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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 1/2017
Acrescenta dispositivos ao artigo 333 da Lei
Complementar nº 82, de 24 de dezembro de 2003, que
“Institui o Código Tributário Municipal e estabelece
Normas Gerais de Direito Tributário aplicáveis ao
Município”.
Autor: Vereador Elizeu Liberato
Art. 1º Ficam acrescidos os §§ 1º-A, 1º-B, 1º-C, 1º-D e 1º-E ao art. 333 da Lei
Complementar n° 82, de 24 de dezembro de 2003, que passam a vigorar com as seguintes
redações:
“Art. 333. ...
...
§ 1º-A. A isenção concedida nos termos do inciso VI deste artigo, requerido no
prazo assinalado no parágrafo anterior, será válida por 4 (quatro) exercícios consecutivos,
dispensado, neste período, novo requerimento da parte interessada.
§ 1º-B. A Secretaria Municipal da Fazenda deverá anualmente identificar os
contribuintes beneficiados no exercício anterior com a isenção concedida nos termos do
inciso VI a fim de proceder a confirmação do benefício por meio de visita domiciliar da
Assistente Social, a qual expedirá o respectivo Relatório Socioeconômico.
§ 1º-C. Caso a Assistente Social apure qualquer irregularidade no cumprimento das
condições estipuladas nas alíneas do inciso VI do artigo 333, observado também o art. 335
e parágrafo único, deverá fazer constar expressamente do Relatório Socioeconômico.
§ 1º-D. Apuradas irregularidades deve o contribuinte ser intimado, nos termos do
artigo 216 desta Lei, do cancelamento da isenção; bem como da constituição do crédito
tributário dos tributos devidos, por lançamento de ofício, a ser formalizado por meio de
Notificação de Cancelamento de Isenção e Lançamento de Tributo.
§ 1º-E. A Secretaria Municipal da Fazenda no exercício da outorga da isenção e
nos seguintes da validade do benefício, observando o mesmo período da distribuição dos
carnês do IPTU, deverá notificar o contribuinte beneficiado:
a) da outorga da isenção e seus termos;
b) que o benefício ficará condicionado a confirmação por meio de visita domiciliar
da Assistente Social;
c) da data em que a validade do benefício expirará, da data em deverá ser
protocolizado novo requerimento de isenção, bem como a relação dos documentos que o
devem instruir e;
d) que deverá comunicar imediatamente à Secretaria Municipal da Fazenda, através
da Divisão de Atendimento ao Contribuinte, qualquer fato novo que seja incompatível com
as condições exigidas na outorga da isenção.” NR
Art. 2º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
J U S T I F I C A T I V A
O presente Projeto de Lei Complementar acrescenta dispositivos na Lei Complementar nº
82, de 24 de dezembro de 2003, que “Institui o Código Tributário Municipal e estabelece
Normas Gerais de Direito Tributário aplicáveis ao Município”.
Antes de adentrar no mérito do projeto de lei, cumpre esclarecer que o Poder Legislativo
dispõe de competência para legislar sobre matéria tributária, porquanto ausente disposição
constitucional expressa de que seja da iniciativa privativa do Chefe do Executivo o
deflagrar de processo legislativo que tenha por objeto lei de natureza tributária.
Desta feita, inexiste vício de iniciativa em lei municipal tributária, cujo processo legislativo
seja deflagrado pela Câmara Municipal, pois tal competência não é privativa do Prefeito
Municipal. Não há confundir reflexo no orçamento, por redução de receita, com aumento
de despesa. O poder de tributar é o mesmo de isentar visto sobre ângulo inverso.
Interpretação ampliativa que não se afigura correta, pelos simples fato de se fazer, repita-
se, ausente expressa disposição constitucional em tal sentido, impedindo que o processo
legislativo seja deflagrado por quem tem competência a tanto. Daí porque inaplicável, à
espécie, a norma constitucional expressa que dispõe sobre a iniciativa das leis que versem
sobre aumento de despesas.
Assim, o presente projeto de lei não viola as disposições constitucionais. E, nesta senda,
cita-se o disposto no artigo 61 da Carta Federal, que pelo princípio da simetria aplica-se
aos Municípios, verbis:
“Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição.”
Em harmonia com a Carta Magna, a Lei Orgânica do Município dispõe:
“Art. 11. Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, legislar sobre as matérias de
competência do Município, especialmente no que se refere ao seguinte:
...
II - tributos municipais, isenções, anistias fiscais e remissões de dívidas; (Redação dada
pela Emenda à Lei Orgânica nº 21/2003)
...”
Por sua vez, o Regimento Interno da Casa de Leis, disciplina:
“Art. 137. Projeto de lei é a proposição escrita que se submete à deliberação da Câmara,
para discussão, votação e conversão em lei.
1º A iniciativa dos projetos de lei cabe a qualquer Vereador, à Mesa, às Comissões
Permanentes, ao Prefeito e aos Cidadãos. (Redação dada pela Resolução nº 88/2012)
§ 2º São objeto de Lei Complementar as seguintes matérias:
I - Código Tributário Municipal;
...”
Como se vê, superada a questão da constitucionalidade e legalidade da iniciativa para
proposição do presente projeto de lei, passa-se a motivação deste.
O presente Projeto de Lei Complementar visa regular a forma de concessão da isenção do
Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e Taxas para àqueles
contribuintes que possuam um único imóvel no Município, utilizando-o exclusivamente
para fins residenciais, com renda familiar de até 3 (três) salários mínimos e idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos; ou que seja portador de doença ou deficiência que obste a
capacidade laboral; ou ainda, responsável por pessoa portadora de doença ou deficiência
que obste a capacidade laboral, que resida no mesmo imóvel.
Com ênfase, o projeto de lei não institui isenção, pois tal benesse já existe e é disciplinada
no artigo 333 da Lei Complementar nº. 082/2003 - Código Tributário Municipal.
As condições impostas para concessão da isenção, consoante descrito no inciso VI do
artigo 333 da Lei Complementar nº. 082/2003 - Código Tributário Municipal - por si só
deixam claro que a benesse fiscal tem por finalidade assistir pessoas idosas e/ou doentes de
baixa renda.
Aproximadamente mais de 3.000 (três mil) contribuintes idosos e/ou doentes de baixa
renda são beneficiados anualmente com a isenção do ITPU e das Taxas.
Entretanto, todo ano essas pessoas de idade avançada e com doenças e/ou deficiências
impeditivas da atividade laboral, o que impõe afirmar, são pessoas com seríssimos
problemas de saúde, estão obrigadas a comparecerem na sede da Secretaria Municipal da
Fazenda, enfrentando longas e demoradas filas para requerer o benefício da isenção.
Nesta senda, impede destacar que muitas vezes essas pessoas são obrigadas a irem e virem
mais de duas ou três vezes à sede do Fisco Municipal, numa romaria extenuante dada a
idade avançada e a saúde precária, seja pelo limitado número de senhas distribuídas pela
Fazenda Pública que não comporta o atendimento de um grande número de pessoas; seja
pela insuficiência de documentos para instrução do requerimento de isenção.
Propõe-se pelo presente Projeto de Lei que o contribuinte idoso e/ou doente requeira a
isenção apenas uma vez a cada 04 (quatro) exercícios fiscais, cabendo ao Município,
através da Assistente Social, realizar as visitas anualmente para comprovar se não houve
alteração da condição de isenção, visita esta que já ocorre após o protocolo do
requerimento pelo beneficiário, e aos servidores da Secretaria da Fazenda a verificação na
base de dados do Sistema Tributário do Município, sem a necessidade de a pessoa idosa
e/ou doente ter de se deslocar até a Secretaria da Fazenda para requerer a isenção todos os
anos.
Saliente-se, além da comodidade merecida dos contribuintes em idade avançada e de saúde
precária, a nova normatização proposta para a concessão da isenção também
proporcionará: economia ao Poder Executivo que irá eliminar a tramitação de mais de
3.000 (três mil) processos administrativos por ano; melhoria no setor de atendimento da
Secretaria da Fazenda que, na época de IPTU não dispõe de estrutura suficiente para o
atendimento dos contribuintes; maior eficiência e eficácia na concessão do benefício;
redução de despesas com pessoal, etc.
Por arremate, insta afirmar que o teor da presente proposta vem de encontro com a
finalidade precípua do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003), qual
seja: a proteção da população idosa brasileira, considerando suas demandas, suas
vulnerabilidades e, acima de tudo, seus direitos humanos. E assim, essa proposta nada mais
representa que uma pequena ferramenta no avanço da sociedade iguaçuense na busca por
respeito e dignidade da pessoa idosa, o qual precisa ser consolidada dia após dia.
Por fim, cumpre informar que as alterações propostas não implicam em renúncia de receita
ou criação de nova despesa e, por conseguinte, não terão qualquer repercussão na esfera
orçamentária e financeira do Município.
Pelo exposto, submeto o presente Projeto de Lei Complementar para apreciação dos
Nobres Vereadores dessa Casa de Leis e conto com o apoio dos pares para a aprovação da
matéria.
/fb