projeto de criaÇÃo e gestÃo integrada de Áreas … · entre eles, controle social,...

22
PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Upload: duongmien

Post on 09-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA

DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 2: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO

PARA O FORTALECIMENTO

DO COMAPES

Projeto de Criação e Gestão Integradade Áreas Protegidas no Sul da Bahia

Salvador - Bahia

ABRIL 2012

Page 3: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

REALIZAÇÃO

Projeto Criação e Gestão Integrada

de Áreas Protegidas no Sul da Bahia

Conservação Internacional - CI

Organização, Produção e

Revisão de Textos

Bruna Hercog

Projeto Gráfico e Editoração

Carol Nóbrega

A reprodução deste material,

na íntegra ou em parte, é permitida

desde que citada a fonte.

Grupo Ambientalista da Bahia - Gambá

PARCERIA

ELABORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO

DA PUBLICAÇÃO

Page 4: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

Oficina do MAPESSumário

APRESENTAÇÃO

EDUCOMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

ANEXOS

Regimento Interno do Conselho Gestor

do Mosaico de Áreas Protegidas do

Extremo Sul da Bahia - COMAPES

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Controle Social e Participação Política

O que é e para que serve?

Mosaico de Áreas Protegidas.

O que é e como funciona?

MAPES: histórico, contexto, objetivos

e abrangência

DICAS, SITES E REFERÊNCIAS

Portaria de Homologação do MAPES

Mapa do MAPES

4

6

11

12

13

18

20

6

8

14

6

Page 5: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

A apostila é um material didático que reúne notas conceituais sobre os temas que serão abordados

durante as oficinas de sensibilização para as comunidades indígenas e pescadores tradicionais do

Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia. Entre eles, controle social, participação política,

educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental. Não se tratam de “verdades

absolutas”. O objetivo é provocar a reflexão e estimular novas construções.

Com este material, você terá a oportunidade de se aproximar das temáticas debatidas durante os

encontros e também encontrará dicas de páginas na internet que podem contribuir para a sua prática

como líder comunitário. Desejamos que a apostila te ajude a partilhar em sua comunidade os conhe-

cimentos construídos durante as oficinas de sensibilização.

Boa leitura!Bruna Hercog e Carol Nóbrega

Caro (a) Líder

comunitário,

Consultoras em Educomunicação e Mobilização Social

Oficina do MAPESAPRESENTAÇÃO

4 PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Projeto de Criação e Gestão Integrada de

Áreas Protegidas no Sul da Bahia

Page 6: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental
Page 7: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

6

Existem diferentes espaços de participação. Em nossa

história política, os termos participação e controle social

têm adquirido significados distintos ao longo do

processo de concretização dos direitos de cidadania.

Há uma compreensão do termo “controle social” como

aquele tipo de controle, de poder, de dominação exercida

pelo Estado sobre indivíduos e grupos.

Contudo, o termo também se refere à participação

social. Ou seja, a participação da sociedade, dos grupos

organizados na elaboração e fiscalização de políticas

públicas em processos democráticos. Essa participação

não é um “agrado”, é uma conquista social.

A Constituição Brasileira de 1988 assegura juridicamente

a participação e o controle social como mecanismos

de democratização dos direitos civis e políticos.

Conferências e Conselhos, por exemplo, são formas de

participação social e mecanismos conquistados para

exercer o controle social. Assim como também o é o

Mosaico de Unidades de Conservação.

O monitoramento e o acompanhamento das políticas

públicas são maneiras contínuas de controle social, a

partir da análise crítica de projetos e programas

governamentais, empresariais ou do terceiro setor.

Controle social é, portanto, o ato de fiscalização exercido

pela sociedade, sobre os governos, visando garantir

transparência na definição das prioridades das políticas

e nos gastos públicos.

Participar é agir, é provocar uma ação. É ter atitude. Só

quem participa, transforma. E é possível participar de

diversas formas, ser um ator social. Participar é agir.

É se posicionar. É atuar como sujeito político. É exercer

os direitos políticos enquanto cidadão, cidadã.

É exercer a cidadania.

“Fazer política” é exercer o controle social, ou seja, fazer,

de forma participativa, o monitoramento e

acompanhamento de políticas públicas, saber de que

forma estão sendo aplicados os recursos destinados ao

país, estado, território, comunidade. Mas, o que são

políticas públicas? Podem ser definidas como ações do

Estado que podem ser formuladas como programas,

leis, linhas de financiamento para determinadas áreas

e setores da sociedade que podem e devem ser

monitoradas pela sociedade durante todas as etapas:

planejamento, elaboração e execução.

Como o exercício do controle social e da participação

política acontece na prática? E no território do Extremo

Sul da Bahia, na região de abrangência do Mosaico de

Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia, como esse

processo se desenrola? Quais os atores e de que forma

eles exercem o controle social do seu território? Quais

são os limites desta participação? Como você exerce

o “controle” em sua casa, em sua comunidade, em

sua aldeia ou cidade, em seu país? O que facilita?

O que dificulta?

A palavra mosaico é bastante conhecida no mundo das

artes. Trata-se de um desenho feito com pequenas

pedras de várias coisas, em geral, são azulejos. Cada

pedaço vai sendo disposto de uma maneira específica,

para gerar um resultado final. Resultado que forma um

todo. Os pedaços individuais ganham, portanto, outro

sentido quando vistos de forma articulada. Neste juntar,

mesclam-se cores, tamanhos, diferenças e

semelhanças.

É exatamente esta idéia que inspira o que se chama de

“mosaico” na área ambiental. Neste caso, cada

pedacinho do mosaico é uma Unidade de Conservação e

Controle Social e Participação Política.O que é e para que serve?

Mosaico de Áreas ProtegidasO que é e como funciona?

Oficina do MAPESCONCEITOS E DEFINIÇÕES

Mas, o que é mesmo

participar?

Para refletir, questionar e

se posicionar

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 8: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

7

outras Áreas Protegidas. O mosaico é, portanto, “um

conjunto de áreas protegidas definidas em um território e

geridas de forma integrada e compartilhada,

compatibilizando os diversos interesses com a proteção

da biodiversidade”. Tem como objetivo central garantir a

preservação ambiental em termos biológicos, culturais,

geográficos, sociais e administrativos.

Ao todo, o Brasil conta atualmente com dez mosaicos

reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente e cerca

de 30 em processo de formação, segundo dados do

Departamento de Áreas Protegidas (DAP) do MMA. O

mosaico é uma ferramenta prevista no Sistema Nacional

de Unidades de Conservação (SNUC) e composto por

um Conselho Gestor formado por diferentes atores

sociais: lideranças indígenas, pescadores tradicionais,

gestores das UCs, pesquisadores, representantes da

sociedade civil, empresários, representantes de

prefeituras municipais, entre outros.

O mosaico também ganha sentido e definição nas

palavras de Seu Zé Fragoso, liderança indígena da Aldeia

Tibá, localizada na área de abrangência do Mosaico de

Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia: “como a

história do jabuti que queria ir a uma festa no céu, mas

não tinha asas. Ele pegou uma carona na trouxinha do

urubu. Ao chegar lá em cima, os outros bichos jogaram

ele do alto. Se espatifou todo no chão. Jesus pegou os

pedacinhos e emendou. É o que estamos fazendo aqui”.

A forma de emendar os pedacinhos é que vai determinar

a qualidade do processo de gestão participativa do

território. É o que vai determinar se ele ficará coeso ou

irá se espatifar de novo, como o jabuti da história de Seu

Zé Fragoso.

Porém, assim como o mosaico artístico, cada pedaço

tem vida própria, interesses, demandas e problemáticas.

Portanto, é preciso que o modelo de gestão funcione de

forma democrática, com direitos iguais de participação

para todos os atores sociais envolvidos. Partindo do

princípio que o objetivo comum é integrar as áreas

protegidas de forma flexível, evitando entraves buro-

cráticos e executando ações concretas que devem ser

pautadas pelo interesse coletivo e cujas responsabi-

lidades também devem ser partilhadas. Garantir que este

modelo de gestão funcione é exercer o controle social do

território. É, portanto, participar politicamente.

O Sistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC)

foi instituído com a promulgação da Lei nº 9.985, de 18

de julho de 2000. A Lei do SNUC representou grandes

avanços à criação e gestão das Unidades de

Conservação nas três esferas de governo (federal,

estadual e municipal), pois ele possibilita uma visão de

conjunto das áreas naturais a serem preservadas. Além

disso, estabeleceu mecanismos que regulamentam a

participação da sociedade na gestão das UCs,

potencializando a relação entre o Estado, os cidadãos e

o meio ambiente.

Abaixo, listamos os diferentes tipos de UCs, conforme

definição do SNUC. Confira:

Unidades de Proteção Integral: seu objetivo é

preservar a natureza, sendo permitido apenas o uso

indireto dos seus recursos naturais, como realização

de pesquisas científicas e atividades de educação

ambiental e turismo ecológico. São elas:

Parques Nacionais: áreas que se destinam a fins

educativos, recreativos e para pesquisas científicas.

Reservas Biológicas: são áreas fechadas ao público,

exceto para educação ambiental.

Estação Ecológica: são áreas fechadas ao público,

exceto para educação ambiental e como estação de

pesquisa.

Unidades de Conservação: São espaços territoriais

e seus recursos ambientais, incluindo as águas sob

responsabilidade do Estado. Deve possuir caracte-

rísticas naturais importantes, limites definidos, e deve

ser criada legalmente pelo Poder Público com objeti-

vos de conservar a natureza. A UC está sob regime

especial de administração, ao qual se estabelecem

formas e garantias adequadas de proteção.

Oficina do MAPES

O que diz a legislação?

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 9: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

8

Oficina do MAPES

ração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de

gerações e adaptados às condições ecológicas locais, e

que desempenham papel fundamental na protação da

natureza e na manutenção da diversidade biológica.

Reservas Particulares do Patrimônio Natural

(RPPNs): são áreas privadas transformadas em reservas

pelos seus proprietários, para proteger habitats de

numerosas espécies ameaçadas. Os proprietários ficam

isentos de impostos territoriais.

Áreas Protegidas

“Área Protegida” na definição da UICN (UICN, 2003a

Dudley, 2008a): “espaço geográfico claramente definido,

reconhecido, dedicado e gerido por meios legais ou

outros meios eficazes, para a conservação em longo

prazo da natureza e dos serviços ecossistêmicos e dos

valores culturais associados.” São elas:

� Áreas de Preservação Permanente

� Reservas Legais

� Terras Indígenas

� Terras Quilombolas

� Corredores Ecológicos

� Reserva da Biosfera

Qual é o papel de cada ator social inserido na área de

abrangência do mosaico para fazer com que este

modelo de gestão funcione de fato, que ele saia do

campo do abstrato? Qual o papel das populações

tradicionais? De que forma a sabedoria de gestão das

comunidades, algo nato às populações indígenas,

às colônias de pescadores, pode contribuir para a

construção de um novo modelo de gestão participativa

do território?

Monumento Natural: constituído de áreas públicas e

privadas, tem como objetivo básico preservar sítios

naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Refúgio de Vidas Silvestres: tem como objetivo

proteger ambientes naturais onde se asseguram

condições para a existência ou reprodução de espécies

ou comunidades da flora local e da fauna residente ou

migratória. Podem ser instituído por áreas particulares,

desde que seja possível compatibilizar os objetivos.

Unidades de uso sustentável: é permitido o uso

sustentável de parte dos recursos ambientais, em

compatibilidade com a conservação da natureza.

São elas:

Floresta Nacional: área com cobertura florestal de

espécies nativas, cujo objetivo é oferecer uso sustentável

dos recursos florestais e pesquisa científica.

Áreas de Proteção Ambiental: são regidas por planos

de manejo e zoneamento que permitem que a área seja

utilizada de forma sustentável para garantir qualidade

ambiental às comunidades locais.

Áreas de Relevante Interesse Ecológico: são pequenas

(5.000ha ou menos), protegem fenômenos naturais

notáveis ou populações e habitats selvagens, em locais

com pouca ocupação humana e permitem o uso público.

Reserva Extrativista: utilizadas por populações

extrativistas tradicionais, cuja subsistência se baseia no

extrativismo e tem como objetivo básico proteger os

meios de vida e a cultura dessas populações

tradicionais, e assegurar o uso sustentável dos recursos

naturais, terrestres ou marinhos da unidade.

(administradas em conjunto pelo governo e pela

sociedade civil).

Reserva de Fauna: área natural com populações

animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas,

residentes ou migratórias, adequadas para estudos

técnico-científicos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável: é uma

área natural que abriga populações tradicionais, cuja a

existência se baseia em sistemas sustentáveis de explo-

Para refletir, questionar e

se posicionar

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 10: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

9

A proposta deste Mosaico começou a ser construída em

2004 quando foram realizadas três oficinas que deram

início a esse processo de criação, definindo atores,

objetivos e abrangência. Após esse momento, foi feita a

articulação dos atores e apresentado um projeto coletivo

ao Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA. Uma

série de organizações governamentais e não governa-

mentais construíram este projeto de Implementação da

Gestão em Mosaico no Extremo Sul da Bahia que tem

como proponente a Associação Flora Brasil.

Com o financiamento, foi possível realizar diversas

atividades, entre elas a formação do Conselho Gestor do

Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia

(COMAPES), o início da construção de uma política de

comunicação para o MAPES, realização de seminários e

outros eventos. Assim, aos poucos, cada peça que

compõe o mosaico vai se fortalecendo para que o

coletivo ganhe forma e os conflitos socioambientais do

Extremo Sul da Bahia sejam enfrentados de forma

integrada.

A instância gestora do MAPES é o Conselho Gestor,

composto por representantes governamentais e não-

governamentais. O que direciona as ações do COMAPES

é o Regimento Interno do Mosaico, construído de forma

participativa pelos seus integrantes (confira o

documento nos anexos desta apostila). O Conselho

conta com uma Secretaria Executiva e assistência de

Câmaras Técnicas Temáticas. As atribuições de cada

instância estão descritas no regimento.

Fortalecer e integrar a rede de Áreas Protegidas

do Extremo Sul da Bahia;

Influenciar a política pública local / regional com

maior poder de inserção e negociação na

elaboração dos planos de gestão territorial e

desenvolvimento humano;

Contribuir para a formação e fortalecimento de

mini-corredores;

Contribuir para o fortalecimento da diversidade

sócio-cultural do território: comunidades pataxó,

agricultores familiares e pescadores artesanais.

O Extremo Sul da Bahia situa-se no domínio do amea-

çado Bioma Mata Atlântica, que abriga o maior conjunto

de remanescentes do nordeste brasileiro, bem como as

mais ricas formações coralíneas do Atlântico Sul. A re-

gião está inserida no Corredor Central da Mata Atlântica -

CCMA, integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,

compreende áreas declaradas como Patrimônio Mundial

Natural pela UNESCO e áreas que integram o Sítio do

Descobrimento, tombadas pelo IPHAN.

A região é biologicamente diversa e abriga muitas

espécies ameaçadas de extinção e de distribuição

restrita, como o mico-leão-da-cara-dourada

(Leonthopithecus chrysomelas), o gavião real (Harpia

harpyja) e os criticamente ameaçados mutum-do-

sudeste (Crax blumenbachii) e balança-rabo-canela

(Glaucis dohrnii). Apesar de incluir uma rede significativa

de Áreas Protegidas, como área tombada do Sítio do

Descobrimento (IPHAN), Terras Indígenas, diversas

unidades de conservação (âmbito federal, estadual e

municipal) e um crescente número de RPPNs, que

ajudam a proteger este centro de endemismo da Mata

Atlântica, a região encontra-se em risco, por estar

submetida a diversas pressões, o que demanda

processos de gestão mais efetivos. Esta região possui

também um grande valor sócio-cultural, em função da

Oficina do MAPES

Qual é o contexto?

Quais são os

objetivos?

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

MAPES: histórico, contexto, objetivos e abrangência

Page 11: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

10

Oficina do MAPES

Fora) e 4 particulares (Reservas Particulares do

Patrimônio Natural Veracel, Mamona, Carroula e Rio

Jardim). Além das 7 Terras Indígenas que apesar de

não terem sido oficialmente incluídas na área de

abrangência quando o MAPES foi homologado pelo

MMA, fazem parte da área de abrangência deste

mosaico. Pra visualizar melhor, confira o mapa no

anexo desta apostila.

Qual o papel desempenhado por cada conselheiro do

COMAPES? Qual deve ser esse papel? De que forma

uma comunicação eficiente entre os diferentes membros

do conselho e demais atores sociais inseridos no

território pode contribuir para o bom funcionamento do

Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia?

presença dos índios Pataxó, de pescadores tradicionais

e quilombolas que demonstram o quanto a diversidade

sócio-cultural e ambiental é marcante e significativa.

As atividades econômicas provocam variados graus de

impactos na biodiversidade e na paisagem locais. A

região apresenta como ocupações predominantes a

pecuária extensiva e as monoculturas (principalmente a

do Eucalipto), sendo constante alvo de desmatamentos,

queimadas, pesca exploratória, turismo não sustentável,

carvoarias (usando madeira plantada e nativa),

ocupações costeiras desordenadas fruto de crescente

especulação imobiliária, ausência de saneamento básico

e do tráfico de animais silvestres.

Constata-se, atualmente, que as áreas protegidas ainda

não atuam em sintonia, não dispondo de planejamento

conjunto e de um estabelecimento de metas que visem a

conservação adequada à realidade regional. A ação dos

gestores destas Áreas Protegidas continua sendo

isolada, focada no seu objeto e isenta de uma visão mais

ampla da problemática de conservação regional. Foi

diante deste contexto que nasceu a proposta de

implementação do Mosaico de Áreas Protegidas do

Extremo Sul da Bahia.

O Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia

abrange três municípios: Porto Seguro, Prado e Santa

Cruz de Cabrália e 12 Áreas Protegidas e suas Zonas de

Amortecimento, sendo 5 federais (Parques Nacionais

do Pau Brasil, Monte Pascoal e Descobrimento,

Reserva Extrativista Marinha do Corumbau e Refúgio

de Vida Silvestre Rio dos Frades), 2 estaduais (Áreas

de Proteção Ambiental de Caraíva-Trancoso e Coroa

Vermelha), 1 municipal (Parque Municipal Recife de

Para refletir, questionar e

se posicionar

Qual é a

abrangência?

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 12: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

Ao falarmos de um processo de gestão participativa,

necessariamente, precisamos contar com um processo

partilhado de comunicação. Já dizia o velho clichê

“informação é poder”, partilhar a informação, portanto, é

dividir o poder, é exercer o controle de forma

participativa. À esta partilha, chamamos

Educomunicação. Definida como “um caminho que

propõe um novo olhar sobre o processo de ensino-

aprendizagem, com a perspectiva de favorecer a

construção de conhecimentos e desenvolvimento de

valores, atitudes e habilidades. É uma nova forma de

ensinar e de aprender que permite ao educando

compreender e se colocar de forma crítica e competente

no contexto histórico em que vive” (SOARES, 2007). A

partir da elaboração, gestão e disseminação de peças de

comunicação com conteúdo socioeducativo, os/as

educandos/as passam a dar sentido às informações que

recebem.

A Educomunicação também pode ser definida como: um

processo de comunicação com intencionalidade

educacional expressa e que envolve a democratização da

produção e de gestão da informação nos meios de

comunicação em seus diversos formatos, ou na

comunicação presencial (TASSARA, 2008). Trata-se,

portanto, de um processo de gestão compartilhada da

informação. E para que este processo aconteça é

preciso relembrar que a comunicação é um Direito

Humano, garantido na Constituição Federal, assim como

a Saúde, a Educação, entre tantos outros que já

conhecemos.

O que significa dizer que todo cidadão e cidadã

brasileiros têm o direito a uma informação de qualidade,

direito a fiscalizar os conteúdos emitidos nos veículos de

comunicação como televisão, rádio, jornal impresso e,

mais ainda, direito a produzir comunicação. Rádios

comunitárias, bike som, fanzines (pequenos jornais) são

algumas ferramentas de comunicação possíveis de

serem produzidas e divulgadas. As redes sociais

(facebook, twitter, blog) também devem ser utilizadas

com o intuito educativo, o intuito de disseminar

informações socioambientais e contribuir para

transformar o território onde se vive.

“Uma política de comunicação ambiental baseada nos

princípios da democratização, promoção da autonomia e

emancipação, se materializa quando há condições de

inclusão ampla no direito à comunicação, que significa

não só poder ter acesso à informação e aos bens

culturais mediatizados ou não, mas também acesso à

participação na criação e na gestão dos meios de

comunicação” (Fonte: Publicação Educação Popular

Ambiental – DEA/MMA). Desta forma, uma política de

gestão participativa do território, como é a proposta de

Mosaico de Áreas Protegidas, pressupõe,

necessariamente, uma gestão partilhada do acesso,

produção e disseminação da informação.

Como se dá a sua comunicação com seus amigos, com

seus familiares, com aqueles que você, de alguma

maneira, representa em espaços de participação

política? Você considera a sua comunicação educativa,

transformadora?

Oficina do MAPESEDUCOMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

Para refletir, questionar e

se posicionar

11PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 13: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

12

MAPES

www.mapesbahia.wordpress.com

Conservação Internacional

www.conservation.org.br

Flora Brasil

www.florabrasil.org.br

Fundação Nacional do Índio -

www.funai.gov.br

Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA

www.gamba.org.br

Ibio – Instituto BioAtlântica

www.bioatlantica.org.br

Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade – ICMBio

www.icmbio.gov.br

Ministério do Meio Ambiente – MMA

www.mma.gov.br

Rede Brasileira de Justiça Ambiental

www.justicaambiental.org.br

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

www.rbma.org.br

CRIS Brasil – Articulação Nacional pelo Direito à

Comunicação

www.crisbrasil.org.br

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

www.intervozes.org.br

Oboré

www.obore.com

FUNAI

Mosaico Central Fluminense

www.mosaicocentral.org.br

Rede de Mosaicos

www.redemosaicos.com.br

Dhnet

www.dhnet.org.br/

Povos Indígenas no Brasil

http://pib.socioambiental.org/pt

RPPN Estação Veracel

www.veracel.com.br/

Mata Atlântica da Bahia

www.mataatlanticabahia.org.br

Dossiê do Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul

da Bahia - Documento Técnico: subsídios para o

processo de reconhecimento do Mosaico de Áreas

Protegidas do Extremo Sul da Bahia.

Jornal do Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul

da Bahia – 4ª edição

Coletivos Jovens de Meio Ambiente – Manual Orientador

Declaração das Nações Unidades sobre os Direitos dos

Povos Indígenas

DHnet – Direitos Humanos na Internet: www.dhnet.com

Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de

São Paulo – NCE/USP – http://www.usp.br/nce/

Acesse:

Referências

Oficina do MAPESDICAS, SITES E REFERÊNCIAS

PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 14: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

ANEXOS

Page 15: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

CAPÍTULO I

Natureza e Competência do Conselho

Art 1º. O Conselho Consultivo do Mosaico de Áreas

Protegidas do Extremo Sul da Bahia(COMAPES) é órgão

integrante da estrutura administrativa do Mosaico de Áreas

Protegidas do Extremo Sul da Bahia, composto por

representantesgovernamentais e não governamentais,criado

pela Portaria nº 492, de 17 de dezembro de 2010, do

Ministério do Meio Ambiente, de acordo com o disposto no

Decreto Federal n° 4340, de 22 de agosto de 2002, que

regulamenta a Lei n° 9985, de 18 de junho de 2000.

Art 2º. O COMAPES tem a finalidade de atuar como

instância de gestãointegrada e participativa dasáreas

protegidas que compõe o MAPESe do território o qual

abrange, visando a conservação da biodiversidade, a

valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento

sustentável.

§ 1° O COMAPES tem caráter consultivo, conforme

definido no art. 9° do Decreto Federal 4340/2002.

Art 3º. No cumprimento de suas finalidades, é competência

do Conselho Consultivo:

I - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar

e otimizar:

A) as atividades desenvolvidas em cada área protegida,

tendo em vista, especialmente:

1. os usos nas fronteirasdas áreas protegidas;

2. o acesso às áreas protegidas;

3. a fiscalização;

4. o monitoramento e avaliação dos Planos de Gestão;

5. a pesquisa científica;

6. a alocação de recursos advindos da compensação

referente ao licenciamento ambiental.

B) ações e políticas relacionadas às questões

socioeconômicas e histórico-culturais das

comunidades residentes na área do mosaico.

II - manifestar-se sobre propostas de solução para a

sobreposição de áreas protegidas;

III - manifestar-se, quando provocado por órgão executor,

por conselho de unidade de conservação ou por outro

órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente -

SISNAMA, sobre assunto de interesse para gestão do

mosaico;

IV – Definir quanto ao redesenho da área de abrangência

do MAPES;

V – definir quanto a inclusão ou exclusão de áreas

protegidas que compõem o Mosaico de acordo com os

critérios estabelecidos no seu Regimento Interno;

VI – deliberar a qualquer momento sobre a composição

e forma de operação da Secretaria Executiva do Mosaico

e de suas Câmaras Técnicas.

CAPÍTULO II

Organização

SEÇÃO I

Estrutura do Conselho

Art 4º. Integram o COMAPES os órgãos e entidades listados

abaixo:

I – Representação governamental:

A) um representante por área protegida Federal;

B) um representante por área protegida Estadual;

C) um representante por área protegida municipal;

D) um representante da CEPLAC;

E) um representante do IPHAN;

F) um representante do Governo Federal;

G) um representante do Governo Estadual;

H) um representante de cada prefeitura da área de

abrangência do Mosaico.

II – Representação da sociedade civil:

A) quatro representantes de Terras Indígenas;

B) três representantes de Reservas Particulares do

Patrimônio Natural;

C) três representantes de organizações não

governamentais socioambientais/culturais;

Oficina do MAPESANEXOS

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO GESTOR DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

14 PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 16: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

D) um representante de segmento empresarial;

E) um representante de segmento agropecuário;

F) dois de segmento da agricultura familiar;

G) dois de segmento da pesca artesanal;

H) um de segmento turismo;

I) um representante de segmento ensino e pesquisa.

§ único – Todas as cadeiras do COMAPES serão

ocupadas por órgãos e entidades titulares e suplentes.

Art 5º. Compete aos membros do COMAPES:

I – Analisar e opinar sobre assuntos encaminhados à sua

apreciação;

II – Discutir e votar matérias relacionadas à consecução

das finalidades do COMAPES previstas neste

Regimento;

III – Sugerir medidas que visem à melhoria da gestão

ambiental do Mosaico;

IV – Propor ao COMAPES a discussão de temas que

envolvam problemas ou irregularidades ocorridas no

Mosaico;

V – Participar das assembleias ordinárias ou

extraordinárias, justificando formalmente as faltas ou

impedimentos ocorridos;

VI – Multiplicar as informações entre os seus

representados e manter a comunicação constante

entre todos os atores envolvidos.

Art 6º. O COMAPES será presidido pelo chefe de uma das

unidades de conservação que compõe o Mosaico, o qual

será escolhido pela maioria simples de seus membros. O

mesmo procedimento será adotado para a escolha da vice-

presidência do COMAPES, que deverá ser assumida por

outro chefe de uma das unidades de conservação.

§ único – Compete ao presidente do COMAPES:

I – Presidir as assembleias ordinárias e extraordinárias;

II – Propor a pauta das reuniões;

III – Requisitar serviços especiais das câmaras técnicas;

IV – Representar o COMAPES ou delegar sua

representação entre os membros do conselho;

V – Resolver os casos não previstos neste regimento,

até um pronunciamento do COMAPES.

Art 7º. O COMAPEScontará com uma Secretaria Executiva,

entre seus titulares e suplentes, escolhida por maioria

simples.

§ único – Compete à Secretaria Executiva do COMAPES:

I – Assessorar técnica e administrativamente a

presidência do Conselho.

II – Organizar e manter arquivada toda documentação

relativa às atividades do Conselho;

III – Colher dados e informações necessárias à

complementação das atividades do Conselho;

IV – propor e acompanhar o calendário e a agenda das

reuniões dos órgãos da estrutura do Conselho;

V - Receber dos membros sugestões de pauta das

assembleias;

V – Convocar as assembleias, por determinação da

presidência, e secretariar seus trabalhos;

VI – Responsabilizar-se pela elaboração e

disponibilização das atas aos membros nas

assembleias;

VII – Elaborar o Relatório Anual de Atividades,

submetendo-o ao Presidente do Conselho

Consultivo, a ser apresentado na última reunião

ordinária do ano;

VIII – Comunicar, encaminhar e fazer publicar as

decisões emanadas da assembleia;

IX – Executar outras atribuições correlatas, determinadas

pelo Presidente ou pelo Conselho Consultivo.

Art 8º. O COMAPES contará com a assistência de Câmaras

Técnicas, definidas em assembleia.

§ 1° – Cada câmara técnica terá um coordenador, dentre

os membros do COMAPES, excetuando-se o presidente

e o secretário-executivo.

§ 2° – Cada câmara técnica será composta por um

quadro mínimo de três integrantes, não havendo limite

máximo para sua composição, que poderão ser ou não

membros do COMAPES.

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO GESTOR DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

15PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 17: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

§ 3º – As câmaras técnicas poderão ser assessoradas

por profissionais e entidades externas ao COMAPES,

desde que comprovada sua pertinência.

§ 4º– Os pareceres das Câmaras Técnicas, a serem

apresentados durante as assembleias, deverão ser

elaborados por escrito e entregues com antecedência de,

no mínimo, oito dias à Secretaria Executiva do Conselho

Consultivo, para fins de processamento e inclusão na

pauta da próxima assembleia, salvo os casos admitidos

pelo COMAPES.

§ 5º– Os pareceres das Câmaras Técnicas serão

submetidos à aprovação da Assembleia Geral.

Art 9º. Poderão ser instauradas câmaras técnicas

provisórias, que serão aprovadas em assembleia para

atendimento de demandas emergenciais e eleitas por

maioria simples.

Art 10. Cada Câmara Técnica permanente ou provisória

poderá estabelecer normas específicas ao seu

funcionamento.

SEÇÃO II

Da Assembleia Geral

Art 11. O COMAPES se reunirá em assembleias ordinárias a

cada quatro meses e em assembleias extraordinárias, no

caso de atendimento a demandas emergenciais imprevistas,

a partir de convocação do presidente ou da solicitação de

metade mais um dos membros. As reuniões serão

públicas,acontecerão em municípios alternados sempre que

possível.

Art 12. Sobre as Assembleias Ordinárias:

I – Serão convocadas com quinze dias de antecedência e

o prazo para apresentação de pontos de pauta será de

dez dias de antecedência.

II – O calendário de cada ano será aprovado na última

Assembléia Ordinária do ano anterior.

Art 13. Sobre as Assembleias Extraordinárias:

I – serão convocadas em um prazo mínimo de dez dias a

contar da data da petição e realizadas em até dez dias

após a data da convocação.

Art 14. As Assembleias Ordinárias obedecerão a seguinte

ordem:

I - Instalação dos trabalhos pela Presidência do

Conselho;

II - Discussão e aprovação da ata da assembléia anterior;

III - Apresentação, discussão, aprovação e

encaminhamento da pauta do dia;

IV - Assuntos gerais e informes das entidades membro;

V - Encerramento da assembleia pela Presidência do

Conselho.

Art 15. As Assembleias Ordinárias e Extraordinárias terão

início, respeitando o número de membros presentes, de

acordo com a seguinte ordem de abertura:

I – Em primeira convocação, com presença de pelo

menos metade mais um de seus membros;

II – Em segunda convocação, 30 minutos após a

primeira, com os membros presentes.

Art 16. Será lavrada uma ata em cada Assembléia Geral.

Art 17. As decisões da assembléia serão validadas com

aprovação da maioria simples dos conselheiros presentes a

exceção dos casos previstos em lei.

Art 18. Iniciada a reunião e estando ausente o representante

titular, o seu suplente, se presente, passa a ter direito de

voto até o final da reunião, independente da chegada

posterior do titular.

Art 19. Ao Presidente caberá o voto de minerva, ou seja,

vota somente em caso empate.

SEÇÃO III

Funcionamento do Conselho

Art 20. O mandato do presidente, secretário-executivo e

demais conselheiros é de dois anos.

Parágrafo único – A composição deste Conselho deverá

ser revisada a cada quatro anos, através de deliberação

em reunião aberta à sociedade, convocada

especialmente para essa finalidade.

Art 21. A eleição para renovação dos membros do Conselho

será realizada no período máximo de 60 (sessenta) dias e

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO GESTOR DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

16 PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 18: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

mínimo de 15 (quinze) dias que antecederem o término dos

mandatos vigentes.

Art 22 . A participação dos membros do Conselho é

considerada serviço público de natureza relevante, não

remunerada.

CAPÍTULO III

Disposições gerais e transitórias

Art 23. Ocorrerá a perda dos mandatos de Presidência e

Secretaria - executiva sempre que houver deliberação em

assembleia de proposta subscrita pela metade mais um dos

membros e aprovação de 2/3 dos presentes à assembleia

convocada para este fim e com quórum mínimo de 2/3.

Art 24. Perderão os mandatos os conselheiros e/ou

instituições que:

I – Não comparecerem a duas assembleias ordinárias

conse-cutivas ou quatro intercaladas, sem justificativa

aceita;

II – Envolverem-se comprovadamente em crimes;

III – Solicitarem espontaneamente a saída.

Art 25. Perderão a representatividade os conselheiros que

forem descredenciados ou perderem o cargo na instituição

que representam, cabendo a instituição indicar outro

representante.

Art 26. A perda do mandato do membro do Conselho será

oficializada em Assembleia Geral.

Art 27. A proposta de substituição de entidade-membro

deve ser encaminhada à presidência do COMAPES quando:

I – A entidade renunciar a vaga;

II – A entidade não indicar representantes após

reiteração;

III – Ausência não justificada do seu representante em 3

(três) reuniões ordinárias consecutivas;

IV – A entidade for extinta.

Parágrafo Único – a entidade-membro deve ser

notificada por escrito a cada ausência não justificada.

Art 28. A proposta de substituição de representantes

deve ser encaminhada ao gestor da entidade-membro

quando:

I – Ausência não justificada do representante em 2

(duas) reuniões ordinárias consecutivas;

II – Ausência, mesmo que justificada, do representante

em 3 (três) reuniões ordinárias no período do

mandato.

Art 29. Anualmente, novas áreas protegidas podem ser

incluídas no Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da

Bahia, obedecendo aos seguintes critérios:

A) Apresentar Carta de Interesse;

B) Pertencer à área de abrangência do MAPES;

C) Obter aprovação do COMAPES.

Art 30. As propostas de exclusões ou inclusões de

instituições que compõe o COMAPESserão submetidas à

análise deste conselho, e encaminhadas ao Ministério do

Meio Ambiente, quando da necessidade de retificação da

portaria que institui o Mosaico.

Art 31. O presente regimento pode ser alterado a partir de

proposta subscrita pela metade mais um dos membros e

aprovação de 2/3 dos presentes à assembleia convocada

para este fim e com quórum mínimo de 2/3.

Art 32. O presente regimento entra em vigor após aprovação

em assembleia ordinária do COMAPES.

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO GESTOR DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

17PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 19: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

PORTARIA No- 492, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2010

A MINISTRA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, no uso

das atribuições que lhe confere o inciso II do parágrafo

único do art. 87 da Constituição Federal, e considerando

o disposto na Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, e

nos artigos 8º ao 11 e 17 ao 20 do Decreto n° 4.340, de

22 de agosto de 2002;

Considerando a importância da gestão integrada e

participativa das unidades de conservação, resolve:

Art. 1º Reconhecer o Mosaico do Extremo Sul da Bahia,

abrangendo as seguintes áreas e suas respectivas zonas de

amortecimento, localizadas no Estado da Bahia:

I - sob a gestão do Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade -ICMBio:

A) Parque Nacional Pau Brasil;

B) Parque Nacional Monte Pascoal;

C) Parque Nacional do Descobrimento;

D) Reserva Extrativista Marinha do Corumbau;

E) Refúgio de Vida Silvestre Rio dos Frades;

II - sob a gestão da Secretaria Estadual do Meio

Ambiente:

A) Área de Proteção Ambiental de Caraíva-Trancoso;

B) Área de Proteção Ambiental Coroa Vermelha;

III - sob a gestão da Secretaria Municipal de Meio

Ambiente de Porto Seguro - BA:

A) Parque Municipal Marinho do Recife de Fora;

IV - sob a gestão dos proprietários de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural - RPPN's federais:

A) Reserva Particular do Patrimônio Natural Veracel;

B) Reserva Particular do Patrimônio Natural Mamona;

C) Reserva Particular do Patrimônio Natural Carroula;

D) Reserva Particular do Patrimônio Natural Rio Jardim.

Art. 2º O Mosaico do Extremo Sul da Bahia contará com um

Conselho Consultivo, que atuará como instância de gestão

integrada das áreas elencadas no art. 1º desta Portaria.

Art. 3º O Conselho Consultivo do Mosaico do Extremo Sul

da Bahia terá a seguinte composição:

I) Os chefes, administradores ou gestores das áreas

listadas nos incisos I, II e III do art. 1º desta Portaria;

II) Três representantes de Reservas Particulares do

Patrimônio Natural;

III) Um representante da Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira - Ceplac;

IV) Três representantes de organizações socioambientais

atuantes na região de influência do Mosaico;

V) Três representantes de associações de classes

atuantes na região de influência do Mosaico;

VI) Um representante de instituição de ensino e pesquisa

atuante na região de influência do Mosaico;

VII) Quatro representantes das organizações indígenas da

região de influência da região do Mosaico.

Art. 4º Ao Conselho Consultivo do Mosaico do Extremo Sul

da Bahia compete:

I - elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa

dias, contados da sua instituição;

II - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar

e otimizar:

A) as atividades desenvolvidas em cada unidade de

conservação, tendo em vista, especialmente:

1. os usos na fronteira entre unidades;

2. o acesso às unidades;

3. a fiscalização;

4. o monitoramento e avaliação dos Planos de Manejo;

5. a pesquisa científica;

6. a alocação de recursos advindos da compensação

referente ao licenciamento ambiental de empreendi-

mentos com significativo impacto ambiental;

b) a relação com a população residente na área do

mosaico;

III - manifestar-se sobre propostas de solução para a

sobreposição de unidades;

Oficina do MAPESANEXOS

PORTARIA DE HOMOLOGAÇÃO DO MOSAICO

DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

18 PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 20: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

IV - manifestar-se, quando provocado por órgãos

executor, por conselho de unidade de conservação

ou por outro órgão do Sistema Nacional do Meio

Ambiente - Sisnama, sobre assunto de interesse

para gestão do mosaico.

Art. 5º. O mandato de conselheiro é de dois anos, renovável

por igual período, não remunerado e considerado atividade

de relevante interesse público.

Art. 6 O Conselho poderá convidar representantes de

outros órgãos governamentais, não-governamentais e

pessoas de notório saber, para contribuir na execução dos

seus trabalhos.

Art. 7º. O Conselho Consultivo do Mosaico do Extremo Sul

da Bahia será presidido por um dos chefes das unidades de

conservação elencadas no art. 1º desta Portaria, escolhido

pela maioria simples dos seus membros.

Art. 8º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua

publicação.

Izabella Teixeira

º.

19PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

PORTARIA DE HOMOLOGAÇÃO DO MOSAICO

DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

Page 21: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

Oficina do MAPESANEXOS

MAPA DO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

Santa Cruz de Cabrália

Porto Seguro

Itamaraju

Alcobaça

Itabela

1516

17 18

14

10

1311

89

7

63

2

45

1

12

0 5 10 20Km

PARNA Descobrimento

RESEX Corumbau

PARNA Monte Pascoal

TI Águas Belas

TI Corumbauzinho

TI Barra Velha

APA Caraíva - Trancoso

TI Imbiriba

RVS Rio dos Frades

TI Aldeia Velha

PARNA Pau-Brasil

RPPN Carroula

RPPN Manona

PMM Recife de Fora

EE Pau-Brasil

RPPN Veracel

TI Jaqueira

APA Coroa Vermelha

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

13.

14.

15.

16.

17.

18.

Limite Municipal

Hidrografia

IPHAN

Terra Indígena (TI)

Estação Experimental (EE)

Parque Nacional (PARNA)

Parque Municipal (PMM)

RPPN

RESEX

APA

RVS

LEGENDA

Projeção Cartográfica UTM

Datum: WGS 1984 - zona 24s

Elaboração: Associação Flora Brasil

Harildon M. Ferreira

20 PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS PROTEGIDAS NO SUL DA BAHIA

Page 22: PROJETO DE CRIAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS … · Entre eles, controle social, participação política, educação ambiental, educomunicação socioambiental e gestão ambiental

Realização

Parceria