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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL COMO UM SISTEMA DE PARCERIAS COM FORNECEDORES PODE CONTRIBUIR EM EMPRESAS CONSTRUTORAS: UM ESTUDO DE CASO ANDRESSA BERTOCHI BLUMENAU 2014

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

COMO UM SISTEMA DE PARCERIAS COM FORNECEDORES PODE

CONTRIBUIR EM EMPRESAS CONSTRUTORAS: UM ESTUDO DE CASO

ANDRESSA BERTOCHI

BLUMENAU

2014

2

ANDRESSA BERTOCHI

COMO UM SISTEMA DE PARCERIAS COM FORNECEDORES PODE

CONTRIBUIR EM EMPRESAS CONSTRUTORAS: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil do Centro de

Ciências Tecnológicas da Universidade

Regional de Blumenau, como requisito

parcial para a obtenção do grau de Bacharel

em Engenharia Civil.

Prof. Dr. Helio Flavio Vieira - Orientador

BLUMENAU

2014

3

COMO UM SISTEMA DE PARCERIAS COM FORNECEDORES PODE

CONTRIBUIR EM EMPRESAS CONSTRUTORAS: UM ESTUDO DE CASO

Por

ANDRESSA BERTOCHI

Trabalho de conclusão de curso aprovado

para obtenção do grau de Bacharel em

Engenharia Civil pela Banca examinadora

formada por:

_________________________________________________

Presidente: Prof. Dr. Helio Flavio Vieira, Orientador, FURB

_________________________________________________

Membro: Prof. Me. Édimo Cezar Rudolf, FURB

_________________________________________________

Membro: Prof. Esp. Nilton Speranzini, FURB

Blumenau, 15 de Dezembro de 2014

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e permitido que tudo

isso acontecesse.

Tenho de expressar todo meu carinho e admiração pelos meus pais, Adriane e

Lauri, por desde sempre serem o exemplo ideal para mim, por terem sido os principais

impulsionadores desta fase da vida em que me encontro, apesar da distância, por serem

meu apoio em todos os momentos difíceis da caminhada me dando força e coragem para

continuar. Sem vocês, nada disso seria possível. Por isso, à vocês meu maior

agradecimento.

Ao meu irmão, por sempre ter se preocupado com minha saúde, mesmo longe

sempre me apoiou e confiou no meu potencial, muito obrigada. Agradeço a toda a minha

família por sempre entenderem minhas ausências em vários momentos especiais das suas

vidas.

Agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Helio Flavio Vieira, por, em

todos os momentos, ter demonstrado toda sua competência pedagógica ao longo do curso.

Obrigada pela paciência e sabedoria dedicadas a este trabalho, somente com a sua enorme

contribuição foi possível obter êxito para minha formação.

Agradeço a empresa Speranzini que oportunizou a realização desta pesquisa.

Aos membros da banca e a todos os professores do Curso de Engenharia Civil,

que contribuíram de forma significativa para meu crescimento pessoal e profissional.

Agradeço de forma geral a todos meus colegas da graduação. Aos meus amigos

Becker, Cris, Veri, Jojo, Jandeco, por estarem sempre presentes nos momentos de estudos

e de confraternização, com certeza serão amigos pra vida toda. Um agradecimento

especial pra minha amiga Juliana, que desde os primeiros anos sempre foi minha dupla

nos trabalhos, obrigada por compartilhar dificuldades, inseguranças e alegrias no decorrer

destes anos. Chegamos ao final com a certeza do dever cumprido.

Um muito obrigada às minhas amigas Ana Paula e Karina, pelos conselhos e

apoio, pois mesmo longe, sempre se mostraram presentes nos momentos mais difíceis

desta caminhada.

Agradeço ao meu namorado, Matheus, por estar comigo em momentos difíceis

e nos momentos felizes. Obrigada por estar sempre perto e me aturar nesta fase final.

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho e formação acadêmica.

5

RESUMO

O ambiente altamente competitivo no setor da construção civil exige que as empresas

busquem diferenciais e vantagens que a destaquem entre seus concorrentes. Uma

estratégia que pode contribuir muito com este aspecto é o sistema de parcerias com seus

fornecedores. Essa estratégia pode contribuir na redução de estoques, de perdas, de

descontinuidades produtivas, do preço pago pelos materiais e etc. Dentro desse contexto,

o presente trabalho tem o propósito de demonstrar a importância para uma empresa

construtora em manter parcerias com seus fornecedores evidenciando o ciclo de aquisição

de materiais, para que se possa atingir um aumento da produtividade, custo-benefício e

agilidade das atividades construtivas. As análises foram feitas através de pesquisas

bibliográficas em livros e do método de estudo de caso. Através do método de estudo de

caso, os materiais escolhidos para a análise de aquisição foram o bloco cerâmico, piso

cerâmico e o concreto usinado, estes escolhidos por serem utilizados em grande escala na

construção civil. A empresa analisada é uma empresa construtora de médio porte,

localizada na cidade de Blumenau. As análises permitiram apresentar diretrizes que

auxiliam na gestão do ciclo de aquisição de materiais e a importância do sistema de

parcerias. Os resultados obtidos através da implantação do sistema de parcerias

demonstrou que quando a parceria é concretizada, ambos envolvidos se beneficiam de

diferentes maneiras, a empresa se torna competitiva no mercado e o fornecedor torna-se

conhecido demonstrando confiança e qualidade de seus produtos e serviços.

Palavras-chave: Parceria. Competitividade. Construção Civil. Logística.

6

ABSTRACT

The highly competitive environment in the construction industry requires companies to

seek differences and advantages that stand out among its competitors. One strategy that

can contribute much to this aspect is the system of partnerships with suppliers. This

strategy can contribute to the reduction of inventories, loss of productive discontinuities,

the price paid for the materials and etc. In this context, this paper aims to demonstrate the

importance for a construction company in maintaining partnerships with suppliers

showing the cycle of procurement of materials, so that we can achieve an increase in

productivity, cost-effectiveness and agility of constructive activities. The analyzes were

made through library research in books and the case study method. Through the case

study method, the materials chosen for the analysis of acquisition were the ceramic block,

ceramic floor and ready-mix concrete, these chosen for use in large-scale construction.

The company analyzed is a midsize construction company, located in the city of

Blumenau. The analysis allows to present guidelines that assist in materials procurement

cycle management and the importance of the partnership system. Results from the

partnership system implementation has shown that when the partnership is implemented,

both involved benefit in different ways, the company becomes competitive in the market

and the supplier becomes known demonstrating reliability and quality of its products and

services.

Keywords: Partnership. Competitiveness. Construction. Logistics.

7

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Integração da cadeia Logísica ........................................................................ 24

Figura 2 - Confiabilidade ................................................................................................ 26

Figura 3 - Ciclo do relacionamento ECR ....................................................................... 31

8

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Funções básicas do setor de suprimentos ..................................................... 20

Quadro 2- Comparação entre a compra convencional e a coprodução .......................... 28

Quadro 3 - Benefícios e riscos na formação de parcerias............................................... 29

Quadro 4 – Tijolos comuns e sua resistência à compressão ........................................... 35

Quadro 5 – Blocos cerâmicos e sua resistência à compressão ....................................... 36

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................. 14

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA ..................................................................................... 14

1.3.1 Geral .................................................................................................................... 15

1.3.2 Específicos ........................................................................................................... 15

1.4 PRESSUPOSTOS ..................................................................................................... 15

1.5 JUSTIFICATIVA PARA O TEMA ......................................................................... 15

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 16

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 18

2.1 LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS .......................................................................... 19

2.2 FORMAS DE COMPRAS DE MATERIAIS USUALMENTE UTILIZADAS ..... 21

2.3 GESTÃO DE COMPRAS ........................................................................................ 22

2.4 SISTEMA DE PARCERIA ...................................................................................... 24

2.5 COMO É CARACTERIZADO E FORMALIZADO UM SISTEMA DE

PARCERIA .............................................................................................................. 25

2.6 INTEGRAÇÃO ENTRE FORNECEDOR E EMPRESA ........................................ 26

2.7 CONTRIBUIÇÕES QUE UM SISTEMA DE PARCERIA PODE OFERECER

PARA AS EMPRESAS ............................................................................................ 28

2.8 RESPOSTA EFICIENTE AO CONSUMIDOR (ECR) ........................................... 30

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................... 32

3.1 PROCEDIMENTOS ................................................................................................. 33

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 34

4.1 A EMPRESA ANALISADA .................................................................................... 34

4.2 MATERIAIS ANALISADOS .................................................................................. 34

10

4.3 COLETA DE INFORMAÇÕES .............................................................................. 38

4.4 AQUISIÇÃO DOS INSUMOS ................................................................................ 38

4.2.1 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DE BLOCO CERÂMICO ........... 39

4.2.2 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DE CONCRETO USINADO ....... 39

4.2.3 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DO PISO CERÂMICO ................ 41

5. RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................................... 42

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 45

11

1. INTRODUÇÃO

A construção civil ainda utiliza métodos e processos do início do século XX,

estes métodos ainda terão algum lugar no mercado, mas certamente, o que irá prosperar

e crescer, serão empresas que buscam processos estruturados, focados na produtividade

e em resultados para todas as partes.

Em virtude da globalização o mercado consumidor também se modificou e, desta

forma, os consumidores mostram-se cada vez mais bem informados e exigentes na hora

de adquirir bens e serviços. Com esses fatores, as empresas são obrigadas a reformularem-

se para atender as exigências do mercado e oferecer aos clientes produtos e serviços com

menor preço e melhor qualidade.

A grande preocupação das empresas manufatureiras seriadas passou a ser a

racionalização de todas as atividades produtivas e a qualidade dos materiais e mão de

obra envolvidas, desde a aquisição da matéria-prima do fornecedor até o atendimento das

necessidades do cliente final. Esta preocupação fez aumentar de uma forma muito

acentuada a importância da logística. (VIEIRA, 2006, p. 12)

Uma das soluções encontradas para tal problema é o aprimoramento do conceito

de logística, pois ela atua nas áreas de suprimentos, estocagem, movimentação e

transporte. A logística visa à integração das áreas e processos da empresa a fim de obter

melhor desempenho entre seus concorrentes.

Através da logística, as empresas construtoras passam a deslocar o foco de suas

estratégias, principalmente para atividades produtivas. De acordo com Vieira (2006, p.

13) começam a aparecer processos de treinamentos e requalificação dos operários,

programas setoriais para melhoria da qualidade de produtos, criação de organismos

independentes de certificação de produtos e sistemas de gestão da qualidade no setor.

Aliado a isso, ainda segundo o autor, tecnologias operacionais começam cada vez mais a

fazer parte do sistema construtivo, contribuindo não só com a produtividade (custos),

como também com o nível de serviço oferecido.

A demanda construtiva vem aumentando muito ao longo dos últimos anos e, com

isso, muitos empreendimentos surgiram na área exigindo das empresas construtoras

maior agilidade, eficiência e constante procura por redução de custos.

Neste universo de crescentes exigências em termos de produtividade, é

necessária uma mudança no processo de gestão do setor construtivo, exigindo que as

empresas passem a introduzir novos procedimentos, métodos e processos. Essas

12

mudanças devem estar ligadas diretamente no pensamento estratégico e na visão

sistêmica do setor.

O sistema de parcerias entre empresas se torna um diferencial imprescindível

para obtenção do sucesso dentro do setor construtivo, tendo como objetivo sempre em

beneficiar o consumidor final. Este sistema pode contribuir significativamente para a

empresa atingir seus objetivos, quanto ao aumento do rendimento e da qualidade do

serviço, consequentemente, diminuindo os desperdícios e reduzindo despesas. Tal

situação gera uma maior confiabilidade entre os envolvidos.

A crescente busca por alta qualidade, baixo custo, rapidez e flexibilidade tem

sido observada no setor da construção civil, tais pressões apresentam repercussões no

estilo das funções organizacionais, desde os recursos humanos até o gerenciamento da

produção. Dentro desse contexto uma função organizacional que merece atenção especial

é a função de compras de materiais, pois é através dela que circulam grande parte dos

recursos financeiros da empresa.

Por meio de um planejamento quantitativo e qualitativo a função de compras de

materiais tem a responsabilidade de suprir as necessidades da empresa possibilitando

quantidades corretas, no momento certo e dentro das especificações desejadas. É

importante salientar que a função de compras está diretamente ligada à produção, isto é,

para haver uma melhoria das atividades que envolvem o processo de produção é

necessária uma melhoria da função de compras.

A influência da logística também se faz presente no controle e manutenção de

estoques e o Just In Time (JIT) é um ótimo sistema para tal situação. De acordo com

Ching (2008, p. 38), “o JIT visa atender a demanda instantaneamente, com qualidade e

sem desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o

fornecimento da quantidade necessária de componentes, no momento e em locais

corretos, utilizando o mínimo de recursos.”

Cada vez mais as empresas têm trabalhado com margens operacionais muito

baixas, devido aos consumidores estarem cada vez mais exigentes. Em consequência

disso, as empresas devem sempre ter como objetivo a melhoria constante do fluxo

produtivo. Surge então, a estratégia do sistema de parceria que é conhecida também como

Resposta Eficiente ao Consumidor – ECR (Efficient Consumer Response).

Com a concorrência cada vez mais forte e a presença de um consumidor cada

vez mais exigente, com preços referenciais que procuram alternativas, valorizar o

atendimento bem realizado e a prestação de um serviço com qualidade, tornou-se

13

explicitamente importante o desenvolvimento de uma estratégia que tivesse como

objetivo a eficiência da cadeia como um todo. O ECR, surgiu então na década de 90, com

o intuito de cumprir tais exigências (GHISI et al., 2001, p.5).

A filosofia do ECR visa uma maior integração das empresas, sendo que, é dada

importância à cadeia de abastecimento como um todo e não como a eficiência individual

das partes. Assim proporcionando a garantia de ressuprimento contínuo, sendo possível

reduzir o nível de estoques, os custos totais do sistema, disponibilizar produtos de melhor

qualidade por um preço inferior ao consumidor final.

“Para que se possa encaminhar uma maior eficiência, produtividade e nível de

serviço é necessário que a tecnologia de informação atue nos processos de

relacionamentos de todos os parceiros ou agentes dessa cadeia produtiva” (VIEIRA,

2006, p. 119). Ainda conforme o mesmo autor, partindo dessa premissa, surge a

necessidade de usar ferramentas de colaboração interativa, as quais estão inseridas na

iniciativa ECR.

A cadeia de distribuição com o ECR tem a mesma base conceitual da cadeia de

logística integrada, o supply chain. Ou seja, as duas estratégias envolvem todos os

integrantes da cadeia por meio de processos interligados e compartilhados, possuindo a

finalidade de agregar valor ao consumidor final.

De uma forma geral, o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain

Management – SCM), pode ser entendido como uma extensão da logística de suprimentos

acrescido de outras atividades de fundo mais gerenciais e estratégicos, como a questão

das parcerias e das alianças estratégicas (PIRES, 1995, p. 123). Assim, as empresas

passam a restabelecer as funções organizacionais e aproximam-se dos elos vizinhos da

cadeia de suprimentos (fornecedores e clientes), a fim de resolverem problemas de

qualidade dos materiais adquiridos, produtividade e fluxo de abastecimento.

De acordo com Serra e Branco Junior (2003, p. 8), a utilização do conceito de

cadeia de suprimentos muda o relacionamento empresa-fornecedor. Para os autores, o

foco não se limita somente no crescimento da eficiência interna da organização, mas sim

na inclusão e desenvolvimento das empresas fornecedoras como parceiras e na tentativa

de acrescentar valor em toda a cadeia de suprimentos.

Nesse cenário altamente competitivo e exigente, é vital que as empresas façam

parcerias com fornecedores, baseando-se na confiança mútua, estabelecendo relações

duradouras a fim de obter vantagem competitiva estratégica resultando em um melhor

desempenho do que seria possível individualmente. É justamente dentro deste contexto

14

que o trabalho teve seu foco, ou seja, avaliar a forma de aquisição dos materiais em uma

empresa de construção, demonstrando as vantagens de se efetuar um sistema de parcerias

com fornecedores.

Na construção civil, é visível que estes conceitos ainda são pouco assimilados e

comumente, verificam-se as falhas de comunicação entre os agentes envolvidos. As

informações circulam sem a velocidade necessária para evitar problemas em obras. A

complexibilidade das estratégias de planejamento pode influenciar significativamente as

decisões e formas de aquisições de suprimentos, principalmente materiais.

Devido à complexibilidade da análise da aquisição do insumo material de

construção, o presente trabalho pretende analisar a maneira de aquisição dos insumos

concreto usinado, blocos cerâmicos e cerâmicas de revestimento de uma empresa

construtora da cidade de Blumenau.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O novo cenário do setor da construção civil evidencia que as empresas deem um

enfoque para as atividades logísticas e estratégias operacionais, exigindo planejamento

estratégico, valorizando a integração de todos os departamentos da empresa e

estabelecendo parcerias com fornecedores. Porém, poucas empresas de construção

possuem sistemas eficazes de gerenciamento de suprimentos, embora os materiais

representem uma porcentagem significativa dos custos da construção.

Decorrente disto, deve ser reconhecido que as empresas de construção civil

precisam investir em melhorias no setor de gerenciamento de suprimentos,

principalmente na formação de parcerias, de forma a garantir que sua empresa atinja o

objetivo de produzir com qualidade e produtividade. O problema da pesquisa consiste em

encontrar um caminho que possa mostrar a contribuição que um sistema de parceria eficaz

e o gerenciamento da aquisição dos materiais pode trazer para a empresa.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

A questão de pesquisa que norteia esse assunto é a seguinte:

a) qual a contribuição em manter parcerias logísticas em empresas

construtoras com seus fornecedores?

15

1.3 OBJETIVOS

A seguir enunciam-se os objetivos geral e específicos de pesquisa.

1.3.1 Geral

Identificar a contribuição que um sistema de parcerias logísticas pode oferecer

uma empresa construtora e seus fornecedores.

1.3.2 Específicos

Buscar uma empresa construtora para análise

Avaliar sua forma de aquisição dos materiais.

Demonstrar através de pesquisas e comparações a importância do

sistema de parcerias como uma vantagem competitiva no mercado atual.

Analisar como e quanto as parcerias podem influenciar no aumento da

produtividade e qualidade do serviço.

1.4 PRESSUPOSTOS

Com base na revisão de literatura e resultados de pesquisa na área de logística e

suprimentos, um dos pressupostos é a ausência de implementação de estratégias

competitivas no setor da construção civil. Outro pressuposto deste trabalho é desenvolver

uma pesquisa sobre a aquisição de insumos da construção civil e qual a contribuição do

sistema de parcerias logísticas entre empresas construtoras e seus fornecedores,

evidenciando oferecer aos clientes produtos e serviços com menos preço e maior

qualidade, reduzindo custo e consequentemente aumentando a competitividade da

empresa.

1.5 JUSTIFICATIVA PARA O TEMA

Verifica-se nas empresas brasileiras que a prática das atividades logísticas e de

gestão de informação ainda é muito ausente, existindo ainda a existência de estruturas

16

departamentalizadas e com má comunicação interna. Dessa maneira, o enfoque das

atividades logísticas e de gestão de informação exige planejamento estratégico e trabalho

em equipe, valorizando a integração de todos os departamentos da empresa e

principalmente estabelecendo alianças com fornecedores.

No cenário atual de grande competitividade, é importante que as empresas

busquem diferencial que as tornem mais competitivas no mercado, por isso, uma das

principais razões para a execução dessa pesquisa é avaliar a forma de aquisição dos

materiais de construção e qual contribuição do sistema de parcerias para as empresas.

Este estudo certamente será de grande ajuda para uma melhor escolha ao decidir fazer

uma parceria com fornecedor.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A partir do conhecimento teórico e conceitual adquirido através da revisão

bibliográfica e na delimitação do problema de pesquisa, a presente dissertação foi

desmembrada em cinco capítulos principais apresentados conforme sistematização a

seguir:

Capítulo 1 – “Introdução”: Neste capítulo foi feito uma introdução a

contextualização científica do tema, abrangendo aspectos de caracterização, formulação

e delimitação do problema de pesquisa, as devidas justificativas para a realização do

estudo, definidos assim os objetivos da pesquisa.

Capítulo 2 – “Revisão Bibliográfica”: O objetivo deste capítulo é fazer uma

breve conceituação sobre logística e a importância da gestão de compras de materiais. Em

seguida são enfatizadas as características do sistema de parcerias, bem como, as

contribuições e a integração entre empresa e fornecedor. Por fim, é feita uma breve

conceituação sobre a estratégia do sistema de Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR).

Capítulo 3 – “Procedimentos Metodológicos”: Neste capítulo descrevem-se os

procedimentos metodológicos que nortearam esta pesquisa, descrevendo e

conceitualizando os métodos adotados.

Capítulo 4 – “Análise dos Resultados”: Incialmente são relatados os

procedimentos para obter as informações sobre tudo que está relacionado com os

materiais analisados. Em seguida é feita uma designação da empresa, são detalhados os

procedimentos de aquisição destes insumos, bem como a caracterização do sistema de

parceria e relacionamento da empresa com seus fornecedores.

17

Capítulo 5 – “Resultados da Pesquisa”: Baseado nas informações dos

procedimentos reais de aquisição, neste capítulo serão destacados os pontos, em todo o

processo de aquisição, onde o sistema de parcerias mais poderá contribuir.

Capítulo 5 – “Conclusões”: Com base nos estudos realizados são apresentadas

algumas considerações pertinentes ao tema.

Por fim, é apresentada a lista de referências bibliográficas utilizadas no presente

trabalho.

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

O conceito de logística existe desde a década de 40, foi utilizado pelas Forças

Armadas norte-americanas. Ele relacionava-se com todo o processo de aquisição e

fornecimento de materiais durante a Segunda Guerra Mundial, e foi utilizado por militares

americanos para atender a todos os objetivos de combate da época (CHING, 2008, p. 15).

Segundo Ching (2008, p. 16), a insuficiente difusão da logística nas empresas

fez com que elas tratassem de problemas logísticos pontuais, como roteirização e

dimensionamento de frota de veículos, localização, seleção de fornecedores, etc. Por

outro lado, é necessária uma maior dedicação à integração das atividades logísticas na

empresa, à quantificação e definição do nível de serviço ao cliente, transportadores e à

integração de todos esses fatores dentro da cadeia logística.

A logística é reconhecida como um elemento que faz interface com todos os

cenários possíveis nas organizações e a construção civil brasileira passa por

transformações significativas em seu desempenho e na sua relação com o mercado, tendo

por essa razão estabelecido um panorama de busca pela excelência.

O funcionamento sinérgico dos atores envolvidos na cadeia de suprimentos

garante o pleno exercício das atividades dentro do canteiro de obras e o setor da

construção civil possui grande importância para a economia, porém o seu crescimento é

limitado devido à escassez de mão de obra e, por vezes também os insumos.

É fundamental dar atenção a administração de materiais nas obras,

principalmente pelo alto valor financeiro do produto final do processo

da construção, também pela elevada quantidade de insumos e alto custo

de algumas matérias-primas envolvidas, ou seja, há grande quantidade

de capital em jogo e caso não haja uma boa administração de materiais

e houver perdas desnecessárias, isso poderá reduzir o lucro que as

construtoras obterão com o empreendimento. (HAGA, 2000, p. 6)

Portanto, é de suma importância estabelecer parcerias duradouras, isso garantirá

que não haverá interrupção de abastecimento dos materiais no canteiro de obras,

diminuindo o risco de atraso de entrega das obras, evitando multas de atraso, além da

empresa se tornar bem vista pelo mercado. Ou seja, uma empresa confiável e de

qualidade, já que quando se tem uma logística de suprimento, como por exemplo, um

sistema de parcerias, consegue-se atingir os padrões de qualidade propostos.

19

2.1 LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS

A logística de suprimentos envolve relações entre fornecedores e empresas,

incluindo atividades, como a garantia da disponibilidade de materiais de alta qualidade

no momento e nas quantidades necessárias. É preciso que as empresas e fornecedores

tenham planos alinhados estratégicos que direcionam recursos para a redução de custos.

Frequentemente, o suprimento de materiais na indústria da construção é repleto

de dificuldades que podem apresentar efeitos significantes na produtividade. “Um maior

ganho na produtividade é possível se o processo de construção for planejado com uma

perspectiva logística” (AGAPIOU, 1998, p. 54). As compras assumem papel estratégico

na empresa, deve-se tornar o processamento de pedidos de compras simplificado e

integrado com o processo de abastecimento a fim de melhorar a produtividade.

Segundo Silva e Cardoso (1997, p. 23), “a logística de suprimentos é a logística

responsável pelo transporte e abastecimento de todos os tipos de recurso (mão de obra,

materiais e equipamentos) necessários à produção dos edifícios dentro e fora do canteiro”.

Ainda de acordo com os mesmos autores, “as principais atividades realizadas por essa

função são: reposição dos recursos previstos no planejamento com a emissão e

transmissão dos pedidos de compra, transporte até a obra e manutenção dos suprimentos

previstos”.

De acordo com Pires (1995, p. 98), uma das várias questões importantes a serem

resolvidas dentro do processo de formulação e implementação de uma estratégia de

suprimentos diz respeito ao gerenciamento da produção, representado principalmente

pelas atividades de planejamento e controle da produção.

Para um funcionamento adequado, o setor de suprimentos necessita de um fluxo

constante de informações confiáveis entre os departamentos interessados. O

funcionamento harmônico entre uma empresa e fornecedor no gerenciamento de

suprimentos garante o pleno exercício de suas funções propiciando coesão operacional e

de planejamento.

O setor de suprimentos em uma empresa construtora possui diversas funções a

ele atribuídas. Uma descrição genérica dessas funções assumidas é apresentada no

Quadro 1 a seguir. (PALACIOS, 1995, p. 81)

20

Quadro 1 - Funções básicas do setor de suprimentos

Fonte: Palacios (1995).

Observa-se que nem todas as funções estão presentes nas empresas construtoras.

As variações podem existir em função da abrangência regional, do tipo de obra, tamanho

da empresa e a existência do sistema de parcerias.

Assim, para a execução destas atividades são necessárias algumas mudanças no

perfil das empresas, principalmente no relacionamento entre empresa e fornecedor,

consolidando o sistema de parceria para a obtenção de qualidade e contínua

produtividade.

21

2.2 FORMAS DE COMPRAS DE MATERIAIS USUALMENTE UTILIZADAS

A crescente busca por qualidade, baixo custo e rapidez são pressões competitivas

frequentemente observadas no setor da construção civil. Uma das funções

organizacionais que tem recebido atenção especial é a função de compras de materiais,

pois é através dela que circulam grande parte dos recursos financeiros da empresa

construtora.

As aquisições de materiais geralmente são feitas com caráter de urgência o que

pode gerar atrasos na entrega desses materiais e atraso na entrega da obra. Desta forma,

é muito importante o bom relacionamento entre as organizações envolvidas na obra, para

que haja alinhamento de interesses e o abastecimento do canteiro não seja prejudicado

pela falta de materiais ou atraso em entrega dos mesmos.

Como se sabe, a construção civil movimenta grandes quantidades de materiais e

assim movimenta também capitais, porém diversos fatores fazem com que haja grande

desperdício de materiais, o que, dá-se principalmente com os materiais de baixo valor.

Muitos dos itens são comprados por oportunidade, ou seja, em períodos de grande oferta

e baixa demanda, o que garante um preço de compra competitivo, o erro ocorre quando

as empresas compradoras não efetivamente controlam a significância dos custos de

armazenamento, movimentação, tempo e até mesmo a possível depreciação de

determinados itens.

O que vai efetivamente contra o que apregoa a gestão contemporânea, cuja

interpretação de Bertaglia (2003, p. 316) se direciona para a avaliação de que “o estoque

é extremamente salutar para a organização, uma vez que um dos aspectos fundamentais

da administração moderna enfatiza a redução dos estoques. O aumento ou a redução dos

níveis de estoques geram forte impacto nas finanças de qualquer empresa”.

É visível uma grande necessidade de melhorias na forma de aquisição dos

materiais, pois inúmeras situações prejudicam o desempenho da função de aquisição de

materiais:

Falta de controle: devido ao grande fluxo de compras de materiais e o

baixo valor unitário da maioria das requisições, boa parte das empresas

construtoras não investe em controle;

22

Centralização de compras: são realizadas inúmeras cotações a cada

pedido, por mais simples que seja, contribuindo para a morosidade das

compras;

Relacionamento conflitante entre a obra e o escritório: desgaste gerado

entre a área de compras e os usuários (obra) que requisitam os materiais

é enorme;

Falta de tempo para negociações: o planejamento das aquisições e a

criação de parcerias com os fornecedores são essenciais.

O relacionamento tradicional entre empresa e o fornecedor apresenta diversos

elementos como: arranjo “ganha-perde”, incertezas, mínima troca de informações,

aquisição de materiais em diversas empresas para manter a competição do preço,

desonestidade e frustração. Estes elementos, geralmente são considerados negativos,

consequentemente, a produtividade fica ociosa e a empresa não é bem vista no mercado.

O gerenciamento eficaz da aquisição de materiais está diretamente ligado à

produção, assim, o gerenciamento pode representar uma contribuição significativa para o

alcance dos objetivos estratégicos da empresa, promovendo maior agilidade das

operações e melhoria contínua dos materiais adquiridos.

2.3 GESTÃO DE COMPRAS

A gestão de compras tem a responsabilidade de planejar, dirigir, controlar e

coordenar as atividades relacionadas a compra do material. De acordo com Santos e

Jungles (2008, p. 27), “essa gestão assume papel estratégico nos negócios de hoje ante o

volume de recursos, principalmente financeiros, envolvidos, deixando cada vez mais para

trás a visão preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro

de despesas e não um centro de lucros.”

Segundo Baily (2000, p. 52), é fácil perceber que mesmo pequenos ganhos

decorrentes de melhor produtividade na função têm grande repercussão no lucro. Por isso

as empresas passaram por reestruturação nos últimos anos, investindo em tecnologias e

novos relacionamentos com os fornecedores.

O posicionamento atual da gestão de compras é bem diferente do modo

tradicional como era antigamente. Antes da Primeira Guerra Mundial, essa função tinha

23

um papel essencialmente burocrático. Depois, já na década de 1970, devido

principalmente à crise do petróleo, a oferta de várias matérias-primas começou a diminuir

enquanto seus preços aumentavam vertiginosamente (ISATTO, 1996, p. 32).

Nesse cenário, saber o que, quanto, quando, e como comprar começa a assumir

condição de sobrevivência, e assim, a área de compras ganha mais visibilidade dentro da

empresa, tendo em vista que o setor de compras é parte integrante da cadeia de

suprimentos.

Stukhart (1995, p. 251) refere-se à função de compras de materiais como um

subsistema de gestão integrada para controlar, planejar e redirecionar esforços com o

intuito de executar as seguintes funções:

Elaboração do planejamento das compras;

Quantificação de materiais;

Preparação de requisições, com documento de suporte que defina os

materiais do projeto;

Qualificação e seleção de fornecedores;

Solicitação de cotações;

Avaliação e aprovação de cotações, negociações e formulação de pedidos

ou contratos;

Disponibilização das informações necessárias (especificações, projetos,

datas de entrega) aos fornecedores para assegurar a entrega segundo o

cronograma;

Controle da qualidade para assegurar atendimento às especificações;

Recebimento, inspeção, armazenagem e distribuição de materiais no

canteiro;

Pagamento dos fornecedores.

É comum no setor da construção, focar em melhorias para funções que podem

gerar lucro de forma direta para a empresa, como por exemplo, as vendas ou produção, e

assim, grande parte das empresas foca a atividade de compras nas necessidades imediatas

da obra.

Salienta-se que o direcionamento de esforços para o aprimoramento da função

de compras de materiais é de suma importância, haja em vista que essa ação pode se

24

transformar em um importante aliado da empresa de construção na busca da

competitividade e lucratividade.

2.4 SISTEMA DE PARCERIA

Dentro da cadeia de suprimentos o sistema de parceria se torna cada vez mais

relevante para o sucesso da empresa. Segundo Vieira (2006, p. 60), “A parceria tem como

base a confiança mútua, onde o pensamento que prevalece é: se meu parceiro tiver sucesso

eu também tenho.”.

Baseado na confiança mútua, ainda de acordo com o autor, o objetivo básico é

melhorar o desempenho de toda a cadeia de abastecimento, visando melhor atender e

beneficiar o consumidor final. Abaixo é demonstrada a integração de uma cadeia

logística, envolvendo fornecedores e clientes parceiros.

Figura 1 - Integração da cadeia Logísica

Fonte: Ching (2008).

Entre as empresas parceiras deve haver um bom relacionamento gerando uma

maior confiabilidade em questões como prazo de entrega do material, quantidade certa,

qualidade adequada, aumentando assim o nível de produtividade.

Nesse contexto, mantendo uma parceria, a produtividade tem de aumentar

significativamente, pois com os materiais chegando na hora, quantidade, qualidade e local

certo o que consequentemente reduz o desperdício e mantém um ritmo de produção.

25

Para que se possa oferecer preço baixo e produtos de qualidade aos

consumidores,

os clientes e os fornecedores devem operar em parcerias e conseguir

economia por meio: de melhoria de eficiência; giros mais rápidos de

estoques; melhores níveis de inventários; maior variedade de produtos;

e perdas de produtos reduzidas, ou seja, maximizar o nível de serviço

ao cliente. (VIEIRA, 2006, p. 117)

Nesse contexto, a parceria entre empresa e fornecedores envolve transações

comerciais e trocas relacionais. A busca pela obtenção de ganhos por ambos os

participantes, frequentemente envolve relacionamentos de longo prazo, cujo sucesso, de

acordo com Mohr (1994, p. 135) envolve fatores como comprometimento, coordenação

e confiança.

2.5 COMO É CARACTERIZADO E FORMALIZADO UM SISTEMA DE PARCERIA

Com a criação de parcerias, as empresas precisam otimizar as oportunidades de

negócios e fechar os elos com os clientes e fornecedores. Aplicando um sistema eficaz de

parceria, há uma maximização das transações comerciais e minimização de custos.

Para formalizar um sistema de parcerias, segundo Vieira (2006, p. 121) “O

fornecedor se compromete a garantir o ressuprimento do seu cliente em troca de

fornecimento garantido do seu produto para esse mesmo cliente.”. Ainda segundo o autor

“os parâmetros de negociação entre os parceiros são previamente definidos e não há

desgaste nem perda de tempo a cada compra ou pedido.”

É feita a formalização dos procedimentos que irão ser desenvolvidos na

parceria ao longo do tempo nas transações com relação ao transporte,

qualidade dos produtos, preços, frequência das entregas, pontos de

ressuprimentos, entre outros. (VIEIRA, 2006, p. 121)

Através desse sistema as empresas compartilham dificuldades, problemas e

informações, podendo assim definir as melhores soluções possíveis para o benefício

mútuo.

26

Figura 2 - Confiabilidade

Fonte: Guedes (2014).

Para a decisão pela realização de parcerias é necessária uma avaliação dos

benefícios e riscos envolvidos, dado que a implementação das relações empresa

fornecedor através de parceria envolve benefícios e riscos para os participantes.

Outro fator de extrema importância para as empresas é a de identificação por

parte destas vantagens pelos fornecedores potenciais para a realização da parceria, ou

seja, diagnosticar com quais fornecedores o relacionamento de parceria é de grande

importância para a empresa.

2.6 INTEGRAÇÃO ENTRE FORNECEDOR E EMPRESA

A partir do preceito de que os fornecedores têm o poder de colocar a empresa na

frente ou deixá-la para trás, dado que um problema no cronograma de produção do

fornecedor, uma falta de cumprimento dos prazos ou um erro administrativo, podem

interferir nas metas de excelências de serviço da empresa, defende-se a ideia de que

parcerias com fornecedores são um imperativo competitivo.

O relacionamento entre cliente e fornecedor pode se dar de diversas maneiras.

De qualquer forma, para que o relacionamento entre eles alcance o ideal de colaboração,

ele deve passar pelos seguintes estágios:

27

Estágio 1: Tanto fornecedor quanto cliente estão incertos quanto ao nível de

comprometimento da outra parte no esforço de cumprir o acordo;

Estágio 2: O cliente é pressionado a cumprir um objetivo relacionado aos custos

e o fornecedor pressionado a aumentar o volume dentro do orçamento;

Estágio 3: O cliente tenta obter o controle de pedidos e o fornecedor procura

garantir o negócio devido a investimentos realizados;

Estágio 4: Ambos os lados buscam a criação de um novo relacionamento que

traga benefício mútuo;

Estágio 5: Ambas as partes devem abrir mão do interesse pessoal e

independência em favor da confiança, a fim de se obter uma aliança;

Estágio 6: Passa-se a discutir novos valores, tais como investimento em

equipamentos, resolução de problemas e melhoria contínua, para garantir a aliança

realizada;

Estágio 7: Cliente e fornecedor são parceiros, obtendo margens maiores de lucro,

qualidade assegurada, tempo de resposta e estoques menores e produção flexível.

Observa-se que o nível de qualidade geral tende a crescer conforme há evolução

de um passo para outro, devido à mudança de comportamento de cliente e fornecedor e

ao aumento de comprometimento mútuo

Para maiores chances que as habilidades de cada parte sejam aplicadas para

atingir um benefício mútuo, é importante que as empresas mantém um estreito

relacionamento entre fornecedor e comprador. Segundo Christopher (1999, p. 158),

muitas companhias descobriram que através da forte cooperação com os fornecedores

elas poderiam melhorar o projeto do produto e descobrir meios mais eficientes de

trabalharem juntos.

De acordo com o mesmo autor, esta é a lógica que acentua a emergência do uso

do conceito de “coprodução”, que pode ser definida como: “o desenvolvimento de um

relacionamento de longo prazo com número limitado de fornecedores com base na

confiança mútua.” O quadro a seguir apresenta um resumo das diferenças entre a

abordagem convencional nas relações com o fornecedor e o conceito de coprodução.

28

Quadro 2- Comparação entre a compra convencional e a coprodução

Fonte: Christopher (1999).

Dessa forma, pode-se observar que a seleção dos fornecedores corretos é de

suma importância na busca de uma relação de parceria.

2.7 CONTRIBUIÇÕES QUE UM SISTEMA DE PARCERIA PODE OFERECER

PARA AS EMPRESAS

O sistema de parcerias é uma estratégia para eliminar custos excedentes e onde

fornecedores e clientes tiram vantagens. Sendo assim, os fornecedores devem oferecer

serviços de qualidade e confiança para não gerar custos extras, os quais direcionam o

preço do produto final.

De forma a evitar o aumento de custos e não vir a ocorrer descontinuidade

produtiva é importante que a empresa sempre tenha produtos disponíveis evitando a

ociosidade dos trabalhadores e mantendo o ritmo de produtividade. O quadro abaixo

indica alguns riscos e benefícios comumente envolvidos na formação de parcerias.

29

Quadro 3 - Benefícios e riscos na formação de parcerias

Fonte: Santos e Jungles (2008).

Outro fator favorecido com o sistema de parceria é a consistência do prazo de

entrega do fornecedor segundo Vieira (2006, p.120) “maior serão os estoques e, por

consequência, maiores os custos com a manutenção de estoques.”.

Segundo Vieira (2006, p. 119), a estratégia do sistema de parceria que

é efetivada com objetivo de melhorar o fluxo produtivo das empresas é

conhecida no setor manufatureiro como Resposta Eficiente ao

Consumidor – ECR (Efficient Consumer Response). Essas parcerias

podem ser consideradas como implementação de iniciativas

relacionadas aos sistemas de informações numa cadeia de suprimentos.

Com o sistema de parcerias as informações são mais rápidas e podem fluir por

processos eletrônicos obtendo mínimo tempo de interrupções do processo construtivo e

mínimo de perdas.

30

2.8 RESPOSTA EFICIENTE AO CONSUMIDOR (ECR)

A dramática reestruturação de empresas em busca de maiores níveis de qualidade

e produtividade, a globalização dos mercados e o surgimento de novas tecnologias de

processamento e transmissão de dados desempenha um papel fundamental na mudança

de práticas tradicionais de negócios entre duas empresas.

A filosofia do ECR (Efficient Consumer Response) visa uma maior integração

das empresas, sendo que, é dada importância à cadeia de abastecimento como um todo e

não como a eficiência individual das partes, sendo assim possível, reduzir o nível de

estoques, os custos totais do sistema, disponibilizar produtos de melhor qualidade por um

preço inferior ao consumidor final (GHISI et al., 2001, p. 3).

A Resposta Eficiente ao Consumidor exige o repensar de toda a cadeia de valor,

de forma a conseguir a torná-la mais ágil e eficiente no fornecimento aos consumidores,

dos produtos certos e ao preço esperado.

Deve-se ressaltar que o calor ao consumidor é criado por meio de

melhores produtos, preços baixos, maior variedade e conveniência,

melhor disposição de produtos, etc. Para que se possa oferecer isso aos

consumidores, os clientes e fornecedores devem operar em parcerias e

conseguir economia por meio: de melhoria de eficiência; giros mais

rápidos de estoques; melhores níveis de inventários; maior variedade de

produtos; e perdas de produtos reduzidas, ou seja, maximizar o nível de

serviço ao cliente. (VIEIRA, 2006, p. 117)

O ECR, tem o objetivo de proporcionar a garantia do ressuprimento contínuo,

porém, para que isso seja possível, é necessário que seja mantido um fluxo consistente de

produtos e informações que caminham bidirecionalmente na cadeia logística de

abastecimento, tampouco é de suma importância que as atividades estejam em sintonia

entre as empresas parceiras através de um amplo sistema de monitoramento.

Ao implementar a estratégia do ECR, que está alinhado ao sistema de parceria,

a empresa e fornecedores passam a manter um ciclo de informações, compartilhando

problemas e encontrando soluções a fim de eliminar custos excedentes da cadeia de

abastecimento. Ou seja, integrando os processos logísticos e comerciais, baseado na

eficiência individual, podem ser obtidos inúmeros benefícios significativos, assim,

atingindo melhores níveis de serviços e sucesso mútuo.

31

Figura 3 - Ciclo do relacionamento ECR

Fonte: UFRJ (2003, apud VIEIRA, 2006)

O objetivo final do ECR é a criação de um sistema eficaz, direcionado ao

consumidor, no qual as empresas construtoras e fornecedores trabalham juntos, com

planos alinhados, focando em minimizar custos e maximizar a satisfação do consumidor.

32

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo descrevem-se os procedimentos metodológicos que nortearam

esta pesquisa. Para a realização deste trabalho, os métodos adotados foram o estudo de

caso com caráter exploratório e também foi realizada uma pesquisa bibliográfica em

livros com ênfase em logística. Segundo Köche (1997, p. 64), “a pesquisa bibliográfica

levanta conhecimento disponível na área, identificando teorias produzidas, analisando-as

e avaliando a sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da

investigação.” A ideia principal foi realizar uma pesquisa qualitativa com caráter

exploratório, desenvolvendo ideias a partir de padrões encontrados.

A pesquisa exploratória, conforme Severino (2007, p. 123), busca apenas

levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de

trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto. É utilizada para realizar

um estudo preliminar do principal objetivo da pesquisa. Por ser uma pesquisa bastante

específica ela assume a forma de um estudo de caso, sempre conciliando com outras

fontes que darão base ao assunto abordado, como é o caso da pesquisa bibliográfica e das

entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado.

Ou seja, ela visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo

explícito ou a construir hipóteses.

Com relação aos procedimentos técnicos para a realização da pesquisa, uma das

modalidades escolhida é o Estudo de Caso. Na definição de Yin (2005, p. 32), “um estudo

de caso é uma investigação empírica, que investiga um fenômeno contemporâneo dentro

de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre fenômeno e contexto

estão claramente definidos”.

Ainda com base em Yin (1989, p. 32), pode-se afirmar que o estudo de caso não

é apenas uma tática para coleta de dados, mas uma estratégia de pesquisa abrangente. O

autor expõe, ainda, que o estudo de caso envolve situações únicas, com várias fontes de

evidência e baseia-se no desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a

coleta e a análise dos dados.

O método do estudo de caso " ... não é uma técnica específica. É um meio de

organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado"

(GOODE & HATT, 1969, p. 422). De outra forma, Tull (1976, p. 323) afirma que "um

33

estudo de caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular" e Bonoma

(1985, p. 203) coloca que o "estudo de caso é uma descrição de uma situação gerencial".

Na pesquisa qualitativa o objetivo da amostra é de produzir informações

aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz

de produzir novas informações Deslauriers (1991, p. 58 apud GERHARDT e SILVEIRA,

2008, p. 32).

Acerca das técnicas utilizadas, cabe, ainda, salientar que a metodologia é de

grande relevância numa pesquisa científica, uma vez que é uma etapa preponderante para

alcançar os objetivos propostos.

3.1 PROCEDIMENTOS

Primeiramente, uma revisão bibliográfica para caracterização e contextualização

do sistema de parcerias foi feita, pois como o estudo é qualitativo e exploratório, buscou-

se elementos que sustentassem as expectativas criadas dentro do conceito de sistema de

parceria. A partir da revisão, pode-se ter uma base conceitual para posteriormente realizar

o estudo de caso na empresa.

34

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo será abordado tudo que se relaciona com a aquisição dos materiais

na empresa referenciada no estudo. Evidentemente, o estudo terá como foco apenas três

tipos de insumos sendo o bloco cerâmico, concreto usinado e piso cerâmico, os quais são

bastante representativos tendo em vista o grande volume dos mesmos empregados no

desenvolvimento da obra. Inicialmente, será relatada a forma que foram obtidas as

informações, posteriormente, serão detalhadas as maneiras de aquisição destes insumos

pela empresa e a forma de relacionamento com os seus fornecedores. Por último, com

base nas informações dos procedimentos reais de aquisição, serão destacados os pontos,

em todo o processo de aquisição, onde o sistema de parcerias mais poderá contribuir.

4.1 A EMPRESA ANALISADA

A construtora analisada está localizada na cidade de Blumenau – SC, trata-se de

uma construtora de médio porte e conceituada. Em uma cidade de médio porte, alcançou

destaque nacional na área, assim, a empresa destaca-se pela qualidade e busca pela

excelência, possuindo um Portfólio de 83 edifícios lançados, sendo 68 edifícios entregues.

A empresa possui certificações que a destacam e a mantém forte no setor da

construção, um exemplo é a certificação ISO 9001:2008. Esta norma estabelece requisitos

para o Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) de uma organização, ou seja, esta norma

tem o objetivo de lhe prover confiança de que o seu fornecedor poderá fornecer, bens de

serviços de acordo com o que você especificou.

A empresa está sempre me busca de melhorias e qualidade, possuindo também

a certificação PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat), a

qual visa a contribuição para a evolução da qualidade no setor, aumentando a satisfação

dos clientes.

4.2 MATERIAIS ANALISADOS

Os materiais usados na construção civil se destinam a diversos fins, tais como

acabamentos, estruturas, etc., sendo que cada um deles exige características próprias para

35

o fim a que se destinam, pois a durabilidade e a qualidade de uma construção dependem

diretamente dos materiais que nela são empregados.

Os materiais analisados são aplicados em grandes proporções, principalmente

quando a empresa possui mais de uma obra em andamento, a qual se aplica a empresa

analisada. Foram escolhidos 3 materiais, sendo o bloco cerâmico, piso cerâmico e o

concreto usinado.

Bloco Cerâmico

O bloco cerâmico ou tijolo cerâmico pode ser divididos em dois tipos: maciços

ou vazados.

O tijolo maciço é mais utilizado na execução de muros, alvenarias portantes e

nas primeiras fiadas de alvenarias comuns. Normalmente ele é fabricado por processos

de prensagem, secado e queimado a fim de adquirir as propriedades compatíveis com seu

uso. Segundo a NBR 7170, os tijolos comuns podem ser classificados em A, B e C,

conforme a sua resistência à compressão, demonstrado no quadro a seguir.

Quadro 4 – Tijolos comuns e sua resistência à compressão

CLASSE RESISTÊNCIA MÍNIMA À COMPRESSÃO (Mpa)

A 1,5

B 2,5

C 4,0

Fonte: IFSUL (2011).

Já os tijolos especiais, podem ser fabricados em formatos e especificações de

acordo com o uso, sempre obedecendo Aos critérios da NBR 7170, que recomenda as

seguintes dimensões nominais para o tijolo maciço: comprimento de 190mm, largura de

90mm e altura de 57 ou 90mm.

Apesar das dimensões apresentadas pela norma, são toleradas diferenças de até

3mm nas dimensões especificadas, porém, no mercado, são encontrados diversos

tamanhos, pois muitos fabricantes desconhecem ou ignoram as normas.

36

Quanto à aparência, a NBR 7170 recomenda que os tijolos não apresentem

defeitos sistemáticos, tais como trincas, quebras, superfícies irregulares, deformações e

desuniformidade na cor. As arestas devem ser vivas e os cantos resistentes. Além disso,

a norma apresenta procedimentos a serem realizados para verificação e aceitação dos lotes

de material.

Os blocos cerâmicos vazados, normalmente, são moldados por extrusão e

possuem furos ao longo do seu comprimento que podem ser prismáticos ou cilíndricos.

Geralmente, os blocos vazados são classificados como blocos de vedação ou estruturais.

O bloco de vedação é utilizado para fechamento de vãos e a única carga que suporta é seu

peso próprio. São utilizados em paredes internas e externas dos mais diferentes tipos de

edificações.

Os blocos estruturais são projetados para suportar carga além de seu peso

próprio. De acordo com a NBR 7171, os blocos estruturais podem ser divididos em

comuns e especiais. Os blocos estruturais especiais podem ter dimensões e formatos

especiais, desde que sigam o disposto na norma. Porém, os comuns de uso corrente, são

classificados conforme a classe e a resistência e estão demonstrados no quadro abaixo.

Quadro 5 – Blocos cerâmicos e sua resistência à compressão

CLASSE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO NA ÁREA BRUTA

(Mpa)

10 1,0

15 1,5

25 2,5

45 4,5

60 6,0

70 7,0

100 10,0

Fonte: IFSUL (2011).

37

A NBR 7171, que trata de blocos cerâmicos para alvenaria, especifica algumas

condições gerais para esse material. O bloco cerâmico deve trazer gravado o nome do

fabricante, o município onde está localizada a fábrica e as dimensões do bloco em

centímetros. Independentemente do tipo de bloco, os mesmos não devem apresentar

defeitos como tricas, quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam seu

emprego.

Concreto Usinado

O concreto é um material formado pela mistura de cimento, água, agregados

(areia e pedra) e, eventualmente, aditivos. Inicialmente o concreto encontra-se em estado

plástico, permitindo ser moldado das mais diversas formas, texturas e finalidades.

O concreto é um dos materiais da construção mais utilizado no Brasil. A busca

constante da qualidade, a necessidade de redução de custos e a racionalização dos

canteiros de obras, fazem com que o concreto dosado em central, seja cada vez mais

utilizado.

Segundo a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de

Concretagem do Brasil), podemos destacar algumas vantagens do concreto usinado, tais

como a eliminação das perdas de areia, brita e cimento, maior agilidade e produtividade

da equipe de trabalho, redução no controle de suprimentos, materiais e equipamentos,

bem como a eliminação das áreas de estoques, com melhor aproveitamento do canteiro

de obras, garantia da qualidade do concreto devido ao rígido controle adotado pelas

centrais dosadoras.

Piso Cerâmico

A cerâmica pode ser feita em argila pura de massa vermelha, ou de uma mistura

com cerca de nove minerais de tonalidade clara ou branca. No Brasil, a abundância dessa

matéria prima, argila, estimulou o crescimento desse mercado recheado de opções, com

características específicas para se adaptar ou compor diferentes ambientes. Atualmente

existe uma variedade de produtos cerâmicos para atender aos mais variados tipos de

ambientes como: áreas comerciais ou industriais, residências, fachadas e piscinas,

mantendo as características contemporâneas de durabilidade aliada à beleza estética.

38

A grande vantagem da utilização do revestimento cerâmico reside nas seguintes

características: durabilidade do material, facilidade de limpeza, higiene, qualidade do

acabamento final, proteção dos elementos de vedação, isolamento térmico e acústico,

estanqueidade à água e aos gases, aspecto estético e visual agradável.

Algumas propriedades da cerâmica vêm da massa, outras são determinadas pelo

esmalte. A massa, ou o corpo, influência a absorção de água, a expansão por umidade e a

resistência ao peso (mecânica) e ao gelo. O esmalte, torna a placa resistente a abrasão

(PEI), manchas e substâncias químicas. E nas placas de superfície lisa é ele também que

garante um bom coeficiente de atrito, neste caso: antiderrapante.

4.3 COLETA DE INFORMAÇÕES

Por se tratar de um estudo de caso, foi necessário fazer uma visita na empresa

analisada. As informações foram obtidas através de uma reunião com a engenheira

coordenadora da qualidade, responsável pelo sistema de gestão da qualidade incluindo

suprimentos, orçamentos e assistência técnica da empresa. Durante a entrevista, as

questões solicitadas foram referentes ao modo de aquisição dos três tipos de insumos, se

a empresa possuía sistema de parceria com os fornecedores bem como, a qualidade dos

insumos e a relação da empresa com o fornecedor.

4.4 AQUISIÇÃO DOS INSUMOS

A maneira de aquisição dos materiais na construção civil assume papel

estratégico nos negócios de hoje, principalmente em questões como produtividade e

qualidade dos processos de construção. Nesse cenário, a empresa em estudo, se beneficia

em relação aos insumos abordados, através de processos implantados, como o sistema de

parceria.

As compras são realizadas pelos gestores de obras, sendo que cada um faz a sua

cotação, porém, destacando os insumos analisados a empresa já possui fornecedores

específicos os quais não tem nenhum problema, com exceção do concreto usinado. O

processo de compras é feito através de solicitação de obra, uma ordem de compra é

enviada para o fornecedor e a compra é realizada. Assim que o material chega na obra, os

39

materiais são conferidos, em seguida a nota fiscal é lançada para o setor financeiro e por

fim para a contabilidade.

4.2.1 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DE BLOCO CERÂMICO

A aquisição do bloco cerâmico realizada pela empresa, é feita somente de um

fornecedor, este localiza-se em Rio do Sul, Santa Catarina. Por se tratar de uma

construtora que possui muitas obras em andamento, necessita-se de um volume muito

grande para suprir todas as obras, dessa forma, a empresa faz prioridade em relação ao

prazo de entrega do insumo à obra.

A engenheira conta que nunca tiveram problemas com o fornecimento, pois o

material sempre chega nos horários combinados e com a quantidade necessária. Ela ainda

comenta que é difícil ter quebras com esse material, porém, quando tem, sempre está de

acordo com o limite de quebra aceitável.

O fornecedor possui tijolo bem dimensionado, paletizado e com selos de

qualidade. Na entrega do material para a empresa, o fornecedor disponibiliza um muque

o qual facilita no manuseio de retirada dos pallets. Desta forma, o fornecedor passa

confiança para a empresa, cumprindo prazos, quantidades e qualidade de serviço.

A parceria é nítida, pois o relacionamento entre empresa e fornecedor é de

maneira contínua e com facilidades, uma vez que, já são conhecidos os procedimentos e

as datas estabelecidas de faturamento, não tendo problemas burocráticos. É importante

destacar que o benefício é mútuo, e a parceria acontece por permuta, ou seja, o fornecedor

compra o apartamento e a empresa compra a cerâmica, mantendo assim um ciclo de

aquisição e fortalecendo a parceria. A permuta não é permanente, na verdade a permuta

é realizada sempre quando está se encerrando um contrato e havendo o interesse de ambas

as partes em realizar nova permuta, sendo realizado novo contrato, caso contrário, as

compras são realizadas de forma normal, mantendo a parceria.

4.2.2 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DE CONCRETO USINADO

A empresa possui muitas obras em andamento, o que necessita um volume

muito grande de concreto usinado. A engenheira conta que é muito difícil obter uma

40

parceria com uma única concreteira, em função de que a empresa possui várias obras em

andamento, portanto, uma única concreteira não atenderia às necessidades da empresa.

O relacionamento entre empresa e o fornecedor de concreto usinado é muito

complicado, além de ser tudo programado com antecedência ainda há muitos problemas

com burocracia. Em relação a parte burocrática e valores, a engenheira comentou que é

muito difícil obter um relacionamento mútuo com a concreteira, pois, para conseguir

brigar por valores mais baixos a empresa sempre precisa orçar com outros fornecedores.

Outros fatores importantes que fazem com que o sistema de parceria não ocorra

é o insuficiente número de caminhão bomba para atender todas as obras, além de casos

em que a bomba está estragada, ocorrendo atrasos na entrega fazendo com que ocorra

uma descontinuidade de produção para a empresa.

A falta de compromisso com o cumprimento dos horários programados, com a

qualidade com que o concreto chega a obra, kits de slump que o fornecedor não leva, são

fatores altamente relevantes para não se obter uma parceria, pois não há confiabilidade

nos processos.

Em função desses empecilhos, a empresa possui uma diversidade de 3 a 4

fornecedores, e a concreteira que possui menos obras para serem atendidas no momento

é a escolhida.

Visto que a empresa não possui uma parceria com concreteiras, seria interessante

em função do grande número de obras, a empresa desenvolver uma parceria somente com

duas concreteiras. A parceria poderia iniciar com a formalização do contrato, formulando

as necessidades dos envolvidos e condições de suprimento. Tendo em vista o

comprometimento das duas partes interessadas, a empresa disponibilizaria o cronograma

dos próximos 30 dias, tendo a função de confirmar a concretagem com uma antecedência

de 48 horas e a concreteira se responsabilizaria em confirmar a concretagem e realizar o

serviço com padrões de qualidade e profissionalismo. Caso não havendo o cumprimento

do fornecimento correto de concreto, disposto no contrato, a empresa poderá multar a

concreteira, pois o não fornecimento do concreto influencia na produtividade da obra.

Para a parceria acontecer de fato, é necessário considerar as necessidades e

expectativas de ambas as partes envolvidas no negócio, de forma a estimular a obtenção

de benefícios mútuos. A busca pela obtenção de ganhos envolve um relacionamento de

longo prazo, envolvendo fatores como comprometimento e confiança.

41

4.2.3 SISTEMA DE PARCERIA E AQUISIÇÃO DO PISO CERÂMICO

A empresa trabalha com o mesmo fornecedor há 15 anos, é o único fornecedor

de piso cerâmico e este relacionamento foi se estreitando a ponto de ser considerada uma

parceria. De acordo com a Engenheira, este único fornecedor supre a necessidade de

fornecimento para todas as obras, portanto, a empresa mantém exclusividade no

fornecimento de piso cerâmico.

O relacionamento empresa e fornecedor é de comprometimento e confiança, o

fornecedor disponibiliza um representante, o qual atende na empresa construtora. Este

representante mantém a empresa informada sobre os produtos, bem como se o produto

continuará no mercado ou sairá de linha, facilitando a decisão de escolha do produto que

a empresa necessita.

Quanto aos pedidos, a engenheira comenta que não há problemas com

burocracia, simplesmente o representante atende na empresa, faz o pedido e a nota vem

somente depois que o pedido chega.

Diversos fatores são avaliados para a formalização de parceria, tais como,

habilidade de produção e fornecimento, capacidade de produção quanto às exigências

técnicas do produto, confiabilidade quanto a qualidade e preços competitivos. Desta

forma, este fornecedor atende aos fatores, priorizando a empresa com informações e

disponibilizando visita na fábrica para a empresa conhecer todo o processo de produção.

42

5. RESULTADOS DA PESQUISA

Através das pesquisas bibliográficas e do estudo de caso, pode-se verificar os

benefícios que o sistema de parceria entre a construtora e os fornecedores de dois

insumos. Após depoimentos da Engenheira da empresa, pode-se avaliar os pontos em que

a parceria se torna um diferencial.

A partir da formalização do sistema de parcerias, a perda de tempo com cotações

dos materiais deixa de existir, pois ao decorrer do tempo o fornecedor passa para a

empresa a confiança da qualidade de seu produto e o comprometimento com as questões

de prazos de entrega, qualidade e quantidade de material necessária.

Pode-se observar que nunca houve problemas de relacionamento entre a empresa

e seus fornecedores, pois o grau de confiabilidade entre ambas já está concretizado através

de questões como cumprimento do prazo de entrega do material, quantidade certa,

qualidade adequada, aumentando assim o nível de produtividade.

Outra vantagem que o sistema oferece é que a empresa acaba se tornando

prioridade para o fornecedor, e dessa forma, como os pedidos de insumos sempre são

feitos em grandes volumes, a empresa consegue barganha para conseguir o produto com

um preço mais acessível.

Com relação a parte burocrática dos pedidos, é visível que o sistema de parceria

se destaca, pois quando há fidelidade mútua, os procedimentos de pedidos acabam sendo

de fácil acesso, por exemplo os pedidos que a empresa realiza, de início o pedido é

solicitado, a compra é realizada e em seguida há o recebimento do material, somente após

o recebimento é que a nota fiscal é lançada. Contudo, não havendo problemas pois as

empresas já são parceiras e demonstram comprometimento à sua devida função.

Por fim, a atividade de parceria representa negócios significativos para os dois

lados, pois através do comprometimento mútuo, a empresa e o fornecedor mantém um

relacionamento de longo prazo adquirindo estabilidade e solidez no mercado.

43

6. CONCLUSÕES

Pode-se concluir que o objetivo do trabalho foi alcançado, pois demonstrou a

importância na formação de parcerias entre os fornecedores dos insumos e a construtora,

apontando os benefícios que este sistema traz a todos os envolvidos, inclusive ao cliente

final.

Este trabalho evidencia que precisa-se ter em mente a necessidade de constantes

mudanças no setor da construção civil, otimizando os processos produtivos elevando

ganhos e minimizando as perdas, visando uma negociação e um fornecimento por meio

de uma relação ganha-ganha.

Ao analisar o exposto, percebe-se que se o sistema de parcerias, que é a interação

entre as empresas, deve manter uma troca de informações contínuas e seguras, de modo

que se o sistema não estiver funcionando de forma sincronizada e eficiente, a empresa

estará perdendo competitividade e agilidade na prestação do seu serviço.

Quanto a decisão da escolha dos fornecedores, é necessário avaliar as suas

condições para atender aos requisitos de qualificação e avaliação apresentados no

trabalho, pois foi enfatizado que um fornecedor para ser considerado parceiro, deve

apresentar estratégias alinhadas com as estratégias da construtora.

Foi observado que a empresa e os fornecedores dos insumos piso e bloco

cerâmico, mantém o sistema parceria há vários anos, assim, pode-se obter uma análise

das atividades que envolvem um bom relacionamento, confiabilidade nos produtos e

serviços. A parceria traz o benefício de que a empresa sempre consiga uma continuidade

de produtividade, através dos insumos fornecidos com padrões de qualidade atendendo

as devidas quantidades e locais de entrega.

No estudo de caso apresentado, demonstrou-se a importância da parceria para a

construtora, porém, em relação ao concreto usinado posto que a empresa não mantém

uma parceria, foi sugerido no item 4.2.2 que a empresa avalie a hipótese de implantação

deste sistema de forma a excluir as incertezas que ainda norteiam a empresa no dia a dia,

quanto aos prazos e qualidade do serviço.

Pode ser apontada como uma das limitações do trabalho a falta de revisão

bibliográfica referente à elaboração de contratos entre fornecedores e empresa, para poder

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ser feita uma análise crítica no caso apresentado e também para fornecer diretrizes que

auxiliem na elaboração de contratos.

Este trabalho pode ser utilizado por profissionais na área de Suprimentos, para

auxiliar na escolha de produtos e fornecedores para a formação de parcerias, analisando

a sua estratégia competitiva e buscando obter vantagem competitiva através da

negociação de aquisição de insumos.

Por fim, o sistema de parceria envolve processos e atividades que criam valor na

forma de produtos e serviços, administrando as relações para o benefício de todos os

envolvidos sempre com foco na agregação de valor ao consumidor final.

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