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Projeto conceitual do sistema hidráulico de uma Usina Hidrelétrica Thiago Villela Ferreira Jakobsson Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Reinaldo de Falco Rio de Janeiro Novembro de 2019

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Projeto conceitual do sistema hidráulico de uma Usina Hidrelétrica

Thiago Villela Ferreira Jakobsson

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Reinaldo de Falco

Rio de Janeiro

Novembro de 2019

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Jakobsson ,Thiago Villela Ferreira.

Projeto conceitual do sistema hidráulico de uma Usina

Hidrelétrica / Thiago Villela Jakobsson – Rio de Janeiro:

UFRJ / ESCOLA POLITÉCNICA, 2019.

XI, 93 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Reinaldo de Falco

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 84-86.

1. Introdução. 2. Usinas Hidrelétricas. 3. Turbinas

Hidráulicas. 4. Dimensionamento dos órgãos adutores. 5.

Cálculo da Perda de Carga. 6. Dimensionamento da Chaminé

de Equilíbrio. 7. Determinação do Tipo de Turbina. 8.

Dimensionamento da Turbina. 9. Curvas de desempenho da

Turbina. 10. Conclusão. I. Falco, Reinaldo de. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Mecânica. III. Projeto do Sistema

Hidráulico da Usina Hidrelétrica Governador Parigot de

Souza.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, em especial minha mãe, meu avô, minha Bisa, a

Norma, meu tio e ao Dudu por se esforçarem sempre em me proporcionar o melhor.

Agradeço a Isabella por ter me apoiado durante este processo e ter me guiado no

caminho certo. Obrigado pelo carinho de sempre.

Aos integrantes da equipe Minerva Baja, especialmente aos amigos Matheus

Rodrigues, Nicolas Laport, Rodrigo Gimenes e Vinícius Cortes pelos ensinamentos e

companheirismo em tantas horas que passamos juntos.

Ao professor Fernando Castro Pinto pela orientação da equipe, assim como aos

técnicos do laboratório, em especial ao Paulo e ao Carlinhos por tanta sabedoria e

paciência.

Ao professor Fábio Zamberlan pela atenção e preocupação como responsável

pelo laboratório de tecnologia mecânica enquanto estive como capitão da Equipe Minerva

Baja.

Aos meus amigos de turma, que me proporcionaram boas e eternas risadas.

Vocês fizeram a caminhada ser mais fácil.

Ao professor Reinaldo de Falco, por toda orientação durante este processo. Seus

ensinamentos serão levados por toda a vida.

Agradeço também a Deus e aos bons espíritos e todos aqueles que, de alguma

forma, contribuíram para a minha formação, tanto pessoal quanto acadêmica. Muito

obrigado.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Projeto conceitual do sistema hidráulico de uma Usina Hidrelétrica

Thiago Villela Ferreira Jakobsson

Novembro/2019

Orientador: Reinaldo de Falco

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho apresenta o projeto de um sistema hidráulico a ser implantado na

usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza, localizada no município de Antonina-

PR. Primeiramente, é realizado o dimensionamento dos órgãos adutores, responsáveis por

transportar a água desde o reservatório até a casa de força, onde as turbinas serão

alimentadas.

O trabalho também apresenta o conceito de chaminé de equilíbrio e a dimensiona

para a usina supracitada. Por fim, é feita a seleção do tipo de turbina mais adequado, e

seus principais componentes são dimensionados visando máxima eficiência hidráulica.

Para concluir, é realizada uma análise das curvas teóricas de desempenho da turbina

operando dentro e fora das condições de projeto.

Palavras-chave: Usina hidrelétrica, Turbina Hidráulica, Queda bruta, Vazão e Potência.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

Conceptual design of the hydraulic system of a hydroelectric power plant

Thiago Villela Ferreira Jakobsson

November/2019

Advisor: Reinaldo de Falco

Course: Mechanical Engineering

This paper presents the project of a hydraulic system to be implemented at the

Governador Parigot de Souza Hydroeletric Power Plant, located in Antonina-PR. Firstly,

the adductor organs are dimensioned, being responsible for transporting water from the

reservoir to the powerhouse, where the turbines will be fed.

The paper also presents the concept of a surge tank and scales it for the

aforementioned plant. Finally, the most suitable turbine type is selected, and its main

components are designed for maximum hydraulic efficiency. To conclude, an analysis of

the theoretical performance curves of the turbine operating inside and outside the design

conditions is performed.

Keywords: Hydroeletric Power Plant, Hydraulic Turbine, Head, Flow and Power.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 Motivação .............................................................................................. 1

1.2 Objetivo ................................................................................................. 4

1.3 Organização do Trabalho ....................................................................... 4

2. USINAS HIDRELÉTRICAS ................................................................................. 6

2.1 Classificação das Usinas Hidrelétricas .................................................. 8

2.2 A Usina Governador Parigot de Souza ................................................ 10

2.3 Dados de projeto .................................................................................. 12

3. TURBINAS HIDRÁULICAS .............................................................................. 13

3.1 Histórico ............................................................................................... 13

3.2 Classificação das Turbinas ................................................................... 15

3.3 Turbinas Pelton .................................................................................... 16

3.4 Turbinas Francis .................................................................................. 18

3.5 Turbinas Kaplan ................................................................................... 20

4. DIMENSIONAMENTO DOS ÓRGÃOS ADUTORES ...................................... 22

4.1 Túnel adutor ......................................................................................... 22

4.2 Conduto forçado .................................................................................. 26

4.2.1 Diâmetro interno ............................................................................ 26

4.2.2 Espessura ........................................................................................ 29

4.2.3 Dimensões finais ............................................................................ 33

5. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA ................................................................. 34

5.1 Perdas Distribuídas .............................................................................. 35

5.1.1 Túnel sob pressão ........................................................................... 35

5.1.2 Conduto Forçado ............................................................................ 37

5.2 Perdas Localizadas ............................................................................... 38

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5.2.1 Tomada d’água ............................................................................... 38

5.2.2 Contração de área entre o túnel sob pressão e o conduto forçado . 41

5.2.3 Perdas nas curvas ........................................................................... 42

5.2.4 Perdas nas bifurcações ................................................................... 43

5.2.5 Perdas nas válvulas ........................................................................ 44

5.3 Altura de Queda Disponível ................................................................ 46

6. DIMENSIONAMENTO DA CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO .............................. 47

7. DETERMINAÇÃO DO TIPO DE TURBINA .................................................... 51

7.1 Velocidade específica .......................................................................... 52

7.2 Potência efetiva nominal ...................................................................... 53

7.3 Escolha do Tipo de Turbina ................................................................. 54

8. DIMENSIONAMENTO DA TURBINA ............................................................. 57

8.1 Jato ....................................................................................................... 57

8.1.1 Velocidade do Jato ......................................................................... 57

8.1.2 Diâmetro do Jato ............................................................................ 57

8.2 Roda ..................................................................................................... 58

8.2.1 Velocidade tangencial ideal da roda .............................................. 58

8.2.2 Diâmetro da Roda .......................................................................... 61

8.2.3 Número de Pás ............................................................................... 62

8.2.4 Dimensões das Pás ......................................................................... 63

8.3 Distribuidor .......................................................................................... 68

8.3.1 Bocal injetor ................................................................................... 69

8.3.2 Dimensionamento da agulha .......................................................... 71

8.4 Jato de Frenagem ................................................................................. 72

9. CURVAS DE DESEMPENHO DA TURBINA .................................................. 75

9.1 Potência Hidráulica .............................................................................. 75

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9.2 Eficiência Hidráulica ........................................................................... 80

10. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 82

11. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS .................................................................... 84

ANEXO A – GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL (2019) .................................... 87

ANEXO B –DADOS DA USINA GOVERNADOR PARIGOT DE SOUZA .............. 88

ANEXO C –ÁBACO DE MOODY ............................................................................... 93

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Potencial hidrelétrico brasileiro 2013 - SILVA,O.B [1] ..................... 1

Figura 2: Matriz Elétrica Mundial 2016- IEA[2] ................................................ 2

Figura 3: Matriz Elétrica Brasileira 2016- IEA[2] ............................................... 2

Figura 4: Esquema de uma Usina Hidrelétrica – FURNAS[4] ............................ 7

Figura 5: Usina a fio d’água – BLOG USINA BAIXO IGUAÇU[5] .................. 8

Figura 6: Usina com Reservatório – USINAS HIDRELÉTRICAS[6] ................ 9

Figura 7: Usina Reversível – UFRGS[7] ............................................................. 9

Figura 8: Localização Usina Governador Parigot de Souza – EMBRAPA[8] .. 10

Figura 9: Perfil esquemático do aproveitamento Capivari-Cachoeira –

COPEL[23] ....................................................................................................................... 11

Figura 10: Turbinas Pelton – ABNT 1987 [10] .................................................. 16

Figura 11: Pás de turbina Pelton e agulha cônica – OLIVEIRA[13] ................. 17

Figura 12: Turbina Francis – COSTA[21] ......................................................... 18

Figura 13: Rotor Francis – PEREIRA[11] ........................................................ 19

Figura 14: Turbina Kaplan – WALCZAK[22] ................................................... 20

Figura 15: Túnel sob pressão em construção na Usina de Vitorino –

OLIVEIRA[13] ................................................................................................................. 23

Figura 16: Proposta Inicial de Seção Transversal do Túnel sob Pressão ........ 24

Figura 17: Diâmetro Econômico do conduto forçado ...................................... 26

Figura 18: Parâmetro Z2 para sobrepressão -ELETROBRAS [19] ................... 32

Figura 19: Parâmetro Z2 para depressão -ELETROBRAS [19] ......................... 32

Figura 20: Bifurcações no conduto forçado .................................................... 43

Figura 21: Chaminé de Equilíbrio – OLIVEIRA[13] ......................................... 47

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Figura 22: Esquema Chaminé de equilíbrio – ELETROBRAS[19] ................... 49

Figura 23: Gráfico para seleção do tipo de turbina mais adequado –

MACINTYRE[23] ............................................................................................................ 55

Figura 24: Gráfico de Hitachi – MACINTYRE[23] .......................................... 56

Figura 25 : Velocidades na Pá – MACINTYRE[23] ......................................... 58

Figura 26: Ângulos entre velocidades – JÚNIOR[24] ....................................... 59

Figura 27: Esquema de velocidades 2D – SOLEMSLIE[26] ............................. 63

Figura 28: Interação do jato com as pás em movimento - SOLEMSLIE[26] .... 63

Figura 29: Variação do Angulo de incidência do jato - SOLEMSLIE[26] ........ 64

Figura 30: Vistas com cotas principais da pá – JÚNIOR[24] ............................ 65

Figura 31: Ângulo de Pitch – SOLEMSLIE[26] ................................................ 67

Figura 32: Bocal injector – MACINTYRE[23] .................................................. 69

Figura 33: Dimensões do bocal injector – MACINTYRE[23] ........................... 69

Figura 34: Dimensionamento do bocal e da agulha – MACINTYRE[23] ......... 70

Figura 35: Jato de frenagem em uma turbina Pelton – MACINTYRE[23]........ 72

Figura 36: Gráfico da potência em função da velocidade periférica para vazão

máxima ........................................................................................................................... 75

Figura 37: Gráfico da potência em função da vazão ........................................ 78

Figura 38: Gráfico final da potência de Saída da turbina dimensionada.......... 79

Figura 39: Gráfico da eficiência hidráulica versus velocidade periférica ........ 80

Figura 40: Gráfico da Eficiência Hidráulica para diferentes vazões ................ 81

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Potência Hidrelétrica instalada por bacia - ANEEL[3] ........................ 3

Tabela 2: Dados de projeto ............................................................................... 12

Tabela 3: Dimensões do Túnel Sob Pressão .................................................... 24

Tabela 4: Valores de K para diversos materiais – ELETROBRAS[17] ............. 27

Tabela 5: Resultados do Diâmetro Econômico do Conduto Forçado ............. 28

Tabela 6: Eficiência das soldas em tubulação – ELETROBRAS[19] ............... 29

Tabela 7: Dimensões do Conduto Forçado ...................................................... 33

Tabela 8: Propriedades da água – FOX [20] ...................................................... 35

Tabela 9: Rugosidade absoluta dos materiais – COSTA[21] ............................. 36

Tabela 10: Dados para determinação do fator de atrito no túnel sob pressão .. 37

Tabela 11: Dados para determinação do fator de atrito no conduto forçado ... 37

Tabela 12: Perda de carga na tomada d’água ................................................... 40

Tabela 13: Coeficiente de perda de carga em deflexões – ELETROBRAS[17] 42

Tabela 14: Resumo das perdas Localizadas ..................................................... 45

Tabela 15: Resumo das perdas de carga ........................................................... 46

Tabela 16: Altura de Queda disponível ............................................................ 46

Tabela 17: Dimensões da Chaminé de Equilíbrio ........................................... 50

Tabela 18: Dados para seleção da turbina ........................................................ 51

Tabela 19: Aplicação de diversos tipos de turbina – MACINTYRE[23]........... 55

Tabela 20: Dimensões finais da Pá................................................................... 67

Tabela 21: Dimensões finais da agulha ............................................................ 71

Tabela 22: Eficiência do Bocal Injetor para difrentes vazões – ZHANG[29] .... 77

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Tabela 23: Eficiência do Bocal ........................................................................ 78

Tabela 24 -Resultados Obtidos......................................................................... 83

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

O Brasil possui o terceiro maior potencial hidrelétrico do mundo, ficando atrás

apenas de China e Rússia. Aproximadamente 13% de toda água doce do mundo está em

território brasileiro, sendo sua precipitação média anual de 1800mm, enquanto a média

global é de 990mm.

Figura 1: Potencial hidrelétrico brasileiro 2013 - SILVA,O.B [1]

Os dados expostos acima evidenciam o elevado potencial hidrelétrico brasileiro,

que desde cedo passou a ser explorado. Em 1883, na cidade de Diamantina (MG), numa

queda de 5m foi instalada a primeira hidrelétrica no Brasil, gerando 12 HP para

movimentar bombas de desmonte hidráulico das rochas das minas de diamante.

Inicialmente, o número de hidrelétricas cresceu lentamente até a criação da Eletrobras em

1961. Com sua criação e a industrialização tardia brasileira, a demanda por energia

cresceu exponencialmente, assim como a capacidade instalada de potência hidrelétrica.

A matriz elétrica brasileira atual é majoritariamente hidrelétrica, o que é

importante, devido ao fato dessa ser renovável e ambientalmente mais favorável que

outras fontes, como o carvão mineral, cuja queima é responsável por aproximadamente

40% do gás carbônico gerado no mundo, ou seja, as termoelétricas a carvão são grandes

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produtoras de gases do efeito estufa. Os gráficos a seguir ilustram a comparação entre a

matriz elétrica brasileira em relação a mundial.

Figura 2: Matriz Elétrica Mundial 2016- IEA[2]

Figura 3: Matriz Elétrica Brasileira 2016- IEA[2]

Segundo a ANEEL [3] o Brasil possui no total 7.539 empreendimentos

hidrelétricos em operação, totalizando 166.688.802 kW de potência instalada, divididos

na seguinte proporção:

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Tabela 1: Potência Hidrelétrica instalada por bacia - ANEEL[3]

Bacia Hidrografia Percentual de Potência instalada (%)

(%) Bacia do Rio Amazonas 19,4

Bacia do Rio Tocantins 15,1

Bacia do Atlântico Norte/Nordeste 1,2

Bacia do Rio São Francisco 14,5

Bacia do Atlântico Leste 7,3

Bacia do Rio Paraná 31,4

Bacia do Rio Uruguai 6,6

Bacia do Atlântico Sudeste 4,5

Embora a energia hidrelétrica já apresente enorme participação na matriz

energética brasileira, segundo ANEEL[3] em 2019 está prevista para os próximos anos

uma adição de 22.708.294 kW na capacidade de geração do País, proveniente dos 199

empreendimentos atualmente em construção e mais 410 empreendimentos com

construção não iniciada. O panorama geral das usinas no Brasil se encontra

disponibilizado no Banco de Informações de Geração no site da ANEEL (Anexo A).

Desse modo, fica evidente a importância de se compreender como se dá o projeto

e desenvolvimento de uma usina hidrelétrica, levando-se em consideração os dados de

entrada referentes a estudos hidrológicos e geológicos como a vazão e altura de queda

respectivamente, por exemplo. Além disso, os componentes da usina, desde a represa às

turbinas hidráulicas, passando pelos órgãos adutores, representam desafios da engenharia.

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1.2 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo dimensionar os órgãos adutores, responsáveis

por levar a água desde o reservatório até as turbinas hidráulicas, de uma usina hidrelétrica,

tendo como estudo de caso a usina governador Parigot de Souza, localizada no município

de Antonina-PR. Além disso, também será selecionado o modelo de turbina apropriado

para essa usina, e seus principais componentes serão dimensionados objetivando máxima

eficiência hidráulica.

1.3 Organização do Trabalho

Para atingir os objetivos resumidamente supracitados o trabalho seguirá a

seguinte linha lógica.

No capítulo 2 é feita uma breve introdução aos diferentes tipos de usinas

hidrelétricas e como essas são classificadas em função de sua potência e meio de

operação. Adicionalmente, os principais componentes de uma usina serão listados de

modo simplificado e didático. Ao final do capítulo será explorada a Usina Governador

Parigot de Souza e suas principais características geográficas e hidrológicas, essenciais

para o desenvolvimento do projeto.

No capítulo 3 é feita uma revisão bibliográfica a respeito da história por trás do

desenvolvimento das turbinas hidráulicas. Estas são classificadas conforme seu

mecanismo de operação e geometria, sendo os tipos mais aplicados atualmente descritos

detalhadamente.

No capítulo 4 é iniciado o projeto propriamente dito, sendo realizado o

dimensionamento dos órgãos adutores, ou seja, o sistema que transporta a água desde o

reservatório até as turbinas. O dimensionamento, na maior parte do tempo, é feito por

meio de equações empíricas e conhecimentos provenientes da prática de projetos

anteriores, obtidas por meio da bibliografia referenciada.

No capítulo 5 é calculada a perda de carga total no sistema adutor. Por

conveniência, as perdas são divididas em perdas distribuídas e perdas localizadas. As

primeiras são perdas decorrentes de atrito ao longo dos órgãos adutores. As perdas

localizadas, por outro lado, são pontuais, e causadas por válvulas, entradas, mudanças de

áreas entre outros.

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No capítulo 6 é dimensionada a chaminé de equilíbrio, componente importante

de uma usina hidrelétrica. Trata-se de um reservatório vertical responsável por estabilizar

mudanças bruscas de pressão no escoamento da água em direção às turbinas, quando da

abertura ou fechamento repentino das válvulas.

No capítulo 7 é selecionado o tipo de turbina mais adequado para a aplicação na

usina Parigot de Souza, conforme dados obtidos pelo desenvolvimento nos capítulos

anteriores.

No capítulo 8 a turbina hidráulica tem seus principais componentes

dimensionados. Trata-se do projeto propriamente dito da máquina motriz, onde são

abordados o jato, a roda, as pás, o bocal injetor com a agulha cônica e o jato de frenagem.

No capítulo 9 são apresentadas as curvas de desempenho da turbina. É feita uma

análise de como a potência e a eficiência hidráulica variam com a velocidade tangencial

da roda e a vazão.

Na conclusão é feita uma rápida revisão dos temas abordados nos capítulos

anteriores, comparando os resultados obtidos com dados reais da usina Parigot de Souza.

Além disso, uma série de questionamentos é feita com vista em provocar futuros autores

a explorarem outros temas não discutidos nesse projeto.

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2. USINAS HIDRELÉTRICAS

Usina hidrelétrica ou central hidrelétrica é uma obra extensa de engenharia que

envolve projetos de diversas áreas (civil, mecânica, elétrica...), que tem por objetivo a

produção de energia elétrica aproveitando o potencial hidráulico latente em um rio.

Resumidamente, a água é represada em um reservatório, que é responsável por

alimentar as turbinas hidráulicas abrigadas na casa de força junto aos geradores. A energia

hidráulica, proporcional a vazão e altura de queda, é convertida em energia mecânica pela

turbina e esta em energia elétrica pelo gerador. Após passar pela turbina, a água é

restituída ao leito natural do rio por meio do canal de fuga.

Em termos de estruturas, é importante citar a barragem, que é uma barreira física

com objetivo de impedir o fluxo natural do rio e permitir o acúmulo de água no

reservatório. O vertedouro, por sua vez, é uma estrutura lateral à barragem que permite o

escoamento da água em períodos de cheia ou quando a vazão esteja excedendo a que

possa ser absorvida pelas turbinas.

Para conduzir a água do reservatório aos órgãos adutores temos a tomada d’água,

que é equipada com grades de proteção e comportas, normalmente de acionamento

hidráulico.

Os órgãos adutores se dividem entre órgãos de baixa pressão e de alta pressão.

Os primeiros são normalmente mais longos e tem a função de conduzir a água até o

conduto forçado (alta pressão). A escolha do órgão adutor de baixa pressão vai depender

das condições topográficas e geológico-geotécnicas da localização da usina, e podem ser

um canal aberto, uma tubulação de baixa pressão ou até um túnel sob pressão.

O órgão adutor de alta pressão é chamado de conduto forçado, uma tubulação

pressurizada que conduz a água para as turbinas percorrendo toda a altura de queda

topográfica. Essa tubulação pode ser externa ou subterrânea e deve suportar altas

pressões.

Além do conjunto turbina-gerador há uma série de outros equipamentos

auxiliares (mecânicos e elétricos) como as válvulas, os transformadores, as subestações e

a linha de transmissão que compõe uma usina hidrelétrica

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Figura 4: Esquema de uma Usina Hidrelétrica – FURNAS[4]

A imagem acima ilustra o esquema de uma usina hidrelétrica comum. É

importante ressaltar que, neste caso, devido a proximidade entre a casa de força e o

reservatório, não há órgãos adutores de baixa pressão (tubulação de baixa pressão, canal

aberto...). A ligação entre a tomada da água e a turbina é feita diretamente por meio de

um conduto forçado.

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2.1 Classificação das Usinas Hidrelétricas

As usinas são classificadas pela ANEEL[3] (Agência Nacional de Energia

Elétrica) segundo a potência instalada.

1) MCHs (Mini Centrais Hidrelétricas): Menor que 1 MW

2) PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas): Entre 1 e 30 MW

3) UHEs (Usina Hidrelétrica de Energia): Maior que 30 MW

Informalmente chama-se de Micro Central Hidrelétrica aquela com capacidade

de produção inferior a 100kw. As Mini Centrais Hidrelétricas (MCHs) também podem

receber o nome de Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH).

Há outra classificação que pode ser feita, com relação a operação e o fluxo da

água:

1) Usina a fio d’água

Não possuem reservatório, ou este é bem pequeno. A geração de energia é

ditada pelas condições locais momentâneas do rio e, portanto, depende da

precipitação e do escoamento e pode ter variações diárias, mensais ou sazonais

substanciais.

Figura 5: Usina a fio d’água – BLOG USINA BAIXO IGUAÇU[5]

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9

2) Usina com reservatório

São as de maior porte, onde há um forte impacto ambiental gerado

pela inundação que forma o reservatório. A geração de energia é mais estável

pois nos períodos de seca o reservatório funciona como estoque, permitindo

o controle da vazão.

Figura 6: Usina com Reservatório – USINAS HIDRELÉTRICAS[6]

3) Usina reversível

Funciona como uma usina hidrelétrica convencional, gerando

energia, mas também como um acumulador de energia, bombeando água

para um reservatório mais alto em períodos de chuva. Além disso, essas

usinas têm o importante papel de equilibrar frequentes oscilações entre falta

e excesso de eletricidade em grandes cidades, onde há uma grande flutuação

na rede elétrica durante o dia.

Figura 7: Usina Reversível – UFRGS[7]

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10

2.2 A Usina Governador Parigot de Souza

Em 26 de janeiro de 1971 entrou em operação a usina Hidrelétrica Governador

Parigot de Souza, também conhecida como Capivari-Cachoeira, cuja casa de força se

localiza no município de Antonina-PR, enquanto seu reservatório está situado no

município de Campina Grande do Sul, a 50 km de Curitiba.

As águas represadas do rio Capivari, após passarem por um túnel 14,5km

escavados na Serra do Mar e um conduto forçado subterrâneo com mais 1085m,

finalmente encontram 4 turbinas na casa de máquinas, produzindo um total de 260MW.

As águas deixam a casa de máquinas e desembocam no rio Cachoeira, no litoral

paranaense, configurando uma queda bruta (Hb) de 754m e vazão total de 40 m3/s .

A figura abaixo expõe o desafio de construção da Usina, considerando-se o

extenso túnel que corta a Serra do Mar Paranaense inserida na preservada Mata Atlântica

da região.

Figura 8: Localização Usina Governador Parigot de Souza – EMBRAPA[8]

A usina é, atualmente, apenas a 66a maior hidrelétrica do Brasil, porém na época

de sua construção foi, de longe, a maior da região e teve papel importantíssimo na

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11

expansão de Curitiba e seu subúrbio. Nos dias atuais, a usina Governador Parigot de

Souza ainda é a maior hidrelétrica subterrânea da região Sul do Brasil, produzindo energia

para atender o consumo de 500 mil pessoas segundo a COPEL (Companhia Paranaense

de Energia).

Figura 9: Perfil esquemático do aproveitamento Capivari-Cachoeira – COPEL[23]

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12

2.3 Dados de projeto

No Anexo B podem ser encontrados diversos dados atuais sobre a usina Parigot

de Souza fornecidos por SEARA [9], entretanto, o objetivo do projeto é dimensionar a

parte hidráulica da usina, incluindo os órgãos adutores, a chaminé de equilíbrio e as

turbinas hidráulicas. Para tanto, serão considerados os seguintes dados de projeto

fornecidos pela COPEL:

Tabela 2: Dados de projeto

Usina Governador Parigot de Souza

Queda bruta (Hb) 754m

Número de turbinas 4

Vazão de projeto

para cada turbina 10 m3/s

Número de polos do

gerador acoplado à

turbina

14

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3. TURBINAS HIDRÁULICAS

Turbinas hidráulicas são máquinas motrizes que convertem a energia hidráulica

de um fluido, composta de uma parcela cinética (vazão) e uma parcela potencial (pressão),

em energia mecânica em um eixo. Resumidamente, enquanto as bombas realizam

trabalho sobre o fluido, as turbinas extraem trabalho desse.

As turbinas não são as únicas máquinas motrizes hidráulicas. Muito tempo antes

dessas serem desenvolvidas pelo homem, os moinhos hidráulicos (rodas hidráulicas) já o

auxiliavam em diversas tarefas na sociedade. Grosseiramente, diz-se que nas turbinas a

água atua em virtude de sua velocidade e pressão, enquanto nas rodas hidráulicas,

principalmente por seu peso.

3.1 Histórico

Há muito tempo o homem busca utilizar a força das águas para manutenção de

atividades essenciais para a civilização. Na agricultura, os moinhos da água permitiram

que os cereais fossem transformados em farinha com agilidade, impulsionando a

capacidade produtiva de sociedades antigas.

Há grandes incertezas quanto a época do surgimento de moinhos hidráulicos. O

registro mais notório de que se tem conhecimento remete-se a Vitrúvio, engenheiro

romano nascido em 80 AC. O moinho de água projetado por Vitrúvio podia moer

aproximadamente 200 quilos de cereais por hora, enquanto os moinhos manuais da época

não passavam de 30 quilos.

Apesar da importância de Vitrúvio na história das rodas hidráulicas, há fortes

indícios de que sua invenção data-se de séculos anteriores. Historiadores creditam a

invenção da roda hidráulica ao Antigo Egito, por volta de 4 séculos antes de cristo, onde

estas eram usadas para irrigação.

A partir do século 1 DC, os chineses passaram a usar rodas d’água para

finalidades diferentes. Sabe-se que seu uso foi muito importante na alimentação do fole

do alto forno, forjando minério de ferro em ferro fundido. Ainda não está claro, porém é

muito provável que a origem das rodas d’água na China seja independente de outras

sociedades. Além do uso na fabricação do ferro, os chineses também as usavam para moer

grãos.

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Em 1824 Claude Bordin (1790-1973) apresentou à Academia de Paris projetos

de turbinas de ação e reação, sendo a primeira vez em que o termo turbina foi utilizado.

Entretanto, seus projetos não eram integralmente viáveis e apenas em 1834 Fourneyron

(1802-1867) coloca em funcionamento o projeto de uma turbina para queda de 108m,

potência de 25kW e rotação de 2200 RPM , com eficiência de aproximadamente 80%

Nos séculos XIX e XX grandes avanços ocorreram nas turbinas hidráulicas,

sendo que alguns projetos se destacaram e são até hoje utilizados no mundo inteiro. Pode-

se citar o projeto do engenheiro americano James Francis (1815-1892) em 1849, onde

uma turbina de reação bastante eficiente e flexível foi desenvolvida, como melhoria de

uma turbina patenteada por Samuel Dowd em 1838. No Brasil, diversas hidrelétricas

usam turbinas Francis, dentre as quais, destaca-se a usina de Itaipu.

Por volta de 1870, Lester Allan Pelton (1829-1908) desenvolveu o modelo de

turbina a ação mais conhecido atualmente. “Pelton” se tornou uma marca patenteada, e

seu projeto continua a ser utilizado nos dias atuais. Os modelos de turbina de ação

anteriores a Pelton possuíam baixas eficiências pois a água deixava a roda com alta

velocidade e, consequentemente, grande parte da energia não era aproveitada. O trabalho

do inventor americano foi, além de outros, de otimizar o projeto das pás de modo que a

eficiência da turbina aumentasse significativamente.

No início do século XX já estava evidente a importância da força das águas para

geração de energia. A expansão da industrialização se dava a passos largos e cada vez

mais era necessário energia elétrica para movimentar as máquinas e as necessidades da

sociedade. Porém, as turbinas existentes necessitavam de grande queda da água, o que

restringia muito os locais adaptados a construção de uma usina hidrelétrica. O trabalho

do engenheiro austríaco Victor Kaplan (1876-1934) foi desenvolver uma turbina axial

baseada em turbinas de hélice, porém com pás reguláveis. Esse modelo era adequado para

operar com baixas quedas e altas vazões de forma bastante eficiente. Em 1928 a empresa

sueca KMW colocou em operação a primeira turbina Kaplan de grande porte com

potência de 11 MW e diâmetro de 5,8m.

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3.2 Classificação das Turbinas

Há basicamente três formas de se classificar as turbinas. São elas:

a) A depender da variação de pressão estática entre a entrada e a saída do rotor

a.1) Ação ou Impulso: Toda a energia hidráulica é convertida em cinética logo

antes do rotor, nas partes estacionárias. O rotor não se encontra mergulhado na água e,

portanto, a pressão de entrada e de saída são aproximadamente iguais a pressão

atmosférica local. Exemplos: Turbinas Pelton, Turgo e Michel-Blanki

a.2) Reação: O rotor se encontra permanentemente mergulhado na água, onde

esta exerce torque por meio de sua queda de pressão entre a entrada e a saída daquele. Há

de se destacar que as turbinas nunca são totalmente de reação, pois uma parcela da energia

hidráulica é convertida em cinética devido a mudança de direção da velocidade da entrada

para a saída do rotor. Exemplos: Turbinas Francis e Kaplan

b) Com relação a direção do fluxo em relação ao rotor

b.1) Radial: O fluxo da água é orientado aproximadamente perpendicularmente

ao eixo de rotação. A partícula líquida está sempre em um plano normal ao eixo.

Exemplos: Turbinas Fourneyron e Girard

b.2) Axial: O fluxo é paralelo ao eixo de rotação do rotor. Exemplos: Turbinas

Kaplan e Bulbo

b.3) Mista: A trajetória do fluido muda progressivamente da direção radial para

axial. Exemplos: Turbinas Francis

b.4) Tangencial: A água é lançada como um jato no rotor. Exemplos: Pelton e

Schwarkrug

c) Segundo a quantidade de pás recebendo potência em cada instante

c.1) Ação Total: A água atua sobre todas as pás do rotor ao mesmo tempo.

Exemplos: Francis e Kaplan

c.2) Ação Parcial: A água atua sobre um número limitado de pás em um dado

instante. Exemplos: Pelton e Michel - Blanki

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3.3 Turbinas Pelton

A turbina Pelton é uma turbina de ação, sendo também classificada como

tangencial. É o tipo de turbina mais usado quando as quedas são altas, superiores a 300m,

ou quando as vazões são muito reduzidas. Abaixo, um esquema com os principais

componentes.

Figura 10: Turbinas Pelton – ABNT 1987 [10]

O distribuidor tem formato de um bocal injetor, conforme a figura acima. O jato

ao deixá-lo atinge as pás, que tem formato de concha, gerando torque e potência ao eixo

do rotor. A vazão de água é proporcional à potência gerada no gerador e pode ser

controlada por meio de uma agulha cônica na extremidade do injetor.

O defletor funciona como um mecanismo de segurança. Em caso de rejeição de

carga, esse se interpõe entre o injetor e as pás de modo a desviar o jato do rotor, enquanto

a agulha cônica fecha lentamente. Caso contrário haveria um aumento súbito de pressão

na tubulação devido ao golpe de aríete.

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O número de jatos em uma turbina Pelton pode variar de 1 a 6. A utilização de

apenas 1 jato implica em simplicidade e baixo custo, porém as conchas assumem grandes

dimensões, o que limita o número dessas e, consequentemente, reduz o aproveitamento

da vazão e a eficiência.

Normalmente, máquinas com 1 ou 2 injetores têm eixo horizontal, enquanto

números maiores de jato implicarão em um eixo vertical. Segundo ELETROBRÁS[19] o

número de conchas varia de 18 a 24 em rodas Pelton modernas e a eficiência máxima que

pode ser obtida está em torno de 92%.

Figura 11: Pás de turbina Pelton e agulha cônica – OLIVEIRA[13]

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3.4 Turbinas Francis

As turbinas Francis são as mais empregadas no Brasil devido ao seu intervalo de

aplicação, sendo consagrada a mais eficiente para quedas entre 60m e 300m. Entre alturas

de 300m e 750m há superposição entre turbinas Pelton e Francis.

A água é conduzida ao rotor por um distribuidor em forma de caracol composto

de diversas pás que direcionam o fluxo radialmente. Essas pás são ajustáveis, podendo

girar em diversos ângulos para controlar a vazão e, consequentemente, a potência no

gerador.

As pás do rotor, por sua vez, são fixas e acabam por formar canais cheios de

água pressurizada e em movimento, que deixam o rotor axialmente em baixa pressão.

Devido a essa queda de pressão, é importante que o projeto do túnel de sucção seja

otimizado para evitar problemas com cavitação.

Figura 12: Turbina Francis – COSTA[21]

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19

De acordo com ELETROBRÁS[19] as turbinas Francis pequenas podem até ter o

eixo horizontal, porém as turbinas médias e grandes terão sempre o eixo vertical. O rotor

pode ter de 9 a 19 pás e seu diâmetro varia de 1m a 10m nas maiores turbinas. A eficiência

máxima que pode ser obtida está em torno de 95%.

Figura 13: Rotor Francis – PEREIRA[11]

A imagem acima mostra o rotor de uma das 32 turbinas Francis da usina Chinesa

de Três Gargantas, a maior do mundo. Cada rotor tem o diâmetro de aproximadamente

10m e gera 700MW de potência.

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3.5 Turbinas Kaplan

As turbinas Francis, apesar de amplamente utilizadas, possuíam dificuldades

para operar com alturas de queda baixas (menores que 50m), o que conduziu os

engenheiros a projetarem turbinas de hélices. As normas brasileiras (ABNT[10]) definem

da seguinte forma: “Nas turbinas-hélices o rotor é constituído por um núcleo central, cubo

hidrodinâmico, fixo à extremidade da árvore principal, que sustenta um pequeno número

de pás em forma de hélice. Neste tipo de turbina o fluxo da água é orientado de maneira

que, tanto na entrada como na saída do rotor, sua direção coincide com a da árvore. As

turbinas-hélices podem ser de pás fixas ou ajustáveis (Kaplan)”

O grande mérito do engenheiro austríaco Victor Kaplan (1876-1934) foi

desenvolver um mecanismo que permitisse ajustar o ângulo das pás. Dessa forma, a curva

de rendimento da turbina Kaplan é praticamente constante para diferentes vazões. As

turbinas hélices comuns possuem alta eficiência apenas para uma carga específica. Em

contrapartida, as Kaplan, com pás ajustáveis, possuem bom desempenho no intervalo de

vazão de 30% a 100% da vazão nominal, ou seja, maior que o de uma turbina Francis.

Figura 14: Turbina Kaplan – WALCZAK[22]

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A faixa de operação da turbina varia de quedas de 3m até 70m, onde as vazões

são comparativamente altas. O pico de eficiência máxima da turbina Kaplan é de

aproximadamente 95% e o número de pás pode variar de 4 a 7, sendo proporcional a

altura de queda. Os diâmetros dos rotores estão, normalmente, entre 2m e 10m.

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4. DIMENSIONAMENTO DOS ÓRGÃOS ADUTORES

Este capítulo marca o início do projeto hidráulico propriamente dito. Os órgãos

adutores são responsáveis por transportar a água desde o reservatório até a casa de força,

para então alimentar as turbinas hidráulicas. Esses componentes são importantes, pois

estão relacionados a fatores estruturais e econômicos, impactando diretamente no custo

total de construção e manutenção da usina.

Além disso, adutores bem projetados devem apresentar baixas perdas de carga,

de forma que a potência gerada pela turbina seja a maior possível para determinada vazão

e altura bruta de queda. Na Usina Governador Parigot de Souza, os órgãos adutores são

extensos, devido à grande distância entre o reservatório e a casa de força.

4.1 Túnel adutor

Trata-se de um dos maiores desafios de engenharia do projeto. O túnel é

responsável por levar a água até o conduto forçado, onde ocorre a maior parte da queda

bruta de projeto. Basicamente túneis adutores podem ser divididos em túneis adutores

simples e túneis sob pressão.

Túneis adutores simples funcionam como canais adutores, ou seja, com a lâmina

d’água livre. Em contrapartida, túneis sob pressão funcionam de modo semelhante às

tubulações adutoras de baixa pressão, de modo que a água em escoamento preenche todo

o espaço escavado na rocha.

Segundo OLIVEIRA[13] , túneis adutores simples exigem grandes volumes de

escavação, com seções de área maiores que os túneis forçados. Esse é um parâmetro

importante a ser considerado pois, na Usina Parigot de Souza, o túnel deve atravessar a

serra do mar, tendo uma extensão total de 14.500m.

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Figura 15: Túnel sob pressão em construção na Usina de Vitorino –

OLIVEIRA[13]

Segundo SEARA [9] a rocha que compõe a serra do mar é uma composição

Gnaisse-Granito, que segundo FLEURY [16] é considerada uma rocha dura (viva ou sã),

implicando em maiores dificuldades de escavação. Portanto, deve-se buscar reduzidas

áreas para a seção transversal do túnel.

Em contrapartida, menores seções implicam em maiores velocidades de

escoamento, fator importante no desgaste das paredes internas e no aumento da perda de

carga. O túnel será revestido internamente por concreto, material usual para esta aplicação

e de baixo custo. Deve -se respeitar velocidades máximas de escoamento para o concreto,

que segundo OLIVEIRA [13] é de 3 m/s.

Há ainda, um terceiro fator que deve ser levado em conta. Segundo SCHREIBER

[14], o escoamento no túnel deve possuir uma velocidade mínima de 0,5m/s que garanta

que nenhum resíduo ou detrito se acumule no fundo do túnel, evitando que esse sedimento

posso causar futuros prejuízos ao escoamento.

Desse modo, optou-se pelo projeto de um túnel sob pressão, respeitando as

seguintes condições:

1) Menor Seção possível

2) Velocidade de escoamento menor que 3m/s

3) Velocidade de escoamento maior que 0,5m/s

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A proposta inicial segundo OLIVEIRA [13] para a seção do túnel sob pressão é

de um arco - retângulo com largura de 4 m e altura total de 6m. Essas são as menores

dimensões que possibilitam que o trabalho de escavação seja realizado de modo

convencional e econômico. Deve-se considerar espaço suficiente para o uso seguro das

máquinas necessárias na escavação, atributo respeitado conforme as dimensões acima.

Desse modo, temos a seguinte proposta inicial:

Figura 16: Proposta Inicial de Seção Transversal do Túnel sob Pressão

Portanto, a seção tem as seguintes características:

Tabela 3: Dimensões do Túnel Sob Pressão

Tipo Arco – Retângulo

Largura 4m

Altura máxima 6m

Área da seção 22,28m2

Perímetro molhado 18,28m

Diâmetro hidráulico 4,88m

O diâmetro hidráulico é um parâmetro importante, pois será utilizado

posteriormente no cálculo da perda de carga no túnel sob pressão. Esse é calculado

segundo a equação a seguir:

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𝐷ℎ =4. 𝐴

𝑃 (1)

Onde “P” é o perímetro molhado, ou seja, o comprimento de parede em contato

com o fluido escoando, em uma seção transversal. “A” é a área da seção transversal do

túnel.

A segunda condição imposta deve ser respeitada, de modo que a velocidade de

escoamento não ultrapasse 3m/s, evitando a deterioração do revestimento interno de

concreto do túnel.

Para encontrarmos a velocidade do fluido, usamos a seguinte expressão:

𝑉𝑇 =𝑄

𝐴 (2)

Sendo Q = 40m3/s, pois este túnel é responsável por fornecer água para as 4

turbinas, onde cada tem uma vazão de projeto de 10m3/s, conforme a tabela 2. A área da

seção transversal do túnel é de 22,28m2.

Consequentemente VT = 1,8m/s, sendo um valor consideravelmente abaixo da

restrição de 3m/s. Além disso, essa velocidade está acima da velocidade de 0,5m/s,

garantindo que não haverá sedimentação de nenhum detrito. Desse modo, está definida a

seção do túnel de pressão, conforme a proposta inicial cujas dimensões estão expressas

na tabela 3.

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4.2 Conduto forçado

O conduto forçado (penstock) deve ser projetado com bastante cautela, pois é

sobre este órgão adutor que a água exercerá a maior pressão, devido ao grande desnível,

de aproximadamente 700m entre a entrada no conduto e a turbina hidráulica.

4.2.1 Diâmetro interno

O cálculo do diâmetro interno da tubulação forçada é um elemento bastante

discutido e estudado há muitas décadas. Deve-se considerar uma série de fatores para

determinação do diâmetro interno econômico. Podemos citar, por exemplo, a perda de

carga, o investimento inicial e os custos anuais de manutenção da tubulação.

Um diâmetro maior para uma mesma vazão implica em uma perda de carga

menor, e, consequentemente, uma maior queda disponível para geração de energia. Em

contrapartida, diâmetros menores implicam em reduzidos custos de material, instalação e

manutenção dos componentes hidráulicos. O gráfico a seguir expõe o caso:

Figura 17: Diâmetro Econômico do conduto forçado

Na bibliografia há diferentes fórmulas para o cálculo do diâmetro interno

econômico da tubulação forçada. É comum, inclusive, que as fórmulas possuam variáveis

diferentes.

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Em 1987, Fahlbusch desenvolveu a seguinte equação empírica baseada na vazão

de escoamento (Q) e na altura bruta de queda (H):

𝐷𝑒 = 1,12.𝑄0,45

𝐻0,12 (3)

A vazão deve estar em m3/s e a altura bruta de queda em metros.

Em 1984, Warnick, tendo como parâmetros a Potência (P) de instalação das

turbinas alimentadas pelo conduto forçado e a altura bruta de queda desenvolveu a

seguinte expressão:

𝐷𝑒 = 0,72.𝑃0,43

𝐻0,63 (4)

A potência deve estar em kW e a altura bruta de queda em metros.

Há uma grande variedade de equações empíricas desenvolvidas ao longo dos

anos para determinação do diâmetro interno econômico das tubulações forçadas. Cabe

ainda, considerar a fórmula indicada em ELETROBRAS [17], que considera o material

da tubulação, a vazão, o comprimento do conduto forçado (L) e a altura bruta de queda:

𝐷𝑒 = 𝐾. 𝑄0,388.𝐿0,204

𝐻0,204 (5)

A vazão deve estar em m3/s, a altura bruta de queda e o comprimento do conduto

forçado em metros. O diâmetro, nesse caso, será dado em centímetros.

Os valores de K estão apresentados na tabela a seguir:

Tabela 4: Valores de K para diversos materiais – ELETROBRAS[17]

Valores de K para diversos Materiais Tipos de

Tubulação Aço Cimento Amianto Concreto Armado

66,069 66,911 68,447 Baixa Pressão

52,815 - 54,669 Forçada

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A tubulação forçada será de aço, pois a altura de queda alta exige materiais mais

resistentes. Portanto, o valor de K a ser utilizado no cálculo do diâmetro econômico é de

52,815.

A tabela abaixo mostra os diferentes resultados obtidos para cada uma das

fórmulas na página anterior:

Tabela 5: Resultados do Diâmetro Econômico do Conduto Forçado

Fórmula Diâmetro econômico (m)

Fahlbusch 2,67

Warnick 2,36

ELETROBRÁS 2,38

Média aritmética 2,47

A metodologia usada será adotar o valor da média dos diâmetros calculados

pelas diferentes fórmulas. Portanto, o diâmetro interno do conduto forçado será de 2,47m.

Dessa forma, podemos calcular a velocidade de escoamento VC no conduto forçado:

𝑉𝐶 =𝑄

𝐴 (6)

Encontramos VC = 8,35 m/s

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4.2.2 Espessura

Por ser uma usina com elevada queda bruta, deve-se atentar às pressões exercidas

sobre o conduto forçado. A fórmula para determinar a espessura dessa tubulação metálica,

segundo ELETROBRAS [19] é:

𝑒 =𝑃𝑇 . 𝐷

2. 𝜎𝑓 . 𝑘𝑓+ 𝑒𝑠 (7)

Onde:

e = espessura da parede (mm)

𝑃𝑇 = pressão interna máxima (kgf/cm2)

D = diâmetro interno (mm)

𝜎𝑓= tensão admissível de resistência à tração do material (kgf/cm2)

𝑒𝑠= sobre espessura para corrosão = 1mm

𝑘𝑓= eficiência das soldas, cujos valores são apresentados no quadro a seguir:

Tabela 6: Eficiência das soldas em tubulação – ELETROBRAS[19]

Tubulação 𝒌𝒇

Sem costura 1

Com costura – Sem radiografia e alívio de tensões 0,80

Com costura – Com radiografia ou com alívio de

tensões

0,90

Com costura – com radiografia e alívio de tensões 1

Padronizada de fabricação normal – Costura com

solda por fusão elétrica

0,80

Padronizada de fabricação normal – Costura com

solda por resistência elétrica

1

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O valor adotado para kf será de 0,80, considerando-se um método mais

conservador para o projeto. Segundo ELETROBRAS [19] adota-se o aço ABNT EB 255

CG 30 (ASTM-A283, Grau C) para a aplicação em condutos forçados, cuja tensão

admissível de resistência à tração vale 1400 kgf/cm2.

A pressão interna máxima é calculada pela seguinte fórmula:

𝑃𝑇 = 𝑃𝑖 + ℎ𝑠 (8)

Onde:

PT = Pressão interna máxima (kgf/cm2)

Pi = Pressão hidrostática máxima interna devido à queda bruta (kgf/cm2)

hs= Sobrepressão devido ao golpe de aríete (kgf/cm2)

O golpe de aríete acontece quando há mudanças rápidas de vazão na tubulação,

consequentes de fechamentos ou aberturas repentinas de válvulas ou dispositivos de

controle da turbina. Essas variações de pressão podem ser positivas (sobre pressões) ou

negativas (depressões).

O método desenvolvido por Lorenzo Allieve (1856-1941), engenheiro italiano,

conhecido por ter sido um dos primeiros a explicar o problema do golpe de aríete, propõe

que, para tubos com espessuras e diâmetros internos constantes, a variação de pressão

suportada por estes é dada por:

ℎ𝑠 = (𝑍2 − 1). 𝐻𝑏 (9)

Onde:

hs= sobrepressão ou depressão (m)

Hb = Queda bruta (m)

Z2 = parâmetro obtido pelos gráficos de Allievie, em função de outros dois

parâmetros: p e Ɵ, dados pelas seguintes fórmulas:

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𝑝 = 𝑣𝑝. 𝑉𝑇

2. 𝑔. 𝐻𝑏 (10)

𝜃 =𝑣𝑝. 𝑡

2. 𝐿𝑐𝑓 (11)

Onde:

p = Constante da linha

Ɵ = Número de intervalos 2Lcf/vp contidos em t

vp =velocidade da onda de pressão (m/s)

VT = velocidade do escoamento (m/s)

g = aceleração da gravidade (m/s2)

Lcf = comprimento do conduto forçado (m)

t = tempo de fechamento do dispositivo da turbina (válvula)

Segundo ELETROBRÁS [19], para condutos curtos, onde Lcf < 3 Hb, pode-se

adotar t = 6s.

A velocidade da onda de pressão é calculada pela seguinte fórmula:

𝑣𝑝 =

9900

√48,3 + 𝐶.𝐷𝑖

𝑒𝑖

(12)

Onde C é um coeficiente que vale 0,5 para tubos de aço, segundo

ELETROBRÁS[19].

O valor da espessura inicial (ei) proposta nessa equação, é a espessura a qual

teríamos caso não houvesse o fenômeno do golpe de aríete

O valor de Z2 é obtido a partir do cálculo de 𝑝

𝜃 e dos gráficos a seguir:

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Figura 18: Parâmetro Z2 para sobrepressão -ELETROBRAS [19]

Figura 19: Parâmetro Z2 para depressão -ELETROBRAS [19]

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Com base nas equações (10) e (11), chegamos a 𝑝

𝜃 = 0,2

Dessa forma:

Z2= 1,23 para sobrepressão

Z2= 0,67 para depressão

Retornando a equação (9), chegamos que o valor da sobrepressão é de 0,23Hb.

Ou seja, na equação (8) temos que a pressão total interna máxima vale 1,23 Hb, ou seja, a

pressão de uma coluna d água de 927,42 m, ou 92,74 kgf/cm2, dado que a queda bruta é

de 754m.

Portanto, a equação (7) fornece o valor final da espessura do conduto forçado

em e = 103 mm, de acordo com os cálculos acima.

4.2.3 Dimensões finais

A seguinte tabela resume o dimensionamento do conduto forçado:

Tabela 7: Dimensões do Conduto Forçado

Comprimento 1085m

Diâmetro interno 2,47m

Área da seção transversal 4,79m2

Espessura da parede 103mm

Velocidade de escoamento 8,35 m/s

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5. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA

A potência hidráulica máxima que pode ser fornecida por um fluido em

escoamento é dada por:

𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝜌. 𝑔. 𝑄. 𝐻𝑏 (13)

Entretanto, a potência fornecida pela turbina nunca será dada pela expressão

acima por dois motivos:

a) A turbina hidráulica possui uma eficiência ɳt, que será explorada

posteriormente.

b) A altura bruta de queda (Hb) deve ser reduzida de perdas energéticas (de

carga) oriundas do próprio escoamento do fluido, de modo que a altura de

queda disponível (Hn) será aquela usada no cálculo da potência hidráulica

efetiva.

𝐻𝑛 = 𝐻𝑏 − ℎ𝑙𝑡 (14)

Onde hlt é a perda de carga total, resultante da soma de perdas distribuídas (hl)

e perdas localizadas (hlm), conforme a expressão:

ℎ𝑙𝑡 = ℎ𝑙 + ℎ𝑙𝑚 (15)

As perdas distribuídas são causadas por atrito em trechos retilíneos no

escoamento do túnel sob pressão e do conduto forçado. As perdas localizadas, por outro

lado, são pontuais, e causadas por válvulas, entradas, mudanças de áreas entre outros.

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5.1 Perdas Distribuídas

5.1.1 Túnel sob pressão

Para o cálculo da perda de carga no túnel de adução, é preciso encontrar o

número de Reynolds do escoamento, que indicará se este é laminar ou turbulento. Esse

número é dado pela seguinte fórmula:

𝑅𝑒 =𝜌. 𝑉. 𝐷

𝜇 (16)

Onde:

ρ = massa específica

V = velocidade do fluido no escoamento

D = Diâmetro do duto

µ = viscosidade dinâmica

Tabela 8: Propriedades da água – FOX [20]

Consultando a tabela acima, para água a 20oC, temos ρ = 998kg.m-3 e µ =

0,001N.s.m-2.

A velocidade de escoamento no túnel, conforme calculada anteriormente é de

1,8 m/s. Para D, usaremos o valor do diâmetro hidráulico, que é de 4,88 m. Dessa forma,

chegamos que Re = 8,8.106.

Portanto, o escoamento em questão é turbulento, pois Re > 4000, o que era de se

esperar, devido a elevada dimensão do diâmetro hidráulico.

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Em um escoamento turbulento, a perda de carga é calculada pela seguinte

expressão:

ℎ𝑙 = 𝑓.𝐿. 𝑉2

𝐷. 2𝑔 (17)

Onde f , denominado fator de atrito, é um parâmetro adimensional dependente

do número de Reynolds e da rugosidade relativa (ɛ/D). É importante ressaltar que a

expressão acima foi desenvolvida para perfis circulares, entretanto, segundo FOX [20] a

mesma expressão pode ser usada para dutos não circulares, desde que a razão entre a

altura e a largura seja inferior a 3.

A rugosidade absoluta pode ser obtida por meio da tabela abaixo.

Tabela 9: Rugosidade absoluta dos materiais – COSTA[21]

Para o túnel sob pressão revestido com concreto de acabamento normal,

consideraremos ɛ = 2mm. O diâmetro hidráulico é de 4,88m e, portanto, chegamos que a

rugosidade relativa (ɛ/D) tem o valor de 0,0004.

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Tabela 10: Dados para determinação do fator de atrito no túnel sob

pressão

Número de Reynolds Rugosidade Relativa

8,8.106 0,0004

Com os dados acima, podemos obter o fator de atrito consultando o ábaco de

Moody, presente no anexo C e extraído de FOX [20]. Portanto, f = 0,017 e a perda de

carga por atrito no túnel sob pressão, calculada pela equação (17), onde o comprimento

do Túnel (L) vale 14.500m, é de 8,35m.

5.1.2 Conduto Forçado

O mesmo procedimento deve ser realizado para o cálculo da perda de carga no

conduto forçado, utilizando a fórmula (17). A rugosidade absoluta considerada para o aço

do conduto forçado, será de 0,1 conforme a tabela (9). O diâmetro interno, dimensionado

anteriormente, tem o valor de 2,47m e, desse modo, a rugosidade relativa (ɛ/D) no

conduto forçado vale 0,00004.

O número de Reynolds (Re), dado pela expressão (16) é de 2.107. Assim, temos

os seguintes dados para a obtenção do fator de atrito f no conduto forçado.

Tabela 11: Dados para determinação do fator de atrito no conduto forçado

Número de Reynolds Rugosidade Relativa

2.107 0,00004

Pelo ábaco de Moody (Anexo C), temos que f = 0,012 Lembrando que o

comprimento do conduto é de 1085 m e a velocidade de escoamento de 8,35m/s,

retornando à equação (17), obtemos que a perda de carga por atrito nessa tubulação é de

18,75 m.

Portanto, somando-se as perdas distribuídas no túnel sob pressão e no conduto

forçado, temos que hl = 27,1m

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5.2 Perdas Localizadas

Ocorrem quando o escoamento sofre perturbações arrebatadas em pontos da

instalação tais como em válvulas, reduções de área e outros acessórios. Essa perda é

concentrada pois provoca uma queda acentuada de pressão em um curto espaço

compreendido pelo acessório.

5.2.1 Tomada d’água

A tomada d’água é responsável por captar e conduzir a água do reservatório ao

túnel sob pressão, impedir a entrada de corpos flutuantes no órgão adutor e fechar a

entrada d’água quando necessário para manutenção das turbinas ou qualquer outro motivo

relevante.

Segundo SCHREIBER [14], as perdas provocadas pela tomada d’água são as

seguintes:

a) Perda de carga devida à aceleração d’água

b) Perda de carga nas grades

c) Perda de carga nas comportas de emergência

A perda por aceleração depende do formato da tomada e é representada pela

seguinte expressão:

ℎ = 𝜉. (𝑣2

2 − 𝑣12

2. 𝑔) (18)

Onde:

ξ = fator de forma

v2 = velocidade da água após a tomada

v1 = velocidade da água antes da tomada

O fator de forma, segundo SCHREIBER [14] varia entre 0,01 para uma forma

hidrodinâmica bem afunilada e arredondada, e 0,1 para transição brusca. Consideraremos

um valor intermediário de 0,05 para o cálculo da perda de carga.

A velocidade do escoamento após a tomada (v2) é igual a velocidade no túnel sob

pressão, ou seja, 1,8 m/s. Como na usina Parigot de Souza há um grande reservatório,

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podemos considerar (v1) igual a 0. Desse modo, a perda de carga devido a aceleração

d’água na tomada de água vale 0,008m, ou seja, um valor desprezível.

As grades têm como objetivo evitar a entrada, na tomada d’água, de quaisquer

corpos que possam ser transportados pelos órgãos adutores e causarem danos as turbinas,

como pedras, troncos ou até peixes. A perda de carga nas grades é dada pela seguinte

expressão:

ℎ =𝑘𝐺 . 𝑣2

2

2. 𝑔 (19)

Onde KG é um coeficiente dado pela fórmula de Levin e Berezinski (USBR,1974):

𝐾𝐺 = 1,45 − 0,45 (𝐴𝑙

𝐴𝑏) − (

𝐴𝑙

𝐴𝑏)

2

(20)

Onde:

Al= área líquida através das grades

Ab = área bruta através das grades

Segundo WALCZAK [22] a razão entre a área líquida e a área bruta em grades de

usinas hidrelétricas varia de 65% a 95%. Para a usina hidrelétrica de Parigot de Souza,

adotaremos um valor intermediário de 80%.

Assim, calculamos KG = 0,45 e como v2 = 1,8m/s, temos que a perda de carga nas

grades vale 0,075 m.

As comportas, por sua vez, fecham a entrada d’água nos órgãos adutores em caso

de emergência, como ruptura da tubulação, ou em caso de manutenção das turbinas por

exemplo. Na literatura, há poucas informações sobre as perdas de carga nos nichos das

comportas. Segundo SCHREIBER [14], geralmente essa perda de carga é calculada pela

seguinte fórmula:

ℎ = 0,02.𝑣2

2

2. 𝑔 (21)

Logo, a perda de carga calculada acima vale 0,003m.

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Somando-se as perdas na tomada d’água, chegamos ao valor total de 0,086m. Fica

evidente que o valor é desprezível próximo às perdas distribuídas causadas por atrito

no túnel adutor e no conduto forçado. A tabela abaixo resume os resultados obtidos

nesta subseção.

Tabela 12: Perda de carga na tomada d’água

Perda de Carga na tomada d´água (m)

a) Aceleração da água 0,008

b) Grades 0,075

c) Comportas de Emergência 0,003

Total 0,086

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5.2.2 Contração de área entre o túnel sob pressão e o conduto forçado

O túnel sob pressão, escavado sob a serra do mar, possui a área de seção

transversal muito maior que a área do conduto forçado. Essa mudança brusca de área gera

uma queda de pressão que, segundo PEREIRA[11] é calculada pela seguinte expressão:

ℎ = 0,42. [1 − (𝐷2

𝐷1)

2

] .𝑉𝑐

2

2. 𝑔 (22)

Onde:

D2 = Diâmetro do conduto forçado (2,47m)

D1 = Diâmetro hidráulico do túnel sob pressão (4,88m)

Vc= Velocidade de escoamento no conduto forçado (8,35m)

Conforme a expressão e os valores acima, chegamos que a perda de carga na contração

de área é igual a 1,11m.

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5.2.3 Perdas nas curvas

O conduto forçado, inicialmente na horizontal, sofre uma deflexão para que o

escoamento seja levado a casa força, usufruindo da diferença de altura para geração de

potência. A perda de carga nas curvas é calculada segundo a seguinte expressão:

ℎ = 𝑘𝑐 .𝑉𝑐

2

2. 𝑔 (23)

Onde kc é um parâmetro que varia com o ângulo de deflexão, segundo a tabela a

seguir:

Tabela 13: Coeficiente de perda de carga em deflexões –

ELETROBRAS[17]

ÂNGULO DE DEFLEXÃO kc

< 10o 0

10o a 15o 0,03

15o a 30o 0,06

30o a 45o 0,09

> 45o 0,13

Segundo SEARA [9] o ângulo de deflexão na usina Parigot de Souza é de

aproximadamente 45o e, dessa forma, temos que a perda de carga para uma deflexão vale

0,46m. Entretanto, para que o jato de água fornecido a turbina no fim do conduto forçado

seja horizontal, facilitando a montagem, deverá haver outra deflexão de mesma angulação

e, consequentemente, mesma perda de carga. Portanto, a perda de carga total no conduto

devido a deflexões é de 0,92m.

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5.2.4 Perdas nas bifurcações

O conduto forçado é responsável por alimentar 4 turbinas hidráulicas, de modo que

o escoamento deve ser dividido em 4 tubulações menores e individuais de cada turbina.

O esquema de tubulações é semelhante ao da figura abaixo:

Figura 20: Bifurcações no conduto forçado

Observamos que há 2 bifurcações acima, o que implica em uma perda de carga, que

segundo ELETROBRAS [19], pode ser calculada pela seguinte equação:

ℎ = 𝑘𝑏 .𝑉𝑐

2

2. 𝑔 (24)

Onde kb é um coeficiente de perda de carga em bifurcações que depende da razão

de áreas a montante e a jusante da tubulação. Para que a velocidade se mantenha constante

nas tubulações menores, a área de cada braço deve ter metade da área do tubo a montante,

conforme a figura acima.

Segundo ELETROBRAS [19], se a razão de áreas é igual a 2, pode-se adotar o

valor de kb = 0,25. A velocidade em todos os braços de saída é igual à do conduto forçado

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(8,35 m/s). Como há 2 bifurcações, pela fórmula 24 chegamos que a perda de carga total

devido às bifurcações é de 2,66m.

5.2.5 Perdas nas válvulas

A montante das turbinas hidráulicas, no conduto forçado, deve haver uma

válvula de fechamento, seja para uma parada de emergência ou para manutenção das

turbinas ou outros dispositivos. Além disso, deve haver uma válvula para cada tubulação

menor individual de cada turbina. Isso é necessário, pois é possível e provável que apenas

uma turbina esteja em manutenção, enquanto as outras 3 se mantenham em

funcionamento.

Essa válvula pode ser do tipo válvula borboleta ou válvula esférica. Segundo

PEREIRA [11] as válvulas esféricas são indicadas para alturas de queda superiores a

300m, enquanto as válvulas borboletas devem estar em quedas mais moderadas. Além

disso, o coeficiente de perda de carga das válvulas esféricas está entre 0,02 e 0,05,

enquanto nas válvulas borboleta entre 0,2 e 0,5, segundo PEREIRA [11].

Pelos motivos acima explicitados, optou-se pela utilização das válvulas

esféricas, apesar do custo mais elevado. A perda de carga causada pelas válvulas pode ser

expressa pela seguinte equação:

ℎ = 𝑘𝑣.𝑉𝑐

2

2. 𝑔 (25)

Adotaremos o valor intermediário de 0,035 para o coeficiente de perda de carga

(kv) da válvula esférica. Como são duas válvulas, a perda de carga total para ambas é de

0,12m.

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Assim, podemos resumir as perdas localizadas na tabela a seguir:

Tabela 14: Resumo das perdas Localizadas

Perdas de Carga localizadas (m)

Tomada d’água 0,086

Contração de área 1,1

Curvas 0,92

Bifurcações 2,66

Válvulas 0,12

Total 4,9

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5.3 Altura de Queda Disponível

Nas seções anteriores foram calculadas as perdas de carga distribuídas, devido

ao atrito, e as perdas de carga localizadas. A tabela abaixo resume os resultados obtidos.

Tabela 15: Resumo das perdas de carga

Perdas de Carga Soma (m)

Distribuídas 27,10

Localizadas 4,90

Totais no escoamento 32,00

A altura de queda disponível, ou nominal, é a altura bruta deduzida da perda de

carga total:

𝐻𝑛 = 𝐻𝑏 − ℎ𝑙𝑡 (14)

Lembrando que a altura bruta de queda, segundo COPEL é de 754 m. Logo, a

altura nominal disponível (Hn), que será usada no dimensionamento da turbina hidráulica

é de 722 m.

Tabela 16: Altura de Queda disponível

Altura de Queda Bruta (Hb) 754m

Perda de carga Total 32m

Altura de Queda disponível 722m

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6. DIMENSIONAMENTO DA CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO

Enquanto as turbinas estão em funcionamento normal, há uma grande vazão de

água passando pelas tubulações e, consequentemente, uma inércia em movimento. No

caso de fechamento de uma das válvulas esféricas, haverá uma sobrepressão no conduto

forçado, originando uma onda de pressão que se propaga a montante, até o momento em

que o túnel sob pressão encontra o reservatório. A esse fenômeno dá-se o nome de golpe

de aríete, já explorado anteriormente.

Em contrapartida, quando as turbinas são ligadas, as válvulas se abrem e uma

grande inércia de água deve ser acelerada por meio da redução de pressão ao longo do

conduto forçado, em especial próximo as turbinas. O problema se encontra quando essa

pressão atinge valores muito baixos, o que pode gerar cavitação e danos à tubulação.

Devido aos fenômenos apresentados acima, instala-se um reservatório vertical

entre o túnel sob pressão e o conduto forçado, com o nome de chaminé de equilíbrio. As

chaminés funcionam como um amortecedor para as ondas de sobrepressão ao mesmo

tempo em que armazenam água suficiente para suprir ao conduto forçado o fluxo inicial

gerado pela abertura das válvulas, até que o regime permanente se estabeleça.

Figura 21: Chaminé de Equilíbrio – OLIVEIRA[13]

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A altura de elevação máxima na chaminé (YE), em caso de fechamento rápido

das válvulas, segundo ELETROBRÁS[19] é dada pela seguinte fórmula:

𝑌𝐸 = 𝑧𝑒 . 𝑦𝑒 (26)

Onde:

𝑧𝑒 = 1 − 2

3. 𝑘 +

1

3. 𝑘2 (27)

𝑦𝑒 = √𝐴𝑡𝑎. 𝐿𝑡𝑎

𝑔. 𝐴𝑐

(28)

𝑘 =

ℎ𝑡𝑎

𝑦𝑒

(29)

Ata = área da seção transversal do túnel sob pressão (m2)

Lta = Comprimento do túnel sob pressão (m)

AC= Área da seção transversal da chaminé de equilíbrio (m2)

hta = perda de carga no túnel sob pressão (m)

A perda de carga no túnel sob pressão (hta) já foi calculada em 8,35m, enquanto

a área da seção transversal da chaminé é um dado de entrada que deve ser confrontado

com a altura máxima da chaminé. Pequenas áreas de seção implicarão em grandes alturas,

muitas vezes dificultando a construção. O valor da área da seção transversal da chaminé

será de 80m2, valor usual segundo a referência bibliográfica.

Resolvendo as equações acima, encontramos que 𝑦𝑒= 20,3m., k = 0,41 e ze=

0,78. Portanto, a altura de elevação máxima na chaminé de equilíbrio é 𝑌𝐸=15,2m

A depleção máxima, ou seja, quando ocorre abertura rápida das válvulas no

conduto forçado é dada pela seguinte fórmula.

𝑌𝐷 = 𝑧𝑑 . √𝐴𝑡𝑎. 𝐿𝑡𝑎

𝑔. 𝐴𝑐

(30)

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Onde zd, no pior dos casos, ou seja, assumindo que a abertura das válvulas é

instantânea, vale 1. Portanto a depleção máxima (YD) = 20,3m.

Figura 22: Esquema Chaminé de equilíbrio – ELETROBRAS[19]

A altura de equilíbrio estático YR, é igual a altura máxima da água no

reservatório. Segundo a COPEL, a barragem tem altura de 50m e a altura livre de borda

de 10m. Desse modo, a altura máxima da água é de 40m. Para o cálculo da altura máxima

da chaminé, deve-se somar a esse valor a altura máxima de elevação, calculada em 15,2m

e deduzir a altura do túnel sob pressão, de 6m, conforme o esquema acima demonstra.

Segundo ELETROBRÁS[19] deve-se, ainda, acrescentar 1m de segurança, acima da

altura máxima de elevação. Portanto, a altura máxima da chaminé de equilíbrio (HC) é de

50,2m.

A altura de equilíbrio estático na chaminé será de 34m, valor superior ao

calculado para depleção máxima. Dessa forma, fica garantido que a chaminé fornecerá

um volume de água suficiente para as turbinas em regime transiente, mesmo que a

abertura das válvulas seja instantânea, evitando pressões muito baixas.

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A fórmula de Thoma, apresentada abaixo, nos retorna a área interna mínima da

seção transversal da chaminé de equilíbrio que garante estabilidade às oscilações do nível

d’água em seu interior.

𝐴𝑚𝑖𝑛 =𝑣2

2. 𝑔.

𝐿𝑡𝑎. 𝐴𝑡𝑎

(𝐻𝑚𝑖𝑛 − ℎ𝑡𝑎). ℎ𝑡𝑎 (31)

Onde:

v = velocidade de escoamento no túnel sob pressão (m/s)

Lta = comprimento do túnel sob pressão (m)

Ata = Área da seção transversal do túnel sob pressão (m2)

Hmin = Queda bruta mínima da Usina (m)

hta = perda de carga no túnel sob pressão (m)

Segundo SEARA[9], conforme apresenta o Anexo B, a cota máxima da água no

reservatório da usina Parigot de Souza é de 845,5m e a cota mínima é de 822,25m. Desse

modo, se a queda bruta máxima vale 754m, a queda bruta mínima (Hmin) é de 730,75m.

Portanto, a área mínima da seção transversal da chaminé que garante estabilidade

é de 8,86m2. Como a área da chaminé dimensionada é de 80m2, segundo a condição de

Thoma,, não haverá problemas de instabilidade. Desse modo, temos abaixo as dimensões

finais da chaminé de Equilíbrio.

Tabela 17: Dimensões da Chaminé de Equilíbrio

Diâmetro 5,05m

Seção Transversal 80m2

Altura 50,2m

Volume de água máximo 4016m3

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7. DETERMINAÇÃO DO TIPO DE TURBINA

Uma turbina hidráulica é feita sob medida, para se ajustar a uma queda

disponível (Hn) e a uma vazão de projeto (Q), ou seja, especificidades do local onde a

usina será instalada. Há um terceiro fator que deve ser considerado para o projeto da

turbina, que é o número de rotações por minuto (n) do gerador elétrico que será acoplado

a essa.

Em outras palavras, a velocidade rotacional n (rpm) do conjunto turbina-gerador

tem que ser a velocidade síncrona correspondente à frequência (f) de corrente alternada

do sistema. No Brasil, f=60 Hz e da eletrotécnica temos a seguinte relação:

𝑛 =60. 𝑓

𝑍 (32)

Onde Z é o número de pares de polos do gerador, já fornecido anteriormente no

capítulo 2, tendo o valor de 7. Desse modo, obtemos que a rotação da turbina será de 514

rpm. Portanto, podemos resumir os dados de entrada para a seleção e dimensionamento

da turbina na tabela a seguir:

Tabela 18: Dados para seleção da turbina

Vazão de projeto 10 m3/s

Altura de queda líquida 722m

Rotação 514 rpm

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7.1 Velocidade específica

Para a seleção da turbina mais apropriada para a usina, com os dados

apresentados na tabela (18), é necessário introduzir o conceito de turbina unidade.

Denomina-se turbina unidade de uma dada turbina a turbina geometricamente

semelhante, e que, sob a queda disponível de 1m, fornece a potência útil de 1 CV,

operando em condições similares.

A turbina unidade é a mesma, portanto, para todas as turbinas geometricamente

semelhantes, constituindo assim uma série de turbinas. A série de turbinas é, assim,

caracterizada pela forma comum de suas unidades e pelas grandezas que caracterizam o

funcionamento de sua turbina unidade. Essas grandezas recebem o qualitativo de

específicas. A velocidade específica é dada pela seguinte fórmula:

𝑛𝑠 =𝑛. √𝑁

𝐻𝑛. √𝐻𝑛4

(33)

Onde:

n = rotação da turbina (rpm)

Hn = altura de queda líquida (m)

N = Potência de saída no eixo da turbina (kW)

À potência de saída no eixo da turbina, dá-se o nome de potência efetiva nominal.

Essa é a potência entregue pela turbina ao gerador, considerando a rotação nominal, a

altura de queda líquida e a vazão nominal para qual a turbina foi encomendada, prevendo

um rendimento máximo.

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7.2 Potência efetiva nominal

Segundo MACINTYRE [23], A potência efetiva nominal é dada pela seguinte

fórmula, onde N é dado em CV :

𝑁 =1000. ɳ𝑡 . 𝑄. 𝐻𝑛

75 (34)

Onde:

ɳt = Rendimento total da turbina

Segundo MACINTYRE [23], o rendimento de turbinas hidráulicas pequenas é

de 0,8, enquanto para turbinas médias de 0,85. Para turbinas grandes, com aplicação em

UHE (Usinas hidrelétricas com potência maior que 30 MW) , PEREIRA [11] afirma que

a eficiência de pico de turbinas do tipo Pelton é de 92%, valor este que será utilizado para

o cálculo da potência efetiva nominal.

Desse modo, N = 87602 CV ou seja, 6,4431x104 kW.

Retornando a equação (33), obtemos que a rotação específica da turbina (ns) é

de 34,86. Esse dado é o mais importante para a seleção do tipo de turbina ideal para a

usina, conforme será explorado na seção a seguir.

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7.3 Escolha do Tipo de Turbina

Na teoria, é possível construir qualquer tipo de turbina para qualquer que seja a

velocidade específica calculada. De fato, nas primeiras hidrelétricas instaladas no mundo,

a opção pela turbina era feita de modo aleatório, baseado em tentativas após tentativas.

Com o passar das décadas, a prática mostrou que o parâmetro velocidade

específica é o mais confiável para a escolha do tipo de turbina a ser adotado para uma

determinada queda, vazão e rotação. Em outras palavras, cada um dos tipos de turbina só

é aplicável com eficiência satisfatória para uma específica faixa de valores de ns.

A experiência mostrou que velocidades específicas grandes para quedas

elevadas aumentam o custo da construção da turbina e da instalação devido à grande

velocidade real da árvore, geradora de esforços intensos que devem ser equilibrados,

destacando-se entre esses os das forças de inércia centrífugas.

Em contrapartida, velocidades específicas reduzidas, para quedas pequenas,

encareceriam o custo do gerador em face de seu baixo número de rotações. Em suma, a

figura (23) e a tabela (19) a seguir, indicarão o tipo de turbina mais adequado baseado na

velocidade específica e na altura de queda disponível. Vale relembrar que, a velocidade

específica calculada para a turbina da Usina Parigot de Souza, conforme a equação (33)

é de 34,86.

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Figura 23: Gráfico para seleção do tipo de turbina mais adequado –

MACINTYRE[23]

Tabela 19: Aplicação de diversos tipos de turbina – MACINTYRE[23]

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Com base no exposto na página anterior, fica claro que a turbina mais adequada

é do tipo Pelton e, segundo a tabela (19), com 2 jatos. MACINTYRE [23] propõe uma

equação para definir de modo mais preciso qual será o número de jatos da turbina Pelton.

𝑎 = 𝑛. √𝑁

25. 𝐻𝑛 (35)

Onde "𝑎" é o número de jatos, e altura disponível Hn deve ser fornecida em pés.

O valor encontrado é de 2,2. Desse modo, a turbina Pelton a ser projetada terá 2 jatos.

De acordo com OLIVEIRA [13], máquinas com um ou dois jatos têm eixo

horizontal. Com mais de dois jatos, requer eixo vertical que possibilite afastar a descarga

de água do rotor adequadamente.

O gráfico de Hitachi, por sua vez, permite uma avaliação mais precisa se o eixo

da turbina será horizontal ou vertical. Conforme podemos observar abaixo, para uma

altura de queda disponível de 722m e potência de 6,4431x104 kW, o eixo será, de fato,

horizontal com 2 jatos.

Figura 24: Gráfico de Hitachi – MACINTYRE[23]

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8. DIMENSIONAMENTO DA TURBINA

No capítulo anterior foi possível definir o tipo de turbina mais adequado para a

usina Parigot de Souza, com base na altura de queda disponível, vazão e rotação do

gerador. Como resultado, tem-se que a melhor opção é uma turbina de ação do tipo Pelton

com dois jatos e eixo horizontal. Neste capítulo, será feito o dimensionamento dos

principais componentes da turbina.

8.1 Jato

8.1.1 Velocidade do Jato

A velocidade com que a água sai do bocal pode ser obtida por meio da seguinte

equação:

𝑉0 = 𝜇. √2. 𝑔. 𝐻𝑛 (36)

Onde 𝜇 é um fator introduzido para considerar as perdas localizadas no bocal

injetor. Segundo MACINTYRE [23], a experiência mostra que 0,97 é um valor adequado

para estimar essas perdas, quando a operação se dá na vazão de projeto. Para vazões

menores, o bocal será menos eficiente e, consequentemente, o valor de 𝜇 será reduzido.

Desse modo, a velocidade do jato calculada é de 115,4 m/s.

8.1.2 Diâmetro do Jato

A forma da seção de saída do jato que se adota é sempre a circular, por ser a que

melhor se presta à regularização da vazão com a agulha móvel. A equação (35) mostrou

que a prática determina que a melhor opção para a turbina Pelton da usina Parigot de

Souza é de serem utilizados 2 jatos. Dado que a vazão de projeto é de 10m3/s, cada jato

será responsável por fornecer 5m3/s de água a roda. O diâmetro do jato circular é

calculado pela seguinte fórmula:

𝑑0 = √2. 𝑄

𝜋. 𝑉0 (37)

Portanto, o diâmetro do jato é de 0,235 m.

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8.2 Roda

8.2.1 Velocidade tangencial ideal da roda

As turbinas Pelton, em comparação às turbinas de reação como a Francis,

possuem a teoria de funcionamento bem mais simples. O ponto de projeto que merece

maior detalhamento é o cálculo da velocidade tangencial mais adequada e eficiente para

uma determinada queda disponível.

MACINTYRE [23] afirma que, para o estudo da velocidade periférica da roda

Pelton, pode-se considerar que a face da pá que recebe o jato, dita face ativa, é uma

superfície cilíndrica reta, possuindo um gume central que tem como finalidade dividir o

jato em duas partes sem provocar choques (entrada tangencial). Outro ponto importante,

considerado por MACINTYRE [23], é que durante todo o tempo em que o jato está

acionando a pá, o movimento desta pode ser considerado como apenas translacional,

obviamente na mesma direção e sentido do jato.

O jato atinge a pá com velocidade absoluta V0, enquanto esta se encontra com

velocidade absoluta U, e as partículas de fluido deslizam nas superfícies curvas da pá com

velocidade relativa em relação a pá inicial W1 e final W2. Ao deixar a pá, a água se

encontra com velocidade absoluta V2. A figura a seguir ilustra as velocidades

supracitadas:

Figura 25 : Velocidades na Pá – MACINTYRE[23]

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Conforme a Figura 25, a velocidade relativa do jato na entrada (W1) e a

velocidade da pá U possuem a mesma direção e, desta forma, chegamos a relação abaixo.

𝑊1 = 𝑉0 − 𝑈 (38)

Enquanto a água está em contato com a pá, há uma perda de energia cinética

devido ao atrito. Essa perda é representada por um fator k. Portanto, em módulo W2 é

menor que W1 e podemos escrever a seguinte equação onde para este projeto adotaremos

k=0,95.

𝑊2 = 𝑘. 𝑊1 = 𝑘. (𝑉0 − 𝑈) (39)

Como explica MACINTYRE [23], a água ao atingir a pá passa a sofrer um

escoamento exatamente o mesmo que sofreria ao atingir dois canais iguais e simétricos.

A força peso da água tem pouca influência e pode ser desprezada, e as provenientes de

pressão se anulam, dada a simetria geométrica. Portanto, as únicas forças que são

exercidas pela água na pá, são as provenientes da variação de quantidade de movimento

(Δ m.v)

A figura a seguir representa os ângulos com os quais as velocidades citadas acima

se relacionam.

Figura 26: Ângulos entre velocidades – JÚNIOR[24]

A força exercida sobre a pá, segundo as leis de Newton, é igual a variação total

da quantidade de movimento. Dessa forma, podemos escrever a seguinte relação:

𝐹 = m. (𝑉0 − 𝑉2. cos ( 𝛼2)) (40)

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Da figura 26, também temos a seguinte relação geométrica:

𝑉2. cos(𝛼2) = 𝑈 − 𝑊2. cos (𝛽2) (41)

Substituindo a equação (41) na (40), chegamos que:

𝐹 = m. [𝑉0 + 𝑊2. cos(𝛽2) − 𝑈] (42)

Substituindo a equação (39) na equação acima, simplificando e multiplicando

esta pela velocidade tangencial U da roda, chegamos que a potência motriz será dada pela

seguinte expressão:

𝑃𝑚 = m. 𝑈. (𝑉0 − 𝑈)[1 + 𝑘. cos(𝛽2)] (43)

Fica evidente que, para maximizar a potência motriz, β2 (ângulo de saída)

deveria assumir um valor nulo. Entretanto, o valor zero gera um problema de colisão entre

o jato que entra na concha e o que sai desta. Dessa forma, a experiência diz que o valor

de 𝛽2 = 10o é o mais apropriado segundo MACINTYRE [23].

A equação acima possui um produto (m[1 + 𝑘. cos(𝛽2)]) que é constante, e que

será chamado de Ɵ. Logo:

𝑃𝑚 = Ɵ. 𝑉0. 𝑈 − Ɵ. 𝑈2 (44)

Portanto, trata-se de uma equação de segundo grau com a concavidade virada

para baixo, possuindo um valor máximo. Basta derivar a expressão e igualar esta a zero,

e chegaremos que a potência é máxima quando:

𝑈 =𝑉0

2 (45)

Entretanto, segundo MACINTYREE [23], na prática o valor ideal para a

velocidade tangencial da roda é de 0,455.V0 devido a fatores não evidenciados no modelo

matemático proposto acima. A velocidade do jato foi calculada anteriormente em

115,4m/s e, desse modo, a velocidade periférica ideal da roda (U) será de 52,5m/s.

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8.2.2 Diâmetro da Roda

Segundo PEREIRA[11] , os diâmetros de rotores do tipo Pelton de grandes

usinas variam de 1m a 5m. Tendo obtido a velocidade tangencial, podemos escrever a

seguinte equação:

𝑈 = 𝜔𝑅 . 𝑅 (46)

Onde:

𝜔𝑅 =𝜋. 𝑛

30 (47)

Quando n está expresso em rpm. Logo, substituindo a equação K na Y e

rearranjando, chegamos a:

𝑅 =30. 𝑈

𝜋. 𝑛 (48)

O valor de R é de 0,976m e, portanto, o diâmetro da roda é dimensionado em

1,95m.

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8.2.3 Número de Pás

Um reduzido número de pás possui a desvantagem de grande parte da vazão

cedida pelo jato ser desperdiçada, sem realizar trabalho. Um número muito elevado de

pás também é desvantajoso, pois, além de aumentar o custo global da turbina, pode

ocasionar interações de partículas de água que entram em uma pá, com partículas que

saem da outra pá, reduzindo assim, a eficiência da turbina Pelton.

Há uma série de equações empíricas para determinar o número ideal de pás.

Apresentaremos duas delas e confrontaremos seus resultados.

𝑍 = 15 + 𝐷

2. 𝑑0 (49)

Onde D é o diâmetro do rotor, e d0 o diâmetro do jato. Essa fórmula, apresentada

por NASSIR [25] nos retorna que o número de pás ideal é Z = 19 pás.

O método proposto por MACINTYRE [23], diz que o número mínimo de pás é

dado pela seguinte expressão:

𝑍𝑚𝑖𝑛 = 12 + 0,7. (𝐷

2. 𝑑0) (50)

Além disso, por segurança, MACINTYRE [23] recomenda que adote-se um

número de pás de 1,15 a 1,5 vezes o valor calculado acima. Adotando um valor

intermediário de 1.3 e multiplicando pelo valor calculado na equação acima, encontramos

que o número ideal de pás é de 19.

Desse modo, ambas equações deram o mesmo valor, o que fornece uma base

empírica consistente para a determinação do número de pás. MACINTYRE [23] indica

que esse valor deve ser múltiplo de 2 ou 4. Portanto, adotaremos que o número de pás

para a roda Pelton da usina Parigot de Souza será 20.

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8.2.4 Dimensões das Pás

O dimensionamento da pá é, provavelmente, o maior desafio de projeto. O modo

mais simples de estudar a transferência de energia proveniente do jato para a pá é por

meio de uma modelagem 2D, conforme a figura abaixo, onde o jato atinge a pá

perpendicularmente.

Figura 27: Esquema de velocidades 2D – SOLEMSLIE[26]

Entretanto, esse método simplificado tem se mostrado falho ao longo do tempo.

Isso acontece pois, infelizmente, ele só é aplicável para uma determinada seção

transversal do jato por um período de tempo muito curto durante a interação do jato com

a pá. O problema se dá, pois, as pás estão em constante movimento, alterando seu ângulo

de inclinação com o jato a todo instante, conforme as figuras a seguir.

Figura 28: Interação do jato com as pás em movimento - SOLEMSLIE[26]

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Figura 29: Variação do Angulo de incidência do jato - SOLEMSLIE[26]

Com o passar dos anos, diversos pesquisadores se aventuraram em métodos

gráficos tridimensionais que buscassem a eficiência máxima do perfil interno das pás.

Esses métodos são extremamente exaustivos, e levavam semanas para serem executados.

Além disso, contam com uma série de hipóteses para serem resolvidos, que mostraram

retornar resultados diversos dos obtidos experimentalmente.

Atualmente, métodos de simulação de fluidodinâmica (CFD) vem sendo cada

vez mais aprimorados e usados para tentar entender a interação do jato com as pás.

Entretanto, os métodos mais confiáveis ainda são os experimentais, onde pesquisadores

desenvolveram fórmulas empíricas com base em experimentos onde sensores de pressão

eram distribuídos na parede interna das pás, de modo a obter o perfil que maximizasse a

distribuição de pressão e consequente potência máxima fornecida a roda Pelton.

Neste projeto, serão usadas fórmulas obtidas por meio de dados práticos,

aconselhadas por MACINTYRE [23], onde as dimensões da pá são dadas em função do

diâmetro do jato, calculado anteriormente em 0,235m.

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A figura a seguir representa a forma da pá em três vistas.

Figura 30: Vistas com cotas principais da pá – JÚNIOR[24]

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As fórmulas empíricas propostas por MACINTYRE [23] são as seguintes:

1) Largura

𝐵 = (2 𝑎 3). 𝑑0

2) Comprimento

𝐿 = (2,25 𝑎 2,28). 𝑑0

3) Excesso

𝑀 = (0,5 𝑎 0,7). 𝑑0

4) Excesso do gume:

𝑚 = 0,13. 𝐵

5) Profundidade

𝑇 = (0,8 𝑎 1). 𝑑0

6) Largura do rasgo

𝑏 = (1,2 𝑎 1,25). 𝑑0

7) Ângulo do gume central

𝛽1 = 10𝑜

8) Ângulo do bordo de fuga ( já especificado anteriormente)

𝛽2 = 10𝑜

9) Ângulo de inclinação da aresta da concha

∅ = 15𝑜𝑎 25𝑜

10) Ângulo λ do rasgo

𝜆 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑈

𝑉0)

Lembrando que U é a velocidade periférica da roda, calculada em 52,5m/s e V0

é a velocidade do jato, calculada em 115,4m/s;

A superfície interna da concha, cujas dimensões são dadas pelas fórmulas acima,

lembra a de um semi-elipsoide, com um gume no centro de modo a evitar a ocorrência de

choques. O rasgo ilustrado na figura 30 é necessário para que todas as partículas de água

tenham sua trajetória direcionada ao interior da superfície côncava da pá.

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Outra dimensão importante, não expressa nas recomendações de MACINTYRE

[23] relacionada pela interface entre as pás e os raios da roda Pelton, é o Pitch Angle,

designado pela letra ψ. Esse ângulo pode ser claramente compreendido na figura a seguir:

Figura 31: Ângulo de Pitch – SOLEMSLIE[26]

Segundo SOLEMSLIE [26], o ângulo de pitch ideal, obtido experimentalmente,

é de aproximadamente 10o. Portanto, adotaremos valores intermediários para as

constantes previstas nas equações aconselhadas por MACINTYRE [23] e chegamos a

tabela a seguir com as dimensões finais da pá.

Tabela 20: Dimensões finais da Pá

Cota Símbolo Constante

considerada

Dimensão

calculada Largura B 2,5 0,588m

Comprimento L 2,265 0,532m

Excesso M 0,6 0,141m

Excesso de Gume m 0,13 0,076m

Profundidade T 0,9 0,212m

Largura do rasgo B 1,235 0,290m

Ângulo do Gume Central 𝛽1 10o

Ângulo do bordo de fuga 𝛽2 10o

Ângulo de inclinação da aresta da

concha

∅ 20o

Ângulo λ λ 24o

Ângulo de Pitch ψ 10o

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8.3 Distribuidor

De um modo geral, uma turbina hidráulica pode ser dividida em dois grandes

órgãos. O órgão móvel, chamado de receptor ou rotor, é a parte principal da turbina, que

foi dimensionada anteriormente. O distribuidor, por sua vez, é um órgão fixo que tem

como objetivo direcionar o fluxo de água ao receptor. No caso das turbinas do tipo Pelton,

o distribuidor recebe o nome de bocal injetor.

Os componentes mais importantes do bocal injetor são os seguintes:

1) Bocal

Trata-se de um orifício circular, localizado no fim do distribuidor. Tem como

objetivo permitir o fluxo de água, direcionando-o de modo tangencial à roda

Pelton.

2) Agulha

É uma haste cônica, montada concentricamente no interior do injetor. A

agulha possui um movimento translacional que permite controlar a vazão de

água fornecida ao receptor e, consequentemente, a potência deste.

3) Defletor

Por causa do comprimento extenso da tubulação forçada, a agulha deveria

fechar o injetor bastante lentamente, de modo a evitar golpes de aríete

intensos. O defletor desvia o jato d‘água do receptor rapidamente,

diminuindo a potência relativa à carga, enquanto a agulha fecha

vagarosamente, de modo que o golpe de aríete eleva a pressão na tubulação

em apenas aproximadamente 10% da pressão estática, segundo GOVERNO

DO NEPAL[18].

O bocal e seus componentes supracitados se encontra ilustrados na figura a

seguir:

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Figura 32: Bocal injector – MACINTYRE[23]

8.3.1 Bocal injetor

A seção de saída do bocal será sempre circular, devido ao fato de ser a mais

eficiente para a regularização da agulha móvel. Além disso, é a forma que ministra a

menor área lateral do jato para uma mesma vazão e, consequentemente, menor atrito da

água com o ar que a envolve.

A figura a seguir ilustra as principais dimensões do bocal injetor.

Figura 33: Dimensões do bocal injector – MACINTYRE[23]

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Segundo MACINTYRE [23], o diâmetro de saída do bocal, designado por “dm”

na figura anterior, pode ser calculado pela seguinte fórmula:

𝑑𝑚 = 𝑑0. (1,12 𝑎 1,27) (51)

Lembrando que d0 é o valor do diâmetro jato, já calculado em 0,235m. O bocal

possui forma cônica, e sua seção inicial, a maior delas, tem diâmetro designado por dr,

sendo este dimensionado pela seguinte fórmula:

𝑑𝑟 = 𝑑0. (2,6 𝑎 2,8) (52)

A figura a seguir, retirada de MACINTYRE [23], ilustra diversas dimensões do

distribuidor, cujas constantes devem multiplicadas pelo diâmetro do jato (d0) para seu

dimensionamento.

Figura 34: Dimensionamento do bocal e da agulha – MACINTYRE[23]

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8.3.2 Dimensionamento da agulha

A metodologia a ser usada para o dimensionamento dos componentes do bocal

injetor, será usar o valor médio das constantes apresentadas na figura anterior, de modo

que os resultados são expressos na tabela a seguir:

Tabela 21: Dimensões finais da agulha

Cota Símbolo Constante

considerada

Dimensão

calculada

Diâmetro de saída do bocal dm 1,2 0,282m

Diâmetro de entrada do bocal dr 2,7 0,634m

Diâmetro da haste d 0,64 0,150m

Diâmetro da agulha da 1,52 0,357m

Comprimento da agulha la 3,42 0,804m

Curso da agulha l 0,99 0,233m

Ângulo da ponta da agulha − - 51o

Ângulo do bocal − - 75o

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8.4 Jato de Frenagem

As rodas Pelton em usinas hidrelétricas de grande porte possuem dimensões mais

elevadas e, consequentemente, maior massa. Isso implica em uma grande inércia em

rotação, gerando dificuldades na frenagem e neutralização do movimento da roda.

Quando a injeção de água, fornecida pelo bocal injetor, é cortada pela atuação da agulha

cônica de regularização, o rotor girando com 514 rotações por minuto, só teria a

resistência de atrito no ar e nos mancais de rolamento para freá-lo. Isso implicaria em um

tempo de parada extremamente longo, o que pode ser bastante inconveniente. Por isso,

da utilização de um jato auxiliar de frenagem.

Figura 35: Jato de frenagem em uma turbina Pelton – MACINTYRE[23]

Para o dimensionamento deste jato, é necessário obter a magnitude da inércia em

rotação quando o fornecimento de água à roda é cortado. O termo PD2 é uma grandeza

utilizada na indústria para expressar a magnitude da inércia de uma peça. P é usualmente

expresso em kgf, e D em metros de modo que essa expressão se relaciona com o momento

de inércia pela seguinte equação:

𝑃. 𝐷2

𝐼= 4. 𝑔

(53)

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Onde o momento de inércia é dado em kgf.m.s2 e a aceleração da gravidade em

m.s-2. O fato do termo P.D2 ser muito usado é devido a este ser expresso em kgf.m2,

facilitando sua aplicação na indústria. Segundo MACINTYRE [23], o valor de P.D2 , para

uma roda Pelton de determinada rotação (n) e potência (N), é dado pela seguinte

expressão:

P. D 2 = 2.

𝑁

1,34. (

1000

𝑛)

2

(54)

Onde n é dado em rotações por minuto (rpm) e N em cavalos vapor (cv).

Neste projeto, a potência efetiva nominal de cada turbina foi calculada em 87602

cv e a rotação em 514 rpm. Desse modo, a equação (54) nos retorna que o termo P.D2 tem

valor igual a 4,95x105 kgf.m2, e consequentemente o momento de inércia (I) vale

12,6x103 kgf.m.s2.

A equação dinâmica da variação de trabalho é:

𝑇𝑚 − 𝑇𝑟 = 𝐼. (𝜔1

2 − 𝜔𝑚2

2)

(55)

Onde Tm é o trabalho motor e Tr o trabalho correspondente a frenagem em um

determinado tempo t. 𝜔1 é a velocidade final após o período de frenagem t, e 𝜔𝑚 é a

velocidade angular média em regime normal, ou seja, antes da atuação do jato auxiliar de

frenagem. 𝜔𝑚 pode ser obtida pela seguinte fórmula:

𝜔𝑚 =𝑛. 𝜋

30 (56)

Como n=514 rpm, o valor retornado pela equação acima é de 53,8 rad/s.

Quando o jato de frenagem estiver em ação, o trabalho do motor será nulo pois

a agulha cônica interromperá o fluxo. Além disso, o objetivo final é para a roda Pelton.

Assim, concluímos que na equação (55), Tm = 𝜔1= 0.

Segundo MACINTYRE [23], o trabalho de resistência do jato Tr tem valor dado

pela seguinte equação:

𝑇𝑟 = 𝛾. 𝑄𝑗𝑓 . 𝑡. 𝐻𝑛. ɳ𝑗𝑓 (57)

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Onde:

𝛾 = Peso específico da água (998 kgf/m3)

𝑄𝑗𝑓= Vazão do jato de frenagem

𝑡 = tempo de frenagem da roda Pelton

𝐻𝑛= Altura de queda disponível (722m)

ɳ𝑗𝑓 = eficiência do jato de frenagem

A vazão a ser calculada para o jato de frenagem, pode ser obtida isolando 𝑄𝑗𝑓 na

equação acima:

𝑄𝑗𝑓 =𝑇𝑟

𝛾. 𝑄𝑗𝑓 . 𝑡. 𝐻𝑛. ɳ𝑗𝑓 (58)

Aplicando a equação (55) na equação acima, e assumindo 𝑇𝑚 = 𝜔1 = 0,

chegamos a:

𝑄𝑗𝑓 =𝐼. 𝜔𝑚

2

2. 𝛾. 𝑄𝑗𝑓 . 𝑡. 𝐻𝑛. ɳ𝑗𝑓 (59)

Segundo MACINTYRE [23], o jato de frenagem possui eficiência por volta de

60%. Dessa forma, neste projeto será adotado ɳ𝑗𝑓 igual a 0,6. Para o tempo de frenagem,

será adotado o valor de 120 segundos, ou seja, 2 minutos.

Portanto, a equação (59) nos retorna a vazão do jato auxiliar de frenagem como

sendo de 0,35m3/s. Com base na equação (37), chegamos que o diâmetro do jato de

frenagem vale 0,062m.

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9. CURVAS DE DESEMPENHO DA TURBINA

As curvas apresentadas neste capítulo são consequências da turbina projetada no

capítulo anterior. O interessante é analisar como as curvas se comportam fora do ponto

para o qual a turbina foi dimensionada. É importante ressaltar que não estão sendo

consideradas perdas mecânicas.

9.1 Potência Hidráulica

A potência hidráulica foi explorada no capítulo 8 para o dimensionamento da

velocidade ideal da roda, e seu valor é dado pela seguinte expressão:

𝑃𝑚 = m. 𝑈. (𝑉0 − 𝑈)[1 + 𝑘. cos(𝛽2)] (60)

Onde, relembrando:

U = velocidade periférica da roda (calculada em 52,5 m/s)

V0 = velocidade do jato (calculada em 115,4m/s)

k = coeficiente de perda por atrito no contato da água com a pá (k=0,95)

β2 = Ângulo do bordo de fuga ( β2 = 10o)

Com base na equação acima, podemos traçar o gráfico da potência variando-se

apenas a velocidade periférica da roda, para uma vazão de projeto de 10m3/s:

Figura 36: Gráfico da potência em função da velocidade periférica para

vazão máxima

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Pelo gráfico, observa-se que a potência máxima é obtida quando a velocidade

periférica do rotor vale 57,7m/s, ou seja, metade da velocidade do jato, conforme a teoria.

Nesse ponto, a turbina gera, excluindo-se perdas mecânicas, 64,3 MW de potência.

Entretanto, como foi explicado anteriormente, a potência máxima, na prática, é fornecida

quando a velocidade periférica vale 45,5% da velocidade do jato, ou seja, 52,5m/s,

gerando 63,7 MW.

Outra análise importante a ser feita, é entender como a potência hidráulica varia

com a vazão, mantendo-se constante a velocidade periférica do rotor em 52,5m/s.

Com base na equação (60), inicialmente pensamos que somente o termo m será alterado.

Entretanto, o fator de perda de carga no bocal injetor ( 𝜇 ), também é alterado e,

consequentemente, o valor de V0 na fórmula (60) também muda.

Alterando a equação (60), para deixar a vazão Q em evidência, chegamos a:

𝑃𝑚 = 𝜌. 𝑄. 𝑈. (𝑉0 − 𝑈)[1 + 𝑘. cos(𝛽2)] (61)

Onde, relembrando:

𝑉0 = 𝜇. √2. 𝑔. 𝐻𝑛 (36)

Para avaliar como 𝜇 varia com a vazão, ZHANG[29] desenvolveu um método

numérico de simulação 3D, obtendo a eficiência do bocal injetor para diversas

combinações de ângulo de bocal, ângulo de agulha e posição do curso da agulha.

Os resultados obtidos por ZHANG[29], estão expressos na tabela a seguir:

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Tabela 22: Eficiência do Bocal Injetor para difrentes vazões – ZHANG[29]

Segundo dimensionado na seção 8.3, o ângulo do bocal neste projeto é de 75o e

o da agulha vale 51o. Portanto, usaremos os dados relacionados aos ângulos tabelados

por ZHANG[29], de 80 o para o bocal e 50o para agulha, conforme circulado em

destaque na tabela (23).

Podemos normalizar os dados da tabela acima para o projeto da usina Parigot de

Souza, considerando-se a vazão máxima de 10m3/s com respectiva eficiência de 0,97.

Desse modo obtemos, proporcionalmente, a seguinte tabela com dados que simulam a

eficiência do bocal para diferentes vazões, com base nos dados das 3 primeiras linhas

da tabela 22.

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Tabela 23: Eficiência do Bocal

Vazão (m3/s) Eficiência do Bocal

4,3 0,956

8,4 0,968

10 0,97

Com os dados acima, pode-se obter uma equação de segundo grau que descreve

como a eficiência do bocal varia com a vazão:

𝜇 = −0,0003. 𝑄2 + 0,0067. 𝑄 + 0,9328 (62)

A equação acima pode ser substituída na equação K, e a equação K na X, de modo

que encontramos a relação entre a vazão e a potência de saída da turbina:

𝑃𝑚 = 𝜌. 𝑈. [[( −0,0003. 𝑄3 + 0,0067. 𝑄2 + 0,9328. 𝑄). √2. 𝑔. 𝐻𝑛] − 𝑈] [1 + 𝑘. cos(𝛽2)] (63)

Com isso, temos o seguinte gráfico para a potência da turbina em função da vazão,

já considerando as perdas do bocal, para uma velocidade periférica do rotor de 52,5m/s:

Figura 37: Gráfico da potência em função da vazão

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Os dados expostos nas curvas anteriores podem ser resumidos em somente um

gráfico. Abaixo, é possível observar a potência de saída da turbina para três diferentes

vazões (10m3/s, 7,5m3/s e 5m3/s), considerando diferentes velocidades periféricas da

Roda Pelton.

Figura 38: Gráfico final da potência de Saída da turbina dimensionada

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9.2 Eficiência Hidráulica

A eficiência hidráulica é a relação entre a potência fornecida pelo rotor, ou seja,

a potência de saída da turbina, e a potência que foi fornecida ao rotor, para uma dada

queda líquida e vazão já conhecidos. A fórmula da eficiência, ou rendimento hidráulico é

a seguinte:

ɳ ℎ𝑖𝑑 =𝑃𝑜𝑡𝑅𝑜𝑑𝑎

𝑃𝑜𝑡𝑗𝑎𝑡𝑜=

m. 𝑈. (𝑉0 − 𝑈)[1 + 𝑘. cos(𝛽2)]

𝜌. 𝑔. 𝑄. 𝐻𝑛 (64)

Assim como foi feito para a potência hidráulica, pode-se ser traçada a curva da

eficiência Hidráulica em função da velocidade periférica da roda.

Figura 39: Gráfico da eficiência hidráulica versus velocidade periférica

A eficiência máxima teórica, conforme o gráfico acima, é de 91,07% para uma

velocidade periférica de 57,7m/s. Esse valor é condizente com as eficiências de turbinas

Pelton modernas em já em operação, conforme afirma PEREIRA [11].

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De modo similar como foi feito com a potência hidráulica, também é possível

obter a eficiência hidráulica em função da vazão e da velocidade periférica da roda,

conforme o gráfico abaixo.

Figura 40: Gráfico da Eficiência Hidráulica para diferentes vazões

Para a vazão de projeto (10 m3/s), conforme informado anteriormente, a

eficiência máxima é de 91,07%. Por sua vez, para vazão de 7,5 m3/s, a eficiência máxima

é de 89,65% e para vazão de 5m3/s, de 87,77%.

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10. CONCLUSÃO

O presente trabalho abordou os principais componentes hidráulicos que

compõem uma usina hidrelétrica, tendo como exemplo prático a usina Governador

Parigot de Souza. Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica a respeito de como as

usinas hidrelétricas são classificadas de acordo com a potência instalada e seu modo de

operação. Adicionalmente, foram elucidados os principais componentes dessas usinas.

Após a abordagem genérica, o trabalho voltou-se para a usina Parigot de Souza,

objeto de estudo para o projeto. Primeiramente, foram explicitados os dados técnicos que

serviram de base para o projeto: Altura bruta de queda, número de turbinas, vazão de

projeto e número de polos de cada gerador.

O projeto teórico em si abordou não somente a seleção e o dimensionamento das

turbinas hidráulicas para a usina em questão, mas também componentes importantes

como os órgãos adutores e a chaminé de equilíbrio. Essa abrangência proporcionou

ganhos acadêmicos importantes, sendo um conhecimento único e complementar aos

adquiridos durante a faculdade.

De modo geral, pode-se dizer que os resultados obtidos pelo projeto estão

condizentes com os valores exemplificados pelas diversas referências bibliográficas

expostas ao longo do trabalho. Ao leitor, este trabalho fornece bases para o melhor

entendimento do funcionamento de usinas hidrelétricas, além de trazer diretrizes para

dimensionamento de seus principais componentes.

A tabela a seguir ilustra uma comparação entre alguns dos resultados obtidos e

os respectivos dados atuais da usina Governador Parigot de Souza, fornecidos pela

COPEL. As discrepâncias entre os dados referentes aos órgãos adutores podem ser

explicadas pela data de construção da usina, em 1971, onde o preço da mão de obra e de

materiais como o aço são diferentes dos atuais, estipulados nas fórmulas usadas neste

trabalho.

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Tabela 24 -Resultados Obtidos

Usina Parigot de Souza Resultados obtidos

Diâmetro Túnel sob

pressão 5,50m 4,88m

Seção Túnel sob pressão 26,72m2 22,28m2

Diâmetro Conduto

Forçado 2,90m 2,47m

Seção Conduto Forçado 6,60m2 4,79m2

Tipo de turbina Pelton Pelton

Velocidade do jato: 118m/s 115m/s

Eficiência máxima 91,90% 91,07%

Com relação a trabalhos futuros, seria interessante questionar hipóteses iniciais

desse projeto, como por exemplo: Número de turbina, vazão de projeto e número de polos

do gerador. Deve-se questionar quais seriam as consequências de se adotarem mais ou

menos turbinas do que as 4 existentes atualmente na usina. Além disso, o gerador a ser

acoplado na turbina pode ser um dado de entrada no projeto, ou seja, permitindo ao

projetista optar pela melhor rotação para o conjunto específico da usina Parigot de Souza.

Há outras questões a serem feitas, abrindo um leque de projetos a serem explorados. O

assunto usinas hidrelétricas é o presente e o futuro em nosso país, sendo fortemente

recomendado que nós engenheiros possamos aprimorar cada vez mais o conhecimento

dessa fonte de energia limpa, renovável e tão presente no Brasil.

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11. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

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apresentação).

2. Agência Internacional de Energia. 2016.

3. ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. disponível em

http://www.aneel.gov.br. [Online]

4. FURNAS - ELETROBRÁS. disponível em http://www.furnas.com.br.

[Online]

5. Blog Usina Baixo Iguaçu. disponível em

http://usinabaixoiguacu.blogspot.com/2014/02/usinas-hidreletricas-fio-dagua.html.

[Online] 2014.

6. "Usinas Hidrelétricas" em Só Biologia. disponível em

https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/Agua3_2.php. [Online] Virtuous

Tecnologia da Informação, 2019.

7. Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande

do Sul. Usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil e no mundo: aplicação e perspectivas.

2015.

8. EMBRAPA. Imagem de Satélite. 2009.

9. Seara, Roberto Werneck. Avaliação de desempenho da Barragem da Usina

Hidrelétrica Governador Parigot de Souza (Capivari-Cachoeira). 2010.

10. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR: 6445. 1987.

11. Projeto de Usinas Hidrelétricas. Pereira, Geraldo Magela. 2015.

12. Harvey, Adam. Micro-Hydro Design Manual - A guide to small-scale water

power schemes. 1993.

13. Oliveira, Bruno. Conhecendo os componentes de uma Usina Hidrelétrica.

2017.

14. Schreiber, Gerhard Paul. Usinas Hidrelétricas. 1978.

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15. Leão, R.P.S. Apostila de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Elétrica. 2011.

16. Proposta de metodologia para diferenciação de rochas duras e brandas em

auditorias com o uso do esclerômetro Silver Schmidt. Veiga Fleury , Sérgio , Ferreira

Olkowski , Gustavo e Kurokawa, Edson.

17. Eletrobras - Centrais Elétricas Brasileiras SA. Manual de Microcentrais

Hidrelétricas. 1985.

18. Governo do Nepal - Departamento de Desenvolvimento de Eletricidade.

Design Guidelines for Water Conveyance System of Hydropower Projects. 2006.

19. Eletrobrás. Diretrizes para estudos e projetos de pequenas centrais

hidrelétricas. 2000.

20. FOX e McDONALD. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 2006.

21. Costa, A.S. Turbinas Hidráulicas e Condutos Forçados. Universidade

Federal de Santa Catarina : s.n., 2003.

22. Operational Evaluation of a Small Hydropower Plant in the Context of

Sustainable Development. Walczak, Natalia. 2018.

23. MACINTYRE. Máquinas Motrizes Hidráulicas. 1983.

24. Júnior, Ricardo Luiz Soares. Projeto Conceitual de uma turbina hidráulica

a ser utilizada na usina hidrelétrica de Henry Borden.

25. Nasir, Bial Abdullah. Design of a high efficiency Pelton Turbine for

microhydropower plant. 2013.

26. Solemslie, Bjorn Winther. Experimental methods and design of a Pelton

bucket. 2016.

27. COPEL - Companhia Paranaense de Energia. disponível em

https://www.copel.com. [Online]

28. Jeong, Won Kim. Theoretical method of selecting number of buckets for the

design and verification of a Pelton turbine. 2017.

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29. J Zhang, Optimal design of a pelton turbine nozzle via 3D numerical

simulation, 2018

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ANEXO A – Geração de Energia no Brasil (2019)

As tabelas acima estão disponibilizadas no site da ANEEL (Agência Nacional de Energia

Elétrica)

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ANEXO B –Dados da Usina Governador Parigot de Souza

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ANEXO C –Ábaco de Moody