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31/7/2014 Projeto de lei obriga o comércio a devolver o troco em centavos | Notícias JusBrasil http://vitorgug.jusbrasil.com.br/noticias/129935762/projeto-de-lei-obriga-o-comercio-a-devolver-o-troco-em-centavos?utm_campaign=newsletter&utm_med… 1/3 Projeto de lei obriga o comércio a devolver o troco em centavos Falta de moedas estimula práticas como dar bala de troco ou arredondar preço para cima.Problema é a cultura de desprezo dos centavos Publicado por Vitor Guglinski - 1 dia atrás Publicado em 30/07/2014 | Camille Bropp Cardoso Um projeto de lei entregue à Câmara Municipal de Curitiba neste mês reacendeu a discussão sobre o costume brasileiro de desprezar o troco de poucos centavos. A proposta do vereador José Carlos Chicarelli (PSDC) se baseia em outras leis municipais para forçar comerciantes a dar troco correto ou arredondar o preço para baixo. Economistas e especialistas em Direito do Consumidor avaliam que medidas assim ajudam a melhorar a percepção de que o cliente sempre sai perdendo – afinal, é o fornecedor que escolhe cobrar preços quebrados. Mas também estão divididos quanto à vantagem que a regra traria na prática. Um motivo é que há escassez de moedas, seja porque a produção caiu ou porque o brasileiro não as faz circular. As de R$ 0,01, por exemplo, deixaram de ser cunhadas em 2010 porque valem menos do que custam (R$ 0,16). O Banco Central considera o número de moedas “satisfatório”, com base em pesquisas de opinião. Aí está um segundo problema: faltam estudos sobre o impacto da falta de moedas para o troco retido e o montante de dinheiro que ele representa. “Para ver o quanto isso prejudica o consumidor, teria que ver se os valores se anulam – ou seja, se o troco que fica no caixa equivale ao que é eventualmente entregue a mais; se a empresa o embolsa, o que configuraria caixa dois; ou se fica com os funcionários”, diz o professor de Economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, Reginaldo Nogueira. Consequências Com algum parâmetro, seria possível medir se as perdas para os clientes seriam ainda maiores se o mercado evitasse preços fracionados. O mais provável é de que as compras encarecessem. O BC não cogita regulamentar o assunto, por considerar preços quebrados “uma prática saudável”. Para o órgão, vale a orientação dos órgãos de Defesa do Consumidor, que atribuem a responsabilidade pelo troco ao comerciante – na falta de moeda, o arredondamento deve ser para menos (veja infográfico ao lado). JusBrasil - Notícias 31 de julho de 2014

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Projeto de lei obriga o comércio a devolver o trocoem centavosFalta de moedas estimula práticas como dar bala de troco ou arredondar preço paracima.Problema é a cultura de desprezo dos centavos

Publicado por Vitor Guglinski - 1 dia atrás

Publicado em 30/07/2014 | Camille Bropp Cardoso

Um projeto de lei entregue à Câmara Municipal de Curitiba neste mês reacendeu a discussão sobre o

costume brasileiro de desprezar o troco de poucos centavos. A proposta do vereador José Carlos

Chicarelli (PSDC) se baseia em outras leis municipais para forçar comerciantes a dar troco correto ou

arredondar o preço para baixo. Economistas e especialistas em Direito do Consumidor avaliam que

medidas assim ajudam a melhorar a percepção de que o cliente sempre sai perdendo – afinal, é o

fornecedor que escolhe cobrar preços quebrados. Mas também estão divididos quanto à vantagem que a

regra traria na prática.

Um motivo é que há escassez de moedas, seja porque a produção caiu ou porque o brasileiro não as faz

circular. As de R$ 0,01, por exemplo, deixaram de ser cunhadas em 2010 porque valem menos do que

custam (R$ 0,16). O Banco Central considera o número de moedas “satisfatório”, com base em pesquisas

de opinião. Aí está um segundo problema: faltam estudos sobre o impacto da falta de moedas para o

troco retido e o montante de dinheiro que ele representa.

“Para ver o quanto isso prejudica o consumidor, teria que ver se os valores se anulam – ou seja, se o

troco que fica no caixa equivale ao que é eventualmente entregue a mais; se a empresa o embolsa, o que

configuraria caixa dois; ou se fica com os funcionários”, diz o professor de Economia do Instituto

Brasileiro de Mercado de Capitais, Reginaldo Nogueira.

Consequências

Com algum parâmetro, seria possível medir se as perdas para os clientes seriam ainda maiores se o

mercado evitasse preços fracionados. O mais provável é de que as compras encarecessem. O BC não

cogita regulamentar o assunto, por considerar preços quebrados “uma prática saudável”. Para o órgão, vale

a orientação dos órgãos de Defesa do Consumidor, que atribuem a responsabilidade pelo troco ao

comerciante – na falta de moeda, o arredondamento deve ser para menos (veja infográfico ao lado).

JusBrasil - Notícias31 de julho de 2014

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Nesse sentido, o projeto de lei municipal reafirma princípios que estão no Código de Defesa do

Consumidor e em um projeto de lei federal (n.º 3.836/2008) que tramita na Câmara dos Deputados desde

2008. O próprio vereador Chicareli reconhece que o efeito seria mais educativo do que de preencher uma

lacuna. O texto prevê avisos nas lojas sobre a obrigatoriedade da devolução integral do troco. O advogado

Vitor Guglinski, especialista em Direito do Consumidor, vai além ao defender que evitar preços fracionados

seria uma opção mais transparente. “As empresas vendem uma vantagem que não se confirma, porque

não há garantia de troco.”

Resposta

A Gazeta do Povo consultou sete empresas que têm reclamações de consumidores no site Reclame Aqui

por reterem troco em centavos. Nos três dias de prazo dados pela reportagem, cinco não responderam as

perguntas sobre a política de preços fracionados e sobre qual a orientação para funcionários. São elas:

Nissei, Extra, Pão de Açúcar e Lojas Americanas. A rede Mc Donald’s diz que mantém “estrutura de

abastecimento” de moedas, mas não deu detalhes sobre o porquê de preços fracionados. A Droga Raia

afirma que funcionários são orientados a dar troco exato. Já o Carrefour garante que dá vantagem ao

cliente caso faltem moedas.

Tem que pedir

Insistir no troco correto ajuda a mudar cultura

O consumidor pode até se sentir prejudicado quando o troco não lhe é entregue, mas está longe de fazer

valer esse direito. Segundo levantamento feito no ano passado pelo Banco Central, entre 2010 e 2013 caiu

de 4,69% para 4,66% o porcentual de brasileiros que exigem troco correto, mesmo que seja um valor

pequeno. Isso ajuda a explicar por que, no varejo, fracionar preços é comum até para produtos que não

são vendidos por peso ou com margem de lucro pequena – situações em que o preço quebrado se

justifica.

Antes estratégia para atrair clientela, fracionar o preço em 99 centavos – prática chamada de “ponta de

preço” – é hoje cultura de varejo. “A ponta de preço virou alerta sobre oferta, mesmo que o preço não faça

sentido”, explica o consultor de varejo João Carlos da Lapa, da Prátika. Assim, se chegou ao ponto de

concessionárias de veículos adotarem a ponta de preço.

O problema é que o costume dá mostras de que precisa de limites. O economista Fernando Antônio Agra,

especialista em finanças pessoais, lembra que há empresas já arredondando o preço para mais mesmo

quando a compra é via cartão de débito, o que é claramente irregular. “O que é feito com frequência e

sem ser questionado acaba virando verdade”, avalia.

O consumidor que seguir a orientação e exigir o troco corre o risco de enfrentar o julgamento do caixa e

de outros clientes. A dona de casa Andrea Jeferson Mesquita, 43 anos, fez o teste. Após notar que a

caixa do supermercado no bairro Capão Raso, em Curitiba, nem explicava o porquê de dispensar o troco,

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decidiu pedir a diferença. “A moça nem soube o que dizer. Disse apenas que não tinha moeda”, lembra

ela, que mesmo assim pretende continuar pedindo o troco.

Procura-se

Mais de 50% das moedas de R$ 0,01 têm 20 anos

O sumiço das moedas de R$ 0,01 é um mistério para o Banco Central, já que a quantidade de moedas

nesse valor oficialmente supera as de moedas mais valiosas, de R$ 0,25 a R$ 1. O número de moedas de

R$ 0,01 em circulação hoje é igual ao de 2005. Cerca de 56,2% das moedas de R$ 0,01 foram produzidas

entre 1994 e 1997. Em uma pesquisa de 2013, o órgão concluiu que, de cada dez moedas que o

brasileiro possui, seis são usadas no dia a dia. As outras ficam guardadas em casa, no trabalho ou no

carro, bolsas e gavetas. Dos consumidores ouvidos, 2,3% entregam as moedas para os filhos pequenos.

Outros 1,63% guardam no carro para entregar a pedintes. O cofrinho é o destino das moedas para 1,58%

dos entrevistados.

Fonte: Gazeta do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?

tl=1&id=1487491&tit=Projeto-de-lei-ob...

Disponível em: http://vitorgug.jusbrasil.com.br/noticias/129935762/projeto-de-lei-obriga-o-comercio-a-devolver-o-troco-em-centavos

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Vitor Guglinski

Advogado. Professor-conteudista do site Atualidades do Direito.

Advogado. Pós-graduado com especialização em Direito do Consumidor. Membrocorrespondente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (BRASILCON).Ex-assessor do juiz da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora-MG. Autor colaborador dosprincipais periódicos jurídicos especializados do país.