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SOCIEDADE AMIGOS DE CHAPECÓ – SAC UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ – UNOCHAPECO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CHAPECÓ – ACIC PREFEITURA MUNICIPAL DE CHAPECÓ SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL – SDR PROJETO CHAPECÓ 2030 GRUPO TEMÁTICO DE MEIO AMBIENTE Participantes: Antonio F. Baptiston Antonio C.Caetano Emerson Nunes Horostecki Gilza Maria de Souza Franco Jacson Murilo Waldamer i Leandro do Prado Wildner Marciana Frigeri de Sou za Nedilso Lauro Brugnera Valdecir Lui z Bertollo Vitor J. D'Agostini Coordenação e Sistematização: Licério de Oliveira Participação na revisão: Antonio Baptiston; Leandro do Prado W ildener e Licério de Oliveira . Chapecó SC, 24 de ma io de 2011.

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SOCIEDADE AMIGOS DE CHAPECÓ – SAC UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ – UNOCHAPECO

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CHAPECÓ – ACIC PREFEITURA MUNICIPAL DE CHAPECÓ

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL – SDR

PROJETO CHAPECÓ 2030 GRUPO TEMÁTICO DE

MEIO AMBIENTE Participantes: Antonio F. Baptiston Antonio C.Caetano Emerson Nunes Horostecki Gilza Maria de Souza Franco Jacson Murilo Waldamer i Leandro do Prado Wildner Marciana Frigeri de Sou za Nedilso Lauro Brugnera Valdecir Lui z Bertollo Vitor J. D'Agostini Coordenação e Sistematização: Licério de Oliveira Participação na revisão: Antonio Baptiston; Leandro do Prado W ildener e Licério de Oliveira.

Chapecó SC, 24 de maio de 2011.

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SUMÁRIO

DIAGNÓSTICO DA ÁREA AMBIENTAL .............................................................. 2 1) Histórico e a situação de cada área, destacando-se os fatores determinantes do estágio atual de desenvolvimento. ............................................................................................. 2

1.1. MANANCIAIS PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA EM CHAPECÓ ..................... 5 1.1.1. Manancial do Lajeado São José ................................................................... 6 1.1.2. O Manancial do Rio Tigre ........................................................................... 6

2. DEMANDAS REPRIMIDAS ................................................................................... 7 3. INDICADORES EXISTENTES, COM SÉRIES HISTÓRICAS ............................. 10 4. PRINCIPAIS FRAGILIDADES.............................................................................. 13 5. PRINCIPAIS POTENCIALIDADES ...................................................................... 15 6. ÁREAS RELACIONADAS E INTERDEPENDENTES (PERSPECTIVA SISTÊMICA) .............................................................................................................. 15

PROPOSIÇÕES ...................................................................................................... 17 1. CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO .................................. 17 2. PERSPECTIVAS INOVADORAS.......................................................................... 18 3. Propostas de projetos para as áreas e, propostas de projetos sistêmicos, com indicação dos benefícios e impactos decorrentes da sua implantação. .......................................... 20 4. ORDEM DE PRIORIDADE DOS PROJETOS ....................................................... 21 5. DEFINIÇÃO DE INDICADORES QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS PARA ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO DAS ÁREAS: 22

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DIAGNÓSTICO DA ÁREA AMBIENTAL

1) Histórico e a situação de cada área, destacando-se os fatores determinantes do estágio atual de desenvolvimento.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Constituição Federal do Brasil, Art. 225)

A humanidade encontra-se diante de um momento crítico: ou cuida do Planeta que lhe abriga e lhe dá a vida, ou acelera a destruição de sua própria vida. O homem já ocupa 83% do planeta Terra, explorando os recursos naturais em escala industrial, com uma capacidade de intervenção incrível, destruindo, em segundos, o que a natureza levou milhões de anos para construir e lhe oferecer de presente. A ganância é tanta, que a depredação dos ecossistemas já superou em 20% a capacidade de regeneração e suporte do planeta. E o homem não parou para refletir nas implicações que ocorrem em conseqüência desse ‘modus vivendi’, ou seja, de suas atitudes, valores sócio-culturais e políticas, enfim, do conjunto de fatores que determinam a sua forma de viver.

A Terra é o berço da civilização, morada de tanta diversidade e vida; porém, três quartos (3/4) da superfície terrestre estão cobertos de água o que permite a existência de diversos ecossistemas aquáticos como mares, rios, lagos, pântanos, mangues, entre outros. Na natureza existe um relacionamento perfeito entre os seres vivos e o ambiente. Porém, (...) ‘a humanidade sempre estabeleceu a hegemonia do homem sobre a natureza. A natureza está a serviço dos homens. Nesses dois pólos o homem tinha o direito de devastar a natureza. Atualmente há uma mudança do paradigma nessa dicotomia homem/natureza, onde o homem é apenas um dos elementos da natureza. O homem mais do que transformar a natureza é dependente dela. Não dá mais para se aproveitar dos recursos naturais de forma irresponsável, pois a sobrevivência humana está colocada em cheque. Com isso há inúmeras iniciativas nessa ótica mundial. Porém poucas têm efetividade, em virtude de que na sociedade atual, a lógica é das disputas visando a obtenção de vantagens econômicas e políticas. O cuidado com a natureza, no momento, é devido à preocupação com o futuro da existência humana. O planeta não consegue suportar a forma como se lida com a natureza. Já os gregos admiravam o cosmos e, para eles, os humanos, apenas era mais um dos elementos que fazia parte do sistema’.

O processo de degradação do meio ambiente é algo insano, débil e que merece reflexão, visto que no ritmo que a humanidade caminha já seriam necessários três planetas semelhantes à Terra para acumular o que retiramos da natureza em forma de matéria-prima e devolvemos em forma de dejetos ou resíduos dos mais variados tipos,

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ocasionando os mais variados impactos sócio-ambientais. Prova disso é a total falta de sustentabilidade do modo de produção, distribuição de bens e serviços. Um dos maiores problemas ambientais é a grande quantidade de resíduos (lixo) jogados no ambiente e que vai para os rios, mares e oceanos. Essa contaminação compromete a qualidade da água e por conseqüência à vida de todos os seres vivos do ambiente. Os resíduos humanos e animais grande poluição e acabam comprometendo todas as formas de vida. Os únicos que conseguem sobreviver a essa poluição são espécies indesejáveis como o mosquito borrachudo.

A partir do século XX a sociedade pode testemunhar significativas transformações em todas as dimensões da existência humana (HOBSBAWM, 1996). Junto ao desenvolvimento tecnológico, também houve aumento da expectativa de vida dos seres humanos, do mesmo modo que aumentou a capacidade de autodestruição, visto que ocorreu um aumento significativo da utilização de energia e matéria para atender às necessidades da sociedade (BELLEN, 2005). A revolução industrial intensificou a exploração da natureza pelos homens, tornou possível o acesso a preços razoáveis a uma sociedade de consumo, ávida e inconsciente, manejada a comprar o supérfluo, que acelera a exploração dos recursos naturais e o acréscimo incrível da produção em larga escala para atender a um mercado cada vez mais exigente e voraz. A conseqüência mais marcante de todas estas mudanças é a erosão dos sistemas. As evidências científicas não deixam margem para dúvidas: que as mudanças do clima ameaçam os ecossistemas, a economia e até mesmo a saúde das pessoas em escala global. O clima mundial que se manteve estável desde a Revolução Industrial, tem se alterado significativamente. As temperaturas, que se mantiveram estáveis durante o século XIX, têm aumentado consistentemente ao longo do século XX foram, em média, 0,6°C mais alta (KLINK, 2007). De qualquer forma se perdeu uma visão holística da natureza, do mundo e do próprio homem, o que ocasiona a fragmentação da ação ética e as incontáveis agressões ao ambiente natural e humano. (MOSQUERA, 1984). Nas últimas décadas, vários desastres ambientais ocorreram, mas esses danos localizados são muito menores que os que vêm sendo causados cumulativamente ao meio ambiente. Mas, desde o início da tomada de consciência sobre os problemas ambientais até o momento, a temática ambiental evoluiu muito. A relação homem/natureza/sociedade começou a ser observada de forma mais efetiva, critica e globalizada, levando a sociedade contemporânea a buscar uma nova relação com seu meio ambiente. A nossa região não passou ilesa por esses processos, pois, até o início deste século, a região era ocupada, predominantemente por índios e caboclos, que não tiveram a propriedade da terra e praticavam uma agricultura com pouca integração com a economia nacional. Esta integração ocorreu por meio do processo de colonização, iniciado no século passado e intensificando a partir da década de 1920, até a década de 1960 quando se esgotou a ocupação da fronteira de colonização no Oeste (TESTA et. al, 1996).”

As principais características do processo de colonização podem ser sintetizados nos seguintes aspectos: Recepção do excedente populacional na chamada “colônia velha” do Rio Grande do Sul. Colonos de origem italiana e alemã, na maioria, com tradição na policultura e criação de animais domésticos como: suínos, aves e bovinos. Colonização privada, em unidades chamadas “colônias”, com área de 24,2 ha. Juntamente com a colonização ocorreram os ciclos econômicos, da exploração de erva-mate e madeira e, em menor grau, da bovinocultura de corte extensiva, que demarcaram a inserção, mesmo que tardia, da região no processo global de constituição do mercado nacional, característico do desenvolvimento econômico de caráter urbano industrial do Brasil.

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Atualmente a região Oeste Catarinense tem se caracterizado pela integração vertical entre produção familiar e as grandes agroindústrias. Para Mior (2003), este modelo seria o responsável tanto pelo sucesso econômico regional como pelos crescentes problemas socioeconômicos e ambientais ressaltados pela crise vivenciada na década de 1990. Pólo de produção e industrialização de suínos e aves, berço das maiores empresas do setor de carnes e derivados do Brasil, modelo de articulação que possibilita a incorporação socioeconômica da produção familiar, são resultados ressaltados como positivos. Concentração econômica regional, exclusão dos pequenos produtores familiares da produção de suínos, poluição das águas pelos dejetos suínos, êxodo rural e regional, principalmente dos mais jovens, aterramento urbano em áreas de proteção permanente inclusive de nascentes, supressão de vegetação nativa, ocupação de áreas irregulares entre outros são os passivos sociais, econômicos e ambientais deste modelo.

No Município de Chapecó a situação está expressa nesse depoimento::

A ocupação da região começou com o processo de exploração e isto ocorre ainda hoje; portanto, a exploração se tornou uma questão cultural da região que está se agravando pelo imediatismo, onde não há planejamento de forma consistente para proteção da vida e dos serviços ecossistêmicos. Continuamos a praticar os mesmos erros, por mais “barulho” que fizemos atualmente nestas questões ambientais procuramos sempre resolver os problemas e não atuar na sua prevenção, como é o caso do Lajeado São José.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Urbano, em 1972, as discussões sobre a questão ambiental no Brasil foram ampliadas. Nessa década, foi criada no Brasil a Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA, subordinada ao Ministério do Interior. Na metade dessa década, o planejamento do governo envolveu pela primeira vez a questão ambiental. Em 1981, a lei 6.938 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente com seus fins e mecanismos de formulação e aplicação de dispositivos ambientais e ainda constituindo o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Com a Constituição Federal de 1988, um capítulo inteiro foi dedicado a questões ambientais, aplicando o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, considerando-o como bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida. Outros mecanismos adotados ao longo dos anos foram a criação do IBAMA, no ano de 1989, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, em 2007, o repasse de atribuições aos órgãos estaduais e municipais do meio ambiente, a edição do novo Código Florestal brasileiro (ainda em 1965), o disciplinamento do licenciamento ambiental de atividades e/ou empreendimentos que utilizem recursos naturais ou efetiva e/ou potencialmente causadores de degradação ambiental, a criação da lei de crimes ambientais, entre outros.

Apesar de todo o arcabouço legal no âmbito ambiental e os progressos na área do controle ambiental, observa-se que muito ainda há que se fazer e mesmo cumprir para que o desenvolvimento realmente seja sustentável. A crescente preocupação ambiental vem demonstrando que os cuidados com o meio ambiente ainda são muitas vezes deixados em segundo plano pela variante econômica face ao notado descuido com a conservação da biodiversidade, os recursos hídricos, a conservação dos solos, etc. Somente quando a questão ambiental for elevada ao mesmo patamar de importância da questão econômica na avaliação das atividades humanas é que conseguiremos atingir um desenvolvimento próximo do sustentável.

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Os fundamentos econômicos ainda estão baseados no transformar a matéria-prima para comercializar, os objetivos são acelerar o consumo e gerar dividendos financeiros. Consumir o que é necessário ou não garante a sobrevivência da lógica capitalista, sinônimo de bem-estar-social e de poder. Diante do até aqui apontado, tratar da questão do ‘estágio atual de desenvolvimento’ não é tarefa simples, dado que parece estarmos tratando de questões completamente diferentes. O desafio paradigmático está visão sistêmica; e, nessa visão, cabe questionar o modo de viver/produzir que se limita ao crescimento e a acumulação econômica sem espaço para o desenvolvimento e a sustentabilidade. Mas onde está o desenvolvimento? O quê significa (des) envolvidos? Envolvidos no quê?

As sociedades humanas precisam desenvolver habilidades, conhecimentos, conscientização, procedimentos para administrar o uso da terra e da água de uma forma integrada e abrangente, de modo a manter a qualidade do suprimento para as pessoas e para os ecossistemas que a suportam.

1.1. MANANCIAIS PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA EM CHAPECÓ

A implantação de sistema coletivo de abastecimento de água iniciou-se na década de 60, atendendo pequenas áreas urbanizadas. Constituído inicialmente por alguns poços profundos administrados pela Prefeitura Municipal. Anteriormente o abastecimento era feito de forma individual, geralmente por poços rasos. A partir de 1972 a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) assumiu a concessão do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) ampliando a cobertura para todo o perímetro urbano. Em 1977 a captação de água bruta passou a ser feita na Represa do Engenho Braun, Lajeado São José, onde a Empresa Sadia SA já captava água desde 1973. A Estação de Tratamento de Água (ETA) foi inaugurada em agosto de 1977 com uma produção de 252 m³/hora (70 litros por segundo), enquanto a Sadia consumia cerca de 170 m³/hora (48 l/s). Em 1981 à captação e produção de água do SAA passou para 480 m³/hora (130 l/s). Em 1987 o SAA foi novamente ampliado e passou a produzir até 720 m³/hora (200 l/s), enquanto que a Sadia ampliou sua captação para 324 m³/hora (90 l/s). Ainda 1982 a CASAN já realizava estudos e levantamentos para elaboração de projetos de ampliação do SAA Chapecó, considerando os altos índices de crescimento populacional, o que com um projeto executivo em 1989, concebido para atender uma população de até 250 mil habitantes, cuja expectativa seria para o ano de 2007. Estamos em 2011 e a população está em 182 mil habitantes.

A primeira etapa desse projeto foi executada entre 1994 e 1996, passando o SAA a operar com a vazão de até 1.400 m³/hora (390 l/s), volume suficiente para atender uma população de até 170 mil habitantes estimada para o ano de 1998, enquanto que a Sadia passou a consumir até 540 m³/hora (150 l/s). Nessa ocasião foi implantada a Estação de Captação de Água Bruta no Rio Tigre, município de Guatambú, com uma capacidade de adução de 720 m³/hora (200 l/s). O projeto estabelece, em sua segunda etapa, a captação de 1.440 m³/hora (400 l/s) naquele manancial enquanto que prevê uma redução na captação do Lajeado São José para somente 720 m³/hora (200 l/s). Atualmente a captação no Rio Tigre ocorre somente em situações específicas por questões de quantidade e qualidade da água do Lajeado São José. As pesquisas e levantamentos técnicos para elaboração do projeto concebido em 1989 descartaram a captação de água bruta nos rios Chapecó, Irani e Uruguai por inviabilidade econômica dada às grandes diferenças de altitude entre os mananciais e a cidade, superiores a 400 metros. No ano

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de 2003, algumas melhorias operacionais na captação e tratamento, permitiram ampliar a produção de água tratada de 1.400 m³/hora para até 1.600 m³/hora (440 l/s).

1.1.1. Manancial do Lajeado São José

Até meados da década de 80, as condições sanitárias do Lajeado São José, relacionadas ás atividades agropecuárias, eventualmente comprometiam o abastecimento de água da cidade, especialmente com dejetos de animais, decorrentes da existência de grandes criatórios e inexistência (ou inobservância) de legislação ambiental pertinente. A partir de então, paralelamente à desativação de algumas grandes granjas de suínos, acentuou-se o processo de urbanização da bacia hidrográfica nos Bairros Cristo Rei, Eldorado, Alvorada, Trevo e Belvedere, além de parte do Bairro Engenho Braun e Efapi, apesar da existência de legislação estadual proibitiva (Portaria 0024/79, Decreto 14.250/81). Com isso os problemas sanitários mudaram de foco, passando de contaminação orgânica para a contaminação por resíduos sólidos (lixo, assoreamento e esgotos sanitários sem tratamento). Com o Plano Diretor de 1990, Lei Complementar n° 04/90, a criação de faixa marginal ao acesso a BR-282 para implantação de atividades comerciais, industriais e de prestação de serviços, acentuou-se o desflorestamento e a movimentação do solo por aterros e terraplanagens, aumentando a erosão e o assoreamento do reservatório exigindo obras de dragagem (1990 e 2007). Além disso, a drenagem e o aterramento de nascentes e banhados influenciaram decisivamene, no aspecto quantitativo, a perenidade dos cursos de água componentes da bacia do Lajeado São José.

1.1.2. O Manancial do Rio Tigre

Apresenta maior vazão que o São José e, até o ano de 2008, também melhor qualidade da água. Entretanto, a partir da instalação da captação na Represa do rio Tigre surgiu uma situação de conflito de uso da água relacionada a uma Hidrelétrica que também utiliza a água. Conflito que demandou intervenções do poder judiciário em três ocasiões distintas: no ano de 2000, em 2006 e finalmente em dezembro de 2008. Encontram-se instalados equipamentos para captação de 720 m³/h (200 l/s) de água sendo que as instalações físicas e tubulação (adutora) permitem a ampliação para até 1.440 m³/hora (400 l/s) conforme previsto no projeto para execução da 2ª etapa. No que diz respeito à qualidade da água do Rio Tigre, no ano de 2008 ocorreu a proliferação, ou contaminação, por algas que impede o tratamento da água por processo convencional, cujos dados são:

Produção: 1.400 m³/hora (normal) – 1600 m³/h (máxima) Reservação: 15.340 m³ (Recomendada: 13.200 m³) Distribuição: Cobertura em 100% da área urbana regular. Ligações/Economias (unidade de consumo): Industriais: 262 ligações – 283 economias Comerciais: 2.534 ligações – 3.852 economias Poder Público: 278 ligações – 299 economias Residenciais: 34.771 ligações – 43.351 economias. Total: 37.845 ligações – 47.789 economias.

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2. DEMANDAS REPRIMIDAS

COLETA SELETIVA. O projeto foi iniciado em meados da década de 1990 com altos e baixos ao longo dos anos. É um projeto que deve ter um forte apelo econômico-ambiental e com participação de toda a sociedade. O poder público deve estimular a formação de ONGs para reciclagem sem ser “paternalista” ou “manipulador do processo”. Inúmeras atividades podem ser implantadas junto às Escolas, Empresas, Comércio, Associações de Bairros, capazes de criar consciência e motivar os cidadãos a cuidar e dar o destino correto ao lixo gerado.

Coleta dos resíduos sólidos domiciliares A coleta ambiental é para valorizar o ambiente, com isso se dará mais valor ao orgânico do que ao reciclado O orgânico ajuda a manter o ambiente em harmonia e a continuar a manter a vida na terra. A sobra é composta de resíduos 100% reciclados que a política pública deve definir e encaminhar para um destino correto. Uma legislação específica definiria todo o processo, inclusive a catalogação de todos os materiais que entram no município e também os que são produzidos não consumidos.

(DES) ORDENAMENTO PARA USO E OCUPAÇÃO DA ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO LAJEADO SÃO JOSÉ

Essa é uma grande demanda reprimida, que além do histórico e dos dados apresentados anteriormente em relação ao abastecimento urbano e captação realizada pela empresa Sadia, o tema tem sido um dos assuntos mais polêmicos em debate nos últimos anos, devido, principalmente, aos períodos de estiagem que ocorreram não só em Chapecó, mas em toda a região Oeste Catarinense somado aos grandes interesses econômicos especulativos em detrimento do interesse da população. É uma disputa desigual que não aponta um entendimento definitivo, pois a região foi alvo de infraestrutura viária que valorizou os imóveis e despertando, cada vez mais, uma pressão permanente pela sua ocupação econômica plena. Lideranças clamam e a população é induzida a acreditar na necessidade de novas alternativas de captação de água no Rio Uruguai, Irani e Chapecó, enquanto os dados e as alternativas apontam de forma barata e duradoura a própria bacia somada a captação do Rio Tigre. Dessa forma esquecendo-se que a falta de água do Lajeado São José em períodos de estiagem está ligada, principalmente, à degradação ambiental da sua bacia patrocinada pelas várias flexibilizações de ocupação permitidas por leis municipais pouco responsáveis, além de ocupações e usos criminosos.

É necessário ressaltar que um estudo realizado pela Epagri e Secretaria Municipal da Agricultura verificou que a poluição observada dentro do Lajeado São José é patrocinada, em sua grande maioria pela área urbana da bacia, através de loteamentos autorizados. Além disso, a cada dia que passa a área urbana avança sobre a área rural e sobre as áreas ditas de preservação, com anuência do poder público constituído e, inclusive, do poder judiciário.

LAJEADO TIGRE:

Tem grande potencial de fornecimento de água, no entanto, por falta de políticas públicas para sua preservação, está em rota semelhante ao Lajeado São José: Recuperação das margens e nascentes afluentes. As duas bacias são áreas protegidas com a função de preservar os recursos hídricos de acordo com o que preceitua o Código

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Florestal Brasileiro (lei 4.771/65). Mas é necessária a articulação intermunicipal pelas suas nascentes e extensão incorporarem parte dos municípios de Cordilheira Alta e Guatambu.

PRESERVAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES SOB O PONTO DE VISTA AMBIENTAL TAIS COMO BANHADOS E VARZEAS.

Esse é um ponto já apresentado no Fórum da Agricultura. Nas áreas rurais os agricultores desejam utilizar para produção de peixe e na área urbana a legislação territorial tem permitido o aterramento para loteamentos, além de utilização para moradias irregulares com a atuação clientelismo do poder constituído. Por outro lado vê-se a falta de comprometimento ambiental dos órgãos públicos específicos ao permitirem a implantação de projetos habitacionais ou construção de casas isoladas em áreas de banhados. É necessário considerar a importância de banhados e várzeas como componente indispensável para a regulação do fluxo sub-superficial da água (lençol freático). Em muitos lugares o lençol freático desapareceu ou aprofundou-se porque os banhados e várzeas foram drenados para fins agrícolas ou da construção civil.

SANEAMENTO BÁSICO. O crescimento das cidades está diretamente relacionado com o aumento de resíduos produzidos. Os resíduos líquidos domiciliares perfazem grande parte dos resíduos produzidos pelo homem e a falta de seu tratamento ocasiona problemas de saúde e de ordem ambiental. Considerando que inexistindo ou sendo deficiente o tratamento destes resíduos, sua destinação acaba sendo os cursos d’água, poluindo e reduzindo a disponibilidade de água para abastecimento público ou uso múltiplo desse recurso, ou mesmo tornando-a mais cara pelos custos de seu tratamento, aliado aos recentes eventos de crise no abastecimento público devido às secas, o tratamento do esgoto domiciliar é fundamental para racionalização do uso dos recursos hídricos.

Implantação integral da rede de esgoto sanitário de Chapecó, com a construção de toda a rede de coleta planejada, ligações domiciliares realizadas e a estação de tratamento em total e efetivo trabalho. Implantação de políticas públicas para incentivar a implantação de rede de estações de tratamento individuais ou coletivas de pequeno porte para tratamento de esgoto sanitário domiciliar.

IMPLANTAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA RELATIVA AO MEIO AMBIENTE:

1. Promover a proteção do meio ambiente e aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis mediante a coordenação de políticas setoriais, com base nos princípios de gradual idade, flexibilidade e equilíbrio.

2. Incorporar o componente ambiental nas políticas setoriais e inclusão das considerações ambientais nas tomadas de decisão em qualquer ação pública ou privada.

3. Promover o desenvolvimento sustentável por meio do apoio recíproco entre os setores ambientais e econômicos, evitando a adoção de medidas que restrinjam ou distorçam de maneira arbitrária ou injustificável a livre circulação de bens e serviços em âmbito local, regional e global.

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4. Tratar de forma prioritária e integral as causas e fontes dos problemas ambientais com a efetiva participação da sociedade.

5. Caracterizar a região como comprometida com as questões ambientais – Marketing Verde. Isso daria a possibilidade de oferer produtos com maior valor agregado.

6. Adotar o principio do poluidor pagador fomentando a internalização dos custos ambientais por meio do uso de instrumentos econômicos e regulatórios de gestão do uso do meio ambiente.

MONITORAMENTO ADEQUADO DA ABERTURA DE POÇOS PROFUNDOS: estabelecer um cadastro para identificação e autorização para perfuração de poços profundos tanto no perímetro urbano quanto na zona rural.

TRATAMENTO DE DEJETOS ANIMAIS. Planejar a médio e longo prazos alternativas para o destino dos dejetos da pecuária, como ocorre com as novas instalações da suinocultura, incorporanto também o tratamento dos dejetos da pecuária leiteira em crescente expansão. Tais iniciativas poderão ser incluídas dentro de uma política de pagamentos por serviços ambientais.

PLANO MUNICIPAL DE ARBORIZAÇÃO URBANA: a artificialidade do meio urbano e suas conseqüências podem ser minimizadas por uma arborização urbana planejada e bem conduzida. Dentre os benefícios da arborização urbana, que compreende as áreas verdes e a arborização de ruas, estão a melhoria do microclima urbano, remoção de partículas e absorção de gases poluentes, melhoria estética da cidade, contribuindo para a saúde física e mental das pessoas. Encaminhamento para Câmara de Vereadores do PROJETO DE LEI QUE REGULAMENTA A ARBORIZAÇÃO URBANO NO MUNICÍPIO. A minuta deste projeto foi elaborada e debatida por diversos segmentos da sociedade, organizada e foi encaminhada ao Poder Executivo no inicio do segundo semestre de 2008 e encontra-se “engavetada”.

Para dar suporte a demanda por mudas de plantas utilizadas, é necessária a construção de um novo HORTO MUNICIPAL. Projeto este já elaborado e em mãos do poder executivo, com possibilidade de captação de recursos da compensação ambiental pela construção da Usina da Foz do Chapecó. Importantíssimo para viabilizar a implantação e a manutenção de um projeto de arborização urbana.

CONTROLE E MONITORAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO TERRITORIAL. É função do poder público o controle da ocupação territorial e seu disciplinamento, evitando a presença humana desordenada em áreas de encostas, áreas de banhados ou às margens de cursos d’água, que além dos efeitos sociais, acarretam problemas ambientais na redução da cobertura vegetal protetora dos recursos hídricos, na disponibilidade e na poluição das águas.

CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL. Um local onde se preserva todas as condições de vida para esta e para as gerações futuras como parques municipais interligados com corredores ecológicos As florestas são protetores naturais contra microorganismos maléficos ao ar e controle da temperatura. Atualmente há

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pessoas dormindo com repelente ou que vão praticar caçadas com repelentes. Para evitar isso precisamos se aproximar da natureza.

IMPLEMENTAR AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Fala-se muito nisso, mas a efetividade principalmente com as crianças, ainda é muito pequena. Com as crianças a educação aponta perspectivas concretas para novos comportamentos futuros. Trabalhar com o publico infantil leva os adultos a serem mais responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento. A educação é o melhor balizamento do desenvolvimento econômico e social e que deve estar atrelado a uma nova relação homem e natureza.

3. INDICADORES EXISTENTES, COM SÉRIES HISTÓRICAS

Antes de abordar o tema indicadores relacionados à sustentabilidade é necessário compreender melhor o significado de indicador de uma maneira geral, muitas são confusas (BELLEN, 2005). O termo indicador é originário do latim “indicare”, que significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. Para a OECD (1993), um indicador deve ser entendido como um parâmetro ou valor derivado de parâmetros que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno, como uma extensão significativa. Existe uma grande diferença entre as diversas esferas em que se mede sustentabilidade – global, nacional, regional, local ou comunitária - resultado dos mais diversos fatores culturais e históricos que implicam os valores que predominam nessas esferas (BELLEN, 2005).

Ecological footprint method (EFM); Dashboard of Sustainability (DS); Barometer of sustainability (BS); IDH; Presure, state, response (PSR); Driving force, state, response (DSR); Global reporting initiative (GRI).

EVOLUÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NO MUNICÍPIO

EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DO ESGOTO SANITÁRIO DE CHAPECÓ (% ou m3/habitante/ano)

EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE CHAPECÓ 1972 a 1977 – Implantação do SAA Chapecó – Produção de 252 m³/hora 1981 – Ampliação da produção de água para 480 m³/hora 1987 – Ampliação da produção de água para 720 m³/hora 1982 – Estudos e levantamentos para projeto de ampliação 1989 – Elaborado projeto executivo para ampliação do SAA visando atender uma

população de até 250 mil habitantes – estimativa para o ano de 2007 1996 – Executado a 1ª etapa do projeto ampliando a produção para 1.440 m³/hora 2003 – Melhorias operacionais na captação e ETA ampliando a capacidade para até

1.550 m³/hora

ÍNDICE DE ÁREA VERDE - O IAVP médio corresponde ao somatório das áreas verdes públicas dividido pela população da área urbana. Para o estabelecimento de índices de vegetação por habitante muitos municípios definem metas baseando-se no

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índice proposto pela ONU, OMS, ou a FAO, que consideram para áreas verdes, um índice ideal de 12 m² por habitante. A arborização de ruas e avenidas entraria no computo deste índice. Não temos este calculo em nosso município, porém, certamente está bem aquém do recomendado.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Entre a cidade e em locais do interior próximos à cidade a temperatura pode variar em 4º C. Na relação entre asfalto e locais próximos, a variação é muito maior podendo chegar a 10º C de diferença. O ser humano adquire aparelhos de refrigeração que não produz ar frio, mas apenas troca o ar quente por frio.

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PER CAPITA: obtido junto à Gerência Regional da CELESC de Chapecó.

IMPACTOS ADVINDOS DA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS. Impactos de ordem econômica social e ambiental. Ex.: No econômico: produção de riquezas antes e após as barragens.

PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE FONTES ALTERNATIVAS (biodigestores, energia eólica, placas solares, etc.)

INCIDÊNCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELA ÁGUA: acompanhamento realizado pela vigilância epidemiológica decorrentes das condições do meio ambiente. (informações serão anexadas)

NÚMERO DE DENÚNCIAS DE CONTRAVENÇÕES AMBIENTAIS: acompanhamento realizado pela Polícia Ambiental. (informações serão anexadas).

NÙMERO DE DENÚNCIAS DE ESGOTO A CÉU ABERTO: acompanhamento realizado pela vigilância sanitária municipal. (informações serão anexadas)

OCORRÊNCIA DE FOCOS DE Aedes aegypti EM CHAPECÓ: monitoramento realizado pela Vigilância Sanitária e Ambiental de Chapecó. (informações serão anexadas)

VIGIA ÁGUA – análise da água dos recursos hídricos do município: água do manancial de coleta de água bruta do Lajeado São José; água de poços profundos; água de fontes/nascentes protegidas e da água tratada no município.

Chapecó - Coliformes Fecais - 2008-2011 (até abril) Nº de amostras analisadas para coliformes fecais

Ano Nº Poços

Artesianos Nº Poços

Superficiais Nº Fontes Nº Rede Nº Rio

2008 91 11 7 11 7 2009 101 19 5 5 5 2010 59 6 3 2 0

2011 (até abril) 49 4 1 14 0

Total 2008 - 2011 (até abril)

300 40 16 32 12

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Nº de amostras contaminadas por coliformes fecais

Ano Nº Poços

Artesianos Nº Poços

Superficiais Nº Fontes Nº Rede Nº Rio

2008 1 7 4 0 7

2009 8 7 4 0 5

2010 3 2 3 0 0

2011 (até abril) 4 3 1 0 0

Total 2008 - 2011 (até abril)

16 19 12 0 12

% de amostras contaminadas por coliformes fecais

Ano Nº Poços

Artesianos Nº Poços

Superficiais Nº Fontes Nº Rede Nº Rio

2008 1,1 63,6 57,1 0,0 100,0 2009 7,9 36,8 80,0 0,0 100,0 2010 5,1 33,3 100,0 0,0 ***

2011 (até abril) 8,1 75,0 100,0 0,0 ***

Total 2008 - 2011 (até abril)

5,3 47,5 75,0 0,0 100,0

Fonte: Vigilância Sanitária.

MONITORAMENTO DAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS LOCAIS: realizado desde 1979 através da Estação Meteorológica do Centro de Pesquisas para a Agricultura Familiar – Cepaf, da Epagri de Chapecó.

ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE CHAPECÓ, SC. Latitude 27.07’ Longitude 52,37’ Altitude 679 metros.

INÍCIO DE OPERAÇÃO: 01/01/1969 (CHUVA) – 01/07/1973 (PARA AS DEMAIS VARIÁVEIS)

ATUALIZAÇÃO DESTE RELATÓRIO: 28/02/2009 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DADOS METEOROLÓGICOS NORMAIS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- MESES TEMP. TEMP. TEMP. MEDIA MEDIA PREC. PREC.MX DIAS DE UMIDADE EVAPOR. EVAPOR. MEDIA Mx Abs Mn Abs TEMP Mx TEMP Mn TOTAL em 24h CHUVA RELAT TOTAL Tanque A 'C 'C 'C 'C 'C) (mm) (mm) (No.) (%) Piche (mm) (mm) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- JAN. 23.3 35.5 9.8 28.5 19.2 188.1 48.6 12.9 71.9 110.8 185.8 FEV. 22.9 35.6 8.8 28.0 19.0 182.6 51.4 12.2 74.8 84.2 143.1 MAR. 22.0 37.8 6.2 27.4 18.1 127.5 40.5 10.3 74.5 89.4 139.0 ABR. 19.1 32.3 2.0 24.3 15.4 163.6 58.4 9.5 75.7 76.7 108.6 MAI. 15.7 30.8 -.6 20.8 12.2 172.6 61.0 9.6 77.7 68.1 82.2 JUN. 14.5 28.0 -2.8 19.3 11.0 171.1 50.2 9.6 77.5 71.2 74.3 JUL. 14.4 28.9 -4.5 19.4 10.9 153.1 55.7 9.8 73.2 88.9 88.1 AGO. 16.1 33.0 -4.0 21.3 12.2 141.2 42.8 8.9 70.4 107.5 110.8 SET. 16.9 33.9 -1.0 22.1 12.9 173.7 49.8 10.7 70.3 102.6 119.1 OUT. 19.5 34.6 3.2 24.8 15.3 218.1 64.6 11.9 71.3 108.2 141.4 NOV. 21.1 37.2 6.0 26.5 16.7 168.0 49.7 10.6 68.2 113.3 178.3 DEZ. 22.8 37.0 9.0 27.9 18.4 167.3 51.8 11.1 69.4 118.1 191.9

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---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ANOS OBS. 35 35 35 35 35 40 35 34 35 33 18 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- OBS.: AS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS ABSOLUTAS APRESENTAM, RESPECTIVAMENTE, VALORES

EXTREMOS, ISTO É, OS MAIORES E OS MENORES VALORES REGISTRADOS EM CADA MÊS DO ANO DURANTE TODA A HISTÓRIA DA ESTAÇÃO.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- MESES NEBULOS. INSOL. RAD.SOLAR PRESSAO VELOC VELOC. DIRECAO DOS VENTOS GEADAS HORAS GLOBAL ATMOSF. DO VENTO DO VENTO 1a. 2a. DE FRIO (0/10) (horas) (cal/cm2) (mb) (m/s) (km/h) (dias) ( <7.2'C) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- JAN. 5.7 225.3 406.6 911.6 1.4 5.04 SE NE 0 0 FEV. 5.6 197.8 384.3 913.3 1.4 5.04 SE NE 0 0 MAR. 5.1 217.8 329.5 911.4 1.3 4.68 SE NE .1 .4 ABR. 5.1 189.9 226.3 912.9 1.4 5.04 NE SE .2 6.8 MAI. 4.9 180.2 173.3 914.9 1.4 5.04 NE SE 1.3 38.4 JUN. 5.3 153.8 148.7 915.8 1.7 6.12 NE N 2.6 81.4 JUL. 4.8 175.8 170.5 915.1 1.9 6.84 NE E 2.7 99.7 AGO. 4.9 177.5 206.7 914.2 1.8 6.48 NE SE 1.2 59.3 SET. 5.3 165.4 260.7 913.3 1.8 6.48 SE NE .6 30.3 OUT. 5.6 195.4 351.4 911.0 1.7 6.12 SE NE 0 2.7 NOV. 5.1 225.4 411.6 908.1 1.6 5.76 SE NE 0 .4 DEZ. 5.3 231.2 414.8 917.0 1.5 5.4 SE NW 0 0 ANOS OBS. 35 35 25 35 28 28 37 37 34 26

NOTA: EM 16/03/2009, AS OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS DIÁRIAS FORAM SUSPENSAS POR ORDENS SUPERIORES.

Fonte: Epagri/CIRAM, 2011.

POTENCIAL POLUIDOR DOS DEJETOS DE SUÍNOS. O potencial poluidor dos dejetos de suínos pode ser calculado a partir do rebanho de suínos do município (número de cabeças de suínos x volume de dejetos por cabeça x potencial poluidor de cada cabeça). (informações serão anexadas)

INDICE DE EROSIVIDADE DAS CHUVAS. Índice que representa o potencial que as chuvas locais têm para causar erosão do solo durante os 12 meses do ano, a partir da relação entre o total da precipitação anual e os respectivos totais mensais de precipitação. (informações serão anexadas)

POTENCIAL DE PERDAS DE SOLO. Estudo realizado pela Epagri mostrou o potencial de perdas de solo em função da cobertura do solo. (informações serão anexadas)

INDICE DE RECICLAGEM DE MATERIAIS. A partir de informações obtidas junto ao Programa Verde Vida. (informações serão anexadas)

4. PRINCIPAIS FRAGILIDADES

A principal fragilidade está na configuração da sociedade que está mais para disputas do que para o consenso. Sendo que a disputa ocorre mais por interesse econômico.

A cultura da população de que o ambiente é um recurso infinito, e uma relação produtivista e consumista;

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Má gestão ambiental. Quando se discute desenvolvimento, o meio ambiente é visto como algo que só atrapalha. Ex.: quando se constrói uma empresa;

Falta de visão dos políticos. Os políticos, eleitos por nós todos, são incompetentes para lidar com a questão; Ao mesmo tempo em que falta a percepção dos diferentes segmentos do poder público com o tema;

Profissionais da área ambiental desqualificados. Em artigos publicados ainda há muita cópia de documentos e pouca criação;

Concepções individualistas. Ainda partimos da visão cartesiana ao interpretar como separados e acima da natureza. Fritjof Capra em O Ponto de Mutação indica como invertemos o sentido da palavra privada, que deriva do termo latino privare. Assim é que: o que é meu é meu e eu cuido; o que é teu é teu e tu cuida; o que é de todos é de ninguém e ninguém cuida. Só que o “ninguém” morreu faz tempo. E a água está suja e escorre rápido; a chuva está mais intensa; e a erosão… e os tornados… e nós chamamos tudo isso de ‘catástrofes naturais’. Estas últimas são de ‘alguém’!

Discurso/Linguagem confusa: Poucas coisas são menos sustentáveis que o discurso do sustentável. Linguagem confusa decorre, entre outros motivos, de pouco saber, de fraqueza de vontade e de manifestação de interesses legitimados (não legítimos). É mais fácil entender um cachorro que com poucos sons deixa clara sua mensagem;

Visão segmentada (profissionalismo): As ações humanas atuais são orientadas por um paradigma que está na raiz do problema que se quer superar. Um encaminhamento adequado da solução ambiental requer mais humanos profissionais do que profissionais humanos para termos uma compreensão plena das questões;

Desrespeito à legislação ambiental, partindo muitas vezes dos poderes públicos, cuja conivência com as infrações tornam-se inertes ou omissos diante da realidade, com pouco pessoal e condições de trabalho;

Criação de leis municipais não adequadas ao uso do solo e a proteção dos recursos hídricos em obras e ocupações urbanas, visando atender interesses específicos negociados desconsiderando os interesses da coletividade via planejamento municipal sustentável. (Ex.: Aterramento, terraplanagens, obras rodoviárias, loteamentos);

Sistema de abastecimento de água centralizado gerando insegurança e risco de desabastecimento. Como sugestão a implantação de um sistema alternativo e descentralizado, em captação, tratamento e armazenamento.

A inexistência de um plano de arborização urbana e de legislação específica para regulamentar as ações públicas e privadas em nível de Município e por consequência a falta de um gestor com a devida competência.

A estrutura precária e ineficiência do processo produtivo atual do Horto Municipal, bem como a inexistência de equipe específica e falta de equipamentos

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5. PRINCIPAIS POTENCIALIDADES

O grande número de instituições de ensino e pesquisa voltados para a questão ambiental, como a Unochapecó, a Epagri e agora a UFFS e a formação de novos profissionais, o crescimento em pesquisas e novos projetos ambientais envolvendo órgãos públicos e empresas;

Riqueza dos recursos naturais ainda existentes na região, como muitas cachoeiras ainda não encobertas ou utilizadas pelas PCHs e vegetação nativa;

Vontade: Quem vai mais longe? Quem tem vontade ou quem tem conhecimento? Ou, dito de outra forma: De que vale o conhecimento se não tenho vontade? O Projeto Chapecó 2030 é um indicativo de vontade.

Existência de mananciais alternativos para suprimento da cidade e de outros usuários, com poucos entes envolvidos (três municípios), o que é muito diferente de grandes regiões metropolitanas, com possibilidade de fácil solução sem grandes investimentos como se pretende.

Aumento da consciência da sociedade sobre a necessidade de que iniciativas devem ser tomadas para a preservação ambiental.

6. ÁREAS RELACIONADAS E INTERDEPENDENTES (PERSPECTIVA SISTÊMICA)

O meio ambiente é a área que mais se relaciona com todas as demais áreas do planejamento. Além disso, se considerarmos a partir da teoria dos sistemas abertos entendemos que o corpo é dependente de fluxo constante de matéria/energia, cuja derivação é congruente com o meio no qual opera. Se não há uma interrelação do corpo com o sistema ele tende a desintegração. Se o sistema é a sociedade vive-se um mau ambiente naquele meio, se for uma pessoa diz-se que ele morreu.

1. Com a agricultura, num aspecto positivo, a primeira relação está com a cobertura vegetal nativa que possui grande importância nos processos ecossistêmicos, como ciclo da água e na clivagem de nutrientes que contribuem na manutenção da produtividade agrícola, considerando que cerca de 70% de toda a água captada atualmente dos mananciais é utilizada para uso agropecuário. Para reduzir o impacto ao meio ambiente tem crescido significativamente a agricultura agroecológica através dos pequenos agricultores sem a utilização de agrotóxicos, técnicas conservacionista, diversificação produtiva e com respeito a biodiversidade.

Mas, num aspecto negativo do seu processo de produção tradicional tem uma relação direta devido à poluição do solo e da água por dejetos dos animais, defensivos agrícolas e na erosão do solo. E em muitos casos isso também ocorre no ambiente urbano. Mas, na agricultura temos uma questão que é torná-la viável economicamente o que passa por políticas públicas compensatórias que facilitem a adoção de medidas como ‘crédito de carbono’, o ‘pagamento por serviços ambientais’, a implantação de novas alternativas de cultivos, além de viabilizá-la para os agricultores de baixa renda – excluídos ou em fase de exclusão. Essas medidas, entre outras, podem contribuir para a diminuição da contaminação/poluição ambiental.

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2. Com a infraestrutura temos um agravante que está nos administradores municipais que não conseguem enxergar o meio físico natural como um fator importante a ser levado em consideração na hora de implantar um aglomerado humano. Têm dificuldade de considerar a necessidade de áreas verdes – para recreação e preservação ambiental – de fiscalizar intensivamente os projetos de implantação de loteamentos quanto ao saneamento ambiental, de preservar as áreas de várzeas e banhados como um elemento natural importante para o ciclo hidrológico e para a manutenção da vida de inúmeros seres que influenciam diretamente na vida do cidadão. É preciso banir de vez a regularização fundiária em áreas de preservação ambiental próximas a corpos d’água, em áreas alagadiças e encostas.

Nas áreas rurais é preciso considerar o desenvolvimento de uma infraestrutura com novas concepções ambientais, principalmente com relação as estradas rurais que são grandes produtoras enxurradas afetados córregos e nascentes e erosão do solo de lavouras e potreiros. Enquanto no transporte de carga a construção de ferrovia ligando o Oeste ao Litoral e ao Paraná terá grandes consequências ambientais para a região com a economia de consumo de combustíveis fósseis. Da mesma forma um bom transporte público coletivo e a construção de ciclovias urbanas incentiva os cidadãos a utilizar menos o veículo particular

O lixo urbano deve ser tratado com maior responsabilidade ambiental, mediante campanhas de redução do consumo irresponsável, enquanto o poder público deve impulsionar a sua separação e destiná-lo de forma correta.

3. Com a saúde. Somos responsáveis pelas condições de saúde ambiental onde vivemos, por consequência na geração de novos casos de doenças e diminuição dos índices de qualidade de vida. Os dados têm demonstrado que a água poluída é a principal causa de doenças que promovem 65% das internações hospitalares no Brasil. Segundo a FAO a cada U$ 1,00 investido em saneamento, reduz-se U$ 4,00 em despesas com saúde. Em Chapecó a grande maioria dose domicílios não possui rede coletora de esgoto. E sabe-se que os maiores problemas de saneamento ocorrem junto à população mais pobre da cidade que se agravam em períodos de maior intensidade das chuvas. É preciso considerar também que um bom ambiente urbano contribui para a qualidade da saúde física e mental da população, como uma boa arborização e vias com segurança ao trânsito de pedestres e de veículos.

4. Com educação a medida que ela pode gerar mudanças de hábitos novas atitudes cotidianas para superarmos aquelas condicionadas pelo espírito desbravador, do conquistador, do desenvolvimento a qualquer custo das gerações anteriores. Além disso, costuma-se dizer que é necessário educar os jovens para cuidar do futuro, quando na verdade as gerações futuras colherão as conseqüências do que ainda estamos fazendo de errado no presente. Portanto, a educação deve ser focada naqueles que freqüentam os bancos escolares (da pré-escola à universidade), mas não podemos esquecer o cidadão comum, que é a grande maioria. Orientar para a reciclagem é importante, mas é preciso criar novos hábitos de consumo que afetam a geração de lixo também! Assim como novos hábitos para o consumo racional da água urbana e a consciência coletiva para preservarmos os nossos mananciais das águas superficiais, como o lageado São José. É necessário formar educadores ambientais com magistério capazes de implantar e desenvolver ações educativas via projetos junto à comunidade escolar e à comunidade em geral, ampliando o entendimento sobre educação que vai além dos bancos escolares.

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5. Com a economia pode-se pensar muitas ações corretivas e preventivas gerando forte impacto na economia local e regional baseada fundamentalmente na agricultura e agroindustrialização. Uma região produtora de alimentos, mas que não tem uma marca vinculada a sustentabilidade ambiental o que poderia ser um grande agregador de valor. As agroindústrias que são grandes consumidoras de água deveriam se envolver mais nesse debate de preservação e consolidação de uma maior consciência ambiental, como política de responsabilidade social e ambiental.

É preciso considerar também que a prevenção ou controle de fontes poluentes podem evitar gastos com o tratamento de água, do solo e com tratamentos de saúde, assim como o tratamento adequado do lixo gera postos de trabalho e um negócio para empresários e cooperativas. Da mesma forma o material orgânico em aterros sanitários e os dejetos suínos em esterqueiras são fontes para gerar energia a partir do gás metano possibilitando a comercialização de créditos de carbono. Outras fontes alternativas de energia tendem a crescer como a solar e a geração de tecnologias de células eletro-voltaicas que tem sido encaminhado pelo projeto sustentar. Visto que o ritmo de desenvolvimento da economia é superior à capacidade de produção de energia tradicionais, por isso a superação da deficiência tem sido as fontes alternativas.

6. Com esporte e lazer. A destinação espacial na área urbana de áreas verdes possibilita o acesso da população a momentos de lazer em um ambiente natural conciliado à vivência urbana, da mesma forma a construção de piscinas termais públicas para lazer e espaços seguros em lagos (barragens) e rios.

7. Com gestão pública nos leva a projetar a necessidade de políticas definitivas para garantirmos um sistema de abastecimento público de água como obrigação dos gestores públicos, pouco preocupados com a gestão da água como um direito da população. Cabe ao poder público municipal estabelecer e liderar qualquer processo de gestão dos recursos hídricos, suplementares ao Estado e à União. Sem uma política pública efetiva e transparente continuaremos a ter dificuldades no abastecimento urbano.

Outro ponto da gestão pública é a implantação de uma política para a arborização urbana que tem relação direta com o bem estar da sociedade envolvendo as áreas do meio ambiente, da saúde, da cultura e da educação, tanto na implantação como no cuidado. O que acompanhamos todos os anos é a utilização de podas drásticas de árvores em passeios públicos com o apoio e a cumplicidade do poder público que publica até calendários de coleta de galhos, sem nenhuma atuação na orientação e no cuidado com a arborização urbana.

PROPOSIÇÕES

1. CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO

1 – Deve estar integrado as questões econômicas com o social e com o ambiental Cada uma dessas áreas deve ter o mesmo olhar o que não acontece atualmente. Supervalorizam-se as questões econômicas em detrimento das questões sociais e ambientais por isso surgem as desigualdades e as diferentes formas de poluição.

Um dos maiores conflitos está entre o direito individual quando ao buscar seus interesses legítimos se sobrepõe ao direito da coletividade, tese baseada no liberalismo

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clássico que coloca o indivíduo como centro absoluto das relações. O grande desafio é reconhecer o direito da coletividade de delimitar o interesse individual, baseado em valores e fundamentos como liberdade e igualdade individuais e coletivas, visando o bem estar coletivo, visto que a convivência social e comunitária só é segura e sustentável quando se busca a qualidade de vida do conjunto da sociedade e da sua interrelação com o ambiente.

Em termos conceituais o desenvolvimento no aspecto ambiental mais utilizado é aquele da WCED, de 1972: “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”, possuindo como princípios ser ambientalmente equilibrado, economicamente viável e socialmente justo. A questão é sabermos até que ponto o sistema econômico, ainda extremamente predatório das potencialidades naturais e humanas, tem condições de absorver novos pressupostos e reduzir gradativamente a sua voracidade, ao mesmo tempo verificarmos até que ponto a população de um modo geral está consciente e disposta a mudar seus costumes, seus hábitos de consumo e de relação com a natureza1.

Para uma análise mais profunda sobre sustentabilidade ambiental, é possível afirma que não há desenvolvimento nos atuais limites produtivistas cartesianos porque nossos recursos são finitos, embora a tese majoritária afirme que é possível utilizar estes recursos de forma sustentável, mesmo não sendo renováveis. Além disso, nossas relações de trabalho e produção são fortemente produtoras de doenças ocupacionais e de stress que nos colocam em constante ameaça a nossa qualidade de vida, mesmo diante de tanta tecnologia e condições econômicas que ao invés de nos propiciarem bem estar e felicidade nos impulsionam, pela lógica da insegurança de perdas futuras, a busca por mais trabalho e a mais acumulação. Há quem afirme que o respeito à dignidade humana, com prioridade à qualidade de vida, é uma condição de sustentabilidade e que a riqueza produzida deve ser mais bem compartilhada para que possamos efetivamente trilhar o caminho do desenvolvimento e frearmos a cobiça do crescimento econômico por si só. Mas, o que é realmente importante para nós? Até que ponto as pessoas estão conscientes do que realmente querem? E o sistema econômico suportaria uma guinada ambiental tão desafiadora assim?

2. PERSPECTIVAS INOVADORAS

2.1. Melhorar e ampliar o transporte coletivo urbano tendo como preferência o pedestre, a acessibilidade e a implantação de ciclovias. Os automóveis fortalecem o transporte individual de forma excessiva e a cidade não está e não estará preparada para isso e no ritmo de consumo que estamos seguindo a tendência é a precarização cada vem maior das condições do trânsito – engarrafamentos, acidentes, poluição sonora e do ar, afetando toda a coletividade.

2.2. Mapear e definir um processo de conservação das matas nativas existentes, vinculadas as matas ciliares e consórcios de culturas orgânicas como erva-mate,

1 Em pesquisa nacional realizada pelo Instituto Datafolha em abril de 2009, para a ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, apurou que mais de 93% dos 2055 entrevistados em todas as regiões do Brasil é favorável a “parar o desmatamento para evitar os custos ambientais, como mudanças climáticas, desmoronamentos, alagamentos, etc.” Estaria surgindo na população uma maior consciência ambiental ou é apenas uma resposta de solidariedade e compaixão?

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palmito, fruticultura e outros numa perspectiva de corredores ecológicos, biodiversidade e ecoturismo. Existem algumas localidades do município que têm esse potencial, mas para isso é preciso desenvolver um projeto de pesquisa, envolver as comunidades e famílias e estimulá-las à inovação produtiva sustentável, incorporando compensações ambientais. Um exemplo com grandes resultados práticos, ambientais, sociais e econômicos é o projeto cultivando água boa no extremo Oeste do Paraná na bacia de afluentes da Hidrelétrica da Itaipu Binacional. (http://www.cultivandoaguaboa.com.br/)

2.3. Ampliar e consolidar o uso de energia limpa através dos resíduos agroindustriais e de dejetos animais, como já vem acontecendo em algumas agroindústrias. Um bom exemplo de energia limpa ou alternativa está sendo desenvolvido pelo Projeto Alto Uruguai, que tem a participação da Unochapecó, e tem incentivado a instalação de biodigestores em granjas de suínos, e investido na instalação de painéis solares (http://www.projetoaltouruguai.com.br/). Outra iniciativa é o projeto Sustentar criado em 2008 com apoio da ALESC e que já possui ações conjuntas com o município de Moura – Portugal (http://www.alesc.sc.gov.br/portal/alnoticias/pdf/ed294.pdf) e visa desenvolver novas tecnologias com a participação de empresas, universidades e instituições de pesquisa.

2.4. Desenvolver estudos para produção de energia a partir do lixo orgânico coletado na zona urbana como já ocorre em inúmeros países e em vários municípios brasileiros, assim como ampliar, mediante prazos e metas, para a coleta seletiva de material para usinas de reciclagem, gerando emprego e renda, como já vem sendo discutido pelo Fórum.

2.5. Quanto ao Abastecimento de Água propõem-se: 2.5.1. Desenvolver um projeto de preservação e ampliação de armazenamento de água do manancial do Lajeado São José, com possibilidade de estender à bacia do Rio Tigre. Agregar à proteção projetos de ecoturismo, lazer, eventos ecológicos, atividades não poluidoras e agressoras ao ambiente, como forma de compensação ambiental aos proprietários das áreas. Sugestões nesse sentido já foram apresentadas no Fórum da Agricultura.

2.5.2. Considerar todos os cursos superficiais de água do município como potenciais mananciais para abastecimento público ou industrial. Chapecó tem água e potencial suficiente para abastecer toda a área urbana e por décadas, sem a necessidade de buscá-la no Rio Chapecó como está projetado. Pois além do alto custo para nós consumidores abre espaço para a destruição dos mananciais locais dela desculpa da sua não utilização.

2.5.3. Somado a estas ações, é preciso implantar políticas para incentivar ou condicionar o reuso e captação de águas pluviais para usos menos exigentes.

2.5.4. Descentralizar o Sistema de Abastecimento de Água (SAA) setorizando a cidade com captação, tratamento e distribuição independentes e interligados em situações emergenciais e que propicia mais segurança em eventuais interrupções.

2.5.5. Desenvolver campanhas de conscientização sobre a importância da proteção da nossa água e de nossos mananciais que a população, acreditamos, sabe que precisam de cuidados, mas, talvez não saiba como, e assim tornar Chapecó uma referência ambiental

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somado a referência em produção de alimentos e agregar valor na nossa produção, melhorando a qualidade de vida e ambiental, como desfruta a cidade de Curitiba.

2.6. Editar uma legislação municipal sobre arborização urbana – disciplinar a criação, implantação e gerenciamento da arborização, além de previsão física e de pessoal para a concretização do marco legal. Em municípios que possuem um código ambiental ou uma legislação específica, podemos observar uma melhora significativa na qualidade do verde urbano, como ocorre em Curitiba, São Paulo, Londrina, Maringá, pois a legislação contempla um planejamento, cadastramento e monitoramento da arborização urbana. Elaboração de um Plano de arborização urbana, evitando problemas futuros como árvores impróprias em locais inadequados. Porto Alegre tem um excelente trabalho sobre o tema;

2.7. Incentivar a produção de produtos orgânicos e ecológicos transformando a região numa referência nacional também nessa produção, assim como, divulgar com ênfase os produtos já produzidos com certificação nossa região, como ocorre com os do selo “SABOR COLONIAL”. Proposição semelhante a essa já foi apresentada no Fórum da Agricultura.

2.8. Remoção das famílias próximas dos córregos na cidade com implantação de mata ciliar e construção de ciclovias com local para caminhadas.

3. Propostas de projetos para as áreas e, propostas de projetos sistêmicos, com indicação dos benefícios e impactos decorrentes da sua implantação.

3.1. Corredores com conservação agroflorestais Com interface com a economia, agronomia, engenharia florestal, agroindústrias, mercado, engenharia de alimentos, etc

3.2. Implantar a AGENDA 21 Municipal; AGENDA 21 de cada bairro; AGENDA 21 escolar. Trata-se da construção participativa de como a comunidade municipal, do bairro e a comunidade escolar enxerga o ambiente no qual vive e propõe alternativas para a sua conservação e/ou recuperação de modo a mantê-lo sustentável ao longo do tempo.

3.3. Como consequência da AGENDA 21, aperfeiçoar a Lei Orgânica Municipal no que se refere ao tema ambiental e legislações derivadas;

3.4. Projeto para instalação de um novo aterra sanitário ligado à construção de uma usina de geração de energia alternativa/limpa, mas vinculado a coleta seletiva.

3.4. Discutir e implantar o Projeto ‘CHAPECÓ DO FUTURO’ no qual se definirá o tamanho de Chapecó em 2050; que qualidade de vida devemos ter, com metas e análises cada década, priorizando a qualidade de vida em detrimento do puro crescimento econômico que beneficia a poucos em prejuízo de muitos como conta nossa história;

3.5. Remunerar mediante serviços ambientais as áreas de floresta destinadas a preservação da Água, nascentes e reservas, mediante projeto de conscientização da população;

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3.6. Desenvolver projeto de certificação de produção ambientalmente corretas em diferentes atividades, englobando a montante e a jusante das áreas de captação d’água, tanto rurais como urbanas.

3.7. Projeto de melhoria do ambiente urbano com arborização de vias, proteção e revitalização de áreas verdes, implantação de parque público municipal, horto botânico e viveiro municipal abertos à visitação, corredores ecológicos, revitalização das matas ciliares, preservação das matas nativas em bacias hidrográficas com implementação de produção ambientalmente correta e estímulo ao ecoturismo, propiciando renda às famílias.

3.8. Estabelecer prazo para conclusão da rede de tratamento de esgoto doméstico e monitorar os indicadores de doenças oriundas do uso da água, e do nível de poluição dos rios que atualmente recebem os dejetos urbanos.

3.8. Reordenar a ocupação territorial – adequando o Plano Diretor Municipal quanto à expansão urbana do município respeitando as áreas ambientalmente sensíveis, como remanescentes florestais preservados e áreas de preservação permanentes. Ainda, criar mecanismos executivos de controle da ocupação territorial.

3.9. Implantar um projeto de construção de ciclovias em toda a cidade para utilização para o trabalho, escola e lazer, de forma a possibilitar a redução dos efeitos do uso intensivo de veículos automotores.

4.0. Estudar a ampliação e implantação do Projeto de descentralização do SAA, assim como estudar a disponibilidade hídrica (superficial e subterrânea) no município e seu entorno, identificando mananciais viáveis técnica e economicamente, com implantação de um sistema de monitoramento e gerenciamento de recursos hídricos via comitê de bacias.

4.1. Inovar na legislação específica para proteção de mananciais fundamentadas técnica e cientificamente, mediante medidas mitigadoras e compensatórias para obras e serviços com impacto sobre recursos hídricos.

4.2. Criar Plano Diretor microregional de desenvolvimento territorial através dos instrumentos de região metropolitana.

4. ORDEM DE PR IORIDADE DOS PROJET OS

A ordem de prioridade poderá ser estabelecida pelo Fórum no próximo dia 09/06/2011.

Projeto de recuperação dos recursos hídricos com recomposição da vegetação ciliar, proteção das nascentes, não poluição;

Destino e manejo dos recursos sólidos;

Projeto de ordenamento da ocupação territorial;

Projeto de tratamento de esgoto doméstico;

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Projeto de lei sobre arborização urbana

Projeto de construção de ciclovias

Implantação de lei sobre o tema Arborização Urbana;

Sistematizar um inventário na área ambiental

Reconstituição das florestas nas áreas de APP

5. DEFINIÇÃO DE INDICADORES QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS PARA ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO DAS ÁREAS:

- Vazão dos rios e qualidade da água

- Doenças provocadas por questões de saneamento;

- Quantidade de ‘lixo’/dia que vai para o aterro e percentual do material reciclável e famílias participantes;

- Amenidade microclimática

- Aumento de áreas verdes (lazer, preservação) e árvores por habitantes tendo como meta o IAVP de 12 m² de área verde por habitante;

- Quantidade de chaminés e distância dos primeiros moradores

- Valor do transporte urbano e percentual de pessoas utilizando os diferentes meios de transporte (carro, ônibus, moto, bicicleta, etc);

- Espécies de vegetais e de animais (flora e fauna) urbana e rural;

- Consumo de energia das diferentes fontes;

- Disponibilizar o mapeamento da cidade e acompanhar a evolução dos espaços urbanos.