projeto de cinética e reatores químicos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROF. ANDRE LUIS LOPES MORIYAMA
CINÉTICA DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Dissentes: Eduardo Felipe Gomes De Carvalho
Joyce Silva De Oliveira
Márcia Fernanda Teixeira De Menezes
Marina Menezes
Ricardo Clemente Abraão
Março – 2016
Natal/ RN
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1.0 INTRODUÇÃO
Os combustíveis fósseis vêm sendo utilizados como a principal fonte de energia,
desde o século passado. Em decorrência do seu consumo em massa, percebe-se o
aumento dos problemas ambientais como poluição atmosférica, aquecimento global
e chuvas ácidas.
A fim de estudar um método alternativo de minimizar os estragos ambientais
causados pelos combustíveis fósseis, torna-se relevante a análise da produção de
combustíveis obtidos de fontes limpas e renováveis, que não contêm compostos
sulfurados, que são biodegradáveis e reduzem a emissão de dióxido de carbono e de
materiais particulados, quando comparados aos combustíveis não renováveis, como
óleo diesel, gasolina e carvão mineral, por exemplo.
O biodiesel é um combustível que pode ser produzido a partir de fontes renováveis
como óleos vegetais, óleos residuais da indústria alimentícia e gorduras animais. As
semelhanças entre as propriedades de combustão com o diesel fizeram dele uma das
alternativas mais promissoras de um combustível renovável e sustentável para o
automóvel (Lin et al, 2011). Ele é perfeitamente miscível ao óleo diesel, podendo ser
utilizado puro ou em misturas sem que qualquer adaptação nos motores seja
necessária (Parente, 2003).
Quimicamente falando, o biodiesel é um éster alquílico, que deriva de um
álcool. Em sua síntese, os triglicerídeos de óleos ou gorduras são transesterificados com
um álcool de cadeia curta como o metanol ou etanol. O éster formado na reação é
separado do glicerol e do álcool por decantação. Sua purificação pode ser feita por
lavagem com água ou destilação. Para se obter maior conversão do óleo em biodiesel, a
reação deve ser catalisada por catálise ácida, com ácido sulfúrico, por exemplo, ou
básica, com hidróxido de sódio por exemplo.Os óleos vegetais apresentam várias vantagens para uso como combustível,
como elevado poder calorífico, ausência de enxofre em suas composições, baixo custo
de produção, além de serem de origem renovável. No entanto, existem
algumas desvantagens no uso direto de óleos virgens como: a ocorrência de excessivos
depósitos de carbono no motor; a obstrução nos filtros de óleo e bicos injetores; a
diluição parcial do combustível no lubrificante; o comprometimento da durabilidade do
motor; e um aumento considerável em seus custos de manutenção. Outros autores(Goering e Fry, 1984; Kobmehl e Heinrich, 1998; Ghassan et al., 2003) demonstraram
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que a alta viscosidade e a baixa volatilidade dos óleos vegetais in natura podem
provocar sérios problemas ao bom funcionamento do motor. Dentre os problemas que
geralmente aparecem após longos períodos de utilização, destacam-se a formação de
depósitos de carbono por combustão incompleta, a diminuição da eficiência de
lubrificação do óleo pela ocorrência de polimerização (no caso de óleos poli-
insaturados) e a atomização ineficiente e/ou entupimento dos sistemas de injeção
(Peterson et al., 1983; Pryde, 1983; Ma e Hanna, 1999).
Nos processos industriais para a obtenção do biodiesel a reação
de transesterificação é a rota química mais utilizada. Desse modo, o estudo da cinética
da reação de transesterificação, feita a partir da análise dos dados experimentais, é capaz
de proporcionar uma otimização das variáveis do processo, além de servir como base
para o dimensionamento dos reatores necessários para a realização do processo.
2.0 JUSTIFICATIVA
Ao analisar os aspectos positivos do biodiesel, verificamos a importância do
tema e resolvemos estudar sua cinética de reação catalítica homogênea, a opção mais
imediata e economicamente viável para a transesterificação de óleos vegetais, de acordo
com Zagonel e Ramos (2001) e Ramos (2003). Do ponto de vista econômico, a
viabilidade do biodiesel está relacionada com o estabelecimento de um equilíbrio
favorável na balança comercial brasileira, visto que o diesel é o derivado de petróleo
mais consumido no Brasil, e que uma fração crescente desse produto vem sendo
importada anualmente (Nogueira e Pikman, 2002). E em termos ambientais, a adoção
do biodiesel, mesmo que de forma progressiva, ou seja, em adições de 2% a 5% no
diesel de petróleo (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2002), resultará em uma redução
significativa no padrão de emissões de materiais particulados, óxidos de enxofre e gasesque contribuem para o efeito estufa (Mittelbach et al., 1985), ocasionando, a longo
prazo, um futuro mais saudável para o nosso planeta e, consequentemente, a
possibilidade de proporcionar à população uma melhor qualidade de vida. Além disso, a
importância do estudo da cinética da reação de produção do biodiesel pode ser
evidenciada a partir da possibilidade da diminuição dos custos do processo
pela otimização das variáveis inerentes à obtenção do produto.
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3.0 FLUXOGRAMAS
Figura 2: Fluxograma da indústria (Visão geral).
Figura 3: Fluxograma do processo (Equipamentos).
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Figura 4: Fluxograma do reator (Foco de estudo).
4.0 MEMÓRIA DE CÁLCULO
A reação estudada no processo de obtenção do biodiesel foi a transesterificação
do óleo de soja com o acetato de metila. Os dados coletados foram obtidos de um reator
em batelada pressurizado de aço inox, mostrado na Figura 1.
Figura 1: Reator em batelada para produção de ácidos graxos.
O processo da transesterificação acontece em uma sequência de três reações
irreversíveis, em que di e mono glicerídeos são formados de forma intermediária. O
mecanismo cinético pode ser representado pelas seguintes reações:
Etapas da reação de transesterificação
TG + CH3COOCH3 RCOOCH3 + DG
DG + CH3COOCH3 RCOOCH3 + MG
MG + CH3COOCH3 RCOOCH3 + TA
(Eq. 01)
(Eq. 02)
(Eq. 03)
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Reação geral em uma etapa
TG + 3CH3COOCH3 3RCOOCH3 + TA
Ao considerar as etapas da primeira à terceira, as taxas de variação da
concentração para cada um dos componentes da reação podem ser descritas pelas
seguintes equações diferenciais:
As constantes de velocidade k1, k2 e k3 (Tabela 1), obtidas por Xu (2004), são
referentes, respectivamente, às etapas 1, 2 e 3 da reação de transesterificação.
Tabela 1: Constantes cinéticas das reações (k i).
Constantes cinéticas Valor (L.mol- .min- )
k1 0,033
k2 0,1124
k3 0,1129
(Eq.04)
(Eq. 05)
(Eq. 05)
(Eq. 06)
(Eq. 07)
(Eq. 08)
(Eq. 09)
(Eq. 10)
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De acordo com a unidade das constantes de reação (L.mol-1.min-1), fazendo uma
análise dimensional pode-se inferir que o modelo proposto descreve uma cinética de
segunda ordem. Entretanto, alguns autores a consideram como de pseudo primeira
ordem.
Para realizar a análise de dimensionamento de reatores CSTR e PFR para
produção de biodiesel, utilizou-se o modelo computacional desenvolvido no software
MatlabR2013a®.
Primeiramente, foi calculado o volume dos reatores CSTR e PFR isolados
(tabela 3), utilizando os valores fixos de concentração inicial igual a 5 mol/L e corrente
de alimentação igual a 10 mol/s. Os valores de conversão inicial e final foram definidos
de acordo com cada arranjo.
A partir do método de maximização de retângulos, utilizando o gráfico 1 e a
equação gerada pelo ajuste exponencial, foi possível analisar a melhor conversão
intermediária para o arranjo de dois CSTR em série (Arranjo 1). Rearranjou-se a
equação 5 em termos da conversão do reagente triglicerídeo (TG), obteve-se o gráfico
1/-rA versus Xa. Tomando como parâmetro o valor de R², pode-se verificar que os
dados se adequaram bem ao modelo exponencial.
Gráfico 1
Método de maximização dos retângulos:
=
(. 11)
0,43631,2699 =0,34361,2699
(.12)
= 0,7875 (Eq. 13)
y = 0,343e1,269x
R² = 0,994
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
1/-rA versus X
1/-rA versus X
Exponencial (1/-rA
versus X)
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Pode-se fazer uma comparação entre os resultados obtidos para os arranjos 1 e 4
(reatores CSTR em série), pois mesmo utilizando o método numérico de otimização, o
volume para o arranjo com o maior número de reatores, apresentou o menor valor para o
volume por seu comportamento se aproximar de um reator PFR.
Para os arranjos mistos 2 e 3, com associação de CSTR e PFR em série, temos
que no arranjo onde o reator CSTR é colocado primeiro, o volume é consideravelmente
menor, pois para baixas conversões o reator CSTR apresenta pequenas diferenças em
relação ao PFR.
A tabela 2, resume os resultados para os volumes dos arranjos obtidos pela
ferramenta computacional.
Tabela 2: resultados dos volumes para os diferentes arranjos
Arranjo Reatores
Conversão Volume
Total (L)
- CSTR 0 -> 0,9 363,67
- PFR 0 -> 0,9 36,36
1 2 CSTR em série 0-> 0,7875 -> 0,9 115,92
2 CSTR + PFR 0 -> 0,45 -> 0,9 39,07
3 PFR + CSTR 0 -> 0,45 -> 0,9 185,124 4 CSTR em série 0 -> 0,3 -> 0,6 ->0,75 -> 0,9 80,35
4.0 CONCLUSÃO
Conclui-se que foi possível achar dados experimentais que se ajustam ao modelo
cinético empregado para uma reação de cinética de pseudo primeira ordem. Analisando
o dimensionamento dos reatores, pode-se confirmar que mesmo fazendo vários
rearranjos de reatores, o volume do reator PFR é sempre menor. A importância de se
estudar o dimensionamento de reatores se deve ao fato de que o menor volume possível
pode reduzir os custos de implantação e operação do processo e otimizar os parâmetros
opercionais.
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REFERÊNCIAS
FERRARI, R.A.; OLIVERIA, V.S. e SCABIO, O.A. Biodiesel de soja – Taxa deconversão em ésteres etílicos, caracterização físico-química e consumo em gerador de
energia. Química Nova, v. 28, n. 1, p. 19-23, 2005
LINL. ;CUNSHANZ. ; VITTAYAPADUNGS. ; XIANGQIANS. ;MINGDONGD., Appl. Energy 2011, 88, 1020-1031.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, Primeiro inventário brasileiro deemissões antrópicas de gases de efeito estufa. Brasília, 2002.
MITTELBACH, M.; TRITTHART, P.; JUNEK, H.Diesel fuel derived from vegetable oils, II: emission tests using rape oil methyl ester.
Energy in Agriculture, v.4, p.207-215, 1985.
NOGUEIRA, L. A. H.; PIKMAN, B. Biodiesel; novas perspectivas de sustentabilidade.Conjuntura & Informação - Agência Nacional do Petróleo, n.19, 2002. Disponível em:Acesso em: 25/08/2003.
OLIVEIRA, F.C.C.; SUAREZ, P.A.Z. e SANTOS, W.L.P. Biodiesel: possibilidades edesafios. Química Nova na Escola, n. 8, maio, p. 3-8, 2008.
PARENTE, E. J. S.; Uma Aventura Tecnológica Num País Engraçado, Unigráfica:Fortaleza, 2003
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APÊNDICE
% UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE % DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA % DEQ-506 - CINÉTICA E REATORES QUÍMICOS
% % Professor: Dr. André Luis Lopes Moriyama % Alunos: Eduardo Felipe Gomes de Carvalho % Joyce Silva de oliveira % Márcia Fernanda Teixeira de Menezes % Marina Menezes % Ricardo Clemente Abraão %%% ROTINA PARA A ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE REATORES %CSTR E PFR
% % entrada de dados para o dimensionamento dos reatores
clear all; clc;
fa0 = input('digite a vazão de alimentação (água +triglicerídeo) = ');ca0 = input('digite a concentração inicial = ');xa0 = input('digite a conversão inicial = ');xa = input('digite a conversão desejada = ');
% constantes de reações ( (min)^-1)
k1 = 0.033;k2 = 0.1124;k3 = 0.1129;
% cálculo do volume do CSTR
disp('Volumes para CSTR e PFR à conversão escolhida')
VOLUME_CSTR = (fa0*(xa-xa0))/(k1*(ca0*(1-xa))*(3*ca0-(3*ca0*xa)))
% cálculo do volume do PFR
syms x
VOLUME_PFR = int((fa0/(k1*(ca0*(1-x))*(3*ca0-(3*ca0*x)))),xa0,xa)
% Primeiro arranjo: dois CSTR em série
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disp('PRIMEIRO ARRANJO: volume para dois reatores CSTR emsérie')
xb0 = 0; % conversão inicial xb = 0.7875; % conversão final
VOLUME_CSTR1 = (fa0*(xb-xb0))/(k1*(ca0*(1-xb))*(3*ca0-(3*ca0*xb)))
xc0 = 0.7875; % conversão inicial xc = 0.90; % conversão final
VOLUME_CSTR2 = (fa0*(xc-xc0))/(k1*(ca0*(1-xc))*(3*ca0-(3*ca0*xc)))
VOLUME_TOTAl_PRIMEIRO_ARRANJO = VOLUME_CSTR1 + VOLUME_CSTR2
% segundo arranjo: CSTR + PFR
disp('SEGUNDO ARRANJO: volume para dois reatores em série(CSTR + PFR)')
xd0 = 0;xd = 0.45;
VOLUME_CSTR3 = (fa0*(xd-xd0))/(k1*(ca0*(1-xd))*(3*ca0-(3*ca0*xd)))
xe0 = 0.45;xe = 0.90;
syms x
VOLUME_PFR2 = int((fa0/(k1*(ca0*(1-x))*(3*ca0-(3*ca0*x)))),xe0,xe)
VOLUME_TOTAl_SEGUNDO_ARRANJO = VOLUME_CSTR3+VOLUME_PFR2
% terceiro arranjo: CSTR + PFR
disp('TERCEIRO ARRANJO: volume para dois reatores em série(PRF + CSTR)')
xf0 = 0;xf = 0.45;
syms x
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VOLUME_PFR3 = int((fa0/(k1*(ca0*(1-x))*(3*ca0-(3*ca0*x)))),xf0,xf)
xg0 = 0.45;xg = 0.90;
VOLUME_CSTR4 = (fa0*(xg-xg0))/(k1*(ca0*(1-xg))*(3*ca0-(3*ca0*xg)))
VOLUME_TOTAl_TERCEIRO_ARRANJO = VOLUME_PFR3 + VOLUME_CSTR4
% Quarto arranjo: três CSTR em série.
disp('QUARTO ARRANJO: Três CSTR em série')
xh0 = 0;
xh = 0.30;
VOLUME_CSTR5 = (fa0*(xh-xh0))/(k1*(ca0*(1-xh))*(3*ca0-(3*ca0*xh)))
xi0 = 0.30;xi = 0.60;
VOLUME_CSTR6 = (fa0*(xi-xi0))/(k1*(ca0*(1-xi))*(3*ca0-(3*ca0*xi)))
xj0 = 0.60;xj = 0.75;
VOLUME_CSTR7 = (fa0*(xj-xj0))/(k1*(ca0*(1-xj))*(3*ca0-(3*ca0*xj)))
xk0 = 0.75;xk = 0.90;
VOLUME_CSTR8 = (fa0*(xk-xk0))/(k1*(ca0*(1-xk))*(3*ca0-(3*ca0*xk)))
VOLUME_TOTAl_QUARTO_ARRANJO = VOLUME_CSTR5 + VOLUME_CSTR6 +VOLUME_CSTR7 + VOLUME_CSTR8