projeto de indicação - em construção - isenção tarifa de esgoto

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Art. 1º Será concedida isenção do pagamento da tarifa de coleta e tratamento do esgoto aos trabalhadores desempregados, nos termos desta lei. Art. 2º Os beneficiários desta lei devem residir no Estado do Ceará na condição de desempregados. § 1º A comprovação da situação de desemprego será feita pelo comprovante de registro no órgão do Ministério do Trabalho e por outros meios admitidos em Direito na sede da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS). §2º Caso seja comprovada a fraude documental, o benefício será extinto imediatamente, com cobrança da tarifa, sem prejuízo de sanções de outra natureza. Art. 3º O beneficiário, ao firmar contrato de trabalho, deverá comunicar imediatamente sua nova situação à STDS, que remeterá o cancelamento do benefício à CAGECE. Art. 4º A isenção será concedida aos domicílios que não ultrapassarem o consumo mensal de 15 metros cúbicos. Art. 5º O cadastro dos beneficiados deverá ser feito pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), a qual deverá enviar a lista para a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) e para a Secretaria da Fazenda (SEFAZ). §1º O cadastramento deverá ser atualizado a cada 6 (seis) meses pela STDS.

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Pl do deputado estadual Renato Roseno (Psol-Ce) sobre isenção de tarifa de esgoto

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Page 1: Projeto de Indicação - Em Construção - Isenção Tarifa de Esgoto

Art. 1º Será concedida isenção do pagamento da tarifa de coleta e tratamento do esgoto aos trabalhadores desempregados, nos termos desta lei.

Art. 2º Os beneficiários desta lei devem residir no Estado do Ceará na condição de desempregados.

§ 1º A comprovação da situação de desemprego será feita pelo comprovante de registro no órgão do Ministério do Trabalho e por outros meios admitidos em Direito na sede da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

§2º Caso seja comprovada a fraude documental, o benefício será extinto imediatamente, com cobrança da tarifa, sem prejuízo de sanções de outra natureza.

Art. 3º O beneficiário, ao firmar contrato de trabalho, deverá comunicar imediatamente sua nova situação à STDS, que remeterá o cancelamento do benefício à CAGECE.

Art. 4º A isenção será concedida aos domicílios que não ultrapassarem o consumo mensal de 15 metros cúbicos.

Art. 5º O cadastro dos beneficiados deverá ser feito pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), a qual deverá enviar a lista para a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) e para a Secretaria da Fazenda (SEFAZ).

§1º O cadastramento deverá ser atualizado a cada 6 (seis) meses pela STDS.

§2º Na ocasião do cadastramento, a STDS deverá, conjuntamente com o beneficiário, elaborar seu perfil sócio-assistencial, com informações referentes ao acesso do beneficiário à saúde, moradia, educação e transporte, bem como elaborar orientação e planejamento para facilitar o acesso ao trabalho.

Art. 6º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Justificativa

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A Constituição Federal (art. 23, IX) e a Constituição Estadual (art. 15, IX) atribuem a competência comum aos Estados, União e Distrito Federal promover a melhoria das condições de saneamento básico.

As condições de qualidade do serviço incluem a sua remuneração e a adequação à realidade socioeconômica local e dos diferentes grupos sociais. Nesse sentido, a Constituição do Estado prevê:

Art. 252. O Estado estabelecerá política de saneamento, tanto no meio urbano como no rural, em função das respectivas realidades locais e regionais, observados os princípios da Constituição Federal. §1º Assegurar-se-á a participação das comunidades, das instituições e das três esferas do Governo no planejamento, na organização dos serviços e na execução das ações. §2º Os padrões técnicos das obras e serviços de saneamento deverão ser adequados tanto ao meio físico quanto ao nível socioeconômico das comunidades, garantindo-se o mínimo de condições sanitárias. §3º O Estado assegurará os recursos necessários aos programas de saneamento, com vistas à expansão e melhoramento do setor.

A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico determina que um dos objetivos da regulação é a modicidade tarifária (art.22); que remuneração será cobrada sempre que possível (art. 29); que a instituição das tarifas deve garantir a ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços (art. 29, §1º, II), bem como que “poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços” (art. 29,§2º). O art. 30, VI da referida lei também determina que a remuneração pelos serviços de saneamento deve considerar a capacidade econômica dos consumidores.

Desse modo, a Lei prevê expressamente a possibilidade de isenção das tarifas para os usuários em situação de incapacidade de pagamento, o que se aplica aos trabalhadores desempregados.

Por sua vez, a Lei Estadual 14.394 de 2009, que define a atuação da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará – ARCE, relacionada aos serviços públicos de saneamento básico, determina que:

       Art. 4º. A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará - ARCE, obedecerá aos seguintes princípios:

          I - justiça e responsabilidade no exercício do poder regulatório;

          II - honestidade e eqüidade no tratamento dispensado aos usuários, às diversas entidades reguladas e demais instituições envolvidas na prestação ou regulação dos serviços públicos delegados;

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O atendimento aos princípios da honestidade e da equidade pressupõem a promoção da justiça material, tratando os desiguais desigualmente. A situação dos trabalhadores desempregados no atual momento de crise econômica exige um tratamento diferenciado, que considere a diminuição na sua capacidade econômica em pagar as tarifas para serviços básicos como água e esgoto.

Atualmente, a tarifa de esgoto é igual a tarifa de água para as faixas de consumo Residencial Social e Residencial Popular, sendo cobrada na proporção de 80% do volume faturado de água.

A comprovação do desemprego, de acordo com a Lei 8.213/01, art. 15, §2º pode ser feita pelo “registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.”. A jurisprudência em geral entende que esse não é o meio exclusivo de comprovação da situação de desemprego, entendimento inclusive consolidado na súmula 27 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, publicada no Diário de Justiça da União em 22 de junho de 2005, que diz: “A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito.” Seguem algumas decisões exemplificativas:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. ART. 15 DA LEI 8.213/91. CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO. DISPENSA DO REGISTRO PERANTE O MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUANDO FOR COMPROVADA A SITUAÇÃO DE DESEMPREGO POR OUTRAS PROVAS CONSTANTES DOS AUTOS. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. A parte autora interpôs pedido de uniformização de jurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária Federal do Rio Grande do Sul, que reformou a sentença de procedência, não considerando comprovada a qualidade de segurada da de cujus na data do óbito, mesmo diante da apresentação de CTPS e comprovante de seguro desemprego. 2. Alegou contrariedade à jurisprudência dominante do STJ (PET 7115-PR da 3ª Seção, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 10/03/2010, e AgRgRD no REsp n. 439021-RJ, da 6ª Turma, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 18/09/2008). 3. O recurso foi inadmitido pelo presidente da Turma Recursal de origem sob o fundamento de que a pretensão do recorrente implicaria reexame de prova, o que é inviável neste incidente. A decisão foi objeto de agravo. 4. A questão posta a desate diz respeito à constatação ou não da manutenção da qualidade de segurada perante comprovação de situação de desemprego. 5. Segundo inteligência do art 15, § 2º da Lei n. 8.213?1991, o prazo de 12 (doze) meses prescrito pelo art 15, II da referida lei será acrescido de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, contudo, jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem firmado

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entendimento de que a percepção de benefício de seguro-desemprego atende ao comando legal de registro da situação de desemprego no órgão competente para fins de manter a condição de segurado (AgRgRD no REsp 439.021?RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18?9?2008, DJe 6?10?2008) 6. Esta TNU já firmou a tese, com fundamento em sua Súmula 27 e do entendimento esposado no julgamento da PET 7175 do STJ, no sentido de que “em que pese não ser exigível exclusivamente o registro no Ministério do Trabalho, “a ausência de anotação laboral na CTPS, CNIS ou a exibição do Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho não são suficientes para comprovar a situação de desemprego, devendo haver dilação probatória, por provas documentais e/ou testemunhais, para comprovar tal condição e afastar o exercício de atividade remunerada na informalidade (...) 6. Sem necessidade de realizar o exame de qualquer prova que não as referidas no próprio acórdão recorrido, verifica-se que a interpretação dada pela Turma Recursal encontra-se em divergência com a interpretação dada por esta Turma Nacional de Uniformização (Súmula 27) e do entendimento esposado no julgamento da PET 7175 do STJ, no sentido de ser possível a comprovação do desemprego por outros meios de prova, a exemplo do comprovante do seguro desemprego (AgRgRD no Recurso Especial n. 439021-RJ – Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura – 6ª Turma –18/09/2008). 7. Incidente conhecido e provido para julgar procedente a pretensão do autor, restabelecendo a parte dispositiva da sentença. Condeno o INSS em honorários advocatícios arbitrados em vinte por cento do valor da condenação, respeitada a Súmula n. 111 do STJ, nos termos da Questão de Ordem TNU n. 2. (TNU - PEDILEF: 50157523720134047108 , Relator: JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, Data de Julgamento: 07/05/2014, Data de Publicação: 16/05/2014)

PROCESSUAL CIVIL - PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO - ART. 557, § 1º DO CPC - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - COMPROVAÇÃO DE DESEMPREGO JUNTO AO MINISTÉRIO DO TRABALHO. I - O "..registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social", constante da redação do art. 15, § 2º, da Lei n. 8.213/91, constitui prova absoluta da situação de desemprego, o que não impede que tal fato seja comprovado por outros meios de prova. A extensão do período de "graça" prevista no aludido preceito legal tem por escopo resguardar os direitos previdenciários do trabalhador atingido pelo desemprego, não sendo razoável cerceá-lo na busca desses direitos por meio de séria limitação probatória. II - Restou esclarecido que para se comprovar a situação de desemprego, afigura-se desnecessário o registro perante o Ministério do Trabalho, bastando a ausência de vínculo empregatício para evidenciar o desemprego. III - Agravo interposto pelo réu, na forma do art. 557, § 1º do CPC, improvido. (TRF-3 - AC: 2004 SP 0002004-10.2013.4.03.9999, Relator:

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DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO, Data de Julgamento: 25/06/2013, DÉCIMA TURMA)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. QUALIDADE DE SEGURADO. SITUAÇÃO DE DESEMPREGO COMPROVADA. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. PRESCRIÇÃO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. O auxílio-reclusão é devido, nos termos do artigo 80 da Lei nº 8.213/91, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa, nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. 2. A qualidade de segurado, nos termos do artigo 15, § 2º, da Lei 8.213/91, é mantida por até 24 meses quando existir situação de desemprego. 3. A exigência do "registro no órgão próprio" para fins de comprovação da condição de desempregado tem sido abrandada pela jurisprudência pátria. Precedentes desta Corte. 4. Hipótese em demonstrada, nos autos, a qualidade de segurado do preso à época do recolhimento prisional, sendo incontroversos os demais requisitos à concessão do benefício, sendo devida, assim, a concessão do benefício de auxílio-reclusão. 5. Preenchidos os requisitos necessários, é de ser concedido o benefício de pensão por morte, a contar da data do requerimento, para a autora Maria, e a contar da data do recolhimento prisional, para os demais autores, menores absolutamente incapazes, forte no art. 79 da Lei nº 8.213 e no art. 198 do Código Civil. 6. Concessão da tutela específica, com vistas à imediata implantação do benefício (TRF4ª Região, QOAC 2002.71.00.050349-7, 3ª Seção, Relator para acórdão Des. Federal Celso Kipper, de 02-10-2007). (TRF-4 - AC: 3659 SC 2003.72.08.003659-0, Relator: SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, Data de Julgamento: 07/05/2008, SEXTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 11/07/2008)

Por todas as razões apresentadas, peço apoio dos pares para aprovação dessa proposta.