projeto de mapeamento de painéis e murais artísticos de salvador - etapa 1 - 2009

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FUNCEB FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA DIRETORIA DE ARTES VISUAIS _________________________________________________________________ PROJETO DE MAPEAMENTO DE PAINÉIS E MURAIS ARTÍSTICOS DE SALVADOR RELATÓRIO FINAL Pesquisadora: Neila Maciel Salvador, 11 de maio de 2009

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Inventário das obras murais de Salvador

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  • FUNCEB FUNDAO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA DIRETORIA DE ARTES VISUAIS

    _________________________________________________________________

    PROJETO DE MAPEAMENTO DE PAINIS E MURAIS ARTSTICOS DE SALVADOR

    RELATRIO FINAL

    Pesquisadora: Neila Maciel Salvador, 11 de maio de 2009

  • 1

    NDICE

    1. Resumo ....................................................................................... 2

    2. Introduo Reviso Bibliogrfica .............................................. 2

    2.1 Contextos histrico, social e artstico de Salvador ..................... 2

    3. Materiais e Tcnicas .................................................................. 13

    3.1 O suporte ................................................................................. 13

    3.2 As tcnicas .............................................................................. 15

    4. Preenchimento das Fichas Catalogrficas ................................. 20

    5. Consideraes finais ............................................................... 167

    6. Tabelas.................................................................................... 170

    7. Anexo ...................................................................................... 186

    8. Referncias ............................................................................. 187

    9. Contatos da pesquisadora ....................................................... 188

  • 2

    1. RESUMO

    Este relatrio final refere-se concluso do projeto de pesquisa

    Mapeamento de murais e painis artsticos de Salvador, estes existentes em

    espaos pblicos e privados da capital baiana. Esto dispostas aqui todas as

    aes previstas no cronograma aprovado, com todos os detalhes possveis do

    contexto histrico, artstico, tcnico e biogrfico dos artistas em questo.

    2. INTRODUO REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 CONTEXTOS HISTRICO, SOCIAL E ARTSTICO DE SALVADOR

    difcil mensurar a importncia e o alcance de uma obra de arte. Todavia

    h de se concordar que, um trabalho artstico modifica, transforma o ambiente e

    as pessoas as quais ela atinge, seja de maneira positiva ou no, dependendo do

    contedo apresentado e do repertrio de cada observador. Num mundo to cheio

    de informaes visuais, um instante de reflexo ou mesmo de apreciao torna-

    se algo raro. No entanto, se prestssemos um pouco mais de ateno ao nosso

    redor, perceberamos a riqueza que existe em nossa cidade. Embora muito se

    diga que a arte se concentre em museus e galerias, existem inmeros trabalhos

    espalhados em praas pblicas, prdios pblicos e privados, instituies e

    variados locais. Trabalhos estes que precisam de uma ateno devido ao seu

    valor artstico, histrico e cultural para a nossa sociedade. Alm de serem

    trabalhos com amplo alcance, ou seja, expostos em lugares do cotidiano das

    pessoas. Visto que o hbito de freqentar museus e galerias ainda se concentra

    numa parcela muito pequena da sociedade.

    Murais, painis, monumentos, ou mesmo esculturas de grande porte

    formam uma arte de escala mais abrangente, onde o artista mantm uma relao

    de integrao com um pblico muito maior, penetrando e modificando o cotidiano

    das mais variadas pessoas, nos mais variados contextos. Para quem realiza uma

    obra de arte nesta esfera pblica, um verdadeiro exerccio de uma

    comunicao mais ampla, visto que no tem restries tais como dia e hora

  • 3

    marcados para a contemplao, as obras simplesmente invadem a percepo

    de quem passa, de forma despretensiosa, mas marcante, sem dvida.

    Estas obras no so apenas uma ampliao de quadros ou esculturas de

    pequeno porte, caracterizam-se pela multiplicidade de tenses visuais e pelo

    relacionamento democrtico com a comunidade e com o ambiente da cidade.

    possvel perceber na Histria da Arte alguns movimentos de artistas que se

    propuseram a realizar murais e painis em edifcios, escolas, encostas, etc., no

    intuito de levar arte para as massas, tornar a experincia esttica acessvel a

    todos. O movimento Muralista Mexicano, talvez seja o mais conhecido destes

    movimentos, que nas dcadas de 20 e 30 do sculo XX realizaram inmeras

    obras com esta discusso. Tambm nos anos 30 aconteceram nos Estados

    Unidos da Amrica iniciativas governamentais, nas quais os artistas eram

    patrocinados pela iniciativa pblica, na realizao de painis e murais em

    edifcios pblicos em vrias cidades do pas. Estas iniciativas serviram de modelo

    para o poder pblico, assim como para empresrios no Brasil, principalmente a

    partir dos anos 40, deste mesmo sculo.

    A arquitetura moderna, surgida no Brasil nos anos 30, vai possibilitar e at

    mesmo influenciar no aumento de encomendas de murais e painis devido ao

    prprio tratamento dado s paredes de concreto, nas quais as obras j eram

    pensadas desde a estrutura da construo, em sua maioria. possvel catalogar

    em todo o Brasil iniciativas onde o arquiteto trabalhou conjuntamente com artistas

    plsticos.

    Na Bahia, particularmente em Salvador, os murais e painis comearam a

    aparecer ainda na dcada de 1940, quando a cidade passou por um processo de

    mudana no cenrio artstico, cultural e econmico. A cidade comeou a passar

    por diversas transformaes urbansticas, e aps a Segunda Guerra, a

    acelerao do comrcio e a industrializao foram se estabelecendo. Houve a

    criao, em 1946, da Universidade Federal da Bahia pelo reitor Edgard Santos,

    responsvel por muitas mudanas no cenrio artstico de Salvador. Antonio

    Risrio (1995), num estudo sobre a avant-garde na Bahia, denomina a figura do

    reitor como uma expresso da era varguista, inserindo o mesmo nas ideologias

    tenentistas e integralistas. E aponta o nacionalismo, o industrialismo e a

    reivindicao social como as linhas mestras do discurso tenentista. Portanto,

    Edgard Santos seria, segundo Risrio, um produto desses acontecimentos. Sua

  • 4

    ao est inscrita neste horizonte de progresso cultural e modernizao

    tecnolgica da base getulista. Com a fundao da Universidade da Bahia, Edgard

    Santos teve como uma de suas metas para a capital soteropolitana, reverter o

    quadro de estagnao econmica, desprestgio poltico e marginalizao cultural

    (RISRIO, 1995, p 36). Atravs de convites para ensinar nos cursos de Msica,

    Dana (primeiro do Brasil), Teatro e Artes Plsticas, possibilitou a vinda de

    artistas de vrias partes do mundo, plenos de idias renovadoras e modernas.

    No final dos 1940 j aparece a chamada primeira gerao de modernistas

    baianos. Carlos Bastos, Genaro de Carvalho e Mrio Cravo Jr., so os trs que

    despontam na investigao e nas experincias. Logo aps o grupo foi crescendo,

    tornando-se parte dele os artistas Jenner Augusto, Rubem Valentim, Lygia

    Sampaio, Maria Clia Amado, o argentino Caryb, entre outros. Estes artistas

    no possuam uma ideologia, nem mesmo formavam uma escola ou grupo coeso,

    ao contrrio, cada um seguia com suas mais diversas tcnicas e

    experimentaes e era esta a grande novidade do conjunto. No entanto, havia

    uma ligao muito forte entre eles, uma busca contnua por uma arte que falasse

    da terra, da Bahia, de suas cores, costumes, gente e riquezas. Proposta que foi

    realizada tambm em vrios murais e painis, em edifcios pblicos e privados,

    espalhados em vrios bairros da cidade, como os painis que Caryb realizou

    nos anos cinqenta, em diversos edifcios residenciais de vrios bairros como

    Campo Grande, Graa, Barra, entre outros. Assim como, painis para o Banco

    Ita, antigo Banco Portugus, em 1957, para o Banco Bradesco em 1968, para o

    Banco Nordeste em 1972, para o antigo BANEB em 1973, alm de todos os

    painis realizados em prdios pblicos como, por exemplo, os trs painis da

    Secretaria da Fazenda em 1973.

    Naquele momento a Bahia estava sendo descoberta por artistas,

    pesquisadores, socilogos, antroplogos, escritores estrangeiros, atrados pelas

    manifestaes culturais to diversas e pelas matrizes africanas aqui preservadas,

    principalmente devido religiosidade. Entre tantos vieram para Salvador, Hansen

    Bahia, Pancetti, Caryb, Lnio Braga, Aldo Bonadei, Adam Firnekaes, Iber

    Camargo, Pierre Verger, dentro das particularidades de cada um, mas, todos

    buscando os aspectos populares da cultura baiana. As manifestaes populares

    comearam a ser valorizadas, ou ao menos reconhecidas, pelos dirigentes,

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    transformando Salvador num grande centro de Turismo nacional, recebendo o

    apoio e divulgao dos meios de comunicao. Alm disso, o grande sucesso

    dos romances de Jorge Amado e das canes de Dorival Caymmi levaram a

    Bahia para todo o mundo, atraindo para si mltiplos olhares. Tanto Caymmi como

    Amado expressaram uma viso romntica do passado da Bahia. A imagem

    transmitida era a dos veleiros, dos marinheiros, pescadores, das igrejas coloniais,

    do barroco, da mistura do profano com o sagrado, da misria com a alegria, do

    trabalho com o cio, do sincretismo religioso foroso, dos rituais do candombl.

    pertinente trazer o contexto poltico, visto que este exerceu importncia

    decisiva nas aes renovadoras da cultura na Bahia. Primeiramente, se faz

    necessrio atentar para o contexto nacional do governo Federal com o Presidente

    Getlio Vargas que desde a dcada de 30 vinha construindo uma tentativa de

    integrao nacional, cujo principal projeto se encerrava nas prticas de

    preservao do patrimnio cultural a partir da criao do SPHAN (Servio do

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional)1, em 1937. Dentro deste projeto de

    construo da identidade nacional houve inmeros debates e contradies.

    Alguns intelectuais achavam que seria prejudicial valorizar as caractersticas

    regionais, pois assim no ser possvel uma unidade nacional. Entretanto, havia

    uma outra parte dos intelectuais, como Mrio de Andrade, que sustentava a

    crena na diversidade cultural, concebendo a cultura brasileira como mltipla e

    plural, visto que o mesmo tinha constatado isso pessoalmente durante suas

    viagens pelo Brasil. Essas contradies, envolvendo uma perspectiva universal

    para a arte brasileira, seguiram nos anos trinta e quarenta.

    Na Bahia, por sua vez, o governo Estadual, na figura do governador Otvio

    Mangabeira (1947 1951), se empenhou em dinamizar a vida cultural atravs da

    valorizao da cultura popular. Fora criado o Departamento de Cultura,

    subordinado Secretaria de Educao e Sade, comandada pelo memorvel

    educador Ansio Teixeira. Por iniciativa deste governo, fora criado em 1949 o

    Salo Baiano de Belas Artes, representando a primeira manifestao de apoio

    oficial arte moderna. No estudo realizado por Ceres Coelho (1973), o Salo

    Baiano apontado como substituto dos Sales da ALA, onde participaram, nos

    seis Sales promovidos, artistas modernos e acadmicos concomitantemente.

    Alm de serem exposies de grande porte, com muitos artistas baianos, com

  • 6

    trabalhos de tcnicas variadas, os Sales contaram com a presena de artistas

    do eixo Rio - So Paulo, propiciando j um intercmbio de informaes e

    linguagens artsticas desenvolvidas no sul do pas. Intercmbio este que iria se

    aprofundar e desabrochar ainda mais durante as duas Bienais da Bahia,

    ocorridas em 1966 e 1968.

    _____________________ 1 O SPHAN foi criado a pedido do ministro de Educao e Sade, Gustavo Capanema. O anteprojeto de lei foi elaborado por Mrio de Andrade com o auxlio de outros intelectuais modernistas como Manoel Bandeira, Prudente de Moraes Neto, Lcio Costa e Carlos Drumond de Andrade. Em 1946 passa a se chamar DPHAN (Departamento do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional) e s em 1970 passa a ser IPHAN [Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional].

    O incentivo estatal tambm vinha atravs de exposies e palestras

    promovidas pelo governo, alm das encomendas de trabalhos artsticos em

    edifcios pblicos, como os murais da Escola Parque, criados entre 1953 e 1955.

    Juntamente com este apoio oficial, o movimento em torno das transformaes

    culturais contou com o suporte da imprensa e das pequenas editoras existentes

    na poca. Nomes como Wilson Rocha e o crtico cinematogrfico Walter da

    Silveira atuavam com reflexes sobre arte, cinema, literatura e cultura de um

    modo geral, fazendo o papel de divulgadores das novas tendncias da arte. Em

    1950 aconteceu uma exposio patrocinada pela Revista Caderno da Bahia,

    intitulada Novos Artistas Baianos. Tal mostra constituiu-se como a primeira

    exposio de artistas locais conscientes das inovaes, marcando o deslanchar

    da arte moderna da Bahia.

    A partir desta breve contextualizao do processo cultural que gerou a arte

    moderna, destaca-se o momento em que os artistas desta primeira gerao

    passaram a ser reconhecidos e assimilados pelo poder pblico como

    representantes de uma nova Salvador, uma nova cidade aberta para o novo, o

    moderno. E isto se deu na contratao destes artistas para a realizao de

    murais, painis, esculturas e monumentos que dessem a cara moderna

    cidade. Em Salvador a arte mural surge exatamente nos princpios da dcada de

    50, quando a cidade, aps as comemoraes do seu quarto centenrio, inicia

    uma etapa desenvolvimentista sem par, apresentando um considervel

    crescimento demogrfico, conseqente expanso nos seus limites, a construo

    de novas avenidas, tneis e viadutos, e a implantao de uma verdadeira

  • 7

    indstria de construo. Todos estes fatores propiciaram a realizao de tantas

    obras deste porte, tanto em edifcios pblicos, como privados. Este irreversvel

    processo de urbanizao, auxiliado pelo advento da arquitetura moderna, com

    suas novas tipologias, fez com que a Cidade de Salvador presenciasse, ento,

    um extraordinrio florescimento da arte mural. Edifcios bancrios, comerciais e

    residenciais procuraram se distinguir pela presena de um painel, em seus

    espaos pblicos, semi-pblicos ou, at mesmo, privados. Segundo Juarez

    Paraso (PARASO, 2006, p 34), estes murais foram executados atravs das mais

    variadas concepes e tcnicas, as quais oscilavam entre o geometrismo

    abstrato e as representaes figurativas referentes a fatos histricos da cidade,

    costumes e mitos populares e, muitas vezes, composies puramente

    decorativas e superficiais evocando, de forma banalizada, elementos do folclore

    baiano.

    Como j citado, a iniciativa do poder pblico americano da dcada de 30,

    com o Projeto Federal de Arte, serviu de inspirao para os polticos de vrios

    pases e, particularmente, da cidade de Salvador na criao de uma legislao

    especfica em relao arte mural, nica em todo o Brasil. Trata-se da Lei

    Municipal n 686, de junho de 1956, que tornava obrigatrio contemplar com

    obras de valor artstico prdios que vierem a ser construdos. Inexplicavelmente,

    esta lei no foi regulamentada. Sua regulamentao e aplicao seria de

    inestimvel valia, no s para os artistas, mas tambm pela excepcional

    produo de obras de arte que motivaria, o que colocaria Salvador numa posio

    ainda mais destacada como cidade artstica no cenrio mundial.

    Apesar da no regulamentao, houve uma enorme expanso da arte

    nestes espaos que surgiram a partir deste momento, vide inmeros edifcios

    construdos na segunda metade da dcada de 1950 e toda a dcada de 1960 os

    quais possuem em sua maioria painis e murais datados da mesma poca.

    preciso destacar que esta pesquisa teve como um de seus objetivos, justamente,

    traar um roteiro destas obras para divulgar e proteger este acervo to

    importante, criado por artistas muito significativos para a arte baiana e a

    brasileira.

    Foi constatado, em todas as fontes pesquisadas at ento, que o

    pioneirismo da arte mural em Salvador coube a Carlos Bastos, Mrio Cravo Jr.,

    Genaro de Carvalho, Jenner Augusto e Caryb. No por coincidncia, os

  • 8

    mesmos artistas que compuseram a primeira gerao de modernistas na Bahia.

    Ainda segundo Paraso, o marco zero da arte mural moderna na capital do

    Estado deve ser atribudo ao trabalho do artista Carlos Bastos, executado na

    mida e irregular parede do corredor de entrada do bar anjo Azul, na Rua do

    Cabea, no ano de 1949. Uma livre e evocativa composio figurativa, de

    extrema sensualidade envolvendo jovens figuras, quase helnicas, numa buclica

    atmosfera, em que o artista retratou amigos e parceiros de sua vida (PARASO,

    2006, p 34). Logo em seguida, em 1950, o artista Genaro de Carvalho executou

    um extenso mural de 200m no restaurante do Hotel da Bahia, utilizando a

    tcnica de tmpera a ovo, com base em elementos da cultura popular baiana,

    composio decorativa que muito explica as influncias incorporadas por ele em

    sua breve permanncia em Paris e decorrentes de diferentes vertentes da pintura

    francesa, ento hegemnica no imediato ps-guerra.

    Nesse mesmo perodo, sob a orientao do educador Ansio Teixeira, e da

    vontade poltica e sensibilidade do ento governador Otvio Mangabeira, foi

    realizado um conjunto de murais na Escola Parque, um exemplo pioneiro no

    campo educacional, tanto do ponto de vista pedaggico quanto da organizao

    espacial do conjunto de edificaes. O Centro Educacional Ernesto Carneiro

    Ribeiro, (Escola Parque), situado no bairro da Caixa Dgua e implantado em

    1950, compreende a multiplicidade das prticas educativas, tais como teatro,

    biblioteca, educao fsica, artes plsticas, rdio, jornal, etc.. A Escola Parque

    representou um exemplo maior na histria da escola pblica brasileira, um

    verdadeiro e excepcional modelo de ensino e da educao na Bahia, em busca

    da formao integral da criana e do jovem. Alm de toda a sua importncia no

    campo educacional, foi o local escolhido pelos arquitetos Digenes Rebouas e

    Hlio Duarte para a concentrao de murais dos primeiros artistas modernos da

    Bahia. A Escola Parque representa, portanto, um significativo exemplo para a

    histria das artes baianas e em especial para o muralismo na Bahia.

    Foram convidados os artistas Caryb, Maria Clia Amado (tambm

    conhecida como Maria Clia Calmon), Mrio Cravo Jr., Jenner Augusto, Carlos

    Bastos e Carlo Mangano. Cada um desses artistas executou um mural em que as

    diferentes composies variavam em dimenso, concepo e tcnica. Embora

    sobressaiam as caractersticas de cada artista, existe uma certa herana cubista

    da geometrizao abrangendo as figuras ou a prpria composio do espao.

  • 9

    Suas obras, no Centro Integrado Carneiro Ribeiro e no restaurante do Hotel da

    Bahia, foram realizadas nos primeiros anos da dcada de 50 e lanaram a

    semente da arte mural em Salvador. Qualquer outra manifestao anterior a essa

    data no tem a importncia dessas obras pela sua significao em termos de

    escala de tamanho, como conjunto monumental. Por estas razes e pelo grande

    valor representativo que estas obras possuem que deve sempre haver um

    trabalho de conservao e restaurao das mesmas, alm de uma maior

    divulgao da importncia destes murais nas prprias comunidades s quais eles

    pertencem.

    O mural de Mrio Cravo Jnior, por exemplo, intitulado A fora do

    trabalho, parece ter sido o mais preocupado com a integrao com o espao

    arquitetnico, e como disse a Professora Mrcia Magno Baptista em sua

    dissertao de mestrado Realizao de murais na UFBA (1995), todo o conjunto

    parece apropriar-se da estrutura de ferro do telhado. Na verdade, evidente a

    preocupao do artista em realizar uma composio comprometida com o

    grandioso espao destinado ao seu mural. A estrutura do telhado parece ter

    inspirado o artista a conceber o ritmo de seu trabalho, geometricamente

    simplificado e dominado por linhas de foras diagonais convergentes e planos

    triangulares que interligam as figuras menores figura central dominante. Este

    conceito de figura central dominante, tambm existe no mural de Caryb, com

    simplificao do espao e utilizao da geometrizao, apresentando-se mais

    suave e com uma interpretao mais realista pela prpria linha de trabalho do

    artista. Situa-se ao lado oposto ao trabalho de Mrio Cravo Jr. sendo, do conjunto

    dos murais, os dois maiores. A pesquisadora Mrcio Magno cita uma declarao

    elaborada pelo crtico Jos Valladares (1995, p 49), que considerava o painel de

    Caryb como um panorama da Cidade do Salvador, no qual dizia que o mural A

    evoluo do trabalho, fruto de uma interpretao futurista e cheio de aluses

    ao automatismo, viagens espaciais, dentre outras consideraes. uma obra

    integrada arquitetura, onde h uma harmonia de cores anlogas e um

    modelado sutil das figuras. Neste trabalho, o artista demonstra domnio do

    desenho e da composio mural, assim como o fez em tantos trabalhos

    espalhados pelo Comrcio, Centro Histrico, Campo Grande, Graa, Barra, etc..

    Trata-se de uma obra monumental, medindo 8m x 20m, tal qual o mural de Mrio

    Cravo, e foi realizada na tcnica de tmpera sobre madeira.

  • 10

    Seguindo com as informaes relativas aos murais da Escola Parque,

    compondo a reviso bibliogrfica realizada nesta pesquisa, encontra-se

    confeccionado com a mesma tcnica da tmpera o mural de Maria Clia Amado.

    Embora, com dimenses bem menores, 3m x 11m, o mural tem como tema O

    ofcio do homem e suas figuras apresentam uma estilizao que varia entre o

    abstrato e o figurativo. As figuras so completamente chapadas e sua

    composio deixa transparecer a influncia cubista, predominando a linha reta da

    estrutura geomtrica. Este mural, assim como os de Caryb e Mrio Cravo Jr., foi

    realizado em 1955. J os murais de Jenner Augusto e Carlos Mangano foram

    iniciados em 1953 e concludos em 1954 e, ao contrrio dos j citados, os quais

    tendem abstrao geomtrica, caracterizam-se pela carga expressionista.

    Jenner Augusto desenvolveu ritmos curvilneos para A evoluo do homem,

    carregando o trabalho com um superpovoamento, possivelmente influenciado

    pelos muralistas mexicanos. Realizado com a tcnica do afresco, sendo ele e

    Carlo Mangano os dois nicos artistas modernos a trabalhar com esta tcnica em

    Salvador. Mangano realizou seu mural na Escola Parque da mesma forma que

    Jenner, sobre uma parede de 2,70m x 20m, intitulado Trabalho de costumes.

    Neste mural possvel testemunhar a essncia do modernismo dos anos 50 na

    Bahia, onde a simplificao das figuras confirma o abandono da perspectiva

    renascentista e do modelado do realismo acadmico. So simplificaes exigidas

    pela prpria linguagem do mural, pela grande extenso da parede e pela

    visualizao do conjunto.

    Outro conjunto importante est localizado no CAB Centro Administrativo

    da Bahia, o qual tambm est descrito em algumas fontes pesquisadas.

    Implantado entre 1971 e 1974, representa o segundo grande momento de

    interferncia governamental na produo de Murais na Bahia, demonstrando a

    importncia do incentivo do poder pblico na execuo de obras de arte de

    grande porte. Dentre os artistas escolhidos para a realizao de obras no CAB

    esto presentes alguns dos artistas da Escola Parque, notando, entretanto, os

    diferentes resultados tcnicos e estticos deste conjunto. Os murais da Escola

    conseguem uma maior integrao com o ambiente, alm de possurem

    dimenses bem maiores, caracterizando-se como murais propriamente ditos. J

    os trabalhos realizados no CAB, assemelham-se a quadros ampliados, ou painis

    de mdio porte, a exemplo do Sonho de Yemanj nas guas da Bahia, pintado

  • 11

    por Fernando Coelho na tcnica de leo sobre madeira, destinado Secretria

    de Saneamento e Recursos Hdricos, com metragem de 2,60m x 9m. Ainda sem

    o mesmo compromisso com a estrutura arquitetnica, como ocorreu na Caixa

    Dgua, encontram-se outros trabalhos como o painel de Sante Scaldaferri,

    realizado para a Secretria de Indstria e Comrcio, seguindo a mesma

    linguagem simplificadora da forma. J o painel de Floriano Teixeira encontra-se

    no DERBA, Departamento de Estradas e Rodagens, uma pintura leo sobre

    compensado naval que mede 1,60m x 6m, cujas figuras fazem aluso ao

    transporte terrestre, martimo e areo, possuindo uma riqueza maior de detalhes

    e contrastes cromticos.

    As propostas de mural so melhores definidas pelos artistas Juarez

    Paraso, Caryb, Hansen Bahia e Carlos Bastos. Com Juarez Paraso os

    problemas da linguagem muralista so enfrentados, no sentido de que o mesmo

    se dispe a realizar um mural de 180 metros quadrados, contornando toda a

    parte externa da Secretaria da Agricultura, com o comprometimento das relaes

    com a arquitetura. Trata-se de um mural tridimensional, realizado com

    expressivos relevos de massa de cimento e cromatismo. A propsito deste mural

    o pesquisador Riolan Coutinho, em seu trabalho de pesquisa de 1973 A arte

    mural moderna na Bahia, declarou: Nesta sua obra maior, mestre Juarez d

    uma lio de adequao formal, concepo, integrao com a arquitetura,

    harmonia, vibrao cromtica, tcnica, uso de materiais na arte do mural e

    dinmica espacial. Atentado para os problemas de conservao, visto que o

    trabalho externo e, portanto, sujeito intempries, Juarez o fez usando a

    tcnica do mosaico, mais resistentes a ambientes externos.

    No conjunto do CAB existem alguns painis e murais de Caryb, o

    intitulado Colonizao da Bahia encontra-se na entrada da Assemblia

    Legislativa da Bahia e foi construdo com a tcnica de alto e baixo relevo em

    concreto aparente. Segundo Baptista (1995, p 53), este o mais simples na

    concepo, onde os relevos possuem apenas dois planos e as figuras so

    recortadas e repetidas na mesma linha de frontalidade. No entanto, se relaciona

    perfeitamente com a arquitetura. J na Secretaria da Fazenda, Caryb demonstra

    toda a sua habilidade manual com o entalhe da madeira, conseguindo os mais

    surpreendentes efeitos visuais nos detalhes das figuras. So 3 densos entalhes,

    dois com 2,50m x 6,0m e um com 2,50m x 4,50m , plenos de formas, numa

  • 12

    expressiva disposio de figuras e planos, contrastes e ritmos variados. Nestes

    murais o tamanho das figuras influencia diretamente no efeito do espao,

    predominando a frontalidade.

    O mural de Hansen Bahia possui texturas, as quais refletem sua origem de

    gravador. Hansen consegue efeitos prximos aos xilogrficos, seguindo seu

    prprio estilo. E, concluindo a descrio dos trabalhos do CAB, os murais

    realizados por Carlos Bastos. Primeiramente, o artista realizou um trabalho sobre

    suporte de fibra de vidro que acabou sendo destrudo num incndio. Felizmente

    este mesmo mural foi refeito pelo prprio Carlos Bastos, resgatando sua

    importncia dentro do conjunto. Esta pintura apresenta figuras de personalidades

    do mundo artstico, social, poltico, econmico e cultural da Bahia e tem como

    tema A procisso do Senhor dos Navegantes. Em quase todos os seus

    trabalhos, principalmente os painis, Carlos Bastos homenageou amigos e

    pessoas influentes. Ao longo de sua carreira realizou diversos trabalhos em

    grande escala, encomendados pelo poder pblico e tambm pela iniciativa

    privada.

    Na dcada de 80, precisamente em 1983, por iniciativa do Professor

    Juarez Paraso foi criado um imenso painel, de 100m, para a Biblioteca Central

    Reitor Macedo Costa da UFBA, onde 48 artistas, dos mais representativos da

    Bahia, formaram um grande mosaico da arte baiana. Cada qual com sua tcnica,

    sua temtica, cujo resultado tambm um marco para a arte em dimenses

    pblicas. Seguindo as dcadas de 80 e 90 foram produzidos alguns painis e

    murais, embora numa quantidade muito inferior. Os grandes artistas continuaram

    a produzir, embora em escalas menores e isoladamente. Apenas em 1998 houve

    novamente, por iniciativa da Companhia das Docas do Estado da Bahia

    CODEBA, uma reunio de artistas para desenvolverem murais de grande

    visibilidade em sua prpria sede, ao longo da Avenida da Frana. Estes foram

    produzidos por 36 artistas, sendo trs convidados e 33 escolhidos por concurso,

    num projeto em comemorao do aniversrio dos 450 anos de Salvador. At o

    momento, esta foi a ltima grande reunio de artistas na arte muralista na cidade.

    importante deixar claro que esta uma pequena introduo, entretanto,

    cumpre desde j a tentativa de abordar um pouco da histria da arte moderna na

    Bahia, conseqentemente o princpio da arte mural moderna, acrescidas de

    reflexes crticas sobre os trabalhos dos artistas que passaram a desenvolver

  • 13

    painis e murais a partir de ento, procurando, assim, dar uma viso mais ampla

    da importncia destas obras que esto mapeadas aqui.

    3. MATERIAIS E TCNICAS

    A tcnica muito importante no estudo dos trabalhos artsticos, portanto,

    foi realizado um estudo dos materiais e tcnicas utilizadas nos murais e painis,

    afim de facilitar o entendimento e a correta catalogao das obras.

    O desconhecimento dos materiais tem levado ao desaparecimento de

    importantes obras murais. No adianta a qualidade esttica obtida se o mural

    est condenado pelo emprego de pigmentos no permanentes ou pela escolha

    ou preparo inadequados dos suportes. Na verdade, os cuidados devem ser

    extremos principalmente, por que se trata de uma obra de arte pblica,

    comprometida com a arquitetura.

    A cidade do Salvador tem perdido inmeros murais, seja pela falta da

    devida conservao, principalmente situados em locais pblicos, como no caso

    do Mural de Hansen Bahia, no antigo Belvedere da S, onde funcionava a antiga

    Sutursa, seja pela iniqidade de certas empresas privadas, haja vista a

    destruio do mural (arte ambiental) do artista plstico Juarez Paraso, localizado

    no Cine Tupy. Do ponto de vista da preservao do patrimnio pblico, as

    esculturas e os monumentos de Salvador podem estar condenados ao

    desaparecimento, diante das poucas aes empreendidas.

    3.1 O SUPORTE

    Informaes retiradas da pesquisa de Mrcia Magno Baptista (1995):

  • 14

    Os cuidados que o artista muralista deve assumir tm incio com a escolha

    e a preparao do suporte. So freqentes a escolha indevida da parede para a

    realizao de murais, devido a infiltraes de gua, umidade prejudicial, emprego

    de areia salitrosa, existncia de mobilidade e contraes. Mesmo tendo sido

    escolhido apropriadamente a parede, a umidade penetrando posteriormente

    dever destruir completamente o trabalho. Ao contrrio dos antigos tipos de

    paredes, as da arquitetura moderna no dependem de sua vinculao direta com

    o solo, so apoiadas no esqueleto estrutural do concreto, minimizando o

    problema da umidade, da infiltrao pelo solo.

    As paredes so preparadas de acordo com os materiais e tcnicas

    adotados. O afresco, a tmpera, o leo, o mosaico, etc. exigem preparos

    diferenciados, prprios.

    No caso do AFRESCO devem ser eliminados da parede todos os defeitos

    mecnicos. Qualquer tipo de elemento salitroso deve ser evitado, podendo ser

    aplicado determinados tipos de seladores de boa procedncia. A parede deve

    absorver igualmente os pigmentos, devendo estar previamente seca e bem

    ventilada.

    A parede nova destinada ao mural A LEO deve ter, no mnimo, de seis

    meses a dois anos de envelhecimento, para evitar a ao nociva do lcali livre

    que permanece na argamassa. Atualmente comum o emprego da tinta ltex

    misturada com tinta acrlica, para obter-se uma absoro correta. Pode-se

    tambm pintar o mural em telas e colar posteriormente na parede. Esta tcnica

    chamada de Marouflage. uma tcnica muito antiga e tradicionalmente a tela

    colada sobre a parede aplicando-se sobre uma camada fina e uniforme de branco

    de chumbo com aceite.

    As paredes preparadas para um mural realizado A TMPERA devem ter

    um reboco especial para evitar os depsitos de sais minerais. O mural pode ser

    tambm executado sobre painel de madeira e posteriormente afixado sobre a

    parede.

    O MOSAICO pode ser fixado com argamassa de cal ou cimento, podendo

    o cimento ser escuro, branco, ou colorido se o muralista desejar harmoniz-lo

    com as cores existentes. O Mosaico pode tambm ter a sua fixao com outros

    tipos de adesivos. Dois mtodos so destacados: 1) aplicao direta

  • 15

    argamassa ou cimento, 2) aplicao de seces do mosaico sobre o cimento

    mido. A parede propriamente dita deve ser uniforme e regular.

    Para o mural realizado com RELEVOS DE MASSA DE CIMENTO,

    necessrio que a parede esteja com a superfcie bastante texturada para segurar

    devidamente a massa aplicada. O uso de ferragem fica a depender apenas da

    altura dos relevos (se mais de 15 cm). No ato da aplicao da massa, o suficiente

    para o trabalho do dia, a parede deve ser suficientemente molhada para melhor

    aderncia.

    A tcnica ACRLICA pode ser aplicada sobre diversas superfcies. Ao ar

    livre necessita de alguma proteo. Tomando-se cuidados especiais, as paredes

    podem ser de cimento, pedra, tijolo, etc. O suporte deve ser estar isento de

    umidade, ser estvel, no possuir nenhum material salitroso ou cido e deve

    estar naturalmente protegida do impacto direto de poluentes, do sol, da chuva e

    do vento.

    O mais comum para a pintura ENCUSTICA o preparo da parede

    semelhana do suporte para a tmpera com gesso e cola, ovo ou casena.

    3.2 AS TCNICAS

    AFRESCO

    O afresco consiste em fixar a cor aplicada sobre o reboco ainda mido,

    atravs do fenmeno qumico da carbonatao da cal: o hidrato de clcio ou cal,

    combinando-se com o anidrido carbnico da atmosfera, forma o carbonato de

    clcio que se cristaliza com a evaporao da gua, formando uma superfcie

    compacta de consistncia marmrea, que inclui os pigmentos da cor.

    uma tcnica bastante artesanal, difcil, mas de extraordinrios recursos

    cromticos, realizadas em espaos interiores, podendo tambm ser realizado em

    espaos externos, se pelo menos, resguardado.

    O nico mural executado nesta tcnica em Salvador de autoria do pintor

    Genner Augusto, realizado no Centro Educacional Ernesto Carneiro Ribeiro, em

    1953-54.

  • 16

    MOSAICO

    Trata-se da aplicao de pequenas unidades, constitudas de vidro,

    cermica, pedras ou outros materiais, chamadas de tesselas. Comumente so

    pequenas pastilhas coloridas com pigmentos fundidos a 100 e 1200 graus

    centigrados, com dimenses de 0,5 a 1,5 cm cada. So aplicadas sobre a parede

    coberta de cimento ou argamassa mida. impressionante a riqueza cromtica

    dos mosaicos, pelo seu brilho, intensidade e diversidade de tons.

    Essa tcnica assegura extraordinrio resultado plstico e relativa facilidade

    de conservao, pela permanncia dos materiais e reposio das unidades.

    O mosaico tem sido aplicado na arte moderna e em Salvador, numa

    modalidade especial que o vidrotil. O muralista Caryb aplicou a tcnica do

    vidrotil em vrios murais de Salvador.

    O muralista pode empregar para o seu mosaico elementos naturais como

    pedras, conchas, seixos rolados, etc, trabalhadas, alteradas as suas formas e

    tamanhos, ou no. O mosaico cermico naturalmente constitudo de tesselas

    cermicas e o vidrotil feito com o vidro opaco colorido, constitudo de alta

    densidade de diversificao cromtica por unidade de superfcie, com grande

    flexibilidade plstica. A grande vantagem do vidrotil principalmente a

    inalterabilidade das cores e a sua resistncia inclusive a diversos cidos. A sua

    porosidade zero e tem grande resistncia ao desgaste por abraso.

    TMPERA

    A sua designao fica a depender do aglutinante utilizado. A depender,

    portanto, do veculo, pela prpria origem da palavra temperare, a tmpera

    considerada a ovo, vinlica, acrlica, a cera, a leo, a cola, etc. A depender do

    aglutinante utilizado para os pigmentos, os suportes devem ser especialmente

    preparados. Comumente a tmpera tem sido aplicada sobre suporte de madeira,

    preparada de acordo.

  • 17

    O artista Genaro de Carvalho, em 1950, realizou um dos primeiros murais

    em Salvador na tcnica de Tmpera a ovo, diretamente sobre a parede, no Hotel

    da Bahia, enquanto Caryb preferiu aplic-la sobre painis de compensado, em

    1954, na Escola Parque.

    LEO

    A pintura a leo foi muito utilizada na realizao de murais , mas o seu uso

    tem sido substitudo por resinas sintticas. O leo no adequado pintura

    direta sobre o muro, sendo necessrio um preparo especial de nivelamento,

    neutralizao da alcalinidade com soluo aquosa de sulfato de zinco, e

    obteno da conveniente uniformidade de aderncia. O mais comum a

    aplicao da pintura a leo sobre tela, posteriormente colada sobre o muro ou

    aplicada sobre painel de madeira.

    ENCUSTICA

    Empregada sobre o suporte de madeira consiste no emprego de

    pigmentos corantes misturados com a cera de abelha quente aplicada com

    pincis e esptulas, mantidas quentes para posterior complementao e

    acabamento. chamada de encustica a quente quando a cera encontra-se

    liquida.

    O nico mural existente em Salvador realizado na tcnica da encustica a

    quente, diretamente sobre a parede, de autoria do artista Caryb, no edifcio

    Castro Alves. Caryb realizou mais dois murais com a tcnica da encustica a

    quente, sobre compensado, no Edifcio Baro de Itapo.

    RELEVOS DE MASSA DE CIMENTO

  • 18

    O relevo de massa de cimento, apenas com cimento, realmente

    complicado porque a massa necessitaria de retardadores, apresentando tambm

    dificuldades de modelagem e fixao. Na verdade, trata-se de uma experincia

    do mural baiano, e a massa para os relevos uma combinao de cimento, areia

    e barro, na proporo, respectivamente, de 1x2x3, podendo estas relaes serem

    alteradas, em funo da qualidade da liga do barro, que sendo muito forte pode

    ocasionar rachaduras na massa aps a secagem. A presena do barro

    imprescindvel por tornar a massa muito mais plstica, facilitando os cortes e a

    modelagem das diversas formas.

    A tcnica de Relevos de massa de cimento de resultado bastante expressivo

    em conseqncia dos efeitos de luz e sombra conseqentes. Podero os relevos

    serem posteriormente pintados, devendo o muralista ter o cuidado necessrio

    para no anular visualmente os contrastes de volumetria, em virtude das

    propriedades das cores na ordenao da iluso da profundidade.

    O primeiro artista a pesquisar sobre massa de cimento e barro para a

    aplicao da modelagem foi o Juarez Paraso.

    AZULEJO

    O azulejo como gnero de decorao nem sempre pode ser considerado

    mural, mas o artista moderno tem se apropriado da tcnica do azulejo para a

    realizao de murais. Esta tcnica aconselhada para murais externos, pelo grau

    de resistncia cromtica que oferece. A sua aplicao fcil e sua execuo

    depende de um adequado planejamento para a transferncia do objeto. Na Bahia

    o grande mestre da cermica foi o alemo Udo Knoff, tendo realizado centenas

    de trabalhos para outros artistas e projetos de mural na tcnica do azulejo de sua

    prpria criao.

    O pintor Jenner Augusto realizou um mural com esta tcnica, no Centro de

    Educao Especial na Ondina, com o tema Chegada de Tom de Souza Bahia,

    nas dimenses de 6,15 x 2,70.

    NOVOS MATERIAIS

  • 19

    O desenvolvimento da cincia e da tecnologia tm contribudo para o

    conhecimento e controle dos diversos materiais empregados nas artes plsticas.

    Na dcada de 20, vrios artistas hispanoamericanos, com destaque para Orozco,

    Siqueiros e Rivera, necessitaram empregar materiais mais permanentes e

    resistentes nos grandes murais para os edifcios pblicos. Considerando que os

    pigmentos seriam o que mudaria, era o mdio que passaria a ser polimerizado

    para aglutin-los. Desta maneira conseguiram a resina acrlica e o acetato de

    polivinilo (PVA). O que se procurava eram tintas que secassem rapidamente e

    com alto teor de permanncia e resistncia aos ataques externos.

    As tintas acrlicas superaram o leo na pintura mural, sendo aplicadas de

    diversas maneiras e com diversos efeitos. Destaque para as resinas sintticas.

    Na escultura, a resina de polister juntando-se a fibra de vidro possibilitou ao

    escultor novas oportunidades.

  • 20

    4. PREENCHIMENTO DAS FICHAS

    1) Detalhe

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Ed. Desembargador Brulio Xavier, Rua Chile

    Obra: Painel de 12,90m X 5,10m

    Data de execuo: 1964

    Tcnica: Alto e baixo relevo em concreto aparente

    Tema: A colonizao do Brasil

    Observaes: Painel de propriedade da Prefeitura Municipal de Salvador. Obra

    de grande destaque no conjunto de obras pblicas do Centro Histrico, devido a

    sua localizao privilegiada, sua monumentalidade e a importncia de seu autor

    no contexto da histria da arte baiana.

    Estado de conservao: Alm de sujeira e desgaste do material devido s

    intempries, poluio, etc., apresenta manchas de tintas diversas.

    Referncias: Encontram-se mais informaes sobre este painel no site da

    Fundao Gregrio de Matos: http://www.cultura.salvador.ba.gov.br e no livro

    FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht, 1989.

  • 21

    2) ( 3 detalhes do mesmo painel)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Banco Bradesco Agncia Chile, Rua Chile n 23

    Obra: Painel de 3m x 36m

    Data de execuo: 1968

    Tcnica: Alto e baixo relevo em Concreto aparente e outros materiais como ferro.

    Tema: A colonizao do Brasil

    Observaes: Neste painel, um dos existentes na regio do Centro Histrico,

    Caryb pde exercer sua criatividade em diversos planos, agregando materiais

    diversos, brincando com os elementos que fazem parte desta temtica que tanto

    o atraiu. A histria da colonizao brasileira, a mistura dos trs povos que

    originaram a cultura baiana, foram sempre pesquisadas e materializadas por este

    artista genial. Neste exemplo, em particular, possvel apreciar mais uma vez,

    sua habilidade em transformar um material no nobre, como o cimento, em arte.

    Este painel um verdadeiro quebra-cabea de peas trabalhadas

    minuciosamente em cada detalhe.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 22

    3)

    (Hall de entrada do Hotel)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hotel Tropical da Bahia Av. Sete de Setembro, n 1537

    Obra: trs painis, em trs ambientes, totalizando 108m

    Data de execuo: 1984

    Tcnica: Alto e baixo relevo em concreto aparente

    Tema: O painel do Hall de entrada Ritmos brasileiros, o do auditrio

    Costumes indgenas e,o do Hall do 2 andar Colonizao do Brasil

    Observaes: Os trs painis tm a mesma altura e se diferenciam pelo tema

    abordado. Cada tema explorado, como em toda a trajetria de Caryb, nos

    detalhes, nas linhas sinuosas e magistralmente simples, nas texturas

    diferenciadas. Estes painis se tornam ainda mais importantes, no conjunto da

    obra de Caryb, devido grande visibilidade que o Hotel Tropical da Bahia tem

    no cenrio nacional e internacional, no s pelo fluxo de turistas e personalidades

    importantes que nele se hospedam, mas tambm, pela importncia histrica,

    cultural, que o Hotel resguarda.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 23

    4)

    (Auditrio)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hotel Tropical da Bahia Av. Sete de Setembro, n 1537

    Obra: trs painis, em trs ambientes, totalizando 108m

    Data de execuo: 1984

    Tcnica: Alto e baixo relevo em concreto aparente

    Tema: O painel do Hall de entrada Ritmos brasileiros, o do auditrio

    Costumes indgenas e,o do Hall do 2 andar Colonizao do Brasil

    Observaes: Os trs painis tm a mesma altura e se diferenciam pelo tema

    abordado. Cada tema explorado, como em toda a trajetria de Caryb, nos

    detalhes, nas linhas sinuosas e magistralmente simples, nas texturas

    diferenciadas. Estes painis se tornam ainda mais importantes, no conjunto da

    obra de Caryb, devido grande visibilidade que o Hotel Tropical da Bahia tem

    no cenrio nacional e internacional, no s pelo fluxo de turistas e personalidades

    importantes que nele se hospedam, mas tambm, pela importncia histrica,

    cultural, que o Hotel resguarda.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 24

    5)

    (Hall do 2 andar)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hotel Tropical da Bahia Av. Sete de Setembro, n 1537

    Obra: trs painis, em trs ambientes, totalizando 108m

    Data de execuo: 1984

    Tcnica: Alto e baixo relevo em concreto aparente

    Tema: O painel do Hall de entrada Ritmos brasileiros, o do auditrio

    Costumes indgenas e,o do Hall do 2 andar Colonizao do Brasil

    Observaes: Os trs painis tm a mesma altura e se diferenciam pelo tema

    abordado. Cada tema explorado, como em toda a trajetria de Caryb, nos

    detalhes, nas linhas sinuosas e magistralmente simples, nas texturas

    diferenciadas. Estes painis se tornam ainda mais importantes, no conjunto da

    obra de Caryb, devido grande visibilidade que o Hotel Tropical da Bahia tem

    no cenrio nacional e internacional, no s pelo fluxo de turistas e personalidades

    importantes que nele se hospedam, mas tambm, pela importncia histrica,

    cultural, que o Hotel resguarda.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 25

    6)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Salo de embarque do Aeroporto Internacional Dep. Lus Eduardo

    Magalhes, Praa Gago Coutinho, s/n, Aeroporto

    Obra: Painel de 2,8m x 5m

    Data de execuo: 1984

    Tcnica: leo sobre tela

    Tema: Manifestaes culturais da Bahia

    Observaes: Este painel se assemelha mais a um quadro ampliado, nada que

    diminua o seu valor esttico. Uma pintura realizada com total domnio da forma e

    do contedo nela apresentados. Aqui, novamente, Caryb, com uma leveza e um

    aprofundamento singular, sintetiza aspectos da cultura baiana, abrangendo suas

    diversidades como a cultura sertaneja do couro, a pescaria, a capoeira e o

    samba, to tpicos do recncavo.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989

  • 26

    7)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Assemblia Legislativa da Bahia, Centro Administrativo da Bahia (CAB)

    Obra: Painel de 11m x 16m

    Data de execuo: 1973 / 1974

    Tcnica: Alto e baixo relevo em concreto aparente

    Tema: Primeiro Governador da Bahia

    Observaes: Feito em concreto, retrata aspectos culturais e histricos do povo

    brasileiro. O painel revela, em altos e baixos relevos, orixs do candombl,

    personagens do clero, caravelas, agricultores e a agro-pecuria, bandeirantes,

    ndios e europeus. Na rea central inferior da obra duas figuras encontram-se em

    destaque, entre os gentios e os ditos civilizados: Diogo lvares Correia, o

    Caramuru e sua esposa, Catarina Paraguau. Aps passar por um processo de

    restauro, em 2002, o mural voltou a apresentar suas caractersticas originais,

    alteradas devido s conseqncias do incndio que consumiu o Plenrio em

    1978. Este painel extremamente relevante porque faz parte do importante

    conjunto de obras do CAB, porm, em relao a outros painis do artista, um

    trabalho mais simplificado formalmente, sem acrscimos de outros materiais ou

    um manejo do concreto mais minucioso, apesar da presena de todos os

    detalhes pertencentes a cada personagem retratado.

    Referncias: http://www.al.ba.gov.br/historia.cfm e FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht, 1989

  • 27

    8)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada da Secretaria da Fazenda do Centro Administrativo da

    Bahia (CAB)

    Obra: Painel de 2,5m x 4,5m

    Data de execuo: 1973

    Tcnica: madeira entalhada com aplicaes de materiais diversos

    Tema: Bahia

    Observaes: Na Secretaria da Fazenda, Caryb demonstra toda a sua

    habilidade manual com o entalhe da madeira, conseguindo os mais

    surpreendentes efeitos visuais nos detalhes das figuras. So trs densos

    entalhes, plenos de formas, numa expressiva disposio de figuras e planos,

    contrastes e ritmos variados. Nestes murais o tamanho das figuras influencia

    diretamente no efeito do espao, predominando a frontalidade. Neste, intitulado

    Bahia, apresenta as referncias fortes da herana africana, portuguesa e

    indgena, com seus smbolos interpretados pelo artista.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989

  • 28

    9)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada da Secretaria da Fazenda do Centro Administrativo da

    Bahia (CAB)

    Obra: Painel de 2,5m x 6m

    Data de execuo: 1973

    Tcnica: madeira entalhada com aplicaes de materiais diversos

    Tema: Agricultura

    Observaes: Neste painel, intitulado Agricultura, percebe-se a preocupao de

    Caryb em retratar elementos importantes das atividades agrcolas da Bahia.

    Destacando os produtos que sustentaram a economia do Estado em momentos

    variados da histria, como a cana-de-acar, o cacau, o fumo, entre outros, alm

    de retratar tambm a fora dos trabalhadores rurais, essenciais para o

    desenvolvimento da produo. E, apesar de sobrepostos, estes homens e

    mulheres tm cada qual sua individualidade, sua fora.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989

  • 29

    10)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada da Secretaria da Fazenda do Centro Administrativo da

    Bahia (CAB)

    Obra: Painel de 2,5m x 6m

    Data de execuo: 1973

    Tcnica: madeira entalhada com aplicaes de materiais diversos

    Tema: Minerao

    Observaes: Neste painel, Caryb explorou o movimento. Com uma

    representao espacial planificada, prpria da arte moderna, cria um ritmo que

    caminha entre braos, ferramentas, mquinas, materiais que representam os

    minerais, tirando de poucos entalhes tudo o que lhe era preciso para externar a

    fora e a importncia deste trabalho to rduo.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989

  • 30

    11)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada do Edifcio Campo Grande n 307, Campo Grande

    Obra: Painel de 2,70m x 5m

    Data de execuo: 1956

    Tcnica: mosaico

    Tema: ndios guerreiros

    Observaes: Os ndios guerreiros de Caryb so de um colorido estonteante,

    iluminados e inspirados na pintura corporal e na vegetao brasileira, os quais

    ficam ainda mais vibrantes, pois, recebem iluminao indireta do sol. Os trs

    pilares de sustentao da rea onde se localiza este mosaico tambm

    apresentam figuras de ndios estilizados, de tamanho reduzido, de autoria deste

    artista. Este mais um dos muitos painis que Caryb realizou em edifcios

    residenciais na dcada de 50. Naquele momento, Salvador crescia rapidamente e

    tentava se encaixar nos ideais modernos de uma grande cidade. Arquitetura

    moderna, artistas de todos os segmentos, locais e estrangeiros, valorizao do

    patrimnio, enfim, tudo contribuiu para a grandiosa produo de obras de arte em

    espaos pblicos e privados. A maioria das construes desta poca ainda

    preserva estes trabalhos, os quais so to importantes no cenrio da arte baiana.

    Estado de conservao: Bom Estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 31

    12)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada do Edifcio Guilhermina n 33, Campo Grande

    Obra: Painel de 2,80m x 19m

    Data de execuo: 1964

    Tcnica: concreto e ferro

    Tema: Bahia

    Observaes: Este painel se encontra a poucos metros do Edifcio Campo

    Grande, analisado na ficha n 11, e com isso, pode-se notar a habilidade de

    Caryb ao criar em diversos suportes e materiais. Aqui, o artista explora o ferro,

    um material pesado, assim como o cimento, e os transforma em formas elegantes

    e delicadas de peixes, pescadores, smbolos indgenas, entre outras, mais uma

    vez mergulhado na cultura da Bahia. Era um verdadeiro mestre da delicadeza

    dos traos e da representao da cultura baiana.

    Estado de conservao: o ferro est oxidado e algumas partes j se perderam

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 32

    13)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Fachada da Fundao Casa de Jorge Amado, Pelourinho

    Obra: Painel de 1m x 2m

    Data de execuo: 1987

    Tcnica: baixo e alto relevo em concreto

    Tema: As trs raas

    Observaes: Grande observador, Caryb projetou em tudo o que fez os

    fundamentos da nao brasileira, a grande mistura entre brancos, negros e

    ndios. Neste pequeno painel de concreto as trs raas esto dispostas

    frontalmente, isoladas, mas unidas na formao do Brasil, como sempre atentou

    Caryb.

    Estado de conservao: Em processo de deteriorizao devido intensa

    umidade na parede e s intempries, visto que o painel se encontra na parede

    externa da Fundao.

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 33

    14)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Pedro Calmon, Rua Professor Sabino Silva n443, Jardim Apipema

    Obra: Painel de 3,50m x 2m

    Data de execuo: 1989

    Tcnica: entalhe em madeira

    Tema: Traos do desenvolvimento da Bahia

    Observaes: No emaranhado de pessoas, objetos, animais, produtos,

    sobrepostos uns aos outros, Caryb narra fatos histricos, assim como, as

    diferentes regies culturais, os ciclos econmicos da cana-de-acar, do

    diamante, os smbolos das religies afrodescendentes, vaqueiros, cangaceiros,

    uma depurada crnica visual da Bahia.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 34

    15)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Foyer do Teatro Castro Alves (desde 1993), Praa Dois de Julho, s/n

    Campo Grande

    Obra: Painel de 4m x 18m

    Viso parcial

    Viso parcial

    Viso parcial

  • 35

    Data de execuo: 1978

    Tcnica: concreto e ferro, entalhe sobre madeira, entre outras.

    Tema: Fundao da Cidade do Salvador

    Observaes: Jos Cludio da Silva (In FERRER) aponta o movimento e o ritmo

    como elementos principais de seus trabalhos. Neste riqussimo painel, criado

    para o antigo BANEB em 1978, o qual foi restaurado e transferido para o Foyer

    do TCA em 1993, Caryb brincou com os materiais, madeira, concreto, ferro,

    metais, tintas, criando uma composio mltipla e coerente ao mesmo tempo.

    Conseguiu inovar, mesmo num tema abordado por ele tantas vezes. Cada

    detalhe, cada pormenor, a incrustao de elementos diversos demonstra a

    vontade de experimentar, agregar valores simblicos. Este painel talvez seja um

    dos mais inventivos e completos realizados pelo artista em Salvador.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989.

  • 36

    16)

    (detalhe)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Rua Saldanha Marinho

    n134, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 8,20m x 20m

    Data de execuo: 1964

    Tcnica: tmpera sobre madeira

    Tema: A evoluo do trabalho

    Observaes: Neste mural h um conceito de figura central dominante, com

    simplificao do espao e utilizao da geometrizao, apresentando-se mais

    suave e com uma interpretao menos realista pela prpria linha de trabalho do

  • 37

    artista. A pesquisadora Mrcio Magno cita uma declarao elaborada pelo crtico

    Jos Valladares (1995, p 49), que considerava o painel de Caryb como um

    panorama da Cidade do Salvador, no qual dizia que o mural A evoluo do

    trabalho, fruto de uma interpretao futurista e cheio de aluses ao

    automatismo, viagens espaciais, dentre outras consideraes. uma obra

    integrada arquitetura, onde h uma harmonia de cores anlogas e um

    modelado sutil das figuras. Neste trabalho, o artista demonstra domnio do

    desenho e da composio mural. Trata-se de uma obra monumental, medindo

    8m x 20m, e foi realizada na tcnica de tmpera sobre madeira.

    Estado de conservao: em processo de deteriorizao

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 38

    17)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Concrdia (endereo no localizado)

    Obra: Painel de 3m x 10m

    Data de execuo: 1954

    Tcnica: mosaico

    Tema: Puxada de rede

    Observaes: sabido que Caryb mergulhou profundamente na cultura baiana,

    principalmente, no cotidiano da populao pobre e negra. Artista estrangeiro que

    penetrou nos detalhes, admirou com sensibilidade as nuances, os movimentos

    corporais, a esttica diferenciada e colorida. A sua interpretao e percepo

    sobre tudo o que lhe cercava esteve presente em todos os seus trabalhos, no

    importa a tcnica utilizada. Foi um desenhista, um colorista, um narrador que

    deixava tudo leve e cheio de vida. Neste mosaico, as formas so criadas por

    massas de cores e o movimento pelas linhas dos corpos e objetos que narram

    esta cena tpica da gente que mora ou sobrevive do mar.

    Este painel est presente em publicaes recentes, porm, no foram

    encontrados dados que permitissem localizar o endereo do Edifcio Concrdia,

    nem mesmo atravs da investigao in loco.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 39

    18)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Catarina Paraguau, Rua Teixeira Leal n 17, Graa

    Obra: Painel de 3,40m x 4,80m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: Pintura sobre parede

    Tema: Catarina Paraguau

    Observaes: Este painel narra mais uma vez uma parte da histria do Brasil e,

    da Bahia particularmente. Caryb escolheu pintar todos os elementos da cena

    com cores chapadas, inclusive o fundo que tambm se mistura aos elementos do

    primeiro plano. Utilizou apenas quatro cores, mas, como sempre, conseguiu

    expressar tudo o que queria com poucos elementos.

    Estado de conservao: algumas partes esto danificadas pela ao do tempo,

    principalmente na parte inferior

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 40

    19)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Cidade do Salvador, Sala de reunies da Comisso de Comrcio

    de Cacau da Bahia, 10 andar, Av Estados Unidos n 397

    Obra: Painel de 3m x 7,7m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: mosaico

    Tema: Progresso

    Observaes: Caryb foi um mestre com os pincis e conseguiu efeitos muito

    prximos em seus mosaicos. As massas de cores criam volumes,

    tridimensionalidade, sem apelar para efeitos dgrads. So cores que se

    sobrepem assim como na suas aquarelas revelando msculos, movimentos.

    Neste, particularmente, foram criados grupos que realizam suas aes em planos

    diferenciados dando um efeito de profundidade muito bem estruturado, porm,

    sem ser tradicional ou naturalista.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 41

    20)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Fachada do Edifcio Ilhus, Av. Estados Unidos, n 137, Comrcio

    Obra: Painel de 8m x 5m

    Data de execuo: 1956

    Tcnica: mosaico e pedra

    Tema: Quetzalcoatl

    Observaes: Neste painel, Caryb traz referncias de outras culturas indgenas

    da Amrica Latina. Os indgenas representados ostentam seus traos culturais

    nos objetos, nas roupas, nas pinturas corporais. uma das poucas excees ao

    tema da cultura baiana.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 42

    21)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Baro Itapoan, Rua Baro de Itapoan n 74, Barra

    Obra: Painel de 3m x 4,30m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: encustica a fogo

    Tema: Os pescadores

    Observaes: Neste painel, que tem dimenses menores, Caryb representa

    figuras de pescadores com uma carga expressionista muito forte, carregando-as

    com contornos escuros. Mais uma vez revelando o retrato de pessoas simples,

    trabalhadores, gente comum, onde o artista via infinitas belezas sem a pretenso

    de uma arte com cunho social. Era a riqueza da cultura que lhe interessava.

    Estado de conservao: um pouco escurecida

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 43

    22)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Tupinamb (endereo no localizado)

    Obra: Painel de 2,5m x 3m

    Data de execuo: 1957

    Tcnica: mosaico

    Tema: Os tupinambs

    Observaes: Caryb apresenta a cultura Tupinamb atravs de blocos, cada um

    mostra um aspecto de sua dana, seus utenslios domsticos, suas armas, sua

    arquitetura, seus rituais, ou seja, a identidade cultural de um povo mostrado

    atravs de sua arte. um estudo visual belssimo de um povo que foi dizimado

    pela colonizao.

    Este painel est presente em publicaes recentes, porm, no foram

    encontrados dados que permitissem localizar o endereo do Edifcio Tupinamb,

    nem mesmo atravs da investigao in loco.

    Estado de conservao: um pouco desgastado nas bordas superiores

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 44

    23)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Banco Ita (antigo Banco Portugus) (endereo no localizado)

    Obra: Painel de 6,50m x 7,80m

    Data de execuo: 1957

    Tcnica: encustica a frio

    Tema: Descobrimento

    Observaes: A cena retratada ganha uma interpretao cheia de emoo, onde

    os portugueses parecem agradecer de uma maneira muito fervorosa ao mesmo

    tempo em que so observados por indgenas muito serenos, os quais esto

    presenciando a colocao da cruz, primeiro signo imposto da cultura estrangeira.

    Caryb consegue um efeito cromtico como se tivesse pintado leo, tcnica

    que permite mais possibilidades que a encustica.

    Este painel est presente em publicaes recentes, porm, no foram

    encontrados dados que permitissem localizar o endereo desta agncia do Banco

    Ita, nem mesmo atravs da investigao in loco.

    Estado de conservao: no foi possvel visualizar seu estado atual

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 45

    24)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Banco do Nordeste do Brasil S/A, Av. Estados Unidos n 346, Comrcio.

    Obra: Painel de 3m x 13m

    Data de execuo: 1972

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: A diversidade cultural do Nordeste

    Observaes: Este painel um verdadeiro passeio pelas culturas nordestinas.

    Caryb gostava muito de criar blocos, micro cenas que se sobrepem para narrar

    jogos, rituais, o cotidiano do trabalho, fatos histricos, enfim pontos marcantes e

    simblicos da cultura. Nesta pintura as cores so muito marcantes, apesar do

    trato meio aquarelado, mas as massas de cores so muito fortes e nos conduz

    cena por cena, onde, tudo o que importava foi minuciosamente detalhado.

    Estado de conservao: No foi autorizada a visualizao

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 46

    25)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada do Edifcio Cidade de Salvador, Av. Estados Unidos, n

    397

    Obra: Painel de 5,30m x 6m

    Data de execuo: 1951

    Tcnica: tmpera a ovo sobre madeira

    Tema: Fundao de Salvador

    Observaes: Os principais smbolos da Salvador antiga esto presentes neste

    painel que conta simbolicamente a fundao de Salvador. O Forte representando

    a fora militar, as embarcaes representando as relaes internacionais, a

    arquitetura religiosa representando o poder e a misso da Igreja e as figuras dos

    portugueses discutindo a misso que lhes foi dada. Tudo com muitas nuances,

    assim como, um jogo de cores chapadas sobrepostas umas as outras,

    valorizando os desenhos.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 47

    26)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Banco de Crdito FINIVEST, Rua da Grcia n 11, Comrcio

    Obra: Painel de 6,10m x 10,60m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: tmpera a ovo sobre muro

    Tema: O cultivo da cana-de-acar

    Observaes: Caryb conseguiu um rico efeito de aquarela neste mural. As

    nuances da pele de cada pessoa retratada, a fora dos msculos destes

    trabalhadores, alm de tantos outros detalhes que vo desde o cultivo, corte,

    transporte, at a usina e a fabricao do acar, revelam a maestria do artista ao

    trabalhar as cores nestas dimenses e numa tcnica muito mais difcil que a

    pintura leo.

    Estado de conservao: na parte inferior, prxima ao cho, algumas partes j

    caram

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 48

    27)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Castro Alves, Rua Carlos Gomes n103, Centro

    Obra: Painel de 1,50m x 3,50m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: encustica a fogo

    Tema: Navio Negreiro

    Observaes: Talvez seja pela dificuldade da tcnica, ou devido ao estado ruim

    em que se encontra, com a impresso, inclusive, que foi retocado de maneira

    grosseira, no possvel identificar as nuances de cores que Caryb conseguia

    em seus trabalhos, mesmo os chapados. O desenho suave e o movimento so

    mantidos, mas de todos os murais pesquisados deste artista, este o mais

    confuso e de difcil associao com o repertrio por ele criado.

    Estado de conservao: muito deteriorado, provavelmente algumas partes foram

    repintadas por cima sem muitos cuidados

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 49

    2

    28)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall do Edifcio Labrs, Avenida Estados Unidos n 81 ou 6, Comrcio

    Obra: Painel de 2,80m x 14m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: mosaico

    Tema: Espcies marinhas

    Observaes: Caryb usou o mosaico como tcnica e tambm como tema neste

    painel. Construiu um jogo com blocos de cores e inseriu criaturas marinhas,

    desenvolvendo-as com sua grande habilidade de desenhista, ou seja, em cada

    peixe, alga, lagosta ou qualquer outra espcie, Caryb se preocupou com os

    detalhes, as nuances de cores, dando sua interpretao, como exmio colorista

    que era.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 50

    29)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada lateral do Edifcio Florensilva, atualmente Agncia do

    Instituto da Previdncia Social, Av. Sete de Setembro n 9193, So Pedro

    Obra: Painel de 3,0m x 12m

    Data de execuo: 1956

    Tcnica: aplicaes de pedras

    Tema: Sereias, capoeiristas e pescadores

    Observaes: Neste painel Caryb explora o formato e a textura das pedras

    alcanando um desenho simples, porm, altamente simblico. Seus

    personagens, sereias, capoeiristas, pescadores, retirados do cotidiano da

    mitologia baiana dos anos cinqenta, os quais ficaram para sempre

    representados neste e em tantos outros trabalhos.

    Estado de conservao: paredes midas e pedaos das pedras j caram em

    alguns lugares

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 51

    30)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada lateral do Edifcio Bermudas n 1592 ou 303, Av. Sete de

    Setembro, Campo Grande

    Obra: Painel de 2,35m x 7m

    Data de execuo: 1968

    Tcnica: concreto aparente

    Tema: Capoeira

    Observaes: Num relevo suave, sem grandes profundidades ou mudanas de

    planos, Caryb consegue apresentar mais uma vez a essncia do seu objeto de

    representao. Seus capoeiristas em pleno movimento do jogo/dana revela a

    maestria do artista ao lidar com todos os tipos de materiais.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 52

    31)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Hall de entrada do Espao Unibanco Glauber Rocha Praa Castro Alves

    s/n, Centro

    Obra: Painel de 3m x 15m

    Data de execuo: 1953 e restaurado em 2008

    Tcnica: esgrafiato e leo sobre reboco fresco

    Tema: ndios guaranis

    Observaes: Este painel tem uma grande importncia para a memria cultural

    baiana. Realizado em 1953 para o Cine Guarani, que depois passou a se chamar

    Glauber Rocha, ponto de encontro de artistas, cineastas, e toda a juventude que

    movimentou a cultura na Bahia nas dcadas de 50 e 60, ficou praticamente

    destrudo por muitos anos, aps o fechamento do Cinema. Somente em 2008 o

    Unibanco reinaugurou o cinema, juntamente com um espao cultural contendo

    inclusive uma livraria, devolvendo ao pblico o painel com as figuras dos ndios

    guaranis de Caryb.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 53

    32)

    Artista: Caryb (1911-1997)

    Local: Edifcio Lord Cochrane, Rua Lord Cochrane n 17 49, Barra

    Obra: Painel de 2,40m x 7,40m

    Data de execuo: 1954

    Tcnica: esgrafiato e leo sobre reboco fresco

    Tema: Navegadores

    Observaes: Este painel se assemelha a um grande desenho, no qual podemos

    visualizar a maestria do trao do artista. Caryb surpreende em seus trabalhos da

    dcada de 50, pois inova a cada edifcio, a cada painel. Utilizando sempre

    poucos traos, poucos cones para retratar cenas, fatos histricos, construindo

    um acervo incomparvel sobre a cultura brasileira e baiana.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 54

    33)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Rua Saldanha Marinho

    n 134, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 2,59m x 2,54m

    Data de execuo: 1949

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: Jogos infantis

    Observaes: Carlos Bastos faz parte da primeira gerao de modernistas

    baianos, a qual abriu as portas para a modernizao da arte na Bahia. Este

    painel da Escola Parque do final dos anos quarenta, ou seja, perodo da

    implantao dos ideais modernistas em Salvador, portanto, uma obra referncia

    para todos os painis e murais que vieram depois. Carlos Bastos, que tinha

    retornado recentemente de seus estudos nos Estados Unidos, brincou com os

    planos neste painel, valorizando cada personagem e desconstruindo todo um

    ideal naturalista de perspectiva, o qual os baianos eram habituados at ento.

    Estado de conservao: necessita de recuperao e manuteno

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 55

    34)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Edifcio Martins Catharino, Rua da Ajuda n1

    Obra: Painel de 2,06m x 9,2m

    Data de execuo: 1964

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: A procisso

    Observaes: Carlos Bastos foi um retratista por excelncia. Praticamente todos

    os seus trabalhos, desde quadros de cavalete aos grandes murais e painis, tm

    o retrato como base de suas composies. Mesmo inserindo as novidades

    modernas, o desenho marcado e o figurativismo sempre foram destacados em

    suas obras. Seu realismo beirava o fantstico, o surreal. Transformava a

    paisagem da Bahia numa viso mgica, com anjos, sereias, cachorros e dava

    aos seus personagens a face de seus amigos, das personalidades importantes, a

    sua prpria. Neste painel, por exemplo, podemos perceber claramente o seu

    retrato, o de Jorge Amado e de Sante Scaldaferri, entre tantos outros que

    seguem esta procisso to barroca e to baiana.

    Estado de conservao: em algumas partes o pigmento j se desprendeu

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 56

    35)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Mosteiro de So Bento, Largo de So Bento s/n, Centro

    Obra: Painel de 0,80m x 2,20m

    Data de execuo: 1974

    Tcnica: concreto e ferro

    Tema: Mosteiro de So Bento

    Observaes: Este trabalho consta nas referncias bibliogrficas pesquisadas,

    como um painel, porm, devido ao tamanho reduzido, se aproxima mais de um

    quadro de cavalete. Apresenta uma viso panormica da cidade a partir do

    Mosteiro de So Bento, assim como seus habituais anjos, que neste caso

    seguram uma facha com o nome do Mosteiro, juntamente com a figura de dois

    monges, todos tratados com um realismo fantstico, to ao gosto do artista.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 57

    36)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Centro Empresarial Iguatemi II, Av. Tancredo Neves n 274

    Obra: Painel de 2,93m x 4,80m

    Data de execuo: 1979

    Tcnica: leo sobre tela colada sobre madeira

    Tema: A chegada dos orixs na Bahia

    Observaes: Num universo de fantasia, Carlos Bastos traz neste painel um

    cenrio que mistura histria, lendas, mitos, traos culturais e transforma-os em

    outra realidade, uma Salvador idealizada, iluminada e povoada de cores. A

    personificao dos orixs chegando imponentes no novo continente, onde a

    diversidade impera, onde os negros, brancos e ndios comungam do mesmo

    espao e energia. Suas pinturas so quase sempre imersas numa atmosfera de

    sonho, um realismo fantstico, onde cada ser importante e nico, onde o

    desenho sempre se destaca, talvez pelo compromisso em registrar sua

    identidade, sua cultura.

    Estado de conservao: no foi possvel visualizar seu estado atual

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos,

    2000

  • 58

    37)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Memorial da Faculdade de Medicina da UFBA, Terreiro de Jesus,

    Pelourinho

    Obra: Painel de 2,20m x 8m

    Data de execuo: 1982

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: A chegada de Dom Joo VI na Bahia em 1808

    Observaes: Novamente, Carlos Bastos realiza um minucioso trabalho de

    pesquisa e criatividade neste painel que narra um fato histrico to importante.

    Com a paisagem da cidade baixa e o porto ao fundo e a Famlia Real no primeiro

    plano, a qual divide espao com sditos, escravos, curiosos e animais, numa

    interpretao particular da histria. Um estudo de costumes, comportamento,

    moda e sem dvida, retratos, sua preferncia.

    Estado de conservao: bom estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 59

    38)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Auditrio do Edifcio Goes Calmon, Rua Miguel Calmon n 285, Comrcio

    Obra: Mural de 4,10m x 21m

    Data de execuo: 1961

    Tcnica: leo sobre parede

    Tema: Comrcio no porto de Salvador no princpio do sculo XX

    Observaes: Neste mural, Carlos Bastos constri uma paisagem a partir de

    documentos histricos e da prpria vivncia da populao que ainda alcanou

    esse perodo, onde a vida se concentrava na regio do comrcio e do porto de

    Salvador. Podemos ver detalhes do vesturio, do trabalho no porto, das ms

    condies da populao negra, dos hbitos culturais do comeo do sculo XX,

    tudo retratado no estilo quase fotogrfico do artista.

    Estado de conservao: no foi permitida a visualizao do mural, mas a

    administrao do prdio afirmou que est em timo estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 60

    39)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Hall de entrada do Edifcio Big, Praa da Inglaterra n 6, Comrcio

    Obra: Painel de 5m x 2,07m

    Data de execuo: 1959

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: A vida da cidade no princpio do sculo XX

    Observaes: A cidade dividida entre a parte baixa e a alta o que nos

    apresentado por Carlos Bastos neste painel, com seus planos recortados, blocos

    de figuras, levando nosso olhar a percorrer todo o espao pintado. As igrejas, as

    construes civis, o trabalho escravo, as senhoras acompanhadas, tudo nos

    transporta para o cotidiano de Salvador do comeo do sculo XX, mas ainda

    submersa no clima colonial.

    Estado de conservao: a pintura est bastante escurecida

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 61

    40)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Banco Ita, Agncia Piedade, Av. Sete de Setembro n616, Piedade

    Obra: 4 Painis de 2,40m x 1,70m cada

    Data de execuo: 1965

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: Conde dos Arcos, Maria Quitria, Caramuru e Thom de Souza

    Observaes: Carlos Bastos nos apresenta o retrato de quatro personalidades

    importantes da histria da Bahia e do Brasil. Cada painel representa os smbolos

    e postura particulares de cada um: Conde dos Arcos, Maria Quitria, Caramuru e

    Thom de Souza em seus contextos histricos e paisagens, numa demonstrao

    da importncia singular de cada momento.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 62

    41)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Gabinete de Comunicao da Prefeitura Municipal de Salvador, Praa

    Municipal

    Obra: 1 Painel de 1,20m x 2,25m

    Data de execuo: 1963

    Tcnica: leo sobre madeira

    Tema: Vista da Baa de Todos Santos

    Observaes: Em mais uma vista da cidade dividida por planos, Carlos Bastos

    nos permite ter esta viso a partir dos saveiros, os quais hoje em dia, quase no

    so vistos. uma vista da velha Salvador, do comrcio de mercadorias vindas do

    recncavo, mas tambm uma viso de uma cidade a se desenvolver, com

    prdios altos na parte superior, ou seja, um retrato exatamente do perodo em

    este painel foi pintado, um registro de uma poca.

    Estado de conservao: timo estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000 e investigao in loco

  • 63

    42)

    Artista: Carlos Bastos (1925-2004)

    Local: Plenrio da Assemblia Legislativa - CAB

    Obra: Painel de 10m x 16m

    Data de execuo: 1973 / 1994

    Tcnica: leo sobre fibra de vidro / leo sobre madeira

    Tema: A procisso do Senhor dos Navegantes.

    Observaes: Primeiramente, o artista realizou um trabalho sobre suporte de fibra

    de vidro, retratando 142 personalidades, pintado entre 1973 e 1975 que acabou

    sendo destrudo num incndio, em 11 de novembro de 1978. Felizmente este

    mesmo mural foi refeito pelo prprio Carlos Bastos em 1994, resgatando sua

    importncia dentro do conjunto. A nova pintura apresenta 170 figuras de

    personalidades do mundo artstico, social, poltico, econmico e cultural da Bahia,

    demonstrando a grande habilidade no retrato, e tem como tema A procisso do

    Senhor dos Navegantes.

    Estado de conservao: Bom estado

    Referncias: BASTOS, Carlos. Carlos Bastos. Rio de Janeiro: Carlos Bastos, 2000

  • 64

    43)

    Artista: Mrio Cravo Jnior (1923 -)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Rua Saldanha Marinho

    n 134, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 8,20m x 20m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: tmpera sobre madeira

    Tema: A fora do trabalho

    Observaes: O mural de Mrio Cravo Jnior, intitulado A fora do trabalho,

    parece ter sido, dentre os murais da Escola Parque, o mais preocupado com a

    integrao com o espao arquitetnico, e como disse a Professora Mrcia Magno

    Baptista em sua dissertao de mestrado Realizao de murais na UFBA

    (1995), todo o conjunto parece apropriar-se da estrutura de ferro do telhado. Na

    verdade, evidente a preocupao do artista em realizar uma composio

    comprometida com o grandioso espao destinado ao seu mural. A estrutura do

    telhado parece ter inspirado o artista a conceber o ritmo de seu trabalho,

    geometricamente simplificado e dominado por linhas de foras diagonais

    convergentes e planos triangulares que interligam as figuras menores figura

    central dominante.

    Estado de conservao: em processo de deteriorizao

    Referncias: FURRER, Bruno. Caryb. Salvador: Fundao Emlio Odebrecht,

    1989 e investigao in loco.

  • 65

    44)

    Artista: Maria Clia Amado (no foram encontrados dados sobre as datas de

    nascimento e morte)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Rua Saldanha Marinho

    n 134, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 2,80m x 19m

    Data de execuo: 1955

    Tcnica: tmpera sobre madeira

    Tema: O ofcio do homem

    Observaes: O mural de Maria Clia Amado tem como tema O ofcio do

    homem e suas figuras apresentam uma estilizao que varia entre o abstrato e o

    figurativo. As figuras so completamente chapadas e sua composio deixa

    transparecer a influncia cubista, predominando a linha reta da estrutura

    geomtrica. Este mural, assim como os de Caryb e Mrio Cravo Jr., foi realizado

    em 1955. Maria Clia Amado era uma das artistas mais destacadas nos primeiros

    anos do modernismo na Bahia.

    Estado de conservao: em processo de deteriorizao

    Referncias: COUTINHO, Riolan Metzker. A arte mural moderna na Bahia. Pesquisa realizada para UFBA, s/d.

  • 66

    45)

    Artista: Jenner Augusto (1924-1933)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Rua Saldanha Marinho

    n 134, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 2,70m x 20m

    Data de execuo: 1953 e 1954

    Tcnica: afresco

    Tema: A evoluo do homem

    Observaes: Os murais de Jenner Augusto e Carlos Mangano foram iniciados

    em 1953 e concludos em 1954 e, ao contrrio dos j citados, os quais tendem

    abstrao geomtrica, caracterizam-se pela carga expressionista. Jenner

    Augusto desenvolveu ritmos curvilneos para A evoluo do homem, carregando

    o trabalho com um superpovoamento, possivelmente influenciado pelos

    muralistas mexicanos. Realizado com a tcnica do afresco, sendo ele e Carlos

    Mangano os dois nicos artistas modernos a trabalharem com esta tcnica em

    Salvador.

    Estado de conservao: em processo de deteriorizao

    Referncias: COUTINHO, Riolan Metzker. A arte mural moderna na Bahia. Pesquisa realizada para UFBA, s/d.

  • 67

    46)

    Artista: Carlos Mangano (no foram encontrados dados sobre as datas de

    nascimento e morte)

    Local: Escola Parque, Centro Integrado Carneiro Ribeiro, Caixa Dgua

    Obra: Painel de 2,70m x 20m

    Data de execuo: 1953 e 1954

    Tcnica: afresco

    Tema: Trabalho de costumes

    Observaes: Mangano realizou seu mural na Escola Parque da mesma forma

    que Jenner, sobre uma parede de 2,70m x 20m, intitulado Trabalho de

    costumes. Neste mural possvel testemunhar a essncia do modernismo dos

    anos 50 na Bahia, onde a simplificao das figuras confirma o abandono da

    perspectiva renascentista e do modelado do realismo acadmico. So

    simplificaes exigidas pe