projeto de intervenção urbano artística de jaconé

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SENAC Pós-graduação Design Gráfico Jessika Panicacci Priscila Medeiros INTERVENÇÃO URBANO ARTISTICA S.O.S JACONÉ Campinas 2014

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Artigo sobre projeto visando conscientizar as pessoas sobre os danos da criação do porto de Jaconé em Maricá/Saquarema.

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Page 1: Projeto de Intervenção Urbano Artística de Jaconé

SENAC Pós-graduação Design Gráfico

Jessika Panicacci Priscila Medeiros

INTERVENÇÃO URBANO ARTISTICA S.O.S JACONÉ

Campinas 2014

Page 2: Projeto de Intervenção Urbano Artística de Jaconé

Objetivos Gerais: Este projeto tem por objetivo atentar para a conscientização à todas as pessoas que

participem do espaço em que o projeto será apresentado. Objetivos Específicos: A preservação das beachrocks localizadas na praia e costão de Jaconé; e informar

sobre a construção do porto no bairro de Jaconé nas cidades de Saquarema e Marica e suas consequências.

Justificativa: Evitar a destruição de todo o ambiente que seria afetado pela obra e sua utilização.

Ambiente este com valor de estudo, cultural e de proteção ambiental. Para tanto será utili-zada uma réplica aumentada de uma garrafa de vidro, pelo sentido que evoca. Uma garrafa boiando no mar pensa-se convencionalmente que trás uma mensagem.

Metodologia: Para que os objetivos deste trabalho sejam alcançados foi feita uma pesquisa com a

intenção de compreender o ambiente estudado. Sua história, e principalmente sobre a geo-logia do local. Foram utilizados referenciais teóricos provenientes de outros artigos tanto físicos quanto virtuais.

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1. A História das Rochas de Jaconé. As beachrocks de Jaconé foram identificadas pelo naturalista Charles Darwin e

graças aos estudos realizados em amostras extraídas de sambaquis localizados na cidade de Saquarema, onde foram encontrados seixos de beachrocks, Mansur et al. (2012), podem afirmar que:

[...] é inegável seu valor e que se constitui em patrimônio geológico, seja por sua importância histórica e cultural, seja pelas informações geológi-cas que pôde fornecer. [...] Tem importância internacional e valor cientí-fico, cultural, didático e ecológico.

Em tais beachrocks foram encontradas conchas que segundo a datação em carbono provém de 10000 A.P ou seja, dez mil anos atrás, pouco tempo depois do fim da última Era Glacial (PENNA, et al., 1998). Foi quando as beachrocks começaram a sofrer a ação pri-meiramente do tempo e mais tarde das ondas. Foi o início da época Holocena no período Quaternário, era Cenozóica. Há milhões de anos atrás na era Paleozóica, as placas tectônicas da África e Améri-ca se separaram, o que viria a formar o oceano Atlântico e a Serra do Mar, cujas rochas sofreram processos contínuos de desgaste. Os sedimentos resultantes de tal desgaste eram depositados aos pés da Serra. No litoral do Rio de Janeiro, a ação dos ventos e marés aju-dou na criação das restingas e lagoas, inclusive as de Saquarema e Jaconé. Tal fenômeno foi proporcionado graças ao rebaixamento do nível das águas do mar e da deposição de sedimentos que vieram a formar as beachrocks (RONDELLI et al, 2008). Beachrocks são encontradas por toda a costa Atlântica, desde o norte dos Estados Unidos até o sul na Ar-gentina, e na África um dos locais onde foi encontrada também por Darwin é na Ilha de Cabo Verde. Legalmente não é permitida a construção em áreas de preservação permanente, co-mo as praias e costões rochosos. Entretanto no ano de 2010 surgiu a primeira notícia sobre um empreendimento na área. Publicado pela imprensa, fez-se saber o interesse da constru-ção de um estaleiro e mais tarde, de um porto petroleiro ao final do ano de 2011. Como Mansur et al (2012) constatam: “O projeto apresentado apoia-se em parte do costão, prevê o aterro de 60 ha de praia e de área hoje submersa, inclusive de porção dos beachrocks”.

Como consequência, tais construções podem levar à erosão da costa e a criação de zonas de sedimentação, acarretando desequilíbrios no ambiente. “A Prefeitura de Maricá e o Governo do Estado apoiam o projeto” (MANSUR et al, 2012). O que levou os morado-res e demais simpatizantes da causa contra o projeto a mobilizarem-se criando o movimen-

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to “S.O.S. Jaconé. Porto Não” realizando protestos contra as obras e a favor das propostas de um Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro.

É preciso aqui, destacar a importância de tais rochas. Como já comentado acima, as construções podem levar a erosão e sedimentação da costa, mas além disso, essas rochas são de grande importância ecológica que como ressaltam Mansur et al. (2012): “[...] criam ambientes propícios para elevada concentração de pescado e desenvolvimento de mexi-lhões, o que pode ter sido um atrativo para os sambaquieiros no passado como é para os pescadores atuais.” E além disso são patrimônio geológico, histórico, arqueológico e cultu-ral.

2. Arte e Intervenção Urbana. Com o intuito de chamar a atenção de toda a população e demais frequentadores da

cidade contra a criação do Porto em Jaconé este trabalho tem como pretensão para tanto, utilizar uma intervenção urbano artística.

Um objeto de plástico duro, resistente ao sol de oitenta metros no formato de uma garrafa de vidro com uma rolha. Como as antigas garrafas lançadas ao mar que carregavam mensagens. Será colocado dentro d’água ancorado à beira-mar, onde estará escrito com os dizeres em letras vermelhas visíveis para os banhistas dentro d’água e na areia, “S.O.S. Jaconé”. Tal intervenção a cada semana seria encontrada em uma das principais praias da região, as que recebem maior número de banhistas durante o ano, são essas as de Vilatur, Itaúna, Vila e Jaconé.

A garrafa flutuando na água por si mesma evoca um pensamento de destruição e desrespeito à natureza, com os dizeres inclusos, os pensamentos são direcionados para a praia de Jaconé, atiçando a curiosidade de todos, inclusive da pessoa que ainda não sabe sobre o que especificamente a mensagem se trata e que vai buscar no celular ou em qual-quer outro meio o porquê de uma garrafa gigante boiando no mar. A intenção é que mais pessoas saibam sobre todas as importantes consequências aqui já citadas e rejeitem os pla-nos de construção do porto de Jaconé.

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Conclusão: Nem todas as propostas que visam o crescimento de uma cidade estão preocupadas

com o ataque ao meio ambiente ou à qualquer sítio de pesquisas que possam a vir destruir, é lastimoso que no Século XXI três séculos após a Revolução Industrial (ALBUQUER-QUE, 1964), com tantos problemas gerados pela falta de respeito com a natureza ela ainda esteja sendo descartada do futuro neste país. É necessário chamar a atenção de todos, para projetos como o do porto, aqui discutido.

Usando a arte da forma como aqui foi utilizada, pretendeu-se modificar ou alterar a visão de muitas pessoas, fazê-las enxergar e compreender a necessidade de nos importar-mos com o mundo em que vivemos, aquele ao nosso redor, fazer com que estas pessoas fossem estimuladas a se unir em prol de algo importante.

E mais especificamente, impedir a construção de algo tão degradante aos milhões de anos de história preservados e passíveis de estudo naquelas rochas.

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Referências: ALBUQUERQUE, Irene. Enciclopédia Delta Júnior Vol. 10. Rio de Janeiro : Editora Delta, 1964. MANSUR, Kátia L., RAMOS, Renato R. C. e FURUKAWA, Gisele G. Beachrock de Jaconé, RJ. Uma pedra no caminho de Darwin. Rio de Janeiro : SIGEP, 2012. PENNA, Leonam A. e WILLADINO, Gildo. Novo Sistema de Pesquisa e Informação - Geografia e História. s.l. : Rideel Ltda., 1998. RONDELLI, Sérgio, CALIARI, Canário e GALDIERI, Mauricio. Saquarema e um Pouco de Geomorfologia Costeira. [Online] Brasil Passo a Passo, 4 de Março de 2008. [Citado em: 10 de dezembro de 2014.] http://www.brasilpassoapasso.com.br/blog/?p=120.