzido e rápido treinamento do operado. Por outro lado, o tamanho da peça

a ser injetado é limitado e seu desenho também possui limites pela simplicidade de

construção do molde. Contudo essas desvantagens não representam prejuízos para

os casos que iremos utilizar neste projeto.

A Figura 5.3 mostra a injetora de bancada utilizada para o projeto do molde com seus

principais componentes. Os moldes devem ser projetados de acordo com as

especificações deste equipamento, observando valores como as medidas da unidade

de fechamento, a capacidade de injeção da maquina e a pressão que está é capaz de

impor ao polímero. Estes dados estão mostrados na Tabela 5.1 e serão usados como

parâmetros de projeto.

Figura 5.3 – Injetora vertical de bancada Ray-Ran RR 3400 do LAPTEC

Page 55: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

45

Especificações Técnicas

Especificação Valor Unidade

Volume Máximo por Injeção 48 cm³

Máxima Pressão na Linha de Ar 9,6 Bars

Máxima Pressão do Polímero 430 Bars

Comprimento Máximo da Peça 175 Mm

Largura Máxima da Peça 40 mm

Espessura Máxima da Peça 12,7 mm

Faixa de Temperatura do Cilindro 23 – 400 °C

Faixa de Temperatura do Molde 23 – 150 °C

Tabela 5.1 – Especificações técnicas da injetora vertical de bancada. [http://ray-ran.com/uploads/injection_moulding_scr.pdf, 22/05/2014]

5.2.1 – Funcionamento da Injetora de Bancada

Apesar de sua grande simplicidade, o ciclo de injeção deste equipamento é

semelhante ao de uma injetora convencional. O ciclo de injeção de uma máquina

convencional está descrito no Capítulo 3 deste projeto.

O ciclo de injeção da injetora de bancada pode ser descrito como:

• Posicionamento do molde na câmara e fechamento manual;

• Acionamento do cilindro pneumático para preenchimento do molde com

material plastificado;

• Manter a pressão no cilindro até solidificação do material injetado (recalque);

• Aliviar a pressão e aguardar o resfriamento da peça;

• Retirar o molde da câmara para retirar a peça do molde.

Page 56: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

46

Diferente do que ocorre numa injetora convencional, as operações de fechamento do

molde, acionamento da pressão, abertura do molde e retirada da peça injetada são

realizadas manualmente, bem como, o controle dos tempos de injeção e resfriamento

é realizado pelo operador. Além disso, no equipamento convencional basta manter seu

alimentador carregado para o ciclo se mantenha, na injetora de bancada este ciclo

deve ser interrompido toda vez que a quantidade de material no barril se torne

insuficiente para uma nova injeção. Neste momento o barril deve ser recarregado e

aguardar até que o novo material alcance a temperatura de injeção para que reinicie o

ciclo.

Os únicos parâmetros a serem ajustados neste equipamento são:

• Temperatura do cilindro,

• Temperatura do molde e

• Pressão no cilindro.

5.3 – Moldes desenvolvidos

O projeto desenvolvido leva em consideração a fabricação de um molde para a

injetora de bancada descrita neste capítulo e tem a intenção de ser fabricado de forma

simples, com maquinas operatrizes manuais e usando as ferramentas comuns. A

confecção de ferramentas especiais significaria um grande aumento no custo de

fabricação do molde. Aliado a isso, o número de peças fabricadas será muito baixo,

apenas para fins de estudo.

O principal material a ser usado na fabricação destes moldes será o aço comum 1020

devido ao seu baixo custo e disponibilidade no mercado. Outros materiais são

recomendados, como mostrado no Capítulo 3 deste projeto, contudo, seu alto custo

não se justifica para a fabricação de poucas peças.

Page 57: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

47

5.3.1 – Molde do trilho

Neste molde será injetado o trilho que, posteriormente, irá receber o carro sobre ele.

Alguns dados importantes para os cálculos que serão apresentados posteriormente

podem ser vistos na Tabela 5.2 para referência e consulta futura.

O material escolhido para o trilho, ou seja, o material base foi o Polipropileno (PP).

Essa escolha ocorreu devido ao fato se ser material com maior índice de contração e

maior temperatura de injeção.

Parâmetro Valor Unidade

Material PP -

Densidade 0,905 g/cm³

Volume Injetado 3,172 cm³

Massa Total Injetada 2,871 g

Largura Máxima da Peça 25 mm

Espessura da Peça 4 mm

Comprimento da Peça 56 mm

Tabela 5.2 – Parâmetros importantes para o projeto do molde do trilho.

5.3.1.1 – Dimensionamento do molde

5.3.1.1.1 – Bucha de injeção

Recomenda-se, para a fabricação de uma bucha de injeção, que esta tenha um furo

divergente no sentido do fluxo do material, como mostrado no Capítulo 3 deste projeto.

Este formato facilita a remoção do canal solidificado. Contudo, esta geometria não

Page 58: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

48

será adotada neste molde devido à complexidade de construção e número reduzido de

peças a ser produzido.

SORS, 1965 apresenta valores experimentais para o diâmetro do canal, mostrado na

Tabela 5.3, esta tabela relaciona a massa do produto com uma faixa de diâmetros que

podem ser usados. Os valores máximos da tabela se referem a polímeros com baixa

fluidez e alta densidade.

Massa Total do Produto (g)

Diâmetro Mínimo do Canal (mm)

0 – 45 2,5 – 3,5

45 – 90 3,5 – 4,5

90 – 180 4,0 – 5,0

180 – 680 4,5 – 6,0

Tabela 5.3 – Relação da massa do produto com o diâmetro do canal da bucha de injeção. [SORS, 1965 (adaptado)]

O material recomentado para fabricação de buchas de injeção, como foi dito no

Capítulo 3 deste projeto, é o aço cromo-níquel endurecido. Contudo, o material que

será adotado é o alumínio. Esta escolha foi feita para evitar o desgaste no bico de

injeção da máquina e não será comprometedor para o desempenho do molde, pois

este irá produzir poucas peças.

O desenho da bucha de injeção está mostrado na Figura 5.4. Neste, podemos

observar o diâmetro de 2,5mm escolhido para o canal. O valor mínimo foi adotado

devido à baixa massa injetada, menor que 3g. O desenho mostra também a

conicidade, feita para acoplar o bico da injetora à bucha e o rebaixo na parte inferior

onde a bucha se encaixa no molde.

Page 59: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

49

Figura 5.4 – Desenho da bucha de injeção.

5.3.1.1.2 – Canais de Alimentação

O formato do canal de alimentação adotado será o retangular, devido à facilidade de

construção. A área de sua seção transversal deve ser igual à área da seção

transversal do canal da bucha de injeção. GLANVILL, 1963 estima uma preda de

carga 20% maior no uso de uma seção retangular, em relação à uma seção circular,

portanto multiplicaremos a área do canal de injeção por 1,2 para encontrar a área do

canal de alimentação. Ainda segundo ele, devemos usar uma relação entre 2/3 e 4/5

da profundidade em função da largura. Segue adiante a memória de cálculo para os

as medidas de largura e profundidade do canal de alimentação.

Diâmetro do canal da bucha de injeção (�):

� = 2,5��

Área da seção transversal da bucha de injeção (��):

�� =�²

4

Page 60: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

50

�� = 4,91��

Área da seção transversal do canal de alimentação (��):

�� = 1,2 × ��

�� = 5,89��

Relação entre profundidade (�) e largura (�):

� =2

3× �

Cálculo de � e �:

� × � =��

� =2

3× �

2

3× �² = ��

� = 2,97��� = 1,98��

Para o projeto, usar: � = 3�� e � = 2��.

Usaremos um pequeno poço frio para que retenha a primeira camada de polímero que

fica na ponta do bico injetor entre um ciclo e outro. Este poço terá 5mm de diâmetro e

2mm de profundidade, resultando em um furo passante na placa central do molde.

5.3.1.1.3 – Garganta

Neste projeto, não iremos adotar o uso da garganta. Esta escolha se deve ao fato

acréscimo pressão necessária para injetar o polímero. Essa escolha não irá prejudicar

Page 61: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

51

o produto final, pois o acabamento superficial não é um fator de grande importância,

bem como, a dificuldade de remover os canais de alimentação da peça não será um

problema.

5.3.1.1.4 – Canal de Saída de Ar

Uma vez que este molde não possui pinos para extração da peça injetada, precisamos

usinar um canal de saída de ar. Este canal seguirá as especificações mostradas no

Capítulo 3 deste projeto.

A Figura 5.5 mostra as três placas que compõem o molde de injeção do trilho em

perspectiva. As três placas serão chamadas de superior, inferior e central. Na placa

central se encontra a cavidade, seu canal de alimentação e seu canal de saída de ar.

A placa superior tem a função de fechamento da cavidade e nela é fixada a bucha de

injeção e a placa inferior só tem a função de fechamento. O desenho de fabricação

está anexo ao projeto, em folha padrão A3.

Figura 5.5 – Desenho em perspectiva do molde do trilho.

Page 62: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

52

5.3.1.1.5 – Ponto de Injeção

O ponto de injeção escolhido foi o único possível devido ao formato longilíneo da peca.

A adoção de um ponto na lateral da peça não é viável devido ao comprimento desta

ser de maior dimensão que a largura do molde.

5.3.2 – Molde do Carro

Este molde irá receber o trilho previamente injetado e sobre este, será injetado o carro.

A Tabela 5.4 mostra parâmetros importantes para o projeto do molde.

Parâmetro Valor Unidade

Material ABS -

Densidade 1,05 g/cm³

Volume Injetado 1,053 cm³

Massa Total Injetada 1,105 G

Largura Máxima da Peça 15 Mm

Espessura da Peça 2 Mm

Comprimento da Peça 14 Mm

Tabela 5.4 – Parâmetros importantes para o projeto do molde do carro.

As dimensões usadas para a bucha de injeção, canais de alimentação e canal de

saída de ar serão as mesmas utilizadas no molde do trilho. A Figura 5.6 mostra o

desenho do molde do carro em perspectiva. Podemos notar que na placa central, há

uma cavidade que não será preenchida pelo material a ser injetado e sim pelo trilho,

produzido em um processo anterior. As placas intermediárias, acima e abaixo da placa

central, bem como a própria placa central com o trilho nela posicionada, formaram a

cavidade para o trilho. Ao ser injetado o carro será moldado em trono do trilho e, caso

não haja adesão entre os dois materiais e a folga seja suficiente, o carro poderá se

movimentar longitudinalmente em relação ao trilho.

Page 63: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

53

Figura 5.6 – Molde do carro com cavidade para receber o trilho previamente injetado.

Page 64: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

54

CAPÍTULO

6 6. CONCLUSÃO

Neste projeto foram desenvolvidos moldes para injeção de um conjunto carro e trilho

com dois componentes incompatíveis, no caso apresentado, PP e ABS. Para

possibilitar esse desenvolvimento, foi feita uma revisão sobre injeção de multimateriais

onde foram apresentadas algumas tecnologias que permitem esse processo de

injeção. Foi descrito também um molde de injeção convencional e suas principais

peças e componentes, bem como, o seu modo de fabricação e materiais usados.

Este trabalho contém uma parte experimental onde foram executados os ensaios de

tração nos materiais escolhidos. Essa etapa teve sua importância por caracterizar os

materiais em condições de injeção semelhantes às encontradas no objeto de estudo.

Além disso, a injeção dos corpos de prova serviu para conhecer melhor a injetora

usada no projeto do molde.

Foi obtido sucesso com o ensaio de tração, tendo em vista que os resultados obtidos

foram bastante consistentes e próximos dos valores disponibilizados pelos fabricantes

dos polímeros. Outro ponto positivo está no projeto do molde que poderá ser usado

para avaliar a interação entre os polímeros apresentados nesse trabalho ou outros

materiais incompatíveis.

O processo de projeto do molde seguiu basicamente as recomendações apresentadas

pelos autores citados. As partes do molde foram dimensionadas segundo o que foi

Page 65: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

55

apresentado por um ou mais autores, chegando a um resultado final que pode ser

aplicado na injeção de peças sobreinjetadas.

Um molde de injeção pode ser muito mais complexo e caro do que o apresentado

neste projeto. Contudo, a simplicidade e o baixo custo foram considerados no seu

desenvolvimento. Apesar disto, encontramos dificuldades de fabricar o molde dentro

da universidade. Outro fator que dificultou um pouco a parte prática deste projeto foi a

maquina de injeção do LAPTEC que sofreu manutenção devido a quebra de um

componente durante a realização deste trabalho.

Uma sugestão de trabalhos futuros é a de usar o molde projetado para avaliar a

interação entre materiais incompatíveis. Ele poderá ser usado para estudar, por

exemplo, a aderência ou não dos materiais com a variação dos parâmetros da

máquina de injeção como a temperatura ou a pressão de injeção ou inverter o material

usado no carro e no trilho.

Page 66: PROJETO DE MOLDE PARA SOBREINJEÇÃO DE POLÍMEROS

56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do Brasil

CHARRIER, J. M., 1990, Polymeric materials and processing: plastics, elastomer,

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GLANVILL, A. B., DENTON, E. N., 1963, Injection-Mould Design Fundamentals.

The Machinery Publishing Co. Ltd.

HARADA, J., 2004 Moldes para injeção de termoplásticos: projetos e princípios

básicos. São Paulo, Artliber Editora.

HARADA, J., UEKI, M. M., 2012, Injeção de termoplásticos: produtividade com

qualidade. São Paulo, Artliber Editora.

ISO 527-2, Plastics – Determination of tensile properties – Part 2: Test conditions

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MANRICH, S., 2005, Processamento de Termoplásticos: rosca única, extrusão e

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PACKHAM, D. E., 2005, Handbook of Adhesion. US: John Wiley & Sons, Ltd.

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SORS, L., BARDÓCZ, L., RADONÓTI, I., 1965, Plásticos Moldes e Matrizes. São

Paulo, Hemus Editora Limitada.

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