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PROJETO DARWIN

Oficina de Biodiversidade

Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais

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Realização

Agência Ambiental Pick-upau

Financiamento

Fundo Especial para o Meio Ambiente – FEMA

Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – SVMA

Prefeitura Municipal de São Paulo – PMSP

Parceria

Instituto de Botânica de São Paulo – IBot

Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã

Apoio

Carioba Investimentos

Instituto Floresta de São Paulo – IF

Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo – SMA/SP

Apoio Institucional

APA Capivari-Monos

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Sumário

I- Introdução 09

II- Biodiversidade 11

1. Evolução 14

1.1 A evolução das plantas 18

2. Seleção Natural e a Teoria evolucionista 20

2.1 Charles Darwin 23

2.2 Origem da Vida e classificação dos seres vivos 24

2.2.1 Sistema de nomenclatura e taxonomia 25

2.2.2 Espécies-filogenia com ênfase em plantas 26

3. Ecossistemas – meio físico e seres vivos 29

3.1 Mata Atlântica 32

3.2 Hotspots 37

4. Importância da pesquisa científica 39

4.1 Novos conhecimentos 39

4.2 Registro do conhecimento - Etnobiologia 40

III- Impactos Ambientais 44

1. Biologia da Conservação 47

2. Unidades de Conservação 47

IV- Anexos 51

V- Glossário 53

VI- Referências Bibliográficas

VII- Créditos

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I. Introdução

O Projeto Darwin faz parte de um

novo compromisso do Pick-upau, de aumentar o

conhecimento sobre a biodiversidade

brasileira, através de pesquisa

científica, para auxiliar nas políticas de

preservação e conservação ambientais.

O Projeto Darwin tem como principais características conhecer e

divulgar os atributos naturais e culturais dos Biomas Brasileiros. Este

projeto, com ênfase na Floresta Atlântica Tropical, incluindo áreas

particulares, Unidades de Conservação e Terras Indígenas, descreve o inventário da

biodiversidade de espécies arbóreas da Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-

Monos e da Terra Indígena Guarani Tenonde Porã,

em Parelheiros, no extremo sul do município de São

Paulo. O projeto pretende, entre outros objetivos,

contribuir na promoção do desenvolvimento

sustentável, através da ampla divulgação dos

atributos naturais e culturais da APA Capivari-Monos

e seu entorno.

A Agência Ambiental Pick-upau espera auxiliar

com o Projeto Darwin o fomento do turismo

ecológico, cultural e rural e o desenvolvimento

sustentável das regiões abrangentes.

Projeto Darwin – Flora: Bióloga da Agência Ambiental Pick-upau durante expedição de coleta na Terra Indígena Guarani Tenonde Porã. (Pick-upau/Divulgação)

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II. Biodiversidade

Todos os animais, vegetais e

microorganismos, em conjunto com

as variações genéticas existentes

que surgem nos ambientes e ecossistemas,

podem ser chamados de biodiversidade. Então,

pode-se dizer que resumidamente, a biodiversidade é a riqueza e

a variedade do mundo natural, as inter-relações entre as espécies e o

quanto a existência de uma espécie afeta diretamente as outras que

estão em contato com ela (BONONI et al, 2010).

Há diversas maneiras de quantificar a biodiversidade, quer se considere o número

e a quantidade relativa das espécies, quer se considere a variabilidade local, a

complementaridade biológica entre habitats ou a diversidade de ecossistemas e biomas

(ALBAGLI, 1998).

É necessário levar

em conta a complexidade

da biodiversidade vegetal e

o potencial de

aproveitamento para a

alimentação humana e

animal, a agricultura e a

medicina, manutenção da

vida, dentre outras

aplicações, para que se

tenha total consciência de

que a preservação dessa

diversidade além de ser

uma necessidade é um

desafio (ALBAGLI, 1998; BONONI

et al, 2010).

Área de pesquisa do Projeto Darwin na APA Capivari-Monos. Região classificada como Floresta Densa Montana. (Pick-upau/Divulgação)

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O crescimento populacional, o desenvolvimento industrial e o aumento galopante

da poluição estão destruindo áreas que antes eram naturais e transformando-as em áreas

para a ocupação urbana. A observação deste fato pela comunidade acadêmica e cada vez

mais pela sociedade aumenta a preocupação de todos com relação á extinção das

espécies mais suscetíveis.

Com o intuito de tentar conscientizar a população, ecólogos e ambientalistas

procuram mostrar a importância da biodiversidade agora no aspecto econômico, já que

as pessoas só dão valor à biodiversidade quando animais, plantas e microorganismos são

utilizados nas indústrias alimentícia, farmacêutica ou de cosmética. A biodiversidade é a

maior riqueza do planeta Terra, mas não é vista ou reconhecida como tal.

Com o propósito de aliar o crescimento populacional com a conservação do meio

ambiente, surge o ambientalismo sustentável, onde o seu principal objetivo é combinar

sociedade e ambiente, mostrando que é possível servir-se dele e protegê-lo ao mesmo

tempo.

O interesse e a consciência sobre a importância da biodiversidade, com o passar

dos tempos, tem aumentado consolidando fundos mundiais voltados especificamente

para a conservação. Apesar de esses recursos serem destinados à conservação, ainda tem

muito a ser feito, pois a maioria dos investimentos não é utilizada de forma eficaz. Em

virtude disso é necessário estabelecer prioridades para a conservação para que se possa

investir de maneira mais eficiente os escassos recursos. (BONONI et al, 2010).

Já que a destruição da biodiversidade é um processo irreversível, nem a mais alta

tecnologia e nem as descobertas biotecnológicas, podem compensar tal prejuízo.

Certamente nada pode recuperar o que foi formado de maneira tão singular, ao longo de

bilhões de anos, na história evolutiva de nosso planeta (ALBAGLI, 1998).

A humanidade já perdeu 40% da produção primária territorial para seu próprio

uso, com custos em termos de extinção das espécies. Nas florestas tropicais úmidas, por

exemplo, restam apenas 7% da área original e ela continua diminuindo. Por isso são

necessários conhecimentos sobre biodiversidade, sua origem, manutenção e as perdas já

ocorridas, para que os trabalhos de conservação e recuperação possam agir de maneira

eficaz. Com as mudanças climáticas adversas e a alta incidência de raios ultravioletas, o

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foco da proteção da biodiversidade mudou, tornando-se mais complexo e amplo

(GARCIA, 1995).

O Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do planeta, ele possui a

maior Floresta Tropical do mundo (a Floresta Amazônica); a Floresta Tropical com os

maiores índices de biodiversidade por área (a Mata Atlântica); uma vegetação de savana

com os mais altos índices de endemismos (o Cerrado); a maior planície alagável do

mundo (o Pantanal); e a maior biodiversidade encontrada em uma região semi-árida do

planeta (a Caatinga).

Além disso, possui uma vasta costa marinha, com cerca de 3,5 milhões de

quilômetros que abriga uma variedade enorme de ecossistemas, como os recifes de

corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. Dentre os autores que

compilaram os dados recentes sobre a estimativa da biodiversidade brasileira,

destacamos a revisão de Lewinsohn & Prado (2002) (FORZZA, R.C. et al, 2010). O trabalho

mostra um número projetado de espécies de fungos e plantas entre 63.114 e 70.014, das

quais 44.315 a 49.515 seriam plantas terrestres (angiospermas, gimnospermas,

samambaias, licófitas e

briófitas). Shepherd (2005)

avalia que o Brasil possua

valores entre 16 – 20% da

flora mundial.

No quesito fauna o

Brasil também não fica

atrás, abrigando 10% dos

mamíferos, 13% dos

anfíbios, 17% das aves

descritos no mundo, 24% dos primatas e 3.000 espécies de peixes de água doce. Isso tudo

é três vezes mais que qualquer outro país do mundo.

Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil. Imagem do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, região Centro-Oeste do país. (Pick-upau/Divulgação)

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Todo esse cenário mencionado gera para o Brasil uma enorme responsabilidade

no que diz respeito à Conservação da Diversidade Biológica, já que possui uma das

maiores biodiversidade do mundo e tem o desafio de aliar a conservação com o uso

sustentável.

De acordo com a literatura, a biodiversidade na Terra pode ser vista como

consequência de um processo vagaroso e ininterrupto que acontece há 3,5 bilhões de

anos. Ao longo desse tempo as espécies vão variando e os estudos relacionados à

evolução visam comparar essas variedades presentes nos ecossistemas em determinado

momento, pois o equilíbrio ambiental planetário depende da diversidade de vida

(BONONI et al., 2010). Pelo que foi exposto é necessário que cada vez mais cidadãos e

organizações participem dos processos de conservação, preservação e recuperação das

áreas degradadas.

1. Evolução

A evolução tem influência direta na

estrutura e no comportamento dos

organismos, o mais evidente é o

conjunto de adaptações evolutivas que,

por exemplo, aumentam as habilidades para

buscar alimentos, se defender contra predadores e

para atrair parceiros sexuais, além de gerar a cooperação entre os

organismos (BONONI et al, 2010).

A Teoria Evolucionista surgiu com a publicação em 1859 sobre “A

Origem das espécies” de Charles Darwin. De acordo com esta teoria, os seres vivos são

selecionados em função de sua adaptação ao meio. As modificações são produzidas ao

associar a uma produção contínua de pequenas mudanças aleatórias nas características

a seleção natural das variantes genéticas melhor ajustadas ao seu ambiente nos

organismos.

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De acordo com esta teoria, modificações nas estruturas ou comportamentos que

melhoram uma função específica dos organismos, aumentam sua chance de sobreviver e

se reproduzir.

Tal fato foi

comprovado com o

aparecimento da genética e

então a Teoria de Darwin

juntamente com a genética

passou a ser chamada de

Neodarwinismo.

Esse processo pode

causar tanto o ganho de

uma nova propriedade,

como a perda de uma

propriedade ancestral. (BURNIE, 1997; PARKER, 1996).

Essas adaptações e transformações quando hereditárias são passadas às gerações

seguintes e por se tratar de um mecanismo lento só podem ser observadas após certo

período de tempo. Esse mecanismo de melhor adaptação é denominado evolução

(BURNIE, 1997).

A evolução gera organismos aptos para viverem nas mais diversas condições. Isso

mostra que há uma relação entre as propriedades do ambiente e as características das

espécies, como por exemplo, os animais são capazes de selecionar ativamente os

melhores ambientes para a sua sobrevivência (HELENE et al, 2005).

Dessa maneira a evolução seleciona as espécies mais adaptadas, preservando-as

através do tempo e as espécies que não conseguem se adaptar desaparecem. (PARKER,

1996).

“A Origem das Espécies” livro de Charles Darwin, publicado em 1859, que revolucionou a ciência. (Reprodução/ The Complete Work of Charles Darwin Online)

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Dentro das populações de espécies, a variabilidade genética é muito importante,

pois proporciona adaptações favoráveis ao ambiente em que as espécies venham habitar,

resultando em possibilidades significativas e repartidas entre todos os indivíduos da

população (BURNIE, 1997;

PARKER, 1996).

Isso pode ser observado

quando, por exemplo, uma

população é separada em

ambientes com temperaturas

diferentes, para melhor se

adaptarem às novas

temperaturas, os fatores

genéticos se expressarão em

novas características tanto

fisiológicas quanto morfológicas,

que poderão ser observadas nas

próximas gerações. (BURNIE,

1997; PARKER, 1996).

Essas divergências

proporcionam o aparecimento

de novos tipos de plantas, onde

surgem pequenas diferenças morfológicas para adequação às condições climáticas. Tais

diferenças podem ser: tamanho da planta, tipo de ramificação e até modificações na

composição química das essências em plantas aromáticas (BONONI et al, 2010).

Embora as espécies evoluam e se adaptem da melhor forma possível para sua

sobrevivência, todas chegam à extinção, pois a extinção é um fato inevitável. Acredita-se

que desde o aparecimento de vida na Terra, já tenha se extinguido 99% das espécies

existentes e atualmente é possível que sejam extintas seis espécies por ano. A maior

parte dessas espécies é de áreas restritas e extremamente sensíveis a mudanças

climáticas (BURNIE, 1997).

Primeiro diagrama de Charles Darwin, 1837, de sua árvore evolucionista. (First Notebook on Transmutation of Species/Reprodução/The Complete Work of Charles Darwin Online)

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A evolução é um processo contínuo e sucessivamente surgem novas espécies,

resultando num equilíbrio entre as causas de extinção e evolução. Atualmente tem-se

registro de cerca de dois milhões de espécies

(plantas e animais), porém ainda existem muitas

espécies sem descrição (BURNIE, 1997).

Algumas espécies interagem entre si e

quando uma sofre modificações evolutivas a

outra como resposta também se modifica, esse

processo é denominado coevolução, e pode se

apresentar de duas maneiras: (BONONI, 2010)

Coevolução específica: refere-se à evolução das características de uma

determinada espécie em relação à outra. Por exemplo, a planta elabora um veneno para

se defender dos insetos, mas uma espécie de inseto é imune a tal veneno, assim, apenas

essa espécie consegue visitar as flores dessa planta promovendo a polinização.

Coevolução difusa: o processo em si é basicamente o mesmo da específica,

porém descreve mudança evolutiva recíproca entre grupos. As plantas florescem, por

exemplo, em resposta a uma ou várias características provenientes de outras espécies,

como possuir diferentes insetos polinizadores.

Os tentilhões de Galápagos, uma das ilustrações que mais evidenciam a evolução, distinção e variedade das espécies. (Reprodução/The Complete Work of Charles Darwin Online)

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1.1 A Evolução das Plantas

Baseados em registros fósseis, as

plantas surgiram há cerca de 130 milhões de

anos. A princípio elas eram bem

mais simples e bem menos atrativas

que as atuais. Sua polinização, transferência

de pólen de uma flor para outra, era realizada pelo

vento e nesse processo se perdia grande parte do pólen antes

que chegasse a outra flor. O grão de pólen é a célula reprodutora

masculina e o óvulo a célula reprodutora feminina e eles precisam se

fundir para que possa surgir um novo indivíduo (BONONI et al, 2010).

De acordo com BONONI et al (2010), na tentativa de otimizar esse processo as

angiospermas, plantas que possuem flores, frutos e sementes, evoluíram e várias

mudanças ocorreram como o desenvolvimento de características que permitiram que

elas escolhessem seus parceiros para reprodução sexuada.

Dessa forma, as flores passaram a produzir substâncias atrativas para os insetos, e

estes passaram a fazer a polinização influenciando diretamente na diversificação e na

abundância das angiospermas, garantindo-lhes total sucesso na reprodução. Hoje elas

representam o grupo mais diversificado de plantas terrestres, com mais de 250 mil

espécies registradas (BONONI et al, 2010).

As plantas também sofrem o processo de coevolução juntamente com os seus

polinizadores, como exemplos, podemos citar:

Algumas abelhas possuem o corpo adaptado para coletar e transportar o néctar e

pólen, elas se acomodam perfeitamente na flor. Enquanto coletam o néctar e o

pólen elas fazem a polinização.

Algumas abelhas possuem adaptações para polinização. (Reprodução/Wikipedia/Wikimedia Commons)

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Nas orquídeas do gênero Ophys, a flor se assemelha em cor e odor à fêmea da

abelha e o macho tenta copular com as flores. Durante essa cópula o macho leva

grudado em seu corpo o pólen e quando ele visita outra flor da mesma espécie o

pólen se adere, realizando a polinização.

Alguns insetos não são sensíveis ao veneno de uma planta e podem dessa forma

as polinizar.

Resumidamente evolução significa transformação, porém, não quer dizer que os

organismos se tornam mais complexos, eles apenas se adaptam às novas condições

ambientais (PARKER, 1996).

Charles Robert Darwin foi quem realmente revolucionou o campo da evolução

com a sua teoria da evolução por seleção natural, conforme mencionado anteriormente,

mas apesar de Darwin ter sido criticado e contrariado, o evolucionismo é até hoje, a

forma mais aceita pelos cientistas para explicar a origem e a diversidade da vida na Terra

(LEITE, 2009).

Algumas orquídeas utilizam artifícios para atrair abelhas e outros insetos. (Divulgação/Pick-upau)

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2. Seleção natural e a Teoria Evolucionista

A Teoria da Seleção Natural

proposta por Darwin, é a base da Teoria

Moderna da Evolução Biológica para explicar a

evolução das espécies, segundo a qual nem todos os indivíduos

de uma população têm a mesma probabilidade de sobreviver e de se

reproduzir.

Basicamente o princípio da seleção natural fala que os seres vivos mais aptos para

determinado ambiente sobrevivem e por viverem mais tempo, possuem maior

possibilidade de deixar descendentes passando seus genes às gerações seguintes e os

que estão menos adaptados aos poucos vão sendo eliminados, pois estão menos aptos à

sobrevivência ou têm menos chance de se reproduzir. Esse processo com o passar do

tempo resulta em organismos modificados para atuar em ambientes particulares

podendo levar ao surgimento de novas espécies (BURNIE, 1997).

Resumidamente, a teoria de Darwin baseia-se nas seguintes observações básicas:

1. Todos os seres vivos possuem variações nas características que podem ser

transmitidas a prole (fato que foi comprovado posteriormente com os

experimentos de Mendel);

2. Os seres vivos estão numa feroz luta pela sobrevivência, em que apenas os mais

adaptados sobrevivem e geram descendentes;

3. Dessa competição, as características favoráveis e hereditárias se fazem mais

comum nas gerações posteriores, tornando-se predominantes nas populações.

Esse processo é chamado de seleção natural. Através das gerações, a seleção

natural torna mais notável as modificações e o fenômeno da evolução;

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4. O isolamento geográfico promove especificações nas adaptações que podem levar

à formação de novas espécies.

Como exemplo de seleção natural, podemos citar a papoula que tem potencial

para produzir milhares de sementes, mas em geral a população permanece a mesma

(número de plantas no ambiente). Isso se deve ao fato de que a semente tem dificuldade

para encontrar no ambiente as condições ideais para a germinação e o desenvolvimento

(BURNIE, 1997).

A competição permite que o ambiente selecione os mais aptos, ou seja, ocorra a

seleção natural, por influência de fatores como acesso ao alimento e possibilidade de

deixar descendentes viabilizando a manutenção ou desaparecimento dos indivíduos,

preservando e “fixando” a freqüência de uma característica benéfica à espécie (BURNIE,

1997).

Todos os organismos vivos interagem com o ambiente onde vivem, não estando

alheios ao que os cerca como os outros integrantes da sua família, grupo, população ou

espécie, dessa forma sua vida afeta tudo ao seu redor e por tudo é afetada. Tais fatores

que afetam um determinado ser vivo podem agir sozinhos ou em conjunto, como agentes

selecionadores.

Um exemplo clássico que evidencia os efeitos da Seleção Natural é o aumento da

população de mariposas escuras em

relação às de coloração branca

acinzentada (dominantes), após a

metade do século XIX, na Inglaterra. O

crescente desenvolvimento industrial e

o aumento da emissão de poluentes na

atmosfera, fez com que a vegetação se

impregnasse com a fuligem e as

mariposas escuras, quando no tronco

das árvores, passaram a ser menos

visíveis pelos predadores naturais. Desta

forma, a situação se inverteu e as

Mariposas são um bom exemplo da seleção Natural. Mariposa-cigana (Lymantria dispar). (Reprodução/Wikipedia/Wikimedia Commons)

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mariposas escuras passaram a predominar na população, pois se escondiam melhor,

garantindo sobrevivência e reprodução, enquanto que as claras eram alvo fácil dos

predadores. Como a coloração é um fator hereditário, atuou a Seleção Natural sobre a

frequência da variedade sujeita às condições ambientais.

Portanto, para falar de seleção natural, é necessário levar em conta alguns

requisitos: variação entre indivíduos, reprodução e hereditariedade. Já que os três podem

gerar novas características aos organismos das futuras gerações (PAZZA, 2005).

O mecanismo de seleção natural age moldando a população de forma que os

indivíduos que estejam melhores adaptados e possuam maior sucesso reprodutivo

passem suas características a um número maior de descendentes (PAZZA, 2005).

No entanto, essa adaptação não é perfeita e não leva a níveis mais avançados de

progresso, como acreditava Lamarck. De acordo com a Teoria Evolucionista, evoluir não

significa se tornar perfeito, apenas melhora a capacidade de interagir com o ambiente.

Conforme pontua o biólogo John Maynard Smith a evolução fosse atingir a perfeição

absoluta, os indivíduos com as melhores características viveriam para sempre e nunca

seriam pegos pelos seus predadores (PAZZA, 2005).

A seleção é uma força permanente sobre todas as populações, significando uma

pressão ambiental específica de um ecossistema em associação a fatores genéticos,

resultando em transformações no decorrer do tempo, capazes de garantir a prevalência

de um ser vivo, conforme suas vantagens em detrimento a outro organismo desprovido

de adaptações que assegurem sua sobrevivência.

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2.1 Darwin

Charles Robert Darwin nasceu na

cidade de Shrewsbury, Inglaterra, no dia 12 de

fevereiro de 1809. Ainda jovem

Darwin descobriu algo que lhe

interessava muito: colecionar animais,

vegetais, rochas, conchas e outras coisas da

natureza. Para o pai, que sonhava que Darwin fosse médico,

o fascínio pelas coisas da natureza era pura perda de tempo, chegando

a dizer que ele era uma vergonha para a família (STRATHERN, 2001).

Em 1825, por vontade do pai,

Darwin foi enviado para a Faculdade de

Medicina de Edimburgo, Escócia, porém não

obteve muito sucesso. Logo desistiu da

faculdade, então seu pai o mandou para a

Faculdade de Cambrigde para ser pastor. Entre

1831 e 1836, Darwin viajou ao redor do mundo

em um barco chamado HMS Beagle. Ele fez

importantíssimas observações que culminaram

na sua famosa “Teoria da Evolução por Seleção

Natural” (PARKER, 1996; BURNIE, 1997).

De volta à Inglaterra, Darwin estava

convicto de que os seres vivos se modificavam

ao longo do tempo – evoluíam – e passou anos

desenvolvendo uma teoria que explicasse como

isso acontecera. Foram mais de vinte anos de

estudos para chegar às conclusões finais, mas

ele relutou muito antes de expor suas

conclusões, pois sabia que causaria muita

polêmica, já que tudo que descobriu era

contrário aos ensinamentos

da Bíblia (BURNIE, 1997). Charles Robert Darwin nasceu na cidade de Shrewsbury, Inglaterra, no dia 12 de fevereiro de 1809. (Reprodução)

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O que lhe ajudou a expor suas ideias foi uma carta do amigo e naturalista Alfred

Wallace (1823-1913) em 1858, que descrevia a mesma teoria de seleção natural. No ano

1859 Darwin publicou o seu livro “A origem das espécies por seleção natural” e deixou a

população indignada, mesmo assim o livro virou um best-seller para época e foi

necessário imprimir várias edições (BURNIE, 1997).

Em dezembro de 1881 sofreu um leve ataque cardíaco e no dia 19 de abril de

1882, aos 73 anos, ele morreu. Por suas contribuições à ciência, foi enterrado na Abadia

de Westminster próximo a Isaac Newton. Darwin se tornou uma figura pública e um dos

maiores cientistas de todos os tempos e a sua obra serviu de base para muitos outros

cientistas das gerações seguintes (PARKER, 1996).

Darwin só não conseguiu explicar a fonte das variações hereditárias, como a

seleção natural atuaria e como as características eram passadas de geração para geração.

Em 1865, Gregor Mendel decobriu que as características eram herdadas de uma forma

previsível. Porém só muitos anos depois, em 1900, o trabalho de Mendel foi descoberto

causando discórdia, entre os cientistas da época terminando na ruptura entre as teorias

de Darwin e Mendel (PARKER, 1996; BURNIE, 1997).

Depois de muitos estudos foi percebido que as duas teorias se completavam,

gerando a síntese evolutiva moderna. A descoberta da estrutura do DNA em 1950

mostrou o fundamento físico da hereditariedade. Desde então a genética e a biologia

molecular fazem parte da biologia evolutiva (PARKER, 1996; BURNIE, 1997).

a. Origem da Vida e Classificação dos seres vivos

Acredita-se na biologia que todas as formas de vida descendem de um ancestral

comum mediante um processo de evolução. A relação organismo meio ambiente é

dinâmica em escalas molecular, subcelular, individual e populacional (intra e

interespecífica). A biologia evolutiva investiga estas interações ao longo do tempo nas

espécies e nas populações. A partir da descrição dos diferentes organismos existentes ou

extintos, foi necessária a criação de um sistema de classificação dos seres vivos para a

melhor compreensão.

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Existem várias formas de classificação: as artificiais (baseadas em critérios

arbitrários, tais como presença de antenas, tipos de ovos etc.); as naturais (baseadas em

aspectos evolutivos) e as filogenéticas ou cladísticas. A classificação natural obedece à

ideia da existência de ancestrais comuns, considera a passagem do tempo, apresenta

bifurcações correspondentes às mudanças evolutivas e demonstra o grau de parentesco

entre espécies diferentes, baseiam-se no maior número possível de características, pelo

que transmitem maior quantidade de informação do que as classificações artificiais. Os

grupos formados reúnem indivíduos com maior grau de semelhança e mais relacionados.

As classificações filogenéticas ou cladísticas agrupam os seres vivos de acordo com

o grau de parentesco entre eles. Baseiam-se em critérios estruturais e fisiológicos, mas

também paleontológicos, citológicos, embriológicos, genéticos e bioquímicos. As

classificações filogenéticas interpretam a semelhança entre os seres vivos como

consequência da existência de um ancestral comum a partir do qual os grupos divergiam.

Quanto mais afastado no tempo estiver o ancestral comum, maior será a divergência

entre as espécies.

A Sistemática é o estudo da diversidade biológica num contexto evolutivo. Inclui a

Filogenia e a Taxonomia. A Filogenia constitui a história evolutiva de uma espécie ou de

um grupo de espécies relacionadas. A Taxonomia ocupa-se da classificação e da

nomenclatura das espécies.

2.2.1 Sistema de nomenclatura e taxonomia

A Taxonomia é a ciência que se ocupa da classificação dos seres vivos, utilizando

um sistema uniforme que expressa, da forma mais fiel, o grau de semelhança entre eles.

A Taxonomia teve início no séc. XVIII, com a publicação do livro de Lineu Systema

Naturae. No entanto, a classificação dos seres vivos é muito anterior e partiu da

tendência da mente humana em organizar a informação.

A evolução dos seres vivos baseada na teoria de Darwin e Wallace (1859) mostra a

hipotética origem dos grupos a partir de supostos ancestrais. Estas “árvores

genealógicas” ou filogenéticas (do grego, phýlon = raça, tribo + génesis = fonte, origem,

início) apresentavam a relação de parentesco entre eles, além de sugerir uma provável

época de origem para cada um deles conforme apresentado abaixo (figura 1 a e b).

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Figura 1. Imagem do

Com as descobertas da biologia molecular (a partir de 1950) e os avanços na

informática para auxiliar no estabelecimento das relações entre os seres vivos, as árvores

filogenéticas começaram a ficar mais sofisticadas.

Os cladogramas são um tipo de diagrama para representar a evolução onde se

utiliza uma linha, cujo ponto de origem (raiz), simboliza um provável grupo (ou espécie)

ancestral. De cada nó surge um ramo, que conduz a um ou a vários grupos terminais.

Com os cladogramas se estabelece uma comparação entre as características

primitivas (existiam em ancestrais) e derivadas (compartilhadas por grupos que os

sucederam).

2.2.2 Espécies - filogenia com ênfase em plantas

Carl Lineu ficou conhecido como o “pai da Taxonomia” e considerou a espécie

como a unidade básica de classificação. Segundo ele, as espécies semelhantes agrupam-

se em gêneros, os gêneros em famílias, as famílias em ordens, e as ordens em classes, as

a b

Diagrama original apresentado por Charles Darwin (a) para explicar a origem dos seres vivos chamado de “Árvore da Vida” e árvore filogenética (b). (Reprodução/The Complete Work Of Charles Darwin Online)

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classes em filos e estes em reinos, dentro dos seres vivos que apresentam membranas

celulares internas (eucariontes) seguindo um sistema hierárquico.

Foi também Lineu quem desenvolveu um

sistema para dar nome às categorias

taxonômicas, tendo estabelecido regras de

nomenclatura que ainda hoje se aplicam, como

por exemplo, o fato de que apesar de uma

espécie muitas vezes possuir muitos nomes

populares (regionais) existe apenas um nome

científico.

As regras básicas da nomenclatura são as

seguintes:

A designação dos táxons é criada em

latim, uma língua morta que não evolui;

As espécies são designadas segundo uma

nomenclatura binominal. O nome de espécie consta de duas palavras latinas ou

latinizadas. A primeira é um substantivo escrito com inicial maiúscula, que

corresponde ao nome do gênero, e a segunda é o restritivo específico escrito com

inicial minúscula e é, geralmente, um adjetivo1;

A designação dos grupos superiores à espécie é uninominal, sendo constituída por

um substantivo escrito com inicial maiúscula;

Os nomes de gêneros, espécies ou subespécies são escritos num tipo de letra

diferente do texto corrente, geralmente itálico, e se forem manuscritos são

sublinhados.

1 OBS: À frente do nome da espécie deve escrever-se, em letra de texto, o nome, ou a sua abreviatura, do

cientista que, pela primeira vez, a partir de 1758 (data da publicação da 10ª edição do Systema Naturae de Lineu), atribuiu o nome à espécie. Pode indicar-se a data da publicação a seguir ao nome do autor, separada por uma vírgula.

Carl von Linné 1707-1778. (Reprodução/Óleo sobre tela/Swedish National Museum)

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Em Botânica, os nomes de famílias terminam em – aceae, enquanto para ordem a

terminação utilizada é ales. O termo divisão é equivalente a filo, mas é utilizado para as

algas. A seguir, a título de curiosidade, está descrita a classificação do milho:

Domínio – Eukarya

Reino – Plantae

Filo (divisão) – Anthophyta

Classe – Monocotyledoneae

Ordem – Commelinales

Família – Poaceae

Gênero – Zea

Espécie – Zea mays

O Projeto Darwin – Flora pretende contribuir para a descrição das espécies

arbóreas encontradas na APA Capivari-Monos e na Terra Indígena Guarani Tenonde Porã.

Portanto, neste projeto são avaliadas as angiospermas. O tamanho das angiospermas é

muito variável: há desde pequenas ervas até grandes árvores. O corpo dessas plantas

apresenta raiz, caule, folha e flor.

As angiospermas são plantas com flores típicas. No interior das flores, há folhas

reprodutoras, os carpelos, que se fecham formando um vaso, onde as sementes irão se

desenvolver (daí o nome do grupo: angio = "vaso"; esperma = "semente"). Após a

fecundação, parte do carpelo se transforma em fruto, uma estrutura exclusiva desses

vegetais.

Classificação das angiospermas

As angiospermas correspondem modernamente à divisão Magnoliophyta e podem

ser subdivididas em duas classes: Liliopsida (monocotiledôneas) e Magnoliopsida

(dicotiledôneas). No primeiro grupo estão as plantas cujos embriões possuem apenas um

cotilédone; no segundo grupo, as plantas com embriões dotados de dois cotilédones. O

cotilédone transfere nutrientes para as células embrionárias em desenvolvimento

durante a germinação.

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São exemplos de angiospermas

monocotiledôneas: capim, cana-de-

açúcar, milho, arroz, bambu, centeio,

lírio, alho, cebola, banana, bromélias e

orquídeas. Exemplos de angiospermas

dicotiledôneas: feijão, amendoim, pau-

brasil, ipê, peroba, mogno, cerejeira,

abacateiro, acerola, roseira, morango,

pereira, macieira, algodoeiro, café,

jenipapo, girassol e

margarida.

De acordo com a teoria evolucionista, de Charles Darwin, a formação das novas

espécies é um processo dependente de fatores ambientais. Os cientistas acreditam que a

maioria das espécies surgiu depois de cumprir pelo menos três etapas: isolamento

geográfico, diversificação gênica e isolamento reprodutivo. A partir daí, essas

subpopulações podem ser consideradas espécies distintas.

Para a identificação de uma planta, são montadas exsicatas: amostra de planta

prensada e seca numa estufa (herborizada), fixada em uma cartolina de tamanho padrão

acompanhadas de uma etiqueta ou rótulo contendo informações sobre o vegetal e o local

de coleta, para o estudo botânico.

3. Ecossistema - meio físico e seres vivos

Ecossistema é o conjunto dos seres vivos e do meio ambiente em que eles vivem,

e todas as interações desses organismos com o meio e entre si. Os ecossistemas possuem

dois componentes básicos: a parte biótica, que são as comunidades vivas, formada pelas

plantas, animais e microorganismos e a parte abiótica, que é o conjunto de nutrientes,

luz, água, ar, temperatura e energia. O ecossistema é ponto central de estudo da

ecologia.

Os ecossistemas são subdividos em pequenas unidades, denominadas

comunidades biológicas e são compostas por duas ou mais populações interdependentes.

Bromélia, um exemplo de angiosperma. (Divulgação/Pick-upau)

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Como exemplos, podemos citar a flora e fauna de um lago, ou ainda em larga escala, a

Floresta Amazônica e a Mata Atlântica. Portanto, os ambientes são diversos, sem limite

de escala predeterminado, podendo ser um micro ou um macroecossistema, sempre

respeitando as relações entre as populações e o comportamento do meio.

A base de todos os ecossistemas são os organismos produtores, como é caso das

plantas que fazem fotossíntese. Depois dos produtores vem os consumidores primários,

que se alimentam dos produtores, que são espécies herbívoras, que podem ser desde

organismos microscópicos até grandes animais. Então aparecem os consumidores

secundários, que são os carnívoros que se alimentam dos consumidores primários e os

consumidores terciários que são os grandes predadores. Por fim, aparecem os

organismos decompositores, que são os responsáveis pela decomposição da matéria

orgânica, transformando-as em nutrientes que servem de alimento para as plantas. Como

exemplo de decompositores, podemos citar as bactérias e os fungos. Todo esse processo

é denominado cadeia alimentar.

A cadeia alimentar é um ciclo vital que garante equilíbrio e a manutenção dos

ecossistemas. Os diferentes seres vivos ocupam posições bem definidas e qualquer

perturbação pode ser fatal, por isso a manutenção e estabilidade da cadeia alimentar

dependem, entre outros fatores, da preservação das espécies e da conservação do meio.

Os ecossistemas são classificados em: ecossistemas terrestres e ecossistemas

aquáticos. Apesar de possuírem uma clara diferença, que é a quantidade de água

disponível em um e no outro, o funcionamento é bem parecido. Outra diferença que

possuem devido à quantidade de água, é as formas de vida que abrigam, apesar de que

algumas possam ser compartilhadas pelos dois tipos de ecossistemas, nas áreas alagadas,

como ocorre no Pantanal mato-grossense.

O Brasil possui muitos ecossistemas, os principais são:

Floresta Amazônica: situada na região norte do país e é

considerada a maior floresta do planeta;

Caatinga: típica da região nordeste do país. Bioma exclusivamente

brasileiro, geralmente é visto como pobre e seco, porém estudos recentes

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mostram sua riqueza particular em termos de biodiversidade e fenômenos

característicos.

Cerrado: localizado na região central do Brasil e caracteriza-se pela

presença de árvores baixas, inclinadas e tortuosas, com ramificações irregulares e

retorcidas e apresentando vários tipos fisionômicos.

Mata Atlântica: estende-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio

Grande do sul, atualmente é um ecossistema extremamente devastado pela ação

humana, restando apenas 7% da sua totalidade original;

Pantanal Mato-Grossense: é a maior planície alagável do mundo,

abriga grande biodiversidade e comunica-se com o Cerrado e a Floresta

Amazônica.

Mata Atlântica, na APA Capivari-Monos, São Paulo/SP. (Divulgação/Pick-upau)

Pantanal, Fazenda em Coxim, Mato Grosso do Sul/MT (Divulgação/Pick-upau)

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3.1 Mata Atlântica

Paul Colinvaux, em 1993, define bioma como ecossistema de grande área

geográfica da qual as plantas são de uma mesma formação e o clima define seus limites.

Desta forma a Mata Atlântica pode ser considerada como tal. Originalmente possuía

cerca de 1.400.000 km² e foi considerada a segunda maior floresta tropical do Brasil,

estendendo-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio grande do Sul, um dos seus

exemplares mais conhecidos era o pau-brasil, que deu origem ao nome do país e hoje

restam apenas alguns exemplares.

Atualmente a mata possui apenas 7% do seu tamanho original, reflexo da

ocupação e exploração desordenada dos seus recursos naturais. Em algumas regiões o

caso é tão crítico que não há mais vestígios dela (COLINVAUX, 1993).

A situação atual da Mata Atlântica necessita de uma atuação urgente em prol da

sua defesa com ações integradas e coletivas e mobilização geral da população. Os estudos

indicam que devido ao seu alto grau de fragmentação este bioma pode desaparecer de

vez.

Grande parte da região litorânea do Brasil era coberta pela Mata Atlântica, e ela

ainda ia para o interior sendo contínua com a Floresta Amazônica. Em função do

desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se reduzida a apenas

fragmentos descontínuos, sendo uma das florestas mais ameaçadas do globo. (OLIVEIRA

et al, 2009) Os maiores fragmentos estão situados na Serra do Mar, entre o sul do RJ e o

norte o Paraná, totalizando dois milhões de hectares. No nordeste, os maiores

fragmentos se encontram no sul da Bahia, já no norte do Rio São Francisco estão os

menores remanescentes, a maioria dos fragmentos não ultrapassa 50 hectares,

totalizando 10.000ha.

A Mata Atlântica possui clima equatorial ao norte e quente temperado sempre

úmido ao sul, com temperaturas elevadas o ano todo. A serra constitui uma barreira de

contensão para os ventos que vem do mar, gerando alta pluviosidade nessa região, tem a

topografia bastante acidentada e no interior da mata a luz é reduzida, devido à densidade

da vegetação. Apesar de reduzida drasticamente do seu tamanho original e restar apenas

manchas de mata, a sua biodiversidade é uma das maiores do planeta, com níveis muito

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elevados de riquezas e endemismos (espécies que ocorrem exclusivamente na Mata

Atlântica), estando entre as cinco regiões com os maiores índices de biodiversidade e com

diversas espécies ameaçadas de extinção. Por possuir essas características tem a

necessidade de ter prioridade na sua conservação. (OLIVEIRA et al, 2009)

Nesse bioma destacam-se árvores imponentes que podem chegar a 40 metros de

altura e 4 metros de diâmetro, como é o caso Jequitibá-rosa. Outras espécies também se

destacam nesse cenário, como por exemplo, o Pinheiro-do-paraná, o Cedro, as Figueiras,

os Ipês, o Pau-brasil, entre muitas outras. Na Mata Atlântica ainda encontra-se as matas

de altitude, como é o caso da Serra do Mar com 1.100 metros e Itatiaia com 1.600metros,

a neblina nesses locais é constante.

A riqueza na diversidade faunística também impressiona, porém a maior parte dos

animais originários da Mata Atlântica está em risco de extinção. Como exemplo pode-se

citar os Micos-leões, a Lontra, a Onça-

pintada, o Tatu-canastra e a Arara-azul-

pequena. Também se pode encontrar

nessa região Gambás, Tamanduás,

Preguiças, Antas, Veados, Cotias, Quatis

etc.

Acredita-se que a grande biodiversidade seja causada pela diversidade ambiental

que esse bioma apresenta. Já que sua latitude varia em 27º, indo desde o nível do mar

até 2.700 metros, afetando na distribuição geográfica das espécies da flora e da fauna e a

sua longitude proporciona significativas diferenças entre as florestas do litoral e as mais

para o interior do continente. (OLIVEIRA et al, 2009). De acordo com Oliveira (2009)

alguns elementos da Mata Atlântica são muito antigos, datam cerca de três milhões de

anos (Plioceno), outros já são mais recentes, datam cerca de 10 mil a 20 mil anos

(transição Plioceno-Haloceno).

Mata Atlântica exuberante: Cachoeira do Mirante, no Parque Estadual de Intervales, em Ribeirão Grande/SP. (Divulgação/Pick-upau)

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Estudiosos acreditam que mudanças paleontológicas regionais causadas pelos

movimentos das placas tectônicas colaboraram para o a evolução das espécies

endêmicas. Calcula-se que das 20 mil espécies de plantas locais, seis mil são de ocorrência

restrita e para fauna há evidencias de que das 1.800 espécies de vertebrados, 390 são

restritas. Porém essas estimativas podem ser bem maiores, já que para alguns grupos

possuem uma enorme carência de informações (OLIVEIRA et al, 2009).

O bioma Mata Atlântica abrange várias formações vegetais, que se diferem em

virtude dos diferentes tipos de solo, clima e relevo. As formações são as seguintes:

(OLIVEIRA et al, 2009)

a) Manguezais: são formados pelo encontro da água do mar com a água dos rios,

produzindo uma característica água salobra, ocorrendo ao longo dos estuários.

As plantas para se adaptarem às condições locais tiveram que sofrer algumas

modificações, como folhas que possuem glândulas capazes de excretar o sal

em que é absorvido ao retirar os nutrientes necessários do solo encharcado de

água do mar; em algumas espécies de árvores as sementes germinam antes do

fruto se soltar da planta-mãe, a fim de garantir que o embrião esteja bem

desenvolvido ao cair, elas possuem raízes providas de poros que conseguem

capturar oxigênio diretamente do ar, pois o solo é pobre em oxigênio. A

vegetação local é bem característica, ocorrendo poucas espécies de árvores,

como exemplo pode-se citar: o Mangue-vermelho, o Mangue-branco, o

Mangue-preto e o Mangue-de-botão. Além das epífitas, como orquídeas,

samambaias, bromélias e liquens. Entre os exemplares da fauna pode-se citar:

Caranguejos, Ostras, Jacaré-do-papo-amarelo, alguns peixes, alguns mamíferos

a aves marinhas.

b) Restinga: em virtude da influência marinha e flúvio-marinha, as comunidades

vegetais são fisionomicamente distintas, sendo distribuídas em áreas com

grande diversidade ecológica e são classificadas como edáficas, já que

dependem mais da natureza do solo do que das condições climáticas. A

vegetação inicia-se junto às praias com gramíneas e vegetação rasteira. A

Ipomeia, o Pinheirinho-da-praia e o Carrapicho-da-praia são alguns exemplares

encontrados. À medida que a vegetação vai avançando para o interior e

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tomando as planícies costeiras e vai subindo dunas, ela toma diversos portes,

onde encontramos espécies arbustivas como o Araçá e as Pitangueiras e

arbóreas como as Canelas, a Mandioqueira, a Palmeira-juçara. Também se

encontram epífitas, trepadeiras e no chão as bromélias. Em locais de brejos há

uma densa vegetação aquática com exemplares como taboas e o Chapéu-de-

couro. O Guanandi e a Caxeta aparecem nas florestas mais alagadas. Em geral

a vegetação se caracteriza por folhas rígidas, caules resistentes e raízes com

forte poder de fixação em solos arenoso. A fauna se caracteriza por Cachorro-

do-mato, Guaxinim e poucos felinos, representando os mamíferos; o

Caxinguelê representando os roedores; Surucucu, lagartos e calango,

representando os répteis além de algumas aves como os urubus e gaivotas que

se alimentam dos artrópodes ou de carniça. Já nas partes mais internas

aparecem os Beija-flores, Sabiá-da-praia e nas partes descampadas a

Corujinha-buraqueira.

c) Floresta Ombrófila Densa: é caracterizada por possuir árvores que ocorrem

em ambientes úmidos, sem épocas de secas, clima quente durante todo o ano,

solo raso, ácido e pobre em nutrientes, mata perenifólia com diversos

estratos. O dossel fechado ultrapassando 15 metros e algumas árvores

emergentes podem chegar até 40 metros de altura. Para se adequarem ao

clima intensamente chuvoso as árvores apresentam algumas adaptações como

folhas de superfície lisa e ápice em forma de goteira para escoamento da água.

Samambaias, bromélias e palmeiras compõem a vegetação arbustiva. Essa

floresta se sobressai pela quantidade de epífitas como as bromélias e as lianas.

Destacam-se entre as árvores de grande porte o Jequitibá, o Cedro, as Canelas,

o Jatobá e o Embiruçu. Indo mais para o interior da floresta encontra-se a

Palmeira-juçara, o Cambucá, a Murta, entre outras. Nas partes mais abertas

pode-se observar o Pau-jacaré, a Urucuarana e as Pororocas. Importantíssimos

polinizadores e dispersores de sementes são os animais para essa floresta.

Podem-se destacar para essa função os macacos, as onças, as cutias, as pacas

e uma centena de morcegos. Alguns animais naturais dessa mata estão em

perigo de extinção, como é o caso do Mono-carvoeiro, da Onça-pintada,

algumas rãs e pererecas.

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d) Floresta Ombrófila Mista: combinando-se com o Pinheiro-do-paraná, a Mata

Atlântica dá origem à Floresta Pluvial de Araucária e pode ser observada nas

serras de Paranapiacaba, Mantiqueira e Bocaina. No andar superior

encontramos o Pinheiro-do-paraná, mas abaixo observa-se as Canelas e

Imbuias e mais abaixo ainda, no chamado no sub-bosque encontra-se a

jabuticaba, goiaba, pitanga, araçá, jambo, samambaias, entre outros.

Comumente encontram-se esquilos se alimentando dos frutos das araucárias.

Além da possibilidade de avistar o Corocoxó e o Pica-pau-dourado que são

restritas dessa área e a serpente Muçurana.

e) Floresta Estacional: indo em direção ao interior, a precipitação diminui, o

clima passa a ter uma sazonalidade definida, com o verão chuvoso e inverno

seco, e é nesse cenário que se desenvolve a floresta estacional decidual e

semidecidual. Em virtude do inverno seco, com redução na água disponível e

queda da temperatura, algumas espécies de plantas perdem parte de suas

folhas (semidecíduas) ou todas (decíduas) para reduzir o ritmo de

desenvolvimento e conseqüente redução no consumo de água. A floresta é

bem diversificada, com árvores que chegam a 25 e 30 metros até epífitas e

samambaias em locais mais úmidos. É considerada uma transição entre a

Floresta Ombrófila Densa e o Cerrado. É nesse ambiente que se encontram

árvores de madeira nobre como o Cedro, a Peroba, o Jatobá, entre outras. A

Anta, o Porco-do-mato, diversos roedores e répteis são os animais mais

encontrados. O Mico-leão-preto que está ameaçado de extinção e é registrado

apenas em algumas reservas.

f) Campos de Altitude: são ecossistemas que ocorrem acima de 900 metros, nas

cadeias de montanhas das serras do Mar, da Mantiqueira e da Bocaina

(RIZZINI, 1997). Suas principais características são: baixas temperaturas no

inverno, ventos constantes e frios, solos rasos e pobres em nutrientes e rochas

expostas. Essas características favorecem o aparecimento de gramíneas,

árvores tortas e muitos liquens. Geralmente as folhas são pequenas e

coriáceas e para um melhor aproveitamento da água e de nutrientes, os

órgãos internos são mais espessos. Predominantemente encontram-se

herbáceas e arbustivas como gramíneas, alecrim e mimosa e esparsamente

ocorrem as arbustivas. Abutres, Corujas-do-mato e as Siriemas são os animais

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mais encontrados dentre as aves. Já entre os mamíferos, encontramos o

Cachorro-do-mato, o Quati, o Guará e a Paca. Há um alto grau de

biodiversidade e endemismo, e isso se deve ao fato do isolamento geográfico.

Além de todos os prejuízos que a devastação da Mata Atlântica causa para a fauna

e flora, também traz graves conseqüências para cerca de 120 milhões de pessoas que

vivem em seu domínio, já que é a mata que regula o fluxo dos mananciais (ciclo da água),

protege as nascentes dos rios, regula o clima, a temperatura, as chuvas, gera fertilidade

do solo e protege contra a erosão as encostas de morros.

A fim de regulamentar a proteção e o uso sustentável da floresta, foram criadas

várias leis, como por exemplo, a Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006 que fala sobre

a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. A preservação do

bioma Mata Atlântica depende da mobilização de todos os segmentos da população na

sua conservação e recuperação, além de estudos sobre sua biodiversidade e definição de

políticas de incentivo ou pagamento por serviços ambientais.

3.2 Hot spots

Norman Myers, ecólogo inglês, no ano de 1988 ao perceber que a biodiversidade

não estava igualmente distribuída pelo planeta e observando que algumas áreas

possuíam altos níveis de biodiversidade e estavam sendo ameaçados no mais alto grau,

percebeu a urgência em se instituir áreas prioritárias para preservação e conservação.

Tais áreas são nomeadas como “hotspots”, e a sua principal função é fazer com que os

projetos de recuperação e preservação estejam voltados para essas áreas.

Esse novo conceito veio com o intuito de auxiliar os conservacionistas a distinguir

as áreas prioritárias para a preservação, direcionando estrategicamente as pesquisas para

esses locais (GALINDO-LEAL, 2005). Em linhas gerais, “hotspots” são pontos quentes que

abrigam um grande número de diversidade biológica e necessariamente possuem um alto

grau de endemismo. Estão sujeitas a grande pressão do homem, sendo consideradas as

áreas mais devastadas do planeta. O endemismo é extremamente relevante, já que

espécies restritas estão mais vulneráveis à extinção (MITTERMEIER, 1999; GALINDO-LEAL,

2005).

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É necessário que se avalie o grau de endemismo da região, a fim de compreender

a distribuição das espécies no local e finalmente tentar retardar o processo de extinção

das espécies no mundo. Estudiosos acreditam que a melhor forma de fazer isso é

utilizando plantas vasculares e animais vertebrados, pois são os que possuem o maior

número de informações (MITTERMEIER, 1999).

Para ser considerado um “hotspot”, a área deve possuir cerca de 1.500 espécies

endêmicas e ter pelo menos ¾ da sua vegetação original devastada (PRIMACK e

RODRIGUES, 2001).

De acordo com a Conservação Internacional Brasil, em fevereiro de 2005, depois

de muitos estudos, foram identificados 34 “hotspots” de biodiversidade mundiais. Esses

pontos abrigam 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta, 50% das

plantas e 42% dos vertebrados já registrados, porém se somadas todas as áreas, não

ultrapassa 2,3% de toda superfície do planeta.

Como exemplos de “hotspots”, podemos citar no Brasil o Cerrado e a Mata

Atlântica, que vem sofrendo constantes devastações por conta do desordenado

crescimento populacional e aumento da industrialização que geram alto grau de

destruição das paisagens originais para substituí-las por agricultura, pastos, residências,

entre outras coisas (PRIMACK e RODRIGUES, 2001).

Essas áreas necessitam de uma análise constante e da realização de inventários de

biodiversidade, pois podem sofrer alterações com o passar dos tempos, em virtude das

ameaças e impactos que vem sofrendo, sendo assim alguns lugares podem ser tornar

cada vez mais

ameaçados enquanto

que outros podem

acabar se recuperando

por completo (PRIMACK

e RODRIGUES, 2001).

Hotsite (www.biodiversityhotspots.org) da Conservation International sobre hotspots espalhados pelo planeta. (Reprodução/CI)

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4. Importância da pesquisa científica

O Senso comum, também chamado de conhecimento espontâneo, ou

conhecimento vulgar é a primeira compreensão do mundo resultante das experiências e a

transmissão da informação em um grupo social. Por outro lado, o conhecimento científico

é sistematizado e validado por experimentos e métodos de verificação das hipóteses,

onde os resultados e conclusões podem ser sempre examinados ou confirmados por

outras pessoas.

Apesar de serem estruturados de forma distinta, o senso comum e a ciência

partem do mesmo princípio: a necessidade do homem de compreender o mundo e a si

mesmo e prever o futuro. Mas somente pela ciência, é possível documentar a

biodiversidade e planejar estratégias e políticas para a sua conservação de forma

adequada.

4.1 Novos conhecimentos

Conservar a biodiversidade significa manter condições favoráveis à vida humana

na Terra e a pesquisa científica é fundamental para o monitoramento e o

desenvolvimento de novas tecnologias favoráveis à conservação da biodiversidade. O

estudo científico da biodiversidade requer duas estratégias: uma horizontal, quando

existe o esforço de se coletar, descrever, classificar e registrar o maior número possível de

membros dos diferentes grupos e outra considerada vertical, pois deve representar o

ecossistema, seu meio físico, econômico e social.

A partir do conhecimento acumulado sobre a biodiversidade de flora em um

determinado local, é possível se discutir políticas públicas que auxiliam em ações diretas

de preservação e conservação. Por exemplo, os resultados de pesquisas permitem o

planejamento da revegetação e recuperação de solos em áreas degradadas, a elaboração

de diagnósticos relativos à vegetação nativa ou até mesmo sobre a qualidade de corpos

d'água e o licenciamento ambiental de novos empreendimentos.

Na aquisição destes novos conhecimentos é imprescindível estabelecer parcerias

com as populações que vivem na região estudada, pois estas são conhecedoras da

biodiversidade local, o que facilita a pesquisa científica.

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4.2 Registros de conhecimentos de populações tradicionais - etnobiologia

A comunidade indígena tem uma participação essencial nos processos de coleta e

registro dos dados de flora da APA Capivari-Monos e da Terra Indígena Guarani Tenonde

Porã. É objetivo de o Projeto Darwin relatar a denominação na língua guarani das

espécies documentadas. Este conhecimento tradicional também deve ser utilizado para

assegurar a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na região. Dentre as áreas

mais promissoras do conhecimento está a etnobiologia

Etnobiologia é o estudo científico interdisciplinar da dinâmica de relecionamentos

entre pessoas e seus grupos culturais e o meio ambiente, desde o passado distante até o

presente imediato (ALVES, 2003)

De acordo com Darrel Addison Posey (antropólogo inglês), a etnobiologia é

basicamente o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptações do

homem a determinados ambientes, além de valorizar e catalogar o saber acumulado

pelas populações tradicionais. Dessa forma, a etnobilogia produz argumentos

importantes para a preservação destes povos e de seus habitats para a criação de

políticas sociais e ecologicamente mais justas.

A etnobiologia é amplamante utilizada no auxílio do ensino de ciências,

contribuindo para que os professores investiguem e compreendam quais os

conhecimentos culturais acerca da natureza e seus elementos os estudantes trazem

consigo para as salas de aula (BAPTISTA, 2007).

Ela desenvolve estudos, por exemplo, sobre as espécies de animais que alcançam

algum significado social, religioso e simbólico para uma comunidade e trabalha a partir de

dados qualitativos para detectar os significados de cada percepção pessoal a respeito das

relações biológicas e ecológicas (BAPTISTA, 2007).

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O conhecimento de uma comunidade pode

servir de base para estruturação de modelos

conservacionistas de trabalhos a favor do meio

ambiente e ampliar o respeito aos conhecimentos e

à cultura, permitindo uma positiva dimensão sobre

as atitudes dos indivíduos a ela pertencentes e o

uso de seus comportamentos como referencial

para novas estratégias de conservação.

Os recursos naturais necessitam de um

eficaz programa de conservação, pois sofrem

grande risco de destruição pelas atividades do

homem. Este risco se estende também as

comunidades humanas e os seus conhecimentos

sobre o ambiente (BAPTISTA, 2007).

A fim de evitar que essa destruição ocorra, a

etnobiologia tem se mostrado bastante eficaz,

permitindo o estudo da interação entre as pessoas

e os recursos naturais em determinados contextos.

Como exemplo, podemos citar o estudo das

interações entre as pessoas e as plantas, revelando

a grande importância dos recursos naturais para a sobrevivência de populações

tradicionais.

O conjunto formado pelas informações oriundas das pesquisas e do saber popular

permite que sejam criadas ações de monitoramento efetivas para impedir a escassez dos

recursos. Quando devidamente analisado, o saber popular também pode indicar futuras

fontes de pesquisa e indicar relações entre os organismos até então desconhecidas

(BAPTISTA, 2007).

Indígena da Aldeia Guarani Tenonde Porã, faz coleta durante expedição na APA Capivari-Monos. (Divulgação/Pick-upau)

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As comunidades tradicionais podem colaborar com diversas informações e podem

auxiliar na elaboração de inventários de espécies, listando, através de nomes populares,

as que ocorrem em dada região. Outras informações também podem ser agregadas ao

estudo como a dieta das espécies animais, seu habitat, espécies usadas na medicina

caseira ou ainda informações de lendas e crenças.

Por fim, os programas de conservação da natureza devem considerar e permitir a

sobrevivência e a permanência destas populações locais em seu ambiente, encorajando

atividades costumeiras que possam servir como alternativas econômicas, e levando em

conta o conhecimento local sobre os ambientes e as espécies conhecidas e utilizadas. É

necessário que tais programas considerem também as rápidas mudanças sócio-

econômicas pelas quais passam a maioria das comunidades locais. O resgate do

conhecimento local representa apenas um início na busca de alternativas para a melhoria

da qualidade de vida e para a continuidade dessas comunidades (ALVES, 2003).

Dentro da etnobiologia o Projeto Darwin pretende colaborar no aumento do

conhecimento sobre a etnobotânica. A identificação das espécies vegetais por uma

população étnica e culturalmente diferenciada contribui tanto para as futuras questões

de uso e manejo dos recursos vegetais, quanto à perpetuação deste conhecimento para

as gerações futuras deste grupo, e desta forma possibilitando o resgate do conhecimento

tradicional e a preservação dos atributos da APA Capivari-Monos.

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III. Impacto Ambiental

Desde os primórdios o homem

vem transformando a natureza e durante

muitos séculos ele foi dependente a ela.

Enquanto ele era caçador e coletor, sua ação sobre o

meio ambiente restringia-se a caçar

alguns animais e colher vegetais para

seu consumo, interferindo nas cadeias

alimentares sem grandes prejuízos.

Porém com a descoberta da utilização do fogo foi, permitindo que

ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse seus alimentos, o

impacto sobre o meio ambiente estava crescendo.

Porém com o passar do tempo, alguns grupos humanos descobriram como

cultivar alimento e criar animais então o impacto sobre a natureza começou a aumentar

gradativamente, devido à derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a

prática da agricultura e pecuária. Além disso, a madeira era utilizada para a confecção de

casas mais confortáveis e para a obtenção de lenha.

Foi nesse momento que alguns impactos começaram a se fazer notar: alterações

em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e

vegetais; erosão do solo, como resultado de práticas agrícolas impróprias; poluição do

solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica.

Assim, o limiar entre o homem dependente da natureza é marcado, pela

Revolução Industrial. Os impactos ambientais passaram a crescer em ritmo acelerado,

chegando a provocar desequilíbrio não mais localizado, mas em escala global.

Os ecossistemas têm a incrível capacidade de regeneração e recuperação contra

eventuais impactos descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela

própria natureza, mas a agressão contínua causada pelo homem não dá chance e nem

tempo para a regeneração do meio ambiente.

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O impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por

um choque, um "trauma ecológico", resultante da ação do homem sobre o meio

ambiente. No entanto, pode ser resultado de acidentes naturais: a explosão de um

vulcão, o choque de um meteoro, um raio, etc. Mas devemos dar cada vez mais atenção

aos impactos causados pela ação do homem (SPADOTTO, 2002).

Os principais impactos causados pelo homem e suas conseqüências são os

seguintes:

a. Desmatamento de florestas

A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade,

como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e

animais. As comunidades nativas também estão sofrendo um processo de genocídio e

etnocídio que tem levado à perda de seu patrimônio cultural, dificultando, portanto, o

acesso aos seus conhecimentos.

Além desses impactos, há também um perigoso impacto em escala global, como o

aumento das temperaturas, a diminuição das chuvas. A queima das florestas, seja em

incêndios criminosos, seja na forma de lenha ou carvão vegetal para vários fins, tem

colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante

lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

Área de desmatamento na Amazônia. (Reprodução/Agência Brasil)

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b. Poluição com agrotóxicos

A padronização dos cultivos, ou seja, o plantio de uma única espécie em grandes

extensões de terra tem causado desequilíbrios nas cadeias alimentares preexistentes,

favorecendo a proliferação de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o

desaparecimento de seus predadores naturais: pássaros, aranhas, cobras etc. Por outro

lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem

levado, por seleção natural, à proliferação de linhagens resistentes, forçando a aplicação

de inseticidas cada vez mais potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que

manipulam e aplicam esses venenos e naquelas que consomem os alimentos

contaminados, tem agravado a poluição dos solos.

c. Erosão

A erosão do solo, principalmente na zona tropical do planeta, se deve ao fato dele

ser revolvido antes do cultivo desagrega-o, facilitando o carregamento dos minerais pela

água das chuvas. A perda de milhares de toneladas de solo agricultável todos os anos, em

conseqüência da erosão, é um dos mais graves problemas enfrentados pela economia

agrícola. O processo natural de formação de novos solos é extremamente lento, daí a

gravidade do problema. Toda atividade agrícola favorece o processo erosivo, mas

algumas culturas facilitam-no mais que outras.

d. O efeito estufa

O efeito estufa, de que tanto se fala ultimamente, resulta de um desequilíbrio na

composição atmosférica, provocado pela crescente elevação da concentração de certos

gases que têm capacidade de absorver calor, como é o caso do metano e principalmente

do dióxido de carbono (CO2). Essa elevação dos níveis de dióxido de carbono na

atmosfera se deve à crescente queima de combustíveis fósseis e das florestas, desde a

Revolução Industrial.

O homem também é parte integrante do meio em que vive. Ele também é

componente da frágil cadeia que sustenta a vida no planeta, embora não sendo mais

dependente, continua precisando dela para a sua sobrevivência e para a sobrevivência de

milhares de espécies dos diversos ecossistemas. Daí a necessidade de se rediscutir o

modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, a desigual distribuição de riqueza e o

padrão tecnológico existentes no mundo atual.

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1. A biologia da conservação

A biologia da conservação é um campo da ciência que vem ganhando cada

vez mais adeptos. Foram propostos três princípios básicos para nortear suas ações

(PRIMACK e RODRIGUES, 2001):

• A evolução é o único mecanismo capaz de explicar os padrões de

biodiversidade, e as respostas aos problemas de conservação devem se gerar

dentro do marco evolutivo;

Os processos ecológicos são dinâmicos e não se mantêm em equilíbrio

(ao menos não indefinidamente), estando submetidos à regulação de processos

externos variáveis;

Os seres humanos são parte dos sistemas ecológicos e as atividades

humanas devem contemplar o planejamento da conservação biológica.

Como desafios do planejamento do desenvolvimento e da preservação dos

recursos naturais ficam as seguintes conclusões (PRIMACK e RODRIGUES, 2001):

a. A sobre exploração acarreta na redução dos efetivos populacionais;

b. A ocupação do espaço físico pelos seres humanos produz a perda e a

fragmentação dos habitats das espécies;

c. A introdução de espécies invasoras (como por exemplo, aquelas de

interesse econômico) que competem com as nativas modificam as

populações e/ ou os habitats;

d. Existem efeitos sinérgicos pelos quais a extinção de uma espécie

produz extinções em corrente de outras que dela dependem.

2. Unidades de Conservação

Uma das formas mais reconhecidas e utilizadas para garantir a proteção dessas

espécies e de ecossistemas são as chamadas Unidades de Conservação (UC) – parques

nacionais, reservas biológicas e extrativistas, áreas de proteção ambiental, entre outras.

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Durante a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, adotada pela

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD

(Rio-92) o documento assinado por 175 países, referenda que um sistema adequado de

unidades de conservação é considerado o pilar central para o desenvolvimento de

estratégias nacionais de preservação da diversidade biológica.

O estabelecimento de parques e reservas no Brasil pode ser considerado um

fenômeno ainda recente, sendo que a maioria foi criada nos últimos 30 anos. De acordo

com o Art. 2º, I - Lei Federal 9.985/2000, Unidade de Conservação é um espaço territorial

e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais

relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e

limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias

adequadas de proteção.

Elas contribuem para a manutenção das culturas tradicionais aliadas à proteção da

natureza, além de dar a condição básica para a conservação e perpetuação da diversidade

biológica. Tem sido observado que a concepção e a manutenção das Unidades de

Conservação compõem um dos mais eficazes instrumentos de planejamento territorial e

auxilia na implantação de políticas destinadas à proteção do meio ambiente. (OLIVEIRA et

al, 2009)

Em geral, para se definir uma área a ser protegida, é necessário observar suas

características naturais e estabelecer os principais objetivos de conservação e o grau de

restrição à intervenção antrópica. Esta área será, então, denominada segundo uma das

categorias de Unidade de Conservação previstas por lei.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi instituído no Brasil em

2000 pela Lei nº. 9.985, que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e

gestão das Unidades de Conservação no País. O SNUC divide as Unidades de Conservação

em dois grupos:

Unidades de conservação de Proteção Integral visam preservar a natureza

em áreas com pouca ou nenhuma ação antrópica, onde só se admite a utilização indireta

de recursos naturais. São subdivididas em cinco categorias: Estação Ecológica, Reserva

Biológica, Parque Nacional e Estadual, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre.

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Unidades de Conservação de Uso sustentável aliam a conservação da

natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, com exploração do

ambiente que garanta a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos

ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma

socialmente justa e economicamente viável. Em algumas categorias os objetivos se

ampliam ao valorizar e respeitar os meios de vida e a cultura de populações tradicionais.

São subdividas em sete categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante

Interesse Ecológico, Floresta Nacional e Estadual, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna,

Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural.

O SNUC também prevê que estados e municípios criem os seus sistemas de

unidades de conservação e, dessa forma contribuam para o cumprimento das metas e

objetivos relativos à proteção da diversidade biológica nos níveis local, regional, nacional

e internacional (OLIVEIRA et al, 2009).

As UCs influenciam muito além de suas fronteiras, cooperando para a organização

do espaço territorial em seu entorno imediato e favorecendo o desenvolvimento de

processos econômicos sustentáveis. (OLIVEIRA et al, 2009).

Parque Estadual da Ilha Anchieta, uma Unidade de Conservação de São Paulo. (Divulgação/Agência Brasil)

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IV - Anexos

Na primeira imagem / Anexo A – Mapas das Áreas de Coleta. Na segunda imagem de satélite a Terra Indígena Tenonde Porã (Reprodução/Google)

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V - Glossário

Ação antrópica: efeitos, processos, objetos ou materiais derivados de atividades

humanas, em oposição a aqueles que ocorrem em ambientes naturais sem influência

humana.

Anatomia: é o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e a organização e funções

vitais (respiração, digestão, circulação sanguínea, mecanismos de defesa, etc) dos seres

vivos, tanto externa quanto internamente.

Antropólogo: é o profissional que pesquisa, estuda e discute o “homem”, suas

interferências na sociedade e no meio.

Arqueólogo: é o profissional especializado em pesquisar e estudar antigas civilizações

através de resquícios rochosos reconhecidos como monumentos históricos não escritos.

Os arqueólogos são reconhecidos como cientistas que se baseiam em pedaços de

cerâmica, obras de artes, fóssil e variados objetos antigos para fundamentar teorias a

respeito de civilizações extintas.

Árvore genealógica: é um histórico de certa parte dos ancestrais de uma pessoa ou

família. Mais especificamente, trata-se de uma representação gráfica para mostrar as

conexões familiares entre indivíduos, trazendo seus nomes e, algumas vezes, datas e

lugares de nascimento, casamento, fotos e falecimento.

Assoreamento: é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos de um rio, ou canal,

causando redução da correnteza e da profundidade gerando possíveis transbordamentos

e morte do rio.

Biomas: é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de

igualdade. São as populações de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e

também com o ambiente físico.

Biotas: é o conjunto de seres vivos de um ecossistema, incluindo a todos os grupos

organismos.

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Biotecnologia: é tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na

agricultura, ciência dos alimentos e medicina, usando organismos vivos ou parte deles,

para a produção de bens e serviços.

Botânico: é o profissional apto a desempenhar pesquisas científicas envolvendo plantas

em diversas áreas.

Combustíveis fósseis: os combustíveis fósseis são substâncias de origem mineral,

formados pelos compostos de carbono, originados pela decomposição de materiais

orgânicos, durante milhões de anos, por isso são considerados recursos naturais não

renováveis. A queima destes combustíveis é usada para gerar energia e movimentar

motores de máquinas, veículos e até mesmo gerar energia elétrica, gerando altos índices

de poluição atmosférica.

Cópula: é o ato de união de um indivíduo macho e uma fêmea de uma dada espécie

animal com a finalidade de possibilitar a geração de novos descendentes (fecundação).

Desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da

geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras

gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Diversificação gênica: a progressiva diferenciação do conjunto gênico de subpopulações

isoladas. A diversificação gênica é provocada por dois fatores: pelas mutações, que

introduzem alelos diferentes em cada uma das subpopulações isoladas e pela seleção

natural, que pode preservar conjuntos de genes em uma das subpopulações e eliminar

conjuntos similares em outra que vive em ambiente diverso.

Dossel: o andar superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores

biodiversidades do planeta, contendo, segundo estimativas, até 65% das formas de vida

das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura.

DNA: substância química envolvida na transmissão de caracteres hereditários e na

produção de proteínas compostos que é o principal constituinte dos seres vivos, são

encontrados em todas as células do organismo.

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Dunas: é uma montanha de areia criada a partir de processos relacionados ao vento.

Dunas descobertas são sujeitas à movimentação e mudanças de tamanho, ou seja, dunas

são montes de areia formadas pelo vento e pelo mar. Quando o vento sopra, leva a areia

e com o tempo viram dunas. Dunas não precisam ser necessariamente grandes, muitas

delas são bem pequenas.

Ecólogo: é o profissional dedicado ao estudo da ecologia, ou seja, da ciência que analisa a

relação dos seres vivos entre si e com o meio ambiente em que vivem.

Edáficas: é o conjunto de organismos que vivem dependendo diretamente e

exclusivamente do solo.

Endemismo: grupos taxonomicos que se desenvolveram numa região restrita. Em geral o

endemismo é resultado da separação de espécies, que passam a se reproduzir em regiões

diferentes, dando origem a espécies com formas diferentes de evolução.

Entomologista: é o profissional que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e

relações com o homem, as plantas, os animais e o ambiente.

Epífitas: são plantas que vivem sobre outras plantas. São espécies de plantas não

enraizam no solo, elas se fixam na casca de árvores, a presença de epífitas não causa

nenhum prejuízo a planta hospedeira. O epifitismo é algo comum nas florestas tropicais,

onde a competição por luz e espaço não permite que plantas herbáceas prosperem sobre

o solo.

Estuário: é a parte de um rio que se encontra em contato com o mar. Por esta razão, um

estuário sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra. Um estuário é

uma região semi-fechada do oceano influenciada pelas descargas de água doce de terra,

quer seja um ou mais rios, ou apenas da drenagem do continente.

Excreção: é o processo através do qual são eliminadas substâncias nocivas, inúteis ou em

excesso no organismo. Como exemplo, podemos citar plantas que vivem em mangues,

onde a água é ligeiramente salgada, para não causar nenhum dano a ela, a planta elimina

o excesso de sal absorvido.

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Fauna: é o termo coletivo para a vida animal de uma determinada região ou período de

tempo.

Fisiológicos: termo relacionado às funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres

vivos, ou seja, o funcionamento interno do organismo.

Folha coriácea: diz-se que uma folha é coreácea quando a sua textura é semelhante a

couro e se quebra facilmente.

Fotossíntese: é o processo através do qual as plantas, transformam energia luminosa em

energia química utilizada no seu metabolismo e liberando oxigênio gasoso (O2). A

fotossíntese inicia a maior parte das cadeias alimentares na Terra. A fotossíntese também

desempenha outro importante papel na natureza: a purificação do ar, pois retira o gás

carbônico liberado na nossa respiração ou na queima de combustíveis, e ao final, libera

oxigênio para a atmosfera.

Flora: é o conjunto de plantas características de uma região.

Flúviomarinha: referente a locais que recebem influência tanto do mar quanto de rios.

Fuligem: são partículas provenientes dos escapamentos de automóveis e máquinas e

queimadas florestais. A fuligem é responsável por um terço do aquecimento global.

Genes: é a unidade fundamental da hereditariedade. É nele que contêm a informação

genética de cada indivíduo, ou seja, suas características, como por exemplo, cor dos olhos

que poderá ser passada para seus descendentes.

Geólogo: é o profissional que estuda a estrutura e os processos que formaram a Terra,

sua evolução ao longo do tempo e os aspectos práticos da aplicação desses

conhecimentos para o bem comum.

Geológico: relacionado ao que estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades

físicas, história e os processos que lhe dão forma.

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Habitat: é um conceito usado em ecologia que inclui o espaço físico e os fatores abióticos

que condicionam um ecossistema e por essa via determinam a distribuição das

populações de determinada comunidade. Normalmente usado em referência a uma ou

mais espécies, no sentido de estabelecer os locais e as condições ambientais onde o

estabelecimento de populações desses organismos é viável.

Hereditárias: termo relacionado a características que podem ser passadas para os

descendentes, através do material genético.

Interdisciplinar: é a integração de dois ou mais componentes curriculares na construção

do conhecimento. Visa conciliar os conceitos pertencentes às diversas áreas do

conhecimento a fim de promover avanços como a produção novas áreas.

Isolamento geográfico: é a separação física de subpopulações de uma espécie. As

barreiras que isolam as subpopulações podem ser o rio que corta uma planície, um vale

que divida dois planaltos ou um braço de mar que separe ilhas e continentes.

Isolamento reprodutivo: resulta da incapacidade, total ou parcial, de membros de duas

subpopulações se cruzarem, produzindo descendência fértil. Em geral, depois de um

longo período de isolamento geográfico, as subpopulações se diferenciam tanto que

perdem a capacidade de cruzamento entre si, tornando-se reprodutivamente isoladas.

Líquen: são seres vivos muito simples que constituem uma relação entre um fungo e uma

alga. Os líquens desenvolvem-se como lâminas ou placas de várias cores na superfície de

árvores ou de pedras, expostas à umidade e ao sol. São geralmente estudados pelos

botânicos, apesar de não serem verdadeiras plantas.

Mananciais: são as fontes de água, superficiais ou subterrâneas, utilizadas para

abastecimento humano e manutenção de atividades econômicas. As áreas de mananciais

compreendem as porções do território percorridas e drenadas pelos cursos d´água, desde

as nascentes até os rios e represas.

Morfológico: conceito relacionado ao estudo da forma dos seres vivos, ou de parte dele.

É uma ferramenta fundamental para a identificação e classificação das espécies.

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Naturalista: O termo refere-se ao indivíduo estudioso das ciências naturais -

notadamente plantas, animais, rochas, entre outras coisas.

Organismos microscópicos: são organismos que não podem ser vistos a olho nu, é

necessário observá-los com o auxílio de um microscópio.

Paleontológico: termo relacionado a ciência natural que estuda a vida do passado da

Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de

integração da informação biológica no registo geológico, isto é, a formação dos fósseis.

Pântano: é uma área plana de abundante vegetação herbácea e/ou arbustiva, que

permanece grande parte do tempo inundada, há a formação do pântano, cujo

ecossistema é único e diverso. O surgimento dos pântanos geralmente ocorre em áreas

onde o escoamento das águas se torna lento, assim o entulho ocasionado pela massa

orgânica além de se decompor, ocasiona mais represamento da vazão da bacia

hidrográfica.

Perenidade: caráter do que dura sempre ou muito tempo.

Perenifólia: é um atributo da folhagem das plantas que mantêm as suas folhas durante

todo o ano. A maioria das plantas das zonas tropicais são de folha persistente.

Plantas vasculares: são as plantas com tecidos especializados para o transporte de água e

seiva que alimentam as suas células.

Pluviosidade: é a quantidade de chuva caída em certo lugar durante período

determinado, ou seja, o estado chuvoso de um lugar.

Populações interdependentes: são populações diferentes que habitam o mesmo local

dependem umas das outras, formando as comunidades.

Polinizadores: todos os fatores bióticos responsáveis pela transferência de pólen (célula

reprodutora masculina) de uma flor para outra. Animais polinizadores comuns são

abelhas, borboletas, mariposas, besouros, beija-flores e outros pássaros, todos na maior

parte das vezes atraídos por algum recurso nutriticional disponível pelas flores.

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Progenitores: os dois seres que deram origem a um ou vários descendentes através dum

processo reprodutivo. Em geral, esses dois progenitores são o macho e a fêmea. No caso

das plantas, os progenitores são a planta que suporta o óvulo fecundado.

Sazonalidade: é uma determinada característica ou um evento que ocorre sempre em

certa época do ano. Por exemplo, a produção de milho ocorre sempre na época da seca, é

um produto sazonal. Esse evento ou característica varia em determinado período do ano.

Exemplo: as praias se tornam mais cheias no verão do que no inverno.

Taxidermia: é a arte de montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo. É a técnica

de preservação da forma da pele, planos e tamanho dos animais. É usada para a criação

de coleção científica ou para fins de exposição, vem como uma importante ferramenta

nesse processo conservacionistas, trazendo também uma alternativa de lazer e cultura

para a sociedade e como principal objetivo, o resgate de espécimes descartados,

reconstituindo suas características físicas e, às vezes, simulando seu habitat, o mais

fielmente possível para que possam ser usados como ferramentas para educação

ambiental ou como material didático.

Variabilidade genética: mede a tendência dos diferentes um mesmo gene variar entre si,

numa dada população. A capacidade de uma população para se adaptar a um ambiente

em mudança depende da variabilidade genética.

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VI - Referências Bibliográficas

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Bionotícias (Boletim do Conselho regional de Biologia 5ª. Região, 2003.

BAPTISTA, G. C. S. A Contribuição da Etnobiologia para o Ensino e a Aprendizagem de

Ciências: Estudo de Caso em uma Escola Pública do Estado da Bahia. Dissertação de

mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das

Ciências da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Estadual de Feira de

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COLINVAUX, P. A. Ecology 2. New York: Wiley, 1993.

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Hotspots: A dinâmica da perda de biodiversidade. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. de

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Florestal. Oliveira, Luiz Roberto Numa de (org.). São Paulo, SMA. p. 32-42. 2009

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de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001.

Referências da Internet:

http://www.pick-upau.org.br

Outros sites recomendados:

http://www.ufmg.br

http://educar.sc.usp.br

http://www.aliancamataatlantica.org.br

http://www.ibama.gov.br

http://www.ibge.gov.br

http://www.mma.gov.br

http://www.socioambiental.org/uc

http://www.etnobiologia.org/sbee/home/index.php

http://www.wwf.org.br

http://darwin-online.org.uk

http://www.usp.br/nupaub

http://www.cdcc.sc.usp.br

http://www.brasil.gov.br

http://www.ci.org.br

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PROJETO DARWIN

Oficina de Biodiversidade

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Ficha Técnica

Coordenação Geral do Projeto Darwin: J. Andrade

Coordenação Técnica: Dra. Profa. Heloisa Candia Hollnagel

Biólogas: Gabriela Picolo e Karina Spaolonzi

Equipe Indígena: Karai Tataendy, Elicio Peralta e Dionísio Mirim

Presidência da Agência Ambiental Pick-upau: Andrea Nascimento

Texto: Redação da Agência Ambiental Pick-upau (MTB: 35.491)

Fotos: Arquivo da Agência Ambiental Pick-upau

Revisão: Redação da Agência Ambiental Pick-upau

Criação Gráfica e Editoração: Morphina design

Realização

Agência Ambiental Pick-upau

Financiamento

Fundo Especial para o Meio Ambiente – FEMA

Secretaria do Verde e Meio Ambiente – SVMA

Prefeitura do Município de São Paulo – PMSP

Parceria

Instituto de Botânica de São Paulo – IBot

Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã

Apoio

Carioba Investimentos

Instituto Floresta de São Paulo – IF

Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo – SMA/SP

Apoio Institucional

APA Capivari-Monos

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Saiba Mais

Sobre o Projeto Darwin

O Projeto Darwin tem como principais características conhecer e divulgar os atributos

naturais e culturais dos Biomas Brasileiros, com ênfase na Floresta Atlântica Tropical,

incluindo áreas particulares, Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Além dos

inventários biológicos das espécies predominantes da fauna e da flora (pesquisa), há o

compromisso de sensibilizar o maior número de pessoas possíveis para tornar viável o

desenvolvimento sócio-econômico das regiões inseridas no projeto e a preservação do

ambiente. Outro aspecto relevante e diferencial do Projeto Darwin é o envolvimento de

comunidades tradicionais como a Aldeia Guarani Tenonde Porã.

Acesse: www.darwin.org.br

Sobre o Pick-upau

O Pick-upau é uma organização não-governamental sem fins lucrativos de caráter

ambientalista 100% brasileira dedicada à preservação e a manutenção da biodiversidade

do planeta. Fundada em 1999, por três ex-integrantes do Greenpeace-Brasil e

originalmente criada no Cerrado brasileiro, tem sua base, próxima a uma das últimas e

mais importantes reservas de mata atlântica da cidade São Paulo, a maior metrópole da

América Latina. Por tratar-se de uma organização sobre Meio Ambiente, sem uma

bandeira única, o Pick-upau possui e desenvolve projetos em diversas áreas ambientais.

Saiba mais: www.pick-upau.org.br

Sobre a Terra Indígena Tenonde Porã

A aldeia Tenonde Porã está situada na região sul do município de São Paulo (cerca de 60

km do centro), Distrito de Parelheiros, com grande parte da área indígena às margens da

represa Billings. A comunidade Guarani Mbya possui apenas 26 hectares, demarcados e

homologados em 1987, onde vivem atualmente 170 famílias com cerca de 900 pessoas.

Apesar do crescimento acelerado e desordenado da região e do contato com a sociedade

do entorno, esta população vem se assegurando como um povo. Os conhecimentos

milenares são passados por gerações através da oralidade dos mais velhos, seus rituais,

artesanato e da valorização de sua cultura.

Saiba mais: www.darwin.org.br

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Sobre o FEMA

O FEMA - Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi criado

pela Lei Municipal nº 13.155, de 29 de junho de 2001, que também criou o CONFEMA -

Conselho do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Foi

regulamentado pelo Decreto nº 41.713, de 25 de fevereiro de 2002 e pela Resolução nº

02/CONFEMA, de 19 de dezembro de 2002, e destina-se a dar suporte financeiro a

planos, programas e projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos

naturais, ao controle, à fiscalização, defesa e recuperação do meio ambiente e a ações de

educação ambiental. Fonte: PMSP/SVMA

Saiba mais: www.prefeitura.sp.gov.br

Sobre os Guaranis

Os Guaranis Mbya estão em várias regiões da América do Sul, existem aldeias na

Argentina, Paraguai e Bolívia. No Brasil se localizam principalmente na região do litoral,

do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo e outras regiões como no Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul e Tocantins. São a maior etnia indígena no Brasil somando

aproximadamente 35 mil pessoas. Sendo um povo bastante religioso tem na execução de

tarefas cotidianas a busca da harmonia com a natureza, da força espiritual de Nhanderu e

do Sol, criado por ele. Diariamente a comunidade se encontra na Opy, a Casa de Reza,

para cantar, rezar e dançar e os mais velhos ensinam as crianças o conhecimento

ancestral. Na aldeia, além do cacique, a principal liderança é o Xeramoi, o nome do pajé

Guarani. Os Guaranis sabem da importância de todos os seres e que cada elemento da

natureza tem um espírito e buscam parceiros para impedir a destruição do planeta.

Sobre a APA Capivari-Monos

A Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos (APA) é um tipo de Unidade de

Conservação, onde existem terras públicas e privadas, cujos objetivos são: proteger a

biodiversidade, os recursos hídricos e os remanescentes da Mata Atlântica; resguardar o

patrimônio arqueológico e cultural; promover a melhoria da qualidade de vida das

populações; manter o caráter rural da região e evitar o avanço da ocupação urbana na

área protegida. Criada em junho de 2001, a APA possui 25 mil hectares (1/6 da área de

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São Paulo) e está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo e na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

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reproduzidos, desde que citada a fonte.